ROSA, Miriam D. Histórias Que Não Se Contam (Parte VII)
ROSA, Miriam D. Histórias Que Não Se Contam (Parte VII)
ROSA, Miriam D. Histórias Que Não Se Contam (Parte VII)
Aponto que Miguel vai fazer oito anos, idade em que sua mãe ficou órfãe
que ele se pergunta se a história se repetirá. Na semana seguinte, a mãe
relata que ele perguntou sobre a morte da avó.
Este caso exemplifica como o não-dito é elemento para discussão
Hist orias que nao
1
enstTSE A
DO mm E
Se o signific ante está retido no discurso do Outro, a história d
vos do Gen nascimento. Rudolfo afirma que os dados do acriança
desenvol-
a e fantasia São insuficientes, principalmente quando há patologia
vime
ave, que obstrui o desenvolvimento. Einsuficiente levar em conta apenas o
ntrapsíquico. Ressalta que há algo marcado a fogo como repetição -uma
esa com o peso do significante — que não é uma fantasia de seu incons-
açá Trata-se da reconstrução material de outras gerações.
Tais análises exigem a participação do analista numa construção da
história do sujeito, que ele não pode reescrever sozinho. Em certos casos,
o prosseguimento da análise depende de conhecer as provas que balizaram
ahistória infantil do sujeito e sublinho a vantagem que há em apoiar as
interpretações sobre os eventos de sua realidade histórica cada vez que se
faz possível reencontrá-los, como confirma Aulagnier (1990, p.278). Per-
gunta-se pelo acontecido não como um fim em si mesmo, mas como os
sinais do que deve ser compreendido e representado.
Suspenso o enquadre tradicional da psicanálise, trabalha-se nas bre-
chas, nas fendas. Ao analista que visa o saber do sujeito cabe também
abrir tais fendas, operando sobre o discurso na busca de significantes in-
sistentes que, se articulados pelo sujeito, produzem novos sentidos. A
presença dos pais no atendimento remete à castração da criança e dos
pais e trabalha-se com a separação. O exemplo de Miguel mostra que o
significante que não articula retorna, sob a forma de acting out. Quando a
interdição é suspensa e a mãe enfrenta a questão, a angústia organiza-se
como investigação. E Miguel pergunta.
Pensar em mito, mandato e em história familiar leva a pensar no
lugar dos pais na análise da criança, discussão levanta no item “Eles não
deixam dizer”, do capítulo 5. Deve-se estar atento ao movimento de aber-
tura e fechamento do inconsciente e quando a criança não faz associações
deve-se indagar onde está o discurso que não pode ser processado pela
criança, onde se fala sobre ela. Pode-se atuar pelo discurso parental que,
pelo peso intersubjetivo, tem efeito na formação do sintoma na criança. O
manejo da transferência inclui uma resposta analítica à presença dos pais.
Tais reflexões levam à discussão das estratégias de intervenção, da inter-
Pretação transferencial até a construção da história fantasmática.
Eqo so alhos o aos erros lógicos, àincongruência da história e à a spo
levaaumo : assim como quanto aos atuais tropeços da fala. Ca aca
iscussão relativa ao procedimento possível na análise.
ação, a
Examinemos, agora, como, entre a interpretação €à orientanálise
trabalho. Em Construções em ,
construção pode ser; uma formleloa deentre Arqueologiaia e Psicanál
y ise, , a apon-
Freud (1937) efetua um parale tivas. Até então, ele trabalhara
iênciias como recons tru à A
tando ambas as ciênc
ei Ena
com o conceito de interpretação, nos moldes da e
O não-pito NA PSICANÁLISE COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
o de uma produção do
(1900). Ou seja, demonstrou como à interpretaçã
inconsciente tem três planos possíveis, que se engendraram para fa! pro-
dução. São eles: os aspectos desencadeantes, que dizem respeito acon itos
ou acontecimentos atuais; os conflitos infantis; e a dimensão transferencial,
que sinaliza que o inconsciente emerge na relação com o Outro. o
Histórias que não se contam
complexo.
ma
o sujeito não tem idade e não se desenvolve, pode-se afirmar também que
o sujeito não existe desde o princípio, mas forma-se, constitui-se graças às
cruzadas estruturais do estágio do espelho e complexo de Édipo, opera-
O
dor dessa relação. Dessa forma, não existe continuidade linear entre os
estágios, que se organizam em torno de encontros singularizados. Os es-
a
O
B
Considerações finais
quais o sujeito possa se referenciar.
Finalizando, reiteramos a posição de que a psicanálise da criança e
do adolescente deve servir-se do significante que exprimem e que os
posicionam no mito familiar, constituído do desejo de seus pais e das
marcas da história da família na inserção social. A transmissão destas
marcas permite a historização do desejo, independente da grandiosidade
ou do fracasso dos acontecimentos. Menos do que de motivos, o sujeito
precisa de um lugar no desejo do Outro para existir, dos significantes da
sexualidade e da filiação, a partir dos quais possa diferir.
Essa dupla entrada, trabalhada no livro, o sujeito do inconsciente
constituído pela articulação significante e atravessado pelo imaginário
social, o eu da história e do desenvolvimento, supõe, mais do que elegera
primazia dos aspectos simbólicos sobre os imaginários, trabalhar sua ar-
ticulação em torno do desejo, da lei e da ética. o.
A ética da psicanálise questiona a identificação do bem do sujeito
com seu bem-estar e separa o desejo de sua conformidade com os o
do ressentimento de não ter garantias de realização, ou pela culpa ou e
bito em relação à ascendência. A ética que rege O sujeito ema de e js
agido pelo Outro e, sim, sustentado por e implicado no desejo que TES
la a cadeia intergeracional que envolve a história social pa a
no discurs
relação com a Lei, o ideal e a cidade; desejo expresso
condições do laço social.