Nos Termos Da Súmula 593 Do STJ - TEXTO
Nos Termos Da Súmula 593 Do STJ - TEXTO
Nos Termos Da Súmula 593 Do STJ - TEXTO
Resumo
Praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14 anos configura
o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP).
Nos termos da Súmula 593 do STJ, o consentimento da vítima menor de 14 anos e
o seu namoro com o acusado não afastam a existência do delito de estupro de
vulnerável.
A despeito disso, em algumas situações excepcionais, o STJ reconhece a
atipicidade material do crime do art. 217-A do CP baseado em peculiaridades do
caso concreto.
Foi o que aconteceu no julgamento do AgRg no REsp 1.919.722/SP: um caso de
jovens namorados (ele, com 18 anos e ela com 12 anos) iniciariam relacionamento,
que foi aprovado pelos pais da menina. Houve relação sexual, resultando na
gravidez da moça e no nascimento de um filho. O casal passou a residir juntos com
o filho recém-nascido. Neste caso concreto, o STJ entendeu que não havia
tipicidade material para manter a condenação por estupro de vulnerável e fez um
distinguishingem relação ao que consta na Súmula 593.
Por outro lado, o caso concreto aqui analisado (AgRg no HC 804.741/MS) é
diferente: o homem tinha 49 anos e a adolescente 13 anos. Além da gritante
diferença de idade, não houve consentimento dos responsáveis legais da vítima.
Diante disso, o STJ entendeu que não poderia ser aplicado o mesmo distinguishing
feito no AgRg no REsp 1.919.722/SP. Assim, aqui, neste caso concreto, não se
admitiu qualquer relativização da presunção de vulnerabilidade do menor de 14 anos
no crime de estupro de vulnerável.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 804741/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 14/3/2023 (Info 769).
Comentários
PRATICAR SEXO COM MENOR DE 14 ANOS É CRIME
A Lei nº 12.015/2009 acrescentou o art. 217-A ao Código Penal, criando um novo
delito, chamado de “estupro de vulnerável”:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
A fim de que não houvesse mais dúvidas sobre o tema, o STJ pacificou a questão
editando a Súmula 593.
O Congresso Nacional decidiu incorporar na legislação esse entendimento e
acrescentou o § 5º ao art. 217-A do CP repetindo, em parte, a conclusão da súmula
e estendendo o mesmo raciocínio para outras espécies de pessoa vulnerável. Veja:
Art. 217-A. (...)
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime. (Inserido pela Lei nº 13.718/2018)
Existem alguns outros julgados no mesmo sentido, como é o caso do STJ. 5ª Turma.
AgRg no REsp 2.019.664/CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
13/12/2022.
Em suma:
Não se admite o distinguishing realizado no julgamento do AgRg no REsp
1.919.722/SP - caso de dois jovens namorados, cujo relacionamento foi aprovado
pelos pais da vítima, sobrevindo um filho e a efetiva constituição de núcleo familiar
- nas hipóteses em que não há consentimento dos responsáveis legais somado ao
fato do acusado possuir gritante diferença de idade da vítima - o que invalida
qualquer relativização da presunção de vulnerabilidade do menor de 14 anos no
crime de estupro de vulnerável.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 804.741/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 14/3/2023 (Info 769).