Anatomia Dos Sistemas Orgânicos.

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Introdução e História

da Anatomia e Fisiologia:
Humana da Célula à
Microscopia
Fernanda Gomes Silva
Introdução e História da
Anatomia e Fisiologia Humana:
da célula à microscopia

Introdução
Antes de começarmos a estudar os sistemas do corpo humano, é necessário
conhecermos pontos importantes para uma maior compreensão dos próximos
conteúdos apresentados. Este conteúdo definirá a anatomia e fisiologia humana,
apresentando sua história e evolução. Você também estudará as posições e os termos
anatômicos, os sistemas em que o corpo é dividido, o mecanismo de transporte pela
membrana e a homeostasia, os tecidos. Vamos iniciar nossa jornada no fascinante
mundo da anatomia e da fisiologia?

Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:

• definir anatomia e fisiologia humana;


• entender a história da anatomia e da fisiologia humana;
• descrever a posição anatômica e termos anatômicos;
• identificar os sistemas que compõem o corpo humano;
• descrever os mecanismos de transporte pela membrana e homeostasia.

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Introdução e definições da anatomia
e fisiologia
A anatomofisiologia pode ser dividida em dois ramos da ciência, a anatomia e a
fisiologia, que irão proporcionar o conhecimento das funções e das partes do corpo
humano. Para uma melhor definição, seguem seus conceitos. A palavra anatomia
vem de anatome – cortar em partes ou separando, compreendida como a ciência que
estuda as estruturas e organizações internas e externas dos seres vivos (TORTORA;
NIELSEN, 2017).

O estudo do corpo humano pode ser feito pela anatomia macroscópica, essa depende
do seu enfoque e recebe várias denominações, podendo ser: anatomia radiológica,
anatomia funcional, anatomia descritiva, anatomia comparada, anatomia regional,
anatomia aplicada e anatomia de superfície. Além das denominações relacionadas
anteriormente, temos as subáreas que podem ser relacionadas à anatomia, são elas:
embriologia, biologia do desenvolvimento, biologia celular e histologia.

A fisiologia, por sua vez, é a ciência que estuda o funcionamento normal de um


organismo vivo e de suas partes componentes, isso inclui os processos físicos e
químicos (SILVERTHORN, 2010). A palavra fisiologia vem da junção grega physis
(funcionamento ou natureza) com a palavra logos (estudo ou conhecimento). A
fisiologia tem as seguintes subáreas: neurofisiologia, endocrinologia, fisiologia
cardiovascular, imunologia, fisiologia da respiração, fisiologia renal, fisiologia dos
exercícios e fisiopatologia.

O funcionamento não pode ser separado completamente da estrutura dos seres vivos,
por isso a necessidade do estudo da anatomofisiologia. Cada estrutura do corpo está
designada para desempenhar uma função específica, e a estrutura determina sua
função. A função de um órgão ou tecido está relacionada à sua estrutura.

Concepções gerais da história da anatomia e


fisiologia
A primeira forma de estudo da anatomia se dava pela dissecação e por cortes
precisos, com o objetivo de revelar a organização estrutural de seres vivos. A prática
de dissecação mais antiga que se tem relato é do grego Teofrasto, que era um dos
discípulos de Aristóteles. No início o nome anatomia remetia apenas a dissecar e
era usado como sinônimo do estudo da biologia. A busca por conhecimento e a

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necessidade fizeram com que, desde a pré-história, o homem se interessasse por
essa área de estudo. No início a dissecação era feita apenas em animais, após se
estendeu para os seres humanos. No ano de 500 a.C, na Grécia, Alceméon, mesmo
com o preconceito do estudo do corpo humano, realizou pesquisas anatômicas,
tornando-se assim o “pai” da anatomia. Além dele, Empédocles, Anaxágoras, Esculápio
e Aristóteles também foram grandes estudiosos da dissecação, mas foi na Escola de
Alexandria que a anatomia prática começou a progredir.

A dissecação por razões éticas e religiosas foi proibida em 150 a.C. Com isso, a
dissecação de animais foi a saída para a continuidade dos estudos. Foram dissecados
diversos tipos de animais, e os resultados obtidos eram aplicados na anatomia
humana, fazendo com que ocorressem erros inevitáveis. Foi durante o século IX que
houve interesse em voltar ao estudo do corpo humano, graças à Escola Médica de
Salermo, na Itália. Há registros de que o estudo da anatomia recomeçou por razões
práticas, uma vez que as guerras geravam grande quantidade de mortos em combate,
e era preciso repatriar os corpos.

A prática da dissecação era importante para determinar as causas das mortes e para
descobrir enfermidades infecciosas. O progresso dos estudos anatômicos se deu no
Renascimento, houve nesse período a descoberta de textos gregos sobre o assunto,
e pensadores levaram a igreja a ser mais condescendente quanto à dissecação de
cadáveres. Foi durante o Renascimento que os estudos anatômicos progrediram, pois
nessa época se descobriram textos gregos que tratavam do assunto. Com isso a Igreja
acabou cedendo e autorizando a realização de dissecações em cadáveres.

O estudo da fisiologia teve seu início na Grécia, há mais de 2.500 anos. Um dos mais
importantes nomes do estudo da fisiologia foi Cláudio Galeno, que dizia que o corpo
era composto de quatro diferentes fluidos e possuía órgãos principais, o coração,
o cérebro e o fígado. Galeno era responsável pelo tratamento de gladiadores, mas
seus estudos eram realizados em animais. Uma importante contribuição aos estudos
de fisiologia foi realizada por William Harvey, em 1628: ele descreveu a circulação
sanguínea, mostrando que o corpo não produzia sangue continuamente. Com esse
estudo, mostrou que o sangue circulava pelo corpo por causa do coração.

No século XIX, várias mudanças aconteceram e o desenvolvimento tecnológico


permitiu novas descobertas, sendo a principal delas a elaboração do conceito de
homeostasia, fundamental para a fisiologia. Hoje a fisiologia tornou-se matéria
obrigatória em qualquer curso da área da saúde, pois entende-se que o profissional
é capaz de exercer sua profissão caso não saiba como funcionam as atividades que
envolvem a vida.

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Curiosidade
O termo “necropsia” é utilizado quando há a necessidade de
realizar um exame do corpo após a morte e a dissecação de órgãos
internos, a fim de descobrir ou de confirmar o que ocasionou a
morte do indivíduo.

Planos anatômicos
Antes de classificarmos os planos anatômicos, é necessário conhecer algumas
divisões e conceitos.

O corpo humano é dividido em cabeça, tronco e membros. A cabeça por sua vez é
dividida em face e crânio; o tronco em pescoço, tórax e abdome; e os membros em
superiores (ombro, braço, antebraço e mão) e inferiores (quadril, coxa, perna e pé)
(TORTORA; NIELSEN, 2017). Para a anatomia, a descrição de qualquer região do corpo
assume uma posição específica, e para essa damos o nome de posição anatômica.

Nessa posição, a pessoa está ereta, olhando para o observador, com a


cabeça na posição horizontal e os olhos voltados diretamente para frente.
Os pés estão plantados no solo e dirigidos para frente, enquanto os braços
estão estendidos, em cada lado, com as palmas voltadas para frente. Na
posição anatômica o corpo está ereto. (TORTORA; NIELSEN, 2017, p. 12).

É importante também compreender que há variações anatômicas entre os seres


humanos, e isso prejudica suas funções. Os principais fatores que podem ocasionar
essas variações são: idade, sexo, raça, biótipo etc.

Para fazer a localização das diversas estruturas dos corpos, existem alguns termos
direcionais utilizados pelos anatomistas, e esses termos quando agrupados em pares
podem ter significados opostos, como anterior e posterior. Há assim os seguintes
termos: superior, inferior, anterior, posterior, medial, lateral, intermediário, homolateral,
contralateral, proximal, distal, superficial e profundo.

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Figura 1 - Termos direcionais
Fonte: Tortora e Nielsen (2017, p. 15).

Tanto o corpo humano quanto os órgãos possuem suas descrições anatômicas


baseadas em planos de secção, que são superfícies planas imaginárias que passam
através do corpo. São eles: plano sagital, plano frontal, plano transversal e plano
oblíquo. Baseado em Santos (2014), segue a definição de cada um deles.

O plano sagital diz respeito aos planos de secção que dividem o corpo e órgãos em
lado direito e esquerdo, plano vertical. Quando esse plano passa pela linha mediana,
é chamado de plano mediano, tem metades iguais, direita e esquerda. Mas se o plano
sagital não passar pela linha mediana e sua divisão for desigual, é chamado de plano
paramediano. O plano frontal diz respeitos aos planos de secção que possibilitam
a divisão do corpo ou órgão em anterior e posterior. E o plano transversal divide em
inferior e superior. Os planos frontal, transversal e sagital formam um ângulo retro
entre si. Já o plano oblíquo, passa pelo corpo ou órgão formando um ângulo entre os
demais.

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Figura 2 - Planos através do corpo humano
Fonte: Tortora e Nielsen (2017, p. 16).

Reflita
O corpo humano pode ser estudado por nomes regionais, que
delimitam as partes do corpo de acordo com sua localização
específica. As principais regiões são a cabeça, pescoço, tronco e
os membros superiores e inferiores.

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Sistemas do corpo humano
Para a organização estrutural do corpo humano, são necessários seis níveis: o
químico, o celular, o tecidual, o orgânico, o sistêmico e o organismo, sendo que a
exploração do corpo humano vem desde átomos e moléculas até uma pessoa viva.
Serão apresentados agora esses níveis, de acordo com sua dimensão, do menor para
o maior.

Damos início pelo nível químico: nesse nível teremos todas as substâncias químicas
necessárias para manter uma pessoa viva. Essas substâncias são constituídas por
átomos, que são a menor unidade de matéria, e são essenciais para a manutenção da
vida, temos como exemplo de átomo o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O),
o nitrogênio (N), o cálcio (Ca), o fósforo (P) e o enxofre (S), que são essenciais para a
manutenção da vida.

Partimos agora para o segundo nível, o celular. As células são a composição de


qualquer organismo, são unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo.
É nelas que são executadas as atividades metabólicas. São inúmeros os tipos de
células encontrados no corpo humano, como células nervosas, células musculares e
as células epiteliais. O nível tecidual pode ser conceituado pelos tecidos como grupos
de células semelhantes em sua aparência, função e origem, que juntas realizam
funções particulares. Temos apenas quatro tipos básicos de tecido: o tecido epitelial,
o tecido conjuntivo, o tecido muscular e o tecido nervoso.

Quando ocorre a união de diferentes tipos de tecidos, temos o nível orgânico. Para a
formação dos órgãos são necessários dois ou mais tecidos diferentes, suas funções
são específicas e é comum ter formas reconhecíveis. O quinto nível de organização é
o sistêmico: nesse nível os órgãos se relacionam quando desempenham uma função
comum. O sistema digestório é um exemplo do nível sistêmico. Vale lembrar que em
alguns casos um órgão pode fazer parte ao mesmo tempo de outro sistema.

O último nível de organização estrutural, o mais alto nível, é o organismo: ele tem
todas as partes do corpo atuando em conjunto, qualquer ser vivo pode ser definido
como um organismo.

Como foi possível compreender, os seis níveis formam um indivíduo vivo, e esse
indivíduo agora possui 11 sistemas, em que estão presentes vários órgãos, cada um
desempenhando suas funções.

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• Sistema tegumentar: tem como função proteger e controlar a temperatura do
corpo. Fazem parte desse sistema os seguintes órgãos: pele, pelos, unhas,
glândulas sudoríparas e sebáceas.
• Sistema esquelético: sua função é a de sustentar, proteger e movimentar o
corpo humano. Sistema composto por ossos, articulações e cartilagens.
• Sistema muscular: esse sistema é responsável pela produção dos movimen-
tos e sustentação do corpo. Composto por músculos e tendões.
• Sistema nervoso: gera impulsos nervosos capazes de regular as atividades
do corpo, percebe alterações ambientais internas e externas do corpo. Tem
como componentes o encéfalo, medula espinhal, nervos.
• Sistema digestório: realiza a digestão, absorção e eliminação de substâncias
indesejáveis. Composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestino del-
gado, intestino grosso, reto e ânus. Possui órgãos digestórios anexos: língua,
dentes, glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas.
• Sistema urinário: produz, armazena e elimina a urina. Os órgãos que com-
põem esse sistema são os rins, ureteres, bexiga e uretra.
• Sistema endócrino: junto com o sistema nervoso promove a manutenção do
equilíbrio do organismo, por meio do controle das funções biológicas. Tem
como componentes, glândulas e células produtoras de hormônio em diversos
órgãos.
• Sistema circulatório: responsável pelo transporte de O2, nutrientes, hormônios
para as células e remoção de produtos indesejáveis; também tem como fun-
ção a defesa do organismo e auxilia na manutenção do conteúdo de H2O e
íons, pH e temperatura do corpo. O sangue, coração, vasos sanguíneos e sis-
tema linfático são os seus componentes.
• Sistema linfático: responsável pelo transporte de lipídios do trato gastroin-
testinal, faz o retorno de proteínas e líquidos para o sangue, protege contra o
desenvolvimento e proliferação de organismos causadores de doenças. Com-
posto por linfa, vasos linfáticos e linfonodos.
• Sistema respiratório: faz a troca gasosa de oxigênio inalado para o sangue e
dióxido de carbono do sangue para o ar exalado. Tem como componentes os
pulmões, cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e alvéolos.
• Sistemas genitais: a principal função deste sistema é a reprodução, embora
com particularidades diferenciadas conforme o sexo. No caso do sistema ge-
nital feminino, sua principal função é a da reprodução e é composto por ová-
rios, trompas, útero, vagina, glândulas mamárias. O sistema genital masculino
tem como principal função também a reprodução, mas é composto por bolsa

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escrotal, testículos, epidídimos, canais deferentes, uretra, vesículas seminais,
próstata e pênis.

Figura 3 - Esquema dos sistemas do corpo humano


Fonte: Elaborada pelo autor (2018).

Atenção
Os seis processos mais importantes para a manutenção da vida do
corpo humano são: o metabolismo (engloba todos os processos
químicos que ocorrem no corpo), a responsividade (capacidade
do corpo em responder alterações), o movimento (locomoção
das células e órgãos), o crescimento (aumento das dimensões
corporais), diferenciação (diferença entre estruturas e funções das
células) e a reprodução (formação e novas células).

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Célula: divisão celular – mitose
Todos os organismos vivos são compostos por células, nenhum organismo é um
ser vivo se não possuir pelo menos uma célula, como as bactérias (organismos
unicelulares). O ser humano, juntamente com os outros animais e plantas, são
organismos pluricelulares constituídos por uma perfeita organização que é capaz de
formar os tecidos, órgãos, sistemas e assim o organismo como um todo. As células
assumem funções diferentes de acordo com o local em que se encontram, regulando
sua homeostase constantemente para manter-se em equilíbrio elétrico, bioquímico e
físico.

A divisão celular é um processo que ocorre por acaso (ou seja, não existe um motivo)
e é estimulado, controlado e interrompido por fatores genéticos. Para que essa divisão
aconteça, é necessário falar de dois grupos nos quais as células são divididas: o
primeiro deles é o das células somáticas (células que compõem os órgãos, 23 pares
de cromossomos); e o segundo é o das células sexuais (responsáveis pela existência
da reprodução sexuada). As células dividem-se por meio de processos de mitose e
meiose nos quais seu material genético, com todas as suas informações, é passado
adiante. Nesse caso, patologias genéticas também podem ser passadas adiante se
o DNA dividir-se de forma errada e esse erro passa pela seleção e reparo das células.
Processo complexo, em que uma célula dá origem à outra.

A mitose acontece por uma sequência de processos, sendo que, ao final, uma célula,
denominada célula-mãe, dá origem a outras duas, as células-filha. As células-filha
terão a mesma quantidade de cromossomos existentes na célula-mãe, sendo, então,
uma cópia. Esse tipo de divisão está relacionado à reprodução assexuada. Já a
meiose acontece de forma diferente. A célula-mãe dará origem a mais quatro células,
sendo que essas terão apenas metade dos cromossomos da célula-mãe, e, por isso, a
meiose está relacionada à reprodução sexuada.

Tecidos e epitélio, tecido conjuntivo e tecido


muscular
Tecidos são grupos organizados de células que realizam funções específicas no
organismo, geralmente, sua origem é embrionária, e podem ser classificados em
três tipos básicos: tecido epitelial, tecido conjuntivo e tecido muscular. Cada um
deles apresenta uma organização e funções características. Todos os três tipos de
tecidos contribuem para a homeostasia, e proporcionam diversas funções, entre elas

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a de proteger, sustentar, realizar comunicação entre células e produzir resistência a
doenças. Segundo Tortora e Nielsen (2017, p. 106):

Os tecidos do corpo desenvolvem-se a partir de três camadas


germinativas primárias, os tecidos formados no embrião humano,
chamados de ectoderma, endoderma e mesoderma. Os tecidos epiteliais
se desenvolvem a partir de três camadas germinativas primárias. Todos
os tecidos conjuntivos e a maioria dos tecidos musculares derivam do
mesoderma. O tecido nervoso se desenvolve a partir do ectoderma.

O tecido epitelial tem em sua composição apenas células, que ficam dispostas em
lâminas contínuas, podendo ter camadas múltiplas ou simples. Possui pouca substância
intersticial e com grande coesão, não sendo possível encontrar vasos sanguíneos. As
suas principais funções são: barreiras que irão limitar ou auxiliar na transferência de
substâncias para a parte interna ou externa do corpo; possuir superfícies secretoras
capazes de liberar produtos que foram produzidos pelas células em sua superfície
livre; possuir superfícies protetoras resistentes às influências abrasivas do ambiente.

O epitélio de revestimento e cobertura e o epitélio glandular são os dois tipos de tecido


epitelial, sendo o primeiro uma forma de cobertura externa da pele e também de alguns
órgãos internos, e faz o revestimento interno de vasos sanguíneos, ductos, cavidade do
corpo e do interior de sistemas genitais masculino e feminino. Já o epitélio glandular
constitui a parte secretora das glândulas.

O tecido conjuntivo é o tipo de tecido em maior quantidade distribuído no corpo. Está


localizado abaixo do epitélio e sua função é a de sustentar e nutrir os tecidos sem
suprimento sanguíneo, de proteger e isolar órgãos internos; é o principal sistema de
transporte dentro do corpo, pois, o sangue é considerado um tecido conjuntivo líquido,
e entre suas funções está a de ser o principal local para armazenamento de energia e
fonte de resposta imune (TORTORA; NIELSEN, 2017).

Conhecido como o tecido conectivo, suas fibras podem ser divididas em três tipos,
fibras colágenas, elastinas e reticulares. Os tipos de células que compõem os tecidos
conjuntivos variam de acordo com o tipo de tecido, e incluem fibroblastos, adipócitos,
mastócitos, leucócitos, macrófagos e plasmócitos. O tecido conjuntivo pode ser
dividido em tecido muscular e tecido nervoso.

O tecido muscular é formado por células alongadas, responsáveis pela contração e


relaxamento corporal, utiliza força produzida pelo ATP (trifosfato de adenosina). O
tecido muscular produz os movimentos do corpo, gera calor e mantém a postura. Pode
ser classificado como tecido muscular esquelético (estriado, voluntário, musculatura

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superficial do corpo), tecido muscular cardíaco (forma as paredes do coração), e
tecido muscular liso (involuntário, parede dos órgãos).

O tecido nervoso é o mais especializado do organismo, constitui o sistema nervoso, é


composto por dois tipos de células, os neurônios e neuróglia. É um tecido sensível a
estímulos internos ou externos do corpo humano.

Transporte de membrana e homeostasia


Para sobreviver, todas as células do organismo devem construir um ambiente
favorável, ou seja, um meio individualizado com características próprias. Para que
isso ocorra, é essencial o mecanismo intrínseco, que irá controlar o meio interno das
células em relação ao meio externo. A permeabilidade de uma membrana é definida
pela capacidade dela ser atravessada ou não por algumas substâncias. Em uma
solução, tem-se o solvente, meio líquido dispersante, e o soluto, partícula dissolvida.
Conforme a sua permeabilidade, há quatro classificações: permeável, impermeável,
semipermeável e seletivamente permeável.

A passagem de partículas vai ocorrer sempre de um lugar com maior concentração


para um outro com menor concentração. Isso acontece até que a distribuição das
partículas seja uniforme. A membrana celular pode ser entendida como uma barreira
que limita o meio extracelular e intracelular, composta de fosfolipídeos, ela garante que
seja imisturável com relação a componentes internos e externos da célula, garantindo
assim a delimitação de trânsito de substância. Entretanto, essa limitação é reservada
a um grupo de substâncias, pois as lipossolúveis podem atravessá-la.

A principal característica para a continuidade da vida celular é que ocorra transporte


de substâncias pela membrana plasmática. Para manter as reações metabólicas, é
preciso que certas substâncias se movimentem para o interior da célula e que outras
que foram produzidas pela célula sejam movidas para o exterior. Dependendo do
nível de energia celular, podemos classificar o processo de transporte em processos
passivos e ativos. Segundo Tortora e Nielsen (2017, p. 64), “[...] nos processos ativos,
a energia celular é usada para levar a substância ladeira acima, contra seu gradiente
de concentração ou elétrico”. Nesse caso temos como exemplo o transporte ativo, que
requer energia. É necessária energia para que as proteínas de transporte movimentem
os solutos pela membrana até se unir ao gradiente de concentração (pode ser químico
ou elétrico). Com esse transporte, a molécula transportada se une à que fará o
transporte, liberando após a molécula já carregada em outro lado da membrana, e
depois de um tempo retornará ao seu local de início. Já a bomba de sódio e potássio

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se une ao íon Na+ da membrana interna e é liberada no meio externo, que por sua vez
irá se ligar ao íon de K+ e voltará para o meio interno, isso ocorre graças à energia, que
é resultado da hidrólise de ATP.

Nos processos passivos, através da membrana há uma movimentação de substâncias


ao longo do seu gradiente de concentração ou elétrico, e utilizando apenas sua própria
energia de movimento, caracterizando assim o transporte passivo, pois ocorreu a
difusão, que misturou de forma aleatória partículas utilizando energia cinética. Essa
difusão pode ser simples ou facilitada. Outro tipo de difusão é a osmose, processo no
qual há movimento efetivo de um solvente pela membrana seletivamente permeável.

O transporte de membranas tem como característica a seleção de certas substâncias


que irão entrar e sair, conservando assim o que chamamos de homeostasia. A palavra
deriva dos termos gregos homeo (similar ou igual) e stasis (aquilo que é estático). A
homeostasia tem como função manter o equilíbrio do meio interno, garantido assim
que as funções do organismo continuem sendo realizadas de forma adequada.

Destaca-se como ponto importante da homeostasia a manutenção do volume e da


composição dos líquidos corporais. Segundo Tortora e Nielsen (2017, p. 8):

O líquido dentro das células é chamado de líquido intracelular, abreviado


como LIC. O líquido que banha as células é chamado de líquido extracelular,
abreviado como LEC. O LEC que preenche os estreitos espaços entre as
células do tecido é conhecido como líquido intersticial.

Para que ocorra o funcionamento adequado das células, é necessária a regulação


da composição de seu líquido circundante. É por isso que muitas vezes o líquido
intersticial é citado como meio interno do corpo. As perturbações provocadas para a
perturbação da homeostasia podem vir do meio externo (por exemplo, o calor intenso
de um verão) ou do meio interno (como o dia em que você fica sem o café da manhã
e por isso o nível de glicose fica baixo). Geralmente os desequilíbrios de homeostasia
são temporários e moderados, e as respostas das células são rápidas, restaurando o
equilíbrio interno.

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Conclusão
• A anatomia pode ser entendida como a ciência que estuda a formação, a es-
trutura e organização dos seres vivos, de forma externa e internamente. Já a
fisiologia é a ciência que estuda as funções da matéria viva, investiga as fun-
cionalidades orgânicas, e os processos e atividades vitais.
• A primeira forma de estudo da anatomia era a dissecação. Para os estudos
iniciais de fisiologia, o corpo era composto de quatro diferentes fluidos e pos-
suía órgãos principais, o coração, o cérebro e o fígado.
• O corpo humano é dividido em cabeça, tronco e membros. Tem como descri-
ções anatômicas os planos sagital, frontal, transversal e oblíquo.
• Seis são os níveis para a organização estrutural do corpo humano: o nível
químico, o celular, o tecidual, o orgânico, o sistêmico e o organismo. E esses
seis níveis são responsáveis pela formação de um indivíduo vivo, que possui
11 sistemas.
• A célula é a composição de todos os organismos vivos, sendo possível afir-
mar que nenhum organismo é um ser vivo se não possuir pelo menos uma
célula. Sua divisão é um processo que ocorre por acaso (ou seja, não existe
um motivo) e é estimulado, controlado e interrompido por fatores genéticos.
As células dividem-se por meio de processos de mitose e meiose. A mitose
acontece por uma sequência de processos, sendo que, ao final, uma célula,
denominada célula-mãe, dá origem a outras duas, as células-filha.
• Tecidos são grupos organizados de células que realizam funções específicas
no organismo. Geralmente têm origem embrionária e podem ser classificados
em três tipos básicos: tecido epitelial, tecido conjuntivo e tecido muscular.
Cada um deles apresenta uma organização e funções características.
• O transporte de material através da membrana plasmática é essencial à vida
da célula. Para manter as reações metabólicas, é preciso que certas substân-
cias se movimentem para o interior da célula e outras que foram produzidas
pela célula sejam movidas para o exterior.
• Quando há movimentos de substâncias ao longo do gradiente de concentra-
ção feito pela membrana, utilizando sua própria energia, damos o nome de
processo passivo. A energia para que esse processo ocorra é a energia celular.
• Para que se tenha o equilíbrio no meio interno do corpo, é necessária a ho-
meostasia, que agirá como uma reguladora dos processos do corpo.

15
Saiba mais
Foram apresentados brevemente os processos de divisão
e metabolismo celular. Esses processos são extremamente
importantes para a célula sadia e para manter a homeostase. Para
complementar seus estudos, temos a seguir um artigo interessante.
Acesse!

HEGENBERG, L. Evolução histórica do conceito de doença. Rio de


Janeiro: Fiocruz, 1998. Disponível em: https://books.scielo.org/id/
pdj2h/pdf/hegenberg-9788575412589-03.pdf Acesso em: 9 fev.
2018.

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Referências
HEGENBERG, L. Evolução histórica do conceito de doença. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.
Disponível em: http://books.scielo.org/id/pdj2h/pdf/hegenberg-9788575412589-03.
pdf. Acesso em: 14 Abr. 2023.

Santos, N. C. M. Anatomia e fisiologia humana. 2. ed. São Paulo: Érica, 2014.

Silverthorn, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Tradução de


Ivana Beatrice Mânica da Cruz... [et al.]. Porto Alegre: Artmed, 2010.

TORTORA, G. J.; NIELSEN, Mark T. Princípios de anatomia humana. Tradução de


Alexandre Werneck e Cláudia Lúcia Caetano de Araújo. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

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