Relatorio Estagio ML
Relatorio Estagio ML
Relatorio Estagio ML
Perceção dos Enfermeiros Instrumentistas no Desenvolvimento de Competências Diferenciadas por Especialidades Cirúrgicas
Maribel Pereira dos Santos Lei
Relatório de Estágio
´
Oliveira de Azeméis| 2023
“Curiosidade, criatividade, disciplina e especialmente, paixão são algumas exigências para o
desenvolvimento de um trabalho criterioso, baseado no confronto permanente entre o
desejo e a realidade”.
Mirian Goldenberg
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Custódio Sérgio Soares pela orientação, pela partilha de conhecimentos,
pelo apoio no decorrer de todo este trabalho.
Ao Conselho de Administração, à Comissão de Ética por permitirem a realização deste estágio
clínico e do estudo de investigação.
À minha supervisora do estágio clínico pela motivação, por acreditar em mim e incentivar a
continuar este percurso.
Aos meus participantes do estudo pelo empenho e colaboração, por permitirem realizar este
estudo e por acreditarem que podemos fazer a diferença.
A todos os meus colegas do mestrado que sempre partilharam conhecimentos, motivações,
angustias e brincadeiras neste caminho árduo.
Ao meu grupo de trabalho do mestrado pela cumplicidade, apoio e colaboração neste
percurso.
A ti colega desta luta e de estágio por teres sido sempre um amparo, pela motivação, por
estares lá nas minhas dúvidas e anseios.
Aos meus colegas de trabalho que de várias formas me apoiaram, incentivaram, facilitaram
trocas e ajudaram a continuar com este trabalho.
Ao meu marido e aos meus filhos por todo o apoio e paciência durante este percurso, por
compreenderem o tempo de ausência que exigiu e por acreditarem em mim, adoro-vos.
Aos meus familiares em especial os meus pais por me darem força e acreditarem no meu
esforço.
Aos meus amigos por compreenderem esta minha ausência durante este período.
A todos os que se preocuparam comigo durante este processo e me acompanharam de
diferentes formas.
V
LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS
VII
RESUMO
IX
e sua fundamentação. Expomos o nosso desenho do estudo e referimos o instrumento de
recolha dos dados fazendo recurso à entrevista semiestruturada; definimos a população e
amostra do estudo, e efetuamos a apresentação e análise dos resultados, tendo por base a
análise de conteúdo. Procedemos também à discussão dos resultados e respetiva conclusão,
respeitando sempre durante este processo as considerações éticas que o processo de
investigação impõe.
O desenvolvimento das competências, quer comuns quer específicas, e o contributo da
investigação permitem-nos, como futuros Enfermeiros Especialistas, ter uma tomada de
decisão baseada em evidência e elevar os nossos cuidados ao nível da excelência, envolvendo
e capacitando o nosso cliente no seu processo saúde/ doença e facilitando as transições que
vai vivenciar.
X
ABSTRACT
The demand, complexity and risks associated with the perioperative environment require
that “special care nurses” guarantee their own quality, the safety of the team and the person
in a perioperative situation. The investment in the training of this professionals for updating
and acquiring new knowledge and improving skills is essential to provide a qualified response
in this area of care.
Within the multiple roles in charged to the Specialist Nurse in the Perioperative period, the
Instrumental Nurse role aroused a particular interest to us. Instrumental Nurses have a
fundamental role in the surgical team, being responsible for materials, instruments, ensuring
the tracking of quantifiable items and to guarantee surgical asepsis. They have technical and
non-technical knowledge that make them facilitators to the entire surgical process, which
leads better results for the client. Being competent and acting accordingly is essential to
provide excellent care. In the pursuit of this excellence, there is a growing need to improve
our skills and differentiate our professional development in more specialized way.
The purpose of this report is to complete the Master's Degree in Medical-Surgical Nursing,
Specialized in Nursing in a Perioperative Situation. The presentation of this report is
structured with 2 distinct complementary parts.
Part I corresponds to the internship component designated as “Building Skills”, in which we
frame our internship context, analyse, and reflect on our acquired common and specific skills
as Specialist Nurses and established activities. We use a descriptive methodology of activities
and reflect on them, based on our experience in the perioperative period and scientific
evidence. Part II corresponds to the research component, which is about the perception that
Instrumental Nurses have in the development of skills differentiated for surgical specialties.
We make a theoretical framework starting with the conceptualization of Perioperative
Nursing, a perspective of perioperative care, considering Afaf Meleis Theory of Transitions.
We continue with an approach on Perioperative Nursing; the acquisition of skills in the
perioperative period and the construction of skills for instrumentation. We carried out the
methodological framework of our qualitative study of the exploratory and descriptive type
and its substantiation. We expose our study design and refer to the data collection
instrument using the semi-structured interview; we defined the study population and it’s
sample, and we performed the presentation and analysis of results based on content
analysis. We also proceeded to discuss the results and conclusion, always respecting the
ethical considerations that the research process imposes.
XI
The development of skills, both common and specific, and the contribution of this research
allow us, as future Specialist Nurses, to make decisions based on evidence and to raise our
work to a higher level, involving and empowering our clients in their health/disease process
and facilitating the transitions they will experience.
XII
ÍNDICE DE TABELAS
XIII
ÍNDICE DE FIGURAS
XV
ÍNDICE DE QUADROS
XVII
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 23
1. Resumo .......................................................................................................................... 59
2. Abstract.......................................................................................................................... 61
6. Metodologia .................................................................................................................. 77
XIX
6.1. Desenho do estudo ........................................................................................ 80
7. Resultados ...................................................................................................................... 87
XX
APÊNDICE II – FORMAÇÃO PROJETO PILOTO - QRCODE .................................................... 159
XXI
INTRODUÇÃO
23
que a formação especializada oferece ao nosso desempenho profissional. Assim como a
contribuição para o nosso empoderamento, reconhecimento e demonstração do nosso papel
diferenciado no seio da equipa multidisciplinar.
Por conseguinte, o presente relatório enquadra-se na unidade curricular do Estágio de
Enfermagem à Pessoa em Situação Perioperatória II, a fim de concretizarmos o curso de
Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica Área de Especialização em Enfermagem à
Pessoa em Situação Perioperatória, da Escola Superior de Saúde Norte da Cruz Vermelha
Portuguesa de Oliveira de Azeméis (ESSNorteCVP).
O presente relatório tem como objetivos: contextualizar o estágio clínico; desenvolver
competências enquanto Enfermeiro Especialista à pessoa em situação perioperatória, sua
análise e reflexão; realizar um estudo de investigação científica na área de especialização de
enfermagem à pessoa em situação perioperatória.
Na realização deste relatório fazemos recurso à metodologia analítica, descritiva e reflexiva.
A finalidade é a descrição da reflexão sobre a prática desenvolvida para aquisição das
competências enquanto futura Enfermeira Mestre e serve como instrumento de avaliação
para concluir este percurso formativo.
Na nossa prática clínica fundamentamos e orientamos a nossa perspetiva do cuidar com base
nas premissas de Afaf Meleis na Teoria das Transições, atendendo a especificidade do
ambiente perioperatório e de todas as transições que os nossos clientes sofrem durante este
seu processo de saúde-doença, às mudanças a que estão sujeitos, a nossa atuação enquanto
Enfermeiros do perioperatório é prestarmos cuidados na capacitação e facilitação das suas
transições.
Ao longo deste relatório vamos procurar referir-nos à pessoa em situação perioperatória,
como cliente. Cliente que é compreendido como pessoa participativa no seu processo de
saúde doença, como refere a Ordem dos Enfermeiros no enquadramento conceptual dos
padrões de qualidades dos cuidados de enfermagem (Ordem Enfermeiros, 2001).
A tônica que elegemos para este estudo de investigação, enquadrado no Mestrado,
consequência das nossas vivências e inquietações constantes, baseia-se na diferenciação dos
Enfermeiros Instrumentistas por especialidades cirúrgicas.
Os Enfermeiros Instrumentistas, cientes da complexidade da instrumentação e da dificuldade
de conseguirmos dar resposta eficiente em todas as especialidades cirúrgicas, pretendemos
clarificar se existe necessidade de desenvolvimento de competências diferenciadas por
especialidades cirúrgicas, assim como, a pertinência da existência de formação específica por
especialidades cirúrgicas e a alocação dos Enfermeiros Instrumentistas por áreas de
especialidade. As realidades dos Enfermeiros Instrumentistas variam muito com o contexto
24
da instituição onde exercem funções. No contexto de estágio tivemos oportunidade de
constatar a importância dos Enfermeiros Instrumentistas, e como estes, em equipas e áreas
que dominavam, tinham “um saber estar” muito próprio e em sintonia com a equipa
cirúrgica. Surgindo assim a nossa questão de investigação: “Qual a perceção dos enfermeiros
instrumentista face à necessidade do desenvolvimento de competências diferenciadas por
especialidades cirúrgicas?”.
Esta inquietação gerou em nós o espírito de pesquisa e procura sobre o estado da arte deste
assunto particular que pretendemos estudar. Deparamo-nos com a escassez de literatura
nesta área específica da instrumentação cirúrgica.
O Enfermeiro Instrumentista é um dos elementos constituintes da equipa cirúrgica, que tem
uma capacidade de organização, de previsão e antecipação das necessidades específicas para
aquele cliente e procedimento cirúrgico. Deve garantir uma gestão dos riscos, na procura que
todo o processo decorra da melhor forma. Contribui para o sucesso dos procedimentos
cirúrgicos, sendo um elemento-chave na garantia da segurança e fluidez cirúrgica. Existem
estudos que realçam o papel de responsabilidade do Enfermeiro Instrumentista na equipa
cirúrgica para assegurar a segurança do procedimento cirúrgico (Mitchell et al., 2011).
Esta função específica de instrumentação cirúrgica é, muitas vezes, vista ou entendida como
meramente tecnicista, de passagem e disposição de instrumentos, desconhecendo a
verdadeira envolvência da sua função. Como referem, Fletcher et al. (2003), Rall et al. (2010),
Skramm et al. (2021), a instrumentação não é apenas a passagem de instrumentos, requer
visão e antecipação das necessidades do cirurgião, competências de comunicação e liderança
(como citado em, Hara et al., 2022).
Através do investimento efetuado na pesquisa bibliográfica, deparámo-nos com o relevo
dado ao desenvolvimento de competências no perioperatório em geral. Em particular na
instrumentação cirúrgica foram feitos alguns estudos, no sentido de identificarem quais as
competências necessárias para o desenvolvimento desta área. Relativamente à necessidade
dos Enfermeiros Instrumentistas desenvolverem competências diferenciadas por
especialidades cirúrgicas, é escassa a literatura que faça referência a esta temática.
É pertinente avaliar e analisar esta área, ainda pouco explorada, e que difere dependendo
do contexto clínico de cada instituição de saúde. Pelo que nos propomos realizar um estudo
de investigação de natureza qualitativa do tipo exploratório e descritivo.
A investigação qualitativa procura descobrir, explorar e descrever fenómenos tendo em
conta a experiência dos participantes. É um trabalho de proximidade e interativo, apropriado
quando o investigador pretende ter um entendimento profundo do fenómeno em estudo
(Ribeiro, 2010).
25
Os objetivos do nosso estudo pretendem dar resposta a nossa questão de investigação,
surgindo assim como objetivo geral: compreender a perceção dos Enfermeiros
instrumentistas sobre a necessidade do desenvolvimento de competências diferenciadas por
especialidades cirúrgicas. Como objetivos específicos pretendemos: identificar os fatores
(facilitadores/dificultadores) no desempenho da instrumentação cirúrgica; identificar se é
possível os Enfermeiros instrumentistas terem domínio do conhecimento de técnicas
cirúrgicas, instrumentos cirúrgicos, dispositivos médicos e equipamentos em várias
especialidades; identificar se os Enfermeiros instrumentistas dão resposta em varias
especialidades cirúrgicas; identificar as necessidades sentidas pelos Enfermeiros
instrumentistas quanto à formação.
A apresentação deste relatório está estruturada em duas partes, mas que se complementam.
A Parte I corresponde à componente de estágio que designamos como “Construindo
Competências”, na qual fazemos o enquadramento do nosso contexto de estágio e a análise
e reflexão da nossa construção e aquisição das competências comuns e específicas como
Enfermeiros Especialistas e as atividades desenvolvidas.
A Parte II corresponde à componente de investigação onde mencionamos o problema que
nos levou à pesquisa, objetivos e questão associada, bem como a finalidade da investigação.
Referimos também a nossa opção metodológica onde se incluiu o desenho do estudo,
fazemos a apresentação e discussão dos resultados. Apresentamos depois as conclusões
referindo as limitações e as sugestões que o nosso estudo acrescenta para o nosso contexto
particular do bloco operatório.
26
PARTE I – COMPONENTE DE ESTÁGIO
Construindo Competências
27
1. Enquadramento do contexto de estágio
29
diferentes áreas de assepsia, com cuidados muito técnicos, o que requer uma adaptação
contínua e muito exigente deste profissional.
O Enfermeiro perioperatório responsabiliza-se pela manutenção de um ambiente seguro e
pela gestão dos riscos quer para o cliente quer para a equipa, promovendo o trabalho em
equipa e prestando cuidados de qualidade (AESOP, 2012).
A Enfermagem Perioperatória é uma área com especificidades próprias no contexto dos
cuidados de saúde e com elevada relevância para o funcionamento do bloco operatório, por
isso, ser hoje uma especialidade. Sendo o Enfermeiro Perioperatório um elemento crucial
para a garantia da segurança dos clientes, dos cuidados prestados e de toda a equipa
multidisciplinar, assim como para a melhor gestão do bloco operatório. Neste sentido, e com
a importância de desenvolvermos e consolidarmos as competências nesta área de
especialidade, surge a realização do estágio clínico no contexto específico do perioperatório.
Os estágios clínicos permitem o desenvolvimento das aprendizagens e aquisição de
competências, sendo enriquecedores pela oportunidade de partilhar experiências com os
profissionais e construírem momentos de reflexão das práticas clínicas. De salientar a
importância do acompanhamento dos supervisores nas aprendizagens, desenvolvimento de
competências, na avaliação e reflexão das práticas (Machado & Andrade, 2020; Soares,
2021). O Supervisor Clínico em Enfermagem é considerado um modelo de referência
facilitador no desenvolvimento pessoal e das práticas clínicas (Soares, 2021).
O estágio de Enfermagem à pessoa em situação perioperatória II realizou-se no período de 3
de janeiro de 2022 a 31 de maio de 2022, num total de 440 horas de contexto de prática
clínica num bloco operatório convencional.
30
do Enfermeiro Gestor, vestiários e instalações sanitárias para ambos os sexos, sala de sujos
e uma ligação direta para recolha dos resíduos e roupa hospitalar, conforme anexo I. Dispõe,
também, de um serviço de secretariado que se encontra numa estrutura adjacente ao bloco
operatório e gabinete do Diretor do Serviço.
As salas operatórias no seu circuito externo de circulação, possuem uma antecâmara onde é
acolhido o cliente e uma box de apoio, por este circuito externo circulam os clientes e os
equipamentos. Por outro lado, as salas operatórias comunicam por um circuito interno
através de um corredor que permite, a ligação à área de desinfeção cirúrgica adjacente a
cada sala operatória, a ligação as restantes salas operatórias, ao armazém de fármacos e de
equipamentos e à área de registos operatórios.
A equipa de Enfermagem é constituída por 84 profissionais dos quais, três profissionais
possuem grau académico de Mestre em Enfermagem Médico-Cirúrgica e os restantes o grau
de Licenciatura. No âmbito da formação pós-licenciatura encontramos, um Enfermeiro
Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica e onze Enfermeiros Especialista em Enfermagem
Médico-Cirúrgica.
A estratégia de organização funcional do bloco operatório engloba as necessidades
referentes as áreas de atuação nos cuidados intraoperatórios, no recobro imediato, na dor
aguda, na colaboração com a unidade de reprocessamento de dispositivos médicos e na
coordenação funcional do serviço.
O bloco operatório desenvolve a sua intervenção na vertente de cirurgia eletiva e cirurgia de
urgência. Em contexto de urgência está adstrita uma sala operatória (baritada) que funciona
permanentemente. A cirurgia eletiva funciona de segunda a sexta-feira no período das 8 às
20h nas restantes salas operatórias.
Neste contexto são realizadas intervenções cirúrgicas diferenciadas e de elevada
complexidade nas especialidades de Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Urologia,
Otorrinolaringologia, Estomatologia, Neurocirurgia e Cirurgia Plástica Reconstrutiva e
Maxilofacial. E em contexto de urgência acresce a Traumatologia/Ortopedia.
O recurso a este serviço, para clientes portadores de várias patologias, que representam um
risco acrescido, demostra a sua elevada diferenciação e capacidade de resposta.
O Bloco Operatório Central (BOC) reúne as condições para o desenvolvimento das
competências especializadas nesta área do perioperatório, pela sua diversidade e
abrangência de especialidades cirúrgicas, e pela diferenciação cirúrgica realizando muitas
cirurgias major (grande complexidade) fator de relevo para escolha deste contexto como
estágio clínico.
31
No sentido de adquirir e desenvolver competências neste contexto e após análise reflexiva
das nossas necessidades, elaboramos um percurso para o estágio clínico, direcionado na área
de atuação dos cuidados intraoperatórios nas especialidades de Cirurgia Vascular, Cirurgia
Geral, Urologia e ORL por serem áreas de especialidades cirúrgicas diferentes do nosso
contexto e na coordenação funcional do serviço por possuirmos uma lacuna nesta área
particular e de extrema importância na gestão e coordenação do bloco operatório, como
apresentado no cronograma em apêndice I.
Elaboramos uma análise SWOT (Strangths, WeaKnesses, Opportunities, Threats) e
delineamos os objetivos específicos que em virtude das necessidades encontradas e
oportunidades, durante o desenvolvimento do nosso percurso foram adaptados para melhor
aquisição das competências. Destacamos com esta análise os seguintes prismas:
Strangths (aspetos positivos internos): interesse do serviço na elaboração de
instrução de trabalho; interesse de melhoria do processo de gestão planeamento cirúrgico;
abertura e disponibilidade do Enfermeiro Gestor e da equipa em propostas de melhoria;
WeaKnesses (aspetos negativos internos): desconhecimento do processo de
codificação cirúrgica; pouco de tempo disponível para formação no serviço;
Opportunities (aspetos positivos externos): partilha de atividades e conhecimentos
dos estudantes para desenvolvimento de competências;
Threats (aspetos negativos externos): necessidade de articulação e colaboração de
outras classes profissionais;
Neste seguimento delineamos objetivos específicos que permitissem o desenvolvimento de
competências nesta área de especialização e que trouxessem valor ao contexto de estágio.
Elencamos os seguintes objetivos específicos:
1.Desenvolver em contexto clínico as competências adquiridas na área de
enfermeiro especialista à pessoa em situação perioperatória
2. Envolver a equipa de Enfermagem no desenvolvimento de competências e boas
práticas com base na evidência científica
2.1- Contribuir para a reflexão das práticas e implementar melhoria das mesmas;
2.2- Realizar formação nas necessidades identificadas com base na evidência
científica;
2.3- Desenvolver estratégia conjunta de otimização do planeamento cirúrgico
através de codificação QRcode - projeto piloto;
3. Desenvolver competências na área da gestão e organização do bloco operatório
3.1- Desenvolver conhecimentos na organização dos recursos humanos;
3.2- Conhecer a organização do fluxo logístico dos materiais/equipamentos;
32
Ao longo da explanação do desenvolvimento das competências comuns e específicas do
Enfermeiro Especialista à Pessoa em Situação Perioperatória, corrobora-se o cumprimento
dos objetivos quer gerais do curso de mestrado quer os específicos delineados para este
percurso singular do contexto clínico em que se insere.
33
2. Competências comuns do enfermeiro especialista
O Enfermeiro Especialista assenta a sua praxis clínica na procura dos cuidados mais seguros,
adequados à pessoa e à situação clínica que vivencia.
A exigência dos cuidados perioperatórios em virtude da sua especificidade, do ambiente em
que se inserem e dos riscos iminentes requerem do Enfermeiro Especialista uma atitude
responsável. A sua tomada de decisão e prática é baseada nos princípios éticos, com o intuito
de cuidados mais seguros e de qualidade (Araújo et al., 2022).
Desta forma e de acordo com o regulamento nº 140/2019 (2019) de competências comuns,
neste domínio da responsabilidade profissional, ética e legal, o Enfermeiro Especialista na
sua abrangência deve “desenvolver uma prática profissional, ética e legal, na área de
especialidade, agindo de acordo com as normas legais, os princípios éticos e a deontologia
profissional; garantir práticas de cuidados que respeitem os direitos humanos e as
responsabilidades profissionais” (p.4745).
35
Deve ter como suporte na sua prática clínica, o Código Deontológico de Enfermagem,
instrumento valioso para fundamentar a prática, basear e guiar a tomada de decisão na
procura da melhor atuação e garantia da qualidade dos cuidados prestados (Ordem
Enfermeiros, 2015).
Os padrões éticos da profissão têm por base o princípio moral da preocupação com o bem-
estar do outro, ou seja, de quem cuida, prestando cuidados humanos e de qualidade. (Ordem
Enfermeiros, 2015).
Como Enfermeiros Especialistas em perioperatório temos este princípio muito presente,
visto que a pessoa em situação perioperatória se encontra num estado de vulnerabilidade e
em risco elevado, dependência e entrega total. Perante a perda de autonomia da pessoa,
atuamos em benefício desta, na defesa da sua dignidade e agindo como seu advogado.
Responsabilizamo-nos para com o cliente em (…)” o capacitar, o informar, avaliar e respeitar
os seus direitos, questionar e garantir os cuidados adequados, sua segurança e privacidade,
falar e agir em nome dos seus interesses, apoiar suas decisões, bem como promover a sua
autonomia” (Tomeschewski-Barlem et al., 2018, p.8).
Em contexto do estágio clínico no bloco operatório, esta responsabilidade ética esteve
sempre presente na nossa prática clínica. Procuramos com as nossas intervenções ajudar o
cliente a adaptar-se e a perceber todas as mudanças que sofre durante este período.
Existiu uma preocupação constante enquanto estudantes em garantirmos a privacidade, a
intimidade do cliente nos diversos momentos do percurso no bloco operatório.
No momento de acolhimento, na defesa da garantia do sigilo profissional na transmissão da
informação respeitando os princípios da confidencialidade, o respeito pela privacidade do
cliente, pelo que tivemos o cuidado de receber só um cliente de cada vez por forma a garantir
essa privacidade. Atendendo, a que neste contexto de estágio a entrada do cliente para o
acolhimento no BO pode ser feita por duas alas, podendo comprometer a privacidade do
mesmo, por isso tivemos sempre presente o cuidado com esta dimensão.
Durante o período intraoperatório tivemos a preocupação em garantir o respeito pela
intimidade do cliente, limitando o número de profissionais que circulam na sala operatória,
considerando o facto de este contexto de estágio ser um hospital escola é importante
assegurar o número de profissionais necessários nos diferentes momentos. Procuramos
assegurar a exposição necessária a cada procedimento, o exigido para a fase da indução
anestésica e posteriormente responsabilizamo-nos pela exposição necessária à intervenção
cirúrgica que é muito variável dependendo da especialidade cirúrgica.
36
Tivemos a oportunidade de acompanhar o Enfermeiro Coordenador que é um elemento da
equipa que abarca funções de gestão dos cuidados e gestão dos recursos para a produção
dos cuidados.
Durante o período que acompanhamos o Enfermeiro Coordenador, elemento responsável
pela articulação e gestão do bloco operatório, enfrentamos no nosso quotidiano, diversos
problemas que requerem resolução partilhada e fundamentada, respeitando sempre os
princípios éticos. Por exemplo, tivemos a oportunidade durante o período de coordenação e
em conjunto com a equipa multidisciplinar, participar em decisões que muitas vezes
interferem com a dinâmica e funcionamento do bloco operatório.
Procuramos obter e reunir as informações necessárias para fundamentar as decisões e
procurar causar o menor prejuízo. Podemos dar como exemplo para melhor perceção, no
nosso contexto de estágio e como já referimos, tem uma sala de urgência que funciona
ininterruptamente, sendo um hospital central surgem situações de emergência/urgência que
requerem a necessidade de abertura de uma segunda sala de urgência. Essa necessidade
compromete o funcionamento habitual da cirurgia programada, implicando uma tomada de
decisão relativamente à sala que vai interromper o seu plano operatório e reorganização da
equipa. Desta forma exige por parte do Enfermeiro Coordenador uma avaliação dos planos
operatórios, avaliação da situação emergência/ urgência, confirmar qual o tempo certo em
que o cliente vai entrar no bloco, para assim proceder a uma tomada de decisão
fundamentada, decisão essa partilhada pela equipa multidisciplinar.
Estudos reforçam que a cirurgia de emergência é um desafio que interfere no fluxo cirúrgico,
exigindo uma tomada de decisão relativamente à sala a ser utilizada, a reorganização da
equipa e a implicação no atraso ou cancelamento das cirurgias programadas (Rodriguez et
al., 2020).
Estas decisões foram sempre refletidas e ponderadas no sentido de causarem o menor
prejuízo e a melhor rentabilização de recursos na garantia da prestação de cuidados mais
seguros e de qualidade, que respeitem os direitos humanos e as responsabilidades
profissionais. Permitiu-nos uma aprendizagem dentro deste domínio de competências e
irmos de encontro ao cumprimento dos nossos objetivos específicos.
A qualidade dos cuidados de saúde é um objetivo dos profissionais de saúde, pois estes
pretendem garantir melhores cuidados e mais seguros aos clientes. A atualização dos
37
conhecimentos e o acompanhamento das inovações no âmbito do perioperatório fazem
desta prática um constante desafio.
O Enfermeiro Especialista em perioperatório tem destaque no desenvolvimento desta
competência dando aportes na implementação das práticas baseadas na evidência com
atualização científica na garantia da melhoria contínua da qualidade na sua praxis clínica
(Pereira & Moriya, 2022).
Por sua vez é um direito do cidadão ter acesso a cuidados de saúde de qualidade como é
garantido pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS).
A Ordem dos Enfermeiros na procura da excelência dos cuidados emanou padrões de
qualidade na área específica do perioperatório, onde o enfermeiro especialista deve
desempenhar um papel ativo e dinamizador na implementação e procura da qualidade dos
cuidados prestados ao cliente. Os padrões de qualidade orientam a reflexão profissional e a
tomada de decisão e servem como referencial na definição de indicadores que permitam
demonstrar os ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem perioperatórios
(Ordem Enfermeiros, 2017).
Neste sentido e no alcance deste domínio de competência da melhoria continua da qualidade
o enfermeiro especialista deve ter um papel interventivo e colaborador na conceção e
operacionalização de projetos de investigação, mobilizando conhecimentos e competências
para garantir a melhoria continua da qualidade.
Em contexto de estágio clínico, em sinergia com estudantes do mestrado após reflexão das
práticas identificamos a necessidade de melhorar a performance de todo o processo de
planeamento cirúrgico pelo que desenvolvemos um projeto de melhoria.
O cliente quando é inscrito para cirurgia, fica inserido num Sistema Integrado de Gestão de
Inscritos para Cirurgia (SIGIC), sendo atribuído um código ao procedimento para o qual fica
inscrito. Para o mesmo procedimento cirúrgico podem ser atribuídos diferentes códigos,
dependendo do clínico que inscreve. Esta falta de uniformização levanta constrangimentos
no bloco operatório relativamente ao tipo de procedimento que vai ser efetuado, dando
abertura à possibilidade de erro nos diferentes momentos. A qualidade e eficiência dos
profissionais está intimamente ligada com todo o processo de gestão do planeamento
cirúrgico (Silva et al., 2020).
Pelo que, para facilitar e melhorar a compreensão deste processo de planeamento e
agendamento cirúrgico por parte da equipa multidisciplinar, concebemos um projeto piloto
de otimização do planeamento cirúrgico fazendo recurso a um sistema de QR code (Quick
Response Code). Procuramos inovar e tornar toda a informação pertinente e necessária de
fácil acesso e de forma apelativa. Este é um código de barras bidimensional que pode ser lido
38
de forma fácil através de um dispositivo móvel. Esta tecnologia inovadora que permite obter
informação, imagens, de forma fácil e acessível através de um smartphone é utilizada na área
da saúde para informação aos clientes de forma efetiva como demonstram vários estudos
(Xiaojun, 2018; Cho et al., 2021).
Como futuros Enfermeiros Especialistas e no desenvolvimento de competências
apresentamos este projeto de melhoria ao Enfermeiro Gestor e ao Diretor de Serviço que
permitiram o seu desenvolvimento, desta forma demos também cumprimento a
concretização de um objetivo específico para este contexto de estágio no desenvolvimento
de uma estratégia conjunta de otimização do planeamento cirúrgico.
O processo de construção do projeto iniciou-se com o delinear do método, optamos por um
estudo descritivo de abordagem qualitativa, aplicado no bloco operatório do campo de
estágio, na especialidade cirúrgica de urologia e que foi implementado durante o período de
janeiro e fevereiro, por forma a dar resposta a questão que se nos impôs: Qual a perceção
da equipa multidisciplinar na implementação de um sistema de planeamento cirúrgico?
Numa primeira fase criamos um grupo de peritos composto por médico urologista
codificador, engenheiro informático e enfermeira responsável pela especialidade cirúrgica.
Escolhemos dois procedimentos cirúrgicos por critério de uniformização da codificação,
elaboramos um padrão cirúrgico sob a forma de checklist com as necessidades específicas
para cada procedimento, associando a cada padrão um QR code. Posteriormente a agregação
do QR code ao planeamento cirúrgico.
Numa segunda fase foi apresentado o projeto à equipa multidisciplinar, empoderando e
envolvendo a equipa para a sua implementação, como podemos verificar no apêndice II.
Foi implementado no período referido e numa terceira fase foi aplicado um questionário a
todos os profissionais que tiveram oportunidade de utilizar, usando a escala tipo Likert
pontuada de 1 (nada útil) a 5 (extremamente útil). Como podemos observar na tabela 1 a
implementação do projeto demonstrou ter um impacto positivo na dinâmica e organização
da gestão do planeamento cirúrgico. Demonstrou como benefícios minimização de falhas
associadas ao planeamento cirúrgico; promoção da segurança e qualidade dos cuidados;
processo facilitador na integração de novos elementos; melhor identificação do
procedimento cirúrgico; otimização da gestão do tempo e o interesse em aplicar em outras
especialidades cirúrgicas.
39
Tabela 1 Apresentação dos Resultados Questionário
40
área tivemos oportunidade de acompanhar o Enfermeiro Gestor e o Enfermeiro
Coordenador na organização dos recursos humanos, permitiu-nos compreender a
importância do Enfermeiro Gestor, ser detentor do conhecimento das competências da sua
equipa de Enfermagem, assim como ser conhecedor das necessidades e exigências do
contexto clínico para efetuar uma gestão adequada no sentido da otimização das respostas.
A alocação de uma equipa de Enfermagem numa sala operatória baseada nas suas
competências e experiência permite uma resposta mais eficaz, prestação de cuidados mais
seguros e competentes, existe uma melhor otimização dos tempos, gestão adequada dos
recursos materiais e de equipamentos, melhor gestão dos riscos assim como uma melhor
articulação com a equipa multidisciplinar o que se traduz em ganhos em saúde.
Neste contexto de estágio são diversas as dificuldades com que o Enfermeiro Gestor se
depara para garantir uma adequação dos recursos humanos, atendendo ao absentismo
prolongado (gravidez de risco), isolamentos profiláticos, período de integração dos
Enfermeiros, oportunidade de experiência, uma pressão cada vez mais forte em aumentar a
produtividade e a tentativa de rentabilizar os blocos operatórios. Neste momento peculiar
que se vivencia, tendo em atenção a obrigatoriedade dos isolamentos profiláticos pela
doença do coronavírus (COVID 19), criou uma instabilidade nas equipas, requerendo da
gestão e das próprias equipas esforço acrescido para dar resposta as exigências da
produtividade, sem descurar a segurança e a qualidade dos cuidados. Ressalvo a importância
da competência de liderança do Enfermeiro Gestor e do Enfermeiro Coordenador, perante
as inúmeras pressões, em manter o enfoque da importância dos cuidados seguros
salientando as dotações seguras e o respeito pelas competências.
O Enfermeiro Gestor é responsável por garantir o cumprimento dos padrões de qualidade
dos cuidados de Enfermagem no que concerne à organização dos recursos humanos, à
adequação de Enfermeiros, à garantia da qualidade dos cuidados prestados, à gestão da
segurança do risco e dos conflitos, como refere o regulamento nº 101/2015 (2015),
regulamento do perfil de competências do Enfermeiro Gestor. O Enfermeiro Gestor elabora
o plano de trabalho diário da equipa de Enfermagem distribuindo os Enfermeiros pelas
diferentes áreas de atuação no intraoperatório (anestesia, circulante, instrumentação) nas
diferentes especialidades cirúrgicas, tendo em conta o planeamento cirúrgico das diferentes
especialidades. Desta forma procura atender as competências e experiência dos
Enfermeiros, para os distribuir pelas diferentes especialidades cirúrgicas por forma a dar
resposta eficaz e eficiente, exigida pela especificidade de cada especialidade cirúrgica. No
entanto muitas vezes não é possível pelos fatores que já mencionamos, existindo uma
rotatividade dos profissionais e constante adaptação. São também distribuídos pelo recobro
41
imediato, dor aguda, coordenação e apoio a esterilização (unidade de reprocessamento),
devendo ter sempre em atenção a experiência e competência dos Enfermeiros, situação que
muitas vezes não é atendida por razões já anteriormente referidas. Esta constante
alternância cria instabilidade nas equipas.
No contexto de estágio clínico e em reflexão com o Enfermeiro Gestor e o Enfermeiro
Coordenador pudemos constatar os ganhos que uma equipa de Enfermagem competente
traduz na otimização dos cuidados perioperatórios. Pelo que, o Enfermeiro Gestor está
sensibilizado para procurar organizar as equipas por forma a serem mais competentes e
eficientes, procurando promover experiências e respeitando os interesses individuais da
equipa no seu desenvolvimento de competências.
Foi ainda propósito deste estágio desenvolvermos competências e conhecimentos na área
da organização do fluxo logístico de materiais e equipamentos, no acompanhamento do
Enfermeiro Coordenador para desenvolvimento destas aprendizagens. Este tem um papel
preponderante na articulação com os diferentes serviços intermediários (aprovisionamento,
farmácia, instalações e equipamentos) para garantir uma boa gestão e possibilitar a
prestação dos cuidados necessários, traduzindo ganhos em saúde. É de salientar a
importância que esta colaboração com os diferentes serviços tem, na garantia da qualidade
em saúde (Loureiro, 2022).
A gestão dos recursos materiais deste contexto de estágio, é efetuada por vários métodos de
reposição: - Sistema de Armazéns Avançados (do material stockável) são estabelecidos
mínimos e máximos pelo BO e são geridos pelos serviços de aprovisionamento, farmácia e
logística; - Sistema de fornecimento de material não stockável; - Sistema de pedido de
material específico que exige autorização e aprovação da UGI(Unidade de Gestão Integrada)/
CRI (Centro Responsabilidade Integrada)e CA (Conselho Administração), este é efetuado pelo
cirurgião responsável numa plataforma interna. Para que todos estes circuitos funcionem na
perfeição exigem do Enfermeiro Coordenador uma gestão constante e dinâmica, da qual
tivemos oportunidade de participar ativamente, uma articulação contínua com os serviços
intermediários, uma gestão do planeamento cirúrgico em colaboração com os Enfermeiros
responsáveis das diferentes especialidades cirúrgicas no sentido de minimizar falhas e
facilitar o processo, para garantir que se reúnem as condições ideais para a realização das
cirurgias. Foi importante fazermos parte de toda esta gestão e organização, desenvolvemos
aprendizagens de todos os mecanismos e plataformas informáticas utilizadas,
desenvolvemos competências de comunicação, organização, gestão e liderança exigidas
nesta função e que passam despercebidas quando todo o processo se desenrola na perfeição.
Foram inúmeras as situações que pudemos constatar e colaborar nomeadamente, no
42
desbloqueamento de materiais específicos junto dos serviços intermediários, ou na alteração
de planos cirúrgicos por indisponibilidade de materiais ou equipamentos específicos,
evitando desta forma cancelamentos cirúrgicos e perda de rentabilidade do BO. Neste
sentido contribuímos na elaboração do mapeamento dos dispositivos específicos de cada
especialidade cirúrgica elaborando checklist com os códigos específicos para facilitar este
processo conforme modelo tipo apresentado no apêndice III.
Dentro das funções do Enfermeiro Coordenador também participamos ativamente na gestão
dos equipamentos e sua manutenção, articulando com o serviço de instalação e
equipamentos reportando as avarias e efetuando a gestão das mesmas. É importante que
existam materiais e equipamentos em proporção adequada às necessidades e que seja
efetuada a gestão da sua manutenção para o bom funcionamento do fluxo cirúrgico
(Rodriguez et al., 2020).
Por forma a melhorar a organização deste processo, elaboramos sob a forma de checklist um
inventário de todos os equipamentos do bloco operatório em suporte digital, para tornar
este processo mais eficiente, eficaz e facilitando a sua consulta, conforme modelo tipo
apresentado no apêndice IV. O facto de podermos aceder de forma fácil através desta
checklist disponível a nível informático permitiu à coordenação melhor organização e
controlo dos equipamentos existentes e em situação de avaria a sua melhor identificação,
melhorando toda a gestão deste processo.
Cabe, todavia, ao Enfermeiro Coordenador efetuar a articulação com o serviço de
esterilização (unidade de reprocessamento) na gestão dos dispositivos médicos de uso
múltiplo (caixas de instrumentais cirúrgico) através de um pedido informático. O Enfermeiro
Instrumentista de cada sala, avalia o plano operatório do dia seguinte e informa qual o
instrumental cirúrgico necessário, o Enfermeiro Coordenador compila todas as necessidades
e efetua o pedido das mesmas para o serviço de esterilização por e-mail, desta forma permite
uma organização das necessidades e melhor gestão dos instrumentais específicos.
Participamos ativamente e de forma eficaz em todo este processo diminuindo falhas e
procurando a melhor rentabilização dos recursos existentes.
Ao longo do nosso estágio clínico na prestação de cuidados diretos ao nosso cliente a nossa
tomada de decisão para o planeamento e gestão de cuidados foi sempre na procura da
otimização das respostas como equipa para garantir a segurança e a qualidade dos cuidados
prestados.
Em síntese, o domínio da competência da gestão dos cuidados exige dos Enfermeiros
Especialistas um conhecimento profundo da área de especialidade, do contexto em que
trabalha, por forma a garantir uma gestão adequada dos recursos, dos cuidados e uma boa
43
articulação quer com a equipa multidisciplinar quer com os diferentes serviços envolventes
na procura da qualidade dos cuidados.
45
3. Competências específicas do enfermeiro especialista em
enfermagem à pessoa em situação perioperatória
47
uma comunicação eficaz, transmitirmos e provocarmos nos clientes sentimentos de
confiança para se sentirem seguros (Oliveira et al., 2020).
A literacia em saúde tem de ser trabalhada, para que o cliente seja capaz de compreender
toda a informação que recebe e consiga fazer parte na tomada de decisão do seu problema
de saúde e compreender o seu processo de transição. A preparação do cliente e o
conhecimento antecipado das situações que vai vivenciar influência e facilita a experiência
da transição (Meleis, 2019). Quando é informado que é necessário ser submetido a uma
intervenção cirúrgica independentemente de ser um procedimento simples ou complexo
acarreta sempre dúvidas, medos, incertezas. É importante que o cliente esteja preparado
para tomar decisões sobre os assuntos relativos à sua saúde, nas opções que faz no dia a dia,
na assimilação responsável da informação, para preservar e melhorar a sua própria saúde
(Morais et al., 2020).
Neste contexto de estágio os clientes são maioritariamente admitidos no próprio dia, através
do serviço de Admissão Cirúrgica Centralizada (ACC), por conseguinte, não é possível a
realização da visita pré-operatória. Identificamos a necessidade de intervir, na preparação e
capacitação do cliente, para a experiência cirúrgica e contribuir para diminuir os seus receios
e dúvidas. No período que antecede à cirurgia, os clientes são detentores de diferentes
emoções, desde medo da situação que vão vivenciar, receio do desconhecido, esperança de
resolução do problema de saúde, entre outras. Neste sentido, concebemos e elaboramos em
colaboração com estudante do mestrado, um projeto de melhoria na área da humanização
e capacitação do cliente para a sua vivência cirúrgica, realizando um filme de carater
informativo, sobre os diferentes momentos e sensações do seu percurso cirúrgico, para ser
apresentado ao cliente no seu período de permanência na ACC. Construímos o guião que
acompanha a legenda do filme por nós elaborado. Pretendemos, desta forma, contribuir para
informar o cliente e diminuir a inquietação do inesperado e do desconhecido facilitando o
seu processo de transição. Foram desenvolvidos esforços junto da ACC apresentando o
projeto também ao Enfermeiro Gestor da ACC e pedindo colaboração da equipa para a sua
implementação. Procuramos também, envolver a Comissão de Humanização, o serviço de
Comunicação e Imagem, que também acolheram o projeto e permitiram o seu
desenvolvimento. Assim sendo, demos passos na construção de pontes neste processo de
capacitação, na procura da preparação do cliente para a sua vivência cirúrgica.
O Enfermeiro Especialista em perioperatório deve promover ações de melhoria, desta forma
contribuir para diminuir os medos, a ansiedade que todo o processo cirúrgico acarreta,
coadjuvando para uma melhor compreensão e aceitação de todo o processo que a pessoa
em situação perioperatória vai vivenciar (Santos & Brandão, 2021)
48
No sentido de marcar o dia do Enfermeiro de uma forma singular, proporcionamos a
apresentação do filme à equipa de Enfermagem e desta forma envolver toda a equipa neste
processo de melhoria, pois a essência do nosso cuidar como enfermeiros do perioperatório
é o cuidar humanizado. Realizamos um poster de carater informativo para sinalizar este dia
e a importância da construção de pontes para melhorar o processo de capacitação dos nossos
clientes, que apresentamos no apêndice V. Aceitamos também o desafio lançado pela equipa
de Humanização em ampliar este projeto a outro nível, elaboramos um filme informativo
com o percurso que o cliente faz desde que é contactado para a cirurgia englobando a sua
entrada no serviço ACC e no Bloco Operatório. Este filme fica acessível através de um link na
plataforma do hospital e com acesso a todos os clientes que irão ser submetidos a um
procedimento cirúrgico, conforme anexo III.
Conjuntamente, no nosso contexto de estágio pautamos a nossa atuação assegurando que
toda a informação que disponibilizávamos ao nosso cliente era compreendida, respeitamos
as suas decisões e garantimos o cumprimento do consentimento informado. O cumprimento
do consentimento informado assume um dever que deve ser assegurado por todos os
profissionais de saúde, com responsabilidade profissional, ética e legal. Este documento, tem
como objetivo garantir que o doente foi informado e que consentiu o tratamento proposto
conhecendo os riscos e benefícios dando a sua autorização com assinatura do mesmo
(Oliveira et al., 2021).
No bloco operatório do contexto de estágio é norma instituída, o não permitir a entrada do
cliente, sem a confirmação do consentimento informado quer anestésico quer cirúrgico
devidamente preenchido. Tivemos perante este assunto a oportunidade de refletir com a
equipa formas de agilizar e diminuir falhas neste contexto. Foi sempre nossa preocupação e
da equipa de Enfermagem em particular a confirmação do mesmo, bem como tivemos
sempre o cuidado de estabelecer uma relação empática com a pessoa, apresentando-nos,
confirmando os itens necessários para a segurança cirúrgica, indo assim de encontro ao
cumprimento da Cirúrgica Segura e informando sobre os cuidados que iria necessitar ( como
por exemplo: colocação do soro, monitorização, placa de eletrocoagulação entre outros
cuidados) para diminuir as suas dúvidas, receios e estabelecer uma relação de confiança.
Essa nossa preocupação em relacionarmo-nos com o cliente, permitiu-nos a oportunidade
de perceber as suas necessidades, para tomarmos decisões e conceber o nosso plano de
cuidados dirigido para o nosso cliente com intervenções adequadas às necessidades e
facilitadoras das transições do nosso cliente. Experienciamos, que apesar de consentirem e
estarem no momento da intervenção cirúrgica, existiam dúvidas e anseios que precisavam
ser dissipados, pois ainda não tinham compreendido essa mudança necessária no seu
49
processo saúde-doença (transição). Por exemplo, um cliente no âmbito da Cirurgia Vascular,
a aguardar para ser submetido a uma amputação parcial, referiu dúvidas relativamente ao
tratamento, fomos promotores do esclarecimento e entrevimos, juntamente da equipa
multidisciplinar para providenciar informação ao cliente sobre o tratamento proposto, esta
informação apesar de já ter sido facultada, muitas vezes não é devidamente assimilada.
Resultou assim na diminuição das dúvidas, receios e stress do mesmo e assegurando o direito
do cliente à informação. Contribuímos para capacitar o cliente e para este compreender as
mudanças que iria sofrer desta sua intervenção cirúrgica. O Enfermeiro Especialista deve
perante o cliente ter a perceção das necessidades do mesmo, devendo esclarecer e articular
com a equipa médica garantindo assim o direito do cliente a ser esclarecido e ser detentor
de conhecimentos para tomar decisões.
Como futuros Enfermeiros Especialista em Perioperatório e em reflexão com a equipa a fim
de promovermos cuidados mais seguros e apoiados nas melhores evidências, desenvolvemos
formação sobre a “Segurança Cirúrgica: Checklist de verificação pré-operatória” que deve ser
realizada no acolhimento do cliente no BO, como apresentamos no apêndice VI.
Identificamos a necessidade de melhorar o procedimento de acolhimento e garantir maior
segurança ao cliente, pelo que contribuímos para a efetivação de uma checklist de
acolhimento do doente no BOC. De salientar, a relevância do recurso a estratégias que
diminuam a potencialidade do erro. Aquando do acolhimento a confirmação da identificação
é uma prática mandatória, cujas falhas podem acarretar problemas sérios (Araújo et al.,
2019). A checklist é uma ferramenta de promoção de segurança do cliente, pois permite a
identificação precoce de intercorrências ou falhas durante o processo (Alpendre et al., 2017).
Salientamos a importância da confirmação e verificação de toda a informação pertinente a
este período do perioperatório, neste sentido é fundamental estabelecer protocolos de
atuação para diminuir falhas e sistematizar práticas na garantia de uma cultura de segurança.
Pelo que, pressupõe a efetivação do seu registo na garantia da continuidade dos cuidados.
O Enfermeiro assume o dever de registar as intervenções realizadas, como determina o
Código Deontológico no seu artigo 83º, alínea d) (Ordem dos Enfermeiros, 2005). A
informação produzida pelos registos de Enfermagem é fundamental para a continuidade e
qualidade dos cuidados, para a formação, investigação, tomada de decisão, bem como dar
cumprimento ao requisito ético e legal (Ordem dos Enfermeiros, 2007). Permite ainda criar
indicadores que podem servir de avaliação dos cuidados prestados.
Como já referimos, identificamos as dificuldades relativas a operacionalização da Checklist
de verificação pré-operatória no aplicativo informático existente no BO do nosso campo de
estágio, pelo que junto do Enfermeiro Gestor e com a articulação e colaboração do
50
responsável pelos sistemas de informação efetuamos as demandas necessárias para
solucionar e ultrapassar os diversos constrangimentos. Desta forma e com o envolvimento
de toda a equipa através da formação efetuada por nós sobre o tema, contribuímos para a
sistematização desta prática e a implementação da Checklist de verificação pré-operatória e
o seu registo no aplicativo informático, melhorando as nossas práticas e a segurança do
cliente perioperatório.
51
avaliação da pertinência da formação e da instrução de trabalho, através de um questionário
aplicado aos participantes e os resultados demonstraram ser uma mais-valia para a
segurança cirúrgica, na sistematização dos procedimentos e na integração de profissionais,
apresentado no apêndice IX. Em concordância com a equipa de Enfermagem e com o
Enfermeiro Gestor planeamos efetuar uma auditoria para avaliar a sua implementação
através dos registos. Efetuamos uma auditoria aos processos de forma aleatória nas
diferentes especialidades e constatamos que ainda existe a necessidade de reforçar a
formação para melhor consolidação da prática recomendada e do seu registo efetivo, pelo
que foi comunicado ao Enfermeiro Gestor para efetuar esse reforço.
No âmbito da gestão e controlo dos dispositivos médicos utilizados no perioperatório,
asseguramos a gestão do risco relacionado com a retenção inadvertida dos itens
quantificáveis, assim como, garantimos a rastreabilidade dos dispositivos médicos de uso
múltiplo com a unidade de reprocessamento, no sentido de diminuir falhas neste processo.
O Enfermeiro Instrumentista deve ser rigoroso no controlo e conhecimento dos dispositivos
médicos de uso múltiplo que utiliza, devendo articular com o Enfermeiro circulante para
promoverem a rastreabilidade dos mesmos, bem como documentar qualquer intercorrência
ou necessidade de substituição. O Enfermeiro de Anestesia também deve efetuar o registo
dos dispositivos médicos de uso múltiplo que utiliza. Salientamos a importância da
articulação e trabalho de equipa dos enfermeiros na sala operatória, no sentido do rigor e
organização, para a melhor gestão da rastreabilidade dos dispositivos médicos de uso
múltiplo. Em contexto de estágio clínico foi identificada a necessidade de melhoria no âmbito
da rastreabilidade dos dispositivos de uso múltiplo, principalmente na articulação de
informação com a unidade de reprocessamento. Pelo que, em conjunto com estudante do
mestrado após analise e reflexão das práticas, desenvolvemos um projeto de melhoria.
Elaboramos um padrão de rastreabilidade dos dispositivos por especialidades cirúrgicas
sobre a forma de checklist, para efetuar o registo dos dispositivos, como apresentado no
modelo tipo no apêndice X. No sentido de envolver a equipa de enfermagem para obter a
sua colaboração na implementação desta prática, foi apresentada uma formação como ação
de sensibilização e dinamização da boa prática como podemos confirmar no apêndice XI. Foi
um projeto bem acolhido pela equipa, contribuindo desta forma para práticas mais seguras
no intraoperatório. Demonstrou ser, um mecanismo de melhor comunicação e articulação
com a unidade de reprocessamento, diminuindo falhas neste processo e permitindo melhor
rastreabilidade destes dispositivos médicos de uso múltiplo. Como podemos corroborar em
leituras efetuadas, a elaboração de listas com identificação dos dispositivos de uso múltiplo,
permite melhorar o processo de preparação e a sua rastreabilidade (Vargas et al., 2019). Este
52
registo de rastreabilidade, permite que o Enfermeiro destacado para a Esterilização, tenha
uma informação mais detalhada sobre os dispositivos médicos de uso múltiplo que foram
utilizados nas diferentes salas operatórias, podendo rastrear o seu processo e obter uma
resposta mais efetiva junto da unidade de reprocessamento. É muito importante que exista
uma boa comunicação e articulação entre o bloco operatório e a unidade de
reprocessamento para diminuir falhas neste processo que possam comprometer a
rentabilidade e eficácia dos recursos e comprometer o funcionamento do bloco. A boa gestão
dos recursos e a sua adequada rastreabilidade permitem obter ganhos em saúde.
Em suma, como futuros Enfermeiros Especialistas à pessoa em situação perioperatória
conseguimos ao longo do nosso ensino clínico mobilizar os conhecimentos adquiridos e
competências para garantir a prestação de cuidados de qualidade e garantir a segurança do
nosso cliente, da equipa e do ambiente em que trabalhamos. Desenvolvendo cuidados nas
diferentes fases do perioperatório e em particular desenvolvendo trabalhos específicos que
traduzem valor quer para o nosso cliente, quer para o nosso contexto de estágio, bem como
para nós como pessoas e profissionais e assim adquirirmos competências específicas nesta
área do perioperatório.
53
4. Considerações finais
55
Isto é o início de um caminho que tem de ser construído rumo ao aperfeiçoamento das
competências adquiridas na procura da qualidade.
É necessário capacitarmo-nos para a utilização da prática baseada na evidência, sabermos
usar e desenvolver estratégias na procura do desenvolvimento profissional e articular esses
conhecimentos e evidências com a prática clínica para tomar decisões fundamentadas.
Foi um contexto de estágio motivador, profícuo, pelas oportunidades que oferece e pela
diferenciação e complexidade das intervenções (cirurgias major) efetuadas em todas as
especialidades cirúrgicas que abrange. Este estágio proporcionou-nos o desenvolvimento de
novas aptidões que nos serão facilitadoras na nossa prática como futuros Enfermeiros
Especialistas.
Consideramos ter atingido os objetivos a que nos dispusemos, e termos contribuído com
melhorias que sejam exequíveis e tragam valor para o contexto da nossa prática clínica e do
nosso local de estágio.
As dificuldades que sentimos na realização deste relatório prenderam-se com a capacidade
de organizar de forma sistematizada e explanar todos os conhecimentos adquiridos ao longo
do nosso estágio clínico e outras que ao momento não conseguimos identificar, mas que o
tempo nos trará.
Estamos certos, que as aprendizagens no BO são constantes, atendendo ao seu universo
complexo e em constante evolução, quer de inovação tecnológica, quer científica. Pelo que,
continuaremos a investir na nossa formação, na procura das melhores evidências e contribuir
para a disseminação do conhecimento em busca da excelência do cuidar e da perícia como
Enfermeiros Especialistas à pessoa em situação perioperatória.
Como sugestão para o serviço do nosso contexto de estágio pensamos que deveriam orientar
e direcionar próximos estudantes na continuidade de projetos que se iniciaram e que têm
forma de serem melhorados, pois demos os primeiros passos e deixamos um caminho para
construir, como exemplo o caso do projeto de melhoria de capacitação e humanização dos
cuidados onde o tentar organizar e iniciar a consulta pré-operatória e visita perioperatória,
de central interesse neste campo do cuidar, para facilitar as transições dos nossos clientes
que vivenciam experiência cirúrgica/anestésica.
Relativamente à formação académica gostaria de ver a nossa formação mais direcionada,
pois este universo do perioperatório é muito amplo. Seria interessante podermos
particularizar a nossa formação e ir de encontro as necessidades da prática, como por
exemplo subdividir por áreas: anestesia, circulação/ instrumentação, gestão do bloco
operatório.
56
PARTE II – COMPONENTE DE INVESTIGAÇÃO
57
1. Resumo
O presente estudo está relacionado com a perceção que os Enfermeiros Instrumentistas têm
sobre a necessidade de se diferenciarem por especialidades cirúrgicas, no sentido de
alcançarem a perícia e a excelência do cuidar na sua área de atuação.
Como referimos ao longo do estudo, o papel do enfermeiro Instrumentista é fundamental
para potencializar os resultados cirúrgicos e garantir segurança, eficácia, fluidez e qualidade
dos cuidados perioperatórios.
Desta forma, o Enfermeiro Instrumentista deve realizar práticas, elaborar normas de
verificação e promover uma cultura de segurança e consciência cirúrgica correspondentes
aos padrões de qualidade dos cuidados especializados em Enfermagem Médico-Cirúrgica na
Área de Especialização à Pessoa em Situação Perioperatória.
No intuito de enquadrarmos esta problemática, apresentamos informação teórica sobre a
Enfermagem perioperatória, a aquisição de competências no perioperatório e as
competências do Enfermeiro Instrumentista. E o enquadramento concetual da Enfermagem
Perioperatória, uma perspetiva do cuidar considerando a Teoria das transições de Afaf
Meleis.
A nossa questão de investigação baseia-se em compreender a perceção dos Enfermeiros
Instrumentistas sobre a necessidade do desenvolvimento de competências diferenciadas por
especialidades cirúrgicas. Temos como objetivos: identificar os fatores facilitadores e
dificultadores da instrumentação; identificar o domínio do conhecimento de equipamentos,
instrumentos e dispositivos; identificar as vantagens na diferenciação por especialidades e
identificar as necessidades formativas.
A pesquisa adota uma metodologia qualitativa com aproximação a um estudo do tipo
exploratório e descritivo, com recurso à análise de conteúdo dos resultados obtidos através
de uma entrevista semiestruturada, efetuada a 10 Enfermeiros Instrumentistas a exercerem
funções num bloco operatório central com várias especialidades.
Os resultados obtidos permitem dar resposta à questão de investigação e aos objetivos
inicialmente traçados, bem como compreender que os Enfermeiros Instrumentistas
consideram necessário e importante diferenciarem-se por especialidades cirúrgicas para
conseguirem ser peritos. Apontam que não consideram ser possível ter conhecimento
profundo dos equipamentos, instrumentos, dispositivos e técnica em todas as especialidades
cirúrgicas. Indicam ainda a diferenciação por especialidades cirúrgicas como um fator
59
facilitador, tendo como vantagens a possibilidade de transição para a perícia (permitindo
maior conhecimento, resposta mais eficaz, maior segurança e qualidade de cuidados), o
melhor conhecimento da equipa cirúrgica, o reconhecimento do seu trabalho e realização
profissional. Salientam também a necessidade de formação diferenciada por especialidades
cirúrgicas como veículo para existir maior diferenciação, maior segurança e melhor
integração.
No decurso deste estudo, emergem contribuições para se repensar a gestão organizacional
do trabalho no perioperatório, por forma a permitir a constituição de equipas específicas
com Enfermeiros Instrumentistas diferenciados por especialidades cirúrgicas.
Esperamos que este estudo seja um impulsionador para a mudança da formação destes
profissionais e que os docentes de Enfermagem compreendam a importância da
diferenciação pela especificidade, particularidade, complexidade e abrangência que cada
especialidade cirúrgica contém em si.
60
2. Abstract
This study focuses on the perception that scrubs nurses have a need to specialize in various
surgical fields, in order to enhance their expertises in their specific field.
Like we mentioned in this study, the role of a scrub nurse is fundamental to ensure the safety,
efficacy, fluidity and quality of the perioperative care..
In this way, “Instrumental Nurses” must carry out practices, develop control standards and
promote a culture of safety and sanitary hygiene corresponding to the quality standards of
specialized care in Medical-Surgical Nursing in the area of specialization for the person in a
perioperative situation.
In order to address this problem, we present theoretical information about perioperative
nursing, the key skills that are necessary for a scrub nurse and how to obtain them.
Our goal is to better understand the viewpoint of the scrub nurse about the need for the
development of specialized skills for each surgical speciality. More specifically, to identify the
hindering factors associated with Instrumentation, the domain of knowledge about the
equipment, the advantages of specializing per surgical area and the training needs for each
area.
The research adopts a qualitative methodology approaching an exploratory and descriptive
study, using the content analysis of the results obtained through a semi-structured interview,
carried out with 10 “Instrumental Nurses” working in a central operating room with various
specialties.
We were able to obtain results that allowed us to comprehend the need for and scrub nurse
to further specialize per surgical speciality in order to master each field. One key finding is
that these experts don't consider it possible to have a deep understanding of all the
equipment and devices for all surgical specialties. They also point that a specialization would
improve the knowledge of the surgical team as well as the quality of the service (faster, safer
and more efficient response).
In the couse of this study, we obtained valuable contributions that allowed us to rethink the
organization of work in the perioperative period, througt the constitution of surgical teams
with specialized Nurses.
We hope that this study will be a catalyst for the needed change in the training of these
professionals and that Nursing professors will grasp the importance of specializing and
complexity and uniqueness that each surgical specialty contains in itself.
61
keywords: Perioperative Nursing; Competence; Nurses Role; Professional Competence
62
3. Conceptualização da enfermagem perioperatória – uma perspetiva
do cuidar no perioperatório
Neste nosso processo de cuidar sentimos necessidade de fundamentar as práticas num
Modelo Conceptual de Enfermagem como referencial para orientarmos as mesmas, por
forma a tomar decisões para organizar e estabelecer um plano de cuidados que satisfaça as
necessidades do nosso cliente.
Entre outras possíveis, recorremos à Teoria de Médio Alcance de Afaf Meleis, a Teoria das
Transições, por entendermos ir ao encontro do enquadramento conceptual dos padrões de
qualidade dos cuidados especializados da Enfermagem Médico-Cirúrgica à Pessoa em
Situação Perioperatória relativamente aos conceitos Enfermagem/ Pessoa/Saúde/Ambiente.
Para Afaf Meleis (2019), transição representa uma mudança de uma fase de vida para outra.
Afaf Meleis assume a “transição” como um conceito central em Enfermagem. Do ponto de
vista da autora, a ciência de Enfermagem está relacionada com as vivências humanas de
transição, onde a saúde e o bem-estar podem ser considerados resultados da sua
intervenção. Por conseguinte, o desafio para os Enfermeiros é compreender os processos de
transição e desenvolver terapêuticas eficazes que permitam a recuperação a adaptação e o
bem-estar dos clientes (Ribeiro et al., 2018). Assim sendo, as nossas intervenções no
perioperatório direcionam-se nesta perspetiva do cuidar de Afaf Meleis, onde existe uma
mudança na vida do cliente, no contexto saúde-doença, que exige um processo de
adaptação.
Esta teoria tem por base identificar a natureza das transições e apresentar o resultado das
intervenções de Enfermagem, fornecendo uma linguagem e estrutura que servem de tomada
de decisão no nosso planeamento de cuidados. Baseia-se em compreender os tipos e
padrões de transição, as propriedades de experiência de transição e as condições dessa
mesma transição, facilitadoras e/ou dificultadoras, que constituem indicadores de processo
e indicadores de resultado, influenciando as intervenções de Enfermagem (Sousa, 2016).
Enquanto Enfermeiros Perioperatórios, durante o período em que nos relacionamos com o
cliente, apesar de curto, estabelecemos uma relação empática, procuramos conhecer as suas
necessidades, expectativas e preparamos o cliente para as diferentes experiências e
sensações que vai vivenciar, planeando e executando as intervenções necessárias.
O período perioperatório representa um período de transição para o cliente e sua família/
pessoa significativa, onde o Enfermeiro tem um papel influenciador como elemento
facilitador para este processo de transição do cliente e cujas intervenções têm como
63
resultado a recuperação da sua saúde ou o restabelecimento e melhoria da qualidade de
vida.
No decorrer das transições, os clientes e sua família/ pessoa significativa experienciam
lugares, sensações e sentimentos desconhecidos e enfrentam várias dúvidas do que pode vir
a seguir (Meleis, 2019).
Dessa forma, elaboramos o nosso plano de cuidados adequado ao nosso cliente,
compreendemos e respeitamos as suas escolhas, preparamo-lo no sentido de tomar
consciência da sua situação e das alterações que vai sofrer. Informamos e esclarecemos
dúvidas, planeamos e promovemos intervenções adaptadas às suas necessidades,
garantimos a continuidade de cuidados e delineamos estratégias para a sua recuperação. O
nosso plano de cuidados é elaborado de foram a efetuarmos intervenções que facilitem as
transições do nosso cliente. Neste sentido, a comunicação tem um papel fundamental.
Como salienta Meleis (2019), os Enfermeiros favorecem as transições dos clientes, procedem
à sua preparação, fazendo recurso a esclarecimentos e facilitam a aquisição de competências
que o ajudem no seu processo de recuperação e de melhoria da sua qualidade de vida. Os
clientes são influenciados pela preparação que recebem para enfrentar as mudanças durante
todo o seu processo de saúde-doença.
Meleis (2019) reforça ainda que prestar cuidados de Enfermagem sob a perspetiva da
transição é prestar cuidados de Enfermagem apropriados ao cliente.
É com esta visão conceptual da Enfermagem que procuramos desenvolver a nossa perspetiva
do cuidar no perioperatório.
64
4. Enfermagem perioperatória – um olhar nas suas raízes
O modelo de bloco operatório, como o conhecemos hoje, sofreu uma evolução marcada
nestes dois últimos séculos, assim como a constituição das próprias equipas, que passaram
por franca mudança e adaptação (AESOP, 2012). Tudo influência do desenvolvimento
tecnológico, da ciência e do paradigma de atendimento e prestação de cuidados.
Poderemos dizer que as primeiras salas de operações surgiram em 1800. Estas eram juntas
às enfermarias, mas, todavia, não havia isolamento adequado (AESOP, 2012).
Com a preocupação com a infeção, onde Florence Nightingale foi pioneira, assim como, a
descoberta e avanços da ciência onde destacamos Pasteur (bactérias) e Lister (antissépticos)
e com o avanço da anestesia e a preocupação em prestar melhores cuidados, surgiram a
mudanças nos hospitais, relativamente a condições físicas e práticas dos seus profissionais
(Hamlin, 2020).
As vivências da 1ª Guerra Mundial (1914-1918) trouxeram a necessidade de se pensar no
bloco operatório como um setor específico no contexto hospitalar e com acessos próprios.
Estes blocos operatórios, com uma ou duas salas, foram-se expandindo e adquirindo as
dimensões, características e conceito de bloco centralizado, como atualmente o conhecemos
(AESOP, 2012).
A Enfermagem Perioperatória surge no final do século XIX e início do século XX, fruto da
necessidade de preparar os Enfermeiros para auxiliarem nas cirurgias, assim como para
prestarem e manterem os cuidados de Enfermagem antes e depois das cirurgias (Hamlin,
2020).
Florence Nightingale foi precursora na fundação de uma escola de Enfermagem no Hospital
St Thomas em 1860 e posteriormente nas décadas seguintes foram fundadas escolas na
Austrália, Estados Unidos América (EUA), Suécia e outras. Esta, com a sua constante
preocupação com a infeção, desenvolveu e transmitiu conhecimentos sobre desinfeção,
antissépticos. Tinha consciência que o papel do Enfermeiro era preventivo, no sentido de
prevenir complicações que pudessem surgir das cirurgias (Hamlin, 2020).
Em 1875, Linda Groah refere que nos EUA, no Reino Unido e Canadá, no curriculum das
escolas de Enfermagem, já aparecem conteúdos sobre as salas de operações. Em algumas
escolas dos EUA era dado a oportunidade de estagiarem nos serviços de cirurgia e nos
centros cirúrgicos. E em 1889 surge a 1º Enfermeira que se especializou, Caroline Hampstead,
no Johns Hopkins Hospital em Baltimore. Assim, em 1889, a Enfermagem de sala de
65
operações foi considerada a 1ª área de especialização em Enfermagem nos EUA (AESOP,
2012; Hamlin, 2020).
Em 1949, é fundada a American Association of Operating Room Nurses (AORN) para
assegurar os cuidados prestados ao doente cirúrgico e certificar as suas competências. Até
então falava-se de Enfermagem da sala de operações. É em 1978 que surge o conceito de
Enfermagem Perioperatória, onde o seu campo de atuação é alargado, e é identificado o seu
papel nas diferentes fases do pré, intra e pós-operatório como atualmente é concebido e
reconhecido (AESOP, 2012).
Mas essa realidade não era paralela a todos os países. Em Portugal, devido à evolução das
técnicas cirúrgicas, à exigência da prevenção das infeções e o acompanhar da realidade de
outros países da Europa, surgem os enfermeiros nos blocos operatórios. Existem referências
ao aparecimento de temas relacionados com a sala de operações nas Escolas de Enfermagem
desde 1901, no entanto só fizeram parte integrante e obrigatória nos curricula das mesmas
como uma disciplina de “Técnicas de sala de Operações” em 1947, e com a reforma do
ensino, em 1970, os currícula foram alterados e passa a ser facultativo a abordagem desta
área (AESOP, 2012).
Em Portugal, foram efetuadas muitas investidas pelos profissionais desta área, através da
AESOP, fundada em 1986, para o seu reconhecimento e desenvolvimento como uma
especialidade clínica, dando uma visão mais holística da sua área do cuidar, em que o
Enfermeiro Perioperatório tem como foco da sua atenção a pessoa, o seu bem-estar e
segurança.
66
Enfermeiros para definição das competências dos Enfermeiros do Perioperatórios. Tem
contribuído em muito no empoderamento dos Enfermeiros Perioperatórios, emanando
normas de boas práticas, publicação de livros e revistas desta área do conhecimento,
promovendo congressos, definindo planos de integração que podem servir de orientação
para os contextos da prática, movendo esforços para o seu reconhecimento como uma área
específica do saber na Enfermagem. Tem dado o seu contributo como membro integrante
da European Operating Room Nurses Association (EORNA) para promover e manter o alto
padrão de atendimento ao cliente no perioperatório.
Desta perceção, foram surgindo pós-graduações que abordam as diferentes áreas de atuação
do enfermeiro perioperatório, algumas na área específica de anestesia outras na área da
instrumentação cirúrgica, visando colmatar as lacunas da formação base dos Enfermeiros
Perioperatórios, fornecendo conhecimentos teóricos e teórico-práticos de forma global, no
sentido de desenvolverem competências.
O reconhecimento da Enfermagem Perioperatória, pela sua ordem profissional, como uma
especialidade clínica nesta área do saber e a criação do Mestrado Enfermagem Médico-
Cirúrgica Área de Especialização à Pessoa em Situação Perioperatória, são um virar da página
para um novo caminho de desenvolvimento de competências e reconhecimento da
singularidade desta área do cuidar, assim como um contributo para o empoderamento dos
Enfermeiros Perioperatórios de Portugal.
A Ordem dos Enfermeiros no regulamento nº 140/2019 (2019) no seu artigo 3º define como
competências específicas:
“as competências que decorrem das reações humanas aos processos de vida e aos
problemas de saúde e do campo de intervenção definido para cada área de
especialidade, demonstradas através de um elevado grau de adequação dos
cuidados às necessidades de saúde das pessoas” (p. 4745)
67
O Colégio de Especialidade, realça que o Enfermeiro Perioperatório no seu exercício
profissional se distingue pela “(…) atitude antecipatória dos riscos inerentes à situação
cirúrgica e anestésica e tem como princípios a atuação com responsabilidade profissional e
prudência” (Ordem Enfermeiros, 2017, p.27).
Um dos pilares da Enfermagem Perioperatória é a segurança e a qualidade dos cuidados
prestados, onde a competência surge como fundamental para estas práticas seguras.
Os Enfermeiros devem compreender e aprender a prestação de cuidados seguros através de
práticas seguras, com base em evidências e normas contextualizadas e criar competências
no sentido da diminuição do risco presente neste período do perioperatório para segurança
do cliente (Nagel et al., 2022)
A competência é uma preocupação transversal a todas as áreas profissionais. E no mundo do
trabalho é exigido aos profissionais a detenção de competências, bem como o saber
mobilizar essas competências na garantia da qualidade dos serviços. Perrenoud (2008)
enfoca que a mobilização dos conhecimentos não é automática, adquire-se através do
desempenho e de uma prática reflexiva, em situações em que é necessário mobilizar
conhecimentos, agrupá-los e reorganizá-los, encontrar uma estratégia original, inovadora e
colmatar lacunas. O mobilizar das competências leva ao desempenho, sendo este a sua face
visível (Soares, 2021), o agir de forma competente e o ser reconhecido como um profissional
competente , é também bem explicado por Boterf (2006), quando refere que aos
profissionais, não é suficiente ter conhecimentos para serem competentes, têm que saber
colocar esses conhecimentos em prática, de forma pertinente, resultando em ações
competentes, compreender o por quê do seu agir e como agir, refletindo sobre as suas ações.
Na saúde, está realidade também se aplica, cada vez mais se exige e procura a qualidade dos
cuidados e competências dos profissionais para garantir segurança e qualidade.
A OMS (Organização Mundial de Saúde), (2020) relativamente aos serviços de saúde
integrados e centrados na pessoa, tem como visão futura que todas as pessoas tenham
acesso a cuidados de saúde que vão de encontro as suas preferências, que estejam
estruturados consoante as suas necessidades, que sejam seguros, competentes, adequados,
eficientes e de qualidade.
Atendendo a que, nesta área em especial, as competências dos profissionais são muito
importantes, visto que os resultados esperados dependem das práticas dos profissionais.
Importa prover os profissionais de saúde, não apenas de conhecimentos, mas também de
competências e de meios, por forma a conseguirem tomar decisões, assumirem
responsabilidades e prestarem cuidados de saúde eficazes (Lopes et al., 2018).
Transpondo para o universo da Enfermagem, Benner (2001) sublinha que a competência, é
aprimorada pelos conhecimentos adquiridos através da experiência da sua prática e pelos
conhecimentos partilhados nos seus contextos, que permitem transições de quem cuida, de
68
forma a desenvolver as suas competências na procura da perícia profissional. Transições
essas que passam de um iniciado, que possui um elevado conjunto de conhecimentos
teóricos e regras que orientam as suas práticas de cuidar, a perito que sustenta a sua prática
clínica, com base numa compreensão profunda e visão global da situação.
Do estado da arte, nesta área particular do perioperatório, identificamos a importância do
desenvolvimento de competências específicas.
Wegner et al (2018) e Soares et al ( 2019) referem que, de acordo com a complexidade das
organizações hospitalares, em particular dos blocos operatórios, torna-se fulcral o
desenvolvimento de competências dos Enfermeiros Perioperatórios e restantes profissionais
de saúde deste contexto, sendo necessário dar atenção ao desenvolvimento de
conhecimentos, das competências e das aptidões pessoais, onde o modelo de gestão destes
departamentos têm influência para sua potencialização (como citado em Silva et al., 2021).
O desenvolvimento de competências de Enfermagem perioperatória é referida como sendo
uma questão essencial para prestação de cuidados clínicos seguros (Gillespie et al., 2018).
Na literatura existe ainda evidência relativamente à influência da experiência e da
qualificação dos Enfermeiros perioperatórios na qualidade dos cuidados prestados (Gillespie
et al., 2011).
Os processos cirúrgicos envolvem vários fatores e intervenientes que devem estar em
completa harmonia e articulação, pois estando inseridos em ambientes complexos e
altamente tecnicistas requerem a mobilização das competências dos profissionais.
Vogelsang et al. (2020) acrescenta como é importante desenvolver as competências técnicas
e não técnicas, reforçando que estas últimas são imprescindíveis para o desempenho dos
enfermeiros perioperatórios, para a garantia de práticas seguras, compreensão dos
problemas e necessidades do cliente, tendo dessa forma consciência da situação para uma
melhor tomada de decisão na sua prática do cuidar.
Como já referimos, as competências específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem
à Pessoa em Situação Perioperatória estão definidas pelo regulamento nº 429/2018, estando
focadas em duas competências gerais: Cuida da pessoa em situação perioperatória e
respetiva família/pessoa significativa; Maximiza a segurança da pessoa em situação
perioperatória e da equipa pluridisciplinar, congruente com a consciência cirúrgica.
Mas o nosso foco de atenção direciona-se para as competências centralizadas no Enfermeiro
Instrumentista na sua área de intervenção, no sentido de atingir a perícia, com vista à
excelência do cuidar.
69
4.2 Competências na instrumentação – percursos do seu desenvolvimento
71
Mitchell et al. (2012,2011) salienta a importância do Enfermeiro Instrumentista desenvolver
uma consciência da situação para antecipar as necessidades do cirurgião e da cirurgia (como
citado em Bracq et al., 2021).
Sandelin e Gustafsson (2015) referem que o enfermeiro Instrumentista “(…) tem como foco
facilitar o desempenho cirúrgico e potencializar as possibilidades de um bom resultado para
os pacientes” (como citado em Vogelsang et al., 2020, p.497). Sendo que “os membros da
equipa cirúrgica são mutuamente dependentes das habilidades profissionais únicas de cada
um” (Vogelsang et al., 2020, p.497).
No planeamento dos seus cuidados, o Enfermeiro Instrumentista deve ser detentor de
informação pertinente sobre as necessidades do seu cliente, sobre a intervenção cirúrgica
que vai realizar e suas especificidades (equipamentos, instrumentos, materiais necessários)
e ainda acerca da equipa cirúrgica. Um estudo sobre cuidados intraoperatórios seguros e
trabalho em equipa conclui que os Enfermeiros consideram como fundamental a boa
comunicação entre a equipa e a passagem de informação adequada para promoverem
cuidados de Enfermagem seguros e desenvolverem um bom trabalho em equipa (Sandelin
et al., 2019).
Num outro estudo, Sandelin e Gustafsson (2015) concluíram que os Enfermeiros consideram
fundamental os cuidados centrados nos clientes, a colaboração entre a equipa e o estar
acostumado com as habilidades dessa mesma equipa, para que as cirurgias decorram de
forma segura.
Surge assim mais evidência que realça a importância das competências técnicas e não
técnicas dos Enfermeiros Instrumentistas para o desenvolvimento de cuidados seguros e de
qualidade.
O estudo efetuado por Hara et al. (2022) refere a mais-valia em fazer recurso à simulação
virtual para desenvolver competências na instrumentação cirúrgica nos Enfermeiros
iniciados. Realça ainda a importância de fazerem formação distinta por especialidades
cirúrgicas (cirurgia geral, urologia e ginecologia e obstetrícia), de forma a compreenderem a
especificidade inerente a cada uma delas.
72
5. Finalidade e objetivos
73
os nossos colegas instrumentistas, despertaram em nós várias inquietações que levaram a
realização deste estudo.
Conscientes da importância singular do papel do Enfermeiro Instrumentista no seio da
equipa cirúrgica como elo fundamental para a segurança e qualidade dos cuidados prestados,
emergiu assim, a questão principal deste estudo, que abriu o caminho a todo este percurso
de investigação:
“Qual é a perceção dos Enfermeiros Instrumentistas face à necessidade do
desenvolvimento de competências diferenciadas por especialidades cirúrgicas?”
Trata-se de uma questão bastante ampla, que nos suscita outras, que ao longo do nosso
estudo vão sendo questões norteadoras deste percurso.
✓ Os Enfermeiros Instrumentistas, sentem necessidade de se diferenciarem por
especialidades cirúrgicas?
✓ Como ser perito na instrumentação em todas as especialidades cirúrgicas?
✓ Que resposta eficaz, adequada, antecipatória é dada em todas as especialidades
cirúrgicas?
✓ Como os Enfermeiros Instrumentistas conseguem desenvolver competências,
conhecimento das equipas, conhecimentos das diferentes técnicas, para
conseguirem antecipar as necessidades e exigências das cirurgias e prestarem
cuidados seguros e de qualidade aos clientes?
✓ Qual a diferença dos cuidados prestados pelos Enfermeiros Instrumentistas peritos?
✓ Que formação específica e diferenciada é necessária na área da instrumentação
cirúrgica?
Como forma a dar resposta a nossa questão delineamos como objetivo geral deste estudo:
• Compreender a perceção dos Enfermeiros Instrumentistas sobre a necessidade do
desenvolvimento de competências diferenciadas por especialidades cirúrgicas.
Surgem também como objetivos específicos:
• Identificar os fatores (facilitadores e dificultadores) no desempenho da
instrumentação cirúrgica;
• Identificar se os Enfermeiros Instrumentistas têm domínio de conhecimento sobre:
técnicas cirúrgicas, instrumentos cirúrgicos, dispositivos médicos e equipamentos em todas
as especialidades cirúrgicas;
• Identificar se os Enfermeiros Instrumentistas dão resposta adequada e atempada em
situações adversa em todas as especialidades cirúrgicas;
• Identificar os fatores geradores de stress dos enfermeiros Instrumentistas;
74
• Identificar as necessidades sentidas pelos Enfermeiros Instrumentistas quanto à
formação.
A nossa temática prende-se com a diferenciação dos Enfermeiros Instrumentistas por
especialidades cirúrgicas. Pretende-se uma descrição do ponto de vista dos participantes de
um contexto particular, onde ocorrem essas transições. Manifesta-se as finalidades de
participação, compreensão e avaliação do estudo para nosso desenvolvimento pessoal
enquanto investigadores. Mas também, com os nossos resultados exercer influência ao nível
da prática institucional.
Pretendemos compreender a perceção dos Enfermeiros Instrumentistas participantes neste
estudo sobre se existe necessidade em se diferenciarem por especialidades cirúrgicas,
adquirindo assim mais competências. Desta forma ser um subsídio no contexto específico, a
fim de criarem equipas mais diferenciadas e contribuir para o reconhecimento da
importância dessas equipas específicas por especialidades cirúrgicas.
Esperamos que o estudo contribua para fomentar na prática esta diferenciação e permitir a
transição para a perícia na instrumentação por especialidades cirúrgicas, sendo Enfermeiros
de referência e promovendo a formação dos novos elementos.
Almejamos que este estudo contribua para rever o processo de integração na área da
instrumentação neste contexto particular, no sentido, de ser mais eficaz e específica,
permitindo melhor consolidação dos conhecimentos e mais oportunidade de experiências
nesta área do saber no perioperatório.
Dar um aporte para a mudança na formação dos Enfermeiros Instrumentistas, na
possibilidade de adotar um novo modelo de formação no perioperatório, podendo direcionar
essa formação por especialidades cirúrgicas na área da instrumentação é o nosso intuito.
De acordo com a problemática e o objetivo do estudo, foi delineado o desenho
metodológico, adequado à sua realização, pelo que, emerge descrevermos e
fundamentarmos o mesmo.
75
6. Metodologia
77
autor refere ainda, como sendo imprescindível no processo científico, particularmente em
contextos de descoberta, pois só ela permite distinguir o complexo, o inesperado.
Sendo a natureza do nosso estudo compreender qual a perceção dos Enfermeiros
Instrumentistas sobre o fenómeno que é a necessidade de desenvolvimento de
competências diferenciadas por especialidades cirúrgicas, exige assim uma abordagem
qualitativa para poder dar resposta a este nosso problema do nosso contexto da prática
clínica.
O nosso estudo é um estudo do tipo exploratório, pois tendo em consideração ao objetivo
geral do mesmo, a oportunidade de proporcionar uma maior familiaridade com o problema
e pelo facto de ser um tema pouco abordado. Os estudos exploratórios utilizam-se quando a
literatura demonstra pouca informação sobre o fenómeno. Tendo assim como objetivo
adquirir maior conhecimento sobre o fenómeno em estudo e permitir ainda distinguir os
fatores intervenientes num dado contexto (Vilelas, 2020).
Sendo nosso propósito descrever uma realidade e os fenómenos que nela ocorrem, fazemos
uso também a um estudo descritivo. Os estudos descritivos buscam perceber as
características de determinado fenómeno, ou criar relações entre variáveis. Utilizam-se para
ampliar os conhecimentos das características e dimensões de um problema, tendo assim
uma visão mais ampla. Permitem descrever uma realidade (Vilelas, 2020).
Precisamos entender como o universo (da instrumentação) é experimentado, e como os
participantes (enfermeiros instrumentistas) o experienciam (por exemplo, as características
necessárias para antecipação e fluidez cirúrgica nos procedimentos cirúrgicos). O contexto
onde todos estes fenômenos se desenrolam, tem influência nas diferentes vivências dos
Enfermeiros Instrumentistas, pelo que é importante estudar no seu contexto natural. Assim
como definir os participantes do nosso estudo. A escolha dos participantes do estudo, como
refere Fontanela (2021) “se o investigador abrisse mão de uma escolha intencional de
participantes, poderia deixar de recrutar exatamente os sujeitos que possuem maior
densidade de informações úteis aos propósitos da investigação” (p.33). A seleção da
população depende do objetivo da pesquisa e do tipo de contexto. Quanto mais específico é
o contexto da pesquisa ou a temática, mais específica é a população (Mattar & Ramos, 2021).
Mattar e Ramos (2021) salientam que é importante efetuar escolhas na seleção da amostra
de forma a esta ser representativa, para contribuir com subsídios e dar resposta ao problema
e as questões da pesquisa. O que se procura com a amostra é que com um número mais
reduzido de participantes se consigam obter conclusões semelhantes as que se chegariam
com o estudo de toda a população, sendo assim uma amostra representativa da mesma
(Vilelas, 2020).
78
Pelo que a nossa amostra é uma amostra não probabilística intencional, que como refere
Vilelas (2020) não se selecionam os participantes de uma forma totalmente aleatória,
definindo algumas características para cada participante, que sejam relevantes para o
investigador. Como forma de enriquecimento atendendo ao tipo de estudo exploratório e
como refere Fontanela (2021) a escolha da amostra por variedade de tipo em que procura
participantes com características distintas secundárias, por forma a que as suas vivências e
experiências específicas tenham significados particulares. Neste sentido escolhemos como
participantes Enfermeiros Instrumentistas com dez anos de experiência na instrumentação
cirúrgica nas diferentes especialidades do nosso contexto de estudo para melhor
compreender o fenómeno em estudo.
Para realizar o nosso estudo é necessário colocar em prática todas as regras do método
científico, efetuando assim o seu planeamento. O instrumento de recolha de dados é
utilizado pelo investigador para conhecer os fenómenos e extrair deles a informação. No
nosso caso particular, faremos recurso à entrevista, pois através desta é possível que os
participantes que vivenciam o problema em estudo falem sobre ele e forneçam dados do
mesmo. (Vilela, 2020)
Vilelas (2020) refere que as entrevistas são usadas nas ciências humanas, pois têm como
vantagem “(…) serem os próprios atores sociais quem proporciona os dados relativos às suas
condutas, opiniões, desejos, atitudes e expetativas, os quais pela sua natureza é quase
impossível observar” (p.347). Magalhães e Paul (2021) acrescenta que possibilita a recolha
de informação nos contextos próprios dos entrevistados, considerando um fator importante
atendendo a que o ser humano adequa o seu comportamento ao contexto em que se
relaciona.
O recurso a uma entrevista semiestruturada deve-se à necessidade de direcionar a mesma
para o tema do nosso problema e para dar resposta aos nossos objetivos de estudo,
contextualizando o nosso entrevistado para a compreensão do estudo e dos nossos
objetivos. Com o recurso à entrevista pretendemos sentir a realidade dos nossos
entrevistados, através das suas palavras.
Finalizada a fase de recolha de dados é necessário proceder ao seu tratamento e análise. No
nosso estudo optamos por uma análise qualitativa utilizando a análise de conteúdo segundo
Bardin (2011) e Vilelas (2020). Esta é muito utilizada na compreensão dos dados nas ciências
humanas e sociais, permite esclarecer, sistematizar e apresentar as ideias das mensagens,
com o objetivo de se efetuar conclusões lógicas e justificadas a respeito da origem dessas
mensagens (Vilelas, 2020). Esta procura esclarecer de forma mais profunda com base na
inferência. Busca o sentido do texto, das palavras e tenta interpretá-las (Vilelas, 2020).
79
A análise de conteúdo segundo Mack et al. (2005) permite “ter uma visão humanística acerca
de um problema, pois é possível ter uma perspetiva sobre os comportamentos, as crenças,
as opiniões, as emoções e as relações de um indivíduo” (como citado em Magalhães & Paul,
2021).
A análise de conteúdo deve respeitar um conjunto de etapas, como seja a definição do
universo estudado, a sua categorização (as dimensões que serão analisadas), a escolha das
unidades de análise e a quantificação (Bardin, 2011; Vilelas, 2020).
Em todas as fases do processo de investigação deve existir uma preocupação com a qualidade
ética dos procedimentos e com o respeito pelos princípios e valores (Nunes, 2020)
Os assuntos referentes ao consentimento informado no que concerne a confidencialidade,
anonimato, a relação entre o investigador e participante estão salvaguardados nos estudos
exploratórios e descritivos deste nosso trabalho de campo. Como refere Vilelas (2020)
quando efetuamos uma investigação temos de salvaguardar o direito: à autodeterminação;
à intimidade; ao anonimato e à confidencialidade; à proteção contra o desconforto e prejuízo
e o direito a um tratamento justo e equitativo.
No presente capítulo pretendemos demonstrar o percurso e as decisões metodológicas
tomadas para a realização da presente investigação, nomeadamente o desenho do estudo,
o grupo de participantes, o instrumento de recolha de dados, sua análise, discussão dos
dados e as considerações éticas.
80
Atendendo a que pretendemos estudar a perceção dos Enfermeiros instrumentistas face à
necessidade do desenvolvimento de competências diferenciadas por especialidades
cirúrgicas, delimitado assim, o nosso problema de investigação tornou-se necessário
perceber a sua pertinência e justificação. Utilizamos a metodologia do projeto como guia
orientador neste percurso.
Contexto de estudo
O nosso contexto de estudo, é um bloco operatório central do norte do Pais, que abarca
várias especialidades cirúrgicas e é centro de referência, pelo que maioritariamente realiza
cirurgias major de grande complexidade tanto em contexto de cirurgia eletiva como de
urgência. As especialidades cirúrgicas que fazem parte deste bloco operatório são: cirurgia
geral, urologia, vascular, otorrinolaringologia, neurocirurgia e cirurgia plástica reconstrutiva
e Maxilofacial, em contexto de urgência acresce a ortopedia/traumatologia.
81
Instrumentos de recolha de dados
Elaboramos o instrumento de recolha de dados composto por um questionário para
caracterização da nossa amostra (idade, género, formação académica, tempo de experiência
profissional, entre outras) e uma entrevista semiestruturada (competências de perito na
instrumentação, domínio do conhecimento de equipamentos, instrumentos e dispositivos,
perito em especialidades cirúrgicas, fatores facilitadores e dificultadores da instrumentação,
entre outros temas). Elaboramos um guião que serviu de orientação nas entrevistas, teve por
base os nossos objetivos, o conhecimento sobre a temática e a pesquisa bibliográfica,
composto com questões abertas para permitir aos participantes de se expressarem
livremente sobre as questões. Foi submetido a um teste piloto a dois Enfermeiros
instrumentistas com as mesmas características da nossa população e que não fizeram
posteriormente parte da amostra. Teve como finalidade verificar a compreensão das
questões e se estas davam resposta aos objetivos propostos. Foram efetuadas as alterações
necessárias para melhor compreensão das nossas questões e finalizado o guião que serviu
de orientação das nossa entrevistas, que apresentamos no apêndice XII.
O nosso estudo foi realizado no bloco operatório, para podermos recolher à informação foi
pedido autorização ao Enfermeiro Gestor para utilizar uma sala disponível no sentido de
garantirmos que não existam interrupções no decorrer das entrevistas e manter a
privacidade. Construímos também um guia de informação do estudo para entregar aos
participantes apêndice XIII, assim como, foi entregue a cada participante do estudo o
consentimento informado para ser preenchido e assinado, conforme anexo IV. Os
participantes do estudo foram devidamente esclarecidos quanto à natureza do estudo, da
liberdade de poderem sair do estudo a qualquer momento e da liberdade de participar. Foi
pedido autorização para efetuar a gravação áudio das entrevistas e foi garantida a
confidencialidade das mesmas.
As entrevistas foram realizadas durante o período de maio de 2022 a junho de 2022,
efetuadas presencialmente, gravadas e tiveram uma duração média de 45 minutos.
Posteriormente procedemos à análise dos dados, efetuamos a sua transcrição integral. Na
garantia da confidencialidade dos dados as entrevistas foram codificadas com a letra E
(Entrevista) e com os números de 1 a 10 que foi devidamente atribuído a cada participante.
82
Procedimento de análise dos dados
Para tratamento e análise dos resultados obtidos procedemos à leitura integral das
entrevistas, onde procuramos dar enfâse as palavras dos nossos participantes, compreender
as palavras expressas pelos mesmos e o significado das mesmas.
Fizemos recurso à análise de conteúdo segundo Bardin (2011) e Vilelas (2020) utilizando as
diferentes fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados e
interpretação.
Vilelas (2020) explica que a análise de conteúdo estabelece “um conjunto de técnicas de
interpretação da comunicação pretendendo obter por procedimentos sistemáticos e
objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção destas
mensagens” (p.432).
A análise de conteúdo segundo Vilelas deve respeitar diversas etapas no seu processo, como
seja a categorização, onde as categorias devem emergir do documento de análise, ou seja,
das entrevistas e do conhecimento geral da área a que se refere, fazendo a junção entre os
objetivos do estudo e os seus resultados. Para tal é necessário cumprir vários passos
sistematizados como seja a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos
resultados obtidos e interpretação (Vilelas, 2020).
Optamos pela análise temática ou categorial uma vez que o nosso estudo pretende saber
qual é a perceção dos Enfermeiros Instrumentistas, pelo que a palavra exerce aqui uma
importância fundamental para a compreensão do fenómeno em estudo. Vilelas (2020) realça
o valor da informação como “inestimável” pela necessidade da mesma para conseguir a
resolução das questões iniciais elaboradas pelo investigador.
Concluída a fase de trabalho de campo com a realização das entrevistas e sua gravação áudio,
esta foi posteriormente convertida no computador em formato mp4 para facilitar o seu
acesso e possibilitar a transcrição das entrevistas. Foram assegurados todos os
procedimentos para garantir a confidencialidade dos participantes cumprindo regras que se
impõem quer para guardar os dados áudio quer para a transcrição das entrevistas, como
sugerido por Vilelas (2020). Desta forma, cada entrevistado é identificado por E, sendo
seguido de um número que simboliza a ordem cronológica das entrevistas. Para a transcrição
fidedigna das entrevistas efetuamos diversas audições das entrevistas e leituras das mesmas
permitindo-nos assim, obter um contacto exaustivo com a informação recolhida, numa
primeira fase de pré-análise.
83
Após a transcrição das entrevistas procedemos a leitura sistematizada, à exploração do
material com a finalidade de identificar os temas, as categorias, subcategorias e as unidades
de registo como referem Bardin (2011) e Vilelas (2020).
Vilelas (2020) refere que na exploração do material “os dados brutos do material são
codificados para se alcançar o núcleo da compreensão do texto” (p.436-437).
As categorias surgiram à posteriori uma vez que se revelaram do entrosamento entre o
corpus de análise, o enquadramento teórico e os objetivos de estudo
Organizamos um quadro de análise das entrevistas onde apresentamos as unidades de
registo devidamente codificadas, como excertos considerados representativos de cada um
dos domínios, apêndice XIV. Cada unidade de registo das entrevistas é identificada
recorrendo à sigla E de entrevistado seguido do número correspondente a cada entrevista,
como exemplo E1, E2.
Por último na fase interpretativa procedemos à análise dos dados categorizados,
apresentando as nossas inferências e interpretações conforme o quadro teórico e os
objetivos propostos, podendo emergir novos domínios sugeridos pela leitura do material,
como nos indica Vilelas (2020).
Sabemos que os resultados por nós obtidos podem servir a outras análises e interpretações
baseadas em novas perspetivas utilizadas por outros investigadores.
Na seguinte figura mostramos de forma elucidativa e sucinta o desenho do nosso estudo.
84
6.2. Considerações éticas
85
Assim sendo, em todo este processo, enquanto investigadores orientamos todas as nossas
intervenções com responsabilidade e respeito pelos princípios éticos.
86
7. Resultados
Neste ponto da nossa pesquisa é necessário apresentar os dados que foram retirados do
questionário realizado aos Enfermeiros Instrumentistas. Através da análise descritiva do
questionário apresentado aos nossos entrevistados, fazemos a sua caracterização que
apresentamos no quadro 1:
Verificamos que o grupo etário está compreendido entre os 46 e os 56 anos, a maioria são
do género feminino, de referir que na sua formação três têm especialização em Enfermagem
Médico-Cirúrgica e dois possuem o grau académico de Mestre, o tempo de experiência
profissional varia entre os 24 e os 35 anos, sendo que experiência em bloco operatório varia
entre os 21 e 28 anos, e experiência no bloco operatório do estudo varia entre os 12 e 24
anos, a experiência como Enfermeiros Instrumentistas é compreendida entre os 10 e os 27
anos, o tempo de experiência na instrumentação em cirurgia programada de igual forma
entre os 10 e os 27 anos, o tempo de experiência em instrumentação em cirurgia de urgência
varia entre os 0 e os 22 anos.
A análise de conteúdo vai permitir compreender o sentido das palavras proferidas pelos
nossos participantes. A descrição das ideias (perceções) dos Enfermeiros Instrumentistas em
relação à problemática apresentada foi elaborada com base na técnica de análise de
conteúdo temática. Colaborando para o efeito a transcrição das entrevistas realizadas.
87
Tivemos como referencial teórico a perspetiva de Bardin (2011) e Vilelas (2020) na sua
categorização. Possibilitou-nos definir os temas do nosso universo de estudo, proceder à
categorização das informações obtidas pelas entrevistas e subcategorização seguidas das
unidades de registo que em nosso entender melhor as representam, foram codificadas
respeitando a confidencialidade e seguindo o mesmo raciocínio para melhor identificação,
mantivemos a letra E de entrevista seguida da numeração da mesma.
Passamos a descrever cada uma das categorias e subcategorias que emergiram dos diversos
temas, realçando alguns dos enxertos que surgiram no discurso dos nossos entrevistados e
que no nosso entender melhor representam os resultados. Apresentamos o esquema geral
no apêndice XV para melhor perceção das categorias e subcategorias que emergiram da
nossa análise.
88
Dos discursos proferidos pelos entrevistados sobre o conceito de competências de perito na
instrumentação foi possível identificar as categorias Competências Técnicas onde surgiu uma
subcategoria Conhecimento Técnico e Científico e da categoria Competências não Técnicas
desta surgiram as seguintes subcategorias: Consciência da situação, Relacionamento com a
equipa, Liderança, Trabalho em equipa, Comunicação, Gestão da situação, como podemos
identificar no seguinte quadro:
89
assim à primeira vista, a nível do conhecimento nestas áreas é muito importante.”
E3
“(…) Teórica essencialmente porque a instrumentação não é só conhecer o nome dos
ferros (…), porque não é só chegar ferros como se costuma dizer, é conhecer o órgão
que vamos trabalhar, saber a anatomia do órgão as consequências do que se vai
fazer e o que pode acontecer em diversos momentos e diversas situações e estar
preparado para o que vai acontecer” E4
“(…) tem que saber prever os acontecimentos, para poder atuar de forma preventiva
e segura” E1
“A nossa função será sempre de antecipação, no fundo temos que dar uma resposta
antecipada para o que possa surgir, primeiro para diminuir tempos de espera, não é,
e que a nossa resposta seja o mais rápida possível e efetiva, temos sempre que
trabalhar na antecipação sem dúvida.” E3
“saber identificar alguns passos críticos para que nos possamos antecipar a possíveis
complicações que possam existir (…)” E9
“(…) tem que ter a capacidade de ter um relacionamento bom, de ter a perspetiva
relacional como é que ei-de dizer, capacidade de perceber o outro (…) é ótimo que
tenha um entrosamento com a restante equipa” E1
“(…) tu tens que ter uma equipa que se entenda que se compreenda e se conheça (…)”
E4
“ser mediador por exemplo quando dois cirurgiões estão em discordância com algum
momento cirúrgico e muitas vezes há que saber manter alguma calma e bom senso,
uma instrumentista experiente e perita normalmente o cirurgião consegue ouvi-la e
faz parte integrante da equipa cirúrgica e consegue minimizar ali algum conflito.” E9
90
O Trabalho em Equipa o estarem em sintonia e saberem articular com a equipa para o melhor
desempenho, o partilharem informações pertinente, a importância do briefing nas equipas,
como uma Competência não Técnica do perito em instrumentação, foi elencada pelos
entrevistados como salientam os seguintes excertos:
“(…) antes de começar uma cirúrgica tens de fazer um briefing, (…) para perceber as
necessidades específicas para aquele doente, aquela cirurgia, embora haja uma base,
mas cada doente é um doente, cada procedimento é um procedimento e podem
precisar de coisas diferentes.” E2
“É um trabalho de equipa importante (…) que está a ser realizado tem que existir por
ambos troca de informação relativamente ao que vai ser realizado, necessidades que
a cirurgia necessita, necessidades do doente, de materiais tempos cirúrgicos tudo isto
são aspetos importantes” E3
“(…) as equipas têm de ser equilibradas a ponto de um complementar as falhas do
outro e isso só se consegue com equipas que estão em articulação constante, equipas
que estão constantemente a trabalhar em conjunto. (…) Tens de ter uma equipa que
seja unida a ponto, da formação ser continua. Ir lá de dois em dois meses dar um
pezinho não aprendes as coisas não funcionam, não faz de ti perito.” E4
“(…) trabalho e relação com equipa pois é muito importante que se esteja em sintonia
(…)” E5
Mostra-se a relevância da Comunicação como uma das Competências não Técnicas que o
Enfermeiro perito deve dominar, conforme as unidades de registo:
“Tu que és a perita tens que dar o feedback ao resto da equipa que não é, as
necessidades nas diferentes áreas, tanto a circular como anestesia (…)” E2
“(…) área da instrumentação porque há uma comunicação efetiva entre a equipa
cirúrgica no intraoperatório e também com o exterior, com a circulante e a equipa
de anestesia e, portanto, a comunicação aqui é fundamental (…) e fazem parte de
boa comunicação entre cirurgião e instrumentista para que tudo flua da melhor
forma e não se criem entraves que muitas vezes decorrem de má comunicação
entre instrumentista e cirurgião.” E3
“(…) tem de ter competências de comunicação quer com a equipa quer com o
doente e com a família.” E10
91
O Enfermeiro Instrumentista perito é gestor da situação, mantendo organização da equipa,
gestor das necessidades, do ambiente, ter uma abrangência geral da situação sempre
mantendo uma consciência cirúrgica durante toda a fase do intraoperatório que é crucial
nesta área singular da instrumentação.
92
Nesta área temática o objetivo visava perceber se era possível ter o domínio do
conhecimento em todas as especialidades cirúrgicas dos equipamentos, instrumentos e
dispositivos na instrumentação. Os Enfermeiros Instrumentistas entrevistados atribuíram
possuírem um Conhecimento Profundo em duas especialidades, em três especialidades e em
quatro especialidades, surgindo ainda a perceção do Conhecimento Razoável, como
apresentado no quadro a seguir:
Em quatro especialidades
Conhecimento Razoável
93
Ter Conhecimento Profundo em quatro especialidades, ficou evidenciado pelo excerto:
“Plástica, geral e vascular e ortopedia de urgência são as que me sinto que consigo
dar reposta em situações mais exigentes e tenho mais experiência” E9
Emerge das palavras dos nossos entrevistados neste domínio do conhecimento dos
equipamentos, instrumentos e dispositivos para ser perito em instrumentação o
Conhecimento Razoável onde os nossos entrevistados referem conhecimento em mais áreas
como necessidade da sua prática por efetuarem cirurgia de urgência, no entanto não se
considerarem peritos.
“numa terceira sinto-me apta embora não seja o domínio total “E1
“Enquanto enfermeira que faço bloco de urgência apanhamos todas as
especialidades do nosso bloco, temos que ter alguma abrangência é obvio que há
especialidades que dominamos mais e nos sentimos mais à vontade, não é possível
ser perito em tudo” E9
“(…) depois como a minha área de atuação também é muito virada para o serviço de
urgência eu tenho um conhecimento mais ou menos global das outras especialidades,
mas não conhecimento profundo em algumas coisas há muita coisa que falha,
nessas, apesar de termos de assegurar todas as cirurgias” E10
94
Os entrevistados consideram ser Perito em duas especialidades conseguindo dar uma
resposta eficaz, prever e antecipar necessidade como evidenciado nos extratos:
Os entrevistados entendem ser Perito em três especialidades cirúrgicas como expressam nos
excertos:
95
Os entrevistados consideram ser Perito em duas especialidades cirúrgicas referindo da
seguinte forma:
“(…) que se consiga ser em duas acho que sim, mais do que duas de alguma forma
podemos dar alguma resposta, mas não ao nível de um conhecimento da excelência”
E1
“(…) não é possível ser perito em muitas especialidades eu acho que na minha opinião
para ser perito em duas para me considerar perita. Para ter oportunidade de ter
experiência, para ter oportunidade de repetição de procedimentos, de avaliação de
necessidades porque na instrumentação tem efetivamente, há muitos aspetos que
têm de ser controlados,” E3
“Em duas áreas julgo que é possível até pela experiência que tenho tido sinto que sim.
Em mais parece-me difícil que a pessoa consiga estar realmente envolvida e à
vontade em profundidade em mais do que duas áreas se quiser dar resposta
efetivamente competente como deve ser” E5
“Não. Para sermos bons temos de estar direcionados por duas especialidades, temos
uma panóplia tão grande no nosso serviço, duas especialidades é o ideal para seres
bom, saberes o que fazes, transmitires confiança os teus conhecimentos, para
ensinares, tudo, tudo.” E7
Perito em três especialidades cirúrgicas foi referido pelos nossos entrevistados onde a
experiência é fundamental como expressam nos excertos:
“Ao fim de vinte e cinco anos és capaz, se tiveres uma boa base. Sendo que em vinte
e cinco anos passei por várias especialidades cirúrgicas. Nem toda a gente tem essa
possibilidade. Nas bases Urologia, Vascular, Geral” E4
“Ao fim de tantos anos de bloco eu penso que sim que é possível, em três (…) é preciso
ter experiência, tempo e as situações surgirem não chega ter tempo tem de surgir as
situações e ter as experiências. (…) principalmente quem não abrange as quatro
áreas do perioperatório, é obvio que se o enfermeiro esta nas quatro áreas do
enfermeiro perioperatório atua, mais difícil é de atingir esse grau de excelência nas
quatro valências (…) “E9
“Pelo menos em três especialidades eu acho que eu posso ser perito mesmo perito
em três especialidades três (…)” E10
96
mais rapidamente tomando decisões pertinentes e resolvendo situações, prevendo e
antecipando necessidades, prestando cuidados de excelência.
Era nosso objetivo nesta temática compreender o que era necessário para se ter o domínio
da instrumentação e atingir a perícia. A análise dos dados dos nossos entrevistados
apontaram para Diferenciação por especialidades cirúrgicas como necessidade no
desenvolvimento da perícia na instrumentação, evidenciada pelos excertos:
“Eu julgo que sim para mim parece-me importante estar ligado a especialidades
cirúrgicas especificas (…). Mas julgo que é muito bom aprofundar conhecimentos em
áreas especificas de instrumentação para dar uma resposta adequada e segura.” E5
“Sim, sem sombra de dúvida acho que isso nos ajuda imenso primeiro porque
conheces as cirurgias que estas a fazer conheces muito melhor todos os instrumentos
e tecnologias que são utilizadas e conheces também a equipa cirúrgica que eu acho
que é muito importante (…) Até para nossa segurança e autoconfiança e também
para segurança do doente como é evidente” E6
“Claro que sim sem dúvida alguma, era fundamental (…) Era importante fazer uma
gestão por competências e dividir por especialidades sem dúvida.” E7
“Eu acho que é mais fácil, se estivermos diferenciados por especialidades cirúrgicas
torna todo o processo mais simples e mais fácil (…) dá para ter uma experiência muito
mais rápida e consolidar os conhecimentos de uma forma muito melhor do que estar
hoje numa especialidade e voltar daqui a uma semana outra vez, por isso o facto de
estar constantemente na mesma especialidade tem obrigatoriamente que levar a
pessoa a ser perita mais rápido e mais eficaz, conhece as equipas (…)” E10
Dos dados dos nossos entrevistados emerge também a categoria de Performance Urgência
e Performance Programada como referem os seguintes excertos:
“(…) na cirurgia programada acabas por ter variação muito maior, enquanto em
termos de conhecimentos e exigência de conhecimento de técnicas cirúrgicas, a
cirurgia programada é mais exigente do que a cirurgia de urgência” E3
97
7.6. Fatores facilitadores da instrumentação
Dos discursos dos nossos entrevistados revelaram-se vários fatores facilitadores para a sua
intervenção como Enfermeiros Instrumentista, emergindo três categorias Competências
Técnicas, Competências não técnicas, Interesse Pessoal, Direcionado por especialidades
cirúrgicas. Nas Competências Técnicas emerge a subcategoria Conhecimento como o fator
facilitador neste domínio de competência; e nas Competências não Técnicas surge o
Relacionamento com a equipa; Comunicação, como apresentamos no quadro a seguir:
Direcionados por
especialidades cirúrgicas
98
“O relacionamento e conhecimento da equipa é muito importante, porque nós
estamos para facilitar, estamos lá para tornar possíveis bons resultados” E5
“Ter confiança e segurança na equipa que trabalha contigo o circulante e enfermeiro
de anestesia acho que isso é extremamente importante, porque se for uma pessoa
que conheça consegue dar um feedback muito mais rápido do que aquele que não
conhece, pois tens de estar sempre a pedir algumas coisas (…)” E6
A Comunicação como uma Competência não Técnica e que aparece como fator
facilitador na instrumentação cirúrgica, como é evidenciado nas unidades de registo:
O Interesse Pessoal como gostar do que se faz, querer aprender, desenvolver mais
conhecimentos, o estar envolvido nas situações como um fator facilitador na instrumentação
evidente nos excertos:
“(…) depois tem a ver com o interesse pessoal pela área, tens que gostar daquilo que
fazes é fundamental também, até para passares tranquilidade digamos ao resto da
equipa” E2
“(…) é muito importante a capacidade de observação de atenção de estar realmente
envolvida na cirurgia e nos processos técnicos daquilo que vai acontecendo.” E5
“Eu estar efetivamente direcionada por duas áreas cirúrgicas no máximo (…) ter
formação intensiva nessas áreas” E3
“É estar direcionado só por áreas, facilita, pois, tens mais experiência, sentes-te mais
a vontade, dá mais confiança. Eu acho que é fundamental” E7
99
são tidos como geradores de stress no seu dia a dia profissional. Surgindo das suas
informações as categorias: Assegurar várias especialidades cirúrgicas; Falta de recursos
materiais; Ruido; Gestão da equipa e Intercorrências cirúrgicas.
O Assegurar várias especialidades cirúrgicas surge como um fator gerador de stress por não
permitir ter conhecimentos desejados e necessários para desempenhar a instrumentação,
como evidenciado nos excertos:
“Isso são as situações de maior stress são quando não dominamos por completo a
área em que estamos a entrevir” E1
“pode ser por desconhecimento da técnica por falta de comunicação ou por as vezes
temos dificuldades em ter atempadamente formação ou conhecimento do que vai
acontecer (…) isso é um fator gerador de stress muito grande no desempenho da
atividade que temos” E5
“(…) cirurgia que eu tenha menos experiência, com a qual não estou familiarizada
com a técnica e não tive oportunidade de saber antecipadamente qual a cirurgia que
ia ser feita.” E9
“precisar material e não estar disponível por não estar esterilizado porque a
esterilização se atrasou ou não cumpriu também me stressa” E2
“dificuldades com material que não dá a resposta que se quer, porque não
conseguimos ter o material muitas vezes por dificuldades logísticas do serviço ou
porque esta danificado o que também gera stress na cirurgia” E5
“Não ter o material adequado aquela cirurgia por falhas por parte do próprio
equipamento disponibilizado pelo bloco por não ter o instrumental mais correto.” E9
“Por exemplo muito barulho na sala incomoda-me muitíssimo, não consigo trabalhar
com muito barulho na sala “E2
“O ruido muito importante é uma das coisas que enquanto enfermeiro instrumentista
me perturba porque muitas vezes é necessário muita concentração e as vezes o
burburinho que se gera em torno da sala me perturba. A mim perturba-me
particularmente. “E9
100
A Gestão da equipa aparece como um fator gerador de stress quando é necessário estar
atento aos outros profissionais por estes não terem conhecimentos suficientes para estarem
autónomos, por falta de experiência, por não estarem adaptados aquela especialidade
cirúrgica, não darem resposta tão atempada como necessário, pela constante rotatividade
de especialidade não consolidando conhecimento, equipas de difícil comunicação e trato
evidenciado nos excertos:
“não dar a resposta que tu gostarias tão atempada e isso gera muito, muito stress
na minha opinião “E3
“O stress de sermos os tais peritos e dizerem-me que daqui a um mês eu vou ter uma
cirurgia daquelas e tu começares a pensar, bem, que antes uma semana tens de gerir
tudo, saber com quem vou estar como vai ser e depois dizem-me assim você fala com
o seu chefe. E se tivermos uma equipa coesa e que trabalha em conjunto não é
necessário.” E4
“causa me stress ter uma equipa que não dá resposta imediata quando eu peço por
exemplo ter uma circulante que até pode ter conhecimento, mas que não dá resposta
mal se pede o material (…) ter cirurgiões que não sejam de fácil comunicação (…)”
E10
As intervenções cirúrgicas não estão isentas de riscos e complicações que causam stress para
sua resolução. As intercorrências cirúrgicas expressas nas unidades de registo como
causadoras de stress:
101
Emergiu das informações dos entrevistados duas categorias a Influência negativa
manifestada pela: Ansiedade; Desgaste; Stress; Influência forma negativa e Influência
positiva.
A Influência Negativa expressa pelos entrevistados como Ansiedade por não dar uma
resposta eficaz em todas as especialidades cirúrgicas é realçada nos seguintes excertos:
“gera-nos ansiedade porque de facto temos a perceção que podemos não ter aquela
resposta tão eficaz” E1
“Sim é motivo de muita ansiedade, nem é stress é ansiedade o que faz com não
estejas focada nem centrada naquilo que estas a fazer” E2
“na minha opinião influência em primeiro pelo desgaste, pela constante adaptação
a uma especialidade diferente (…) provoca um desgaste mental e com o tempo pode
levar a um burnout e situações de maior complexidade” E1
“principalmente em cirurgias major é fundamental porque tu não podes estar
continuamente sujeita ao stress que essa cirurgia te traz, porque são muitas coisas
que tens que pensar, preparar, antecipar e isto todos os dias é muito desgastante…”
E2
Os Enfermeiros evidenciaram a importância de se fixarem por especialidades cirúrgicas para
melhor desempenho, melhor resposta. Realçam o facto de estarem em constante alternância
proporciona Stress como realçam as palavras expressas:
“já viste o stress que é estar todos os dias em cirurgia major, é stressante, lá está
numa, duas especialidades, dentro daquela mesma logica, consegue-se ser perito,
mais do que isso ninguém é bom em tudo” E4
“Iria causar algum stress porque nós somos bons, mas não podemos ser bons a tudo
é importante direcionar numa especialidade “E6
O desempenhar funções de instrumentação em cirurgias major em várias especialidades
cirúrgicas como causa no seu dia a dia profissional de Influência negativa também
evidenciada nos seguintes excertos:
“Sim, sim sem dúvida de forma negativa, porque se estas numa depois noutra, noutra
não és boa em nenhuma pois não consegues dar o melhor de ti em todas as
especialidades” E7
“(…) influência de forma negativa, o facto de ter de estar em muitas especialidades
faz com que nos possa falhar alguns pormenores (…) E10
102
A Influência positiva foi significado atribuído e expresso da seguinte forma:
Nesta temática, emergiram quatro categorias que traduzem as opiniões apresentadas pelos
Enfermeiros Instrumentistas como vantagens na sua prática profissional pelo facto de
estarem diferenciados por especialidades cirúrgicas, surge das informações a categoria:
Perito dividindo-se nas subcategorias Maior Conhecimento; Segurança; Qualidade cuidados;
Resposta eficaz; e as categorias: Conhecer a equipa; Realização profissional e
Reconhecimento, como verificamos no seguinte quadro:
Maior Conhecimento
Perito Segurança
Realização Profissional
Reconhecimento
103
Podemos realçar que a diferenciação dos Enfermeiros instrumentistas por especialidades
cirúrgicas permite o seu desenvolvimento, maior conhecimento e atingir a perícia desejada
para a excelência dos cuidados prestados.
Os entrevistados referem como vantagem desta diferenciação poderem ser Perito e terem
Maior Conhecimento como evidenciam os excertos:
“(...) é o que já falamos a diferenciação isso é o que nos torna peritos em determinada
área é a possibilidade de nos podermos dedicar a uma determinada área” E1
“É uma mais-valia porque nos dá experiência e oportunidade de crescimento daquela
valência e nós efetivamente acabamos por dominar, porque a partir do momento em
que nós fazemos muito um determinado procedimento é obvio que vamos sempre
melhorar vamos ficar peritos.” E9
A Segurança como uma vantagem de ser “Perito” e estar diferenciado por especialidades
cirúrgicas, evidenciado nos excertos:
“Acho que quanto mais peritos formos numa área melhor resposta nós conseguimos
dar, mais segurança,” E3
“Sim, sem sombra de dúvida, estar é uma mais-valia, quer minha para eficiência,
segurança para confiança e para segurança do próprio doente é uma mais-valia sem
sombra de dúvida “E6
Dar uma Resposta Eficaz como “Perito” é uma vantagem da diferenciação por especialidades
cirúrgicas, como salientam:
104
“(…) e para leres os sinais do cirurgião, para seres perita tens de saber ler, que é
fundamental as vezes vasta sentir um tremer de mão, um suspiro, uma voz mais
alterada do costume e sabes que as coisas já não estão bem, mas para isso tu tens
de estar com aquela pessoa para a conhecer. Tens de conhecer para que haja fluidez
as coisas fluam haja confiança e segurança naquela equipa, é uma equipa e funciona
se existir confiança e segurança uns nos outros” E2
A Realização Profissional tem significado nos entrevistados como evidenciado nos excertos:
“(…) acho que também existiria maior sentido de pertença pela efetividade pela
segurança e pelo reconhecimento também” E1
“gosto sempre de conversar com o cirurgião sobre a evolução das técnicas cirúrgicas
e isso ajuda muitíssimo (…)” E2
105
“(…) discutindo a técnica cirúrgica com o cirurgião tentando perceber as mudanças
as inovações a evolução, é nesse sentido que vou apoiando a minha técnica.” E9
“(…) provavelmente tudo funcionaria melhor se cada bloco, opta-se, podia ser uma
formação interna, mas se tivesse uma formação específica por especialidade e
deveria haver uma evolução dentro das especialidades (…)” E10
106
8. Discussão dos resultados
Nesta fase do nosso estudo, tendo por base a melhor evidência, procedemos à discussão
interpretativa dos resultados que provêm da informação exposta no capítulo anterior e nos
permitem conhecer a perceção dos Enfermeiros Instrumentistas sobre a necessidade de se
diferenciarem por especialidades cirúrgicas. Esta discussão é sustentada no conhecimento
existente sobre a instrumentação, sobre estudos que se debruçaram nesta área específica
do perioperatório e sobre a nossa própria reflexão e experiência.
Tendo por base as temáticas que emergiram, assim como os resultados obtidos através do
quadro de análise das entrevistas (apêndice XIII), procedemos à discussão de cada área
temática apresentada à luz do enquadramento teórico e das nossas reflexões, como já
referimos. Iremos então organizar a nossa discussão por cada área temática que emergiu dos
nossos resultados, tornando assim mais percetível este processo.
Perrenoud (2008) vê a competência como uma prática reflexiva necessária para mobilizar e
organizar os conhecimentos, tornando-se competente (o ser competente). O agir com
competência e o mobilizar competências, como refere Boterf (2006) é pôr em prática os
conhecimentos e compreender o porquê do agir e como agir.
107
Levada et al. (2018) refere ainda que cada vez mais se reconhece a importância do papel do
enfermeiro Instrumentista no seio da equipa e a segurança que este enfermeiro dá à equipa
quando detentor de capacidades técnicas e não técnicas competentes. Benner (2001)
acrescenta que a competência é aprimorada pela experiência e pelos conhecimentos que são
adquiridos com a experiência, desenvolvendo assim as suas capacidades e competências na
procura da perícia profissional. A experiência tida em consideração por Shin e Kim (2021) que
consideram no seu estudo que Enfermeiros com mais de sete anos de experiência
profissional têm maior competência perioperatória. Referem ainda que possuem
conhecimento especializado, treinam novos enfermeiros, fazem orientações e resolvem
problemas.
A experiência é também referida pelos nossos participantes como um fator que permite
desenvolver competências e conhecimentos nesta área específica e complexa da
instrumentação.
Comunicação (o comunicar de forma efetiva com a equipa cirúrgica e com a restante equipa-
o perito é o elemento que comunica e dá o feedback necessário a toda a equipa
relativamente às necessidades do cliente);
108
Relacionamento com a equipa (conhecer e compreender a equipa, ser capaz de comunicar e
conseguir um bom entrosamento na equipa);
Trabalho em equipa (importância de uma equipa que se conheça, que consiga transmitir as
informações e em que os seus elementos se articulem de forma eficaz para melhorar os
resultados);
O Enfermeiro Instrumentista tem de ter uma comunicação eficaz e efetiva com a equipa
cirúrgica, isto é, deve existir uma transmissão da informação das necessidades por forma a
melhorar o planeamento dos cuidados, contribuindo para o melhor funcionamento da
equipa e para uma prestação de cuidados mais seguros e maior segurança para o cliente
(Sandelin et al., 2019; Vogelsang et al., 2020). Skramn et al. (2021) acrescenta que uma
comunicação precisa e construtiva por parte dos profissionais constrói respeito, confiança,
reconhecimento e aceitação na equipa. Parece-nos essencial para o bom funcionamento de
uma equipa que trabalha num ambiente complexo e exigente como é o bloco operatório.
Como também é referido, que o Enfermeiro Instrumentista deve desenvolver a competência
de relacionamento com a equipa, para dessa forma conhecer o cirurgião, perceber a sua
forma de agir e conseguir ter um entrosamento adequado, para que a cirurgia decorra com
109
fluidez e sem intercorrências, com o objetivo de potencializar o melhor resultado ao cliente
(Sandelin et al., 2019; Vogelsang et al., 2020). Este relacionamento eficaz potencia a
capacidade de o Enfermeiro Instrumentista ler os sinais não verbais do cirurgião e a
capacidade de gerir diferentes personalidades, sendo essencial na sua prática clínica
(Gillespie et al., 2018). Acrescentam ainda o conseguir antecipar e estar um passo à frente
do cirurgião (Sandelin & Gustafsson, 2015; Vogelsang et al., 2020), o que, no nosso entender
e dos nossos participantes, faz a diferenciação e a perícia na instrumentação. Não menos
importante para os nossos participantes é também o Enfermeiro Instrumentista ter um
relacionamento eficaz com a restante equipa da sala operatória para conseguir estabelecer
o feedback necessário, melhorando a segurança e a qualidade dos cuidados prestados por
toda a equipa ao cliente. O trabalho em equipa que deve ser de colaboração para
potencializar o melhor resultado para o cliente (Sandelin & Gustafsson, 2015). O trabalho em
equipa é otimizado se existir uma transmissão adequada das informações pertinentes, uma
comunicação eficaz para prestarem cuidados com segurança (Sandelin et al., 2019).
Neste ambiente complexo e exigente, que muitas vezes tem situações emergentes, é
imperioso organizar, priorizar, gerir materiais e equipamentos para que tudo decorra sem
intercorrências e com maior segurança para o cliente. Numa sala operatória deve existir
respeito pelo trabalho do outro e uma boa colaboração da equipa, onde cada elemento
percebe qual o momento em que deve intervir. O Enfermeiro Instrumentista lidera neste
sentido, organizando e definindo os tempos de atuação e quando o cirurgião deve começar
a intervir (Sirevag et al., 2021). Deve ainda ter capacidade de gestão da situação, isto é,
controlar o ambiente que o rodeia para facilitar a intervenção da equipa, controlar a equipa
cirúrgica, garantir as condições de assepsia e controlar as necessidades da cirurgia, os
equipamentos, os materiais e a gestão dos custos.
Nos nossos achados constatamos que os Enfermeiros instrumentistas consideram que não é
possível terem um domínio do conhecimento profundo em todas as especialidades
110
cirúrgicas, em virtude das particularidades de cada uma, pois requerem equipamentos,
instrumentos e dispositivos muito específicos. Estes referem que conseguem abarcar um
domínio profundo do conhecimento dos equipamentos, instrumentos e dispositivos em duas
a quatro especialidades cirúrgicas, no entanto o tipo de especialidade cirúrgica pode
condicionar esse conhecimento, visto algumas exigirem um leque mais diversificado de
instrumentais específicos e ser mais difícil o domínio profundo das mesmas.
Não encontramos evidência que sustente estes achados, pois não existem estudos que
avaliem os conhecimentos que os Enfermeiros Instrumentistas abarcam sobre estes recursos
em todas as especialidades cirúrgicas. No entanto na literatura consideram importante
possuírem conhecimento dos materiais e equipamentos para desempenharem as suas
funções. Silva et al. (2021) no seu estudo, refere a necessidade de os Enfermeiros do
perioperatório possuírem conhecimentos sobre materiais e equipamentos.
A nossa experiência denota que a cirurgia major é muito exigente, diferenciada e que requer
por parte de toda a equipa conhecimentos profundos, sintonia e um bom entrosamento para
que tudo decorra sem intercorrências e com os melhores resultados para o cliente.
Torring et al. (2019) no seu estudo sobre dinâmicas de comunicação e relacionamento das
equipas, realça a importância em cirurgias que envolvam um alto grau de complexidade
(cirurgias major) das equipas se conhecerem, de trabalharem juntas para favorecer a
111
comunicação e a articulação entre a equipa, contribuindo para o respeito e para o
desenvolvimento de uma cultura de segurança.
Reconhecemos que o Enfermeiro Instrumentista para ser perito deve estar direcionado por
especialidades cirúrgicas. Como já referimos, cada especialidade cirúrgica encerra em si um
diverso leque de conhecimentos teóricos, de técnicas cirúrgicas específicas, de
equipamentos, instrumentos, dispositivos que requerem dedicação, aprendizagem e
experiência. A constante evolução e inovação exigem acompanhamento por forma a sermos
capazes de manter uma resposta efetiva, eficaz e segura no nosso desempenho profissional.
No parecer de Benner (2001), Gillespie et al. (2018) e Shin e Kim (2021) é fundamental a
experiência para a aquisição de competências e a transição para a perícia.
Segundo Hara et al. (2022), no estudo que efetuaram sobre um programa de simulação para
Enfermeiros iniciantes, evidenciam a importância de efetuar simulação em especialidades
cirúrgicas separadamente (dão como exemplo a Cirurgia Geral, Urologia e Ginecologia e
Obstetrícia) para dessa forma compreenderem a diferença dos cuidados exigidos em cada
especialidade, pois estes variam conforme a especialidade.
112
Hamlin (2020) ao referir a evolução sentida no perioperatório apresenta a experiência da
Austrália onde os Enfermeiros Instrumentistas se especializam por especialidades cirúrgicas,
assim como também os Enfermeiros de Anestesia se especializam na área da anestesia, por
reconhecerem a complexidade e imensidão de conhecimento necessário no perioperatório.
Domínio da Instrumentação
Dos discursos obtidos pelos nossos participantes fica bem refletida a necessidade sentida em
se Diferenciarem por especialidades cirúrgicas, para adquirir experiência, conhecimento,
para melhorar a sua segurança e autoconfiança, dar uma resposta mais efetiva, eficaz e
segura, prestar cuidados de maior qualidade, eficiência e segurança aos clientes. Deixam bem
claro que a constante rotatividade de especialidades dificulta o seu desempenho profissional.
Como é demonstrado por Torring et al. (2019), no seu estudo referem que a constante
rotatividade, dos Enfermeiros pelas várias especialidades cirúrgicas e a constante adaptação
a necessidades específicas levam à instabilidade das equipas cirúrgicas e à falta de
conhecimento, traduzindo-se em interrupções, espera por materiais e necessidades não
acauteladas o que interfere no bom funcionamento da equipa.
113
A Ordem dos Enfermeiros no parecer nº 78/2017 conclui que os enfermeiros devem ser
alocados pelas suas competências por forma a prestarem os melhores cuidados e que a sua
distribuição não deve ser influenciada pela falta de recursos humanos.
Na instrumentação cirúrgica, no nosso entender, deve existir uma boa integração que
favoreça o desenvolvimento das competências técnicas permitindo aprendizagens
específicas desta área do perioperatório, assim como das competências não técnicas que são
fundamentais para criarem o alicerce do conhecimento na instrumentação. No entanto,
114
percebemos que os Enfermeiros Instrumentistas têm de investir de forma continua na sua
formação e consolidação dos conhecimentos, atendendo ao conjunto de fatores que têm de
dominar e controlar. Em blocos operatórios com várias especialidades e que efetuam
cirurgias complexas e inovadoras em doentes maioritariamente de risco clínico elevado, a
diferenciação da equipa é um fator favorável para aquisição de mais competências que se
reflete como facilitador na instrumentação cirúrgica.
Os profissionais que trabalham no bloco operatório estão sujeitos a muita pressão resultante
quer do ambiente em que trabalham quer pelos riscos que as suas atividades acarretam. Em
nosso entender os Enfermeiros Instrumentistas sentem essa pressão de várias formas, pois
é-lhes exigido um controlo e gestão das emoções para favorecer o trabalho da equipa
cirúrgica. Têm de ter capacidade de organizar, prever, controlar vários fatores que podem
interferir com o bom desempenho de toda a equipa (materiais, equipamentos,
instrumentos). Como temos vindo a salientar têm de ser detentores de conhecimentos
profundos para poderem acompanhar as necessidades e exigências das intervenções
cirúrgicas e do cliente. A necessidade de dar uma resposta rápida, eficaz e conseguirem gerir
e resolver em situações de intercorrências ou complicações, manter a concentração para a
115
equipa ter o melhor desempenho possível, parece-nos revelar a exigência, complexidade e
pressão a que estão sujeitos.
Como é demonstrado pelos nossos participantes, estes salientam como fatores geradores de
stress na sua atividade o terem de assegurar várias especialidades cirúrgicas. Este fator faz
com que estejam sempre em alternância de especialidades e assim não consigam: dominar
e ter conhecimentos mais específicos, conhecer de forma aprofundada a técnica cirúrgica,
antecipar as necessidades, ter experiência necessária nas especialidades. No parecer de
Skramn et al. (2021) a preparação insuficiente e mudanças inesperadas da equipa podem
provocar prolongamento da cirurgia e condicionar o resultado do procedimento cirúrgico
Gestão de Emoções
Reconhecemos que os ambientes de trabalho complexos têm influência no nosso dia a dia
profissional. Os blocos operatórios centrais que têm várias especialidades cirúrgicas e que
realizam cirurgias complexas, cirurgias inovadoras, que possuem equipamentos sofisticados,
exigem das equipas dedicação, investimento pessoal e é-lhes imputado muita pressão
inerente à complexidade das situações. O facto de exigirem que assegurarem a
instrumentação nas cirurgias major em todas as especialidades que fazem parte do seu
contexto de trabalho, provoca nos Enfermeiros instrumentistas um sentimento de
insegurança, pois estes não conseguem dominar todas as cirurgias em todas as
especialidades cirúrgicas como foi evidenciado pelos nossos entrevistados.
Dos achados dos nossos entrevistados podemos refletir que estas cirurgias major de maior
complexidade e exigência requerem um entrosamento maior entre as equipas para que tudo
decorra sem intercorrência. Onde o Enfermeiro Instrumentista tem um papel fundamental
como mediador e facilitador de todo o processo cirúrgico. Este é o elo de ligação da equipa
cirúrgica com a restante equipa da sala operatória, daí a importância de se sentir confiante,
seguro, ser perito para diminuir a tensão que estas cirurgias acarretam a toda a equipa.
O artigo publicado por Hamlin (2020) refere que na Austrália os Enfermeiros Instrumentistas
se especializaram por especialidades cirúrgicas, dando exemplo da Cirurgia Cardíaca e
Neurocirurgia, essa especialização deve-se ao facto da crescente complexidade e natureza
da área cirúrgica. Segundo Hara et al. (2022) no seu estudo é importante criar cenários de
simulação por especialidades cirúrgicas para treinar os enfermeiros instrumentistas pela
diferença dos cuidados inerentes a cada especialidade cirúrgica. Não encontramos na
117
literatura muitos estudos que se debrucem sobre esta importância dos Enfermeiros
Instrumentistas estarem diferenciados por especialidades cirúrgicas nos seus contextos
profissionais. Mas em nosso entender e como referem estes autores é uma mais-valia essa
diferenciação, também sentida pelos nossos participantes. Estes consideram a diferenciação
por especialidades cirúrgicas uma vantagem podendo dessa forma serem peritos na
instrumentação pois permitiria: maior conhecimento por maior oportunidade de
experiência, maior conhecimento da especialidade; maior segurança ao profissional, à
equipa e segurança nos cuidados prestados ao cliente; maior qualidade dos cuidados;
resposta mais eficaz e eficiência. Esta diferenciação por especialidades traduz-se em melhor
conhecimento da equipa; maior realização profissional e reconhecimento profissional.
Nesse sentido para darmos cumprimento aos padrões de qualidade, que elevam os nossos
cuidados perioperatórios para o patamar da excelência, é requerido que o profissional
desenvolva competências que promovam cuidados seguros, de qualidade e que respondam
às necessidades individuais de cada cliente neste processo de transição saúde/doença.
Na opinião de Araújo et al. (2018) o briefing efetuado pela equipa para troca de informações
pertinentes e verificação de todas as necessidades antes da cirurgia facilitam a comunicação
entre a equipa e melhora a segurança dos cuidados.
Dos achados dos nossos participantes concluímos que a formação por especialidades
cirúrgicas era importante para existir maior diferenciação permitindo desenvolver
conhecimentos específicos da especialidade, das técnicas, das abordagens específicas, dos
equipamentos e instrumentais, poder partilhar experiências com outros instrumentistas que
trabalhem na mesma especialidade, para dar maior segurança à equipa, prestar cuidados
seguros e proporcionar melhores integrações.
Como justificação aportamos também os autores Shin e Kim (2021) que no seu estudo
salientam a importância dos profissionais terem formação eficaz, diferenciada e baseada em
evidências e que deve ir ao encontro das necessidades mediante o seu desenvolvimento
profissional. Nesta mesma linha de pensamento Hara et al. (2022). referem a importância da
formação específica para cada especialidades cirúrgicas pelas suas particularidades.
119
120
9. Conclusão
121
A diferenciação permite também o conhecimento das equipas, pois possibilita a
formação de equipas específicas que se desenvolvem em conjunto, a melhoraria da
comunicação e a oportunidade de adquirir a experiência na especialidade para
desenvolver as competências necessárias ao seu desenvolvimento profissional.
✓ Que formação específica e diferenciada é necessária na área da instrumentação
cirúrgica?
Inferimos ainda que os participantes do estudo sentem necessidade de formação
diferenciada por especialidades cirúrgicas para melhorar as competências e acompanhar a
evolução que cada especialidade cirúrgica abarca, quer a nível tecnológico, quer por inovação
de técnicas e abordagens cirúrgicas.
✓ Qual a diferença dos cuidados prestados pelos Enfermeiros Instrumentistas peritos?
Concluímos que a diferenciação por especialidades cirúrgicas é um fator facilitador na
instrumentação cirúrgica e que possui vantagens na transição para perito. Evidenciado pelos
nossos achados, os cuidados prestados pelos Enfermeiros Instrumentistas Peritos, permitem
dar uma resposta mais eficaz e efetiva, transmitir mais segurança à equipa, fazer uma gestão
adequada dos recursos materiais, ser um elemento facilitador para potenciar os resultados
cirúrgicos, ser um elemento facilitador para potenciar os resultados cirúrgicos, contribuindo
para a fluidez dos programas cirúrgicos e na tomada de decisão fundamentada. Na procura
da compreensão do domínio da instrumentação surge a necessidade de se diferenciarem por
especialidades cirúrgicas, e o conceito de performance de Enfermeiro Instrumentista de
cirurgia programada e Enfermeiro Instrumentista de cirurgia de urgência, no sentido de
formar equipas distintas com formação específica.
Parece-nos necessário refletir sobre as limitações do nosso estudo, pois considerando o tipo
de estudo e a sua natureza limitamo-nos a um contexto específico, não podendo generalizar
a todo o universo dos blocos operatórios. No entanto os nossos achados podem ser
considerados, possibilitando outras investigações que se interessem por esta temática.
Com os nossos resultados esperamos que, no nosso contexto profissional, exista uma
mudança relativamente à elaboração das equipas e que se permita a diferenciação dos
Enfermeiros Instrumentistas por especialidades cirúrgicas. Que permitam servir de sustento
à gestão de Enfermagem para fundamentar a necessidade de recursos humanos e, desta
forma, conseguir elaborar as equipas específicas por especialidades cirúrgicas, diminuindo a
rotatividade por todas as especialidades.
Esperamos que este estudo seja um impulsionador para a mudança da formação destes
profissionais e que os docentes de Enfermagem compreendam a importância da
122
diferenciação pela especificidade, particularidade, complexidade e abrangência que cada
especialidade cirúrgica contém em si.
Gostaríamos de dar continuidade a este estudo e efetuar outras abordagens para conseguir
demonstrar os ganhos em saúde produzidos por equipas específicas, diferenciadas e com
peritos em instrumentação cirúrgica. Para isso, poder-se-iam ter em consideração
indicadores como: os tempos operatórios, os custos, a gestão dos recursos materiais.
123
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegado ao fim urge falar dos aspetos mais conclusivos deste trabalho de investigação e dos
caminhos que podem surgir tendo este estudo como ponto de partida.
O enquadramento teórico serviu como fio condutor e permitiu o desenvolvimento do nosso
estudo. A literatura evidencia a importância do papel do Enfermeiro Instrumentista e a
exigência de um elevado nível de competências técnicas e não técnicas para responder com
segurança e qualidade à complexidade dos cuidados prestados. Esta temática, no entanto, é
abordada de forma muito generalizada relativamente ao papel do Enfermeiro Instrumentista
na equipa cirúrgica. Realça a importância do seu papel, mas não dá a perceber como o
Enfermeiro Instrumentista é perito e elemento facilitador do resultado cirúrgico nas
diferentes especialidades cirúrgicas. Não existem estudos que explorem a importância da
diferenciação dos Enfermeiros Instrumentistas por especialidades cirúrgicas para a prestação
de cuidados mais seguros e de maior qualidade no desenvolvimento de competências para
serem peritos nesta área do cuidar no perioperatório.
A formação especializada em Enfermagem à pessoa em situação perioperatória abarca todo
o universo amplo do cuidar no perioperatório, sendo este muito abrangente e complexo.
Parece-nos pertinente esta abordagem geral para capacitar os Enfermeiros do
perioperatório, mas consideramos apropriado existir depois um afunilamento que permita
um desenvolvimento, uma especialização e criação de competências mais específicas, que
permitam elevar o padrão de qualidade destes profissionais. O mesmo acontece com as pós-
graduações em instrumentação cirúrgica, que abrangem todas as especialidades de forma
genérica sem aprofundar os conhecimentos, não existindo forma de se diferenciarem em
uma ou duas especialidades cirúrgicas.
A elaboração deste estudo e a sua relevância permite-nos compreender a exigência do
desenvolvimento das competências dos Enfermeiros Instrumentistas e a necessidade da sua
diferenciação por especialidades cirúrgicas na procura da perícia e da excelência do cuidar.
Da análise dos resultados, percebemos que os participantes deste estudo sentem
necessidade de se diferenciar por especialidades cirúrgicas para atingirem a perícia na
instrumentação cirúrgica. A complexidade da função, a exigência de uma resposta rápida e
eficaz, a necessidade de constante atualização, a contínua inovação tecnológica e das
técnicas cirúrgicas e os inúmeros fatores que o Enfermeiro Instrumentista tem de controlar
para garantir a segurança e a qualidade dos cuidados, requer um investimento pessoal,
formação atualizada e de experiência. Não é possível garantir um nível de excelência e perícia
em todas as especialidades cirúrgicas, ficando evidenciado nos resultados do nosso estudo a
importância da diferenciação por especialidades cirúrgicas. Ficou demonstrado ainda que é
125
possível serem peritos em duas a três especialidades cirúrgicas, dependendo da
complexidade e da abrangência das mesmas, bem como das necessidades do contexto
profissional.
Emerge nos achados a noção da diferença de performance do Enfermeiro Instrumentista de
cirurgia de urgência e de cirurgia eletiva, considerando que é necessário também existir
formação específica para a cirurgia de urgência.
“porque a cirurgia major é diferente da cirurgia de urgência e da cirurgia emergente. A
cirurgia emergente é de life-saving e digamos assim a técnica cirúrgica é um bocadinho
diferente, alias muito diferente da cirurgia major, é muito difícil fazer cirurgia major em várias
especialidades de diferentes especialidades.” E9
126
diferenciação por especialidades cirúrgicas é um fator facilitador na otimização dos recursos,
na diminuição dos tempos operatórios através de uma reposta mais eficaz e maior fluidez
cirúrgica, na melhoria da comunicação e conhecimento da equipa, e na criação da maior
segurança para a equipa e para o cliente, traduzindo-se em ganhos em saúde.
Sugerimos que se pensarmos na sustentabilidade como novo desafio na saúde, a
diferenciação dos Enfermeiros Instrumentistas por especialidades cirúrgicas constitui uma
mais-valia na gestão e controlo dos gastos e dos desperdícios (por maior conhecimento das
necessidades), conferindo um carater mais sustentável à instrumentação.
Pelo tipo de estudo elaborado não foi possível avaliar indicadores produzidos pelos
Enfermeiros Instrumentistas peritos, pelo que se torna pertinente a abordagem desta
temática em estudos futuros capazes de avaliar esses mesmos indicadores. Pretende-se
deste modo que esta limitação seja impulsionadora de outros estudos que queiram
demonstrar o impacto do cuidar especializado do Enfermeiro Instrumentista perito por
especialidades cirúrgicas no perioperatório.
Estamos confiantes do impulso que este estudo pode dar na mudança da formação dos
Enfermeiros Instrumentistas e, em contexto de trabalho, na constituição de equipas mais
específicas e diferenciadas por especialidades cirúrgicas.
A pertinência deste estudo relaciona-se também com o possível aporte de ferramentas aos
gestores, nos contextos profissionais, para formarem equipas diferenciadas com base nas
competências, habilidades e experiências que elevem os padrões dos cuidados prestados.
Finalizando, esperamos, com este trabalho, contribuir e impulsionar, no nosso contexto
profissional, esta diferenciação dos Enfermeiros Instrumentistas por especialidades
cirúrgicas. Pretendemos ainda servir como evidência que suporte o trabalho do Enfermeiro
Gestor, junto dos órgãos superiores, para o reforço de recursos humanos e sua gestão
adequada, no sentido de formar equipas diferenciadas. Pretendemos também contribuir
para findar o paradigma da rotatividade e alternância que prejudica a consolidação dos
conhecimentos, a integração dos novos Enfermeiros e a qualidade dos cuidados prestados.
A necessidade sentida pelos nossos participantes em ter formação mais específica em cada
especialidades cirúrgicas denota que ainda existe caminho a desenvolver relativamente ao
tipo de formação nesta especialidade de Enfermagem à pessoa em situação perioperatória.
Deixamos a reflexão sobre as necessidades sentidas no contexto de trabalho e as ofertas na
área do ensino, sugerindo que se tente aproximar estas duas realidades para melhorar as
necessidades e as competências exigidas nesta área específica do perioperatório.
O desenvolvimento deste estudo e desta formação especializada permitiram-nos concluir
este Mestrado de Enfermagem Médico-Cirúrgica área de especialização à pessoa em situação
perioperatória e desenvolvermos competências enquanto mestre nesta área do
conhecimento, capacitando-nos para aplicar os nossos conhecimentos na compreensão e
127
resolução de problemas e para transmitir conclusões de forma percetível. Capacitou-nos
para participarmos em investigações e disseminarmos os conhecimentos. Tivemos a
oportunidade de participar no VI Congresso da Ordem dos Enfermeiros com uma
comunicação sobre um projeto conjunto desenvolvido em contexto de estágio clínico (anexo
II) e participar no XX Congresso da AESOP com um E-Poster sobre o projeto do nosso estudo
de investigação (anexo VII).
Temos como proposta ainda divulgar os resultados do nosso estudo e contribuir para a
capacitação dos Enfermeiros do perioperatório.
128
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133
ANEXOS
135
ANEXO I: PLANTA DO BLOCO OPERATÓRIO
137
138
ANEXO II: COMUNICAÇÃO VI CONGRESSO DOS ENFERMEIROS
139
140
ANEXO III: LINK FILME
141
https://www.youtube.com/watch?v=JZafi0anRAU
142
ANEXO IV: CONSENTIMENTO INFORMADO
143
CONSENTIMENTO INFORMADO, LIVRE E ESCLARECIDO
PARA PARTICIPAÇÃO EM INVESTIGAÇÃO
DE ACORDO COM A DECLARAÇÃO DE HELSÍNQUIA1 E A CONVENÇÃO DE OVIEDO2
Este documento, designado Consentimento, Informado, esclarecido e Livre, contém informação importante em
relação ao estudo para o qual foi como convidado a participar. Por favor, leia com atenção este documento. Se
achar que algo está incorreto ou que não está claro, não hesite em solicitar mais informações. Se concorda com a
proposta que lhe foi feita, por favor, assine.
Título do estudo: Perceção dos Enfermeiros Instrumentista no desenvolvimento de competências diferenciadas
por especialidades cirúrgicas
Enquadramento: A segurança e a qualidade dos cuidados prestados à pessoa em situação perioperatória são uma
constante preocupação dos Enfermeiros do perioperatório. Sendo necessário utilizar e mobilizar quer o
conhecimento científico quer as competências em cada área de atuação dentro da enfermagem perioperatória
Explicação do estudo: Considerando o tipo de estudo poderá ter como beneficio contribuir para a diferenciação
das competências dos Enfermeiros Instrumentistas, não terá riscos nem custos para os participantes. Será tido
em consideração todos os requisitos éticos e legais.. Será disponibilizado um documento informativo sobre o
estudo e facultada a oportunidade a cada participante para o esclarecimento de dúvidas .Será garantida a
confidencialidade e anonimato da informação ,sigilo e armazenamento e conservação dos dados, as entrevistas
serão codificadas, e os dados retirados serão utilizados sem qualquer menção ao sujeito do estudo. A participação
do estudo é voluntaria e o participante caso deseje a qualquer momento poderá deixar de participar.
Não existe conflito de interesse por parte do investigador para a realização do estudo.
Em nenhum relatório ou publicação que possivelmente venham a ser elaborados será incorporado qualquer tipo
de informação que possa conduzir à identificação dos participantes.
Condições e financiamento: Não estão previstos financiamentos para o estudo
Confidencialidade e anonimato: Todos os dados relativos a este estudo serão mantidos sob sigilo. Para o efeito,
as entrevistas serão codificadas, e os dados extraídos serão manuseados sem qualquer referência ao sujeito do
estudo.
Em nenhum relatório ou publicação que possivelmente venham a ser elaborados, será inserido qualquer tipo de
informação que possa conduzir à identificação dos participantes.
Assinatura do investigador: ___________________________________________________
Declaro ter lido e compreendido este documento, bem como as informações verbais que me foram fornecidas
pela/s pessoa/s que acima assina/m.. Foi-me garantida a possibilidade de, em qualquer altura, recusar participar
neste estudo sem qualquer tipo de consequências. Desta forma, aceito participar neste estudo e permito a
utilização dos dados que de forma voluntária forneço, confiando em que apenas serão utilizados para esta
investigação e nas garantias de confidencialidade e anonimato que me são dadas pelo/a investigador/a.
Nome: ____________________________________________________________________
Data: ___/___/______
1
http://portal.arsnorte.min-saude.pt/portal/page/portal/ARSNorte/Comiss%C3%A3o%20de%20%C3%89tica/Ficheiros/Declaracao_Helsinquia_2008.pdf
2
http://dre.pt/pdf1sdip/2001/01/002A00/00140036.pdf
144
ANEXO V: PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA
145
146
147
148
ANEXO VI – PARECER DA UNIDADE DE INVESTIGAÇÃO
149
150
ANEXO VII: E-POSTER XX CONGRESSO NACIONAL AESOP
151
152
APÊNDICES
153
APÊNDICE I – CRONOGRAMA PERCURSO DE ESTÁGIO
155
156
157
APÊNDICE II – FORMAÇÃO PROJETO PILOTO - QRCODE
159
160
161
APÊNDICE III – CHECKLIST CÓDIGOS MATERIAL
163
164
APÊNDICE IV– INVENTÁRIO EQUIPAMENTOS BLOCO
OPERATÓRIO
165
166
APÊNDICE V – POSTER – “CONSTRUINDO PONTES”
167
168
APÊNDICE VI- FORMAÇÃO SEGURANÇA CIRÚRGICA CHECKLIST
VERIFICAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
169
170
APÊNDICE VII– FORMAÇÃO SEGURANÇA CIRÚRGICA:
VERIFICAÇÃO DOS ITENS QUANTIFICÁVEIS NA CIRURGIA
171
172
173
174
175
APÊNDICE VIII – INSTRUÇÃO DE TRABALHO
177
178
179
APÊNDICE IX – QUESTIONÁRIO AVALIAÇÃO FORMAÇÃO
181
182
APÊNDICE X- CHECKLIST RASTREABILIDADE DOS
DISPOSITIVOS DE USO MÚLTIPLO
183
184
APÊNDICE XI - FORMAÇÃO RASTREABILIDADE DOS
DISPOSITIVOS MÉDICOS DE USO MÚLTIPLO
185
186
APÊNDICE XII– GUIÃO DA ENTREVISTA
187
188
189
APÊNDICE XIII– GUIA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE
191
192
APÊNDICE XIV – QUADRO ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
193
194
195
196
197
198
199
200
201
202
203
204
205
206
207
208
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210
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212
APÊNDICE XV– ESQUEMA ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
213
214