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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO TRABALHO DE

RIO BRILHANTE/MS.

GERLAN LIMA TEIXEIRA, brasileiro, solteiro, trabalhador rural, portador do CPF n°


092.556.683-74, filho de RAIMUNDA LIMA TEIXEIRA, nascido em 14/08/1999, residente
a CACIMBAS, sn, CACIMBAS, MOMBACA, CE, CEP 63610-000, por intermédio de seu
advogado FRANCISCO TERLAN ALVES COSTA, inscrito na OAB/SP sob n.º 454.065,
com escritório na Rua Américo Brasiliense, n.º 405, Sala 108, Centro, no município de
Ribeirão Preto, estado de São Paulo, CEP 14015-050, telefone 16-993054257, e-mail
franciscoterlan@adv.oabsp.org.br, vem, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, em face de:

J A MECANIZAÇÃO AGRICOLA EIRELI, pessoa jurídica de direito privado,


devidamente inscrita no CNPJ sob n.º 27.661.517/0001-88, com sede na Rua Valdemar
Manoel Carrijo 3, Quadra 4, lote 3, Setor Trindade, no município de Itapaci, estado de
Goias, CEP – 76360-000, cuja notificação requer seja feita no atual endereço do
sócio/proprietário, Sr. José Bráulio de Azevedo Cabral – CPF N.º 817.304.704-91,
localizado na Rua Professora Etelvina Vasconcelos, n.º 1.619, Centro, na cidade de Rio
Brilhante/MS, CEP 79.130-000, de;

J A AGRICOLA LIMITADA, empresa inscrita no CNPJ sob o nº 33.588.461/0001-


86, localizada na Rua Luiz Ceciliano Vilares, nº 981, bairro Vila Maria, na cidade de Rio
Brilhante/MS, CEP: 79.130-000, de;

ACP BIOENERGIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ:


26.288.346/0001-20, com endereço a Rua Rui Barbosa, nº 1145, Andar 12, Centro, CEP:
14015-120, Ribeirão Preto/SP, pelos motivos de fato e de direito abaixo expostos:

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1. DA RELAÇÃO DE EMPREGO.

O reclamante foi contratado pela reclamada no dia 01/11/2021 e dispensado sem


justa causa no dia 08/03/2022, para exercer a função de trabalhador braçal, trabalhando
no corte e plantio de cana-de-açúcar em favor da 3ª reclamada, com salário apurado por
produção, tendo como média salarial a quantia de R$ 3.345,92 mensais.

Durante o contrato de trabalho o Reclamante trabalhou na modalidade 6x1, de


segunda a sábado, iniciando o trabalho braçal por volta das 5h40min/06h00min e
encerrando por volta das 15h30min/16h30min, em média, sem a concessão integral do
regular intervalo para repouso e alimentação, bem como não havia concessão das pausas
para descanso, além do intervalo intrajornada.

Ademais, em média 5 vezes por mês, a jornada de trabalho do reclamante se


estendia até às 17h00min, em média.

Dessa forma, em razão das irregularidades perpetradas durante a vigência da


relação de emprego, o reclamante ajuíza a presente demanda com o escopo de ser
tutelado seus direitos perante o Judiciário, senão vejamos:

2. JUSTIÇA GRATUITA. ISENÇÃO AMPLA E IRRESTRITA.

Consoante anexa declaração de hipossuficiência, o reclamante não tem condições


de arcar com as custas e despesas de um processo judicial sem prejuízo de seu próprio
sustento e de sua família.

Dessa forma, deve ser concedido ao Reclamante os benefícios da justiça gratuita,


o que desde já o requer.

No que tange à condenação da parte autora ao pagamento dos honorários de


sucumbência, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 5766, por maioria, declarou a inconstitucionalidade das
expressões do caput e do parágrafo 4º do artigo 790-B e do parágrafo 4º do artigo 791-A
da Consolidação das Leis do Trabalho, que preveem o pagamento de custas processuais,

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honorários advocatícios e perícias de sucumbência aos perdedores dos litígios
beneficiários da gratuidade judicial.

Diante disso, requer seja indeferido de plano qualquer pedido ofertado pela
reclamada de condenação do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, no pagamento
de honorários advocatícios, sob pena de afronta aos artigos 5ª, LXXIV, e 7ª, X, da
Constituição Federal.

3. DA ADOÇÃO DO JUÍZO 100% DIGITAL.

O reclamante requer a tramitação do processo na modalidade “Juízo 100% Digital”.

Diante disso, requer que os atos processuais, inclusive as audiências designadas


por este Juízo ocorram na modalidade telepresencial.

4. DA RESPONSABILIDADE SOLIDARIA DA PRIMEIRA E SEGUNDA RECLAMADA.

Conforme se depreende da documentação anexa, a primeira e segunda reclamada


integram o mesmo grupo econômico e ambas efetivamente utilizaram a mão de obra do
reclamante, sendo, portanto, solidariamente responsáveis pelas dívidas dos empregados
de todas e de cada uma delas. Além de estarem sob a mesma direção do Sócio-
Administrador (Jose Braulio de Azevedo Cabral) elas apresentam interesse integrado e
atuam conjuntamente.

A primeira e segunda reclamadas preenchem os requisitos para a configuração do


grupo econômico, quais sejam: possuem vínculo de direção; controle; administração;
coordenação; compartilham a mesma estrutura de pessoal; exploram a mesma atividade
econômica, qual seja, atividades de apoio à agricultura.

Desse modo, resta evidente o interesse integrado, a efetiva comunhão de


interesses e a atuação conjunta das Reclamadas, autorizando a declaração de Grupo
Econômico Trabalhista.

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5. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA TOMADORA DE SERVIÇOS.

A terceira reclamada foi tomadora direta dos serviços do Reclamante, já que sua
atividade foi prestada em favor do empreendimento empresarial, não tendo esta
diligenciado no sentido de garantir o cumprimento da legislação trabalhista.

Dessa forma, deve a 3ª Reclamada ser condenada subsidiariamente a pagar ao


Reclamante as verbas que lhe forem deferidas na presente reclamação trabalhista.

6. DA CORRETA DATA DE ENCERRAMENTO DO CONTRATO DE TRABALHO.

A reclamada realizou o aviso prévio do reclamante no dia 08/03/2024, ocorre que


ao realizar a baixa da carteira de trabalho, a reclamada não considerou a projeção do
período de 30 dias do aviso prévio, que apesar de não ter sido cumprido, deve constar
como baixa na carteira de trabalho, o ultimo dia da projeção do aviso prévio, qual seja
09/04/2024.

Razão pela qual, requer seja retificada o registro da carteira de trabalho, para
consta como data do fim do contrato de trabalho o dia 09/04/2024.

6. DA JORNADA DE TRABALHO. DAS HORAS EXTRAS.

Conforme exposto no tópico dos fatos, o reclamante trabalhava além da jornada


diária de 7h20 diária e da 44ª semanal, perfazendo uma jornada semanal total de
55h28min, em média.

Assim, requer a condenação da Reclamada a pagar ao Reclamante como extras as


horas trabalhadas além da 7h20 diária e da 44ª semanal, cuja base de cálculo deve ser a
remuneração efetivamente recebida, com o adicional legal, com todos os reflexos legais
em DSR, 13º salário, férias e seu adicional, FGTS e multa fundiária de 40%.

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7. DO INTERVALO INTRAJORNADA.

O reclamante não usufruiu de forma integral do intervalo mínimo de uma hora


previsto no artigo 71, caput, da CLT, para repouso e alimentação, posto que trabalhava
durante o período em que deveria ter-lhe sido concedido o intervalo, alimentando-se em
cerca de 20 minutos.

Diante disso, o reclamante requer o pagamento da remuneração equivalente ao


período suprimido de intervalo intrajornada (40 minutos), com acréscimo de 50% sobre o
valor da remuneração da hora normal, ou adicional superior, previsto em acordo ou
convenção coletiva pela não concessão do intervalo intrajornada, divisor de 220,
utilizando-se na base de calculo todas as verbas de natureza salariais, já que trabalhava
por produção, pagas no curso do contrato e/ou devidas em razão da presente
reclamatória, abarcando a totalidade do período contratual.

8. QUANTO AS PAUSAS OBRIGATÓRIAS – NR-31.

É incontroverso que o Reclamante trabalhava no corte e plantio de cana em pé,


carregando peso e em posições ergonomicamente inadequadas.

Todavia, a Reclamada não garantia ao trabalhador pausas para descanso.

Conforme estabelecido no item 31.8.6 da NR-31, para as atividades que forem


realizadas necessariamente em pé, devem ser garantidas pausas para descanso, além do
intervalo intrajornada.

Ademais, o item 31.8.7 da NR-31 estabelece que: “Nas atividades que exijam
sobrecarga muscular estática ou dinâmica, devem ser incluídas pausas para descanso e
outras medidas organizacionais e administrativas.”

A jurisprudência do TST sedimentou-se no sentido de que se aplica o disposto no


art. 72 da CLT, analogicamente, aos trabalhadores rurais cortadores de cana-de-açúcar,

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no que concerne às pausas durante a jornada de trabalho, em vista da determinação
contida na NR 31 do MTE, como forma de proteção à saúde do trabalhador, por se tratar
de atividade desgastante.

Nesse sentido, a Súmula 51 do E. TRT15:

“TRABALHO RURAL. PAUSAS PREVISTAS NA NR-31 DO MINISTÉRIO DO


TRABALHO E EMPREGO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 72 DA CLT.
Face à ausência de previsão expressa na NR 31 do MTE acerca da duração das
pausas previstas para os trabalhadores rurais, em atividades realizadas em pé ou
que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica, aplicam-se, por analogia, no
que tange ao tempo a ser observado e à regularidade do descanso, as disposições
contidas no art. 72 da CLT.” (Súmula 51 do E. TRT15).

Portanto, por analogia com o disposto no art. 72 da CLT tal tempo deve ser de 10
minutos a cada 90 minutos de trabalho.

Dessa forma, requer seja a Reclamada condenada a pagar ao Reclamante os 10


minutos extras a cada 90 minutos, totalizando uma média de 50 minutos extras diários
ante a não concessão do intervalo disposto nos itens 31.8.6 e 31.8.7 da NR-31 c.c art. 72
da CLT, utilizando-se na base de calculo a remuneração efetivamente recebida pelo
Reclamante, já que trabalhava por produção, com o divisor 220, acrescido do adicional
legal de 50%, com todos os reflexos legais em DSR, 13º salário, férias e seu adicional e
FGTS acrescido da multa de 40%, por possuir natureza jurídica de horas extras.

9. DAS HORAS “IN ITINERE”. REFLEXOS.

O Reclamante residia no Município de Rio Brilhante-MS, após março de 2022


passou a residir em Nova Alvorada do Sul-MS.

No decorrer do período laborado, o Reclamante era transportado em veículo


fornecido pela Reclamada para prestar serviços em locais de difícil acesso, não servido
pelo transporte público regular.

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Seus locais de trabalho eram os canaviais localizados na zona rural de Rio
Brilhante-MS, Nova Alvorada do Sul-MS e demais localidades.

Para chegar aos seus locais de trabalho o Reclamante sempre foi transportado por
veículo da reclamada, já que tais locais são considerados de difícil acesso, em razão da
inexistência de transporte público regular compatível com a jornada de trabalho, sendo o
tempo gasto em cada trajeto de aproximadamente 1h30min, totalizando 3 horas diárias.

No decorrer do período laborado, o Reclamante era transportado em veículo


fornecido pela Reclamada, para prestar serviços em locais de difícil acesso, bem como
não servido pelo transporte público regular compatível com a jornada de trabalho.

No que se refere ao Direito às horas de deslocamento após a Reforma Trabalhista,


cumpre esclarecer que o artigo 58, parágrafo 2 o., da CLT, não se aplica ao presente caso,
pois o reclamante era transportado em condução fornecida pela empregadora, para
trabalhar em fazendas da terceira Reclamada, sendo os locais de trabalho de difícil
acesso e não servido por transporte público regular.

Diz citado artigo:

§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva


ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por
qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será
computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.

Como visto, citado parágrafo não trata de locais de difícil acesso, escolhido pelo
empregador e não servido por transporte público regular.

Dessa forma, a chamada “reforma trabalhista” não suprimiu o direito dos


trabalhadores rurais as horas "in itinere", quando o local de trabalho for de difícil acesso e
não servido por transporte público.

Tanto é verdade que os artigos 238, caput e parágrafo 3 o., e 294, ambos da CLT,
que tratam do tempo da jornada do ferroviário e do tempo de deslocamento do mineiro até
a mina, manteve o tempo de trajeto como tempo a disposição do empregador e, como tal,

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deve ser computado na jornada de trabalho. Senão vejamos:

Art. 238. Será computado como de trabalho efetivo todo o tempo, em que o
empregado estiver à disposição da estrada.

(...)

§ 3º No caso das turmas de conservação da via permanente, o tempo efetivo do


trabalho será contado desde a hora da saída da casa da turma até a hora em que
cessar o serviço em qualquer ponto compreendido centro dos limites da respectiva
turma. Quando o empregado trabalhar fora dos limites da sua turma, ser-lhe-á
também computado como de trabalho efetivo o tempo gasto no percurso da
volta a esses limites.

Art. 294 - O tempo despendido pelo empregado da boca da mina ao local do


trabalho e vice-versa será computado para o efeito de pagamento do salário.
(grifos nossos)

Portanto, os preceitos da Súmula 90 do TST não colidem com as disposições


trazidas pela nova Lei e permitem a aplicação do disposto no art. 4º da CLT, pois por
força de seu Art. 7º, as alterações trazidas pela Lei 13.467/2017, deixou de fora de seu
objeto as categorias dos empregados rurais.

O Eg. TRT da 15ª Região, inclusive, vem decidindo no sentido de que as


alterações trazidas pela Lei 13.467/2017, por força de seu Art. 7º, deixou de fora de seu
objeto as importantes categorias dos empregados rurais. Senão vejamos:

“HORAS ‘IN ITINERE’. TRABALHADOR RURAL. REFORMA TRABALHISTA. As


horas ‘in itinere’, nos estreitos limites fixados na Súmula nº 90 do C. TST, são
devidas aos trabalhadores rurais mesmo após a edição da reforma trabalhista, pois:
a) a CLT não se aplica, em princípio, aos trabalhadores rurais, conforme previsto
no art. 7º, b; b) os rurícolas são regidos por lei especial (5.889/73), (...) ‘as
alterações trazidas pela Lei 13.467/2017, por força de seu Art. 7º, deixou de fora de
seu objeto as importantes categorias dos empregados rurais’. Como se não
bastasse, existe uma peculiaridade no transporte em geral pelo empregador
de empregados rurais. Ao embarcar, o empregado sequer sabe o local exato

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em que vai trabalhar. Desde o embarque, portanto, o empregado rural já está
aguardando ordens e à disposição do empregador. Assim, as horas ‘in itinere’
continuam sendo devidas aos trabalhadores rurais mesmo após a edição da
chamada ‘reforma trabalhista’.” (TRT-15 - ROT: 00111557620195150006 0011155-
76.2019.5.15.0006, Relator: SAMUEL HUGO LIMA, 5ª Câmara, Data de
Publicação: 19/06/2021)

No mesmo sentido, o E. TRT/15, em sessão planária realizada em 16/02/2023, nos


autos do IRDR 0008369-09.2021.5.15.0000, estabeleceu tese jurídica segundo a qual é
inaplicável, ao rurícola, o § 2º do artigo 58 da CLT, conferido pela Lei nº 13.467/2017,
como se denota:

"HORAS "IN ITINERE". TRABALHADOR RURAL. TEMPO À DISPOSIÇÃO.


Subsiste o direito às horas "in itinere" ao trabalhador rural, com lastro no art. 4º da
CLT e conforme preceitos estabelecidos na Súmula 90 do C. TST, afigurando-se
inaplicável o parágrafo 2º do art. 58 da CLT, com a redação dada pela Lei n°
13.467/2017, como fundamento para supressão do tempo à disposição, uma vez
que prevalece em nosso ordenamento jurídico o direito à integração das horas de
deslocamento à jornada de trabalho quando o transporte ocorrer no interesse do
empregador, como único meio para alcançar o local da prestação de serviços."

Dessa forma, requer a condenação da reclamada ao pagamento de 3 horas extras


in itinere diárias, durante todo o contrato de trabalho, cuja base de cálculo deve ser a
totalidade da remuneração auferida pelo Reclamante, com o adicional de 50% e divisor
220, com todos os seus reflexos em DSR, 13º salário, férias e seu adicional e FGTS,
acrescido da multa de 40%, que forem apurados durante todo o contrato de trabalho.

10. DO DANO MORAL.

Pois bem, durante o período em que vigeu a relação de emprego, nos locais de
trabalho não haviam instalações sanitárias, tendo o reclamante que fazer suas
necessidades fisiológicas sem privacidade e em condições precárias, bem como não
havia áreas de vivência conforme determina a NR-31 do MTE, devido a isso, o reclamante
era obrigado a se alimentar em condições desconfortáveis e anti-higiênicas. Não fosse o

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suficiente, as condições do ônibus em que eram transportados os trabalhadores eram
precárias, não havia vaso sanitário utilizável e em dias de chuva era necessário empurrar
o ônibus com as mãos para que não atolasse, bem como a Reclamada em total descaso
e negligência, transportava os trabalhadores com os materiais de trabalho, como enxada
e facão, no corredor do ônibus, violando o disposto no item 31.9.1, alínea “d" da NR-31.

Neste ato junta o reclamante as provas materiais que tem a sua disposição. Para
isso, junta vídeos que demonstram a realidade laboral vivida pelos empregados da
primeira reclamada.

Registre-se que a reclamada utiliza intermediadores para contratar mão de obra


que necessita para as lavouras canavieiras em outras cidades, com promessas de
fornecimento de alojamento, todavia, o reclamante, ao sair de sua cidade natal para a
cidade de Rio Brilhante-MS, precisou pagar para morar em um alojamento que estava em
más e precárias condições, conforme demonstra o vídeo juntado aos autos, situação essa
que perdurou até março de 2022, quando a primeira reclamada sofreu fiscalização dos
órgãos competentes, obrigando-a a acomodar os empregados nos alojamentos
localizados na cidade de Nova Alvorada do Sul-MS.

Todavia, os alojamentos localizados na cidade de Nova Alvorada do Sul-MS,


também estavam em más e precárias condições, sequer havia local para jogar o lixo, bem
como a reclamada fornecia aos seus empregados comidas estragadas de forma
frequente, que chegavam fria, azeda ou com corpos estranhos, ferindo os direitos básicos
do trabalhador, tendo em vista que o fornecimento de alimentação adequada ao consumo
se insere nos patamares mínimos de direitos ao trabalhador.

Ocorre que, todo trabalhador precisa de condições legais de higiene e saúde nas
atividades laborais, entretanto as condições vivenciadas pelo Reclamante eram
lastimáveis, sendo que a primeira reclamada era negligente em relação a saúde, higiene,
segurança e privacidade de seus empregados, o que certamente causa constrangimento
e fere a autoestima da pessoa humana.

Dessa forma, diante dos atos ilícitos praticados pela Reclamada, os quais
causaram dano moral ao Reclamante, bem como o nexo de causalidade entre a conduta
antijurídica da Reclamada e o dano experimentado pelo Reclamante, sendo a culpa

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daquela de natureza grave, a reclamada deve responder pelo abalo moral sofrido pelo
reclamante.

No tocante ao valor da reparação, considerando a gravidade dos danos (ofensa à


imagem, à honra e à integridade psíquica do autor); a reincidência; a falta de adoção de
medidas por parte da reclamada destinada a minorar o dano causado ao reclamante; a
condição econômica das partes (as rés são empresas economicamente sólidas,
possuindo milionário capital social), bem como em virtude da dupla finalidade da
reparação (compensatória para o ofendido; punitiva e pedagógica para o ofensor),
atendendo aos critérios de bom senso e de razoabilidade, deve ser fixada a reparação
pelos danos morais em montante correspondente R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

11. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

Segundo o que dispõe o artigo 22 da Lei nº 8.906 de 1994 (Estatuto da Advocacia


e da OAB), combinado com o artigo 85, §2º do CPC/2015, é direito do advogado inscrito
na OAB, pela prestação de seus serviços profissionais, o recebimento de honorários
fixados por arbitramento judicial, fixados entre o mínimo de 10% (dez por cento) e o
máximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

Ademais, o artigo 791-A da CLT determina:

“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento)
e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da
liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.”

Dessa forma, pugna-se pela condenação da reclamada ao pagamento dos


honorários advocatícios de sucumbência em 15% do valor da liquidação de sentença.

12. DOS PEDIDOS.

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Assim, ante o exposto, requer:

12.1. Que, seja recebida a presente inicial com os valores dos pedidos
determinados, porém estimados, já que a correta apuração de tais pedidos depende da
apuração da condenação que será proferida, não sendo possível desde já determinar os
valores exatos, nos exatos termos do disposto no art. 324, §1º, inciso II do CPC;

12.2. A notificação das Reclamadas para que, querendo, contestem os termos da


presente, sob pena de arcarem com os efeitos da revelia.

12.3. Reconhecimento da formação de grupo econômico entre a primeira e


segunda reclamada que compõem o polo passivo, com a consequente condenação
solidária pelo pagamento dos créditos trabalhistas do reclamante, na forma do art. 2º, §2º,
da CLT, bem como nos honorários de sucumbência, atualizados monetariamente,
acrescidos de juros e demais cominações de estilo;

12.4. A condenação Subsidiária da 3ª Reclamada a pagar ao Reclamante as


verbas que lhe forem deferidas na presente reclamação trabalhista;

12.5. A concessão ampla e irrestrita dos benefícios da justiça gratuita, vez que o
RECLAMANTE não detém condições de arcar com as custas do processo sem prejuízo
do sustento próprio e de sua família, conforme fundamentação acima, sob pena de grave
violação dos incisos XXXV, LXXIV, LIV, LV, todos do artigo 5º e artigo 133
(essencialidade do advogado), todos da Constituição Federal, bem como na Lei nº
5.584/70 (assistência ao trabalhador), Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da OAB) e OJ nº 269
da SDI-I, artigos 8º e 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH), de 10
de dezembro de 1948; no artigo 14 (item 1) do Pacto Internacional Sobre Direitos Civis e
Políticos (PISDCP), de 19 de dezembro de 1966, e no artigo 8 (item 1) da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de
novembro de 1969;

12.6. Que, a final, mister seja a presente reclamação trabalhista julgada


procedente, com a condenação da Reclamada a pagar ao Reclamante como extras as
horas trabalhadas além da 7h20 diária e da 44ª semanal, condenando-se a Reclamada a
pagar ao Reclamante as horas extras semanais apuradas durante todo o contrato de

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trabalho, cuja base de cálculo deve ser a remuneração efetivamente recebida, com o
adicional de 50% e divisor 220, com todos os reflexos legais em DSR, 13º salário, férias e
seu adicional e FGTS + multa fundiária de 40%, a saber:

a) as horas extras acima pleiteadas. VALOR ESTIMADO: R$ 9.740,90;

b) os reflexos do DSR incidentes sobre a verba pleiteada neste tópico.


VALOR ESTIMADO: R$ 1.302,07;

c) o 13º salário incidente sobre a verba pleiteada neste tópico. VALOR


ESTIMADO: R$ 811,74;

d) as férias e seu adicional incidentes sobre a verba pleiteada neste tópico.


VALOR ESTIMADO: R$ 1.082,32;

e) o FGTS + multa de 40% incidente sobre a verba pleiteada neste tópico.


VALOR ESTIMADO: R$ 1.034,96;

12.7. Que, a final, seja a presente reclamação trabalhista julgada procedente,


condenando-se a reclamada a pagar ao Reclamante remuneração equivalente ao período
suprimido de intervalo intrajornada (40 minutos) por dia de efetivo labor, com acréscimo
de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal, ou adicional superior, previsto em
acordo ou convenção coletiva pela não concessão do intervalo intrajornada, divisor de
220, nos termos do artigo 71, § 4º, da CLT, utilizando-se na base de calculo todas as
verbas de natureza salariais, pagas no curso do contrato e/ou devidas em razão da
presente reclamatória, abarcando a totalidade do período contratual. VALOR ESTIMADO:
R$ 6.493,93;

12.8. Seja a reclamada condenada a pagar ao Reclamante 10 minutos extras a


cada 90 minutos trabalhados diários ante a não concessão do intervalo disposto no item
31.10.7 da NR-31 c.c art. 72 da CLT, utilizando-se na base de calculo a remuneração
efetivamente recebida pelo Reclamante, acrescido do adicional legal, com o divisor 220,
acrescido de 50%, com todos os reflexos legais em DSR, 13º salário, férias e seu
adicional e FGTS + multa de 40%, a saber:

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a) 10 minutos extras a cada 90 minutos trabalhados, ante a não concessão
do intervalo das pausas previstas na NR-31 c.c art. 72 da CLT. VALOR
ESTIMADO: R$ 8.117,42;

b) os reflexos do DSR incidentes sobre a verba pleiteada neste tópico.


VALOR ESTIMADO: R$ 1.085,06;

c) o 13º salário incidente sobre a verba pleiteada neste tópico. VALOR


ESTIMADO: R$ 676,45;

d) as férias e seu adicional incidentes sobre a verba pleiteada neste tópico.


VALOR ESTIMADO: R$ 901,94;

e) o FGTS + multa de 40% incidente sobre a verba pleiteada neste tópico.


VALOR ESTIMADO: R$ 862,47;

12.9. Que, a final, seja a reclamada condenada a pagar ao Reclamante 3 horas


extras in itinere diárias, durante todo o contrato de trabalho, cuja base de cálculo deve ser
a totalidade da remuneração auferida pelo Reclamante, já que trabalhava por produção
no corte de cana, com o adicional de 50%, e divisor 220, com todos os seus reflexos em
DSR, 13º salário, férias e seu adicional e FGTS + multa fundiária de 40% que forem
apurados durante todo o contrato de trabalho, a saber:

a) as horas in itinere na forma acima pleiteada. VALOR ESTIMADO: R$


29.222,70;

b) os reflexos no dsr das diferenças acima apontadas. VALOR ESTIMADO:


R$ 3.906,22;

c) o 13º salário incidente sobre a verba pleiteada neste tópico. VALOR


ESTIMADO: R$ 2.435,22;

d) as férias e seu adicional incidentes sobre a verba pleiteada neste tópico.


VALOR ESTIMADO: R$ 3.246,97;

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e) o FGTS + multa de 40% incidente sobre a verba pleiteada neste tópico.
VALOR ESTIMADO: R$ 3.104,89;

12.10. A condenação da reclamada a pagar ao reclamante indenização por danos


morais em montante correspondente a R$ 5.000,00 (cinco mil reais);

12.10. seja retificada o registro da carteira de trabalho, para consta como data do
fim do contrato de trabalho o dia 09/04/2024, sob pena de multa diária;

12.11. A condenação da reclamada ao pagamento dos honorários advocatícios de


sucumbência em 15% do valor da liquidação de sentença, mas apenas para dar valor ao
pedido, no valor de R$ 11.853,79;

12.12. A tramitação do processo na modalidade “Juízo 100% Digital”;

12.13. Seja reconhecido e aplicado os direitos do reclamante, previstos na NR 31


do MTE;

12.14. Sejam deduzidos da condenação os valores pagos sob a mesma rubrica, no


mesmo período de apuração, observado o disposto nas Súmulas 18 e 187, do C. TST;

12.15. Seja indeferido de plano qualquer pedido ofertado pela reclamada de


condenação do reclamante, beneficiário da justiça gratuita, no pagamento de honorários
advocatícios, sob pena de afronta aos artigos 5ª, LXXIV, e 7ª, X, da Constituição Federal;

12.16. A aplicação do artigo 219 do Código de Processo Civil, bem como do artigo
883, da CLT;

12.17. Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, em


especial, juntada de documentos, aproveitamento de provas emprestadas, depoimento
pessoal da reclamada, sob pena de confissão e oitiva de testemunhas;

12.18. Dá-se à presente o valor estimado de R$ 90.879,05 (noventa mil, oitocentos


e setenta e nove reais e setenta e cinco centavos) para efeito de custas e alçada.

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Termos em que, Pede deferimento.

Ribeirão Preto, SP, 09 de abril de 2024

Francisco Terlan Alves Costa

OAB/SP 454.065

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https://pje.trt24.jus.br/pjekz/validacao/24040922354177500000025642911?instancia=1
Número do documento: 24040922354177500000025642911

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