PAPEL TIMBRADO

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

__ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS-


AM.

Djanira Neves de Lima, brasileira, casada, aposentada, portadora do


Registro Geral sob o nº 0545687-8, inscrita no CPF sob o nº 073.736.192-15,
residente e domiciliada à Rua Afonso de Souza, 425, Raiz, Manaus – AM,
CEP: 69.068-260, por seu advogado que esta subscreve, conforme
procuração em anexo, com escritório profissional descrito em nota de
rodapé, onde recebe intimações e demais atos processuais, vem com o
costumeiro acatamento à presença de V. Exa., propor AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS COM TUTELA ANTECIPADA em desfavor
de BANCO BRADESCO S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no
CNPJ sob o n.º 60.746.948/0001-12, com sede na Cidade de Deus – Prédio
Prata – 4° andar, s/n.º, CEP: 06.029-900, Vila Yara – Osasco/SP, pelas razões
fáticas e jurídicas que passa a expor:

1. PRELIMINARMENTE:

1.1. Do benefício da justiça gratuita:

Com base na Lei 7.115, de 29/08/1983, e para finalidade do disposto


no Art. 4º, da Lei 1.060/50 e Constituição Federal, art. 5º, LXXIV, a parte
autora declara não poder arcar com o custo deste processo sem o sacrifício
do sustento próprio e de sua família, responsabilizando-se integralmente
pelo conteúdo da presente declaração.
1.2. Da inversão do ônus da Prova:

É importante ressaltar que a autora na qualidade de consumidora,


em visível situação de hipossuficiência e comprovada a verossimilhança dos
fatos a seguir demonstrados nesta inicial, está devidamente amparada pelo
instituto da inversão do ônus da prova, avocado pelo art. 6º, inciso VIII do
Código do Consumidor, que assim trata o assunto:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive


com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiência.

Assim Excelência, demonstrado está, a verossimilhança dos fatos


alegados pelo autor e seu estado de hipossuficiência em relação ao Réu,
roga-se pela concessão do benefício supracitado.

1.3. Da Prescrição:

O caso em apreço é considerado relação de consumo pelo artigo


3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor, ficando assim, também
sujeito ao prazo de cinco anos previsto pelo art. 27 do diploma.

Não se discute mais na doutrina sobre a aplicabilidade do Código


Consumerista em relações de natureza bancária, sendo o principal motivo a
tutela expressa do legislador sobre, in verbis:

Art. 3º [...]

§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material


ou imaterial.

§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado


de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista. (grifei).

Segundo o critério da especialidade, o Código de Defesa do


Consumidor é norma especial, e esta prevalece sobre norma geral, caso do
Código Civil.

Desta forma, por se tratar de relação de consumo deve ser adotado


o prazo quinquenal previsto no CDC.

Ademais, se trata de obrigação de trato sucessivo, cuja violação do


direito ocorre de forma contínua. Logo, o prazo prescricional é renovado em
cada prestação periódica não-cumprida, podendo cada parcela ser
fulminada isoladamente pelo decurso do tempo, sem, contudo, prejudicar as
posteriores (vide os julgados do STJ: AgRg no REsp 973.347/SC e AgRg nos
EDcl no REsp 1.405.542/SC).

2. DOS FATOS:
A parte autora possui conta corrente junto ao requerido e informa
que há anos a instituição financeira vem realizando descontos sob a rubrica
“CART CRED ANUIDAD” diretamente em sua conta bancária, contudo, em
razão da prescrição quinquenal, demonstrará apenas o período abaixo.
bb

A parte requerente desde já destaca NUNCA ter autorizado e/ou


contratado qualquer produto junto ao requerido que pudesse dar suporte
aos respectivos débitos, tendo inclusive por diversas vezes procurado sua
agência questionando o retromencionado débito, contudo, somente recebeu
respostas evasivas, o que impossibilitou a resolução do problema de forma
administrativa, não restando a parte requerente outra opção senão se
socorrer nesta D. Justiça.

Certo é, ainda, que a procedência de tais pretensões é imperiosa e


necessária para evitar que o Banco, ora Requerido permaneça violando,
constantemente, as garantias e direitos constitucionais e
infraconstitucionais dos consumidores brasileiros, atendendo, assim, seu
caráter repressivo, punitivo e pedagógico, pois é fato público e notório que
as condutas abusivas e ilegais praticadas pelo Requerido contra a parte
Requerente, infelizmente, acontecem constantemente, o que pode ser
constatado numa breve busca pelo nome deste banco, nas Consultas
Processuais da página do E. Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, as
quais devem ser veementemente repelidas e repreendidas pelo Poder
Judiciário, por ser medida de Justiça.

3. DO DIREITO:
3.1. Do Ato Ilícito e Da Responsabilidade Civil:
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra a tutela do
direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação de
direitos fundamentais:

"Art. 5º (...)
V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; (...)".

O ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a norma jurídica


destinada a proteger interesses alheios, violando direito subjetivo individual,
causando prejuízo a outrem e criando o dever de reparar tal lesão. Sendo
assim, o Código Civil define o ato ilícito em seu art. 186:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito".

Dessa forma, é previsto como ato ilícito aquele que cause dano a
outrem, como ocorre no caso em tela, onde o Requerente sofreu danos
morais, decorrentes dos atos ilícitos praticados exclusivamente pelo Banco,
ora Requerido.

Faça-se, ainda, constar preluzivo o art. 927, caput, in verbis:

"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e


187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo."

In casu, portanto, claro está que os prejuízos experimentados pelo


Requerente foram causados pela má prestação de serviços e, notadamente,
pela má-fé do Banco, ora Requerido, que resultou em grave violação de
diversos direitos previstos no Código Civil e no Código de Defesa do
Consumidor pátrios.
3.2. Da Desconstituição de Débito, Do Pagamento em Dobro
e da Indenização por Danos Morais:
A parte autora pleiteia a declara de inexigibilidade do débito lançado
em sua conta corrente inerente a reclamação; efetuar a devolução dos
valores descontados indevidamente na monta de R$757,75(setecentos e
cinquenta e sete reais e setenta e cinco centavos), que deverá ser
pago em dobro no valor de R$ 1.515,50 (mil quinhentos e quinze reais
e cinquenta centavos), a título de danos materiais, além de danos morais,
pleitos estes que encontram robusto fundamento em nossa legislação civil
pátria, senão vejamos:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e


187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Assim sendo, diante de tal abuso praticado pelo


Requerido, imperiosa é a desconstituição do débito
imposto ilegalmente ao Requerente. Ademais, o Código
de Defesa do Consumidor, em seu art. 42, ampara o
direito deste, em desconstituir o débito, bem como
determina o pagamento do valor em dobro da quantia
cobrada indevidamente, como ocorre no caso em tela:

“Art.42. (omissis).

Parágrafo único – O consumidor cobrado em


quantia indevida, tem direito a repetição do
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano
justificável”.

Já no que tange ao dano moral, sabe-se que existem circunstâncias


em que o ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua honra, sua
integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, causando-lhe,
enfim, mal-estar ou uma indisposição de natureza espiritual.

Sendo assim, a reparação, em tais casos, reside no pagamento de


uma soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao
lesado uma satisfação compensatória da sua dor íntima e dos dissabores
sofridos, em virtude da ação ilícita do lesionador.

Desse modo, a indenização pecuniária em razão de dano moral é


como um lenitivo que atenua, em parte, as consequências do prejuízo
sofrido, superando o déficit acarretado pelo dano.

E, como já esclarecido anteriormente, em decorrência da conduta de


má-fé, irresponsável e, principalmente, ilegal do Banco, ora Requerido, o
Requerente vem sofrendo com o enorme sentimento de impotência e de
desgaste emocional incomensurável, diante dos descontos indevidos e da
frustração e indignação, notadamente, diante da omissão e passividade do
Requerido diante dos problemas causados a Requerente, o que comprova o
descaso, deslealdade, desrespeito e o despreparo deste diante dos
consumidores brasileiros, in casu, da Requerente, a qual deve ser ressarcido
mediante indenização pelos danos morais que lhe foram impostos pelo
Requerido, de forma injusta e ilegal.

No que se refere aos direitos e garantias acerca da honra da


Requerente, bem como o dever de indenizar, da Requerida, os danos morais
sofridos por aquela, cumpre destacar que a lex mater, de forma clara e
objetiva, assim verbera em seu artigo 5º, incisos V e X, ad verbum:
“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

V – é assegurado o direito de resposta proporcional ao


agravo, além de indenização por dano material, moral
ou à imagem.

X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra


e a imagem das pessoas, assegurando o direito e a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação.”

4. DO PEDIDO:
Isto posto, é a presente para requerer ao(a) Nobre Magistrado(a) se
digne de:

a) Conceder o benefício da gratuidade de justiça, nos termos da Lei


1.060/50 e CPC;
b) Conceder o pedido de inversão do ônus da prova;
c) Proceder a citação do Requerido para, querendo, responder aos
termos da presente ação, sob pena de revelia e confissão;
d) A RESTITUIÇÃO EM DOBRO do valor R$ 757,75 (setecentos e
cinquenta e sete reais e setenta e cinco centavos), referentes
aos descontos indevidos realizados na conta corrente da parte
autora no período julho 2018 a julho 2022, TOTALIZANDO A
QUANTIA DE R$1.515,50(mil quinhentos e quinze reais e
cinquenta centavos), bem como as demais parcelas que
porventura venham a ser descontadas no decorrer do processo,
acrescidas de correção monetária e juros legais;
e) A condenação pelos danos morais in re ipsa no valor sugestivo de R$
20.000,00 (vinte mil reais), ou valor que atenda aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade e ao caráter pedagógico
punitivo da reparação;
f) Julgamento Antecipado da Lide.

Protesta desde já pela produção de todos os meios de provas em


direito permitidos.

Dá-se a causa o valor de R$ 21.515,50 (vinte e um mil


quinhentos e quinze reais e cinquenta centavos).

Termos em que,

Pede Deferimento.

Manaus-AM, 22 de julho de 2022.

Ivan Gleidson Trindade de Souza Farias

OAB/AM 11.908

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