E-Book 1
E-Book 1
E-Book 1
CONTABILIDADE
EAD
Reitor: Martin Kuhn
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes
Pró-reitor de graduação: Edilei Rodrigues de Lames
Pró-reitor de pós-graduação lato sensu e Pró-reitor da educação à distância: Bruno Fortes
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Wendel Tomas Lima
Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Valdir Knoener
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes;
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante;
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva;
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn;
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas
Diretoria executiva: Charlie Anderson Olsen, Larissa Kleis Pereira, Margarete Lazzaris Kleis
Surpevisora de conteúdo: Renata Oltramari
Supervisora de mídias didáticas: Denise Meinhardt
Supervisora de LMS: Rafaela Comarella
Coordenação de conteúdo: Simone Dias
Designer educacional: Simone Regina Dias
Revisão Gramatical: Simone Regina Dias
Adriano Dinomar Barp. FUNDAMENTOS DA
Mestre em Ciências Contábeis pela
Universidade Regional de Blumenau - FURB CONTABILIDADE
1ª Edição, 2023
Fundamentos da Contabilidade
1ª edição – 2023
e-book (pdf)
Bibliografia.
ISBN 978-65-5405-041-8
22-134421 CDD-650.1
Editora associada:
CONTABILIDADE....................................................................................... 9
Introdução..................................................................................................................................... 10
Capítulo 1
Contabilidade ................................................................................................... 10
História da contabilidade..................................................................................................... 10
Contabilidade no mundo antigo......................................................................................... 11
Contabilidade no mundo medieval..................................................................................... 11
Contabilidade no mundo moderno..................................................................................... 12
Contabilidade no mundo científico..................................................................................... 12
A contabilidade no Brasil.............................................................................................................. 13
Princípios de contabilidade.......................................................................................................... 18
O princípio da entidade....................................................................................................... 18
O princípio da continuidade................................................................................................ 19
O princípio da oportunidade............................................................................................... 19
O princípio do registro pelo valor original........................................................................... 19
O princípio da competência ................................................................................................ 19
O princípio da prudência..................................................................................................... 20
Referências.................................................................................................................................... 21
PATRIMÔNIO............................................................................................ 22
Introdução..................................................................................................................................... 23
Capítulo 1
Patrimônio ....................................................................................................... 24
Fórmula do Patrimônio........................................................................................................ 24
Aspectos qualitativos e quantitativos do Patrimônio......................................................... 26
Representação Gráfica do Patrimônio................................................................................. 27
Situação líquida patrimonial............................................................................................... 28
Formação do Patrimônio..................................................................................................... 29
Capítulo 2
Contas............................................................................................................... 32
Conceito de contas............................................................................................................... 32
Classificação das contas....................................................................................................... 32
Função e funcionamento das contas................................................................................... 33
Plano de contas.................................................................................................................... 34
Mecanismo de débito e crédito........................................................................................... 36
Considerações finais..................................................................................................................... 38
Referências.................................................................................................................................... 39
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ..................................................................... 40
Introdução..................................................................................................................................... 41
Capítulo 1
Variações patrimoniais ..................................................................................... 41
Atos administrativos ........................................................................................................... 42
Fatos administrativos........................................................................................................... 43
Fatos permutativos............................................................................................................... 45
Fatos modificativos ............................................................................................................. 47
Fatos mistos.......................................................................................................................... 49
Capítulo 2
A escrituração contábil...................................................................................... 51
Livro diário........................................................................................................................... 52
Métodos de escrituração...................................................................................................... 56
Retificação de erro em registros contábeis......................................................................... 57
Referências.................................................................................................................................... 60
RAZONETE............................................................................................... 62
VOCÊ ESTÁ AQUI
Introdução........................................................................................................ 63
Capítulo 1
Razonete........................................................................................................... 64
Balancete de verificação...................................................................................................... 66
Apuração do resultado do exercício..................................................................................... 67
Capítulo 2
Demonstrações contábeis................................................................................. 75
Considerações finais ..................................................................................................................... 83
Referências.................................................................................................................................... 84
EMENTA
Apresentação dos conceitos, técnicas e
procedimentos contábeis visando à representação
da realidade patrimonial das organizações. Ênfase
em questões fundamentais como princípios
contábeis, a composição e variação patrimonial,
função e classificação das contas, escrituração
de fatos típicos, regimes contábeis (caixa e
competência) apuração de resultado e elaboração
de Balancete de Verificação, Balanço Patrimonial,
Demonstração do Resultado do Exercício e
Demonstração do Fluxo de Caixa no modelo direto.
UNIDADE 1
CONTABILIDADE
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Fundamentos da Contabilidade! Aqui, passaremos a entender um
pouco mais sobre a importância da Contabilidade para todos, especialmente para você, que, ao se inteirar dos
conteúdos desta disciplina, desenvolverá uma visão da dinâmica organizacional.
Para tanto, abordaremos os principais conceitos, técnicas e procedimentos contábeis e seus impactos
nos relatórios financeiros para a compreensão da estrutura de capital das organizações. Assim, nossos princi-
pais objetivos nesta disciplina são:
Lembre-se de que esse e-book está dividido em dois capítulos para melhor compreensão didática do
tema proposto nesta unidade. Bons estudos!
Capítulo 1
CONTABILIDADE
HISTÓRIA DA CONTABILIDADE
A Contabilidade é tão antiga que se confunde com a história humana. Por conta disto, alguns historia-
dores apontam que, antes mesmo que o homem entendesse a escrita, a matemática e os controles com os
quais estamos acostumados hoje em dia já estavam presentes em pinturas que registravam a quantidade de
coisas que lhe pertenciam.
Desde os primórdios da humanidade, com o surgimento das primeiras famílias, que começaram a bus-
car outras fontes para suprirem suas necessidades básicas, surgem as primeiras formas rudimentares de agri-
cultura, em que cada um passa a cuidar de sua propriedade, que, posteriormente, seria herdada pelos seus
10
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
11
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
Pacioli viveu na Itália entre os anos 1445 e 1517. Era um frei francis-
cano, discípulo e amigo de Leonardo da Vinci, com quem trocava experiên-
cias acerca de Geometria e Aritmética. Podemos considerar que, com Pacio-
li, tivemos o início da era moderna da Contabilidade.
12
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
Nos Estados Unidos, é criado o American Institut of Certified Public AMERICAN INSTITUT OF
Accountants – Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados –, CERTIFIED PUBLIC
órgão que tem por objetivo regrar as funções contábeis. ACCOUNTANTS
Ao comparar o referido órgão norte-americano com o que acontece O American Institut of Certified Public Ac-
no Brasil, podemos destacar o papel do Conselho Federal de Contabilidade countants trata-se de um instituto criado
(CFC). É esse conselho que coordena e emite pareceres técnicos que nor- em 1887, com sede em Nova Iorque, o
teiam a profissão contábil. qual possui mais de 400.000 sócios.
A CONTABILIDADE NO BRASIL
Entende-se como marco inicial da Contabilidade no Brasil a chegada
da Família Real Portuguesa, no ano de 1808. Outros fatos marcantes dessa
época são a implantação do Erário Régio ou Tesouro Geral, no ano de 1761,
e a criação do Banco do Brasil, em 1809. Nesse período, os contadores preo-
cupavam-se única e exclusivamente com a arrecadação dos impostos para
o governo, muito em virtude de a maioria ser funcionário direto da família
real. Esse fato confunde as pessoas até os dias de hoje, quando muitos ain-
da entendem o profissional contábil como um mero cobrador de impostos.
Por outro lado, é importante estabelecer regras para a identificação do pa-
trimônio das pessoas e organizações como forma de proporcionar distri-
buição equitativa na cobrança e divisão dos impostos.
13
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
importância no auxílio às tomadas de decisões por parte dos interessados na manutenção e na ampliação do
Patrimônio das organizações.
A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões
dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões.
Com o passar do tempo o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória
para a maioria das empresas.
A contabilidade é entendida, portanto, como uma ciência social concebida para atuar em todos
os campos nos quais é necessário captar, registrar, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as
situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, tanto pessoa física quanto jurídica,
com ou sem fins lucrativos, ou, até mesmo, pessoa de direito público, como estado, município, União,
autarquia etc. (IUDICIBUS, 2008).
Uma ciência social que tem por objeto o patrimônio das entidades econômico-administrativas. Seu objeti-
vo principal é controlar o patrimônio das entidades em decorrência de suas variações.
SAIBA MAIS
Você já gastou tempo pra ler e/ou ver alguma coisa sobre contabilidade,
seu histórico, conceitos, temáticas e discussões fora das leituras de nossas
disciplinas? Independente da sua resposta, vamos te indicar nos links a se-
guir bons materiais para que você possa seguir no seu aperfeiçoamento
profissional: http://www.portaldeauditoria.com.br/tematica/contabilida-
de_comentada.htm; https://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg.
No que tange ao seu objetivo, podemos entendê-lo como estudar, controlar e apurar os resultados apre-
sentados pelos fatos que decorrem do gerenciamento patrimonial das entidades econômico-administrativas.
14
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
E, por fim, mas não menos importante, a finalidade da contabilidade é apresentar a situação de deter-
minado patrimônio por meio das demonstrações contábeis. Essas demonstrações apresentam a real situação
de determinada entidade em determinado período e servem, portanto, como instrumento auxiliar para as
tomadas de decisões.
Capítulo 2
TÉCNICAS CONTÁBEIS
Como em qualquer outra profissão, na Contabilidade também são necessárias algumas técnicas espe-
cíficas, as quais deverão ser utilizadas para que os seus propósitos sejam alcançados. Dentre as possibilidades
existentes, destacamos aqui algumas das principais, como escrituração, demonstrações contábeis, auditoria,
análise de balanços e consolidações de balanço.
ESCRITURAÇÃO
Trata-se da técnica contábil responsável pelo registro de todos os fatos e atos administrativos que ocor-
rem no dia a dia das organizações. Como tudo o que acontece deve obrigatoriamente ser registrado pela
Contabilidade em livros específicos, os mais utilizados são o Livro Diário e o Livro Razão. O Livro Razão é
usado no Método das Partidas Dobradas, cuja origem vimos anteriormente, ao estudarmos a contabilidade
no mundo medieval.
No Diário, como o próprio nome diz, constam os lançamentos que ocorrem diariamente, pois, indepen-
dentemente do pagamento ou até mesmo do recebimento de qualquer fato, é papel da contabilidade regis-
trá-lo. Já o Livro Razão apresenta, de forma individualizada, todos os movimentos registrados no Livro Diário.
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
É a técnica responsável pela parte inerente à finalidade da contabilidade, que é apresentar a situação
de determinado Patrimônio em determinado momento. Assim, as demonstrações contábeis podem ser en-
tendidas como quadros técnicos que confirmam a real situação da empresa. Com isso, administrados e de-
mais usuários podem se posicionar e tomar as decisões mais adequadas. As demonstrações mais conhecidas
são o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
AUDITORIA
Diz respeito à técnica contábil que objetiva verificar e validar os dados contidos nas informações dispo-
nibilizadas por meio das demonstrações contábeis. A auditoria efetua um minucioso exame dos documentos
que deram origem às informações repassadas.
ANÁLISE DE BALANÇOS
É a técnica contábil que objetiva aprofundar o estudo das demonstrações contábeis, pois, como vimos
anteriormente, são de fundamental importância e auxílio para a tomada de decisões. Obviamente, o entendi-
mento dessas análises é extremamente necessário.
15
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
CONSOLIDAÇÃO DE BALANÇOS
Se uma empresa é detentora de um grupo de empresas, ela passa a ser entendida como controladora e
as formadoras como controladas. Nesse contexto, é importante fazer a consolidação dos balanços, de modo
que seja possível obter informações unificadas, do grupo como um todo.
Contabilidade
Contabilidade Contabilidade
bancária industrial
Contabilidade
pública
Percebe-se que há várias formas de atuação por parte da Contabilidade, o que corrobora o que vimos
anteriormente. Assim, dependendo das necessidades, existe uma maneira de ser atendida por parte da Con-
tabilidade, como podemos verificar a seguir:
• caso a empresa seja de comércio em geral, será entendida como Contabilidade Comercial;
Para as mais diversas formas de atuação da Contabilidade, ela só terá sentido se a sua finalidade for
atingida, qual seja, demonstrar a situação do Patrimônio de determinada organização em determinado pe-
ríodo para os mais diversos usuários.
USUÁRIOS DA CONTABILIDADE
Talvez não consigamos identificar, com precisão, quem são os principais usuários da Contabilidade, vis-
to que tudo vai depender da informação que cada um busca nas demonstrações contábeis. Além disso, como
16
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
vimos anteriormente, a Contabilidade pode ser desenvolvida para os mais diversos fins. Pode-se exemplificar
os usuários como apresentado na figura a seguir.
Fornecedores Bancos
Investidores Sindicatos
Empresa
Funcionários Órgãos de classe
Concorrentes Outros
Governos
Analisemos, então, essa figura, explicitando o que cada um dos elementos pode buscar nas demonstra-
ções disponibilizadas pela Contabilidade:
• funcionários – se a empresa tem condições de honrar com seus compromissos e ter continuidade;
Comumente, os seus usuários figuram-se pelos sócios, diretores ou donos das organizações, que utili-
zam as informações de relatórios e demonstrativos contábeis para tomadas de decisões com o propósito de
melhorar o desempenho da organização e, por consequência, seus ganhos pessoais ou profissionais.
Na prática, os gerentes querem que o contador forneça sugestões em uma decisão importante, mesmo
que a decisão final seja do executivo operacional.
É notório que não existe um modelo único de Contabilidade, sendo que esta se ajusta à necessidade de
cada um dos usuários que dela necessitem préstimos.
17
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
Acerca de quem pode se utilizar dos serviços contábeis, Ribeiro (2013, p. 11-12) afirma que:
No que tange à constituição de seu capital, as empresas podem se apresentar de três maneiras:
• públicas – são as empresas constituídas por capitais advindos de órgãos públicos, sejam eles das
esferas municipal, estadual ou federal; e
• mistas – são as empresas constituídas por capitais, parte de particulares e parte de empresas públicas.
Conclui-se, com isso, que em virtude da grande abrangência de mercado e das mais diversas finali-
dades, o profissional contábil deve estar ciente de suas obrigações. Além disso, ele deverá saber como se
comportar. Para tanto, o CFC emitiu algumas normas, entre as quais destacamos os Princípios Contábeis, os
quais veremos a seguir.
PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE
Os Princípios de Contabilidade são regras que condicionam a execução do trabalho dos profissionais
contábeis, para que tanto a escrituração quanto as demonstrações contábeis sejam uniformes. Esses princípios
foram regulamentados pela Resolução do CFC n° 750, de 1993, e, naquele momento, eram denominados Princí-
pios Fundamentais de Contabilidade (PFC). Posteriormente, foram alterados com a publicação da Resolução do
CFC n° 1.282, de 2010, passando então a serem tratados somente como Princípios de Contabilidade (PC).
Eram sete os Princípios de Contabilidade, porém, com o advento da Resolução de CFC n° 1.282, de
2010, passaram a ser seis, pois o princípio de Atualização Monetária foi revogado. São eles: Entidade, Conti-
nuidade, Oportunidade, Registro pelo Valor Original, Competência e Prudência.
18
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
O PRINCÍPIO DA ENTIDADE
A Resolução n° 750 do CFC reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autono-
mia patrimonial, diferenciando, assim, o Patrimônio de uma entidade do Patrimônio de outras entidades.
Também se distingue o Patrimônio de uma sociedade e o Patrimônio particular dos sócios da entidade.
Pode-se dizer que o intuito desse princípio é de não haver a mistura de bens entre sócios e sociedade.
Assim, o que pertence à sociedade não pode ser confundido com bens pessoais, e o contrário também.
Por exemplo, o proprietário da empresa paga contas particulares com cheque da empresa. Essa atitude
vai contra o princípio da entidade, visto que não se pode misturar os Patrimônios.
O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Estabelece que toda entidade deve fazer suas escriturações e avaliações a julgar pela, como o nome já
diz, continuidade da empresa, à sua não extinção. Conforme a Resolução do CFC n° 1.282 (2010), toda entida-
de deve mensurar e apresentar os componentes patrimoniais levando em consideração a sua continuidade,
ou seja, que esta continuará em atividade futuramente.
Exemplo: ninguém abre uma empresa com data predeterminada para o seu fechamento. O que se es-
pera é que ela tenha lucros e prospere, e que, portanto, apresente os seus componentes patrimoniais.
O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE
Está relacionado ao momento de ocorrência de determinada operação patrimonial na empresa. Se-
gundo esse princípio, toda operação deve ser registrada com tempestividade, independentemente de paga-
mento ou recebimento.
De acordo com a Resolução n° 1.282 do CFC, o Princípio da Oportunidade diz respeito à mensu-
ração e à apresentação dos componentes patrimoniais de forma íntegra e tempestiva, para não haver
perda em sua relevância.
Por exemplo, a Contabilidade deve efetuar o registro da venda de mercadorias a prazo mediante aceite
de duplicatas, mesmo que o valor ainda não tenha sido recebido pela empresa. Isso porque esse fato alterou
o Patrimônio da empresa naquele exato momento.
Por exemplo, a empresa comprou um computador em uma determinada data por um valor de R$
4.000,00 e, no dia seguinte, essa loja disponibilizou o mesmo computador em oferta pelo valor de R$ 3.500,00.
Como o valor do documento fiscal de aquisição é de R$ 4.000,00, o contador não poderá alterá-lo.
19
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA
Trata da mesma questão que o Princípio de Oportunidade: a ocorrência da operação. A diferença está
no fato de a Oportunidade estar relacionada ao Patrimônio como um todo, e a competência dizer respeito
somente às receitas e às despesas. Segundo a Resolução do CFC 1.282 (2010), esse princípio determina que
sejam reconhecidos nos períodos a que se referem os efeitos das transações, não importando o pagamento
ou o recebimento, além de presumir a simultaneidade de confrontação entre as receitas e despesas.
Os salários a serem pagos, referentes ao mês de maio, por exemplo, são reconhecidos dentro do pró-
prio mês, mesmo que pagos somente em junho.
O PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA
Como o próprio nome já diz, deve haver prudência quanto aos valores estimados, sempre procurando
escolher os menores valores quando se tratando de ativos e receitas, e maiores valores quando se tratando
de passivos e despesas.
Sobre esse princípio, a Resolução do CFC 1.282, de 2010, no art. 10, parágrafo único, conceitua:
o Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos
necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam
superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao
processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais.
Por exemplo, atendendo ao princípio da prudência, o gestor dará maior valor às suas dívidas em de-
trimento do que ele já possui. Assim, será extremamente prudente, evitando eventuais surpresas quanto à
necessidade de pagamentos e à disponibilidade para a devida liquidação.
A partir desses seis princípios é que podem ser realizadas as escriturações, as apresentações e as análi-
ses contábeis de forma padronizada e organizada.
Como caso prático, pensemos em um contador de uma empresa de nome Agora Vai Ltda., cujo contra-
to social conta com três sócios, cada qual com distintas atribuições (administrador, comercial e financeiro),
apresentou os relatórios contábeis mensais dessa empresa. Ele discorre, aos sócios proprietários, que a si-
tuação está tornando-se caótica, pois tudo o que a empresa possui não consegue pagar as suas dívidas. Essa
situação torna evidente o descumprimento do Princípio da Prudência e, em consequência disso, automatica-
mente compromete o Princípio da Continuidade.
Os sócios não entendem o que pode estar acontecendo, visto que as vendas estão aumentando e a
tendência seria que os lucros aumentassem. Consequentemente, esperava-se que a empresa obtivesse mais
solidez, principalmente no tocante ao cumprimento de seus compromissos financeiros.
A saída encontrada por eles foi dar início a uma análise minuciosa de toda a documentação (uma au-
ditoria interna), começando pelo departamento financeiro, que se apresentava o mais problemático. Ao final
da minuciosa avaliação dos documentos, concluiu-se que o sócio responsável pelo departamento estava
pagando contas particulares com o dinheiro da empresa, e que havia, inclusive, adquirido um imóvel e um
veículo esse dinheiro.
20
FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
Contabilidade
A resolução tomada pelos outros dois sócios foi a saída desse sócio que estava fraudando a empresa.
Para tanto, foram avaliados os bens que ele havia comprado com o dinheiro indevido. O imóvel teve que ser
devolvido; já o veículo ficou como valor de sua saída da sociedade.
Fica evidente que é de suma importância levar o princípio da Contabilidade de forma literal, para que
situações como a apresentada não ocorram.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos chegando ao fim de nosso estudo desta primeira unidade, todavia, o histórico e conceitos
aprendidos até aqui não devem ficar apenas retido nesse momento, mas devem seguir firmemente na sua
vida de profissional da contabilidade.
Entre as muitas coisas que vimos, destacamos o breve histórico de como a contabilidade desenvol-
veu-se nos mais diversos períodos da nossa história, tanto em nível mundial quanto nacional, além de ver,
também, o principal método utilizado para fazer contabilidade (partidas dobradas) e a máxima de que, para
cada débito, haverá um crédito correspondente.
Você hoje aprendeu que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio e o registro dos fatos que
o alteraram, demonstrando, afinal, a situação que aquele se encontra em determinado momento por meio
das demonstrações contábeis.
Vimos, ainda, as principais técnicas contábeis utilizadas pelos profissionais da área, os campos de apli-
cação da contabilidade, os usuários e os mercados da contabilidade, e os famosos seis princípios da contabi-
lidade, a saber: entidade, continuidade, oportunidade, registro pelo valor original, competência e prudência.
REFERÊNCIAS
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n° 750, de 29 de dezembro de 1993. Dispõe sobre os
Princípios de Contabilidade. Disponível em: <http://www.oas.org/juridico/portuguese/res_750.pdf>. Acesso
em: 30 maio 2023.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n° 1.282, de 28 de maio de 2010. Atualiza e consolida
os dispositivos da Resolução CFC n° 750/93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade.
Disponível em: <https://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1282.doc> Acesso em: 30 maio 2023.
HOOG, W. A. Z. Contabilidade: Teoria Básica e Fundamentos. 2. ed. São Paulo: Editora Juruá, 2013.
IUDÍCIBUS, S. (Coord.). Manual de Contabilidade das Sociedades por ações. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
21