Constituição do crédito tributário

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 22

Direito

Tributário II
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
CONCEITO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 139)

Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma


natureza desta.

HIPÓTESE DE
FATO GERADOR OBRIGAÇÃO CRÉDITO EXECUÇÃO
INCIDÊNCIA LANÇAMENTO CDA
TRIBUTÁRIA TRIBUTÁRIO FISCAL

Crédito tributário: é o nome que se dá à formalização da obrigação tributária (dever de pagar o tributo ou a
penalidade pecuniária), depois que esta é tornada líquida, certa e exigível pelo lançamento. É por isso que o art. 139 do
CTN afirma que o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. É o lançamento
que transforma a obrigação tributária, ainda ilíquida, incerta e não exigível, em crédito tributário, autônomo enquanto
realidade formal, mas substancialmente decorrente da obrigação que lhe deu origem. (HUGO DE BRITO, 2022)

Não se refere unicamente a tributo, mas também às dívidas decorrentes de multas tributárias.

As modificações no crédito tributário não afetam a obrigação tributária.


LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO (ART. 142)
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim
entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo
e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Verificar a ocorrência do fato


gerador da obrigação tributária Identificar o sujeito passivo

LANÇAMENTO

Determinar a matéria tributável


Propor aplicação da penalidade
cabível (se for o caso)
Calcular o montante do tributo devido
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO (ART. 142)

Observações:

Cabe ao legislador de cada ente federativo determinar quem irá fazer o lançamento do crédito
tributário.

Efeitos EX NUNC para direitos e deveres a partir de então, no âmbito da relação jurídico-tributária e
EX TUNC confirmando a ocorrência de um fato gerador anterior.

Princípio da legalidade (ausência de discricionariedade): vinculada e obrigatória, sob pena de


responsabilidade funcional.

EXCEÇÃO: Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário,


quando o valor tributário esteja expresso em moeda
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da
estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em
ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-
se pela lei então vigente, ainda que moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato
posteriormente modificada ou revogada. gerador da obrigação
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO (ART. 142)
MODALIDADES:
Declaração/ Misto (art.147)
Ofício (art. 149)
Homologação ou autolançamento (art. 150)

Declaração/ Misto (art.147)

O sujeito passivo auxilia o Fisco com informações necessárias ao lançamento

O contribuinte presta informações sobre a matéria de fato (obrigação acessória): valor, data
de ocorrência do fato gerador, informações pessoais etc.

A autoridade providencia o lançamento

Exemplos: Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI); Imposto de Importação (II);


Imposto de Exportação (IE);
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO (ART. 142)

Declaração/ Misto (art.147)

ATENÇÃO:
Art. 147, § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a
excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o
lançamento.

§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício

Ofício (art. 149)


Fisco possui dados suficientes para lançar;

Desnecessária a participação do contribuinte;

Pode ser utilizado quando da revisão de lançamento;


LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO (ART. 142)

Ofício (art. 149)


Exemplos: IPTU; IPVA; Taxas; Contribuição de Melhoria; Contribuições Corporativas (de interesse
das categorias profissionais ou econômicas); Contribuição de Iluminação Pública.

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de
atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade
administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como
sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a
que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à
aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou
omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO (ART. 142)

Homologação ou “autolançamento” (art. 150)

Sujeito passivo antecipa o pagamento sem prévio exame da autoridade;

Autoridade confere a exatidão dos valores e informações;

Autoridade homologa (se for o caso);

Pode ser revisto de ofício;

EXEMPLOS: Imposto de Renda (IR); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de


Serviços (ICMS); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO (ART. 142)

Homologação ou “autolançamento” (art. 150)

PRAZO: Art. 150, § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Súmula STJ 436: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui
o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
Técnica do Arbitramento (Art. 148)

CONCEITO: quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de
bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará
aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os
esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro
legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou
judicial.

Medida extrema, excepcional, à qual a autoridade administrativa deverá recorrer apenas na


hipótese de as informações e declarações oferecidas pelo contribuinte serem imprestáveis para o
conhecimento da verdade.

EXEMPLOS: imóveis com preços completamente indignos.


Legislação MATERIAL aplicável ao lançamento

Legislação Material relativa à multa:


Lei mais favorável ao infrator

Legislação Material relativa ao tributo:


Lei que estava em vigor no momento da ocorrência do fato gerador,

Legislação FORMAL aplicável ao lançamento

Art. 144, § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da
obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de
investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto,
neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

Os critérios de apuração, os processos de fiscalização não dizem respeito à obrigação tributária a ser exigida, mas apenas a
meios de descobrir a sua existência ou de obter o seu adimplemento. São aspectos ligados apenas à constituição e ao
adimplemento do crédito tributário enquanto realidade formal
ALTERAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 145)

TIPOS:
Impugnação do Sujeito Passivo / Recurso Voluntário
(Art. 145, I)

Recurso de Ofício (art. 145, II)

Iniciativa de ofício da autoridade administrativa (Art.


145, III)

Ao ser notificado, o contribuinte terá duas opções: quitar a obrigação ou impugnar o lançamento contra ele
realizado.
Lançamento firmado é PRESUMIDAMENTE definitivo.
ALTERAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 145)

Impugnação do Sujeito Passivo / Recurso Voluntário (Art. 145, I)

Quando o sujeito passivo discorda do lançamento realizado, tem o direito de contestar, dentro
de determinado prazo fixado na legislação tributária de cada ente, o lançamento por meio da
impugnação.

Se a decisão administrativa de primeira instância proferida for desfavorável ao sujeito


passivo, tem ele a oportunidade de pagar e desistir do processo ou recorrer de forma voluntária
ao órgão de segunda instância, o que se denomina “recurso voluntário”

Deve-se destacar que, ao impugnar o lançamento ou ao oferecer o recurso voluntário, é


possível que o valor do crédito tributário seja alterado, inclusive para maior, se for detectado
erro no lançamento.
ALTERAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 145)

Recurso de Ofício (art. 145, II)

Se tratando de decisão administrativa, proferida na primeira instância, desfavorável ao


Fisco;

Nessa instância, o julgamento pode ser a favor do sujeito passivo novamente (em
desfavor da Fazenda Pública) ou a favor do Fisco;

Se a decisão administrativa definitiva é favorável ao sujeito passivo, o crédito tributário é


extinto, nos termos do art. 156, IX, do CTN.
ALTERAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 145)

Iniciativa de ofício da autoridade administrativa (Art. 145, III)

Atuação da própria autoridade administrativa que efetuou o lançamento ou seu superior


hierárquico.

Principio da legalidade: se for constatada alguma ilegalidade no lançamento, a autoridade


administrativa deve promover a alteração a fim de corrigi-lo, independentemente de provocação
do sujeito passivo.

Sempre que ocorrer alguma das situações previstas no art. 149 do CTN, a autoridade deve fazer a
alteração do lançamento de ofício, mesmo que o tributo tenha sido originariamente lançado por
meio de outra modalidade de lançamento.

EXEMPLOS: Vícios de prazo, forma, falsidade, erro, inexatidão, omissão, dentre outros.
ALTERAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 145)

Súmula 436 STJ - A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal
constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.

SÚMULA 446 STJ - Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a
recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.
Questões

Antônio, prestador de serviço de manutenção e reparo de instrumentos musicais, sujeito à incidência do Imposto Sobre Serviços
(ISS), deixou de recolher o tributo incidente sobre fato gerador consumado em janeiro de 2013 (quando a alíquota do ISS era de
5% sobre o total auferido pelos serviços prestados e a multa pelo inadimplemento do tributo era de 25% sobre o ISS devido e
não recolhido).
Em 30 de agosto de 2013, o Município credor aprovou lei que: (a) reduziu para 2% a alíquota do ISS sobre a atividade de
manutenção e reparo de instrumentos musicais; e (b) reduziu a multa pelo inadimplemento do imposto incidente nessa mesma
atividade, que passou a ser de 10% sobre o ISS devido e não recolhido.
Em fevereiro de 2014, o Município X promoveu o lançamento do imposto, exigindo do contribuinte o montante de R$ 25.000,00 –
sendo R$ 20.000,00 de imposto (5% sobre R$ 400.000,00, valor dos serviços prestados) e R$ 5.000,00 a título de multa pela falta
de pagamento (25% do imposto devido).
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) O lançamento está correto em relação ao imposto e à multa.


B) O lançamento está incorreto tanto em relação ao imposto (que deveria observar a nova alíquota de 2%) quanto em relação à
multa (que deveria ser de 10% sobre o ISS devido e não recolhido).
C) O lançamento está correto em relação à multa, mas incorreto em relação ao imposto (que deveria observar a nova alíquota de
2%).
D)O lançamento está correto em relação ao imposto, mas incorreto em relação à multa (que deveria ser de 10% sobre o ISS
devido e não recolhido).
Resposta

ITEM D- A assertiva está em conformidade com os arts. 144 e 106, II, c, do CTN,
ou seja, concernente ao lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato
gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que
posteriormente modificada ou revogada e, quanto a lei aplica-se a ato ou fato
pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine
penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua
prática.
Questões

2- Tipo de Lançamento tributário que ocorre quando, aos tributos cuja


legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem
prévio exame da autoridade administrativa:

a)Lançamento de Ofício;
b)Lançamento por Declaração;
c)Lançamento de Direito;
d)Lançamento por Homologação
Resposta

ITEM D- Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos
cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem
prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida
autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
Questões
3-Sobre a constituição do crédito tributário pode-se afirmar, exceto

a)que a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória.

b)que o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo pode ser alterado no caso de recurso
de ofício.

c)que o lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei
então vigente, salvo se posteriormente modifi cada ou revogada.

d)que compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo


lançamento.

e)que, salvo disposição legal em contrário, quando o valor tributário estiver expresso em moeda
estrangeira, no lançamento se fará sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência
do fato gerador da obrigação.
Resposta

Item C- Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador


da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente
modificada ou revogada.

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy