Portfólio Final - MFC Einstein turma 06
Portfólio Final - MFC Einstein turma 06
Portfólio Final - MFC Einstein turma 06
Portfólio de acompanhamento de
atividades didáticas do curso de Pós-
Graduação em Medicina de Família e
Comunidade: Ensino e Assistência,
apresentado ao Instituto Israelita de
Ensino e Pesquisa Albert Einstein
São Paulo
Março/2024
APRESENTAÇÃO PESSOAL
Detalhe: a faculdade não poderia ser particular, muito menos fora de São
Paulo. Só havia duas opções: USP ou UNIFESP e ninguém tirava isso da minha
cabeça - cabeça a qual vejo hoje como restrita, imatura e insegura. Ou seria
ambição? Ou necessidade de aprovação e validação?
Eis que em março de 2014 o sonho virou realidade, mas sempre com aquela
pitada de emoção: aprovada na última vaga da última lista em uma das faculdades
que eu mais desejava. Hoje, sou formada há 4 anos em Medicina pela octagésima
segunda turma da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - Escola Paulista
de Medicina (EPM). Trá-cá-trá!
A graduação foi como o esperado - não vou citar aqui algumas greves, falta
e/ou desvio de verba federal e coisas do tipo. Ao longo do último ano de graduação,
fui percebendo que algo na minha mentalidade estava indo contra o fluxo lógico (ou
o que eu e a maioria dos meus colegas achávamos lógico): eu não queria prestar
prova de residência. E a cabeça dizendo: “É sério mesmo? E o que você vai dizer
aos outros quando perguntarem sua especialidade? Não precisa prestar a prova
agora, então. Mas depois você vai prestar … Não é? Afinal de contas, todo médico
tem que ter uma especialidade”. Então, se, naquele momento, eu não prestaria a
prova de residência, o que eu faria?
Alguns plantões de (r)emoção até que decidi tentar o famoso “postinho de
saúde”, o mesmo onde havia estagiado durante o quinto ano da graduação. Minha
antiga preceptora ainda trabalhava lá e eu já conhecia algumas Agentes
Comunitárias de Saúde (ACSs). A ideia era trabalhar para juntar dinheiro para a
residência enquanto estudava em paralelo. Doce ilusão. A rotina na Unidade Básica
de Saúde (UBS) não é moleza; associada ao sentimento de recém-formada de
querer abraçar os problemas do mundo e a uma pandemia sem precedentes,
imagina só … O burnout veio. Trabalhei por 15 meses em uma determinada
Organização de Saúde (OS) e esse tempo não foi de todo ruim. Fui preceptora dos
alunos do quinto ano de Medicina da EPM, pois a antiga preceptora estava afastada
devido à gestação em contexto de Covid; aprendi a estabelecer meus próprios
limites e a cuidar da minha saúde mental. Decidi, então, sair do atendimento
presencial e tentar a telemedicina.
Hoje, sinto que estou em paz com as minhas escolhas. Não prestei a prova
de residência e estou no caminho para minha especialização. As próximas
conquistas serão: concluir a pós-graduação e prestar o Teste de Especialista em
MFC (TEMFC) após completar 48 meses na Atenção Primária à Saúde (APS) em
julho de 2025.
REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE O APRENDIZADO
Falando em MFC, tive um verdadeiro apreço pela aula sobre seus princípios.
Obviamente, essa aula foi ministrada muito bem (Tita, te adoro!). Antes, quando
diziam “postinho de saúde”, soava-me como algo de baixa estima devido ao
diminutivo associado. Hoje, “postinho de saúde” traz um significado carinhoso e de
acolhimento (acolhimento de aconchego mesmo e não dos 37 atendimentos diários
de síndrome gripal, mais os 17 de diarreia e outros 12 de conjuntivite). Saber que a
especialidade que escolhi para chamar de minha tem como foco o ser humano é
algo que me maravilha. Desde pré-natal até cuidados paliativos … Tem ideia do
privilégio que é isso? Pois é, essa aula me fez ressignificar muita coisa.
Independentemente do que os outros pensem, hoje faço o que faz sentido para mim
e me orgulho em saber que a comunidade é quem colhe os frutos. O único ponto
que acho difícil de cumprir é o de morar no mesmo território de cobertura da UBS -
aí entra aquela questão de saber estabelecer meus próprios limites.
Outra sigla não tão nova assim foi o SOAP (subjetivo, objetivo, avaliação,
plano). Confesso que já sabia usá-lo devido ao Prontuário Eletrônico do Cidadão
(PEC) que usamos na UBS, mas a aula me auxiliou a lapidar tal uso e otimizar a
maneira de registro.
Nota 2: só fui descobrir que não deveria provar nada a ninguém após alguns
anos de vida e de muita terapia, claro.