Atribuicoes e Praticas

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1 INTRODUÇÃO

A educação é uma prática social presente em diferentes espaços, acontece


na família, no ambiente escolar, nos grupos sociais, na igreja e nos sindicatos.
Aprendemos nos diversos espaços educativos uns com os outros no processo de
socialização, porém é na escola que sistematizamos os conhecimentos e
partilhamos experiências.
Assim, a educação possibilita compreender e intervir nas nossas decisões,
pois é a partir dela que os indivíduos podem se tornar capazes de pensar, refletir,
interagir e intervir politicamente em seu meio social, colaborando na efetivação de
mudanças sociais. Nesta perspectiva é relevante que a educação seja
compreendida como libertadora, de acordo com a concepção de Paulo Freire na
qual a educação é vista como uma forma de libertar o homem oprimido tornando-o
livre da opressão política, econômica e cultural, favorecendo assim igualdade social
para todos.
Embora a educação seja um direito instituído pela lei máxima do nosso país,
ainda é visível a exclusão de muitos cidadãos ao direito de uma educação de
qualidade para todos. Apesar dessa situação, a educação pode vir a ser um dos
meios de transformação social, já que através dela os indivíduos podem conhecer a
sua realidade social e política injusta e assim lutar para fazer valer os seus direitos.
No campo educacional as relações de trabalho, na escola, têm sofrido
algumas modificações na Coordenação Pedagógica, pois o supervisor era o “fiscal”,
o chefe que gerenciava a produção. No entanto, almeja-se que este se configure
como o que auxilia e contribui para a melhoria do processo ensino-aprendizagem,
objetivando uma educação de qualidade. É nesta perspectiva que podemos afirmar
que o cargo Coordenador Pedagógico é necessário no ambiente escolar. Dessa
forma é de grande relevância a presença do Coordenador Pedagógico no espaço
educacional, para que em conjunto compartilhe ideias e conhecimentos e construa o
seu papel na escola, traçando o seu caminho transformador, formador e articulador.
A educação é algo essencial para o desenvolvimento de uma sociedade.
Tornou-se mais frequente as discussões e os debates sobre como melhorar e como
fazer uma educação de qualidade, que nos identifique como brasileiros e ajude o
professor a desenvolver as competências necessárias. Mas são necessários
investimentos nas atividades de qualificação dos professores, nos materiais
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didáticos, nos acompanhamentos pedagógicos, no reforço escolar e nos serviços de


apoio à educação.
Precisamos rever nossas práticas diante da educação, pois os alunos de hoje
não são mais os mesmos. Dessa forma, também não é interessante utilizar as
práticas, mas devemos olhar, estudar e analisar sua ação, pois a educação lida com
o futuro e é nessa perspectiva que devemos atuar em sala de aula. Atualmente, a
educação vive momentos graves, onde as mudanças ocorrem de maneira muita
rápida, maneira essa de pensar, agir e se comunicar.
Neste sentido, o que instigou a estudar o tema foi motivado pelas minhas
inquietações em relação aos problemas vivenciados na Coordenação Pedagógica,
também pelo fato de estar atualmente como Coordenadora Pedagógica de uma
escola. Essa temática foi escolhida com o propósito de ampliar os conhecimentos
referentes ao tema e compreender melhor a relevância do Coordenador Pedagógico
no espaço educacional, bem como pelas ideias e diagnósticos acerca da
Coordenação Pedagógica elaborados por autores que se destinaram a pensar, a
exemplo de Saviani (1986), Medeiros (1987), Rangel (2001), estudados durante o
curso de Pedagogia. Esses estudos me instigaram aprofundar e compreender
melhor a temática e em conhecer melhor essa modalidade de educação, entender
como esse processo vem sendo constituído.
Para esta pesquisa, elaboramos para direcionar a sua construção a seguinte
questão: Quais as atribuições do Coordenador Pedagógico nos dias atuais e quais
práticas são necessárias dentro do espaço educacional. É notável que essa seja
uma função um tanto quanto inquieta, pois assumi diferentes perfis construídos no
cotidiano escolar, dificultando assim a sua real identidade na qual alguns estudiosos
apontam que o coordenador pedagógico é, primeiramente, um educador e como tal
deve estar atento ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem no interior
da escola.
Vale salientar que essa pesquisa se faz relevante para a sociedade, no
sentido que, todas as contribuições que transformam ou fortalecem a educação
intervém diretamente na sociedade, assim também ocorre com as pesquisas e
trabalhos relacionados com a Coordenação Pedagógica, já que o conhecimento
produzido pode propiciar além de transformação pessoal, um meio de superação
social através da formação contínua e autônoma do sujeito, proporcionando assim
mudanças na sociedade.
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No tocante à Educação, é importante destacar que a referida pesquisa


pretende contribuir no sentido de produzir novos trabalhos referentes ao tema,
enfatizando a relevância que a Coordenação pedagógica apresenta para os
cidadãos que necessitam da educação, bem como para a sociedade.
Esse trabalho pretende também produzir conhecimentos que propiciarão
suporte para melhor entender alguns dos problemas enfrentados pela Coordenação
Pedagógica.
Desta forma, procuro através dessa pesquisa conhecer e produzir
conhecimentos sobre esse tema, em busca de me tornar uma profissional mais
qualificada em relação às dificuldades teóricas e práticas enfrentadas na e pela
Coordenação Pedagógica.
Dessa maneira, buscando uma melhor compreensão da temática em estudo,
o trabalho foi estruturado em 6 (seis) capítulos: o primeiro a introdução; o segundo
aborda a relevância da educação no processo de formação do ser humano:
implicações e contribuições, apresentando uma breve discussão sobre a educação
no Brasil, como também uma breve retrospectiva histórica da supervisão
educacional.
O terceiro capítulo aborda a Coordenação Pedagógica e seus limites e
possibilidades, como também o papel do Coordenador Pedagógico e suas
atribuições na atualidade.
No quarto capítulo se descreve os procedimentos metodológicos, no qual são
apresentados os tipos de pesquisa, os sujeitos pesquisados, os instrumentos
utilizados na investigação, traçando todo percurso metodológico para a
compreensão do objeto de estudo.
No quinto capítulo apresenta-se a discussão dos dados e os resultados a
partir das falas dos Coordenadores Pedagógicos-sujeitos da pesquisa, fazendo uma
reflexão com as teorias que fundamentaram o estudo.
Por fim, as considerações finais do trabalho trazem algumas reflexões sobre
os resultados encontrados e sobre a contribuição desse estudo para o entendimento
da relevância do papel do Coordenador Pedagógico e suas atribuições na
atualidade, no sentido de contribuir para uma educação de qualidade.
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2 RELEVÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO SER


HUMANO: IMPLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES

A educação é uma prática social que ocorre em todas as instâncias da


sociedade humana, portanto, constitutiva e constituinte das relações sociais, tendo
como horizonte a formação de sujeitos críticos, autônomos e emancipados.
Nesta perspectiva, Freire (1987 p.68) assinala que “Ninguém educa ninguém,
ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo
mundo.” A educação é um ato coletivo, em que nos desenvolvemos coletivamente.
Logo, é preciso ter clareza e humildade para perceber e admitir que estamos em
constante construção.
A constituição Federal do Brasil de1988, em seu Art. 205, garante que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).

A educação escolar é um bem público de caráter próprio por implicar a


cidadania e seu exercício consciente, por qualificar para o mundo do trabalho, por
ser gratuita e obrigatória no ensino fundamental, por ser gratuita e progressivamente
obrigatória no ensino médio, por ser também dever do Estado na educação infantil.
Na visão de Brandão (1989, p.32):

Não há uma única forma nem um único modelo de educação; a


escola não é o único lugar em que ela acontece, [...] o ensino escolar
não é a única prática, e o professor profissional não é o seu único
praticante. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um ou de
muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para
aprender, para ensinar, para conviver, todos os dias misturamos a
vida com a educação.

Partindo dessa afirmação constatamos que educação ultrapassa o ambiente


escolar, pois ela ocorre “em casa, na rua, na igreja ou na escola”. Além disso, “todos
nós envolvemos pedaços da vida com ela”. Estamos todos os instantes realizando
atos de aprendizagem e de ensino; pela educação desenvolvemos nossa
capacidade e potencialidades para o “saber” e para o “fazer”. Em tudo isso se
manifesta uma de suas características que é o processo. Educação não é um ponto
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de chegada, mas um processo. Nesse processo está presente a dinamicidade das


ações e relações entre as pessoas e grupos o que faz desse processo um
mecanismo que pode produzir transformações sociais, mas que, em geral, reforça e
mantém a sociedade estratificada.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de nº 9.394/96 estabelece
em seu Art.1º:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvam


na vida, na convivência humana, no trabalho, nas Instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais. (BRASIL, 1996, p. 1).

É fundamental perceber que a educação acontece em vários lugares, mas é


necessário destacar que a Escola exerce um papel significativo no processo de
construção do conhecimento e formação do ser humano.
Para Freire (1998, p. 96)

[...] a educação constitui-se em um ato coletivo, solidário, uma troca


de experiências, em que cada envolvido discute suas ideias e
concepções. A dialogicidade constitui-se no princípio fundamental da
relação entre educador e educando.

Diante das reflexões iniciais é pertinente ter clareza do papel da educação, o


tipo de homem que precisamos formar e qual a postura do coordenador pedagógico
no cenário educativo.
Nesta ótica, Freire (1996, p. 52) reflete que “saber ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção”. O professor não deve privilegiar a memorização dos conteúdos. Estes
devem estar contextualizados a uma realidade sócio-histórica, uma vez que o
educando faz parte de uma sociedade em constante transformação e os conteúdos
precisam ser atualizados. Nesse sentido, o conhecimento de mundo do educando
deve ser considerado, relevante para que a prática educativa seja concretizada e
levada além do contexto escolar.
Segundo Libâneo (1998, p. 45)

A formação de atitudes e valores, perpassando as atividades de


ensino, adquire, portanto, um peso substantivo na educação escolar,
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porque se a escola silencia valores, abre espaço para os valores


dominantes no âmbito social.

Diante das transformações que ocorrem nos vários segmentos é necessário


repensar os valores humanos e perceber a diversidade e as diferenças. Dessa
maneira, é necessário compreender que a educação é um processo amplo e
complexo que acontece nas trocas de experiências, no dialogo entre os sujeitos, nas
relações entre a escola e a sociedade e na mediação entre professores e alunos.
Os profissionais que fazem parte da escola de forma específica desenvolvem
atividades educativas. Dessa forma, a educação na atualidade precisa primar por
um ensino que supere os paradigmas culcados na perspectiva tecnicista, mecânica,
conteudista visando desenvolver suas potencialidades, habilidades cognitivas,
intelectuais e afetivas.
Na atualidade dispomos de instrumentos como a tecnologia que contribui de
forma positiva ou não para o desenvolvimento dos alunos e a desenvoltura do
professor em sala de aula, instrumentos esses que são de fácil acesso para a
maioria da população brasileira. Além da utilização dos materiais pedagógicos,
temos as pesquisas e os diversos meios tecnológicos como computador, notebook,
tablet e smartphone que auxiliam os professores em sala de aula.
A escola precisa ter clareza nos objetivos, finalidades e funções para assim
traçar metas, aperfeiçoar práticas, inovar o ensino e a aprendizagem para que os
educandos tenham um ensino de qualidade e uma aprendizagem significativa.
Portanto, a educação precisa garantir ao ser humano a possibilidade e as condições
para formar o educador de forma participativa, ativa, e um cidadão crítico, sabedor e
defensor de seus direitos e deveres sociais.
No Brasil ainda é visível um alto índice de exclusão educacional, visto que
ainda muitas crianças e adolescentes não estão frequentando a escola. Por isso,
pensar em educação é também confrontar as diversas diretrizes e os mecanismos
educacionais, no sentido de redimensionar e adequar às exigências educacionais.
Kramer (1998, p. 22) afirma que “a importância simultaneamente da tradição
cultural de cada grupo, de seus valores, suas trajetórias, suas experiências, seu
saber, e do acesso ao acervo cultural disponível” podem favorecer o
desenvolvimento da pessoa como fonte de inspiração filosófica que caminha para
saberes que proporcionam a aprendizagem como um todo. Os elementos culturais
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ao serem disseminados entre os povos trouxeram influências que foram capazes de


impulsionar os indivíduos.
Há muita relevância nisso, pois estes processos histórico-sociais caracterizam
os modelos de educação (REGO, 1995). E são tão importantes que ainda hoje
podemos observar suas influências. Além do mais, trazem harmonia na construção
do saber. Para cada período da história houve um ensino, uma medida e um
conceito. Por isso, é fundamental conhecer os alunos e sua história de vida, sua
cultura, seu saber para que se desenvolvam métodos de ensino e aprendizagem
significativos para as crianças hodiernas que conhecem muito.
Logo, uma educação que tenha por pressuposto o conhecimento prévio do
educando pode ser visto como um processo alicerçado nas exigências da atualidade
e, ao mesmo tempo, valoriza sua história e os elementos de sua cultura, valorizando
assim sua identidade.
Nesse sentido, Kramer (1998, p.16) afirma que “uma escola básica que se
compromete com a cidadania e com a democracia precisa ter na formação cultural
um de seus elementos básicos” para uma cidadania plena. O processo de ensino-
aprendizagem ao longo do tempo não valorizava os saberes dos estudantes.
Segundo Libâneo (2004, p. 61):

É preciso considerar, além disso, que os alunos trazem para a escola


e para as salas de aula um conjunto de significados, valores,
crenças, modos de agir, resultante de aprendizagens informais, que
muitos autores chamam de cultura paralela ou currículo extraescolar.

Diante do exposto, esses são conhecimentos construídos no seio do mundo


em que o aluno constrói em contato com outro por meio de suas vivências. Todos os
alunos quando chegam aos espaços escolares dominam algum conhecimento
prévio, isso significa que este não vem para a escola sem nenhuma noção sobre os
conteúdos que serão trabalhados.

2.1 Breve retrospectiva histórica da Supervisão Educacional

Para compreender a educação no Brasil é preciso conhecer sua história, a


partir da chegada dos Jesuítas, pois eles se dedicaram a pregação da fé católica e
ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé
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católica sem que soubessem ler e escrever. A obra jesuítica estendeu-se para o sul
e, em 1570, era composta por cinco escolas de instrução elementar. Os jesuítas
permaneceram como mentores da educação brasileira durante muitos anos.
O plano de ensino formulado pelo padre Manuel da Nóbrega foi adotado.
O Ratio Studiorum trazia uma orientação sobre como deveriam ser oferecidos os
estudos.

O plano é constituído por um conjunto de regras cobrindo todas as


atividades dos agentes diretamente ligadas ao ensino, indo desde as
regras do provincial, às do reitor, do prefeito de estudos, dos
professores de modo geral e de cada matéria de ensino, passando
pelas regras da prova escritas, da distribuição de prêmios, do bedel,
chegando às regras dos alunos e concluindo com as regras das
diversas academias. (SYRIA, 1999, p. 20).

O plano de ensino foi reformulado em 3 (três) fases distintas, que propiciaram


a obra final ao qual devia reger todo sistema de ensino Jesuíta. A versão final foi
promulgada em janeiro de 1599 de forma definitiva para vigorar em todos os
colégios da Companhia de Jesus. Neste plano de ensino sempre esteve presente a
função supervisora, pois trazia a função Ratio por meio de uma figura
denominada prefeito geral de estudos.
Observa-se então que a função supervisora é destacada das demais funções
educativas e representada na mente como uma tarefa específica para qual, em
consequência, é destinado um agente, também específico, distinto do reitor e dos
professores, denominado prefeito dos estudos. (SAVIANI, 2002).
O objeto específico da supervisão escolar é o processo de ensino e
aprendizagem. Neste processo, inclui: currículo, programas, planejamento,
avaliação, métodos de ensino e recuperação, sobre os quais se observam os
procedimentos de coordenação com finalidade integrada e orientação nucleada nos
estudos no significado da práxis. Dessa forma, Syria (1999, p. 78) afirma que “[...] o
objeto da ação supervisora [...] inicia-se pelo currículo”.
A reforma pombalina, que decorreu com a expulsão dos jesuítas em 28 de
junho de 1759, provocou mudanças no sistema de ensino: foram criadas aulas
régias, criou-se o cargo de diretor geral dos estudos e a designação de comissários
para fazer em cada local o levantamento do estado das escolas. A ideia de
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supervisão continuava presente e nesse sentido englobava os aspectos político-


administrativos (inspeção e direção), representada no papel do diretor geral e a
parte da direção, coordenação e orientação do ensino foi delegada a comissários ou
diretores de estudos, em nível local.
Com a independência do Brasil é formulada a Lei de 15 de outubro de 1827
para a instrução pública. No artigo 5º dessa Lei foi determinado que instituísse o
método nomeado de Ensino Mútuo, no qual o professor exerce funções da docência
e supervisão, instruindo monitores e supervisionando suas atividades de ensino,
assim como a aprendizagem de todos os alunos:

Durante as horas de aula para as crianças, o papel do professor


limitou-se à supervisão ativa de círculo e cada mesa tendo a sua
frente um monitor, aluno mais avançado que ficava dirigindo. Fora
destas horas, os monitores recebiam diretamente dos professores,
uma instrução mais completa, e não era raro ver os mais inteligentes
adquirirem a instrução primária superior. (SYRIA apud ALMEIDA
1989, p. 60).
Percebe-se que existe uma variação de função enquanto Professor-
Supervisor-Monitor, não havendo dessa forma um papel específico dificultando os
trabalhos pedagógicos por suas múltiplas atribuições.
Segundo o relatório de 1834, o Ministro do Império, Chichorro da Gama,
assinala:

Neste relatório, vos fiz notar que as Escolas de ensino mútuo, por
uma razão qualquer, não corresponderam as nossas esperanças; eu
me vejo obrigado a confirmar esta observação. O bem do serviço,
Senhores, reclama imperiosamente a criação de um Inspetor de
estudos, ao menos na capital do Império. É uma coisa impraticável,
em um país nascente, onde tudo está para ser criado, e com o
péssimo sistema de administração que herdamos, que um ministro
presida ele próprio aos exames, supervisione as escolas e entre em
todos os detalhes. É bom dizer que as câmaras Municipais tomam
parte na vigilância das escolas, mas estas corporações, sobretudo
fora das grandes cidades, não são as mais aptas para este serviço.
(SYRIA, 1999, p. 23).

Nesta forma de organização do trabalho escolar não foi avaliada como eficaz,
delegando-se o papel de supervisor a outro agente: ao inspetor escolar. Ele deveria
inspecionar, pessoalmente ou com a ajuda de delegados ou membros do Conselho
Diretor, todos os estabelecimentos de instrução primária e secundária, públicos ou
particulares. Também era sua atribuição realizar exame dos professores e lhe
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conferir diploma, autorizar a abertura de escolas particulares, reverem livros e


corrigi-los ou substituí-los por outros.
A educação é considerada essencial para o desenvolvimento de uma
sociedade. Logo, tornou-se mais frequente nas discussões e debates no sentido de
vincular princípios educativos que atendam aos anseios e a ideologia de cada
momento da história.
No decorrer da história nota-se uma diferença e uma diversidade de papéis
da supervisão em seus diversos campos de atuação na educação, pois ora atua
como professor em sala de aula, diretor ou fiscal de atividades pedagógicas e
administrativas na escola, entre tantos outros. Assim, verifica-se a necessidade de
repensar a função de Coordenador Pedagógico.
Na visão de Lacerda (1938 apud Medeiros; Rosa, 1987, p. 20):

[...] os padrões de Supervisão, baseados em inspeção e fiscalização,


dão ênfase a um sistema vertical de autoridade, submissão e
controle, e identificam-se como uma posição hierárquica, onde o
executor é sempre dependente e deve aceitar passivamente as
diretrizes emanadas do supervisor, hierarquicamente num escalão
mais alto.

Dessa forma, percebe-se que o supervisor escolar ocupa um espaço de


destaque hierárquico diante dos professores, porém executa ordens que lhe são
transmitidas pelo sistema de ensino. O poder do supervisor é relativo, pois impõe
superioridade ao docente e ao mesmo tempo obedece a ordens pré-estabelecidas.
Para compreender as atribuições e práticas do Coordenador pedagógico faz-
se necessário uma breve retrospectiva histórica dessa função, a partir dos anos 60,
como forma de repensar as possibilidades e as dificuldades.
Historicamente a criação da supervisão surgiu com a função de “controlar” e
fiscalizar, verificar o trabalho dos professores, fiscalizar os diários, questões
administrativas e burocráticas.
O processo de reestruturação do ensino brasileiro desencadeou na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), promulgada em 1961. Passou
existir uma preparo estatal com a criação do Ministério da Educação e das
Secretarias Estaduais de Educação, tornando-se necessária a formação de agentes
para atuar nesses novos modelos.
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Os cursos de Pedagogia são responsáveis pela formação dos pedagogos,


que eram técnicos ou especialistas em educação e exerciam várias funções
(SAVIANI, 2002, p. 30).
O modelo de supervisão que inicia no Brasil como Inspeção Escolar foi criada
pelo Programa Americano-Brasileiro de Assistência ao ensino Elementar (PABAEE),
que formou os primeiros supervisores para atuar no ensino elementar brasileiro, com
o objetivo de modernização do ensino e preparar o professor leigo. Esse plano
previa que os professores brasileiros fossem para os Estados Unidos para um
treinamento com duração de 1 (um) ano, oferecendo cursos avançados no campo
da educação primária no Brasil, conforme nos assegura Luciene e Solange (1964, p.
4-5).
Para Tavares, o PABAEE influencia a educação brasileira, incutido a
“ideologia democrática, junto às gerações jovens, e passando aos brasileiros a
percepção do amigo americano, por meio da ajuda prestada pelos Estados Unidos”
(1980, p.10).
Nesse sentido, o PABAEE proporcionou cursos e encontros que produziram
vários tipos de materiais didáticos, difundindo obras literárias americanas, cedendo
bolsas de estudos e custeando excursão para bolsistas nos Estados Unidos.
Na década de 60 houve uma reformulação no curso de Pedagogia, esse
ganha uma nova visão e se modifica em uma abordagem tecnicista. O curso de
Pedagogia é reformulado pelo parecer n.º 252/69 que nessas circunstâncias ao
invés de formar o técnico em educação com várias funções, eram dadas
especializações denominadas habilitações dentro do curso como, por exemplo:
administração, inspeção, supervisão e orientação. Assim esse parecer, até então, foi
uma das formas mais radicais de profissionalizar a função do supervisor,
colaborando para o reconhecimento profissional da atuação do supervisor no
sistema de ensino, buscando dar a esse profissional características e uma
identidade própria que o distinguisse das demais profissões.
A Supervisão Educacional passa assim por um período muito conturbado na
história brasileira: o golpe militar de 1964. Os projetos educacionais são modificados
em interesses econômicos onde as tarefas do supervisor ganha força no sentido de
controlar o trabalho do professor, de modo a garantir a eficácia nos papéis
realizados. Nesse sentido, o supervisor não era um articulador/mediador do
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conhecimento, mas um agente autoritário que conferia as suas ordens a serem


obedecidas.
Na década de 70, o Brasil é marcado pelo afluxo de ideias
desenvolvimentistas que surgem na surpresa econômica. Contraditoriamente a isso,
vivemos em nossa história com a coibição, a violência e com a ditadura que aboliu
do seio da sociedade civil brasileira os ideais democráticos e de libertação. Essa
situação gerou na realidade social brasileira o tumulto entre suas classes
antagônicas: burguesia (classe dominante) e proletariado (classe dominada).
No final da década de 70 e início da década de 80 surgem as primeiras
Associações de Supervisores Educacionais no Brasil, com o propósito de habilitar
supervisores para a implantação das reformas educacionais. Nesse sentido, o
Ministério da Educação e Cultura (MEC) promove o 1º Seminário de Supervisores
Pedagógicos, (1º SSP), em Brasília, no ano de 1976, com os seguintes objetivos:
Refletir a supervisão numa perspectiva funcionalista; Colher subsídios para definir
diretrizes nacionais da supervisão pedagógica; Fazer recomendações referentes à
regulamentação da profissão do supervisor.
Estes seminários propiciaram discussões com temas pertinentes, com o
intuito de provocar uma nova compreensão de educador e uma práxis educativa
compromissada com a transformação da sociedade brasileira. Esses encontros
recuperaram o momento de voz dos supervisores que puderam, a partir de então,
expor suas vivências e experiências nas escolas de todo país, tendo como meta a
garantia por um espaço democrático. Buscando assim atuar-pensar coletivamente
para que a supervisão educacional não se dê de forma isolada, mas diante do
contexto educacional, social, econômico e político brasileiro.
A redefinição do papel do educador-supervisor surge numa perspectiva
contrária ao tipo de supervisor criado pelo sistema oficial do governo autoritário. Os
professores-coordenadores estavam juntos nessa luta tendo em pauta o projeto de
lei 1761/79, que regulamenta o exercício da profissão vetado pelo Presidente da
República João Figueiredo, onde o mesmo argumentava em seu veto que a
supervisão escolar é um ramo do curso de Pedagogia que proporciona habilitação
para o exercício de atividade de supervisão na área do ensino. Porém, a categoria
dos supervisores reagiu ao veto reunindo no V ENSE, encaminhando uma carta
aberta ao Presidente em repúdio ao veto.
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Nessa perspectiva histórica percebe-se que a luta dos supervisores não


estava encerrada, pelo contrário, estava dando início a uma nova etapa educacional,
provando nesse sentido ser uma profissão importante para gerar uma educação
crítica e para evitar a importação de paradigmas educacionais não condizentes com
a nossa realidade.

Nada é tão apaixonante para o homem, além de ser, como o educar.


Em princípio, todo educador é um artista: um artista inspirado. [...] É
que o educador foi encantado pela arte de humanizar o mundo [...]. É
no meditar da significação humana que o especialista vai buscar,
com sua visão acurada e objetiva (grifo nosso), com a sua
profundidade de consciência, com a sua SUPERVISÃO do
fenômeno, a mostra real que o dado representa divisando-a, para
beneficio do próprio todo. (BARBOSA, 1976, p.19 apud MEDEIROS;
ROSA, 1987, p. 31-32).

É possível perceber que os ENSEs tiveram influência na atuação do


Supervisor. A partir dessas discussões começam a pensar um novo educador, pois
traz em si uma responsabilidade no sentido de promover a coletividade na escola,
profissionais da educação e comunidade abrangida, no qual o sujeito de
transformação em seu cotidiano precisará estar empenhado com uma concepção de
homem e de sociedade, valorizando essencialmente a liberdade e a justiça social
tendo uma concepção de educação e de escola que atenda aos anseios dessa
mesma sociedade, numa perspectiva democrática.
A década de 1990 assiste a redescoberta da supervisão, apontada como
instrumento necessário para a mudança nas escolas. Contudo, a educação,
enquanto aparelho de um sistema político, enxerga a figura do supervisor como
mero intermediário na implantação de novas propostas curriculares amplamente
divulgadas pelos órgãos oficiais.
A LDB define a formação do supervisor coordenador, exigindo como formação
mínima para atuação desses profissionais a graduação em cursos de Pedagogia ou
pós-graduação, a depender da instituição de ensino, uma formação condizente com
a nova realidade educacional.
A partir dos anos 90 surge a necessidade de rever os paradigmas numa
perspectiva de superação da dicotomia teórica e prática da divisão social do
trabalho. O cunho autoritário do qual a função foi revestida nas décadas marcadas
23

pelo movimento tecnicista não mais atendia as necessidades de um sistema aberto


de ensino, integrado e comprometido com a sociedade.
A supervisão escolar foi criada e praticada no Brasil para controlar e oprimir o
professor. Esse era o objetivo pretendido da supervisão, distante do
acompanhamento, cujo propósito fundamental era controlar e fiscalizar o trabalho do
professor. A profissão implantada retrata o pensamento político da época, conforme
comenta Silva Junior (2008, p. 93) “Para uma sociedade controlada, uma educação
controlada; para uma educação controlada um supervisor controlador e também
controlado”. Esse é o contexto que oprime a emancipação do Homem enquanto
cidadão.
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3 COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: LIMITES E POSSIBILIDADES

Na sociedade atual é necessário repensar os paradigmas da educação e


organização dos educadores para enfrentar as questões, tais como: a
desvalorização social e econômica do professor, formação inadequada dos
professores da educação, investimentos insuficientes dos governantes em relação
às políticas educacionais e a sua implementação, um currículo muitas vezes fora da
realidade dos alunos, dificuldade de apreensão dos conteúdos escolares por parte
dos alunos não conseguem aprovação e progressão nas séries escolares ou quando
são aprovadas não possui uma base sólida para prosseguir os estudos e o
sucateamento das instituições públicas de ensino.
Neste contexto destacamos a importância do coordenador pedagógico como
um possível agente articulador, formador e transformador do ambiente educacional,
através de uma contribuição mútua e trabalho conjunto, pois sabemos a importância
da relação família/escola e investimentos diversos na educação. Educar é uma
questão ampla e complexa por compreender diversos aspectos da formação moral,
emocional, física e intelectual do discente. Diante dessa concepção, é fundamental
um trabalho coletivo centrado nos processos ação-reflexão-ação, para que possa
ajudar a superar as dificuldades do cotidiano escolar.
O Coordenador Pedagógico enfrenta desafios que precisam ser superados no
cotidiano da escola, o que exige desse profissional clareza de suas funções para
que possa contribuir com a melhoria de qualidade do ensino e da aprendizagem.
Nesta visão de Fonseca (2001, p. 3), a escola deve:

Ser um instrumento de transformação da realidade, resgatar potência


da coletividade, gerar pela esperança, gerar solidariedade e parceria,
ser um canal de participação efetiva superando as práticas
autoritárias e/ou individualistas ajudando a superar as imposições ou
disputas de vontades individuais, na média em que há um referencial
construído e assumido coletivamente. Aumentar o grau de
realização, e, portanto, de satisfação de trabalho. Colaborar na
formação dos participantes.

O Coordenador Pedagógico sendo um agente participativo direto entre os


professores, diretores e comunidade em geral, tornando-se também articulador, pois
envolve atendimento aos professores, questionamentos diversos, diálogo, reflexão,
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sendo capaz de promover significativas mudanças no espaço escolar e incentivar a


formação do grupo, ou seja, sujeito articulador.
Refletindo sobre a origem do Coordenador Pedagógico destaca-se a
necessidade do movimento de recriar a função do supervisor, sendo esta criada no
período militar trazendo a dominação para os espaços da educação e na tentativa
Vasconcellos (2002, p.86) pensou em uma nova perspectiva de atuação, desejando
repensar o papel e as atribuições do coordenador pedagógico num âmbito geral.
Na atualidade são muitos os desafios encontrados na jornada de trabalho do
Coordenador Pedagógico. Este profissional perde bastante tempo com questões
burocráticas que, na maioria das vezes, não são de fato da sua competência,
servindo assim como substituto, deixando mais tarde seu ambiente de trabalho com
um sentimento de fracasso por não se dedicar as questões pedagógicas como
deveria.
O trabalho do Coordenador é confundido com outras atividades, pois, muitas
vezes por não ter clareza das suas atribuições, realiza outras atividades que não são
de sua competência, questões que afetam a sua identidade como falta de um
território próprio de atuação no ambiente escolar, deficiência na formação
pedagógica e a rotina de trabalho burocratizada dificultam o desenvolvimento do
trabalho do coordenador pedagógico na atualidade.
O Coordenador Pedagógico pode atuar na organização, no desenvolvimento
e no fortalecimento da participação de todos os segmentos escolares no processo
de tomada de decisões. Assim, ainda é preciso investir nesse processo participativo.
Vasconcelos (2002, p. 53) afirma que:

[...] tendo em vista o papel de referência que a equipe diretiva


desempenha, podemos dizer que o desenvolvimento de práticas
autenticamente democráticas no interior da escola vai depender, em
grande medida, de uma nova postura a ser assumida por esta
equipe.

Percebem-se no cotidiano educacional práticas de caráter autoritário por parte


da equipe diretiva e incoerências nas atividades escolares, que precisam ser
modificadas.
Franco (2008) realizou uma pesquisa com coordenadores do ensino público e
foi constatado que os mesmos se percebem preocupados, cansados, aborrecidos,
trabalham muito e têm pouco retorno no que diz respeito às mudanças na estrutura
26

da escola, gastam grande parte do tempo com tarefas burocráticas, atendendo pais
ou organizando eventos, festividades e/ou projetos solicitados pela Secretaria de
Educação ou direção da escola, estão transtornados com a indisciplina dos alunos e
a falta dos professores, precisando dar um jeito para que os alunos não fiquem sem
aula. Contudo, o espaço e o tempo para fazer o planejamento são mínimos, fazendo
com que o improviso seja a maior característica e sorte, ficando as atividades
conduzidas por ações emergenciais e superficiais baseadas no bom senso.
Franco (2008, p. 120) assinala que:

Para trabalhar com a dinâmica dos processos de coordenação


pedagógica na escola, um profissional precisa ter, antes de tudo, a
convicção de que qualquer situação educativa é complexa,
permeada por conflitos de valores e perspectivas, carregando um
forte componente axiológico e ético, o que demanda um trabalho
integrado, integrador, com clareza de objetivos e propósitos e com
um espaço construído de autonomia profissional.

Logo, o Coordenador precisa ser um profissional dinâmico e ativo, que


conheça a realidade e seja capaz de ajudar a transformá-la. Então, vejamos quem é
este profissional na visão de alguns autores.
Na perspectiva de Lomanico (2005, p. 105)

O coordenador pedagógico é o elemento do quadro do magistério em


que pertence a um sistema de supervisão de ensino estadual, de
estrutura hierárquica definida legalmente, desempenha funções de
assessoramento ao diretor da escola a quem está subordinada. Sua
situação funcional é definida legalmente, para exercer suas
atribuições dispõe de autoridade por delegação e pela competência.

Referente às atribuições do Coordenador Pedagógico, Libâneo (2001, p. 183)


constitui-se que “responde pela viabilização, integração e articulação do trabalho
pedagógico, estando diretamente relacionado com os professores, alunos e pais”.
Junto ao corpo docente, o Coordenador tem como principal atribuição a assistência
pedagógica, refletindo sobre as práticas de ensino, auxiliando e construindo novas
situações de aprendizagem, capazes de auxiliar os alunos ao longo da sua
formação.
Ainda segundo o pensamento do autor, quem está à frente da gestão escolar
necessita ter autoridade para dirigir ações e delegar responsabilidade, além de
acompanhar o processo pedagógico e tomar decisões, ou seja, encontrar a medida
27

mais adequada para determinadas situações, de modo a encontrar soluções diante


às adversidades.
Na visão de Franco (2008, p. 128)

Essa tarefa de coordenar o pedagógico não é uma tarefa fácil. É


muito complexa porque envolve clareza de posicionamentos
políticos, pedagógicos, pessoais e administrativos. Como toda ação
pedagógica, esta é uma ação política, ética e comprometida, que
somente pode frutificar em um ambiente coletivamente engajado com
os pressupostos pedagógicos assumidos.

Passamos do simples ato de fiscalizar para o ato de articular uma práxis


pedagógica. É uma tarefa árdua a concretização deste trabalho tão complexo como
o do Coordenador Pedagógico, é preciso criatividade, muito estudo, organização,
ser leitor e ouvinte, aberto aos conhecimentos e inovações. Além de esse
profissional ter tantas atribuições dentro da escola faz necessário ainda que tenha
sensibilidade e percepção para que possa identificar as necessidades dos alunos e
professores, tendo que se manter atualizado sempre buscando fontes de
conhecimentos e refletindo sobre sua atuação. Segundo Nóvoa (2001 p. 36), “a
experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência
que pode provocar a produção saber e a formação”. É importante também destacar
que o trabalho a todo instante deve acontecer em conjunto e com a colaboração de
todos.
No exercício das funções o Coordenador Pedagógico deve propiciar:

A promoção de um trabalho pedagógico que ultrapasse as fronteiras


do conhecimento e das funções/ações rigidamente estabelecidas no
âmbito da organização e da gestão da escola, por meio de uma
gestão participativa, na qual os profissionais dos diferentes setores
possam efetivamente participar da construção do projeto político
pedagógico da escola, colaborando na discussão, a partir de seu
olhar e de sua experiência, propiciaria a construção de uma escola
em que as relações e os planejamentos de trabalho se dessem de
maneira menos compartimentada, mais compartilhada e integrada. A
aprendizagem mediante a vivência desse saber-fazer na escola
viabilizaria a interdisciplinaridade no âmbito do conhecimento e
permitiria o questionamento das práticas docentes vigentes, no
sentido de transformá-las. (ORSOLON, 2006, p. 19).

Logo, o Coordenador Pedagógico precisa ter criatividade, muito estudo,


disposição, ser leitor e ouvinte, estando aberto aos conhecimentos e às inovações. É
28

também relevante destacar o aspecto das relações interpessoais, baseadas no


respeito e na boa convivência humana no cotidiano do universo escolar. Fica claro
que sua formação, tanto inicial como continuada, são essenciais para o
desenvolvimento de um trabalho eficaz, visto que os problemas educacionais de
diversos tipos como a aprendizagem são diversos e complexos e se modificam
constantemente.
Como já discutimos, muitos Coordenadores exercem a função e nem sequer
sabem ao certo quais são suas atribuições. Alguns estão no cargo porque foram
convidadas por líderes políticos, outros por diretoras que mantinham com eles um
laço de amizade, deixando a competência para segundo plano. A grande maioria
dos Coordenadores em exercício não recebeu formação específica, visto que é
comum Coordenadores terem outra graduação fora à exigida pela LDB 9394/96, que
é a graduação em Pedagogia.
Conforme a LDB 9394/96 (BRASIL, 2005, p. 37), no seu artigo 64:

A formação de profissionais de educação para a administração,


planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a
educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia
ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino,
garantida, nesta formação, a base comum nacional.

A formação exigida para o exercício da função de Coordenador não pode se


resumir em títulos acumulados no currículo, mas precisa ser um processo crítico e
reflexivo sobre a prática pedagógica. Nesse sentido, a formação do Coordenador
Pedagógico precisa sistematizar e abarcar os saberes específicos que envolvem sua
atuação na escola. Uma formação teórica e prática do profissional possibilitam mais
condições de problematizar, refletir, questionar o trabalho que ele exerce, a fim de
compreender as lógicas que podem determinar o seu trabalho.

3.1 O papel do Coordenador Pedagógico e suas atribuições na atualidade

Dentro das inúmeras modificações que ocorrem nas políticas educacionais,


nas tecnologias e mídias na sociedade, no mundo do trabalho, o que interfere na
escola como instituição de ensino e aprendizagem. Muitos são os desafios frente às
exigências atuais, dessa maneira os profissionais que trabalham na escola precisam
ter uma formação cada vez mais ampla e contínua.
29

Para que isso ocorra de maneira satisfatória é necessária a presença de um


coordenador pedagógico que seja consciente do seu real papel, de sua importância,
de uma formação contínua e atualizada, além de manter uma parceria harmoniosa
entre professores, pais, alunos e direção.
Para Freire (1982, p. 69) o Coordenador Pedagógico é primeiramente um
educador e como tal deve estar atento ao caráter pedagógico das relações de
aprendizagem no interior da escola. Logo, é necessário acompanhar e auxiliar o
trabalho dos professores, resgatando a autonomia sobre seu trabalho sem se
distanciar do trabalho coletivo da escola.
É importante salientar de que mesmo exercendo diversas tarefas, ele deve
buscar se relacionar de maneira profissional com os assuntos referentes à realidade
sociocultural que envolve cada indivíduo participante do ambiente escolar.
No papel do Coordenador Pedagógico é imprescindível destacar o desafio do
trabalho em conjunto. Nesse caso é preciso que o Coordenador Pedagógico assuma
papel de líder para nortear os objetivos e as posturas assumidas nos trabalhos
desenvolvidos, pois trabalhar em conjunto não é apenas um modo de construir
relações e decisões coletivas, mas sim desenvolver o aprendizado. E esta “liderança
não é uma superioridade inata” (ADAIR, 1989, p. 14), pois se trata de uma
aprendizagem contínua em que um líder assume o papel de acordo com as
necessidades do grupo e isso varia de grupo para grupo. Uma parceria entre
Coordenador, professor, gestor e alunos na qual há a troca de saberes faz com o
que avançamos na educação e vejamos a transformação de perto desses que fazem
parte deste movimento.
Muitas vezes, a gestão não compreende o papel do Coordenador como
formador de professores e acaba apresentando um perfil competitivo, o que desvia o
papel que tem de desempenhar como Coordenador, compartilhando
responsabilidades de gestão, ou por não valorizar o papel do coordenador acaba lhe
sobrecarregando com serviços burocráticos que são de responsabilidade dos
secretários ou até mesmo da direção.
Como podemos observar a rotina de um Coordenador Pedagógico num dia de
trabalho está ainda bem distante do ideal. O Coordenador precisa realizar um
trabalho que envolva o corpo docente da escola, com o propósito de auxiliar no
processo de aprendizagem do aluno.
30

Sobre esse aspecto, Bartman (1998, p.1), ressalta que o Coordenador


Pedagógico

Não sabe quem é e que função deve cumprir na escola. Não tem
claro quem é seu grupo de professores e quais as suas
necessidades. Não têm consciência do seu papel de orientador
diretivo. Sabe elogiar, mas não tem coragem de criticar. Ou só
criticar, e não instrumentaliza. Ou só cobra, mas não orienta.

As contribuições desse autor conduzem a uma percepção de que o


Coordenador Pedagógico nem sempre tem clareza de suas atribuições dentro da
escola e, por isso, ajuda a acentuar o desvio da sua real função, aceitando assim,
todas as demandas que lhes são impostas, desempenhando papéis de acordo com
as necessidades que surgem na rotina escolar. Muitas vezes, são induzidos a ações
que os levam a uma atuação desordenada, ansiosa, imediatista e
consequentemente até frenética. Isto deixa claro que o mesmo fica impossibilitado
de desenvolver suas funções por sobrecarga, ou até mesmo pela falta de
profissionais na escola para resolver certos problemas, fazendo assim que o
Coordenador Pedagógico se torne um multifuncional.
Quando um profissional da educação tem clara a sua função e os desafios a
ser enfrentados no seu dia a dia, ele consegue coordenar as atividades e auxiliar o
trabalho docente ajudando no planejamento e na organização do processo
educativo. Assim, pode desenvolver um bom direcionamento e relacionamento,
elogiando, mas, sobretudo saber se colocar com críticas construtivas para um bom
desempenho da equipe que coordena.
Face às inúmeras tarefas que esses realizam, falta-lhes tempo suficiente para
assumir seu papel de formador. Para que o Coordenador possa atingir o seu objetivo
pretendido, o mais recomendável seria passar para outro profissional essas funções
que não de sua competência, pois lhe sobraria mais tempo para organizar melhor a
rotina de trabalho.
Além do assessoramento ao trabalho docente, é fundamental que os
Coordenadores dialoguem com os pais quando referente ao desempenho escolar,
disciplina, além da relevância dos pais acompanharem seus filhos nas realizações
das atividades propostas em sala de aula, como também a relevância da frequência
e a participação, pois estabelecer boas relações interpessoais com pais e alunos
ajuda no crescimento da autonomia.
31

Isto nos leva a observar que tomar decisões diante de tantos conflitos e
emergências ocorridas no ambiente escolar não é tarefa fácil, por isso o
coordenador pedagógico deve ter a plena consciência de que suas funções ainda
são pouco compreendidas e delimitadas.
Essa situação reflete o quanto é desafiante o seu trabalho que, apesar de ter
como uma das principais atribuições mediar e assessorar os docentes, muitas vezes
não consegue atender às expectativas que os docentes depositam nele, por
problemas de ordem estrutural que acabam por atrapalhar sua função.
Segundo Libâneo (2001) a participação dos envolvidos na comunidade
escolar é fundamental para viabilizar a democracia na comunidade escolar, pois se
envolvendo no processo educacional da instituição estarão presentes tanto nas
decisões e construções de propostas (planos, programas, projetos e eventos) como
no acompanhamento e na avaliação de tudo o que ocorre neste espaço, ou seja, o
Coordenador Pedagógico deve contribuir ativamente na construção do processo
ensino-aprendizagem e também para um ambiente participativo e democrático.
Para que o Coordenador Pedagógico acompanhe o trabalho docente e
desenvolva ações de parceria com demais profissionais é necessário que pense nos
desafios atuais que escola enfrenta.

A complexidade da sociedade e do conhecimento, as recentes


reformas educacionais, os problemas e as contradições da escola e
da prática escolar, ao lado das mudanças do perfil e das
necessidades dos alunos e da formação precária e inadequada dos
educadores. (PLACCO, 2002, p. 97).

São apenas alguns desafios da escola, consequentemente do trabalho do


coordenador, sem falar no espaço físico, “preparo das aulas, [...] às relações
professor-aluno e professor-hierarquia”. Todos esses fatores estão envolvidos no
processo educativo (PLACCO, 2002, p. 97).
Diante dos desafios enfrentados nesse processo, na visão de Almeida (2003)
compete ao coordenador “acompanhar o projeto pedagógico, formar professores,
partilhar suas ações, também é importante que compreenda as reais relações dessa
posição”.
Compreendendo a escola como um lugar educativo, o coordenador precisa
integrar os profissionais da escola e a família, buscando uma interação entre todos
que fazem parte do espaço escolar.
32

O Coordenador Pedagógico é um profissional necessário ao funcionamento


da melhoria da educação, visto que busca a interação dos envolvidos no processo
de ensino e aprendizagem, mantendo relações interpessoais saudáveis para que
favoreça um ambiente de trabalho de qualidade.
Assim, o Coordenador Pedagógico é um integrante decisivo no ambiente
educacional por ter uma visão global da escola, ser um articulador, participar dos
planejamentos e reuniões com um olhar crítico e se preocupar com a formação dos
professores, afinal existe um reflexo diante do trabalho dos professores na sua
atuação.
Além disso, o Coordenador Pedagógico tem a responsabilidade de promover
um ambiente favorável, mesmo frente a todas as demandas já postas, para que o
processo de ensino aprendizagem seja efetivo. Promover uma educação de
qualidade que garanta a aprendizagem de todos não é tarefa fácil e exige
comprometimento e parceria de todos os envolvidos nesse processo. Assim, a tarefa
de coordenação pedagógica é complexa e de extrema relevância.

Para compreender as atribuições da função de coordenador é


importante lembrar que historicamente a separação da gestão dos
processos de ensino e aprendizagem ocasionou uma distorção ou
dicotomia na forma como é concebida a demanda de trabalho destes
especialistas. De modo geral o supervisor, cuidava dos processos de
ensino, ou seja, dos professores; e o orientador do processo de
aprendizagem, ou seja, o aluno. Atualmente, esses profissionais
(supervisores/orientadores) assumiram o papel de coordenadores
gerando incompreensões em relação a suas funções, o que fortalece
a necessidade de busca de uma identidade, caracterizando um
desafio para o reconhecimento profissional. (SALVADOR, 2012, p.
26).

É preciso discutir a formação dos coordenadores que nem sempre são


preparados na graduação para atuar profissionalmente, dificultando o melhor
entendimento e reconhecimento de seu papel no âmbito escolar. Compreender a
essência do trabalho do Coordenador Pedagógico representa um desafio para todos
os envolvidos nesse processo, pois a atuação desse profissional tenderá a ser mais
eficaz na medida em que ele tiver clareza teórico-conceitual da função na qual está
inserido.

A função de coordenador vem se reestruturando ao longo do tempo e


se adequando a novas diretrizes legais e às demandas da escola
33

contemporânea, que definem o coordenador como um gestor


pedagógico da instituição. (SALVADOR, 2012, p. 28).

Atualmente, os coordenadores pedagógicos vivem um intenso movimento de


constituição de sua identidade a partir das referências mais atuais que definem o
papel do Coordenador como um gestor pedagógico da instituição; mas ainda se
deparam com inquietações e desafios, muitos deles oriundos de uma visão, que
ainda existe, de que são fiscalizadores ou que têm um papel burocrático na
instituição; ou ainda, têm limites na gestão das suas atribuições, tendo em vista o
acúmulo de tarefas e suas condições de trabalho.
34

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo monográfico, intitulado Ressignificações das práticas, atribuições


e competências do Coordenador Pedagógico nos dias atuais, tem como finalidade
os seguintes objetivos:
Objetivo geral:
• Discutir a ressignificação das atribuições, práticas e desafios do
Coordenador Pedagógico nos dias atuais.
Objetivos específicos:
• Refletir o papel do Coordenador Pedagógico no processo de ensino e
aprendizagem
• Identificar os desafios do Coordenador Pedagógico no cotidiano de suas
funções.
Inicialmente foi desenvolvido por meio de uma pesquisa bibliográfica, a qual
a concepção de Oliveira (2008, p. 69):

A principal finalidade da pesquisa bibliográfica é levar o pesquisador


(a) a entrar em contato direto com obras, artigos ou documentos que
tratem do tema em estudo. O mais importante para quem faz opção
por uma pesquisa bibliográfica é ter certeza de que as fontes a
serem pesquisadas já são reconhecidamente do domínio científico.

A pesquisa é um elemento essencial na educação, porque sem ela o


educador seria apenas um transmissor de conteúdos e não um mediador do
conhecimento. Por ser a pesquisa uma atividade básica da Ciência na sua
indagação e constituição da realidade, possibilita criar atividade de ensino e a
atualização frente à realidade do mundo em que vivemos.
A pesquisa em educação é uma forma de adquirir novos conceitos, novos
conhecimentos e captar a dinâmica do fenômeno educacional e a realidade
complexa do dia a dia das escolas. Assim, afirma Freire (1996, p. 29):

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que


fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino
continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar,
constatando, intervenho intervindo educo e me educo. Pesquiso para
conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade.
35

A análise dos dados foi realizada numa abordagem qualitativa e quantitativa,


em que se buscou interpretar e compreender os dados coletados e a partir das falas
dos Coordenadores Pedagógicos, levando em consideração as concepções do tema
abordado. Oliveira (2008, p. 60) argumenta que:

A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como sendo um estudo


detalhado de um determinado fato, objeto, grupo de pessoa ou ator
social e fenômeno da realidade. Esse procedimento visa buscar
informações fidedignas para se explicar em profundidade o
significado e as características de cada contexto em que encontra o
objetivo de pesquisa. Os dados podem ser obtidos através de uma
pesquisa bibliográfica, entrevistas, questionários, planilhas e/ou
qualquer outro instrumento (técnica) que se faz necessária para
obtenção de informações.

Os dados da pesquisa foram coletados diretamente com os sujeitos


colaboradores deste trabalho, de acordo com os objetivos da pesquisa e os fatos
registrados na análise de dados desse estudo.
Inicialmente foi realizada uma pesquisa exploratória que visa proporcionar
uma familiaridade com o problema ou objeto de estudo ao qual tem o objetivo de
construir hipóteses, fazendo questionamentos com as pessoas que possuem
conhecimento e/ou experiência com a problemática estudada. Para fundamentar a
análise, Gil (1999, p. 43) considera que a pesquisa exploratória tem como objetivo
principal esclarecer, desenvolver e modificar os conceitos e ideias, tendo em vista a
formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores, ou seja, a pesquisa do tipo exploratória proporciona uma visão geral
acerca de determinado fato.
No segundo momento foi realizada uma pesquisa de campo com 04 (quatro)
Coordenadores Pedagógicos, da rede pública, compreendendo 04 (quatro) escolas
na cidade de Poço Dantas que atuam na Educação básica. Quanto aos instrumentos
da pesquisa da coleta de dados, foi utilizada uma entrevista que permitiu o contato
direto com os coordenadores, que foram os sujeitos da pesquisa. As questões do
estudo foram pensadas e planejadas com a intenção de obter respostas propostas
nesse estudo e adquirir conhecimentos em relação ao tema em questão.
Portanto, o resultado encontrado nessa pesquisa ao qual se trata do
Coordenador (a) Pedagógico (a), persistindo os papéis, funções, formação e
contribuições dentro da escola.
36

Dessa forma, mediante seu consentimento prévio, livre e esclarecido, esses


profissionais ficaram à vontade para responder e expressar livremente suas ideias e
concepções acerca da temática em questão, demonstrando assim a importância e
as implicações da atuação do coordenador pedagógico na atualidade.
Para a realização da pesquisa, os coordenadores foram submetidos a uma
entrevista semiestruturada, com a finalidade de coletar informações para o
aprofundamento dos objetivos propostos neste trabalho monográfico. Como afirma
Oliveira (2008, p. 86), “a entrevista é um excelente instrumento de pesquisa por
permitir a interação entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e a obtenção de
descrições sobre o que estar pesquisando”.
Na coleta de dados foi utilizada uma entrevista com 04 (quatro)
coordenadores pedagógicos, contendo 07 (sete) questões previamente elaboradas,
as quais possibilitaram viabilizar esta investigação. Na análise dos resultados da
pesquisa foi utilizado sigilo total enquanto aos sujeitos da pesquisa. Assim,
mantemos fielmente aos acordos feitos inicialmente, sendo assim identificados os
Coordenadores Pedagógicos participantes da pesquisa, como: C1, C2, C3 e C4.
No próximo capítulo apresenta-se a discussão e a análise dos dados dos
sujeitos da pesquisa, refletindo as falas dos entrevistados e os referenciais que
nortearam o estudo.
37

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS DA PESQUISA

A partir das questões apresentadas neste estudo foi realizada uma pesquisa
de campo com quatro Coordenadores Pedagógicos, tendo como instrumento de
coleta de dados a aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturada com o
objetivo de compreender melhor as atribuições, as competências e os desafios no
exercício da Coordenação Pedagógica.
Após realizar a coleta de dados, apresenta-se uma discussão observando as
falas dos Coordenadores, as quais foram transcritas e refletidas a luz dos teóricos
que estudam esta temática.
Deste modo, evidencia-se que inicialmente o roteiro de entrevista
semiestruturada foi direcionado no sentido de propor a realização da caracterização
dos sujeitos que participaram da pesquisa e buscar informações referentes ao tema
com o intuito de compreender de fato a real função do Coordenador Pedagógico.

5.1 Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Quadro 01 – Características Sociodemográficas dos Coordenadores Pedagógicos


Entrevistado Sexo Idade Cidade Formação a nível Formação a Tempo de
de Graduação nível de Pós- atuação na
graduação Escola
C1 F 28 Poço Pedagogia Coordenação e 4 anos
Dantas Planejamento
Pedagógico
C2 F 40 Poço Pedagogia _ 4 anos
Dantas
C3 M 36 Poço Letras e Literatura e 1 ano e 6
Dantas respectivas Estudos meses
literaturas culturais
C4 F 50 Poço História Gestão escolar 6 meses
Dantas
Fonte: Entrevista com os sujeitos da pesquisa (2017).

Em vista das informações apresentadas anteriormente, cabe destacar que no


que se refere à caracterização dos sujeitos da pesquisa todos trabalham no
município de Poço Dantas. A maioria é do sexo feminino, sendo 03 (três) mulheres e
01 (homem). Com relação a faixa etária, vê-se que as mulheres se situaram entre 28
(vinte oito) e 50 (cinquenta) anos, e o homem apresenta 36 (trinta e seis) anos.
No que se refere ao tempo de atuação na função de Coordenador
Pedagógico, percebe-se que todos os entrevistados têm menos de 05 (cinco) anos,
38

de modo que 02 (dois) afirmaram ter 04 (quatro) anos de experiência, 01(um) com
01(um) ano e (seis) meses de atuação e o outro com apenas 06 (seis) meses.
Em relação a formação em nível de graduação, vê-se que 02 (dois) possuem
Licenciatura em Pedagogia, 01 (um) em Letras e respectivas licenciaturas e 01 (um)
em História, sendo que destes apenas 03 (três) possuem pós-graduação nas áreas
de Coordenação e Planejamento Pedagógico, Gestão Escolar e Literatura e Estudos
Culturais.

5.2 Reflexões sobre as questões da entrevista

Após a caracterização dos sujeitos da pesquisa, apresenta-se a discussão


dos dados referentes a proposta de estudo desse trabalho, a fim de compreender
qual o papel do Coordenador Pedagógico no processo educativo.
Levando-se em consideração os aspectos que foram elencados
anteriormente, dá-se ênfase aos questionamentos que foram feitos e aos relatos dos
entrevistados.

• Para você o que é Coordenação Pedagógica

Esta questão busca entender qual a percepção dos entrevistados acerca da


Coordenação Pedagógica, conforme as falas transcritas a seguir:

É organizar a parte pedagógica da escola auxiliando os professores,


oferecendo formações, organizando reuniões, ajudando no bom
desempenho do ambiente escolar. (C1)

É um meio pelo qual se planeja e se organiza as metas, objetivos e práticas


pedagógicas, com equilíbrio, união, motivação e contexto. (C2)

Função extremamente importante. (C3)

A coordenação é um cargo de suporte pedagógico que deve ser oferecido


aos professores na perspectiva de subsidiar as necessidades pedagógicas
de professores e alunos, e ainda propondo ferramenta de intervenção para
a melhoria do processo de ensino aprendizagem. (C4)

Os entrevistados destacam a importância da Coordenação Pedagógica, ao


compreender que auxiliam os professores, possibilitando suporte pedagógico por
39

meio de formações, reuniões e planejamentos, dentre outras ações que visam


melhorar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
É possível perceber que há um consenso no entendimento acerca do papel
do Coordenador Pedagógico dentre as várias funções e possível identificar as falhas
e as necessidades desse processo e buscar soluções que venham a dar ênfase a
intervenção educacional de qualidade. Para tanto,

A função da Coordenação Pedagógica é gerenciar, coordenar e


supervisionar todas as atividades relacionadas com o processo de
ensino e aprendizagem, visando sempre à permanência do aluno
com sucesso. Partindo desse pressuposto, podem-se identificar as
funções formadora, articuladora e transformadora do papel desse
profissional no ambiente escolar. (AZEVEDO; NOGUEIRA;
RODRIGUES, 2012, p. 22).

Nesta ótica, o trabalho da Coordenação Pedagógica acaba sendo um


diferencial no ambiente escolar, pois a partir dessa função é possível ter uma visão
dos aspectos que fazem parte dessa conjuntura, com ações voltadas a instigar a
formação de professores, a organização de projetos, dentre outras atividades que
possam vir a favorecer a permanência do aluno na escola, de modo que esse
trabalho seja exercido de maneira conjunta e complementar, cada um faça sua
parte, mas havendo a articulação entre todos os setores envolvidos.
Nessa perspectiva, destaca Lomanico (2005, p. 105) que

O Coordenador Pedagógico é o elemento do quadro do magistério


em que pertence a um sistema de supervisão de ensino estadual, de
estrutura hierárquica definida legalmente, desempenha funções de
assessoramento ao diretor da escola a quem está subordinada. Sua
situação funcional é definida legalmente, para exercer suas
atribuições dispõe de autoridade por delegação e pela competência.

Logo, o Coordenador precisa ser um profissional dinâmico e ativo, que


conheça a realidade e seja capaz de ajudar a transformá-la.

• Quais as atribuições do Coordenador Pedagógico na escola

Tendo como base esse questionamento referente às atribuições do


Coordenador Pedagógico na escola, destaca-se que foram fornecidas a eles
40

algumas possíveis opções de resposta a esse quesito; de modo que as principais


estão expostas no gráfico a seguir:

Gráfico 01 – Atribuições do Coordenador Pedagógico


120%

100%

80%

60%

40%

20%

0%
Acompanha Assessora
Apoia Avalia
Fiscaliza Diário Fiscaliza Plano de Ensino
Planeja Juntamente com os professores Coordenar

Fonte: Entrevista com os sujeitos da pesquisa (2017).

Diante dos dados apresentados no gráfico acima, podemos destacar que no


que se refere às atribuições do coordenador pedagógico há um consenso de que as
ações giram em torno de questões que envolvem acompanhamento,
assessoramento, apoio, avaliação, coordenação e execução de planejamento junto
aos professores. Em contraponto a isso, apenas as atividades que envolvem
fiscalizar diários e planos de ensino que não foram escolhidas de forma unânime
como as outras opções que foram expostas.
No que se refere à questão das atribuições do Coordenador Pedagógico,
Libanêo (2005, p.342) assim define: “[...] coordena, acompanha, assessora, apoia e
avalia as atividades pedagógicas-curriculares.”
Portanto, verifica-se que há por parte dos entrevistados a compreensão da
função de coordenador pedagógico enquanto profissional que auxilia nas ações do
processo de ensino e aprendizagem, no sentido de dar suporte aos envolvidos
nesse processo.
Soares (2012) destaca que no que se referem às funções do coordenador
pedagógico, estas devem ser efetivadas no sentido de demonstrar dentro do
cotidiano da escola que é essencial que haja a organização do trabalho pedagógico,
41

por meio de ações que necessitam de planejamento para que assim sejam
materializadas de maneira bem estruturada.
Deste modo, vê-se que no que se refere às funções que são atribuídas ao
coordenador dentro deste contexto, há um direcionamento no sentido de
compreender e desvelar as nuances do cotidiano escolar, fator que vai convergir
para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, por meio da utilização de
inúmeras estratégias de metodologia que deverão ser executadas.

• Quais as funções do Coordenador Pedagógico no processo de trabalho


docente

Ao discutir as funções do Coordenador Pedagógico, apresentam-se as


seguintes falas:

Auxilia o professor na orientação para os planos de curso e de aula, dúvidas


sobre o diário e ideias para inovar as aulas tornando-as mais atraentes.
(C1)

Propor projetos e atividades integralizadoras; discutir a prática docente e


melhorias; promover a integração entre todos os envolvidos no processo
educacional. (C2)

As atribuições do coordenador pedagógico têm a função de planejar,


organizar, avaliar e gerenciar o processo pedagógico; atender os docentes
individualmente; nos encontros pedagógicos nortear a reflexão sobre as
práticas educacionais entre outras. (C3)

Compete ao coordenador pedagógico orientar os professores, acompanhar


seu trabalho pedagógico na escola, apresentar proposta de intervenção e
ainda oferecer suporte em questões burocráticas de ordem escolar como
também proporcionar o intercâmbio de família com a Escola. (C4)

Diante das falas, observa-se que o Coordenador acaba situando seu trabalho
no sentido de acompanhar todo o processo pedagógico, propondo projetos, planos e
ações que possam vir a contribuir de forma positiva nesse processo por meio de
orientações e suporte aos professores, através da reflexão do fazer profissional
dentro da escola, com o escopo de fazer com que esse espaço seja atrativo e
benéfico aos alunos e consequentemente trazendo a família a se tornar mais um
parceiro a contribuir com esse seguimento.
A partir das falas dos entrevistados e com base nas leituras que subsidiaram
este estudo, destaca-se a compreensão de Azevedo, Nogueira e Rodrigues (2012).
42

São inúmeras as atribuições do coordenador pedagógico e dentre uma das mais


importantes tem destaque a de realizar um processo de acompanhamento do
trabalho dos docentes, fazendo assim um elo entre todos os indivíduos que estão
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem dentro do ambiente escolar.
Para tanto, é preciso que haja uma relação dialógica e respeitosa entre esses
profissionais. É a partir dessa perspectiva que os coordenadores pedagógicos
podem detectar os problemas e as necessidades dos professores e dos alunos,
facilitando a superação dessas situações, identificando as necessidades de
formação e proporcionando o aprimoramento da prática docente, consequentemente
atendendo as demandas dos alunos e promovendo a qualidade do processo de
ensino e aprendizagem.

• Qual a relevância do trabalho do Coordenador Pedagógico na dinâmica


da Instituição escolar

Segundo as falas dos entrevistados acerca da relevância do trabalho do


Coordenador Pedagógico para a dinâmica da Instituição escolar foi enfatizado que:

Na organização do ambiente escolar, como também na decoração do


ambiente tornando-o mais acolhedor. (C1)

O coordenador pedagógico tem um papel relevante na dinâmica e no


norteamento das ações escolares. É uma importante bússola direcionadora,
que motiva, que indica, que compartilha, que propõe... (C2)

Esse profissional para conduzir frente a escola a ação pedagógica tem que
ter ciência de sua função e dos demais envolvidos, sobretudo ouvir e
gerenciar seu trabalho de maneira desburocratizada. Já que este é
responsável por articular e avaliar as relações entre docentes e discentes.
(C3)

A importância da coordenadora pedagógica se coloca na medida de que


este profissional deve se colocar como instrumento dinamizador do currículo
escolar para que se alcance as propostas estabelecidas no PPP da
instituição. (C4)

Face aos argumentos apresentados, evidencia-se que o Coordenador


Pedagógico não restringe sua ação apenas a decoração do ambiente escolar, mas a
partir de sua intervenção como mediador entre os docentes e os discentes, no
sentido de contribuir para que haja um norte nas ações desenvolvidas pela escola,
43

principalmente, no planejamento, formulação e execução de planos, projetos e as


demais atividades do contexto escolar.
Diante dos argumentos apresentados, vê-se a importância desse profissional
no desenvolvimento de suas funções no ambiente escolar, de forma conjunta, com a
participação de todos os funcionários da escola, dos discentes e também da
comunidade que abrange os pais ou responsáveis destes educandos.

Neste contexto, destacamos o coordenador pedagógico como um


agente articulador, formador e transformador das instituições
escolares, capaz de contribuir grandemente para o sucesso das
entidades de ensino. Por meio do desenvolvimento de um trabalho
coletivo pautado na ação-reflexão-ação, acreditamos que poderá
romper barreiras que dificultam um ensino de qualidade para todos
os alunos. (OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2013, p. 95).

Portanto, cabe ao Coordenador Pedagógico vivenciar o processo de


mediação no cenário educativo abrangendo o diretor, docente, pais e discentes.
Logo, é preciso desenvolver atividades que contemplem todos os envolvidos nesse
processo educativo de forma dinâmica e participativa.
No exercício das funções, o Coordenador Pedagógico deve propiciar:

A promoção de um trabalho pedagógico que ultrapasse as fronteiras


do conhecimento e das funções/ações rigidamente estabelecidas no
âmbito da organização e da gestão da escola, por meio de uma
gestão participativa, na qual os profissionais dos diferentes setores
possam efetivamente participar da construção do projeto político
pedagógico da escola, colaborando na discussão, a partir de seu
olhar e de sua experiência, propiciaria a construção de uma escola
em que as relações e os planejamentos de trabalho se dessem de
maneira menos compartimentada, mais compartilhada e integrada. A
aprendizagem mediante a vivência desse saber-fazer na escola
viabilizaria a interdisciplinaridade no âmbito do conhecimento e
permitiria o questionamento das práticas docentes vigentes, no
sentido de transformá-las. (ORSOLON, 2006, p. 19).

• Quais os desafios do Coordenador Pedagógico com a escola

Buscando identificar e caracterizar os desafios do Coordenador Pedagógico,


apresentam-se as seguintes falas:
44

Fazer com que os profissionais da escola procurem sempre evoluir dando o


melhor para vencer os obstáculos encontrados, buscando soluções para os
problemas. (C1)

Os grandes desafios estão ligados a conscientização dos responsáveis na


educação dos filhos, na efetiva sinergia dos colaboradores e na
infraestrutura deficitária. (C2)

São muitos os desafios da coordenação pedagógica a partir da sua


realidade. Em alguns casos o coordenador depara-se com impasses,
resistências, diferenças para desempenhar o seu papel no âmbito escolar.
Visto que o trabalho para ter êxito só será possível diante do diálogo,
respeito e participação das ideias dos que fazem a escola. (C3)

A coordenação pedagógica encontra alguns desafios no exercício de sua


prática tais como: atender as demandas do sistema, atender as demandas
de aprendizagem e atender as demandas de ensino de maneira que
nenhuma destas demandas entre em conflito quanto aos seus objetivos.
(C4)

Com isso, os entrevistados pontuam enquanto desafios ao trabalho do


Coordenador Pedagógico aspectos ligados à dificuldade de diálogo e até mesmo a
resistência dos professores e também dos pais ou responsáveis dos alunos em
relação a aceitar determinadas propostas, a que vem contribuir com o crescimento e
a viabilização do processo de ensino e aprendizagem.
Desse modo, é preciso que o profissional tenha entendimento acerca de suas
reais funções, para que possa desempenhá-las de forma condizente com os
aspectos éticos que a norteiam, evitando assim o surgimento de conflitos quanto à
definição e materialização dos objetivos.
Conforme Bartman (1998, apud LIMA; SANTOS, 2007, p. 82)

[...] o coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir na


escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o
seu grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem
consciência do seu papel de orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas
não tem coragem de criticar. Ou só critica, e não instrumentaliza. Ou
só cobra, mas não orienta.

A partir dessas considerações o Coordenador enfrenta o desafio de construir


seu novo perfil profissional e delimitar seu espaço de atuação, porém precisa
resgatar sua identidade e consolidar um trabalho que vai muito além da dimensão
pedagógica.
Convém assinalar que, segundo Azevedo, Nogueira e Rodrigues (2012) ,é de
suma importância que o coordenador esteja sempre preparado e também atento aos
possíveis entraves e desafios que perpassam sua prática, incorporando ao seu
45

cotidiano diversos conhecimentos referentes a área da educação e suas diversas


ramificações.
Logo, o Coordenador no exercício de suas funções precisa desenvolver um
relacionamento respeitoso e ético, estabelecendo um elo entre suas propostas e as
reais necessidades da escola, além da participação de todos os envolvidos nesse
processo.
Em virtude dos fatos mencionados também se constitui enquanto desafio a
busca por meios que venham não só aproximar os pais e responsáveis ao ambiente
escolar, mas que também instiguem o interesse e a curiosidade para que participem
dos projetos e das diversas ações, de maneira que haja resultados significativos no
processo de ensino e aprendizagem dos discentes.

• Quais as dificuldades vivenciadas no cotidiano das atividades do


Coordenador Pedagógico junto dos docentes

Sobre as principais dificuldades no trabalho do Coordenador Pedagógico,


vejamos o gráfico a seguir:

Gráfico 02 – Problemas que perpassam o trabalho do Coordenador Pedagógico


80%

60%

40%

20%

0%

Excesso de atribuições Falta de preparo/formação específica


Indefinição do papel do coordenador Falta de motivação da equipe docente
Substituição do professor na sua ausência Fata da participação dos pais na escola
Professores que resistem a ideias/projetos Questões administrativas x Questões pedagógicas
Falta de material Falta de infraestrutura física

Fonte: Entrevista com os sujeitos da pesquisa (2017)


46

Analisando os dados que foram expostos no gráfico, é possível evidenciar


que tais dificuldades e questões estão relacionadas à indefinição do papel do
coordenador, devido a muitas vezes haver a necessidade de substituição do
professor diante de sua ausência, as divergências entre as questões administrativas
e as questões pedagógicas, o que consequentemente influem para que haja o seu
excesso de atribuições.
Também foram apontadas questões ligadas à inexistência e a carência de
material, de infraestrutura física nas escolas, insuficiência de participação dos pais
ou responsáveis nas ações do contexto escolar, falta de motivação da equipe
docente e até mesmo a escassez de formação específica ou preparo para exercer
essa função.
Nesta perspectiva, é preciso destacar que a assertiva que mais foi escolhida
diz respeito à resistência por parte dos professores em aceitar ideias e projetos. Tal
contexto reforça a necessidade de que haja um maior diálogo entre os envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem para que exista um acordo consensual acerca
das melhores opções para o contexto escolar.
Conforme Oliveira e Guimarães (2013), essas dificuldades também estão
direcionadas no sentido de haver a possibilidade de desvio de função que, muitas
vezes, o coordenador acaba desempenhando uma função que não é de sua
competência, o que acaba contribuindo com o aumento da burocratização do serviço
e os diversos fatores que contribuem de forma negativa para a realização dos
trabalhos em coletividade.
Logo, é preciso que o coordenador tenha clareza de suas funções dentro do
ambiente escolar, entendendo quais as suas verdadeiras atribuições, competências,
direitos e deveres, a fim de poder contribuir de forma efetiva e coerente com o
processo de ensino e aprendizagem.

• A escola possui algum projeto que colabore com o processo de ensino-


aprendizagem dos alunos? Em caso positivo, qual o papel do
Coordenador Pedagógico em tal projeto

Foi questionado ainda aos participantes da pesquisa se a escola possui


algum projeto que colabore com o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. E
47

em caso afirmativo, qual seria o papel do Coordenador Pedagógico nesse projeto.


Assim, foram obtidas as seguintes respostas:

Sim. Vários projetos são desenvolvidos como: leitura, alimentação saudável,


festas juninas, folclore, entre outros; o coordenador apresenta o projeto aos
professores e como deverão trabalhar, dar ideias e colhe também a ideia
dos professores e acompanha o desenvolvimento no dia-a-dia. (C1)

Sim. O papel do coordenador foi de elaborar propostas e ideias a partir da


realidade educacional dos anseios e questionamentos dos discentes, além
de permitir aos professores adequações cabíveis, observando seus próprios
sentidos, numa relação reflexiva e transformadora. Além disso, a
coordenação acompanha e avalia a execução do projeto, a partir de
depoimentos, visitas in loco, reuniões e informações coletadas. Por fim,
verifica-se a efetividade do projeto a partir das apresentações, seminários,
de forma a verificar a conexão, o acolhimento e a motivação dos alunos,
principalmente. (C2)

Sim. Orienta, apoia e dá suporte ao projeto desenvolvido e avalia junto a


equipe o resultado final. (C3)

Sim. Coordenar as ações dos projetos e verificar o sucesso ou fracasso das


ações. (C4)

Os projetos criados, propostos e desenvolvidos pela própria escola ou os que


são indicados pela Secretaria de Educação não desenvolvem projetos no ambiente
escolar, na formação e no aprendizado dos alunos.
Nessa conjuntura as decisões não se concentram apenas nas mãos dos
coordenadores, mas devem ser partilhadas e decididas de maneira coletiva.
Portanto, “a gestão da qualidade de ensino demanda um olhar mais específico, com
visão na comunidade escolar em questão, por meio de uma gestão escolar
democrática e participativa que elabora e reelabora de forma sistemática o Projeto
Político Pedagógico” (SOARES, 2012, p. 07).
Os projetos não devem ser desenvolvidos apenas por obrigatoriedade, mas
como mais um meio que passa a dinamizar as atividades, visando tornar esse
processo mais atrativo e significativo.
Levando-se em consideração o que foi observado, percebe-se o quão se faz
essencial as contribuições e as intervenções do coordenador pedagógico nas
escolas, pois estes acabam servindo de norte e auxiliam o trabalho pedagógico dos
docentes, visando a melhoria e a qualidade do ensino.
48

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa permitiu ampliar os conhecimentos sobre as reais funções do


coordenador pedagógico dentro do ambiente escolar na atualidade. Evidenciamos
com a realização desse trabalho a importância para todos que fazem parte da
escola, em especial, os Coordenadores Pedagógicos.
Para tanto, foi necessário fazer uma breve investigação sobre o contexto
histórico da função do Supervisor/Coordenador Pedagógico, sendo percebido que a
função supervisora já estava presente desde a chegada dos jesuítas no Brasil. Com
as reformas ocorridas na educação essa função recebeu outras denominações,
porém, a ideia permanecia a mesma, consistindo em orientar e dirigir as aulas. Era
uma função meramente fiscalizadora e controladora, e de caráter técnico, existindo
uma hierarquia de poderes, ao mesmo tempo em que o supervisor fiscalizava esse
também era fiscalizado.
Os Coordenadores Pedagógicos reconhecem a relevância do seu trabalho
dentro das escolas como melhoria da educação em compreender, auxiliar e
acompanhar os professores, possibilitando suporte pedagógico. Ficou explícito
também em suas falas que estes aprimoram seu trabalho ao longo da prática,
ressignificando a sua própria prática pedagógica. Além disso, a pesquisa revelou
que o excesso de atribuições ao Coordenador Pedagógico dificulta o seu
desempenho de forma negativa no desenvolvimento de tarefas pedagógicas.
A realização desse estudo monográfico possibilitou uma visão mais ampla
acerca das competências e atribuições do Coordenador Pedagógico, além de
confrontar as concepções desses Coordenadores com o referencial teórico desse
estudo. Os Coordenadores compartilharam suas práticas pedagógicas e atribuições
a esse profissional dentro da escola, os problemas e as dificuldades que perpassam
seu trabalho diário.
A organização do trabalho é diferente de escola para escola, visto que cada
uma tem uma forma de administrar seu tempo conforme seus anseios, objetivos e
metas estabelecidas como essenciais para o desenvolvimento da práxis. Dessa
forma, a investigação permitiu conhecer a realidade dos Coordenadores
Pedagógicos, bem como os desafios vivenciados em sua prática durante o trabalho
pedagógico.
49

Através das respostas dos Coordenadores entrevistados, percebemos a


relevância desse profissional visando o desenvolvimento do processo educativo. No
entanto, a falta de definição do papel do Coordenador é um dos problemas
evidenciados em sua realidade.
Assim, ficou evidente que falar do coordenador pedagógico e de suas ações
junto ao corpo docente e demais membros da comunidade escolar é uma forma de
dar sentido ao profissional, cujas atribuições constatam-se uma grande indefinição,
pois, na maioria das vezes, o coordenador desempenha outras funções dentro da
escola deixando as suas reais funções de lado, ficando este sobrecarregado nas
suas atribuições específicas. Esse desvio de atuação proporciona uma dificuldade
na concretização dos objetivos curriculares que atendem de fato aos anseios de
uma educação de qualidade para todos.
Com essa pesquisa foi possível identificar a ação da Coordenação
Pedagógica em uma atuação motivadora, inovadora e interdisciplinar, característica
da prática desse profissional que busca sempre inovar e transformar o processo de
ensino e aprendizagem por meio de uma prática participativa que envolva os
agentes da educação.
Todas as 07 (sete) questões apresentadas para os Coordenadores
Pedagógicos estavam relacionadas com os objetivos pretendidos na pesquisa, que
teve o intuito de discutir o Coordenador (a) Pedagógico (a): atribuições, práticas e os
desafios na contemporaneidade, além de refletir o papel do coordenador pedagógico
no processo de ensino e aprendizagem e identificar os desafios do coordenador
pedagógico no cotidiano de suas funções.
Em virtude disso, os objetivos foram atingindo, conseguiu-se chegar ao fim e
atingir os objetivos pretendidos com aqueles que se dispuseram a participar desta
pesquisa.

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