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AULA 1

BRANDING E MARKETING
DIGITAL

Profª Fernanda Domingues


CONVERSA INICIAL

Esta aula trará uma introdução sobre digital branding e como sua jornada
vem se transformando constantemente a partir da tecnologia e do marketing
digital.

TEMA 1 – INTRODUÇÃO

Antes de começar a nossa aula, vamos fazer uma viagem pelo tempo.
Vamos imaginar quando nossos pais precisavam comprar um tênis novo, por
exemplo.
A necessidade de compra desse tênis poderia surgir, naquela época, por
um comercial na TV com determinado ator ou atriz segurando aquele tênis. Ou
esse gatilho poderia ter surgido através de algum filme que seu pai foi assistir
pessoalmente no cinema. Seu pai pode ter também observado seu jogador
favorito da seleção brasileira usando esse tênis e quis comprar um igual.
Depois de ser impactado por esses canais, seu pai toma uma decisão. Ele
vai até a loja de calçados mais próxima e compra o sonhado tênis. Pronto, mais
uma vez, os investimentos em marketing foram convertidos em renda.
Para essa conversão, coube aos gerentes de marketing da empresa em
questão colocar o tênis na mão das pessoas certas, nos horários certos e nos
locais certos. Respectivamente, no comercial da televisão, no filme em estreia no
cinema e na partida de futebol. Tudo isso em, no máximo, 3 meses.
Em nenhum momento desse ciclo a empresa precisou interagir diretamente
com os seus potenciais consumidores. A publicidade foi transmitida em uma via
de mão única.
Os gerentes puderam ter acesso à audiência no horário em que o comercial
ou a partida de futebol foi veiculada na TV, bem como a quantidade de ingressos
vendidos no filme em que o famoso tênis apareceu. Isso deu os insumos
necessários para que a equipe de marketing pudesse mensurar o sucesso (ou o
fracasso) de seus esforços e investimentos.

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Figura 1 – Os famosos Air Jordans da Nike, febre até os dias de hoje, por meio do
ídolo do basquete Michael Jordan

Créditos: Creator/Shutterstock.

Nos últimos anos, com a revolução trazida pela internet, esse ciclo de
marketing mudou radicalmente. A internet criou uma jornada de compra muito
mais dinâmica do que a antiga jornada dos nossos pais, quando um comercial de
TV era suficiente para estimulá-los a comprar algum produto ou serviço.
As redes sociais criaram uma via de mão dupla, na qual o público pode
interagir diretamente com a marca, e a marca se faz constantemente presente na
vida das pessoas, gerando valor e construindo um vínculo com as pessoas.
E é através dessa nova realidade que surgirão também novos desafios.
Pense um pouco: se as redes sociais são de graça e estão disponíveis o tempo
inteiro nas mãos das pessoas através dos smartphones, como estar no lugar certo
e na hora certa? Como fazer com que seus esforços de marketing não se tornem
uma mensagem dentro da garrafa, jogada ao grande mar livre que é a internet?
É a partir disso que o Digital Branding vai entrar em cena. O Digital Branding
é o que irá definir como ocorrerá toda a nossa trajetória online até nos decidirmos
por comprar o tênis. O Digital Branding vai definir todas as estratégias contidas

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nessa grande trajetória de decisão online, desde as mídias sociais, e-mail
marketing, até o e-commerce.
A verdade é que o branding teve que correr muito atrás de novos conceitos
e novas abordagens com a chegada da internet. Hoje você pode escolher o
próximo hotel onde quer se hospedar ou o próximo tênis para usar na academia
sem entrar em contato direto com o site ou com as redes sociais das empresas
que oferecem esses serviços ou produtos. Como?
Você pode escolher o próximo hotel onde quer se hospedar simplesmente
entrando no Trip Advisor, escolhendo a partir das recomendações personalizadas
que o serviço oferece. Ou, assistindo ao último vídeo do seu Youtuber favorito,
você se encantou com o hotel em que ele estava hospedado e decidiu que suas
próximas férias em família seriam lá.
Nessa nova realidade tão dinâmica e tão recente, as marcas estão se
readaptando e entendendo qual a melhor maneira de vender seus produtos e
serviços no mundo online.
Isso não quer dizer que o logotipo ou as cores escolhidas para a homepage
da sua empresa agora não importam mais, ou não irão fazer diferença na
captação de novos clientes. Nessa nova realidade, as marcas trarão engajamento
não somente com um design moderno em seus meios digitais, mas sim com um
design que contemple toda a experiência, desde o estímulo de compra até o
recebimento do produto nas mãos dos clientes. E é isso que nós vamos explorar
nessa disciplina.
Uma pesquisa levantada pelo Google mostrou que 75% das pessoas que
demonstram interesse sobre determinado produto pesquisam mais sobre ele na
internet antes de finalizar a compra. São 75% dos seus potenciais clientes. É muita
gente!
Sendo assim, não seria exagero dizer que a forma como você exibe seu
negócio na internet é tão importante quanto a forma que você o dispõe no meio
físico, no Ponto de Venda, no meio offline.
Além de treinamento dos funcionários, de arquitetura da loja e de uma
localização privilegiada na sua cidade ou bairro, a maneira como seu negócio é
exibido online também fará parte da experiência de compra. Assim, o digital
branding vem para apresentar estratégias eficientes para o seu negócio a partir
dessa nova forma híbrida de marketing, que é a integração entre o online e
offline.

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As redes sociais são ferramentas gratuitas e de fácil utilização que podem
ser muito bem exploradas, tanto no âmbito pessoal quanto no coorporativo. É
muito fácil criar uma página do Facebook ou do Instagram para o seu negócio,
impulsionando-o e o promovendo para muitos clientes em potencial.
É muito provável que em breve exista uma página do Facebook para cada
negócio que existe no mundo. Entretanto, será que todas as páginas do Facebook
necessariamente revertem esses cliques em vendas? Apenas criar uma página
nas redes sociais é suficiente para alavancar algum negócio? É claro que não.
Criar uma conta para sua empresa no Instagram ou no Facebook
simplesmente por criar, sem considerar os objetivos do seu negócio e aonde você
quer chegar, provavelmente surtirá nenhum efeito. A presença digital nas redes
sociais é gratuita e muito simples. O que iremos aprender aqui na disciplina de
Digital Branding é a transformar essa presença digital em conversão de clientes,
vendas e lucros para a sua marca.

TEMA 2 – BRANDING E DIGITAL BRANDING

Os significados de branding estão diretamente ligados ao significado da


marca. Segundo o American Marketing Association Dictionary (2021), branding é
o "nome, termo, design, símbolo, ou qualquer outro atributo que identifique o bem
ou serviço de um vendedor como diferente de outros vendedores".
Então, o branding se aplica desde a padaria que decidiu carimbar seus
sacos de pão com seu logotipo para se diferenciar da concorrência, até os
clássicos tênis da Nike, que podem ser reconhecidos à distância apenas pelo
símbolo da marca.

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Figura 2 – Alguém duvida que esse tênis é da Nike?

Créditos: Alejandro_Munoz/Shutterstock.

Por meio das cores, de um formato ou de um logotipo, como é o exemplo


do Tênis em questão, é possível associar automaticamente um produto a uma
marca, sem que o seu nome precise estar estampado em algum lugar, em letras
garrafais. Isso é branding, e um bom branding pode ser decisivo no momento de
compra.

2.1 Como o digital mudou o branding?

Antes da revolução digital, o caminho entre uma marca e o consumidor


poderia ser considerado uma via de mão única. Lógico, era possível entrar em
contato com a marca através dos famosos 0800 e demais serviços de atendimento
ao consumidor. Mas isso era um ato isolado, restrito apenas ao cliente que
realizava a chamada e ao funcionário da empresa que atendia.
Hoje, por meio das mídias sociais e da revolução digital, a forma como
podemos interagir com nossa marca e produtos favoritos é quase infinita.
Para você entender, vamos imaginar que você precise comprar um carro.
Claro, você conhece, por nome, as principais fabricantes de carro disponíveis na
sua região. Mas, através de uma pesquisa despretensiosa no Google, é possível

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que, sem acessar nenhum site direto de uma fabricante de carros, você faça sua
escolha baseada completamente em opiniões de outras pessoas que não estão
relacionadas diretamente a nenhuma marca de veículos. Sua decisão poderá ser
tomada de comentários nas redes sociais, vídeos ou resenhas no Youtube, por
exemplo.
É a partir disso que a internet e as mídias sociais criaram uma espécie de
palanque global, utilizado não somente pelas marcas, mas por toda uma rede de
pessoas e consumidores. E esse palanque pode abordar uma marca de maneira
fantástica e lucrativa, assim como pode acabar com a reputação de uma empresa
em minutos.
Se um Youtuber com milhões de seguidores divulga um vídeo falando mal
da minha marca, todo o esforço e investimento por anos que eu tive para associar
uma imagem positiva à minha companhia pode ser perdido em 60 segundos de
ataques e comentários negativos, gerando um prejuízo incalculável para o meu
negócio. Nesse cenário, empresas que não estiverem dispostas a investir e se
colocar nesse palanque global da melhor maneira possível vão ficar para trás.
Você pode ter noção disso que eu estou te falando de uma maneira muito
simples. Abra o YouTube e digite o nome da sua marca favorita na barra de
pesquisas, aperte a tecla enter e observe os resultados.
Eu digitei "Coca-Cola" e o primeiro vídeo que apareceu foi um institucional
criado pelo próprio time da marca, com mais de 42 milhões de visualizações. O
segundo vídeo é uma música produzida por artistas independentes intitulada
"Coca-Cola". O terceiro vídeo é sobre a história da Coca-Cola, produzido por um
autor desconhecido, sem vínculo aparente com a marca; esse vídeo tem
aproximadamente 40 milhões de visualizações. O quarto vídeo que aparece na
minha pesquisa é o tão famoso experimento de misturar balas Mentos com Coca-
Cola. E os próximos vídeos são todos relacionados com músicas sertanejas de
artistas independentes que, em algum momento de suas músicas, citaram a
bebida.
Então, nessa minha pesquisa audiovisual sobre a marca, eu tive contato
com apenas um vídeo produzido diretamente pela equipe de marketing da Coca-
Cola. Todos os demais foram produzidos por pessoas que não tinham relação
alguma com a empresa, e que tampouco estavam sendo pagas para fazê-lo.

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E esse é um dos pontos cruciais do Digital Branding. A experiência de
compra agora pode partir de muitos pontos independentes não relacionados às
empresas, e que não são possíveis de se controlar diretamente.
Indiretamente, porém, por meio do branding e do digital branding, é
possível de alguma forma controlar como a marca se apresenta para o público, e
como as impressões reverberadas espontaneamente no palanque mundial serão
positivas e reverterão lucros para as empresas.
Voltando para o exemplo da Coca-Cola, na minha pesquisa, encontrei
várias músicas que citaram a empresa ou a bebida. Por que esses cantores
fizeram isso? O que os levou a compor e divulgar essas músicas na internet,
mesmo que a Coca-Cola não os pague por isso?
A resposta é que, de alguma forma, esses cantores tinham um laço
emocional com a Coca-Cola. Então, a Coca-Cola, como empresa, não pode
controlar diretamente o que as pessoas produzem sobre a sua marca. O que é
possível é controlar a imagem da marca, e fazer com que laços emocionais e
lembranças positivas sejam formadas.
Assim, em resumo, o digital branding é a personalidade das marcas gerada
através de uma soma de experiências que não partem necessariamente e
diretamente dos times de marketing das empresas. Aqui é importante que a gente
estude o conceito de touchpoint ou ponto de contato.
Touchpoint
São pontos de contato criados pelas companhias através do quais o público
geral pode interagir ou se engajar com algum dos produtos ou serviços oferecidos
por essa empresa. Como vimos anteriormente, por meio do exemplo da Coca-
Cola, a grande questão é que esses pontos de contato muitas vezes não serão
criados diretamente pelas empresas-proprietárias, e isso deve ser um ponto de
atenção. Hoje podemos encontrar vários fóruns, aplicativos e sites que fornecem
resenhas e avaliações diretas sobre Hotéis e serviços de hospedagem, e que não
possuem nenhum vínculo direto com os hotéis ou não são pagos por eles.
Os dias em que era possível segmentar com clareza as comunicações de
marketing nas categorias tradicional e digital ficaram para trás. Hoje, de certa
forma, todo o marketing passa pelo digital, e mesmo a publicidade impressa ou
audiovisual não estão imunes às mudanças criadas através dos canais digitais.
Faça esse experimento: ligue sua TV e assista aos comerciais divulgados.
Repare em quantos desses comerciais você, como consumidor, é provocado a

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interagir no ambiente online com as empresas, seja por meio dos famosos QR
Codes inseridos no canto da tela ou por meio de chamadas como "acesse nosso
site e confira nossos descontos exclusivos!".

Figura 3 – Os QR Codes estão em todos os lugares, provocando-nos a interagir


digitalmente com as marcas

Créditos: Tzido Sun/Shutterstock.

Assim, agora, com todo esse conhecimento, vamos começar a explorar o


nosso papel para fazermos com que a nossa marca seja forte, e todos os nossos
esforços sejam convertidos em vendas por meio da construção de uma
personalidade digital concreta, forte e estável.

TEMA 3 – DIGITAL BRANDING COMO PONTE ENTRE OS OBJETIVOS DO


NEGÓCIO E OS OBJETIVOS DO CLIENTE

Como já vimos anteriormente, o digital branding não é simplesmente criar


uma página do Facebook ou no Instagram para a sua empresa. Digital Branding
é criar laços com possíveis consumidores e gerar encantamento através dessa
presença digital.
Para que isso aconteça, o primeiro passo é ter muito claro qual é o objetivo
da sua presença nas mídias digitais e aonde você quer chegar com seus esforços
nesses canais digitais. Além disso, é necessário que seus objetivos e esforços

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estejam também alinhados aos objetivos do seu público-alvo. Pergunte-se: O
serviço e produto que estou divulgando atendem às expectativas do meu público-
alvo? O que essas pessoas precisam e procuram? Quais são as suas
motivações?
Portanto, o valor entregue pelo digital branding nada mais será do que esse
alinhamento entre os seus objetivos e os objetivos do seu público-alvo, gerando
assim um forte elo e cadeia de valor.
Então, a partir de agora, começaremos a investigar as maneiras como o
Digital Branding pode criar essa ponte entre os objetivos do negócio e os objetivos
do cliente, motivando esse cliente a subir no palanque global da internet, gerando
repercussão positiva para seu negócio. O valor que sua marca poderá gerar vem
acompanhado de uma cadeia de experiências de produto serviço, e da marca em
si. Entende-se, então, que um dos principais objetivos dessa cadeira é gerar
valor.
Quando alguém está procurando adquirir um serviço ou produto, sejam eles
de baixa ou alta complexidade, a primeira coisa que uma empresa pode
proporcionar de valor para atrair esse consumidor é entregar conteúdo. Um
conteúdo de qualidade é capaz de captar possíveis clientes ainda na primeira
etapa de sua jornada, que é quando esse indivíduo começa a pesquisar e se
familiarizar com seus objetos de desejo.
Nessa etapa, muitas vezes, a marca pode entrar com um papel de
educadora. Por exemplo, o meu negócio consiste em desenvolver websites para
outras empresas. Um ponto de partida possível seria começar, através das
minhas redes sociais, por exemplo, a divulgar a importância de que cada empresa
tenha seu próprio website e quais são os benefícios e lucros gerados a partir disso.
Com isso, também estou trazendo para a minha marca uma imagem de confiança
e competência. Por meio desse conteúdo de qualidade, vou demonstrar o quanto
eu domino sobre o assunto, e assim estarei gerando valor para a minha marca.
Nessa etapa, você pode estar se perguntando: e como seria essa entrega
de valor no caso de bens de consumo embalados ou produtos físicos que as
pessoas adquirem? Produtos abundantemente disponíveis nas prateleiras das
lojas e mercados são fáceis de se adquirir e, na maioria das vezes, não
necessitam que o consumidor seja educado sobre sua importância, como no caso
dos websites. Nesse caso, podemos gerar valor ao estimular o engajamento do

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público com algum conceito e gerar algum tipo de discussão entre o público que
se interessa (ou não) por esses produtos.
Um exemplo é a Dove, que há 12 anos estimula o debate sobre a real
beleza por meio do marketing de seus produtos. Por meio das campanhas sobre
seus sabonetes e shampoos, a empresa conseguiu gerar engajamento e
discussão social sobre o mito da beleza, no qual todas as mulheres precisam ser
altas, magras e seguir um determinado padrão estético, visto somente nas
passarelas, longe da vida cotidiana das pessoas.

Figura 4 – Exemplo de campanha "Real Beleza"

Créditos: Jacob Lund/Shutterstock.

Esse é um bom exemplo de como um bem de consumo simples, disponível


na maioria das prateleiras dos supermercados, pode entregar um valor
significativo para as pessoas. O valor que a Dove está entregando é uma
discussão social sobre o papel da mulher, tema de grande relevância e
importância para a sociedade. Isso, de forma orgânica e espontânea, reverte-se
em confiança e em uma ótima imagem para a marca, o que por consequência
gera mais vendas e lucros.
Tanto no exemplo hipotético da empresa que produz e comercializa
websites quando no exemplo da Dove, observamos que o ponto decisivo para se
gerar valor foi o conteúdo. Hoje, boa parte dos negócios globais bem-sucedidos

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estão todos os dias se dedicando a produzir e divulgar um bom conteúdo. E esse
conteúdo deve ser estrategicamente pensado para a lacuna entre o objetivo da
empresa e o objetivo do público-alvo. Em conteúdo posterior, dedicaremos nossa
atenção ao marketing de conteúdo; entretanto, nesse momento, vamos estudar
algumas dicas também de como começar a pensar nesse conteúdo de maneira
mais lógica e assertiva.
O primeiro conselho antes de se começar a produzir conteúdo é conhecer
a jornada do seu potencial consumidor. Ele é um consumidor que, por exemplo,
consome produtos para cabelos cacheados? Por onde ele vai começar sua
jornada de compra e conhecimento? Conversando com os amigos? Assistindo
aos vídeos do Youtube? É necessário que se conheça essa jornada do princípio
ao fim, para planejar com quais conteúdos e valores sua empresa poderá se
inserir estrategicamente dentro dessa rota.
Aqui, nesse momento, é aconselhável que você conte com a ajuda de
alguns experts no assunto, pessoas que tenham experiência e que já saibam
como produzir conteúdo de maneira profissional e assertiva. Esses profissionais
podem ser consultores de marca, profissionais especializados de marketing ou
agências de relações públicas. Outra alternativa de profissionais também são os
youtubers e produtores de conteúdo online, os chamados "blogueiros".

TEMA 4 – A JORNADA DO USUÁRIO

Após compreendermos a importância de gerarmos valor para a nossa


marca, alinhando os objetivos do nosso público-alvo com os do nosso negócio,
vamos explorar um pouco mais a jornada desse público, e em quais ferramentas
o Digital Branding pode se apoiar para compreender e se inserir nessa jornada.

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Uma dificuldade frequente que aparece no processo de mensuração da
jornada do nosso usuário é a interseção entre pontos de contato online e offline.
Se entendemos o digital branding como a soma de todas as experiências que um
consumidor tem com a nossa marca, conseguiremos mensurar as experiências
online desse consumidor, como veremos posteriormente. Mas como mensurar as
experiências offline, aquelas que acontecem nos nossos pontos de venda por
exemplo? Ou que ocorrem numa mesa de bar, em que amigos se aconselham e
discutem sobre quais produtos ou serviços estão mais bem alinhados com as suas
expectativas?
Para compreender isso, vamos analisar como se dá essa jornada de
usuário por meio de algumas situações hipotéticas. Por exemplo, minha empresa
precisa de um website mais confiável e que sempre fique no ar. Essa necessidade
surgiu porque, analisando a concorrência, eu observei como o website da minha
empresa era defasado, falhando todas as vezes em que algum potencial
consumidor tentava fazer sua compra online. Como e onde eu vou procurar uma
empresa para fazer esse serviço para mim?
O primeiro ponto a se levar em consideração, nesse caso, é que eu estou
tentando mitigar erros, ou seja, eu estou tentando cercar todas as probabilidades
de erro que eu já tive. Para isso, provavelmente eu farei uma pesquisa profunda
sobre possíveis fornecedores e prestadores desse serviço.
Essa pesquisa pode começar, por exemplo, através de uma conversa com
meus próprios colegas e funcionários. Eu também posso acessar um portal de
tecnologia ou assinar uma newsletter só com informações de criadores de
plataformas para de e-commerce. Eu também posso pedir a opinião de alguém
via Twitter, Facebook ou Instagram. Esse é um bom exemplo de jornada do
usuário que caminhou entre offline e online. A maior parte dessa pesquisa até se
decidir pela compra foi feita online. Porém, alguns pontos offline, como a opinião
de terceiros, tanto pessoalmente quanto via redes sociais, tiveram papel decisivo.
A principal estratégia que uma empresa pode adotar nessa jornada é
oferecer o conteúdo. Porque, nesse exemplo, tratava-se de uma decisão muito
complexa na qual o consumidor precisou fazer diversas pesquisas para conseguir
chegar em uma escolha. Então, nesse caso, o digital branding será feito de
maneira extremamente assertiva quando uma empresa oferecer um bom
conteúdo, que esclareça dúvidas e dê segurança para quem deseja comprar.

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Agora, vamos analisar um segundo exemplo de jornada do usuário. Estou
planejando as minhas férias e quero pesquisar o local onde vou me hospedar, e
como vou chegar a ele. Para isso, eu quero simular os dias em que irei ficar
hospedado nesse hotel, seu valor, quais são as opções de passagens áreas e
trajetos. Nessa simulação, eu precisei me conectar a várias empresas; para que
elas se diferenciem e atraiam a minha compra, elas precisam que eu esteja
engajada e confiante.
O primeiro ponto que as empresas devem levar nessa jornada é que,
possivelmente, o consumidor acessará seus serviços através de um smartphone.
Então, a página de simulação e compra online deve estar preparada para acessos
a partir desses dispositivos.
Uma segunda estratégia seria fornecer iscas para o consumidor durante
esse processo de simulação. Por exemplo, antes de começar a simular as minhas
férias, eu precisei fazer um cadastro preenchendo meu nome e e-mail. Mesmo
que eu não realize minha compra naquele momento, a empresa que faz essas
simulações pode voltar a entrar em contato comigo e a oferecer ofertas e
estímulos personalizados para as minhas necessidades.
Existem vários autores que se concentram na jornada do usuário. E é
importante que as empresas tenham em vista algum modelo de jornada para
planejarem onde e como elas devem se inserir. Então, a primeira noção básica de
jornada de usuário que veremos é através do modelo do funil de vendas.

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Figura 5 – O Funil de Vendas

Fonte: Rowles, 2020.

Observando o topo do funil de vendas, primeiramente, temos os potenciais


consumidores no momento que estão pesquisando sobre determinado produto ou
serviço de interesse, adquirindo suas primeiras impressões.
Após esse primeiro contato, essa primeira pesquisa é que irá despertar o
interesse ativo. Nesse momento, o indivíduo realmente decidiu que precisa de
algum serviço ou produto e foca suas pesquisas nisso.
Seguidamente ao interesse ativo e à pesquisa, o consumidor realiza a
compra, seja no ponto de venda físico ou digital.
Seguidamente a essa compra, pode se construir o elo de lealdade entre o
consumidor e a empresa. Esse elo pode, inclusive, vir a despertar uma noção
vaga sobre aquele produto ou serviço para outras pessoas, o famoso "boca-a-
boca". Além disso, com o cadastro do comprador, a empresa pode voltar a entrar
em contato com o indivíduo, oferecendo promoções, cupons e informando sobre

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os últimos lançamentos da marca, podendo ser revertido mais uma vez em
compras.
Observando esse modelo do funil, fica mais fácil se calcular como, a cada
momento do funil de vendas, você pode estar preparado para captar mais clientes
e converter interesse em venda.

TEMA 5 – ESTUDO DE CASO

Para embasar todo esse conteúdo que estudamos até aqui, vamos analisar
ações de empresas que compreenderam muito bem o papel do Digital Branding e
usaram isso ao seu favor, convertendo estratégia em lucro.
Para gerar engajamento e trazer mais conteúdo e visibilidade para as suas
redes sociais, a Heineken na Europa nos traz uma ação de Digital Branding muito
interessante. Por meio de estudos e monitoramentos de comportamento do seu
consumidor, a empresa constatou que a maioria das pessoas que assistiam jogos
de futebol da Champions League assistiam sozinha sem casa, não frequentando
assiduamente os estádios de futebol onde ocorreriam as partidas. Esses
torcedores assistiam aos jogos de suas próprias casas através de seus aparelhos
de televisão, tablet ou smartphones. A Heineken também constatou que essas
pessoas, durante o jogo, comentavam assiduamente a partida no Twitter, sendo
assim uma experiência chamada pela empresa de "Multitela".
Então, a sacada da Heinekein para esse grande público multitela foi
disponibilizar conteúdo através de suas próprias redes sociais, como vídeos com
ângulos exclusivos da partida e entrevistas especiais com os técnicos e jogadores.
Através do Periscope, app de transmissões ao vivo do Twitter, a Heineken
também realizou lives em seu Twitter durante o jogo com conteúdos e comentários
exclusivos. Isso teve um impacto muito positivo para a marca, tanto em
comentários, compartilhamentos e interações nas suas redes sociais.
Independentemente de onde o torcedor estaria assistindo ao jogo, dava para
contar com a Heineken para ter uma experiência tão enriquecedora quanto como
se estivesse em um estádio.

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Figura 6 – Campanha

Créditos: Wordley/Shutterstock.

Então, depois de tudo que vimos nesta aula, podemos entender quão
importante é que as marcas gerem valor e fidelidade por meio das mídias digitais.
E sabemos que um dos principais canais online são as redes sociais. Em conteúdo
posterior, vamos estudar um pouco mais sobre como aplicar o Digital Branding às
redes sociais mais utilizadas do momento.

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REFERÊNCIAS

AMA. American Marketing Association Dictionary. Chicago, 2021. Disponível


em: <www.ama.gov>. Acesso em: 16 ago. 2021.

FAUSTINO, P. Marketing Digital na Prática: como criar do zero uma estratégia


de marketing digital para promover negócios ou produtos. São Paulo: DVS
Editora, 2019.

ROWLES, Daniel. Digital Branding: Estratégias, táticas e ferramentas para


impulsionar o seu negócio na era Digital. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica
Business, 2020.

THINK with Google. Micro-Moments. 2017. Disponível em:


<https://www.thinkwithgoogle.com/micromoments/intro.html>. Acesso em: 16 ago.
2021.

TORRES, C. A Bíblia do Marketing Digital. 2. ed. São Paulo: Novatec, 2018.

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