A Boa Parte - Matheus M.

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A boa parte

A boa parte

Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher,


chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã,
chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-
lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada
em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te
importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir
sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o
Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas
coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria,
pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. Lc 10.38-42

É interessante notar que Marta tinha boa intenção. Ela realmente se empenhou para ser
uma excelente anfitriã quando receberam o Senhor Jesus. Isso nos mostra que nem sempre a
boa intenção pode ser levada em conta, contanto que a vontade de Deus de fato se estabeleça
em nossas vidas. O que estou querendo dizer é que há muitas pessoas bem intencionadas mas
não consideram de fato qual a vontade de Deus. Jesus disse que sua comida consistia em fazer
a vontade do Pai (Jo 4.34). O que devemos então levar em conta é mais do que a motivação do
o que estamos fazendo, mas o que de fato estamos fazendo. Marta tinha boa intenção, mas
ainda sim foi advertida porque não escolheu a melhor parte.
Mas qual é de fato a melhor parte? Se assentar aos pés de Jesus. Gosto da expressão na
tradução ARA - quedava-se. No original, “parakathizó”, que significa “sentar junto” ou “estar
junto”. O que é mais importante é aquilo para o qual eu e você fomos criados e existimos que
é buscar a Deus, conter a Deus. A postura de Maria nos diz algo: aquilo que mais de
importante existe nas nossas vidas é a presença do Senhor Jesus, e absolutamente nada deve
concorrer com isso.
A lição que temos através do comportamento de Marta é que existem coisas que são
boas de fato, legitimas e licitas em si mesmas, mas não são a melhor parte e, digo mais, podem
roubar o nosso foco, a boa parte.
As distrações da vida podem roubar o nosso foco da melhor parte. Elas acabam nos
puxando para um lugar errado, ainda que essas coisas não sejam erradas em si mesmas.

A distração como estratégia de Satanás

Depois, foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o


SENHOR, Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre
uma festa no deserto. Respondeu Faraó: Quem é o SENHOR para que
lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o SENHOR, nem
tampouco deixarei ir a Israel. Eles prosseguiram: O Deus dos hebreus
nos encontrou; deixa-nos ir, pois, caminho de três dias ao deserto, para
que ofereçamos sacrifícios ao SENHOR, nosso Deus, e não venha ele
sobre nós com pestilência ou com espada. Então, lhes disse o rei do
Egito: Por que, Moisés e Arão, por que interrompeis o povo no seu
trabalho? Ide às vossas tarefas. Disse também Faraó: O povo da terra já
é muito, e vós o distraís das suas tarefas. Ex 5.1-5

Há princípios maravilhosos neste texto. Em primeiro, o alvo de Deus ao conduzir o


povo em liberdade é para que “celebrem" e “ofereçam sacrifícios”, isto é, que me adorem. O
propósito de Deus não era apenas tirar o povo da condição de escravidão, mas a proximidade.
O propósito era trazê-los para um lugar de comunhão com Deus, de adoração a Deus, de
relacionamento com Deus. O propósito da redenção é a proximidade (Hb 10.9).
Há outro principio aqui, a reação de Faraó. No v.5, a bíblia diz que a conclusão de Faraó
era que Moises e Arão estavam dispersando o povo, isto é, o conceito de Faraó a respeito de
adoração é distração. Mas qual a maneira que Faraó tenta dissuadir o povo a não pensar em
adoração: lhes atribuindo TAREFAS. Isso mesmo! O conceito de adoração a Deus para o
mundo é distração. E a maneira como Satanás tenta no dissuadir a não adorar a Deus é nos
impondo DISTRAÇÕES.
Faraó no velho testamento tipifica Satanás (escravizava o povo), que antes nos
escravizava no pecado. O Egito tipifica o mundo segundo o qual vivíamos. Cl 1.3 diz que Deus
nos arrancou do império das trevas e nos transportou para o império da sua luz.
Mas quando que a nação de Israel sai do Egito? Quando a Páscoa é celebrada.

Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de
fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi
imolado. Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem
com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da
sinceridade e da verdade. 1 Co 5.7-8

Paulo esta fazendo um paralelo do que aconteceu com a nação de Israel e o que
aconteceu conosco. Quando a nação sai do Egito e chegam ao monte Sinai a declaração que
Deus faz a Israel é a mesma que Pedro faz ao nosso respeito em 1 Pe 2.9-10.

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós,
sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não
tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.

A estratégia de Satanás era impor tarefas, de maneira que as mesmas se lhe tornassem
distração para que o povo não prospectassem mais a libertação e, consequentemente, adoração.
É interessante ver que ao longo das gerações, sua estratégia se mantem a mesma.
Eu realmente acredito que este seja o mal de nosso século. A tecnologia se tornou uma
arma poderosa nas mãos do diabo para a distração do povo de Deus. Não estou no time
daqueles que "demonizam" a tecnologia e seu uso. Acredito que, até certo ponto, pode sim
contribuir com a propagação do evangelho assim como as cartas foram um meio para a
edificação das igrejas nos primeiros séculos. Mas o fato é que a maior parte dos cristãos não
sabem lhe dar com ela. Acredito piamente que este seja um dos grandes desafios de nossa
geração: lhe dar com as distrações tecnológicas. Se naquela época já havia distrações suficientes
para tirar-lhes a atenção de seu propósito, quanto mais nos dias de hoje. Obviamente que
existem muitas coisas que podem se tornar distração: trabalho, dinheiro, reputação, sonhos
pessoais, entre tantas outras coisas. Mas creio que falar de tecnologia nos dias de hoje se torna
algo oportuno a nós como igreja.

O exemplo da parábola de Lucas


Eu disse sobre a tecnologia ser o mal deste século. Mas também jamais deveríamos
desconsiderar a alerta de Jesus sobre as riquezas deste mundo.

”Ora, ouvindo tais palavras, um dos que estavam com ele à mesa, disse-
lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus. Ele,
porém, respondeu: Certo homem deu uma grande ceia e convidou
muitos. À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados:
Vinde, porque tudo já está preparado. Não obstante, todos, à uma,
começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso
ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. Outro disse: Comprei cinco
juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenhas por
escusado. E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir. Voltando o
servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao
seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui
os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. Depois, lhe disse o servo:
Senhor, feito está como mandaste, e ainda há lugar. Respondeu-lhe o
senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que
fique cheia a minha casa. Porque vos declaro que nenhum daqueles
homens que foram convidados provará a minha ceia.“
Lucas 14:15-24

Em outro contexto, Jesus diz que não podemos ter dois “senhores”. Não podemos
servir a Deus e as riquezas (Mt 6.24). A palavra “servo” por vezes na Bíblia vem de “doulos”
no original que significa escravo. Todo escravo tem seu senhor. Não devemos ter o o dinheiro
como nosso “senhor” mas Deus somente.
Há muitas pessoas que ainda servem o dinheiro mas não são servidos por exemplo.
Acreditam realmente que a sua vida consiste nas riquezas que possui, mas isso é um grande
engano. A nossa consiste, como vimos no primeiro texto de Lucas, em uma só coisa: conhecer
a Deus (ler Jo 17.3).

Propósito existencial: “Para que buscássemos”

O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do
céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem
é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois
ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez
toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo
fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua
habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam
achar, bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e
nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito:
Porque dele também somos geração. At 17.24-28

Nós existimos para buscar a Deus. A razão de nossa existência é buscá-lo. Nós não
podemos que, aquilo que é a razão de nossa existência, seja comprometido pelas distrações da
vida. Não podemos permitir que as coisas dessa vida que são importantes, passam a ser mais
importantes do que aquilo que de fato importa. Buscar o Senhor é o mais importante.

Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem


que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento
dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da
glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos
a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como
vossos servos, por amor de Jesus. 2 Co 4.3-5

A Bíblia diz que a estratégia de Satanás é cegar o entendimento dos incrédulos de modo
que eles não creem no evangelho. Mas acredito ser essa também a estratégia de Satanás quanto
a nós que já cremos no evangelho. Nos manter inconsciente das verdades contidas no
evangelho.

Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo
é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de
ser. 1 Tm 4.8

Ordena e ensina estas coisas. Ninguém despreze a tua mocidade; pelo


contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no
amor, na fé, na pureza. Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à
exortação, ao ensino. Não te faças negligente para com o dom que há
em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das
mãos do presbitério. Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o
teu progresso a todos seja manifesto. Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás
tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes. 1 Tm 4.13-16

Alguém disse que uma das coisas notórias das redes sociais nos dias de hoje é que,
naquele dia, iremos concluir que não temos desculpas para dizer que não tínhamos tempo para
orar, meditar, ler a bíblia, investir tempo na presença de Deus.
Precisamos prosseguir com nossos olhos bem abertos para que nós usemos a tecnologia
ao invés de sermos usados por ela.

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