RIKBAKTSA 1 Compactado
RIKBAKTSA 1 Compactado
RIKBAKTSA 1 Compactado
MUNDO
RIKBAKTSA
RIKBAKTSA
O Mundo Rikbaktsa
Essa exposição é muito especial para o MAI e
sua trajetória. Pela primeira vez conseguimos
fazer um recorte das obras de um único artista
indígena, um mestre na confecção de arte
plumaria e que também teve sua participação
com a co-curadoria para esta mostra.
Messias Rikbaktsa, 45 anos, morou por um
tempo na Terra Indígena (TI) Erikpatsa em
Brasnorte margem do rio Juruena - MT,
posteriormente, se mudou com a família para
TI Japuíra localizada a 280 km de Juara – MT,
na aldeia Acorizal que atualmente vivem cerca
de 20 pessoas, onde só tem acesso fluvial. Foto fornecida por Messias Rikbaktsa.
Localização e Idioma
O povo Rikbaktsa conta atualmente com uma população de cerca de 1.800
pessoas (2020), que estão distribuídos em pelos menos 37 aldeias, nas Terras
Indígenas (TI) Erikpatsa, Japuíra e Escondido, no noroeste de Mato Grosso.
Muitos escolheram viver às margens do rio Arinos, essencial para a vida
Rikbaktsa.
Seu idioma está incluso no tronco
linguístico do Macro-Jê. Hoje são os mais
velho que possuem o maior
conhecimento sobre a língua, os mais
jovens que desejam se aprofundar e
conhecer mais sobre o idioma
normalmente se reúnem para ouvir suas
conversas.
Organização social
A sociedade é dividida entre metades distintas. A Makwaratsa é associada a
arara amarela e a Hazobtisa é associada a arara cabeçuda, que é um tipo de
arara vermelha, essas metades são divididas em diferentes clãs.
Dentro de uma aldeia as posições ocupadas na sociedade são definidas por
grupos de idade, sexo, clã e a metade a qual pertencem. O sexo define um lado
na divisão de trabalho e as tarefas que irão assumir ao longo da vida. Esse
caminho é percorrido com um grupo de pessoas do mesmo sexo e por essa
passagem, feita em conjunto assim como os rituais de passagem, constituem
jfnj
um grupo de idade. A importância de alguém em um clã define possibilidades
de casamento e o papel a ser feito durante festas coletivas e rituais, isso é
sustentado por um sistema de reciprocidade com direitos e obrigações que
existem entre as metades, a quebra dessa reciprocidade pode gerar conflitos.
As aldeias tradicionais eram organizadas em
uma ou duas casas formados por grandes
famílias e uma casa para os homens, viúvos e
jovens solteiros. Os Rikbaktsa não possuem
uma forma definida para suas aldeias e se
colocam ao longo dos rios Juruena e Sangue,
como uma estratégia de vigilância e otimização
de recursos naturais.
Também possuem um grande índice de
igualitarismo interno, pois a socialização sobre
as técnicas e conhecimentos sobre a natureza é
de livre acesso e oralmente transmitido. Não
existe a necessidade de um estoque de
excedentes, pois estes já estão disponíveis na Foto retirada da plataforma digital Povos
Indígenas no Brasil (PIB).
mata.
Casamento
Os casamentos são realizados entre as metades e o noivo deve se mudar e
morar junto com os pais da noiva. O casal era escolhido ainda quando jovens
pelos seus pais em uma reunião e eram observados pelas duas famílias.
Observavam se o menino tinha as responsabilidades de caçador, pescador,
trabalhador, se ele conseguiria suprir as necessidades da família. A menina
também era observada, se ela possuía as habilidades na produção de
artesanato, o tecer do algodão, se ela conseguiria fazer sua parte para cuidar
da família. A cerimônia de casamento era assistida por todas as pessoas da
aldeia e todos eram responsáveis pelo casal. No caso de muitos
desentendimentos entre o casal, toda a família se unia para tentar resolver em
conjunto, mas a separação também era recomendada, pois o melhor é sempre
viver de forma tranquila.
Antigamente o casamento ocorria durante a madrugada, com um grande
silêncio, o único som era feito pelo colar de casamento, este era feito de
conchas, usado pela mulher quando ela atravessava a aldeia para chegar à
casa onde aconteceria a cerimônia. Geralmente o casamento era feito na casa
do rapaz, mas em casos em que ocorria na casa da mulher era o rapaz que
atravessava a aldeia até a casa da moça. Quem oficializava o casamento era
outro casal, quando o tempo da cerimônia se aproximava uma pessoa levava a
rede do homem até casa da mulher e a amarrava ao lado da rede dela, depois
se iniciava o aconselhamento da vida de casados pela madrinha e pelas
pessoas presentes. Logo em seguida as comidas e bebidas eram servidas,
estas foram feitas pela família da mulher e do homem.
O colar de casamento é uma cultura material
e imaterial do povo Rikbaktsa, ele é feito de
caramujos tirados nas praias de água doce
dos Rios Juruena e Arinos e um pingente
plumário, este só é adicionado na cerimônia
de casamento, em diferentes rituais é usado
somente o de conchas. Chamado de Tutãrã.
ele serve para identificar a mulher que está se
casando, a diferenciar das outras pessoas
presentes e a deixar bonita. Um impedimento
em relação para uso do colar, é que mulheres
gravidas e seus maridos não podem tocá-lo,
pois acreditam que isso impede que a criança
tenha um bom desenvolvimento, ela seria
como um caramujo. Tutãrã.(Imagem retirada dos banco de dados do Google)
Rituais de passagem
Os meninos começam a acompanhar o pai entre os 3 e 5 anos, para conhecer o
som dos bichos, o nome e as características das plantas e a geografia local.
Com 8 a 10 anos já fazem seu próprio arco e flecha. Aos 11-12 anos recebem o
furo no nariz e ganham o segundo nome, durante a festa do milho na estação
de chuvas, e começam a frequentar a casa dos homens, aprendendo sobre as
ervas medicinais, técnicas plumarias, arco e flecha adultos.
A mística Rikbaktsa
Seu mundo místico acredita o destino dos mortos é derivado da vida que
tiveram como seres humanos. Assim é possível que retornem novamente como
seres humanos ou ainda como macacos da noite, aqueles que foram maus
durante a vida voltam como animais perigosos para os homens, como as onças
ou cobras. No meio de maio ocorre o ponto alto de seu ciclo agricultor, é
quando as metades e seus clãs aparecem com as pinturas corporais, enfeites
plumárias e toques de flautas, nesses momentos também encenam episódios
místicos e lutas recentes pelos homens da comunidade.
REFERENCIAS:
Artigos:
AIKDAPA, Gesilene. Casamento Tradicional do Povo Rikbaksta. Barra do
Bugres, 2016. Disponível em: <
http://portal.unemat.br/media/files/Gesilene.pdf> Aceso em: 13/04/2023.
Sites:
Rikbatsá. Povo Indígenas da Brasil. Pib. Socioambiental. Disponível em:
<https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Rikbakts%C3%A1> Acesso em:
12/04/2023.
Terra Indígena Escondido. Terra Indígenas no Brasil. Disponível em:
<https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3657> Acesso em:
12/04/2023.
Terra Indígena Erikpatsa. Terra Indígenas no Brasil. Disponível em:
<https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3839> Acesso em:
12/04/2023.
Terra Indígena Japuíra. Terras Indígenas no Brasil. Disponível em:
<https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/3705.> Acesso em:
12/04/2023.
Livros:
DORTA, S. F.; CURY, M. X. A Plumária Indígena Brasileira no Museu de
Arqueologia e Etnologia da USP. Editora Ver Curiosidades. 2000.