Somos o Que Fazemos de Nos (Waldenir Aparecido Cuin)
Somos o Que Fazemos de Nos (Waldenir Aparecido Cuin)
Somos o Que Fazemos de Nos (Waldenir Aparecido Cuin)
2013
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Agradecemos
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Dedicatória
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Índice
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Notas sobre o Autor
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Introdução
Quando Jesus Cristo, o guia e modelo mais perfeito que Deus ofereceu
aos homens, informou a necessidade de conhecermos a verdade, pois que
ela nos permitirá a liberdade, apresentou-nos a chave capaz de abrir as
algemas da nossa ignorância, consequentemente ampliando o leque da
nossa visão e facultando nossa conscientização sobre os reais valores da
vida.
O Mestre apontou, naquele momento histórico, a quem quisesse ouvi-
Lo, os caminhos dos estudos, das reflexões, da responsabilidade e da
maturidade espiritual, posturas nobres, com solidez suficiente para nos
manter no mundo físico, de curta duração, com os olhares voltados para a
vida espiritual, eterna, infinita, imortal...
Posteriormente, o Divino Amigo enviou-nos Allan Kardec, assessorado
pela expressiva e fecunda equipe do Espírito da Verdade, e ambos, num
esforço hercúleo e profícuo, legaram à humanidade a codificação
kardequiana, que é que existe, no mundo, de mais completo e atual com
respeito à espiritualidade.
Tem, portanto, o presente livro a proposta de oferecer aos leitores
estudos, reflexões, análises e comentários sobre as valiosas e
imprescindíveis lições do Cristo, sob a égide da lucidez e do bom senso de
Allan Kardec.
Trata-se de singela contribuição que se soma a tantas outras, ficando
à disposição dos interessados.
Em momento de intensos desafios, no roteiro da jornada terrena,
imprescindível se torna que realmente saibamos de onde viemos, o que
aqui fazemos e para onde vamos. Mesmo mergulhados em grandes
sacrifícios e em infindáveis renúncias, sigamos determinados em busca dos
recursos que a Providência Divina espalhou ao nosso redor, manipulando-
os devidamente para extrairmos o néctar da evolução espiritual.
Em nenhum momento da humanidade tivemos tantas informações
como nos dias atuais, mas ainda identificamos no seio das coletividades
incontáveis gemidos de dor, de angústias, de insatisfações e de conflitos,
sinais evidentes de que ainda não logramos conhecer e usufruir a verdade
que liberta.
Estudemos Jesus e Kardec e, por certo, as portas da compreensão se
abrirão para a entrada de um futuro indiscutivelmente promissor.
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“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis
aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (Jesus – João, 16:33.)
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humanidade, necessitam que não as abandonemos às trevas da
ignorância, da indiferença e do descaso.
Obviamente, no presente, necessitam de alimentação condizente,
roupas, brinquedos, remédios e outros, mas, para que se realizem
devidamente no futuro, não prescindem de educação eficaz, com base
fundamentada na formação do caráter.
Evidentemente, esses pequenos viajores se postam diante dos adultos
de mãos estendidas suplicando por cuidados, respeito, amor, carinho,
atenção e, principalmente, demonstrações de atitudes e comportamentos
revestidos de moralidade, ética e decência. De posse de tais
exemplificações, contarão com os recursos e mecanismos capazes de lhes
assegurarem perspectivas de equilíbrio e honradez.
Mas se identificarem nos pais ou responsáveis as diretrizes da
desonestidade, da cupidez, da irresponsabilidade, das viciações e do
desrespeito, não tenhamos dúvidas de que conhecerão, com muita
rapidez, os caminhos que os conduzirão à falência moral.
Não nos iludamos. Se pretendemos a construção de um mundo
melhor, de uma sociedade mais digna, justa e humana, não privemos
nossas crianças dos reais e imprescindíveis valores da vida.
Não basta dizer e esperar que os nossos filhos sejam o futuro,
permanecendo de braços cruzados. Imprescindível se torna que os
habilitemos, devidamente, para que possam viver em paz nos dias do
porvir. Vamos educá-los hoje para que não choremos amanhã.
Pensemos nisso...
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A determinação de recomeçar
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na imortalidade e prossigamos convictos de que um dia, no futuro, em
outras dimensões vibratórias, novamente estaremos com eles.
Se o abandono e a solidão estiverem nos acompanhando com
frequência, escurecendo os nossos momentos e amargurando a nossa
vida, levantemos a vontade de refletir e meditar, pois às vezes, diante do
nosso comportamento e atitudes, quem sabe estaremos impedindo a
aproximação das pessoas ao nosso redor.
Se os recursos financeiros e materiais se escassearam, criando
dificuldades e embaraços para que possamos honrar nossos
compromissos, levantemos a força e a perseverança e saiamos a trabalhar
ainda mais, na confiança de que o labor nos conduzirá a novas
perspectivas.
Se os filhos que chegaram ao nosso lar – para os quais nos
empenhamos ao máximo visando educá-los e mostrando-lhes os caminhos
da decência e da dignidade – resolveram não atender aos nossos
insistentes apelos de moralidade, levantemos a paciência e esperemos
pelas sábias lições da vida, que farão, certamente, aquilo que não
conseguimos fazer agora.
O filho pródigo, depois de perceber o equívoco cometido, diante do
sofrimento decorrente da escassez de recursos financeiros por ter gasto a
herança recebida de forma inútil, inconsequente e irresponsável, caindo no
arrependimento, teve forças para levantar, sacudir a poeira e voltar ao lar
paterno, nem que fosse na condição de um empregado do pai, para
recomeçar a vida.
Em oportunidades inúmeras, também nós, ao percebermos os erros e
os enganos deliberados, temos absoluta necessidade de levantar a nossa
vida e buscar o apoio de Deus para recomeçar, e, por certo, Ele também
abrirá seus braços para nos acolher num abraço...
Reflitamos...
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sofrimentos e infortúnios, obviamente sem direito a lamentar os revezes
nefastos que povoarão os nossos dias com aflições e amarguras.
Não se tem notícias de que alguém tenha colhido uma safra, com
honestidade e honradez, decorrente de uma lavoura que não foi plantada.
Dentro do universo, toda criatura está sob os cuidados de outras
criaturas, a não ser que não queira e, então, por si mesma, deliberará
seguir seu rumo na contramão da lógica e da razão, carregando consigo a
responsabilidade pelos atos e atitudes que produzirão os respectivos
reflexos em momento oportuno.
Sonhar é preciso, alimentar ideais é indispensável, fazer projetos é
prática louvável. Materializá-los, no tempo, com determinação,
perseverança e coragem, será decisão sábia e oportuna, se é que
realmente já vislumbramos e tomamos consciência dos caminhos que nos
conduzirão à paz e à felicidade.
Reflitamos...
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“Vives sitiado pela dor, pela aflição, pela sombra ou pela enfermidade?
Renova o teu modo de sentir, pelos padrões do Evangelho, e enxergarás o
Propósito Divino da Vida, atuando em todos os lugares, com justiça e
misericórdia, sabedoria e entendimento.” (Emmanuel, no livro “Fonte Viva”,
item 67, psicografia de Francisco C. Xavier.)
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Se quisermos um mundo melhor, não meçamos esforços para adquirir
medicamentos, mesmo em campanhas, para aliviar as dores e os
padecimentos que torturam tantas criaturas sem recursos financeiros, que
passam seus dias em leitos de angústias e desconforto.
Se quisermos um mundo melhor, cuidemos com zelo e consciência do
nosso corpo físico, para que tenhamos mais horas com possibilidades de
trabalho e menos tempo para a inércia decorrente de enfermidades e
desajustes.
Se quisermos um mundo melhor, entendamos que os recursos
financeiros e econômicos circulantes no mundo não existem para atender
aos nossos caprichos pessoais e sim para movimentar o universo das
oportunidades para todos. Guardar fortuna em cofres ou em faustosas
contas bancárias é prender o progresso e amontoar aflições para nós
mesmos.
Se quisermos um mundo melhor, onde estivermos, com quem
estivermos e em que condições estivermos, elejamos o bem como
prioridade em nossas vidas e cheguemos ao sacrifício se necessário for,
para amar, indistintamente, aqueles que caminham conosco pelas estradas
da existência.
Se quisermos um mundo melhor, estudemos com afinco e persistência
o Evangelho de Jesus, vivenciando na prática cada lição do Cristo,
formando o lastro forte da solidariedade entre os homens.
Assim, não esperemos pelas ações e iniciativas dos outros, façamos a
nossa parte sem cobrar nada de ninguém. Devemos prestar contas à
nossa consciência e pouco nos importarmos com o que os outros pensem,
procurando, sim, ser agradáveis a Deus, que sempre tem opiniões
diferentes das dos homens.
Reflitamos...
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“Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e
terás um tesouro no céu. Então vem e segue-me.” (Mateus, 19:21)
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O jovem pode fazer uso de bebidas alcoólicas? Aprofundar-se em
tóxicos ainda mais pesados e deletérios? Colocar asas em suas
motocicletas? Impulsionar o veículo como um bólido? Usar e abusar do
sexo? Cultivar a violência e a agressividade? Desrespeitar os mais velhos?
Perturbar o sossego público? Isso convém?
Na vida, existem situações que podem ser contornadas sem maiores
agravantes. Um pequeno ferimento pode ser curado; uma leve batida
com o carro, o funileiro resolve; um corte de cabelo equivocado pode ser
reparado; quando se perde um ano escolar, logo vem o outro. Mas
acontecimentos existem que não têm como resolver. A gravidez não tem
volta. Se recorrer ao aborto, comete crime de graves proporções, que
exigirá reparações dolorosas. As viciações tóxicas arrebentam o físico e o
caráter da criatura. O excesso de velocidade mata muitos jovens. E assim
por diante.
A exemplo do jovem que procurou Jesus para usufruir de uma vida
mais digna e promissora, e não aceitou os conselhos e as orientações do
Mestre, muitos moços e moças de hoje fazem o mesmo percurso, ante as
lições e os avisos sérios e esclarecedores. Preferem seguir pela vida
trilhando por vielas sombrias e desastrosas.
Vivem raros momentos de prazer e suposta felicidade na idade
primaveril, para depois amargar o resto da existência no âmbito da dor, do
sofrimento e das desilusões.
Juventude não é sinônimo de libertinagem, mas sim de muita
responsabilidade.
Pensemos nisso, enquanto há tempo...
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Trabalhemos para matar a preguiça que anestesia as nossas forças e
nos faz criaturas acomodadas e inertes, vivendo a teoria dos “braços
cruzados e mentes vazias”.
Esforcemo-nos para matar a fofoca e a maledicência que tantos
transtornos oferecem ao nosso convívio social.
Criemos coragem e matemos o desânimo que nos fere e maltrata,
fazendo-nos homens apáticos e indiferentes para com as belezas da vida.
Então, ao invés de trabalharmos os nossos pensamentos visando criar
formas de acabar com o nosso corpo, já que mesmo mortos para o mundo
continuamos vivos para a eternidade da vida, cuidemos de matar os
nossos defeitos e, em pouco tempo, o desejo de morrer será substituído
pela imensa vontade de viver, uma vez que a vida é uma dádiva de Deus,
e, sendo Ele o nosso Pai de eterna bondade, jamais iria nos brindar com
alguma coisa que não fosse útil e nobre.
Morrer nunca, viver sempre.
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“Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos que
nos fosse feito.” (Jesus)
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"Se tiver que amar, ame hoje. Se tiver que sorrir, sorria hoje. Se tiver que
chorar, chore hoje. Pois o importante é viver hoje. O ontem já foi e o amanhã
talvez não venha." (André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)
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construção de um mundo melhor, onde a prioridade sobre tudo esteja
fixada no bem-estar das criaturas humanas.
Nada adiantará a riqueza material do mundo se os homens
continuarem pobres de amor, solidariedade e sensibilidade para as dores e
aflições daqueles que seguem por vielas sombrias e tristes.
O sofrimento do vizinho, seja ele quem for, de alguma forma
influenciará a paz da nossa casa. Ninguém conseguirá ser feliz no
egoísmo. Exemplos disso se destacam, aos montes, diante dos nossos
olhos. Quem ama serve, socorre e ajuda, carrega consigo a atmosfera da
serenidade. Aquele que pensa só em si transporta, no íntimo, o vulcão do
medo, da insegurança e da incerteza, criando no coração uma represa
pestilenta.
Na Terra, o mal ainda é maior que o bem. Isso é totalmente
identificável, mas, se quisermos, mudando a direção das nossas forças,
usando-as na mesma intensidade no roteiro do que é belo e nobre, em
breve, as flores e os frutos das nossas ações estarão embelezando a
superfície desse mundo de provas e expiações, impelindo-o para outras
escalas, rumo à perfeição a que todos estamos destinados.
Esse tempo de paz e de serenidade, que tanto desejamos, chegará
logo ou mais adiante, na proporção do nosso interesse em concretizá-lo,
mediante a conscientização do valor e da importância de se obedecer às
sábias Leis Divinas.
Reflitamos...
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Mas um dos voluntários, refletindo sobre o sofrimento daquelas
criaturas dormindo no chão duro e frio, comendo o que ganhavam,
totalmente desconhecidas na cidade, e lembrando os semblantes das duas
mães que vertiam lágrimas abundantes quando se referiam aos filhos que
ficaram, não conseguia aquietar o seu pensamento e buscava,
insistentemente, um jeito de aliviar, pelo menos um pouco, as agruras e
as aflições daqueles necessitados, o mais rápido possível, pois entendia
que, para quem está sofrendo, o sábado seguinte demora muito para
chegar.
No dia seguinte, domingo, pela manhã, os companheiros solidários se
reuniriam para uma palestra doutrinária. Ali estava a chave para a solução
do problema, pensou. No final da preleção pediria a palavra e, perante a
plateia presente, relataria aquele drama, solicitando, posteriormente, a
colaboração imediata de quem se dispusesse a ajudar.
Assim fez, e para sua agradável surpresa, em menos de dez minutos já
tinha em mão uma relação contendo: um fogão, três colchões de solteiro,
dois de casal, uma cama de solteiro, uma cama de casal, uma geladeira e
uma infinidade de peças de roupa de cama.
Naquele mesmo instante, saiu eufórico e vibrante a coletar os objetos
e, daí a uma hora, mais ou menos, os irmãos nordestinos recebiam a
generosa doação, num clima de comoção e alegria.
Quando a entrega acabara de ser feita, entre os abraços fraternos que
a ação gerou, o telefone daquele voluntário sensível tocou e, do outro
lado, um jovem que tinha ouvido o apelo, e que naquele momento estava
reunido com um grupo de jovens que formavam a Mocidade daquela
instituição, informou que, comovidos com a situação exposta, eles também
se cotizaram e conseguiram um botijão de gás, uma cesta básica de
alimento e grande quantidade de roupas de cama. Queria o endereço para
fazer a entrega.
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Mas bastou que um deles agisse de forma diferente e o contágio se deu
no grupo todo.
Não podemos ignorar a força contagiosa de uma atitude solidária, o
poder de uma iniciativa no bem. Não temos condições de mensurar até
onde pode ir um gesto de amor.
Reflitamos...
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Renato e o “Catatau”
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Discípulos de Jesus
"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns
pelos outros." (Jesus – João, 13:35)
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nos corações daqueles que nos cercam. Em realidade, ninguém consegue
ser feliz sozinho.
Assim, buscando garantir a serenidade das nossas consciências, na
certeza de que estamos no caminho indicado pelo Cristo, observemos ao
redor e não percamos uma única oportunidade de exercitar o bem, dentro
das nossas possibilidades e no limite das nossas forças.
Se cada ação por nós praticada trará o reflexo do seu teor, tudo que
realizarmos em favor do bem dos outros, sem dúvida alguma, de regresso,
carregará o bem a nós mesmos. Então, não será difícil concluir que o mal,
em hipótese alguma, redundará em qualquer proveito para as nossas
vidas. Inteligente e sensato será todo aquele que desenvolver esforços
para não fazer mal algum.
Sabendo disso, sejamos reais e conscientes discípulos de Jesus,
aplicando quotidianamente o preceito “amai-vos uns aos outros”, e, com
absoluta convicção, estaremos assegurando a nossa caminhada no
contexto de um roteiro de vida sustentado pela lógica, razão e equilíbrio.
Jesus Cristo é, incontestavelmente, o sol das nossas vidas. Viver
distante Dele é o mesmo que mergulhar, descuidadamente, nas sombras
tormentosas do sofrimento.
E só conseguiremos caminhar com Jesus, como seus verdadeiros
discípulos, se elegermos o bem do próximo como razão e objetivo das
nossas vidas.
Reflitamos...
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Use as suas mãos e distribua carinho por onde passar, pois em muitas
oportunidades ficamos a rogar por um gesto de atenção dos outros.
Use as suas mãos e escreva mensagens de paz, alento e otimismo,
uma vez que, no momento, nossas vidas seguem as valiosas orientações e
experiências que outros grafaram.
Use as suas mãos para ofertar, com desprendimento, um prato de
comida ao irmão faminto, pois de nossa parte nunca sabemos em qual
momento teremos a necessidade de receber alimento alheio para a nossa
nutrição.
Use as suas mãos para, com amor, confeccionar agasalhos, visando
atender àqueles que caminham em dificuldades materiais, uma vez que
ninguém está totalmente seguro de que nunca se encontrará em
semelhante condição.
Use as suas mãos para indicar, com determinação, a direção do ânimo
e da alegria a tantas criaturas desanimadas e abatidas que vivem na
indiferença e no desespero, à beira do abismo da derrocada moral.
Use as suas mãos para acolher, no colo, as crianças sem afeto que em
grande número se abrigam em internatos, creches e berçários, muitas
vezes vitimadas pela orfandade, sorvendo a taça amarga do abandono e
da solidão.
Use as suas mãos para abençoar e suportar o familiar querido que, no
âmbito do desequilíbrio, lhe causa grandes preocupações e
aborrecimentos, objetivando ofertar-lhe o suporte da paz que possibilitará
sua reorganização.
Use as suas mãos para socorrer os idosos que desbravaram os nossos
caminhos e nos legaram tantas conquistas, pois no porvir também
estaremos vestindo a roupagem da velhice e teremos necessidade da
compreensão dos jovens.
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Use as suas mãos para conter a ira do companheiro agressivo e
desequilibrado que, descuidado do que faz, promove a intriga e a
discórdia, procurando despertá-lo para o que é nobre, belo e sublime.
Use as suas mãos para difundir os valiosos e indispensáveis
ensinamentos de Jesus, uma vez que a humanidade agoniza, no
momento, pela ausência de prática dos princípios evangélicos que fazem
luz em nossas estradas.
Use as suas mãos para construir, sem demora, a felicidade, a paz e a
alegria dos outros, e Deus, em sua infinita bondade, usará as Suas mãos
fraternas e generosas para abençoar a sua vida e também fazê-lo feliz.
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Falso testemunho
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vergastar o próximo com o chicote do verbo maldoso, destilando fel pelas
palavras.
A comunicação apresentada nos moldes dos ensinamentos divinos
canta o amor, divulga a alegria, expressa a felicidade, difunde a
fraternidade, exalta o bem e grassa a união, criando recursos e
mecanismos para que a humanidade encontre a paz. Já aquela que se
insere no “falso testemunho” cuida de manter o ódio, a animosidade, o
rancor, a vingança, o crime, a desunião e o negativismo, segurando os
homens no clima da dor e do sofrimento. A linguagem articulada que as
sábias Leis de Deus nos doaram por misericórdia do Criador deve ser,
portanto, objeto de zelo e acuidade, para que realmente atinja seu
objetivo, qual seja o de promover o entendimento no âmago dos povos.
Observemos, então, o mandamento que nos adverte para os perigos
do “falso testemunho”.
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Perdendo tempo
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para pelo menos tentar melhorá-lo, ainda conseguimos perder tempo
vivendo na preguiça!
Fazendo comentários maldosos sobre a vida alheia!
Julgando causas e coisas que na verdade não conhecemos!
Cruzando os braços na indiferença!
Dormindo mais de seis horas por noite!
Passando fins de semana totalmente ociosos!
Criticando atitudes e procedimentos dos companheiros e amigos!
Agredindo verbal ou fisicamente nossos familiares!
Esparramando a discórdia, a intriga e a violência!
Cultivando viciações tabagistas, alcoólicas e se dando ao descuido do
uso de drogas ainda mais nocivas!
Relacionando acontecimentos e fatos menos dignos em nossa
conversa!
Promovendo sucessivas reuniões, onde muito se fala e pouco se faz!
Denegrindo a imagem de governantes sem apresentar soluções para
os intrincados problemas sociais!
Constatando essa nossa conduta, devemos parar, refletir e redirecionar
nossas vidas, pois que em realidade não estamos ajudando a resolver os
problemas que assombram o mundo, mas sim sendo verdadeiros
problemas para o mundo, onde se verifica que o Evangelho de Jesus
continua nos livros, mas muito... muito distante dos nossos corações e
longe... muito longe de nossa vivência prática... É uma pena!
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que a insegurança e o desconforto de alguns, por certo, ameaçarão a
estabilidade de todos.
Assim, em nossas atitudes, comportamentos e decisões, precisamos
pensar também nos outros, no nosso próximo, pois que ele é membro
integrante da cadeia social a que pertencemos.
O nosso bem-estar nascerá, obviamente, do bem-estar de todos.
Portanto, somente o bem, vivido em toda a sua intensidade, terá a força
necessária visando contribuir para a formação de um mundo melhor, mais
fraterno, solidário e humano.
Passemos a ver o nosso próximo como alguém que, como nós,
também deseja e aspira pela paz e façamos todo o possível para que ele
alcance seus objetivos. Por consequência, os nossos objetivos serão
alcançados também.
Cultivando o mal esparramaremos sofrimentos, conflitos e angústias ao
nosso derredor, e, pela mesma lei, a de causa e efeito, tais sentimentos se
voltarão contra nós mesmos. Assim, até por uma questão de inteligência e
maturidade, vivamos no bem, pois que dessa forma estaremos
construindo o mundo que sonhamos.
Distinguir o bem do mal é tarefa simples e fácil. Façamos ao nosso
próximo tudo aquilo que gostaríamos que nos fosse feito. Se algo não é
bom para nós, por certo também não será para o nosso irmão.
A criatura sensata e lúcida não cogitará fazer o mal.
Reflitamos...
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Segue Jesus conclamando, isso há mais de dois mil anos, “vinde a mim
vós que sofreis e eu vos aliviarei” (Mateus, cap. XI, v. 28, 29 e 30). No
entanto, ainda descuidada a humanidade prefere ouvir seus próprios
apelos e trilhar seus passos pelas sombrias vielas do egoísmo e do
orgulho, entendendo que tem a receita da felicidade, procurando pelos
prazeres e realizações no mundo, enquanto o Cristo, em outro momento
de rara beleza e oportunidade, nos informou que “Ele venceu o mundo”
(Jesus - João, 16:33), portanto, não no mundo.
E as dores, decepções, angústias e incertezas, ao longo do tempo, têm
sido as nossas companheiras e ao mesmo tempo nossos algozes,
refletindo em nós mesmos as ações que praticamos e que ainda estão
bem distantes da necessária prática do Evangelho do Cristo.
Esclarecimentos e avisos edificantes não nos têm faltado, pois que
vivemos um momento, na vida social, que identificamos com imensa
facilidade a quantidade enorme de valiosas e oportunas informações.
Alegar ignorância, nessa altura dos acontecimentos, seria até dar provas
de descaso e insensatez.
Queremos ser felizes, desejamos a paz. Mas o que temos feito de real
e concreto para a conquista de tais benesses?
Jesus sentenciou “amai-vos uns aos outros” (Jesus – João, 15:12), mas
nossas atitudes demonstram o contrário, uma vez que pouco esforço
fazemos para renunciar algo em favor do nosso irmão.
Pediu que “perdoássemos até sete vezes sete vezes”, (Jesus – Mateus,
18:21-22). No entanto, com grande facilidade ostentamos o ódio, a
maledicência e a raiva em nosso âmago, como a cultivar uma represa
estagnada e pestilenta irradiando contaminações e odores fétidos.
Ensinou que “os sãos não precisam de médico” (Jesus - Mateus, 9:9),
mas ainda não nos interessamos por desenvolver a sensibilidade de
observar no próximo um vasto campo de trabalho e ações de caridade.
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Mostrou aos seus discípulos que “quem quer ser o primeiro deve ser o
último e o servidor de todos” (Jesus - Marcos, 9:13). No entanto, é muito
comum em nosso meio o desejo imenso de sermos os primeiros, os
destacados, usando para tanto qualquer método ou comportamento
visando alcançar a posição de brilho no mundo, mesmo que para isso
tenhamos que ferir aqueles que, possivelmente, tentem empanar as
nossas pretensões.
Falou da necessidade de sermos humildes, quando proferiu que
“aquele que se exaltar será rebaixado” (Jesus - Mateus, 23:12),
condenando, obviamente, o orgulho e o egoísmo, essas deletérias e
terríveis chagas que tantos males e prejuízos oferecem à humanidade.
Mas temos imensas dificuldades de viver tal recomendação.
Sugeriu a receita da paz ao ensinar “amem os seus inimigos e orem
por aqueles que os perseguem” (Jesus - Mateus, 5:43), mas a
humanidade tem ignorado tal preceito, cultivando ainda a animosidade, a
violência e a intolerância, bases nocivas que têm esparramado a guerra, a
discórdia e o sofrimento no contexto social.
Esclareceu sobre a importância da fé quando disse “Bem-aventurados
os puros de coração, porque eles verão a Deus” (Jesus - Mateus, 5:8).
Mas, desejando conquistas imediatas, o homem se sente tremendamente
infeliz e descrente quando seus anseios e desejos não se realizam
rapidamente.
Assim, distantes das imprescindíveis lições do Evangelho de Jesus,
tanto do conhecimento profundo sobre elas quanto da sua prática,
trilhamos nossa vida na desobediência e no descaso, colhendo a safra
dolorida das nossas plantações descuidadas.
Reflitamos...
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desafiando nossas iniciativas em encontrar um jeito de acalmar seus
corações desesperançados. Façamos algo por eles.
Pais desempregados clamam por ocupações dignas que lhes
possibilitem ganhar o sustento da família com o suor de seus esforços.
Movimentemos nossa boa vontade e os ajudemos a encontrar postos de
trabalho.
Como podemos observar, sem muitos esforços, o contexto social que
nos cerca ainda é uma intrincada rede de problemas e aflições, gerador de
instabilidade emocional e de insegurança de toda ordem, onde, de um
jeito ou de outro, todos sofremos.
Assim, é indispensável compreender que não basta estarmos bem
fisicamente, equilibrados financeiramente, ajustados emocional-mente,
com exclusividade, pois, se nossos irmãos assim também não estiverem, a
paz que almejamos e a felicidade que tanto queremos ainda serão apenas
sonhos e desejos e não realidade.
Ninguém conseguirá ter serenidade sozinho, pois que somos seres
gregários, e, no isolamento absoluto, é impossível de se viver.
As leis de Deus sendo de compensação, obviamente, cada um
receberá de acordo com as suas obras, portanto, se já nos interessamos
por uma vida mais digna, para obtê-la, temos total necessidade de
também dignificar a vida alheia.
Dessa forma, conseguiremos neutralizar os nossos sofrimentos à
medida que amenizamos os sofrimentos dos nossos irmãos.
Pensemos nisso.
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A opção de Mariana
“Não julgueis para não serdes julgados.” (Jesus - Mateus, cap. VII, V.1)
Bem que Jesus disse que não julgássemos ninguém, pois atrás dos
dramas das pessoas, quantas coisas podem estar acontecendo sem que
saibamos?
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Rogativa a Jesus
“Tem fé no futuro; por isso, coloca os bens espirituais acima dos bens
temporais.” (O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec, capítulo XVII,
item 3.)
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propósito de revide e lancemo-nos a refletir sobre o teu valoroso
ensinamento: “Amai os vossos inimigos”.
Carregando no coração os espinhos das aflições, que procuremos
evitar o inconformismo e a revolta, atentos à tua magistral informação:
“Bem-aventurados os aflitos”.
Assim, Senhor Jesus, ante tanta luz em forma de letras e lições, ajuda-
nos a compreender mais, servir mais, ajudar mais, estudar mais, entender
mais e a reclamar menos, para o nosso próprio bem, pensando na paz e
na felicidade que haveremos de conquistar no futuro.
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“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.” (Jesus - João, 15)
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A preguiça e o comodismo cederão seus lugares ao dinamismo e à
perseverança, onde cada minuto disponível será uma mensagem de
trabalho em favor do nosso adiantamento moral.
O egoísmo e o orgulho, essas chagas que agridem a humanidade,
desaparecerão, possibilitando a chegada do amor verdadeiro que unirá
todos os homens, destruindo as barreiras religiosas, de raça, de cor e de
posição social.
Assim, quando o Evangelho de Jesus deixar de ser teoria, letra, e se
transformar em vivência prática, muito mais do que oferendas materiais,
estaremos ofertando ao mundo o nosso coração, bem como os nossos
sentimentos sublimados e nobres.
Então, com urgência, devemos observar atentamente o nosso íntimo,
procurando detectar o conteúdo daquilo que estamos divulgando, para
identificar nosso estado evolutivo.
Mas, se ainda, em nosso âmago existir lugar para a inveja, o ciúme, o
rancor, a mágoa, a fofoca, a violência, ou qualquer sentimento inferior, é
sinal de que apenas seguramos o Evangelho do Cristo nas mãos, mas
ainda não conseguimos aprender as suas inequívocas e notáveis lições.
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Na tarde do outro dia, novamente o empresário generoso informou
que o Souza não comparecera ao trabalho. Dr. Alcides, indignado, foi ao
encontro do desempregado.
“- Dr. Alcides, hoje o sol está muito quente e, também, trabalhar
amassando concreto é um serviço muito duro...”
Cabisbaixo, o médico atencioso procurou o seu amigo empresário para
se desculpar ante o inesperado.
“- Agradeço muito por ter aberto as portas de sua empresa para o
Souza, mas, infelizmente, ele não correspondeu. Na verdade, não adianta
ajudar a quem não quer ser ajudado.
- Adianta, sim, Dr. Alcides, pois aqueles que desejam ser ajudados,
por si mesmos, já abrem muitas portas. Nós temos que insistir em ajudar
realmente a quem não quer ser ajudado, pois é preciso despertá-los para
o dinamismo da vida.”
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“E tendo chegado uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, que
importavam um real. E, convocando seus discípulos, lhes disse: Na verdade
vos digo que mais deitou esta pobre viúva do que todos os outros que
deitaram no gazofilácio. Porque todos os outros deitaram do que tinham na
sua abundância; porém esta deitou da sua mesma indulgência tudo o que
tinha, e tudo o que lhe restava para seu sustento.” (Marcos, XII: 41-44).
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“A vida não reclama o teu sacrifício integral, em favor dos outros, mas, a
benefício de ti mesmo, não desdenhes fazer alguma coisa na extensão da
felicidade comum.” (Emmanuel, no livro “Fonte Viva”, psicografia de Francisco
C. Xavier, item 28.)
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Já nos comovemos com as dores e aflições que torturam tantos
corações maternos diante da escassez de alimento e a fome angustiante
dos filhinhos?
Temos coragem de abrir mão de horas de lazer para nos dedicarmos a
trabalhos voluntários em prol de crianças, adolescentes e jovens que
necessitam de rumos seguros para suas vidas iniciantes?
Em nossos compromissos e afazeres profissionais, temos sido
honestos, leais e preocupados em não causar prejuízos a ninguém e nem
em levar vantagens descabidas?
No contexto da família, diante do cônjuge e dos filhos que a
Providência Divina nos confiou, conseguimos dimensionar o tamanho da
responsabilidade que pesa sobre nossos ombros, quanto à condução dos
rumos desta célula importante da sociedade?
É preciso refletir...
Pouco adiantará sonhar com um mundo melhor se no âmbito das
nossas ações não estivermos dando a nossa quota indispensável de
contribuição. Não basta que os outros façam o que é devido e necessário,
nós precisamos fazer também.
Então, antes de lamentarmos a atual estrutura social que nos acolhe,
melhor será analisar se ela não está assim por nossa culpa também.
Pensemos nisso...
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A fonte divina
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se esforçar, não se dedicar e não se interessar por dias melhores,
certamente, não os terá.
Então, descruzemos os braços e estendamos as mãos para a realização
do trabalho gratificante da semeadura, pois que, no tempo certo,
abarrotaremos o celeiro das nossas conquistas com os frutos saudáveis do
lavor empreendido.
Basta um olhar de observação ao nosso redor e logo identificaremos
inúmeras oportunidades para vivenciar as imprescindíveis lições de Jesus
Cristo: “Amarás ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a
tua alma e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti
mesmo”. (Jesus, Mateus, 22: 37)
Qualquer outro caminho que deliberarmos seguir, por certo, não nos
conduzirá a nenhum lugar seguro. Disso já temos uma quantidade imensa
de constatações, pois que ao longo desses anos todos temos trilhado
outras estradas e, até agora, o que encontramos foram dores, aflições,
decepções, amarguras e remorsos.
Paulo de Tarso, no âmbito da sua reconhecida sabedoria, nos advertiu
que será preciso e urgente que “matemos o homem velho que existe
dentro de nós, para que nasça o homem novo” (Paulo - Colossenses, 3).
Assim, informou o Apóstolo dos Gentios que não podemos adiar mais a
decisão de erradicar o egoísmo e o orgulho dos nossos corações,
substituindo-os pela fraternidade, solidariedade e o imenso amor pelo
próximo.
Não será difícil concluir, então, que, se desejamos uma vida de paz e
serenidade, não existe outro caminho que não seja o de plantar a
felicidade nos corações alheios.
A fonte divina continua a jorrar as águas cristalinas da sabedoria e do
amor. Apenas precisamos aumentar o recipiente do nosso interesse em
aproveitá-las.
Reflitamos...
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Sob a coordenação da “Campanha do Quilo” da entidade onde milita,
apanha os saquinhos e, no final de seu expediente de trabalho, ou em
suas horas de descanso, procura os vizinhos, os moradores do seu
quarteirão, do bairro, e, uma vez por mês, faz a coleta dos gêneros
alimentícios que lhes são ofertados. Quando o grupo da citada
“Campanha” chega à instituição espírita para a formação das cestas
básicas, que são oferecidas às famílias em penúria, lá encontra o Alfredo
com o material coletado, ajudando a “engordar” a quantidade de
alimentos que são entregues aos necessitados.
Impedido por compromissos profissionais e obrigações familiares, não
conseguia estar junto ao grupo de trabalho, mas nem por isso deixava de
trabalhar em favor do próximo. A força do seu ideal e a perseverança no
bem fizeram com que superasse os obstáculos para poder servir em nome
do Cristo.
Tem profundo significado o adágio popular: “Querer é Poder”.
Realmente, quem quer com determinação e labora com convicção
suplanta todas as barreiras e vence todas as dificuldades, ainda mais
quando se coloca ao lado de Jesus para ajudar aos “pequeninos do
caminho”.
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Gostam imensamente de ser lembrados, mas de forma alegre, otimista
e equilibrada.
Assim sendo, cultivemos o hábito de orar por eles diariamente, quando
nos recolhemos para as nossas preces, enviando-lhes pensamentos de
esperança e certeza dos nossos reencontros futuros.
Procuremos recordar os seus exemplos de grandeza espiritual e
façamos o maior esforço para abafar os comportamentos infelizes que,
porventura, tiveram, para que não os façamos sofrer ainda mais com
aquilo que já os marcaram.
A flor que eles gostam de receber é a flor do sorriso e da compreensão
das Leis de Deus, sem revolta, sem desespero, sem lamentação, mas com
muita confiança no Pai Celestial que tudo faz pela nossa felicidade.
Portanto, para lembrar os nossos “mortos”, não serão necessários
locais determinados, gestos decorados, comportamentos ensaiados,
posicionamentos físicos tradicionais; não, nada disso, apenas o nosso
pensamento, a qualquer hora, em qualquer lugar, de preferência repleto
de amor e recheado do desejo de que sejam felizes onde estão.
Hoje ou amanhã, quando Deus o permitir, novamente estaremos com
eles, porque a morte, verdadeiramente, não existe.
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O significado da reencarnação
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oportunidades para que refaçamos o nosso caminho e encetemos outras
direções para as nossas vidas.
Um pai amoroso, consciente e responsável, jamais fecha a porta do
arrependimento aos seus filhos e nem se compraz em vê-los sofrer, e, ao
invés de definir a sorte deles após alguns anos de enganos, se esmera em
estender as mãos aos rebentos desajustados, objetivando reerguê-los para
uma caminhada digna, honrada e feliz.
A reencarnação não é um castigo, mas sim um imenso campo de labor
e de estudos que, se aproveitado devidamente, abre notórias e
incalculáveis possibilidades de ascensão espiritual a todos nós que
sonhamos com a paz verdadeira e com a felicidade definitiva.
Portanto, não se trata de uma realidade para ser ou não ser
acreditada, mas sim de uma lei natural que, no contexto de uma lógica
nítida, esclarece as diferenças existentes entre as criaturas humanas.
Por que uns sofrem mais que outros? Por que uns são mais saudáveis
que outros? Por que uns vivem mais felizes que outros? Seria Deus
caprichoso e injusto? Se vivêssemos uma única existência na Terra e se a
nossa sorte fosse definida após esta existência, a conclusão, obviamente,
seria essa: um Deus parcial, indiferente e descuidado.
No entanto, tudo fica muito claro, muito evidente e totalmente
compreensível quando entendemos o processo reencarnatório, em que,
mediante sucessivas reencarnações, aos poucos vamos edificando a
estrutura da nossa perfeição. Então, escorados por essa insofismável
realidade, vemos um Deus de amor, de oportunidades, um Pai fraterno e
sumamente justo, permitindo que cada filho faça o seu próprio caminho,
sob o amparo de suas abençoadas mãos.
Reflitamos.
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O despertar da consciência
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“Pela prece, o homem chama para si o concurso dos bons Espíritos, que
vêm sustentá-lo nas suas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos.”
(O Evangelho segundo o Espiritismo - Cap. XXVII – Item 11 – Allan Kardec.)
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Decorridos mais alguns instantes, Maria Antônia nada mais sentia. A
dor terrível havia desaparecido e, disposta, retomava os afazeres do lar.
Em conversa com um amigo, relatou-lhe o acontecimento e este, na
primeira oportunidade, abordou o senhor José Francisco, de forma
discreta, sem mencionar o fato. Ficou sabendo que ele tinha o hábito de,
após o almoço, enquanto aguardava o retorno ao trabalho, endereçar
preces às pessoas que sofriam, carregando o coração de votos de melhora
e restabelecimento da saúde.
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Dores ocultas
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É preciso evitar que declinemos preocupações com assuntos que aos
outros pertencem, e lancemo-nos a verificar o que realmente devemos
fazer no bem, para a nossa ascensão espiritual.
É preciso observar que aos poucos, descuidados, vamos morrendo com
o peso do desânimo, enquanto vicejam ao nosso redor múltiplas
possibilidades de socorrer os que sofrem.
Saiamos sim, encorajados, a procurar pelos infortúnios ocultos e pelas
dores silenciosas que atrofiam corações e aniquilam aspirações, a fim de
que façamos a esperança brotar.
Lancemo-nos, sim, a espargir cultura e lições onde a ignorância faz
morada e ceifa oportunidades , grassando a tristeza aos irmãos do
caminho.
E nunca nos esqueçamos de que o infortúnio oculto se instala no
casebre, mas também lança seus tentáculos na mansão. Na choupana,
com mais frequência, denomina-se fome, nudez, doença, desemprego; já
na casa mais aquinhoada materialmente, é patenteado como desuniões
conjugais, dramas morais, toxicomanias, doenças incuráveis, ilusões e
outros. Mas, de qualquer modo, está sempre a requisitar providências.
Vejamos, então, como servir, objetivando que a luz da paz possa
dissipar a escuridão do sofrimento, clareando os caminhos dos homens
para que a felicidade envolva a todos.
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“Todas as coisas são lícitas, mas nem tudo convém.” (Paulo, Coríntios,
Capítulo 10, Versículo 23.)
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Cruzar os braços ante o serviço por fazer é lícito, o que evidentemente
não nos convém, porque, por meio do trabalho, além da dignidade,
mantemos nossa vida na Terra sem pesar para a economia popular.
A alimentação que oferece ao corpo os elementos de sustentação é
lícita, mas a gula – ou abuso alimentar – não convém, uma vez que
sobrecarrega nossa máquina orgânica de atividades extras,
comprometendo seu funcionamento.
O descanso, para todos, é lícito, uma vez que restaura as nossas
forças orgânicas e mentais, mas o excesso de horas ociosas não convém
porque temos tarefas importantes a realizar visando ao nosso crescimento
espiritual, como: visitar um doente, socorrer um necessitado, amparar
uma criança e muito mais.
Assim, é imperioso analisar o que realmente é lícito e aquilo que
convém, uma vez que nossa vida por aqui é apenas uma etapa da vida
total.
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“Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de
guia e modelo? – Vede Jesus. (Questão 625, de "O Livro dos Espíritos", de
Allan Kardec.)
Sendo Jesus Cristo o guia e o modelo a ser seguido por nós, o que
estamos esperando para agir desta forma? Tudo o que deliberarmos fazer
de diferente dessa valiosa observação, por certo, nos colocará na
contramão da lógica e da razão, e, por consequência, nos trará o reflexo
da desobediência e da indisciplina em forma de reveses, dores e
decepções.
Obviamente, a escolha será sempre nossa, pois que o livre-arbítrio é
uma Lei Divina, onde cada qual vive de conformidade com o que pensa,
mas o bom senso nos recomenda observar a maneira como decidimos a
nossa jornada terrena, pois que ninguém, em sã consciência e perfeita
lucidez de raciocínio, deseja sofrer.
Contrariar as profundas e sábias lições de Jesus é, incontestavelmente,
uma forma de semear espinhos que nos proporcionarão colheitas fartas de
arranhões e ferimentos.
Sugere o Mestre, objetivando a construção de uma saudável vida
social, que aprendamos a compreender as pessoas como elas são,
despidos de egoísmo, preconceito ou exclusividades, pois que, de nossa
parte, também temos necessidade de que nos entendam como somos.
Orienta que, diante de conflitos, rusgas ou pugnas, façamos uso do
perdão e da tolerância, pois que dificilmente, no estágio em que vivemos,
conseguiremos nos relacionar com os outros sem causar algum tipo de
mágoa, ressentimento ou coisa que valha.
Pede que estendamos as mãos àqueles que seguem vivendo em
situação de penúria, aliviando-lhes os padecimentos e torturas, pois
nenhum de nós sabe como será o nosso dia amanhã.
Informa que devemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos,
assim ensinando que os mais fortes precisam amparar os mais fracos, os
mais poderosos socorrer os menos influentes, e os mais ricos não ignorar
aqueles que vivem na pobreza.
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Propõe que a mão esquerda não saiba o que faz a direita, ministrando
as lições da humildade e da simplicidade, e, ao mesmo tempo,
condenando o orgulho, que nos faz pensar ser melhores que os outros.
Anuncia que quem socorrer os "pequeninos" de toda ordem é a Ele
mesmo que está a servir, pois que a Sua maior alegria é ver o bem sendo
espalhado em todas as direções e o mal sufocado pelos nossos esforços.
Ampara Maria Madalena, a jovem que se prostituía; conversa com
Nicodemos, o orgulhoso doutor da lei; e hospeda-se na casa de Zaqueu, o
cobrador de impostos, tido como de má vida, sem apresentar nenhuma
censura ou reprimenda, acolhendo-os com carinho e ternura, propiciando
a transformação deles, no tempo, sem qualquer acusação ou violência.
Diante da multidão faminta de esclarecimentos e gêneros alimentícios,
falou da Boa Nova, mas não se esquivou do dever de alimentá-la também,
multiplicando pães e peixes, socorrendo conjuntamente o coração e o
estômago.
Dependurado injustamente numa cruz, vítima da incompreensão e da
ignorância humana, ainda teve forças para rogar a Deus que perdoasse a
humanidade, pois que, em suma, não tinha ela noção do que estava
fazendo.
Como podemos observar, nitidamente, nada é mais novo e moderno
do que as imprescindíveis lições de Jesus Cristo, que já são por demais
conhecidas, mas tão pouco praticadas.
Ou seguimos Jesus, o modelo e guia da humanidade, ou nos
preparamos para longas temporadas de dissabores e infortúnios. A escolha
é de cada um.
Meditemos.
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Amor e sabedoria
"Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus
irmãos são os meus bem-amados." (Espírito da Verdade, em “O Evangelho
segundo o Espiritismo", item 6, capítulo VI.)
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"Não julgueis, para não serdes julgados. Porque, com o juízo com que
julgardes, sereis julgados, e com a medida com que medirdes, vós sereis
medidos." (Jesus – Mateus, 7:1 a 3)
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Aceitou conversar com Nicodemos, o doutor da lei, nas sombras da
noite, porque aquela autoridade não queria ser vista por populares, em
contato com Jesus, temendo por sua reputação. Incentivou-o à renovação
e à tomada de nova postura diante das oportunidades da vida.
Hospedou-se na casa de Zaqueu, o publicano cobrador de impostos,
tido como homem de má vida, mesmo ante a incompreensão daqueles
que O seguiam. Despertou Zaqueu para a aquisição de valores nobres.
Como podemos observar, Jesus não julgava ninguém, apenas servia.
Identificava em cada criatura um imenso campo de trabalho e saía,
resoluto, a laborar.
Como cristãos que somos, tendo o Mestre como nosso guia e modelo,
o que estamos esperando para segui-LO? Obviamente, não poderemos
fazer como Ele fez, mas não estamos impedidos de realizar tarefas
menores, de conformidade com as nossas condições evolutivas.
Assim, ao invés de julgamentos, críticas ou observações vazias quanto
ao comportamento alheio, procuremos uma forma de contribuir para a
construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais humana,
tomando cada irmão nosso como alguém que também aspira pela paz e
pela felicidade, mesmo que no momento esteja ainda caminhando na
contramão do progresso moral, pois que amanhã tudo poderá ser bem
diferente.
Não julguemos os outros, julguemos a nós mesmos e procuremos,
com determinação e coragem, detectar nossas falhas, empreendendo
esforços e sacrifícios para saná-las.
Reflitamos...
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Não será uma tarefa fácil, como não está sendo, mas é indispensável o
empreendimento de grandes cotas de esforços, sacrifícios e renúncias
pessoais, para que os sentimentos da mágoa, do ódio e outros,
definitivamente, desapareçam do nosso coração.
Sabendo disso, nos empenhemos ao máximo visando exercitar o
perdão, a compreensão e a tolerância para com aqueles que,
possivelmente, nos ofenderam ou nos causaram quaisquer aborrecimentos
ou venham a causar. Não vale a pena abrigar, no íntimo, tais sentimentos
pestilentos. Em realidade, os maiores prejudicados somos nós mesmos.
Se as criaturas com quem nos relacionamos, desavisadas, ainda
pactuam com a inferioridade, lançando dardos ferinos, isso é problema
exclusivamente delas. De nossa parte, façamos o contrário: emitamos
vibrações de equilíbrio e de serenidade, mesmo sabendo não ser nada
fácil, pois agindo assim, sem dúvida, neutralizaremos os raios
desequilibrados que poderiam nos atingir.
Como podemos concluir, ao ensinar o uso contínuo do perdão, Jesus
Cristo, dentro da sua imensa sabedoria, informou a todos nós, por
intermédio do apóstolo Pedro, a forma correta e eficaz da convivência
social, para que tenhamos uma vida saudável, tanto emocional como
fisicamente.
Portanto, perdoar não se trata tão somente de um apontamento
especulativo, religioso, moral, mas de um conselho profundo que assegura
o nosso bem-estar.
Reflitamos...
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Guerreamos quando alimentamos, descuidadamente, o egoísmo e o
orgulho em nosso coração, essas terríveis chagas que tantos males e
dissabores têm provocado em nosso meio social, fazendo correrem
imensos rios de lágrimas e nascerem enormes montanhas de dor no
contexto social em que vivemos.
Guerreamos quando acreditamos ser melhores e mais importantes que
os outros, e que somente os nossos direitos devam prevalecer, custe o
que custar.
Guerreamos quando entendemos que temos direitos a privilégios e
deferências especiais, a destaques e honrarias, pois que nesse momento
estaremos subindo em pedestais ilusórios, restando a outros a condição de
bajuladores ou admiradores.
Como podemos observar, a guerra é muito mais ampla e nefasta do
que aparenta.
Um avião de bombardeio, um míssil poderoso e um canhão de longo
alcance fazem verdadeiro arraso, destruindo, matando, mutilando,
liquidando com as esperanças de tantas criaturas. Mas ações de
desequilíbrio, insensatez, indiferença e descaso para com os semelhantes
também promovem tragédias de mesma intensidade no seio das
coletividades humanas.
Por certo, quando entendermos o que nos ensinam as valiosas e
inesquecíveis lições de Jesus Cristo, compreenderemos que somos filhos
do mesmo Pai Celestial e que todos nós carregamos na intimidade os
mesmos desejos de felicidade e vontade de desfrutar uma vida em paz, o
que somente alcançaremos quando “amarmos uns aos outros”,
trabalhando para que não existam guerras de espécie alguma.
Nesse dia, então, concluiremos que a nossa serenidade só será
possível quando todas as criaturas estiverem serenas.
Reflitamos...
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Atributos de Deus
Não podendo ainda ter uma ideia completa sobre Deus, devido à nossa
pequena condição evolutiva. Resta-nos a possibilidade de perceber alguns
de seus inúmeros atributos, o que é o suficiente, no momento, para
compreendermos a justiça e o amor das leis universais.
Dentro do código divino, instituído pelo Pai Celestial, fica evidente que
não existe espaço para punições e castigos às criaturas, ante os erros
cometidos, mas, sim, sempre novas oportunidades de reparação, no
âmbito da justiça e do amor.
Sabendo que cada ação carrega consigo uma reação da mesma
natureza, não será difícil a conclusão de que colhemos a safra decorrente
das sementes que livremente plantamos. Boas sementes, colheitas
satisfatórias; sementes ruins, produção de má qualidade. Obviamente,
será preciso saber o que plantar.
Dessa forma, temos o mérito das conquistas edificantes e a
responsabilidade pelos fracassos verificados. Deus, dentro da sua
sabedoria, criou as estruturas do Universo para nos garantir plenas
condições de vida saudável. Viver no equilíbrio ou seguir pelas vielas dos
desajustes é, obviamente, um problema nosso.
“Deus é eterno. Se ele tivesse tido um começo, teria saído do nada,
ou, então, teria sido criado por um ser anterior. É assim que, pouco a
pouco, remontamos ao infinito e à eternidade.
Deus é imutável. Se Ele estivesse sujeito a mudanças, as leis que
regem o Universo não teriam estabilidade.
Deus é imaterial, quer dizer, sua natureza difere de tudo o que
chamamos matéria, pois, de outra forma, Ele não seria imutável, estando
sujeito às transformações da matéria.
Deus é único. Se houvesse muitos Deuses, não haveria unidade de
vistas nem de poder na organização do Universo.
Deus é todo-poderoso, porque é único. Se não tivesse o poder
soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto
121
Ele, e assim não teria feito todas as coisas. E aquelas que Ele não tivesse
feito seriam obras de um outro deus.
Deus é soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis
divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e essa sabedoria
não nos permite duvidar da sua justiça e nem da sua bondade.” (Questão
13, de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.)
Em realidade, o pouco que conseguimos saber sobre Deus, nosso Pai
Celestial, basta para que tenhamos certeza absoluta de que tudo ao redor
conspira em nosso favor e nos dá plenas condições para efetuarmos o
progresso espiritual que nos está proposto.
Obviamente, se ainda seguimos as trilhas do mundo mergulhados em
ações e comportamentos que diferem do que nos ensina o Criador, a
deliberação é uma escolha nossa, proporcionando, é claro, os reveses e as
dores que, no momento, povoam o nosso âmago.
Caso queiramos dar outro rumo à vida, pautando nossos dias com
comportamentos de equilíbrio e bom senso, tomemos Jesus como modelo,
que junto de nós é, sem dúvida alguma, o legítimo representante de Deus
na Terra.
Embora toda a estrutura divina ao nosso inteiro dispor, cada um de
nós tem o livre-arbítrio para decidir como deseja viver, aceitando a lógica
e a evidência das lições evangélicas, ou ignorando-as.
Pelos atributos de Deus que conhecemos, por certo, quando um filho
Seu estiver cansado de andar sem rumo, carregado de decepções e
angústias, Ele estará de braços abertos para acolhê-lo, com renovadas
oportunidades de redenção e aprimoramento.
Reflitamos...
122
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“Hoje, não mais cogito de crer, pois sei.” (Humberto de Campos, no livro
“Boa Nova”, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)
123
a seguir Jesus, divulgando os ensinamentos dele até o fim de seus dias na
Terra, em Roma, quando foi condenado à morte.
Pedro acreditava em Jesus, mas não tinha a verdadeira fé para
promover a total reformulação da sua vida, com base no que o Cristo
trazia consigo. Já Paulo foi bem diferente: não acreditava em Jesus, mas
teve fé o suficiente para tomar direção totalmente oposta àquela que
seguia, assim que teve a felicidade de se encontrar com o Cristo.
No livro “O Consolador”, Emmanuel, por intermédio da mediunidade de
Francisco Cândido Xavier, informa que crer diz respeito à crença, enquanto
a fé é inspiração divina. Diferentemente da simples crença, a fé desperta
todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem e, como
tal, é a base da regeneração”.
Ainda entre as narrativas dos apóstolos sobre a vida de Jesus,
encontramos em Mateus, 8:5-13, o relato sobre um Centurião de Roma
que procura pelo Mestre, buscando a cura para um dos seus soldados que
permanecia no quartel. Quando Jesus se propôs a visitar o doente, o
Centurião afirmou que não era preciso, pois que Jesus dali mesmo poderia
curá-lo. Então, Jesus o fez, dizendo: “nem mesmo em Israel encontrei
tamanha fé”.
Outro momento que se caracteriza nos Evangelhos, como
demonstração plena de fé, foi quando Jesus, cercado pela multidão, foi
tocado por uma mulher que sofria de uma hemorragia há mais de doze
anos, ficando, a partir daquele instante, totalmente curada. (Marcos, 5:25
a 34.) Obviamente que aquela senhora possuía muito mais que crença em
Jesus. Possuía fé.
Cabe, então, refletir se já conseguimos conquistar a fé ou se ainda
permanecemos apenas na crença.
Pensemos nisso.
124
59
O limite do necessário
Por certo, nada será suficiente para aquele que acredita ser sempre
pouco o necessário.
A natureza, no contexto das suas sábias leis, definiu com acerto as
linhas do equilíbrio, e a inteligência humana tem plena capacidade de
discernir entre aquilo que é certo e o que não é devido. Resta, portanto,
ao homem, ter o interesse e o desejo de viver em consonância com tais
assertivas.
As necessidades artificiais que vão sendo criadas pela sociedade
acabam por complicar, sobremaneira, a vida da população terrena. O
Planeta, sem dúvida, possui todos os recursos e mecanismos capazes de
garantir, com segurança, a vida de todos os habitantes, nos variados
aspectos, no entanto, o que vemos hoje, diante da valorização do
supérfluo, é uma corrida desenfreada na alimentação do egoísmo, que
tantos males proporciona no seio das coletividades.
Não nos basta o necessário, que quase sempre todos possuem,
queremos vorazmente contar com aquilo que é supérfluo, e, então,
erigimos um sistema de vida na Terra, onde a dor, o sofrimento e as
decepções caminham ombreando conosco, como consequências dos
nossos desmandos.
Assim, é possível identificar que poucos possuem muito, e em seus
cofres guardam o excesso. Por outro lado, muitos possuem pouco, vivendo
na carência geral dentro do contexto de uma desequilibrada distribuição
de rendas.
Possuir uma camisa que nos protege o corpo é pouco, queremos uma
camisa da moda, de preferência que tenha etiqueta de marca famosa,
para que possamos desfilar com ela pelos caminhos sociais.
Possuir um carro que nos permite a locomoção para distâncias maiores
não é suficiente, uma vez que o nosso ego alimenta o desejo de contar
125
com os préstimos de um carro novo que nos ofereça uma certa posição de
prestígio.
Contar com a alimentação suficiente não nos satisfaz, pois que
carregamos no íntimo a vontade imensa de desfrutar de mesa farta,
recheada de iguarias, para o deleite do nosso apetite insaciável.
Uma casa que nos abrigue das intempéries e que nos sirva de ninho
doméstico, quase sempre, não atende aos nossos anseios, pois que
carregamos no âmago a proposta de possuir um imóvel requintado que,
de preferência, nos ajude a ser vistos sobre um pedestal econômico.
É muito lógico que, dentro do livre-arbítrio, cada um de nós tem o
direito de escolher como deseja viver, no entanto, será sempre oportuno
refletir se as nossas escolhas nos convêm.
Observando os caminhos da história da humanidade, vamos encontrar
aqueles que laboraram, determinadamente, para progresso e evolução
social, sempre preocupados com as boas ideias e grandes ideais, no
entanto, pouco afeitos às conquistas de bens materiais. Valorizaram
sempre o necessário, e dispensaram o supérfluo.
O maior dentre eles foi Jesus. Possuía uma túnica e um par de
sandálias, no entanto, foi capaz de mudar, para melhor, o destino da
humanidade. Exemplificou o uso dos valores reais, aqueles que permitem
ao homem sair da inferioridade para a angelitude, condição que lhe
garante a paz e a felicidade. Em momento algum se prendeu a ilusões,
fantasias e falsidades.
Observemos, então, enquanto é tempo, como estamos conduzindo os
nossos dias: pelas trilhas do necessário ou pelas vielas enganosas do
supérfluo?
Reflitamos...
126
60
127
dignidade e honradez, e que realmente tenha interesse em conviver com a
solidariedade, fraternidade e justiça, no âmbito social em que vivemos.
Indispensável e sumamente importante nunca olvidar que somos o que
fizemos de nós até agora. Temos, portanto, os méritos das vitórias
alcançadas ao longo do tempo, e, obviamente, a responsabilidade pelos
fracassos que surgiram em nosso caminho.
Somos o que somos mediante as escolhas e as deliberações que
livremente fizemos. Em momento algum fomos constrangidos ou
impedidos de realizar alguma coisa contra a nossa vontade. As Leis
Divinas sempre atuaram na defesa dos nossos interesses e anseios. Por
certo, ante o quadro sofrível que vivemos, podemos concluir que nossa
maturidade insipiente foi a responsável pelas desditas da atualidade.
Mas continuamos livres, e, se não é possível modificar o nosso
passado, sem dúvidas, temos plenas condições de alterar o presente,
projetando um futuro promissor.
As notáveis lições de Jesus Cristo há dois mil anos estão conosco. "Eu
sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai, senão por mim."
(Jesus - João, 14:6). Este, certamente, é o roteiro. Qualquer outra direção
a seguir será, incontestavelmente, a direção do equívoco.
Reflitamos...
- Fim -
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