Segundo Congresso Internacional Gastronomia
Segundo Congresso Internacional Gastronomia
Segundo Congresso Internacional Gastronomia
21 a 23 de Setembro de 2016
Centro de Convenções do Hotel Oasis Atlântico
Av. Beira Mar, 2500 | Meireles | Fortaleza | Ceará
Editores
CDD 664
Gastronomia: da tradição à inovação
Editores:
APRESEnTAçãO
O interesse pelo segmento da Gastronomia tem crescido muito, seja pela necessidade do mercado em
possuir profissionais com formação de referência ou ainda por uma grande parcela da população que tenha um
interesse especial, seja como apreciador ou gourmand ou alguém com objetivo na profissionalização dessa
área, a qual só vem a crescer. Com isso, tem-se um percentual significativo de pessoas interessadas nesta área
e o mercado de uma maneira geral tem percebido essa demanda, tendo em vista o número de títulos publicados
no assunto, encontros midiáticos, cursos de curta duração, dentre outras formas de manifestação. No plano
universitário, a relevância dessa área do conhecimento é notavelmente crescente, que a cada ano vêm se
consolidando e obtendo grande aceitação por parte da comunidade acadêmica. O interesse universitário também
é bastante evidenciado nas áreas correlatas, bem como em trabalhos cada vez mais direcionados à produção
no campo da cozinha diferenciada, étnica sustentável em respeito às boas práticas agrícolas e na preservação
de nutrientes.
No caso específico do Brasil, a Gastronomia – sobretudo a regional – está bastante enraizada nas
diferentes localidades do país, o que decorre de um longo processo histórico de formação de nossa cultura,
que se manifesta principalmente nas especificidades nas quais predominam temperos, cores, aromas e sabores
próprios. A riqueza gastronômica brasileira emergiu e se consolidou com a contribuição de diferentes culturas
alimentares, com o predomínio das heranças indígena, africana e europeia, sobretudo a portuguesa. Contudo,
os processos migratórios vivenciados no Brasil, ao longo de sua História, permitiram que novas inserções
culturais fossem adicionadas a esse caldeamento gastronômico, tais como a japonesa, italiana, árabe, dentre
outras. Culturalmente, a Gastronomia é um aspecto cultural integrante da formação do povo brasileiro, porém,
a profissionalização das pessoas nessa área no país ocorre de forma informal e esporádica.
Nesse sentido, esse livro apresenta capítulos de diferentes áreas do conhecimento, tendo a comida
como tema central, apresentando a troca de experiência entre pesquisadores, professores, estudantes e
profissionais da Gastronomia e áreas afins, objetivando a divulgação do conhecimento gerado de matérias
primas existentes no país e exterior, caracterização de alimentos nativos e típicos, bem como desenvolvimento
de diferentes aplicações desses insumos, investigação da tecnologia tradicional e novos métodos e técnicas de
preparo culinário, tendo em vista melhorar a qualidade dos alimentos, promover o conhecimento e o registro
da cultura gastronômica regional do nosso país e países amigos, principalmente no que se refere aos alimentos
tradicionais.
COMiSSãO ORgAnizADORA
COMiSSãO CiEnTíFiCA
APRESENTAÇÃO V
COMISSÃO ORGANIZADORA VII
COMISSÃO CIENTÍFICA VII
AVALIADORES VIII
06376 A Cozinha Brasileira na Visão de Câmara Cascudo, Raquel de Queiroz e Gilberto Freyre. 53
06426 A Cozinha Gaúcha: um resgate dos sabores e saberes da Gastronomia do Rio Grande do Sul 55
06440 Rapadura na Região da Ibiapaba: Aspectos da Produção Artesanal e os Impactos da
Tecnologia. 57
05721 O Bandeirantismo e a Alimentação da Paulistânia Caipira: um estudo antropológico e
sociológico sobre a origem das tradições culinárias sertanejas 59
05920 A Comida e outros conceitos no livro Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado 61
06067 O banquete de palavras de Ascenso Ferreira 63
06379 Preservação de alimentos tradicionais: uma reflexão a partir da comida de rua de Salvador,
BA. 65
06313 A Confeitaria e a Doçaria Nacionais Abordadas nos Blogs de Confeitaria 67
05993 O papel do Sommelier no histórico serviço dos vinhos 69
06167 Avaliação sobre o conhecimento e consumo de pseudocereais entre estudantes Universitários
de Fortaleza 71
05730 Farinha à mesa, farinha no prato, farinha na alma 73
06264 Antropologia e a inserção de novos hábitos alimentares dos jovens em Fortaleza, mediante as
mudanças no setor alimentício. 75
NOVOS PRODUTOS 79
04938 Avaliação sensorial e microbiológica de bolo de chocolate adicionado de biomassa de banana
verde sem glúten e sem lactose 81
05659 Elaboração e Aceitação Sensorial de Bolo com a Farinha de Alfarroba (Ceratonia siliqua L)
83
05660 Elaboração e Avaliação Físico-Química de Iogurtes Prebióticos de Mel 85
05714 Elaboração e caracterização físico-química do suco misto de melão com melancia 87
05717 Caracterização Físico-Química e Análise Sensorial de Biscoitos Elaborados com Farinha de
Quiabo 89
05728 Empanados tipo nuggets formulados com resíduos do pescado Tucunaré (Cichlas ocellaris)
91
05738 Formulação e Análise Sensorial de Pães Funcionais com Aplicação de Farinha de Algas
(gracilaria birdiae) 93
05745 Desenvolvimento e Caraterização Microbiológica e Físico-química de coproduto de pescado:
tempero desidratado 95
05768 Elaboração e Caracterização de Embutido Fermentado Produzido com Carne de Caprinos da
Região do Sertão do Pajeú 97
05774 Processamento e Avaliação Sensorial de Sorvetes Sabores: Queijo de Coalho Maturado e
Queijo de Coalho Defumado 99
05783 Elaboração de Hambúrguer de Carne de Frango adicionado de Aveia: Caracterização
Sensorial e das Propriedades Funcionais e Nutricionais do Novo Alimento. 101
05819 Elaboração e Caracterização Físico-Química de Doce Misto de Tomate Verde com Coco
103
05824 Elaboração e caracterização físico-química de licor misto de acerola com goiaba adoçado
com mel 105
05825 Mortadela Ovina Enriquecida com Farinha de Aveia Qualidade Física 107
Gastronomia: da tradição à inovação
5826 Desenvolvimento e Caracterização de Biscoito Salgado sem Glúten Elaborado com Farinha
Mista de Arroz e Macaúba 109
05836 Avaliação Físico-química de Biscoito Enriquecido com Diferentes Níveis de Farinha de
Casca de Maracujá Amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa) 111
05845 Filé de pargo defumado por fumaça líquida: avaliação físicoquímica e sensorial 115
05856 Influência da substituição parcial do açúcar por acessulfame K e goma xantana nas
propriedades reológicas das massas de bolo esp 117
05876 Elaboração e análise sensorial de requeijão com adição de cacau em pó 119
05877 Elaboração e Avaliação Físico-Química em Néctar de Maçã adoçado com Mel de Apis
Mellifera 121
05885 Avaliação da geleia de hibísco elaborada com açúcar mascavo e adoçante 123
05888 Efeito do Uso de Diferentes Hidrocoloides sobre as Características Físico-Químicas de
Estruturados Mistos de Manga com Caju 125
05902 Compostos Bioativos de Frutas Estruturadas de Acerola Elaboradas com Ágar-Ágar e
Goma Gelana 127
5903 Pseudo hambúrguer de feijão verde: uma alternativa de uso para alimentação escolar 129
05904 Determinação físico-química ecompostos bioativosde fruta estruturada de maracujá 131
05908 Caracterização de Estruturados Mistos de Manga com Cajá Elaborados com Diferentes
Hidrocoloides 133
05961 Aplicação de Teste de Ordenação-Preferência em Diferentes Formulações de Estruturados
Mistos de Frutas Tropicais 135
05962 Estruturados mistos de manga com acerola: Elaboração e Caracterização FísicoQuímica
137
05968 Elaboração e aceitabilidade de pizza com farinha de arroz e grão de bico 139
05956 Caracterização Físico-Química e Sensorial de Bebida Mista de Acerola e Caju Adicionado
de Frutooligoossacarídeo 141
05983 Aceitação de pães de queijo enriquecidos com ativos de fibras provenientes das farinhas de
yacon e berinjela. 143
05998 Processamento e Caracterização Física e Química de Sucos Detoxes de Melancia 145
06000 Elaboração e avaliação sensorial do doce de leite cremoso obtido a partir de extratos
vegetais 147
06012 Biscoito tipo cookie isento de glúten elaborado com farinhas de frutos do cerrado 149
06034 Quantificação de Compostos Fenólicos e Atividade Antioxidante Total de Geleia de Acerola
Adicionada de Farinha de Semente de Chia 151
06046 Sabores do Brasil: Cocada de Umbu 153
06078 Estudo das Características Tecnológicas de Pães de Forma Elaborados com Concentrado
Proteico de Soro e Soro de Leite 154
06080 Design de um novo modelo de negócio: projeto de uma experiência gastronômica
significativa e memorável 156
05861 Elaboração de Pães Integrais com Óleos de Coco, Licuri e Azeite de Dendê 158
06084 Elaboração de Massas Alimentícias de Fruta-Pão Sem Glúten 160
06102 Desenvolvimento e Análise Físico-Química de Produto de Murici (Byrsonima
verbascifolia L.) Utilizando Gelano Como Agente Geleificante e Espessante 162
06108 Elaboração de Bebida Hidroeletrolítica à Base de Permeado de Leite Adicionado de
Extrato Antociânico da Casca da Jabuticaba: Caracterização Física e Química 164
06114 Desenvolvimento de bolos de chocolate veganos com variações sem glutén para portadores
de doença celíaca 166
Gastronomia: da tradição à inovação
06415 Desenvolvimento de Geleias Convencional e Light de Buriti (Mauritia Flexuosa L.) com
Mesocarpo do Maracujá Amarelo (Passiflora Edulis Flavicarpa Degener) 220
6421 - Produção do Blend de Caju com Leite de Cabra Obtido por Liofilização 222
05761 Massa de Macarrão Enriquecida Com Polpa de Jerimum 224
06351 Elaboração e Avaliação da Estabilidadede Bebida Mista a Base de Água de Coco, Bacuri,
Abacaxi e Limão. 226
05842 Desenvolvimento, caracterização e análise sensorial de farinha e bolo a base da Lentilha
(Lens culinaris) 228
06358 Resgate das frutas regionais nordestinas por meio da elaboração de geleias artesanais
naturais 230
05914 Caracterização Físico-química e Aceitação Sensorial de Hambúrgueres Suínos
Enriquecidos Com Feijão de Corda (Vigna unguiculata) 232
05926 Utilização Tecnológica da Farinha Integral de Jerimum na Produção de Brigadeiros
234
05769 Processamento e Conservação de Frutas: Doce em Pasta à Base de Banana com Adição de
Achocolatado em Pó 236
05737 Desenvolvimento e Avaliação Microbiológica de Sorvete de Graviola a Base de Leite
Fermentado de Kefir 238
05619 Produção e avaliação de rendimento de aguardente obtida a partir de manga cv. Palmer
240
06122 Desenvolvimento de Sorvete de Soja Diet Prébiotico 242
06380 Desenvolvimento e Caracterização Físico-química de Licores de Umbu-cajá com Diferentes
Concentrações de Sacarose e Mel 244
05889 Elaboração e Caracterização de Fruta Estruturada de Goiaba com Diferentes Hidrocoloides
246
06101 Desenvolvimento de Bebida Mista de Melancia e Limão Adicionada de Cereais 248
05849 Desenvolvimento De Fishburguer Contendo Diferentes Proporções De Farinha De Linhaça
250
05982 Desenvolvimento de Barra Alimentícia Enriquecida com Farinha de Resíduo de Tilápia do
Nilo (Oreochromis niloticus) 252
05979 Talharim de Feijão Verde: uma alternativa de uso para a Gastronomia Comercial 254
06314 Elaboração de Bebida Mista Potencialmente Funcional de Suco de Limão, Gengibre,
Cenoura e Chá Verde Adicionada de Espessantes Na 256
06124 Elaboração e Composição Centesimal de Cerveja Artesanal de Trigo Adicionada de
Pseudofruto de Caju (Anacardium occidenale). 258
06233 Elaboração de Hambúrguer de Carne Caprina Adicionados de Farinha de Aveia e
Caracterização FísicoQuímica e Microbiológica 260
05789 Queijo bola: Resgate de sua fabricação como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade de
Lastro Paraíba 262
06290 Elaboração e Caracterização Físico-Química De Bolo Simples Com Adição De Farinha Dos
Resíduos De Acerola (Malpighia emarginata D.C.) 264
06139 Aproveitamento do Mesocarpo, Polpa e Semente do Bacuri na Obtenção de Barras de
Cereais 266
05764 O Queijo Macururé Produzido no Povoado Caititus como Produto Artesanal do Estado de
Alagoas 268
05767 Cookies da Casca de Laranja Sustentáveis 270
06214 Secagem solar de Mangas das variedades Palmer e Tommy Atkins 272
Gastronomia: da tradição à inovação
06022 A Gastronomia como estratégia de combate à desigualdade social: estudo de caso em uma
cozinha solidária, em Salvador-BA 386
06029 Bacharéis em Gastronomia pela Universidade Federal do Ceará: onde estão e o que fazem?
388
06032 A Merenda Escolar de Duas Escolas da Rede Pública Estadual no Município de Fortaleza
Ceará. 390
06053 Metodologia SENAI de Educação Profissional: Impactos na Avaliação de Desempenho dos
Alunos do Curso Técnico em Panificação do SE 392
06069 Habitus docente e discente e suas implicações curriculares no Bacharelado em Gastronomia
da Universidade Federal do Ceará 394
06098 A Importância do Projeto Interdisciplinar: Comida de Rua, para o Corpo Acadêmico do
Curso de Tecnologia em Gastronomia da FATECI 396
06126 E Agora José? Sou Um Cheff: Percepções dos Egressos do Curso Superior em Gastronomia
no Estado de Alagoas 398
06135 A Importância do Projeto Interdisciplinar: O Banquete, para o Corpo Acadêmico do Curso
de Tecnologia em Gastronomia da FAT 400
06161 Educação Nutricional para Adolescentes com Síndrome de Down: Relato de Experiência.
402
06228 Análise Curricular do Projeto Político Pedagógico do Curso de Gastronomia da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) 404
06244 Documentação e Análise de Termos “Estrangeiros” da Gastronomia 406
06322 A Importância do Projeto Interdisciplinar para o Corpo Acadêmico do Curso de Tecnologia
em Gastronomia da FATECI-CE 408
06407 TRANSDISCIPLINARIDADE GASTRONÔMICA: contribuições do “Projeto de Extensão
Gastronomia Consciente” 410
06413 Relato de Experiência: plantas alimentícias e partes não-convencionais de alimentos nas
preparações servidas a populações 412
06416 Elaboração de Verbetes para uma Proposta de Glossário Gastronômico nas Áreas de
Açúcares e Adoçantes 414
6198 Perfil da produção científica do “I congresso internacional de gastronomia e ciência dos
alimentos” 416
6277 Oficina culinária como ferramenta de educação nutricional: um relato de experiência
418
7000 A Profile of the 15 Years of Gastronomy Higher Education in Brazil 420
6018 Equipamentos de Proteção Individual – EPI’S, como Estratégica de Mitigação de Riscos na
Produção de Alimentos 421
ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS 423
5679 Elaboração de Trufa com Farinha de Alfarroba (Ceratonia siliqua L) 431
05694 Análise Sensorial de Sorvete de Melancia e Bolo Enriquecido Com os Resíduos da
Melancia (Citrullus Lanatus) 433
05696 Elaboração e Análise Sensorial de Trufa de Capim Santo (CYMBOPOGON CITRATUS)
435
5704 Análise sensorial de suco de abacaxi com aproveitamento parcial e integral do alimento
437
05706 Elaboração e Caracterização Físico-Química de Licor Fino de Casca de Tangerina 439
05709 Aceitação de cocada elaborada com leite de cabra 441
05711 Avaliação Sensorial de Barras de Cereais Light sabor Chocolate e Morango: Aplicação de
Teste de Preferência 443
Gastronomia: da tradição à inovação
06133 Avaliação sensorial de amêndoas de castanha de caju tipo exportação pelo método de
CATA. 503
06120 Características sensoriais de massa fresca adicionada de tomate de baixo valor comercial
505
05297 Análise da percepção sensorial de adoçantes dietéticos em preparações culinárias por
diabéticos tipo 2 507
05751 Análise Sensorial De Barra De Cereais Elaborada Com Resíduos De Maracujá Amarelo E
Laranja 509
06207 Avaliação Sensorial de Barras Alimentícias de Amaranto Enriquecidas com Proteína
512
6055 Elaboração e Teste Sensorial de Bolo de Cajá Sem Lactose 514
06081 Avaliação Sensorial de Doce Chocolate Tipo Brigadeiro Comercial 516
06220 Análise Sensorial de Minibolos Elaborados com Farinha de Beterraba 518
06050 Análise Sensorial de Biscoito de Pequi Sem Glúten 520
06271 Avaliação da aceitação e preferência do creme de confeiteiro com diferentes preparos na
comunidade acadêmica da Universidade Federal do Ceará Fava de bauni lha Gemas (Quant.)
Amido de mi lho(g) 522
06240 Avaliação Sensorial de Biscoito Salgado Enriquecido com Farinha de Talo de Espinafre
524
06252 O Uso da Polpa de Abóbora na Elaboração de Chips Condimentados com Alecrim, Canela
e Noz Moscada 526
06388 Análises Sensorial em Bolos com Adição de Farinha do Mesocarpo do Babaçu 528
5821 Avaliação da qualidade microbiológica e sensorial de gelado comestível artesanal caju/cajá
530
06068 Elaboração, Padronização e Análise Sensorial de molho 532
06392 Desenvolvimento de Queijo Artesanal com Gordura Vegetal e/ou Animal 534
06025 Aceitabilidade e intenção de compra de bebida láctea com pedúnculo de caju 536
6011 Avaliação sensorial de casquinhas de sorvete saborizadas e integral 538
05810 Desenvolvimento de Bolo de Tapioca isento de glúten 540
06448 Intervenção nutricional na aceitabilidade de anchoita em escolares de diferentes faixas
etárias 542
06065 Avaliação Sensorial de Sorvetes com Diferentes Estabilizantes e Saborizantes 544
06148 Composição Química e Análise Sensorial de Hambúrguer de Frango Adicionado de Farinha
de Banana Verde e Linhaça 546
5977 Avaliação Sensorial de Cookies com Spirulina platensis para crianças 548
06165 Desenvolvimento e análise sensorial de smoothie de acerola enriquecido com o cálice da
vinagreira 550
06395 Correlação entre a Aceitação Sensorial e a Composição Química da Cachaça Armazenada
em Barris de Eucalyptus 552
06212 Percepção sensorial de diferentes concentrações de farinha de semente de uva Cabernet
Sauvignon no desenvolvimento de barras de cereais 554
06219 Avaliação Sensorial de Barras de Cereais Sabor Banana 556
06127 Avaliação Sensorial da Textura de Queijo de Coalho Elaborado com Diferentes
Concentrações de Substituto de Gordura 558
05963 Gastronomia Funcional: desenvolvimento de pudim à base de extrato de arroz e cacau para
alternativas em tratamento de patologias 560
Gastronomia: da tradição à inovação
06310 Valor nutricional e aceitabilidade de preparações com PANC plantas alimentícias não
convencionais e partes não convenciona 562
05770 Análise sensorial de biscoito de macaxeira sem glúten adicionado de ervas finas 564
06235 Potencial de Implantação de Suco da Casca do Abacaxi na Merenda em Escola do Ensino
Fundamental na Cidade de Pombal-PB 566
05703 Elaboração de um chocolate enriquecido com farinha da casca do maracujá. 568
6017 Aceitação Sensorial de Bebidas Lácteas Fermentadas com Polpa de Graviola 570
05916 Avaliação Sensorial de Cupcakes Produzidos com Farinha de Banana Verde 572
6213 Avaliação sensorial de sorvetes a base de soja desenvolvidos com e sem adição de açúcar
574
06341 Aceitação Sensorial de Barras Alimentícias Elaboradas com Resíduos da Cadeia
Agroindustrial. 576
06255 Elaboração de “Brigadeiro” de Cajá-Umbu e Pitanga Utilizando Biomassa de Banana Verde
578
06383 Avaliação da Aceitabilidade de Sorvete de Leite de Cabra Fermentado com 580
06307 Elaboração e Avaliação Sensorial de Massa Alimentícia Fresca com Substituição Parcial da
Farinha de Trigo por Farinha de Banana 582
05771 Avaliação da aceitação de um brigadeiro elaborado com biomassa de banana verde 584
06276 Aceitação sensorial de sorvete potencialmente probiótico de leite de cabra e polpa de cajá:
comparação entre consumidores de reg 586
06241 Avaliação sensorial de pão de forma adicionado de soro de leite e concentrado proteico de
soro 588
6251 Elaboração e análise sensorial de geleias adicionadas do extrato da raiz de yacon 590
06168 Aceitabilidade e intenção de compra de molho de caju 592
05818 Caracterização do Aroma do Óleo Essencial de Acessos da Erva-Cidreira pelo Método
CATA. 594
06294 Nada Convencional, porém Sensacional: Harmonização de Vinhos Brasileiros com
Gastronomia Regional 596
05978 Avaliação da Chia (Salvia hispanica L.) na substituição do ovo em massa integral de quiche
598
06116 Desenvolvimento e análise sensorial de uma panqueca funcional elaborada com farinha de
aveia 600
05733 Análise Sensorial de Leite Condensado Tradicional e Leite Condensado 602
05676 Características Sensoriais de Biscoito Tipo Cookies de Caroço de Jaca (Artocapus
integrifólia L.) 604
06136 Análise sensorial de Cenouras Orgânicas Cultivadas com Diferentes Doses de Urina de
Vaca 608
05723 Processamento e Análise Sensorial de Bolo de Mel com incorporação de Granola 610
06038 Elaboração e Aceitação do Smoothie de Abacaxi Enriquecido com Farinha do Albedo da
Casca de Maracujá 612
06105 Elaboração e análise sensorial de shake à base de camu-camu (Myrciaria dubia [Kunth]
McVaugh) liofilizado 614
05855 Avaliação Sensorial de Barras de Cereais Light Sabor Misto 616
06373 A Extração da Essência da Semente de Cumaru para utilização na Gastronomia 618
06091 Diferenças Sensoriais em Leite Oriundo de Vacas Tratadas com Duas Diferentes Dietas
620
Gastronomia: da tradição à inovação
05673 Índice de Aceitabilidade de Iogurtes Prebióticos de manga elaborados com Leite de Cabra 622
06106 Elaboração e caracterização sensorial de cookies adicionado da farinha de quiabo
(Abelmoschus esculentus L. Moench) 624
06442 Brownie de Alfarroba em Pó: Avaliação Sensorial da Adequação da Cor e do Sabor 626
6009 Estrutura física de Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar em Fortaleza CE: uma
análise teórico-prática de dimensiona 628
6272 Elaboração e Análise Sensorial de Massa de Pízza sem Glúten 630
6224 Desenvolvimento de smoothies com adição de Lactobacillus acidophilus (LA-05) e avaliação
da aceitação sensorial. 632
06132 Harmonização de vinhos e sobremesas: Uma análise sensorial gustativa. 634
6448 Intervenção nutricional na aceitabilidade de anchoita em escolares de diferentes faixas etárias 635
6370 Elaboração de Produtos Alimentícios Nutricionalmente Enriquecidosa partir do
Aproveitamento de Cascas e Talos de Vegetais 637
5848 Incorporação de boas práticas numa lanchonete de produtos naturais como garantia do
controle higiênico sanitário dos produtos oferecidos 907
5850 Capacitação em Alimentação e Nutrição para Merendeiras da Rede Pública de Ensino do
Município de Limoeiro do Norte-CE 909
5865 Avaliação das condições higiênico-sanitárias de duas indústrias pesqueiras em Camocim-CE
911
5812 Módulo Segurança Alimentar e Nutricional do curso Segurança e Soberania Alimentar na
Comunidade Quilombola Serra do Evarist 913
5722 Avaliação da Adequação dos Cardápios de Almoços de uma Unidade de Alimentação e
Nutrição (UAN) de Acordo com os Critérios do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT)
915
5701 Avaliação das condições higiênico-sanitárias de instituições educacionais localizadas em
Petrolina-PE 917
5699 Avaliação da Eficácia dos Métodos de Higienização em Restaurante Comercial 919
5675 Avaliação das Condições Higiênico-Sanitárias de Estabelecimentos Produtores de Gelados
Comestíveis de Juazeiro-BA 921
5387 Avaliação das condições higiênico-sanitárias de um estabelecimento alimentício na área de
panificação na região de Afrânio/ 923
5600 Teor de Nitrato em Pseudofrutos de Morango (Fragaria x ananassa Duch.) Cultivados em
Sistemas Semihidropônico e Orgânico 925
5665 Avaliação das condições higiênico-sanitárias e análises microbiológicas em um restaurante
do tipo self-service na cidade de Petrolina, Pernambuco, Brasil 927
5680 Avaliação de Rótulos de Iogurtes, Bebidas Lácteas e Leites Fermentados Diet quanto à
Legislação Vigente 929
5689 Aplicabilidade dos Métodos de Sanitização em Restaurante Comercial 931
5702 Avaliação das condições higiênico-sanitárias de um restaurante de comida natural localizado
no município de Petrolina – PE 933
5707 Avaliação das Condições Higiênico-Sanitárias de Cozinhas de Escolas Estaduais da Cidade
Petrolina-PE 935
5708 - Avaliação das Condições Higiênico-Sanitárias de Restaurante Localizado no Município de
Petrolina - PE 937
5883 Segurança Alimentar e Nutricional e o Beneficiamento de Alimentos Provenientes da
Agricultura Familiar 939
5890 Aplicação da segurança dos alimentos na formação de cozinheiro profissional em escola
profissionalizante na áfrica 941
5918 Quintais Produtivos Urbanos: dinâmica da agrobiodiversidade de plantas alimentícias
convencionais e não convencionais. 943
5919 Influência do marketing das embalagens nas escolhas dos alimentos 945
5921 Consumo e alimentação infantil: a criança é a alma do negócio?! 947
Gastronomia: da tradição à inovação
5906 - Análise de Risco à Saúde Diante da Exposição a Poluentes Liberados Durante a Cocção
dos Alimentos em Restaurantes Tipo Buffet 1283
5947 Avaliação da Rotulagem de Iogurtes Light e/ou Diet Comercializados em Supermercados de
Juazeiro do Norte/Ce 1285
5898 Elaboração e Caracterização Química da Farinha Obtida do Fruto da Timbaúva ((
Enterolobium contorstisiliquum (Vell). Morong) 1287
5895 Análise sensorial de doce da entrecasca de melancia (Curcubita citrullus) 1289
5866 Lugar de mulher x lugar de homem: gênero e organização do trabalho em uma cozinha
profissional na cidade de Salvador/Ba 1291
5833 Efeito da umidade relativa e do tempo de armazenamento sob características físicas do suco
de ciriguela atomizado 1293
05805 Avaliação Higiênico-Sanitárias de uma indústria alimentícia no ramo de bebidas não
alcoólicas no Município de Petrolina, Pernambuco 1297
5813 - Café da Manhã no Mundo: Variações em Decorrência das Diferentes Culturas 1299
5760 Avaliação do Resto Ingestão Infantil em Uma Escola Particular de Fortaleza 1301
5756 Influência da Maltodextrina na Secagem da Polpa de Manga cv. Palmer em SprayDryer
1303
5746 - O sabor do quintal no rótulo da cerveja 1305
5207 -A interface da cultura com pratos típicos: o caso do consumo do pequi em Palmas, Brasil
1307
5682 - Estudo da Composição Fisico-Química da Coroa-de-Frade (Melocactus bahiensis)
1309
5695 - Avaliação das Condições Higiênico-Sanitárias em Mercearias Localizadas no Centro da
Cidade de Juazeiro-Bahia 1311
5698 Avaliação do Teor de Álcoois em Cachaça Comercializada no Município de Petrolina-PE
1313
5718-Avaliação quantitativa e qualitativa de cultivares de morangueiro (Fragaria x ananassa
Duch.) no Oeste Catarinense 1315
5720- Caracterização do Conhecimento do Consumidor Quanto ao Uso de Adoçantes Dietéticos
1317
6004 Qualidade De Pimentão Verde Minimamente Processado Conservado Sob Refrigeração
1319
6270 I Encontro Gastronômico: A culinária da Serra da Ibiapaba 1321
6179 Castanha de Baru 1322
6201 Avaliação do Desperdício de Alimentos em Buffet Livre de um Restaurante Comercial de
Salvador (BA) 1324
6237 Conservação pós-colheita de pimentão ‘Dahra’ revestido com película de fécula de
mandioca, glicerol e óleo essencial de cravo-da-india 1326
6153 Característica físico-química de frutos de mandacaru armazenado sob refrigeração 1328
6435 Agricultura Familiar como Agente de Desenvolvimento Regional por meio do Cultivo e
Comercialização de Hortaliças não Convencionais em Minas Gerais 1330
6057 Análise das Características Físicas de Cortes Comerciais de Carne Bovina Abatida e
Comercializada do Município de Sobral/CE 1333
6077 Qualidade Microbiológica de Carne Bovina Processada com Ácido Lático e Condimentos
Naturais 1335
5872 Formulação e Análise Sensorial de Cookies Funcionais com Aplicação de Farinha de Algas
(gracilaria birdiae) 1337
Gastronomia: da tradição à inovação
5835 - Avaliação físico-química dos blends das polpas de manga ‘Tommy Atkins’ e laranja
tangor ‘Ortanique’ 1339
5828 Análise dos Hábitos Alimentares de Estudantes do Colégio Notre Dame na Grande São
Paulo 1342
5739 Benefícios da Gastronomia Hospitalar na Alimentação Restrita a Glúten 1344
5734 Controle do Consumo de Carboidratos através de Aplicativo para Dispositivos Móveis
1346
5710 Avaliação Higiênico-sanitária de estabelecimento do tipo padaria no município de Petrolina-
PE 1348
5969 Gastronomia para todos 1350
6170 Extração, secagem por atomização e determinação do teor de antocianinas em extrato de
repolho roxo (Brassica oleracea L.) 1352
6172 Pão Artesanal Voltado para Estabelecimentos como Sushi Bar, a Partir de Farinha de Arroz
e Amido de Milho. 1354
6009 Estrutura física de Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar em Fortaleza CE: uma
análise teórico-prática de dimensiona 1356
Gastronomia: da tradição à inovação
3
Gastronomia: da tradição à inovação
Gráfico 2. Doces mais vendidos nos estabelecimentos comerciais estabelecimentos possui estoque dos produtos e realizam previsão de
pesquisados no centro de T eresina- PI. compras semanal. Os demais estabelecimentos não possuem estoque e
realizam as compras de acordo com a venda dos produtos.
Goiaba
Rapadura
Alguns vendedores (os mais antigos) relataram sobre a evolução das
Laranja rech. c/ Batata… embalagens Alguns vendedores (os mais antigos) relataram sobre a evolução
das embalagens dos produtos, principalmente das compotas e doce de leite, que
Laranja evoluíram das latas reutilizadas de leite para embalagens de vidro em
Leite atendimentos às normas de Higiene e Segurança dos Alimentos, observaram
também o desenvolvimento dos rótulos dos produtos, que hoje estão mais
Limão atrativos. O doce de buriti ainda hoje é acondicionado em embalagens feitas do
pecíolo da folha, o que lhe confere uma característica bem rústica e artesanal
Buriti
que atrai o cliente (Figura 1). Os demais doces (doces em barra, doces
Nº de cristalizados e rapadura) são acondicionados em embalagens de plástico
0 2 4 6 8
estabeleciment… (Figura 2).
Fonte: Autoria própria.
Figura 1. Doce de Buriti Figura 2. Doces diversos
Observa-se que o doce de leite é bastante apreciado, de acordo com
Vieira et al (7) a produção de doce de leite no Brasil encontra-se ao
redor de 34.000 t/ano. Sua forma de apresentação mais vendida é a
pastosa, mas a sua apresentação granulada também é bastante
consumida, já a sua apresentação em barra é menos procurada pelos
consumidores, segundo relato dos entrevistados.
Uma das formas de aproveitamento do pedúnculo do caju é a sua
utilização na fabricação de doces, bem como na fabricação de cajuína.
Destacam-se também na preferência dos consumidores, os doces de
jaca e limão, seguidos dos doces de buriti e bacuri. Pode-se observar CO NCLUSÕES
com isso, a inclinação dos clientes pelos doces de frutas, que confirma A doçaria tem um papel importantíssimo na preservação da cultura
gastronômica local, sendo a sua produção uma das mais antigas atividades
a tendência do piauiense de aproveitar o potencial da fruticultura
artesanais. E uma das principais características da confecção de doces no
agregando valor ao produto através da produção de doces artesanais
Piauí é o aproveitamento das diversas espécies de frutas típicas da nossa
além de aumentar o tempo de conservação.
O Gráfico 3, aponta os principais fornecedores dos doces região de forma sustentável.
Desse modo, observou-se que os tipos de doces mais vendidos são o doce
comercializados pelos estabelecimentos pesquisados, levantou-se que
cristalizado, o doce em pasta, o doce de corte e a compota. Destes se
em 100% dos estabelecimentos foram encontrados produtos da
destacam o doce de leite em pasta, o doce de caju cristalizado e a compota de
empresa Lili Doces, localizada na cidade de Ipiranga do Piauí,
seguidos da marca Q-Doçura estabelecida na cidade de Piracuruca-PI caju, as compotas de jaca, limão e bacuri, e o doce de buriti. Sendo que os
principais fornecedores dos lojistas são as empresas Lili Doces (Ipiranga-PI),
e Império Doces localizada na cidade de T eresina-PI.
Q-Doçura (Piracuruca-PI) e a Império Doces (T eresina-PI).
As embalagens em que são apresentados os doces são em geral de vidro ou
Gráfico 3. Principais fornecedores de doces dos estabelecimentos
comerciais pesquisados. de material adequado a esse fim, atendendo assim a legislação de Higiene e
Segurança Alimentar.
Portanto, é necessário que se dê maior valor aos produtos locais e
tradicionais como forma de preservar a cultura e as tradições alimentares do
Boa Vista estado.
São Vicente
Tia Tatá REFERÊNCIAS
1. FREIXA, Dolores; CHAVES; Guta. Gastronomia no Brasil e no mundo.
L M Doces Rio de Janeiro. Senac Nacional, 2009.
São Francisco 2. CAST RO, C. F. F. História do Piauí. T eresina, 2006. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfP1QAC/historia-piaui>. Acesso
Império Doces em 30 set. 2014.
Doces Rosa Lima 3. FREYRE, Gilberto. Açúcar: uma sociologia do doce, com re ce itas de
Doce Art's bolos e doces do Nordeste do Brasil. 5. ed. São Paulo: Global, 2007.
4. MAT OS, M. A. O. Pelas quebradas, várzeas e chapadas - uma viage m
Q-Doçura gastronômica pelo Piauí. 2. ed. T eresina: Alínea Publicações Editora, 2007.
Lili Doces 5. CAST RO, H. M.; DEUS, J. A. S.; SILVA, P. H. C. Alimentos
Nº de tradicionais, manifestações culturais e "Saber Fazer" locais nos distritos de
0 5 10 Ouro Preto-MG. In: I Seminário sobre alimentos e manifestações culturais
estabelecimentos
tradicionais. 2012. Sergipe (SE). Anais... Sergipe: UFSE, 2012.
Fonte: Autoria própria. 6. MIRANDA, C. A. S. Métodos aplicados no design de embalagens para
produtos alimentícios típicos de base artesanal. Belo Horizonte: UFMG,
Pode-se verificar que a Lili Doces é o principal fornecedor de doces 2008.
na região central de T eresina, fato confirmado por Matos (4) quando o 7. VIEIRA, M. C.; GALLINA, D. A.; CAVICHIOLO, J. R.; GOMES, R. A.
autor afirma que, desde o início deste século, se popularizaram R.; FACHINI, C.; ZACARCHENCO, P. B. S. Produção de doce de leite
diversas marca piauienses e que a maior delas é a Lili Doces. tradicional, light e diet: estudo comparativo de custos e viabilidade
Nos cinco estabelecimentos visitados no Centro de Artesanato, o econômica. Informações Econômicas, São Paulo, v. 41, n. 10, out. 2011.
tempo médio de existência do estabelecimento atuando na venda de
produtos artesanais é de 20 a 30 anos. Apenas um dos
4
Gastronomia: da tradição à inovação
1 Doutor em Geografia, Curso de Tecnologia em Gastronomia, Universidade Estadual de Goiás, Grupo de Pesquisa
Saberes e Sabores Goianos, Seduce e Ciranda da Arte
² Graduando em Gastronomia, Universidade Estadual de Goiás,
³ Especialista em Docência do Ensino Superior, Curso de Tecnologia em Gastronomia, Universidade Estadual de Goiás
4 Graduada em Gastronomia e aluna especial no Mestrado em Turismo do Centro de Excelência em Turismo – UnB
5
Gastronomia: da tradição à inovação
apreciada. “ Antes a pamonhada era na casa de minha mãe, logo ali; Como reflexão final para nosso intento, recorremos às advertências
depois que ela faleceu fazemos cada vez na casa de uma das filhas de Palhares (15): “a história do alimento expressa a cultura de uma
dela, muitas vezes é aqui em casa, outras nas casas de minhas irmãs, sociedade. As escalas local e regional são aquelas em que se percebe
vamos revezando” (Entrevistada 62 anos). Ainda segundo a mesma com mais nitidez os traços culturais ainda preservados. O alimento
colaboradora “ a pamonha feita em grupo de pessoas amigas fica está envolto por saberes, valores, identidades, construídas
muito mais gostosa; nada melhor que o tempero de família, que foi inicialmente pelo grupo doméstico familiar. O alimento é, além de
ensinado por minha avó, minha mãe e chegou até a gente”. T ais suas qualidades nutricionais necessárias para a sobrevivência das
observações nos remetem a Gratão (13), segundo a qual “não é o ato pessoas, uma categoria histórica e social. Ele reflete a dinâmica
simples de comer que desperta o (nosso) interesse pelo sabor, mas o social pela permanência ou mudança dos hábitos, costumes e práticas
sentido de paisagem. O sentido de enraizamento que ela carrega no alimentares. Nesta perspectiva, alimentar é um ato social”,
valor à T erra. Não importa qual seja o alimento-elemento, mas as produzindo, portanto paisagens gustativas.
lembranças despertas.”
No início da década de 1980 a paisagem gustativa na Rua Direita era CO NCLUSÕ ES
bastante movimentada. Ainda pela madrugada passava o padeiro Realizamos um breve estudo das paisagens gustativas da Rua Direita
gritando para que os interessados pudessem adquirir o pão sem se em Pirenópolis, Goiás e percebemos que mesmo com as alterações
deslocarem até a padaria que ficava próxima à esquina, da qual do cotidiano atual, pelo menos as informações relacionadas aos
transportava, em vários momentos, cheiro de pães e roscas saindo do gostos permanecem nas lembranças de moradores nas mais variadas
forno. Mais adiante, no mesmo quarteirão funcionou por um tempo a faixas etárias.
Pensão Padre Rosa, famosa pela quantidade de comida e Entendemos pelos depoimentos, muitos deles permeados por
principalmente de doces caseiros, que atraiam inúmeros visitantes emoções, que o palato é responsável por boas lembranças não só da
famosos, mas no cotidiano exalava um cheiro indescritível aos infância, mas das pessoas, das práticas e dos saberes ligados à
transeuntes e que penetrava em várias casas. produção de alimentos.
O voltar para a casa depois da escola, um ato corriqueiro de toda Compilamos algumas breves informações sobre a paisagem gustativa
criança do interior, se mostrou carregada de percepção nas de uma rua pirenopolina, a partir da qual foi possível entender um
lembranças de uma antiga aluna, hoje professora aposentada: “saia pouco da história local.
do Colégio das freiras e ao entrar na Rua Direita começava a sentir o Demonstramos consequentemente que existem possibilidades
cheiro do almoço na Casa de dona Samoça, que era na esquina, e aí diversas e que merecem aprofundamentos nos estudos voltados para
vinha sentindo o tempero dos almoços de cada casa até chegar aqui a história da alimentação, nesta ou em outras escalas.
na casa de mamãe” (Entrevistada 88 anos). Continua expondo
questões familiares: “o cheiro do almoço na casa de Vovó Nenê era AGRADECIMENTO S
de fazer parar, mas a gente nunca almoçava lá; só em dia de festa!
Imagina só! Cerimônia em casa de vó!” Aos moradores da Rua da Rua Direita que se dispuseram a descrever
As oportunidades eram poucas e as viagens quase inacessíveis, assim suas paisagens gustativas entremeio histórias e receitas. À Pró-
como brinquedos e outras fontes de distração. As conversas Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação pelo auxílio-evento e à Pró-
indicaram alguns passatempos entre os moradores da Rua Direita em Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis da Universidade
tempos diferentes. A infância na Rua Direita sempre deixou nas Estadual de Goiás.
lembranças acontecimentos e experiências ligadas à paisagem
gustativa, sendo os quintais um dos laboratórios mais especiais para REFERÊNCIAS
as crianças que ali passavam grande parte desta etapa da vida. As
árvores frutíferas eram bastante frequentadas: pelas frutas e pelos 1 LUCHIARI, M.T.D.P. A (re)significação da paisagem no período
galhos que possibilitavam brincadeiras diversas, como balanço, contemporâneo. In: Zeny Rosendahl; Roberto Lobato Corrêa (Org.).
escalada e local de se esconder. As frutas eram as mais variadas, Paisagem, imaginário e espaço. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001. p.
sendo que dentre as mais comuns se destacavam: goiaba, jabuticaba, 09-28. (p. 23)
caju, manga, laranja, limão, mamão, banana; outras um pouco menos 2 SANT OS, M. Metamorfose do espaço habitado: fundamentos
recorrentes: figo, sapoti, lima, pitanga, carambola e outras. Mesmo teóricos e metodológicos da Geografia. São Paulo: EDUSP, 2008.
tendo acesso às casas, era extremamente comum a brincadeira de 136p.
“ pular o muro” do vizinho para “roubar” frutas, o que via de regra 3 JAYME, J. Esboço Histórico de Pirenópolis. Goiânia: UFG, 1971.
acabava em alguma confusão, uma vez que quase todos os moradores Vols I e II. 624p.
da Rua Direita eram parentes ou amigos. A explicação para tamanha 4 Oliveira, A.M.V. Uma ponte para o mundo goiano do século XIX:
traquinagem foi assim explicada: “Não tinha graça pedir pra tia ou um estudo da casa meiapontense. Goiânia: Agepel, 2001. 280p.
até mesmo pra vó; então a gente juntava um bando de meninos e 5 JAYME, J.; JAIME, J.S. Casas de Pirenópolis. Goiânia: UCG,
meninas e entrava no quintal pelo muro, comia as frutas e ia embora. 2002. 2 Vol. 316p.
Era uma confusão só! A gente ria e tinha umas crianças moles, que 6 JAYME, J. Famílias Pirenopolinas. Goiânia: UFG, 1973. 5 Vols.
não conseguiam subir de volta” (Entrevistado 41 anos). 7 Marconi, M.A; Lakatos, E.M. Fundamento de metodologia
Atualmente o cenário é adverso, as brincadeiras mudaram e os científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 297p.
quintais pouco são frequentados pelas crianças e não produzem tanto 8 POHL, J.E. Viagem no interior do Brasil. T rad. Milton Amado e
quanto em um passado recente. Muitas das casas foram vendidas Eugênio Amado. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/USP, 1978.
para pessoas de outras localidades e outras se mantêm desabitadas 417p.
em grande parte do tempo ou viraram ponto comercial, o que tem 9 SAINT -HILAIRE, A. Viagem à província de Goiás. T rad. Regina
interferido nas paisagens locais. Outro fator agravante são as Régis Junqueira. Belo Horizonte/São Paulo, Itatiaia/USP, 1978.
obrigações da atualidade que demandam o tempo anteriormente 158p.
dedicado à produção que mantinha bastante ativa a paisagem 10 MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. T rad. Paulo Neves.
gustativa da rua. São Paulo: Cosac Naify, 2003. 536p.
Era comum as mulheres, parentes e amigas, se reunirem para assar 11 MARANDOLA JÚNIOR, E. Sabor enquanto experiência
biscoitos ou pipocas em uma das casas, no forno de barro. Outra geográfica: por uma geografia hedonista. In: Geograficidade, vol. 2,
prática comum era “ agradar” as visitas servindo café com quitandas, n. 1, Verão, 2012. pp. 42-52.
só que a visita percebia, antigamente pelo moer do café que acontecia 12 MART INS, L.S. Legado, paisagem e turismo pelo Minho na
na cozinha e disseminava cheiro. Posteriormente, com o café procura de uma dimensão sensorial. In: Ver. Fac. Letras e Geo.
comprado já moído, o ato de “passar” o café denuncia que em breve Porto, III, vol. 1, 2012. pp. 7-31.
as visitas serão contempladas. Práticas que vêm sendo substituídas 13 GRAT ÃO, L.H.B. Sabor & paisagem à luz de Bachelard. In:
por outras que demandam menos tempo. Geograficidade, vol. 2, n. 1, Outono, 2014. pp. 25 -35.
Ao propormos uma breve investigação sobre a paisagem gustativa na 14 DARDEL, E. O homem e a terra: natureza da realidade
Rua Direita, tínhamos por premissa o exposto por Dardel (14): “a rua geográfica. T rad. Wether Holzer. São Paulo: Perspectiva, 2011.
como centro e quadro da vida cotidiana, onde o homem é passante, 159p.
habitante, artesão (...). Para muitos homens, sobretudo os dos séculos 15 PALHARES, V.L. Uma geografia hedonista dos saberes e dos
passados, a rua é onde se nasce, onde se vive e onde se morre sem sabores. In: Geograficidade, vol. 4, n. 1, Verão, 2012. pp. 42 -52.
que se possa sair”. Diante deste continuum estar na mesma rua,
durante gerações, é que possibilitou uma perspectiva no caminho da
paisagem gustativa destes pirenopolinos por análise.
6
Gastronomia: da tradição à inovação
² Especialista em Docência do Ensino Superior, Curso de Tecnologia em Gastronomia, Universidade Estadual de Goiás
³ Doutor em Geografia, Curso de Tecnologia em Gastronomia, Universidade Estadual de Goiás
INTRO DUÇÃO Referências Culturais (4), que auxiliou na compreensão das duas
categorias que envolvem o estudo do Patrimônio Imaterial: os
A cana-de-açúcar é um produto de origem ocidental, originária da saberes e os fazeres, que constituem respectivamente, os
Nova Guiné que era bastante produzida na Índia, sendo o açúcar o conhecimentos e as técnicas, sobre a produção de bens culturais
seu principal derivado, que passou a fazer parte da alimentação de como as Verônicas – nosso objeto de investigação.
muitos povos ao redor do mundo, como afirma Freyre (1). T eve o Valemos-nos ainda das observações empíricas e de registros
açúcar um papel muito importante na transformação do poder fotográficos realizados nos anos de 2014, 2015 e 2016. Estas duas
econômico e social de várias comunidades ao longo do tempo. O técnicas foram basicamente utilizadas para uma melhor percepção
açúcar foi levado para a Europa durante a Idade Média pelos mouros, tanto da produção quanto da distribuição das Verônicas, que
era considerado uma especiaria, portanto um produto raro, acontecem em momentos distintos, sendo a ocorrência da última
amplamente conhecido como “ouro branco” (2). após o cortejo imperial de volta da Igreja Matriz quando é celebrada
Sua produção no Brasil teve início por volta do século XVI, quando a solene Missa de Pentecostes.
foram trazidas da Malásia as primeiras mudas de cana. Seu cultivo Em outros momentos realizamos trabalhos de campo utilizando os
começou no litoral da região Sudeste e logo foi transferido para a métodos de entrevistas abertas e/ou fechadas, conforme orientações
região da Zona da Mata no Nordeste, onde possuía terras de massapê, de Marconi e Lakatos (8), com as pessoas que possuem os saberes e
consideradas mais férteis para esta monocultura (3). dos fazeres na produção da Verônica, não necessariamente durante o
No decorrer dos séculos a produção foi decaindo em qualidade e momento da Festa do Divino, mas nas semanas que a antecede,
quantidade e sofreu concorrência do açúcar produzido nas Antilhas, quando as verônicas são produzidas. E com a comunidade local
mas com produção contínua e amplamente difundida pelo Brasil durante os acontecimentos da Festa, produção, embalagem e entrega
afora. Em Goiás os engenhos se faziam presentes logo após o das Verônicas, com o intuito de buscar a percepção dos
declínio da mineração, ainda no século XVIII. pirenopolinos sobre os significados simbólicos representados pela
Em pleno interior do Brasil, algumas das práticas lusitanas foram Verônica.
implantadas, como por exemplo, o culto ao Divino Espírito Santo,
uma manifestação do catolicismo que remonta a Europa Medieval. RESULTADO S E DISCUSSÃO
A Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, Patrimônio Cultural
do Brasil desde 2010, possui diversas manifestações religiosas e O início desta pesquisa que se estendeu por os três anos ocorreu a
também gastronômicas, sendo que grande parte das comidas são partir de uma aula de campo de História da Alimentação na casa do
produzidas na casa do imperador, o responsável escolhido imperador da Festa de 2014, a partir de então foram empreendidas
anualmente, por sorteio, para conduzir a festividade. algumas observações e registros acerca da produção, dos significados
Segundo o Dossiê de Registro da Festa, produzido pelo Iphan (4), e das representatividades que a Verônica possui na cidade de
documentação de quando se iniciou a prática de celebração do Pirenópolis.
Divino Espírito Santo em Pirenópolis, refere-se ao ano de 1819. A produção do relatório da visita gerou inúmeras indagações, em
Festa que teve algumas alterações no decorrer dos séculos. especial as ligadas aos significados, uma vez que o feitio foi
As primeiras mudanças ocorridas na festa vieram com o Padre registrado em todas as suas etapas, por meio de observações
Manoel Amâncio da Luz, Imperador da Festa do Divino Espírito direcionadas, entrevistas, experiência em diversas etapas, desde o
Santo em Pirenópolis no ano de 1826 (5). A festa logo incorporou bater a massa até a decoração das Verônicas, como pode ser
uma herança da doçaria moura implantada em Portugal no período visualizado em fotografias produzidas no triênio do estudo.
dos embates entre mouro se cristãos: os alfenins que adaptados à
cultura local foram transformados em Verônicas.
O estudo sobre esta iguaria que trespassa continentes, culturas e
séculos é uma busca das contribuições de um período bastante
conturbado entre povos que tentavam impor a religião a qualquer
preço, mas que produziram um doce simples que simboliza a pureza
e é destinado a crianças.
O nosso problema pauta-se na compreensão sobre a manutenção dos
saberes e fazeres relacionados à produção e distribuição de
Verônicas durante a Festa do Divino Espírito Santo em Pirenópolis.
O objetivo é buscar a compreensão das etapas de produção das
Verônica, doce bastante representativo para a cultura pirenopolina.
MATERIAL E MÉTO DO S
7
Gastronomia: da tradição à inovação
temática, quando foram buscadas as referências bibliográficas poder pegar o ar frio lá da geladeira pra poder a Verônica ficar boa,
voltadas para Pirenópolis e suas festas, quando percebemos que a senão ela mela, ela morre” (12).
prática da entrega das Verônicas era outra, não ocorrendo em seguida O “morrer” da massa da Verônica está relacionado também aos
ao cortejo e sim distribuídas “no domingo da festa, de casa em casa saberes e fazeres, pois, se não for batida por alguém que detém o
(...) como uma gentileza do ‘imperador’” (5). conhecimento do manusear a massa perde a consistência ideal. Outra
No intervalo entre a segunda e a terceira festa, os estudos se deram explicação bastante relevante sobre a prática e experiência exigidas
na literatura voltada para a trajetória da cana de açúcar pelo mundo e na fazeção de Verônica, foi mencionada na entrevista com o senhor
pelo Brasil, sendo uma referência a obra de Freixa e Chaves (9) que Valdo Lúcio Cardoso, imperador da festa do Divino no ano 1986. Ele
abordam a História da Alimentação nestas duas escalas. Sobre o ato nos explicou como se fazia Verônica na época em que foi Imperador
de fazer doces em Goiás, temos a seguinte explicação: “ o sol forte “até hoje é esse sistema, tem as senhoras fazedeiras que tiram o
confinava as mulheres em seus casarões frescos, elas passavam os ponto, porque é muito especial, não é todo mundo que sabe. É muito
dias a fazer doces” (10). Sobre os doces preparados exclusivamente difícil! É um doce simples. É água e açúcar só, com uns pinguinhos
para as festas recorremos, para quem “a doçaria conventual de limão para não açucarar. Mas é a assimetria de fazer da coisa que
portuguesa ilustra o avanço do açúcar de uma outra ótica, na medida é custoso. T em que ser no frio. A pedra tem que estar bem gelada pra
em que doces passam a circular como mimos em datas festivas, jogar a calda depois do ponto, e aí saber puxar. Não é todo mundo
impondo a ‘quantidade atentatória’ como vantagem sobre a que sabe fazer puxar não, ela morre na mão de muita gente! T em as
qualidade” (11). pessoas especiais, especialistas que tem a mão que parece que tem a
T odos os anos uma grande multidão se junta na casa do Imperador mão guiada por Deus! Mão própria de puxar (...). Então tem as
por ocasião da distribuição das Verônicas, aproveitamos o momento pessoas que sabem tirar o ponto e tem as pessoas que sabem puxar e
para fazer as seguintes perguntas: “O que são Verônicas” e “Porque aí tem as pessoas que sabem enformar. Hoje tem muita gente que
vocês estão na fila para receber Verônica? ” está aprendendo, graças a Deus! T em muita gente que faz a
Após a realização aleatória das entrevistas, gravadas por meio de Verônica. Mas o ponto fraco da Verônica é o ponto e saber puxar”
aparelho celular com alguns dos partícipes durante a Festa do Divino (13).
de 2016, no período de entrega foi possível considerar que boa parte A partir das explicações acima rememoramos as observações de que
não soube explicar o que são as Verônicas, ou o porquê que estavam “a ‘mão de cozinha’ é um misto de técnica culinária e vocação.
ali para recebê-las. As respostas foram bastante variadas e vagas. Aliás, especialmente para o doce, louvam-se essas habilidades de se
Sobre o que são as Verônicas, alguns disseram ser um doce “feito de ter a ‘mão de cozinha’, uma qualidade unida ao melhor desejo, à
açúcar”, outro acrescentou ser “ um doce feito de água, açúcar e umas melhor técnica, à emoção, à invenção, para se fazer o melhor
gotinhas de limão” ou que a Verônica é apenas “um doce da festa”. tempero, para se fazer o melhor doce’.
As repostas alusivas aos significados, remeteram amiúde ao sagrado,
como demonstram os seguintes exemplos: ”É o doce representando o CO NCLUSÕ ES
Espírito Santo de Deus” ou “ Simboliza aquilo que é de Deus” e ainda
“ Verônica simboliza prosperidade, fartura, bênçãos”. Ao serem Por ter grande relevância no significado da Festa do Divino, é um
inquiridos quanto a presença na fila para receber um pacotinho doce que continua sendo produzido a cada ano.
contendo três Verônicas e três pãezinhos, relataram estar ali apenas A investigação proposta partiu de observações gastronômica,
“ por tradição”, ou simplesmente por que é “um doce muito gostoso”. priorizando os ingredientes e o modo de fazer.
O doce se torna simples a partir dos seus 3 ingredientes básicos: Foi interessante perceber que poucas foram as pessoas que
água, açúcar e limão. As Verônicas são confeccionadas em algumas conseguiram explicar o que são as Verônicas, mas sempre conhecem
etapas. Primeiro é feito a mistura desses ingredientes que é levada ao os ingredientes e os modos de fazer, contribuindo assim para
fogo transformando-se em uma calda de açúcar. Posteriormente, perpetuar a confecção das Verônicas.
utilizam-se a técnica de clarificação adicionando claras de ovos para
retirar todas as impurezas presente no açúcar e a calda é coada e AGRADECIMENTO S
posta a descansar durante um dia. No dia seguinte a calda é fervida
até o momento da retirada do ponto em fio. Utilizando uma vasilha Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e T ecnológico
com água fria, as senhoras encarregadas da produção – as detentoras (CNPq) pela bolsa de Iniciação Científica. E a Universidade Estadual
dos saberes –, retiram o ponto do melado. Pode se dizer que a de Goiás através da Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação pelo
retirada do ponto seja a parte mais importante de todas as etapas de auxílio evento.
fabricação do doce, como explica Lody; “tudo é celebrado na calda
de açúcar, no ponto ideal para se conquistar a identidade de cada REFERÊNCIAS
doce” (2).
A partir do momento de verificação do ponto, uma mesa de pedra é 1 FREYRE, G. Açúcar: uma sociologia do doce: com receitas de
resfriada com barras de gelo para que ocorra o processo de choque bolos e doces do Nordeste do Brasil. 5. ed. São Paulo: Global, 2007.
térmico quando a preparação for ali colocada. Despejada então, a 270p.
calda líquida começa a esfriar e se transformar em uma massa 2 LODY, R. Vocabulário do açúcar: história, cultura e gastronomia
amarelada e transparente. Massa essa distribuída para que seja batida da cana sacarina no Brasil. São Paulo: Editora Senac/SP, 2011. 197p.
em movimentos de puxar e de juntar até que se transforme em uma 3 CÂMARA C.L. História da alimentação no Brasil. 4. ed. São
massa branca maleável, as pessoas encarregadas desta tarefa não Paulo: Global, 2011. 954p.
podem ter as “ mãos quentes” sob o risco da “massa morrer”. Daí a 4 INVENT ÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULT URAIS.
massa branca é enrolada, polvilhada e cortada em pequenos pedaços. Brasília: Iphan/Departamento de Identificação e Documentação,
O polvilho serve para que a massa não grude. A última etapa de 2000. 134p.
produção consiste na decoração e impressão de imagens alusivas ao 5 JAYME, J. Esboço Histórico de Pirenópolis. Goiânia: UFG, 1971.
Divino Espírito Santo (coroa, flores, pomba e também o nome do 624p.
Imperador) nos medalhões de açúcar através de formas feitas de 6 DUFT Y, W. Sugar Blues. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Groud,
chumbo. A produção para a festa acontece na época de seca no 1990. 199p.
Cerrado, quando as noites são frias e os dias quentes, favorecendo a 7 GERALDES, A.A.F. A memória dos objetos: verônicas, máscaras
integridade do doce, fazendo com que as Verônicas não “melem” no e flores da Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis/Goiás.
decorrer da secagem. FCS-PUC/SP, 2015. 215f (Mestrado em História).
Foi possível compreender a partir da entrevista realizada com o 8 MARCONI, M. de A.; LAKAT OS, E.M. Fundamentos de
senhor Inácio (filho de um antigo fazedor de Verônicas em metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 297p.
Pirenópolis) que o modo de fazer Verônica não mudou nos últimos 9 FREIXA, D.; CHAVES, G. Gastronomia no Brasil e no mundo.
anos. Ele nos contou algumas histórias de quando era criança: “meu Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2009. 304p.
pai a vida inteiro fabricou Verônica, inclusive fez até as formas da 10 SALLES, M. Ambiências: histórias e receitas do Brasil. São
Verônica feita de chumbo; eles cortavam numa pedra sabão o molde, Paulo: DBA, 2011. 165p.
depois derretiam o chumbo e faziam as formas pra fazer Verônica” e
acrescentou “ mas tem uns casos assim do meu pai que achei 11 DÓRIA, C.A. Estrelas no céu da boca: escritos sobre culinária e
interessante, que tinha hora que fazia muito calor e a Verônica não gastronomia. São Paulo: Editora Senac/SP, 2006. 268p.
ficava boa, aí ele tinha uma pedra que ele colocava dentro da 12 Entrevista com Inácio de Oliveira. Pirenópolis, 2016.
geladeira. Colocava o melado na pedra e levava pra geladeira até ela 13 Entrevista com Valdo Lúcio Cardoso. Pirenópolis, 2016.
esfriar bem pra poder bater. Batia com a porta da geladeira aberta pra
8
Gastronomia: da tradição à inovação
9
Gastronomia: da tradição à inovação
resultado da atividade da pesca realizada pelos índios (8). Os peixes terra’. Estas etnias, alemã e italiana adaptaram-se muito bem aos
eram preparados assados em trempes de bambu (moquém) ou de costumes que já se faziam presentes na região e, ao mesmo tempo,
pedra, defumados ou secos ao sol e depois socados com farinha de influenciaram a cultura, os hábitos e tradições dos demais povos que
mandioca. A mandioca era outro alimento bastante consumido na já estavam estabelecidos na região.
época e ainda hoje na região. Também era consumida como farinha Até 1940 a pecuária domina a economia da região, porém com
ou assada perto das brasas (8). a imigração de colonos alemães e italianos e a recente implantação
Além destes alimentos, o milho também era produzido na da lavoura intensiva maquinizada no município a base eco nômica
Redução de onde derivava o mingau e a canjica pilada ou era assado passa a ser a agricultura, através da produção de linho, trigo, arroz e
na brasa, cozido ou feito como pipoca, ou, ainda, consumido em soja. Em 1970, São Borja ganha o título de 'Capital da Produção'.
forma de uma bebida fermentada. Outras culturas eram produzidas E assim é caracterizada a cultura do povo são-borjense,
para subsistência da aldeia, como trigo, erva mate, feijão e fumo, marcado por dificuldades, por diversas lutas, mas se mantendo
além de hortas e pomares. Ainda, pode-se citar muitos outros sempre aberto a receber seus imigrantes, cultivando suas lendas,
alimentos que eram consumidos na época das Missões que estes, folclores e tradições, através da sua comida, da música gaúcha, dos
ainda hoje, são consumidos em São Borja, como a batata, o tomate, o seus hábitos religiosos, que são muito fortes e presentes no
pimentão, a pimenta, sementes e frutas como abacaxi, ananás, município, e da exaltação da sua produção alimentícia. Produção esta
abacate, banana, laranja e pêssegos, entre outras (8). que até hoje é a base econômica do município. Os moradores desse
Como utensílios e técnicas para assar os alimentos utilizavam espaço são considerados como agentes sociais participantes
uma trempe de bambu ou de pedra que ficava a certa altura do fogo, fundamentais para preservação e replicação desta cultura alimentar
o que muitos acreditam que deu origem ao churrasco gaúcho, ou era miscigenada.
feito um buraco no chão recoberto com folhas de bananeira, onde
colocavam o alimento, tapavam com mais folhas da planta e cobriam CO NCLUSÃO
com terra, faziam o fogo em cima para cozinhar o alimento que As teias de relações humanas históricas dos diferentes povos,
estava enterrado. Como utensílios, utilizavam panelas de barro e que colonizaram e imigraram para São Borja, o clima, o relevo e
argila feitas com as próprias mãos. hidrografia da região, a evolução dos aspectos econômicos, sociais,
Os hábitos espanhóis foram se misturando com os dos culturais, políticos e ambientais acabaram por compor a identidade
indígenas, como o gosto pelas festas, a charcutaria com a linguiça e o gastronômica, social e cultural do povo são-borjense. Essas teias e os
chorizo, a preparação de cozidos ensopados e a plantação de uvas diversos fatores complexos, presentes no dia a dia, fizeram com que
para produção do vinho. Porém, a maior contribuição desse povo a alimentação do índio, do espanhol, do português, do alemão e
para a cultura do país, do Estado, e de São Borja foi a pecuária, a italiano sobressaísse sobre as demais e formasse a cultura social e
introdução do gado bovino, ovino e caprino, na região dos pampas. gastronômica do município.
Os jesuítas ensinaram aos índios as técnicas de agricultura e criação Os índios deixaram sua marca na cultura gastronômica local
desses animais citados, além dos hábitos e crenças religiosas. através do consumo da erva mate, da mandioca, do peixe e da técnica
As Missões prosperaram e se desenvolveram até a assinatura do de preparo do churrasco, os espanhóis através da pecuária e do
T ratado de Madrid, entre as cortes de Espanha e Portugal, em 1750. consumo de carne bovina e ovina, e os portugueses com suas
Os lusos tomam posse dos Sete Povos e começou o declínio desta técnicas de salga e conservação dos alimentos (charque), os alemães
formação societária. T rocas culturais foram presenciadas entre os com as culturas agrícolas e técnicas de embutidos e os italianos com
índios, espanhóis e portugueses. Como anulação deste T ratado em as comidas mais consumidas no dia a dia, como massas, polentas e
1751, voltam os antigos moradores e reconstroem o povoado que risoto. Esses hábitos alimentares, que foram sendo construídos com o
teve seu declínio definitivo após 6 anos. passar do tempo, caracterizam as identidades são-borjenses e
A pecuária continua sendo a base econômica da região e a encontram-se presentes na realidade gastronômica do município até
principal rota de transporte de carne e de produtos derivados, para o os dias de hoje. Resume-se que não existe um traço gastronômico e
sudeste do país, tinha seu início no município. Esse período e o cultural identitário único em São Borja, mas sim traços e identidades
arranjo social e comercial ficaram conhecidos como Ciclo do diversificadas que se fundiram e formaram uma cultura híbrida que,
Charque ou Época do T ropeirismo, que muito alavancou a economia atualmente, é reconhecida pelos munícipes, como identidade
da região do RS. Nesse período, o núcleo e matriz social era a missioneira são-borjense.
Estância, onde as tropas eram criadas em grande escala e, Conclui-se que a importância deste trabalho, vem ao encontro
posteriormente, levadas pelos tropeiros até as charqueadas do estado. do registro, divulgação, preservação e conhecimento dos aspectos
Continuam as guerras, por posse das terras e a miscigenação de sociais históricos e da gastronomia regional de uma pequena parte
culturas indígena com os europeus e, ainda com os africanos, em deste enorme país, que apresenta uma grande diversidade
menor intensidade, que em uma situação de extrema pobreza e gastronômica, com uma miscigenação de diferentes culturas étnicas,
marginalização socioeconômica também trouxeram suas de acordo com outros estudos desenvolvidos nesta área.
contribuições culturais e gastronômicas para a região, principalmente
implantando o consumo dos miúdos dos animais. Os costumes REFERÊNCIAS
alimentares dos portugueses foram adaptados à cultura alimentar do (1) SCHLÜT ER, Regina G. Gastronomia e turismo. São Paulo:
índio que já havia se transculturado com os espanhóis, formando uma Aleph, 2003.
cultura híbrida, que pode ser chamada de luso-indígena-espanhola. (2) BASSO, David. Fundamentos teóricos e procedimentos
Até que em 1834, cessaram as batalhas e o desenvolvimento em metodológicos para a análise de processos reais de desenvolvimento.
São Borja pode ser qualificado como exitoso. O poder passou as In: SIEDENBERG, Dieter Rugard (org.). Desenvolvimento sob
mãos dos militares, que controlavam a fronteira com a Argentina. A múltiplos olhares. Ijuí: Unijuí, 2012. Cap. 2, p. 101 – 137.
partir do séc. XX, começam a chegar à região os imigrantes alemães. (3) RIO GRANDE DO SUL. Constituição do Estado do Rio Grande
Esses imigrantes, colonos agricultores, desenvolveram a policultura do Sul. Decreto nº 35.580, de 11 de outubro de 1994, Artigo 82,
do milho e do linho e introduziram novos hábitos alimentares, inciso V. Disponível em:
culturais e socioeconômicos. Estes trouxeram seus costumes e a sua http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASPHid_Tipo=TEXT
contribuição para a formação da cultura alimentares são-borjense, O&Hid_TodasNormas=12649&hTexto=&Hid_IDNorma=12649 .
que até os dias de hoje, são identificados e consumidos no município, Acesso em: dezembro de 2014.
através do consumo de cucas, queijo colonial, chucrute, batatas, (4) SILVA, Dilossane Vargas; SILVA, Mateus Claudino Caetano da.
carne suína e de frango e chimias de frutas, além de difundirem as São Borja e sua diversidade histórico cultural. XVI Seminário
técnicas de preparo de embutidos como a linguiça, a salsicha e o Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNICRUZ.
salame. Santa Cruz do Sul, 2011.
Os imigrantes italianos, da mesma forma, contribuíram para a (5) FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul. Ed. 5. Porto
formatação da cultura de São Borja. Quando chegaram ao local Alegre: Nova Dimensão, 1996.
cultivavam nas roças a maioria dos produtos que consumiam. (6) RILLO, Apparício Silva. São Borja em perguntas e respostas:
Alimentavam-se de pratos à base de milho e das leguminosas e monografia histórica e de costumes. 4 ed. São Borja: Gráfica
verduras que plantavam. Os pratos mais consumidos eram a polenta e Noschang, 1982.
a fortaia. Consumiam mais a carne suína e de frango do que a carne (7) OLIVEIRA, João Carlos Quadros. Eternos Heróis Gaúchos. 6
bovina, quais eram fritas na sua própria gordura e conservadas em ed. Passo Fundo: Passografic, 2014.
latas tapadas por banha para não estragarem com facilidade. (8) SCALCO, Maria Izabel Guimarães. Memórias, sabore s e
T rouxeram, ainda, o hábito do consumo do risoto e das massas, que aromas. Alcance, 2014.
foram adaptados para o preparo com os produtos presentes na ‘nova
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Gastronomia: da tradição à inovação
Ailca Pereira
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual do Ceará. Professora de Português da Secretaria de Educação do
Estado do Ceará. Aluna do curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará, ailcantonia@yahoo.com.br.
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Gastronomia: da tradição à inovação
soluções para vencer a estiagem e resolver o problema da fome que A cozinha cearense, de tradição oral, sem registros escritos, precisa
assola o Ceará de 1915. A trama se desenvolve pelo entrelaçamento ser documentada e refletida enquanto expressão da cult ura de seu
da história das famílias dos protagonistas Vicente e Conceição povo, pois, mesmo em períodos de escassez (seca) como em
(proprietários de terras) com a história da família de Chico Bento momentos de fartura (o bom inverno) o homem cearense buscando
(trabalhador rural). Vicente, o herói, prefere ficar e lutar bravamente vencer as adversidades impostas pelo meio, produz conhecimentos,
contra as agruras da seca. Chico Bento não tem escolha: sem terra, vence o medo de não ter o que comer desenvolve técnicas de preparo
sem trabalho e sem dinheiro é obrigado a deixar sua terra natal numa e conservação de alimentos, frutas, leguminosas, carnes, peixes, leite,
peregrinação rumo à capital com toda a família (esposa, cunhada e ovos etc. A construção dessa cultura, tipicamente cearense, também,
filhos). A viagem do sertanejo do interior de Quixadá até Fortaleza leva em conta vários aspectos social, político, econômico,
em busca de sobrevivência é um dos tempos da narrativa. geográfico, religioso e cultural. Para finalizar, cabe a ele salvar essas
Percebe-se, a partir do processo de colonização brasileira e nas características da cultura culinária, que mesmo não estando, até
entrelinhas dos romances de Rachel de Queiroz a formação do então, expressa de forma escrita, foi, é e será socialmente construída.
estigma de uma “ sub raça” para designar um povo cuja sina é
esperar. Esperar pela chuva que não vem, pelas promessas dos CONCLUSÕES
políticos brasileiros ao longo dos anos e por melhores dias. Resta ao
sertanejo, ainda, outra saída: migrar. Deixar suas raízes em busca da A história da alimentação no Ceará está pautada sob os signos da
Terra Prometida onde sempre há farinha e sempre há inverno (13). fome e da fartura, que são fatores preponderantes, na construção da
culinária cearense, pois, atribui-lhe um referencial de identidade, à
FARTURA – O Não Me Deixes – Suas histórias e sua cozinha. O medida que, é construída como resposta aos problemas que são
Não Me Deixes (2000) é um livro de lembranças e receitas onde a impostos ao homem pelo meio.
autora descreve toda a riqueza da cozinha cearense. Descendente da Raquel de Queiroz deixa sua contribuição na construção desse
cozinha portuguesa e com fortes traços da culinária indígena é uma referencial de identidade quando registra através de suas
cozinha simples, contida, criativa, produto da luta do homem pela personagens, hábitos e costumes de uma época e de uma região. No
sobrevivência. É uma cozinha feminina, artesanal de utensílios livro O Não Me Deixes Suas histórias e sua cozinha, a autora registra
rústicos e práticas milenares. Fogão e forno (separados) à lenha; através de lembranças, o legado culinário cearense que presenciou
panelas e pratos de barro; colheres e pilões de madeira. É uma em suas passagens pelo Ceará, as quais, não foram poucas.
cozinha oral, sem registros escritos, até então. Conhecimento passado
de geração a geração através da observação e apreendido por
imitação. Nesta cozinha, construída historicamente pelo homem,
REFERÊNCIAS
atividades como o abate de animais domésticos, o corte de carnes, a
1. FREIXA, Dolores; CHAVES, Guta. Gastronomia no Brasil e no
moagem ou a pisa de grãos, a torrefação do café e do urucum faz
mundo. 2. ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2013.
parte do cotidiano das pessoas que por ela transitam: vizinhos,
2. CAST RO, Josué de. O livro negro da fome. 2. ed. São Paulo:
parentes, “ compadres”, trabalhadores. A comida típica não é a do
Editora Brasiliense, 1966.
cotidiano, mas, a que é servida em dias de festas, preparadas
3. CUNHA, Euclides da. Os sertões. Fortaleza: ABC Editora, 2002.
pacientemente. A comida do dia a dia é uma versão simplificada da
v.1.
comida das festividades. Há variedade nas preparações, pois, a
4. MONT ANARI, Massimo. A fome e a abundância: história da
culinária segue o ritmo do calendário da casa: comida de todo dia X
alimentação na Europa. Bauru: Edusc, 2003.
comida de finais de semana; comidas de festas de aniversário X
5. FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da
comidas de festas de casamento; comidas de natal e comidas de ano
gastronomia. 5. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.
novo.
6. MONT ANARI, Massimo. Comida como cultura. 2. ed. São
Raquel de Queiróz faz um apanhado de suas memórias culinárias.
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.
Registra utensílios, técnicas de cocção, insumos, receitas
7. ALMEIDA, Gildênia Moura de Araújo. A fome: um romance do
contribuindo, de forma clara e objetiva, com a escrita da história da
naturalismo? São Paulo: Editora Delicatta. 2012.
alimentação cearense.
8. MONT ANARI, Massimo. A fome e a abundância: história da
alimentação na Europa. Bauru: Edusc, 2003.
RESULTADOS E DISCUSSÃO 9. QUEIROZ, Rachel de, O quinze. 27. ed. Rio de Janeiro: Livraria
José Olympio Editora, 1981. v.18.
Somente a consciência em uma sociedade letrada provoca condições 10. QUEIROZ, Rachel de, O não me deixes. 3. ed. Rio de Janeiro:
de se produzir uma memória escrita da sua cozinha. Memória essa, Livraria José Olympio Editora, 2010.
capaz de transmitir às futuras gerações o conhecimento 11. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura Brasileira. 43. Ed.
historicamente acumulado por seus membros, permitindo, assim, São Paulo: Cultrix, 2006.
codificar práticas e técnicas desenvolvidas ao longo do tempo, 12. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da
enquanto a cozinha oral está destinada a se perder no emaranhado de língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira
informações, ao qual seu povo é, diariamente, submetido. S.A., 1986.
13. QUEIROZ, Rachel de, O quinze. 27. ed. Rio de Janeiro: Livraria
José Olympio Editora, 1981. v.18.
12
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO Para pensar o conceito de cozinha étnica foram utilizados autores
como Collaço (op. cit.), que pensa a partir da realidade cosmopolita
O fazer culinário nunca esteve tão em pauta na sociedade encontrada na cidade de São Paulo em que uma multiplicidade de
contemporânea como nos últimos tempos. Em que pese já terem sido
analisadas desde a perspectiva do fato social total, as discussões cozinhas (características de mais de 45 países) pode ser encontrada
acerca dos processos que envolvem a alimentação e, de forma mais na oferta gastronômica local. Bourdieu (3) e Barbosa (4) reforçam o
recente, a gastronomia invadem não só os restaurantes (e demais elo entre o consumo e distinção social, mostrando como as classes
espaços que prestam serviços ligados à alimentação) como também sociais demarcam a sua posição por meios das suas preferências de
os lares, as salas de aula e do cinema, as bancas e livrarias e os consumo, com destaque, neste campo, para o consumo de bens (e, ou
espaços públicos. serviços) ligados à alimentação que passam a constar no rol dos bens
O consumo e interesse pela gastronomia, tal como se apresenta em culturais (capital cultural).
nossos dias, é, todavia, uma prática marcadamente urbana. A Ao considerar a cozinha étnica dentro das muitas possibilidades de
diversidade na oferta gastronômica de uma cidade chega a constituir consumo gastronômico, Van den Berghe (5) traz uma discussão em
um requisito para que a cidade possa ser considerada cosmopolita que reforça a conexão entre comida e etnicidade. Ao mesmo tempo
(1). O conceito de gastronomia está ligado ao espaço urbano, em que o autor associa a comida étnica ao passado memorial
industrializado e moderno, constituindo-se em uma prática carregada (infância, família, etc.), o consumo consciente da cozinha étnica,
de reflexão e intencionalidades. segundo o autor, só pode ser desenvolvido no contexto do contato
Pensando neste quadro, vale marcar a diferença entre o conceito de interétnico, pois não existe a consciência de que a comida do sujeito
gastronomia e de culinária. Embora, na prática, pareça que tanto o que come é étnica ou representativa de um grupo até que se entra em
cozinheiro (que pode não ter nenhuma formação específica na área) contato com outras tradições culinárias, de onde surge a associação
como o chef de cozinha (que hoje em dia precisa se qualificar a nível entre cosmopolitismo e diversidade cultural e o potencial para o
de ensino formal para alcançar esse reconhecimento) tenha como desenvolvimento e consumo de cozinhas étnicas nos grandes centros
matéria de trabalho o mesmo material (ingredientes, a ideia das urbanos. Outro autor a abordar a questão da etnicidade, agora, desde
preparações e os utensílios e equipamentos necessários), no âmbito uma perspectiva mais antropológica é Barth (6) que considera os
do consumo, os comensais parecem perceber a diferença existente grandes fluxos humanos e as fronteiras étnicas. Para este autor, as
entre os dois ofícios, atribuindo ao segundo notoriedade e fronteiras permanecem apesar dos fluxos de pessoas que as
significativo status social. atravessam. Trata-se de processos de exclusão e incorporação em vez
Atala e Doria (2) resumem a diferença entre culinária e gastronomia de ausência de mobilidade e de contato com outros grupos étnicos.
atribuindo a primeira as técnicas, matérias-primas e saber fazer Arvela (7) reforça o grupo de pesquisadores que atribuem à comida
correspondente às adaptações do homem ao meio ambiente, enquanto étnica uma natureza necessariamente urbana e cosmopolita,
a gastronomia envolve um discurso e um prática que tomam a destacando o papel que a cozinha desempenha para os grupos étnicos
culinária como objeto, potencializando os prazeres que a partir dela representando, para estes, um modo de vida.
podem ser obtidos.
De acordo com Collaço (op. cit., p. 204), caberia ainda uma distinção RESULTADO S E DISCUSSÃO
entre gastronomia e cozinha, sendo a gastronomia “um instrumento
para pensar o comer contemporâneo que permite acessar diferentes Localizado no bairro de Santo Amaro, região central da cidade do
expressões de cozinhas”, enquanto as cozinhas são modelos que Recife, o Restaurante Altar - Cozinha Ancestral, inaugurado em maio
permitem a reflexão sobre a formação de identidades e a exposição de 2014, não possui placa de identificação na sua fachada, mesmo
de relações sociais culturais e econômicas de diferentes instâncias. A tendo sido eleito Restaurante Revelação 2015/2016 por uma
gastronomia, dessa forma, incorpora a variedade, a novidade, tendo publicação considerada referência na indicação de serviços
como um de seus interesses a pluralidade de sabores e saberes gastronômicos.
presentes em distintas cozinhas. Os dados aqui apresentados foram extraídos da entrevista realizada
Assim, este trabalho tem como objetivo provocar a reflexão acerca com a proprietária, chef de cozinha e Iabassê, filha de Xangô, Dona
de uma modalidade de consumo gastronômico que se apresenta, para Carmem Virgínia. Na análise da fala da entrevistada, muito do que
além de uma diferenciação no mercado de alimentos e bebidas, como foi apresentado em relação ao conceito de cozinha étnica pode ser
um veículo de comunicação e resistência: a cozinha étnica. Ao lidar constatado na realidade do Restaurante Altar, começando pela
com elementos, tais como, memória, grupo étnico e valores culturais, identificação daquela como iabassê - cozinheira dos orixás - e
a comida carregada de sentimentos e simbolismos oferece-se como também dos homens.
instrumento para pensar o ‘eu’ e o ‘outro’, as diferentes relações que Incomodada com a denominação de ‘chef de cozinha’, a Iabassê
podem ser estabelecidas entre estes sujeitos, reforçando, assim, o seu afirma que deseja estar em contato com as panelas, que nem sempre
vínculo com o conceito de identidade cultural. é o local onde o chef se encontra. O Altar é o local onde D. Carmem
faz da cozinha o seu ideal de vida. Uma cozinha mais elevada onde a
MATERIAL E MÉTO DO S estrela é a comida, é aquilo que vai ao fogão. Para ela, o seu Altar
oferece para o cliente uma comida com identidade.
O trabalho apresenta-se como um estudo de caráter qualitativo, Apesar de ter sido escolhida para o cargo de Iabassê ainda criança,
etnográfico, construído a partir de uma revisão conceitual acerca dos somente anos depois, D. Carmem ocupou essa função de
conceitos de gastronomia, cozinha étnica e etnicidade. Outras protagonista na cozinha do terreiro Ilê Axé Ogbon Obá. Sobre o
discussões mostraram-se relevantes para fortalecer o argumento cargo de iabassê, Bastide (8), sociólogo francês que estudou de
principal do trabalho, tais como a prática do consumo e a ideia de forma aprofundada as religiões de matriz africana no Brasil, fala da
distinção social. Para fazer convergir as discussões teóricas com a responsabilidade de cozinhar para os orixás destacando o papel da
realidade empírica, foi realizada uma entrevista com uma Chef de iabassê na hierarquia do terreiro.
Cozinha, cujo Restaurante se destaca na oferta gastronômica da A comida de terreiro, para Lody (9), apresenta-se como um dos
cidade do Recife (PE) por trazer uma proposta diferenciada, com melhores instrumentos de comunicação entre os homens e os orixás e
raízes na culinária de mat riz africana, haja vista a forte ligação da os homens e seus antepassados, posto que, carregadas de
chef de cozinha com o candomblé, caracterizando o que estamos complexidade, as receitas e o fazer culinário traduzem histórias
chamando de Cozinha Étnica. mitológicas, épicas e sociais, funcionando na manutenção do
equilíbrio hierárquico, ético e moral no candomblé.
13
Gastronomia: da tradição à inovação
Dona Carmem associa a sua cozinha à ideia de uma cozinha terreiro, abusando de cores fortes e chamativas, empregadas muitas
ancestral, a um saber que mesmo não lhe tendo sido ensinado, ela vezes em justaposição: “[o torso] é a minha coroa [...] e quanto mais
carrega na memória. Ela afirma que “ teve encontros com essa alto o turbante, mais poderosa eu me sinto”.
cozinha”, que ela come e quer apresentar para o Outro. A respeito do
termo ‘cozinha étnica’, ela afirma que a sua cozinha vem “de uma CO NCLUSÕ ES
etnia, de um povo, de um povo único, que foi [a sua cozinha] fundida
com outras cozinhas”, visto que no Altar se faz uma cozinha O restaurante Altar – Cozinha Ancestral, mesmo com pouco tempo
brasileira, ancestral, baseada, contudo, nas três principais matrizes de funcionamento, já demonstra usufruir de certo reconhecimento
étnicas (africana, indígena e portuguesa) que formaram a cozinha por parte do mercado gastronômico (público e formadores de
brasileira. opinião) local e de outros estados (conforme pode ser constatado
T odavia, D. Carmem confere um protagonismo destacado à cozinha acompanhando o Restaurante Altar através das redes sociais e a
do seu povo [negro], afirmando que poucas pessoas tem coragem de participação da chef em festivais gastronômicos locais e nacionais).
apresentar a cozinha negra dos orixás, haja vista toda a carga de Apesar de, num primeiro momento, a Iabassê se dizer incomodada
racismo, preconceito e intolerância que tem historicamente com certos rótulos, tais como “cozinha étnica”, na sua fala, o
acompanhado o povo negro e cada dia se mostra mais evidente na incômodo desaparece por completo e ela mostra ter bastante
sociedade brasileira. Lutando contra esse quadro, a Iabassê deseja dar apropriação quanto ao conteúdo simbólico que o termo carrega.
identidade a essa cozinha [negra, de terreiro] e mostrar que o seu A chef de cozinha destaca o sentimento de pertencimento a um grupo
povo é rico, descendente de reis e rainhas que foram escravizados e que, mesmo tendo sofrido o processo de diáspora há vários séculos (a
não de descendentes de escravos. diáspora africana decorrente da escravidão), continua reafirmando as
Apelidada pela vizinhança de ‘baiana’ pelas roupas que utiliza dentro suas raízes e lutando pelo direito de ter sua identidade cultural visível
e fora do seu restaurante – o que constitui uma das formas que ela e visibilizada. Fica claro que, para a Iabassê, a cozinha que ela
encontra para expressar o seu vínculo com o povo de terreiro - D. oferece no seu Altar não diz respeito ao terreiro de candomblé A ou
Carmem não se incomoda com a referência, por acreditar que ela está B, nem mesmo ao terreiro de que faz parte, mas, sim, a uma comida
ligada, não a uma suposta origem baiana, mas, sim, à imagem da de negro, do povo de santo, de todos aqueles que compartilham
baiana com as suas saias e seus acarajés, o que a dignifica e lhe serve raízes africanas e que mantem esse vínculo aceso por meio das suas
inclusive como inspiração. Apesar de nunca ter estado na Bahia, ela diversas práticas religiosas. Neste contexto, temos um restaurante
afirma que sua árvore genealógica materna vem da Nigéria, através localizado em um centro urbano, em que a expressão de um grupo
dos povos iorubá, de etnia haussá, o que lhe assegura o vínculo com étnico presente e atuante oferece aos seus comensais a oportunidade
o continente africano e, quiçá, com o território baiano. de contato mais próximo com a cultura do povo de terreiro pela via
Quando perguntada a respeito do que expressaria a ideia de etnia e do consumo gastronômico.
ancestralidade no Restaurante Altar, D. Carmem aponta as cores Dona Carmem Virginia expressa sua ideia de prestígio associando-a
presentes nas paredes do restaurante, as fitas de Nosso Senhor do ao fato do restaurante ser frequentado por profissionais liberais da
Bonfim amarradas nas grades do terraço e a presença de santo s classe artística, da comunicação e que atuam no ensino. Um público
católicos em meio a imagens de orixás (sincretismo religioso). Ela que, na visão de Bourdieu (op. cit), pode não ser detentor de capital
conta que inicialmente, a decoração do seu restaurante era mais econômico, mas certamente, possui um significativo capital cultural,
“ calma”, mais discreta, pois ela “precisava sobreviver”. Atualmente, o qual também confere distinção e status social.
encontra-se em desenvolvimento uma nova proposta de ambientação Finalizando, podemos encontrar no Restaurante Altar a presença de
pro Altar que terá uma “pegada mais étnica, de ancestralidade”, elementos tais como etnicidade, identidade, reconhecimento ,
buscando fortalecer uma identidade visual mais marcante para o autoafirmação e cultura numa experiência de consumo e espaço de
Restaurante. sociabilidade, marcados pelo contato interétnico viabilizado por uma
Empregados como marcadores de um grupo étnico, como neste caso, cozinha cujas preparações são, de fato, dignas dos deuses e que
os objetos materializam as categorias culturais postos como símbolos costumam deixar os seus comensais bastante satisfeitos.
de etnicidade. De acordo com MacCraken (10), artigos como
vestuário, alimentos, interiores e adornos residenciais servem como REFERÊNCIAS
meio para a expressão do significado cultural que constitui o mundo.
Barth (op. cit.) acrescenta ao emprego de signos e sinais manifestos 1. COLLAÇO, J. H. L.. O uso de identidades étnicas na Capital
(características diacríticas) à expressão da identidade cultural, as mundial da Gastronomia: o caso da cidade de São Paulo. Anais do
orientações valorativas, isto é, padrões de moralidade e excelência Encontro Nacional de Estudos do Consumo. Rio de Janeiro, 2008.
pelos quais as performances são julgadas. 2. AT ALA, A.; DORIA, C. A. Com unhas dentes & cuca: prática
Sobre a ideia de prestígio atrelada ao Altar, a Iabassê faz a seguinte culinária e papo cabeça ao alcance de todos. São Paulo: Editora
reflexão: “eu acho que o Altar hoje é um restaurante que atrai gente SENAC São Paulo, 2008.
boa”, ao pensar que o restaurante é frequentado por poetas, cantores, 3. BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. Porto
compositores, professores, artistas. De uma forma geral, formadores Alegre: Zouk, 2007.
de opinião. Porém, diz ela que lhe interessa todo o público que vai ao 4. BARBOSA, L. Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Editora
restaurante, não em busca da oportunidade de fazer uma avaliação do Jorge Zahar, 2004.
estabelecimento, e, sim, visando ver o povo de terreiro de maneira 5. VAN DEN BERGHE, P. Ethnic Cuisine: culture in nature. Ethnic
diferente. Ela acredita que o que o chama a atenção do público do and Racial Studies, v. 7, n. 3, 1984. p. 387-397.
Altar, influenciado pela tradicional forma de divulgação ‘boca a 6. BART H, F. Os grupos étnicos e suas fronteiras. In: ________. O
boca’, é a comida: “ela é a estrela!”. Mas as pessoas também guru, o iniciador e outras variações antropológicas . Rio de
estariam em busca de uma energia diferente, que se encontra nos Janeiro: Contra capa, 2000. p. 25-67.
terreiros e que se sabe que D. Carmem (e o Altar) tem. A clientela 7. ARVELA, P. Ethnic food: the other in ourselves. In:
estaria buscando, além da boa comida, o contato com a Iabassê e o SANDERSON, D.; CROUCH M. (eds.) Food: expressions and
seu Axé. impressions. Oxford, United Kingdom: Inter-disciplinary Press. p.
Voltando à questão da identidade, D. Carmem reitera que “a cozinha 45-56.
étnica tem que criar identidade através do alimento”, de modo que 8. BAST IDE, R. O candomblé da Bahia: rito nagô. São Paulo:
existiriam outros restaurantes que vendem uma ‘comida de negro’, Companhia das Letras, 2001.
mas, desprovidos dessa consciência, não assumiriam o seu papel 9. LODY, R. Bahia bem temperada: cultura gastronômica e
dentro de um contexto identitário. Essa ideia é reforçada por Lody receitas tradicionais. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2013.
(op. cit.), para quem a comida está fortemente atrelada à construção 10. McCRAKEN, G. Cultura e consumo: uma explicação teórica da
ou fortalecimento da identidade e, porque não dizer, serve como estrutura e do movimento do significado cultural dos bens de
instrumento de resistência. consumo. RAE. v. 47, n. 1, jan/mar 2007, p. 99 – 115.
Sobre o modo como se apresenta ao público, dentro e fora do
restaurante, D. Carmem enfatiza a importância do seu torso –
acessório de tecido, utilizado para ornamentar a cabeça da mulher no
candomblé – que deve ser utilizado observando-se as questões
hierárquicas dentro do terreiro, pois “não é todo mundo que vai usar
o torso igual ao torso de uma Ialorixá, porque não pode!”. Assim, a
Iabassê (que se encontra num quarto degrau abaixo da Ialorixá) criou
uma forma própria de usar o torso sem ferir a hierarquia do seu
14
Gastronomia: da tradição à inovação
¹ Acadêmico de Tecnologia em Gastronomia - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus
São Raimundo Nonato. josinaldobitencourt@hotmail.com
² Professor Orientador - Curso Tecnologia em Gastronomia - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Piauí – Campus São Raimundo Nonato.
MATERIAIS E MÉTO DO S
Os sabores possuem preferencias ou aversões inatas, o sabor doce é Fonte: Acervo IFPI
uma destas preferencias, a possibilidade de alguém gostar do sabor
doce é bem maior que, por exemplo, gostar do amargo. Isso pode ser
sustentado pelas especificidades biológicas dos seres humanos (as
papilas gustativas, a sensação de satisfação ocasionada pelo doce e a
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Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
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REFERENCES
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Gastronomia: da tradição à inovação
Palavras-chave:
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Gastronomia: da tradição à inovação
ficaram cobertas com película de PVC, para evitar o ressecamento da Figura 1: Pão, forrobodós e rosca recheados de doce de Jaracatiá
massa.
Enquanto a primeira fermentação acontecia, o forno foi ligado. O modelo
utilizado para esta produção foi um Unox modelo XVC505. Ele foi
programado com tempo infinito, ou seja, que fosse desligado quando
achasse necessário, a uma temperatura de 145ºC e 20% de umidade. Estas
escolhas de tempo, temperatura e umidade se baseiam na experiência de
uso deste equipamento durante as aulas de panificação dos últimos 2
anos.
Terminado este período, as massas passaram à modelagem. Os pães
foram abertos em discos, de aproximadamente 10cm de diâmetro,
recheados com 20g do doce de Jaracatiá cada, fechados como uma
trouxinha e boleados. Depois, colocados em uma forma tipo GN 1/1 com
30mm de profundidade, fundo liso, untada com manteiga. Esta
preparação foi encaminhada para a fermentadora, que agora estava com
umidade de 80% e temperatura de 32ºC.
A rosca teve suas partes abertas manualmente em retângulos de Em Santo Antônio da Alegria, o doce é feito do caule ou de galhos da
aproximadamente 37x8 cm, utilizando-se de um rolo de polietileno, a árvore, que são encontradas espalhadas na natureza, não havendo uma
uma espessura de 2mm. O doce foi adicionado em porções de 50g à cada plantação comercial. Em função disso, a matéria-prima para a feitura do
parte da massa em forma de um cilindro e depois esta foi enrolada. Água doce é restrita, e, por conseguinte ele é pouco conhecido e está entrando
foi pincelada na porção final da massa para ajudar o fechamento. As em desuso.
pontas também foram seladas, para evitar que o doce pudesse vazar. Os Portanto, aliar este produto a um setor em franca expansão cria a
seis cilindros recheados de doces foram separados em duas partes, de oportunidade de torna-lo mais conhecido para a nova geração.
forma que se obteve duas roscas de três tranças cada. As roscas também Algumas vantagens do doce é a possibilidade de usá-lo em outras
foram colocadas em uma forma do mesmo padrão descrito anteriormente, preparações da própria panificação, ou ainda na confeitaria, por exemplo.
e untada com manteiga, e levada para a fermentadora. Uma outra limitação encontrada para o uso é a formulação do doce em si,
A massa para o forrobodó foi laminada usando-se a mesma técnica que as no sentido de que a quantidade de açúcar é relativamente grande e
partes da rosca. As diferenças foram o tamanho do retângulo: atrapalha algumas possíveis combinações.
aproximadamente 24x37cm e a espessura da massa: 4mm. Nestes
retângulos foram espalhados 70g de manteiga sem sal, em textura de
pomada, em cada um, de forma a cobrir 2/3 da massa, no sentido CONCLUSÕES
horizontal. Depois, 220g do doce de Jaracatiá foi espalhado em cada
massa, por cima da manteiga, obedecendo os mesmos critérios. O estudo do doce de jaracatiá inserido na relação de dar vida a um
Posteriormente, a massa foi enrolada e deste rolo se cortou pedaços de patrimônio intangível, por meio de outros usos para o mesmo como a
aproximadamente 3cm de largura, totalizando doze unidades e uma sobra panificação.
de 1cm. Estes foram deitados em uma forma igual as anteriores, porém A identificação e reconhecimento do patrimônio intangível gastronômico
recoberta com um tapete de Silicone, Silpat, e depois levados para a tem se revelado um dos desafios para melhor compreensão da diversidade
fermentadora. cultural brasileira.
A fermentação levou por volta de 30 minutos para cada produto, e estes O mapeamento das comidas associadas às festas tradicionais que ocorrem
foram levados ao forno sucessivamente, à medida que o ciclo de por todo o país e neste caso as Folias de Reis no interior de São Paulo.
fermentação se completava, sinalizado pelo volume da massa e o a reação Isto abre caminho para a construção de práticas culturais que valorizem a
da mesma ao toque. diversidade nacional, dando impulso à gastronomia, e neste caso à
De todos os produtos, somente as roscas foram pinceladas com uma panificação.
mistura de gema de ovo e água antes de assar.
O assamento dos pães demorou 23 minutos, o mesmo tempo que os REFERÊNCIAS
forrobodós. Já as roscas ficaram no forno por 27 minutos.
Ao final do assamento dos produtos, as roscas e os forrobodós foram (1) IPHAN. Instrumentos de Salvaguarda. Disponível em
pincelados com a calda do doce, com o intuito de dar um acabamento http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/418. Acesso em 20 de maio de
brilhante. 2016.
(2) DÓRIA, C. A. Formação da Culinária Brasileira. São Paulo, SP, Três
Todos os produtos foram esfriados e depois guardados em travessas, Estrelas, 2014.
cobertos com película de PVC (roscas e forrobodós) ou sacos plásticos (3) Fundação Abaçai. Portfólio do Revelando São Paulo. Disponível em:
(pães). http://www.abacai.org.br/revelando-interno.php?id=359. Acesso em 10
Não foram feitas análises sensoriais formais para esta produção, somente de jun 2016.
uma informal junto a outros professores, tanto do curso de Gastronomia (4) WAYNE, G. Panificação e confeitaria profissionais. Barueri, SP:
quanto de outros, funcionários e alunos da unidade. Manole, 2011.
(5) SEBESS, P. Técnicas de padaria profissional. 1ª reimpr. Rio de
Janeiro: Senac Nacional, 2011.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
(6) SUAS, M. Panificação e Viennoiserie – abordagem profissional. São
Paulo: Cengage Learning, 2012
A figura 1 demonstra o resultado dos produtos elaborados a partir do doce (7) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE
de Jaracatiá neste estudo. PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA. Sobre o Setor 2015. Disponível em:
A área cresceu mais de duas vezes em faturamento: de R$39,6 bilhões em http://www.abip.org.br/site/sobre-o-setor-2015. Acesso em 01 jun 2016.
2007 para R$84,7 bilhões em 2015. Mesmo com a desaceleração da (8) ARROYO, L., BELLUZO, R. Arte da Cozinha Brasileira. São Paulo:
economia enfrentada nos últimos anos por outras esferas, este setor Editora UNESP, 2013.
(9) GLOBO RURAL. Doce de Jaracatiá é reconhecido como Patrimônio
continua a crescer. (7) da Culinária de São Paulo. Disponível em:
A escolha do doce de Jaracatiá foi feita pelo fato de que ele é pouco http://globoplay.globo.com/v/2633811/. Acesso em 10 jun 2016.
conhecido fora do ambiente da Festa de Folia de Reis, onde é consumido
como parte da refeição tradicional oferecida pelos festeiros para os
participantes da festa. Portanto, ao dar novo uso dentro da panificação o
colocamos em evidência no mercado consumidor.
O Jaracatiá é uma árvore frutífera típica do Brasil, espécie de cacau
selvagem, cujos frutos são comestíveis, que é conhecida igualmente por
mamão-bravo, mamorana ou mamaurana. Em algumas regiões utiliza-se o
caule para fazer doces, e em outras o fruto. (8, 9)
20
Gastronomia: da tradição à inovação
05892 - O Co n su mo d e Car n e n a Eu r o p a Med iev al: Est r at o s S o c iais, Téc n ic as Cu lin ár ias e
Simbologias
Alice PinheiroTeixeira¹ Nilda Stella de Macedo Barbosa²,
21
Gastronomia: da tradição à inovação
Fonte: http://sabiochronos.blogspot.com.br/2013/07/comida -
bebidae-sexualidade-no-seculo.html
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Gastronomia: da tradição à inovação
Josilane Mendes Cavalcante 1 , Maria das Dôres Damasceno Freitas 1 , Iranilda Fernandes Vidal1 , Viviane França
Aguiar2 , João Manoel Monteiro da Silva 2 , Carlos Eliardo Barros Cavalcante 3
PALAVRAS-CHA VES: Perfil do consumidor, Geleia de fruta, Mel de abelha, Geleia a base de mel
INTRO DUÇÃO casa, que detecta a necessidade, procura informação avalia e escolhe
A geleia é um produto de umidade intermediária preparada com a marca, decide onde e quando comprar o produto.
polpa de frutas, açúcar, pectina, ácido e outros ingredientes, que
permitem sua conservação por um período prolongado (1). O T abela 1 - Características sócio-demográficas dos entrevistados
processo produtivo das geleias permite ainda a possibilidade da
associação de sabores para a confecção de geleias mistas a base de Características % Características %
frutas e outras matérias-primas de características sensoriais e Gênero Estado Civil
econômicas viáveis, mais ainda pouco utilizadas, como o mel de Feminino 72 Solteiro 68
abelha. Masculino 28 Casado 29
O mel é um alimento produzido a partir do néctar de flores ou de Outro 3
secreções procedentes de partes vivas das plantas, que as abelhas
melíferas recolhem, transformam, combinam com substâncias Idade Escolaridade
específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos das 18 à 25 63 Fundamental Incompleto 7
colmeias (2), possuindo características sensoriais próprias de cor, 26 à 35 22 Fundamental Completo 16
aroma, sabor e textura. 36 à 45 7 Médio Incompleto 4
A viabilidade econômica do uso de mel de abelha como matéria- Maior de 45 8 Médio Completo 56
prima na elaboração de produtos é vista quando avaliamos o Superior Incompleto 16
considerável crescimento na produção nos últimos 40 anos, onde o Superior Completo 1
setor progrediu mais de 10 vezes (3). No entanto esse aumento é Fonte: Elaborada pelos próprios autores
pouco perceptivo quando se trata do consumo de mel por brasileiros
Obter sucesso ao introduzir um novo produto no mercado é um Apesar de se identificarem como consumidores de geleia e mel, mais
grande desafio. Para isso é necessário que seja traçado o perfil do da metade dos entrevistados relataram raramente consumir estes
consumidor de forma a conhecer suas preferências, saber quem ele é. alimentos (68% para a geleia e 60% para o mel) e apenas uma
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi estudar o perfil e os pequena parcela, 20% para a geleia e 11% para o mel, relataram
hábitos do consumidor ubajarense de geleia e mel, avaliando consumir estes alimentos semanalmente (T abela 2 e T abela 3).
aspectos como frequência e modo de consumo e ainda seu interesse Considerando que a serra da Ibiapaba é uma grande produtora de
no consumo e compra de uma geleia a base de mel geleia, os dados coletados indicam que não há uma valorização do
produto por uma grande parcela da população de Ubajara.
MATERIAIS E MÉTO DO S
T abela 2 – Hábitos de consumo em relação à geleia
Foram entrevistados 100 (cem) indivíduos (voluntários) moradores Características % Características %
da cidade de Ubajara – Ce que se declararam como consumidores de Frequência de Refeição de consumo
geleia e mel. Consumo
Para caracterização dos hábitos de consumo dos entrevistados ao Diária 5 Café da Manhã 32
consumo de geleia e mel ut ilizou-se um questionário estruturado com Semanal 20 Lanche 34
questões que fizeram referência a aspectos como frequência, horário Quinzenal 2 Almoço 0
e refeição de maior consumo, bem como o modo de consumo, o uso Mensal 5 Lanche da tarde 28
desses alimentos em receitas culinárias, se utilizava o mel como Raramente 68 Jantar 2
adoçante para bebidas. Ceia 4
A fim de medir a atitude de compra do entrevistado frente a proposta Horário de consumo
de uma geleia a base de mel, utilizou-se a escala de 5 (cinco) pontos Manhã 50 Modo de consumo
(1 = certamente não compraria; 3 = talvez comprasse, talvez não Tarde 43 Pura 15
comprasse e 5 = certamente compraria). Os result ados foram Noite 7 Com pão 37
tabulados e então calculou-se a média das notas obtidas. Com biscoito 18
A pesquisa foi realizada em três supermercados da cidade de Ubajara Uso em receitas Com bolo 2
e ocorreu durante três semanas, compreendendo o período de 17 de culinárias Com torrada 19
novembro à 30 de dezembro de 2014 e os dados obtidos foram Sim 11 Outro 9
submetidos a análise da frequência através do programa da Microsoft Não 89
Office Excel (versão 2007). Fonte: Elaborada pelos próprios autores
RESULT ADOS E DISCUSSÃO
23
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 3 – Hábitos de consumo em relação ao mel das escalas sensoriais. Por meio da escala de atitude de compra o
Características % Características % indivíduo expressa sua vontade em consumir, adquirir ou comprar
Frequência de Refeição de consumo um produto e utilizando esta escala para saber o interesse dos
Consumo entrevistados em consumir uma geleia a base de mel percebeu-se que
Diária 6 Café da Manhã 32 55% dos entrevistados certamente comprariam tal produto e 32%
Semanal 11 Lanche 26 provavelmente comprariam.
Quinzenal 7 Almoço 2 A geleia a base de mel é um produto ainda ausente no mercado para
Mensal 16 Lanche da tarde 20 os consumidores de Ubajara e tais resultados mostram, em função do
Raramente 60 Jantar 3 interesse dos consumidores na compra deste produto, que sua
Ceia 17 produção e comercialização podem ser viáveis. A proposta de
Horário de consumo produzir uma geleia a base de mel surge também associada à ideia de
Manhã 52 Modo de consumo popularizar o consumo de mel, uma vez que os consumidores ainda
Tarde 29 Pura 42 associam seu consumo ao de produtos medicinais.
Noite 19 Com pão 16 Estudos sensoriais e físico-químicos sobre a elaboração, otimização,
Com biscoito 8 aceitação e vida útil deste produto devem ser desenvolvidos e
Uso em receitas Com bolo 0 avaliados.
culinárias Com torrada 11
Sim 25 Outro 23 CO NCLUSÕES
Não 75
Na cidade de Ubajara, os consumidores relatam raramente consumir
Uso como adoçante geleia e mel nas suas refeições e uma pequena parcela relata fazer
Sim 22 uso destes alimentos em seus preparos culinários ou ainda utilizar
Não 78 mel como adoçante alimentício. Apesar do baixo consumo os
Fonte: Elaborada pelos próprios autores consumidores revelaram grande interesse na possibilidade de compra
de uma geleia a base mel.
Verificou que os horários de maior consumo destes alimentos são na
parte da manhã (50% para geleia e 52% para o mel) e na parte da AGRADECIMENTO S
tarde com (43% para geleia e 29% para o mel), nas refeições do café
da manhã e lanche, e que a forma mais comum de consumir geleia é Ao Instituto Federal do Ceará – Campus Ubajara por possibilitar e
com pão (37%) ou com torrada e biscoitos (19% e 18% apoiar pesquisas que, como esta, visam a busca pela identidade
respectivamente), enquanto que o consumo de mel, para a grande gastronômica da Região da Ibiapaba.
maioria, se faz na forma pura (42%).
23% dos entrevistados relataram consumir mel de outra forma que REFERÊNCIAS
não as questionadas na entrevista e, apesar de não ter sido registrado
através de uma questão na entrevista, ao serem questionados sobre 1. BASU, S.; SHIVHRARE, U. S.; SINGH, T . V.; BENIWAL, V. S.
essa “ Outra” forma de consumo muitos respondiam situações onde o Rheological, textural and spectral characteristics of sorbitol
consumo do mel estava associado a produtos medicinais. substituted mango jam. Journal of Food Engineering, Oxford, v.
Um estudo feito por Martins et al. (5), revelou que mais da metade 105, p. 503-512, 2011.
dos consumidores de mel também foram mulheres que consomem 2. BRASIL. Instrução Normativa nº 11, de 20 de outubro de 2000.
mel eventualmente, na forma pura e que seu consumo é associado a Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Diário
produtos medicinais. Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo,
Um perfil similar de consumidores é relatador por Ribeiro et al. (6) Brasília, DF, 23 out. 2002.
em pesquisa no Distrito de Bragança, Portugal, onde 58,1% dos 3. IBGE. Anuário estatístico do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE -
entrevistados foram do sexo feminino e verificou que a esmagadora Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2014.
maioria era consumidora de mel (94,8%) e sua principal forma de 4. RIVERA, M. Análisis de los factores demográficos en el consumo
utilização do mel era combinado com outros alimentos (60,5%). A de miel de abeja en las familias de la ciudad de Aguascalientes.
pesquisa do referido autor mostrou ainda que o fator de maior peso Memorias do 1º congreso Estatal “La Investigación e n e l
na decisão de compra do mel é o sabor (52,3%). Posgrado”, 28 a 30 de Novembro de 2005, Universidad Autonoma
O resultado da pesquisa mostra que o uso destes alimentos no de Aguascalientes.
preparo de receitas culinárias ainda é uma prática pouco realizada 5. MART INS, F. F.; PEREIRA, J. O. P.; ALENCAR, T . C. S. D.;
pelos consumidores entrevistados, apenas 11% dos entrevistados CARVALHO, L. S.; MACEDO, S. F. L.; FARIAS, K. C.; PAULA,
utilizavam geleias em suas preparações enquanto 25% relatam o uso C. M. Perfil do consumo de mel de abelhas africanizadas em cidades
de mel em suas preparações. No entanto ao serem questionados sobre do interior do estado de Ceará. In: V Congresso de Pesquisa e
o uso de mel como adoçante alimentício apenas 22% relataram fazer Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação T ecnológica -
tal uso. CONNEPI 2010, 2010, MACEIO. V Congresso de Pesquisa e
O uso desses dois alimentos poderia ser mais incentivado na região Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação T ecnológica –
através da formulação de preparações simples e saborosas. T al CONNEPI, 2010.
medida promoveria a popularização maior do consumo destes RIBEIRO, Maria et al . Produtos alimentares tradicionais: hábitos de
alimentos os ajudaria a sair das refeições matinais para outras compra e consumo do mel. Rev. de Ciências Agrárias, Lisboa , v.
refeições como almoço e jantar. 32, n. 2, p. 97-112, dez. 2009 .
O uso de escalas sensoriais é de grande auxílio para o
desenvolvimento de produtos e novas preparações alimentícias o uso
24
Gastronomia: da tradição à inovação
1
Mestre e pertencente ao Colegiado de Gastronomia do Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Campus Foz do Iguaçu, p_stefanutti@hotmail.com
2
Doutor e pertencente ao Departamento de História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
3
Doutora e pertencente ao Colegiado de Gastronomia do IFPR – Campus Foz do Iguaçu.
Palavras chave: Rio Paraná, memórias alimentares, charqueado, peixe na conserva, porco na lata.
entrevista, ou da conversa (como este autor nomeia seus diálogos com
INTRO DUÇÃO o sujeito), como se estivesse participando ou quase entrevistando junto
com o pesquisador. Este tipo de método estabelece uma relação mais
Este estudo refere-se a uma parte da pesquisa de mestrado em que se humanística entre sujeito e pesquisador, fornecendo subsídios para
analisa as memórias de pescadores de Foz do Iguaçu, a partir de 1959, uma compreensão, através de narrativas faladas e/ou omitidas,
através de suas narrativas sobre vivências e alimentação. Foram adicional e algumas vezes até opost as à história oficial. Sendo estas
dezenove pessoas envolvidas com a atividade pesqueira que narrativas vivas, compostas de pessoas reais, que possuem memória,
concederam entrevistas ou diálogos entre pescadores, seus familiares, que sentem, presenciam, narram e vivem histórias.
agricultores, e donos de peixarias. Porém ressalta-se que nesta escrita Além das entrevistas, a pesquisa conta com levantamento de
serão tratadas especificamente três entrevistas. Este recorte ocorre em documentos oficiais, fotos e objetos que possam agregar a realidade
virtude do período da chegada dos entrevistados a Foz do Iguaçu e da do cotidiano da época mencionada, e bibliografia sobre o tema
riqueza de detalhes e vivências que estas três pessoas acrescentam proposto.
para a memória alimentar da localidade.
RESULTADO S E DISCUSSÃO
Adota-se o procedimento metodológico que busca interpretar dados Introduz-se brevemente os três entrevistados desta pesquisa, Popeye
obtidos através das narrativas, sendo considerada uma pesquisa oral Iracema e Gabriela.Popeye ou Moacir Zimerman (4) chegou a Foz do
temática. O olhar a essas fontes, personagens da história local, fará Iguaçu quando tinha cinco anos, em 1959, na área do Remanso
deste texto um registro de memórias e fonte. As entrevistas Grande. Natural de Chopinzinho, Paraná, é descendente de alemães,
constituíam-se de perguntas abertas, evitando o direcionamento poloneses e caboclos, e orgulhosamente conta que fala alemão. Hoje
tendencioso das respostas. Porém, durante as falas sobre com sessenta e dois anos de idade, Popeye é um dos pescadores mais
antigo de Foz do Iguaçu, sendo referenciado com respeito por outros
comportamentos alimentares, pode-se ressaltar os métodos de
conservação mencionados, sendo estes não apenas sobre peixes, mas pescadores como um dos primeiros do Rio Paraná. Alguns não o
de outros alimentos que faziam parte do cotidiano alimentar destes conhecem pessoalmente, mas a figura do Popeye, de pioneiro do rio,
pescadores. E é esse indício que será trabalhado a seguir. torna-o quase uma lenda entre os pescadores locais.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas no decorrer
desta escrita. Como o objetivo deste, não era o estudo linguístico da Iracema Berlanda de Andrade (5), viúva do pescador Aristeu Matos de
fala destes pescadores, optou-se pela transcrição das narrativas Andrade, é gaúcha de Veranópolis, hoje com setenta e um anos, veio
ajustando erros de português gramatical, vícios de linguagem, formas do Rio Grande do Sul com dez anos com destino a Matelândia, onde
coloquiais, porém procurando manter os sentidos das falas. Durante a morou até os dezesseis anos. Com dezessete anos, em 1961, e casada,
escrita deste trabalho, optou-se pela utilização dos nomes dos mudou-se para Foz do Iguaçu com sua família. Aristeu, seu esposo,
entrevistados, como estes se autodenominam, e são conhecidos nas era natural de Anita Garibaldi, do estado de Santa Catarina, e, apesar
imediações e em relações sociais. Justifica-se, portanto, a utilização do de ter falecido há dezessete anos, as histórias de Aristeu, permanecem
apelido. Assim, os entrevistados foram Popeye, Iracema e Gabriela nas memórias de Iracema. Desde que chegaram à localidade moravam
tendo chegado à localidade em 1959, 1961, 1991 respectivamente. O às margens do Rio Paraná, até saírem de lá, por conta da
olhar a essas fontes, esses personagens da história de Foz do Iguaçu, desapropriação da Usina Hidrelétrica de Itaipu, em 1979.
fará este, ser memórias e fonte. Natural de Rio Negro, no estado do Paraná, Gabriela Cichorsti (6)
Esta pesquisa parte do princípio de que os hábitos alimentares de um chegou a Foz do Iguaçu em 1991, porém ela e seu esposo Paulo
determinado grupo não dependem unicamente do fator nutricional e pescavam em Guaíra, com os dois filhos, antes da inundação das Sete
biológico, e que não são limitados apenas pela questão geográfica, Quedas. E em Altônia: “Foi onde o Márcio ficou doente, deu um
mas pelos traços culturais, inclusive étnicos, de influência e de tumor no cérebro, e perdeu a visão [essa parte, teve uma pausa, as
formação, representando suas histórias, seus costumes, crenças e palavras foram faladas espaçadamente]. E dali daquele tempo, a gente
relações que se instauraram, enfatizando um olhar sensível e foi para Rio Negro, ficamos lá, e de lá, em 91, viemos para cá”.
interdisciplinar para a questão da alimentação. Márcio, o filho cego, acompanhou a entrevista e mais do que se juntar
E corrobora a tese de que a comida é simbólica e reflete a cultura, o e observar, Márcio mostrou um censo crítico na fala sobre a Itaipu,
meio e os aspectos que circundam aqueles que a escolhem e a incentivo aos pescadores, piracema, defeso, e mais tarde veio à tona
ingerem. Ressaltando a alimentação como uma das temáticas das que ele também é pescador, mas essa é outra história.
ciências sociais. Portanto faz-se um ruminar de discussões Sobre períodos anteriores, Popeye destaca a relação entre a pesca e a
alimentares. Utiliza-se a palavra ruminar, pois esta dialoga ao mesmo agricultura de subsistência, pois todos os que pescavam, também
tempo com o conceito alimentar e sociológico, a partir de T edesco (1). plantavam algo. E neste momento da narrativa, ele relembra que o
Portanto, objetiva-se apresentar e discutir os saberes de métodos de porco era uma peça chave na alimentação, pois: “Para comer e
conservação utilizados em períodos anteriores, obtidos através de sobreviver, você tinha o peixe. Matava o porquinho, tinha carne, tinha
narrativas de pescadores de Foz do Iguaçu-PR. banha, entendeu, sabe como nós guardávamos a carne do porco?”(4)
Deste modo, Popeye e sua família garantiam a sobrevivência com os
alimentos básicos: porco (carne e banha), galinha, peixe e mandioca.
MATERIAL E MÉTO DO S
Popeye ainda conta em detalhes sobre a preparação do porco na lata,
Conforme apontado na introdução, a metodologia aplicada neste
trabalho é a história oral temática, sendo este um método de pesquisa preparação muito comum da comida rural do Brasil. Em Cascudo (7),
que busca a ampliação de conhecimento sobre o passado, não sendo já se encontram referências da conservação das carnes em gordura,
“ um fim em si mesmo, e sim um meio de conhecimento” (2), tendo especialmente da banha de porco, toucinho derretido, da carne de
porco, em Portugal. O pescador conta que guardavam o porco em latas
uma abordagem efetivamente relevante para a investigação que se
pretende realizar. de vinte litros e: “cortava o toucinho junto com a carne, fritava essa
carne, pegava a banha, colocava meia lata de banha e o resto você ia
colocando toda a carne frita lá dentro” (4) Popeye afirmou que a carne
A definição pela metodologia da história oral foi fortemente
dura de seis a sete meses acondicionada desta maneira. E: “ A hora que
influenciada, pelo autor Cardin (3), que consegue dar vida aos sujeitos
você queria comer era só pegar a carne, tirar da lata, esquentar a
entrevistados retratando suas aflições, dúvidas, inquietudes, omissões,
panela no fogo, e pronto! [bateu palma]” (4) O acesso a eletricidade,
frustrações, suspiros, orgulho, sensações únicas, podendo até
nas zonas urbanas e rurais, é uma realidade relativamente nova no
proporcionar momentos ao leitor, de se imaginar no local da
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contexto da história da humanidade. O porco na lata é uma das desencadeou um método de conservação, que, por sua vez, influenciou
técnicas de conservação de alimento nas memórias de quem viveu na e influencia os comportamentos alimentares e dita a relação comercial
zona rural antes do advento da eletricidade. Porém, embutidos, do pescado entre pescadores, comerciantes e consumidores finais.
salames, linguiças, compotas de verduras e frutas, são processos de Foram desenvolvidos métodos de conservação, permanecendo os
conservação de alimento que a humanidade desenvolveu para hábitos até hoje, seria um exemplo de adaptação paliativa que se
aumentar o tempo de vida do produto. Até a própria cocção é um tornou permanente. Gabriela continua ainda sobre o charqueado: “ E o
método de conservação, juntamente com a história do sal. Portanto as charqueado chega a ficar um ano na caixa. Porque eles usam folha de
técnicas de conservação de alimentos eram sinal de disponibilidade de bananeira não verde. Põe uma camada, põe folha de bananeira seca, e
alimento em períodos de abundância e/ou escassez. põe outra camada e vai indo. Daí tem gente lá em cima [Altônia] que
Quando o assunto é pescado, tem-se o peixe na conserva com o se prepara para esse período de piracema para não ficar sem peixe”
vinagre que a mãe fazia, e o charque. Sobre este último Popeye diz (6). Assim garantem a disponibilidade do produto mesmo em períodos
que ele mesmo preparava e: “ Charque é gostoso pra comer, só que sem tê-lo fresco. As especialistas da área, Nunes e Pedro (10), no
tem que salgar bem ele. É gostoso, principalmente do peixe salmão, capítulo “Salga do Pescado”, lembram que a salga é um processo que
porque ele já tem uma carne por natureza avermelhada, o sabor é remete à civilização egípcia, percorrendo a história alimentar da
gostoso” (4). Este peixe referenciado por ele como salmão, na humanidade: “ Com a descoberta de novos processos de conservação,
realidade, é a Piracanjuba, peixe de água doce que tem a carne rosada, nomeadamente a refrigeração e congelamento, e com o
parecida com a do salmão. E ele continua: “ Então se pega um salmão desenvolvimento de produtos mais ajustados às atuais preferências dos
de quatro, cinco quilos, abre ele espalmado, e coloca ele na salga. Nós consumidores, o processo de salga de pescado tem perdido
usávamos gamela”(4). Juntamente com a técnica de preparo, aparece importância” (10).
um utensílio típico que ele fez questão de explicar o que seria, e como O charque de peixe, o peixe na conserva com vinagre, o peixe
era manufaturado. Ele começa dizendo que atualmente as pessoas não defumado, e o porco na lata ou porco na banha, são modos de
sabem o que é a gamela, e continua: “Gamela é tipo uma bacia, você assegurar a disponibilidade do produto para períodos de escassez.
pega um cedro de mais ou menos de um por um, e cavoca, e faz um Vale ressaltar que o charqueado de peixe foi relatado pelos três
coxo meio arredondado. Fundo, entendeu? Um pratão de madeira, entrevistados. Registra-se, portanto saberes tradicionais de métodos de
essa é a famosa gamela, aonde nós colocávamos o peixe para secar” conservação utilizados por estes pescadores.
(4). E depois Popeye explicou o processo do charqueado: “ E ali você
vai colocando o peixe espalmado e vai salgando, peixe espalmado, CO NCLUSÕES
salgando e assim vai indo. Aí, você deixa curtir de hoje para amanhã” Este não é um trabalho encerrado, mas que apresenta alguns pontos
(4). E completa: “ Então nós pendurávamos ele no sol, que nem os para contínua discussão, em torno dos métodos de conservação de
nordestinos, fazem lá a carne seca lá” (4). Entre as diferenças, alimentos utilizados nas beiras de rios, por estes três entrevistados.
Cascudo (7) diz que ”A diferença entre a carne de charque, do Rio Registra-se, portanto saberes e sabores relativos aos métodos de
Grande do Sul, e as congêneres do Norte, está na quantidade de sal conservação de alimentos de um período anterior, que envolvem
durante a preparação e maior tempo na exposição solar. Dura, algumas técnicas e práticas alimentares em que gamelas, caixas, latas,
evidentemente, muito mais que a carne-do-sertão, de vento etc., mas o varais, folhas de bananeira, sal, vinagre, lenha, banha, misturam -se
sal lhe dá maior peso e menor digestão para o consumidor. A técnica aos tipos de peixes, piracanjuba (popularmente conhecido como
veio de países andinos, e charque é do quíchua, xarqui, valendo – salmão por esses pescadores), dourado, curimba, peixe de couro com
‘carne-seca’.”. representações sociais de filho, esposa e mãe, respectivamente.
Sobre técnicas de conservação, Iracema (5) relata que quando o Portanto, apresenta-se neste indícios de que a alimentação não deve
marido pescava outro peixe que não o dourado, sendo este um peixe ser estudada separadamente. Ela está intrinsecamente ligada aos
categorizado pelos pescadores como peixe de primeira, ele: “ Pegava aspectos históricos, geográficos, sociais, econômicos e emocio nais,
curimba, e aqueles outros peixes e daí ele colocava, grrr [voz e para citar apenas alguns.
expressão de nojo, quase um grunhido], até hoje eu sinto o cheiro, Portanto as memórias alimentares se entrelaçam com as memórias
[entonação de voz] ele charqueava e botava no varal para secar” (5) pessoais. Métodos de conservação de peixe ou carne de porco funde-
Além do registro do charque de peixe (quando este era de segunda), se com as figuras que estavam presentes nestes momentos mãe,
há outro aspecto que pode ser mencionado, dialogando-se com o autor esposo, filhos, influenciando nas memórias gustativas, agradáveis ou
Michael Pollak que possui uma perspectiva, que leva em conta os não, sendo estas carregadas de valor simbólico, cultural e
processos e atores que interferem na constituição das memórias. representativo de um determinado espaço e período.
Pollak (8) traz à tona a discussão sobre recordações pessoais de ordem
sensorial, como definiu a historiadora francesa Dominique Veillon, REFERÊNCIAS
em relação ao barulho, cheiros e cores. Será que não caberiam 1.T EDESCO, J. C. Ruminantes de memórias: sentimentos,
também aspectos ligados à textura e sabor, como a comida da avó ou o experiências e silêncios deliberados. História: Debates e T endências,
barulho de crunch-croc, advindo da mastigação das crocantes v. 13, n. 2, p. 343-353, jul./dez. 2013.
bolachinhas da tia? Na área da alimentação, denomina-se este conceito 2.ALBERT I, V. Manual de história oral. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV
de memória gustativa. Quem define este conceito é a historiadora Editora, p. 29, 2005.
paranaense Corção (9): “ A memória gustativa está associada ao 3.CA RDIN, E. G. La his tor ia de una v ida ens ituac ión de
cotidiano dos indivíduos. Alimentar-se no contexto de estudo da frontera: migración, superación y trabajoenel “circuito
memória gustativa, é entendido como uma ação que engloba diversos sacoleiro”. Revista de EstudiosSociales, núm. 48, enero - abril,
aspectos sociais, tais como nutrição, economia, t radição, inovação, 2014, pp. 100- 109. Universidad de Los Andes. Bogotá,
entre outros”. Porém, não somente de boas lembranças sensoriais Colombia.
vivem as pessoas, como se pode notar no caso contado acima. Além 4.ZIMERMA N, Moacir . Entrevista concedida em 19/12/2014 à
do mais, pode-se constatar a valorização do peixe dourado. Paola Stef anutti, Foz do Iguaçu.
Já a pescadora Gabriela (6) relembra que em 1982, quando moravam 5.ANDRADE, Iracema Berlanda de. Entrevista concedida em
em Altônia, eles faziam charque e peixe defumado, pois iam pescar 1º/12/2014 a Paola Stefanutti, Foz do Iguaçu.
nas ilhas, e levavam sal e caixa. E: “vai pegando, limpando e salgando 6.CICHORST I, Gabriela. Entrevista concedida em 12/12/2014 a Paola
dentro das caixas. Defumado, defumado também. T inha lenha. Stefanutti, Foz do Iguaçu.
[Depois que vieram para Foz] Nunca mais fizemos. Um dia eu quero 7.CASCUDO, L. C. História da alimentação no Brasil. 3.ed. São
fazer. Porque o peixe de couro não dá charque, ele derrete, ele cai, ele Paulo: Global, p.152, 558, 2004.
derrete tudo” (6). Gabriela complementa: “A viabilidade do comércio 8.POLLAK, M. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos,
é o charque de peixe. Você leva uma caixa com charque de peixe lá, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.
vende tudo” (6). Sobre essa questão, Márcio, o filho e pescador, diz 9.CORÇÃO, M. Memória gustativa e identidades: de Proust à cozinha
que: “ [...] o povo tem a tradição de comer esse negócio. É comércio lá contemporânea. p.4. Disponível em:
da região. E aqui não tem esse negócio. Porque lá, até hoje, se você <http://www.historiadaalimentacao.ufpr.br/grupos/textos/memoria_gu
levar um peixe fresco, para vender pra eles, eles não aceitam. Tem que stativa.PDF>. Acesso em: 23 fev. 2015.
ser no charque. É uma tradição, sabe? E era não, é gostoso o charque 10.NUNES, M. L.; PEDRO, S. T ecnologias tradicionais: salga do
do peixe. T em que vê, quando está bem charqueado, se come ele cru pescado. In: GONÇALVES, Alex Augusto (Editor) T ecnologia do
assim, bem sequinho” (6). pescado: ciência, tecnologia, inovação e legislação. São Paulo:
Apesar de a narrativa não ser sobre Foz do Iguaçu, é enriquecedor o Atheneu, 2011. p. 156-165.
comparativo com Altônia, onde também corre o Rio Paraná, que
demonstra como a infraestrutura local, com falta de energia elétrica,
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06003 Grolado: Comida de Índio? Considerações sobre a relação entre comida e cultura do
povo indígena Jenipapo-Kanindé do Ceará
Ticiana Antunes 1,2 , Carlos Albuquerque 2 , Paula Castelli2 , Marcos Silva 2 , Samary Costa2 , Marianne Schlachter2
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BEZERRA, Celina M aria Torres Portugal. Dos passos de
gazela de Iracema ao rastro da capital: o cotidiano das (os)
tapioqueiras (os) de Messejana-Fortaleza-CE. Fortaleza,
CE: Universidade Estadual do Ceará, 2005. Dissertação
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Acadêmico em Geografia do Centro de Ciências e Tecnologia
da Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza.
CASCUDO, Luís da Câmara. História da alimentação no
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GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de
Janeiro: LTC, 1989.
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São
Paulo: Editora Brasiliense, 2003.
7
O ritmo de trabalho que era determinado de acordo com a necessidade de cada um tornou-se baseado
pelas imposições do mercado internacional: acelerado, normatizado e padronizado (BEZERRA, 2005).
Mas, de acordo com nossas observações, não há uma unicidade no preparo das tapiocas.
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ensopado, a farinha é utilizada para fazer um pirão. T odos como “batata”, “mariquita”, “biquara”, “cação de escama”, “ pargo
compartilham da mesma refeição comendo com as próprias mãos na piranga, “olho de boi” que não possuem muita demanda, são
vasilha onde foi produzido o alimento. Este tipo de alimentação foi comprados pelos “marchantes” e vendidos na periferia das
relatada por Cascudo (7) que diz que assim como em terra, no mar o redondezas a um baixo preço (Figura 3). Existem espécies de peixe
alimento dos pescadores é basicamente o peixe com farinha, e, para que são sazonais, época do pargo, atum, cavala, devendo-se por lei
isso, conduzem na jangada um rústico fogareiro, onde cozinham o ser respeitada a época de defeso, o que nem sempre ocorre conforme
peixe e, com o caldo misturado com a farinha de mandioca, fazem apurado.
um pirão. Figura 3. Peixes de baixo valor commercial.
Ao chegarem a praia o comércio já está armado, inicia-se logo na
madrugada, as 4 horas da manhã, e continua até, aproximadamente, 8
horas e está localizado na areia da praia do Mucuripe, ao lado do
novo Mercado de Peixes (Figura 1). A comercialização do pescado
envolve diferentes personagens, logo cedo mesas de madeira estão
dispostas na areia esperando os peixes a serem limpos e tratados
pelos “ tratadores” (Figura 2). Estes trabalhadores também ajudam a
descarregar as jangadas e, geralmente, recebem pelo seu trabalho
peixes de baixo valor comercial que posteriormente serão vendidos.
Barraquinhas de vendedores ambulantes t ambém fazem parte do Apesar da pesca fazer parte da vida dos pescadores há muitas
ambiente vendendo alimentos (bolos, caldos, café) para quem gerações, eles relatam que seus filhos não se interessam por essa
transita por lá. No entanto, o comércio gira em torno dos atividade, nem eles próprios recomendam “...é uma vida muito
compradores do pescado, os quais são na maioria “marchantes”, sofrida, a gente é muito explorado.”.
como são chamados os atravessadores. Os “marchantes” são, na
maioria, donos de “ boxes” no Mercado de Peixes logo ao lado, que CO NCLUSÃO
compram dos pescadores o que será comercializado por eles para a A pesca realizada na zona costeira que compreende a praia do
população. Existem alguns marchantes que estão ligados a Mucuripe em Fortaleza ainda segue saberes tradicionais, passados de
restaurantes ou outros estabelecimentos que comercializam estas geração em geração e aprendidos com a prática e observação, mas
matérias-primas, no entanto estes são em menor número. Há também aos poucos, novas tecnologias vem sendo adicionadas. O comércio
famílias que preferem acordar cedinho para escolher os melhores dos pescados capturados ocorre na areia da praia, ao lado do
peixes e comprar direto dos pescadores. Não existe um valor fixo Mercado de Peixes, envolvendo personagens como pescadores,
para cada peixe, o valor é variável com a demanda e a pescaria do tratadores e marchantes, os atravessadores. T udo que é pescado é
dia, há dias que são adquiridos uma quantidade maior e a demanda vendido ali e os preços variam quanto a espécie e a demanda e oferta
não é tão grande, logo o preço cai e quando contrário o preço do dia, em uma espécie de leilão.Apesar da pesca ser tradicional
aumenta. Contudo, em datas festivas como na semana santa e no nesta região de Fortaleza, pôde-se observar que o trabalho árduo e a
Natal, o preço sempre será mais elevado do que o habitual. Est es são falta de recompensação financeira fazem com que o interesse por
fatores que influenciam no preço de venda, porém não o definem, o esta atividade, que antes era passada de geração para geração, esteja
valor é estipulado diariamente com em uma espécie de leilão, no qual decaindo.
cada comprador dá seu preço, quem der mais leva. Uma queixa
relatada é que a ausência de uma “associação” faz com que os REFERÊNCIAS
pescadores fiquem a mercê dos “marchantes”, não tendo poder de (1) Wieselgron. M.L. O Brasil Em Arquivos Neerlandeses (1624-
decisão sobre o valor de venda dos seus peixes, fazendo-os se 1654) - A Companhia Das Indias Ocidentais: Cartas E Papeis Vindos
sentirem “ explorados”. Do Brasil E De Curaçao. 2. Ed. Dordrech: Leiden University Press,
2013. V. 2. 604p.
Figura 1: Comércio de pescados realizado nas areias da praia do (2) Oliveira, W.R., Cruz, M.L.B. Mucuripe: Urbanização,
Mucuripe. favelização e meio ambiente. a especulação imobiliária e as
transformações sócioespaciais. Associação dos Geógrafos
Brasileiros, 2010. Disponível em:
<www.agb.org.br/evento/download.php?idT rabalho=71 >. Acesso
em: 10 jun. 2016.
(3) Maia, G. Mucuripe: Bairro que ainda mantém a fama de reduto
de pescadores. Jornal O P ovo. Disponível em:
<http://www.opovo.com.br/app/colunas/opovonosbairros/2013/07/18
/noticiasopovonosbairros,3094435/mucuripe-bairro-que-ainda-
mantem-a-fama-de-reduto-de-pescadores.shtml>. Acesso em: 15 jun.
2016.
(4) Moura, J. Pescadores do Mucuripe tendem a desaparecer. Diário
Figura 2: Mesas utilizadas pelos “tratadores” para limparem os
do Nordeste, 2015. Disponível em:
peixes.
<http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/pescad
ores-do-mucuripe-tendem-a-desaparecer-1.1210792>. Acesso em: 05
jun. 2016.
(5) Matos, O.F., Gonçalves, T.E. Aula de campo como ferram enta
educativa: Práticas na oral marítima de Fortaleza/CE.
OBSERVAT ORIUM: Revista Eletrônica de Geografia, 3, 126 -136,
2012.
(6)Diegues, A.C.S. La pesca artesanal en Brasil. In: Carlo T assara.
(Org.). Pesca artesanal, acuicultura y ambiente: Experiencias y
perspectivas de desarrollo. 1 ed. Bogota: cISP -Movimondo, 1993, v.
É importante destacar também que nenhuma espécie de pescado 1, p. 75-102.
trazida a terra é descartada, os mais apreciados e de maior valor (7) Cascudo, L.C. Jangada: Uma pesquisa etnográfica. 2 ed. São
comercial são comercializados e vendidos no próprio local. Peixes Paulo: Global, 2002. V. 2. 170p.
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sertanejo, seu ancestral direto. Baseado nestas premissas é que o Pode-se considerar que a gastronomia regional é um poderoso
estado do Ceará, por meio de políticas públicas e de um forte aparato elemento de mediação do cotidiano de uma determinada cultura. É
publicitário, está contribuindo para uma reinvenção da cultura responsável pela manutenção de vínculos duradouros com a cadeia
cearense e, nesse processo, os pratos típicos da população local são social, e estes estão muito ligados aos pratos típicos regionais. Esse é
apresentados e divulgados de forma a fortalecer a imagem turística o motivo da grande importância atribuída à transmissão e à
do estado. manutenção da tradição no preparo e consumo do baião de dois.
Além da propaganda publicitária, uma das estratégias de Quando alguém procura um restaurante especializado em comidas
identificação cultural incluiu a apresentação do projeto Comida típicas de uma região, na maioria das vezes ele está interessado em
Ceará, que consiste num trabalho continuado de pesquisa etnográfica encontrar um pouco de sua terra natal na terra onde agora está
das práticas alimentares das diversas regiões do Ceará, realiza uma residindo. T enta sentir-se familiarizado em um ambiente estranho. E
leitura complexa e dinâmica dos sistemas alimentares cearenses, sua felizmente, a gastronomia tem esse poder de restaurar laços rompidos
diversidade e tradição inventiva e objetiva estimular a interpretação pela distância ou pela separação irreversível causada pelo tempo.
dos significados possíveis que a alimentação assume na vida local e Os perfis aqui tratados: históricos, culturais e nutricionais de um
documentar acervos, valorizando e divulgando esse patrimônio, prato típico da gastronomia cearense: o baião de dois, servem para
através de ações como exposições e publicações. Esse projeto subsidiar a valorização e legitimar as formas de utilização do
contribuiu para a legitimação de certos alimentos como “patrimônio alimento como parte em interesses que considerem razões de ordem
cultural” do estado (17). Pois se, até pouco tempo, o que configurava política, econômica, identitária, etc.
ou não comida regional era definido por meio da utilização de De fato, a gastronomia regional urge de mais ações de pesquisa,
recursos meramente simbólicos e informais (apelando-se à tradição), valorização e disseminação, a fim de preservá-la, não pensando
hoje em dia, o que se verifica é a oficialização de tais concepções, exclusivamente em manter e desenvolver a identidade local, mas
por meio da criação de leis patrimoniais e do estabelecimento das também com a intenção de contribuir para o desenvolvimento
chamadas Denominações de Origem Controladas – espécie de selo regional.
que garante a autenticidade dos intitulados produtos da terra. Para finalizar, é mister afirmar que a preservação do patrimônio
O governo do estado Ceará, encarregou aos coordenadores do projeto gastronômico deve ser valorizada em virtude da necessidade de
Comida Ceará uma pesquisa em toda a extensão territorial do estado, reafirmação das identidades coletivas em contraposição às tendências
a fim de registrar os “hábitos alimentares cearenses”, para de homogeneização e ao processo de globalização, com o objetivo de
possibilitar, com base no relatório final das atividades do projeto, a equilibrar as manifestações tradicionais e o progresso econômico e
abertura de um processo de tombamento da receita de baião de dois social sustentável, gerado a partir do uso de matérias primas locais.
como patrimônio cultural do estado, registrado em lei.
REFERÊNCIAS
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Por conter diversas vitaminas e minerais e de prolongar a sensação Companhia das Letras, 1995, 352p.
de saciedade, o feijão é considerado “forte”. Além de ser uma 2. BELUZZO, R. A valorização da cozinha regional. In: Wilma
saborosa parceria, a união do arroz com o feijão faz deste prato uma Maria Coelho Araújo e Carla Marcia Rodrigues T enser (Orgs.).
importante fonte balanceada de nutrientes. O que falta no arroz o Gastronomia: cortes e recortes. v. 1, Brasília: Senac, 2006, 264p.
feijão complementa. O arroz possui várias vitaminas do complexo B, 3. HERNANDEZ, J. C. Patrimônio e Globalização: o caso das
carboidratos, cálcio, ácido fólico e ferro. O feijão é rico em proteína culturas alimentares. In: Ana Maria Canesqui e Rosa Wanda
vegetal, uma boa fonte de ferro, de vitaminas do complexo B e de Diez Garcia (Orgs.). Antropologia e nutrição: um diálogo
minerais fundamentais para o bom funcionamento do organismo. O possível. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. 306p.
arroz contém a metionina, o feijão, a lisina, dois aminoácidos que, 4. GARCIA, R. W. D. A Comida, a Dieta o Gosto. Mudanças na
juntos, são muito eficientes na reparação dos tecidos do organismo. Cultura Alimentar Urbana. 1999. 305f. T ese (Doutorado em
Se o arroz for consumido sozinho as taxas de açúcar e de insulina na Psicologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 1999.
circulação sanguínea podem aumentar, entretanto, o feijão pode frear 5. FAGLIARI, G. S. T urismo e Alimentação: Análises
esse efeito, estabilizando o teor de glicose. introdutórias. São Paulo: Roca, 2005.
Por isto, o baião de dois é um prato completo, ou seja, não precisa de 6. POULAIN, J. P. Sociologia da Alimentação. Florianópolis:
acompanhamento, mas pode ser servido com paçoca de carne seca ou EdUFSC, 2006.
farofa de cuscuz. Para fazê-lo deve-se cozinhar o arroz no caldo do 7. MACIEL, M. E. Cultura e alimentação ou o que tem a ver os
feijão já cozido e temperado, misturando o feijão cozido com o arroz macaquinhos de Koshima com Brillat-Savarin. Horiz. Antropol.,
na panela ainda no fogo, e depois de pronto adiciona-se queijo de v.7, n. 16, p. 1-10, 2001.
coalho em cubos e também coentro e cebolinha (opcional). 8. PROENÇA, R. P. C. Alimentação e globalização: algumas
Porém, a tradição cearense na preparação do baião pode estar sendo reflexões. Cienc. Cult., v. 62, n.4, 2010.
desprezada, pois apesar do acréscimo de linguiça, torresmo ou bacon 9. CANESQUI, A. M. Comentários sobre os Estudos
deixá-lo mais nutritivo, tornando-o uma comida mais “forte”, a Antropológicos da Alimentação. In: Ana Maria Canesqui e Rosa
adição desses ingredientes aumenta os teores de gordura, em especial Wanda Diez Garcia (Orgs.). Antropologia e nutrição: um
de gordura saturada, colesterol e sódio (Figura 1). diálogo possível. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. 306p.
10. ARIÈS, P. La Fin des Mangeurs: les métamorphoses de la t able
Figura 1. Prato de baião de dois preparado com bacon, linguiça e à l’âge de la modernisation alimentaire. Paris: Desclée de
queijo de coalho. Brouwer, 1997, 173p.
11. BARBOSA, L. Feijão com Arroz e Arroz com Feijão: o Brasil
no Prato dos Brasileiros. Horiz. Antropol., v. 13, n. 28, p. 87-
116, 2007.
12. DÓRIA, C. A. A Formação da Culinária Brasileira. São Paulo:
Publifolha, 2009, p. 8.
13. BARROSO, G. Liceu do Ceará: 2º Volume de Memórias. Rio de
Janeiro: Getúlio Costa, 1940, p. 123.
14. COUT O FILHO, C. T empero do Sol: culinária cearense.
Fortaleza: Editora CCF, 2004.
Portanto, essas adições à receita original descaracterizam o prato,
15. QUEIROZ, R. O Não Me Deixes: suas Histórias e sua Cozinha.
levando-o à perda de sua identidade, pois a forma como os alimentos
São Paulo: Editora ARX, 112 p.
são preparados e servidos exprime identidades culturais e dá um
16. BOT ELHO, R. A. Culinária Regional: o Nordeste e a
caráter simbólico à comida.
Alimentação Saudável. 2006. 192f. T ese (Doutorado em
Ciências da Saúde) – Faculdade de Ciências da Saúde,
CONCLUSÕES Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2006, p. 85.
A partir deste ensaio é possível afirmar que dentre as áreas de estudo 17. LODY, R. Comer é pertencer. In: Wilma Maria Coelho Araújo e
da gastronomia, a gastronomia regional possui um destaque especial, Carla Marcia Rodrigues T enser (Orgs.). Gastronomia: cortes e
para ser compreendida como um delineador étnico, resultante da recortes. v. 1, Brasília: Senac, 2006, 264p.
aliança cultural de formação e colonização de um povo, não tendo a
menor intenção de ser uma manifestação engessada e sim um
movimento repleto de transformações.
36
Gastronomia: da tradição à inovação
06192 - A mudança dos hábitos alimentares infantis no Brasil na última década: uma revisão
sistemática.
1 Graduanda em Nutrição, Centro Universitário Estácio de Sá, Santa Catarina, Cursando Técnico em Gastronomia,
Instituto Federal de Santa Catarina, Campus Florianópolis -Continente carolteodoroski@gmail.com
2 Nutricionista,
Especialista em Saúde da Família e Mestre em Nutrição, Professora dos Cursos da área de Gastronomia
e de Panificação e Confeitaria, Instituto Federal de Santa Catarina, Campus Florianópolis -Continente
3 Gastrônoma,Mestre em Turismo e Hotelaria, Professora do Curso da área de Gastronomia, Instituto Federal de Santa
Catarina, Campus Florianópolis -Continente
É indiscutível que para garantir o desenvolvimento do Após a aplicação dos filtros supracitados, foram encontrados
organismo e manutenção da saúde, é fundamental um padrão 17 artigos em 11 periódicos, conforme pode ser visualizado na tabela
alimentar balanceado, especialmente nos primeiros anos de vida. No 1. Vale destacar a relevância dos periódicos em que os artigos foram
entanto, no atual cenário brasileiro, é comum constatar que as crianças publicados.
têm consumido um maior número de alimentos industrializados ricos
em calorias e aditivos e com baixa densidade nutricional, o que T abela 1: Periódicos
acarreta o surgimento de diversas doenças precoces na infância. Nesse Jornal de Pediatria 3
contexto, conforme destaca o Ministério da Saúde, “o Brasil vem
Cadernos de Saúde Pública 2
enfrentando aumento expressivo do sobrepeso e da obesidade em
todas as faixas etárias [...]” (1). Ciência & Saúde Coletiva 2
A mudança dos hábitos alimentares das crianças ocorre em Revista Brasileira de Enfermagem 2
função de diferentes fatores. Dentre eles, o que mais influencia Revista Paulista de Pediatria 2
diretamente é a mídia, com seus atrativos de cores e sabores. A oferta Ciência & Educação (Bauru) 1
casada de alimentos com brinquedos e embalagens próprias para o
Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil 1
público infantil são as mais procuradas, resultando num consumo
cotidiano de itens poucos saudáveis, reduzindo o interesse das Revista CEFAC 1
crianças por alimentos nutritivos. Um estudo sobre o comportamento Revista de Nutrição 1
alimentar de crianças da faixa etária entre 7 e 10 anos revela que elas Revista de Administração Contemporânea 1
“ [...] cada vez mais apresentam recursos próprios para a aquisição de Revista Brasileira de Epidemiologia 1
serviços e produtos, principalmente do segmento de alimentos e Fonte: http://search.scielo.org/#sthash.H1ikx3XV.dpuf
bebidas” (2). T al situação é preocupante tendo em vista que, em
função da pouca idade, ainda não apresentam maturidade e É possível verificar no gráfico 1, a seguir, os anos de
conhecimento suficiente para responsabilizarem-se por suas escolhas publicação dos artigos encontrados.
alimentares. Destacam-se, ainda, outros fatores que prejudicam a
qualidade da alimentação, tais como, o alto custo dos alimentos
saudáveis, o estilo de vida dos pais ou responsáveis, a praticidade dos 5
4
produtos industrializados prontos para o consumo, a influência da
4
alimentação de colegas na escola, enfermidades em geral, disfunções 3
na região orofaríngea, dentre outros. 3
Diante da situação exposta acima, o objetivo deste estudo é 2 2 2
2
ampliar o conhecimento sobre o processo de mudança gradativa da 1 1 1 1
alimentação infantil nos últimos dez anos no Brasil. 1
0
MATERIAL E MÉTO DO S
37
Gastronomia: da tradição à inovação
falhas durante o porcionamento dos ingredientes, do preparo da [online]. 2014, vol.17, n.4, pp.873-886. ISSN 1980-5497.
refeição em si ou mesmo, em decorrência de formas inadequadas de se 6. CAMPOS, A.A.O. et al. Aconselhamento nutricional de crianças
oferecer o alimento às crianças (6). Foram ainda analisados três menores de dois anos de idade: potencialidades e obstáculos como
estudos que tratam das práticas alimentares no primeiro ano de vida desafios estratégicos. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2014, vol.19, n.2,
levando em conta a necessidade do conhecimento das mães no que pp.529-538. ISSN 1413-8123.
concerne à oferta de alimentos nesta fase da infância (12,13,14). 7. LONGO-SILVA, G.; T ADDEI, J.A.A.C.; KONST ANT YNER,
Quanto ao aleitamento materno, em um dos trabalhos o objetivo foi T ulio; T OLONI, M.H.A. Percepções de educadores de creches acerca
“ resgatar a história da alimentação infantil, com o intuito de de práticas cotidianas na alimentação de lactentes: impacto de um
compreender a prática da amamentação” (15) enquanto nos demais treinamento. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2013, vol.18, n.2, pp.545-
foram abordados os aspectos referentes ao aleitamento materno 552. ISSN 1413-8123.
exclusivo - AME (16,17). 8. LONGO-SILVA, G.; T OLONI, M.H.A.; GOULART ,
Apenas um artigo discute a “alta prevalência dos fatores de R.M.M.; T ADDEI, J.A.A.C. Avaliação do consumo alimentar em
risco para as doenças cardiovasculares desde a infância e a evidência creches públicas em São Paulo, Brasil. Rev. paul. pediatr. [online].
de alimentação infantil inadequada” (18). Do mesmo modo, somente 2012, vol.30, n.1, pp.35-41. ISSN 0103-0582.
um estudo identifica “[…] uma estreita relação entre transtornos de 9. SILVA, A.C.A.; T ELAROLLI JUNIOR, R.; MONT EIRO, M.I.
alimentação e hábitos parafuncionais […]” (19), o que, segundo os Analisando conhecimentos e práticas de agent es educacionais e
autores, “ facilita a instalação de um distúrbio articulatório, professoras relacionados à alimentação infantil. Ciênc. educ. (Bauru)
principalmente com alteração nos fonemas linguodentais e dento - [online]. 2010, vol.16, n.1, pp.199-214. ISSN 1516-7313.
alveolares” (19). 10. SHIMABUKURO, E.E.; OLIVEIRA, M.N.; T ADDEI, J.A.A.C.
É importante destacar que apensas um trabalho evidencia Conhecimentos de educadores de creches sobre alimentação infantil.
acerca dos alimentos industrializados, no qual os autores enfatizam Rev. paul. pediatr. [online]. 2008, vol.26, n.3, pp.231-237. ISSN
que “ a contribuição dos ultraprocessados é expressiva na alimentação 0103-0582.
infantil e a idade da criança mostrou-se como fator associado mais 11. BASSICHET T O, K.C.; REA, M.F. Aconselhamento em
importante para o consumo desses produtos” (20). Finalizando a alimentação infantil: um estudo de intervenção. J. Pediatr. (Rio J.)
análise, ressalta-se um artigo em que os autores defendem a ideia [online]. 2008, vol.84, n.1, pp.75-82. ISSN 0021-7557.
sobre a “ influência que os formadores de opinião exercem no 12. LIMA, A.P. E. et al. Práticas alimentares no primeiro ano de vida:
comportamento do consumidor”, onde a pesquisa “[…] vem representações sociais de mães adolescentes. Rev. bras. enferm.
desenvolvendo sua comunicação integrada de marketing para a [online]. 2014, vol.67, n.6, pp.965-971. ISSN 0034-7167.
alimentação infantil [...]” (21). 13. 7. LIMA, A.P.E.; JAVORSKI, M.; VASCONCELOS, M.G.L.
Práticas alimentares no primeiro ano de vida. Rev. bras. enferm.
CO NCLUSÕ ES [online]. 2011, vol.64, n.5, pp.912-918. ISSN 0034-7167.
14. T AKUSHI, S.A.M.; T ANAKA, A.C.A.; GALLO, P.R.;
Considerando que a pesquisa foi realizada em apenas uma BRESOLIN, A.M.B. Perspectiva de alimentação infantil obtida com
base de dados e com aplicação de filtros que limitam o processo de gestantes atendidas em centros de saúde na cidade de São Paulo. Rev.
busca, conclui-se que o objetivo foi alcançado. Embora não tenha sido Bras. Saude Mater. Infant. [online]. 2006, vol.6, n.1, pp.115-125.
obtido um número expressivo de obras, os achados revelam a ISSN 1519-3829.
relevância da temática em foco. 15. CAST ILHO, S.D.: BARROS FILHO, A.A. Alimentos utilizados
Com base nos artigos encontrados, foi comprovada a ao longo da história para nutrir lactentes. J. Pediatr. (Rio J.) [online].
inquietação dos profissionais da área da saúde, especialmente os 2010, vol.86, n.3, pp.179-188. ISSN 0021-7557.
nutricionistas, em discutir, o quadro da inadequação alimentar infantil, 16. BERNARDI, J.R.; GAMA, C.M.; VITOLO, M.R. Impacto de um
objetivando contribuir para sua reversão. Fica evidente a necessidade programa de atualização em alimentação infantil em unidades de
da aplicação de programas de treinamento e educação nutricional. saúde na prática do aleitamento materno e na ocorrência de
Neste sentido, sugere-se para futuros trabalhos a criação de estratégias morbidade. Cad. Saúde Pública [online]. 2011, vol.27, n.6, pp.1213-
a fim de viabilizar ações que possam minimizar e auxiliar no processo 1222. ISSN 0102-311X.
de educação alimentar na infância. 17. FERREIRA, L.; PARADA, C.M.G.L.; CARVALHAES,
M.A.B.L. T endência do aleitamento materno em município da região
REFERÊNCIAS centro-sul do estado de São Paulo: 1995-1999-2004. Rev. Nutr.
[online]. 2007, vol.20, n.3, pp.265-273. ISSN 1415-5273.
1. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 18. GAMA, S.R.; CARVALHO, M.S.; CHAVES, C.R.M.M.
Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população Prevalência em crianças de fatores de risco para as doenças
brasileira. 2 ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2014. cardiovasculares. Cad. Saúde Pública [online]. 2007, vol.23, n.9,
2. RODRIGUES, V.M.; FIAT ES, G.M.R. Hábitos alimentares e pp.2239-2245. ISSN 0102-311X.
comportamento de consumo infantil: influência da renda familiar e do 19. FERRIOLLI, B.H.V.M. Associação entre as alterações de
hábito de assistir à televisão. Rev. Nutr. Campinas, v. 25, n. 3, p. 353- alimentação infantil e distúrbios de fala e linguagem. Rev. CEFAC
[online]. 2010, vol.12, n.6, pp.990-997. Epub 07-Maio-2010. ISSN
362, June 2012.
1516-1846.
3. GALVÃO, T .F.; PEREIRA, M.G. Revisões sistemáticas da
20. SPARRENBERGER, K. et al. Consumo de alimentos
literatura: passos para sua elaboração. Epidemiol. Serv. Saúde,
ultraprocessados entre crianças de uma Unidade Básica de Saúde. J.
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Pediatr. (Rio J.) [online]. 2015, vol.91, n.6, pp.535-542. ISSN 0021-
4. SCIELO. Scientific Electronic Library Online. Disponível em:
7557.
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_home&lng=pt&nrm=iso>
21. ALMEIDA, L.N.; RIBAS, J.R.; LEANDRO, A.S. Os formadores
. Acesso em: 24 maio 2016.
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5. VIT OLO, M.R.; LOUZADA, M.L.C.; RAUBER, F. Atualização
vol.14, n.4, pp.761-774. ISSN 1982-7849.
sobre alimentação da criança para profissionais de saúde: estudo de
campo randomizado por conglomerados. Rev. bras. epidemiol.
38
Gastronomia: da tradição à inovação
MOREIRA, Aline Maria Barros.1 MACEDO, Ruana de Oliveira.2 RODRIGUES, Diana Cris Macedo 3
39
Gastronomia: da tradição à inovação
possibilidade de compreender e sentir a complexidade do Dessa forma, buscou-se resgatar a pluralidade que emana da
fenômeno alimentar a partir de seus condicionantes históricos e experiência gastronômica e suas tradições alimentares e a
socioculturais. O diálogo entre os saberes acadêmicos e os importância dos elementos estrangeiros e internos na construção
derivados da cultura, tradição e arte dos povos, possibilitou a da cultura alimentar brasileira. Acredita-se que tal exploração é
construção de um olhar mais receptivo e respeitoso às imprescindível para estimular escolhas alimentares mais
diversidades e identidades alimentares que constroem a história reflexivas e críticas frente às problemáticas alimentares e
da humanidade. nutricionais contemporâneas, importante problema de saúde
As linguagens utilizadas na Exposição permitiram explorar pública.
aspectos históricos, artefatos, tecnologia, condimentos e mistura Nesse contexto, vale ressaltar a utilização de linguagens
de sabores utilizados na cozinha dos diferentes povos. A artísticas no ambiente acadêmico por meio de vestimentas,
degustação de um prato e bebida típica, após a contextualização artefatos, músicas, decoração, degustação e demais aspectos
oral realizada em cada stand, possibilitou ao visitante culturais dos povos. T al abordagem constitui-se um espaço de
experiências gustativas que materializaram a perspectiva da abertura onde linguagens artísticas podem promover o
construção social e cultural do gosto alimentar. aprendizado por meio de experiências que possibilitem o
Sobre a constituição sociocultural do gosto alimentar, (5) alargamento da percepção de mundo do acadêmico.
contribui afirmando que, além de sua relação com as
necessidades biológicas, mecanismos fisiológicos e afetivos, o CO NCLUSÕ ES
gosto alimentar possui historicidade e está inscrito na dinâmica
das relações sociais. Dessa forma, a preferência alimentar de Diante dos resultados expostos, vimos a importância
cada povo, longe de ser uma escolha apenas indiv idual e cientifica, social e cultural do presente trabalho, que busca
racional, é, portanto, produto das interações entre as múltiplas ressaltar as diversas culturas e como esse fator é crucial para a
dimensões componentes de uma sociedade, refletindo aspectos construção dos hábitos alimentares de um povo.
ambientais, sócio-históricos, culturais, biológicos, dentre outros, Através dessa experiência, observamos que a culinária
os quais se impregnam no corpo por meio da constituição do carrega uma multiplicidade de aspectos ambientais, sociais,
paladar. culturais, econômicos e simbólicos, que caracteriza povos e
Nesse sentido, a disciplina e a construção do evento ao longo culturas, e que atualmente está ameaçada pelas intensas
do semestre buscaram problematizar tal perspectiva a fim de transformações ocorridas no sistema alimentar contempo râneo
contribuir para a formação crítico-reflexiva do nutricionista e dos que visa universalizar os alimentos industrializados.
expectadores do evento. Podemos observar então, a relevância da exposição
No contexto da formação do nutricionista, a construção de “Culinárias Diversas: um olhar antropológico”, sendo de grande
paisagens pedagógicas que estimulem essa reflexão é contribuição na formação crítico-reflexiva do acadêmico de
extremamente relevante em face da mecanização do ato do nutrição e dos expectadores do evento, por trazer um olhar
comer durante as abordagens presentes nas disciplinas técnicas. multidimensional do fenômeno alimentar.
Abordagens estas que podem deslegitimar a construção A realização do evento, além de possibilitar ao aluno
sociocultural do gosto, resultando em uma ideia de comida exercitar o aprendizado da disciplina Antropologia da
desumanizada e que não comporta a dimensão do prazer de Alimentação, fez com que o conhecimento adquirido
comer (6). ultrapassasse as barreiras da sala de aula, chegando aos
Desta feita, o evento e a disciplina contribuíram para o expectadores através da arte, possibilitando aos acadêmicos e
desenvolvimento de habilidades e competências no âmbito da visitantes uma incursão pela diversidade de práticas alimentares
Antropologia da Alimentação pelos acadêmicos de nutrição, existentes no mundo, evidenciando singularidades e padrões
suscitando a incorporação de um posicionamento crítico e da compartilhados das culinárias diversas.
perspectiva da alteridade face às diversidades socioculturais
embutidas no fenômeno da alimentação. A experiência trouxe a REFERENCIAS
oportunidade de compreender e interpretar a complexidade do
fenômeno alimentar, através da história, das crenças, da 1. MACIEL, Maria Eunice. Uma cozinha à brasileira. In:
simbologia e do significado que carrega cada cozinha e suas Estudos Históricos: Alimentação n.º 33, Rio de Janeiro,
comidas. Fundação Getúlio Vargas, 2004. Disponível em:
Além disso, proporcionou a interação entre os discentes, bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/download/221
docente e a comunidade do entorno da Instituição de Ensino 7/1356. Acesso em: 25 de mai. de 2016.
Superior, possibilitando a troca de informação e de diversos 2. CONT RERAS, Jesús; GRACIA, Mabel. Alimentação,
saberes, contribuindo para a ampliação do repertório cultural da sociedade e cultura. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011.
grande comunidade de aprendizagem acerca das ilimitadas 3. OLIVEIRA, Maria Marly. Como fazer projetos, relatórios,
possibilidades do fenômeno do comer em sociedade. monografias, dissertações e teses. 5ed [rev.]. Rio de Janeiro:
O repertório culinário explorado na Exposição abrangia tanto Elsevier, 2011.
culinárias internacionais que influenciaram e influenciam a 4. LAKAT OS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade.
formação das práticas alimentares brasileiras, quanto culinárias Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2010.
tradicionais locais como a indígena e a cearense. Desse modo, 5. AMPARO- SANT OS, L. da S. O corpo, o comer e a comida:
buscou-se explorar as tradições culinárias como parte do um estudo sobre práticas alimentares no mundo contemporâneo.
Patrimônio Histórico dos povos e comunidades, as quais são Salvador: Editora UFBA, 2008.
ameaçadas pelas intensas transformações ocorridas no sistema 6. RODRIGUES, D. C. M. O lugar do nutricionista nos Núcleos
alimentar contemporâneo que universalizam e impõem como de Apoio à Saúde da Família: desenhos iniciais. 2012. 224 f.
norma de consumo os alimentos industrializados, renegando a Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Programa de Pós-
segundo plano, a experiência culinária humana e sua relação com Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Ceará,
o consumo alimentar. Fortaleza, 2012.
40
Gastronomia: da tradição à inovação
Isaac Santos¹, Isabela Santos¹, Daniel Maia¹, Áquila Mattielo², José Góes³, Ryzia Cardozo³.
41
Gastronomia: da tradição à inovação
remota desde o império português tendo como destaque a cidade do Sobre as condições de higiene dos tabuleiros, a maioria (55,6%) tinha
Salvador, Rio de Janeiro e Recife, onde fora praticada venda bom aspecto higiênico, 38,9% e 5,6% ruim.
exclusivamente por escravas e seus descendentes de acordo com Entre as entrevistadas, (55,6%) informou dispor de água no
Rodrigues et al (7). A Associação das Baianas de Acarajé e Mingau local de venda, no entanto, não havia água corrente. A água disponível
do Estado da Bahia (ABAM), em seus registros, informa que 70% das era usada para lavar as mãos (50%), para lavar os utensílios (50%). À
vendedoras associadas assumem inteiramente suas famílias, citado por origem da água era proveniente dos domicílios das vendedoras em
Catarino num estudo sobre o reconhecimento do ofício das baianas de 71,4% dos casos, e 28,6% de um estabelecimento próximo. A água era
mingau e acarajé na capital baiana (5). acondicionada, principalmente, em garrafas plásticas (66,7%) e outros
Tabe la 2. Características socioeconômicas das vendedoras de mingau recipientes (33,3%). Estudos recentes feitos por Rodrigues et al e
em bairros do Centro Histórico de Salvador-BA, 2014/2015. Silva et al, (7,8), analisando a origem da matéria prima dos alimentos
comercializados constataram que 22,7% eram oriundos de feiras
livres, já no presente estudo 66,7% eram adquiridos nas feiras e 33,7%
Caracte rísticas Distribuição
em supermercados e atacadistas, fato este que denota uma maior
Idade (anos)
probabilidade de aquisição de produtos contaminados. Os mesmos
Média (amplitude) 48 (25 – 71)
autores afirmaram que 97,6% dos vendedores manipulavam o
Formação e scolar (%)
alimento e o dinheiro ao mesmo tempo, e 72,6% afirmaram lavar as
1° grau incompleto/ completo (5,6/ 38,9) – 44,5
mãos no ponto de venda, resultados esses que se assemelham com o
2° grau incompleto/ completo (16,7/ 33,3) – 50
presente estudo. Sobre higiene do vendedor, 49,8% não portavam
Superior incompleto 5,6
adornos, 44,6% tinham as unhas aparadas e limpas, 32,2% usavam
Estado civil (%)
roupas claras e limpas, 29,4% estavam com o cabelo protegido e 7,6%
Solteiro 61,1
dispunham de luvas, o que difere das vendedoras quando se trata da
Casado/União estável 33,4
higiene pessoal no atual estudo, exceto, no item vestimenta limpa e
Viúvo 5,6
clara, que obteve maior percentual.
Che fe de família (%)
Sim 66,7
Não 33,4
Re nda familiar (%)
< 1 SM* 16,7
1 a 3 SM 72,2
3 a 5 SM 11,1
A escolha especifica pela venda de mingau, para a maioria Figura 2. Distribuição (%) das vendedoras de mingau no Centro
das vendedoras (50%) resultou de ser uma tradição familiar. Outros Histórico, quanto aos requisitos de higiene pessoal 2014/2015.
motivos indicados compreenderam: facilidade de preparo (22,2%),
compatibilidade do horário de trabalho com outras atividades (11,1%), CO NCLUSÔES
e demanda de mercado (5,6%). Quanto à organização do tabuleiro, as É marcante o comércio de mingaus em Salvador e as mulheres são as
seguintes respostas sintetizam o motivo de elas arrumarem o tabuleiro representantes desse segmento. Há uma contribuição dessa comida de
e os caldeirões com panos com renda/babados brancos: “por causa da rua para a alimentação do público que frequenta o centro histórico, e
tradição”, “ convida a tomar café de manhã”, “bran co é limpeza”, maior atenção no que diz respeito aos requisitos higiênico-sanitário
“ atrai mais clientes”, Leal et al e Silva et al (1,7) destacam a deve ser dada, visto que a comida de rua representa possíveis
importância da venda com tabuleiros caracterizados, como um contaminações. Contudo existe a necessidade de um maior
elemento de extrema importância para as vendedoras assim como os reconhecimento e valorização para manter esse comércio, uma vez
enfeites, a arrumação, os utensílios, os quitutes comercializados dão que estão relacionados com a cultura local e a melhoria da renda.
um sentido histórico e cultural.
Mingaus de milho e tapioca estavam presentes em todos os pontos, REFERÊNCIAS
mugunzá em 94,4%, aveia em 83,3% e carimã em 66,7%. Segundo as 1. LEAL, C.O.B.S.; TEIXEIRA, Carmen Fontes. Comida de rua: um estudo crítico e
multirreferencial em Salvador-BA-Brasil.VigSanit Debate 2014; 2(04): 12-22. Salvador.
baianas o mingau mais vendido foi de milho (61,1%). T odas
Disponível em: www.visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/. Acesso
comercializavam outros itens do café da manhã como: bolo café com em 26 jan. 2015.
2. GUIMARÃES, Roberta Sampaio Objetos, sistema culinário e candomblé: o patrimônio das
"baianas de acarajé" Relig. soc. vol.32 nº1 Rio de Janeiro 2012. Disponível em:
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-85872012000100012&script=sci_arttext. Acesso em 26
jan. 2015.
3. RADEL, G. A cozinha Africana da Bahia. 2. Ed. Salvador: O autor, 2012. 480p.
4. WHO. Division of Food and Nutrition. Essential safety requirements dorstreet-vendedfoods
(Revised edition).1996. Disponível em: www.who.int/fsf/96-7.pdf. Acesso em 12/10/2011.
5.CANTARINO, Carolina. Baianas do acarajé: uma história de resistência. Revista
Eletrônica do Iphan (ISSN: 1809-3965). Disponível em: www.dc.mre.gov.br/imagens-e-
textos/revista-textos-do-brasil/portugues/revista13-mat16.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2015.
6.RODRIGUES et al.O comércio de comida de rua no centro histórico de Salvador – BA:
caracterização da oferta de alimentos e aspectos higiênico-sanitários. Segurança Alimentar e
leite ou puro. Verifica-se também a venda de alimentos tradicionais Nutricional, Campinas, 21(1): 347-358, 2014. Campinas, 2014. Disponível em:
www.unicamp.br/nepa/sa. Acesso em 18 jul. 2015.
como o cuscuz de tapioca, de carimã, arroz doce e lelê, observados 7.SILVA et al. Condições higiênico-sanitárias do comércio de alimentos em via pública em
num estudo semelhante conduzido por Soares e Eloy (8,9). um campus universitário. Alim. Nutr., Araraquara v. 22, n. 1, p. 89-95, jan./mar. 2011.
Disponível em: serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/viewFile/.../1072.
Figura 1. Distribuição das vendedoras de mingau no Centro Acesso em 25 jan. 2015.
Histórico, segundo à oferta de itens do café da manhã, 2014/2015. 8. SOARES, Cecília Moreira. AS GANHADEIRAS: mulher e resistência negra em Salvador
no século XIX. Disponível em: http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n17_p57.pdf:
Acesso em 26 jan. 2015.
Caracte rísticas higiênico-sanitárias 9. ELOY, Antonia Lucia de Souza, REIS, Renata Ramos Vieira dos. A comida de rua como
T odos os pontos não havia pessoas distintas para manipular ferramenta na preservação dos alimentos tradicionais. Universidade Federal de Sergipe,
o dinheiro e o alimento, mesmo nos pontos onde havia mais de uma Sergipe, 2012. Disponível em: www.grupam.net/anais-do-i-seminario-sobre-alimentos-e-
manifestações-. Acesso em 20 jul. 2015.
pessoa para atender ao consumidor. A observação dos hábitos
higiênicos das vendedoras no atendimento ao cliente foi classificada
como bom atendimento para 66,7% e regular (33,3%) as demais.
42
Gastronomia: da tradição à inovação
PALAVRAS CHAVE: matrimônio, celebração, surgimento da tradição, bodas reais, mise en scène.
INTRO DUÇ ÃO
e a evolução na tecnologia dos fornos caseiros. Mas, acima de tudo, o
A tradição de celebrar ocasiões especiais com bolo é bem remota, bolo começou a ser cercado de superstições e rituais: compartilhar o
desde a Palestina, há mais de 7000 anos antes de Cristo. (1) Seguindo bolo com a família e amigos aumentava a fecundidade e fortuna; a
essa linha de pensamento, o bolo de casamento é, ainda hoje, a noiva que preparasse seu próprio bolo estaria trazendo má sorte para
principal guloseima de uma festa quando duas pessoas se unem em si; provar o bolo antes do casamento significaria a perda do amor do
matrimônio. As primeiras notícias que se têm da confecção de bolos marido, enquanto um pedaço de bolo guardado após o grande dia
em casamentos vêm da Roma Antiga. O bolo, que mais se parecia garantiria sua fidelidade; os noivos deveriam cortar a primeira fatia
com um pão de cevada, era comido pelo noivo e seu restante era juntos e todos os convidados deveriam comer um pedaço do bolo
rasgado sobre a cabeça da noiva, simbolizando o domínio masculino como garantia para que o casal tivesse muitos filhos. (3, 4) Além
e o rompimento da virgindade da noiva. (2) Os farelos que sobravam disso, alguns bolos eram assados com um pequeno anel de vidro;
eram disputados pelos convivas da festa, como símbolo de boa sorte. quem o encontrasse, seria o próximo a casar. (2)
(3, 4) Em 1769, Elizabeth Raffald foi a primeira escritora a oferecer a
Com o acesso ao açúcar mais facilitado com as grandes navegações e combinação de bolo de noiva, pasta de amêndoa e glacê real. (5) Mas
o surgimento de fornos mais confiáveis, os “pães doces” ficaram foi apenas com a Rainha Vitória da Inglaterra (1837 -1901) que o
mais refinados e parecidos com o que conhecemos hoje como bolo. bolo virou o protagonista na festa de casamento. A própria rainha
Apesar disso, o açúcar ainda era muito caro, e quanto mais refinado e Vitória inaugurou a tradição do “casamento branco”, usando um
branco era o açúcar utilizado, mais o bolo representava a alta posição vestido branco ao invés dos coloridos que eram costume na época; O
social da família que o servia. (2, 3, 4) bolo da rainha também era branco, porém simples, com apenas 35cm
Com o passar das décadas, foram acrescentados andares e confeitos de altura. (2)
cada vez mais elaborados, e o bolo de casamento passou por muitas
transformações. Apesar de tantas alterações, ele continua sendo o Fig. 1. Bolo da Rainha Vitória, em 1840
centro da mesa principal em qualquer festa de casamento na cultura
ocidental, como símbolo de tradição mesmo em meio a diversas
adaptações, como este trabalho pretende demonstrar. O que hoje é a
principal mise en scène das fotos da festa de casamento, mostrando a
união e o amor do casal, já foi um símbolo da superioridade do
marido sobre a esposa. Por isso é necessário haver um resgate do
porquê de algumas tradições, para que a sociedade se aproprie da
história da sua própria civilização e possa entender como o passar do
tempo e a evolução de uma cultura influencia até mesmo nos
pequenos detalhes de uma celebração de bodas.
O BJETIVO
MATERIAIS E MÉTO DO S
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de Elizabeth II casou-se com Lady Diana, num também muito As bodas reais inspiram mesmo hoje em dia, com a monarquia
famoso casamento, visto por mais de um bilhão de pessoas pela enfraquecida. Pedaços dos bolos da Princesa Luísa e da Princesa
televisão. Foram confeccionados 27 bolos para a cerimônia e tudo Diana foram leiloados nos últimos anos, pela raridade e preciosidade
levou cerca de quatorze semanas para ficar pronto. (6) Em 2011, o daquele elemento histórico. (2, 7) Atualmente, se observa uma
casamento do Príncipe William e de Kate Middleton também foi um tendência à “desconstrução” nos bolos – com os chamados naked
grande acontecimento e Fiona Cairns foi a escolhida para fazer o cakes, bolos sem cobertura, mostrando o recheio e a massa – e até
bolo dos dois, que teve dezessete andares. (2) mesmo bolos cenográficos. Mesmo assim, o bolo continua sendo o
elemento mais importante para o cenário da festa de casamento,
Fig. 2. Bolo de casamento da atriz Grace Kelly e do Príncipe Rainier mesmo que mal se conheça a origem dessa tradição, mantendo-se
de Mônaco, em 1956 firme e presente nas celebrações de todos os níveis sociais.
CO NCLUSÕ ES
REFERÊNCIAS
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Lucas de Macêdo Negreiros 1 , Gerlane Dantas da Silva 2 , Nívia Paula Dias de Assis 3
1 Tecnólogo em Gastronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus São Raimundo
Nonato (IFPI-SRN), lucasnegreiros@uol.com.br
2 Especialista, professora do IFPI-SRN
3 Mestra, professora da Universidade do Vale do São Francisco, Campus de São Raimundo Nonato
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Figura 1. Utensílios para fazer coscorrão - em desuso. Município de função dos processos de modernização decorrentes do consumo de
São Raimundo Nonato, Piauí, zona urbana, Centro, 2015. bens industrializados e da perda das práticas vinculadas às casas de
farinha.
Sobre os bolos, estão em processo de desuso o patriota, a brevidade,
o bolo de puba e o coscorrão. T odos eram servidos na merenda, tanto
no recinto familiar quanto em momentos festivos ou de recebimento
de visitas ilustres.
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Hermano José Filho¹, Rafael Amaral¹, Beatriz Brandão¹, Luiza Manoela Silva² (lmanoelas@gmail.com), Fabiana
Pereira², Elba Cristina Cunha³.
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A entrevistada ressaltou que as comidas de sua época, que eram daquele que narra, do mundo repleto de contradições e mitos de
feitas pela sua mãe, eram mais saborosas que as de hoje, e que muito nossa existência como sujeitos sociais.
lhe apreciava ter a certeza de que era uma comida pura, fresca, sem
veneno, diferente da comida de hoje em dia. Nesse sentido, versa A memória narrada se constrói no jogo entre lembranças e
Hernandez e Arnáiz4 que “ las personas muestran actitudes hacia la esquecimentos e, no plano dos agentes, no embate entre o que é
comida que han sido aprendidas de otras personas dentro de sus lembrado e esquecido, entre o narrável e o inarrável 5 . Seriam, assim,
redes sociales, ia sea en la família, entre iguales”. Podemos nos nesse jogo de selecionar e ressignificar as práticas sociais e
remeter, ainda, ao que fala Michael Pollan 7: “Comida também tem a gastronômicas, sujeitos construtores singulares do conhecimento de
ver com prazer, comunidade, família e espiritualidade, com nossa experiências compartilhadas.
relação com o mundo natural e com a expressão da nossa
identidade.” . Falar de comida estimula os sentidos. Apesar das dificuldades de sua
memória de curto prazo, Maria Adélia ainda traz muitas recordações
O interlocutor ao evocar sentimentos, imagens, sensações, desejos e das suas práticas alimentares. Ao falar da comida de sua época, a
significados através de sua fala, ressalta o presente através do expressão do seu corpo, do seu rosto e a sua fala tornavam-na ativa,
passado, pois o vivido é diferente do que é narrado e por meio de como se não houvesse nenhuma limitação de sua memória pela
suas lembranças é que é possível destacar aquilo que também é clareza com que apresentava os detalhes, como se aquelas
vivido no presente. A experiência de falar do passado traz à memória recordações lhe preenchessem de vida e satisfação.
aquilo que não se pode viver mais, faz uma conexão com aquilo que
se vive no momento, com aquilo que se converte em cotidiano A alimentação gastronômica dá-se pela restauração plena do ser. Não
através do trabalho de continuidade e de permanência. se baseia somente em nutrientes como proteínas, carboidratos e
vitaminas, mas também deve ser composta por outros elementos mais
É possível que quando Maria Adélia fala do passado ela faça uma subjetivos como a cultura, a identidade, a convivialidade e o bem
relação muito viva com o presente. Para Dubet 2 , a experiência é a estar.
história do sujeito. Para Scott 7 por sua vez, ela é uma trama
experimental onde o sujeito refaz seu mundo e em um movimento O relato da memória de Maria Adélia aproxima passado e presente.
dialógico e (re)constrói a si mesmo. Sua fala, assim, traz o que ela Os estudos de narrativas de memorias imprimem em nossos estudos
pode dizer do agora e não puramente do passado. A memória foi científicos, não um processo de verdades definidas e acabadas, mas
ativada pelo presente, fazendo relação entre o que ela comia no versões de uma época, de uma trajetória e uma pesquisa acadêmica
passado e o que come hoje, traçando distâncias e aproximações que se intercruzam em um mesmo processo de trajetória social em
afetivas, isto é, definindo um referencial da memória. uma mesma experiência não de pesquisador e “objeto", mas de
testemunhas de uma vida onde presente passado e futuro articulam
Nessa experiência de falar do passado, a realidade vivida pode ser narrativas em movimento de encontros de linguagens.
reatualizada, e desta forma, podemos pensar a alimentação atual. Ao
falar do queijo e da gemada, suas comidas prediletas, fala de um Referências
queijo que não existe mais, ao falar da pureza e do frescor dos
alimentos sem agrotóxicos, traz a memória de que hoje não se tem 1. CARNEIRO, H. Comida e sociedade: uma história da
tão disponível esse tipo de alimento, como na época dela. Na alimentação.. Rio de janeiro: Ed. Campus, 2003.
experiência relatada pode-se perceber a relação da alimentação 2. DUBET , F. Sociologia da experiência. Lisboa, Instituto
tradicional e da alimentação contemporânea industrializada que se Piaget,1996.
tem maior acesso na cidade. Quando fala que comia do que se 3. HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Centauro,
produzia, temos a casa como centro de produção e consumo, não só 2003.
de consumo como nos dias atuais. 4. HERNÁNDEZ, Jesus; Arnáiz, Mabel. Alimentación e cultura:
Perspectivas antropológicas. Barcelona: Ed. Ariel, 2005.
Conclusõe s 5. KOFES, S. Uma trajetória em narrativas. Campinas, São Paulo:
Mercado de Letras, 2001.
O estudo das memórias e das narrativas parece evidenciar um campo 6. MONT ANARI, M. Comida como cultura. São Paulo: Senac São
de estudo na antropologia e na gastronomia importante para Paulo, 2008.
compreender as relações das práticas alimentares do passado e do 7. POLLAN, M. Em defesa da comida: Um manifesto. Ed. Intriseca,
presente. Os sujeitos vão tecendo fluxos de posicionamentos ao 2008.
longo do tempo. As memórias assumem um campo de maior 8. SCOT T , J. Experiência. In: SILVA, Alcione Leite; LAGO, Mara
intensidade e importância para os sujeitos que as revivem em suas
Coelho de Souza; RAMOS, T ânia Regina Oliveira (Orgs.). Falas de
narrativas. Nas suas circunstâncias atuais, ao narrarem suas
Gênero. Santa Catarina: Editoras Mulheres, 1999.
memórias, já não estão sós. As memórias, diferentes do momento 9. BEZERRA, J.A.B. Alimentos tradicionais do Nordeste: Ceará e
vivido, são filtradas pelo olhar do sujeito que lembra e, ainda, através
Piauí. Fortaleza: Edições UFC, 2014.
das descrições, pelo olhar de outros. As narrativas orais parecem
apreender os rearranjos simbólicos para os conflitos complexos
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especialmente se existir alguma pequena quantidade de resido da seiva influenciam de forma intensiva o cotidiano da população até os dias
deixado na cabaça (12). atuais, fazendo parte da construção cultural da cidade.
O vinho de dendê é um produto consumido em diversos países da África O resultado da pesquisa não foi totalmente conclusivo, apesar de todas as
e faz parte da sua cultura até os dias atuais. Nesses países o vinho tem a pesquisas realizadas, não foi possível descobrir o motivo concreto do
sua importância na religião e na socioeconômica da população. desaparecimento do vinho de dendê.
Normalmente nesses países a seiva da palmeira é coletada pelos homens e Acredita-se que o início da produção do azeite de dendê em maior escala
a venda é feita por mulheres em pequenas feiras do comercio local. na região, a mudança dos costumes e hábitos dos povos africanos vindos
Habitualmente a população que comercializa o vinho de palma, não para o Brasil e a falta de técnicas corretas para a armazenagem do vinho,
possui um nível de renda elevado e a venda do vinho de dendê é por desencadearam o desaparecimento do vinho de dendê na cidade de
vezes uma das poucas formas de obtenção de renda para aqueles que Salvador com decorrer do tempo. A retirada da seiva causava a morte
comercializam. A bebida está também intrinsecamente ligada às religiões precoce da planta, diminuindo assim a produção do azeite do dendê, um
de matrizes africanas, a seiva da palmeira é oferecida aos deuses e produto com maior rentabilidade que o vinho. O aparecimento de outras
ancestrais no povo africano (7). bebidas como a cachaça desestabilizou ainda mais a produção do vinho
Por volta do século XVIII, a palmeira do dendê já estava disposta na de dendê, fazendo com que hoje o mesmo seja apenas parte da memória
cidade de Salvador e região metropolitana, utilizada principalmente para da pequena parcela da população. (2)
obtenção do azeite de dendê e coleta do vinho. A retirada da seiva do
dendê era feita no entorno das concentrações de negros escravos, (4) o
vinho era filtrado e engarrafado, para logo depois ser comercializado, REFERÊNCIAS
pois o produto não possuía um padrão de qualidade. Naquela época, na
cidade Salvador o vinho de dendê era um produto vendido comumente 1. LODY, Raul. LODY, Raul (org.).Dendê: símbolo e sabor da Bahia.
nas bancas, junto com outros quitutes produzidos pelos próprios negros, 2009. Editora SENAC, São Paulo-SP.
oferecia-se iguarias de diversas qualidades como, acarajés, abarás, angus, 2. CASCUDO, Luís da Câmara. História da Alimentação no Brasil. São
mocotós, doces de infinitas qualidades (2). A venda e produção destas Paulo: Editora Global, 2011. 4º Edição.
mercadorias eram feitas por negros de ganho, escravos que ganhavam 3. UNGERER, Regina. Bebidas típicas dos países de língua portuguesa –
uma parcela da quantia que arrecadavam com a venda dos produtos que ANGOLA. Disponível em:
comercializavam nas ruas, feiras, praças e áreas portos da cidade. A http://eportuguese.blogspot.com.br/2012/04/bebidas-tipicas-dos-oito-
pequena quantia que recebiam com venda desses produtos, era única paises-de.html
forma de obtenção de renda para os negros de ganho (13), por isso o 4. OLIVEIRA, Hermano Peixoto. LODY, Raul (org.). Dendê: símbolo e
vinho de dendê, junto com as outras mercadorias tem sua importância sabor da Bahia. 2009. Editora SENAC, São Paulo-SP.
social para aqueles que vendiam, interferindo de forma direta na 5. RADEL, Guilherme. A Cozinha Africana da Bahia. Editora Guilherme
economia da capital da Bahia (2). O vinho era considerado como uma Radel, 2007. 1º Edição.
bebida propriamente masculina, a maior parcela dos consumidores desse 6. LODY, Raul. Santo T ambém Come. Editora Pallas, Rio de Janeiro-RJ,
vinho eram os próprios homens negros que trabalhavam também como 2012. 2º Edição.
negros de ganho, principalmente aos trabalhadores braçais, que lidavam 7. BART LE, Phil. Dendezeiro; comercialização do dendê. 2007.
com carregamento de cargas, a bebida era consumida comumente entre os Disponível em: <http://cec.vcn.bc.ca/rdi/kw-absp.htm>.
negros, pois lhes davam um pouco de contento trazendo recordação da 8. GIL, C. Antonio. Métodos e T écnicas de Pesquisa Social. São Paulo:
sua terra de origem (1). O vinho de dendê também fazia parte do Editora Atlas S.A.,2008. 6 º Edição.
cotidiano dos terreiros de candomblé da capital da Bahia, que já era uma 9. LODY, Raul. Afurá. A bebida branca. 2016. Disponível
tradição nas nações africanas. A bebida era oferecida as divindades em:<http://www.malaguetacomunicacao.com.br/noticia/afura-a-bebida-
cultuadas pelos negros, na tentativa não perder seus laços culturais com branca/>.
seus ancestrais (6). 10. BRASIL. Decreto nº 8.198, de 20 de fevereiro de 2014. Regulamenta
Porém com o decorrer do tempo ocorreram diversas mudanças de hábitos a Lei no 7.678, de 8 de novembro de 1988, dispõe sobre a produção,
e a produção do vinho de dendê acabou desaparecendo por conta dessas circulação e comercialização do vinho e derivados da uva e do vinho.
mudanças e hoje é apenas uma lembrança nos rituais religiosos e vendas 11. KWESI. Palm wine: White Wine Made in Africa/ Le Vin de Palme:
de rua (1). Vin Blanc Made in Africa. 2011. Disponível em:
<http://afrolegends.com/2011/03/25/palm-wine-white-wine-made-in-
CO NCLUSÃO africa-le-vin-de-palme-vin-blanc-made-in-africa/>.
12. SPANAGEL, Rainer et al. Chronic intake of fermented floral nectar
O vinho de dendê faz parte da história e do desenvolvimento da cidade de by wild treeshrews. 2008. Disponivel em:
Salvador desde a chegada dos primeiros povos africanos a cidade. A http://www.pnas.org/content/105/30/10426.short.
inserção do fermentado na capital da Bahia, junto com outros diversos 13. GENEST RA, Cinthia Bourget Fortes. Escravo de ganho: uma nova
aspectos é um dos fatores de mudança na cultura e na economia. As abordagem da escravidão. Disponível em:
tradições trazidas pelas nações africanas mudaram os costumes não só da http://historiadorpensante.blogspot.com.br/2013/05/escravo-de-ganho-
cidade, mas também do país como todo. Estas mudanças estão presentes e uma-nova-abordagem-da.html
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Adriana Siqueira¹, Libia Amaral Corrêa¹, Aline Freire¹, Ireudo Chagas ¹, Virginia Maria de Sousa¹, Matusaíla Macedo¹
INTRO DUÇÃO com a chegada dos portugueses, que trouxeram também as hortas, os
rebanhos bovinos, ovinos e caprinos, além das criaçõ es de aves,
A Cozinha brasileira vem cada vez mais se destacando no cenário como galinhas, podendo assim utilizar os ovos, leite, manteiga. Mais
nacional e internacional, com reconhecimento de seus pratos tarde trouxeram o trigo, para o fabrico dos pães, que até então era
tradicionais, bem como, de seus insumos, utilizados atualmente por
diversos chefs de cozinha, brasileiros e estrangeiros residentes no feito de milho, e frutas como a uva, para a produção do vinho, além
Brasil, que buscam valorizar o terroir. (1),(2),(3) das conhecidas especiarias, vindas do oriente, de onde já haviam
Contudo, o conhecimento da formação da cozinha brasileira tem sido incorporado técnicas árabes em sua culinária, inclusive com destaque
aprofundado no meio acadêmico por pesquisadores das áreas de para a doçaria. Dos africanos Câmara Cascudo mostra a importância
humanas, sociólogos, antropólogos e historiadores (4). Porém, dentro da mão de obra explorada nos canaviais e nas casas grandes dos
da área da gastronomia observa-se que esse tema, tão importante, que engenhos, marcando a cozinha brasileira com seus temperos
valoriza e contextualiza a cultura alimentar brasileira, vem sendo
apimentados e seus angus. Entre os insumos e preparações de
pouco explorado.
Pelo exposto, este trabalho teve por objetivo pesquisar a formação da contribuição africana o autor destaca o leite de coco, o cuscuz, as
cozinha brasileira na visão de três grandes escritores brasileiros, Luís bananas, a pimenta, o azeite de dendê e a galinha d’angola. Na
da Câmara Cascudo, Raquel de Queiroz e Gilberto Freyre, que se segunda parte da obra o autor focaliza diversos aspectos da culinária
aprofundaram no referido tema, explorado brilhantemente em suas brasileira, privilegiando um olhar sociológico. Câmara Cascudo nos
obras: História da Alimentação no Brasil, O Não me Deixes e mostra que a feijoada, um ícone da cozinha brasileira é uma herança
Açúcar, respectivamente, dentro do ambiente acadêmico de um europeia, dos cozidos portugueses, do cassoulet francês, e de outros
Curso de Gastronomia.
pratos que misturavam carnes, legumes e verduras. O autor fez uso
METO DO LO GIA E DISCUSSÃO de um grande acervo bibliográfico para fundamentar seu estudo,
utilizando depoimentos de cronistas portugueses dos anos 1500 em
A pesquisa é do tipo exploratória qualitativa, feita por meio de diante, descrições de viajantes europeus, e análises históricas dos
revisão de literatura, com análise e aprofundamento das obras primeiros escritos sobre os povos da América, mesclando princípios
primárias, História da Alimentação no Brasil (5), O Não me Deixes de sociologia, história e antropologia. Assim, o historiador conseguiu
(6) e Açúcar (7), bem como, de obras secundárias (4) (8) (9) (10)
de forma detalhada descrever os hábitos alimentares e a formação da
(11), que exploraram a mesma temática, de forma a apresentar ao
leitor a visão dos referidos autores sobre a formação da cozinha cozinha brasileira.
brasileira.
O estudo foi conduzido na Universidade Federal do Ceará-UFC por O Não me Deixes
professores e discentes do Curso de Bacharelado em Gastronomia,
pesquisadores que fazem parte do Grupo de Estudo Cozinha A culinária de Rachel de Queiroz é a sertaneja. Nesse livro ela
Brasileira - UFC. declara amor a sua terra e ao cearense e homenageia a culinária
sertaneja, os pratos feitos no sertão cearense, em especial os
História da Alimentação no Brasil preparados na Fazenda Não Me Deixes pelas cozinheiras Nise e
Antônia. Ela constrói o livro narrando e descrevendo os insumos e
A gastronomia nacional e suas origens e combinações atraíram o
receitas típicas das fazendas do sertão de Quixadá-CE, destacando
interesse do folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), o que
com muito cuidado suas cozinhas, seus ritmos, suas festas e seus
resultou na obra apresentada aqui, reconhecida como um clássico
habitantes, estabelecendo um olhar de memória e afetividade,
sobre o tema. Escritor das tradições populares, ele discute as práticas
todavia, com a objetividade peculiar da cronista e jornalista que foi.
alimentares dos povos que formaram o Brasil. Na primeira parte da
Sobre as cozinhas fala das que marcaram sua família como a do Não
obra, o autor dá enfoque às heranças que contribuíram para a
Me Deixes, a da fazenda Califórnia, da casa do Pici em Fortaleza e
formação da cultura alimentar brasileira destacando as três raças
até da casa do Morro Branco e conecta isso com a tradição das
formadoras da nacionalidade brasileira e permitindo fundamentar a
cozinheiras, senhoras dos fogões e fornos domésticos. Depois disso
discussão do processo de elaboração de uma dieta brasileira a partir
ela continua o livro enumerando os principais insumos presentes na
da explanação dos gêneros comestíveis e de hábitos alimentares das
mesa sertaneja: o queijo coalho, a farinha, o feijão, o milho, tudo
diferentes etnias. Em três capítulos distintos: Cardápio indígena,
derivado da parca agricultura local; as principais proteínas: o
Dieta africana e Ementa portuguesa, Câmara Cascudo examina a
carneiro, peru, galinha, capote, pato, todos os bichos da fazenda,
fusão dos hábitos que geraram uma sociedade mestiça. Assim, ele
criados para o sustento; a caça, sempre presente no sertão, traduzido
apresenta a formação da cozinha brasileira, com destaque para os
pelo peba ou tatu; por fim, os doces e as bebidas, presentes sobretudo
insumos nativos, como a mandioca, que ele denomina “a rainha do
nas festas, de casamento, de padroeira, com rapaduras e milhos,
Brasil”, de onde os índios fabricavam a tapioca e o beiju, além da
bolos e aluás, preparações de dias especiais, aqueles com a doçura
farinha, tão presente na mesa de todos os brasileiros até os dias
forte peculiar do nordeste açucareiro. Embora o propósito da autora
atuais. Juntamente com a mandioca, o milho (consumido na forma de
pareça ter sido escrever memórias de sua infância e família, ela acaba
mingau, assado, cozido e cauim, uma bebida fermentada) e uma
por fazer uma fotografia da culinária cearense sertaneja desde as
variedade de frutas silvestres (como a banana Pacova, conhecida
personagens dominantes do ambiente cozinha, seus utensílios e
como banana da terra) e de diferentes tipos de peixes, frutos do mar e
ritmos, até seus insumos, influenciados pelo clima quente e seco,
caças se destacam na culinária nativa. Cascudo nos apresenta ainda a
pela caatinga, pela escassez, porém, abundante e farta no total
forma simples que os índios conservavam e preparavam seus
aproveitamento destes, na inventividade do uso do milho ou nos
alimentos, utilizando o moquém e o aferventado. Não conheciam sal,
inúmeros preparos do carneiro, por exemplo. Nas entrelinhas de suas
nem açúcar, nem a fritura, hábitos de consumo introduzidos somente
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06426 - A Cozinha Gaúcha: um resgate dos sabores e saberes da Gastronomia do Rio Grande
do Sul
Autores: Isabel Machado; Tainá Zaneti; Lorena Cândido Fleury; Valdeni Zani; Caio Dorigon; Gabriela Pereira;
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de uma vez, provando assim que não existe uma hegemonia quando se trata principalmente na cultura de pimentas e morango. Quando a cidade se
desse assunto. emancipou, a gestão municipal à época verificou a necessidade de criar uma
Charqueadas -Com relação a cidade de Charqueadas, a mesma mostrou-se marca turística para a cidade, no intuito de incentivar o turismo e novos
um tanto heterogênea com relação a gastronomia. Apesar do churrasco ser mercados para o município. Assim, foi incorporado a cidade o título de
citado em todas as entrevistas, nenhuma outra receita foi repetida entre os “capital nacional da pimenta”, o que impulsionou uma série de atividades
entrevistados. T alvez esse fato se deva a forte presença de imigrantes para consolidar o título.
libaneses, uruguaios e afrodescendentes na região, como apontado pelos Apesar destes dois produtos serem destacados como principais peças
próprios entrevistados. Além disso a cidade abriga dois assentamentos para a construção da identidade da cidade, estes ingredientes não foram
da Reforma Agrária em seu território. Apesar da cidade ter uma forte indicados como parte dos hábitos alimentares dos entrevistados, que
ligação histórica com as charqueadas, denominação do lugar onde se destacam o churrasco e a salada de batata seca como os principais preparos
produzia a carne de charque, o charque não foi citado em nenhuma da cidade. Apesar de não ter havido nenhum destaque para um prato
entrevista como um produto ou preparo típico da cidade. tradicional, foi consenso entre os entrevistados o antigo uso da salm oura
Piratini - A cidade de Piratini é um município de relevância histórica e para temperar a carne do churrasco, que era executada na noite anterior ao
política para o estado do Rio Grande do Sul, uma vez que foi capital do assado da carne. Os entrevistados afirmaram, porém, que em razão da busca
estado e centro da Revolução Farroupilha. Dentre as principais etnias que por praticidade e pelo fato da carne atualmente ser conservada na geladeira,
compõe a população atual da cidade destacam-se a portuguesa, a espanhola, essa prática não é mais utilizada.
a africana, a italiana e a alemã. Alguns entrevistados se intitularam como da Porto Alegre - Na cidade de Porto Alegre foram realizadas entrevistas com
etnia gaúcha, afirmando ser uma mistura de indígenas, africanos e europeus. atores chave de etnias diferentes englobando as etnias Portuguesa, Italiana,
Apesar de atualmente o carreteiro de charque ser apontado como o prato Judia, Alemã, Polonesa, Libanesa e ainda a região das ilhas e a região rural
típico da cidade, os entrevistados afirmam que não há mais produção que caracterizam a capital gaúcha. Com relação a gastronomia polonesa
expressiva de charque na cidade e o mesmo é comprado em sua forma entrevistou-se a dona de um restaurante polonês aonde a mesma cita que as
industrializada nos supermercados da cidade. receitas mais emblemáticas de sua família não sofreram alterações apenas
Os pratos de descendência africana citados foram a canjiquinha de que antigamente eram feitas para alimentar a família e h oje são feitas
milho com costelinha de porco porém que considera como prato típico da comercialmente. Diferentemente a entrevistada de origem portuguesa e
cidade o churrasco e o carreteiro de charque feito na panela de ferro. Pouco dona de um restaurante português fala sobre as alterações sofridas nas
destaque foi dado aos doces, mas foi consenso entre os entrevistados que as receitas de família.
sobremesas da cidade tem herança portuguesa, dando destaque para a Já outro entrevistado de etnia Italiana/Portuguesa/
ambrosia, o pudim de leite e os doces de frutas e de abóbora feitos nos Suíça/Africana/Alemã que gerencia o restaurante fundado por seu pai onde
tachos de cobre pelas mulheres. Em relação às ações de preservação e a predominância e preferencia pelos pratos italianos e portugueses eram
valorização das receitas tradicionais, os entrevistados comentaram que além frequentes, foi dando espaço ao churrasco e grelhados, como maneira de
de alguns poucos restaurantes que fazem comidas tradicionais, sobreviver comercialmente. Na região das ilhas, o entrevistado local, que é
principalmente aos domingos, não está sendo feito nenhum tipo de ação líder da associação dos pescadores, se identificou o peixe na taquara como
para a preservação dessas receitas. prato representativo seu e do local, bem como o espetinho de peixe. O
Rio Grande - As entrevistas com atores-chaves do município de Rio mesmo citou que várias mudanças ocorreram principalmente em função da
Grande mostraram que o processo de construção dos saberes constituem poluição das águas que alterou principalmente o tipo de peixe pescado.
uma parte da história gastronômica da cidade, marcada pela forte influência T odos os entrevistados de Porto Alegre acham importante a preservação das
portuguesa. Observou-se a preservação de técnicas de preparo como no caso receitas, mas a maior parte guarda apenas “na cabeça”, enquanto alguns
do peixe na taquara e na produção da cachaça Jurupiga feitas de maneira preservam sob a forma escrita em um caderno ou livro.
artesanal, mantendo as tradições ensinadas pelas gerações passadas. Por
outro lado, pode-se verificar o oposto, como no caso do restaurante da 4. O MO SAICO GASTRO NÔ MICO GAÚCHO : ALGUMAS
pesquisa, cujo proprietário está sempre atento as novidades na elaboração CO NSIDERAÇÕ ES FINAIS SO BRE A GASTRO NO MIA RIO -
dos pratos como a utilização de forno combinado, tecnologia moderna de GRANDENSE
cocção, mostrando que a cidade convive com estas duas realidades; a
tradição e a modernidade. A partir das entrevistas infere-se que, em meio ao processo de globalização
Pe lotas - Já a cidade de Pelotas, mostrou-se, uma cidade composta por um e consumo cotidiano de produtos processados, muitas receitas, técnicas e
mosaico de culturas que construíram uma identidade multifacet ada. pratos tradicionais foram se modificando ao longo do tempo pela busca de
Verificou-se uma expressiva porcentagem de libaneses e japoneses, praticidade e pela dificuldade de adquirir os ingredientes típicos,
pomeranos, portugueses e afrodescendentes. Em alguns casos, percebeu- principalmente no meio urbano, onde se nota uma desconexão na relação
se um esforço para a preservação da identidade étnica, cultural e alimentar produtor-ingrediente-consumidor. No entanto, essas tradições mantêm-se
como no caso da entrevistada pomerana em seu restaurante local. Em vivas nos núcleos familiares e nas comunidades, preparadas principalmente
contrapartida, os chamados doces de Pelotas, inicialmente de origem aos domingos e dias de festa, manifestando, assim, as tradições que
tradicionalmente portuguesa, hoje agregam ingredientes modernos, compõem a identidade dos grupos.
industrializados e de diferentes nacionalidades, apesar de ainda encontrar-se
locais que mant ém a maneira tradicional de preparo. Como cidade Referências Bibliográficas:
emancipada de Pelotas, cita-se T uruçu que será referida abaixo. MARQUES, L. A. B; CAMPOS, S. Um pouco da história da culinária do
Turuçu - T uruçu é um município que se emancipou de Pelotas há 20 anos, Rio Grande do Sul . disponível em:
estando em fase de construção de sua história e cultura, como afirmam os http://www.mtg.org.br/gastronomia.html - Por Lílian Argentina Braga
entrevistados. As principais etnias encontradas na cidade são a pomeranas, a Marques e Sônia Campos – Folcloristas. Acesso em 12 de dezembro de
alemã, a italiana, a africana e a portuguesa. Apesar da recente emancipação, 2013.
a região tem tradição na produção de pequena produção rural,
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transição tecnológica que vemos hoje, na qual, o engenho é acionado A concorrência desleal do custo de produção artesanal em relação ao
através de um motor elétrico houve um período, em que esse sistema industrial prejudica o produtor de pequeno porte, pois ele não tem
de moagem era movido a motor a diesel. condições de venda do produto final com um preço competitivo,
A despeito da visão romântica da produção artesanal da rapadura ressaltando que o mesmo não possui nenhum tipo de incentivo
como uma iguaria que agrega tanto valor econômico quanto cultural socioeconômico que favoreça sua atividade. O poder financeiro da
existe uma precarização histórica das condições de trabalho, pois a indústria impulsiona um marketing agressivo e persuasivo vendendo
jornada além de exaustiva é subvalorizada chamando atenção para as a ideia do consumo desregrado de alimentos que geralmente são
condições de trabalho que as pessoais envolvidas na produção ainda pobres nutricionalmente, dando ênfase ao consumo desses produtos
enfrentam nos dias atuais. A jornada dos funcionários da fábrica alimentícios através da mídia com a finalidade de chegar mais
inicia por volta das quatro horas da manhã e termina próximo do consumidor, alimentos esses que de certa forma são
aproximadamente ás 15h30 podendo ultrapassar e conforme relatos, usados como substitutos do consumo da rapadura. A T radição
a faixa da diária paga por trabalhador varia entre 30 e 40 reias. No cultural e a industrialização de alimentos distancia a relação do
ambiente de trabalho, os funcionários são expostos a situações de homem com a natureza através de uma relação de exploração
insalubridade pelas altas temperaturas da fornalha, perigo desenfreada com o meio ambiente pelo uso da tecnologia que traz
relacionado ao processo de moagem com a colocação da cana malefícios a saúde ambiental e humana.
manualmente nas moendas do engenho, bem como a falta de Já o produtor da rapadura não conta com esses artifícios persuasivos
equipamento de proteção individual (EPI). e sua venda fica esquecida e desvalorizada até mesmo no município
ou região em que é produzida. Até os dias atuais podemos perceber
Processos e técnicas de produção que o processo produtivo da rapadura na região é feita com métodos
e técnicas rudimentares. A introdução de inovações tecnológicas na
Na primeira etapa da produção, a cana madura é colhida geralmente produção não se mostraram suficientes para contribuir com a
um ano após seu plantio, em seguida é cortada um dia antes da melhoria da produção nem diversificação do produto final.
produção e levada para o engenho no carro de boi, prática tradicional Um ponto importante na fabricação do produto, é que há uma
ainda mantida nos engenhos visitados que adotam uma melhor valorização e remuneração maior da mão de obra do servente, pois,
relação custo-benefício. Na segunda etapa acontece a moagem da se trata de um ofício que requer uma maior especialização diferindo-
cana para obter a garapa que segue para o tacho de recebimento por se apenas do trabalho braçal. A expertise técnica que caracteriza essa
meio de um cano de PVC. Os seis tachos são constituídos de cobre e valorização se dá por meio da transmissão cultural entre gerações,
ficam sobre as bocas da fornalha que o tempo inteiro é alimentada sendo, portanto, traço do patrimônio histórico da produção de
pelo foguista, se utilizando do bagaço da cana já seco. Seguindo no rapadura no campo do estudo. Nesse sentido, uma percepção
processo de fervura no qual o trabalhador responsável pelo preparo econômica direta que se vê da produção da rapadura é a
do mel, chamado de servente, acrescenta a golda da mutamba empregabilidade gerada no meio rural, na qual muitas famílias são
(composto obtido através da casca da planta batida e misturada com envolvidas em toda a cadeia do processo, notadamente sendo um
água) para retirar os det ritos sólidos. Logo em seguida, acontece a ofício de relevância não apenas econômica, mas também cultural,
adição de outros ingredientes como a cal com a finalidade de repassando para gerações futuras, dando continuidade tanto ao
engrossar o mel, baixar a fervura e fazer a rapadura endurecer; o consumo do alimento como a produção.
azeite da mamona auxilia na obtenção da consistência necessária para
o mel virar rapadura, acrescenta-se o hidrossulfito de sódio REFERENCIAS
(branquite), produto químico usado para clarear o mel. Com a
passadeira o servente transfere o mel para os outros tachos da 1. PÓVOAS; LENINE, C; O Ciclo Do Açúcar E uma Politica de
fornalha até apurar, mexendo o mel com uma espátula sem parar, até Mato Grosso: Homenagem Do Instituto Histórico e Geográfico de
chegar ao ponto ideal. Mato Grosso Pelos 50 Anos De Efetiva Produção Intelectual E
Na terceira etapa o mel já apurado vai para a gamela, que é um cocho Colaboração junto a Instituição (1950-2000) 2a ed.Cuiabá: IHGMT
de madeira, no qual o mel é mexido e espalhado pelas bordas da de 2000.p 81.
mesma, esfriando até ficar em uma consistência pastosa, a partir daí, 2. MOT A, D. M.; PORTO, E. A. S.; COST A, J. A.; FRANÇA, R. F.
o banqueiro usa um instrumento chamado palheta para fazer a S.; CERRONI, M. P; NÓBREGA, A. A. et al . Intoxicação por
moldagem nas formas. Logo após as rapaduras serem enformadas, exposição à rapadura em três municípios do Rio Grande do Norte,
são colocadas sobrepostas em um balcão para esfriar e proceder com Brasil: uma investigação de epidemiologia de campo. Saude Soc. 20,
a embalagem e armazenamento do produto. O peso de cada rapadura 797-810, 2011.
produzida varia entre 250 a 500 gramas de acordo com a encomenda, 3. VOLPAT O, L. R. R; Cativos do sertão: Vida cotidiana e
influenciando no total de unidades por fardos, pois geralmente cada escravidão em Cuiabá em 1850/1888. São Paulo: Marco Zero; Mato
fardo pesa 12,5kg. Grosso: UFMT , 1993.
4. JAMBEIRO, M. B. Engenhos de rapadura: racionalidade do
Comercialização tradicional numa sociedade em desenvolvimento. São Paulo: USP,
Instituto de Estudos Brasileiros, 1973. 193 p
No período chuvoso, o custo de produção da rapadura aumenta e 5. CASCUDO, L. C. Sociologia do açúcar: pesquisa e dedução. 5.
muitos engenhos deixam de produzir, porque o bagaço da cana não ed. Rio de Janeiro: Edições UFPE,1971. 121-132p
seca e eles precisam comprar lenha para usar como combustível 6. DOSSIÊ T ÉCNICO. Processamento da Rapadura. CDT /UnB,
aumentando assim o custo de produção. Agosto de 2007.
O transporte para comercialização era feito no lombo de animais 7. BRASIL. Resolução-nº 12, de 1978. Comissão Nacional de
entre as décadas de 40 e 60. Desde então, o escoamento da produção Normas e Padrões para Alimentos, cana de açúcar e rapaura. Diário
ficou mais prático com os meios de transporte automotivos Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 mar.
favorecendo a venda para locais mais distantes. Antigamente, vendia- 1978. Seção plenária, n. 410.
se a rapadura com mais facilidade pois existia uma demanda muito 8. SILVA, J. K. S; PRADO, S. D; CARVALHO, M. C. V;
maior hoje em dia, o consumo reduziu drasticamente e a produção só ORNELAS, T . F. S; OLIVEIRA, P. F. Alimentação e cultura como
é feita por encomenda. Só recentemente a rapadura passou a ser campo científico no Brasil. Physis Revista de Saúde Cole tiva,
comercializada também na CEASA da cidade de T ianguá-CE. volume 20, número 2, 2010.
9. CANESQUI, A. M.; GARCIA, R. W. D (Org.). Antropologia e
CO NCLUSÕ ES Nutrição: um diálogo possível. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ,
2005.
A diminuição do consumo dessa iguaria e sua identificação cultural 10. CANESQUI, A. M. Pesquisas qualitativas em Nutrição e
com o processo produtivo vêm sofrendo nos últimos anos a Alimentação. Rev. Nutr. , Campinas, v. 22, n. 1, p. 125-139,
influência da industrialização de alimentos e ao êxodo rural que fevereiro de 2009.
naturalmente vem transformando a concentração demográfica dos 11. HOLLOWAY, I.; WHEELER, S. Qualitative research for nurses.
municípios pólos de produção. Great Britain: Blackwell Science, 1996.
12. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
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Gastronomia: da tradição à inovação
Antonio Walter Ribeiro de Barros Junior¹ , Bruno Giglioli², Regina Apparecida Silva de Oliveira³
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Gastronomia: da tradição à inovação
alimentação. Utilizou-se o banco de dados SCIELO, do qual dos traços tradicionais da culinária caipira e costumes que
se analisou diversos artigos científicos relacionados ao tema. estão ligados diretamente ao cotidiano da comunidade, tendo
Em um segundo momento do desenvolvimento desta como principal característica o desenvolvimento do turismo
pesquisa, realizar-se-á um estudo de campo, para o qual os gastronômico no local. Essa conclusão do trabalho será
pesquisadores já estabeleceram contato e iniciaram possível através dos depoimentos orais que serão colhidos
entrevistas para chegar a depoimentos orais com alguns com os moradores do antigo bairro.
moradores do município Pouso Alegre de Baixo com o
intuito de caracterizar as mudanças ocorridas nas formas de REFERÊNCIAS:
alimentação e cultivo de alimentos da comunidade e de como
isso auxiliou no desenvolvimento de restaurantes e pousadas
que resgatam a cultura e buscam manter a tradição culinária (1) CÂNDIDO, A. Os parceiros do Rio Bonito. 2001 – 9ª edição,
caipira na alimentação. Editora 34, São Paulo.
(2) RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro. São Paulo: Cia das Letras,
RESULTADOS 2002.
(3) MARIANO, N. F. Fogão de Lenha, Chapéu de Palha. Jauenses
Herdeiros da Rusticidade no Processo de Modernização .
Como produção de trabalhos do Grupo de Pesquisa
Dissertação de Mestrado, Depto. Geografia/USP. São Paulo, 2002.
Tecnologias, Estudo Dirigido e Educação da Universidade
(4) POULAIN, J.P.; PROENÇA, R. P. C. Espaço Social Alimentar:
do Sagrado Coração, este artigo apresenta e discute os auxiliando na compreensão dos modelos alimentares. Nutrição em
resultados parciais de uma pesquisa que busca caracterizar, Pauta. Edição Setembro/Outubro 2004, p.1-5. Encontrado em <
através da gastronomia, o significado das manifestações http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415 -
culturais da cultura caipira no Bairro Pouso Alegre de Baixo, 52732003000300002 > Acessado em: 01 de setembro de 2015.
a 50 km de Bauru (no M unicípio de Jaú-SP). Neste sentido, (5) POULAIN, J.P. Sociologias da alimentação. T radução de
na primeira parte do projeto, foram analisadas as origens e os Rossana P.C.Proença, Carmen S. Rial e Jaimir Conte. Florianópolis:
valores singulares expressos na culinária deste sertanejo que Editora da UFSC, 2004. (Série Nutrição)
encontra na sinceridade, simplicidade e ingenuidade uma (6) CASCUDO, L.C.. História da Alimentação no Brasil. Segundo
forma de explicar e entender o mundo. Esta fundamentação Volume. Companhia Editora nacional, São Paulo, 1968, p. 4- 11.
bibliográfica contribuirá para a segunda fase do trabalho - a (7) SILVA, P.P. Farinha, feijão e carne-seca: um tripé culinário no
Brasil colonial. São Paulo; Editora Senac São Paulo, 2005.
pesquisa de campo a ser realizada no antigo bairro Pouso
Alegre de Baixo, a qual buscará caracterizar a preservação
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Gastronomia: da tradição à inovação
05920 - A Comida e outros conceitos no livro Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
Larissa Ribeiro Teixeira 1
1 Graduanda do Curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC)
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO Aníbal T orres era o nome de batismo do poeta, antes dele mudar o
nome para Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira. Poeta
T endo em vista que “a comida é, antes de tudo, um dos mais pernambucano da cidade de Palmares, Ascenso começou a vida na
importantes marcos de uma cultura, de uma civilização, de um poesia escrevendo sonetos parnasianos. Em 1911, durante sua
momento histórico, de um momento social” (1), o presente trabalho adolescência, ele desperta para a política, revela-se abolicionista e se
parte em busca de uma representação da Gastronomia de posiciona contra o governo militarista. Após o governo conquistar o
Pernambuco através dos dispositivos culturais, a exemplo da poder, Ascenso passa a ser perseguido e então ele ocupa o tempo
literatura. com leituras clássicas na Biblioteca do Clube Literário de Palmares.
Conforme poderão atestar todos os artistas, estudiosos, críticos e Ainda em 1911 tem seu primeiro soneto parnasiano, intitulado Flor
teóricos, sociólogos e antropólogos, não existe conceito mais Fenecida, no jornal “A Notícia” de Palmares. Com o desabrochar do
complexo e plurissignificativo do que aquele de cultura –até por ele sentimento poético, Ascenso passa, então, a colaborar em jornais de
englobar toda e qualquer manifestação da ação humana, desde o mais Palmares e Recife, vivendo assim uma atividade literária intensa. Por
ínfimo gesto. Até porque tanto mais definições existirão quanto mais volta de 1917, o “Pro Pace”, soneto publicado no “Jornal do Recife”
áreas do pensamento humano emergirem declarando-se principais dedicado a Oliveira Lima estoura e lhe dá prestígio como poeta a
detentoras do direito de compreender a cultura: ou seja, todas elas. nível local. (6)
A comida passa a ser a própria expressão da cultura a partir do O poeta muda-se para Recife e mergulha na boemia e no meio
momento em que o ser humano não utiliza apenas o que é ofertado literário e artístico, convivendo com intelectuais como Osório Borba,
pela natureza e passa a modificar o alimento através de técnicas e das Joaquim Cardozo e Câmara Cascudo. Nesse período “os meios
escolhas culturais, tendo em vista que “a definição do gosto faz parte literários pernambucanos já estão vivendo os primeiros sinais de
do patrimônio cultural das sociedades humanas” (2). De acordo com renovação” (6), oriundo da explosão da Semana de Arte Moderna em
as interações sociais se constrói uma memória coletiva, que segundo São Paulo. Câmara Cascudo, que era um amigo e orientador
Renato Ortiz (1986) (3) deve estar necessariamente vinculado a um modernista do Ascenso, o aproxima de Mário de Andrade e Manuel
grupo social determinado. É nessa memória coletiva que mora a Bandeira. Injetado pelas ideias modernistas, Ascenso começa o
identidade cultural e em Pernambuco ela está estreitamente ligada à processo de transição do parnasianismo para o modernismo. Se antes
tradição e ao saber popular, tendo em vista que “este saber popular ele buscava a perfeição estética, a arte pela arte, o romantismo e a
não existe fora das pessoas, mas entre elas” (3). Apesar desses arte elitista típica da Escola Parnasiana, agora ele passa a buscar o
fatores, a identidade possui agentes mediadores que traduzem toda a popular, sonoridades mais simples, vocabulários locais, postura
carga simbólica-imagética da cultura entre o particular e o universal, crítica, versos livres e publica em 1924 no Jornal do Commercio o
aproximando as ideias coletivas que formam a cadeia da identidade poema “Salomé”, considerado sua primeira produção modernista.
cultural. A fixação pela nova estética de caráter popular, com carga de
A partir do momento que a comida define uma identidade, ela brasilidade, bradando “versos novos, cheirando a mato e a
partilha papéis sociais, que segundo Raul Lody (2004) (4) unirá brasilidade” (6) ocorre de maneira massiva, onde de acordo com
memória, desejo, fome, ritualidades, comunicação, significados, Albuquerque Junior (2009) (7) na década de vinte do novecentos, a
valores culturais, visto que a comida será a tradutora universal no imprensa, focada em reconhecer o país, fez com que os relatos
sentido de pertencimento, pois a cultura da sociedade “nasce colhidos dessem origem a uma tradição. Com isto, foi desenvolvido
primordialmente no falar um idioma e de incluir receitas, pratos e um novo regionalismo que refletia nas formas de percepção e
criar hábitos cotidianos da comida” (4). A prática alimentar é a representação do espaço, que será sempre acompanhado por um
construção e a manutenção da identidade social, é cultura. Segundo discurso em busca da manifestação da consciência nacional, através
Bourdieu (2007) (5), as estruturas que determinado meio cultural cria da conquista da consciência regional. Discurso este que “ não é
é que determinaria as formas de convivência. E essas medidas de apenas um discurso ideológico, [...] não mascara a verdade da região,
socialização é que serão capazes de desenvolver instrumentos ele a institui” (7). T ambém segundo o mesmo autor, o Nordeste
culturais como, por exemplo, uma linguagem própria. Com isto, o adquire um discurso dotado de sensibilidades e produções imagético-
campo literário da gastronomia vai auxiliar a compreensão e o estudo discursiva que sedimentam e dificultam outras produções discurso-
do campo comportamental e sociocultural frente ao alimento, onde configurativas da região, por haver sido encalcado como verdades
haverá uma interiorização de um valor cultural nas relações. É na absolutas. A construção de uma identidade do Nordeste busca uma
mesa que essas relações se estreitam, se divergem, se mesclam. essência focada na cultura e tradição regional. T emos assim
O foco ‘gastronomia x literatura’ tem sido bastante explorado. Nota- “determinadas práticas diferenciadoras dos diversos espaços trazidas
se toda a repercussão através de eventos literários de grande porte à luz, para dar materialidade a cada região” (7) que, em um mundo
que estão cada vez mais incluindo a gastronomia na programação no globalizado, onde há a perda da memória histórica em virtude da
Estado de Pernambuco, como a Bienal Internacional do livro de quantidade de informações e novidades, é fundamental o resgate do
Pernambuco e a FLIPORT O (Festa Literária Internacional de passado sobre a qual se baseia a nossa identidade e a nossa
Pernambuco). possibilidade de futuro. Segundo Albuquerque Junior (2009) (7) a
O objetivo desse trabalho foi estudar os poemas do poeta Ascenso busca dessas raízes regionais vai se aliar à memória para erguer a
Ferreira que retratavam a cultura alimentar pernambucana, ganhando construção do Nordeste, feita por diversos artistas de diferentes
uma nova fonte documental com registros do cotidiano, capazes de áreas, almejando-se a luta contra a finitude, visto que “a tradição
complementar o estudo da História da Alimentação nordestina. O uso procura paralisar a história, invocando a memória coletiva” (8)
dessas novas fontes deve-se à História Cultural, que permite a adiando o falecimento.
ampliação de fontes historiográficas. Com a grande fama de bom comedor e bebedor, Ascenso se
folclorizou nesse e demais aspectos.
MATERIAL E MÉTO DO S “Ascenso comia muito e de tudo, mas preferia mesmo as comidas
A proposta do presente estudo foi trabalhar conceitos que regionais. [...] Comia ruidosamente, com o corpo e com a alma,
abordassem a comida como cultura e identidade através da expressão numa espécie de ritual amoroso. Comia a qualquer hora, fosse qual
do cotidiano alimentar pelo prisma da literatura, com foco em fosse o pretexto. [...] gostava mesmo era de comida rica em molhos e
Ascenso Ferreira. Através da análise dos livros Catimbó, Cana graxas. Comia doce que nem meninos, lambuzando-se. [...] Não
Caiana e Xenhenhém, com suporte da biografia do poeta, avaliou-se enjeitava comida, não rejeitava convite. Mesmo depois de almoçado,
a representação das comidas típicas/culturais na literatura do escritor almoçava de novo, se o convidassem.” (6)
pernambucano. Foi realizado um trabalho quali-quantitativo de Em vista disso, a alimentação não passará despercebida na poesia de
natureza descritiva com pesquisas que esquadrinharam desde o Ascenso Ferreira, alcançando uma representatividade de inúmeras
conceito de cultura à vida e obra de Ascenso Ferreira. comidas regionais em seus poemas, permitindo, assim, análises da
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
Palavras chave: comércio de alimentos, tradição alimentar, identidades regionais, saber culinário
INTRO DUÇÃO realização deste levantamento, foram feitas visitas a uma praça
situada no bairro do Rio Vermelho.
No mundo inteiro, as cozinhas de rua constituem-se como principal Ao longo das observações, não houve interação direta com os
setor no comércio de refeições. Este é um tipo de costume muito ambulantes e consumidores. Foram sendo feitos fichamentos:
antigo, apesar do seu incremento, sobretudo, a partir de meados do enumerando-se os alimentos tradicionais comercializados pelos
século XIX. É incontestável a sua importância na construção do ambulantes, as principais matérias-primas utilizadas na sua produção
conhecimento sobre os conceitos relacionados a alimento, comida e à e sua forma de preparo.
tradição alimentar. Esta observação ocorreu no período de agosto a outubro de 2014,
Segundo o antropólogo Roberto DaMatta (2): "[...] o alimento é algo entre 18 e 21 horas, de segunda a sexta-feira. As anotações feitas nos
neutro, a comida é um alimento que se torna familiar e, por isso fichamentos objetivaram a identificação de produtos considerados
mesmo, definidor de caráter, de identidade social, de coletividade”. tradicionais na cultura soteropolitana.
Zuin (8) considera sinônimo de produtos tradicionais os produtos Os dados coletados foram organizados em quadros para uma
com história; por ser produto construído e recriado através da visualização global e análise. Assim, enumeraram-se os alimentos
tradição familiar que reúne um encontro entre saber e experiência, encontrados no ambiente pesquisado e sua descrição.
onde a cozinha é um símbolo de memória e também de identidade.
No Brasil em cada região, os hábitos alimentares são próprios, mas RESULTADO S E DISCUSSÃO
também pratos emblemáticos que servem como marcadores de
identidades regionais. Assim, alguns pratos costumam estar mais No período pesquisado, foram encontrados 11 alimentos tradicionais
intimamente associados as suas regiões de origem e seus habitantes, no comércio de uma importante praça do bairro do Rio Vermelho.
como: o acarajé e o vatapá na Bahia, o arroz com pequi goiano, o Na T abela 1, são elencadas as comidas tradicionais encontradas no
tutu e o pão de queijo mineiro, o tucupi e o tacacá do Norte, ou o local e sua descrição básica.
churrasco gaúcho. Na Bahia, já é considerado patrimônio
imaterial pe lo IPAC, no Livro do Registro Especial dos Saberes e Tabela 1: Listagem e descrição dos alimentos tradicionais
Modos de Fazer, o Oficio das Baianas do Acarajé. Este registro comercializados na praça do bairro do Rio Vermelho, Salvador, BA
ge ra a identificação e produção de conhecimento sobre o bem (2014)
cultural: como a transmissão do saber culinário e suas recriações e de
que maneira essas “tarefas cotidianas geram ritos, códigos, Alimento Descrição
gestualidades, hábitos e costumes herdados que atuam como um fator Abará Bolinho de feijão-fradinho, cozido no vapor
de prestígio e reconhecimento social”, Silva (5). envolto em folha bananeira
Conforme Pertile (3), na classificação da FAO (1998) comida de rua Acarajé Bolinho de feijão-fradinho frito no azeite de
seria o “ conjunto de alimentos e bebidas prontos para consumo, dendê
preparados ou vendidos por vendedores ambulantes, especialmente, Amendoim cozido Amendoim cozido com casca
nas ruas e/ou lugares públicos”.O comércio de alimentos nas ruas da Beiju T ipo de bolo feito da goma da mandioca,
cidade do Salvador é uma prática antiga, reportando-se ao período da assado em chapa quente
escravidão, conforme Soares (6) negras de tabuleiro e vendedoras de Bolinho de estudante Bolinho preparado à base de tapioca e coco
angu garantiam a circulação de mercadorias no dia a dia urbano. seco, e frito por imersão
Alem de circularem com tabuleiros, gamelas e cestas habilmente Castanha de Caju Fruto do cajueiro torrado
equilibradas sobre as cabeças, as ganhadeiras ocupavam ruas e Cocada Doce cujos ingredientes básicos são açúcar
praças da cidade [...] onde vendiam de quase tudo. e coco seco
Atualmente, além dos alimentos tradicionais da cultura Doce T amarindo Doce cujos ingredientes básicos são açúcar
soteropolitana, o segmento agregou ao seu cardápio uma diversidade e fruto tamarindo
alimentar, proveniente de outras regiões brasileiras ou mesmo de Passarinha Baço do boi, frito em azeite de dendê
outros países. Segundo Santos (4), apesar da comida de rua fazer Queijo Coalho Queijo típico do Nordeste assado na chapa
parte do cotidiano de Salvador, sendo seu comércio exibido em suas ou fogareiro
ruas, becos e avenidas, com uma gama de opções gastronômicas - Vatapá Creme cozido, cujo ingrediente básico é
desde os tradicionais bolinhos de acarajé até os pacotes de farinha de pão ou de trigo
salgadinhos industrializados, a atividade se configura como uma
temática ainda pouco explorada, visto que poucos estudos têm sido
desenvolvidos. Durante a observação para este estudo verificou-se que a massa de
O objetivo principal deste trabalho foi verificar quais alimentos acarajé e abará utilizada em um dos tabuleiros do local pesquisado
tradicionais são comercializados em uma praça da cidade de vem acondicionada em pequeno caminhão baú (possivelmente um
Salvador, BA. É, portanto, um importante registro da alimentação bem da empresa) e é entregue no ponto de venda entre 15h30min às
cotidiana da cidade e sua relação com a tradição alimentar local. 16h durante a semana em enormes panelas. Os abarás já vem cozidos
e ficam guardados em caldeirões onde se mantêm aquecidos. No
MATERIAL E MÉTO DO S tabuleiro da outra baiana há a venda somente do acarajé. O acarajé
vendido nestes tabuleiros é frito na hora, diante dos clientes, servido
T rata-se de um estudo de caso de caráter qualitativo. Para Yin (7), envolto em papel, comido com as mãos, dispensando o uso de
estudo de caso é uma investigação empírica no qual podem ser talheres. Não se sabe quantos quitutes são vendidos diariamente, mas
utilizadas diversas técnicas, como por exemplo, a análise documental segundo Borges (1), a então vice-presidente da ABAM (Associação
e a observação. das Baianas de Acarajé da Bahia ) , Rita Santos: a estimativa foi que
A sistemática utilizada durante a construção desta pesquisa partiu em 2005 os quatro maiores quituteiros da Bahia (Cira, Dinha Regina
primeiramente de uma leitura exploratória sobre a cultura alimentar e Gregório) vendiam cerca de dez mil unidades de acarajés por dia.
da cidade de Salvador, BA e seus alimentos tradicionais. Após a
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Gastronomia: da tradição à inovação
As cocadas, doce de tamarindo, os bolinhos de estudante e isso, não podemos deixar de citar a feira por representar um
passarinha comercializados no tabuleiro de uma das baianas, já vem importante espaço de ocupação da mão de obra local e representa-se
prontas para consumo, encontram-se disposta dentro de uma vasilha também, como mediador entre a produção dos principais ingredientes
de plástico transparente sobre um balcão da barraca da baiana ou que fazem parte da culinária baiana. Lá se encontram, em meio a
dentro do tabuleiro de vidro. outros produtos, as diferentes variedades de feijão – entre elas o
No Largo, verifica-se também a comercialização de beiju de tapioca : feijão-fradinho e o azeite de dendê, bases do acarajé e do abará.
a comerciante vende a iguaria numa barraca onde sobre a mesa
ficam acondicionados a goma e os ingredientes do recheio, tem -se CO NCLUSÕ ES
uma chapa a gás onde se assa a tapioca. Foi observado que existe um
cardápio com mais de 20 recheios diferentes com opções entre A pesquisa permite, inicialmente, validar as abordagens teóricas
recheios salgados e doces. É servida num saco de papel apropriado. sobre “ pensar” os ingredientes não apenas como coisas biológicas,
Existe também outra barraca que vende a tapioca recheada em mas também, as suas significações culturais que dizem respeito aos
diversos sabores. T ambém, são dois ambulantes que vendem a usos passados e presentes, as várias técnicas de produção e a
iguaria Queijo coalho, um deles possui um forno elétrico onde os formação do gosto.
queijos são assados de acordo com solicitação do consumidor. O resultado encontrado demonstra que o cardápio observado num
Servido em pratos plásticos com melaço, podendo -se optar por largo bastante conhecido no bairro do Rio Vermelho na cidade de
queijo de vaca ou de cabra. Foi observado outro vendedor utilizando Salvador, BA é composto, principalmente, por alimentos
o fogareiro tradicional para assar o queijo, que é servido em palito de tradicionais, por respeitarem uma receita tradicional ou ainda, por
bambu. serem produzidos por métodos tradicionais.
Já o amendoim é acondicionado em grande cesto e carregado pelo Isto pode ser observado tanto nas referências teóricas, quanto na
vendedor que circula pelo ambiente. Assim como a castanha de caju prática cotidiana da produção. Vê-se que além do conhecimento
que é acondicionada em grandes sacos, podendo optar-se por doce ou especializado desde a escolha da matéria–prima, na seleção dos
salgada. Ambos os produtos são vendidos a granel. fornecedores, de saber o ponto certo do tempero, da batida da massa,
O processo de produção de alimentos tradicionais vendidos neste do óleo para fritura, passando pelo sabor, cor, textura, cheiro; todo
largo, requer competências particulares e revelam os saberes da esse processo ainda exige disposição, paciência e muito esforço
comunidade local. Daí a importância de buscar compreender como físico. São as competências particulares desses atores que revelam,
tarefas cotidianas, como a venda e consumo da comida de rua, preservam e transmitem os saberes culinários desses alimentos
podem gerar hábitos, criar, recriar, transmitir e preservar uma parte tradicionais. Percebe-se, por fim, que apesar da mudança dos
da nossa história local através do saber culinário.Nesta pesquisa padrões alimentares dos dias atuais, o bairro ainda preserva a
pode-se perceber como esse comércio, ainda que de forma tradição alimentar da cidade.
inconsciente, valoriza elementos culturais pelo uso matérias-primas
locais, como também emprega na sua maioria mão de obra familiar. REFERÊNCIAS
Na tabela 2, são descritas a média de mão de obra (no local) por
produtos oferecidos. Dentre os graus de parentesco citados, 1. BORGES, F. M. Acarajé: Tradição e Modernidade .
encontramos: filhos, mãe e irmãos, esposas e companheiros. Essas Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade
pessoas participam de alguma etapa do processo de produção dos de Filosofia e Ciências Humanas, 2008.
produtos para a comercialização, desenvolvendo funções variadas: 2. DAMAT T A, R. Notas Sobre el Simbolismo de la Comida en
desde lavar e catar feijão e camarão, ir à feira, preparar os Brasil” in rev, "América Indígena"; vol. XLVIII, n.3, julio-
acompanhamentos, lavar as panelas, transportar os produtos, limpeza septiembre de 1988.
do local em alguns casos as vendas. 3. PERT ILE, K. Comida de rua: relações históricas e conceituais.
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Tabe la 2: Número absoluto de barracas e trabalhadores por tipo de 9061. Disponível em : http://usc.br/revistarosadosventos/ Acesso em
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Percebe-se que a constituição de uma cozinha típica vai assim mais extensão rural. Ed. Aparecida: Ideias & Letras, 2008. V. 1. 224 p.
longe que uma lista de pratos que remetem ao “pitoresco”, mas
implica no sentido destas práticas associadas ao pertencimento, por
66
Gastronomia: da tradição à inovação
67
Gastronomia: da tradição à inovação
Doce de abóbora 2 (5,26%) Com coco; como recheio de bolo Quanto ao uso de insumos nacionais em receitas clássicas não
com mousse de coco. brasileiras, foram identificados um petit gâteau com calda de
Manjar de coco 4 (10,53%) Com calda de ameixa; com calda
maracujá e sorvete de manga, financeiros brasileiros de banana ouro
de goiaba; sorvete. com castanha-do-pará; Bolo rocambole, no qual foram agregados
Mingau de milho 1 (2,63%) Tradicional
elementos internacionais (dacquoise de amêndoas, mascarpone e
creme de baunilha) à goiabada cascão e faz referência ao bolo de
Paçoca 6 (15,79%) Como ingrediente em cupcake, rolo; cheesecake com calda de maracujá ; o petit verre, com mousse
creme de colher, brigadeiro, de castanha-do-pará e geleia de cupuaçu; um sorbet de manga com
milkshake, bolo e bolo de pote. gengibre e calda de jabuticaba; um bombom com geleia de Cambuí;
Pamonha 1 (2,63%) De forno. uma cuca de goiabada; um bolo cookie de castanha-do-pará com
amoras; a incrementação do mungunzá com a tuile francesa; sugestão
Pão de coco 1 (2,63%) Tradicional. de cumaru e coco como recheio para macarons; um picolé de caju
Pé de moça 2 (5,26%)
com gengibre; uma receita de cupcake de açaí com buttercream de
Tradicional.
açaí; um sorvete de acerola; um pudim de açaí, além de uma
Pé de moleque 4 (10,53%) Tradicional; de chocolate; como
postagem informar sobre um doce similar ao chocolate, feito com
crocante para trufas. amêndoas de cupuaçu, produzido por empresa brasileira do sul da
Pudim de leite 7 (18,42%) Bolo pudim; de chocolate; com
Bahia.
leite em pó; sem leite O uso de frutas brasileiras ou já adequadas ao solo e à cultura
condensado
condensado. brasileira, como a manga, o coco e a banana, é a principal
Pudim de mandioca 2 (5,26%) Tradicional e com abacaxi. característica nas releituras brasileiras de receitas clássicas
encontradas nos blogs, com o uso mais notório daquelas oriundas da
Pudim de tapioca 3 (7,89%) Tradicional; com calda de frutas região amazônica, como o cupuaçu e o açaí, além de outros produtos
vermelhas. dessa região como a castanha-do-pará e a cumaru. O diálogo entre a
Q ueijadinha 1(2,63%) Tradicional; cup cake. cozinha e a academia permeia o atual momento da gastronomia na
intenção de suprimir lacunas de conhecimento e interesses. Nesse
Q uindim 4 (10,53%) Tradicional; com bolo de nozes; contexto a cozinha de ingredientes atrai as atenções na busca por
de doce de leite; de chocolate.
renovação das técnicas modernas. Assim, a grande variedade de
Romeu e Julieta 1(2,63%) P arfait.; brigadeiro. frutos e produtos da região amazônica, tendo em vista seu
distanciamento da cultura do restante do país, torna-se um prato
Fonte: Autora, 2016. cheio para experimentação, situando-se entre o exótico e o nacional
(próprio) (4).
Assim como o brigadeiro, o bem-casado é um doce que tem na festa
lugar de morada por tradição. Outro doce que, ainda que de forma CO NCLUSÕ ES
mais marginal, ocupa esse lugar de tradição é o bolo de noiva do
Pernambuco, citado por apenas um dos blogs, contudo, o produzido A Confeitaria e a Doçaria Brasileira apresentam ainda
por uma confeiteira pernambucana. Freyre em seu estudo cultural do relevância secundária nas abordagens de confeitaria nas mídias
açúcar, se refere ao bolo de noiva como instituição vivíssima, cujo o digitais, contudo, ganham espaço, ainda que incipiente, tanto em
consumo aumenta e se amplia da burguesia às outras classes pelo seu receitas como na introdução de seus ingredientes. Há ainda muito
aspecto cultural (5). trabalho a ser feito para que a própria população brasileira atribua
A paçoca, citada em seis blogs, apareceu em uma quantidade maior valorização à própria cultura gastronômica, sendo necessárias
significativa de publicações e merece destaque por ter sido iniciativas acadêmicas e midiáticas na divulgação de nossa cultura e
principalmente utilizada como ingrediente base para outras na valorização dessa no hábito do brasileiro.
produções. Apenas um blog apresentou uma receita de paçoca.
A mudança do significado dos nomes em diferentes regiões do
Brasil, é uma característica comum à paçoca, à canjica/ mungunzá e REFERÊNCIAS
ao pé de moleque. A paçoca tanto é o doce de amendoim pilado com 1. LODY, R. Doce Comida. In: REGO, A.J.S. Dicionário do doceiro
açúcar típico do Sudeste, como a carne de sol pilada com farinha de brasileiro. São Paulo, Editora: Senac São Paulo, 2010. 325p.
macaxeira, típica do nordeste brasileiro. O que se chama canjica no
Sul/ Sudeste do país, recebo no nordeste o nome de mungunzá, tanto 2. CAPOBIANCO, L. A revolução em Curso: Internet, Sociedade da
que Freyre, na catalogação do livro açúcar, descreve o mungunzá e a Informação e Cibercultura. Estudos em Comunicação, n. 7, vol. 2,
canjica nortista, destacando o parâmetro regional de identificação p. 175-193, São Paulo, 2010.
(5). O pé de moleque é descrito no Dicionário do Doceiro Brasileiro
como o doce típico das regiões sul e sudeste do país, feito à base de 3. RECUERO, R. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina,
2008.
amendoim com açúcar (7), já no 'Açúcar', ele aparece como o bolo
feito de puba, comum no Pernambuco e no Ceará (5). 4. DORIA, C.A. Formação da Culinária Brasileira: escritos sobre
Algo que se destaca e reforça o que a literatura coloca sobre a a cozinha inzoneira. São Paulo, Ed. T rês Estrelas, 1 a.ed., 2014.
mandioca enquanto base presente em todo o Brasil (8), é a frequência
desta raiz nas receitas levantadas, aparecendo obrigatoriamente em 5. FRYRE, G. Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de
cinco delas: bolo de grude; bolo de mandioca; pudim de tapioca; bolos e doces do Nordeste brasileiro. São Paulo, Editora Globa,
pudim de mandioca e cuscuz de tapioca. 5 a.ed., 2007.
O milho também aparece de forma relevante no mingau de milho;
6. SHINOHARA, N.KS.; OLIVEIRA, K.K.G.; PADILHA, M.R.F.;
bolo de fubá, bolo de milho, canjica/ mungunzá, curau e pamonha.
FARIAS, P.O.L.; NASCIMENTO, V.S. Leite condensado: gerações
As três últimas receitas citadas são descritas por Freyre como
do leite moça. Contextos da Alimentação: comportamento, cultura e
sobremesas semidoces ortodoxas nas comemorações de Santo
sociedade. Vol.2, n.1,
Antônio, São João e São Pedro (6). A relação do alimento com a
2013.<http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistacontextos/wp-
cultura religiosa o coloca como símbolo social, tanto que três blogs content/uploads/2013/06/16_CA_dossie_para-publicar.pdf>, 2016.
publicaram essas receitas, além dos bolos de milho e fubá de milho
durante os meses de junho de anos diferentes, fazendo alusão aos 7. REGO, A.J.S. Dicionário do doceiro brasileiro. Organização:
festejos juninos. Pode-se refletir que o doce como elemento de LODY, R. São Paulo: Senac São Paulo, 2010.
identificação cultural traz a quem o consome significado maior, o
inserindo no contexto do festejo, ainda que pela memória. 8. LODY, R. Farinha de Mandioca. São paulo, Ed. Senac São
paulo, 2013.
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Gastronomia: da tradição à inovação
¹Professora do curso de Gastronomia, do Departamento de Ciência dos Alimentos, Escola de Nutrição, Universidade
Federal da Bahia. nilda.stella@ufba.br
INTRO DUÇÃO o responsável pelos animais de carga, os bois que puxavam os carros
usados no transporte de comida e bebida. Com o tempo, o significado
Podendo o vinho ser considerado um alimento, desde os seus tempos se estendeu ao criado que arrumava a mesa e servia”. São vários os
mais remotos, é possível considerar que aqueles que propagavam e termos que o descrevem e o caracterizam: Rex Bibendi para romanos
aconselhavam o seu consumo tinham uma importância vital para a servidos em pranddi (banquetes); arconte e simposiarcas para gregos;
sociedade. sommglieri di bocca e di corte para o duque de Savóia; já no
O vinho sempre se apresentou como uma bebida alcoólica Renascimento eram conhecidos como copeiros e garrafeiros e
diferenciada, agregadora e por vezes, sacra. Suas qualidades escanção para portugueses. (1,2)
alcançam a função terapêutica sendo considerado um alimento Os simpósios da Grécia clássica (485 a.c.) e os “ conviviuns” da
saudável e funcional. No entanto, para esta questão, a primeira Roma imperial eram eventos que ocorriam após os banquetes com
grande premissa é o volume: desde o princípio documentado e finalidade de promover discussões diversas entre os nobres,
registrado pelos responsáveis pelo serviço do vinho, pois a prova e a intelectuais, além de homens comuns que normalmente ficavam
recomendação deveriam ser de pessoas suficientemente preparadas e responsáveis pelo cerimonial e serviço. Estes rituais acabaram por
conhecedoras para qualificar as bebidas e efetuarem sua diluição em desenvolver profissões precursoras na gastronomia para o trabalho
água e em proporções quantitativas por degustador, tendo em vista, dos “ maitres” e “ sommeliers”. (3)
as relações que naquele momento se propiciavam. O vinho era a bebida mais importante das reuniões e em toda cultura
A história da alimentação está repleta de passagens que associam a medieval foi considerado essencialmente humano, no entanto tinha o
bebida aos homens e às suas relações com a hospitalidade e a poder de levar esse homem a se sentir divino em encontros mágicos
comensalidade, bem como, com o estabelecimento das regras e ou trágicos a depender das suas escolhas e de seus excessos. Alguém,
condutas dos serviços em torno da mesa. encarregado pelo anfitrião, ou até ele mesmo, classificava,
A senioridade histórica do vinho esteve associada aos banquetes e selecionava e diferenciava os tipos de vinho a serem apreciados. A
profissionais de seu serviço, em rituais culturais com ostentação e seleção dos produtos, já era diferenciada de acordo com a
consumo, reservados aos privilegiados poderosos, restritos necessidade que se tinha para o evento e a pauta da reunião. Havia
convidados e seus imediatos. A importância da bebida confundiu referência para reserva e degustação de vinhos, segundo suas
momentos de apreciação, luxúria e excessos com o poder mágico e tonalidades e sabores influenciados pela orientação do “arconte” e/ou
divino de deuses e homens. “simposiarca”. O “arconte” ou “simposiarca” era de suma
A organização deste trabalho apresenta de forma sequenciada a importância nas cerimônias grego romanas, pois eram estes
história do serviço do vinho, seus personagens e atividades empregados que se encarregavam da escolha dos utensílios e da
relacionadas, contemplando suas competências e habilidades. administração das medidas proporcionais de vinho e água a serem
O trabalho objetiva apresentar uma retrospectiva histórica do serviço misturadas, garantindo os limites e a ordem necessária exigida pelo
de vinhos descrevendo profissionalmente o que seria o sommelier, tipo e propósito do encontro. (4)
analisando-o não só como um profissional responsável por servir a A corte medieval comparecia muito honrada aos jantares promovidos
bebida, mas como um avaliador de produtos. Para tanto, registra-se a pelos abastados monarcas, nos quais existia uma fartura de comida
rotina e o oficio dos que lidavam com os vinhos, através das regada a muito vinho, onde os escravos do anfitrião traziam as
atividades por ele desenvolvidas ao longo dos tempos. refeições para a sala de comilança e os empregados particulares dos
convidados que as fracionavam, a levavam aos seus patrões.
Copeiros serviam as bebidas e o copeiro-mor, que era da confiança
MATERIAIS E MÉTO DO S do rei, fazia o atendimento pessoal do monarca que também poderia
ter auxiliares, “garrafeiros” e “valetes” para efetuarem suas tarefas.
A metodologia da pesquisa utiliza-se de uma revisão bibliográfica Estes funcionários poderiam desfrutar do consumo posterior dos
histórica qualitativa, utilizando um acervo de obras relacionadas: alimentos e bebidas; garantindo a eles, a experimentação continuada
Vinhos: castas, regiões produtoras e serviço (2008), Gastronomia no de vinhos e outros insumos que obviamente também, poderiam
Brasil e no mundo (2013), História da Alimentação (1998), Revista recomendar e autenticar qualidade ao soberano. T ais tarefas,
Historia Viva; Grandes Temas (2006), Vinho: escolha, compra, certamente os capacitava para o trabalho de um degustador
serviço e degustação: manual do sommelier (2004), Sommelier, diferenciado, como um sommelier. (3,4,5)
Profissão do Futuro: Técnicas para formação profissional (2009). Para gregos e romanos, a qualidade e a quantidade de comida eram
indicadores de status social, havia uma estratificação pelas escolhas
RESULTADO S E DISCUSSÃO dos alimentos servidos e consumidos. Era comum que houvesse
distinção e discriminação dos produtos a uns e outros, inclusive
O consumo histórico do vinho estabeleceu uma cultura organizada de durante o banquete. Os escravos cozinheiros, mentores e executores
qualificações de bebidas e de seus potenciais bebedores. Esta dos cardápios servidos, eram reconhecidos e valorizados pelos reis e
separação hierarquizou classes sociais, desenvolveu culturas e suas a etiqueta de serviço era notadamente a evolução do homem através
preferências específicas. No decorrer destas experiências, os homens de suas maneiras de comer associadas a um código de conduta no
faziam seus registros e assim, propagavam uma comunicação que se mundo clássico que particularizava seus grupos. (4)
tornava conhecida em todo o universo da bebida; desde as sociedades Nas rotinas operacionais palacianas de armazenamento,
mais antigas às atuais, existem documentos que descrevem o serviço acondicionamento e controle da adega “ guardava-se o vinho em
à mesa, o comportamento dos convivas e dos esp ecialistas. ânforas de cerâmica lacradas com argila. Sobre a ânfora, indicava-se,
Nos festivos banquetes e intelectuais simpósios promovidos pela como nos rótulos atuais, a procedência e o ano da colheita” (4). O
nobreza do mundo antigo registram-se na história, figuras procedimento permitia que os copeiros-mor guardassem os produtos
profissionais de confiança das autoridades que eram responsáveis a serem apreciados nos festins e na rotina de refeições do seu rei.
pelo serviço do vinho. Novakoski e Freitas (1), apresent am várias Através desta passagem, é possível imaginar uma das principais
denominações para o profissional do serviço de vinhos, justificando tarefas, com raízes bastante remotas, do sommelier que é o cuidado
não haver tradução literal em português para a palavra sommelier. A com a guarda, o armazenamento e a origem dos vinhos.
Association de la Sommellerie Internacionale (ASI) sentencia que o Dentre as atividades exercidas pelos profissionais do serviço do
”termo se origina de somme/sommier em provençal saumalier, isto é, vinho, já se tem relato sobre possíveis classificações dos produtos e
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Gastronomia: da tradição à inovação
recomendações para o correto acondicionamento. Destacam-se na T odos os personagens anteriores apresentam dentro da sua relação
apreciação dos vinhos à mesa, degustações de vinhos específicos, com o vinho, importantes contribuições para o serviço profissional
diferenciando-os na cor e sabor reconhecendo a tipicidade das do vinho, no entanto, com um perfil mais elaborado para o que
bebidas. seriam as atividades do sommelier exercidas nos dias de hoje,
Na Idade Média, entre os séculos V e XIV, percebe-se um atraso das identifica-se, em referência, os anos de 1784 e 1787 em que T homas
práticas antes utilizadas nos serviços de banquetes, mas é na restrição Jefferson (anos mais tarde eleito o presidente americano entre os
dos mosteiros, que se iniciam as atividades de hospedagem anos de 1801-1809) é historicamente o mais representativo. Em
desenvolvendo-se a cultura gastronômica e os cuidados com o vinho, viagens pelo interior da França como comissário do governo dos
assim como as técnicas de prepará-lo e servi-lo. Não havia imprensa Estados Unidos, ele registrava em seus cadernos comparações entre
e os documentos que comprovam estes feitos foram escritos pelos quatro dos grandes vinhos tintos crus do Médoc (Haut -Brion,
monges copistas. Com um crescente movimento cultural europeu Chateau Margaux, T our-de-Ségur e Lafite-Vieux) e os de Graves
rumo ao avanço cientifico, particularmente originado na Itália, o fazendo comparações entre as idades maduras das videiras que os
Renascimento, contagia todo continente remodelando as crenças do produziam. Essas anotações do intendente repercutiam na
clássico mundo antigo e medieval. Grandes navegações e progressos classificação estabelecida desde os anos 1855 e que ainda vigoram.
do movimento no século seguinte fazem surgir inovadoras ideias que Do mesmo tempo, fazia menção à qualidade dos brancos doces de
relacionam literatura, arte e filosofia. A gastronomia também se Sauternes, indicando inclusive aspectos relacionados ao seu serviço
reinventa com uma mesa requintada e diversificada de novos sugerindo que a abertura da garrafa desse vinho ocorresse em tempo
produtos, porém, livre de exageros e assentada em qualidade e anterior ao do seu consumo para que o vinho desenvolvesse o seu
manuais de etiqueta, escritos por exemplo por, Erasmo de Roterdam buquê. (6)
(1466 -1536) que passam a servir de orientação para recepções com Nos dias de hoje, como conhecedor de vinhos, o sommelier tem a
necessária formalidade. O mesmo processo de formalização acontece função de executar o serviço do vinho diante do consumidor,
com o vinho, os serviços de sala se profissionalizam e ganham primando por apresentá-lo com maestria e aconselhando a sua
notoriedade e importância com o uso das cortiças, no século XVII, harmonização. O sommelier tem um importante papel na
pois já era necessário o conhecimento especializado de pessoas que comercialização dos vinhos e deve preocupar-se com os aspectos
cuidassem do armazenamento, guarda e abertura para consumo das técnicos relacionados à caracterização do produto e sua excelência,
garrafas de vinho nos primeiros espaços dados aos serviços da sendo coerente com os parâmetros exigidos pelos mecanismos
restauração. No século XVIII, o sommelier, já era um profissional avaliadores e os critérios que devem ser examinados (tipologia,
necessário e responsável pelo serviço desta bebida, método de elaboração, origem do produto). Para constituir a vivência
responsabilizando-se pela escolha, compra, recebimento, guarda e profissional o sommelier deve desenvolver várias e simultâneas
prova da mesma antes de ser servida ao cliente. O trabalho dos chefs atividades de análise sensorial com produtos diferentes, a fim de
cozinheiros e de profissionais de salão têm seu apogeu na Idade de reconhecê-los e avaliá-los segundo suas part icularidades indicando
ouro do século XIX, com A Belle Époque da França que já se tornara possíveis referências dos produtos aos comensais.
referência em gastronomia, artes e cultura. (3)
Identifica-se na história do vinho vários personagens que CO NCLUSÃO
contribuíram para evolução do serviço e das práticas gastronômicas
recomendadas pela etiqueta da boa mesa. A sociedade feudal da Buscando um contexto histórico do papel do sommelier profissional
Idade Média que praticava os espetaculares e longos banquetes, tinha foram encontradas várias referências relacionadas ao serviço do
representantes importantes como Carlos Magno (742 – 814) que vinho, implicando a este especialista uma presença muito importante
apreciava o luxo, a mesa farta, um serviço imperioso (da bebida em atividades de degustação, seleção de produtos e serviço do vinho,
oficial que era o vinho), e tudo completamente protocolado. ainda que fosse subjugada a proteção e saúde dos antigos monarcas.
Costumava diversificar os utensílios dependo da importância dos Atualmente, no descritivo da função, o sommelier deverá ser capaz
seus convidados. T inha muitas terras na Europa e preocupou-se em de executar corretamente o serviço dos vinhos, de degustação e
organizar seus vinhedos estabelecendo na sua gestão leis agrárias harmonização, aconselhando e sugerindo aos clientes suas
relacionadas ao cultivo das uvas e a produção do vinho. (3) recomendações sobre os produtos utilizando-se dos utensílios
Em meados do século XIV, encontram-se registros de personagens adequados, atendendo as necessidades dos mesmos.
como Olivier De La Marche, empregado do duque Felipe da
Borgonha, também conhecido como o “mestre das reservas de vinho
do rei” que instituiu todo o cerimonial para o serviço do vinho. De REFERÊNCIAS
acordo com Autrand (5), no artigo “Banquetes suntuosos, bebida à
vontade”, este serviçal escanção, servia oficialmente o príncipe 1. NOVAKORSLY, Deise; FREIT AS, Armando. Vinhos: castas,
fazendo antes a prova da bebida e atestando a sua qualidade. regiões produtoras e serviço. 2ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional
Uma importante personagem da história gastronômica do 2008.176p
Renascimento, é sem dúvida, “Catarina de Médici, italiana de 2. ASSOCIAT ION DE LA SOMMELERIE INT ERNAT IONALE
Florença, por ocasião de seu casamento (1533) com o futuro rei (Asi). Sommelier, Profissão do Futuro: T écnicas para formação
francês Henrique II levou com ela para a nova moradia em Paris profissional. Trad. Talita m Rodrigues. 2ed. Rio de Janeiro: Senac,
elegante aparelhos de mesa e porcelanas, além de toalhas, copos de 2009
cristal e objetos de metais preciosos em ouro e prata”. Com sua 3. FREIXA, Dolores; CHAVES, Guta. Gastronomia no Brasil e no
presença nos banquetes, outras mulheres também passaram a mundo. 2ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2013
frequentar as festas e a serem aceitas graças a ela. T ambém é 4. FLANDRIN, Jean Louis; MONT ANARI, Massimo. (Org.).
contribuição da rainha, a substituição das taças de madeira e metal História da Alimentação. T radução: Luciano Vieira Machado;
pelo uso das taças de cristal para o consumo e apreciação visual do Guilherme J.F T eixeira. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.
vinho. Na intimidade de outros reis e no castelo de Versalhes, 5. AUT RAND, F. Banquetes suntuosos, bebida à vontade. Revista
residência francesa oficial dos sucessivos reis Luís XIV, XV e XVI, Historia Viva; Grandes T emas, Nº17, 50 -55, São Paulo, Ed.
as equipes de cozinha e de serviços de salão eram figuras de prestígio Duetto,2006
com reconhecidos títulos de honra. Os banquetes imperiais deste 6. LEBEAU, R. O mais famoso dos vinhos. Revista Historia Viva;
castelo eram regados a Champanhe, utilizavam-se de regras francesas Grandes T emas, Nº17, 84 -89, São Paulo, Ed. Duetto,2006
de serviço e apresentavam a seus participantes cardápios desenhados
por renomados artistas da época. (3)
70
Gastronomia: da tradição à inovação
71
Gastronomia: da tradição à inovação
recebeu apenas 3%. O Alto índice percentual de resposta para As figuras 6 e 7 foram observadas um alto índice de rejeição em
“gosta indiferente” pode estar relacionado a cultura de alimentação relação ao consumo de Quinoa e Amaranto com 82% e 92%
dos pseudocereais, o que pode estar relacionado com a memória respectivamente. Também foi observado que 0% dos entrevistados
sensorial dos universitários. (6) consumir Quinoa ou Amaranto diariamente. 9% e 2% Afirmaram
Figura 4. Percentual referente ao motivo do consumo de consumir quizenalmente Quino e Amaranto, respectivamente. No
pseudocereais. requisito 2 a 4 vezes na semana apenas 9% (Quinoa) e 5%
(Amaranto). Esses dados podem ser um reflexo que tais
Outros
pseudocereais têm origem Andina (8) e culturalmente os
24%
Preço universitários de Fortaleza não desenvolverão o hábito de consumi-
2% los.
Marketing
5% Fibras
Costume Conclusão
5% 64%
Os resultados obtidos indicaram que apesar dos possíveis benefícios
dos pseudocereais os estudantes universitários de Fortaleza não
O Motivo de Consumo dos pseudocereais constatou que 64%
tem o hábito de consumir frequentemente linhaça, a quinoa e o
consomem por acreditar contar altos teores de fibras. 5% pelo
amaranto. Ou seja, a relação social do consumo desses alimentos
marketing e pelo costume, 2% por causa do preço. Foi observado
com tais consumidores ainda está longe de ter maior nicho de
também que 24% dos entrevistados marcaram a opção outros. O
mercado. O consumo de alimentos com maior teor de gordura em
maior percentual de resposta ser Fibras pode ser relacionado
detrimento de alimentos saudáveis pode ser em decorrência de
diretamente ao alto teor de fibras (7) que os pseudocereais contêm e
vários fatores, entre eles, o maior número de refeições em
indiretamente a divulgação midiática dos benefícios das fibras
lanchonetes e restaurantes, a falta de conhecimento prévio dos
através do pseudocereais. Em relação aos que responderam outros
benéficos dos pseudocereais e o contexto social em que estão
estes comentaram em especificação a esta afirmativa, diversos
inseridos, ou seja, a falta do costume de uma alimentação saudável.
fatores, entre eles, familiares e a questão nutricional.
Logo, é necessário aumentar o consumo consciente de tais
Figura 5. Percentual referente ao consumo de Linhaça. alimentos na construção de uma dieta saudável dos estudantes. É
diariame essencial as empresas investirem em ações de Marketing e no
nte 2a4 desenvolvimento de novos produtos a base de pseudocereais para
3% vezes por
semana que o costume saudável seja gerado na mente dos universitários.
Não 27% Referências Bibliográficas:
consumo 1. LODY, R.G.M. Brasil bom de boca: temas da antropologia da
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lmente v.1. 424p.
12%
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Foi Constatado que o percentual de Não consumo de linhaça entre CAIO S. PINTO, N. Título: Produtos para celíacos: A qualidade de vida
os entrevistados foi de 58%. Os que consomem diariamente de 3%, dos doentes celíacos e condicionantes econômicas associadas.
os que consomem de 2 a 4 vezes por semana de 27% e os que Edição: INOVCLUSTER - Associação do Cluster Agroindustrial do
consomem quinzenalmente de 12%. Centro. 96p. 2014. Data de acesso: 03/05/2016.
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0% semana Quinzenal Inovcluster - Associação do Cluster Agroindustrial do Centro, 2014.
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Diariament por
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e semana
0% 5% 04/05/2016.
Quinzenal
mente
2%
Não
consumo
93%
72
Gastronomia: da tradição à inovação
¹ Acadêmico de Tecnologia em Gastronomia - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus
São Raimundo Nonato. gustavosmiguel@hotmail.com
² Curso Tecnologia em Gastronomia - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus São
Raimundo Nonato
INTRO DUÇÃO
RESULTADO S E DISCUSSÕ ES
Os alimentos, as receitas, os preparos e os cardápios são importantes
meios para localizar e construir referências, seja elas visuais, A grande maioria dos pratos típicos da culinária piauiense usa a
olfativas, gustativas e emocionais diante de uma comida. A comida farinha de mandioca em suas preparações. De acordo (5) o que torna
é uma das realizações da história de um povo, de uma civilização é uma comida típica é a congregação e justaposição de duas
também um retrato do meio ambiente e uma das formas de condições: historicidade e cotidianidade do seu consumo. Dos
interpretação de memórias (1). No Brasil, a mandioca (Manihot pratos piauienses a paçoca de carne seca é preparada com farinha de
esculenta) é uma marca fundamental, e nativa, na organização de mandioca pisada no pilão que une dois ingredientes bastante
diferentes sistemas alimentares. Seus muitos produtos possibilitam comuns dos sertanejos/piauienses (a carne de sol e a farinha); a
diferentes realizações culinárias e em todas elas trazem um pouco farinha aparece o pirão de parida como remédio ou comida curativa,
da ancestralidade dos povos primevos que habitaram essas terras e consumida exclusivamente por mulheres em período de resguardo
onde se preservou principalmente os modos de produção da farinha terminou por alcançar status de comida típica do Estado do Piauí
de mandioca e do polvilho. Pois além das construções e caldo da galinha caipira acrescido de farinha, por ser considerada
transformações do homem no espaço físico que habita como casas, uma comida leve e adequada a recuperação de pessoas adoentadas.
ruas, pontes e outras formas de adaptação no mundo material, às O caldo de caridade é outra comida recomendada a pessoas doentes
tradições pautadas nas crenças, nos saberes e fazeres, conhecimento ou fracas é recomendado a qualquer pessoa inclusive as muito
fruto da experiência que se transporta entre as sociedades e pobres apenas um punhado de farinha, um copo de água, um pouco
identificam ou dão identidade aos indivíduos que conviveram ou de sal e pimenta do reino e cheiro verde. A farinha de mandioca é
convive com determinada forma de manifestação e os saberes de usada na preparação da cafofa, frito de farinha de mandioca com
sua própria realidade, se constitui também como patrimônio. Nessa tripa de porco. Usada também na preparação do chouriço, um doce
perspectiva os aspectos materiais e imateriais não aparecem mais sertanejo feito com sangue de porco, banha de porco, rapadura,
como áreas separadas, mas como um conjunto único e coerente de pimenta do reino e farinha de mandioca. O chouriço é considerado,
manifestações múltiplas (2). A alimentação brasileira é constituída ao lado do doce de buriti, um doce forte, por isso desaconselhado se
de alimentos nativos e produtos trazidos por imigrantes, que ao consumido em grande quantidade. Assim, como descreve (6) e (7) a
chegarem ao Brasil descobriram formas de atrelar seus sabores aos farinha de mandioca, integra o dia-a-dia da mesa do brasileiro e
novos produtos que assim iam encontrando na nova terra. A partir piauiense do remédio à sobremesa.
daí começam a aparecer misturas que vão colaborar para a uma
troca de sabores e fazeres entre nativos e estrangeiros, como no caso Figura 01: Paçoca Figura 02: Chouriço
da chegada dos portugueses, onde eles chegam as terras
desconhecidas e tentam aproximação com os nativos através da
apresentação de alguns produtos, porém quando os portugueses
tentam introduzir seus alimentos na cultura indígena, nem tudo é tão
bem aceito pelos nativos por motivos culturais e pelo fato de gerar
estranheza em comer aquilo que não fazia parte do seu cotidiano,
mas, quando índios apresentam seus produtos aos portugueses eles
logo se adaptam e passam a consumir aquele alimento através
dessas misturas com outros alimentos que traziam de seu país.
Desde então deu-se início uma cultura de adaptação alimentar, e a
cada chegada de um novo povo ao Brasil, novos alimentos e fazeres
começam a surgir em ambas regiões do país ao mesmo tempo. No
Estado do Piauí isso não foi diferente. Dessa forma, a proposta
desse trabalho é investigar aceitação da farinha de mandioca na Fonte: Samara Silva Fonte: Acervo IFPI
alimentação do piauiense, em diferentes pratos. O trabalho (3)
demonstra a farinha de mandioca sendo usada desde a pré-história, CO NCLUSÃO
com enfoque para o século XIX, quando a mandioca teve
importância significativa na sociedade oitocentista piauiense. A partir da análise da bibliografia consultada, foi possível verificar
que a comida resguarda estreita relação entre seu preparo e consumo
MATERIAL E MÉTO DO S com o contexto de formação sócio-histórico e cultural da sociedade
a que consome. Dessa forma, o consumo da farinha de mandioca faz
A farinha é um elemento construtor de identidades. No Piauí, a parte do contexto histórico e das cozinhas piauienses no logo
farinha conserva os alimentos, é usada na preparação das paçocas período histórico. E dentre os alimentos consumidos por todo o
usadas em longas viagens pelos vaqueiros no transporte e na lida do Estado do Piauí, a farinha de mandioca se configura, como muito
gado, usada nos pirões de parida, nos angus. O percurso apreciada e ou usada como ingrediente de diferentes preparações em
metodológico partiu de uma pesquisa bibliográfica vinculada a doce e principalmente nas preparações salgadas vinculadas
história e a historiografia do Piauí. Refletiu-se como essa diretamente a história da pecuária no Estado.
historiografia aborda a alimentação no Piauí e como a farinha de
mandioca é retratada nessa literatura com suas preparações. O
diálogo com a produção bibliográfica possibilitou um alargamento
das análises, os trabalhos (3), (4), (5), possibilitaram pensar no
objeto – a farinha de mandioca – e sua relação com a identidade do
piauiense.
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
Foi utilizada para a distribuição de questionários a plataforma do O mesmo trabalho também mostrou que 34% dos alunos tinham 4
Google/drive. Em que aleatoriamente 247 voluntários responderam refeições diárias, valor semelhante ao valor mostrado no gráfico 1,
online um questionário virtual através de e-mails e redes sociais em onde 32% dos pesquisados relataram ter o mesmo numero de
geral. Foram realizadas em torno de 17 questionamentos, contendo refeições. (4) Também relata que dessas refeições, as principais são o
perguntas obrigatórias e não obrigatórias, entre objetivas e subjetivas. café da manhã, almoço e janta, com a outra refeição podendo ser um
As perguntas enviadas aos participantes foram: Sexo; Idade; lanche no período da tarde ou da manhã.
escolaridade; Quantas refeições você faz ao dia? Você costuma ler a
Rotulagem Nutricional dos Alimentos que você compra ou Gráfico 2. Gráfico com os resultados em relação ao questionário
consome? Caso a resposta seja afirmativa, informe aqui que tipo de sobre o costume de ler a Rotulagem Nutricional dos Alimentos que a
informações você busca; Você tem preocupação com a sua
juventude de fortaleza compra ou consome.
alimentação? Você tem preferência por alimentos crus ou
processados? Justifique. Você sabe o que é Gordura T rans? Você Você costuma ler a Rotulagem Nutricional dos
sabe o que é Glutamato Monossódico? Você sabe o que é um Alimentos que você compra ou consome?
Acidulante? Você sabe o que é Glutamato Monossódico? Você so m
Espessante? Você sabe o que é um Estabilizante? Você sabe o que é
um Edulcorante? Você sabe o que é um Umectante? Você sabe o que
é um Quelante? Você consumiria um alimento que foi tratado por não
processo de irradiação? O que define a escolha do alimento que você 37%
consome? Você sabe o que é um Alimento Funcional? Se a resposta sim
anterior for sim, por favor, defina o que seria um alimento funcional. 63%
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Gastronomia: da tradição à inovação
Nos dias atuais, nota-se cada vez mais uma maior preocupação da causa de evidências científicas que indicam que há correlação entre
sociedade com alimentação. Essa preocupação pode ter um reflexo saúde e dieta alimentar. (7)
direto nos 63% dos pesquisados que costumam ler os rótulos dos
alimentos. A garantia de uma dieta saudável não pode ser alcançada Embora o referente estudo tenha mostrado que os jovens teem se
sem que se tenha disponível uma quantidade mínima de informações preocupado com a alimentação e com questões relacionadas a saúde,
sobre os constituintes desta dieta (5). é necessário que se tenha um maior conhecimento com dos
alimentos, sua composição, bem como a prática de uma alimentação
Gráfico 3. Gráfico com os resultados em relação ao questionário mais saudável e para reforçar a corrente desse pensamento, foi
sobre a preocupação da juventude de Fortaleza em relação a formulada uma indagação mostrada no gráfico 5.
alimentação.
Gráfico 5. Gráfico com os resultados em relação a indagação do
Você tem preocupação com a sua alimentação? questionário: Você sabe o que é um Alimento Funcional?
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Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO De acordo com Gomes (6), a carne de sol mudou o seu processo de
preparação do decorrer do tempo, antigamente a mesma era
O histórico da gastronomia do nordeste é um reflexo do que se preparada das seguintes maneiras: o gado era morto à bala com um
observa na gastronomia do Brasil, sendo obra de uma miscigenação tiro na cabeça, a machado ou a marretada, sendo o boi logo em
seguida sangrado; o couro é retirado fazendo-se uma incisão no
cultural. Existe por artefato de sua população e aptidão conatural
mediano do abdômen “dizem os mais velhos que são bons para
unida ao fazer culinário. Durante a história, vários povos passaram retirar as vísceras”, o método indispensável para a carne ficar com
pelo nordeste deixando suas marcas com a introdução de novos aroma, posteriormente era feito a retirada do couro; destacando a
ingredientes, hábitos e cultura, influenciando na produção de novos parte da altura da costela-mindinha, separando em quartos na altura
pratos. Ao Estudar a história da gastronomia do nordeste o interesse da inserção da cauda. O animal era suspenso em duas partes, em
principal foi buscar respostas às inquietações e dilemas que levam a travas seguras para fazer a despenca.
pensar em como uma região com diferenças geográficas e climáticas
determinou seus produtos típicos locais e como um lugar social, A mesa do Nordestino é uma obra de arte, uma gastronomia ao
espaço de conflitos de formas culturais de resistência, pode exercer mesmo tempo simples e exótica. Uma explosão de cores, sabores,
uma papel fundamental na formação da gastronomia de uma região. histórias e temperos, no temperamento de uma nação miscigenada.
Se da mistura de origens resultou numa região de rica cultura, essa
Apesar de o nordeste ser tão rico em variedades culinarias tem
riqueza estendeu-se também à mesa, como uma toalha feita por
poucas referencias teoricas. Devido à esta fragilidade, surgiu o mulher rendeira, tecida com receitas tradicionais adicionadas à nossa
interesse em escrever sobre sua gastronomia, buscando também característica primeira: a criatividade. A cozinha nordestina esta
contribuir para o resgate de nossas culturas na arte do fazer culinário. repleta de influencias e se iniciou com a mistura entre as culturas
Dentro deste contexto, o objetivo geral da investigação foi analisar as indígenas, portuguesa e africana. De acordo com Cascudo (4), com
influências indígenas, africanas e portuguesas na gastronomia do os índios, conhecemos a utilização das raízes como a mandioca, dos
cereais como o milho, além de uma infinidade de frutos, peixes e
nordeste. Os objetivos especificos foram descrever as principais
animais. Conforme Caldeira (1) do velho mundo vieram técnicas
características da gastronomia do litoral e do sertão nordestino, culinárias, a tradição dos doces e o uso das especiarias; e ainda o
analisar a importância da carne de sol e a de charque neste cenário e cultivo de arroz, hortaliças, frutas e a criação da galinha, do porco e
estudar a influencia da cultura do bode para os sertanejos. do boi, entre outros. Já Carvalho (2) afirma que a contribuição
africana foi imensa, tanto em nossa tradição como na gastronomia. O
MATERIAIS E METO DO S uso do coco, do azeite-de-dendê e da pimenta-malagueta, por
exemplo, é habito que tornou calorosos nossos pratos e nossos
A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica abrangendo a hábitos. A mais forte influência que incide na Culinária do Nordeste
leitura, análise e interpretação de livros, periódicos, mapas, é a portuguesa, cuja marca está na maneira de preparar os alimentos,
manuscritos, etc. T odo material recolhido foi submetido a uma no uso do doce e do salgado, na fritura, nos refogados, nos cozidos e
triagem, a partir da qual se estabeleceu um planejamento baseado na sopas. Conforme Câmara (3) recebemos vários ensinamentos dos
leitura atenta e sistemática que se fez acompanhada de anotações e indígenas, sendo que a maior herança foi á farinha de mandioca, até
fichamentos que, eventualmente serviriam para fundamentação hoje predominante em nossas mesas. Já dos negros tivemos o
téorica. A pesquisa teve um caráter descritivo onde a premissa foi inhame, o quiabo, o cuscuz, a galinha - d’angola e a melancia. A
buscar a resolução de problemas por meio da observação, analise e origem do nosso povo, acrescida a fatores como a geografia do país,
descrição objetiva, utilizando padrões textuais e identificando o fez com que a cozinha do nordeste variasse de um lugar para outro,
conhecimento, com a finalidade de registrar e analisar os fenônemos. embora existam características que determinam várias cozinhas
Utilizou-se um procedimento sistemático de construção do típicas do nordeste, cozinhas essas que estão se trocando
conhecimento que teve como meta principal gerar novos constantemente, com modificações e adaptações locais. Há, no
conhecimentos. entanto, traços característicos da cozinha do nordeste, que são de
âmbito geral. Esse é o caso, por exemplo, do peixe com pirão
RESULTADO S E DISCUSSÃO preparado em todo o nosso litoral e ao longo dos leitos dos rios. O
arroz da muitos pratos, como arroz-de-avoante, arroz-de-coco, arroz-
de-pequi, arroz-de-leite, risoto de camarão, e também o arroz-doce,
Escrever sobre a história da alimentação no Nordeste exige situar as que estão cada vez mais populares em todo território nacional.
diferentes formas de alimentação nas variadas camadas sociais em
diferentes épocas, o homem nordestino de ontem e hoje retrata
através da sua cozinha seu sucesso e insucesso de crescimento e CO NCLUSÃO
desenvolvimento. A base da nossa cozinha é também comum às
demais cozinhas brasileiras, com diferenças nas configurações A pesquisa levou a concluir que a cozinha do litoral nordestino se
culturais. No Brasil não existe um nordeste, mas sim, vários, cada um caracteriza principalmente pela influência indígena da ingestão de
com a sua cultura, a cultura da heróica resistência às estiagens, ou da peixes, crustáceos e moluscos. A influência Africana se observa
fartura do litoral com praias sem fim. Habituado a grandes períodos principalmente na comida baiana com a presença da pimenta e de
de seca, o sertanejo nordestino aprendeu a sobreviver a períodos outros condimentos que agregaram valor aos alimentos ingeridos
difíceis, e desenvolveu técnicas para armazenar provisões e preparar nesta região. A cozinha sertaneja se caracteriza pela presença do
alimentos que pudessem ser conservados sem muitos recursos. Um bode, carne muito utilizada por todos os locais do nordeste e trazida
bom exemplo disso é a carne de sol, em que o sal é empregado como pelos portugueses. Este animal ganhou seu papel principal em grande
elemento conservante. De acordo com Freixas & Chaves (5), o parte das residências sertanejas por se adaptar as condições
processo mudou para evitar a desidratação exagerada. Atualmente as castigantes do sertão nordestino. Com a ajuda de técnicas de criação
mantas de carne descansam por cinco horas após o abate, depois são apropriadas as condições locais, este animal que se alimenta de uma
passadas no sal grosso e estendidas num varal por cerca de 20 horas. imensa variedade de coisas acabou se fixando na região. O bode e
A secagem rápida forma uma casca protetora que conserva o interior cabra possuem uma vantagem nutricional que se mostrou decisiva
da carne úmido e macio. para a escolha do mesmo na alimentação de um povo que n ecessita
de força e valentia para enfrentar sua terra tão castigada e castigante.
Existem muitos tabus e hábitos culturais que interferem na
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Gastronomia: da tradição à inovação
alimentação do homem nordestino. Os tabus se aprazem da cultura 2.CARVALHO, A. J. de (Org.). Cozinha típica brasileira: sertaneja
de um povo e acabam se tornando “verdades”. Os hábitos culturais e regional. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2005.3.CÂMARA, A.
refletem condições ambientais e disponibilidade de recursos de uma A.. Ensaios sobre as construções navais indígenas do Brasil. São
comunidade ou de um povo. Paulo: Companhia Editora Nacional / Brasília, INL, 1976.
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Gastronomia: da tradição à inovação
NOVOS PRODUTOS
Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
amostra e ausência de bolores e leveduras. Apesar de terem sido Segundo Souza (17) um alimento com mais de 70% de aceitação indica
encontrados alguns óvulos não fecundados de banana e fibras também da uma ótima aceitação de mercado e, sendo assim, o bolo de chocolate feito
banana, os resultados apresentaram-se dentro dos padrões estabelecidos com biomassa de banana verde apresentou boa aceitação para todos os
pela ANVISA através da RDC 12/2001, estando próprio para consumo. tributos avaliados.
Na legislação não há padrões que referenciem valores mínimos para Outro teste que visa complementar a análise sensorial é o chamado teste de
fungos, parasitas e sujidades em alimentos, no tocante a bolos, tortas e atitude de compra. Este teste foi aplicado aos mesmos provadores que
similares, doces ou salgados, com ou sem recheio e cobertura, refrigerados realizaram os demais testes anteriores, onde 32% afirmaram que
ou congelados (item 18.b - RDC 12/2001). Contudo estas análises se fazem provavelmente comprariam o bolo e a maioria (52%) afirmaram que
importantes em alimentos, pois podem causar danos a saúde do certamente compraria o bolo caso estivesse disponível no mercado.
consumidor, como exemplo de alguns fungos que produzem toxinas que É possível verificar, através dos dados obtidos de análise sensorial que o
afetam negativamente quem o consumir; e a presença de parasitas ou seus bolo de chocolate elaborado com biomassa de banana verde foi aprovado
ovos e sujidades, que mostram uma deficiência na aplicação das Boas por 83% dos provadores.
Práticas de Fabricação (BPF) durante a elaboração e/ou armazenagem do Conclusão
produto. Segundo Melo (8) as contaminações microbiológicas em O bolo de chocolate adicionado de biomassa de banana verde foi aceito
alimentos são indesejáveis e nocivas, encarando assim com mais rigor o sensorialmente, apresentando um valor acima de 70% de aceitabilidade em
uso de matérias primas e a higienização e manejo na hora do processamento todos os atributos avaliados no teste de aceitação e no teste de intenção de
destas. A atenção maior é voltada para microorganismos indicadores, compra apresentou um valor maior que 50% (82%), indicando que o
porém não se pode deixar de lado a preocupação com outros produto seria aceito caso estivesse disponível no mercado. O produto
microorganismos não indicadores e patogênicos, que encontram no também está apto microbiologicamente, indicando valores de acordo com
alimento um meio ótimo para sua reprodução. a legislação, sendo considerado um alimento seguro em relação ao
Balbani e Butugan (16) relatam que bactérias como Bacillus cereus são consumo.
produtores de toxinas pré-formadas que contaminam os alimentos, sendo Bibliografia
que estas são preconizadas limites na legislação. Porém também há fungos 1. Leon, T.M. Elaboração e aceitabilidade de receitas com biomassa de
como Aspergillus spp. e outros espécies fúngicas que são produtoras de banana verde. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
micotoxinas que podem contaminar os alimentos e seu consumidor, mas Nutrição). 2010, 55 f. (Universidade Extremo Sul Catarinense – UNESC),
que não são citadas na legislação. Os autores ainda relatam que alguns Criciúma, Santa Catarina, 2010.
parasitas (Hymenolepis nana, Ascaris sp., Trichuris sp., Trichinella 2. Araújo, H.M.C., Araújo, W.N.C., Botelho, R.B.A., Zandonadi, R.P.
spiralis) são comumente encontrados em alimentos que não seguiram as Doença celíaca, hábitos e praticas alimentares e qualidade de vida. Revista
BPF's e também não são citados na legislação. de Nutrição. v. 23, n° 3, p. 467-74, 2010.
O perfil dos provadores nesse trabalho apresentou idades variando entre 17 3. Mattar, R.; Mazo, D.F.C. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas
e 64 anos, com escolaridade entre Ensino Médio e Superior Completo, com a biologia molecular. Rev Assoc Med Bras, v. 56, n. 2, p. 230-6, 2010.
conforme tabela 3. 4. Pereira, P.B., Silva, C.P. Alergia a proteína do leite de vaca em crianças:
Avaliação Sensorial repercussão da dieta de exclusão e dieta substitutiva sobre o estado
A substituição da farinha de trigo pela biomassa de banana verde não nutricional." Pediatria (São Paulo) 30.2 (2008): 100-106.
modificou muito o sabor do alimento, porém sua textura, e aparênci a 5. Nogueira, R.I. Processo de secagem de banana (Musa acuminata
ficaram um pouco diferentes do bolo convencional. A biomassa é altamente subgrupo Cavendish cultivar Nanica): parâmetros ótimos na obtenção de
fibrosa, rica em sais minerais, e de baixo custo. Como ela contém açúcares banana-passa. Campinas, 1991. 158 p. Diss. Dissertação-Mestrado
naturais, alimentos feitos com esta biomassa tendem a ter menor adição de Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP.
açúcar. 6. Resolução, R.D.C. nº 12, de 2 de janeiro de 2001 ANVISA. Aprova o
Tabela 3 – Distribuição de frequência dos provadores do bolo de chocolate Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos.
com biomassa de banana verde, segundo faixa etária e sexo. 7. Downes, F.P., ITO, K. Compendium of methods for the microbiological
Idade Feminino Masculino Total examination of foods American Public Health Association. Washington,
(anos) n % n % n % DC, p. 473-81, 2001.
≤ 20 8 13,33 5 8,33 13 21,67 8. Melo, M.C.B., Klem, V.G.Q., Mota, J.A.C., Penna, F.J., Parasitoses
21 a 30 26 43,33 8 13,33 34 56,68 intestinais. Rev Med Minas Gerais 2004; 14 (1 Supl. 1): S3-S12
> 30 7 11,67 6 10,00 13 21,67 09. Silva, C.G.M., Andrade, S.A.C., Stamford, T.L.M. Ocorrência de
Total 41 68,33 19 31,67 60 100,00 Cryptosporidium ssp. E outros parasitas em hortaliças consumidas in
Todos os provadores, não treinados, relataram em sua maioria gostar muito natura no Recife, Brazil. Ciênc Saúde Coletiva , 10 (supl):63-69 2005.
(47%) ou muitíssimo (32%) de bolo com sabor de chocolate, sendo que 10. Sullivan, J.T. A Color Atlas of Parasitology. University of San
afirmaram consumir mensalmente (47%) ou mesmo semanalmente (43%), Francisco. San Francisco. 2004.
indicando a real preferência dos provadores nesse tipo de alimento (Figura 11. Dutcosky, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba, Champagnat,
3). 1996, 123p.
Na análise sensorial a maioria das respostas dadas pelos provadores para 12. Lutz, A. Normas analíticas do Instituto Adolf Lutz: métodos químicos
os três atributos foi ≥ 8, indicando boa aceitação do bolo de chocolate feito para análise de alimentos. São Paulo, v. 3, 1985.
com biomassa de banana verde. Os valores médios das notas dos 60 13. Nobre, S.R., Silva, T., Cabral, J. Doença celíaca revisitada. J Port
provadores que participaram da análise sensorial em relação aos atributos Gastrenterol, v. 14, p. 184-93, 2007.
textura, aparência e sabor estão descritos na tabela 3, assim como a média 14. Guimarães, R.G., Freitas, M.C.J., Silva, V.L.M. Bolos simples
da impressão global do produto pelo cliente e sua atitude de compra. elaborados com farinha da entrecasca de melancia (Citrullus vulgaris,
Figura 3 – Frequência (A) e Preferência (B) de consumo dos provadores sobral): avaliação química, física e sensorial. Ciência e Tecnologia de
quanto ao bolo de chocolate. À esquerda a intensidade da apreciação dos Alimentos, v. 30, n°. 2, p. 354-363, 2010.
avaliadores com relação ao bolo de chocolate e à direita o percentual de 15. Gutkoski, L.C., Klein, B., Colussi, R., Santeti, T.A.S. Efeito da
frequência de consumo de bolo de chocolate. adubação nitrogenada nas características tecnológicas de trigo. R. Bras.
Agrociência, v.17, n.1-4, p.116-122, 2011.
16. Borges, A.M., Pereira, J., Junior, A.S., Lucena, E.M.P., Sales, J.C.
Estabilidade da pré-mistura de bolo elaborada com 60 por cento de farinha
de banana verde. Ciência e Agrotecnologia, v. 34, n. 1, p. 173-181, 2010.
17. Balbani, A.P.S., Butugan, O. Contaminação biológica de
alimentos. Pediatria, v. 23, n. 4, p. 320-328, 2001
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Gastronomia: da tradição à inovação
05659 Elaboração e Aceitação Sensorial de Bolo com a Farinha de Alfarroba (Ceratonia siliqua
L)
Cayko Carvalho 1 ; Edson de Freitas Júnior1 ; Rayanne de Lemos 1 ; Michele Silva1 ; Luís de Moura Neto 1 ; Denise Soares 1
1 Curso Técnico em Agroindústria – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) –
campus Afogados da Ingazeira. E-mail: caykocarvalho@hotmail.com
Palavras chave: Enriquecimento nutricional, desenvolvimento de novos produtos, sub stituto do chocolate.
INTRO DUÇÃO
farinha de trigo e assado em forno industrial a 180°C por 20 minutos.
Esperou-se o bolo alcançar a temperatura ambiente (25°C), cortou-se
A alfarrobeira (Ceratonia siliqua L) é uma árvore pertencente à região
do Mediterrâneo e do Meio Leste, cuja produção mundial de sua o bolo em pequenos pedaços para realização do teste de aceitação.
vagem (alfarroba) é de 441 mil toneladas por ano, sendo a Espanha, Fig. 1. Processamento do bolo com farinha de alfarroba.
Itália, Portugal, Marrocos, Grécia, Chipre, T urquia e Argélia os
principais produtores (1).
A vagem obtida da alfarrobeira é utilizada na produção de farinha
utilizando as etapas de secagem, trituração e torrefação. Esta farinha
possui cor, sabor e aroma semelhantes ao do cacau, porém com o
benefício de não possuir os compostos estimulantes encontrados no
cacau (cafeína e teobromina) e que são considerados como fatores
antinutricionais (2).
Em termos de uso medicinal da alfarroba, destaca-se o seu baixo
conteúdo de lipídios (3), efeito anti-cardiovascular, anti-proliferativo
(4), propriedades antioxidantes (5, 6). A atividade antioxidante da
alfarroba ocorre devido a capacidade que alguns compostos presentes
de agirem contra espécies reativas de oxigênio como os radicais livres
(7), evitando que eles afetem a molécula de DNA, oxidem
aminoácidos ou ácidos graxos poli-insaturados nas lipomembranas,
causando danos severos nas células (8).
Diante destas características nutricionais da alfarroba, sua utilização Análise sensorial do bolo com farinha de alfarroba
em produtos alimentícios é recomendada. Dentre os produtos em que
se pode adicionar a farinha de alfarroba tem-se o bolo.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver O teste sensorial foi realizado com 50 provadores não treinados, sendo
uma formulação de bolo utilizando a farinha de alfarroba em 17 homens e 33 mulheres, sendo predominantemente pertencentes à
substituição ao chocolate em pó. faixa etária de 18 a 35 anos. Este público está mais disposto a trocar
produtos habituais por novos produtos, uma vez que os jovens são
mais facilmente influenciados pelas inovações do mercado. Quanto a
MATERIAL E MÉTO DO S frequência de consumo de bolo, 56% dos provadores declararam
consumir bolo pelo menos uma vez por semana, mostrando o
Produção do bolo com farinha de alfarroba conhecimento e o grau de gostar dos provadores por este tipo de
O bolo com farinha de alfarroba foi produzido utilizando os produto.
ingredientes descritos na T abela 1. O bolo foi avaliado por meio de uma escala hedônica estruturada de
nove pontos, variando de 1 - “Desgostei Muitíssimo” a 9 - “ Gostei
Muitíssimo”, quanto às suas características de cor, sabor, doçura,
Tabela 1. Ingredientes utilizados na formulação do bolo com farinha
consistência e impressão global e variando de 1 - “Certamente Não
de alfarroba. Compraria” a 5 - “Certamente Compraria” quanto à atitude de compra
Ingrediente Quantidade (%) dos provadores, conforme descrito por Meilgaard et al. (9).
Farinha de alfarroba 15 Os resultados do teste sensorial são apresentados como média ± desvio
Farinha de trigo 10 padrão. Foi calculado, também, o índice de aceitação utilizando a
Açúcar cristal 30 expressão matemática descrita por Morais et al. (10), conforme
Leite 10 descrito abaixo:
Fermento em pó 02
Ovo 30
Azeite 03 IA % = X*100/N
Onde:
X = nota média
A alfarroba em pó foi obtida em lojas especializadas em produtos N = nota máxima dada pelos provadores
naturais. Os demais ingredientes utilizados para elaboração do bolo
foram obtidos no comércio local. A composição da alfarroba em pó,
conforme informações descritas pelo fabricante encontra-se descrita a Os provadores foram convidados a lerem e assinarem a um termo de
seguir: 66,67% de carboidratos, 3,33% de proteínas, traços de consentimento. Cada provador recebeu um guardanapo contendo um
gorduras, 29,62% de fibra alimentar, 002% de sódio, 0,26% de cálcio, pedaço do bolo formulado. A amostra foi codificada com números
traços de vitamina B2 e traços de vitamina B6. aleatórios de três dígitos.
A etapa inicial para o preparo do bolo foi, em uma batedeira, T odos os procedimentos utilizados neste experimento foram
colocaram-se os ovos, o açúcar e o azeite, os quais foram realizados de acordo com o padrão ético do Comitê de Ética em
homogeneizados até a obtenção de um creme branco. Adicionou-se a Pesquisa CPqAM Fiocruz PE. O teste sensorial do produto foi
farinha de alfarroba ao creme branco e, por fim, foi acrescentado o aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa CPqAM Fiocruz PE, com
leite, a farinha de trigo e o fermento (Figura 1). O bolo foi colocado número de parecer 1.111.646.
em assadeira previamente untada com margarina e enfarinhada com
83
Gastronomia: da tradição à inovação
RESULTADO S E DISCUSSÃO comprar produtos prontos, que agora chegam com muito mais
variedade às prateleiras dos pontos de venda (11). Diante deste dado e
Verificando-se os resultados obtidos (T abela 2) fica clara a boa sabendo das excelentes propriedades nutricionais da alfarroba e da boa
aceitação sensorial obtida no presente estudo, pode-se incentivar a
aceitação do bolo de alfarroba pelo público, visto que todas as notas
produção e comercialização deste produto por indústrias e padarias.
obtidas no teste de aceitação foram maiores que 7, caracterizando-se
como “ Gostei Ligeiramente”.
CO NCLUSÕ ES
Tabela 2. Resultados obtidos na análise sensorial do bolo com
farinha de alfarroba. De acordo com os resultados obtidos, torna-se claro a boa aceitação
do bolo produzido com a farinha de alfarroba, podendo ser um produto
facilmente implementado na lista de compras dos consumidores.
Critérios de Avaliação Média ± Desvio Índice de
Padrão aceitação (%)
Cor 7,70 ± 1,39 85,55 AGRADECIMENTO S
Sabor 7,48 ± 1,47 83,11
Doçura 7,14 ± 1,61 79,33 À Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão do Instituto Federal de
Consistência 7,50 ± 1,51 83,33 Educação, Ciência e T ecnologia de Pernambuco (IFPE), ao
Impressão Global 7,58 ± 1,35 84,22 Departamento de Pesquisa e Extensão (DPEX) do IFPE - Campus
Atitude de Compra 4,24 ± 0,91 - Afogados da Ingazeira.
O quesito cor foi o que apresentou a maior média dentre os critérios REFERÊNCIAS
de avaliação (7,70 ± 1,39). A alfarroba apresenta uma cor muito forte,
semelhante à cor do chocolate (11), o que, provavelmente, agradou
bastante aos provadores (Figura 2). 1. Karababa, J.B., Coskuner, Y. Physical properties of carob bean
(Ceratonia siliqua L.): an industrial gum yielding crop. Indus. Crops.
Prod. 42, 440-446, 2013.
2. Grosso, L.M., Bracken, M.B. Caffeine metabolism, genetics, and
perinatal outcomes: a review of exposure assessment considerations
during pregnancy. A.E.P. 15(6), 460-466, 2005.
3. Zunft, H.J.F., Lüder, W., Harde, A., Haber, B., Graubaum, H.J.
Carob pulp preparation for treatment of hypercholesterolemia.
Advanc. in T herapy. 18(5), 230-236, 2001.
4. Roseiro, L.B., Duarte, L.C., Oliveira, D.L., Roque, R., Bernado -Gil,
M.G., Martins, A.I., Sepúlveda, C., Almeida, J., Meireles, M., Gírio,
F.M., Rauter, A.P. Supercritical, ultrasound and conventional extracts
from carob (Ceratonia siliqua L.) biomass: effect on the phenolic
profile and antiproliferative activity. Indus. Crops. Prod. 47, 132-138,
2013.
5. Vekiari, A.S., Ouzounidou, G., Gork, G., Ozturk, M., Asfi, M.
Fig. 2. Coloração e aparência do bolo com farinha de alfarroba Compositional changes of major chemical compounds in Greek carob
utilizado no teste sensorial. pods during development. Bullet. Chem. Soc. Ethiopia. 26, 343-351,
2012.
6. Sebai, H., Souli, A., Chehimi, L., Rtibi, K., Amri, M., El-Benna, J.,
Sakly, M. In vitro and in vivo antioxidant properties of Tunisian carob
Quanto ao sabor, a média elevada obtida (7,48 ± 1,47) ocorreu devido (Ceratonia siliqua L.). J. Med. Plants. Res. 7(2), 84-90, 2013.
ao sabor característico do chocolate meio amargo proporcionado pela 7. Benchikh, Y., Louaileche, H., George, B., Merlin, A. Changes in
alfarroba. Alguns provadores observaram que o sabor assemelhava-se bioactive phytochemical content and in vitro antioxidant activity of
ao do café, fato este que provocou elevada aceitação por parte dos carob (Ceratonia siliqua L.) as influenced by fruit ripening. Indus.
provadores. Crops. Prod. 60, 298-303, 2014.
O índice de aceitação do bolo com farinha de alfarroba foi superior 8. Beara, I.N., Lesjak, M.M., Joven, E.D., Balog, K.J., Anackov, G.T.,
70%, o que, segundo Morais et al. (10), confirma a boa aceitação do Orcic, D.Z., Mimica-Dukic, N.M. Plantain (Plantago L.) species as
produto, visto que, para uma boa repercussão, o índice de aceitação do novel sources of flavonoids antioxidants. J. Agricult. Food. Chem.
produto deve ser superior a 70%. 57(19), 9268–9273, 2009.
A média da atitude de compra foi de 4,24+0,91 (Provavelmente 9. Meilgaard, M., Civille, V., Carr, B.T . Sensory Evaluation
Compraria), comprovando a boa aceitabilidade deste produto. Desta T echniques. Boca Raton: CRC Press, 1988. 279p.
forma, o bolo produzido com a farinha de alfarroba pode ser fabricado 10. Morais, E.F. de, Maniglia, E.B., Omae, J.M., Soares, L.F.F.S.,
para atender à nova classe de consumidores que buscam por uma vida Madrona, G.S. Desenvolvimento e avaliação de bolo a base de farinha
mais saudável, porém sem deixar de lado a delícia do sabor de alfarroba (Ceratoni siliqua). Rev. Gest. Inovaç. Tecn. 4(5), 1340-
característico do chocolate. 1350, 2014.
De acordo com a Associação Brasileira de Indústrias de Massas 11. Abima - Associação Brasileira de Indústrias de Massas
Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (ABIMA), o maior poder Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados, disponível em:
aquisitivo dos consumidores, aliado à crescente procura por produtos http://www.abima.com.br/noticias_eabima.php?id=765. Acesso em:
mais práticos, explicam o bom desempenho do setor de bolos 05 maio 2016.
industriais. Justifica-se ainda, que muitas famílias não têm mais tempo
de preparar bolos caseiros e acabam optando pela praticidade de
84
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO procedeu sob refrigeração (4ºC) para posterior caracterização físico-
O papel do leite na natureza é basicamente nutrir e prover proteção química.
imunológica aos filhotes dos mamíferos, sendo indispensável a eles
nos primeiros meses de vida. Do ponto de vista físico-químico, o leite Tabela 1. Formulações dos iogurtes prebióticos adoçados com mel.
é uma mistura homogênea de diferentes substâncias como água,
Amostras
proteínas, lactose, gordura, sais minerais e vitaminas (1).
O leite pode ser consumido de diversas formas, a exemplo do iogurte Ingredientes Padrão I1 I2 I3 I4 I5
que é rico em cálcio, fósforo, vitaminas e carboidratos. O iogurte, Mel (%) 0 4 6 8 10 12
inicialmente, teve seu consumo limitado, restringindo-se apenas a Inulina (%) 0 2 2 2 2 2
certos grupos étnicos. Em meados de 1960, passaram a adicionar frutas
para atenuar suas características sensoriais, causando uma maior
Analises físico-químicas
procura de consumo devido também as suas qualidades nutritivas e
As análises físico-químicas dos iogurtes foram realizadas em triplicata
terapêuticas (2).
O desenvolvimento do iogurte se dá pela ação das bact érias quanto aos parâmetros: extrato seco, cinzas, acidez e pH conforme
descrito pelo IAL (6) e proteínas segundo AOAC (7) as do leite foram
Streptococcus salivarius ssp. Termophilus e Lactobacillus delbruckii
as mesmas do iogurte mais as análises de densidade a 15 °C, alizarol,
ssp bulgaricus. Portanto, é um alimento carreador de microrganismos
amido, peroxido de hidrogênio segundo pelo IAL (6) e no mel foram
probióticos contendo células bacterianas benéficas, obtendo-se efeitos
terapêuticos. Podendo ser adoçado com diversas substâncias entre elas realizadas as de cinzas, pH, sólidos solúveis totais segundo IAL (6) e
umidade, acidez, sólidos insolúveis, diástase corantes e cor segundo
o mel e adicionado de prebióticos entre elas as fibras solúveis
LANARA (8).
destacando-se a inulina.
Segundo Silva et al. (3) o mel é um produto natural das abelhas obtido T odos os dados obtidos para os iogurtes foram analisados
do néctar das flores, de secreções de partes vivas das plantas ou de estatisticamente, com o auxílio do software Assistat versão 7.7 beta,
no qual se aplicou a análise de variância (ANOVA), comparando-se
excreções de insetos sugadores de partes vivas das plantas. Rico em
as médias pelo teste de T ukey, em nível de 5% de probabilidade.
glicose e frutose, o mel é considerado o melhor substituinte do açúcar,
além de conter em sua composição algumas vitaminas e minerais.
A inulina é uma fibra solúvel, considerada um ingrediente prebiótico. RESULTADO S E DISCUSSÕ ES
Comumente extraída da raiz da chicória, oferece diversos tipos de Caracterização das matérias-primas
benefícios nutricionais e tecnológicos. Pode trazer benefícios para o Verifica-se na T abela 2 o resultado da caracterização físico-química
sistema digestivo, pois a ingestão de ingredientes prebióticos melhora das matérias-primas utilizadas na elaboração dos iogurtes. Todos os
o equilíbrio da microflora intestinal, aumentando significativamente a parâmetros analisados para o leite e para o mel estão dentro dos
quantidade de bifidobactérias benéficas, inibindo os patógenos (4). padrões de qualidade estabelecidos pelas legislações que estabelecem
Segundo a legislação Brasileira, prebióticos podem ser definidos como para o leite (9) acidez de 0,14 a 0,18%, densidade entre 1,028 a 1,034
ingrediente alimentar não digerível que de maneira benéfica, afetará o g/mL, proteínas mínimo de 2,90% e alizarol estável; e para o mel (10)
organismo, estimulando o crescimento e ou atividade de bactérias de umidade máx. 20%, cinzas máx. 0,6, acidez máx. 50 e sólidos
cólon. É uma substância que modifica a composição da microbiota insolúveis máx. 0,1.
colonial de tal forma que as bactérias com potencial de promoção de
saúde tornam-se a maioria predominante (5).
Tabela 2. Caracterização físico-química das matérias primas.
Diante do exposto, o objetivo do estudo foi elaborar e avaliar a
Leite Mel
composição físico-química de iogurtes prebióticos adoçados com mel.
Extrato seco total (%) 11,97 Umidade (%) 18,50
pH 6,77 pH 3,82
MATERIAIS E MÉTO DO S Acidez (%) 0,17 Acidez (meq/kg) 35,24
Elaboração do iogurte Cinzas (%) 1,10 Cinzas (%) 0,01
O desenvolvimento dos iogurtes e as análises físico-químicas foram Proteínas (%) 3,11 SST (ºBrix) 79,50
realizadas nos laboratórios de leite e derivados e analises físico- Densidade (g/mL) 1,028 Insolúveis (%) 0,08
químicas, pertencentes ao Instituto Federal de Ciência e T ecnologia Present
do Rio Grande do Norte – IFRN, no campus Pau dos Ferros. Alizarol Normal Diastáse (S/cm)
e
A matéria-prima utilizada para a elaboração dos iogurtes foram leite Ausent
pasteurizado integral, inulina, mel e cultura láctea comercial SACCO H 2 O2 Corantes Ausente
e
Lyofast (liofilizada). O material foi adquirido do comercio varejista da Ausent
cidade de Natal-RN. Amido Cor* Branco
e
O processo de elaboração dos iogurtes prebióticos adoçados com mel H 2O 2 - P eróxido de hidrogênio SST - Sólidos solúveis totais
se deu com a adição de 2% de inulina no leite com exceção do leite
utilizado para elaboração do iogurte padrão (Tabela 1). A mistura foi
Caracterização físico-química dos iogurtes
pasteurizada a 85ºC por 15 minutos sob constate homogeneização e
Observa-se na T abela 3 os resultados das análises físico-químicas dos
resfriada até 47 ºC. Atingido a temperatura desejada adicionou-se
iogurtes prebióticos adoçados com mel. Verifica-se que todos os
0,01% de cultura láctica comercial dissolvida em aproximadamente 30
parâmetros apresentaram efeito significativo em nível de 5% segundo
mL de leite.
o teste F.
A fermentação ocorreu em temperatura ambiente durante 6 horas.
Os iogurtes apresentaram uma variação de 12,86 a 20,34% de extrato
Após o processo de fermentação, os iogurtes foram resfriados e
seco. Verifica-se que com o aumento da concentração de mel nas
armazenados em ambiente refrigerado à 4ºC por 12 horas com
formulações maiores foram os valores de extrato seco. Esta tendência
posterior adição do mel (T abela 1).
ocorreu devido as elevadas concentrações de açucares que o mel
O iogurte foi acondicionado em frascos de polietileno de 100 mL,
possui. Gallina et al. (11) avaliando leites fermentados com e sem
devidamente sanitizados com solução clorada. O armazenamento se
adição de probióticos e prebióticos, obtiveram 12,61% de extrato seco.
85
Gastronomia: da tradição à inovação
Silva (12) desenvolveu iogurtes probióticos com prebiótico e obteve estabelecidos pela legislação brasileira e que quanto maior
uma variação de 21,99 a 21,59%. Já Silva (13) obteve variação entre concentração de mel maiores foram as concentrações de extrato seco
20,34 a 26,56% ao estudar iogurte de leite de cabra adicionado de e menores as de acidez, proteínas, pH e cinzas nos iogurtes.
produtos apícolas.
O extrato seco é um indicativo importante devido á exigência de
REFERÊNCIAS
padrões mínimos no leite e pela influência no rendimento dos produtos 1. KOBLITZ, M.G.B. Matérias-primas Alimentícia: Composição e Controle de
lácteos, podendo-se observar que o pagamento do leite e seus produtos Qualidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 301p.
podem ser em função do conteúdo de extrato seco, especificamente 2. MOREIRA, S.R.; SCHWAN, R.F.; CARVALHO, E.P .; FERREIRA, C.
gordura e proteína (14). Análises microbiológicas e químicas de iogurtes comercializados em Lavras –
MG. Food Sci. Technol. 19, 1, 147-152, 1999.
3. SILVA, R.A.; MARIA, G.A.; SOUSA, P .H.M.; COSTA, J.M.C. composição
Tabela 3. Caracterização físico-química dos iogurtes e propriedades terapêuticas do mel de abelha. Braz J Food Nutr. 17, 1, 113-120,
Extrato seco Cinzas Proteínas Acidez 2006.
Amostras pH 4. MONTAN, M. As fibras invisíveis, Rev. Bras. Aliment. 19, 4, 28 -29, 2003.
(%) (%) (%) (%)
Padrão 12,86 f
0,54 a
3,65 a
0,92 a 4,38 b 5. STEFE, C.A.; ALVES, M.A.R.; RIBEIRO, R.L. P robióticos, P rebióticos e
simbióticos. Saúde Meio Ambient. 3, 1, 16-33, 2008.
I1 14,89 e 0,45 b 3,12 d 0,82 c 4,41 a
6. IAL - INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas, métodos químicos
I2 16,13 d 0,39 c 3,27 c 0,87 b 4,36 c e físicos para análises de alimentos. 4ª ed., 1ª ed. Digital, São P aulo 2008.
I3 17,67 c 0,53 a 3,25 c 0,81 c 4,33 d 1020p.
b b c
I4 18,78 0,47 3,26 0,82 c 4,35 c 7. AOAC – Association of Official Analytical Chemist. Official Methods of
I5 20,34 a 0,51 a 3,33 b 0,78 d 4,35 c Analysis, USA, 18ª edição, 3ª revisão, Washington. 1094 p. 2010.
MG 16,78 0,48 3,31 0,84 4,36 8. LANARA – Laboratório Nacional de Referencia Animal. Métodos analíticos
oficiais para controle de produtos de origem animal e seus ingredientes: II –
DMS 1,73 1,94 0,84 1,02 0,92
Métodos físico e químicos. Brasília: Ministério da agricultura, 1981.
Fcal 18,82* 5,93* 3,74* 6,72* 3,85* 9. BRASIL, Instrução Normativa nº 62, de 29 de dezembro de 2011. Aprova o
I1 ... I5 – Iogurtes; As médias seguidas na coluna pela mesma letra não diferem Regulamento Técnico de Identidade. Diário Oficial [da] República Federativa
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade; do Brasil, Brasília, 30 de Dez. 2011, Seção 1, p. 24. 2011.
MG - Media geral; DMS - Desvio médio significativo; Fcal – F calculado (* - 10. BRASIL. Instrução normativa n.11, de 20 de outubro de 2000. Estabelece o
significativo a 5%). regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, 23 out. 2000.
11. GALLINA, D.A.; ALVES, A.T.S.; TRENTO, F.K.H.S.; CARUSI, J.
No tocante a cinzas, o iogurte apresentou resultado variando de 0,39 a
Caracterização de leites fermentados com e sem adição de probióticos e
0,54%. Finco et al. (15) obtiveram resultado de 0,85% em iogurtes prebióticos e avaliação da viabilidade de bactérias láticas e probióticos durante
com adição de farinha de gergelim. Mesquita et al. (16) em iogurte a vida de prateleira. Cient. Ciênc. biol. saude. 13, 4, 239-244, 2011.
com adição de tamarindo doce, obtiveram 0,73% de cinzas. Já Braga 12. SILVA, S.V. Desenvolvimento de iogurte prebiótico com prebiótico. 107f.
et al. (17) obtiveram o valor de 0,88 e 0,82% de cinzas, em iogurtes 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia dos Alimentos) –
adicionados de polpa e de xarope de mangostão. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria-RS. 2007.
Segundo Mesquita et al. (16), as cinzas podem ser consideradas como 13. SILVA, J.N. Iogurte de leite de cabra adicionado de produtos apícolas:
uma medida geral de qualidade de alimentos, uma vez que maiores estabilidade e aceitação. 133f. 2012. Dissertação (Mestrado em Tecnologia
Agroalimentar) – Universidade Federal da P araíba, Bananeiras, P B, 2012
teores de cinzas retratam maiores teores de minerais, sendo as cinzas 14. P EREIRA, R.A.G.; QUEIROGA, R.C.R.E; VIANNA, R.P .T.; OLIVEIRA,
solúveis mais desejáveis, já que as insolúveis representam metais. M.E.G.; Qualidade química e física do leite de cabra distribuído no programa
O teor de proteínas variou de 3,12 a 3,65%. Os resultados estão de social “ P acto Novo Cariri” no Estado da P araíba. Rev. Inst. Adolfo Lutz. 64, 2,
acordo com os parâmetros mínimos definidos na legislação brasileira 205-211, 2005.
para o produto (18) que estabelece o mínimo de 2,90% de proteínas 15. FINCO, A.M.O.; GARMUS, T.T.; BEZERRA, J.R.M.V.; CÓRDOVA,
em iogurtes. Mazochi et al. (19) conseguiram um teor de 3,27% de K.R.V. Elaboração de iogurte com adição de farinha de gergelim. Ambiência, 7,
proteínas em iogurte com leite de cabra suplementado com 2, 217-227, 2011.
16. MESQUITA, R.V.S.C.; FIGUEIREDO NETO, A.; TEIXEIRA, F.; SILVA,
Bifidovacterium spp. Já Braga et al. (17) obtiveram resultado protéico V. Elaboração, análise físico-química e aceitação do iogurte com adição do
mais elevado que o indicado pela legislação, onde obtiveram valor de tamarindo “ doce” (tamarindos indica L.). Rev. Bras. P rod. Agroind, 14, 4, 381-
5,9% em iogurte com polpa de mangostão e 7,12% em iogurte com 387, 2012.
xarope de mangostão. Finco et al. (15) conseguiram um teor de 3,87% 17. BRAGA, A.C.C.; ASSIS NETO, E.F.; VILHENA, M.J.V. Elaboração e
de proteínas no iogurte com farinha de gergelim. caracterização de iogurtes adicionados de polpa e de xarope de mangostão
No que se diz respeito a acidez, os valores variaram de 0,78 à 0,92%, (Garcinia mangostão L.). Rev. Bras. P rod. Agroind. 4, 1, 77-84, 2012.
estando esse parâmetro dentro do estabelecido pela legislação 18. BRASIL, Instrução Normativa nº 46, de 23 de outubro de 2007,
Regulamento técnico de identidade e qualidade de leites fermentados. Diário
brasileira (18) que estabelece valores de acidez em ácido lático entre
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 24 de outubro de 2007.
0,6 e 1,5%. Finco et al. (15) obtiveram valores de acidez variando de 19. MAZOCHI, V.; MATOS JÚNIOR, F.E.; VAL, C.H.; DINIZ, D.N.;
0,20 a 0,81% em iogurte com farinha de gergelim. Geise et al. (20) RESENDE, A.F.; NICOLI, J.R.; SILVA, A.M.; Iogurte p robiotico produzido
analisaram iogurtes comercializados na região Oeste do Paraná e com leite de cabra suplementado com Bifidobacterium spp. Rev. Bras. Med. Vet.
obtiveram valores de acidez de 0,83 e 1,06%. Já Braga et al. (17) 62, 6, 1484-1490, 2010.
obtiveram valores de 0,97 e 0,98%. 20. GEISE, S.; COELHO, S.R.M.; TÉO, C.R.P .A.; NÓBREGA, L.H. P .;
O pH variou de 4,38 a 4,41. Pimentel et al. (21) encontraram valores CHRIST, D. Caracterização físico-química e sensorial de iogurtes
comercializados na região oeste do P araná. Rev. Varia Sci. Agrar. 1, 121 -129,
de pH de 4,24 a 4,45 em iogurte que também foi adicionado inulina. 2010.
Ferreira (22) obteve pH de 3,93aà 4,05 em iogurte de cajá. Já Braga et 21. P IMENTEL, T.C.; GARCIA, S.; P RUDENCIO, S.H. Iogurte probiotico com
al. (17) e Finco et al. (15) encontraram valores de pH de 3,25 e 4,64, frutanos tipo inulina de diferentes graus de polimerização: características físico-
respectivamente. química e microbiológicas e estabilidade ao armazenamento. Semina ciênc.
agrar. 33, 3, 1059-1070, 2012.
22. FERREIRA, L.C. Desenvolvimento de iogurtes probioticos e simbióticos
CO NCLUSÕ ES sabor cajá (Spondias mombin L.). 94f. 2012 Dissertação (Mestrado em Ciência
Conclui-se que tanto as matérias-primas (leite e mel) como os iogurtes e Tecnologia dos Alimentos) – Universidade Federal Rural de P ernambuco,
apresentaram-se dentro de todos os padrões físico-químicos Recife, 2012.
86
Gastronomia: da tradição à inovação
Leiliane Silva Lopes Lima 1 , Raphaela Maceió da Silva 1 , Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo 1 , Alexandre José de
Melo Queiroz1
¹Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de
Campina Grande, email: leilianelopes@gmail.com
pH 5,29 ±0,14 5,50 ± 0,20 foram de 5,03 e 9,9 °Brix, sendo encontrado por Silva et al.(7) para
AT T (%) 0.09 a ± 0,00 0,05 b ± 0,0 polpa de melão valor de 7,83 °Brix, superior ao deste trabalho. Em
SST (%) 5,03 b ± 0,05 9,9 a ± 0,0 relação às formulações, verificou-se que o teor de sólidos solúveis
T eor de água (%) 84.45 b ± 0,05 91,41a ± 0,18 totais aumenta com o aumento da proporção de melão (Tabela 2). A
Atividade de água (Aw) 0.99 a ± 0,00 0,98 a ± 0,00 qualidade do produto final na agroindústria está relacionada ao teor de
87
Gastronomia: da tradição à inovação
sólidos solúveis totais, uma vez que produtos com alta concentração REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
implicam em menor adição de açúcar para obtenção do produto final
1. Dias, R. C. S. de; Barbosa, G. S. da Souza, F. F. de; Queiroz, M.
(8). Para o teor de água observa-se que houve diferença da polpa de
A. de; Resende, G. M. de; Costa, N. D. Composição físico - química
melão e melancia integral. Constata-se ainda que a melancia mesmo de cultivares de melancia. Disponível em: http: //
sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br.Acesso em: 2 maio.2016
apresentando alto teor de água, não diferiu estatisticamente das
2. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
formulações (F2 e F3). A atividade de água (aw) do melão e melancia Decreto n° 2.314, de 05 setembro de 1997. Regulamenta a Lei n°
8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a padronização, a
integral variou de 0,99 a 0,98, não diferindo estatisticamente entre si.
classificação, o registro, a insperção, a produção e a fiscalização de
Em relação ao conteúdo de minerais (cinzas) foi encontrado maior bebidas. 1997.
3. INST IT UTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto
valor para a polpa integral de melão com 0,58%, diferindo Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análises de alimentos.
estatisticamente da melancia com 0,12% (Tabela 1). De acordo com São Paulo, 2008.
4. Gomes, W. C; Medeiros, J, Melo, J. C. S; Feitosa, R. M. Avaliação
T ACO (9) o teor de cinzas do melão é de 0,5 %, semelhante ao valor físico-química do melão cantaloupe comercializado no mercado
encontrado neste trabalho, enquanto que a melancia é 0,30 %, superior público de Campina Grande-PB. XLVI Congresso Brasileiro de
Química. Realização ABQ-Setembro de 2006.
ao valor encontrado neste trabalho. A caracterização colorimétrica das
5. Carlos, A. L. X.; Menezes, Rocha, J. B.; R. H. C.; Nunes ,G. H. S.;
polpas de melão e da melancia (Tabela 1) revelou-se como claras, com Silva, G. G. Vida Útil Pós-Colheita de Melancia Submetida a
Diferentes T emperaturas De Armazenamento. Revista Brasileira de
luminosidade (L*) superior a 30, porém, diferiram estatisticamente
Produtos Agroindustriais. Campina Grande, v.4, n.1, p.29-35, 2002
entre todos os parâmetros, com destaque para a baixa intensidade de 6. Lavinas, F.C.; Almeida, N.C.; Miguel, M.A.L.; Lopes, M. L. M.;
Valente-Mesquira, V. L. Estudo da estabilidade química e
vermelho (a*) para polpa de melão e alta para polpa de melancia.
microbiológica do caju in natura armazenado em diferentes condições
Observa-se que as formulações diferiram estatisticamente para todos de estocagem. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.26, n.4, p. 875-
888, 2006.
os parâmetros avaliados. 7.Silva, L,M,M; Figueirêdo, R,M,F; Sousa, F,C; Sousa, E,P; Lima, A,
K,V,O; Parâmetros químicos, físicos e físico-químicos de três
variedades de melão. Revista Verde, v.6, n.5, p. 242 –246 dezembro
CO NCLUSÃO de 2011(Edição Especial).
8.Chaves, M. C. V. Maria da; Gomes, J. P. de; Almeida, F. A. C;
Araujo, L; Cledimario, J; Silva Honorato. F.L. da. Caracterização
físico-química do suco de acerola. Revista de Biologia e Ciência da
As formulações obtiveram resultados satisfatórios, em destaque para T erra, v. 4, n. 2, 2004.
formulação F3, com maior conteúdo de minerais e sólidos solúveis, 8.T ACO - T abela brasileira de composição de alimentos. 4ª ed.
Campinas: NEPA/UNICAMP, 2011. 161 p.
menor acidez e maior intensidade do vermelho, o que pode influenciar
na apreciação dos consumidores em relação a cor.
88
Gastronomia: da tradição à inovação
Swan Xavier1,2 , Pahlevi de Souza 3 , Michelle Uchôa2 , Raimunda Maia2 , Maria Norte 4
89
Gastronomia: da tradição à inovação
Dentre as formulações contendo FQ, B2 mostrou-se um produto fonte consumo. Na análise sensorial, as amostra B1 (controle) e B2 (5% de
de fibras (5,84%), enquanto B3 e B4 se mostraram produtos com alto FQ) obtiveram as melhores avaliações em todos os atributos, maiores
teor de fibras (7,44 e 8,34%, respectivamente). A redução observada índices de aceitabilidade e as maiores frequências positivas no teste de
no conteúdo de carboidratos e nos valores calóricos dos biscoitos está intenção de compra.
associada ao aumento significativo dos teores de fibras resultante do Conclui-se, portanto, que a farinha de quiabo na concentração de 5%
acréscimo de FQ às formulações. Tal resultado é considerado positivo, pode ser utilizada em biscoitos, com o intuito de melhorar sua
tendo em vista os efeitos benéficos das fibras no organismo, incluindo qualidade nutricional e servindo de alternativa ao consumo dessa
o retardo na digestão e absorção de carboidratos e a redução da hortaliça, sem influenciar negativamente em sua aceitação sensorial.
hiperglicemia pós-prandial.
Resultados semelhantes encontrados por Bick, Fogaça e Storck (9) em REFERÊNCIAS
biscoitos elaborados com 10% farinha de quinoa em substituição à
farinha de trigo, e por Rodrigues et al. (10) em estudo com cookies 1. FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia
adicionados de farinha de yacon. moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3.ed. rev. e
ampl. Viçosa, MG: UFV, 2007. 421p
Análise sensorial 2. VAN DEN BROEK, R.; IACOVINO, G.D.; PARADELA, A.L.;
GALLI, M.A. Controle alternativo de oidio (Erysiphe cichoracearum)
As quatro formulações apresentaram ausência de Coliformes a 45°C e em quiabeiro (Hibiscus esculentum). Rev. Ecossistema. 27, 23-26,
de Salmonella sp., e contagem de Estafilococos coagulase positiva 2002.
menor que 10UFC/g, mostrando-se aptas ao consumo. 3. CHIT ARRA, M. I. F.; CHIT ARRA, A. B. Pós-colheita de frutas e
Na análise sensorial, as formulações B1 e B2 obtiveram as melhores hortaliças: fisiologia e manuseio. 2 ed. Lavras: UFLA, 2005. 785p.
avaliações para todos os atributos, enquanto a formulação B4 obteve 4. SABIT HA, V. RAMACHANDRAN, S.; NAVEEN, K.R.;
os menos escores (Tabela 2), indicando que as maiores proporções de PANNEERSELVAM, K. Antidiabetic and antihyperlipidemic
FQ podem ter conferido consistência mais quebradiça e sabor mais potential of Abelmoschus esculentus (L.) Moench. in streptozotocin-
pronunciado ao produto. induced diabetic rats. J Pharm & Bioall Sci. 3, 397-402, 2011.
Disponível em <http://www.jpbsonline.org/text.asp?2011/3/3/397/84
T abela 2: Médias das análises sensoriais e Índice de Aceitabilidade 447>. Acesso em: 02 fev. 2016
dos biscoitos com e sem farinha de quiabo (FQ). IFCE. Limoeiro do 5. MESSING, J. T HÖLE, C.; NIEHUES, M.; SHEVT SOVA, A.;
Norte. 2016. GLOCKER, E.; BORÉN, T.; HENSE, A. Antiadhesive properties of
Formulações Abelmoschus esculentus (Okra) immature fruit extract against
Atributos Helicobacter pylori adhesion. PLoS One. 9, e84836, 2014. Disponível
B1 B2 B3 B4
em: <http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.
Aparência 7,53 a 7,08 a 6,53 b 6,33 b 1371%2Fjournal.pone.0084836>. Acesso em: 02 fev. 2016.
Sabor 7,14 a 6,76 a 5,83 b 5,01 b 6. FREIT AS, C.J.; VALENT E, D.R.; CRUZ, S.P. Caracterização
T extura 7,09 a
6,83 ab
6,38 bc
5,88 c física, química e sensorial de biscoitos confeccionados com farinha de
Impressão global 7,24 a
6,90 a
6,07 b
5,60 b semente de abóbora (FSA) e farinha de semente de baru (FSB) para
celíacos. Demetra. 9, 1003-1018. 2014.
IA 80,46% 76,69% 67,46% 62,20% 7. INST ITUTO ADOLFO LUTZ - IAL. Métodos físico-químicos para
análise dos alimentos. 4.ed. São Paulo: Instituo Adolfo Lutz, 2008.
Para que um produto seja considerado aceito pelos provadores deve 1000p.
atingir um percentual maior ou igual a 70% (11) e, entre as 8. AMERICAN OIL CHEMIST S’ SOCIET Y - AOCS. Official
formulações elaboradas com FQ, a única que se adequou a esse method Ba 6a- 05. Crude Fiber Analysis in Feeds by Filter Bag
parâmetro foi a B2. T echnique. In: Official Methods and Recommended Practices of the
Na avaliação de intenção de compra dos biscoitos, as formulações B1 AOCS. American Oil Chemists’ Society. 2005.
(padrão) e B2 (adicionada de 5% de FQ) apresentaram as maiores 9. BICK, M. A.; FOGAÇA, A. O.; ST ORCK, C. R. Biscoitos com
frequências de intenção de positiva (58,03 e 50,89%, diferentes concentrações de farinha de quinoa em substituição parcial
respectivamente), enquanto B4 (15% de FQ) obteve a maior à farinha de trigo. Braz. J. Food T echnol. Campinas, 17, 121-129,
frequência de intenção negat iva (59,83%), corroborando com a abr./jun. 2014.
avaliação de atributos ao demonstrar preferência dos provadores pelas 10. RODRIGUES, M. G. G.; SANT OS, E.F.; SANCHES, F.L.F.Z.;
formulações padrão (B1) e com menor teor de farinha de quiabo (B2) NOVELLO, D.; MANHANI, M.R.; NEUMANN, M.
em detrimento das amostras com maior percentual (B3 e B4), Desenvolvimento de cookies adicionados de farinha de yacon
possivelmente devido ao sabor mais acentuado que esta matéria-prima (Smallanthus sonchifolius): caracterização química e aceitabilidade
confere ao produto final. sensorial entre portadores de Diabetes Mellitus. Rev Inst Adolfo Lutz.
Resultados semelhantes foram verificados por Andrade (12) em São Paulo. 73. 219-25. 2014.
pesquisa sobre a aceitabilidade de biscoitos enriquecidos farinha de 11. CLERICI, M. T. P. S.; OLIVEIRA, M. E.; NABESHIMA, E. H.
banana verde e por Clerici, Oliveira e Nabeshima (13), em estudo Qualidade física, química e sensorial de biscoitos tipo cookies
sobre biscoitos tipo cookies elaborados com a substituição parcial da elaborados com a substituição parcial da farinha de trigo por farinha
farinha de trigo por farinha desengordurada de gergelim. desengordurada de gergelim. Braz. J. Food T echnol, Campinas, 16,
139-146, abr./jun. 2013.
CO NCLUSÕ ES 12. ANDRADE, C. K. O. Elaboração e aceitabilidade dos biscoitos
enriquecidos com farinha de banana verde. 2013. 52f. Monografia
Na caracterização físico-química, a formulação B4 (15% de FQ) (Graduação em Ciências Agrárias) – Universidade Estadual da
apresentou maior incremento de fibras e proteínas, além de o menor Paraíba, Catolé do Rocha, 2013.
valor calórico. As análises microbiológicas indicaram que a 13. T EIXEIRA, E.; MEINERT, E. M.; BARBETTA, P. A. Análise
manipulação durante os processos de produção ocorreu sob adequado sensorial de alimentos. Florianópolis: Ed. UFSC, 1987. 180 p.
controle higiênico-sanitário, tornando os biscoitos adequados para o
90
Gastronomia: da tradição à inovação
05728 Empanados tipo nuggets formulados com resíduos do pescado Tucunaré (Cichlas
ocellaris)
Palavras chave: novos produtos, valor nutritivo, alimentos proteicos, aproveitamento, farinha de peixe
INTRO DUÇÃO
Tabela 1. Formulação de nuggets elaborados com farinha da
A produção mundial de pescado em 2012 era de 156 milhões de carcaça de Tucunaré
toneladas, das quais 136,2 milhões de toneladas foram destinadas ao
consumo direto para a população. Estima-se que a produção de Formulação (%)
pescado em 2030 será de 151,7 milhões de toneladas (1).
A quantidade de resíduos gerados pela unidade de beneficiamento do Ingredientes F1 F2 F3
pescado, dependendo da espécie de peixe processada e do produto Filé 86,8 65,1 43,4
final, representa cerca de 8 a 16% do pescado bruto, no caso do
Farinha da carcaça 0 21,7 43,4
pescado eviscerado, podendo alcançar de 60 a 72% na produção de
filés sem pele (2). Os resíduos do beneficiamento do pescado podem Condimento preparado* 1,6 1,6 1,6
ser utilizados para vários fins: alimentos para consumo humano; Alho em pó 0,3 0,3 0,3
alimentos para consumo animal (rações); fertilizantes ou adubos
orgânicos. Para à alimentação humana, podem ser destinados a Cebola desidratada 2,7 2,7 2,7
elaboração da farinha de peixe, produto de elevado valor nutritivo. (3). Amido de milho 4,3 4,3 4,3
A farinha de peixe é definida como o produto obtido pela cocção de
pescado ou de seus resíduos, mediante o emprego de vapor, Isolado proteico de soja 4,3 4,3 4,3
convenientemente prensado, dessecado e triturado (4). A elaboração *Sal, cebola desidratada, cebolinha desidratada, salsinha desidratada,
da farinha com resíduos de pescado para fins de alimentação humana páprica, alho em pó, glutamato monossódico e pimenta. (F1: 100% de
ainda é bem escassa, havendo poucos estudos relacionados. Sua filé e 0% de farinha da carcaça; F2: 75% de filé e 25% de farinha de
elaboração requer um bom controle de qualidade, com o intuito de se carcaça; F3: 50% de filé e 50% de farinha de carcaça). Fonte:
evitar contaminação microbiológica. Maia-Neta et al. (5), estudando a Adaptado de Cortez Netto et al. (7)
estabilidade físico-química e microbiológica da farinha da carcaça de
T ucunaré, observaram que a farinha permaneceu em boas condições Após a pesagem, todos os ingredientes foram misturados e
de consumo por um período de 90 dias de armazenamento em homogeneizados, durante um tempo de aproximadamente 10 minutos,
temperatura ambiente, apresentando vida de prateleira satisfatória. em seguida foram manualmente moldados na forma oval.
Diante do exposto, objetivou-se com o presente trabalho a obtenção da Posteriormente realizou-se o processo de empanamento, submetendo
farinha dos resíduos do peixe T ucunaré, após filetagem, visando os nuggets ao “predust” (a base de farinha de trigo), seguida pelo
utilizá-la na elaboração de empanados tipo nuggets, além de avaliar os “ batter” ou líquido de empanamento (água, leite em pó, amido e sal)
parâmetros da composição centesimal dos mesmos. e por fim ao “ breading” (a base de farinha de rosca). Após o término
do processo, todos os empanados foram dispostos em bandejas
MATERIAL E MÉTO DO S plásticas de polietileno brancas, corretamente identificadas, e
congelados a -18°C (7).
Os resíduos, após filetagem, foram obtidos em uma colônia de Efetuou-se a análise físico-química da farinha e dos nuggets crus.
pescadores na cidade de Coremas-Pb, sendo transportadas até o Analisou-se: umidade, cinzas e lipídeo, seguindo as Normas Analíticas
Laboratório de Análise Sensorial, UFCG/CCT A, em condições do IAL (8) e proteínas, seguindo a metodologia da AOAC (9). Todas
adequadas de armazenamento. as determinações foram realizadas em triplicata.
Os resultados foram avaliados estatisticamente, para a obtenção de
O bte nção da farinha de peixe média e desvio padrão, e submetidos à Análise de Variância
(ANOVA) p (<0,05) e ao teste de T ukey para comparação entre as
Após a higienização, os resíduos de T ucunaré foram cozidos a vapor médias, utilizando o Programa Estatístico ASSIST AT, versão 7.6 (10).
durante 25 minutos, com água à temperatura aproximada de 100ºC.
Em seguida, foram triturados em um multiprocessador convencional. RESULTADO S E DISCUSSÃO
A massa obtida foi disposta em bandejas de alumínio e levada ao forno
industrial, onde permaneceu por aproximadamente 3 horas a 180ºC, Na T abela 2, estão representados os dados obtidos das análises físico-
seguido de trituração em liquidificador industrial. O produto obtido foi químicas para a farinha de peixe e para os nuggets elaborados.
então peneirado em peneiras de aço inox 14 mesh (6) e acondicionado Observa-se que os resultados de umidade, cinzas e lipídeos obtidos
em sacos de polietileno, até posterior utilização. para a farinha corroboram com os da literatura, onde Petenuci et al.
(6), estudando a estabilidade da composição da farinha de carcaça de
Elaboração dos nuggets tilápia, obtiveram 14,2% de umidade; 18,3% de cinzas; 25,3% de
lipídeos e 40,8% de proteína, diferindo do teor de proteínas. Essa
Os ingredientes utilizados estão dispostos na T abela 1. diferença pode ser oriunda do processamento da obtenção da farinha,
bem como da matéria prima utilizada.
91
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabela 2. Médias e desvio padrão dos parâmetros físico - químicos obtidos da farinha da carcaça e dos nuggets elaborados.
Amostras Umidade Cinzas Proteínas Lipídeo
% % % %
Farinha de peixe 12,31 d ±0,23 20,59 a±0,00 12,27 a±0,35 26,05 a±0,36
F1 65,86 a±0,38 4,45 d ±008 2,69 d ±0,73 10,22 b ±1,24
F2 54,03 b ±2,47 8,37 c±0,17 6,55 c±0,72 10,69 b ±0,04
F3 44,78 c±0,08 11,25 b ±0,02 10,12 b ±0,71 20,99 a±0,32
As médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra não diferem carcaça; F2: 75% de filé e 25% de farinha de carcaça; F3: 50% de filé
estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% e 50% de farinha de carcaça
(p<0,05) de probabilidade. (F1: 100% de filé e 0% de farinha da (2). KUBIT ZA, F., CAMP OS, J. L. O aproveitamento dos
Os parâmetros umidade e cinzas das amostras de nuggets (F1, F2 e F3) subprodutos do processamento de pescado. Panorama da Aquicultura.
diferiram estatisticamente entre si. À medida que se aumentava a 16 (94), 23-29, 2006.
proporção da farinha no produto, reduzia-se consideravelmente o teor (3). GONÇALVES, A. A. T ecnologia do pescado: ciência, tecnologia,
de umidade e aumentava-se o teor de cinzas. Cortez Netto et al. (7), ao inovação e legislação. São Paulo, Ed Atheneu, 2011. v. *. * p
elaborarem o empanado de Pacu (Piaractus mesopotamicus), (4). BRASIL. RIISPOA – Regulamento da Inspeção Industrial e
obtiveram umidade de 63,68%, próximo ao encontrado para a F1 Sanitária de Produtos de Origem animal. Ministério da Agricultura,
(Padrão) deste trabalho, justificado pelo fato da F1 não conter a adição Pecuária e Abastecimento, 1962.
da farinha. Morais et al. (11), estudando nuggets a partir do (5). MAIA NETA, Z., SILVA, F. D., T RIGUEIRO JÚNIOR, O. P.,
reaproveitamento dos resíduos de camarão, obtiveram uma umidade LOPES, M. F., ANDRADE SOBRINHO, L. G. Elaboração e
de 37,1%, representando um percentual inferior ao deste trabalho. Este qualidade microbiológica de farinha dos resíduos da filetagem do
fato pode estar relacionado com a etapa de predust, pois foi utilizado peixe tucunaré (Cichla sp.) para alimentação humana. Caderno Verde
a farinha de trigo, onde segundo Dill, Silva e Luvielmo (12), ao de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. 4, 2014.
analisarem diferentes tipos de cobertura para empanamento, (6). PET ENUCI, M. E., PET ENUC, M. E., ST EVANAT O, F. B.,
observaram que a farinha de trigo tem como função formar um filme MORAIS, D. R., SANT OS, L. P., SOUZA, N. E., VISENT AINER, J.
entre a cobertura e a carne através da hidratação das proteínas e do V. Composição e estabilidade lipídica da farinha de espinhaço de
amido, não permitindo assim, a saída de água. Desta forma, percebe- tilápia. Ciência e Agrotecnologia. 34, 1279-1284, 2010.
se que a farinha do cefalotórax de camarão no trabalho de Morais et (7). CORT EZ NET TO, J. P., BOSCOLO, W. R., FEIDEN, A.,
al. (11) permitiu a saída de água do produto, obtendo uma menor MALUF, M. L. F., FREIT AS, J. M. A., SIMOES, M. R. Formulação
umidade, o que proporciona uma maior crocância resultante. e analises microbiológicas, composição centesimal e aceitabilidade de
Veit et al. (13), ao analisarem os nuggets tendo como matéria prima o empanados de jundia (Rhamdiaquelen), pacu (Piaractus
Mandi-Pintado (Pimelodusbritskii), e Cortez Netto et al. (7), mesopotamicus) e tilapia (Oreochromis niloticus). Inst Adolfo Lutz.
estudando a composição centesimal e aceitação do empanado de São Paulo. 2010.
Jundia (Rhamdia quelen) e Pacu (Piaractus mesopotamicus), (8). INST IT UTO ADOLFO LUT Z. Normas analíticas, métodos
obtiveram para os teores de cinza 1,12 %, 2,9 % e 2,7 %, químicos e físicos para análises de alimentos. 4 ed. São Paulo: IAL,
respectivamente. Os autores das literaturas citadas obtiveram valores 2008.v.1. 533p.
inferiores aos encontrados neste trabalho. Evidenciando assim elevada (9). AOAC. Official Methods of Analysis. Association of Official
quantidade de minerais nas amostras analisadas, podendo ser Analytical Chemists. Washington. DC, 2005.
justificado pela adição de condimentos na elaboração dos nuggets, (10). SILVA, F. A. S. Programa estatístico: ASSIST AT versão 7.7
elevando o teor de minerais dos mesmos. Kirschnik e Viegas (14), beta (2014). DEAG – CTRN- UFCG, Campina Grande – PB. Cópia
analisando a estabilidade em duas formulações, nugget I e nugget II atualizada em 08/01/2014. Homepage HT T P://www.assistat.com.
utilizando carne mecanicamente separada (CMS) de T ilápia do Nilo (11). MORAIS, K. F., FRUTUOSO, A. E., NASCIMENTO, N. T.,
como matéria prima, obtiveram 10,02% e 9,50% de proteína ARAÚJO, L. A. C. Elaboração de produto empanado tipo nugget a
respectivamente, observa-se teores próximos a F3 (10,12%) e valores partir do reaproveitamento dos resíduos de camarão (Litopenaeus
superiores à F1 (2,69%) e F3 (6,55%). Veit et al. (13), analisando os vannamei). V CONNEPI- 2010- CIÊNCIAS AGRÁRIAS. Disponível
nuggets a partir do filé de Mandi-Pintado, obtiveram 14,67 % de em:
valores proteicos e Pereira (15) obteve 13,2% para esse parâmetro, <http://connepi.ifal.edu.br/ocs/index.php/connepi/CONNEPI2010/pa
valores estes superiores as formulações desenvolvidas neste trabalho. per/viewFile /1082/866>. Acessado em: 17 de Nov. 2014.
Observa-se que a F3 diferiu das demais formulações em relação ao (12). DILL, D. D., SILVA, A. P., LUVIELMO, M. M. Processamento
teor de lipídeos, obtendo um maior valor no teor de lipídeos de empanados: sistemas de cobertura. Estudos Tecnológicos. 5, 33-49,
evidenciado pelo fato de conter maior quantidade da farinha da 2009.
carcaça, sendo que a F3 não diferiu da farinha da carcaça. Veit et al. (13). VEIT, J. C., FREITAS, J. M. A., REIS, E. S., MALUF, M. L. F.,
(14) e Cortez Netto et al. (7) obtiveram valores para lipídeos de FEIDEN, A., BOSCOLO, W. J. Caracterização centesimal e
10,12% e 10,18%, respectivamente, valores estes semelhantes aos microbiológica de nuggets de mandi-pintado (Pimelodus britskii).
encontrados nas F1 (10,22 %) e F2 (10,69 %). Ciênc. Agrar. 3, 1041-1048, 2011.
(14). KIRSCHNIK, P. G., VIEGAS, E. M. M. Avaliação da
CO NCLUSÕ ES estabilidade de produtos obtidos de carne mecanicamente separada de
tilápia nilótica (Oreochromisniloticus). Dissertação (Doutorado em
A medida que se aumenta a incrementação da farinha da carcaça do Aquicultura) – Universidade Estadual Paulista, UNESP, 2007.
pescado nos nuggets, observa-se que os teores de cinzas, proteínas e (15). PEREIRA, A. J. Desenvolvimento de tecnologia para produção
lipídeos aumentam e o teor de umidade diminui. Fato observado para e utilização da polpa de carne de carpa prateada
a F3, que continha maior quantidade de farinha de peixe, sendo a (Hypophthalmichthysmolitrix) na elaboração de produtos
formulação que obteve melhores resultados da composição reestruturados: “fishburger” e “nugget”. Dissertação (Mestrado em
centesimal, com potencial incrementação proteica. T ecnologia de Alimentos) - Setor de Engenharia Química.
Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2003.
REFERÊNCIAS
92
Gastronomia: da tradição à inovação
05738 Formulação e Análise Sensorial de Pães Funcionais com Aplicação de Farinha de Algas
(gracilaria birdiae)
Joseilda da Silva1 , Alyne Costa2, Edilene Silva3, Ana Lima4, Renato Gomes5 , Karlla Oliveira6
1
Discente do Curso de Gastronomia, Faculdade Maurício de Nassau, Natal/RN,
silvajo39@hotmail.com
2, 3, 4
Curso de Gastronomia, Faculdade Maurício de Nassau, Natal/RN
5 Instituto Federal de Eduação, Ciência e Tecnologia do Ceará
6 Departamento de Gastronomia, Universidade Federal da Paraíba
MATERIAL E MÉTO DO S
93
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 1. Pão funcional elaborado com farinha de algas (gracilaria Na escala de atitude em relação à intenção de compra do produto em
birdiae) estudo (Figura 2), percebe-se que 47,7% dos participantes da pesquisa
indicaram que certamente comprariam este produto, caso ele estivesse
no mercado. Resultados superiores ao relatado por Moreira (5), que na
análise de intenção de compra de um pão sem glúten para celíacos,
obteve uma aceitação de 36,6% (compraria), 50% (talvez compraria)
e 14,16% (não compraria).
CO NCLUSÃO
94
Gastronomia: da tradição à inovação
krrhare@gmail.com
2 Faculdade de Tecnologia em Agroindústria, FATEC SENAI/MT Mato Gro sso
95
Gastronomia: da tradição à inovação
RESULTADO S E DISCUSSÃO utilizados na fabricação do coproduto de pescado que não fazem parte
do produto similar.
Análise s Microbiológicas
Os resultados das análises microbiológicas do coproduto de pescado – T abela 5. Resultado da análise de cor e atividade de água (Aw) do
tempero desidratado estão expostos na Tabela 2. Os mesmos revelam coproduto de pescado – tempero desidratado.
condições sanitárias satisfatórias do produto para consumo humano, Cor
mesmo sendo detectadas contagens de Estafilococos coagulase Aw
positiva para o coproduto, entretanto, os valores encontrados estão Amostras L* a* b*
dentro do limite permitido pela RDC 12 de 2001 (12) para o item 1 82,86 0,79 16,24 0,2432
especiarias, temperos, condimentos e molhos preparados e similares. 2 83,31 0,75 16,3 0,2225
3 82,77 0,5 16,26 0,2472
T abela 2. Resultados para as análises microbiológicas do coproduto de Média 82,98 0,68 16,27 0,2376
pescado – tempero desidratado.
Matéria- CO NCLUSÕ ES
Análises Coproduto Parâmetro** De acordo com as características microbiológicas e físico-químicas, o
prima
Coliformes a 35ºC coproduto de pescado – tempero desidratado revelou-se uma ótima
3,6 0 ------
*(NMP g -1) forma de se aproveitar os resíduos de tambaqui, além de proporcionar
Coliformes a 45ºC
0 0 10 2 um novo produto regional capaz de atender às exigências legais e
*(NMP g -1) mercadológicas.
E. coli *(NMP g -1) 0 0 ------
Estafilococos
coagulase positivo 4,7x10 2 0 10 2 AGRADECIMENTO S
*(UFC g -1) À FAT EC SENAI Mato Grosso eixo Alimentos pelo apoio e estrutura
Salmonella sp. na realização dos trabalhos, ao IFMT campus Cuiabá Bela Vista
ausente ausente ausente
*(UFC g -1) através do Programa de Pós-graduação em Ciência e T ecnologia de
Bolores e leveduras
0 0 ------ Alimentos e UFMT através da Faculdade de Nutrição pela parceria no
*(UFC g -1)
desenvolvimento do trabalho e ao INOVA SENAI 2015 pelo apoio
*UFC=Unidade Formadora de Colônia/g; **Parâmetro segundo a
financeiro e institucional.
RDC 12 de 2001 (12).
96
Gastronomia: da tradição à inovação
05768 Elaboração e Caracterização de Embuti do Fermentado Produzido com Carne de Caprinos da Região do
Sertão do Pajeú
Andrews Silva 1 , Elaine Pereira 1 , Maria Erivânia Araújo 1 , Bruno Meireles 2 , Andrea do Nascimento 2 , Denise Soares 2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) – Campus Afogados da Ingazeira
1 Estudante do Curso Técnico Subsequente em Agroindústria – COAGRI;
2 Docente/pesquisador do Curso Técnico Subsequente em Agroindústria – COAGRI. E-mail:
andrewsvinicius3@gmail.com
MATERIAL E MÉTO DO S
O presente estudo foi desenvolvido na Unidade de Processamento de As diversas formulações elaboradas foram pré-maturadas na condição
Carnes e Derivados, pertencente ao Instituto Federal de Educação de 5°C por 24h. Depois submetidas a câmara de maturação, na
Ciência e T ecnologia, localizado no Campus de Afogados da condição de 22-23°C/ UR 85 – 95%/24h, 18 – 20°C/UR 80 – 90%/24h
Ingazeira-PE. As carnes caprina e suína utilizadas foram adquiridas na e por fim a 12 – 15°C/UR 70 – 80% por 20 dias. Cabe ressaltar que
região do Sertão do Pajeú. O processamento seguiu as recomendações foram feitas adaptações em estufa com circulação forçada de ar para a
constantes no Regulamento T écnico de Identidade e Qualidade de condição referente à câmara de maturação.
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Gastronomia: da tradição à inovação
Foram realizadas análises físico-químicas de perda de massa total, pH, De acordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade, o
cinzas e umidade, conforme AOAC (7). Os resultados obtidos nas salame tipo Italiano deve apresentar umidade (máx.) de 35%. O
análises foram compilados em planilhas eletrônicas e submetidos à elevado teor de umidade apresentado pelo embutido processado neste
análise de desvio padrão. estudo proporcionou textura mais macia ao salame, entretanto, valores
de umidade mais elevados conferem maior susceptibilidade de
crescimento de micro-organismos no produto. Ainda, de acordo com
RESULTADO S E DISCUSSÃO a legislação vigente, os salames processados seriam enquadrados, a
Foram processados 10 kg de carne (caprina e bovina), resultando em
rigor da legislação, como linguiça colonial.
25 peças de embutidos tipo salame. A média das massas de cada peça
foi de aproximadamente 321,67 ± 61,57 g, o valor apresentado no O valor médio de pH apresentado foi de 4,93 encontrando-se de acordo
com Ambrosiadis et al. (11), os quais afirmam que o pH de salames
desvio padrão demonstra a grande variabilidade de massa observada
tradicionais varia entre 4,67 a 6,09.
nas peças elaboradas, devido principalmente, à falta de controle no
embutimento manual utilizado durante a etapa. As tripas foram
amarradas com barbante e seguiram para a pré-maturação a 5°C CONCLUSÃO
realizada em refrigerador doméstico. A Figura 2 apresenta amostras Ao fim deste estudo pode-se inferir que as formulações mostraram-se
do embutido processado durante a etapa de maturação. satisfatórias em função das análises físico-químicas aplicadas. Não
apresentando diferenças importantes entre a amostra processada, de
forma tradicional e àquelas que foram processadas com carne de
Fig.2. Embutidos submetidos à câmara de maturação. (a) 1° dia, (b) caprinos. Estimular o surgimento de um novo produto ou de adaptação
8° dia de um já existente no mercado é uma perspectiva viável,
principalmente em se tratando de produtos derivados de carne caprina.
Devido, principalmente, à carência de produtos elaborados com este
tipo de carne, disponíveis no mercado.
AG RADECIMENTOS
À Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão do Instituto Federal de
Educação, Ciência e T ecnologia de Pernambuco (IFPE), ao
Departamento de Pesquisa e Extensão (DPEX) do IFPE - Campus
Afogados da Ingazeira.
REFERÊNCIAS
As principais características do salame são seu aroma, sabor e 1. MDA/SDT. Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do
coloração. A coloração avermelhada do salame deve-se a combinação Sertão do Pajeú, Janeiro 2011.
do óxido nitroso derivado do salitre ou sal de cura adicionados em sua 2. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [Base de Dados na
formulação com o pigmento da mioglobina do músculo da carne, Internet] Censo Agropecuário: banco de Dados, 2006, Disponível em
formando o complexo mioglobina-óxido nitroso (8). Na figura acima http://www.ibge.gov.br/estadosat/. Acesso 27/03/2016
se observa que os salames elaborados apresentaram coloração 3. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
avermelhada característica a partir da primeira semana de maturação. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de salame. Instrução
Os resultados das análises físico-químicasde perda de peso, umidade, Normativa n° 04, de 05 de abril de 2000.
cinzas e pHsão apresentados na T abela 3. 4. Madruga, M. S. Qualidade da carne caprina e ovina: Recentes progressos
e mercado. Anais V Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de
Carnes, São Paulo, 2009.
Tabela 3 - Resultados obtidos nas análises físico-químicas aplicadas 5. Schwert, R. Uso da fumaça líquida tipo calabresa cozida e defumada.
nas amostras de embutido caprino processado. 2009. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação de
Engenharia de Alimentos, da Universidade Regional Integrada do Alto
Embutido Tipo Salame Uruguai e das Missões – URI, Campus de Erechim. Erechim (RS), 2009.
6. Terra, A., Fries, L. L. M., Terra, N. N. Particularidades na Fabricação de
Pe rda de massa 48,4% ± 0,21 Salame. São Paulo – SP: Varela, 2004.
7. AOAC - Association of Official Analitical Chemistry. Official methods
Umidade 49,0% ± 0,07 of analysis. Arlington. 1996, chap. 44, p. 3.
4,93 ± 0,04 8. Castilho, C. J. C. Qualidade da carne. São Paulo – SP: editora livraria
pH
Varella, 2006.
Cinz as 0,33 g ± 0,13 9. Rust, R. E. Productos Embutidos. In: PRICE, J. F.; SCHWEIGERT, B.
*
Média ± desvio padrão. Análises realizadas em triplicata. S. (Eds.) Ciencia de La Carne y de Productos Carnicos. 2. ed. Zaragoza:
Acribia, 1994.
10. Reis, A. G. B., Soares, G. J. D. Salame colonial processado com carne
A partir da avaliação dos resultados obtidos apresentados na tabela suína e ovina. Revista Brasileira de Agrociência, v. 2, n. 2, p. 115-120,
acima, verifica-se que a perda de massa dos salames processados foi 1998.
de aproximadamente 48% em média, situando-se acima da faixa 11. Ambrosiadis, J., Soultos, N., Abrahim, A., Bloukas, J. G.
considerada ideal para produtos fermentados que se encontra entre 30 Physicochemical, microbiological and sensory attributes for the
a 40% (9), embora o resultado obtido tenha sido semelhante ao characterization of greek traditional sausages. Meat Science, 66(2), 279-
encontrado por Reis e Soares (10) nas análises de salames artesanais. 287, 2004.
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Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO
Figuras 1 e 2. Queijos de coalho maturado(1) e defumado(2).
Análise Estatística
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Gastronomia: da tradição à inovação
A partir da análise de resultados do teste de aceitabilidade (Tabela 1) Os resultados indicaram que os sorvetes com requeijão cremoso de
observou-se que tanto o sorvete com requeijão cremoso de queijo de queijo de coalho maturado e requeijão cremoso de queijo de coalho
coalho maturado quanto o sorvete com requeijão cremoso de queijo de defumado são ótimas alternativas para a ampliação da variedade de
coalho defumado foram igualmente bem aceitos pelos provadores em sabores existentes de sorvet es bem como grandes opções de
relação aos atributos avaliados não havendo diferença significativa ingredientes para outros tipos de produtos, valorizando a cultura e
entre elas. contribuindo para a disseminação da mesma.
Tabe la 1. Médias dos valores atribuídos pelos provadores aos sorvetes
com requeijão cremoso de queijo de coalho maturado e requeijão AGRADECIMENTO S
cremoso de queijo de coalho defumado.
100
Gastronomia: da tradição à inovação
As formulações foram elaboradas com a utilização das matérias Gráfico 1 – Descrição dos resultados obtidos, índice de aceitabilidade
primasdescritas na T abela 1, onde podem ser verificados os através de valores hedônicos obtidos na avaliação atributo sabor.
ingredientes e quantidades dessa formulação.
101
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÕ ES
102
Gastronomia: da tradição à inovação
05819 Elaboração e Caracterização Físico-Química de Doce Misto de Tomate Verde com Coco
Érica Milô de Freitas Felipe Rocha 2 , Iago Bruno de Almeida Oliveira 1 , Emanuel Neto Alves de Oliveira 2 , João Paulo de
Holanda Neto 3 , Adalva Lopes Machado 2 , Gleison Silva Oliveira 2 .
1 Técnico em alimentos pelo o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN),
campus Pau dos Ferros.
2 Docentes do Curso Técnico em Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
INTRO DUÇÃO Foram elaboradas quatro formulações para o referido doce que se
O tomate foi um fruto que teve seu cultivo alavancado pelo surgimento diferenciavam apenas pelos ingredientes utilizados para adoçar o
das redes de fast foods devido ao grande consumo de molhos oriundos produto final, sendo elas: F 1 - adoçada com açúcar refinado; F 2 -
do mesmo. Porém, as altas concentrações do amido, característicos do adoçada com mel silvestre; F 3 - adoçada com melaço de rapadura; F
estádio imaturo do tomate, fazem com que o flavor não seja muito 4 - adoçada com concentrado de caju. Onde, inicialmente, os tomates
agradável ao paladar dos compradores e como, atualmente, o mercado verdes foram selecionados e higienizados em água clorada a 200ppm.
gastronômico está cada vez mais aumentando o leque de receitas Após, foi realizado o corte em quatro partes para a retirada das
advindas de origem vegetal, explorando cada vez mais as sementes e fez, então, a pesagem de todos os ingredientes que seriam
potencialidades de cada fruto, o desenvolvimento deste doce vem utilizados (T abela 1). Após todos os ingredientes devidamente
agregar valor ao produto final além da busca pela diminuição do pesados, os mesmos foram levados a fogo médio até adquirir um teor
desperdício do referido fruto. de 55º Brix, observado através de um refratômetro, classificado como
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1), o determinação do ponto final em que os doces mistos apresentavam-se
Brasil em sua safra de 2015 produziu 4.145.553 toneladas de tomate/ com consistência pastosa e aparência homogênea. Após foi realizado
ano. Já, o coco, apresentou uma safra de 1.883.435 mil frutos para o o envase em recipientes de plásticos de 250g.
referido ano.
Brasil, define como doce em pasta o produto resultante do Tabela 1. Proporções adotadas para as formulações dos doces mistos.
processamento adequado das partes comestíveis desintegradas de
Matérias-primas Formulações elaboradas
vegetais com açúcares, com ou sem adição de água, pectina, ajustador
F1 F2 F3 F4
do pH e outros ingredientes e aditivos permitidos por estes padrões até
uma consistência apropriada, sendo finalmente, acondicionado de T omate verde (%) 30 30 30 30
forma a assegurar sua perfeita conservação (2). Coco ralado (%) 20 20 20 20
A junção de matérias-primas, como o tomate verde e coco ralado, para Leite (%) 20 20 20 20
a construção de um doce, mecanicamente montado para unir dois Açúcar refinado (%) 30 - - -
frutos cultivados e apreciados na região Nordeste, se tornou algo Mel silvestre (%) - 30 - -
interessante, atrativo e viável por se tratar de matérias-primas, Melaço de rapadura (%) - - 30 -
financeiramente, baratas. Concentrado de caju (%) - - - 30
F1, F2...F4 – Formulações de doce;
O despertar desta curiosidade por explorar o tomate verde com coco
banhado a sacarose caramelizada ou ao mel de abelha Apis melífera
ou ao concentrado de caju ou ao melaço de rapadura, objetivo desta Caracterização físico-química
pesquisa, que poderá atrair consumidores que buscam produtos
inovadores além de, reforçar a potencialidade que as terras potiguares
Os parâmetros físico-químicos realizados nas matérias-primas e nos
e seus recursos naturais, oferecem.
doces foram, umidade, sólidos solúveis totais, pH, acidez titulável,
ácido lático, densidade, extrato seco total segundo IAL (3).
MATERIAL E MÉTO DO S A análise de variância (ANOVA) dos resultados físico-químicos foi
realizada pelo software ASSIST AT versão 7.7 beta. Neste contexto,
Obtenção das matérias-primas o teste F foi empregado com critério de validação da significância
As matérias-primas utilizadas na elaboração dos produtos finais foram estatística a um nível de confiança de 95%.
tomate verde; coco ralado; melaço de rapadura; concentrado de caju;
mel silvestre; açúcar refinado e; leite foram adquiridos no comércio RESULTADO S E DISCUSSÃO
local, município de Pau dos Ferros - RN.
Na T abela 2 pode-se observar os resultados da caracterização das
Elaboração dos doces mistos matérias-primas utilizadas nesta pesquisa. Onde observa-se que, para
o parâmetro de umidade, não existe valores médios preconizados para
O processamento dos produtos finais foi realizado no laboratório de o tomate verde, o melaço de rapadura e o concentrado de caju e, o coco
alimentos do IFRN – Campus Pau dos Ferros e, seguiram o ralado analisado, encontrou-se um valor médio de acordo com a
fluxograma apresentado na Figura 1. legislação vigente que preconiza o teor máximo de 4% (4). Já o mel
silvestre apresentou um valor médio condizente ao determinado pela
legislação que estabelece um teor máximo de 20% (5). Este parâmetro
Figura 1. Fluxograma da produção dos doces mistos de tomate verde é de suma importância por interferir nas características sensoriais dos
com coco. produtos finais bem como, através de sua detecção, ser possível
Lavagem e Seleção Pesagem verificar se o alimento tem ou não propensão à atividade microbiana.
Corte
O teor de sólidos solúveis (SST ), determinado em ºBrix, é a principal
característica responsável pelo sabor do fruto. O valor médio para este
parâmetro para o tomate verde foi de 3ºBrix, inferior ao encontrado
Determinação do ponto final Concentração por Rosa et al (6) que caracterizou quatro variedades de tomates
italianos encontrando valores médios variando de 4,7 a 5,2ºBrix. Já as
demais matérias-primas nas quais foram analisadas este parâmetro, o
mesmo não apresenta nenhum valor preconizado pelas legislações
Envase Armazenamento e Caract erização
vigentes.
103
Gastronomia: da tradição à inovação
O teor médio de pH para os tomates verdes foi de 4,43 e, Monteiro et A acidez é uma característica determinante quando se refere atividade
al (7) em seu trabalho sobre qualidade nutricional de tomate, observou microbiana, além de interferir também em características sensoriais do
valores variando de 4,35 a 4,60. As três matérias-primas submetidas a doce. Para este parâmetro observou a variação de 0,19 a 0,64 %.
esta análise não apresentam valores de referências (legislação), porém, Martins et al (10), em seu estudo sobre as características de doce em
a determinação desta análise é crucial por esta relacionada também as massa de umbu verde e maduro, encontraram valores de 0,33%.
condições higiênico-sanitárias das mesmas. Para o pH, os resultados variaram de 5,09 para a formulação F4 e 5,93
Não existe padrões de referência para acidez para tomate verde, para F3, sendo classificadas, ambas as formulações, em produto pouco
melaço de rapadura e concentrado de caju. Já, para o coco ralado ácidos por apresentar pH > 4,5, sendo propensos a ataques
observou-se que o valor médio encontrava-se de acordo com o microbianos (11).
preconizado pela legislação vigente (4). Para o leite, o teor de ácido
lático também apresentou-se dentro da legislação (8). A acidez do mel
silvestre também encontra-se dentro dos padrões que preconizam um CO NCLUSÕES
valor máximo de 50mEq/Kg (5).
Os parâmetros de densidade e extrato seco do leite encontraram-se de As matérias-primas utilizadas na referida pesquisa, de acordo com os
acordo com o preconizado pela legislação vigente que estabelece parâmetros analisados, encontravam-se aptos para o processamento.
valores 1,028 a 1,034 para densidade e mínimo de 8,4 para extrato seco Os doces mistos elaborados apresentaram-se como produtos
total (8). adequados a produção, abrindo uma nova porta para a origem de novos
Na T abela 3, podem ser observados os resultados médios dos produtos regionais de qualidade, aproveitando o grande potencial da
parâmetros físico-químicos analisados. Onde, pode-se perceber que o região.
percentual de umidade das diferentes formulações apresentou
diferença significativa ao nível de 5 % de probabilidade, sendo notório
REFERÊNCIAS
que a formulação 4 apresentou um maior percentual de umidade
(53,18 %) apresentando menor teor médio de sólidos solúveis (42,00
ºBrix) e, a formulação 1 manteve-se com o menor teor de umidade 1.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
(40,06 %) apresentando maior valor médio de sólidos solúveis (55,00 Levantamento Sistemático de Produção Agrícola, Safra 2015.
ºBrix), resultado semelhante ao observado por Nachtigall et al (9) em Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/
seu estudo no processamento de geleias light de amora preta. protabl.asp? c=1618&z=t&o=26&i=P. Acessado em: 28 mai. 2016.
2.BRASIL. Resolução Normativa nº 09, de 11 de dezembro de 1978.
Atualizar a Resolução nº. 52/77 da antiga CNNPA (Comissão
Tabela 3. Valores médios das determ inações físico-químicas
Nacional de Normas e Padrões para Alimentos). Diário Oficial [da]
realizadas nas quatro formulações de doce misto de tomate verde com República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 dez.1978.
coco.
3.Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de
Parâmetros analisados alimentos. 4ª. Ed., 1ª. Ed. Digital, são Paulo, 2008, 1020p.
Amostra Sólidos Acidez 4.BRASIL. Resolução- RDC nº 84, de 15 de setembro de 2000. Diário
Umidade
s Solúveis T itulável pH Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15
(%)
(ºBrix) (%) set.2000.
F1 40,06d 55,00a 0,19b 5,88a 5.BRASIL. Instrução Normativa nº. 11, de 20 de outubro de 2000.
F2 46,47c 48,40b 0,34b 5,48b Aprova o Regulamento T écnico de Identidade e Qualidade do mel.
F3 51,68b 43,50c 0,30b 5,93a Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20
F4 53,18ª 42,00c 0,64a 5,09c out.2000.
Média 6.ROSA, C.L.S.; SOARES, A.G.; FREIT AS, D.G.C.; ROCHA, M.C.;
47,98 47,22 0,37 5,60
Geral FERREIRA, J.C.S.; GODOY, R.L.O. Caracterização físico-
DMS 00,22 01,85 0,16 0,19 química, nutricional e instrumental de quatro acessos de tomate
Fcal 12618.06* 205.09** 28.30** 87.94** italiano (Lycopersicum esculentum mill) do tipo ‘heirloom’
* produzido sob manejo orgânico para elaboração de polpa
F 1 - adoçada com açúcar refinado; F 2 - adoçada com mel silvestre; F 3 - concentrada. Rev. Aliment. Nutri. 22, 4, 649-656, 2011.
adoçada com melaço de rapadura; F 4 - adoçada com concentrado de caju; DMS 7.MONT EIRO, C.S.; BALBI, M.E.; MIGUEL, O.G.; PENTEADO,
- Diferença mínima significativa; Fcal – Teste F; *Significativo ao nível de 5% P. T . P. S.; HARACEMIV, S. M. C. Qualidade nutricional e
de probabilidade; **Significativo ao nível de 1% de probabilidade; ns – Não
antioxidante do tomate “Tipo italiano”. Rev. Aliment. Nutri. 19, 1,
significativo; as médias seguidas pela mesma l etra na coluna não difere m
estatisticamente entre si segundo teste de Tukey ao nível de 5% de
25 -31, 2008.
probabilidade. 8.BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Instrução Normativa n.62, de 29 de dezembro de 2011. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 30 dez.
Os sólidos solúveis observados nas formulações F2, F3 e F4 estão fora 2011, Seção 1.
do preconizado para doce em pasta cremoso, pois a legislação este tipo 9.NACHT IGALL, A.M.; SOUZA, E. L.; MALGARIM, M. B.;
de do ce n ão dev e ap r esen tar o t eor de só lido s so lúv eis in f er ior a 55% ZAMBIAZI, R. C. Geleia light de amora preta. Bol. Centro Pesqui.
( 2 ) t alv ez p o r t ratar- se de f o r m ulaçõ es que ut ilizar am co m o agente Process. Aliment. 22, 2, 337-354, 2004.
ado çan t e p r o dut o s dif eren t es do açúcar r efin ado . 10. MART INS, M.L.A; BORGES, S.V.; DELIZA, R.;
CAST RO, F.T .; CAVALCANTE, N.B. Características de doce em
massa de umbu verde e maduro e aceitação pelos
consumidores. Pesq. Agropec. Bras. 42, 9, 1329-1333, 2007.
11. GAVA, A.J.; SILVA, C.A.B.; FRIAS, J.R.G. T ecnologia
de alimentos, Nobel Editora, 2009, 511p.
104
Gastronomia: da tradição à inovação
05824 Elaboração e caracterização físico-química de licor misto de acerola com goiaba adoçado
com mel
Elisabete Piancó de Sousa 1 , Adriella Pereira Soares 2 , Danielle Martins Lemos 3 , Emanuel Neto Alves de Oliveira 4
INTRO DUÇÃO pesagem de cada uma das formulações, no entanto, a acerola teve
apenas um corte ao meio devido seu tamanho em relação a goiaba. Em
Atualmente o mercado de bebidas alcoólicas tem-se intensificado em seguida, à cada recipiente de vidro previamente esterilizado, foi
adicionado 400g de frutas juntamente com 600 mL de destilado
busca por inovação dos produtos, sendo as frutas um das alternativas
alcoólico (vodka) de graduação de 38% (v/v), por um período de 15
utilizadas para variar os sabores das mesmas, tendo em vista que ainda
pode agregar valor ao produto. Nesse contexto, como alternativa de dias, para posterior maceração dos mesmos. Após a maceração obteve
550 mL de destilado.
inserção de novos produtos é imprescindível a utilização de frutas
Depois de macerado, os extratos hidro alcóolicos foram filtrados em
tropicais, devido a considerável produção das mesmas e elevado valor
tecidos de algodão para realização da remoção dos resíduos presentes.
nutricional, dentre elas, tem-se a acerola e goiaba.
A aceroleira cultivada comercialmente, pertence à família Em seguida adicionou-se o xarope realizado com mel, a 70º Brix, uma
vez que o ºBrix do mel é superior ao do xarope e por isso, este foi
Malpighiaceae, do gênero Malpighia, cuja família possui 63 gêneros
corrigido com a adição de água para alcançar o ºBrix ideal do xarope,
e 850 espécies (1). A acerola também é conhecida como cerejeira das
e logo após homogeneizado. Seguidamente foi adicionado 275 mL de
Antilhas, e vem se destacando por ser uma excelente fonte natural de
vitamina C, antocianinas e carotenoides, os quais exercem efeitos xarope de mel, que corresponde a 50% do destilado, afim de aumentar
a concentração de açúcares e reduzir o teor alcóolico do produto, além
benéficos à saúde humana, uma vez que possui reconhecida ação
de garantir estabilidade da bebida durante a est ocagem. E para
antioxidante (2).
Se tratando da goiaba (Psidium guajava L.), é uma das frutas tropicais finalizar as misturas foram homogeneizadas e submetidas à
mais populares e de maior aceitação em todas as regiões do Brasil (3). pasteurização em banho-maria a 60 °C, durante 2 horas, para que haja
a formação de compostos saborizantes e aromáticos, melhorando a
O fruto da goiabeira é rica em licopeno e vitamina C, o qual recebe
qualidade deste produto. Os licores foram analisados quanto às
uma grande atenção pela possível capacidade de atuar na prevenção e
combate a diferentes tipos de câncer (4). variáveis: extrato seco, cinzas, sólidos solúveis totais (ºBrix), pH, ratio
Ratio (relação SST /AT T), acidez total titulável em ácido cítrico,
Conforme a legislação brasileira, licor é a bebida com graduação
açúcares totais, densidade, teor alcoólico seguindo os procedimentos
alcoólica de 15 a 54% volume, a 20 ºC, com percentual de açúcar
descritos pelo Instituto Adolfo Lutz (11). Os dados foram submetidos
superior a 30%, o qual pode ser denominado como seco, fino ou doce,
creme, cristalizado (5). De acordo com Teixeira et al. (6), os licores à análise de variância (ANOVA) e a comparação de médias foi feita
pelo T este de T ukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando o
podem ser definidos como destilados alcoólicos que foram adoçados
programa computacional Assistat versão 7,5 beta (12).
e aromatizados com substâncias e sabores compatíveis e
complementares.
Os processos tradicionais para obtenção de licores de frutas consistem RESULTADO S E DISCUSSÕ ES
na mistura de álcool etílico, obtido por destilação, com um xarope de
açúcar contendo pequenas quantidades de ervas essências ou de frutas,
Na T abela 1 tem-se os resultados das análises físico-químicas
seguido de decantação e de filtração (7). O preparo de licores de frutas
realizadas nas diferentes formulações de licores
baseia-se na maceração alcoólica de frutas ou na destilação de
T abela 1 – Composição físico-química dos licores mistos de acerola e
macerados aromáticos com base de frutas. Uma vez que sua qualidade goiaba
depende não somente da mistura adequada dos ingredientes, mas
AT TA
principalmente do processo de preparação (8). Amost ST( C( SST R AT(
Segundo Araújo et al. (9) o mel é considerado um dos alimentos mais T pH %
ras %) %) %)
puros da natureza, sendo composto por glicose, frutose, sacarose e (%) (v/v)
maltose, sais minerais, vitaminas, enzimas, hormônios, proteínas, 33,5 0,39 35,27 0,31 115,0 3,8 12,12 22,0
F1 6a a b b 5a 5a a 7b
ácidos e aminoácidos, a sua utilização na elaboração de licores torna-
se viável devido sua características nutricionais e também pode 33,9 0,48 36,23 0,31 115,4 3,8 14,53 25,9
F2 7a
ampliar sua comercialização. Desse modo, a elaboração de licores é 2a a ª ab 0a 7a a
uma alternativa viável para agregar valores às frutas, visando à 32,4 0,37 35,90 0,33 107,4 3,8 16,35 26,1
F3 3a a ab a 3b 1a a 0a
diminuição do desperdício no período da super safra. A utilização do
mel para adoçar bebidas como licores, é uma alternativa de inserir na * (13); ST - sólidos totais; C- cinzas; ATT – Acidez total titulável; SST
mesma um produto natural. Portanto, objetivo do referido trabalho foi - Sólidos solúveis totais (SST ); R- ratio, AT- açúcares totais e TA-
elaborar licores mistos de acerola e goiaba adoçados com mel. T eor alcoólico. As médias seguidas pela mesma letra na coluna não
diferem estatisticamente entre si segundo teste de Tukey ao nível de
5% de probabilidade.
MATERIAIS E MÉTO DO S Avaliando os resultados obtidos nas diferentes formulações de licores
foi possível constatar que os parâmetros: sólidos solúveis totais, acidez
As matérias-primas utilizadas foram goiaba, acerola e mel, sendo que total titulável, ratio e teor alcoólico apresentaram diferença estatística
todas adquiridas no mercado local da cidade de Pau dos Ferros no Rio a 5% de probabilidade, pelo o teste de T ukey.
Grande do Norte. Os teores de sólidos totais apresentaram uma variação de 32,43 a 33,92
Para elaboração dos licores seguiu-se a metodologia de Oliveira et al. %, sendo que não houve diferença estatística entre as formulações.
(10), com algumas readaptações, na qual consiste em: lavagem das Observa-se que o teor de cinzas obtidos foram na faixa de 0,37% a
frutas com água corrente, e em seguida, colocadas em uma solução 0,48%.Resultado inferiores ao desse estudo foi encontrado por
clorada a 200 ppm, as quais foram mantidas por 15 minutos. Para Oliveira et al. (10) avaliando licor de açaí que encontraram um teor de
finalizar, foram lavadas novamente em água corrente, para remoção cinza de 0,05%. Esse parâmetro pode variar devido às condições
do cloro residual. Após higienizadas, as frutas foram cortadas edafoclimáticas da região, solo e espécie nas quais as matérias-primas(
manualmente, com o auxílio de facas de aço inoxidável, para posterior acerola, goiaba e mel) foram adquiridas
105
Gastronomia: da tradição à inovação
Os sólidos solúveis totais (ºBrix) evidenciados nesse estudo foram 5-BRASIL. Decreto nº 6.871, de 4 de junho de 2009. Dispõe sobre a
entre 35,27 a 36,23. Esses resultados podem ser devido a adição do padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a
mel e estádio de maturação dos frutos utilizados. Nascimento et al. fiscalização de bebidas. Diário Oficial [da] República Federativa do
(14) estudaram licor funcional a base de acerola com abacaxi Brasil. Brasília, DF, 5 set. 1997. Seção 1. p. 19549 -19555.
encontraram para sólidos solúveis 36 ºBrix, valor próximo ao desta 6-T EIXEIRA, L. J. Q.; RAMOS, A. M.; CHAVES, J. B. P.; SILVA,
pesquisa. P. H. A.; ST RINGHET A, P. C. Avaliação tecnológica da extração
Com relação à acidez total titulável das formulações estudadas, nota- alcoólica no processamento de licor de banana. Bol. Centro Pesqui.
se que atingiram valores de 0,31% e 0,33%, diferenciando-se entre si Process Aliment, v.23, p.329-346, 2005.
estatisticamente. Resultados próximos foram reportados por Nogueira 7- PENHA, E.M.; DELLA MODEST A, R.C.; GONÇALVES, E.B.;
& Venturini Filho (15) analisando licores de acerola (0,31 e 0,32%). SILVA, A.L.S.; MORET TI, R.H. Efeito dos Teores de álcool e açúcar
Para análise de ratio, as formulações apresentaram os seguintes no perfil sensorial de licor de acerola. Braz. J. Food Technol, v.6, n.1,
resultados: 115,05 (F1), 115,40 (F2) e 107,3 (F3), cujas formulações p.33-42, 2003.
1 e 2 não apresentaram diferenças estatísticas. 8-ALMEIDA, E.L.; LIMA, L.C.; BORGES, V.T .N.; MART INS,
O pH variou de 3,81 a 3,87. Valores inferiores foi encontrado por Dias R.N.; BAT ALINI, C. Elaboração de licor de casca de tangerina (Citrus
et al. (16) estudando o licor de maracujá amarelo, cujo pH foi 3,57% . reticulata Blanco), variedade ponkan, com diferentes concentrações
O pH indica qual tipo de microrganismo pode se proliferar nos de casca e tempos de processamento. Alim. Nutr., v. 23, n. 2, p. 259-
alimentos. 265, 2012.
Os açúcares totais encontrados nesse est udo foram entre, 12,12% (F1) 9-ARAÚJO, D.R.; SILVA, R.H.D.; SOUSA, J.S. Avaliação da
a 16,35% (F3), estando de acordo com a legislação vigente, a qual qualidade físico-química do mel comercializado na cidade de Crato,
determina um valor mínimo de 30% para licores (13). Os resultados CE. Rev. Biol. Ciênc. T erra, v. 6, n. 1, p. 51 -55, 2006.
são condizentes com os de Oliveira et al. (17) avaliando licor de 10-OLIVEIRA, E. N. A. DE; SANT OS, D. C. Processamento e
graviola, tendo em vista que açucares totais foram entre 12,79 a
17,97% . Sousa et al (18) afirma que os teores de açúcares variam de avaliação da qualidade de licor de açaí (Euterpe oleracea Mart.). Rev.
acordo com estádio de maturação dos frutos, tendo em vista que os Inst. Adolfo Lutz, v.70, p.534-41, 2011a.
teores de açúcares presente em polpas de fruta estão diretamente 11-INST ITUTO ADOLFO LUT Z. Normas Analíticas do Instituto
relacionados ao teor de sólidos solúveis totais. Adolfo Lutz: Métodos Físico-químicos para Análise de Alimentos. 4.
O teor alcoólico encontrado em cada formulação foi de 22,07% (F1), edição, 1. edição Digital, São Paulo: Instituto Adolpho Lutz, 2008.
25,97% (F2) e 26,10% (F3) (v/v), as formulações encontram-se de 1020 p.
acordo com a legislação vigente. Na literatura existem alguns estudos 12-SILVA, F.A.S.; AZEVEDO, C.A.V. versão do programa
relatando o teor alcoólico de licores de polpa de fruta, a exemplo computacional Assistat para o sistema operacional Windows. Rev.
Nascimento et al. (14) com valor de 39°GL (v/v), Passos et al. (19) Bras. de .Prod. Agroind., v. 4, n. 1, p. 71-78, 2001.
que foi de 18% (v/v). O percentual alcoólico do licor pode variar 13- BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
conforme a quantidade de xarope adicionado ao conteúdo do licor já Instrução Normativa no 55, de 31 de outubro de 2008. Aprova o
filtrado. Regulamento T écnico de Identidade e qualidade de licor. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 31 de
CO NCLUSÕ ES outubro de 2008.
Os licores elaborados encontram-se em conformidade com os 14-NASCIMENTO, N.T.; FRUTUOSO, E.; MORAES,
parâmetros da legislação vigente. T odavia, a elaboração de licor com K.; SOARES,D.;SILVA,E. FARIAS, M. Elaboração
adição de mel pode ser uma alternativa para melhor expansão deste
de um licor funcional a base de Acerola (Malpighia emarginata) com
tipo de bebida além de ser uma fonte de renda complementar para
Abacaxi (Ananas comosus). In: Congresso de Pesquisa e Inovação da
pequenos e médios produtores rurais.
Rede Norte Nordeste de Educação T ecnológica, 5., 2010, Maceió.
Anais... 2010.
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ampl. – Brasília, DF : Embrapa, 2012. 144 p. 16 DIAS, S.C. et al. Caracterização físico-química e sensorial do licor
2-MACIEL, M.I.S.; MÉLO, E.;LIMA, V.; SOUZA, K.A.; SILVA, W. de corte do maracujá amarelo. . Rev. Enc. Bio, v. 7, n. 13, p.1405-
Caracterização físico-química de frutos de genótipos de aceroleira 1411, 2011.
17-OLIVEIRA, E.N.A.; SANT OS, D.C.; SANT OS, Y. M.G.;
(Malpighia emarginata D.C.). Rev. Ciênc. T ecnol. Aliment, v. 30, n.
4, p. 865-869, 2010. OLIVEIRA, F.A.A. Agroindustrial utilization of soursop (Annona
3-AZZOLINE, M.A.; JACOMINO; A.P.; BRON, I.U.; KLUGE, muricata L.) for production of liqueurs: Sensory evaluation. J. Biotec.
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18-SOUSA, E. P.; FIGUEIRÊDO,R.M.F ; QUEIROZ, A.J. de M ;
on its climacteric or non-climacteric nature. Braz. J. Plant Physiol, v.
17, n. 3, p. 299-306, 2005. SILVA, L.M.M ; SOUSA, F. C. . Caracterização físico-química da
4- CONCEIÇÃO, A.L.S.; CEDRAZ, K.A.; SANT OS, C.C.; SILVA, polpa de sapoti oriunda da região do Ceará. Rev. Verde. Agroec e
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química e sensorial de geleia mista de acerola com goiaba. Rev. Enc. 19-PASSOS, F.R. Avaliação físico-química e sensorial de licores
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Agroind, v.15, n.3, p.211-218, 2013.
106
Gastronomia: da tradição à inovação
Clarissa Aquino 1 , Ana Mendes 1,2 , Lunian Moreira 1,3 , Priscila Silva1,4 , Luan Sousa 2, , Antônia Monte 3
1
Mestrandos em Tecnologia de Alimentos, IFCE campus Limoeiro do Norte, clarissa_jbe@hotmail.com
2 Tecnólogo em Alimentos - IFCE Campus – Limoeiro do Norte
3
Docente/Pesquisador da Área de Alimentos - IFCE Campus – Limoeiro do Norte
Existe, portanto, a necessidade de aproveitar-se destes cortes de animais velhos, % Gordura vegetal
elaborando-se produtos processados agregando-lhes assim maior valor de venda Ingredientes
13% 10% 7% 5%
e proporcionando variedades de produtos para o consumidor. Carne Ovina 500 g 500 g 500 g 500 g
107
Gastronomia: da tradição à inovação
de água destilada fervida e resfriada até ficar homogeneamente suspensa. As mortadelas convencionais, afirmou que as fibras utilizadas
medições de pH foram realizadas com o uso de um potenciômetro digital, marca contribuíram para o aumento da intensidade da cor amarela nas
WT W, Modelo 300i, Germany. Na análise da cor foi utilizado um colorímetro mortadelas com baixo teor de gordura.
Minolta Chroma Meter, CR-300 (Sistema CIE L*a*b*), realizando-se 10 leituras
em 10 pontos distintos das mortadelas. Tabela 3: Resultados da análise de cor das mortadelas ovinas
elaboradas com diferentes percentuais de gordura vegetal e adicionadas
Os resultados obtidos das análises físico-químicas foram compilados de farinha de aveia
em planilhas eletrônicas do Microsoft Excel e comparados através do
teste de T ukey ao nível de 5% e probabilidade. Formulação
Cor
13% 10% 7% 5%
RESULTADO S E DISCUSSÃO L* 60,55 a 59,18 b 57,97 c 56,22 d
a* 10,73 b 11,64 a 11,69 a 11,96 a
Os resultados para pH estão dispostos na T abela 2. b* 15,53 ab 15,74 ab 15,35 b 15,88 a
Médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem entre si pelo
Tabe la 2: pH das mortadelas ovinas elaboradas com diferentes teste de T ukey ao nível de 5% de probabilidade.
percentuais de gordura vegetal e adicionadas de farinha de aveia
CO NCLUSÕES
% Gordura vegetal A utilização da carne ovina para a elaboração de produtos cárneos é
Parâme tro uma boa alternativa para agregar valor a essa matéria-prima, onde o
13% 10% 7% 5%
pH 6,60 a 6,58 a 6,58 a 6,61 a produtor terá garantia de que os animais terão um mercado mais amplo
Médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem entre si pelo para comercialização, minimizando os problemas do abate de animais
teste de T ukey ao nível de 5% de probabilidade. em idade tardia, além de proporcionar ao setor industrial uma inovação
de produtos à base de carne ovina. É viável a elaboração de mortadela
De acordo com o preconizado pelo LANARA, o pH de mortadelas deve com carne ovina com diferentes teores de gordura vegetal e enriquecida
ser na faixa da neutralidade, 7,0 (6). As quatro mortadelas elaboradas com farinha de aveia, com padrão físico atendendo aos recomendados
estavam de acordo com a legislação, apresentado valores de 6,58 a 6,61, pela legislação brasileira.
e sem apresentar diferença estatística (p<0,05). Na literatura os valores
para pH encontrados situam-se entre 6,0 e 7,0. Barretto,2007 (7) REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
estudando mortadelas bovinas com reduzido teor de gordura obteve pH
de 6,35. Guerra, 2010 (8) estudando mortadelas ovinas e caprinas 1. MADRUGA, M. S.; MEDEIROS, E. J. L.; SOUSA, W. H.; CUNHA,
obteve pH de 6,47 e 6,34, respectivamente. M. G. G.; PEREIRA FILHO, J. M.; QUEIROGA, R. C. R. E. Chemical
composition and fat profile of meat from crossbred goats reared under
No parâmetro cor, a letra L* representa o grau de intensidade da feedlot systems. Revista Brasileira de Zootecnia. V. 38, n. 3, p. 547-
luminosidade, onde quanto maior o valor de L*, mais claro será o 552, 2009
produto. A letra a* representa o grau da intensidade da cor 2. BESERRA, F. J; MONTE, A. L. S; BEZERRA, L. C. N. M; NASSU,
vermelha/verde, onde quanto maior o valor de a* maior a intensidade R. T . Caracterização química da carne de cabrito da raça Moxotó e de
do vermelho. E a letra b* representa o grau de intensidade da cor cruzas Pardo Alpina x Moxotó. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.
amarela variando para azul que para carne e produtos cárneos se 35, n. 1, p. 243-253, 2000.
relaciona com a cor marrom. Com diferença estatística nas quatro 3. MADRUGA, M. S; SOUSA, W. H. de; MENDES, E. M. S; BRITO,
formulações, a partir dos resultados da T abela 3, é possível perceber E. A. Carnes caprina e ovina: processamento e fabricação de produtos
que a luminosidade (L*) diminui à medida que o percentual de gordura derivados. Tecnologia & Ciência Agropecuária. v. 1, n. 2, p. 61-67,
também diminui. Os resultados obtidos confirmam a afirmação de 2007.
Sànchez-Rodriguez e Santos, 2001 (9) que os teores de lipídeos 4. MADRUGA, M. S. Q ualidade da carne caprina e ovina: recentes
influenciam os valores de L*, sendo observado na mortadela com 5% progressos e mercado. Palestra proferida no V Congresso Brasileiro
de gordura vegetal que apresentou o menor valor. O mesmo pode ser de Ciência e T ecnologia de Carnes. CT C/ITAL: São Paulo, 2009.
relatado por Guerra, 2010 (10) que encontrou os maiores valores para 5. MENDOZA, E.; GARCÍA, M. L.; CASAS, C.; SELGAS, M. D.
L* (luminosidade) em mortadelas caprinas e ovinas elaboradas com Inulin as fat substitute in low fat, dry fermented sausages. Meat
30% de gordura animal. Ao contrário da luminosidade (L*), a Science, Barking, v. 57, p. 387-393, 2001.
intensidade da cor vermelha (a*) aumenta com a diminuição do 6. BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Métodos
percentual de gordura vegetal das mortadelas. Os resultados da T abela Analíticos para Controle de Produtos de O rigem Animal e seus
3 confirmam isso, sendo o maior valor obtido para a mortadela com o Ingredientes – LANARA. Brasília, 1989.
menor percentual de gordura vegetal na formulação. Guerra, 2010 (11) 7, 12. BARRET TO, A. C. S. Efeito da adição de fibras como
estudando mortadelas ovinas e caprinas também relatou maiores substituto de gorduras em mortadela. T ese (Doutorado em
valores para a* (intensidade de vermelho) nas mortadelas com o menor T ecnologia de alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos,
percentual de gordura. Além da diminuição do conteúdo lipídico, o Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2007. 163p.
aumento no valor de a* pode ocorrer devido à própria cor da carne e 8, 10, 11. GUERRA, I. C. D. Efeito do teor de gordura na elaboração
seu elevado conteúdo na formulação em relação à gordura, além do de mortadela utilizando carne de caprinos e ovinos de descarte.
processo de cura durante o processamento das mortadelas. A Dissertação (Mestrado em Ciência e T ecnologia em Alimentos) –
intensidade de cor amarela (b*) se apresentou mais elevado que a* nas Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. 2010.87f.
quatro mortadelas elaboradas, possivelmente pela influência da farinha 9. SÁNCHEZ RODRIGUES, M. E.; SANT OS, A. B. Parâmetros de
de aveia. Barretto, 2007 (12), estudando o efeito da adição de inulina, color de jamón ibérico de bellota Guijuello al final del período de
fibra de aveia e fibra de trigo, como substitutos de gordura em maturación. Alimentaria. Lisboa, p. 33-39, 2001.
108
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRODUÇÃO segundo com a formação da massa. Para formar a esponja, foi usada a
A macaúba (Acrocomia aculeata) pertence à família Palmae, de vasta farinha mista, fermento biológico, bicarbonato de sódio, sal e água e
distribuição geográfica nas Américas. Sua área de ocorrência estende- misturados manualmente até ficarem homogeneos. Após a mistura a
se desde os Estados de São Paulo até e norte do Brasil atingindo a esponja foi levada para descansar em estufa a 30°C por 60 minutos.
América Central. (1). Segundo Aristone (2), a macaúba é uma grande Após a fermentação, foram adicionadas a massa a gordura vegetal
riqueza que está sendo desperdiçada todos os dias, havendo um grande hidrogenada e a lecitina de soja. A massa foi cilindrada até obter uma
potencial de exploração. A farinha de macaúba pode ser obtida lâmina final de 2,8 mm e cortada com moldes redondos. (Figura 1) Os
artesanalmente através da secagem da polpa in natura seguida pelo biscoitos foram perfurdo com garfo e assados em bandejas metálicas à
processo de moagem e peneiramento, pode ser considerada uma temperatura de 150 °C por 20 minutos em forno elétrico e resfriados em
importante fonte dos nutrientes lipídeos, carboidratos, fibras e vitamina temperatura ambiente (Figura 2). Os biscoitos foram acondicionados
A (3). A farinha de arroz não contém glúten, o que é uma vantagem na em sacos de polietileno até a realização das análises.
elaboração de produtos para pessoas com restrições alimentares, além
disso, essa farinha apresenta a vantagem de um baixo índice glicêmico, Fig. 1. Massa laminada e cortada. Fig. 2. Biscoitos assados.
o que proporciona a lentidão na absorção de carboidratos promovendo
maior saciedade. (4). A Doença celíaca pode ser considerada, como
sendo um problema de saúde pública, em longo prazo, há a
probabilidade aumentada de aparecimento de complicações graves,
principalmente osteoporose e doenças malignas do trato gastroentérico.
(5). Devido à facilidade de consumo, qualidade nutricional, variedade
e custo acessível, os biscoitos estão entre os produtos mais populares
na sociedade. Esse produto se mostra um bom veículo para o estudo de
farinha mista, seja por razões econômicas ou nutricionais. (6). O
objetivo deste trabalho foi desenvolver e caracterizar quanto a Análise microbiológica:
composição centesimal e aspectos microbiológicos um biscoito sem Realizou-se a análise de Salmonella spp. e Coliformes a 45ºC/g de
glúten utilizando farinhas de arroz e de macaúba. acordo com os critérios microbiológicos estabelecidos pela RDC Nº 12
(9) que dispõe sobre os padrões microbiológicos para alimentos. As
MATERIAL E MÉTO DO S análises foram realizadas no Laboratório de Microbiologia do IFCE –
Obtenção das matérias-primas: Campus Sobral.
A farinha da polpa de macaúba foi elaborada na planta piloto de frutos Análise físico-química:
e hortaliças do IFCE – Campus Sobral. A farinha de arroz, gordura Realizaram-se análises em triplicata de composição centesimal de
vegetal hidrogenada, sal, fermento biológico seco e o bicarbonato de cinzas, umidade, lipídios, proteína, fibras e carboidrato conforme as
sódio foram adquiridos no comércio local, a lecitina de soja foi doada Normas do Instituto Adolfo Lutz (10). As análises foram realizadas no
por indústria local. T odos os ingredientes foram encaminhados ao Laboratório de Bromatologia do IFCE- Campus Sobral.
Instituto Federal de Educação, Ciência e T ecnologia – Campus de
Sobral. RESULTADO S E DISCUSSÃO
Elaboração da farinha mista: Análise Microbiológica
Ferreira (7) estabeleceu uma mistura de farinhas de arroz e macaúba Os resultados das análises microbiológicas realizadas no biscoito
como ótima através de análises sensoriais de biscoitos com formulações encontram-se abaixo na tabela 02.
pré-estabelecidas a partir de delineamento experimental do tipo
composto central rotacional 2 2 com três repetições no ponto central, T abela 02: Resultado das analises microbiológica do biscoito
elaborou-se então a farinha mista de acordo com a formulação ótima de
Ferreira (7) com 36,5% de farinha de arroz e 13,85% de farinha de Padrões
macaúba. A farinha foi misturada utilizando misturador para produtos Análise estabelecidos Resultado
em pó do tipo Y, durante 10 min. (RDC n° 12)
Formulação dos biscoitos: Coliformes 10 2 Ausente
A formulação do biscoito se encontra na tabela 01, baseada no trabalho Salmonella Ausente Ausente
de Araujo (8).
O biscoito analisado está de acordo com os padrões microbiológicos
Tabe la 01: Formulação para a produção do biscoito. fixados pela RDC n° 12 (9), pois o mesmo apresentou ausência para
Ingre dientes Formulação (%) coliformes a 45ºC/ge Salmonella spp. Os resultados negativos garantem
Farinha Mista (FM)* 50,35 segurança de consumo do produto e indicam boas práticas de
Água 39,5 manipulação durante a produção dos biscoitos. Este resultado também
foi encontrado por Araujo, (8) na elaboração de biscoitos sem glúten.
Gordura Vegetal Hidrogenada 5
Análises Fisico-Químicas
Sal 2
A tabela 03. representa os resultados das análises físico-químicas
Fermento Biológico seco 2 realizadas no biscoito.
Lecitina de soja 0,65
Bicarbonato de Sódio 0,5
(*) Farinha Mista: 36,5% Farinha de Arroz e 13,85% Farinha de
Macaúba.
109
Gastronomia: da tradição à inovação
110
Gastronomia: da tradição à inovação
Anely Melo 1 , Luciana Cordeiro 2 , Camila Gomes 3 , Atacy Cavalcante 4 , Solange de Sousa 5 , Max Quirino 6
111
Gastronomia: da tradição à inovação
As médias e desvios padrão descritos na T abela 1 apresentam as de proteína presente nos biscoitos não foi alterada estatisticamente
determinações físico-químicas realizadas no biscoito de farinha da entre os tratamentos. O teor de lipídeos também não apresentou
casca do maracujá. diferença estatística entre os as amostras, mas o T 60 apresentou um
aumento no teor de gordura, comparado aos demais biscoitos.
Tabe la 01 – Valores médios do pH e acidez titulável do biscoito
enriquecido com farinha de casca de maracujá. O teor de carboidrato não apresentou diferença estatística
mas mostrou um aumento na porcentagem quando comparado o
Médias ± desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra não biscoito-controle (T0) ao biscoito de maior concentração de farinha de
diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo T este de casca de maracujá (T 60).
T ukey.
Figura 02: Biscoitos elaborados com farinha de casca de maracujá em
Conforme pode ser observado na Tabela 1, a substituição concentrações de 0%, 10%, 30% e 60%.
Tratame ntos Análises
pH Acidez % (g/100g)
a
T0 5,72 ± 0,43 0,098 a ± 0,018
a
T10 5,54 ± 0,37 0,126 a ± 0,006
T0 T 10 T 30 T 60
T30 5,07 a ± 0,03 0,122 a ± 0,018
T60 5,20 b ± 0,37 0,129 a ± 0,034
parcial da farinha de trigo por farinha da casca de maracujá provocou CO NCLUSÃO
uma ligeira redução do pH, não diferindo estatisticamente entre os A partir do trabalho exposto, foi possível observar que a
tratamentos (P<0,05), e consequentemente, um aumento na acidez, por farinha da casca do maracujá aponta uma alternativa viável de
se tratar de valores inversamente proporcionais em escala logarítmica. utilização como ingrediente funcional para produtos da panificação.
Em alimentos, a acidez t otal (fixa e volátil) é resultante dos ácidos A adição parcial da farinha da casca do maracujá no biscoito não
orgânicos do próprio alimento, das adições intencionais dos mesmos interferiu na qualidade físico-química do produto, uma vez que estes
durante o processamento e daqueles produzidos por alterações valores não apresentaram alteração significativa estatisticamente,
químicas e microbianas no produto (9). No caso do biscoito produzido, exceto para análise de umidade e cinzas. Mesmo assim, a casca de
o aumento da acidez titulável e a redução do pH pode ser atribuído ao maracujá pode ser aproveitada como resíduo agroindustrial como
enriquecimento do biscoito com farinha da casca do maracujá, por ser ingrediente funcional na indústria de panificação.
proveniente de fruto cítrico.
REFERÊNCIAS
Na T abela 2 são apesentados os resultados da composição
centesimal dos biscoitos elaborados. É possível observar que houve 1. OLIVEIRA, L. F.; NASCIMENT O, M. R.; BORGES, S. V.;
resultado significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01) RIBEIRO, P. C. DO NASCIMENT O; RUBACK, V. R.
quanto ao teor de umidade. Os tratamentos T 0 e T30 foram os únicos Aproveitamento alternativo da casca do maracujá-amarelo (Passiflora
que não apresentaram diferença estatística entre si. Os teores de edulis F. FLAVICARPA) para produção de doce em calda. Ciência e
umidade presente nos biscoitos estão dentro dos padrões exigidos pela T ecnologia de Alimentos, Campinas, 22(3): 259-262, 2002
2. CORDOVA K.R.V; GAMA T .M.M.T.B; WINTER C.M.G;
Tabe la 02 – Valores médios para a composição centesimal do biscoito KASKANT ZIS NET O G; FREIT AS R.J.S. Características físico-
enriquecido com farinha de casca de maracujá químicas da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa
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ab
7,79 ± bc
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7,51 ± 18,08 ±a
64,81 a ± 4. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA -
EMBRAPA. 2013. Disponível em:
0,75 0,06 0,23 0,13 0,573 http://www.cnpmf.embrapa.br/index.php?p=pesquisaculturas_pesqui
T30
b
6,71 ± b
1,10 ± a
8,47 ± 17,43 ±a
67,23 a ± sadas-maracuja.php. Acesso em: 23 jan. 2014.
5. GOMES, T . S.; CHIBA, H. T .; SIMIONAT O E. M. R. S.;
0,97 0,09 0,24 2,04 2,654 SAMPAIO, A. C.. Qualidade da polpa de maracujá amarelo – seleção
T60
a
8,53 ± a
1,76 ± a
8,48 ± 18,02 ±a
67,94 a ± AFRUVEC, em função das condições de armazenamento dos frutos.
Alim. Nutr., Araraquara v.17, n.4, p.401-405, 2005
0,20 0,26 0,03 0,38 2,10 6. INST IT UTO ADOLFO LUT Z. Métodos físico -químicos para
Médias ± desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra não análise de alimentos. 5. ed. São Paulo. 2008, 1020 p.
diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade aplicado o Teste 7. FOLCH, J.; LEES, M.; STANLEY, G.H.S. A simple method for the
de T ukey. isolation and purification of total lipids from animal tissues. J. Biol.
Chem. 1957, v. 226, p. 497- 509.
ANVISA (10), na qual diz que biscoitos e bolachas devem apresentar 8. T ACO. T abela Brasileira de Composição de Alimentos/ NEPA-
no máximo 14,0% de umidade. UNICAMP. Versão IV, Campinas: NEPA-UNICAMP. 2011.
O teor de Resíduo Mineral, no qual a Legislação Brasileira 9. CARVALHO, C. R. L.; MANT OVANI, P. R. N.; CARVALHO, P.
cita que é preciso ter no máximo 3,0%, também se encontra dentro dos R. N. Análises químicas de alimentos. Campinas: Instituto de
padrões exigidos. Os minerais presentes nas cinzas, como por exemplo T ecnologia de Alimentos, 1990. P. 12l
o fósforo, potássio, sódio, magnésio, cálcio, são de grande importância 10. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução
para o organismo. É possível observar que os teores de cinzas dos do artigo nº 64, do Decreto-lei nº 986 para biscoitos e bolachas de 21
tratamentos aumentam de acordo com o aumento da farinha de outubro de 1969.
parcialmente introduzida, mostrando a eficácia da farinha da casca do
maracujá na fabricação de biscoitos.
Houve um aumento do teor de proteínas do biscoito de
7,38% no tratamento T0 para 8,48% no tratamento T60. A quantidade
112
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO pudim, a qual continha a calda, e foram cozidos no banho Maria
Produtos lácteos, principalmente sobremesas, são alimentos durante 25 minutos.
consumidos mundialmente por diferentes faixas etárias, e em virtude Análise sensorial
do valor nutricional e características sensoriais, o consumo é maior Para essas análises, conseguiu-se 52 provadores não treinados,
entre crianças e idosos (1). As sobremesas lácteas prontas para o utilizando-se uma escala hedônica estruturada de nove pontos, onde 9
consumo têm apresentado considerável crescimento, justificado pelo representava a nota máxima “gostei muitíssimo” e 1 a nota mínima
avanço tecnológico do processo de fabricação e a utilização de novos “desgostei muitíssimo” para o parâmetro impressão global. Ao final
ingredientes, permitindo a produção destas com novos sabores, maior da ficha de avaliação havia uma pergunta quanto à intenção de compra
digestibilidade e maior valor nutricional (2). pelo provador, utilizando a escala de atitude estruturada de cinco
Dentre as diversas sobremesas lácteas encontra-se o pudim. A pontos, na qual 5 representava a nota máxima "certamente compraria"
legislação brasileira designa este “é uma massa cozida de consistência e 1 representava a nota mínima "certamente não compraria” (8,9).
mole, preparada à base de amidos ou féculas, leite, ovos e açúcar, As amostras (com peso de aproximadamente 100 gramas cada) foram
podendo conter outras substâncias que o caracterizam” (3). Para o apresentadas aos provadores em pratos plásticos codificados com
desenvolvimento com novos sabores, cor, textura e maior valor números aleatórios de três dígitos e apresentadas em cabines
nutricional, pode-se acrescentar à formulação sucos ou polpas de fruta, individuais iluminadas com luz branca fluorescente. Foram servidas
legumes, hortaliças, mel, chocolate, microrganismos probióticos e monodicamente, sob condições controladas, de modo que todos os
fibras, que são prebióticos (4). No presente estudo, como novos provadores experimentaram as quatro amostras. Junto a cada amostra
ingredientes, foi adicionado o mel e psyllium. servida, o consumidor recebeu um copo com água em temperatura
O mel produzido por abelhas Apis melífera é um produto ambiente para enxaguar a boca entre as avaliações.
mundialmente conhecido, sendo muito apreciado devido ao sabor e Atendendo aos dispositivos legais estabelecidos pelo Conselho
aroma, bem como pela sua qualidade nutricional. Além do mais, Nacional de Saúde (Resolução CNS 196/96), o projeto foi cadastrado
apresenta potencial antioxidante e antimicrobiano (5). O psyllium, no SISNEP e encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do
fibra extraída da casca da semente da espécie Plantago ovata Hospital Universitário da UFS, aprovado em 06/06/2014, parecer
(plantaginaceae), é utilizado como adjuvante no tratamento de número nº 33853214700005546.
diversas doenças que inclui constipação, diarreia, síndrome do RESULTADO S E DISCUSSÃO
intestino irritável, doença inflamatória intestinal, ulcerativa, Caracterização físico-química do mel
neoplasias em cólon, diabetes mellitus e hipercolesterolemia(6). A composição de qualquer mel depende, principalmente, das fontes
O objetivo do presente trabalho foi desenvolver pudim de mel vegetais das quais ele é derivado, como também do clima e solo (10).
adicionado de psyllium a fim de aumentar o valor nutritivo e T abela1. Parâmetros estabelecidos pela Legislação Brasileira e do
proporcionar benefício extra à saúde. Codex Alimentarius para o mel floral e os valores médios obtidos para
MATERIAL E MÉTO DO S amostras de mel de Apis mellifera.
O bte nção dos ingredientes Legislação "Codex
Avaliação Média
Os ingredientes foram adquiridos no mercado local, na cidade de Brasileira Alimentarius"
Aracaju, Sergipe, com exceção do mel que foi adquirido de colmeias 0,2159 ±
localizadas na cidade de Santa Brígida, no estado da Bahia. Cinzas (%) Máximo 0,6 Máximo 0,6
0,006
Caracte riz ação físico-química do mel Máximo de 80,00
A análise da composição físico-química foi realizada no Laboratório HMF-1 68,84 ± Máximo de
em regiões
de Alimentos e Bebidas, localizado no Departamento de Farmácia da (mg.Kg-1 ) 1,788 60,00
tropicais
Universidade Federal de Sergipe, com exceção do ensaio Acidez 41,6723 ± Máximo de
hidroximetilfurfural, o qual foi realizado no Instituto Tecnológico de Máximo de 50,00
(meq/Kg) 0,00 50,00
Pesquisas do Estado de Sergipe. As seguintes análises físico-químicas Máximo de
foram realizadas em triplicata: Umidade (%) 21,6 ± 0,006 Máximo de 20,00
20,00
Cinzas: Realizada conforme recomendações do Instituto Adolfo Lutz
HMF-1 - hidroximetilfurfural
(7), que se baseia na incineração por mufla a 550°C.
Hidroximetilfurfural: Foi utilizado o método espectrofotométrico,
conforme recomendações do Instituto Adolfo Lutz (7). O teor de cinzas, altos teores destes indicam que o mel sofreu
Acidez total: Obtida conforme recomendações do Instituto Adolfo adulterações. A média do teor de cinzas na amostra analisada foi
Lutz (7). 0,2159% do peso total, apresentando-se de acordo com a legislação
Umidade: Utilizou-se a metodologia que consiste em obter os índices vigente (máximo de 0,6%) (11). Este resultado é concordante com o
refratométricos, por meio de um refratômetro de Abbé termostatizado trabalho de Barros et al. (12), no qual o teor de cinzas de 13 amostras
a 20°C, e convertê-los em índices de umidade conforme equivalência de mel provenientes de sete municípios do estado do Rio de Janeiro,
da tabela de Chataway, de acordo com recomendações do Instituto apresentou em média 0,2% do peso total, variando entre 0,11 e 0,29%.
Adolfo Lutz (7). Para a análise de HMF, o resultado foi de 68,84 mg.kg-1 , indicando
Pre paro dos pudins que a amostra está a cima do valor máximo estabelecido pela
O experimento foi realizado no Laboratório de Alimentos e Bebidas, legislação nacional. Porém, a Codex Alimentarius prevê uma taxa
localizado no Departamento de Farmácia da Universidade Federal de máxima de 80 mg.kg-1 de HMF, para méis provenientes de países
Sergipe. tropicais, devido a temperatura (10). O resultado pode ter sido
Adição do psyllium ao pudim de mel influenciado devido ao longo período de armazenamento. Resultados
Os ingredientes utilizados na produção da massa dos pudins foram: semelhantes foram encontrados no est udo de méis provenientes de
ovos in natura, leite integral, leite condensado, amido de milho, mel e Apis mellífera comercializados no município de Aracati-CE, no qual
psyllium. Na formulação do pudim controle, 30% do leite condensado o HMF variaram de 9,69 a 220,97 mg.kg-1 , com valor médio de 76,82
foi substituído por mel de abelha, foram utilizados três ovos, 317,1905 ± 79,45 mg.kg-1 . Dentre estas amostras, 3 (42,86%) foram reprovadas
g de leite integral, 276,5 g de leite condensado, 6 g de amido de milho (13).
e 118,5g de mel, e posteriormente, foram feitos três pudins A determinação de acidez é considerada importante, pois a presença
adicionados de psyllium, em substituição ao amido de milho, por 6 g, de ácidos orgânicos contribui para a estabilidade microbiana do mel
9 g e 13 g, respectivamente, dessa fibra. Após o processamento em (12). A média da acidez total analisada na amostra foi de 41,6723
liquidificador, a mistura foi colocada em uma forma própria para meq/kg, estando em concordância com outros trabalhos presentes na
literatura, como o de Silva et al. (14) no qual o valor médio da acidez
total foi de 30,21 meq/kg.
113
Gastronomia: da tradição à inovação
A umidade é uma das características mais importantes e constitui o concentrado protéico de soro e misturas de gomas carragena e guar. Rev.
segundo componente em quantidade na composição do mel, Bras. Ciências Farm. 2004; 40 (3): 397–404.
geralmente variando de 15 a 21%, a depender do clima, época da 3. BRASIL. Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos -
colheita, origem floral, e colheita antes da completa desidratação. CNNPA. Resolução - CNNPA n° 12, de 24 de julho de 1978. Aprova as
Normalmente, o mel maduro tem menos de 18% de água (15). normas técnicas especiais. Diário Oficial da República Federativa do
Segundo Campos et al. (16), alto valor de umidade ativa a Brasil, Brasília, 24 jul. 1978.
fermentação, diminuindo a vida de prateleira. A média do teor de 4. Aragon-Alegro L.C.; Alarcon Alegro J.H.; Roberta Cardarelli H.; Chih
Chiu M.; Isay Saad S.M. Potentially probiotic and synbiotic chocolate
umidade analisado na amostra de mel foi de 21,6%, na qual se encontra
mousse. LWT - Food Sci. Technol. 2007; 40: 669–675.
fora das normas preconizadas pela legislação brasileira, que preconiza 5. Montenegro G.; Mejías E. Biological applications of honeys produced
até 20% (11). Ressalta-se ainda que o mel foi colhido durante a época by Apis mellifera. Biol. Res. 2013; 46: 341–345.
chuvosa. Este fato pode ter contribuído para o mesmo apresentar-se 6. Singh B. Psyllium as therapeutic and drug delivery agent. Int J Pharm.
maior umidade em função da saturação do ar e do grande fluxo de 2007; 334: 1–14.
néctar que ocorre logo após as chuvas, dificultando a remoção de água 7. Instituto Adolfo Lutz (São Paulo - Brasil). Métodos físico-químicos para
pelas abelhas (17). Moraes et al. (18), analisando 40 amostras de méis análise de alimentos. 4ª ed. [1ª ed. digital]. São Paulo (SP): Instituto Adolfo
provenientes dos municípios de Santa Helena e T erra Roxa (PR), Lutz; 2008. Disponível em:
observou que 37,5% das amostras estavam em desconformidade com [http://www.crq4.org.br/sms/files/file/analisedealimentosial_2008.pdf]
a legislação vigente. 8. Monteiro C.B.L. Técnicas de avaliaçao sensorial. 2ª ed. Curitiba:
Análise se nsorial UFPR/CEPPA; 1984.
T abela 2. Apresenta média do índice de aceitabilidade (IA) e os 9. Moraes M.A.C. Métodos para avaliação sensorial dos alimentos. 6ª ed.
parâmetros analisados do pudim de mel controle e substituído o amido Campinas: UNICAMP; 1988.
de milho por diferentes quantidades de psyllium. 10. Crane E. O livro do mel. 2ª edição. São Paulo: Nobel, 1985. 226p.
11. Brasil. Ministério da Agricultura. Instrução normativa nº11, de 20 de
outubro de 2000. Estabelece o regulamento técnico de identidade e
qualidade do mel. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 23 out. 2000.
12. Barros L.B.; Torres F.R.; Azeredo C.; Barth O.M. Caracterização
físico-química de mel produzido por Apis mellifera no estado do Rio de
Janeiro. Ver. Bras. Ciência Veterinária. 2010; 17 (3/4): 117–120.
Com relação às propriedades sensoriais, um produto é considerado 13. Santos D.C.; Oliveira E.N.A.; Martins J.N. Caracterização físico-
aceito quando atinge índice de aceitabilidade de no mínimo 70% (19). química de méis comercializados no município de Aracati-CE. Acta Vet.
De acordo com a tabela acima, somente a formulação que possuía 13 Bras. 2011; 5 (2): 158–162.
g de psyllium não apresentou índice de aceitabilidade satisfatório para 14. Silva J.L.A.; Farias A.; Bovi T.S.; Dib A.P.S.; Carelli B.L.M.R.; Orsi
o parâmetro impressão global. Este fato está relacionado à quantidade R.O. Caracterização da produção e qualidade físico-química de méis
da fibra presente na formulação. Trabalhos encontrados na literatura, produzidos no estado de pernanbuco. Arch. Vet. Sci. 2013; 18 (2): 64–70.
como o de Mathias et al. (20), que avaliaram pães industriais obtidos 15. Frias I.; Hardisson A. Estudio de los parámetros analíticos de interés en
a partir de farinha de trigo e linhaça, com diferentes proporções, la miel. II: Azúcares, cenizas y contenido mineral y color. Alimentaria.
1992; 28 (235): 41–43.
verificaram que os pães que continham menor quantidade de farinha
16. Campos F.S.; Gois G.C.; Carneiro G.G. Parâmetros físico-químicos do
de linhaça promoveram melhor aceitabilidade do produto pelos mel de abelhas Melipona scutellaris produzido no estado da Paraíba. FAZU
consumidores. Em relação à intenção de compra, verificou-se que a em Rev. 2010; 7: 186–190.
maioria das formulações correspondeu positivamente, apresentando 17. Noronha P.R. Caracterização de méis cearenses produzidos por abelhas
escores médios próximos do “provavelmente compraria” e africanizadas: parâmetros químicos, composição botânica e colorimetria
“ certamente compraria”. [dissertação]. Fortaleza (CE):Universidade Federal do Ceará; 1997.
CO NCLUSÕES 18. Moraes F.J.; Garcia R.C.; Vasconcelos E.; Camargo S.C.; Pires B.G.;
De acordo com os resultados obtidos conclui-se que a substituição Hartleben A.M. et al. Caracterização físico-química de amostras de mel de
parcial do leite condensado e as substituições totais do amido de milho, abelha africanizada dos municípios de Santa Helena e Terra Roxa (PR).
obtiveram bons resultados sensoriais para a formulação dos pudins, Arq. Bras. Med. Veterinária e Zootec. 2014; 66 (4): 1269–1275.
agregando valor nutricional, com adição de fibras e mel, diminuindo a 19. Monteiro R.A.; Coutinho J.G.; Recine E. Consulta aos rótulos de
quantidade de açúcar da formulação. alimentos e bebidas por freqüentadores de supermercados em Brasília,
REFERÊNCIAS Brasil. Rev. Panam. Salud Pública. 2005; 18 (3): 172–177.
1. Tárrega A.; Costell E. Colour and consistency of semi-solid dairy 20. Mathias E.; Marques C.; Nogueira D.; Costa I.; Brito L.; Oliveira M.R.;
desserts: Instrumental and sensory measurements. J Food Eng .2007; 78: Macedo Y. Aceitabilidade de pães industrializados com diferentes teores
655–661. de farinha de linhaça em substituição parcial de farinha de trigo. In: Fórum
2. Nikaedo P.H.L.; Amaral F.F.; Penna A.L.B. Caracterização tecnológica de Nutrição, 4., 2008, Salvador (BA).
de sobremesas lácteas achocolatadas cremosas elaboradas com
114
Gastronomia: da tradição à inovação
Fabrínio Marques Patriolino 1 , Kelvi Wilson Evaristo Miranda 2 , Neliane Pereira do Nascimento 3 , Maria Jacqueline
Mendonça 4 , Maria Lucia Nunes 5 , Elisabeth Mary Cunha da Silva 6
MATERIAL E MÉTO DO S
Primeiramente foi realizada a lavagem dos peixes inteiros, com água Análise Sensorial
corrente potável, para eliminação das sujidades sendo em seguida
realizada a remoção das escamas, vísceras, nadadeiras e guelras. As amostras de filés foram submetidas ao teste sensorial afetivo de
Logo após, os peixes foram lavados novamente para retirada de restos aceitação e atitude de compra com 64 provadores não treinados.
de sangue e vísceras da sua cavidade abdominal e procedeu-se então a Os atributos aparência, textura, sabor, cor, aroma e impressão global
retirada da pele e filetagem. foram avaliados utilizando escala hedônica estruturada de 9 pontos (1.
Os filés de pargo foram imersos em salmoura com 10% de cloreto de Desgostei muitíssimo – 9. Gostei muitíssimo). (8). A atitude de
sódio, 0,1% de pimenta-do-reino, 0,1% de canela em pó e 2,5% de compra foi avaliada por meio da escala de 5 pontos (1. Certamente
fumaça líquida para uniformizar o sabor e o aroma de fumaça nos filés. compraria – 5. Certamente não compraria). (9). As amostras foram
Após o processo de salmouragem, os filés foram colocados em uma aquecidas e mantidas através de banho-maria a uma temperatura de
tela de inox por 5 minutos para a remoção do excesso de salmoura. Em 65ºC durante toda a análise.
seguida, utilizou-se uma panela com capacidade de 20 L na qual foram
115
Gastronomia: da tradição à inovação
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância * Colunas com letras minúsculas iguais não diferem entre si ao nível
(ANOVA) e ao teste de T ukey ao nível de 5% (p < 0,05), utilizando- de significância de p < 0,05.
se o programa estatístico ST AT IST ICA® versão 10.0.
No caso do valor de umidade, diferente do observado por Gonçalves
RESULTADO S E DIS CUSSÃO (3) no seu trabalho de anchovas defumadas, não foram observadas
diferenças significativas entre o filé de pargo in natura e o defumado,
O produto foi submetido à análise sensorial somente após ser atestada pois o processamento realizado teve uma etapa de cozimento a vapor
a sua segurança sanitária. Participaram da análise sensorial 64 de água, ao invés de apresentar a etapa de secagem com ar forçado que
provadores não treinados da faixa etária entre 17 e 59 anos. gera a perda de umidade relatada pelo referido autor.
Pode-se observar que todos os atributos avaliados encontraram-se Para os valores de cinzas percebe-se um pequeno aumento no
dentro da faixa positiva de aceitação da escala hedônica estruturada de percentual, de 1,30% no filé in natura para 1,53% no filé defumado.
9 pontos, com pontuação acima de 6 ( T abela 1). Segundo Gonçalves (3), o aumento do conteúdo de cinzas é uma
provável consequência da absorção de cloreto de sódio no músculo,
Tabela 1. Médias e desvios-padrão das pontuações obtidas em cada durante o período de imersão na salmoura, porém não houve diferença
atributo sensorial avaliado do filé de pargo defumado (PDf). significativa ao nível de 5% nas amostras analisadas.
Quanto ao teor de gordura, pela classificação dos peixes proposta por
Atributos Média Silva e Chamul (11), os valores obtidos de lipídios de 3,68% e 3,65%
para o produto in natura e produto defumado, respectivamente,
Cor 6,77 a ± 1,43
classifica o pargo como peixe magro.
Aparê ncia 6,77 a ± 1,55
Aroma 6,97 a ± 1,77
CO NCLUSÃO
Sabor 7,50 b ± 1,90
Te xtura 7,47 a b ± 1,30
O pargo defumado por fumaça líquida apresentou uma aceitação
Imp. 7,37 a b ± 1,15
comprovada por meio de testes sensoriais, obtendo uma atitude de
Global compra positiva por parte dos provadores. As análises físico-químicas
* Colunas com letras minúsculas iguais não diferem entre si ao nível demonstraram que a composição centesimal do produto não foi
de significância de p < 0,05. significativamente alterada durante o seu processamento, constituindo
assim um produto de ótimo valor proteico e mantedor de suas
Para os atributos cor, aparência e aroma os valores obtidos foram características originais, quando comparadas ao peixe in natura.
acima de 6, que representa a faixa, “ gostei ligeiramente”, porém Conclui-se que a defumação de filé de pargo por fumaça líquida é uma
percebe-se que esses valores também podem ser considerados alternativa viável para o processamento do pescado, pois além de
referentes a 7 pontos “gostei moderadamente”, levando-se em conta diversificar sabor e aroma, consegue unir praticidade à uma
o desvio padrão. alimentação saudável.
Com relação à atitude de compra, a amostra defumada obteve os
valores de 26,56% para a resposta “certamente compraria” e 54,69%
REFERÊNCIAS
para “ provavelmente compraria”, totalizando 81,25% de atitude de
compra positiva para o produto (Figura 2). 1. SOUZA, R. F. Dinâmica populacional do pargo, Latjanus purpureus P oey,
1875 (P isces: Latjanidae) na plataforma norte do Brasil. Dissertação (Mestrado
Figura 2. Histograma da frequência de notas atribuídas para a atitude em Ciência Animal). 2002. 97 f. Universidade Federal do P ará, 2002.
de compra do filé de pargo defumado (1= Certamente não compraria 2. OGAWA, M. Manual de pesca. v. 1. São P aulo: Varela, 1999, 4 30p.
e 5 = Certamente compraria) 3. GONÇALVES, A. A.: HERNANDEZ, C. P . Defumação líquida de anchova
(Pomaromus saltatrix): efeito do processamento nas propriedades químicas e
microbiológicas. Ciênc. e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 18, n. 4, p.
438-443, 1998.
4. FASSIO, L. O.: FASSIO, P . O.: RODRIGUES, L. M. A.: JÚNIOR, A. A.
60% 54,69% Desenvolvimento de linguiça de filé de tilápia defumada por fumaça líquida:
Frequência de Notas Atribuídas
uma forma de agregar valor ao pescado no Brasil. In: III Semana de Ciência e
50% Tecnologia do IFMG - Campus Bambuí. Bambuí: IFMG, 2010.
40% 5. BRASIL. Resolução RDC nº. 273, de 22 de setembro de 2005. Regulamento
26,56% técnico para misturas para o preparo de alimentos e alimentos prontos para o
30% consumo. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 22
20% set. 2005.
6,25% 12,50%
(%)
116
Gastronomia: da tradição à inovação
05856 Influência da substituição parcial do açúcar por acessulfame K e goma xantana nas
propriedades reológicas das massas de bolo esponja
Alba Barbosa¹, Claudio Silva², Natalia Lima², Airton Ferreira². Francisca Rocha², Jaiana Ferreira²
117
Gastronomia: da tradição à inovação
goma xantana apresentaram valores entre 10,35-11,49 Pa sn, Resultado semelhante foi encontrado por Lin e Lee (8), em seus
superiores a controle (3,15 P asn) e não diferiram significativamente estudos sobre os efeitos da substituição parcial do açúcar por sucralose
entre si, exceto a formulação F46 em relação à F10 e F19, com valor e dextrina em bolos, onde apresentou a mesma capacidade de
inferior as mesmas. Segundo Shiroma (10), o coeficiente de incorporação de ar a massa (0,49g/cm³) que a formulação controle
consistência K, indica o grau de resistência da amostra ao escoamento (0,45g/cm³). No entanto o seu volume específico (1,36cm³ /g-1),
ou fluxo, ou seja, quanto maior o valor de K maior a sua resistência ao também foi inferior ao obtido no controle (1,8 1 cm ³/g-1 ).
escoamento e, portanto, maior a sua viscosidade aparente. Isso pode ser justificado pelos baixos valores do índice de fluxo (n)
Em seus trabalhos Martínez-Cervera et al. (11) e Psimouli e das formulações de bolo com substituição parcial do açúcar exibidos
Oreopoulou (7) afirmaram que a viscosidade aparente é um dos fatores na T abela 2, que variaram entre 0,25-0,39 em relação a controle (0,49).
responsáveis pela qualidade do produto final que quando é elevada, O índice de fluxo indica o comportamento da viscosidade em relação
proporciona o aumento da incorporação e retenção das células de ar a a taxa de cisalhamento ou deformação, valores baixos indicam maior
massa durante a mistura dos ingredientes, contribuindo para um maior susceptibilidade a deformação Ronda et al. (5). Observou-se que ao
volume e estabilidade dos bolos, indicada por uma menor densidade passo que se substituía o açúcar pela solução adoçante e goma em
específica da massa. questão, menor eram os valores de índice de fluxo. Com base nisso
sugeriu-se que essa maior propensão à deformação ocasionou a
Tabela 2. Valores de coeficiente de consistência e índice de fluxo, para redução demasiada da viscosidade aparente das massas dos bolos
massas de bolos elaborados com substituição parcial do açúcar por durante o assamento resultando na incapacidade de retenção das
células de ar incorporadas durante a batedura da massa dos bolos, o
Acessulfame K com goma xantana
que permitiu o escape delas para a superfície do bolo restringindo
Formulação Coeficiente de Índice de fluxo
assim expansão da massa, resultando em bolos de menor volume.
consistência (n)
Para Sarabjit e Alava (12), o aumento da viscosidade aparente
(Pa sn )
possibilita a incorporação adequada de ar a massa, contudo, isso não
F0 (controle) 3,29 c + 0,32 0,48ª + 0,00 implica que a capacidade de retenção das células de ar não tenha sido
F10 11,49 a + 0,41 0,39 bc + 0,03
afetada pela substituição do açúcar por soluções adoçantes
F19 11,69 a + 0,14 0,32 bc + 0,02 espessantes.
F27 10,58 b + 0,12 0,25 d + 0,01 As formulações F10 e F19 obtiveram resultados reológicos e físicos
F34 10,40 b + 0,27 0,30 bc + 0,04
semelhantes a controle. Isso deve-se ao fato da maior proporção de
F40 10,88 ab + 0,64 0,27 cd + 0,01
açúcar nas formulações o que não acarretou em prejuízo a estrutura
F46 10,35 b + 0,04 0,35 bc + 0,02 dos bolos obtidos nessas proporções de substituição.
F52 10,95 ab + 0,09 0,34 bc + 0,02
Valores médios ± desvio padrão e seguidos por letras sobrescritas
diferentes na mesma coluna são significativamente diferentes (P CONCLUSÃO
<0,05) onde a> b> c Conclui-se que a substituição crescente do açúcar pela solução de
De acordo com Martínez-Cervera et al (11), a densidade específica acessulfame K e goma xantana afetou negativamente as propriedades
fornece uma indicação do total de ar incorporado e retido na massa reológicas da massa e consequentemente a formação estrutural dos
durante a mistura. Valores baixos indicam uma boa incorporação de bolos. Mesmo apresentando em todas as formulações com substituição
ar, obtendo-se um volume final elevado depois do assamento. parcial do açúcar um comportamento viscoso superior a formulação
Os valores obtidos com a densidade específica para as amostras da controle. Os baixos valores de índice de fluxo sugeriram deficiência
massa dos bolos com substituição parcial do açúcar pela solução de na retenção das células de ar incorporadas que são responsáveis pela
acessulfame K e goma xantana expostos na Tabela 3, variaram entre expansão da massa durante o assamento, resultando em bolos de
0,87-0,89g/cm-3 , não diferindo significativamente entre si e a amostra menor volume.
controle (0,86g/cm -3). Tais valores são um indicativo de que ouve uma
boa incorporação de ar a massa.
No entanto, os resultados obtidos com o volume específico dessas REFERENCIAS
amostras de bolo, variaram entre 1,80- 1,06 cm3/g-1 (Tabela 3) foram 1. LEE, S.; INGLETT, G. E.; CARRIERE, C. Effect of Nutrim on
inferiores a controle (1,81cm3/g-1) excetuando as formulações F10 que Rheological Properties of Cakes. Cereal Chem., v. 81, p. 22-33. 2004.
não diferiu significativamente entre si e a controle. O volume 2. BENNION, E.B.; BAMFORD, G. S. T. The Technology of Cake
específico pode ser utilizado como um indicador do desenvolvimento Making. London: Blackie Academic e Professional, 1997.
3. FRYE, A. M.; SETSER, C.S. Optimizing texture of reduced-calorie
de volume dos bolos Psimouli e Oreopoulou (7).
yellow layer cakes. Cereal Chem., v. 29, p. 338-343. 1991.
4. SCHIRMER, M. Physicochemical interactions of polydextrose for
Tabela 3. Valores de densidade especifica e volume especifico, para sucrose replacement in pound cake. Food Rearch Inter. V. 49, 2012.
massas de bolos elaborados com substituição parcial do açúcar por 5. RONDA, F.; OLIETE, B. GOMEZ, CABALLERO, P. A., PANDO, V.
Acessulfame K com goma xantana. Rheological study of layer cake batters made with soybean protein isolate.
Formulação Densidade Volume especifico J. Food Eng, v. 102, p.272-277, 2011.
6. CAVALCANTE, R. S. Avaliação das características estruturais de bolos
especifica (cm 3 /g-1 )
- com redução calórica. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de
(g/cm ³)
Alimentos). 72f. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012.
F0 (controle) 0,86 b + 0,00 1,81 a + 0,01 7. PSIMOULI, V.; OREOPOULOU, V. The effect of sweeteners on batter
F10 0,85 b + 0,01 1,80 a + 0,02 rheology and cake properties. J. sci Food Agric., v. 92, p. 99-105, 2012.
F19 0,85 b + 0,00 1,59 b + 0,06 8. LIN, S-D.; LEE, C-C. Qualities of chiffon cake prepared with dextrin
ab
F27 0,88 + 0,01 1,50 c + 0,01 and sucralose as replacement for sucrose. Cereal Chem., v. 82, p. 405–413,
F34 0,87 ab + 0,01 1,29 d + 0,02 2005.
F40 0,88 ab + 0,00 1,19 de + 0,02 9. AACC. International. Approved methods of the AACC.10thed. AACC
F46 0,89ª+ 0,01 1,10 f + 0,03 The Association: St Paul, Minnesotta, 2000
F52 0,89ª + 0,01 1,06 f + 0,03 10. SHIROMA, P. H. Estudo do comportamento reológico de suspensões
Valores médios ± desvio padrão e seguidos por letras sobrescritas aquosas de bentonita e CMC.90f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
diferentes na mesma coluna são significativamente diferentes (P Química). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
<0,05) onde a> b> c>d>e 11. MARTÍNEZ-CERVERA, S.; SANZ, T.; FISZMAN, SM. Rheological,
O comportamento viscoso apresentado pelas amostras de massa dos textural properties muffins reformulated with sucralose/polydextrose.
LWT - Food Sci and Technol., V. 45, n. 2, p. 213-220, 2012.
bolos com substituição parcial do açúcar pela solução de Acessulfame
12. SARABJIT, S.; ALAVA, J. M. Functionality of emulsifiers in sponge
K e goma xantana permitiu uma boa incorporação de ar a massa, cake Production. J. Sci Food Agric., v. 83, p.1419–1429, 2003.
contudo os baixos valores de volume específico, sugerem deficiência
na expansão da massa durante o assamento.
118
Gastronomia: da tradição à inovação
Thayane Braga 1 , Milena Oliveira 2 , Livânia Aguiar3 , Michele Cavalcante 4 , Maria Valeska Martins 4 , Larissa Lima4
1 Departamento de Engenharia química, Universidade Federal do Ceará, thayane38@hotmail.com
2 Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal do Ceará.
3 Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.
4 Curso técnico de Agroindústria, EEEP Edson Queiroz, Cascavel-CE.
INTRO DUÇÃO sendo a maioria alunos do ensino médio (55 provadores) os quais
cinquenta e um possuíam faixa etária de 13 a 18 anos, quatro tinha
Um dos derivados lácteos mais consumido e apreciado é o requeijão entre 19 e 25 anos e cinco acima de 26 anos. Em relação a frequência
de consumo de requeijão, dezoito consumia uma vez por mês,
cremoso, um produto tipicamente brasileiro e de grande valor
dezesseis uma vez por semana, doze diariamente, oito quinzenalmente
comercial, possui algumas variações de tecnologia e características
conforme a região que produz, é elaborado a partir de tratamento e seis nunca consumia. E sobre o quanto gosta de requeijão, dezenove
mecânico, químico e térmico da massa (coalhada dessorada e lavada), gostava muito, trinta e seis gostava regular e cinco gostava pouco.
Os provadores assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
que pode ser obtida pela precipitação enzimática ou ácida da proteína
para afirmar que não possuía intolerância ou alergia a lactose ou cacau,
do leite, com adição de creme de leite, sal e sais fundentes (1).
A coagulação ácida é caracterizada por neutralizar as cargas negativas após preencher o questionário, receberam duas amostras (que se
diferenciavam em relação ao teor de cacau) do produto junto com
das caseínas até o ponto isoelétrico das mesmas, mediante adição de
bolacha. Os testes aplicados foram: Escala hedônica de 9 pontos (nota
ácidos orgânicos (2). A gordura é adicionada na forma de creme de
de 9 que correspondia a gostei muitíssimo até nota 1- desgostei
leite e/ou manteiga, que é um ingrediente obrigatório na elaboração do
requeijão, já que deve apresentar no mínimo 55% de gordura no muitíssimo) em relação aos atributos de: aroma, cor, sabor e
consistência do requeijão, o outro teste foi intenção de compra com
extrato seco (3), o sal (cloreto de sódio) é adicionado na proporção de
cinco pontos (certamente compraria a certamente não compraria) e o
1,5 % a 2,0 em relação a massa (4).
teste de preferência indicando a amostra mais aceita.
O requeijão ainda quente é fluido, nessas condições é envasado, dentre
os materiais pode ser copo de vidro ou plástico (5). O resfriamento é
realizado rapidamente abaixo de 10°C, para promover a formação de Análise Estatística
cristais (4), o produto será armazenamento em refrigeração e após
aberto sua conservação é limitada a 7 dias (6). O programa utilizado para a análise estatística dos dados foi o Origin
Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ) 8.0 (OriginLab Corporation, MA, USA), através da análise de
mostram que a produção de queijos em 2011 atingiu 870.297 toneladas variância (ANOVA) e para comparação das médias utilizou-se o teste
(7). Da produção de queijos fundidos 72.100 toneladas correspondem de T ukey, adotando 5 % como nível de significância.
ao requeijão cremoso e 12.671 toneladas a queijos fundidos. No Brasil,
a PNAN- Política Nacional de Alimentação e Nutrição recomenda o
consumo diário de três porções de leite e derivados. RESULTADO S E DISCUSSÕES
O mercado de requeijão vem buscando novas alternativas de produtos
com sabores diferenciados, como ervas finas, produto light, requeijão Para o teste da escala hedônica (T abela 1), observou-se que os
sem lactose (8). Diante desse contexto, uma opção viável é a adição atributos avaliados aroma, sabor e consistência não apresentaram
de cacau em pó no requeijão, sabendo que é um ingrediente bem aceito diferença estatística entre as duas formulações de requeijão
dentre os diversos produtos e também devido alguns benefícios como elaboradas, mostrando que, as concentrações de cacau utilizadas
ser considerado um ingrediente rico em antioxidantes como os foram insuficientes para serem perceptíveis aos provadores, com
flavonoides, compostos essenciais para a saúde (9). Portanto, o exceção do atributo cor, que apresentou diferença estatística, pois a
objetivo do trabalho foi desenvolver um requeijão cremoso com amostra B com maior teor de cacau teve uma aceitação maior em
adição de cacau em pó e avaliar sua aceitabilidade através da análise relação a amostra A com menor teor de cacau. Pesquisas com
sensorial. requeijão sendo adicionado cacau são escassas, no entanto, outros
trabalhos mostram pesquisas com elaboração de outros tipos de
requeijão, como no trabalho de Bude et al. (10) com três formulações
MATERIAL E MÉTO DO S de requeijão cremoso com baixo teor de sódio que foram
desenvolvidas, os quais provadores não treinados julgaram o produto
Fabricação do requeijão cremoso utilizando a escala hedônica de 9 pontos e assim como no presente
trabalho não foi observado diferenças estatísticas entre os atributos das
O requeijão cremoso foi elaborado no laboratório de Química da formulações elaboradas.
Escola Estadual de Ensino Profissional Edson Queiroz. Foram Minim et al. (11) em sua pesquisa através do teste do ADQ (Análise
adotadas todas as normas de higiene e boas práticas de manipulação. descritiva quantitativa), verificou-se que os atributos gosto salgado,
Duas amostras foram elaboradas, uma com menor teor de cacau consistência e viscosidade contribuíram positivamente para a
(amostra A - 8 %) e outra com maior teor (amostra B - 16%). Os aceitabilidade sensorial do requeijão e os atributos gosto doce e sabor
ingredientes necessários foram: leite integral pasteurizado, vinagre, de ranço contribuíram negativamente, com isso permitindo identificar
margarina, creme de leite, sal e cacau em pó. O leite foi levado ao fogo quais atributos devem melhorar. No requeijão adicionado de milho
até a sua fervura (103°C), depois o vinagre (ácido acético) foi verde com formulação doce e outra salgada desenvolvido por Reis et
adicionado para acidificar e coagular as proteínas, filtrou-se e, o soro al. (12) através do teste de escala hedônica em relação ao sabor, ambos
foi descartado. Com isso, a massa para o requeijão estava pronta, na obtiveram médias de 7,08 a 6,94, com boa aceitação e intenção de
qual foi levada para o liquidificador com os demais ingredientes para compra. Outro tipo de requeijão que pode ser desenvolvido é o
serem misturados e homogeneizados por 3 minutos. O requeijão foi requeijão cremoso com baixo teor de lactose, no qual Mattanna et al.
envasado à quente em embalagem (copo) de plástico (polietileno) e (13) observaram que esse produto foi aceito sensorialmente e quando
levado ao refrigerador até adquirir consistência característica do comparado com o requeijão controle não houve diferença estatística
produto, durante 24 horas. para o teste de escala hedônica.
Análise Sensorial
119
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabela 1: Valores médios para o teste de aceitação para Figura 2. Valores médios do teste de preferência para formulações
formulações de requeijão. de requeijão.
Parâmetros A B
se nsoriais
Aroma 7,00 a 7,11 a
Consistência 7,80 a 7,61 a
Cor 7,43 a 7,90 b
Sabor 7,53 a 7,08 a
120
Gastronomia: da tradição à inovação
05877 Elaboração e Avaliação Físico-Química em Néctar de Maçã adoçado com Mel de Apis
Mellifera
1 Maria Andrade,1 Erick Bezerra, 1 Andressa Santana, 1 Franciscleudo Costa, 1 Bruno Meireles.
1 Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar, Universidade Federal de Campina Grande,
jakelllyne_andrade@hotmail.com
121
Gastronomia: da tradição à inovação
composição florística nas áreas de coleta, uma vez que o pH do mel de aproveitamento e agregação de valor para a maçã e o mel de abelha.
pode ser influenciado pelo pH do néctar. As alterações observadas na avaliação química e físico-química não
descaracterizaram a bebida, e estase manteve dentro dos padrões
Tabe la 2 - Resultados físico-químicos das formulações de bebida tipo fixados pela legislação.
néctar de maçã adoçado com mel de abelha.
Parâmetros Formulações AGRADECIMENTO S
analisados* BN 20%** BN 25% BN30 % Legislação
Umidade 89,40 ± 87,54 ± 86,78 ± Ao Laboratório de T ecnologia de Grãos e Cereais (LT GC), e ao
a a a Laboratório de Leite e Derivados, ambos do CCT A, Campus de
(%) 0,05 0,05 0,05
Sólidos Pombal - PB.
10,30 ± 11,16 ± 12,33 ±
solúveis Min.10,5;10
0,08 a 0,04 b 0,04 c
(%) REFERÊNCIAS
Acidez
0,34 ± 0,38 ± 0,39 ± 1. SANT OS, D. C.; MOREIRA, A. S.; OLIVEIRA, E. N. A.;
titulável Min.0,15
0,05 a 0,00 a 0,00 a SANT OS, Y. M. G. Elaboração de bebida tipo néctar de graviola
(%)
4,25 ± 4,21 ± 4,23 ± adoçada com mel Apis Mellifera. Revista Caatinga. 4,216–225,2014.
pH
0,02 a 0,02 a 0,08 a 2. RIZZON, L.A; BERNARDI, J; MIELE, A. Características
1,22 ± 1,55 ± 1,63 ± analíticas dos sucos de maçã gala, Golden delicious e fuji. Rev.
Proteína
0,16 a 0,23 a 0,30 a Ciências e T ecnologia de Alimentos. 750-756, 2005.
0,08 ± 0,09 ± 0,12 ± 3. SEBRAE AGRONEGÓCIOS:Desafios da Apicultura Brasileira.
Cinzas (%)
0,00 a 0,01 a 0,00 b 3,maio2006.64p.Disponívelem:<http://www.sebrae.com.br/br/revista
Vitamina C 9,42 ± 10,25 ± 11,56 ± _agro/3>.Acesso: 20 maio. 2016.
(%) 0,22 a 0,00 b 0,18 c 4. SILVA, R. A.; COST A, J. M. C.; RODRIGUES, M. C. P.;
* Os resultados de BN (bebida tipo néctar), foram obtidos em FONSECA, A. V. V.; SOUSA, P. H. M.; CARVALHO, J. M. Néctar
triplicata, com determinação do desvio-padrão. As letras minúsculas de caju adoçado com mel de abelha: Desenvolvimento e estabilidade.
demonstram diferença significativa entre os tratamentos (P<0,05). Ciência e T ecnologia de Alimentos. 2, 348-354, 2008.
** BN – Bebida tipo Néctar 5. IAL - INST ITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas, métodos
químicos e físicos para análises de alimentos. 1.ed. digital, São Paulo:
De acordo com a T abela 2, não foram observadas diferenças IAL,2008.1020p.
significativas (P < 0,05) para os parâmetros de umidade, acidez e 6. CÓRDOVA, K.R.V. Desidratação osmótica e secagem convectiva
proteína na elaboração de bebidas tipo néctar com diferentes de maçã Fuji Comercial e industrial. 148 f. Dissertação (Mestrado) -
concentrações de polpa, verificando valores médios de 87,91; 0,37 e Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.
1,47%, respectivamente. Para o pH das bebidas observou-se valores 7. CHIT ARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Qualidade pós-colheita de
médios de 4,23, não diferindo estatisticamente. Neste caso, as bebidas frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE.
elaboradas podem ser classificadas com um alimento ácido 2005.738p.
(4<pH<4,5), muito em virtude do pH das matérias-primas utilizadas, 8. NOGUEIRA, A; TEIXEIRA; S. H.; DEMIATE; I. D.; WOSIACKI,
conferindo maior estabilidade para o produto e estendendo a sua vida G. Influência do processamento no teor de minerais em sucos de
útil.No referente a acidez está diretamente voltada ao sabor, quanto maçãs.Ciênc. T ecnol. Aliment.2, 359-264, 2007.
mais acida mais preferida pelo consumidores (11). No tocante aos 9. BRASIL. Leis, Decretos, etc. Instrução Normativa 11. Regulamento
ensaios da vitamina C, sólidos solúveis e cinzas observou-se que as T écnico de Identidade e Qualidade do Mel. Diário Oficial, 20 de
bebidas tipo néctares, elaborada com a maior concentração de polpa outubro de 2000. Disponível em: http://www.engetecno.com.br/
(formulação BN 30%), apresentou maiores concentrações em relação legislação/mel_mel_rtfiq.htm. Acesso em: 14 Junho 2016.
as amostras BN 20% e BN 25%. Esse resultado pode ser justificado 10. PAIXAO, V. C. O. MEL: Produção, tecnologia, comercialização.
pelo aumento das proporções de polpa de maça nas bebidas, Lisboa: Livraria Clássica Editora. 1996. 16-18p.
acarretando acréscimos de sólidos solúveis dissolvidos e, 11. BRASIL. Instrução Normativa n. 1, de 7 janeiro 2000, do
consequentemente, maior teor de minerais no produto final. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Aprova os
Regulamentos T écnicos para fixação dos padrões de identidade e
CO NCLUSÕ ES qualidade para polpas e sucos de frutas. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan. 2000. Seção 1, p. 54 -8.
A elaboração do néctar de maçã adoçado com mel mostrou-se viável
dentro do processamento utilizado, tornando-se mais uma alternativa
122
Gastronomia: da tradição à inovação
Sumaya Ferreira Guedes 1 , Fabricio Barros Brum1 , Raquel Aparecida Loss 1 , José Wilson Pires Carvalho 1 , Graziella
Selleri Silva1
1 Departamento de Engenharia de Alimentos, Universidade do Estado de Mato Grosso, su_sumaya@yahoo.com.br
INTRODUÇÃO
O Hibiscus sabdariffa é nativo do continente africano e encontra-se T abela 1: Formulação das geleias de hibisco
distribuído nas regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre,
sendo conhecido popularmente como hibisco, hibiscus, rosela, Formulação
groselha, azedinha, quiabo azedo, caruru-azedo, caruru-da-guiné e Ingredientes
A B C
quiabo-de-angola (1).
A parte mais estudada do hibisco são as folhas e os cálices. As folhas Água (mL) 500 500 500
são utilizadas geralmente na culinária e o cálice possui alto interesse Massa de sépalas (g) 300 300 300
na área farmacêutica, devido as suas características fitoterápicas (2). Açúcar mascavo (g) 0 150 0
Os cálices, de coloração vermelha e sabor azedo, também atraem a Açúcar Cristal (g) 150 0 0
atenção das indústrias de alimentos, as quais começam a enxergar a
possibilidade de exploração desse vegetal como matéria-prima para Adoçante (g) 0 0 15
elaboração de novos produtos, devido ao alto teor de antocianinas, (A) Açúcar cristal, (B) Açúcar mascavo, (C) Adoçante (Aspartame)
beta-caroteno, licopeno, polifenóis e outros antioxidantes dissolvidos
em água (2). Análise Físico-química:
O hibisco também se destaca na indústria de alimentos pela extração
de pectina, uma das propriedades mais atrativas do hibisco, sendo que As geleias foram submetidas a análise físico-químicas de pH, acidez,
o mesmo contém, por conta própria, 3% de pectina. Já para área umidade, resíduo mineral fixo (cinzas) e sólidos solúveis (ºBrix).
farmacêutica, o vegetal contribui para a diminuição do colesterol e T odas as análises foram realizadas no Laboratório de Química da
diabetes, sendo um ponto importante de onde se surge a ideia da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Barra do Bugres,
formulação das geleias, e principalmente uma formulação com uso de seguindo os métodos descritos pelo Instituto Adolfo Lutz (2008) (5).
adoçante destinado a este público (3). Os dados obtidos foram analisados pelo teste T ukey, ao nível de
Diante da relevância que têm alcançado os estudos sobre as significância de 5%.
propriedades do hibisco é fundamental que sejam feitas pesquisas que
avaliem os reais benefícios que este vegetal pode trazer para a RESULTADOS E DISCUSSÃO
indústria de alimentos, através do uso na elaboração de alimentos,
incluindo a geleia. As geleias obtidas apresentaram características visuais diferentes entre
Desta forma, este trabalho tem como objetivo a caracterização físico- as formulações conforme pode ser observado na Figura 1.
química da geleia elaborada a partir do cálice do hibisco, adoçada de
diferentes formas (açúcar cristal, mascavo e adoçante). Figura 1: Geleias de Hibisco
Açúcar cristal Açúcar mascavo Adoçante
MATERIAL E MÉTODOS
Obtenção da matéria-prima:
123
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 2: Resultado das análises físico-químicas das geleias Nas análises de cinzas também houve essa diferença significativa a
um nível de confiança de 5 % entre as formulações, sendo obtido um
valor consideravelmente superior para o mascavo (0,78%) em
comparação com o cristal (0,43%). O teor de cinzas pode ser utilizado
com medida geral de qualidade nos alimentos, visto que maiores teores
de cinza representam também maiores valores de cálcio, magnésio,
ferro, fósforo, sódio entre outros minerais presentes no hibisco (10).
A diferença entre as geleias pode estar associada aos constituintes
apresentados pela própria matéria-prima, uma vez que os açúcares
utilizados e o adoçante passam por processos de industrialização
distintos e possuem compostos diferentes em sua constituição.
CONCLUSÃO
As geleias elaboradas com hibisco e adoçadas com açúcar cristal,
mascavo e aspartame apresentaram diferenças significativas nas
características físico-químicas, sobretudo devido aos compostos
orgânicos e inorgânicos presentes no açúcar mascavo, agregando-se
quantidades significativas de nutrientes a estes tratamentos.
AGRADECIMENTOS
124
Gastronomia: da tradição à inovação
Amanda Leal1 , Paulo Sousa 2 , Carlos Alves 3 , Luciana Oliveira 4 , Juliana Costa 5 , Gildevânia Moreira 6
A manga (Mangifera indica L.) é bastante popular e consumida no Brasil A caracterização físico-química da polpa mista e das formulações de
e no exterior (1). Essa fruta possui um grande potencial para ser uma estruturados de manga com caju foi realizada através das análises de pH
ótima fonte alimentar de antioxidantes, uma vez que possui em sua em pHmetro, modelo 3505 da marca Jenway, de acordo com o Instituto
composição carotenóides, ácido ascórbico e compostos fenólicos, que Adolfo Lutz (10); sólidos solúveis totais (SS) em refratômetro portátil,
são fitoquímicos com reconhecido poder antioxidante no meio biológico modelo Pal-1 da marca Atago, com os resultados expressos em °Brix
(2). (11); Acidez titulável (AT) expressa em g de ácido cítrico por 100 g de
O caju (Anacardium occidentale L.) é composto por um fruto atípico, a amostra, de acordo com técnica recomendada pelo Instituto Adolfo Lutz
castanha, que é o fruto verdadeiro, e um falso fruto, conhecido por caju (10) e atividade de água (Aa) em medidor de atividade de água da marca
ou pedúnculo, um pedicelo hipertrofiado (3). O pedúnculo é carnoso e Aqua-lab, modelo 4T E.
suculento, de cor e tamanho variáveis, e possui elevados teores de
vitamina C, açúcares, minerais como cálcio, ferro e fósforo, além de T ratamento dos dados
fibras. Porém, o aproveitamento deste na indústria é inferior a 20% do
total produzido (4). Para análise estatística foram aplicados a Análise de Variância
As frutas desenvolvidas em regiões de clima tropical são altamente (ANOVA) e o T este de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05),
perecíveis, uma vez que as temperaturas elevadas e a umidade comum usando o programa Assistat, versão 7.7 beta.
dessas regiões agravam a deterioração desses alimentos (5). Com essa
grande perda de alimentos in natura surge a necessidade do uso de novos RESULTADO S E DISCUSSÃO
processos capazes de aumentar a vida útil desses produtos, mantendo a
sua qualidade sensorial, nutricional e microbiológica por mais tempo (6). Observa-se na T abela 1 que houve algumas diferenças significativas ao
Uma boa opção para o processamento de frutas é a estruturação destas, nível de 5% de probabilidade entre as amostras de estruturados de manga
uma vez que o produto resultante mantém características muito com caju.
semelhantes à fruta in natura. Os estruturados de fruta são elaborados a
partir da combinação da polpa de frut as e adição de algum agente T abela 1. Resultados médios das análises físico-químicas de
texturizante (hidrocoloides), resultando em um produto com textura estruturados mistos de manga com caju.
maleável (7). Esse processo proporciona ao produto grande retenção das
características nutricionais e sensoriais da fruta. A utilização de Tratamentos
hidrocoloides dispensa a etapa de açucaramento, permitindo a obtenção Análise
LA50 LA75/
de produtos livres ou com baixas concentrações de açúcar, e, s Polpa Agar LA
/HA50 HA25
consequentemente, com baixas calorias (8).
Dessa forma, o objetivo do trabalho foi elaborar e avaliar as AT 0,69 0,83 a 0,68 b 0,60 bc 0,56 c
características físico-químicas de estruturados mistos de manga com
caju, assim como analisar a influência do uso de diferentes hidrocoloides
nas características do produto final. pH 3,62 3,79 b 3,92 a 3,93 a 3,95 a
Elaboração dos estruturados de manga com caju Aa 0,99 0,98 b 0,99 a 0,99 a 0,99 a
Foram desenvolvidos estruturados mistos de frutas utilizando polpas de Médias com pelo menos uma letra igual, na mesma linha, não diferem
manga e caju, e os hidrocoloides agar-agar e gelano de baixa acilação - entre si ao nível de 5% de significância para o teste de T ukey.
LA (do inglês low acyl), separadamente, e combinações entre gelano LA
e de alta acilação - HA (do inglês high acyl) nas proporções 75% de LA Fonseca (12) analisou néctar misto de manga com caju e encontrou
e 25% de HA, e 50% de LA e 50% de HA, todos da marca CP Kelco. valores de 3,78; 11,27; 0,29 para pH, sólidos solúveis totais e acidez total
T odas as formulações foram elaboradas com hidrocoloides na titulável, respectivamente. Observa-se que todos os valores diferiram
concentração total de 0,75% do peso da polpa. nos dois estudos. Essa diferença pode estar ligada ao fato do néctar ter
Para o preparo do produto, misturaram-se as duas polpas, na sido elaborado com apenas 35% de polpa e com adição de açúcar até um
concentração de 50% cada, ao pó de hidrocoloide, e homogeneizou-se valor fixo de sólidos solúveis de 11 °Brix, o que tornou o produto mais
com bastão de vidro. Essa mistura foi aquecida a aproximadamente 85 ± diluído, porém com o SST mais elevado.
2°C durante 30 s em processador de alimentos Termomix, modelo SPM- Não há uma legislação que especifique os padrões de identidade e
018 da marca Yammi, para a dissolução completa do hidrocoloide (9). qualidade de polpas de frutas mistas, porém, a Instrução Normativa n°01
A mistura obtida foi vertida em moldes de silicone retangulares, onde de 2000 (13) determina o PIC para polpas de frutas simples. Segundo
permaneceu à temperatura ambiente durante 30 minutos. essa normativa, as características físicas, químicas e organolépticas da
Posteriormente, foi colocado a temperatura de refrigeração, entre 5 e polpa mista deverão manter a mesma relação de proporcionalidade com
10°C, por 12 horas para completar a maturação do gel. Passado esse as quantidades de cada polpa que compõe o produto (13).
tempo, o produto foi desenformado, acondicionado em recipientes Quanto ao SST o teor mínimo da polpa de caju e manga deve ser 10,0 e
fechados e armazenado à temperatura de refrigeração. 11,0 °Brix, respectivamente (13). Portanto, o valor de sólidos solúveis
O processo foi realizado em três repetições. da polpa mista de manga com caju encontra-se abaixo do preconizado
na legislação. Os valores de pH, segundo o PIC, devem ser de, no
125
Gastronomia: da tradição à inovação
máximo, 4,6 para polpa de caju e, entre 3,3 e 4,5 para polpa de manga 2.FREIT AS, M. C. S. Estudo de desidratação osmótica como pré -
(13). Dessa forma, os valores de pH se encontram dentro do intervalo tratamento à secagem de manga tommy atkins. 2009. 120 f. Dissertação
estabelecido para as duas polpas. A acidez mínima da polpa caju e da (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) - Centro Universitário de Belo
polpa de manga deve ser de 0,30 e 0,32, respectivamente (13). Assim, os Horizonte, Belo Horizonte, 2009.
valores encontrados estão conforme preconizado em legislação para as 3.ALBUQUERQUE, A. C. S; SILVA, A. G. (Ed.). Agricultura tropical:
duas polpas. quatro décadas de inovações tecnológicas, institucionais e políticas.
Comparando-se as amostras de estruturados com relação à polpa, pôde- Brasília, DF: Embrapa Informação T ecnológica, 2008.
se observar, de um modo geral, que os estruturados não diferiram muito 4.CRISÓST OMO, L. A.; NAUMOV, A. (Org.). Adubando para alta
da polpa, exceto no parâmetro sólidos solúveis, no qual a polpa produtividade e qualidade: fruteiras tropicais do Brasil. Fortaleza:
apresentou valores abaixo dos encontrados nos estruturados. Embrapa Agroindústria T ropical, 2009.
Provavelmente, pode ter ocorrido uma concentração desses 5.SANT OS, C. N. P. Elaboração de um estruturado de polpa de manga
componentes nos estruturados, uma vez que a mistura de polpa e (Mangifera indica L. cv Tommy Atkins) parcialmente desidratada por
hidrocoloides foi submetida à fervura, durante o processamento, e osmose. 2003. 97 f. Dissertação (Mestrado em T ecnologia de
consequente perda de água. A variabilidade do teor de SST pode ser Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade
explicada, em princípio, pela variação do °Brix da própria matéria-prima Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
e do atrito entre as partículas da amostra e a parede do local de 6.CARVALHO, A. V.; MAT T IETTO, R. A.; VASCONCELOS, M. A.
processamento, resultando em maior quebra da polpa, promovendo um M. Aproveitamento da casca do bacuri para fabricação de um novo
acréscimo no valor do teor de sólidos solúveis (14). produto. Comunicado técnico 209. Belém: Embrapa Amazônia Oriental,
Observou-se, também, que as formulações contendo gelano (LA isolado, 2008.
e LA e HA combinados) foram as que menos diferiram entre si, e a 7.LINS, A. C. A. Desenvolvimento de fruta estruturada com umidade
amostra contendo agar-agar foi a que mais se diferenciou dentre os intermediária obtida de polpas concentradas de três genótipos de
estruturados. Isso indica que a escolha do hidrocoloide a ser utilizado cajazeira (Spondias mombin L.). 2010. 91 f. Dissertação (Mestrado em
pode interferir nas características físico-químicas do produto final, e Ciência e T ecnologia de Alimentos) – Departamento de Ciências
apesar dos gelanos LA e HA possuírem algumas propriedades diferentes, Domésticas, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2010.
eles podem proporcionar produtos semelhantes quanto às propriedades 8.FREIT AS, S. M. L. Utilização de alginato de sódio em texturizados de
físico-químicas avaliadas nesse estudo. Apenas no parâmetro SST , a suco misto de laranja e cenoura de valor energético reduzido. 1999. 127
formulação com agar não diferenciou das que continham gelano. f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de
A goma gelana de alta acilação (HA) possui os grupamentos acila, Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas,
gliceril e acetil, que ajudam a estabilizar a dupla hélice, mas interferem Campinas, 1999.
na agregação destas, originando géis macios e elásticos. Já a gelana de 9.DANALACHE, F. et al. Optimisation of gellan gum edible coating for
baixa acilação (LA), como não possui esses grupos, forma géis muitos ready-to-eat mango (Mangifera indica L.) bars. Int. J. Biol. Macromolec.
firmes e quebradiços (15). Os géis de agar possuem textura firme, são v. 84, p. 43-53, 2016.
fortes e estão sujeitos a alta sinérese, por conta da forte agregação de 10.INST ITUTO ADOLFO LUT Z. Métodos Físico -químicos para
hélices duplas (16, 17). Análise de Alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
Ressalta-se que o estruturado de frutas é um produto novo, e, por isso, 11.ASSOCIAT ION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHERMISTRY.
não foram encontradas referências na literatura sobre a caracterização Official methods of Analysis of the Association of Official Analytical
físico-química de estruturados de manga com caju para fins de Chemistry. 18th ed. Washington, 2005.
comparação. 12.FONSECA, A. V. V. Perfil sensorial, aceitação e caracterização
em compostos bioativos de néctares mistos de frutas tropicais. 2014.
CO NCLUSÃO 156 f. T ese (Doutorado) - Curso de Ciência e T ecnologia de Alimentos,
Departamento de T ecnologia de Alimentos, Universidade Federal do
Após a realização do presente estudo, conclui-se que a técnica Ceará, Fortaleza, 2014.
empregada para a estruturação de frutas interfere pouco nas 13.BRASIL. Ministério da Agricultura do Abastecimento. Instrução
características iniciais da polpa. O emprego dos hidrocoloides gelano Normativa nº 01/00, de 07/01/00. Regulamento técnico geral para
LA, isolado, e gelano HA e LA, combinados, resulta em formulações fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpa de fruta.
bastante parecidas entre si, o que não ocorre com os estruturados Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan.
contendo agar-agar, uma vez que este proporciona ao produto um perfil 2000. Seção 1, p.54-58
físico-químico um pouco diferente quando comparado aquelas contendo 14.SANCHO, S. O. et al. Alterações químicas e físico-químicas no
gelano. processamento de suco de caju (Anacardium occidentale L.). Ciênc.
T ecnol. Aliment., Campinas, v. 24, n. 4, p.878-882, out. 2007.
AGRADECIMENTO S 15.IMESON, A. Food stabilisers, thickeners, and gelling agents. Oxford,
England: Wiley-Blackwell, 2010.
Agradecimentos ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento 16.WUST ENBERG, T . Cellulose and cellulose derivatives in the food
Científico e Tecnológico) pelo financiamento e à Pomar da Polpa pelo industry: fundamentals and applications. Weinheim, Germany: Wiley-
fornecimento da matéria-prima. VCH, 2015.
17.CUI, S. W. (Ed.). Food carbohydrates: chemistry, physical properties,
REFERÊNCIAS and applications. Boca Raton, United States: CRC Press, 2005.
126
Gastronomia: da tradição à inovação
127
Gastronomia: da tradição à inovação
128
Gastronomia: da tradição à inovação
5903 - Pseudo hambúrguer de feijão verde: uma alternativa de uso para alimentação
escolar
Hérica Silva1 , Adriana Lima 2 , Pablo Medeiros 3 , Jéssica Ribeiro 4 , Jussara Cardozo 5, Priscila
Medeiros 6 1 Nutricionista, Universidade Potiguar-UnP, Natal/RN, hericasilvanutri@gmail.com (Autora)
2
Nutricionista, Universidade Potiguar-UnP, Natal/RN (Coautora)
3
Graduando do curso de CST em Gastronomia, Universidade Potiguar-UnP, Natal/RN (Coautor)
4
Fisioterapeuta, Universidade Potiguar-UnP, Natal/RN (Coautora)
5
Nutricionista, Universidade Potiguar-UnP, Natal/RN (Coautora)
6
Doutora em engenharia química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN, Natal/RN (Coautora)
129
Gastronomia: da tradição à inovação
130
Gastronomia: da tradição à inovação
As frutas estruturadas foram produzidas com polpas de LA75/HA25 4,33b 3,06a 0,93a 0,98a
maracujácedidas por uma empresa processadora de polpa de fruta, LA50/HA50 3,66b 3,05a 0,88a 0,98a
localizada na cidade deFortaleza-CE. Foram elaboradasquatro
formulações, sendo: formulação 1: 100% de Gelano baixo acilo Médias com pelo menos uma letra igual, na mesma coluna, não
(LA);2: Ágar-Ágar; formulaçãoformulação 3: 75% de gelano(LA) e diferem entre si ao nível de 5% de significância para o teste de T ukey.
25% de gelano alto acilo(HA)e a formulação 4: 50% (LA) e 50%
(HA).Em todas as formulações foram empregados hidrocoloides na Asformulações com a proporção de gelanoLA/HAnão sofreram
concentração de 0,75% em relação ao peso da polpa.Iniciou-se com o diferenças significativas(P>0,05), apresentando-se iguais
descongelamento da polpa (50 mL) até temperatura ambiente (em estatisticamente em todas as varáveis analisadas (Tabela 1).Todavia,
torno de 25 °C), posteriormente, foi homogeneizadae diluídaem 45 mL as amostras com as concentrações de gelano baixo acilo e alto acilo,
de águae adicionado5g de açúcar, esta diluição foi necessária devido obtiveram o menores valores em comparação com as formulações 1 e
à alta acidez do maracujá.Pesaram-se os hidrocoloidesseparadamente 2. T al fato pode ser justificado devido à presença de gelano HAque
de acordo com cada formulação, e logo após foramadicionadosà polpa, segundo Mao; T ang; Swanson(10), esta goma forma gel muito fraco,
anteriormente diluída, e homogeneizada com auxílio de um bastão de pois os grupamentos acetil e gliceril impedem a aproximação e a
vidro. Após esta etapa as amostras foramlevadas ao aquecimento em associação das cadeias poliméricas da goma gelana. Dessa forma, com
micro-ondas com potência de1,5 Kw e temperatura de a má formação do gel, há perdas de líquidos e consequentemente perda
aproximadamente 85 ± 2°C por um tempo de 30 s até levantar fervura, de componentes da amostra.
este aquecimento foi repetido três vezes,para a completa dissolução e Para a variável sólidos solúveis verificou-se que a polpa apresentou
dispersão do hidrocoloide. A mistura foi vertida em moldes de silicone um valor médio elevado (T abela 1), tal fato é justificado devido a
retangulares onde permaneceu à temperatura ambiente durante 30 adição de açúcar durante a formulação.Porém após a preparação dos
minutos, após este intervalo foi armazenada em refrigerador na estruturados verificou-se uma redução desses valores, nos quais as
temperatura entre 5°C e 10 °C, e mantida por 24 horas para completar formulações 3 e 4 apresentaram valores inferiores aos demais
a geleificação. Após a formação do gel, foram desenformadas e tratamentos. De acordo com Imeson (11) a gelificação do gelano HA
armazendas em recipiente fechado, coberto com plástico filme. Este tende a ser prejudicada, com altos teores de sólidos solúveis (maiores
procedimento foi realizado em triplicata para cada amostra que 25%), havendo uma má formação do gel. Possivelmente devido
eposteriomente foram utilizadas para a realização das análises.As essa má formação do gel, ocorra uma quebra das estruturas das
análises físico-químicasrealizadasforam as seguintes:sólidos amostras e consequentemente perdas de água e com isso perda de
solúveis (SS)expressos em °Brix segundo IAL (7); pH determinado solutos.
131
Gastronomia: da tradição à inovação
Em relação aopH das formulaçõesverificou-se que os estruturados comportamento, pode ter ocorrido devido à degradação dessa vitamina
obtiveram valores próximos aos da polpa, deste modo, podemos durante o processamento térmico dos estruturados.
concluir que o processamento dos estruturados não influenciou nos
valores deste parâmetro analisado.Porém,a formulação elaborada com CO NCLUSÕ ES
ágar-ágarapresentou estatisticamente diferente a 5% de significância
em comparação com as demais formulações. Provavelmente este fato A produção de estruturados de maracujá com uso de
esta relacionado com uma característica que o ágar-ágar possui,de diferenteshidrocoloides não alteramsignificativamentesuas
reduzir seu poder geleificante em meio ácido e dessa forma apresentar características físico-químicas,em comparação com a matéria prima
sinérese durante o armazenamento da amostra e com isso pode ocorrer inicial, exceto para o ºBrix,assim como apresenta quantidades
perdas de compostos nutricionais. De acordo com Moura (5), o ágar- relevantes de vitamina C e compostos fenólicos, sendo viável a
ágar pode, em meio ácido, sofrer hidrólise ficando com o peso elaboração desses produtos.
molecular (e o tamanho das cadeias) reduzido e perdendo poder
geleificante. REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
Os valores obtidos para acidezda polpa de maracujáforaminferiores
aos encontrados por Pita (12) 4,02 g/100g, e Hurtado-salazaret al., (13) 1. Wijeratnam, S.W Passion Fruit Encyclopedia of Food and Health p.
valores de 4,43 a 5,11 g /100g de polpa, sugere-se que estes valores 230–234. 2016.
reduzidos são justificados devido ao tipo de polpa que foi utilizada 2.Lins, A.D.F., Lima, A.L.R, Costa, M. L., Feitosa, R.M., Moraes, M.
(polpa comercial), como também possivelmente devido o acréscimo S., Quirino, D.J.D., Sampaio, A.C.F., Impacto sob a aceitação
de água e açúcar nas formulações. Em relação às formulações dos sensorial de iogurtes enriquecidos com polpa de maracujá adoçados
estruturados, não houve diferença significativa entre os tratamentos com açúcar e com mel. Rev. Agropecu. Tec. , v. 36, n. 1, p. 103-108,
(P>0,05) para esta variável, e os valores apresentaram próximos aos 2015.
da polpa analisada (Tabela 1), o que leva a crer que a elaboração de 3.Silva, M. B. De; Ramos, A. M. Composição química, textura e
estruturados de maracujá com ágar-ágar e gelano LA e HA não altera aceitação sensorial de doces em massa elaborados com polpa de
a acidez total da polpa utilizada inicialmente para a elaboração do banana e banana integral. Rev. Ceres, Viçosa, v.56, n.5, p. 551-554,
produto. Carvalho et al. (14) elaboraram frutas estruturadas mistas de 2009.
umbu e maracujá-do-mato, e realizaram sua caracterização físico- 4.Saha, D., e Bhattacharya, S. Hydrocolloids as thickening and gelling
química e sensorial, no qual encontraram valores de pH 4,03, sólidos agents in food: a critical review. J. Food Sci. T echnol., v.47, n.6, p.
solúveis 59,33, acidez total de 0,02 % ácido cítrico e vitamina C de 587- 597, 2010.
15,56 mg/100 g, observaram ainda que o processamento destes 5. Moura, J. I. M.G Desenvolvimento de metodologias para a
estruturados permitiu a obtenção de um produto com boa qualidade aplicação de hidrocoloides a técnicas culinárias de vanguarda. 2011.
nutricional e sensorial, podendo ser amplamente utilizado na forma de Dissertação (Mestrado em Ciências Gastronômicas) - Universidade
lanches rápidos. Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e T ecnologia, Lisboa, 2011 .
Vale ressaltar que o estruturado de maracujá é um produto novo, 6.Dickson, E. Hydrocolloids at interfaces and the influence on the
portanto, não se encontrou referência na literatura sobre sua properties of dispersed systems. Foodhydrocolloid., v.17, p.25-39,
caracterização físico-química. 2003.
7.Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de
Tabe la 2. Resultados médios dos compostos bioativos de fruta alimentos /coordenadores Odair Zenebon, neussadoccopascuetePaulo
estruturada de maracujá. T iglea – São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008, 1020 p.
8.AOAC (Associationof Official Analytical Chemists). Official
Análises Methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists
(method 900.02). Arlington: A.O.A.C., 2 v. 1995 chapter 44 .P. 10-12.
Tratame ntos Polifenois Ácido Ascórbico 9.Larrauri, J. A.; Pupérez, P.; Saura-Calixto, F. Effect of drying
Totais mg de ácido temperature on the stabilitity of polyphenols and antioxidant activity
mg EAG/100g ascórbico/100g of red grape pomace peels. J. Agri. Food Chem., London, v. 45, p.
Polpa 24,72 42,71 1390-1393, 1997.
LA 21,45c 34,18a 10.Mao, R.; T ang, J.; Swanson, B. G. T exture properties of high and
low acyl mixed gellan gels. Carbohyd. Polym., v. 41, p. 331–338,
Àgar-ágar 22,31bc 34,88a 2000.
24,32abc 35,00a 11. Imeson, A. Foodstabilisers, thickeners, andgellingagents. Oxford,
LA75/HA25
England: Wiley-Blackwell, 2010.
LA50/HA50 26,27 a 34,53a 12.Pita, J. S. L. Caracterização físico-química e nutricional as polpa e
farinha da casca de maracujazeiros do mato e amarelo. 2012.
Médias com pelo menos uma letra igual, na mesma coluna, não Dissertação (Mestrado em Engenharia de Alimentos) - Universidade
diferem entre si ao nível de 5% de significância para o teste de T ukey.
Estadual do Sudoeste da Bahia, Itapetinga, 2012.
13.Hurtado-Salazar, A.; Silva, D. F. P.; Sediyama, C.S. ebruckner, C.
Constata-se na Tabela 2 uma diferença significativa entre as amostras
H. Caracterização física e química de frutos de maracujazeiro-amarelo
dos estruturados (p≤ 0,05) para a análise de polifenois totais, onde o enxertado em espécies silvestres do gênero passiflora cultivado em
LAdiferenciou estatisticamente da formulação LA50/HA50.
ambiente protegido. Rev. Bras. Frutic., v.37, n.3, p. 635-643, 2015
Verificou-se que as formulações com a mistura dos dois tipos de
14. Carvalho A. V., Nogueira, J. G.Araújo, F. P.; Matta, V. M. Fruta
gelano apresentaram valores superiores, o que leva a crer que a mistura
Estruturada Mista de Umbu e Maracujá-do-Mato. Comunicado
dos tipos de gelano forma um gel com propriedades intermediarias e
técnico, Embrapa Amazônia Oriental. Belém, Pa. Junho,p.1-4, 2014
dessa forma foi possível quantificar maioresvalores de compostos
15. Couto, A. B. B.;Aguiar, I. B.;OLiveira, C. S.;Gomes, F. S.;Freire
fenólicos. Couto et al. (15) estudaram sucos de maracujá-amarelo
Junior, M.;Cabral, L. M. C.LEAL JUNIOR, W. F. Caracterização
produzidos por cultivo orgânico e convencional e encontraram físico-química maracujá-amarelo (Passiflora edulis fo. Flavicarpa)
teores médios de compostos fenólicos que variaram de 35 a 23,28 mg
cultivadoem Sistema orgânico e convencional. In: congresso brasileiro
de ácido gálico/ 100g, valores próximos aos encontrados neste estudo,
de processamento de frutas e hortaliças, 2., 2011, Rio de Janeiro.
comparando com os valores da polpa de maracujá estudada.
Alimentação inteligente com tecnologia limpa: anais. Rio de Janeiro:
Para a variável ácido ascórbico, observou-se que as 4 formulações de Sociedade Brasileira de Processamento de Frutas e Hortaliças, 2011.
fruta estruturada de maracujá apresentaramcomportamento parecidos,
não diferenciando estatisticamente entre si(p>0,05),porém
apresentaram valores inferiores aos da polpa. Possivelmente este
132
Gastronomia: da tradição à inovação
05908 - Caracterização de Estruturados Mistos de Manga com Cajá Elaborados com Diferentes
Hidrocoloides
Amanda Leal1 , Carlos Alves 2 , Paulo Sousa 3 , Juliana Costa 4 , Luís Nascimento 5 , Eduardo Ferreira 2
1 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceara, amanda.lleal@hotmail.co m
2 Graduando em Gastronomia, Universidade Federal do Ceará
3 Professor do Curso de Gastronomia, Universidade Federal do Ceará
4 Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
5 Graduando em Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
INTRO DUÇÃO por 100 g de amostra, de acordo com técnica recomendada pelo
Instituto Adolfo Lutz (12) e atividade de água (Aa) em medidor de
As frutas tropicais possuem ampla diversidade de sabores, além de teores atividade de água da marca Aqua-lab, modelo 4T E.
importantes de componentes com propriedades funcionais
(carotenóides, antocianinas, vitaminas, compostos fenólicos e T ratamento dos dados
capacidade antioxidante) (1). Porém, possuem alta perecividade e, por
serem cultivadas em regiões quentes e úmidas, têm sua deterioração Para análise estatística foram aplicados a Análise de Variância
agravada (2). (ANOVA) e o T este de T ukey ao nível de 5% de probabilidade
Dentre estas frutas, a manga (Mangifera indica L.) é bastante popular e (p<0,05), usando o programa Assistat, versão 7.7 beta.
consumida no Brasil e no exterior (3). Ela é constituída, principalmente,
por água, carboidratos, ácidos orgânicos, sais minerais, proteínas, RESULTADO S E DISCUSSÃO
vitaminas e pigmentos (4). Pode ser considerada uma ótima fonte
alimentar de antioxidantes, uma vez que possui em sua composição Pode-se observar que houve diferenças significativas ao nível de 5%
carotenóides, ácido ascórbico e compostos fenólicos (5). de probabilidade entre algumas amostras de estruturados de manga
O cajá, outra fruta tropical, é amplamente utilizado na confecção de com cajá com relação a alguns parâmetros (T abela 1).
sucos, néctares, sorvetes, geléias, vinhos, licores,etc por possuir aroma e
sabor agradáveis. Além disso, esta fruta apresenta características T abela 1. Resultados médios das análises físico-químicas de
nutricionais importantes,possuindo boa oferta de ácido ascórbico (6), e estruturados mistos de manga com cajá.
teores significantes de taninos e carotenóides (7).
A estruturação de polpa de frutas com agentes gelificantes é uma técnica Formulações
de processamento inovadora na área de alimentos, sendo uma alternativa Análises Polpa
1 2 3 4
para a redução do desperdício de frutas, proporcionando o aumento da
vida útil desses alimentos e mantendo sua qualidade sensorial, Acidez 0,99 1,17 a 1,05 b 0,98 bc 0,94 c
nutricional e microbiológica por um período de tempo maior (8). Os
estruturados de frutas são elaborados através da combinação da polpa de pH 2,98 3,19 b 3,35 a 3,35 a 3,34 a
frutas e adição de hidrocolóides (agentes texturizantes) (9, 10).
O objetivo do trabalho foi elaborar e avaliar as características físico- SST 9,40 11,23 a 11,10 a 11,20 a 11,07 a
químicas de estruturados de manga com cajá, assim como analisar a Aa 0,99 0,99 a 0,99 a 0,99 a 0,99 a
influência do uso de diferentes hidrocoloides nas características do
Médias com pelo menos uma letra igual, na mesma linha, não diferem
produto final.
entre si ao nível de 5% de significância para o teste de T ukey.
MATERIAIS E MÉTO DO S Fonseca (14) analisou néctar misto de manga com cajá e encontrou
valores de 3,16; 11,15; 0,31 para pH, sólidos solúveis totais e acidez
Elaboração dos estruturados de manga com cajá total titulável, respectivamente. Observa-se que todos os valores foram
diferentes nos dois estudos. Essa diferença pode estar relacionada ao
Foram desenvolvidos estruturados mistos de frutas utilizando polpas de fato do néctar ter sido elaborado com apenas 35% de polpa e com um
manga e cajá comoshidrocoloidesagar-agar (formulação 1) e gelano de
valor fixo de sólidos solúveis de 11 °Brix, o que tornou o produto mais
baixa acilação - LA (do inglês low acyl) (formulação 2), separadamente, diluído e com maior teor de sólidos solúveis.
e combinações entre gelano LA e de alta acilação - HA (do inglês high Não há uma legislação que especifique os padrões de identidade e
acyl) nas proporções de 50% de LA e 50% de HA (Formulação 3), e 75% qualidade (PIC) de polpas mistas, porém, a Instrução Normativa n°01
de LA e 25% de HA (Formulação 4). T odas as formulações foram
de 2000 determina o PIC para polpas de frutas simples. Segundo essa
elaboradas com hidrocoloides na concentração total de 0,75% do peso normativa, as características físicas, químicas e organolépticas da
da polpa. Para o preparo do produto, misturaram-se as duas polpas, na polpa mista deverão manter a mesma relação de proporcionalidade
concentração de 50% cada, ao pó de hidrocoloide, e homogeneizou-se
com as quantidades de cada polpa que compõe o produto (15). O teor
com bastão de vidro. Essa mistura foi aquecida a, aproximadamente, 85
mínimo de sólidos solúveis totais das polpas de cajá e manga deve ser
± 2°C durante 30 s em processador de alimentos Termomix, modelo de 9,00 e 11,0 °Brix, respectivamente (15). Portanto, o valor de sólidos
SPM-018 da marca Yammi, para a dissolução completa do hidrocoloide solúveis da polpa mista de manga com cajá encontra-se dentro do
(11). A mistura obtida foi vertida em moldes de silicone retangulares,
preconizado na legislação. O pH da polpa de cajá deve ser de 2,2, e o
onde permaneceu à temperatura ambiente durante 30 minutos.
da manga deve est ar compreendido entre 3,3 e 4,5 (15). Assim, os
Posteriormente, foi submetido à temperatura de refrigeração, entre 5 e valores de pH se encontram dentro do intervalo estabelecido para as
10°C, por 12 horas para completar a maturação do gel. Passado esse duas polpas. Com relação à acidez, os valores mínimos devem ser de
tempo, o produto foi retirado dos moldes, acondicionado em recipientes
0,90 e 0,32 para as polpas de cajá e manga, respectivamente (15).
fechados e armazenado à temperatura de refrigeração. Dessa forma, os valores encontrados estão conforme preconizado em
legislação para as duas polpas.
Análises físico-químicas Comparando-se, de uma forma geral, as amostras de estruturados com
relação à polpa, pôde-se observar que os estruturados diferiram da
A caracterização físico-química da polpa mista e das formulações de polpa em relação a pH e sólidos solúveis, mas mantiveram valores
estruturados de manga com cajá foi realizada através das análises de próximos de atividade de água e acidez. Sugai et al. (16), em seu
Ph em pHmetro, modelo 3505 da marca Jenway, de acordo com o estudo com pasteurização de suco integral de laranja, verificaram que
Instituto Adolfo Lutz (12); sólidos solúveis totais (SS) em refratômetro
o processamento térmico provocou modificações nas características
portátil, modelo Pal-1 da marca Atago, com os resultados expressos físico-químicas do produto. Sancho et al. (17) verificaram que, depois
em °Brix (13); Acidez titulável (AT) expressa em g de ácido cítrico da pasteurização de suco de caju com alto teor de polpa, houve
133
Gastronomia: da tradição à inovação
aumento dos SST e da atividade de água, diminuição da acidez e 4. CARDELLO, H. M. A. B; CARDELLO, L. T eor de vitamina C,
manutenção do pH. atividade de ascorbato oxidase e perfil sensorial de manga (Mangífera
T odas as formulações de estruturados apresentaram maiores valores de Indica L.) var.haden, durante o amadurecimento. Ciência e Tecnologia
sólidos solúveis totais, provavelmente, pode ter ocorrido uma de Alimentos, Campinas, v. 18, n. 2, p. 211-217, mai./jul. 1998.
concentração desses componentes nos estruturados, uma vez que a 5. FREIT AS, M. C. S. Estudo de desidratação osmótica como pré -
mistura de polpa e hidrocoloides foi submetida à fervura, durante o tratamento à secagem de manga tommyatkins. 2009. 120 f. Dissertação
processamento, e consequente perda de água. A variabilidade do teor de (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) - Centro Universitário de Belo
SST pode ser explicada, em princípio, pela variação do °Brix da própria Horizonte, Belo Horizonte, 2009.
matéria-prima e do atrito entre as partículas da amostra e a parede do 6. JANICK, J.; PAULL, R. E. (Ed.).T he encyclopedia of fruit and
local de processamento, resultando em maior quebra da polpa, nuts.London, UK: CABI, 2008.
promovendo um acréscimo no valor do teor de sólidos solúveis (17). 7. MAT TIETTO, R. A. Estudo tecnológico de um néctar misto de cajá
Observou-se, também, que as formulações contendo gelano (2, 3 e 4) (Spondias lutea L.) e umbu (Spondias tuberosa, Arruda Câmara). 2005.
foram as que menos diferiram entre si e a amostra contendo agar foi a 239 f. T ese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) - Faculdade de
que mais se diferenciou dentre os estruturados, entretanto, esta não Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas,
apresentou diferença significativa nos parâmetros atividade de água e Campinas, 2005.
sólidos solúveis totais. Isso indica que a escolha do hidrocoloide a ser 8. CARVALHO, A. V. Otimização dos parâmetros tecnológicos para a
utilizado pode interferir um pouco nas características físico-químicas do produção de estruturados de frutas funcionais a partir de polpa de açaí e
produto final, e apesar dos gelanos LA e HA possuírem algumas mix de taperebá com mamão. Documentos 306. Belém: Embrapa
propriedades diferentes, eles podem proporcionar produtos semelhantes Amazônia Oriental, 2007.
quanto às propriedades físico-químicas avaliadas nesse estudo. 9. LINS, A. C. A. Desenvolvimento de fruta estruturada com umidade
A goma gelana de alta acilação (HA) possui os grupamentos acila, intermediária obtida de polpas concentradas de três genótipos de
gliceril e acetil, que ajudam a estabilizar a dupla hélice, mas interferem cajazeira (Spondiasmombin L.). 2010. 91 f. Dissertação (Mestrado em
na agregação destas, originando géis macios e elásticos. Em Ciência e T ecnologia de Alimentos) – Departamento de Ciências
contrapartida, a gelana de baixa acilação (LA), como não possui esses Domésticas, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2010.
grupos, forma géis muitos firmes e quebradiços (18). 10. FREIT AS, S. M. L. Utilização de alginato de sódio em texturizados
Por sua vez, os géis de agar possuem textura firme, são fortes e estão de suco misto de laranja e cenoura de valor energético reduzido. 1999.
sujeitos a alta sinérese, por conta da forte agregação de hélices duplas 127 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade
(19, 20). de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas,
Levando-se em consideração que o estruturado de frutas é um produto Campinas, 1999.
novo, não se encontrou referência na literatura sobre a caracterização 11. DANALACHE, F. et al. Optimisation of gellan gum edible coating
físico-química de estruturado de manga com cajá para fins de for ready-to-eat mango (Mangifera indica L.) bars. Int. J. Biol.
comparação. Macromolec. v. 84, p. 43-53, 2016.
12. INST IT UTO ADOLFO LUT Z. Métodos Físico -químicos para
CO NCLUSÃO Análise de Alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
13. ASSOCIAT ION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHERMISTRY.
Após a realização do presente estudo, conclui-se que a técnica Official methods of Analysis of the Association of Official Analytical
empregada para a estruturação de frutas interfere pouco nas Chemistry.18th ed. Washington, 2005.
características iniciais da polpa. O emprego dos hidrocoloides gelano 14. FONSECA, A. V. V. Perfil sensorial, aceitação e caracterização
LA, isolado, e gelano HA e LA, combinados, resulta em formulações em compostos bioativos de néctares mistos de frutas tropicais. 2014.
bastante parecidas entre si, o que não ocorre com os estruturados 156 f. T ese (Doutorado) - Curso de Ciência e T ecnologia de Alimentos,
contendo agar-agar, uma vez que este proporciona ao produto um perfil Departamento de T ecnologia de Alimentos, Universidade Federal do
físico-químico levemente diferente quando comparado aquelas contendo Ceará, Fortaleza, 2014.
gelano. 15. BRASIL. Ministério da Agricultura do Abastecimento. Instrução
Normativa nº 01/00, de 07/01/00. Regulamento técnico geral para
AGRADECIMENTO S fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpa de fruta.
Agradecimentos ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan.
Científico e Tecnológico) pelo financiamento e à Pomar da Polpa pelo 2000. Seção 1, p.54-58
fornecimento da matéria-prima. 16. SUGAI, A.Y. et al. Análise físico-química e microbiológica do suco
de laranja minimamente processado armazenado em lata de
REFERÊNCIAS alumínio. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 22, n. 3, p.233-238, set.
2002.
1. ALMEIDA, M. M. B. et al.Bioactive compounds and antioxidant 17. SANCHO, S. O.et al. Alterações químicas e físico-químicas no
activity of fresh exotic fruits from northeastern Brazil. Food Research processamento de suco de caju (Anacardiumoccidentale L.). Ciênc.
International, v. 44, p. 2155-2159, 2011. T ecnol. Aliment., Campinas, v. 24, n. 4, p.878-882, out. 2007.
2. SANT OS, C. N. P. Elaboração de um estruturado de polpa de manga 18. IMESON, A. Food stabilisers, thickeners, and gelling agents.Oxford,
(Mangifera indica L. cv Tommy Atkins) parcialmente desidratada por England: Wiley-Blackwell, 2010.
osmose. 2003. 97 f. Dissertação (Mestrado em T ecnologia de 19. WUST ENBERG, T . Cellulose and cellulose derivatives in the food
Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade industry: fundamentals and applications. Weinheim, Germany: Wiley-
Estadual de Campinas, Campinas, 2003. VCH, 2015.
3. ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUT ICULTURA. Santa Cruz do 20. CUI, S. W. (Ed.). Food carbohydrates: chemistry, physical
Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2015. properties, and applications. Boca Raton, United States: CRC Press,
2005.
134
Gastronomia: da tradição à inovação
Amanda Leal1 , Paulo Sousa 2 , Luciana Oliveira 3 , Lorena Farias 4 , Carlos Alves 4 , Juliana Costa 5
135
Gastronomia: da tradição à inovação
136
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO
Análises físico-químicas
As frutas tropicais possuem ampla diversidade de sabores e teores
importantes de componentes funcionais, como carotenóides, A caracterização físico-química da polpa mista e das formulações de
antocianinas, vitaminas, compostos fenólicos e níveis consideráveis de
estruturados de manga com acerola foi realizada através das análises de
capacidade antioxidante, o que lança perspectivas promissoras para o
pH em pHmetro, modelo 3505 da marca Jenway, de acordo com o
uso dessas frutas (1).
Instituto Adolfo Lutz (13); sólidos solúveis totais (SS) em refratômetro
Dentre as frutas tropicais, a manga (Mangifera indica L.) é bastante portátil, modelo Pal-1 da marca Atago, com os resultados expressos em
popular e consumida no Brasil e no exterior (2). Essa fruta possui um
°Brix (14); Acidez titulável (AT) expressa em g de ácido cítrico por 100
grande potencial para ser uma ótima fonte alimentar de antioxidantes,
g de amostra, de acordo com técnica recomendada pelo Instituto Adolfo
uma vez que possui em sua composição carotenóides, ácido ascórbico
Lutz (13) e atividade de água (Aa) em medidor de atividade de água da
e compostos fenólicos, que são fitoquímicos com reconhecido poder marca Aqua-lab, modelo 4T E.
antioxidante no meio biológico (3).
A acerola (Malpighia emarginata D.C.) possui elevado potencial para
produtos processados (4). Essa fruta fornece nutrientes como T ratamento dos dados
vitaminas do complexo B, ferro, cálcio, fósforo, dentre outros (5).
Além disso, vários estudos atuais mostram que a acerola possui Para análise estatística foram aplicados a Análise de Variância
significativos teores de compostos bioativos, como vitamina C (6), (ANOVA) e o T este de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05),
compostos fenólicos (7), antocianinas (7) e carotenóides (8), além de usando o programa Assistat, versão 7.7 beta.
alta capacidade antioxidante (6).
As frutas desenvolvidas em regiões de clima tropical são altamente
perecíveis, uma vez que as temperaturas elevadas e a umidade comum RESULTADO S E DISCUSSÃO
dessas regiões agravam a deterioração desses alimentos (9). Com essa
grande perda de alimentos in natura surge a necessidade do uso de Pode-se observar que houve diferenças significativas ao nível de 5% de
novos processos capazes de aumentar a vida útil desses produtos (10). probabilidade entre as amostras de estruturados de manga com acerola
Uma boa opção para o processamento de frutas é a estruturação destas, com relação a alguns parâmetros (T abela 1).
uma vez que o produto resultante mantém características muito
semelhantes à fruta in natura. Os estruturados de fruta são resultantes
da combinação da polpa de frutas e adição de algum agente T abela 1. Resultados médios das análises físico-químicas de estruturados
texturizante (hidrocoloides) (11). mistos de manga com acerola.
O objetivo do trabalho foi elaborar e avaliar as características físico-
químicas de estruturados de manga com acerola, assim como analisar Formulações
a influência do uso de diferentes hidrocoloides nas características do Análises Polpa
1 2 3 4
produto final.
AT 0,80 0,98 a 0,81 b 0,81 b 0,75 b
MATERIAIS E MÉTO DO S pH 3,41 3,57 c 3,75 a 3,72 ab 3,71 b
SS 7,97 10,43 a 9,33 b 9,13 b 9,18 b
Elaboração dos estruturados de manga com acerola
Aa 0,99 0,99 b 0,99 ab 0,99 a 0,99 ab
Médias com pelo menos uma letra igual, na mesma linha, não diferem
Foram desenvolvidos estruturados mistos de frutas utilizando polpas
entre si ao nível de 5% de significância para o teste de T ukey.
de manga e acerola, e os hidrocoloides agar-agar (formulação 1) e
gelano de baixa acilação - LA (do inglês low acyl) (formulação 2),
separadamente, e combinações entre gelano LA e de alta acilação - Fonseca (15) analisou néctar misto de manga com acerola e encontrou
HA (do inglês high acyl) nas proporções 50% de LA e 50% de HA valores de 3,43; 11,30; 0,48 para pH, sólidos solúveis totais e acidez total
(Formulação 3), e 75% de LA e 25% de HA (Formulação 4). Todas as titulável, respectivamente. Observa-se que os valores de pH se
formulações foram elaboradas com hidrocolóides na concentração encontraram próximos ao encontrado na polpa de manga com acerola
total de 0,75% do peso da polpa. desse estudo. Porém, os resultados de acidez e sólidos solúveis variaram
Para o preparo do produto, misturaram-se as duas polpas, na nos dois estudos. Essa diferença de valores pode estar ligada ao fato do
concentração de 50% cada, ao pó de hidrocolóide, e homogeneizou-se néctar ter sido elaborado com apenas 35% de polpa e com um valor fixo
com bastão de vidro. Essa mistura foi aquecida a, aproximadamente, de sólidos solúveis de 11°Brix, o que tornou o produto mais diluído e
85 ± 2°C durante 30 s em processador de alimentos Termomix, modelo com maior teor de sólidos solúveis.
SPM-018 da marca Yammi, para a dissolução completa do Não há uma legislação que especifique os padrões de identidade e
hidrocoloide (12). A mistura obtida foi vertida em moldes de silicone qualidade (PIC) de polpas mistas, porém, a Instrução Normativa n°01 de
retangulares, onde permaneceu à temperatura ambiente durante 30 2000 determina o PIC para polpas de frutas simples. Segundo essa
minutos. Posteriormente, foi colocado a temperatura de refrigeração, normativa, as características físicas, químicas e sensoriais da polpa mista
entre 5 e 10°C, por 12 horas para completar a maturação do gel. deverão manter a mesma relação de proporcionalidade com as
Passado esse tempo, o produto foi desenformado, acondicionado em quantidades de cada polpa que compõe o produto (16).
recipientes fechados e armazenado à temperatura de refrigeração.
137
Gastronomia: da tradição à inovação
Os teores mínimos de sólidos solúveis das polpas de acerola e manga 2. ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUT ICULTURA. Santa Cruz do
devem ser 5,5 e 11,0 °Brix, respectivamente (16). Portanto, a polpa mista Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2015.
de manga com acerola encontra-se dentro do preconizado na legislação 3. FREIT AS, M. C. S. Estudo de desidratação osmótica como pré -
para esse parâmetro. O pH deve ser de, no mínimo, 2,80 em polpa de tratamento à secagem de manga tommy atkins. 2009. 120 f. Dissertação
acerola, e, deve ficar entre 3,3 e 4,5 em polpa de manga (16). Dessa (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) - Centro Universitário de Belo
forma, os valores de pH se encontram dentro do intervalo estabelecido Horizonte, Belo Horizonte, 2009.
para as duas polpas. Com relação à acidez, os valores estabelecidos na 4. ALBUQUERQUE, A. C. S; SILVA, A. G. (Ed.). Agricultura tropical:
legislação são de, no mínimo, 0,80 e 0,32 g de ácido cítrico por 100 g de quatro décadas de inovações tecnológicas, institucionais e políticas.
amostra para polpas de cajá e manga, respectivamente (16). Assim, os Brasília, DF: Embrapa Informação T ecnológica, 2008.
valores encontrados estão conforme exigido na Instrução Normativa n° 5. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA.
01 para as duas polpas. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. A cultura da acerola. 2.
Comparando-se as formulações com relação à polpa, de uma forma ed. Brasília: Embrapa Produção de Informação, 1999.
geral, pôde-se observar que os estruturados apresentaram resultados 6. RUFINO, M. S. M. et al. Bioactive compounds and antioxidant
semelhantes ao da polpa, exceto no parâmetro sólidos solúveis, em que capacities of 18 non-traditional tropical fruits from Brazil. Food
a polpa apresentou valor menor, sugerindo que o processamento Chemistry, v. 121, n. 4, p.996-1002, 2010.
aplicado pode interferir, levemente, nas características físico-químicas 7. SILVA, L. M. R. et al. Quantification of bioactive compounds in pulps
do produto final. Sugai et al. (17), em seu estudo com pasteurização de and by-products of tropical fruits from Brazil. Food Chemistry, v. 143,
suco integral de laranja, verificaram que o processamento térmico p.398-404, 2014.
provocou modificações nas características físico-químicas do produto. 8. PORCU, O. M.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Variation in the
Sancho et al. (18) observaram que, depois da pasteurização de suco de carotenoid composition of acerola and its processed products. Journal Of
caju com alto teor de polpa, houve aumento dos SST e da atividade de T he Science Of Food And Agriculture, v. 86, n. 12, p.1916-1920, 2006.
água, diminuição da acidez e manutenção do pH. A variabilidade do teor 9. SANT OS, C. N. P. Elaboração de um estruturado de polpa de manga
de SST pode ser explicada, em princípio, pela variação do °Brix da (Mangifera indica L. cv T ommy Atkins) parcialmente desidratada por
própria matéria-prima e do atrito entre as partículas da amostra e a parede osmose. 2003. 97 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos)
do local de processamento, resultando em maior quebra da polpa, – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de
promovendo um acréscimo no valor do teor de sólidos solúveis (18). Campinas, Campinas, 2003.
Observou-se, também, que as formulações contendo gelano (2, 3 e 4) 10. CARVALHO, A. V.; MATTIETTO, R. A.; VASCONCELOS, M.
foram as que menos diferiram entre si e a amostra contendo agar foi a A. M. Aproveitamento da casca do bacuri para fabricação de um novo
que mais se diferenciou dentre os estruturados. Isso indica que a escolha produto. Comunicado técnico 209. Belém: Embrapa Amazônia Oriental,
do hidrocoloide a ser utilizado pode interferir um pouco nas 2008.
características físico-químicas do produto final, e apesar dos gelanos LA 11. LINS, A. C. A. Desenvolvimento de fruta estruturada com umidade
e HA possuírem algumas propriedades diferentes, eles podem intermediária obtida de polpas concentradas de três genótipos de
proporcionar produtos semelhantes quanto às propriedades físico- cajazeira (Spondias mombin L.). 2010. 91 f. Dissertação (Mestrado em
químicas avaliadas nesse estudo. Ciência e T ecnologia de Alimentos) – Departamento de Ciências
A goma gelana de alta acilação (HA) possui os grupamentos acila, Domésticas, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2010.
gliceril e acetil, que ajudam a estabilizar a dupla hélice, mas interferem 12. DANALACHE, F. et al. Optimisation of gellan gum edible coating
na agregação destas, originando géis macios e elásticos. Já a gelana de for ready-to-eat mango (Mangifera indica L.) bars. Int. J. Biol.
baixa acilação (LA), como não possui esses grupos, forma géis muitos Macromolec. v. 84, p. 43-53, 2016.
firmes e quebradiços (19). Por sua vez, os géis de agar possuem textura 13. INST IT UTO ADOLFO LUT Z. Métodos Físico-químicos para
firme, são fortes e estão sujeitos a alta sinérese, por conta da forte Análise de Alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
agregação de hélices duplas (20, 21). 14. ASSOCIAT ION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHERMISTRY.
Levando-se em consideração que o estruturado de frutas é um produto Official methods of Analysis of the Association of Official Analytical
novo, não se encontrou referência na literatura sobre a caracterização Chemistry. 18th ed. Washington, 2005.
físico-química de estruturado de manga com acerola para fins de 15. FONSECA, A. V. V. Perfil sensorial, aceitação e caracterização
comparação. em compostos bioativos de néctares mistos de frutas tropicais. 2014.
156 f. T ese (Doutorado) - Curso de Ciência e T ecnologia de Alimentos,
Departamento de T ecnologia de Alimentos, Universidade Federal do
CO NCLUSÃO Ceará, Fortaleza, 2014.
Após a realização do presente estudo, conclui-se que a técnica 16. BRASIL. Ministério da Agricultura do Abastecimento. Instrução
empregada para a estruturação de frutas interfere pouco nas Normativa nº 01/00, de 07/01/00. Regulamento técnico geral para
características iniciais da polpa. O emprego dos hidrocoloides gelano fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpa de fruta.
LA, isolado, e gelano HA e LA, combinados, resulta em formulações Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan.
bastante parecidas entre si, o que não ocorre com os estruturados 2000. Seção 1, p.54-58
contendo agar-agar, uma vez que este proporciona ao produto um perfil 17. SUGAI, A.Y. et al. Análise físico-química e microbiológica do suco
físico-químico um pouco diferente quando comparado aquelas contendo de laranja minimamente processado armazenado em lata de
gelano. alumínio. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 22, n. 3, p.233-238, set.
2002.
AGRADECIMENTO S 18. SANCHO, S. O. et al. Alterações químicas e físico-químicas no
Agradecimentos ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento processamento de suco de caju (Anacardium occidentale L.). Ciênc.
Científico e Tecnológico) pelo financiamento e à Pomar da Polpa pelo T ecnol. Aliment., Campinas, v. 24, n. 4, p.878-882, out. 2007.
fornecimento da matéria-prima. 19. IMESON, A. Food stabilisers, thickeners, and gelling agents.
Oxford, England: Wiley-Blackwell, 2010.
20. WUST ENBERG, T . Cellulose and cellulose derivatives in the food
REFERÊNCIAS industry: fundamentals and applications. Weinheim, Germany: Wiley-
VCH, 2015.
1. ALMEIDA, M. M. B. et al. Bioactive compounds and antioxidant 21. CUI, S. W. (Ed.). Food carbohydrates: chemistry, physical
activity of fresh exotic fruits from northeastern Brazil. Food Research properties, and applications. Boca Raton, United States: CRC Press,
International, v. 44, p. 2155-2159, 2011. 2005.
138
Gastronomia: da tradição à inovação
1 Faculdadede Ciências da Educação e Saúde (FACES), Centro Universitário de Brasília (UNCEUB), curso de Nutrição
e Gastronomia, janaina.nutricao@yahoo.com.br
2 Graduandas dos cursos de Nutrição, Centro Universitário de Brasília (UNICEUB)
3 Docentes dos cursos de Nutrição e Gastronomia, Centro Universitário de Brasília (UNICEUB)
139
Gastronomia: da tradição à inovação
compraria). Assim, mostrando que a pizza sem glúten pode ter uma T abela 2: Informação Nutricional da pizza elaborada com farinha de
boa aceitação no mercado se eles estiverem à venda. arroz e grão de bico
Dos 18 avaliadores, 5 deixaram comentários no momento da
avaliação, 2 disseram que gostaram apenas da massa da pizza e os
INFO RMAÇÃO NUTRICIO NAL
demais que acharam excelente, tanto a massa quanto o recheio. Porção: 100g (1 fatia)
Em comparação com uma pizza com glúten comercializada podemos
(g/mg) VD%*
perceber nitidamente que o teor de carboidratos, proteínas e sódio
diminuem, e que o teor de proteínas e fibras aumenta, Caloria 274 kcal ou 1146 kJ 14%
consequentemente o valor calórico por porção também é menor Carboidrato 22 g 7%
(T abela 2.), melhorando as características nutricionais do produto. Proteína 16 g 21%
Gorduras 13 g 24%
Figura 1. Pizza sem glúten. T otais
Gordura 5g 23%
Saturada
Gordura 0g 0%
T rans
Fibra 2,6 g 10%
Sódio 459 mg 19%
*(*)% Valores Diários de referência com base em
uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ. Seus valores
diários podem ser maiores ou menores dependendo
de suas necessidades energéticas.
2
1
0
140
Gastronomia: da tradição à inovação
Campus Sobral.
3 Graduando do Curso de Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará –
Campus Sobral.
INTRO DUÇÃO
Matéria-prima
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas. E a indústria,
cada vez mais consciente desse potencial brasileiro, vem investindo Pesagem
continuamente nesse mercado em expansão que é o de suco pronto
para beber. Atualmente o consumo de bebidas mistas na forma de Formulação
“ pronta para beber” elaborado a partir de frutas tropicais, vêm
Homogeneização
aumentando no mundo decorrente da falta de tempo em que as
pessoas têm de preparar o suco de frutas in natura e devido à
praticidade em que as pessoas buscam, visando na precaução dos T ratamento térmico
riscos à saúde ocasionada pela falta de equilíbrio na alimentação (1).
Os vegetais consistem em fonte nutricional de vitaminas, minerais e Enchimento a quente
carboidratos solúveis, sendo que alguns possuem teor mais elevado
de um ou de outro nutriente. Devido à isso, a formulação de bebidas Fechamento
mistas prontas para beber pode ser utilizada com intuito de melhorar
Resfriamento
as características nutricionais de determinados produtos (2), pela
complementação de nutrientes fornecidos por vegetais diferentes,
Armazenamento
como por exemplo, acerola e caju. Além disso, a obtenção de novos
produtos é uma forma de estimular o desenvolvimento de Figura 1- Fluxograma do processamento de bebida mista de acerola
agroindústrias já existentes, melhorando o aproveitamento da e caju adicionado de FOS.
infraestrutura disponível (3).
Em resposta à grande demanda dos consumidores por estes alimentos Análises físico-químicas
mais saudáveis incluem-se os alimentos funcionais e de calorias
controladas, sendo que um grande número de adoçantes alternativos As análises físico-químicas foram determinadas segundo as normas
tem surgido desde os anos 80 e, entre eles, diversos oligossacarídeos. descritas pelo Instituto Adolfo Lutz (5), por meio dos seguintes
Dentre eles podem-se destacar os frutooligossacarídeos (FOS), que procedimentos: acidez total titulável (ATT) foi determinada pelo
são importantes principalmente por suas propriedades funcionais, método titulométrico com o resultado expresso em g de ácido
mais do que pela sua doçura (4). cítrico/100g. Sólidos solúveis totais (SST ) foi determinado pelo
Diante disto, este trabalho teve como objetivo determinar os método refratométrico, utilizando refratômetro de Abbé de banca,
parâmetros físico-químicos de um suco misto de frutas tropicais antes com resultado expresso em °Brix. O pH foi determinado em aparelho
e depois da adição de um prebiótico, frutooligossacarídeos (FOS), HANNA INSTRUMENTS, modelo HI 9321, calibrado periodicamente
visando o teor nutricional e diversificando a demanda de produtos com solução tampão pH 4,0 e 7,0. Açucares redutores (AR), não
originada de frutas tropicais. redutores e totais pelo método de Lane-Eynon, cujo resultado medido
em g de glicose/100 g de amostra. Vitamina C, determinada pelo
MATERIAL E MÉTO DO S método titulométrico com 2,6-dicloroindofenol (DFI) com resultados
expressos em mg/100mL de ácido ascórbico. Todas as análises foram
Foram elaboradas duas formulações de bebida mista de acerola e caju, realizadas nas polpas de acerola e caju, bem como, na bebida mista
cuja variável foi adição de frutooligossacarídeo. A formulação AC sem FOS e adicionada de FOS. As análises foram realizadas em
não continha frutooligossacarídeo (fibra) e a formulação ACF foi triplicata.
adicionada de 6g.100g-1 de frutooligossacarídeo. Para compor as
formulações foram utilizados polpa de acerola e caju, água mineral e Avaliação sensorial
açúcar cristal, nas proporções representadas na T abela 1.
O teste de aceitação global foi conduzido com 60 provadores não
T abela 1 - Formulação de bebida mista de frutas tropicais com e sem treinados escolhidos aleatoriamente entre estudantes, funcionários e
frutooligossacarídeo. professores do Instituto Federal do Ceará - Campus Sobral.
Formulação (g) As amostras foram apresentadas aos provadores de forma monárdica,
Ingre dientes
AC ACF à temperatura de 9°C ± 1°C, em copos descartáveis codificadas com
Polpa de acerola (g) 60 60 números de três dígitos escolhidos de forma aleatória.
Polpa de caju (g) 40 40 Os atributos avaliados foram sabor, cor, corpo e doçura utilizando
Açúcar (g) 18 18 uma escala hedônica de 9 pontos para a aceitação global, que contêm
Água (g) 100 100 os termos definidos entre “gostei muitíssimo” (nota 9) e “desgostei
FOS (g) - 6 muitíssimo” (nota 1) e um ponto intermediário com o termo “nem
gostei; nem desgostei” (Nota 5) (6). Para intenção de compra, os
Cada formulação (AC, ACF) foi produzida em dois lotes de acordo participantes responderam uma escala de 5 pontos que expressa a
com o fluxograma de processamento da Figura 1. As formulações, vontade em consumir, adquirir ou comprar, um produto que lhe é
após padronização, foram submetidas a tratamento térmico a 90°C oferecido onde os termos eram definidos entre “provavelmente
por 1 minuto, em tanque aberto de aço inoxidável e enchimento à compraria” (nota 5) e “provavelmente não compraria” (nota 1).
quente (hot fill) em garrafas de vidro de 200 mL e 500 mL, fechadas
com tampas plásticas com lacre, invertidas e posteriormente resfria- Análise estatística
das por aspersão de água clorada. O armazenamento das amostras foi
feito à temperatura ambiente (28°C ± 2°C). Os dados das análises físico-químicas e sensoriais foram avaliados
estatisticamente pelo programa Sisvar versão 4.3 mediante análise de
variância e teste de Tukey com nível de significância de 5% entre as
141
Gastronomia: da tradição à inovação
médias do lote. O Índice de Aceitabilidade (IA) foi calculado a partir O índice de aceitabilidade para a avaliação sensorial calculado a partir
da expressão: IA(%) = A x 100/B, onde A representa a nota média das médias das percentagens dos atributos avaliados: cor, corpo, sabor
obtida para o produto, e B é a nota máxima do produto. Considerou- e doçura da bebida mista de formulação ACF foi de 79,26% e para AC
se aceito produtos com IA% igual ou superior a 70% (7). foi de 80,04%, indicando que o presente produto apresenta potencial
para comercialização. Segundo T EIXEIRA (7), um produto para ser
RESULTADO S E DISCUSSÃO aceito em termos de seus atributos sensoriais é necessário que obtenha
um índice de aceitabilidade de no mínimo 70%.
T abela 2 - Características físico-químicas da bebida mista de frutas
tropicais sem e adicionados de frutooligossacarídeo. Figura 2 - Intenção de compra da bebida mista. (5= Certamente
Análises AC ACF compraria e 1 = Certamente não compraria).
pH 3,42 b ± 0,00 3,60 a ± 0,00
AT T (g ac. cítrico/100g) 0,31 a ± 0,00 0,26 b ± 0,00
Vitamina C (mg/100g) 449,54b ± 0,31 507,8 a ±0,64
SST (°Brix) 15,50 b ±0,00 17,7 a ± 0,00
Açúcar redutor 3,19 b ± 0,00 4,86 a ± 0,02
Açúcar total 15,09 b ± 0,01 15,95 a ± 0,05
Açúcar não redutor 11,90 a ± 0,01 11,07 b ± 0,09
Letras iguais na mesma linha indicam não haver diferença significativa entre os resultados,
para p<0,05. Os resultados representam a média de três repetições desvio padrão; ATT: acidez
total titulável; SST: sólidos solúveis totais; AC: bebida mista de acerola e caju; ACF: bebida
mista de acerola e caju adicionado de fibra.
142
Gastronomia: da tradição à inovação
05983 - Aceitação de pães de queijo enriquecidos com ativos de fibras provenientes das farinhas
de yacon e berinjela.
Samia Santos 1, Ana Paula Andrade 2, M arliana Sena 3, Lorena Uchoa 4
Centro Universitário Estácio do Ceará, samia.abreu@live.com
143
Gastronomia: da tradição à inovação
conta da presença de frutanos da batata yacon que ao entrar em contato Comparando-se com um estudo sobre a farinha de yacon na
com o leite forma uma mistura cremosa conferindo mais maciez a formulação de biscoito cookies houve um resultado diferente, pois
preparação (7). neste estudo a amostra sem adição de farinha de yacon foi a mais aceita
Assim como no presente estudooutro em 2009 que mostrou a maior de modo geral, principalmente em relação ao aspecto visual e sabor,
aceitação de bolos enriquecidos com farinha de yacon principalmente seguida da amostra com 50% e 100% de adição da farinha. Porém isso
em relação ao sabor, que ficou mais agradável à medida que se pode ser resultado da grande concentração de farinhas no estudo com
aumentava a concentração de farinha de yacon nas amostras cookies (11).
apresentadas, melhorando assim sua aceitação (8).
Junto a maior aceitação o menor tamanho de produtos enriquecidos de CO NCLUSÃO
fibras também foi observado em um estudo de pão de queijo
enriquecido com fibra de okara, neste os pães de queijo enriquecidos Os pães de queijo enriquecidos de fibras apresentaram boa aceitação
com 5, 10, 15% de okara apresentaram respectivamente menor entre os provadores com destaque para o pão de queijo com adição de
expansão e tamanho, isso se deve a limitação da taxa de expansão do 20% das farinhas de berinjela e yacon que apresentou melhor aceitação
produto, ocasionada pela competição pela água livre presente na entre os pães de queijo elaborados.Conclui-se assim quea
massa dos produtos enriquecidos de fibras (9). comercialização deste pão queijo enriquecido de ativos de fibras além
No presente estudo observou-se que os pães de queijo com adição das de possuir boa aceitação também oferece benefícios à saúde do
farinhas apresentaram-se mais escuros devido ao fato de a farinha de consumidor, devido aos benefícios das fibras dietéticas.
berinjela possuir uma cor mais característica, e tendo em vista que a
cor do produto é influenciada por seus ingredientes, as REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
formulaçõestornaram-se mais escuras a medida que se acrescentavam
as farinhas, porém isso não alterou sua aceitação. Resultado diferente 1. Zafareze, R., Storck, C., Pereira, J. (2009, janeiro).
do que oapresentado em outro estudo realizado com pão de queijo Elaboração de pão de queijo com substituição do amido de batata
enriquecido de farinha de linhaça e berinjela. Neste as amostras com pelo amido de batata doce , Braz. J. Food T echnol ,12, 68-76. Doi:
adição de farinha também obtiveram a cor mais escura, porém devido 10.4260/BJFT 2009490800009.
à alta concentraçãoestas amostras tiveram menor aceitação por parte 2. Silva, K; Souza, D.(2011, novembro). Substituição parcial
dos provadores (10). da farinha de trigo pela farinha de berinjela para elaboração de
O resultado da análise da aceitação dos pães de queijo foiavaliado massa fresca, [s.n]: São Paulo, SP.
através da escala hedônica de 9 pontos e os resultados estão 3. Santana, I., Cardoso, M.(2008, maio). Raiztuberosa de
indicadosno gráfico2: yacon (Smallanthus sonchifolius): potencialidade de cultivo,
aspectos tecnológicos e nutricionais (3a ed). Ciência Rural, 3, 898-
Gráfico 2-Aceitação dos pães de queijo adicionados de mix de fibras 905, Santa Maria, PR.
em uma instituição de ensino superior em Fortaleza, CE. 4. Cechi, H.M. Instituto Adolf Lutz (2008). Métodos físico-
químicos para análise de alimentos (4ª ed). Recuperado de:
70 http://www.ial.sp.gov.br/index.php?option=com_remository&itemi
60 AMOSTRA A d=0&func=select&orderby=16, São Paulo, SP.
(10% de mix) 5. Newell G. J. , M acf ar lan e, J. D. ( 1 9 87).
Provadores
50
E x p an ded t ables f o r multiple comparison procedures in the
40 analysis of ranked data. Jo ur n al o Fo o d Scien ce . 5 2 ( 6),
30 AMOSTRA B(20% 1 7 2 1 - 1 7 2 5 , Ch icago , E UA
20 de mix) 6. Alles, M (2012). Aplicação de processos de separação por
membrana para a obtenção de frutooligossacarideos funcionais
10 apartir da raizde yacon (smallanthus sonchifolius) (s.n)(Dissertação
0 AMOSTRA
de mestrado) Universidade federal do Rio Grande do Sul. Instituto
C(amostra de ciências e tecnologia de alimentos, Porto Alegre.
padrão) 7. Padilha , V., Rolim, P., Salgado, S.; Livera,A.; Andrade,
S., Gerra, E.(2010, setembro). Perfil sensorial de bolos de chocolate
formulados com farinha de yacon (Smallanthus sonchifolius).
Ciênc. T ecnol. Aliment., 30 (3), 735-740, Campinas, SP.
8. Rosa, C.,Oliveira, V, Vieira, V.,Gressler, C, Viega,
S.(2009, julho). Elaboração de bolo com farinha de Yacon. Cienc.
Rural, 39, 1869-1872, Santa Maria, PR.
9. Perez, P., Germani, R.(2007). Elaboraçãodebiscoitos tipo
salgado, com alto teor de fibra alimentar, utilizando farinha de
Escala hedonica berinjela (Solanum melongena, L.). Cien.tecn.Campinas, 27, 186-192,
[s.l].
10. CERIOT TI, A.P., ZANCHET, F.(s.n). Elaboração de pão
de queijo enriquecido com fibras utilizando, farinha de linhaça
Fonte: próprio autor 2015
dourada (Linun isutatissimum L.) e farinha de berinjela (Solanum
melongena, L.). (Trabalho de conclusão de curso). Faculdade Assis
Em relação àimpressão global do produto ográfico 2 demonstra que a
Gurgacz, (s.l)
amostra B (20 % de mix de fibras) foi a mais aceita,mostrando que das
do total de pessoas que preferiram57% relataram que gostaram 11. Goes, T .S., Dionisio, A.P. Modesto, A.L.G., Araújo,
I.S.M., Pontes, D.F, Crisóstomo, C.C. (2014). Elaboração de biscoitos
muitíssimo; na amostra C3,3% gostaram muitíssimo e em relação a
tipo cookie com farinha de resíduos do processamento de extrato de
amostra A, das 21% relataram que gostaram muitíssimo, o que mostra
yacon. XX congresso brasileiro de engenharia química, [s.n]:
a clara preferência pela amostra B por parte dos provadores.Observou-
se também no estudo que a aceitação aumentou a medida que Florianópolis, SC.
aumentou –se a concentração de ativo de fibras.
144
Gastronomia: da tradição à inovação
Larissa Rodrigues¹, Kamila de Lima Santos¹, Esllayne Silva¹, Eduarda Bezerra¹, Dyego Santos², Ana Paula Rocha 3
INTRO DUÇÃO malhas de 2,0 mm, com posterior diluição ou não da porção filtrada
com água, conforme tratamentos já descritos. O acondicionamento foi
A população, devido ao nível de informação, mostra-se mais crítica e em garrafas de polietileno tereftalato (PET ), com estocagem a 4 °C.
exigente em relação à qualidade dos produtos alimentícios encontrados
no mercado. Deste modo, a procura por produtos que sejam saudáveis Análises físicas e químicas
e funcionais se tornou crescente, por promoverem a saúde e se
utilizarem de mecanismos não previstos na nutrição convencional (1). Os sucos detoxes de melancia foram submetidos às análises físicas e
Desde muito tempo, sabe-se da importância de uma alimentação químicas de umidade, sólidos totais, acidez total titulável (ATT), pH e
balanceada, rica em nutrientes, com presença de frutas e hortaliças. sólidos solúveis totais (SST ) segundo metodologias do Instituto Adolfo
Acredita-se que tais alimentos previnem doenças, como obesidade, Lutz (4), ratio através da relação dos SST com a AT T e cor em
diabetes, câncer, hipertensão, osteoporose e problemas espectrofotômetro portátil Hunter Lab Mini Scan XE Plus, modelo
cardiovasculares (2). 4500 L, obtendo-se os parâmetros L*, a* e b*, em que L* define a
Os alimentos denominados detox são produtos desintoxicantes e estão luminosidade (L* = 0 – preto e L* = 100 – branco) e a* e b* são
com seu consumo ascendente, muito embora sejam escassos estudos responsáveis pela cromaticidade (+a* vermelho e –a* verde; +b*
relacionados ao desenvolvimento e aceitação desses produtos, por amarelo e –b* azul). A partir destes valores, calcularam-se os valores
serem recentes e utilizados, em sua maioria, ainda de forma caseira. de croma (C*) pela fórmula C*= [(a*)2+(b*)2]0,5 e os valores de
A couve manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala) é um ângulo de tonalidade (ângulo h°) pela fórmula h*= tan-1 b*/a*.
ingrediente comum na maioria dos sucos detox por possuir
componentes importantes para a dieta humana, a saber, cálcio, ferro, Análise estatística
niacina, vitaminas A e C, carotenóides, luteína e betacaroteno e, deste
modo, possui bastante relevância para aumentar o teor nutricional, O delineamento experimental foi o de blocos inteiramente casualizados
diminuindo carências na alimentação da população (3). com quatro tratamentos e três repetições, utilizando-se o software
Além da couve, muitos ingredientes podem ser utilizados na elaboração Assistat versão 7.7 beta. Os dados foram submetidos à análise de
de um suco detox, tais como: melancia, cenoura, maça, abacaxi, laranja, variância (ANOVA) pelo teste F e a comparação de médias foi feita
hortelã, gengibre, entre outros. Ao combinar frutas e hortaliças, pode- pelo teste de T ukey em nível de 5% de probabilidade.
se promover uma diversificação em aspectos sensoriais, principalmente
em relação ao sabor, aroma e cor, além da obtenção de um produto com RESULTADO S E DISCUSSÃO
uma carga nutricional mais elevada, visto que haverá uma combinação
de nutrientes. Estão apresentados nas T abelas 1 e 2 os resultados das análises físicas
Diante deste contexto e considerando-se o anseio de consumidores por e químicas dos sucos detoxes de melancia. Observou-se que o teor de
alimentos mais saudáveis, o presente trabalho teve como objetivo umidade aumentou significativamente (p<0,05) à medida que se
processar e caracterizar quanto a parâmetros físicos e químicos aumentava o nível de diluição dos sucos (Tabela 1), estando relacionado
diferentes formulações de sucos detoxes à base de melancia. ao acréscimo de solvente, que também pode promover suavização do
sabor do produto. Valores próximos foram encontrados por Feiber (5)
em polpas de couve com umidade de 98,4%.
MATERIAL E MÉTO DO S
Os sólidos totais diminuíram significativamente (p<0,05) em
decorrência da adição de água estando relacionado à diluição de
Processamento do suco detox de melancia
componentes nutricionais uma vez que houve comportamento inverso
ao da umidade.
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Análises Químicas da
Em todas as formulações a AT T permaneceu baixa, entretanto
Unidade Acadêmica de Engenharia de Alimentos da Universidade
percebeu-se que o aumento da diluição dos sucos promoveu decréscimo
Federal de Campina Grande, Campus Campina Grande, PB. Foram
(p<0,05) deste parâmetro, justificado pela dispersão de ácidos
utilizados para preparação dos sucos detoxes: melancia em estádio de orgânicos no solvente adicionado. Valores entre 0,25 e 0,36% foram
maturação maduro; folhas de couve frescas; gengibre firme e limão
obtidos por Silva (6) ao avaliar néctares mistos de uva e chá verde.
Taiti. A melancia utilizada foi obtida na feira livre de Campina Grande,
Observou-se que o pH apresentou-se inversamente relacionado com a
PB, e a couve, o gengibre e o limão em supermercados locais da mesma
AT T , aumentando (p<0,05) à medida que se adicionava água, todavia
cidade. com todas as amostras permanecendo com valores inferiores a 4,5, ou
As matérias-primas foram lavadas em água corrente, sanitizadas em
seja, os sucos detoxes foram classificados ácidos.
solução clorada com 100 ppm de cloro ativo por um período de 15 min
Os sólidos solúveis totais (SST ) apresentaram decréscimos à medida
e enxaguadas em água de boa qualidade. Em seguida foram reservadas
que se aumentava os níveis de água. Isso está relacionado à diluição de
para o processamento subsequente. açúcares e ácidos orgânicos em solução. Valor semelhante de SST (2,5
Foram elaboradas quatro formulações de sucos: a primeira sem adição
°Brix) foi encontrado por Leone (7) em polpas de azedinha.
de água, constituindo-se no tratamento controle, e as demais com níveis
Houve elevação significativa (p<0,05) da relação SST /AT T, com
de diluições de 20, 40 e 60% com água mineral, sendo utilizados 10%
exceção do tratamento 4, que apresentou o menor valor. Apesar dessas
de couve, 4% de gengibre e 6% de suco de limão, em relação à massa
flutuações, observou-se que esses dados permaneceram relativamente
de melancia.
próximos, ou seja, os sucos detoxes de melancia apresentaram níveis de
Inicialmente, efetuou-se o descascamento manual da melancia, com
doçura semelhantes, entretanto sendo necessária a aplicação de testes
posterior corte de sua polpa em cubos com arestas de cerca de 1 cm. Em
sensoriais específicos para melhor entendimento da interação do
seguida, a polpa de melancia foi homogeneizada em liquidificador
produto com o provador, e o impacto das oscilações da relação
doméstico juntamente com a couve, o gengibre e o suco de limão, em
SST /AT T na doçura sensorial percebida por consumidores.
concentrações pré-estabelecidas. O refino ocorreu em peneiras com
145
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 1. Resultado da caracterização física e química das diferentes formulações de suco detox de melancia
Relação
T ratamento Umidade (%) Sólidos totais (%) AT T (%) pH SST (°Brix)
SST /AT T
F1 93,77 d 6,22 a 0,43 a 4,04 d 6,00 a 14,55 c
F2 94,09 c 5,91 b 0,36 b 4,05 c 5,10 b 16,23 b
F3 95,66 b 4,34 c 0,26 c 4,07 b 4,00 c 16,88 a
F4 97,09 a 2,91 d 0,22 d 4,09 a 3,00 d 13,46 d
Verificou-se, na T abela 2, que todas as formulações apresentaram-se superiores a 20, indicando coloração amarela mais evidente. Leone (7)
escuras, com valores de luminosidade (L*) inferiores a 35,0, sendo que encontrou, em seu estudo de suco misto de uva, azedinha e acerola,
o aumento da proporção de água promoveu elevação da L* em quase resultado de 2,75 para o parâmetro +a*, menor que o observado no
28%, provavelmente relacionada a dispersão de pigmentos. Resultados presente trabalho. O ângulo de tonalidade (h*) permaneceu próximo a
semelhantes foram encontrados por Leone (7) que ao desenvolver suco região do amarelo (h*=90), relacionando-se positivamente com a
misto de uva, azedinha e acerola reportou L* de 26,93. Apesar de ter cromaticidade b*, sendo que este parâmetro aumentou (p<0,05) com os
sido utilizada a couve, observou que os sucos apresentaram valores de incrementos de água. Notou-se ainda que o croma (C*) elevou-se à
cromaticidade a* positivos, indicando leve tonalidade vermelha, em medida que o nível de água era aumentado, indicando que os sucos
virtude da presença do licopeno na polpa de melancia. T odavia, detoxes ficaram mais atrativos aos consumidores, provavelmente pela
percebeu-se que a tonalidade amarela (+b*) apresentou-se em melhor percepção da cor.
predominância em relação à intensidade vermelha (+a*), com valores
T abela 2. Resultado da avaliação colorimétrica das diferentes formulações de suco detox de melancia
Luminosidade Intensidade de vermelho Intensidade de amarelo Ângulo de
T ratamento Croma (C*)
(L*) (+a*) (+b*) tonalidade (h*)
146
Gastronomia: da tradição à inovação
06000 Elaboração e avaliação sensorial do doce de leite cremoso obtido a partir de extratos
vegetais
Bárbara Melo Santos do Nascimento1 , Sylvia Karoline Silva Santos 2 , Verônica Carvalho Gois 2
1 Departamento de Nutrição, Campus Lagarto, Universidade Federal de Sergipe,
barbarantos@gmail.com
2 Estudante do curso de nutrição, Departamento de Nutrição, Campus Lagarto, Universidade Federal
de Sergipe;
Key words: Vegetable milk; dairy product; production; sensory analysis; characterization
MATERIAL E MÉTO DO S Tabela 1. Resultados das análises microbiológicas das amostras dos
A escolha dos extratos utilizados no preparo dos doces se deu com doces elaborados a partir de extratos vegetais de soja e arroz
base em pesquisa de mercado, onde verificou-se que os extratos de Micro-organismo Resultado (ANVIS Unid
soja e arroz são os tipos mais comercializados e disponíveis nos cinco A ade
municípios mais populosos do estado de Sergipe. Durante o preparo (2001)*)
do doce com o extrato industrializado de arroz, observou-se que o Arroz Soja
ponto de cremosidade, característico do doce de leite padrão, não foi Coliformes a 45ºC <3,0 <3,0 5x10 NMP/
atingido. Desta forma, fez-se necessária a preparação do extrato g
artesanal com a utilização do arroz integral. Essa etapa foi feita com Staphylococcus <10 <10 10² UFC/
base na metodologia indicada por Bento (4) e Carvalho et al. (5). O spp. coagulase g
extrato de soja industrializado utilizado na preparação do doce foi positiva/g
adquirido no comércio de Aracaju/SE. Salmonella spp. Ausência Ausência Ausência 25g
O preparo dos doces foi feito com base no procedimento descrito pelo *Tolerância para amostra indicativa; NMP: Número Mais Provável; UFC: Unidade formadora
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural-SENAR; para Iogurte, de Colônia.
Bebidas Lácteas e Doce de leite (6). Adicionou-se o açúcar a 20%, e O doce de leite é um derivado lácteo que apresenta baixa atividade de
deu-se início ao aquecimento a 180°C com agitação constantes, após água e elevado teor de carboidratos, condições que dificultam o
a verificação do ponto (ao ser colocado em um copo com água, o doce crescimento de micro-organismos, no entanto essa possibilidade não
deve ir ao fundo sem desmanchar), os doces foram resfriados a deve ser desconsiderada. A quantidade e os tipos de micro-organismos
temperatura ambiente e armazenados sob refrigeração. encontrados no alimento refletem as condições de produção,
armazenamento, transporte e manuseio (13). De acordo com os
Avaliação microbiológica resultados descritos na tabela 1, os doces elaborados estão em
As análises microbiológicas seguiram a metodologia descrita no conformidade com as exigências da RDC nº 12 (8), garantindo assim
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater da a inocuidade das amostras em questão.
American Public Health Association-APHA (7). Tendo como base os
padrões definidos pela RDC nº 12 de 02 de janeiro de 2001 da Análise físico-química
ANVISA que aprova o Regulamento T écnico sobre padrões A tabela 2 mostra os resultados das análises de umidade,
microbiológicos para alimentos (8). Para o doce de leite considerou-se valor calórico, carboidratos, proteínas, lipídios, cinzas, pH e acidez
a técnica do número mais provável (NMP/g) para coliformes a 45ºC, total.
contagem de Staphylococcus coagulase positiva por grama e presença
ou ausência de Salmonella sp em 25g.
Análise físico-química
A determinação dos teores de umidade, lipídios, cinza, pH e acidez foi
feita pelo método descrito pelo Instituto Adolfo Lutz (9). O método de
Kjeldahl foi utilizado para a determinação da fração proteica, por meio
da porcentagem de nitrogênio total da amostra (9). E o teor de
carboidratos totais foi calculado por diferença. Utilizou-se o fator de
Atwater (10) para estimar o valor calórico, considerando-se 4 kcal/g
para carboidratos e proteínas e 9 kcal/g para lipídeos.
Análise Sensorial
A análise sensorial ocorreu por meio da aplicação dos testes de
aceitação e intenção de compra, com o auxílio de 81 provadores não
treinados, advindos da Universidade Federal de Sergipe. Sendo, 60
147
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabe la 2. Composição físico-química dos doces de leite de soja e marcante. Em termos estatísticos, as diferenças entre os dois tipos de
arroz elaborados com extrato de vegetal e os padrões estabelecidos doces avaliados não foram significativas.
pela portaria nº 354/1997 (14)
Análise Amostra Portaria nº CO NCLUSÃO
354/1997 Percebe-se que o doce de leite elaborado a partir do extrato
Arroz Soja hidrossolúvel de soja, com o intuito de atender as necessidades dos
indivíduos que possuem restrição ao consumo do leite de vaca e seus
Prote ínas (g/100g) 0,11 7,72 >5% derivados, representa uma alternativa sensorial e nutricionalmente
Lipídios (g/100g) 3,52 0,83 6% - 9% viável.
66,65 42,41 O doce obtido a partir do extrato de arroz não atingiu valores
Carboidratos
hedônicos que indicassem aceitação na maioria dos critérios avaliados.
(g/100g)
Umidade (g/100g) 29,41 47,32 30%
REFERÊNCIAS
Cinz as (g/100g) 0,31 1,72 <2% 1. BRASIL. Resolução. CNNPA n. 12, 24 de julho de 1978. Normas
Acide z total* 0,11 0,05 técnicas especiais, do Estado de São Paulo, revistas pela CNNPA,
7,17 7,81 relativas a alimentos (e bebidas), para efeito em todo território
pH
brasileiro. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
Valor calórico 298,72 208 24 jul. 1978. p. 1-75.
(kcal/100g)
* Em solução normal (g/100ml)
2. EMBRAPA. Tecnologias de fabricação dos Doces de Leite Pastoso
Desta forma os dois doces tiveram o percentual de lipídios abaixo do em T abletes. Belém: Embrapa; 2004 p. 1–3. Disponível em:
padrão estabelecido para o doce de leite padrão. O fato de o leite de http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/18778/1/com.tec
vaca possuir uma composição distinta do arroz e da soja, e .111.pdf. Acesso em 31 mar. 2016.
consequentemente dos seus respectivos extratos, torna as 3. PRUDENCIO, E. S., BENEDET, H. D. Aproveitamento do soro de
discrepâncias observadas compreensíveis. Segundo Martins e Lopes queijo na obtenção do extrato hidrossolúvel de soja. Ciência e Tecnol
(15) o leite de vaca integral possui 3,4% de gordura, o doce de leite, Aliment.1, 97–101, 1999.
em geral, apresenta 8,3%. Os grãos de soja e arroz possuem, nesta 4. Bento, R. Desenvolvimento e caracterização de bebida achocolatada
ordem, 1,6% e 1,9% de lipídios de origem vegetal (16). à base de extrato hidrossolúvel de quinoa e de arroz; Production and
Com relação ao teor proteico, apenas o doce elaborado com o extrato characterization of the quinoa and. Rev Inst Adolfo Lutz. 2, 317–23.
hidrossolúvel de soja atingiu os níveis determinados pela portaria. 2012.
Esse fato ratifica a importância de se levar em conta a composição das 5. Carvalho, W. T de; et al. Características Físico-Químicas De
matérias-primas utilizadas. O leite de vaca é considerado um Extratos De Arroz Integral, Quirera De Arroz E Soja. Pesqui
alimento-fonte de proteínas, apresentando, em geral, 3,3% desse Agropecuária T rop. Goiânia. 3, 422–429. 2011.
macronutriente (15). Ao passo que o extrato hidrossolúvel de soja 6. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Iogurte, Bebidas Lácteas
contém 2,4% e o de arroz apenas 0,8% (5). e Doce de Leite: produção de derivados do leite. 2010. p. 68.
Disponível: http://ead.senar.org.br/cartilhas/138_Iorgurte.pdf
Análise sensorial 7. American Public Health Association. Standard Methods for the
A tabela 3 traz as médias dos atributos sensoriais e da intenção de Examination of Water and Wastewater. 2012. p. 733.
compra avaliados, obtidas na análise sensorial dos doces elaborados a 8. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância
partir dos extratos soja e arroz. Sanitária. Resolução. RDC n. 12, 02 de janeiro de 2001. Dispõe sobre
Tabe la 3. Média dos valores (média*. ± desvio padrão) para os doces regulamento técnico dos padrões microbiológicos de Alimentos.
Produzidos a partir de extratos vegetais Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 02 jan.
EXPERIMENTAÇÕ ES 2001. p. 1-48.
9. Instituto Adolfo Lutz. Métodos Físico-Químicos para Análise de
ATRIBUTO S TIPO S DE DO CES DE LEITE
Alimentos -4a Edição 1a Edição Digital. 4 2008 p. 1000.
ARRO Z SO JA 10. Atwater, W. O., Woods CD. T he Chemical Composition of
Cor 4,91 a (±2,06) 6,48 a (±1,85)
a American Food Materials. Washington: U.S. Department of
Te xtura 6,07 (±2,08) 7,27 a (±1,68)
a Agriculture; 1896. 47 p.
Sabor 5,03 (±2,16) 5,96 a (±2,24)
11. Faria, E. V.; Yotsuyanagi, K. T écnicas de Análise Sensorial.
Aparê ncia 4,99 a (±2,00) 6,73 a (±1,92) Campinas (SP): IT AL/LAFISE; 2002. 116 p.
Ace itação global 5,42 a (±1,89) 6,46 a (±1,96)
a 12. Statistical Analysis System., (1996). SAS user’s guide: statistics.
Inte nção de compra 2,53 (±1,18) 3,43 a (±1,21)
Cary, USA. Eletronic version 6.2
*Média dos valores de três repetições. **Valores submetidos ao t-test; a, b Médias
com letra minúscula igual na mesma linha não difere entre si significativamente
13. Piason, A. B. G.; et al. Aspecto sanitário de 10 amostras de doce
(P>0,05) entre valores obtidos para diferentes tipos de doces. de leite fabricado por uma indústria do município de João Pessoa – pb.
De acordo com as médias mostradas acima o doce de leite elaborado In: UFPB-PRG XI Encontro de Iniciação à Docência [Internet]. João
com extrato de arroz apresentou valores médios que variaram de 4,91 Pessoa; 2007. Disponível em:
a 6,07. O doce de leite fabricado com extrato vegetal de soja mostrou http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/xi_enid/monitoriapet/A
oscilação entre 5,96 até 7,27, o que indica que na maioria dos atributos NAIS/Area7/7CT DT QAMT 03-P.pdf. Acesso em 26 abr. 2016.
avaliados, o doce foi aceito, considerando a faixa de aceitação de 6 a 14. Brasil. Portaria n. 354, de 4 de setembro de 1997. Regulamento
9 (17). Para o teste de intenção de compra as médias foram 2,53 e 3,43 técnico para fixação de identidade e qualidade de doce de leite. Diário
para arroz e soja, respectivamente. O doce de leite, elaborado a partir Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, 4 set. 1997. p. 5.
do extrato de soja, obteve as maiores médias nos atributos textura 15. MART INS, J. F.P.; LOPES, C. N. Doce de leite: aspectos da
(7,27) e aparência (6,73), isso se deve ao fato que o produto final ficou tecnologia de fabricação (Intruções Técnicas, nº 18). Campinas: ITAL,
mais próximo do doce de leite comum, ou seja, mais usualmente 1980. 37p.
distribuído e comercializado. Rocha et. al (18) analisou 16. NEPA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação. Tabela
sensorialmente um doce de leite elaborado com extrato hidrossolúvel Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). 1ª ed. Campinas:
de soja a 50% e 50% de leite, amido (0,5%), café (1,0%) e citrato de NEPA – UNICAMP, 2004. 42 p.
sódio (0,8%), onde obteve as médias 7,96, 7,37, 7,91 e 7,52 nos 17. Brazil, J. M.; et. al. Maneiras de avaliar resultado sensorial.pdf. In:
atributos, cor, textura sabor e aceitação global, respectivamente. Nova Metodologia de Avaliação de Resultados em Estudos Não
No entanto, analisando o item sabor, a média de 5,96 indica que os Sensoriais com consumidores no processo de inovação. 2015. p. 17.
provadores ficaram indiferentes a esse atributo. Alguns provadores 18. Rocha, LOF.; Pimenta CJ.; Rezende, CS.; Roseane, EM. Avaliação
fizeram ressalvas quanto ao sabor residual acentuado do doce de leite físico-química e sensorial de doce de leite elaborado com extrato
de soja. Já no caso do arroz, muito se questionou sobre a cor e hidrossolúvel de soja e soro de leite sabor café. Camp Gd. 3, 251- 259.
aparência pouco convidativas, além do fato de que o sabor foi 2012.
considerado por alguns excessivamente doce e por outros pouco
148
Gastronomia: da tradição à inovação
06012 Biscoito tipo cookie isento de glúten elaborado com farinhas de frutos do cerrado
149
Gastronomia: da tradição à inovação
150
Gastronomia: da tradição à inovação
06034 Quantificação de Compostos Fenólicos e Atividade Antioxidante Total de Geleia de Acerola Adicionada de
Farinha de Semente de Chia
Leilanne Oliveira1, Ana Lima1, Rita M onteiro2, Janaine Holanda2, Alessandra Carneiro2, Raimundo Figueiredo1, 21
Programa de Pós-
graduação em Biotecnologia/RENORBIO, Universidade Federal do Ceará
2
Departamento de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
Palavras chave: bioativos, frutas, doce.
INTRO DUÇÃO
Nos últimos anos, com o número crescente de casos de doenças envasadas a quente em embalagens de vidro previamente esterilizadas,
crônicas e degenerativas, observou-se a necessidade de estudos com capacidade para 250 ml, fechadas com tampa de metal e
voltados à ação dos antioxidantes. Dentre os principais alimentos invertidas. Em seguida, foram resfriadas em água, até a temperatura
alvos destes estudos estão os frutos e vegetais. Além de nutrientes ambiente e armazenadas sob refrigeração até o momento da realização
essenciais e de micronutrientes, como vitaminas e minerais, os frutos das análises.
contêm compostos bioativos com ação antioxidante, como os de Compostos fenólicos totais
natureza fenólica (1). O teor de compostos fenólicos totais foi determinado através de
Os compostos fenólicos atuam na remoção ou inativação de radicais método descrito por Larrauri, Rupérez e Saura-Calixto (12), utilizando
livres que se formam durante a iniciação ou propagação da reação de o reagente Folin-Ciocalteau e uma curva padrão de ácido gálico. As
oxidação, doando átomos de hidrogênio às moléculas de radicais, leituras foram realizadas em espectrofotômetro UV-Visível 160A da
interrompendo, assim, a reação em cadeia (2). Deste modo, estudos Shimadzu (Kyoto, Japão) a 700 nm.
relatam que esse composto antioxidante está associado com a Atividade antioxidante total
prevenção de enfermidades cardiovasculares e circulatórias, A atividade antioxidante total foi determinada pelo método da captura
cancerígenas (1), diabetes e mal de Alzheimer (3,4). do radical 2,2´-azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)
Dentre os frutos tropicais, a acerola (Malpighia emarginata D.C) (ABT S) e curva padrão de T rolox (6-hidroxil-2,5,7,8-
destaca-se pelo seu alto teor de vitamina C e grande potencial de tetrametilcromo-2-ácido carboxílico) conforme Rufino et al. (13), as
industrialização (5). Além disso, possui quantidades consideradas de leituras foram realizadas em espectrofotômetro UV-Visível 160A da
carotenoides, tiamina, riboflavina e niacina (6). No entanto, esses Shimadzu (Kyoto, Japão) a 734 nm.
produtos são altamente perecíveis, o que dificulta sua comercialização Análise dos resultados
na forma in natura por longos períodos, sendo necessário o Os resultados foram expressos em média e desvio-padrão entre as
desenvolvimento de estratégias que visem a transformação de frutas amostras e avaliados por meio de comparação de médias por Análise
em produtos para possibilitar a redução do desperdício desses de Variância (ANOVA) e teste de T ukey, ao nível de 5% de
alimentos (7). As geleias podem ser consideradas como alternativa significância, utilizando o software Assistat 7.7 beta.
para sanar tais dificuldades.
Recentemente, tem-se observado uma tendência dos consumidores por RESULTADO S E DISCUSSÃO
uma alimentação mais saudável, neste contexto, pesquisas estão sendo Os resultados obtidos dos teores de compostos fenólicos totais e
conduzidas com o intuito de substituir ingredientes com menor valor atividade antioxidante total estão expressos nas T abelas 1 e 2,
nutricional por outros de maior valor nutricional, formular novos respectivamente.
produtos ou incorporar ingredientes funcionais em produtos já T abela 1. Valores médios de compostos fenólicos totais para geleias
existentes (8,9). de acerola adicionadas de farinha de chia com açúcar mascavo ou
A farinha da semente da chia (Salvia Hispanica) é uma excelente açúcar refinado.
matéria-prima para o enriquecimento de alimentos já existentes. Compostos fenólicos totais
Estudos recentes mostraram que esta possui elevado valor nutricional, (mg EAG* /100g)
contendo micronutrienentes e macronutrientes como cálcio, fibra Geleia de acerola com farinha 322,05 ± 15,37 a
dietética, proteína, além de antioxidantes e, principalmente, alto de chia e açúcar mascavo
conteúdo de ácidos graxos poli-insaturados (ômega 3 e 6) (10,11).
T endo em vista que tanto a acerola quanto a chia são alimentos Geleia de acerola com farinha 363,92 ± 1,64 b
reconhecidos por suas propriedades funcionais e aplicabilidade de chia e açúcar refinado
industrial, este trabalho tem como objetivo determinar o teor de Resultados expressos em Média ± desvio padrão. *EAG = equivalente
compostos fenólicos e a atividade antioxidante total de geleias de de ácido gálico. Letras minúsculas iguais na mesma coluna não
acerola adicionada de farinha de chia e elaborada com diferentes tipos diferem significativamente (p>0,05) entre si.
de açúcares.
Quanto à determinação de compostos fenólicos (Tabela 1), observa-se
MATERIAL E MÉTO DO S que houve diferença significativa (p<0,05) entre as amostras. O valor
Formulação das geleias encontrado para a geleia elaborada com açúcar mascavo (322,05 mg
As geleias foram elaboradas no Laboratório de Processamento de EAG/100g) foi significativamente inferior ao valor referente a geleia
Frutas T ropicais da Universidade Federal de Ceará. A preparação foi formulada com açúcar refinado (363,92 mg EAG/100g).
realizada seguindo as Boas Práticas de Fabricação, onde os utensílios Falcão et al. (13) ao estudarem o índice de polifenóis de um sistema
foram lavados e higienizados e as embalagens utilizadas foram modelo de geleias de uvas encontraram valores de polifenóis totais
previamente submetidas a tratamento térmico, a fim de evitar variando de 63,4 a 235,4 mg EAG/100g para os diferentes tipos de
contaminações. uvas utilizadas. Os valores de compostos fenólicos obtidos no presente
Foram elaboradas duas formulações de geleias de acerola adicionadas estudo apresentam-se superiores aos relatados por esses
de farinha de chia, sendo uma com açúcar mascavo e outra com açúcar pesquisadores.
refinado.
Os ingredientes açúcar mascavo, açúcar cristal e farinha de chia foram T abela 2. Valores médios da atividade antioxidante total para geleias
adquiridos no comercio local do município de Fortaleza-Ce. A polpa de acerola adicionadas de farinha de chia com açúcar mascavo e
de acerola madura e orgânica foi oriunda de uma indústria localizada açúcar refinado.
em Ubajara-Ce e a pectina utilizada foi oriunda de cascas cítricas Atividade antioxidante total
proveniente da Sigma-Aldrich. (μM de T rolox/g)
As geleias foram elaboradas a partir de método adaptado de Caetano, Geleia de acerola com farinha 30,98 ± 0,09 a
Daiuto e Vieites (7). Inicialmente, a polpa de acerola foi aquecida até de chia e açúcar mascavo
aproximadamente 70 ºC e logo após, o açúcar foi adicionado, na
proporção de 1:1. Próximo ao ponto final de cozimento com a Geleia de acerola com farinha 27,05 ± 2,28 a
temperatura acima de 100 ºC, 1% de pectina (em relação ao açúcar) de chia e açúcar refinado
foi adicionado e a agitação manual mantida até a concentração final de Resultados expressos em Média ± desvio padrão. Letras minúsculas
sólidos solúveis de 67,5 °Brix, determinada em refratômetro digital. iguais na mesma coluna não diferem significativamente (p>0,05) entre
Posteriormente, foi adicionado 10% da farinha de chia (em relação ao si.
peso total da preparação) e o aquecimento cessado. As geleias foram
151
Gastronomia: da tradição à inovação
Os teores de atividade antioxidante total das geleias (T abela 2) não 3. ISHIGE, K.; SCHUBERT , D.; SAGARA, Y. Flavonoids protect
diferiram significativamente entre si (p<0,05), sendo os valores neuronal cells from oxidative stress by three distinct mechanisms.
encontrados, 30,98 μM de T rolox/g para a geleia com açúcar mascavo Free Rad Biol Med, v.30, p.433-446, 2001.
e 27,05 μM de T rolox/g para a geleia com açúcar refinado. 4. ABDILLE, M. H.; SINGH, R. P.; JAYAPRAKASHA, G. K.;
Rutz et al. (14) ao formularem geleias de Physalis peruviana L. JENA, B.S. Antioxidant activity of the extracts from Dillenia indica
(tomate-de-capucho), encontraram valores de atividade antioxidante fruits. Food Chem., v.90, p.891-896, 2005.
total inferiores aos obtidos no presente estudo (6,71 a 7,41 μM de 5. NOGUEIRA, R. J. M. C.; MORAES, J.A.P.V.; BURIT Y, H. A.
T rolox/g para geleias light e tradicional, respectivamente). Efeito do estádio de maturação dos frutos nas características físico-
A atividade antioxidante de frutas e geleias está intimamente químicas de acerola. Pesq. agropec. bras., v. 37, n. 4, p. 463- 470,
relacionada ao conteúdo de compostos fenólicos, sendo que estes 2002.
podem ser degradados por fatores físico-químicos comuns ao 6. ASSIS, S. A.; LIMA, D. C.; OLIVEIRA, O. M. M. F. Activity of
processamento de alimentos (13). No entanto, mesmo após o pectin methylesterase, pectin content and vitamin C in acerola fruit at
processamento das geleias de acerola em questão, grande parte desses various stages of fruit development. Food Chem., v. 74, p.133-137,
compostos foram preservados. 2001.
A utilização de açúcar mascavo para elaboração de geleias também foi 7. CAET ANO, P. K.; DAIUT O, É. R.; VIEIT ES, R. L.
realizada por Mendonça, Rodrigues e Zambiazi (15), ao formularem Physicochemical and sensory characteristics of jam produced with
geleiadas de maçã. Segundo esses autores, a utilização de açúcar acerola pulp and juice. Braz. J. Food Technol., v. 15, n. 3, p. 191-
mascavo em substituição ao açúcar refinado, pode alterar as 197, 2012 .
características físicas, químicas e especialmente as sensoriais, as quais 8. COELHO, M. S.; SALAS-MELLADO, M. L. M. Review:
são determinantes na aceitação de doces de frutas. No entanto, o Chemical composition, functional properties and technological
açúcar mascavo atende ao grupo de pessoas que estão em busca de applications of chia (Salvia hispanica L) seeds in foods. Braz. J. Food
hábitos alimentares mais saudáveis, que priorizam a minimização ou Technol., v. 17, n. 4, p. 259-268, 2014.
eliminação de produtos químicos agregados na dieta, uma vez que, 9. PEREIRA, B. S; et al. Análise físico-química e sensorial do pão de
este tipo de carboidrato não passa por nenhum processo de refino ou batata isento de glúten enriquecido com farinha de chia. DEMETRA:
beneficiamento, ao contrário do açúcar refinado. Alimentação, Nutrição & Saúde , v. 8, n. 2, p. 125-136, 2013.
Estudos que relatem a utilização de farinha de chia em geleias são 10. FERREIRA, T. R. B. Caracterização nutricional e funcional da
escassos, porém a estratégia da incorporação de ingredientes farinha de chia e sua aplicação no desenvolvimento de pães. 2013.
funcionais neste tipo de produto vem ganhando destaque. Santos et al. 112f. Dissertação (Mestrado em Ciência e T ecnologia de Alimentos)
(16) incorporaram inulina em geleia de abacaxi e verificaram que a – Escola Superior de Agricultura, Universidade de São Paulo,
adição de até 16% proporcionou aceitação sensorial semelhante ao Piracicaba, 2013.
produto padrão, além de reduzir a quantidade de açúcar utilizada. 11. PEIRETTI, P. G.; GASCO, L.; BRUGIAPAGLIA, A.; GAI, F.
Scolforo e Silva (17) elaboraram geleias de maça enriquecida com Effects of perilla (Perilla frutescens L.) seeds supplementation on
fruto-oligossacarídeo e observaram que a adição de 6% desse performance, carcass characteristics, meat quality and fatty acid
composto não prejudica o sabor das preparações. composition of rabbits. Livest. Sci., v. 138, p. 118-124, 2011.
Deve-se levar em consideração que a utilização concomitante de 12. LARRAURI, J. A.; RUPÉREZ, P.; SAURA-CALIXTO, F. Effect
farinha de chia e açúcar mascavo enriquece nutricionalmente a geleia of drying temperature on the stabilitity of polyphenols and antioxidant
de acerola, tornando-a um alimento com alegação funcional, sendo, activity of red grape pomace peels. J. Agr. Food Chem., v. 45, p.
portanto, uma alternativa, sua inclusão na dieta como um produto que 1390-1393, 1997.
apresenta propriedades benéficas à alimentação. Além disso, estudos 13. RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRIT O, E. S.; PÉREZ-
posteriores podem ser conduzidos com a finalidade de avaliar a JIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXT O, F.; MANCINI-FILHO, J.
aceitabilidade deste produto. Bioactive compounds and antioxidant capacities of 18 non-traditional
tropical fruits from Brazil. Food Chem., v. 121, n. 4, p. 996-1002,
CO NCLUSÃO 2010.
As geleias de acerola adicionadas de farinha de semente de chia 13. FALCÃO, A. P.; CHAVES, E. S.; KUSKOSKI, E. M.; FETT, R.;
apresentaram teores de compostos fenólicos que diferiram FALCÃO, L. D.; BORDIGNON-LUIZ, M. T. Total polyphenol index,
estatisticamente entre si, sendo a geleia elaborada com açúcar refinado total anthocyanins and antioxidant activity of a model system of grape
a que apresentou o maior conteúdo. Quanto a atividade antioxidante jelly. Food Sci. Technol., v. 27, n. 3, p. 637-642, 2007.
total, as amostras não diferiram estatisticamente entre si. 14. RUT Z, J. K.; VOSS, G. B.; JACQUES, A. C.; PERTUZATTI, P.
B. BARCIA, M. T .; ZAMBIAZI, R. C. Caracterização de geleia de
AGRADECIMENTO S Physalis peruviana L. Alim. Nutr., Araraquara, v. 23, n. 3, p. 369-
À CAPES e ao CNPq pelo auxílio financeiro. 375, 2012.
15. MENDONÇA, C. R.; RODRIGUES, R. S.; ZAMBIAZI, R. C.
REFERÊNCIAS Açúcar mascavo em geleiadas de maçã. Cienc. Rural, v.30, n.6,
1. KUSLOSKI, E. M.; ASUERO, A. G.; MORALES, M. T.; FETT, p.1053-1058, 2000.
R. Frutos tropicais silvestres e polpas de frutas congeladas: atividade 16. SANT OS, K. A.; FAIX, P. N.; SANTOS, E. F.; MANHANI, M.
antioxidante, polifenóis e antocianinas. Ciênc. Rural, v. 36, n. 4, p. R.; SILVA, E. C.; NOVELLO, D. Efeito da adição de inulina em
1283-1287, 2006. geleia de abacaxi: análise físico-química e sensorial entre escolares. O
2. FO O D INGREDIENTS BRASIL. Disponível em: <http://www. Mundo da Saúde , v. 24, n. 3, p. 286-295, 2014.
revista-fi.com/materias/516.pdf>. Acesso em: 10 de maio 2016. 17. SCOLFORO, C. Z.; SILVA, E. M. M. Development of ap ple jelly
enriched with fructooligosaccharide. Braz. J. Food Nutr., v. 24, n.1,
p. 115-125, 2013.
152
Gastronomia: da tradição à inovação
João P. Figueiredo Leonardo 1,2 , Sarah Lopes 1 , Marcos Mota 1 , Lorena da Silva 1 , Gilberto M Veras Jr1 Priscila Vanini
Dantas de Medeiros Queiroga 3
1 Estudante do CST em Gastronomia – Universidade Potiguar – Natal/RN; 2 leonardo.joao@gmail.com
3 Professora Doutora dos Curso CST em Gastronomia – Universidade Potiguar – Natal/RN.
153
Gastronomia: da tradição à inovação
06078 Estudo das Características Tecnológicas de Pães de Forma Elaborados com Concentrado
Proteico de Soro e Soro de Leite
Dandara Brasil1 , Pedro Melo 2 , Brena Morais 3 , Aurenice Maria 3 , Rafael Zambelli4 , Edimar Fontes 5 .
154
Gastronomia: da tradição à inovação
Os dados obtidos das análises físicas foram interpretados por análise CO NCLUSÕ ES
de variância (ANOVA) utilizando teste F ao nível de 5% de
significância. As médias dos tratamentos foram comparadas aplicando A substituição da água por soro de leite com substituição total da
teste de T ukey ao nível de 5% de significância. As análises estatísticas gordura por concentrado proteico de soro nas formulações de massas
foram realizadas utilizando-se o pacote estatístico “R”, versão 3.2.1. de pães tipo forma (F2 e F3) foi inadequado de acordo com os
resultados obtidos pelas variáveis físicas estudadas.
RESULTADO S E DISCUSSÃO Consequentemente, os pães ficaram pesados e pequenos. Entretanto, a
substituição da água por soro de leite com substituição parcial da
Os resultados obtidos das análises físicas realizadas nos pães de forma gordura por concentrado proteico na formulação F1 (5%) obteve
elaborados com diferentes formulações encontram-se na T abela 2. características físicas semelhantes quando comparado com a
formulação padrão.
Tabe la 2. Valores médios (n=3) e desvio-padrão para as variáveis
físicas de pães tipo forma das diferentes formulações. AGRADECIMENTO S
155
Gastronomia: da tradição à inovação
Palavras Chaves: Design Experiencial, Design de Serviços, Gastronomia, Formato de Negócio, Economia Criativa.
156
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÃO
Se voltar para as formas de consumo dos serviços de alimentação
atuais, perceber as tendências de consumo, não se restringindo apenas
aos alimentos, mas observando os usos de produtos e serviços
atualmente, aproximar o usuário do processo de execução do serviço,
são ingredientes válidos a serem considerados para impulsionar a
inovação na prestação de serviços de alimentação, promover
experiências memoráveis e significativas aos usuários e intensificar o
crescimento de Florianópolis como polo gastronômico.
Verificou-se com o desenvolvimento desse projeto que a adoção da
metodologia de Design Experiencial, em conjunto com o Design de
Serviços, do GODP [8] fundamentados pela Gastronomia,
Experiência, Gestão e Design, uma forma de projetar uma experiência
visando usuário e que não tivesse necessariamente o foco em um
produto físico interativo, de alta tecnologia e com potencial de
Fonte: Merino [8]. inovação. Foi possível, por meio da junção desses métodos, projetar
um serviço sem perder de vista os processos envolvidos na execução
RESULTADO S E DISCUSSÃO desse serviço, ou seja, neste caso, projetar um modelo de negócio
gastronômico que contemplasse o usuário, o que se pretende que esse
sinta ao longo do processo, e como isso será garantido. Designers,
A fundamentação teórica e execução das etapas -1, 0, 1 e 2 do Guia de
gestores, profissionais da Gastronomia e demais responsáveis pelo
Orientação para o Desenvolvimento de Projetos (GODP) serviram
desenvolvimento de serviços devem se esforçar para contrabalancear
para a construção dos requisitos do projeto desenvolvido. A partir
e entender a experiência do usuário, bem como os elementos que a
deles foi possível a seleção de ferramentas de projeto, organização e
compõem, para concepção de serviços voltados para o setor de
análise de dados para culminar no design da experiência, design do
alimentos condizentes com as particularidades do público destinado,
serviço e na elaboração do modelo de negócios nas etapas 3 e 4. Foram
propiciando a inovação e experiências significativas e memoráreis aos
usadas ferramentas como o checklist da jornada do usuário [9] e a
usuários.
informação-mãe para alinhamento do projeto em todas as etapas.
T ambém foi utilizado o Business Model Canvas (BMC) [10] para a
criação, organização do modelo de negócio e direcionamento, visto REFERÊNCIAS
que o serviço é um bem em que sua execução e uso acontecem
simultaneamente juntamente ao usuário [11], por isso esse deve ser
sempre considerado. 1. United Nations/UNCTAD. Creative Ecomony: Report 2008, UNCTAD/
Assim, concluídas as quatro primeiras etapas, chegou-se na seguinte DITC, Genebra, 2008. Disponível em: http://www.unctad.org/creative-
proposta de modelo de negócio, por meio das etapas 3 e 4: Um Hub economy. Acesso em junho de 2015.
gastronômico que visa conectar as pessoas fisicamente, virtualmente 2. P inhanez, C. Services as Customer-Intensive Systems. Design Issues, 25(2),
e socialmente para compartilharem experiências gastronômicas e 3-13. 2009.
3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 2015.
vivenciarem a gastronomia de forma singular. Ele promove a
4. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ci ência e a Cultura
construção e compartilhamento de um ambiente (virtual e físico) que (UNESCO). Creative Cities Network, 2015. Disponível em:
facilite que pessoas (comunidade) tenham acesso àquilo que http://en.unesco.org/creative-cities//node/32 Acesso em julho de 2015.
necessitam para se aproximarem da Gastronomia e vivenciarem 5. Dória, C. A. Estrelas no céu da boca: Escritos sobre culinária e gastronomia.
determinada experiência gastronômica desejada. Editora SENAC, São P aulo, 2006.
Definida a proposta de modelo de negócio, criou-se o Fluxograma e 6. Mager, B. Service Design: A Review, KISD, Köln, 2004.
os Blueprints [9] do serviço, tornando o serviço tangível e inteligível, [7] BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o
e desta forma guiar a implementação de protótipos e execução do fim das velhas ideias. Rio de Janeiro. Campus, 2010.
8. Merino, G. S. A D. Metodologia para a prática projetual do Design com base
serviço, propriamente dito, nas etapas posteriores (Viabilização e no P rojeto Centrado no Usuário e com ênfase no Design Universal. 2014. 212f.
Verificação). Tese (Doutorado) - Curso de P rograma de P ós Graduação em Engenharia de
As duas últimas etapas (cinco e seis) abordam a implementação do P rodução, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.
modelo de negócio desenvolvido e por isso inicialmente ficaram como Disponível em: http://tede.ufsc.br/teses/PEPS5573-T.pdf Acesso em jun. 2015.
proposições futuras, por envolverem investimentos, estruturas, mão de 9. Stickdorn, M., Schneider, J.This is service design thinking, BIS, Amsterdam,
obra, etc. Contudo, com o surgimento do edital do centro de cocriação 2010.
e pré-incubação de projetos que visem desenvolver a Economia 10. Osterwalder, A., P igneur, Y. Business Model Generation (John Wiley &
sons, Eds.), USA, New Jersey, 278p. 2010.
Criativa e Florianópolis como polo de inovação, observou-se a 11. Mager, B. Business Impact of Service Design, 2010.
oportunidade de admissão do projeto desenvolvido para assim colocar
157
Gastronomia: da tradição à inovação
05861 Elaboração de Pães Integrais com Óleos de Coco, Licuri e Azeite de Dendê
Adriana Santos 1 , Júlia Andrade 2 , Deusdélia Almeida 2 , Mariana Costa 2 , Euzélia Souza 2 , Mayara Ávila 1
INTRO DUÇÃO utilizados os rótulos nutricionais. O valor nutricional dos pães foi
Pães são alimentos elaborados com farinha de trigo e/ou outras comparado ao de três marcas comerciais de pães de forma integrais.
farinhas, adicionados de líquidos, fermentados ou não, resultantes da O valor calórico foi calculado utilizando-se os seguintes fatores de
cocção. O pão de forma tem formato retangular, é comercializado em conversão de Atwater: 9 Kcal por grama de lipídios, 4 Kcal por grama
fatias de 25 gramas, apresenta miolo poroso, elástico e homogêneo, e de proteínas e 4 Kcal por grama de carboidratos.
crosta fina e macia. Para ser considerado integral, deve conter farinha
integral de trigo e/ou fibra de trigo e/ou farelo de trigo (1). RESULTADO S E DISCUSSÃO
A adição de óleos nas formulações de pães confere maciez e sabor, e O rendimento dos pães, empregando-se as formulações da Tabela 1,
torna a massa extensível e estável à fermentação, levando ao aumento foi de 14 fatias de 25 g, aproximadamente. O emprego da farinha de
de volume, textura suave e alvéolos pequenos (2). trigo tradicional enriquecida com ferro e ácido fólico e não específica
Os óleos de coco, licuri e azeite de dendê ou óleo de palma, fazem para a panificação, foi intencional, visando garantir a
parte da cultura alimentar do nordeste brasileiro. O óleo de licuri, coco reprodutibilidade da receita pelas comunidades rurais produtoras dos
e azeite de dendê são obtidos da amêndoa do licurizeiro (Syagrus óleos utilizados, e pela população em geral.
coronata), da polpa do coco fresco ou maduro, fruto do coqueiro O farelo de trigo foi adicionado à receita com o intuito de elevar a
(Cocos nucifera L.) e o azeite de dendê do fruto do dendezeiro (Elaeis quantidade de fibras alimentares insolúveis, vitaminas e minerais,
guineenses), respectivamente. sendo permitido o seu uso em pães integrais conforme a RDC nº 263,
O objetivo deste estudo foi elaborar três tipos de pães de forma de 22 de setembro de 2005 (1).
integrais com adição dos óleos de coco, licuri e azeite de dendê. De outro modo, foram empregados na fabricação dos pães os óleos de
coco, licuri e azeite de dendê - produtos regionais da Bahia, o que
MATERIAL E MÉTO DO S poderá possibilitar a elevação do consumo destes ingredientes,
Ingredientes e preparo dos pães aumentando a produção local, com consequente aumento de renda dos
Foram elaboradas quatro formulações de pães de forma integrais pequenos produtores, além de promover a Segurança Alimentar e
(T abela 1): F0 – margarina (padrão); F1 – óleo de coco; F2 – óleo de Nutricional. Segundo o Guia Alimentar para População Brasileira (7),
licuri; F3 – azeite de dendê. Os ingredientes utilizados foram: farinha uma alimentação saudável só é possível em sistemas alimentares que
de trigo fortificada com ferro e ácido fólico; farelo de trigo; água; sal; protejam e respeitam o ambiente natural que o alimento foi obtido.
óleos de licuri, coco e dendê; margarina com 80% de lipídios; e Vale ressaltar que o óleo de licuri produzido pela COOPES é orgânico
fermento biológico seco. Os ingredientes foram adquiridos no e extraído de forma sustentável.
comércio de Salvador - BA, exceto o óleo de licuri, que foi fornecido
pela Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina Volume específico
(COOPES), Bahia. Na panificação, a adição de farelos tem ação deletéria sobre a massa,
Os ingredientes foram pesados em balança da marca Marte Slim® - ocasionando em redução do volume. Já os óleos atuam como
modelo ML6K. A mistura foi realizada em batedeira planetária da melhoradores de massa e incrementam o valor nutricional (8). Neste
marca GAST ROMAQ®- modelo BP06, utilizando o espiral. estudo, a adição de farelo de trigo as formulações não comprometeu o
A massa foi preparada pelo método direto. P rimeiramente foram crescimento da massa, o que pode ter ocorrido em função dos óleos
misturados os ingredientes secos, em seguida foram acrescentados os terem agido como melhoradores naturais.
demais ingredientes e a massa foi batida até ficar homogênea e atingir As formulações com adição de margarina apresentou menor volume
o “ ponto de véu”. A massa foi dividida em porções de 400 g e colocada especifico (1,32 cm 3 /g), quando comparada aos demais óleos.
em formas de alumínio (30 cm x 10 cm x 10 cm) dentro de uma estufa Outrossim, a ordem crescente de volume especifico foi de:
a temperatura de 30 °C, durante 30 minutos. Após a massa dobrar de (1,79cm3 /g), (1,74 cm 3 /g), (1,69 cm 3 /g), para os óleos de coco, licuri
volume, os pães foram assados a 180 °C, por 30 minutos, em forno e azeite de dendê, respectivamente. Como já mencionado, os óleos
elétrico da marca Venâncio ® - modelo Ciclone Digital. atuam como melhoradores das farinhas por seu poder lubrificante da
Após a cocção, os pães esfriaram em temperatura ambiente, foram massa, deixando-a mais branda, uma vez que permite o deslizamento
pesados e avaliados quanto ao volume específico (3), teor de umidade das camadas de glúten, que ficam mais estáveis durante a fermentação,
(4), características físicas, e valor nutricional. com maior retenção de ar, e, por isso, os pães apresentaram maior
aumento de volume (2). Além disso, segundo Marangoni (8), os
Tabe la 1. Formulações dos pães de forma integrais com óleos de coco, cristais de gordura saturada aumentam o desenvolvimento das células
licuri, dendê e margarina. de ar, aumento do volume do pão. Os resultados apresentados podem
Formulações ser reflexos deste efeito, uma vez que os óleos adicionados às
Ingredientes (g) F1 F2 F3 F4 formulações desenvolvidas neste estudo, contem como gordura
Margarina Coco Licuri Dendê predominante os ácidos graxos saturados.
Farinha de trigo 80,0 80,0 80,0 80,0
Farelo de trigo 20,0 20,0 20,0 20,0 Teor de umidade
Água (%) 50,0 50,0 50,0 50,0 Os pães elaborados com margarina apresentaram menor umidade que
Açúcar refinado* 5,0 5,0 5,0 5,0 os demais (61,27%). O pão cuja formulação continha o óleo de licuri
apresentou maior teor de umidade (66,16%), em seguida o de coco
Óleo ou margarina* 7,0 7,0 7,0 7,0
(65,15%), e o de azeite de dendê (62,29) (61,27%). Isto pode ter
Sal refinado iodado* 1,2 1,2 1,2 1,2
ocorrido devido à gordura interesterificada da margarina recobrir as
Fermento biológico* 5,0 5,0 5,0 5,0 proteínas formadoras de glúten e os grânulos do amido, o que dificulta
*Percentuais em relação à quantidade total de farinha de trigo (80%) a absorção de água, e consequentemente, inibe a formação do glúten e
e farelo de trigo (20%). a gelatinização do amido (8). Por conta disto, o pão de margarina
Valor nutricional apresentou menor peso final, altura e volume específico, enquanto que
Os teores de carboidratos (%), proteínas (%), gorduras totais (%), o de licuri foi o que mais cresceu e o mais macio. Os teores de
gorduras saturadas (%), gorduras trans (%), fibra alimentar (%) e umidade apresentados pelos pães foram maiores do que os reportados
sódio (mg), para uma porção de 50 g, equivalente a duas fatias (5), por Gandra (9), que usou 4% de gordura vegetal hidrogenada. Quanto
foram calculados com base na Tabela Brasileira de Composição dos maior o teor de umidade mais macio o miolo, mas em compensação
Alimentos – T ACO (6) e para a margarina e o óleo de licuri foram menor a vida de prateleira, devido ao crescimento de microrganismos
e aceleração química enzimática.
158
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
Valor nutricional 1. BRASIL. Resolução nº. 263, de 22 de setembro de 2005. Aprova
Os pães elaborados neste estudo apresentaram maior valor calórico o regulamento técnico para produtos de cereais, amidos, farinhas e
(kcal), teores de carboidratos (%) e gorduras totais (%), em relação a farelos. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 2005.
três marcas de pães de forma integrais tradicionais, comercializados 2. AQUINO, V. C. Estudo da estrutura de massas de pães elaboradas
em supermercados de Salvador-Bahia. a partir de diferentes processos fermentativos. 2006. 328f. Dissertação
Os pães comerciais contém pouca gordura, para redução do valor (Mestrado) – Departamento de T ecnologia Bioquímico-farmacêutica,
calórico, mas em compensação contém outros tipos de melhoradores Universidade de São Paulo, 2012.
industriais, como: emulsificantes (goma guar, polisorbato 80 e 3. ALMEIDA, E. L. Efeito da adição de fibra alimentar sobre a
estearoil-2-lactil lactato de cálcio), e melhoradores de farinha (fosfato qualidade de pão pré-assado congelado. 2006. 328f. Dissertação
monocálcico, fosfato tricálcico, ácido ascórbico e azodicarbonamida). (Mestre em T ecnologia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de
Vale ressaltar que não foram utilizados neste trabalho aditivos Alimentos, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP),
alimentares, uma vez que diversos estudos os relacionam a alergias e Campinas, 2006.
câncer (12). 4. INST IT UTO ADOLFO LUT Z (IAL). Normas Analíticas do
Os óleos utilizados neste estudo são fontes de ácidos graxos saturados Instituto Adolfo Lutz. Métodos Químicos e Físicos para Análise de
(AGS), assim como a margarina à base de gordura interesterificada, o Alimentos. 3 ed. São Paulo: IMESP, 1985.
que justifica o alto teor de gordura saturada encontrado (Quadro 1). A 5. BRASIL. Resolução nº. 359, de 23 de dezembro de 2003.
grande ingestão de AGS está associada ao aumento do risco para Regulamento Técnico de Porções de Alimentos Embalados para Fins
doenças cardiovasculares, por isso os pães elaborados devem ser de Rotulagem Nutricional. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF,
consumidos com moderação (7). 2003.
6. NEPA; UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos
Q uadro 1. Valor nutricional de porção de 50 g (duas fatias) de pães (T ACO). 4 ed. Campinas, SP: NEPA; UNICAMP, 2011.
integrais acrescidos de margarina, de óleo de licuri, coco e azeite de 7. BRASIL. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2. ed.
dendê e de três marcas de pães de forma integrais comercializadas nos Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. 156p.
supermercados de Salvador-Bahia. 8. MARANGNI, A. L. Pão de forma trans: estudo do efeito de
diferentes óleos e gorduras na qualidade tecnológica dos pães. Tese
F0 PC (Doutorado) – UNICAMP, Faculdade de Engenharia de Alimentos,
F1 F2 F3 2014.
Margari Média
Coco licuri Dendê 9. GANDRA, K. M.; MICHELLE D. B.; GODOY, V. P.; QUEIROZ,
na
Kcal 139,9 142,6 140,8 140,6 117,3 F. P. C.; ST EEL, J. Aplicação de lipase e monoglicerídeos em pão de
CHO (g) 24,5 24,2 23,9 23,8 21,7 forma enriquecido com fibras. Rev. Food Science and Technology. 28,
PT N (g) 4,3 4,3 4,2 4,3 5,1 182-192. 2008
GT (g) 2,7 3,2 3,2 3,2 1,0 10. GEWEHR, M. F. Desenvolvimento de pães de forma com adição
GS (g) 4,0 16,3 14,9 7,5 0,1 de quinoa. Dissertação (Mestrado), UFRGS, Pós-graduação em
G Trans (g) - - - - 0,2 Ciência e T ecnologia de Alimentos, 2010.
11. RODRIGUES, P. H. C.; PINT O-E-SILVA, M. E. M.;
Fibra (g) 4,0 4,0 3,9 3,9 3,4
SZARFARC, S. C. O. Uso de azeite de dendê na fortificação de
Sódio (mg) 184,0 169,0 166,9 166,7 193,7
alimentos. Segur. Aliment. Nutr. 18, 53-59. 2011.
PC = pães de forma integrais comerciais; CHO = carboidratos; PTN = 12. POLÔNIO, M. L. T.; PERES, F. Consumo de aditivos alimentares
proteínas; GT = gorduras totais; GS = gorduras saturadas: G trans = e efeitos à saúde: desafios para a saúde pública brasileira. Cad. Saúde
gorduras trans.
Pública. 25, 1653-1666, 2009.
Ressalta-se que o azeite de dendê enriquece o pão com β-caroteno. 13. BRASIL. Rotulagem Nutricional Obrigatória - Manual de
Rodrigues, Pinto-e-Silva e Szarfarc (11) adicionaram este azeite na orientação às indústrias de alimentos. 2 versão atualizada. Brasília:
formulação de sequilhos e biscoito de polvilho e constataram que alto MS, ANVISA, UNB, 2005.
teor de β-caroteno se manteve com atividade pró-vitamina A, mesmo
159
Gastronomia: da tradição à inovação
160
Gastronomia: da tradição à inovação
farinha de arroz (41,7%), fécula de mandioca (38,5%), e, por último, A massa que mais se assemelhou à massa fresca convencional foi a
a com fécula de araruta (27,3%). com farinha de arroz, que teve aspecto firme e opaco. Porém, foi a que
A massa com farinha de arroz foi a que apresentou maior aumento de apresentou menor elasticidade em comparação aos outras. Já a massa
volume (30,0%). As massas com fécula de araruta (11,1%) e fécula de com fécula de batata foi a que mais se distanciou do aspecto de massa
mandioca (10,0%) apresentaram menor aumento de volume. Já a fresca convencional por ter ficado muito translúcida. Vale ressaltar
massa com fécula batata não apresentou aumento de volume (0,0%), que as preparações derivadas de amido de batata são extremamente
apesar de ter sido a que apresentou maior ganho de peso. claras, devido ao elevado peso molecular das frações de amido (13).
O aumento de volume das massas alimentícias após a cocção depende
de fatores como o tempo de cozimento, o formato da massa, além da CONCLUSÕES
qualidade e quantidade de proteínas que no processo de mistura da
massa, hidratam e absorvem água, participando do aumento de volume As massas alimentícias com fruta-pão e farinha de arroz ou féculas de
da mesma (7). mandioca, batata e araruta são de fácil preparo, apresentam rápido
tempo de cocção e pequena perda de sólidos para a água, e se mantém
Composição nutricional firmes e íntegras em seu formato após a cocção. Além disto, a fruta-
T odas as massas apresentaram alto teor de carboidratos (de 48,9 a 63,6 pão apresenta boa aderência à farinha de arroz e às féculas.
g/100 g) e baixos teores de lipídios (média de 3,0 g/100 g) e proteínas A massa que mais se assemelhou às massas frescas convencionais foi
(de 1,4 a 3,1 g/100 g). a de arroz devido à firmeza e opacidade, porém menos elástica que as
O valor calórico das massas variou de 211,7 a 263,2 kcal/100 g, sendo outras.
a massa com fécula de batata a menos calórica e a massa com fécula Considerando que a fruta-pão possui nutrientes importantes à saúde da
de araruta a mais calórica. Devido ao alto valor calórico, as massas população, conclui-se que é viável sua inclusão em massas
alimentícias fazem parte do grupo de alimentos energéticos e alimentícias com substituição total da farinha de trigo por farinha de
compõem a base da pirâmide alimentar, apesar da maioria apresentar arroz e féculas de mandioca, batata e araruta.
carência em alguns nutrientes indispensáveis à alimentação humana, Sugere-se que sejam realizados outros estudos que analisem a
como minerais e vitaminas, por exemplo. composição nutricional e a aceitação por parte de consumidores em
No entanto, essas deficiências podem ser compensadas pela adição de potencial.
outros ingredientes as massas alimentícias, como a fruta-pão, que
apresenta teores consideráveis de fósforo, potássio, cálcio, magnésio,
sódio, manganês, ferro, cobre, zinco, boro, betacaroteno e outros
REFERÊNCIAS
antioxidantes (3).
1. ARAÚJO, H. M. C.; ARAÚJO, W. M. C.; BOTELHO, R. B. A.;
Em relação ao teor de minerais (mg/100 g), a fruta-pão é rico em ZANDONADI, R. P . Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e qualidade
potássio (269,4), fósforo (40,97), cálcio (26,32), magnésio (24,35), de vida. Rev. Nutr. 23, 467-474, 2010.
sódio (1,41), ferro (0,1891) e manganês (0,0381) (11), sendo uma boa 2. ZANDONADI, R. P .; BOTELHO, R. B.; GANDOLFI, L.; GINANI, J. S.;
fonte para a fortificação de alimentos sem glúten. Porém, é importante MONTENEGRO, F. M.; P RATESI, R. Green banana pasta: an alternative for
avaliar a biodisponibilidade destes micronutrientes. gluten-free diets. J Acad Nutr Diet. 112, 1068-1072, 2012.
A adição de fruta-pão incrementou o teor de fibras das massas: (1,4 3. ALMEIDA, L. L. G. T.; FEIJÓ, M. B. S.; MARCELLINI, P . S.
Desenvolvimento, caracterização e aceitação de brownie de biomassa de fruta-
g/100 g), mandioca (1,7 g/100 g), batata (3,1 g/100 g) e araruta (2,9
pão verde. J Health Sci. 18, 144-149, 2016.
g/100 g). Vale ressaltar que a massa de fruta-pão com fécula de batata 4. BRASIL. P olítica Nacional de Alimentação e Nutrição (P NAN). 2 ed.
pode ser considerada fonte de fibras, uma vez que contém mais de 3g Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
de fibras em 100g de massa pronta para o consumo (8). 5. CHANG, K.; FLORES, H. E. M. Qualidade tecnológica de massas
Apesar do baixo teor proteico conferido às massas pela a adição da alimentícias frescas Elaboradas de semolina de trigo durum (t. Durum l.) E
fruta-pão, pode-se afirmar que sua qualidade proteica é alta. Liu et al. farinha de trigo (t. Aestivum l.). Ciênc. Tecnol. Aliment. 24, 487 -493, 2004.
(9) avaliaram a qualidade proteica de 49 importantes cultivares de 6. NEP A; UNICAMP . Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO).
4 ed. Campinas, SP : NEP A; UNICAMP , 2011.
fruta-pão, e identificaram que todas as variedades continham um
7. MENEGASSI, B.; LEONEL, M.; MISCHAN, M. M.; P INHO, S. Z. Efeito de
completo perfil de aminoácidos essenciais, especialmente ricos em parâmetros de extrusão na cor e propriedades de pasta da farinha de
fenilalanina, leucina, isoleucina, e valina, possuindo melhor qualidade mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza). Cienc. Agrotec. 31, 1780 -1792,
proteica que o milho, trigo, arroz, soja, batata e ervilha (9). 2007.
A forma clássica da Doença Celíaca se caracteriza principalmente por 8. BRASIL. Resolução nº. 54, de 12 de novembro de 2012. Regulamento
severas lesões da mucosa intestinal, resultando em variados graus de Técnico sobre Informação Nutricional. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF,
má absorção de nutrientes, como lipídios, carboidratos, proteínas, 2012.
9. LIU, Y.; RAGONE, D.; MURCH, S. J. Breadfruit (Artocarpus altilis): a
ferro, magnésio, zinco e vitaminas lipossolúveis (10). Isto demostra a
source of high quality protein for food security and novel food products. Amino
importância de incrementar o teor de micronutrientes de alimentos Acids. 47, 847-856, 2015.
sem glúten. 10. P OSSIK, P . A.; FINARDI FILHO, F.; FRANCISCO, A.; LUIZ, M. T. B.
Alimentos sem glúten no controle da doença celíaca. Nutrire Rev. Soc. Bras.
Características sensoriais Aliment. Nutr. 29, 61-74, 2005.
As massas alimentícias não devem apresentar grande perda de sólidos 11. SOUZA, C. T.; SOARES, S. A. R.; QUEIROZ, A. F. S.; SANTOS, A. M.
para água e devem se manter firmes e íntegras em seus formatos após P .; FERREIRA, S. L. C. Determination and evaluation of the mineral
o cozimento (5). Estes aspectos foram observados nas massas composition of breadfruit (Artocarpus altilis) using multivariate analysis
technique. 128, 84-88, 2016.
elaboradas neste estudo, havendo pequena perda de sólidos para a 12. TEAGUE, G. D.; BURGUM, D. R.; FAULK, G. S. Xanthan gum in bread,
água, e as mesmas apresentaram-se firmes e íntegras em seu formato pasta and batters. Cereal Foods World. 28, 579 -580, 1983.
após o cozimento (Figura 1), o que pode ter sido proporcionado pela 13. ALEXANDER, L. R. P otato Starch: new prospects for and old product.
adição da goma xantana nas formulações. Cereal Foods World. 40, 763-764, 1995.
A goma xantana é um polissacarídeo utilizado como aditivo na
indústria alimentícia, por agir como estabilizante, espessante e
emulsificante. Nas massas alimentícias sem glúten, a goma xantana
confere características similares às proporcionadas pelo glúten,
mantendo as massas firmes, íntegras e elásticas após a cocção (12).
161
Gastronomia: da tradição à inovação
Samuel Brito 1 , Eveline Costa 1,2 , Paulo de Sousa 1 , Adriana Siqueira 1 , Elba Cunha 1 , Luis Nascimento 2
1 Curso de Gastronomia, Instituto de Cultura e Arte, Universidade Federal do Ceará, samuelalmeidabrito@hotmail.co m
2 Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
O murici (Byrsonima ssp., Malpighiaceae) é um fruto do Cerrado A caracterização físico - química foi realizada no Laboratório de
Frutas e Hortaliças do Departamento de T ecnologia de Alimentos da
consumido principalmente in natura, sendo encontrado de dezembro a
Universidade Federal do Ceará.
março, nas regiões serranas do Sudeste, nos cerrados de Mato Grosso
e Goiás e no litoral do Norte e Nordeste do Brasil. Quando maduro, O pH foi determinado em potenciômetro digital, por imersão direta do
apresenta-se amarelado, com diâmetro de 1,5 a 2 cm e um forte odor eletrodo no produto (12).
O teor de sólidos solúveis totais, expresso em °Brix foi obtido em
semelhante a queijo rançoso (6). Apresenta elevado valor nutricional,
refratômetro digital (ATAGO PR-101) com escala de 0 a 45 °Brix,
propriedades funcionais e sabor sui generis (7).
através da leitura direta após filtração, em papel de filtro qualitativo,
da amostra diluída 1:1 (p/p) (12).
As espécies de murici já foram reportadas como uma boa fonte de
O conteúdo de vitamina C foi determinado por meio do método
fibras, cálcio, fósforo, ferro e vitamina C (8). Diversos estudos
titulométrico, baseado na redução do indicador 2,6-
demonstram que o consumo de frutas com tais características está
diclorofenolindofenol pelo ácido ascórbico, 25 sendo o resultado
associado a uma menor propensão ao risco de doenças crônicas,
expresso em mg de ácido ascórbico.100g-1 de polpa.
provavelmente pela presença de componentes antioxidantes, como A atividade de água foi determinada através do medidor digital de Aw
compostos fenólicos, vitaminas e carotenoides (9,10,11).
(AQUALAB CX-2), com sensibilidade de 0,001 à temperatura de
(28°C ± 2°C).
Apesar de seus diversos benefícios, seu uso ainda é limitado e As medidas de cor foram realizadas em Colorímetro HunterLab,
artesanal, com poucos empreendimentos existentes e produção modelo ColorQUESTXE . Foi utilizado o sistema de cor CIELAB,
limitada a licores, doces e geleias. Sua comercialização restringe-se a com iluminante D65, ângulo do observador de 10°. As amostras foram
feiras livres e mercados locais (5). analisadas em três repetições. Para as medidas de cor, foram
determinados os seguintes parâmetros: L* - Luminosidade, que varia
Portanto, objetivo deste estudo é desenvolver frutas estruturadas a de 0 (preto) a 100 (branco); a* - cromaticidade, que varia de +a*
partir de murici com o hidrocolóide gelano e analisá-las fisico- (vermelho) a – a*(verde); e b* - cromaticidade, que varia de +b*
quimicamente em sua cor e em seus teores de ºBrix, pH e vitamina C. (amarelo) a –b* (azul).
RESULTADO S E DISCUSSÃO
MATERIAIS E MÉTO DO S
Os resultados da análise físico-química dos estruturados de fruta de
O produto elaborado a base de murici foi denominado do tipo murici estão expostos na Tabela 2. Os valores de vitamina C (mg.100g-
estruturado, os quais foram preparados a partir de frutos colhidos no
162
Gastronomia: da tradição à inovação
1
) encontrados (F1: 18,29; F2:16,72; F3: 19,81; F4: 15,24) foram CO NCLUSÕ ES
inferiores aos relatados por Souza et al. (13) e superiores aos
encontrados por Almeida et al. (9): 44,47 mg.100g-1 ± 3,26 e 11,80 A elaboração do produto de murici, denominado do tipo estruturado,
mostrou-se uma alternativa viável de agregação de valor ao fruto,
mg.100g-1 ±0,01, respectivamente. Segundo Ramful et al. (14), o teor
obtendo um produto com características nutricionais e coloração
de ácido ascórbico é classificado em três categorias: baixa (<30 atrativa.
mg.100g-1 ), média (30-50 mg.100g-1 ) e alta (>50 mg100g-1 ) (15). Os valores de pH foram baixos, conferindo proteção microbiológica
Portanto, os produtos elaborados como o murici podem ser ao produto. Em contrapartida, as amostras apresentaram elevada
classificados com um teor baixo de ácido ascórbico. atividade de água, o que confere efeito contrário. Entretanto, apenas a
Os valores de atividade de água das amostras foram elevados amostra F1 apresentou valor de Brix favorável à comercialização.
(aw>0,9). A atividade de água, é definida como a água livre dos
alimentos disponível para o crescimento de microrganismos e AGRADECIMENTO S
ocorrência de reações de deterioração, como, por exemplo, Agradecimento à FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade)
escurecimento, oxidação, hidrólise, entre outras (15,16,17). Embora e ao projeto BFN (Biodiversidade para Alimentação e Nutrição) pelo
não haja um consenso quanto à faixa de atividade de água para suporte financeiro e apoio à pesquisa.
alimentos de umidade intermediária, Chifre e Buera (18) consideram
como adequada, a atividade de água entre 0,65 a 0,90 para este tipo de REFERÊNCIAS
1. MOURA, J.I.M.G. Desenvolvimento de Metodologias para a Aplicação de
alimento. Hidrocolóides a Técnicas Culinárias de Vanguarda. Lisboa: Universidade Nova de
Lisboa, 2011, 154f. Tese (Mestrado em Ciências Gastronômicas), Programa de Pós-
Tabe la 2 – Análise físico-química dos estruturados de fruta de murici. Graduação em Ciências Gastronômicas, Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2011.
Amostras 2. LINS, A. C. A. Desenvolvimento de fruta estruturada com umidade intermediária
Análises
F1 F2 F3 F4 obtida de polpas concentradas de três genótipos de cajazeira (Spondias mombin L.).
Vitamina C Mestrado (Dissertação de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos).
-1 18,29 16,72 19,81 15,24 Universidade FedeRal Rural de P ernambuco. 91f. 2010.
(mg.100g )
3. VILGIS, T. Molekularküche das Kochbuch. Tre Torri, Verlag, Wiesbaden, 2007.
4. VILGIS, T. Hydrocolloids between soft matter and taste: Culinary polymer physics.
Atividade de água 0,9652 0,9643 0,9766 0,9726 International Journal of Gastronomy and Food Science, v. 1, n. 1, p. 46 -53, 2012.
5. P EREIRA, A.C; SANTOS, E.R. Frutas nativas do Tocantins com potencial de
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pH 3,41 3,39 3,43 3,48 6. REZENDE, C. M.; FRAGA, S. R. Chemical and aroma determination of the pulp
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v. 14, n. 3, p. 425-428, 2003.
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L 48,36 51,34 52,56 51,75 8. SILVA, M. R. et al. Caracterização química de frutos nativos do cerrado. Ciência
Rural, Santa Maria, v. 38, n. 6, p. 1790-1793, 2008.
9. ALMEIDA, M. M. B. et al. Bioactive compounds and antioxidant activity of fresh
exotic fruits from northeastern Brazil. Food Research International, Barking, v. 44, n.
a* 6,87 7,49 7,64 7,82 7, p. 2155-2159, 2011.
10. CONTRERAS-CALDERÓN, J. et al. Antioxidant capacity, phenolics content and
b* vitamin C in pulp, peel and seed from 24 exotic fruits from Colombia. Food Research
31,47 32,82 39,46 39,67 International, Barking, v. 44, p. 2047-2053, 2011.
11. VASCO, C.; RUALES, J.; KAMAL-ELDIN, A. Total phenolics compounds and
c* 32,21 33,66 40,20 40,43 antioxidant capacities of major fruits from Ecuador. Food Chemistry, London, v. 111,
p. 816-823, 2008.
12. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físicoquímicos para análises de
h 77,68 77,14 79,05 78,85 alimentos. 4. ed. São P aulo, 2005. 1018p.
13. SOUZA, V. R. et al. Determination of bioactive compounds, antioxidant activity
and chemical composition of Cerrado Brazilian fruits. Food Chemistry, London, v.
As amostras dos produtos de murici permaneceram com pH abaixo de 134, n. 1, p. 381-386, 2012.
14. RAMFUL, D. et al. P olyphenol composition, vitamin C content and antioxidant
4,50, classificados com muito ácidos (19), o que confere fator protetor capacity of Mauritian citrus fruits pulps. Food Research International, Barking, v. 44,
ao produto (20). De acordo com Villachica (21), os frutos mais ácidos n. 7, p. 2088-2099, 2011.
e os menos doces são recomendados para a fabricação de sorvetes, 15. LABUZA, T.P. Interpretation of sorption data in relation to the state of constituent
sucos, doces em latas, tortas, entre outros. water. In: Duckworth, R.B. (ed.). Water Relations of Foods. New York: Academic
P ress, 1975. p. 155-172.
O teor de sólidos solúveis totais (Brix) é um importante fator de 16. FENNEMA, O.R. Water and ice. In: Fennema, O.R. (ed.) Food Chemistry. New
qualidade quanto ao sabor. O conteúdo médio superior a 9% é bastante York: Marcel Dekker. 1985. p. 1985. p. 23-67.
desejável do ponto de vista comercial (22). Assim, apenas a amostra 17. VITALLI, A. Importância da atividade de água em alimentos. In: Jardim, D.C.P. I
F1 apresentou valor de Brix favorável à sua comercialização, Seminário sobre Atividade de Água em Alimentos. Campinas: ITAL. Campinas:
conforme evidenciado na T abela 2. ITAL. 1987. p. 1-5.
18. CHIRIFE, J.; BUERA, M.D.P . Water activity, glass transition and microbial
Observam-se os valores médios das coordenadas cromáticas L*, a*, stability in concentrated/semimols food systems. J. Food Sci., v. 59, n. 5, p. 925-927,
b*, C e h na T abela 2. As amostras estudadas apresentaram cor 1994.
amarelada indicada por valor de tonalidade cromática alto (h acima de 19. AZEREDO, H. M. C. et al. Alterações Microbiológicas Durante a Estocagem. In:
70). A luminosidade das amostras (valores de L*, luminosidade, que AZEREDO, H. M. C. Fundamentos de Estabilidade de Alimentos. Fortaleza: Embrapa
Agroindústria Tropical, 2004. cap. 1, p. 20-35.
variam do claro ao escuro) foram 48,31, 51,34, 52,56 e 51,75, 20. AZEREDO, H. M. C.; BRITO, E. S. Tendências em Conservação de Alimentos.
respectivamente F1, F2, F3 e F4. A intensidade a* (vermelho ao verde) In: AZEREDO, H. M. C. Fundamentos de Estabilidade de Alimentos. Fortaleza:
variou entre as amostras de 6,87 a 7,82; b* (amarelo a zul) entre 31,47 Embrapa Agroindústria Tropical, 2004. cap. 6, p. 135 -150.
a 39,67; e c* (croma) entre 32,21 a 40,43. Observa-se que a cor das 21. VILLACHICA, H. Frutales y hortalizas promisorios de la amazonia. Lima: TCA,
1996, p.50-55.
formulações comprotam-se em ordem crescente, possivelmente 22. MENEZES, J. B. et al. Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob
devido as concentrações do hidrocoloide, os quais foram utilizados em condições ambiente. Horticultura Brasileira, v. 19, n. 1, p. 42 -49, 2001.
ordem crescente da F1 à F4, 0,25% a 1,0%. Canuto et al.(23) obteve 23. CANUTO, G.A.B. et al. Caracterização físico-química de polpas de frutos da
resultados de cor para a polpa de murici bem próximos ao encontrado Amazônia e sua correlação com a atividade anti-radical livre. Rev. Bras. Frutic.,
neste pesquisa: L*= 45,8; h = 80,6; c* = 39,3. Jaboticabal - SP , v. 32, n. 4, p. 1196-1205, dez. 2010
163
Gastronomia: da tradição à inovação
Letícia Ferreira1 , Janaina Valente 2 , Edimar Fontes 3 , Iago Lopes 4 , Paulo Stringheta 3 , Patricia Ferreira5
INTRO DUÇÃO
164
Gastronomia: da tradição à inovação
A dito de comparação, a osmolalidade da bebida de 307,16 mOsm·L- devido a alterações na propriedade mecânica dos glóbulos vermelhos
1
, apresentou-se de acordo com o valor determinado pela resolução com consequente interferência no fluxo sanguíneo de microcirculação.
RDC n o 18, da ANVISA (10), que deve ser inferior a 330 mOsm·L-1. Assim, o trabalho dinâmico é aumentado, acelerando o aparecimento
O valor de pH observado, de 3,4, foi igual ao encontrado por Petrus e de fadiga, resultando na interrupção do exercício (19).
Faria (11) em bebidas isotônicas formuladas convencionalmente, e
semelhante ao verificado em bebida isotônica natural de maracujá CO NCLUSÕ ES
(12). O teor de sólidos solúveis encontrado para a bebida, de 5,8 °Brix, As análises realizadas demonstraram que a bebida hidroeletrolítica,
também é semelhante aos observados por Petrus e Faria (11), que formulada com o permeado da ultrafiltração do leite e com o extrato
variaram na faixa de 6,0 °Brix a 6,8 °Brix. No entanto, o valor da da casca da jabuticaba possui características relevantes que outras
acidez total titulável encontrado neste estudo, de 0,97%, foi superior bebidas comerciais não possuem, como propriedades bioativas,
ao resultado observado pelos estudos de Petrus e Faria (11), devido a corante natural e presença de minerais do leite, principalmente o
acidez (4,47%, mv -1 ) elevada do extrato antociânico de jabuticaba cálcio. Essa bebida poderá ser utilizada em estudos futuros para avaliar
utilizada nesse estudo. a redução do estresse oxidativo e dano muscular em atletas.
As análises dos minerais, sódio, potássio, cálcio, magnésio e fósforo
indicaram a presença de teores apreciáveis desses, que, de fato, estão AGRADECIMENTO S
presentes naturalmente no permeado obtido do processo de
ultrafiltração de leite. Quanto à presença de cálcio, magnésio e fósforo, A FAPEMIG pelo auxílio financeiro na apresentação deste trabalho.
a resolução RDC n º 18, da ANVISA (10) não faz restrições. O cálcio
é um dos nutrientes que está insuficiente com mais frequência, na REFERÊNCIAS
maioria dos indivíduos, incluindo os atletas. O baixo consumo
alimentar está relacionado com o baixo consumo energético, 1. VALENTE, J.A.S. Bebida à base de permeado adicionado de extrato
encontrado principalmente no grupo das mulheres e em modalidades, antociânico da casca da jabuticaba (Myrciaria jaboticabavell. berg): elaboração
e caracterização. 2015. 75p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de
nas quais o peso corporal e a estética podem ser um fator limitante
Alimentos) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2015.
para o atleta alcançar o melhor desempenho físico (13). 2. FONTES, E. A. F., ALVES, Y. P . C., FONTES, P . R., & MINIM, V. P . R.,
O magnésio apresenta papel importante no metabolismo dos Bebida eletrolítica a base de permeado da ultrafiltração de leite: avaliação física,
substratos energéticos em atletas. Num atleta sujeito a um exercício química e microbiológica durante o armazenamento. Ciência Rural,45(2), 342 -
físico extenuante há uma redistribuição do magnésio corporal para 348.2015.
locais onde ocorre maior atividade muscular, com um associado 3. CIP RIANO, P .A. Antocianinas de açaí (Euterpe oleracea Mart.) e casca de
aumento da sua perda no suor, fezes e urina (14). A deficiência em jabuticaba na formulação de bebidas isotônicas. 2011. 131p. Dissertação
(Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal de
magnésio pode prejudicar o fornecimento de oxigênio e, assim, reduzir
Viçosa, Viçosa, 2011.
a capacidade de realizar e concluir exercícios submáximos, o que, por 4. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Leites e derivados. In: Métodos físico -
sua vez, irá reduzir a performance de endurance (15). químicos para análise de alimentos. 1ed. São P aulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
A resolução RDC nº 18 da ANVISA (10), recomenda que bebidas p. 819-877.
isotônicas apresentem sódio em concentração mínima de 460 mg·L-1 e 5. GOMES, J. C.; OLIVEIRA, G. F. Análises físico-químicas de alimentos.
máxima de 1.150 mg·L -1. Logo, o valor encontrado de 463,24 mg·L-1 Viçosa: UFV, 2011. 303p.
se encontra dentro da faixa. A Sociedade Brasileira de Medicina do 6. SINGLETON, V. L.; ROSSI, J. A, Jr. Colorimetry of Total P henolics with
P hosphomolybdic P hosphotungstic Acid Reagents. Am. J. Enol. Viticul. 16,
Esporte (16) considera importante a inclusão de sódio nas bebidas a
144-158, 1965.
partir de uma hora de exercício. A presença de sódio nas bebidas para 7. FULEKI, T.; FRANCIS, F.J. Quantitative methods for anthocyanins: 2.
atletas estaria indicada para aumentar a palatabilidade da solução Determination of total anthocyanins and degradation index for cranberry juice.
carboidratada; aumentar a velocidade de esvaziamento gástrico; J. of Food Sci. 33, 78-83, 1968.
aumentar a absorção de fluidos em nível intestinal; aumentar a 8. RE, R.; P ELLEGRINI, N.; P ROTEGGENTE, A.; P ANNALA, A.; YANG,
velocidade de absorção da molécula de glicose em nível intestinal; M.; RICEEVANS, C. Antioxidant activity applying an improved ABTS radical
manter a osmolaridade do plasma; ajudar a manter o volume cation decolorization assay. Free Rad. Biol. Med. 26, 1231 - 1237, 1999.
9. BRAND-WILIAMS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C. Use of a free
plasmático e atuar de maneira preventiva para evitar um quadro de
radical method to evaluate antioxidant activity. Food Sci. Tech. 28, 25-30. 1995.
hiponatremia (13). 10. BRASIL. Resolução RDC nº 18, de 27 de Abril de 2010, Agência Nacional
Para o teor de potássio, a resolução est ipula que não ultrapasse 700 de Vigilância Sanitária, 2010.
mg·L-1 . Para a bebida, foi encontrado o valor de 1.204,06 mg·L-1. 11. P ETRUS, R.R.; FARIA, J.A.F. P rocessamento e avaliação de estabilidade
Estudos que comparam o efeito de consumo de água frente ao de de bebida isotônica em garrafa plástica. C. e Tecnol. Alim. 25, 18 -24, 2005.
bebidas carboidratadas contendo potássio, não observaram haver 12. DE MARCHI, R.; MONTEIRO, M. Avaliação da Vida-de-P rateleira de um
diferenças significativas na resposta do potássio plasmático (17;18). Isotônico Natural de Maracujá (P assiflora edulis Sims. f. flavicarpa Deg.). Braz.
J. of Food Technol. 6, 291-300, 2003.
Estudos mais aprofundados devem ser executados com a bebida
13. MARINS, J.C.B. Hidratação na atividade física e no esporte.1. ed. Várzea
hidroeletrolítica para compreender e verificar o efeito do potássio no P aulista: Fontoura, 2011, 304p.
organismo de atletas. 14. NIELSEN, F.H.; LUKASKI, H.C. Update on the relationship between
O teor de antocianinas totais expressos em cianidina-3-glicosídeo magnesium and exercise. Mag. Res. 19, 180-189, 2006.
encontrado neste estudo foi de 15,98mg·L -1 e para polifenóis totais 15. LANHAM-NEW, S.; STEAR, S.; SHIRREFFS, S.; COLLINS, A. Sport and
267,55 mg AGE·L -1. Cipriano et al. (3), ao elaborar bebidas isotônicas exercise nutrition.1.ed. Oxford: John Wiley & Sons, 2011. v.8. 416p.
com adição de extrato antociânico de jabuticaba, encontrou valor de 16. SBME. Diretrizes. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos
alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para
9,44 mg·L -1 para antocianinas totais e 93,04 mg AGE·L-1 para a saúde. Rev. Bras. Med. Esp. 9, 43-56, 2003.
compostos fenólicos totais. A bebida elaborada neste estudo 17. MARINS, J.C.B. Estudio comparativo de diferentes procedimentos de
apresentou valores elevados desses compostos. hidratación durante um ejercicio de larga duración. Tese (Doutorado em Bases
A capacidade antioxidante da bebida apresentou valor de 2,72 μM Fisiológicas de La Nutrición) - Departamento de Fisiologia y Farmacologia,
T rolox·mL-1 para o radical DPPD e 2,43 μM T rolox·mL-1 para o Universidade de Murcia, Murcia, 2000.
radical ABT S. Valores elevados quando comparados com o de 18. CRISWEL, D.; RENSHLER, K.; P OWERS, S. K.; TULLEY, R.; CICALE,
Cipriano (3), o qual avaliou a capacidade antioxidante nas amostras de M.; WHEELER, K. Fluid replacement beverages and maintenance of plasma
sua bebida isotônica contendo extrato de jabuticaba pela metodologia volume during exercise: role of aldosterone and vasopressin. Eur J Appl.
P hysiol. Occup. P hysiol. 65, 445-451, 1992.
T EACABT S, obtendo valor de 0,84μM T rolox mL-1 . 19. SENTURK, U. K.; YALCIN, O.; GUNDUZ, F.; KURU, O.; MEISELMAN,
Os valores da capacidade antioxidante obtidos estão relacionados com H. J.; BASKURT, O. K. Effect of antioxidant vitamin treatment on the time
a concentração dos compostos fenólicos e das antocianinas presentes course of hematological and hemorheological alterations after an exhausting
na bebida, ou seja, o aumento desses compostos químicos implica no exercise episode in human subjects. J. Appl. P hys. 98 , 1272-1279, 2005.
aumento da capacidade antioxidante. Ainda são contraditórios os 20. MASTALOUDIS, A.; MORROW, J. D.; HOP KINS, D. W.; DEVARAJ, S.;
benefícios do uso de antioxidantes para praticantes de atividade física, TRABER, M. G. Antioxidant supplementation prevents exercise-induced lipid
peroxidation, but not inflammation, in ultramarathon runners. Free Rad. Biol. &
contudo alguns estudos confirmam sua efetividade no combate ao Med. 36, 1329-1341, 2004.
estresse oxidativo (19, 20) e nas respostas anti-inflamatórias (19).
Estas respostas inflamatórias podem alterar a composição do sangue
165
Gastronomia: da tradição à inovação
06114 Desenvolvimento de bolos de chocolate veganos com variações sem glutén para
portadores de doença celíaca
Bruno Lins 1 , Allan Bernardino 1 , Débora Silva 1 , Mônica Silva 1 Nathalia Rocha 1 , Fátima Padilha 2
166
Gastronomia: da tradição à inovação
Fig. 1. Aparência final do bolo com cada tipo de cereal (1- Farinha REFERÊNCIAS:
de trigo branca; 2 Farinha de aveia -; 3-Farinha de arroz; 4- Farinha
de trigo integral) 1. GASSENHEIMER, L. A dieta da porção perfeita: mantenha a
forma comendo até pizza, chocolate e massa. São Paulo: Publifolha,
1 2 2008.
2. SILVA, E.R. Público-alvo dos restaurantes vegetarianos da
cidade de SÃO PAULO: um estudo sobre os hábitos de consumos dos
clientes não-vegetariano. Monografia. Curso de Pós-Graduação Lato
Sensu em Gestão de Negócios Gastronômicos, HOTEC - Faculdade
de T ecnologia em Hotelaria, Gastronomia e Turismo em São P aulo,
2008.
3 4 3. MONT EIRO, L. L. C.; GARCIA, L.G. Veganismo, feminismo e
movimentos sociais no Brasil. Seminário Internacional Fazendo
Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X.
4. NORRIS, J. T ips for New Vegans. Vegan Health Organization
Web site: April, 2014. Disponível em:
<http://veganhealth.org/articles/intro>. Acesso em: 03/06/2016 as
15:00h.
Foram desenvolvidos quatro bolos veganos e funcionais. Nesta 5. VEGET ARIAN MEANS BUSINESS: Market Strategy and
preparação, a utilização de linhaça dourada em preparações Research Report: Jan, 2011. Disponivel em:
vegetarianas é uma importante opção em substituição ao ovo, visto que <http://vegetarianmeansbusiness.com/>. Acesso em: 03/06/2016 as
tal ingrediente dá uma liga muito interessante a bolos e doces e que 14:30h.
substitui muito bem a clara de ovo que está relacionada a capacidade 6. NORRIS, J. Vitamin B12: Are you getting it? Vegan Health
de distensão e de retenção de ar (11). Organization Web site, 2012. Disponível em:
As farinhas de cereais utilizadas em cada bolo proporcionaram de <http://veganhealth.org/articles/vitaminb12>. Acesso em: 03/06/2016
acordo com cada estrutura, as propriedades e capacidades para a as 16:00h.
elaboração de uma liga com capacidade de influenciar a qualidade das 7. ZANDONADI, R. P.; BOTELHO, R. B. A.; ARAÚJO, W. M. C.
respectivas massas, havendo diferenciação de viscoelasticidade entre Psyllium as a Substitute for Gluten in Bread. J. Am. Diet Assoc, v.
elas (12). 109, n. 10, p. 1781 – 1784, October, 2009.
T ambém é importante salientar a importância destes ingredientes na 8. GISSLEN, W. Professional baking. John Wiley & sons, 4 ed.
formação de um produto funcional, visto que estes além das funções 2012. 701 p.
nutricionais irão produzir efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou 9. BOBBIO, F. O.; BOBBIO, P. Introdução à química dos
benéficos à saúde (13). alimentos. São Paulo, Ed. Varela, 2003.
10. HOSENEY, R. C.; WADE, P.; FINLEY, J. W. Soft wheat
CO NCLUSÃO products. In: POMERANZ, Y. Wheat: Chemistry and T echnology. 3.
ed. Saint Paul: American Association of Cereal Chemists, 1988.p.
Há no momento uma tendência crescente em busca da diminuição do 407-456.
consumo de produtos de origem animal, e, portanto, o 11. ARAUJO, W.M.C.; MONTEBELLO, N. P.; BOTELHO, R.B.A.;
desenvolvimento de preparações nesta linha se faz necessário. Além BORGO, L.A. Alquimia dos alimentos. Brasília: Ed. SENAC, 2009.
disso, o crescimento de celíacos e do mercado fitness torna necessário 12. GRISWOLD, R.M. Estudo experimental dos alimentos.
o desenvolvimento de produtos sem glúten. No entanto, é necessário EDUSP/Edgard Blucher, 1972. 469 p.
ainda que se realizem análises sensoriais para saber qual o percentual 13. CURVO, J. A alquimia dos sabores: a culinária funcional. Rio
de aceitação da clientela, afim de que se torne uma opção de Janeiro: Rocco, 2006.
mercadológica.
167
Gastronomia: da tradição à inovação
Kely Avelino 1 , Kelly Foletto 1 , Carolina Murakami1 , Cristina Filgueiras 2 , Eliana Argandoña 2
1 Discente do Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal da Grande Doura dos, kely.avelino@gmail.com
A pinheira (Annona squamosa L.) é fruteira tropical de grande O teste de escala hedônica foi aplicado para avaliar a aceitação dos
importância econômica e sua produção irrigada aumenta a cada ano doces, uma equipe de 48 julgadores não treinada participou da
em várias regiões do Brasil, com destaque para as regiões semiáridas avaliação. As amostras (servidas em copos descartáveis) foram
do Nordeste e Sudeste, gerando emprego e renda para as populações distribuídas em dois blocos completos casualizados com sequências
de vários municípios 1 . numéricas codificadas com números aleatórios de três dígitos. Ao
receber a ficha, os julgadores foram orientados a avaliar o quanto
Os doces e as geleias, além de serem produtos de boa aceitação por gostaram ou desgostaram das amostras em relação aos atributos sabor,
consumidores de todas as idades e estratos sociais são alternativas doçura, aparência, consistência e aceitação global. As notas foram
tecnológicas de aproveitamento de frutos, o que possibilita sua atribuídas numa escala de nove pontos ancoradas nos extremos gostei
comercialização no ano inteiro. Dependendo da matéria-prima, os muitíssimo (9) e desgostei muitíssimo (1) 3 . Além dos atributos
compostos bioativos como vitaminas, pigmentos ou compostos mencionados se solicitou que avaliassem a intenção de compra do
fenólicos em geral, podem ainda estar presentes no produto, doce, caso ele estivesse à venda. T odos os testes sensoriais foram
fornecendo constituintes nutricionais importantes para o ser humano, realizados em cabines individuais com luz branca.
aliados à doçura e cor. Entretanto, problemas de saúde como a
obesidade, diabetes, hipertensão ou mesmo preocupações com a O Índice de Aceitabilidade (IA) do produto foi calculado pela Eq. 01,
estética corporal têm estimulado a pesquisa e o desenvolvimento de em que A é a nota média obtida para o produto e B é a nota máxima
produtos com baixo valor energético 2 . dada ao produto 4 .
Análise estatística
Mate rial e Mé todos
Os resultados foram analisados estatisticamente por análise de
Mate rial variância (ANOVA) ao nível de 5% de significância e o teste de Tukey
foi aplicado para a diferença mínima significativa entre os valores
Pinhas (Annona squamosa L.) e os demais ingredientes foram médios dos tratamentos utilizando o programa STATIST ICA versão
adquiridos no mercado local. 8.0.
168
Gastronomia: da tradição à inovação
Agradecimentos
a a a a a
DMD 6,9 6,8 6,3 6,6 6,6 Aos órgãos financiadores FUNDECT e ao CNPq pelo auxílio
financeiro e ao grupo GEPPAC pela colaboração na realização do
DMC, Doce em massa convencional. DMD, Doce em massa diet trabalho.
A Figura 1 mostra a intenção de compra para os doces em massa de
Referê ncias
pinha convencional e diet. Apesar da maioria dos consumidores (63%)
terem expressado que comprariam o doce convencional e 57% que
comprariam o doce diet. 1. DIAS, N. O. e outros. Influência da poda de produção em ramos de
diferentes diâmetros no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da
pinheira (Annona squamosa L.). Revista Brasileira de Fruticultura,
Figura 1. Intenção de compra do doce em massa de pinha elaborado
vol.25, n.1, p. 100-103,2003.
com sacarose (fórmula convencional) e com sucralose (diet).
2. LOBO, A. R.; SILVA, G. M. L. Aspectos tecnológicos de produtos
de panificação e massas alimentícias com teor calórico reduzido.
Boletim sbCT A, v.37, n.1, p.1-8, 2003.
50
3. DUT COSKY S. D. Análise Sensorial de Alimentos. 2nd ed.
45 Convencional Curitiba: Champagnat; 2007.
40
Diet 4. DUT COSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: DA
35
Julgadores (%)
169
Gastronomia: da tradição à inovação
06143 Avaliação Sensorial de Queijo Petit Suisse com Teor Reduzido de Lactose adicionado de
Polpa de Açaí
Juliane Carvalho 1 , Layane Alves 1 , Davi Albuquerque 1 , Lana Vieira1 , Pedro Melo, Gizele Cruz1
1 Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará, julianedgc@gmail.com
INTRO DUÇÃO A massa produzida foi dividida em duas partes iguais, para elaboração
das formulações, e adicionada de açúcar (10%), creme de leite (5%) e
A intolerância à lactose é definida como a incapacidade parcial ou polpa de açaí (5% e 10%). Os queijos foram embalados e armazenados
completa do organismo em digerir a lactose, açúcar predominante do sob resfriamento à temperatura de 10°C até realização da análise
leite. Essa condição afeta mais de 75% da população mundial (1). sensorial.
Portanto, a oferta de produtos lácteos com teor reduzido de lactose
pode aumentar o consumo desses alimentos, que são importantes Análise sensorial
fontes de cálcio na dieta.
A análise sensorial foi realizada após avaliação da segurança
O queijo petit suisse é um produto lácteo com boa aceitação e público microbiológica das formulações elaboradas. As amostras foram
crescente de consumo no Brasil, embora esse consumo ainda seja codificadas com números aleatórios de três dígitos e servidas aos
pequeno, quando comparados ao de outros países. (2). É um queijo provadores em copos plásticos descartáveis, sob temperatura de
magro com consistência cremosa, obtido pelo processo de coagulação resfriamento, seguindo um delineamento de blocos completos e
mista, podendo ser adicionado de condimentos doces ou salgados (3). balanceados.
Os testes sensoriais foram realizados com 40 provadores não treinados
No Brasil, o produto é consumido como sobremesa e dirigido e voluntários. Foram avaliadas a aceitação global do produto por meio
principalmente ao público infantil (2). Ent retanto, a adição de da escala hedônica de nove pontos (1 = desgostei muitíssimo; 5 = nem
diferentes sabores ao petit suisse pode atrair consumidores de gostei/nem desgostei; 9 = gostei muitíssimo) e a intenção de compra
diferentes faixas etárias. Nesse contexto, polpas de frutas, como o açaí, pelos potenciais consumidores utilizando escala de cinco pontos (1 =
podem ser incorporadas ao produto com a finalidade de conferir Certamente não compraria; 5 = Certamente compraria) (6,7).
características nutricionais e sensoriais diferenciadas. Os dados obtidos na avaliação da aceitação foram submetidos à análise
de variância (ANOVA), para determinação de significância estatística
O açaí, uma fruta típica da Amazônia, possui alto valor energético e dos resultados. As médias obtidas foram comparadas através do teste
teores elevados de fibras, vitamina E, proteínas, minerais e ácidos de T ukey, com nível de significância de 5%. Os resultados também
graxos essenciais. Esse fruto vem chamando a atenção devido ao alto foram avaliados por meio de histogramas de frequência.
teor de antocianinas em sua composição, responsáveis pela coloração
característica da fruta. A presença das antocianinas confere ao açaí RESULTADO S E DISCUSSÃO
elevado poder antioxidante. Além disso, a fruta é considerada uma
importante fonte de pigmentos naturais, que não apresenta efeitos As formulações de queijo petit suisse com teor reduzido de lactose
tóxicos e pode contribuir para a diminuição do uso de pigmentos adicionado de polpa de açaí não apresentaram diferença estatística, ao
sintéticos em outros alimentos (4). nível de 5% de significância, na avaliação da aceitação global. As
médias obtidas pelas amostras A (5% de polpa de açaí) e B (10% de
O objetivo desse trabalho foi elaborar formulações de queijo petit polpa de açaí) foram 7,43 e 7,18, respectivamente. As formulações
suisse com teor reduzido de lactose e verificar a influência da adição obtiveram aceitação satisfatória, uma vez que os valores médios
de diferentes concentrações de polpa de açaí na aceitação sensorial e ficaram entre os pontos 7 e 8 da escala hedônica, referentes a “ gostei
intenção de compra do produto. moderadamente” e “gostei muito”. Portanto, a adição de 5% ou 10%
de polpa de açaí na formulação de queijo petit suisse não interferiu na
aceitação do produto.
Os resultados foram semelhantes aos observados por Veiga et al. (3),
MATERIAL E MÉTO DO S que avaliaram sensorialmente seis amostras comerciais de queijo petit
suisse sabor morango coletadas em supermercados da cidade de
Campinas-SP. Os autores verificaram aceitação das amostras
Elaboração do queijo petit suisse
avaliadas variando entre gostei ligeiramente e gostei muito. Na
pesquisa realizada por Souza et al. (8), que elaboraram queijo petit
As formulações de queijo petit suisse foram elaboradas no Laboratório
suisse sabor morango de baixo valor calórico, avaliando-se diferentes
de Laticínios da Universidade Federal do Ceará. A matéria-prima e
edulcorantes, foram contatados escores médios de aceitação variando
ingredientes utilizados na fabricação dos produtos foram: leite UHT
entre gostei ligeiramente e gostei moderadamente, inferiores aos
sem lactose semidesnatado (Betânia), creme de soja (Soymilke),
observados neste trabalho.
açúcar refinado, polpa de açaí, fermento mesofílico (Lactococcus
Na Figura 1 está apresentada a distribuição das notas atribuídas pelos
lactis ssp. lactis e Lactococcus lactis ssp. cremoris) e cloreto de cálcio,
provadores para avaliação da aceitação global das amostras.
todos adquiridos no comércio local do município de Fortaleza-CE.
Foram elaboradas duas formulações de petit suisse variando o
percentual de polpa de açaí adicionado (A: 5% de polpa e B: 10% de
polpa), segundo metodologia recomendada por Albuquerque (5).
170
Gastronomia: da tradição à inovação
Fig. 1. Distribuição das respostas dos provadores na avaliação da Fig. 2. Distribuição das respostas dos provadores na avaliação da
aceitação global de queijo petit suisse com teor reduzido de lactose intenção de compra de queijo petit suisse com teor reduzido de lactose
adicionado de polpa de açaí adicionado de polpa de açaí
0,5
70%
0,4 60%
50%
% de respostas
% de respostas
0,3 40%
A 30% A
0,2
B 20% B
0,1 10%
0%
0 5 4 3 2 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 Escala
Escala
A: formulação com 5% de polpa de açaí; B: formulação com 10% de
A: formulação com 5% de polpa de açaí; B: formulação com 10% de polpa de açaí
polpa de açaí
171
Gastronomia: da tradição à inovação
172
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÕ ES REFERENCIAS
O Processamento para obter o sorvete gourmet aromatizado com café 1. ABIS: Estatística de produção e consumo de sorvete no Brasil,
a base do açúcar de coco evidencia que com uma tecnologia simples e http://www.abis.com.br/estatistica_producaoeconsumodesorvetesnob
de baixo custo é possível agregar maior valor nutricional do sorvete, rasil.html, por Associação Brasileira das Indústrias e Setores de
além de contribuir com o setor alimentício, devido o aumento pelo Sorvetes, acessado no dia 04/05/2016.
consumo de produtos de qualidade e com menos teor prejudicial à
saúde. 2. Dicas de Saúde: O s 10 benefícios do café para a saúde,
http://www.saudedica.com.br/os-10-beneficios-do-cafe-para-saude/,
Fig. 1 Resultado do Sorvete Gourmet Saborizado com Café e Tendo publicado em 12 de Junho em 2014, acessado no dia 04/05/2016.
com Base o Açúcar de Coco.
3. ABIC: Desempenho da Produção e do Consumo Interno,
http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=6,
por Associação Brasileira da Industria de Café, acessado no
dia04/05/2016.
173
Gastronomia: da tradição à inovação
06177 Desenvolvimento de nhoque de arroz ao molho de tomate com baixo teor de fenilalanina
174
Gastronomia: da tradição à inovação
acordo com o sexo e idade (11). Esse baixo valor de fenilalanina está do produto. Essa boa aceitação se dá pelo fato do ingrediente principal
associado a não utilização de produtos lácteos, trigo e ovos na da preparação ser um dos componentes da dieta básica da população
elaboração da preparação. A preparação possui valores adequados de mundial, e o Brasil é destaque como principal produtor de arroz entre
sódio, visto que o consumidor irá fazer ingestão de out ros alimentos os países ocidentais (14). Para o atributo sensorial textura, 85,48% dos
que contém este nutriente, de modo a não ultrapassar aos valores provadores atribuíram notas entre os termos gostei moderadamente e
diários de sódio recomendados para cada faixa etária. gostei muito da consistência (Figura 1b). Quanto à avaliação da
Os resultados da análise sensorial estão descritos nos histogramas da impressão global, 87,10% dos provadores atribuíram notas entre os
figura1. termos “gostei moderadamente e gostei muito” (Figura 1b). Para a
avaliação da intenção de compra a preparação obteve nota média
Figura 1- Histogramas de frequência dos escores de aceitação global satisfatória, sendo que 72,58% dos provadores afirmaram que
(aparência, sabor, aroma, textura, impressão global e intenção de provavelmente ou certamente comprariam o nhoque de arroz ao molho
compra) do nhoque de arroz ao molho de tomate com baixo teor de de tomate (Figura 1c). O custo final da preparação foi de R$ 0,35 para
fenilalanina. (Escores de aceitação global: 1-desgostei extremamente; 5- nem gostei/nem a porção de nhoque de arroz ao molho de tomate. PRADO (15),
desgostei; 9-gostei extremamente); (Escores de intenção de compra: 1-certamente não elaborou várias preparações salgadas para fenilcetonúricos, dentre elas
compraria; 3- Não sei; 5- certamente compraria).
uma mini pizza margherita no qual o valor final obtido foi de R$ 0,78
para uma porção equivalente a do nhoque. Portanto, a preparação do
100 presente estudo mostrou viabilidade em relação ao ponto de vista
Frequência (% )
175
Gastronomia: da tradição à inovação
176
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabela 1 – Resultados físico-químicos das três formulações de O atributo aroma mostrou que o sorvete com estabilizante xiloglucana
sorvetes com diferentes estabilizantes. ficou igual à quitosana e goma xantana, sendo que, os sorvetes com
estabilizantes goma xantana e quitosana diferenciou-se entre si, para
Tratamentos os atributos cor, textura, sabor e impressão global, todos os
Parâme tros estabilizantes tiveram uma boa aceitação entre os provadores e obteve
A B C valores superiores ao de Salomão et al.(15) que obteve resultados entre
a a a gostei moderadamente e gostei muito, em sorvetes sabor morango com
Proteínas (%) 4,09 ± 0,62 4,43 ± 0,08 4,50 ± 0,24 características probióticas e prebióticas.
a a
Cinzas (%) 0,64 ± 0,02 0,62 ± 0,01 0,63 a ± 0,01 Para a impressão global, os sorvetes produzidos obtiveram uma boa
aceitação entres os provadores para todas as amostras apresentadas
Umidade (%) 47,00 b ± 1,56 49,62 b ± 0,49 54,39 a ± 1,36 que variou de 7,56 a 8,20.
Lipídeos (%) 6,55 a ± 0,38 6,69 a ± 0,31 7,18 a ± 0,22 CO NCLUSÃO
pH a
7,12 ± 0,00 b
6,76 ± 0,00 6,67 c ± 0,00 Conclui-se que as amostras de sorvete sabor morango com diferentes
estabilizantes, revelaram-se semelhante para os estabilizantes
Carboidratos (%) 41,72 a ± 1,71 38,64 a ± 0,47 33,30 b ± 1,23 xiloglucana e goma xantana, mas que o estabilizante
quitosanamostraram-se com boa aceitação por parte dos provadores
Sólidos totais (%) 53,00 a ± 1,56 50,38 a ± 0,49 45,61 b ± 1,36 para todos os atributos portanto é possível a sua utilização como
A: (Sorvete sabor morango com estabilizante quitosana); B:(Sorvete estabilizantes em sorvetes.
sabor morango com estabilizante xiloglucana); C: (Sorvete sabor
morango com estabilizante goma xantana). AGRADECIMENTO S
Fonte: Autores.
De acordo com a legislação brasileira, os gelados comestíveis devem Ao IFCE, CNPq, CAPES, FUNCAP e a Embrapa Caprinos e Ovinos.
atender os parâmetros mínimos de 28% de sólidos totais, 2,5% de
proteínas do leite e 2,5% de gordura láctea (13). As três formulaçõesde REFERÊNCIAS
sorvetes de morango elaboradas apresentam-se dentro deste padrão, 1. Souza, J.C.B., Costa, M.R.,Rensis. C.M.V.B.,Sivieri, K. Sorvete:
estando assim em concordância com a legislação. Composição, processamento e viabilidade de adição de probióitico.
Não houve diferença entre os estabilizantes em relação aos Alim.e Nutr. 21, 155-165, 2010.
parâmetrosproteínas, cinzas e lipídeos.Para umidade, quando foi 2. Santos, G. G.Processamento, tecnologia e substitutos de sacarose,
utilizado o estabilizante goma xantana o sorvete mostrou-se com o Ensai. E Ciênc.Ciênc. Biológic., Agrár. e da Saúd. 13, 95-109,2009.
valor superior em relação aos sorvetes que foram utilizados os demais 3. Milliatti, M. Estudo reológico de formulações para sorvetes
estabilizantes com média de 54,39%. Para os parâmetros carboidratos produzidos com diferentes estabilizantes, 2013. Dissertação(Mestrado
e sólidos totais os sorvetes que tiveram como estabilizantes a quitosana em T ecnologia em Alimentos) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas
e a xiloglucana obtiveram valores superiores aos sorvetes que foi da Universidade de São Paulo, 2013.
utilizado goma xantana; para o pH todos os tratamentos tiveram 4.Shahidi, F., Arachchi, J. K.V., Jeon, Y. Food applications of chitin
valores diferenciados que variaram de 6,76 a 7,12, no qual, o sorvete and chitosans.T rends Food Sci T ech. 10, 37-51, 1999.
com estabilizante quitosana mostrou-se com o pH superior em relação 5. Canella, K. M. N. C., Garcia, B. R. Caracterização de quitosana por
aos demais. cromatografia de permeação em gel –influência do método de
preparação e do solvente, Quim. Nova. 24, 13-17, 2001.
ANÁLISES MICRO BIO LÓ GICAS
6. Silva, H. S. R. C., Santos, K. S. C. R., Ferreira, E. I.Quitosana:
Não foi detectada a presença Coliformes a 45°C/g e Staphylococcus derivados hidrossolúveis, aplicações farmacêuticas e avanços, Quim.
aureus e Salmonellasp em nenhuma das três amostras de sorvete Nova. 29, 776-785, 2006.
desenvolvidas e realizadas as análises microbiológicas na presente 7. Norte, M. I. de J., Franca, L. G., Almeida, F. G., Oliveira, A. C. M.,
pesquisa, indicando que os sorvetes de sabor morango com diferentes Chaves, M. J. L., Braga, R. C., Silva, M. S. T este do uso de
estabilizantes produzidos encontram-se dentro dos padrões polissacarídeos de Carolina e tamarindo como espessantes de suco de
estabelecidos pela Resolução RDC n° 12 de 02 de janeiro de 2001 da acerola. V CONNEPI. 2010.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária(14). 8. Rottava, I. Seleção de linhagens de Xanthomonassp para produção
de goma xantana. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
ANÁLISE SENSO RIAL Alimentos) – Uviversidade Regional Integrada do Uruguai e das
Na seguinte tabela está exposto os resultados na análise sensorial. Missões, Erechim, 2005.
T odos os sorvete de morango obtiveram aceitação entre 7 e 8 (que 9. Luvielmo, M. M.,Scamparini, A. R. P. Goma xantana: produção,
equivale a gostei moderadamente e gostei muito) para todos os recuperação, propriedades e aplicações, Estud. Tecnologic. 5, 50-67,
atributos sensoriais e em torno de 4 (provavelmente compraria) para 2009.
intenção de compra. 10. Moura, C.,Muszinski, P., Schmidt, C.,Almeida, J.,Pinto, L. Quitina
e quitosana produzidas a partir de resíduos de camarão e siri: avaliação
Tabela 2: Resultados obtidos para os atributos avaliados em análise do processo em escala piloto. Vetor, 16 (1/2), 37-45, 2006.
sensorial com as 3 formulações. 11. Freitas, R.A., Martin, S., Santos, G.L., Valenga, F., Buckeridge,
M.S., Reicher, F.,Sierakowski, M.R. Physico-chemical properties of
Tratamentos
seed xyloglucans from different sources. Carbohyd Polym.60, 507–
Atributos
514, 2005.
A B C 12.ASSOCIAT ION OF OFICIAL ANALYTICAL
6,98 b ± 8,08 a ± CHEMIST S.Official methods of analysis of the Association of
a
Cor 1,43 7,76 ± 1,18 0,95 OfficialAnalytical Chemists.15. ed. Arlington, 1992.
7,53 a ± 7,78 ab ± 7,98 b ± 13. Bligh, E.G., Dyer, W.J. A rapid method of total lipid extraction
Aroma 1,22 1,18 1,07 and purification.Can. J. Biochem. Physiol. 37, 911-917, 1978.
7,72 b ± 8,21 a ± 14. Brasil. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação.
T extura 0,97 8,08 a ± 1,10 0,91 Visa Legis. Resolução RDC n.12, de 02 de janeiro de 2001. A
7,84 b ± 8,28 a ± Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
a
Sabor 1,19 8,20 ± 0,98 0,93 aprova o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para
7,54 b ± 8,20 a ± alimentos. Disponível em:
Impressão global 1,23 8,08 a ± 1,03 0,82 <http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/search.php>Acesso em: 13
Intenção de 3,97 b ± 4,57 a ± maio de 2016.
a
compra 1,02 4,42 ± 0,78 0,63 15. Salomão, J.,Walter, E. H. M., Cardoso, L. C. D., Paula Barros, E.
Amostra A = Morango quitosana; Amostra B = morango xiloglucana B., Leite, S. G. F. Elaboração de sorvete de morango com
eAmostra C = morango goma xantana. características probióticas e prebióticas. Cong. Brasil. de Proc. de Frut.
Letras minúsculas diferentes na mesma linha indicam diferença e Hort. 25, 2013.
significativa (p< 0,05) no teste de T ukey.
Fonte: Autores.
177
Gastronomia: da tradição à inovação
Ana Silva1 , Samara Braga2 , Mayana Gomes 2 , Renata Braga 3 , Samuel Barcelos 1 , Daniele Teixeira-Sá4
INTRO DUÇÃO
Análises físico-químicas
A obtenção do sorvete decorre de uma emulsão estabilizada e As análises físico-químicas realizadas nos sorvetes foram:
pasteurizada, denominada calda, que a partir do congelamento, determinação de umidade (resíduo seco a 105°C), determinação do
agitação (batimento) e a incorporação de ar apresenta-se como uma resíduo por incineração (cinzas), proteínas pelo método de
substancia cremosa, suave e agradável ao paladar das pessoas (1,2). Kjeldahlclássico e pH (4) e determinação quantitativa do teor de
No sorvete, a gordura colabora para gerar uma textura mais suave e lipídeos (5). O teor de carboidratos foi determinado por diferença e
melhora o corpo do produto, ela interage com os outros ingredientes sólidos totais baseado na umidade.
desenvolvendo o sabor, transporta os sabores solúveis em gorduras,
lubrifica a boca e ainda confere cremosidade e estrutura (1). Análises microbiológicas
Os tipos de gordura que são utilizados para fabricação de sorvetes são
a gordura de coco, palma, cacau, algodão e colza. Sendo, a gordura As análises microbiológicas realizadas nos sorvetes foram: coliformes
vegetal hidrogenada a mais utilizada, pois esta substitui a gordura do a 45°C/g, Estafilococos coagulase positiva/g e
leite devido aos baixos teores de colesterol, plasticidade e ainda tem Salmonellasp/25gconforme os requisitos para gelados comestíveis
bom preço (2). estabelecidos pela Resolução RDC nº 12 de 02 de janeiro de 2001 da
O objetivo do presente trabalho foi comparar sorvetes sabor morango Agência Nacional de Vigilância Sanitária (6), utilizando placas
com estabilizante xiloglucana e liga neutra, produzidos utilizando petrifilm (3M Microbiology St. Paul, MN, USA).
diferentes gorduras, a fim de se verificar a influência da substituição
da gordura vegetal hidrogenada pela gordura de palma. Análise sensorial
MATERIAIS E MÉTO DO S Para análise sensorial foi aplicado o teste de aceitação, utilizando-se
escala hedônica estruturada de 9 pontos, onde 9 representava a nota
O btenção do polissacarídeo xiloglucana de Tamarindus indica máxima “gostei extremamente” e 1 a nota mínima “desgostei
extremamente”. Os provadores avaliaram os atributos co r, aroma,
Para a obtenção do polissacarídeo xiloglucana as vagens com as textura, sabor e impressão global. A intenção de compra foi realizada
sementes de Tamarindus indica foram coletadas na região da cidade com escala estruturada de 5 pontos, variando de “certamente
de Sobral. A extração do polissacarídeo foi baseada em metodologia compraria” a “certamente não compraria”.
adaptada por Freitas, (3) onde após precipitação em etanol, filtração a A análise sensorial foi realizada por 120 provadores não treinados com
vácuo, desidratação em acetona, secagem com jato de ar frio e faixa etária entre 18 e 45 anos. O projeto cadastrado na plataforma
moagemaxiloglucana obtido foi guardada em recipiente sob a forma Brasil com o número 50684715.8.0000.5589 foi aprovado pelo comitê
de pó, até o momento do uso. de ética do Instituto Federal de Educação, Ciência e T ecnologia do
Ceará - IFCE com o número do parecer 1378592. As amostras foram
Produção dos sorvetes codificadas aleatoriamente com três dígitos e foram servidas em
embalagens plásticas descartáveis de 50 mL a temperatura de 4°C, em
Os sorvetes sabor artificial de morango foram produzidos em três cabines individuais e oferecidas monadicamente na forma de blocos
tratamentos, modificando-se o estabilizante e o tipo de gordura completos casualizados. As amostras foram acompanhadas de biscoito
utilizados, sendo: tratamento A (estabilizante xiloglucana e gordura de água e sal, água e da ficha de avaliação e T CLE.
palma), tratamento B (estabilizante xiloglucana e gordura vegetal T odas as análises foram realizadas em triplicata.
hidrogenada), tratamento C (estabilizante liga neutra e gordura vegetal
hidrogenada). Análises dos resultados
Os ingredientes para produção dos sorvetes, excetuando a xiloglucana,
foram adquiridos no comércio da cidade de Sobral - CE. Os resultados foram analisados por meio de Análise de Variância
Antes de iniciar a produção dos sorvetes, todos os equipamentos e (Anova) e para comparação das médias utilizou-se o teste de Tukey,
utensílios, foram higienizados em água clorada a 250 ppm, seguindo- p<0,05 por meio do programa Statistica 7.0 para os parâmetros físico-
se da pesagem dos ingredientes secos e do leite. químicos e análise sensorial.
Para a produção da calda, primeiramente o leite (66%) foi aquecido a
65°C e logo em seguida foi adicionado a este ingrediente a gordura RESULTADO S E DISCUSSÃO
(6%) e os demais ingredientes secos: selecta cream (8%), sacarose
(13%), glicose em pó (5%), estabilizante (0,2%), o emulsificante Análises Físico-químicas
(0,8%) e misturados em liquidificador por 5 minutos. Após esse
processo a calda foi pasteurizada por 30 min. a 65°C, seguida de A T abela 1 apresenta os resultados das análises físico-químicas
resfriamento em banho de gelo até 10ºC. Seguido por maturação realizadas dos sorvetes produzidos.
overnigh em refrigerador. Após esse processo, a calda foi transferida T odos os parâmetros avaliados nos sorvetes apresentaram diferença
para o compartimento misturador da produtora contínua PP12 Plus estatística a nível de 5% de significância, com exceção de proteínas e
Finamac (Santo André, Brasil) juntamente com o pó saborizante cinzas. Para cinzas, os percentuais obtidos apresentam-se variando de
artificial de morango (1%), onde permaneceu por 5 minutos sob 0,43 a 0,62%, valores inferiores aos encontrados em sorvetes com
agitação. Em seguida procedeu-se com a aeração e congelamento baixo conteúdo de gordura que foram de 1,54 a 1,58% (7).
parcial da calda, finalizando com a obtenção do sorvete pronto. Os O aumento do teor de cinzas significa um maior conteúdo de sais
sorvetes foram embalados em potes de polietileno e imediatamente minerais no alimento, de grande importância para sua qualidade
armazenados -18 °C para posteriores análises microbiológicas, físico- nutricional (8).
químicas e sensoriais. Para proteínas os percentuais variaram (4,43 a 5,07%), mostrando-se
superiores aos de sorvetes com baixo conteúdo de gordura (7) que
178
Gastronomia: da tradição à inovação
variou de 2,87 a 2,90%, e comparando-se com os percentuais 3,50 e Tabela 2 – Resultados da análise sensorial de sorvete sabor morango.
4,22%,verificados em sorvetes artesanais e industriais,
respectivamente comercializados na região de Arapongas – PR (9), T ratamentos
Atributos
onde observa-se a proximidade dos resultados. A B C
De acordo com a legislação brasileira, os gelados comestíveis devem Cor 7,78 ± 1.25 7,29 ± 1,40 7,27 ± 1,17
atender os parâmetros mínimos de 28% de sólidos tot ais, 2,5% de Aroma 7,51 ± 1,26 7,39 ± 1,35 7,49 ± 1,22
proteínas do leite e 2,5% de gordura láctea (10). As três formulações T extura 8,02 ± 1,11 7,90 ± 1,20 7,78 ± 1,08
de sorvetes de morango elaboradas apresentam-se dentro deste padrão, Sabor 8,15 ± 0,96 7,64 ± 1,79 7,73 ± 1,30
estando assim em concordância com a legislação. Impressão global 8,03 ± 0,87 7,73 ± 1,39 7,68 ± 1,06
O sorvete com gordura vegetal hidrogenada e estabilizante Intenção de compra 4,51 ± 0,75 4,25 ± 0,99 4,20 ± 0,69
xiloglucana (amostra B) apresentou diferença estatística em relação A: Sorvete sabor morango com estabilizante xiloglucana e com
aos sorvetes com gordura de palma e estabilizante xiloglucana gordura de palma; B: Sorvete sabor morango com estabilizante
(amostra A) e com gordura vegetal hidrogenada e estabilizante liga xiloglucana e com gordura vegetal hidrogenada; C: sorvete sabor
neutra (amostra C), estas duas últimas permaneceram iguais. Em morango com estabilizante liga neutra e com gordura vegetal
sorvete com baixo teor de gordura foi encontrado percentuais de hidrogenada.
1,87%, 3,84% e 5,31%, para sorvetes com leite integral, 2% de
gordura e leite de cabra desnatado, respectivamente (7). Esses valores CO NCLUSÃO
mostram-se inferiores aos obtidos neste estudo.
Para umidade as amostras A e B permaneceram iguais entre si e A utilização de gordura de palma em substituição a gordura vegetal
diferiram da amostra C. Os percentuais variaram de 49,62 a 60,09%, hidrogenada mostrou-se como uma boa alternativa, sendo que a
sendo assim o estabilizante liga neutra conferiu maior percentual de mesma teve boa aceitação por parte dos provadores, igualmente a
água no produto testado, diferente do estabilizante xiloglucana. gordura convencional.
179
Gastronomia: da tradição à inovação
6236 Processamento e Aceitação sensorial de nhoque com biomassa da banana verde utilizando a
farinha de arroz vermelho
M aria Oliveira1, M ônica Cavalcanti2, M ônica Gonçalves 2, Inês Queiroga3, Jaciara Costa1, Neidemarques Vieira1
1 2
Engenheiro(a) de Alimentos pela UFCG, dorielly_@hotmail.com; Professora adjunta UATA/CCTA/UFCG;
3
Doutoranda/PPGCTA/UFPB.
180
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabe la 2 – Resultados sensoriais de nhoque com biomassa da Este resultado comprova que as substituições parciais de farinha de
banana verde utilizando a farinha de arroz vermelho. arroz vermelho integral orgânico (N2 e N3), foram bem aceitas pelos
avaliadores, quando comparada com a formulação somente com
Formulações substituição total de biomassa da banana verde. Em estudo, feito por
Parâmetros N1 N2 N3 CV (% ) Cremer (13), sobre a utilização de uma massa de grãos de soja para
Aparência 6.23 ± 2,02 a 6.16 ± 1,81 a 6.10 ± 1,75 a 30.31 produção de nhoque com características funcionais, apresenta
Aroma 6.76 ± 1,73 a 6.80 ± 1,56 a 6.73 ± 1,44 a 22.49
resultados obtidos da avaliação de atributos, confrontando com alguns
autores onde relatam em seus estudos (14, 15) que o sabor à soja é
Cor 6.23 ± 2,01 a 6.26 ± 1,83 a 6.28 ± 1,69 a 29.71 característica vista como empecilho e formadora de resistência ao
Sabor 6.13 ± 1,89 a 6.05 ± 1,72 a 6.01 ± 1,56 a 28.60 consumo da soja por parte dos consumidores, diante do seu estudo, o
Textura 6.50 ± 1,75 a 6.18 ± 1,86 a 6.06 ± 1,69 a 28.35 atributo sabor à soja foi avaliado como uma das características de
maior preferência. Muitas consumidoras relataram que o sabor era
suave apesar de presente, e que isso era agradável ao paladar.
A principal diferença observada entre o nhoque elaborado com
Analisando a opção dos avaliadores, fica perceptível a possibilidade
biomassa da banana verde e 100% de farinha de trigo, tido como
do desenvolvimento de produtos com substituição parcial de farinha
formulação padrão (N1) e os nhoques com substituição da farinha de
de arroz vermelho integral orgânico como também a substituição total
trigo por farinha de arroz vermelho integral orgânico com 50% (N2) e
com biomassa da banana verde em massas alimentícias, pois além de
75% (N3) foi com relação a cor do produto, uma vez que o arroz
proporcionar características funcionais, não interfere nas
vermelho possui pigmentação, porém sem influencia direta na escolha
características sensoriais, como também por ser um alimento saudável
pelos provadores.
e de fácil acesso.
A intenção de compra pode estar relacionada à amostra que obtiver
melhor aceitação na escala hedônica, utilizando escala de 5 pontos
onde o valor 1 corresponde a certamente compraria e 5 para CO NCLUSSÕ ES
Conforme os experimentos realizados e resultados obtidos nas analises
certamente não compraria (8,11). Observamos na Figura 1, que a
sensoriais, conclui–se que as três formulações elaboradas obtiveram
formulação N2 (50%) foi a que obteve maior percentual de intensão
aceitação positiva, sendo a formulação N2, com 50% de farinha de
(46%), referente à nota 1 “certamente compraria”. Este resultado está
arroz vermelho orgânico, a preferida pelos consumidores. Portanto, o
relacionado à aceitabilidade do produto avaliado. Já a formulação N1
nhoque a base de biomassa da banana verde e farinha de arroz
(padrão) foi a que obteve menor nota percentual 5 (44%), referente a
vermelho integral orgânico é considerado uma boa opção para
“ certamente não compraria”, relacionando a rejeição do produto
consumo, podendo ser sugerido para outras formulações, com as
avaliado.
mesmas ou diferentes concentrações.
Figura 1 – Porcentagem de intenção de compra para as amostras de
nhoques padrão (N1) e com substituição parcial de farinha de arroz 1. SOUZA, F. F.; Alcântara, D. G. G. A produção de arroz vermelho no Vale do
P iancó e as ações de políticas públicas para o setor – Um Estudo de Caso sobre
vermelho integral orgânico N2 (50%) e N3 (75%). o munc.deSantan. Garrot – P B. p. 2, JP , 2012.
Intenção de compra 2. ABIMA. Estatísticas - mercado nacional de massas, 2012.
40% 3. AKILLIOGLU, H. G.; YALCIN, E. Some quality characteristics and
nutritional properties of traditional egg pasta (Erişte).Food Science and
avaliadores
Núm ero de
N3
0%
181
Gastronomia: da tradição à inovação
Suênia Félex1 , Suênia Gonçalves 2 , Randerson Lucena 2 , Esmeralda dos Santos 3 , Yuri Ishihara 3 , Ricardo Moreira 3
1 Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, UFPB
2 Bolsistas PIVIC/PIBIC CNPq e Alunos de Graduação em Engenharia de Alimentos, UFPB
3 Professores Doutores do Departamento de Engenharia de Alimentos, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da
Paraíba
sueniasamarasf@hotmail.com
182
Gastronomia: da tradição à inovação
183
Gastronomia: da tradição à inovação
06256 Elaboração
e análise sensorial de hambúrgue r bovino utilizando amido da banana verde
(Musa AAB, ‘Prata’) como substituto parcial de gordura.
Neidemarques Vieira 1 , CybelleOliveira-Dantas 2 , Mônica Cavalcanti3 , Estefânia Garcia 4 , Íris Araújo 5 , InêsQueiroga 6
1 Engenheiro
de Alimentos pela UFCG, neidemarquescasimiro@hotmail.com ; 2 Professora Adjunta, DGTA/CCHSA ,
UFPB; 3 Professora
Adjunta, UATA/CCTA, UFCG; 4 Professora Assistente, DG/CTDR, UFPB; 5 Professora Assistente,
DGTA/CCHSA, UFPB; 6 Doutoranda/PPGCTA/UFPB.
184
Gastronomia: da tradição à inovação
hambúrgueres se deu por contato das amostras com a chapa em ambos “possivelmente comprariam”, respectivamente, as formulações H2 e
os lados, em grill a temperatura de 170°C (± 2°C). H3, sendo esses produtos também muito bem aceitos.
Os dados obtidos foram analisados por Análise de Variância
(ANOVA) com delineamento em blocos com repetição, onde se CO NCLUSÃO
obteve a média, desvio padrão e coeficiente de variação (Tabela 2). As
médias foram submetidas ao teste de comparação de médias, pelo teste Os resultados deste estudo, através da análise sensorial, confirmam o
de T ukey, ao nível de significância de 5% utilizando o programa potencial tecnológico do amido nativo da banana verde (Musa AAB,
estatístico ASSIST AT versão 7.7 beta (pt) (12). ‘Prata”) como substituto parcial de gordura para elaboração de produto
cárneo tipo hambúrguer bovino, constituindo um produto de
qualidade, sem acarretar prejuízos as principais características
RESULTADO S E DISCUSSÃO sensoriais, além de ser mais saudável e reduzir custos na produção.
185
Gastronomia: da tradição à inovação
186
Gastronomia: da tradição à inovação
valor superior ao determinado por Pinho et al. (2011) (7) que obteve As análises físico-químicas indicaram que o recheio de pastel com
2,07%. 50% de fibra de caju e 50% de frango (F2) apresentou melhor
Os resultados de proteína estão coniventes com o teor proteico de resultado em termos de vitamina C e segundo maior valor em
frango nas formulações, sendo superior em FP, seguido por F2, F3 e proteínas, quando comparado as outras duas formulações (F1 e F3), o
F1, em ordem decrescente. que torna interessante o seu consumo como alternativa de auxílio para
As T abelas 2 e 3 demonstram os resultados obtidos com relação aos suprir as necessidades desses nutrientes.
atributos sensoriais das formulações, em relação a todos os parâmetros As análises sensoriais demonstraram não haver diferença estatística
avaliados como aparência, cor, aroma, sabor, textura, preferência e em nenhum dos parâmetros avaliados – aparência, cor, aroma, sabor e
atitude de consumo. Os resultados demonstram que a amostra F2 se textura – com notas variando entre 7 e 8, o que afirma que as
sobressaiu em relação às demais no atributo aroma, com 48,1% formulações desenvolvidas com resíduos de caju obtiveram uma boa
(T abela 3). No atributo cor, as amostras F2 e F3 se sobressaíram aceitação.
melhor em relação à F1, obtendo ambas 48,34%. A amostra F3, se
sobressaiu em relação às demais amostras nos atributos aparência
(51,67%), sabor (49,8%) e textura (46,5%). Em termos de preferência REFERÊNCIAS
e atitude de compra (AC), os resultados das amostras não
demonstraram diferença estatística em relação as notas atribuídas 1. LEITE, L. A. S. A agroindústria do caju no Brasil: políticas públicas
pelos provadores, nivelando todas as formulações. e transformações econômicas. 1994. 176 f. T ese (Doutorado em
Economia) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1994.
T abela 2. Médias dos atributos sensoriais de pasteis recheados com 2. PINHO, L. X. et al. Desidratação e aproveitamento de resíduo de
pedúnculo de caju pedúnculo de caju como adição de fibra na elaboração de hambúrguer.
Alimentos Nutrição, Araraquara. v. 22, n. 4, p. 571-576, out./dez.
Parâmetros* Atributos sensoriais 2011.
F1 F2 F3 DMS
Aparência 7,95 a 7,76 a 8,01 a 0,629 3. OLIVEIRA, L. F. et al. Aproveitamento alternativo da casca do
Cor 7,91 a 7,86 a 7,88 a 0,554 maracujá-amarelo (Passifl ora edulis F.Flavicarpa) para produção de
Aroma 7,53 a 7,80 a 7,71 a 0,574 doce em calda. Ciência e T ecnologia de Alimentos, Campinas, v. 22,
Sabor 7,66 a 7,98 a 7,80 a 0,655 n. 3, p. 259-262,2002.
T extura 7,71 a 7,66 a 7,85 a 0,603
F1: 100% bagaço de caju; F2: 50% de bagaço de caju + 50% frango; F3: 60% 4. PAIVA, A. P. Estudos tecnológico, químico, físico-químico e
de bagaço de caju + 40% frango. sensorial de barras alimentícias elaboradas com subprodutos e
resíduos agroindustriais. 2008. 164 p. Dissertação (Mestrado em
T abela 3 - Médias dos atributos dos recheios dos pasteis com 100% de Ciências dos Alimentos)- Universidade Federal de Lavras, Lavras,
fibra (F1), 50% de frango e 50% de fibra (F2) e com 60% de fibra e 2008.
40% de frango (F3).
5. INST IT UTO ADOLFO LUT Z. Normas analíticas do Instituto
Parâmetros F1 F2 F3 Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análises de alimentos.
4. ed. São Paulo, 2005. v. 1, 279-320 p.
Aparência 43,33% 40,00% 51,67%
(8) (9) (9)
6. SILVA, F. A. S. Assistat versão 7.6 beta (2015). Disponível em:
Cor 40,00% 48,33% 48,33%
(8) (9) (9) <http://www.assistat.com/> Acesso em: 08 mai.2015
Aroma 38,20% 48,33% 39,80%
(9) (9) (9) 7. PINTO, L. X. et al. Desidratação e aproveitamento de resíduo de
Sabor 39,80% 48,10% 49,80% pedúnculo de caju como adição de fibra na elaboração de
(8) (9) (9) hambúrguer. Alimentos Nutrição, Araraquara. v. 22, n. 4, p. 571-576,
T extura 36,50% 34,90% 46,50% out./dez. 2011.
(9) (9) (9)
Notas entre parênteses.
8. BARROS, N. V. A, et al. Elaboração de hambúrguer enriquecido
com fibras de caju (Anacardium occidentale L.). B.CEPPA, Curitiba,
CO NCLUSÕ ES v. 30, n. 2, p. 315-325, jul./dez. 2012
Os resultados afirmam a viabilidade da produção de recheios de
pasteis utilizando o resíduo do bagaço de cajus.
187
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO média de todas as notas obtidas, para cada atributo, pela nota máxima
obtida, em cada atributo (5).
Os produtos de panificação estão presentes no dia-a-dia dos O T este de Escala do Ideal (4), onde os provadores indicaram através
brasileiros, uma vez que a panificação é um dos maiores e mais de uma escala estruturada de nove pontos (-4 = extremamente menos
importantes ramos industriais do país, o qual atingiu um índice de forte que o ideal; 0 = ideal; +4 = extremamente mais forte que o ideal)
crescimento de 2,7% em 2015, com um faturamento de R$: 84,7 o quão próximo do ideal estavam às amostras com relação aos
bilhões. Além disso, o setor de panificação e confeitaria contribui atributos: doçura, textura e sabor de chocolate.
consideravelmente com a economia do Brasil por gerar Já o T este de Intenção de Compra de cinco pontos: (1 - certamente não
aproximadamente 818 mil empregos diretos e 1,8 milhão de forma compraria; 2 – provavelmente não compraria; 3 - talvez
indireta. (1). comprasse/talvez não comprasse; 4 – provavelmente compraria; 5 -
O consumo e a comercialização de bolo no Brasil vêm crescendo, certamente compraria) (4), foi realizado a fim de que os provadores
principalmente com a tendência de alimentos prontos para consumo. indicassem sua intenção de compra caso o produto estivesse à venda
Onde, de acordo com estudo realizado pela KantarWorldPanel (2), a em supermercados.
categoria de bolos prontos para consumo estava presente em 41% dos
lares brasileiros em 2011, mas subiu quatro pontos percentuais em Análises estatísticas
apenas um ano, passando para 45% em 2012, o que significa que mais
de 2 milhões de famílias passaram a comer bolo pronto. Sendo este o Os resultados obtidos com os testes de Escala Hedônica e Intenção de
setor que mais cresceu entre os derivados de t rigo, segundo os Compra foram avaliados por análise de variância (ANOVA), para
pesquisadores. saber se existe preferência ou rejeição significativa entre as amostras
Desse modo, a fim de atrair o mercado consumidor, tanto as empresas e para comparação entre as médias o teste utilizado foi o teste de
de pequeno porte, como as indústrias de grande escala estão, cada vez T ukey, com 95% de confiança, utilizando-se o Software ACT ION.
mais, buscando diversificações de bolos, sabores, texturas, recheios e Os resultados da coleta de dados do Teste do Ideal foram analisados
de produtos semelhantes aos bolos, como os brownies (3). por frequência, utilizando-se o Software Excel® (versão 2010).
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo a
elaboração de brownies de chocolate branco e de brownie misto RESULTADO S E DISCUSSÃO
(chocolate mais chocolate branco), a partir da formulação de brownie
de chocolate tradicional, com o propósito de diversificar este tipo de O perfil de idade prevalente entre os provadores foi entre 19 e 25 anos,
produto e atrair mais consumidores. Além de avaliar sensorialmente dentre os quais 60% eram mulheres e os outros 40%, homens.
as novas formulações de brownie, em comparação com a formulação
de chocolate tradicional, a fim de avaliar a aceitação dos novos Escala Hedônica
produtos.
Conforme os dados apresentados na Tabela 2 observa-se que todas as
MATERIAL E MÉTO DO S amostras, em todos os atributos, obtiveram notas médias superiores a
cinco, correspondendo à zona de aceitação, conforme a escala
Amostras hedônica de nove pontos (4).
Não se verificou diferença significativa entre as amostras (p<0,05)
As amostras testadas foram formuladas a partir do produto já existente para os atributos sabor, textura e impressão global.
(brownie de chocolate tradicional), sendo testadas formulações com a
inclusão do chocolate branco como substituinte total ou parcial do Tabela 3 - Resultados do Teste de Escala Hedônica.
chocolate comum (ao leite e meio amargo). Conforme apresentado na Atributos sensoriais
T abela 1. Amostra
Impressã
s Cor Aroma Sabor T extura o Global
Tabela 2 - Formulações das três amostras de brownies.
Amostras Formulações A 7,95 a 8,07ª 7,38ª 7,53ª 7,52ª
A Brownie de chocolate tradicional B 6,62b 7,52 ab 7,77ª 7,9ª 7,6ª
B Brownie de chocolate branco C 6,5 b 7,42 b 7,48ª 7,32ª 7,38ª
C Brownie misto (chocolate mais chocolate branco)
Índice de Aceitabilidade
Análise Sensorial
Para uma boa repercussão o Índice de Aceitação deve ser superior a
Os testes foram realizados no Laboratório de Análise Sensorial do 70% (5), desse modo pode-se observar que as amostras obtiveram boa
Departamento de T ecnologia de Alimentos, da Universidade Federal aceitação em todos os atributos (Figura 1).
do Ceará, com 60 provadores voluntários não treinados, os quais foram
solicitados a preencher um termo de consentimento livre e esclarecido
a fim de garantir o caráter voluntariado da pesquisa.
Foi realizado o T este de Escala Hedônica de 9 pontos (4), a fim de
avaliar a aceitação das amostras, onde foram expressos o grau de
gostar e desgostar do produto em escala decrescente (9 – gostei
muitíssimo; 8 – gostei muito; 7 – gostei moderadamente; 6 – gostei
ligeiramente; 5 – nem gostei, nem desgostei; 4 – desgostei
ligeiramente; 3 – desgostei moderadamente; 2 – desgostei muito; 1 –
desgostei muitíssimo), nos atributos: cor, aroma, sabor, textura e
impressão global.
Com base nos resultados obtidos com o Teste de Escala Hedônica foi
calculado o Índice de Aceitabilidade das amostras, através da
188
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 1 - índices de Aceitabilidade para os atributos avaliados na considerado o sabor de chocolate muito menos forte que o ideal,
Escala Hedônica. conforme é ilustrado na Figura 4.
Escala do Ideal
CO NCLUSÕ ES
189
Gastronomia: da tradição à inovação
06288 Obtenção e Avaliação Sensorial de Polpa de Manga Artesanal com Adição de Mel Puro e
Composto
Thamyres Sousa¹, Danielle Severo², Geórgia Cunha¹, Maria Soares¹, Yaroslávia Paiva¹, Bruno Meireles ¹
190
Gastronomia: da tradição à inovação
(certamente não compraria) até 5 (certamente compraria).Análise T abela 2: Resultados da análise sensorial das polpas de manga com
estatística adição de mel puro e composto.
Formulações
Os dados obtidos neste estudo foram submetidos à Análise de
Variância (ANOVA), onde se obteve a média e desvio padrão. Os Atributos PC PP
resultados foram então submetidos a testes de comparação de médias,
pelo teste de Tukey, ao nível de significância de 5%, utilizando para a a
Aparência 7,76 ±1,82 7,45 ± 2,13
isto, o programa estatístico ASSIST AT versão 7.7 beta (pt).
As amostras foram codificadas para melhor entendimento sendo elas: Sabor 7,05 a ± 2,42 6,90 a ± 2,31
PC – polpa de manga com mel composto e PP – polpa de manga com
mel puro. T extura 7,47 a± 2,30 7,13 a± 1,66
Foi observado durante o período de análises que a amostra PP (com
adição de mel puro) ao permanecer em temperatura ambiente sofreu
um processo de escurecimento enzimático, o que não ocorreu com a Intenção de 4,10 a± 2,19 3,88 a±2,10
amostra PC (com adição de mel composto) isso se deve a compostos Compra
contidos na própolis do mel composto, que agem como antioxidantes Pc: (polpa de manga com mel composto); PS: (polpa de manga com
retardando assim o escurecimento, ou seja, aumentando a vida útil da mel puro) Médias de 80 repetições seguidas dos respectivos desvios
polpa de manga. padrões. Letras iguais na mesma linha não diferem entre si pelo teste
As amostras de polpas de manga formuladas foram submetidas à de T ukey a 5% de significância.
verificação das condições higiênico-sanitárias e os dados obtidos estão
expostos na T abela 1. Pode-se observar na Tabela 2 que as médias dos experimentos nos
diferentes atributos analisados diferiram estatisticamente entre si ao
T abela 1: Qualidade Microbiológica das polpas de manga com adição nível de 5% de significância apenas quanto ao atributo aroma, isso se
de mel puro e composto. deve aos compostos fenólicos presentes na própolis Contudo, os
Formulações valores médios dos atributos variaram de 6,17 a 7,93, equivalentes aos
Parâmetros termos hedônicos de “gostei ligeiramente” a “gostei regularmente”.
microbiológicos PC PP Padrão* Dentre as formulações, a com adição de mel composto apresentou
Coliformes a 35 0,36x10¹ 1,1x10¹ - melhor aceitação em todos os atributos avaliados.
°C (NMP/g) Os pesquisadores em desenvolvimento de produto precisam saber não
Coliformes a 45 0,36x10¹ 1,1x10¹ 1,0 x10 2 só o grau de aceitabilidade global, mas também o que os consumidores
°C (NMP/g) gostam ou desgostam no produto, e como esses atributos podem ser
Bolores e Ausente Ausente - modificados para aumentar a aceitabilidade (6).
Leveduras (UFC/g)
Salmonella sp/25g Ausente Ausente Ausente
em 25g CO NSLUSÃO
*Padrão da Portaria n° 146 de 1996 (BRASIL, 1996)
(NMP) – Número Mais Provável; (UFC) – Unidades Formadoras de Colônias. As amostras de polpa com adição de mel elaboradas podem ser uma
alternativa viável em substituição do açúcar ao atribuir um sabor
Com base nos valores verificados e ao compararmos com os padrões adocicado ao produto.
expostos na tabela acima, percebemos que quanto às contagens de T odas as amostras elaboradas nesta pesquisa estão dentro dos padrões
coliformes a 35 e a 45 °C todas as formulações estão dentro dos exigidos pela legislação diante as características microbiológicas.
padrões exigidos pela legislação além disso, não foi verificada a As duas formulações de polpa de manga avaliadas tiveram boa
presença de Salmonella sp., Bolores e Leveduras. Portanto as polpas aceitação pelos provadores, sendo a formulação PC (com adição de
de manga com adição de mel puro e composto atendem as exigências mel composto) a mais aceita. T odas as amostras apresentaram cor,
da legislação e os resultados afirmam que o emprego de boas práticas sabor, aroma, aparência e textura característica do produto.
de fabricação e higiene na manipulação de matérias-primas e
utensílios foram efetivos, estando assim aptas para a avaliação
sensorial.
REFERÊNCIAS BIBLIO GRAFICAS
Análise Sensorial 1. BRASIL. Leis, Decretos, etc. Instrução Normativa nº 1, de 7 jan.
2000, do Ministério da Agricultura. Diário Oficial da União, Brasília,
Os resultados médios das notas com seus respectivos desvio-padrão, n. 6, 10 jan. 2000. Seção I, p. 54-58. Aprova os Regulamentos
atribuídas pelos provadores a cada amostra de polpa, em relação aos T écnicos para fixação dos padrões de identidade e qualidade para
atributos aparência, cor, aroma, textura, sabor e Intenção de compra polpas e sucos de fruta.
estão expressos na T abela 2. 2. SERAFIN, L.C. Implementação da Ferramenta “Boas Práticas de
Fabricação” na Produção de Polpas de Fruta. Dissertação para
obtenção do grau de mestre. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
2009.
3. GARCIA, A.; SOT O, D.; ROMO, C. La miel de abejas:
composicion química, propiedades y usos industriales. Rev. Chil.
Nutr., v. 14 , n. 3, p. 183-191, 1986.
4.IOIRICH, N. P. As abelhas farmacêuticas com asas. 2. ed. Moscovo:
Mir, 1986.
5.SILVA, N.; JUNQUEIRA, V.C.A.; SILVEIRA, N.F.A.;
T ANIWAKI, M.H.; SANT OS, R.F.S.; GOMES, R.A.R. Manual de
métodos de análise microbiológica de alimentos e água. 4ª edição. São
Paulo: Livraria Varela, 2010 a.
6.CARDARELLI, H. R. Desenvolvimento de queijo petit suisse
simbiótico. São Paulo, 133p, 2006.
191
Gastronomia: da tradição à inovação
1 Acadêmicos do curso de graduação em Engenharia Agronômica – Universidade Federal do Vale do São Francisco,
souza.coelho.18@gmail.com.
2 Dr.a em Engenharia Agrícola, Colegiado de Engenharia Agronômica - Universidade Federal do Vale do São Francisco,
karla.smsousa@univasf.edu.br
192
Gastronomia: da tradição à inovação
RESULTADOS E DISCUSSÃO (5) observaram em iogurte saborizado com polpa de acerola valores
Na T abela 1 têm-se os valores médios e os desvios padrão dos de ácido lático próximos de 0,72g/100 mL para a concentração de 2%
parâmetros avaliados para a polpa de acerola in natura. Analisando os de polpa e 0,77g/100mL para a concentração de 6% de polpa de
dados experimentais verifica-se que todos os valores obtidos através acerola.
das análises físico-químicas estão de acordo com o Regulamento
T écnico para Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Os valores de vitamina C dos iogurtes variaram de 206,36 mg/100mL
Polpa de Acerola (13) que estabelece valores de sólidos solúveis, a 240,97 mg/100mL, para as concentrações de 8% e 10%
mínimo de 5,50 ºBrix, a 20ºC; pH mínimo de 2,80; acidez titulável, respectivamente, não diferindo estatisticamente entre si, sendo
mínimo de 0,80 g de ácido cítrico/100g; e, ácido ascórbico, mínimo de constatado também que ambas as formulações podem ser consideradas
800 mg/100g. uma excelente fonte quando à Ingestão Diária Recomendada (IDR) de
vitamina C é de 45mg para um adulto, conforme (16).
Tabela 1. Avaliação físico-química da qualidade da polpa de acerola
utilizada na elaboração do iogurte. CO NCLUSÃO
Parâmetro Média ± Desvio Padrão Os iogurtes probióticos elaborados com diferentes concentrações de
acerola (8 e 10%) atendem as especificações técnicas recomendadas,
pH 3,01±0,05 destacando-se a quantidade elevada de vitamina C.
193
Gastronomia: da tradição à inovação
06292 Elaboração e composição centesimal de queijo tipo cottage adicionado de óleo de pequi
(Caryocar coriaceum Wittm.)
Otília Borges 1 , Ídila Araújo 2 , Iana Pereira3 , Aline Silva 3 , Juliane Carvalho 4 , Socorro Gaban 4
¹Docente, Curso Técnico em Alimentos e Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do
Ceará–IFCE/Campus Ubajara, otiliamonica@gmail.com
2
T écnica, Dra. Embrapa Agroindústria T ropical
3
Discente, Mestranda Departamento de T ecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará-UFC
4
Docente, Dra. Departamento de T ecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará-UFC
T endo em vista a importância econômica do óleo de pequi (C. Foram realizadas análises de gordura, proteína e umidade (9).
coriaceum) para a região do Cariri, além de sua constituição ser, em
sua maioria, por ácidos graxos, o presente estudo buscou elaborar um RESULTADO S E DISCUSSÕ ES
queijo que pudesse ser incorporado pelo óleo. Para isso, foi T abela 1 – Valores médios dos teores de proteína, gordura e umidade
selecionado o queijo Cottage por tratar-se de um queijo desnatado e, do queijo tipo Cottage adicionado de óleo de pequi.
em seu preparo, ter a possibilidade de se incorporar uma gordura extra
na quantidade desejada através de um creme que é incorporado à sua Formulações Gordura Proteína Umidade
formulação, o dressing.
(n=3) (n=5) (n=3)
O queijo Cottage é obtido por coagulação ácida que pode ser realizada
pela adição direta de ácido ou bactérias láticas que o produzem (4). F1 (O 7%; E 1%) 7,48 ± 0,01 d 19,70 ± 0,34 a 68,93 ± 0,24 c
Apresenta uma quantidade reduzida de gordura, que é adicionada à
parte durante o seu preparo, o dressing. Este é um líquido cremoso F2 (O 7%; E 2%) 7,58 ± 0,01 d 21,02 ±1,71 a 65,18 ± 0,47 a
composto de creme de leite, o qual é adicionado ao queijo com o
F3 (O 13%; E 1%) 13,33 ± 0,20 c 18,81 ± 1,02 a 62,44 ± 0,31 f
objetivo de proporcionar melhor textura e sabor. A massa do queijo
fica imersa no creme de leite, podendo este ser adicionado de
F4 (O 3%; E 2%) 13,16 ± 0,03 c 20,61 ± 1,69 a 61,94 ± 0,11 ef
espessante, estabilizante e fermentos láticos (5). A proporção do creme
dressing adicionada à massa do queijo é variada, para se obter um teor
F5 (O 5,75%; E 1,5%) 5,66 ± 0,03 b 21,26 ± 0,78 a 68,18 ± 0,06 c
mínimo de gordura de 4% e um teor de umidade não superior a 80%.
MATERIAIS E MÉTO DO S F8 (O 10%; E 2,20%) 10,09 ± 0,03 f 18,80 ± 1,38 a 66,54 ± 0,24 d
Elaboração do queijo
O leite utilizado no processamento do queijo tipo Cottage foi F9 (O 10%; E 1,5%) 10,46 ± 0,40 f 18,56 ± 0,72 a 66,47 ± 0,46 d
desnatado (0,23% de gordura) e pasteurizado (63ºC/30min). A
elaboração foi iniciada com o preparo da massa. O leite foi submetido F10 (O 10%; E 1,5%) 10,47 ± 0,37 f 18,58 ± 0,49 a 61,92 ± 0,19 ef
a aquecimento e, ao atingir temperatura de 85°C, foi adicionado ácido
lático (1% em relação ao volume do leite), mexendo lentamente a F11 (O 10%; E 1,5%) 10,88 ± 0,03 f 18,75 ± 0,34 a 64,06 ± 0,01 b
mistura. Após a incorporação do ácido, ocorreu a coagulação do leite,
que foi aquecido até temperatura de 95ºC, sendo então retirada a fonte Fonte: Elaborado pelo autor.
de calor. Em seguida, a massa foi deixada em repouso por 30 minutos.
Logo após, a massa floculada foi retirada com auxílio de peneira e F: formulação; O: óleo de pequi; E: emulsificante. Os resultados foram
lavada três vezes com água na temperatura de 20ºC, 10ºC e 5ºC, apresentados como média ± desvio padrão. As médias seguidas pela
respectivamente. Após a lavagem, a massa foi drenada e mantida em mesma letra (a, b, c, d, e, f) não diferem estatisticamente entre si, na
194
Gastronomia: da tradição à inovação
mesma coluna, pelo teste de T ukey ao nível de 5% de significância que variou de 5,75% a 14,24%, aumentando o teor de gordura e,
(p≤0,05). consequentemente, diminuindo a umidade do produto.
195
Gastronomia: da tradição à inovação
Refrigerante é a bebida gaseificada, obtida pela dissolução, em água Após retiradas da refrigeração e alcançarem a temperatura ambiente,
potável, de suco ou extrato vegetal de sua origem, adicionado de a bebida pasteurizada foi encaminhada para o Laboratório de Análise
açúcar. O refrigerante deverá ser obrigatoriamente saturado de dióxido de Alimentos do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias da
de carbono, industrialmente puro (1). Universidade Federal da Paraíba para realização dos processos de
O homem teve seu primeiro contato com a cana-de-açúcar em Papua, clarificação e filtração a vácuo. Foram realizados dois métodos
Nova Guiné, que o homem teve seu primeiro contato com a muda de distintos de clarificação: clarificação por sulfitação (CS) e clarificação
uma planta com a essência de seu doce chamado de cana -de- açúcar. por calagem (CC).
Após um tempo essa muda foi levada até a Índia, na região do Golfe
de Bengala, de onde os registros mais antigos surgiram das suas Para realização da clarificação por sulfitação utilizou-se o
existências, e benefícios que iriam vir com o tempo (2). Esse produto metabissulfito de potássio, onde pesou-se aproximadamente 0,037g da
inicialmente foi utilizado apenas como uma planta ornamental e que a substância(7) e adicionou-se à 250mL de caldo cana bruta sob agitação
partir de 1532 expandiu-se para as Américas (3). em agitador magnético por 10 minutos, em seguida o produto foi
O caldo de cana ou garapa, considerado um produto altamente colocado em repouso pelo mesmo período de tempo. Na clarificação
nutritivo, de sabor agradável e barato, é comercializado na rua por por calagem, usou-se o hidróxido de cálcio como agente clarificante,
vendedores ambulantes, que possuem moendas para extração (4). para tal preparou-se solução supersaturada de leite de cal e adicionou-
se ao caldo também sob agitação magnética até que se obtive-se pH
Considerando o fato de o Brasil possuir disponibilidade de cana-de- 7,4(8). Após repouso ambas as bebidas passaram por processo de
açúcar e que a garapa tem uma grande aceitação por parte dos filtração a vácuo. As figuras 1 demonstram tais processos.
consumidores de sucos em geral, seria de grande interesse o
desenvolvimento de tecnologias que promovessem a duração do Figura 5: Processo de clarificação
produto por maior período de tempo, proporcionando assim, uma
distribuição comercial por todo território nacional e garantindo
também as condições higiênico-sanitárias do produto (5).
O objetivo principal da clarificação é eliminar a quantidade máxima
de impurezas presentes no caldo de cana-de-açúcar. A purificação visa
à obtenção de um caldo claro, límpido e brilhante, mediante a
coagulação máxima de coloides e a formação de precipitados que
adsorvam e arrastem as impurezas coloidais. Este processo não pode Cor e T urbidez
provocar; a inversão da sacarose, a destruição dos açúcares redutores
e a diminuição da pureza do caldo(6).
O presente trabalho teve por objetivo comparar a eficiência de dois As análises foram realizadas no Laboratório de Análises Físico-
diferentes métodos de clarificação utilizados para clarificar o caldo da Químicas do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, da
cana-de-açúcar para potencial produção de refrigerante. Universidade Federal da Paraíba, Campus III. O produto obtido foi
filtrado em bomba a vácuo e em seguida realizou-se análise de
MATERIAL E MÉTO DO S espectrofotometria. Usou-se comprimentos de onda a 600 e a 750 nm,
sendo o comprimento de onda de maior absorção para quantificação
Obtenção da matéria-prima da intensidade da cor, mas essa deveria ser subtraída da turbidez do
caldo. A turbidez foi determinada pela medida da absorção no
Para a obtenção do produto foram utilizados aproximadamente 30 Kg comprimento de onda a 750 nm em espectrofotômetro(9). Para
de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) da variedade realização da análise transferiu-se 5 mL das amostras do caldo de cana
popularmente conhecida por “cana caiana”, obtida de cultivo próprio com os diferentes tipos de tratamento para uma cubeta, nesse
do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias da Universidade procedimento foram utilizadas três cubetas, onde duas continham
Federal da Paraíba no setor de Agropecuária da instituição. A cana foi caldo de cana e uma utilizava água destilada como padrão de
cortada rente ao solo, no próprio campo de corte foi despalhada referência para zerar a cada leitura.
retirada a parte superior, o ponteiro, por meio de facão.
A cana cortada foi encaminhada ao Laboratório de Bebidas Fermentas
RESULTADO S E DISCUSSÃO
e Destiladas da instituição citada anteriormente, onde foi submetida a
processo de extração para obtenção do caldo em moenda elétrica de
três rolos, marca: Botimetal, modelo: B120AIM. Filtração a vácuo:
O produto obtido passou por uma filtração em tecido de algodão para
que fosse retirada as sujidades mais grosseiras e em seguida
Após serem retiradas do estado de repouso as amostras de caldo da
acondicionadas em garrafas Pets de 2 litros. Ao gargalo dessas
cana com os diferentes tipos de tratamento passaram por filtração a
garrafas foram acondicionados termômetros e a bebida passou pelo
processo de pasteurização lenta (63ºC por 30 minutos), decorrido o vácuo, a figura 2 apresenta o momento em que a bebida era
adicionada a bomba a vácuo:
tempo de 30 minutos as garrafas foram colocadas em banho de água a
temperatura ambiente (25ºC) até estabilização da temperatura e em
seguida colocados sob refrigeração a 18ºC por 24 horas.
196
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS:
197
Gastronomia: da tradição à inovação
06301 Elaboração e Caracterização Físico-Química de Queijo Petit Suísse Light Sabor Umbu
(Spondias tuberosa Arruda Câmara)
Fellipe Oliveira¹, Edite Nascimento¹, Maria Santos¹, Laryssa Lima¹, Neyeli Silva¹, Julianne Portela¹
Obtido através da coagulação do leite pelo uso de coalho e/ou enzimas Devido o petit suisse light de sabor umbu ser um novo produto, não
e/ou bactérias específicas, podendo adicionar outros alimentos (1), o foram encontrados na literatura resultados referentes ao mesmo sabor
Petit Suisse, é uma atrativa opção de consumo à pessoas que buscam para comparação de dados físico-químicos encontrados no presente
alimentos nutricionalmente balanceados e que tragam benefícios a estudo conforme a Tabela 1, todavia, a discussão deste foi feita com
saúde(2). Embora o seu crescente consumo dentre os queijos no Brasil, base em trabalhos encontrados na literatura referentes a queijos do tipo
é notória a predominância de consumo deste entre as crianças (3), dado petit suisse de outros sabores e com outras formulações, bem como
que ressalta a importância de tornar mais popular tal preparação para com a legislação vigente.
consumidores em idade adult a, público com potencial de consumo
comprovado por estudos, e que precisam ser explorado pelos Tabela 1. Características físico-químicas de queijo petit suisse sabor
fabricantes de queijo petit suisse nacional (2,3), fazendo-se conhecer umbu
seus benefícios a saúde e oferecendo variedade de sabores e opções
menos industrializadas a fim de aumentar a aceitabilidade deste queijo Umidade (g.100g-1 ) 75,85±0,28
entre públicos diversos. Cinzas (g.100g-1 ) 0,51±0,04
O umbu (Spondias tuberosa Arruda Câmara) torna-se uma alternativa pH 3,94±0,02
à elaboração de produtos a se popularizar, devido seu intenso uso para Acidez (g.100g-1 ) 0,41±0,0
a produção de variados produtos, assim como fácil acesso e
potencialidade econômica do mesmo que ao ser adicionadO a um As características físico-químicas estão de acordo com a legislação
produto enriquece-o não somente com o sabor mas também agregando vigente (1) e corroboram com demais estudos encontrados na
benefícios a saúde e alcançando com isso novos consumidores (4). literatura.
Visto a importância de agregar o petit suisse a diet a de um maior Notou-se uma queda no pH do produto dado não preocupante visto
número de consumidores adultos, bem como de dar-lhe um novo sabor que a mesma não apresenta valores distantes do pH de 4,2, e que tal
e uma roupagem mais saudável, a fim de com isso populariza-lo entre queda foi evidenciada em demais estudos após a produção do mesmo
adultos também, o presente trabalho objetiva elaborar e fazer a (2).
caracterização físico-química de um queijo t ipo petit suisse de sabor No que diz respeito a umidade o queijo petit suisse light de sabor
umbu. umbu, mostrou-se bastante úmido, dado esperado devido ser uma
característica determinante desse tipo de queijo, superando um pouco
MATERIAL E MÉTO DO S o valor encontrado em queijos petit suisse industrializados de sabores
mais tradicionais, como é o caso do morango (6,7)
A elaboração do queijo petit suisse deu-se no Laboratório de Acidez e cinzas também encontram-se corroborantes com os dados
T ecnologia de Alimentos (LTA), e a caracterização físico-química foi encontrados na literatura (1,2,6,7), evidenciando que o produto está
conduzida no Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos dentro da normatização, sendo assim, uma opção viável a ser lançada
Alimentos (LBBA), ambos da Universidade Federal do Piauí, Campus no mercado.
Senador Helvideo Nunes de Barros (UFPI/CSHNB) localizado na
cidade de Picos-PI. CO NCLUSÕ ES
Foram adquiridos no mercado fornecedor de Picos-PI, e armazenados
segundo indicação do respectivo fabricante, os seguintes ingredientes O produto mostrou-se dentro das exigências requeridas pela respectiva
e suas respectivas proporções: 5 L de leite semi-desnatado UHT, 80g legislação, apresentando-se viável ao consumo, bem como ao seu
de iogurte natural desnatado, 0,3g de coalho, 1,25g de cloreto de lançamento no mercado, visto suas características físico-químicas, seu
cálcio, 400g de açúcar demerara, e 200 ml de polpa de umbu. Em sabor tipicamente brasileiro, e a escolha por desenvolver um produto
relação aos equipamentos, utilizou-se uma estufa a 42°C, um fogão, menos calórico elaborado com leite semi-desnatado e sem adição de
geladeira, balança analítica e 3 panelas, sendo uma com capacidade creme de leite. Podendo dessa forma, tornar-se mais popular para
para 6 L e as demais para 4 L cada. grupos de consumidores de diferentes faixas etárias. Todavia, vê-se
Primeiramente o leite foi distribuído em panelas e aquecido em chama necessário mais estudos a respeito e mais análises para averiguar de
alta até alcançar a temperatura de 42°C, e em seguida adicionou-se o fato a intenção de compra e a aceitação sensorial do público em geral.
cloreto de cálcio, o coalho, o iogurte natural e o açúcar, ambos
previamente pesados em balança analítica. Após a adição destes, AGRADECIMENTO S
misturou-se bem o leite e deixou-se fermentar em estufa a 42°C por
18 horas, onde atingiu o pH final de 4,5. T ranscorrido o tempo, a Agradecemos a Universidade Federal do Piauí, pelo apoio à pesquisa,
coalha foi quebrada e agitada lentamente para liberação do soro e bem como à orientadora professora Julianne Portela, pelo incentivo.
posteriormente submetida ao processo de dessoragem, onde o
processo ocorreu com auxílio de panos estéreis, durante 15 horas em REFERÊNCIAS
geladeira a 5°C. Após dessorada, a massa obtida foi colocada em um
depósito de plástico, onde em seguida, foi adicionada a polpa de umbu 1. MINIST ÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABAST ECIMENTO.
e homogeneizada, obtendo um rendimento final de 2 L. Optou-se por Instrução normativa nº. 53, de 29 de dezembro de 2000. Regulamento
não realizar a lavagem da massa, devido ao pH encontra-se conforme técnico de identidade e qualidade do queijo petit suisse. Diário Oficial
desejado e ao fato de água ser um importante veículo de contaminação. [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 04 jan. 2001. Seção
A ausência de creme de leite deu-se pelo intuito de oferecer ao 1, n. 3, p. 59-61.
consumidor um produto de valor calórico reduzido. Por fim, o petit 2. MARUYAMA, L. Y.; CARDARELLI, H. R.; BURIT I, F. C. A &
suisse light de sabor umbu, foi armazenado em geladeira até a SAAD, S. M. I. T extura instrumental de queijo petit -suisse
realização das análises físico-químicas (5). potencialmente probiótico: influência de diferentes combinações de
gomas. Ciên. T ecno. Alim. 26, 386-393, 2006.
3. VEIGA, P. G. et al. Caracterização química, reológica e aceitação
sensorial do queijo petit suisse brasileiro. Ciênc. Tecnol. Alim. , 20,
349-357, 2000.
198
Gastronomia: da tradição à inovação
4. CAVALCANT I, N.B.; RESENDE, G.M.; BRIT O, L.T. livre de lipoxigenase, enriquecidos com cálcio. Ciên. T ecno. de
Processamento do fruto do umbuzeiro (Spondia tuberosa Arruda Alim. 30, 766-770, 2010.
Câmara). Ciên. Agrotec. 24, 252-259, 2000. 7. - PAIXÃO, M. G., RIBEIRO, O. A. S., FONSECA, R. L.,
5. SÃO PAULO (Estado). Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico- RESENDE, C. P. A., PINTO, S. M., & ABREU, L. R.. Caracterização
químicos para análise de alimentos. São Paulo, 2008. Disponível em: fisico-química de queijos petit -suisse comercializados na região de
http://wp.ufpel.edu.br/nutricaobromatologia/files/2013/07/NormasA lavras-mg e adequação dos rótulos quanto a legislação. Revista do
DOLFOLUT Z.pdf Acesso em: 5 jun. 2016. Instituto de Laticínios Cândido T ostes, 66, 5-12, 2011.
199
Gastronomia: da tradição à inovação
Autores: Masu Portela1 ; Vanessa Cavalcante 2 ; Rute Justino 2 ; Mariane Fontenele 2 ; Patrícia Mesquita 3 ; Júlio Pereira4 .
masuportela@gmail.com
MAT ERIAL E MÉT ODOS Conforme pode ser observado na Tabela 2, os iogurtes controle (T1:
0% de pólen) obtiveram a maior aceitação sensorial, com médias de
Formulação do produto notas a partir de 7,0, porém a adição de 1% de pólen apícola na
formulação T2 não diferiu significativamente (p>0,05) com T1 e
T 3(2% de pólen) em todos atributos sensoriais avaliados. Por outro
Foram desenvolvidos iogurtes naturais potencialmente probióticos
lado, as formulações T1 e T 3 diferiram significativamente entre si em
com geleia de acerola sendo T 1: sem adição de pólen, T 2: adicionado
todos atributos julgados. A amostra T 2, demonstrou boa aceitação
de 1% pólen e T 3: adicionado de 2% pólen (T abela 1). O iogurte foi
sensorial em relação a amostra controle, que não foi adicionada o
obtido através da fermentação lática do leite, pela ação dos
pólen (T 1). Apesar da amostra T3 conter maior quantidade de pólen,
microrganismos Streptococcus salivarius subsp. thermophilus,
ainda apresentou todas as médias das notas acima de 6, demonstrando
Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus, Lactobacillus
aceitação sensorial.
acidophilus e Bifidobacterium oriundos do fermento lácteo BIO RICH
O atributo aroma recebeu menores médias de notas em todas as
®. O leite UHT foi aquecido junto com o leite em pó desnatado (4%)
formulações, principalmente na amostra T3, que apresentou a menor
até atingir 90 ° C em 3 minutos e resfriou-se a 45° C, acrescentado o
nota. Já a textura foi o atributo sensorial que apresentou maior média
fermento (400 mg de cultura para cada 1 litro de leite), e conduzido à
de nota sensorial na formulação T 3(6,90), podendo constatar que o
estufa para fermentação até atingir pH de 4,5, resfriado e armazenado
pólen presente interferiu positivamente na textura.
à temperatura de 7°C. Para a adição da acerola no iogurte fez-se uma
geleia da polpa da fruta, adicionando 1,5 kg de polpa, 600 g de açúcar
cristal, 770 g de pectina de maracujá e 45 ml de limão (ácido cítrico) T abela 2- Média das notas atribuídas pelos julgadores aos parâmetros
sobre cocção até geleificação na proporção polpa/açúcar 0,6/0,4. Para sensoriais avaliados.
a extração da pectina foi utilizado 1kg de maracujá, previamente
higienizado, utilizando apenas o albedo. Foi acrescentada água até Aparência
Formulação Cor Sabor Aroma T extura
cobri-lo sendo levado ao fogo com 50ml de suco de limão, submetida Global
a três sessões de cozimento com 10 minutos de intervalos cada uma, T1 7,31 a 7,35 a 7,00 a 7,61 a 7,46 a
em seguida liquidificada. O pólen desidratado foi adquirido no
T2 7,10 ab 7,08 ab 6,59 ab 7,05 ab 7,05 ab
comércio local em Fortaleza-CE e adicionado aos iogurtes T2 e T3 no b b b b
momento da quebra da coalhada do iogurt e batido. T3 6,60 6,45 6,14 6,90 6,54 b
a,b,c
letras minúsculas sobrescritas iguais, na mesma coluna, não diferem
Avaliação sensorial estatisticamente a 5% (p > 0,05) pelo teste de Tukey .
A avaliação sensorial dos produtos foi realizada por consumidores não Observando a Figura 1 em relação ao índice de aceitação ( IA%)
treinados (n=60), que julgaram o nível de aceitação dos atributos verificamos que as amostras T 1 e T2 apresentaram nos seus atributos
referentes à cor, aroma, sabor, textura e aparência global no sensoriais percentuais acima de 72% ,demonstrando boa aceitação
laboratório de Processamento de Alimentos, do Instituto Federal de sensorial. Esse resultado foi satisfatório, pois para ser considerado um
Educação, Ciência e T ecnologia do Ceará-IFCE-Campus Ubajara. produto aceito quanto suas propriedades sensoriais e ser empregado
Foram servidas 30g de amostra, uma de cada vez em recipiente de em nível industrial o IA mínimo deve ser de 70%( 7). A formulação
polietileno codificados com números de três dígitos. Foi utilizada a T 2 apresentou maior percentual de aceitabilidade nos quesitos cor e
200
Gastronomia: da tradição à inovação
201
Gastronomia: da tradição à inovação
Evanir Santos ¹, Isabel Lima², Gerlane Dantas³, Marília Marques 4, Armenio Silva 5 , Érica Clemente 6 .
¹Bacharel em gastronomia e Segurança Alimentar. Docente do Instituto de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí,
Campus São Raimundo Nonato (IFPI-SRN), evanir.araujo@ifpi.edu.br .
²Tecnóloga em gastronomia pelo IFPI-SRN
³Bacharel em gastronomia e Segurança Alimentar. Docente do IFPI_SRN
4 Bacharel em gastronomia e Segurança Alimentar. Docente do IFPI_Teresina Zona sul
5 Mestre em Química Orgânica, docente IFPI-SRN
6 Tecnóloga em gastronomia pelo IFPI-SRN
Nesse contexto as barras de cereais surgiram como uma opção de Tabela 1. Ingredientes e composição das três formulações da barra
lanche mais saudável, visto que é um alimento rico em fibras, de cereais com adição de farinha obtida do feijão -caupi.
substância essencial para a saúde e que ainda auxilia na digestão,
contudo, ainda possui algumas deficiências nutricionais (2). Formulações das barras de
Para Lobo e Tramonte, a fortificação de alimentos é uma importante Ingredientes
cereais
tática no combate contra algumas deficiências nutricionais (3). O BASE SECA Padrão 5% 10% 15%
enriquecimento desse alimento é uma das alternativas propostas para Farinha de feijão - 35g 70g 105g
combater algumas deficiências nutricionais encontradas nas barrinhas Flocos de arroz 41g 84g 77g 70g
de cereais. Gergelim branco 168g 161g 154g 147g
Linhaça 91g 84g 77g 70g
A farinha de feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) vem se Aveia em flocos 280g 273g 266 g 259g
destacando como uma boa opção de ingrediente enriquecedor, visto Germe de trigo 70g 63g 56g 49g
que é desenvolvida a partir de uma leguminosa nutricionalmente rica. XARO PE AGLUTINANTE
Comumente chamado de feijão-de-corda, o feijão-caupi é uma Mel 770g 770g 770g 770g
excelente fonte de proteínas (23-25% em média) e apresenta os Açúcar Mascavo 350g 350g 350g 350g
aminoácidos essenciais, carboidratos (62%, em média), vitaminas e Água 600 mL 600 mL 600 mL 600 mL
minerais, além de possuir grande quantidade de fibras dietéticas, baixa
quantidade de gordura (teor de óleo de 2%, em média) e não conter T odos os ingredientes foram pesados em balança semi-analítica, os
colesterol. O feijão-caupi é cultivado principalmente para a produção ingredientes secos (flocos de arroz, aveia em flocos, germe de trigo,
de grãos, secos ou verdes, visando o consumo humano in natura, na gergelim, linhaça e farinha de feijão) foram misturados e tostados por
forma de conserva ou desidratado (4). A produção de farinha por meio 20 minutos em fogão convencional. Em outro recipiente, os
da secagem é uma alternativa para o processamento do feijão-caupi, ingredientes do xarope aglutinante (água, açúcar mascavo e mel)
buscando a obtenção de um produto com maior valor nutricional além foram misturados manualmente e submetido à cocção por 10 minutos,
de maior estabilidade durante o armazenamento (5). posteriormente os ingredientes secos foram adicionados ao xarope. A
Visto isso, a elaboração de produtos alimentícios à base de cereais, mistura foi submetida à cocção por 2 minutos, distribuída em uma
com um acréscimo parcial de farinha de feijão-caupi, pode forma retangular de alumínio e levada a cocção em forno industrial a
proporcionar um enriquecimento nutricional de alimentos 120 ºC por 50 minutos. Após o resfriamento em temperatura ambiente
tradicionalmente disponíveis no mercado (6). as barras foram cortadas em tamanhos retangulares, embaladas em
folhas de papel-alumínio e armazenadas para análises.
MATERIAIS E MÉTO DO S
As amostras foram servidas em copos descartáveis de 50 mL,
Local e preparo das amostras codificados com três dígitos ao acaso, acompanhadas de água mineral
para eliminar o gosto residual entre uma amostra e outra. As três
Os 500 gramas amostra do feijão-caupi variedade BRS Xiquexique formulações foram dispostas randomicamente em bandejas, com
utilizada para o referido estudo, foram obtidas de um único lote da códigos de três dígitos aleatorizados e diferentes para cada julgador.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA MEIO Os provadores foram submetidos ao teste, sendo inicialmente
NORT E), localizada Teresina, Piauí. Após recebimento da amostra foi orientados sobre o preenchimento do mesmo.
levada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e T ecnologia do
Piauí – Campus Teresina Zona Sul, para processamento da farinha que
foi utilizada no preparo da barra de cereais. Os feijões foram
processados em moinho elétrico até obter as características de farinha,
esta, foi acondicionada em embalagens a vácuo, trazida sob
refrigeração ao IFPI – Campus São Raimundo Nonato e estocada em
freezer a -18 ºC. Os demais ingredientes utilizados na produção das
barras foram obtidos no comércio local de São Raimundo Nonato,
Piauí – Brasil.
202
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 1: etapas da elaboração das barrinhas de cereais. relação aos atributos avaliados para todas as formulações estudadas,
com notas médias da escala hedônica situando-se entre 6 (gostei
A B ligeiramente) e 7 (gostei moderadamente).
A análise sensorial das barras de cereais apresentou resultados
superiores aos encontrados por Freitas e Moretti (1) na avaliação
sensorial de três formulações de barras de cereais funcionais sabor
banana, onde obtiveram para os atributos, aceitação global (4,7 – 6,1)
C D sabor (5,1 – 6,4), textura (4,1 – 6,4). Conforme os resultados
encontrados por Brito et al. (10) em barras de cereais caseiras, as notas
para aceitação global (6,1 – 6,9), cor (0,9 – 3,4)e textura (3,0 – 6,0)
mantiveram-se inferiores às notas encontradas neste trabalho.
Fonte : Autor
CO NCLUSÃO
Figura 1. (A) Ingredientes da base seca. (B) Farinha de feijão- As três formulações de barras de cereais enriquecidas com diferentes
caupi. (C) Preparação do xarope aglutinante. (D) Barras de cereais porcentagens de farinha de feijão-caupi, não apresentaram diferenças
prontas. significativas (p < 0,05) para aceitação global, porém a amostra F3
apresentou a maior média. O produto desenvolvido demonstrou
potencial para comercialização, sendo uma alternativa para os
consumidores de alimentos saudáveis. Os resultados da análise
Análise Sensorial sensorial mostraram que os provadores comprariam as barras de
cereais elaboradas neste estudo. Os resultados obtidos sugerem que a
A Análise Sensorial das amostras foi realizada no Laboratório de farinha do feijão-caupi possui potencial para ser utilizada como
Cozinha do IFPI-SRN, em cabines individuais adaptadas para o matéria-prima na elaboração de barras de cereais, por apresentar boa
laboratório. Foram selecionados 100 (cem) julgadores não-treinados, aceitação sensorial.
de ambos os sexos (61 mulheres e 39 homens), escolhidos ao acaso,
com idade entre 18 e 50 anos.
REFERÊNCIAS
Para a avaliação da aceitabilidade foi utilizado um teste afetivo com
1. FREIT AS, D. G. C.; MORET TI, R. H. Caracterização e avaliação
escala hedônica estruturada de 9 (nove) pontos (APÊNDICE C) (9 = sensorial de barra de cereais funcional de alto teor protéico e
gostei extremamente, 8 = gostei moderadamente, 7= gostei vitamínico. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 26, n.
regularmente, 6 = gostei ligeiramente, 5 = Nem gostei, nem desgostei, 2. 2006
4 = desgostei ligeiramente, 3 = desgostei regularmente, 2 = desgostei
2. SANT OS, J. F. Avaliação das propriedades nutricionais de barras
moderadamente e 1 = desgostei extremamente) (7). de cereais elaboradas com farinha de banana verde. 2010 Dissertação
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ASSIST AT , versão 7.7 beta, registro INPI 0004051-2 para cálculo da <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9132/tde-19012011-
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A análise contou com a participação de 100 provadores de ambos os 6. BECKER, T . S.; KRÜGER, R. L. Elaboração de barras de cereais
sexos, sendo 63 % feminino e 37 % masculino, na faixa etária de 18 a com ingredientes alternativos e regionais do Oeste do Paraná.
50 anos, sendo que 47 % dos participantes tinham idade entre 26-35 Arquivo Ciência e Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 14, n. 3, p. 217-
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Quanto à relação do consumo do feijão-caupi, 50% dos participantes Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 1ª Edição Digital.
afirmaram já terem consumido e 75% já comeram algum produto São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. cap. 6. p. 279 -320.
derivado do feijão-caupi. Isso se deve ao desconhecimento do nome 8. DUT COSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. 2 Ed. Curitiba:
do feijão, pois popularmente é conhecido como feijão-de-corda, Champagnat, 2007.
macassar e fradinho. Na frequência de consumo de barras de cereais 9. BARROS, N. V. A.; ALMEIDA, L. K. L.; COST A, N. Q.; SOUSA,
38% relataram consumir uma vez ao mês e 29% consomem
B. R. L. A.; MOREIRA-ARAÚJO, R. S. R. Desenvolvimento de
semanalmente de uma a duas vezes. As formulações (F1, F2 e F3) não barras de cereais fortificadas com matérias-primas regionais. XX
apresentaram diferença estatística (p < 0,05) para aceitação global, no
Seminário de Iniciação Científica e III Seminário em
entanto a amostra F3 apresentou a maior média. Os atributos sensoriais Desenvolvimento Tecnológico e Inovação. 24 a 26 de outubro de
avaliados individuais como cor, aroma e sabor também não
2011. Disponível em
apresentaram diferença estatística (p < 0,05). Logo, para o atributo de <http://www.ufpi.br/20sic/Documentos/RESUMOS/Modalidade/PIB
textura verificou-se diferença estatística (p < 0,05) das formulações F1 IT I/58c54802a9fb9526cd0923353a34a7ae.pdf>. Acesso em 05 de
e F2 para F3, possivelmente por apresentar maior variação, entre as agosto de 2015
amostras, na concentração da farinha de feijão-caupi, contribuindo 10. BRIT O, I. P.; CAMPOS, J. M.; SOUZA, T . F. L.; WAKIYAMA,
para modificação da textura, quando os ingredientes da base seca C.; AZEREDO, G. A. Elaboração e avaliação global de barra de
foram substituídos pela farinha, o que tornava a textura mais viscosa. cereais caseira. Revista Medicina, Ribeirão Preto, v. 37, p. 45-50,
Os resultados obtidos por Barros (9) para a aceitação das barras de jan./jun. 2004.
cereais fortificadas com matérias-primas regionais (farinha de feijão-
caupi e fibra de caju) apresentaram aceitação sensorial satisfatória em
203
Gastronomia: da tradição à inovação
Leiliane Herculano 1 , Luciana Mendonça 1 , Marcos Leão 1 , Maria Izabel Ferreira 2 , Dorasílvia Pontes 3 , Rafael Zambelli 3
leilianeherculano@yahoo.com.br
204
Gastronomia: da tradição à inovação
205
Gastronomia: da tradição à inovação
Cláudia Fontes, Vilene de Oliveira Sobrinha, Camila Bezerra, Emanuel de Oliveira, Gleison Oliveira, Hirllen Beserra
Curso Técnico em Alimentos, Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN, claudia.fontes@ifrn.edu.br
INTRO DUÇÃO a -18ºC/24h. Após este período, a calda foi descongelada sob
O sorvete é um gelado comestível bastante popular, uma vez que é um refrigeração (7°C) e adicionou-se o emulsificante e a polpa de
produto pronto para consumo, amplamente disponível e de maracujá, iniciando-se o processo de batimento, durante 15 minutos,
considerável valor nutritivo (1). Em virtude do grande destaque do em batedeira, possibilitando o processo de aeração. Os sorvetes foram
mercado sorveteiro, o setor tem buscado produtos com características envasados em recipientes plásticos com capacidade de 2L e
diferenciadas, no intuito de atender às expectativas do consumidor, o acondicionados sob congelamento (-18ºC).
qual vem se preocupando cada vez mais, com a qualidade dos produtos
que consome (2). Dentre as inovações, inclui-se a adição de frutas,
Análises físico-químicas
visto que é uma alternativa para agregar valor nutricional e contribuir
Os produtos foram caracterizados em triplicata, quanto ao pH, acidez
para uma qualidade sensorial característica da fruta (3).
titulável, expressa em % ácido lático, sólidos solúveis totais (°Brix),
O maracujá (Passiflora spp.), destaca-se entre as frutas produzidas no umidade e cinzas, conforme metodologia descrita por Adolfo Lutz (9),
Brasil, o qual é o maior produtor mundial (4). É utilizado para o
lipídeos (%), pelo método de Folch (10), e proteínas (%), pelo método
consumo in natura, entretanto, seu maior destaque econômico está no
Kjeldahl, utilizando o fator de correção 6,38, conforme a AOAC (11).
emprego para fins industriais, sendo processado para fabricação de Além disso, foi calculado o teor de carboidratos (%), por subtração
suco integral, suco concentrado, sorvetes, mousses, bebidas dos teores de lipídeos, cinzas, umidade e proteínas, o valor calórico
alcoólicas, entre outros (5).
(%) pela soma dos componentes e o overrun (%) (rendimento do
O avanço dos conhecimentos sobre a relação entre alimentação e
produto).
saúde, tem proporcionado o crescimento na elaboração de novos
produtos que desempenhem funções além do papel nutricional dos
alimentos (6). Neste grupo, encontram-se os prebióticos, compostos Análises estatísticas
não digeríveis pelo organismo humano, que propiciam diversos Os dados obtidos foram analisadas estatisticamente, com auxílio do
benefícios ao consumidor, por estimular seletivamente a proliferação software Assistat versão 7.7 beta, através da análise de variância
de bactérias benéficas no cólon, que colaboram para o bem-estar e (ANOVA), comparando-se as médias pelo teste de Tukey a 5% de
saúde do hospedeiro (7). Como exemplo de prebióticos, destacam-se significância (p<0,05).
os fruto-oligossacarídeos (FOS), que apresentam um terço do poder
adoçante da sacarose, podendo ser utilizados na formulação de RESULTADO S E DISCUSSÃO
produtos alimentícios, em substituição total ou parcial da sacarose, os De acordo com os resultados (T abela 2), os sorvetes de maracujá
quais podem ser consumidos de forma segura, por indivíduos atenderam à maioria dos parâmetros estabelecidos pela legislação
diabéticos (8). Além da semelhança sensorial, os FOS têm (12), com exceção do teor de sólidos solúveis.
solubilidade maior que a da sacarose, não cristalizam e não precipitam, Para o overrun, indicador de rendimento de sobremesas aeradas, o qual
podendo assim, ser utilizado na elaboração de diversos produtos (6). corresponde à incorporação de ar na massa, durante o batimento.
Desta forma, este estudo visou elaborar e caracterizar físico- Quanto maior for o overrun, mais leve e suave é a sobremesa. Para
quimicamente, sorvetes de maracujá com substituição da sacarose por este parâmetro, obteve-se 29,43% (A), 33,04% (B) e 44,93% (C),
fruto-oligossacarídeos (FOS). demonstrando que a substituição da sacarose pelos FOS, favoreceu ao
aumento do overrun.
MATERIAL E MÉTO DO S No que se refere a esta análise, os valores encontrados para as três
Obtenção das matérias primas formulações de sorvete foram bastante parecidos e não diferiram
Para realização da pesquisa, foram utilizadas polpas de maracujá estatisticamente (p<0,05), sendo estes, em torno de 77%. Pereira (13),
(Nossa Fruta®), leite integral UHT (Italac®), leite em pó (Nestlé®), em sorvetes de morango diet obteve valores bastante próximos às
sacarose (Estrela®), liga neutra (DU PORTO®), glucose (Karo®) e formulações deste estudo, sendo estas, em torno de 74% para todas as
emulsificante (DU PORTO®), e fruto-oligossacarídeos (FOSVIT A). formulações.
Para cinzas, obteve-se um valor de 0,38% (A), 0,39% (B) e 0,40% (C).
As amostras não apresentaram diferença significativa entre si
Elaboração dos sorvetes de maracujá
(p<0,05), esse resultado pode ser explicado pelo baixo conteúdo
mineral que os FOS contêm em sua composição, como afirmam
Foram elaboradas três formulações de sorvete de maracujá, sendo A Pimentel, Garcia e Prudencio (14), que consequentemente não
(controle), com 100% de sacarose, a B (50% sacarose e 50% fruto- conferiu diferenças significativas aos produtos com sua adição. Silva
oligossacarídeos) e a C (100% fruto-oligossacarídeos). Os (15) elaborou sorvetes com frutos do semiárido, e para o sorvete de
ingredientes utilizados estão descritos na T abela 1. umbu, obteve a quantidade de 0,38% de cinzas, sendo este igual para
a formulação controle (A) de sorvete de maracujá.
Para o teor de sólidos solúveis totais, obteve-se 19 ºBrix (A), 21 °Brix
T abela 1. Ingredientes dos sorvetes de maracujá
(B) e 23 °Brix (C) e todas as amostras diferiram estatisticamente entre
Ingre die nte fixos Proporção si a 95% de confiança. O aumento contínuo deste parâmetro pode ser
Leite (L) 2 decorrente do adoçante utilizado, visto que os FOS são moléculas mais
Leite em pó (g) 100 solúveis que a sacarose, o que resultou em um maior valor para os
Liga neutra (g) 50 sólidos solúveis, nas formulações que os continham. As três amostras
Glucose (g) 50 apresentaram valores abaixo da legislação, a qual estabelece um valor
Emulsificante (g) 50
mínimo de 26ºBrix para sorvetes com frutas. Os resultados obtidos
Polpa de maracujá(g)
nesse estudo foram similares aos reportados por Correia et al. (16), em
Ingre die nte s variávei s Formulação sorvetes elaborados com leite de vaca (24ºBrix) e de cabra (21ºBrix).
A B C No que diz respeito ao pH, nenhuma das amostras diferiu
Sacarose (g) 250 125 0 estatisticamente entre si (p<0,05). Este resultado pode ser explicado
FOS (g) 0 125 250 pela grande porcentagem de polpa de maracujá presente nos mesmos.
Inicialmente, elaborou-se a calda do sorvete, misturando-se o leite, Além disso, é importante salientar que como afirma Ferreira (17), o
leite em pó, liga neutra, glucose e as concentrações de FOS e sacarose, pH não deve ser inferior a 3,0 para evitar a sinérese.
de acordo com a formulação, os quais foram homogeneizados por 1 Para a acidez, os resultados para as três formulações foram os mesmos,
minuto, em liquidificador industrial. Em seguida, a calda foi maturada sendo estes de 1,08%. A acidez similar para os três produtos pode ser
206
Gastronomia: da tradição à inovação
explicada pela concentração de polpa adicionada aos sorvetes, que foi CO NCLUSÃO
a mesma para todas as formulações. Ferreira et al. (18) encontraram, A utilização dos FOS como substituinte de sacarose se mostra como
para seus sorvetes de laranjinha-de-pacu, valores de 0,84 e 0,87%. A uma alternativa viável, tendo em vista que, além de conferir aos
acidez mais elevada apresentada pelos sorvetes de maracujá pode ter sorvetes, características funcionais, esta substituição pode promover
sido ocasionada pela maior acidez da fruta, em relação à laranjinha- aos gelados comestíveis, aspectos sensoriais melhores que os sorvetes
de-pacu, influenciando na acidez final dos sorvetes. convencionais, como o overrun, que obteve melhor resultado de
As proteínas exercem papel importante no sorvete, influenciando na acordo com a maior concentração de FOS adicionada. É importante
textura do produto final e colaborando para a qualidade do sorvete salientar ainda que esta substituição não promoveu mudanças drásticas
(19). Para este, as três amostras apresentaram os mesmos valores, nos produtos, e os resultados de muitos aspectos físico-químicos
sendo estes de 1,52%. A legislação brasileira estabelece um mínimo foram semelhantes aos convencionais e dentro da legislação,
de 2,5% de proteínas para os gelados comestíveis, e desta forma, todos ressaltando o potencial de sua inserção em sorvetes.
encontram-se abaixo da porcentagem estabelecida. Vacondio et al.
(20), em sua elaboração de sorvete com extrato aquoso de yacon, AGRADECIMENTO S
obteve o valor de 1,66% de proteínas para sua formulação F2 (10% de Os autores agradecem ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte –
extrato), estando, desta forma, similar aos sorvetes de maracujá. IFRN, pelo suporte para a execução desta pesquisa.
Quanto ao teor de lipídeos, os sorvetes de maracujá apresentaram
valores idênticos, de 2,85%. Os resultados semelhantes condizem com
o esperado na pesquisa, já que a substituição da sacarose pelos FOS REFERÊNCIAS
não iria refletir em um aumento no teor de lipídeos, uma vez, que são 1. MORZELLE, M. C.; LAMOUNIER, M. L.; SOUZA, E. C.; SALGADO, J.
M.; VILAS-BOAS, E. V. de B.. Caracterização físico-química e sensorial de
isentos desse composto (15).
sorvetes à base de frutos do cerrado. Rev. do Inst. de Laticínios Cândido
No que se refere ao cálculo de carboidratos totais, os valores de 17,97, Tostes, 387, 67, 70-78, 2012.
18,10 e 18,26% foram encontrados para as formulações A, B e C, 2. SOUZA, J. C. B. de; COSTA, M. de R.; DE RENSIS, C. M. V. B.; SIVIERI,
respectivamente. K.. Sorvete: composição, processamento e viabilidade da adição de
Por fim, o valor calórico dos sorvetes, cujos resultados, foram 103,75 probiótico. Alim. e Nutri Araraquara, 21, 1, 155-165, 2010.
Kcal/100g (A), 104,17 (B) e 104,85 (C). Visto que os FOS são 3. COSTA, M. G. M.. Desenvolvimento de sorvete simbiótico de açaí
carboidratos, porém, não são digeridos pelo organismo humano, pode- (Euterpe oleracea) com Lactobacillus rhamnosus G G e resistência do
probiótico em um modelo de digestão gastrintestinal in vitro. 2014. 183 f.
se dizer que, mesmo apresentando um valor calórico maior à medida
Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, USP , São P aulo, 2014.
que se aumentou os FOS, este produto não irá conferir 4. NOGUEIRA FILHO, G. C.; RONCATTO, G.; RUGGIERO, C.; OLIVEIRA,
necessariamente mais calorias para o consumidor. J. C. de; MALHEIROS, E. B.. Florescimento e produção de maracujazeiro -
amarelo obtido por enxertia hipocotiledonar em Jaboticabal -SP e Araguari-
MG. Rev. B ras. Frutic.,33, 1, 227-236, 2011.
T abela 2. Resultados da caracterização físico-química dos sorvetes de 5. MORZELLE, M. C.; SOUZA, E. C. de; ASSUMP ÇÃO, C. F.; FLORES, J.
maracujá C. J.; OLIVEIRA, K. A. de M.. Agregação de valor a frutos de ata através do
Formulação desenvolvimento de néctar misto de maracujá (Passiflora edulis sims) e ata
Análise s (Annona squamosa l.). Alim. Nutri., 20, 3, 389-393, set. 2009.
A B C 6. SEOLIN, V. J.; SCAP IM, M. R. da S.; P IERETTI, G. G.; TONON, L. A. C.;
Overrun 29,43 33,04 44,93 MADRONA, G. S.. Substituição de sacarose por frutooligossacarídeo em
sorvete. Rev. B ras.Tecnol. Agro., 7, 2, 106-118, 2013.
Umidade (%) 77,83 a±0,97 77,74 a±1,05 77,64 a±1,25 7. OLIVEIRA, L. de. Probióticos, prebióticos e simbióticos: def inição,
Cinzas (%) 0,38 a±0,00 0,39 a±0,01 0,40 a±0,01 benef ícios e aplicabilidade industrial. Minas Gerais: SBRT, 2014. 22 p.
c b
8. P ASSOS, L. M. L.; P ARK, Y. K.. Frutooligossacarídeos: implicações na
SST (ºBrix) 19,00 ±0,57 21,00 ±0,57 23,00 a±0,57 saúde humana e utilização em alimentos. Ciênc. Rural, 33, 2, 385-390, 2003.
a a
pH 3,91 ±0,01 3,90 ±0,01 3,90 a±0,01 9. Adolfo Lutz (2008)
a a
10. FOLCH, J.; LESS, M.; STANLEY, S. A simple method for the isolation and
Acidez (%) 1,08 ±0,03 1,08 ±0,00 1,08 a±0,01 purification of total lipids from animal tissues. JBC, 226, 1, 497 -509, 1957.
a a
Proteínas (%) 1,52 ±0,11 1,52 ±0,02 1,52 a±0,09 11. AOAC - Association of Oficial Analytical Chemists. O fficial Methods of
a a
Analysis, USA, 18ºed., 3º Revisão, Washington, 2010. 1094p.
Lipídeos (%) 2,85 ±0,04 2,85 ±0,02 2,85 a±0,03 12. BRASIL, Resolução RDC N°266, de 22 de setembro de 2005. Regulamento
Carboidratos Técnico para gelados comestíveis e preparados para gelados comestíveis.
17,97±0,18 18,10±0,06 18,26±0,44 13. P EREIRA, C. P ropriedades funcionais de sorvete de morango diet com
(%)
Valor Calórico adição da enzima lactase e transglutaminase otimizada através da metodologia
103,75±0,86 104,17±0,0 104,85±2,46 de superfície de resposta. 321p. 2014. Tese. (Doutorado em Ciência dos
(Kcal/100g)
Alimentos) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de San ta
*Médias seguidas da mesma letra na linha, não diferem Catarina, Florianópolis,2014.
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey à 5% de significância. 14. P IMENTEL, T. C.; GARCIA, S.; P RUDENCIO, S. H. Aspectos funcionais,
de saúde e tecnológicos de frutanos tipo inulina. B.CEP PA, Curitiba, 30, 1, 103-
118, jun. 2012.
Os resultados obtidos demonstram que a substituição parcial ou total 15.SILVA, A. de O. Elaboração de sorvete e iogurte de leite de cabra com frutos
da sacarose pelos fruto-oligossacarídeos (FOS), não afetou do semiárido. 102p. 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) –
negativamente quanto aos aspectos físico-químicos dos sorvetes, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina
demonstrando a viabilidade de sua ut ilização na elaboração deste Grande, 2013.
produto.
207
Gastronomia: da tradição à inovação
Samara Morais 1 , Karla Oliveira1 , Selma Braga1 , Nadjane Burkhardt 2 , Marilin Oliveira 2 , Maria Costa 2
208
Gastronomia: da tradição à inovação
Foi com satisfação plena que atingimos uma grande variedade de aparência, aroma e sabor característicos do prato original, através da
público, o qual não comeriam a moqueca tradicional devido á presença mistura de ingredientes trabalhados na cozinha de fingimento e
da proteína animal e que aprovaram a moqueca de jaca verde, embasados na cozinha contemporânea. Configurando a esta releitura
reconhecendo nela o sabor, aroma e a aparência da moqueca um valor de destaque à mesa, obtendo relevância social, econômica e
tradicional. gastronômica de uma nova preparação.
REFERÊNCIAS
(1) LEAL, M. L. M. S. A História da Gastronomia. ed. Senac
:São Paulo, 1998.
(2) FREIRE, R. A mágica na cozinha: curiosidades, truques e
fingimentos na gastronomia. ed. Senac: Rio de
Janeiro,2011.
(3) CAVALCANT I, P. A pátria nas panelas: história e receitas
da Cozinha Brasileira. ed. Senac: São Paulo, 2007.
(4) CASCUDO, L. C. A História da Alimentação no Brasil. 3.
ed. Global, 2004.
Figura 1 - Finalização da moqueca de jaca com coentro picado (5) CIVIT A, R. Coleção Regional Brasileira – Bahia. ed. Abril
Coleções, 2009.
(6) SANT OS, V. & CANDELORO, R.J. T rabalhos
CO NCLUSÃO
acadêmicos: uma orientação para a pesquisa e normas
Na área de alta gastronomia, as possibilidades de criações culinárias técnicas. ed. Age: Porto Alegre/RS, 2006.
(7) ARAÚJO,W.M.C.; MONT EBELLO, N.P.; BOT ELHO,
com a fruta jaca são imensuráveis. Abundante em nosso estado, de
R.B.A.; BORGO, L.A. Alquimia dos alimentos. ed. Senac:
baixo custo e com potencial para ser utilizada desde o estado de
maturação verde, onde é apropriado para comidas salgadas, quanto na Distrito Federal, 2009.v.2.
fase madura, cuja doçura e perfume nos remetem as sobremesas. (8) BARRET O, R. L. P. Passaporte para o sabor: tecnologias
para elaboração de cardápios – Prefácio de Laurent
Em meio a esse contexto, decidimos inserir a jaca na releitura de um
prato principal com valor cultural e nacional, a moqueca baiana. Suaudeau. 6. ed. Senac: São Paulo, 2005.
Substituímos a proteína do peixe pela jaca verde e fingimos pela
209
Gastronomia: da tradição à inovação
Plínio Azevedo 1 , Yaroslávia Paiva 1 , Thamyres Sousa 1 , Ayla Sá1 , Everton Silva 2 , Alfredina Araújo 3
1 Engenharia de Alimentos, Centro de Ciências e Tecnolog ia Agroalimentar, Universidade Federal de Campina Grande.
E-mail: eng.pliniotercio@gmail.com
2 Doutorado em Química, Centro de Ciências Exatas, Universidade Federal da Paraíba
3 Professora, Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar, Universidade Federal de Campina Grande.
210
Gastronomia: da tradição à inovação
dentro dos padrões, apresentando ausência para todos. Portanto, estão REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
aptos para o consumo. Calado et al (7) avaliando amostras de pastéis
de forno em duas cantinas do campus I (Campina Grande) da
Universidade Estadual da Paraíba obteve resultados idênticos, em 1. SILVA, L. M. Estudo da potencialidade dos resíduos do
relação a bolores e leveduras para as duas cantina e superiores aos umbu, manga e goiaba como bioadsorventes. Dissertação
deste trabalho para os demais parâmetros, com os valores para (Especialização em Engenharia de Alimentos) - Universidade
Coliformes à 35°C de <3,0 NMP/mL, Coliformes à 45°C de <3,0 Estadual do Sudoeste da Bahia, 2012.
NMP/mL e Staphylococcus Aureus < 10 UFC/g em ambas cantinas. 2. PAIVA, A. P. Estudos tecnológico, químico, físico-
Salazar et al (8) em pesquisa sobre a qualidade microbiológica de químico e sensorial de barras alimentícias elaboradas com
pastéis de diferentes sabores, comercializados no Rio Grande do Sul subprodutos e resíduos agroindustriais. 2008. Dissertação (Mestrado
obteve presença de Salmonella sp. em amostras com recheios de carne em Ciências dos Alimentos) - Universidade Federal de Lavras, Lavras,
e frango em dois diferentes pontos de comercialização. O mesmo autor 2008.
também encontrou ausência para Coliformes e Staphylococcus em 3. MEDEIROS, P. V. D. Reaproveitamento e caracterização
algumas amostras, porém, obteve resultados positivos e altas dos resíduos orgânicos provenientes do Programa Mesa da
contagens desses microrganismos nos mesmos pontos de venda onde Solidariedade da CEASA/RN. Dissertação (Mestrado em Engenharia
foram identificados Salmonella sp., demonstrando assim a Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN,
necessidade de melhorias da higienização durante as etapas de 2005.
produção. 4. COLLAÇO, J. H. L. Um Olhar Antropólogo sobre o
Hábito de Comer Fora, Campos – Rev. de Ant. Soc. 4, 2003.
CO NCLUSÕ ES 5. SILVA, N. da J. Manual de Métodos de Análise
Microbiológica de Alimentos e Água. 4º ed. São Paulo: VARELA,
De acordo com as análises microbiológicas, conclui-se que todos os 2010.
resultados encontrados estão dentro dos padrões, portanto os pastéis 6. BRASIL. Ministério da Saúde, Agência Nacional de
foram produzidos em condições higiênicas adequadas, com matéria- Vigilância Sanitária. Regulamento técnico sobre padrões
prima de boa qualidade microbiológica podendo assim, ser consumido microbiológicos para alimentos. Resolução RDC 12, de 02 de janeiro
sem riscos à saúde, além de apresentar-se como uma boa alternativa de 2001.
para estimular o reaproveitamento de resíduos na obtenção de novos 7. CALADO, C. M. B.; et al. Avaliação higiênico-sanitária
produtos para alimentação humana. de cantinas em instituição pública universitária na cidade de Campina
Grande (PB). Hig. Alim., 29 - NS. 242/243, 2015.
8. SALAZAR, L, N. et al. Estudo da contaminação
microbiológica em amostras de pastéis de estabelecimentos
comerciais em um município do noroeste do RS. Hig. Alim. 29 - NS.
242/243, 2015.
211
Gastronomia: da tradição à inovação
André Nascimento 1 , Samara Morais 2 , Selma Braga2 , Cristiane Correia 2 , Karlla Oliveira 2
O hábito de consumir pão no Brasil começou no século XIX, a partir O produto elaborado seguiu a formulação apresentada na T abela 1, as
da colonização dos portugueses, que era elaborado de modo caseiro e técnicas (fluxograma da Figura 1) e o seguinte procedimento de
vendido na rua. Entretanto no século XX ocorreu a expansão da elaboração: cozinhou-se o arroz sem sal e separou-se 150g para a
panificação, dando início ao segmento de padarias. Entende-se como receita do pão; em um liquidificador, todos os ingredientes foram
pão o resultado do cozimento de uma massa feita à base de farinha, misturados, exceto a farinha de trigo, e batidos por 5 minutos, até
água, sal e fermento (1). obter-se uma mistura homogênea; essa mistura foi colocada em um
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerável bowl, acrescentou-se então a farinha de trigo e misturou-se
saudável o consumo de até 60 kg de pão ao ano por pessoa. Dados da vigorosamente com uma espátula de silicone; a preparação foi
Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria colocada em fôrma de pão, untada com óleo e farinha de trigo,
(ABIP) afirmam que esse consumo no Brasil é de 33,5 kg, sendo que deixando-se o fermento agir por 35 minutos; foi adicionado gema e
ocorrem variações de região para região (1). queijo ralado na superfície do pão, que em seguida foi levado para
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo assar à temperatura de 200°C por 45 minutos.
instituiu, em 1983, o Programa de Farinhas Panificáveis
(PROMASSA). Alguns dos objetivos do programa eram promover o Figura 1. Diagrama de blocos da técnica de preparo do pão de arroz
uso de farinhas sucedâneas à do trigo e reduzir sua necessidade de vermelho.
importação (2). Diante dessa temática, está o desenvolvimento da
produção de pães com produtos sucedâneos, que são preparados com
a substituição parcial da farinha de trigo por produtos regionais e PESAGEM
nutritivos. Alternativa que além de reduzir o custo do pão ao substituir
parte do trigo, que é um produto importado, por produtos brasileiros,
ainda aumenta o valor nutritivo do alimento e diversifica o seu sabor. MIST URA * Exceto a farinha de
O arroz vermelho foi o primeiro tipo de arroz cultivado no Brasil, que trigo
foi introduzido na Bahia no Século XVII e posteriormente no HOMOGEINIZAÇÃO
Maranhão, onde por ser bem aceito foi disseminado entre os demais
produtores (3).
MIST URA * Adicionar: farinha de
No Japão, o crescente interesse pelo arroz-vermelho levou ao
aparecimento de vários produtos secundários, como por exemplo, trigo
macarrão colorido, bolos e bebidas alcoólicas (4). Segundo Fonseca FERMENT AÇÃO
(5) na região Nordeste do Brasil, mais especificamente no estado da
Paraíba, o arroz vermelho constitui um dos ingredientes culinários
mais tradicionais do estado. ASSAMENT O
Diante do contexto exposto, o objetivo deste trabalho foi desenvolver
um pão de fôrma com substituição parcial da farinha de trigo (30%)
por arroz vermelho cozido, visando a utilização do arroz em produtos
de panificação para agregar valor nutricional e sabor à preparação. RESFRIAMENT O
MATERIAIS E MÉTO DO S
212
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 2 . Pão de fôrma elaborado com arroz vermelho. Ademais,os nutrientes que contem no arroz são de elevada absorção
pelo organismo, e exercem efeito regulador sobre a flora intestinal, já
que uma dieta baseada em arroz seleciona bactérias fermentativas que
oferecem resistência a agentes patogênicos (11)
CO NCLUSÃO
213
Gastronomia: da tradição à inovação
Giovana Prado 1 , Paulo Sousa 2 , Ana Lima1 , Vitor Alves 3 , Paulina Mata 4 , Margarida Moldão-Martins 3
INTRO DUÇÃO O total de polifenóis extraíveis foi determinado pelo método de Folin-
Frutas estruturadas são produtos obtidos de polpas frutas devidamente Ciocalteau, utilizando uma curva padrão preparada com ácido gálico
formulados para a obtenção de produtos nutritivos, com boa textura e (Sigma Aldrich, St. Louis, EUA) como referência, de acordo com a
sabor. São utilizados hidrocolóides, responsáveis pela redução da metodologia descrita por Larrauri, Rupérez e Saura-Calixto (7). Após
umidade do alimento e estruturação da polpa, por meio de uma digestão gastrointestinal simulada in vitro, o dialisado foi analisado
gelatinização, proporcionando textura e aspecto agradáveis ao produto utilizando a mesma metodologia descrita para a determinação do total
final (1). de polifenóis extraíveis, antes da digestão gastrointestinal. Os
Vários hidrocolóides, como agar, alginato, carragenina, gelano, resultados foram expressos em mg de equivalentes de ácido gálico
xantana, gelatina e suas misturas são frequentemente utilizados para o (GAE) 100.g-1 . A percentagem bioaccessível foi calculado de acordo
desenvolvimento de géis alimentares. Gelano tem sido amplamente com Briones-Labarca, Venegas-Cubillos, Ortiz-Portilla, Chacana-
utilizada como um material de formação de gel no domínio da ciência Ojeda e Maureira (8) (Eq. 1).
alimentar. % Bioaccessible = 100 × (F / G) equação (1)
Polpas de frutas/sucos e agentes de geleificação podem ser utilizados F - compostos totais de polifenóis extraíveis dializáveis (mg
no desenvolvimento de novos produtos alimentares com uma GAE.100g-1), G - teor de polifenóis extraíveis total da amostra (mg
variedade de texturas (2). GAE.100g-1 ).
Açaí (E. oleracea) tem sido de grande importância econômica no A atividade antioxidante foi determinada pelo método ABTS+ descrito
Brasil e tem recebido muita atenção nos últimos anos como uma das por Rufino, Alves, Brito, Jiménez e Calixto (9). O extrato utilizado
novas ''superfruits'', com benefícios de promoção da saúde e para esta análise foi a mesma utilizada para a determinação do total de
terapêuticos devido aos altos níveis de antioxidantes, pela atividade polifenóis extraíveis. As leituras para a determinação da atividade
anti-inflamatória, antiproliferativa e as propriedades cardioprotetoras antioxidante antes e após a digestão in vitro foram realizadas em um
(3), efeitos vasodilatadores e agente antitumoral, protegendo o tecido espectrofotômetro a 734 nm, e a quantificação da atividade
lesionado e a atividade cancerígena (4). antioxidante, antes da digestão foi realizada no extrato preparado com
Em termos de alimentação, não é suficiente apenas para determinar o barras e o quantificação após a digestão foi realizada no dialisado. A
teor total de nutrientes. É necessário conhecer a biodisponibilidade, quantificação foi realizada usando uma curva padrão preparada com
em outras palavras, a quantidade de composto libertado da matriz externo T rolox® como referência. Os resultados foram expressos
durante a digestão gastrointestinal que se torna disponível para como antioxidante equivalente T rolox® (T EAC) em μMol.g-1. A
absorção no intestino (5). percentagem bioacessível foi calculada de acordo com Briones-
Neste contexto, o objetivo deste estudo foi determinar a atividade Labarca et al. (8) (Eq. (2).
antioxidante e os compostos fenólicos totais de barras mistas de açaí, % Bioaccessible = 100 × (H / I), Equação (2)
banana e caju, e a determinação da bioacessibilidade simulada in vitro H - atividade antioxidante dialisável (μMol.g-1 ), I - atividade
após a digestão usando modelo in vitro. antioxidante da amostra (μMol. -1 ).
Na avaliação estatística foi por meio de análise de variância e teste de
T ukey ao nível de 95% de confiança, utilizando o XLST AT software
MATERIAL E MÉTO DO S
O experimento foi realizado com caju (Anacardium occidentale, L.) para Windows versão 2015.1.
CCP-076 fornecida pela EMBRAPA, Pacajus, Brasil. A polpa de açaí
(Euterpe oleracea Mart) e banana foram adquiridas em um RESULTADO S E DISCUSSÃO
supermercado de Lisboa, Portugal. Gelano alta acilo (HA) e gelano de Os polifenóis totais obtidos em barras de frutas variaram de 192,25 ±
baixo acilo (LA) foram fornecidos pela CP Kelco Corporação 0,07 a 448,0 ± 1,70 mgAG/100g-1 e 33,40 ± 0,98 a 171,40 ± 2,12
Wilmington, EUA. Usado em proporções LA/HA específicos (75/25) mgAG/100g-1 , antes e após a digestão, respectivamente. E atividade
para uma concentração global de gelano de 1,0% em peso. antioxidante obtida variou de 7,95 ± 0,07 a 11,15 ± 0,15uM T rolox.g-
1
Foram elaboradas barras de açaí e barras mistas (açaí-banana e açaí- e 1,85 ± 0,07 para 2,70 ± 0,07 uM T rolox.g-1 (T abela 1).
caju). Para elaboração das barras mistas foram utilizadas proporções
de 50% para cada fruta. T abela 1. Valores médios para os compostos fenólicos da barra de açaí
Para a preparação das barras, a polpa de açaí e as polpas mistas obtidas e barras mistas de açaí/caju e açaí/banana antes e após a digestão
foram transferidas para uma proveta de vidro de 80 mL imerso em um
gastrointestinal simulada in vitro (DGS): açaí 75/25, açaí/banana,
1 L banho de água quente. A temperatura do banho de água foi
açaí/caju, polpa de açaí, polpa de caju e polpa de banana.
aumentada, a fim de aquecer a polpa até a uma temperatura de 88 ± 2
°C, seguido pela adição de pó de gelano e agitação com um impulsor
de quatro lâminas. As misturas de polpa-gelano foram colocadas em
moldes de silicone retangulares e mantidas em repouso à temperatura
ambiente (22 ± 2 °C). Posteriormente, as amostras foram armazenadas
a 5 °C durante 30 min antes de ser analisada. Barras de açaí (AP-
LA/HA 75/25), açaí/caju (ACP-LA/HA 75/25) e açaí/banana (ABP-
LA/HA 75/25) foram preparadas.
Foram caracterizados e quantificados os principais componentes
bioativos potenciais presentes e a atividade antioxidante. A digestão
gastrointestinal simulada in vitro (T este de Bioacessibilidade) nas
barras estruturadas de açaí e barras mistas foram realizadas com o *Médias seguidas da mesma letra não apresentam diferença significativa (p > 0,05) pelo teste
fluido gástrico simulado e fluido intestinal simulado, ambos de Tukey .
preparados de acordo com procedimentos implementados por Moura Bioacessibilidade (%) 1 : em relação antes e após a digestão, Bioacessibilidade (%) 2 : em
relação produto e polpa in natura
e Canniatti-Brazaca (6). As amost ras dialisadas obtidas a partir da
digestão gastrointestinal simulada in vitro foram analisadas nas
formulações de barras de açaí e barras mistas para avaliar os Canuto et al. (10), estudando a caracterização físico-química de polpas
compostos fenólicos totais, após o gastrointestinal simulado in vitro. de frutas da Amazônia, encontraram valores de 2,4 mmol.L-1 de ácido
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
Atacy Cavalcante 1 , Aline Araújo 2 , Anely Melo 3 , Cayco Carvalho 4 , Edson Freitas 5 , Josefa Feitosa 6
1,2 Docente no Curso Técnico em Agroindústria, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco,
campus Afogados da Ingazeira, Mestrado em Tecnologia Agroalimentar, atacymaciel@hotmail.com
3 Bacharelado em Agroindústria, Universidade Federal da Paraíba
4,5 e 6 Curso Técnico em Agroindústria, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
Nos dias atuais está cada vez mais evidente que o estilo de vida Ingredientes Tratamentos (%)
da população vem mudando, inclusive os hábitos alimentares. Com a
vida influenciada pelas responsabilidades profissionais, muitas T1 T2 T3
pessoas não possuem tempo para prepararem seu próprio alimento, Carne suína 86,00 84,00 82,00
optando por se alimentarem fora de casa e muitas vezes com alimentos Sal 1,50 1,50 1,50
pouco nutritivos. Em meio à mudança no estilo de vida, surge como Cebola em pó 0,49 0,49 0,49
alternativa aos consumidores os alimentos considerados de fácil Alho em pó 0,29 0,29 0,29
preparo. Mas além da praticidade e conveniência, tem-se exigido Pimenta branca 0,02 0,02 0,02
diversidade e também alimentos nutritivos e seguros, que ofereça Coentro em pó 0,20 0,20 0,20
outras vantagens ale, do nutrir. Cebolinha 0,10 0,10 0,10
Uma alternativa para produtos de rápido consumo e nutritivos são os Açúcar 0,20 0,20 0,20
empanados, que de acordo com a Instrução Normativa nº 6 de 15 de Glutamato 0,20 0,20 0,20
fevereiro de 2001 – anexo III do Ministério da Agricultura e monossódico
Abastecimento, empanando é o produto cárneo industrializado, obtido Óleo vegetal 4,00 4,00 4,00
de carnes de diferentes espécies de animais, acrescido de ingredientes, Farinha de chia 4,00 6,00 8,00
moldado ou não, e revestido de cobertura apropriada que o caracterize
(1).
Desta forma, é possível aderir a este produto ingredientes com alto teor AVALIAÇÃO FÍSICO -Q UÍMICA
de nutrientes e com alegações funcionais, que é o caso da farinha de As análises físico-químicas do empanado foram realizadas no
chia. Laboratório de Análise Físico-Química de Alimentos do CCHSA da
O principal interesse nessa semente refere-se nos diversos micros e Universidade Federal da Paraíba, Campus III. Foram feitas análises de
macronutrientes essenciais à saúde humana, como cálcio lipídios pelo método de Folch (4), proteínas através do método de
(456mg/100g), proteína (24g/100g), fibra (30g/100g) e ácidos graxos Kjeldahl (5), acidez titulável, umidade (em estufa a 105 °C) e pH, de
poli-insaturados (2). acordo com metodologia descrita pelo Método Físico-químico para
Diante disto, objetivou-se neste trabalho elaborar um empanado Análise de alimentos (5). A porcentagem de carboidratos foi obtida
adicionado de farinha de chia e realizar análises físico-químicas para por diferença, segundo a T abela Brasileira de Composição de
avaliar a influência da adição desta farinha no produto. Alimentos (6). Os dados referentes à avaliação físico-química foram
submetidos a uma análise de variância ao nível de 5% de probabilidade
MATERIAL E MÉTO DO S e as médias foram comparadas pelo teste de T ukey ao nível de 5% de
probabilidade utilizando o programa estatístico SAS® versão 9 (2009),
O estudo foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e licenciado para o CCHSA da Universidade Federal da Paraíba
T ecnologia de Pernambuco, campus Afogados da Ingazeira. Os (UFPB).
empanados foram elaborados na Unidade de Processamento e Carnes
e Derivado a partir de uma formulação que utiliza o a carne suína como
base para a determinação das porcentagens dos demais ingredientes RESULTADO S E DISCUSSÕ ES
adicionados à massa do empanado. Os únicos componentes variantes
nas formulações foram a carne e a farinha de chia, a fim de avaliar a Os empanados produzidos apresentaram coloração diferenciada
influência da adição de farinha em diferentes concentrações. devido à concentração de farinha de chia presente nas formulações.
Foram elaboradas três formulações com variações na quantidade de As tabela 02 e 03 abaixo, apresentam as médias e desvios padrão
farinha de chia, na qual foi adquirida em um supermercado na cidade referente as determinações físico-químicas realizadas no empanado
de Afogados da Ingazeira –PE. Foram feitas formulações com 4%, 6% suíno produzido com farinha e chia.
e 8% (T 1, T 2 e T 3, respectivamente) de farinha de chia, fazendo
substituição do amido de milho, de acordo com a T abela 01.
Iniciou-se o processo com a pesagem dos ingredientes. Após a Tabela 02 – Valores médios do pH e acidez titulável do empanado
pesagem, moeu-se a carne, permitindo diminuir a dureza, de farinha de chia.
subdividindo a matéria-prima em pequenas porções, incrementando a Tratamentos Análises
área superficial e facilitando assim a disposição das proteínas pH Acidez % (g/100g)
a
miofibrilares (3). Em seguida foi realizada a homogeneização dos T1 6,09 ± 0,04 0,752 a ± 0,03
ingredientes, primeiro os ingredientes secos, depois os molhados T2
a
6,05 ± 0,03 0,777 a ± 0,04
Após a mistura os empanados foram modelados em formato retangular T3 5,96 a± 0,03 0,749 a ± 0,24
em fôrmas de 6cm de comprimento por 3cm de largura, com uma
média de 30g a unidade. O empanamento foi dividido em 3 etapas: Para pH e acidez, o tratamento T2 houve redução do pH e consequente
Pré- enfarinhamento com farinha de trigo (Predust), líquido de aumento de acidez. Já o tratamento T 3 reduziu o pH. Os tratamentos
empanamento com farinha de trigo e leite (Batter) e farinha de não variaram estatisticamente entre si.
cobertura com a mistura das farinhas de milho, mandioca e rosca Os resultados da composição centesimal do empanado enriquecido
(Breading). Após o empanamento, os empanados foram embalados e com farinha de chia estão presentes na T abela 03. De acordo com
congelados a uma temperatura de -18°C. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Instrução
normativa nº 6 (1), para que o produto esteja dentro do regulamento
técnico de identidade e qualidade de empanados é preciso que ele
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
05831 Produção e Avaliação de Coxinha de Frango sem Glúten Formulado com Batata doce,
Macaxeira e Farinha de arroz
Andréa Lima¹, Bolivar Silva¹, Marina Melo¹, Renata Almeida², Severina Sousa², Thycyanne Oliveira¹
INTRO DUÇÃO Para as análises foi separado três grupos de cada formulação, os quais
Por ser um produto de fácil acesso e saboroso, a coxinha é um dos foram preparados em forno convencional, microondas e frito em óleo.
salgados preferidos dos brasileiros. Na sociedade atual, a procura por No forno, foram assadas por 20 minutos (depois de pré- aquecido) a
uma alimentação prática e saudável está cada dia maior. Produtos 180°C. As amostras de microondas foram esquentadas em grupos de
livres de glúten têm sido consumidos não só por quem sofre com a sete por 2 minutos (potência alta). E por fim as do terceiro grupo foram
doença celíaca, mas também por pessoas adeptas a uma dieta fritas por 2 minutos em óleo de soja (já em processo de fervura) com
alternativa. Evidentemente, obediência à dieta isenta de glúten requer uma quantidade suficiente para cobrir as coxinhas.
uma marcante mudança no hábito alimentar dessas pessoas (1).
Pensando nisso, foi formulado um alimento com batata doce, que é Análises físico-químicas
fonte importante de carboidrato, vitamina C, vitamina B6, cobre, Os parâmetros físico-químicos medidos nas amostras foram: umidade,
potássio, ferro, carotenóides e fibra. Podendo a vitamina C e o pH, acidez total titulável, rendimento na cocção, índice de retração e
caroteno atuar como antioxidantes. Essa ação antioxidante está textura. Cada parâmetro foi determinado em triplicata.
relacionada com a diminuição do risco de doenças degenerativas (2). A umidade foi determinada por secagem direta em estufa a 105ºC
Do mesmo modo, a macaxeira é uma boa fonte de energia e utilizando 5g de cada amostra pesada em cápsula de alumínio
carboidrato. Além de também conter carotenóides. previamente tarada por 24h, de acordo com o método 012/IV IAL
Já o frango, fornece nutrientes necessários em dietas equilibradas (2008) (4).
como proteínas, lipídios, vitaminas e minerais (3). Para a determinação do pH e acidez,foi utilizado os métodos 017/IV e
O objetivo do trabalho foi de avaliar coxinhas sem glúten elaboradas 016/IV IAL (1985) (5) respectivamente. Foram homogeneizados cinco
com batata doce, macaxeira e farinha de arroz. Bem como apontar as gramas de cada amostra com 50 mL de água destilada, e o pH da
diferenças físico químicas entre três diferentes processos de cocção. suspensão resultante foi determinado utilizando potenciômetro
modelo 0400 (Quimis, São Paulo, Brasil) previamente calibrado. Em
MATERIAL E MÉTO DO S seguida, foi determinada a acidez. Onde foi adicionado três gotas de
Os experimentos foram realizados no laboratório da unidade fenolftaleína e a suspensão titulada com solução de NaOH 0,1N até
acadêmica de engenharia de alimentos da Universidade Federal de ponto de viragem.
Campina Grande- PB. Para realização dos experimentos foi utilizado O percentual de rendimento e o índice de refração foi obtido através
farinha de arroz da marca BEM NATURAL e o peito de frango da de cálculo de acordo com metodologias descritas por Berry (1992)
marca BOM SABOR. Esses e os demais ingredientes utilizados para apud Seabra et al. (2002) (6). Os parâmetros de textura foram
fabricação das coxinhas foram adquiridos no comércio local da cidade avaliados em texturômetro, modelo TA-XT2 (Stable Micro Systems,
de Campina Grande-PB Surrey, Reino Unido). Os parâmetros utilizados no teste foram:
velocidade pré-teste = 2,0 mm.s-1 , velocidade de teste = 5,0 mm.s-1,
Produção das coxinhas velocidade pós-teste = 5,0 mm.s-1 , tensão = 50,0 %, tempo = 5,0 s e
Foi utilizada uma formulação padrão para as coxinhas. Alterando as força de contato = 0,05 N.
concentrações de batata doce e de macaxeira. E permanecendo
constantes as concentrações de frango e farinha de arroz. A T abela 1 Análise estatística
mostra os ingredientes utilizados nas formulações e suas respectivas Os resultados foram comparados por meio de análise de variância
quantidades. seguida do teste de Tukey e as diferenças foram consideradas
significativas para valores de p ≤ 0,05 utilizando o software Assistat
T abela 1- Ingredientes utilizados na elaboração da coxinha 7.7. beta.
Ingre diente Form. A Form. B Form. C
s (%) (%) (%) RESULTADO S E DISCURSSÃO
Frango 38,23 38,23 38,23
Macaxeira 24,5 - 12,25 Os parâmetros físicos de percentual de rendimento e índice de retração
estão expressos na T abela 2.
Batata Doce - 24,5 12,25
Farinha de 24,39 24,39 24,39 T abela 2- Percentual de rendimento na cocção das coxinhas
arroz
(%) T ipo Form. A Form. B Form. C
Ovo 6,32 6,32 6,32 de trat.
Cebola 4,79 4,79 4,79 Rendim. Forno 95,80 aB 91,58 aB 91,30 aB
Sal 1,1 1,1 1,1 da Micro 88,65 bB 88,49 bC 83,56 aB
Alho 0,67 0,67 0,67 cocção Frito 97,53 bA 96,80 bA 99,20 aA
(%)
*Form.= formulação .
Índice de Forno 3,61 aA 3,69 aAB 3,79 aB
A bata doce e a macaxeira foram cozidas em panela de pressão por 10 retração Micro 3,96 aA 5,48aA 4,81 aA
e 15 minutos respectivamente. O frango foi cozido juntamente com o (%) Frito 3,59 aA 2,89 aB 2,97 aC
alho, a cebola e o sal, por 20 minutos. Em seguida foram *Os resultados são médias de triplicatas. Valores na mesma coluna para a mesma
homogeneizados em processador convencional. A farinha de arroz foi formulação, seguido de letras maiúsculas iguais, não diferem entre si quanto à
acrescentada e misturada à mão até formar uma massa uniforme. As formulação. Valores na mesma linha seguidos de letras minúsculas iguais não
coxinhas foram moldadas utilizando 20g de massa, recheadas com 4g diferem entre si quanto à cocção. P elo teste de Tukey 5%. Micro = microondas.
Rendim.= rendimento, Form. = formulação.
de frango (13,72% do total) e empanadas com farinha de arroz (4,8%
do total). Após preparadas estas foram armazenadas em sacolas de Dentre as três formas de cocção realizadas nesse estudo, o maior
polietileno a -18°C até o dia das análises.
percentual de rendimento se deu por meio de fritura para as três
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Gastronomia: da tradição à inovação
formulações, havendo diferença significativa (p<0,05). Por outro lado, T abela 4 – Análise do perfil de textura das coxinhas
dente os três métodos, o que apresentou menor rendimento para todas Parâmetro T ipo Form. A Form. B Form. C
as amostras foi à cocção por microondas. Diferindo significativamente de
(p < 0,05) na formulação C. tratam
Quanto ao índice de retração, pode-se observar que este foi maior para Firmeza Forno 10,63 bA 11,47 bA 11,33 bA
a cocção tipo microondas, opondo-se a cocção por fritura. Entretanto Micro 38,55 aA 40,26 aA 33,64 aA
não houve uma diferença significativa geral para esse parâmetro. Frito 18,28 bA 19,16 bA 21,03 aB
Os parâmetros das análises físico-químicas das coxinhas estão
apresentados na T abela 3. Coesividade Forno 0,13 bA 0,10 cB 0,12cAB
Micro 0,27 aA 0,26 aA 0,24 aA
T abela 3- Análise de umidade, pH e acidez das coxinhas Frito 0,21 aA 0,19 bA 0,21 bA
Parâmetro T ipo Form. A Form. B Form. C
de Gomosidade Forno 1,42 bA 1,12 bA 1,39 bA
tratam. Micro 10,43 aA 10,57 aA 8,26 aA
Umidade Forno 50,12 aA 48,88 aB 50,82 aB Frito 4,01 bA 3,66 bA 4,36 bA
(%) Micro 45,46 bA 48,52 aB 49,16 aC
Frito 49,38 aA 47,99 aB 48,28 aC Elasticidade Forno 0,99 0,99 1,00
Micro 0,99 0,99 0,99
pH Forno 6,34 aA 6,19 aA 6,36 aA Frito 0,99 1,00 0,99
Micro 6,39 aA 6,37 aA 6,36 aA
Frito 6,40 aA 6,36 aA 6,35 aA Mastigabilida Forno 1,42 bA 1,12 bA 1,39 bA
de Micro 10,44 aA 10,57 aA 8,26 aA
Acidez Forno 13,80 bA 16,73 aA 12,85 bA Frito 4,01 b A 3,66 bA 4,36 bA
(%) Micro 9,28 aB 11,81 aB 12,52 aA
Frito 9,90 bB 11,93 bB 16,42 aA
*Os resultados são médias de triplicatas. Valores na mesma coluna para a mesma *Os resultados são médias de triplicatas. Valores na mesma coluna para a mesma
formulação, seguido de letras maiúsculas iguais, não diferem entre si quanto à formulação, seguido de letras maiúsculas iguais, não diferem entre si qu anto à
formulação. Valores na mesma linha seguidos de letras minúsculas iguais não formulação. Valores na mesma linha seguidos de letras minúsculas iguais não
diferem entre si quanto à cocção. P elo teste de Tukey 5%. Micro = micoondas, diferem entre si quanto à cocção. P elo teste de Tukey 5%. Micro = microondas,
tratam. = tratamento, Form. = formulação. tratam. = tratamento, Form. = formulação.
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Gastronomia: da tradição à inovação
06415 Desenvolvimento de Geleias Convencional e Light de Buriti (Mauritia Flexuosa L.) com
Mesocarpo do Maracujá Amarelo (Passiflora Edulis Flavicarpa Degener)
Cecília Pereira1 , Dalva Pereira 1 , Fernanda Dias 2 , Francisca Soares 1 , Patrícia Ximenes 2 , Roberta Barrozo 2
1 Departamento de Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - Campus
Codó, karlla.soares.lopes@gmail.com
2 Curso de tecnologia de Alimentos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - Campus Codó
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
6421 - Produção do Blend de Caju com Leite de Cabra Obtido por Liofilização
Maria José Silva 1 , Dyego Santos 1 , Jemima Lisbôa1 , Marcela Oliveira 1 , Daniela Leite1 , Alexandre Queiroz1
1
Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina, maria.jsilveira1@g mail.co m
Palavras-chave: Anacardium occidentale L., leite caprino, secagem, controle de qualidade.
222
Gastronomia: da tradição à inovação
(aw) foi inferior a 0,30 após a desidratação, o que garante a estabilidade intensificação do vermelho. No tocante ao croma (C*), notou-se que
microbiológica do produto, visto que em valores inferiores a 0,6 não houve um aumento significativo de 103% em relação ao produto in
ocorre desenvolvimento microbiano. Em relação ao blend in natura, a natura, estando relacionado à intensificação da cor que tornou o
aw elevada indica necessidade de processamento em condições produto liofilizado com coloração mais viva e atrativa (16). Essa
higiênico-sanitárias adequadas, visto que é um valor que permite o informação é importante do ponto de vista tecnológico, haja vista que
desenvolvimento da maior parte dos microorganismos patogênicos e o produto seria ofertado ao consumidor desidratado. Caso a
deteriorantes. Como consequência da redução do conteúdo de água, comercialização fosse realizada em embalagens de polietileno, a cor
houve aumento considerável dos sólidos, implicando também em intensa poderia chamar a atenção do público.
elevação da qualidade funcional do produto, visto que há elevação de
teores de nutrientes, micronutrientes e componentes bioativos. CO NCLUSÕ ES
T ambém deve ser considerado que esse provável acúmulo de sólidos A secagem por liofilização da mistura constituída por leite de cabra e
é potencializado, visto que a baixa temperatura de secagem promove polpa de caju para a obtenção de pó altera significativamente todas as
preservação de constituintes sensíveis ao calor. características físicas e químicas avaliadas, sendo um método eficiente
Observou-se que a acidez total titulável (ATT) aumentou após a para redução da atividade de água em nível seguro para estocagem e
liofilização, estando relacionado às concentrações dos ácidos comercialização.
orgânicos, especialmente ao ácido cítrico do caju e em menor parte ao
ácido lático do leite de cabra. Esse comportamento garante o sabor REFERÊNCIAS
ácido característico do produto, quando este pó for reconstituído (14). 1. Silva, C. M. S.; Martins, G. A. S.; Alves, D. G.; Conte, C. G.;
Apesar do pH ser uma grandeza inversamente relacionada a ATT, Adorno, W. T.; Sousa, J. P. Otimização do processamento da amêndoa
percebeu-se o processo de liofilização promoveu aumento na da castanha de caju torrada. Rev. Bras. Prod. Agroind. 17, 65-74,
concentração de íons H+ da amostra, provavelmente devido presença 2015.
de proteínas, fosfato, citrato e lactato do leite caprino. Para qualquer 2. Lima, E. E.; Silva, F. L. H.; Oliveira, L. S. C.; Silva, A. S.; Silva
amostra avaliada, tanto a in natura quanto a liofilizada, os valores de Neto, J. M. Produção de etanol de segunda geração proveniente do
pH permitiram classificar os produtos como pouco ácidos (pH>4,5). bagaço de pendúculos do caju. Rev. Caatinga, 28, 26-35, 2015.
O maior conteúdo de sólidos solúveis totais (SST ) foi revelado na 3. Rodrigues, A. M. D.; Calvet, R. M.; Silva, M. C. M.; Cardoso Filho,
amostra liofilizada, em que ocorreu um acréscimo percentual em torno F. C. C.; Monte, A. M.; Pereyra, C. M.; Muratori, M. C. S.; Nóbrega,
de 590% após o processo de liofilização, comportamento este F. C. G.; Pereira, M. M. G. Qualidade microbiológica de castanhas de
esperado em virtude da concentração de açúcares solúveis, ácidos caju industrializadas e processadas artesanalmente. Rev. Inst. Adolfo
orgânicos e alguns sais, fenômeno este também detectado em outras Lutz. 71, 415-419, 2012.
pesquisas (12, 15). O blend desidratado revelou menor valor para a 4. Oliveira, C. F. P.; Malta, H. L.; Jesus, M. A. C. L.; Cruz, R. S.;
relação SST /AT T em comparação a amostra in natura, estando em Cardoso, F. S. N. Desenvolvimento, avaliação sensorial e físico-
acordo com Moreira et al. (15) que, ao produzirem polpa de manga química de barra de cereal de caju. Rev. Bras. T ecnol. Agroind. 7, 1,
liofilizada, reportaram maior valor para a relação SSST /ATT na 934-942, 2013.
amostra in natura. Isso significa que o produto fresco foi o mais doce, 5. Mourão, L. H. E.; Pontes, D. F.; Rodrigues, M. C. P.; Brasil, I. M.;
por apresentar melhor equilíbrio entre os ácidos orgânicos e os sólidos Cavalcante, M. T. B. Sensory evaluation of cereal bars cashew plum
em solução. Entretanto, tornam-se importantes testes sensoriais with high fiber content. Alim. Nutr. 23, 287-295, 2012.
específicos para se ratificar tal hipótese. 6. Silva, L. M. R.; Maia, G. A.; Figueiredo, R. W.; Sousa, P. H. M.;
Os valores médios relacionados aos parâmetros de cor dos blends de Gonzaga, M. L. C.; Figueiredo, E. A. T . Estudo do comportamento
caju com leite de cabra in natura e liofilizado estão disponíveis na reológico de polpas de caju (Anacardium occidentale, L.), acerola
T abela 2. A amostra in natura apresentou-se clara, com luminosidade (Malpighia emarginata, D.C.) e manga (Mangifera indica, L.). Semin:
(L*) superior a 75, o que já era esperado, uma vez que foi adicionado Ciênc. Agrár. 33, 237-248, 2012.
leite de cabra que possui coloração esbranquiçada devido a presença 7. Soares, J. B. O Caju: aspectos tecnológicos. Fortaleza: BNB, 1986.
da caseína. No produto liofilizado ocorreu uma redução percentual de 256 p.
5% da L*, estando em conformidade com Moreira et al. (15) que ao 8. Figueiredo, R. W.; Lajolo, F. M; Alves, R. E.; Filgueiras, H. A. C.;
caracterizarem a cor de pó de manga liofilizado, verificaram a L* Almeida, A. S. Changes in cell wall constituents of the cashew apple
passando de 65,80 na polpa in natura para 52,20 na amostra of early dwarf clone CCP 76 during development an maturation. Acta
desidratada. Hort. 2, 697-704, 2002.
9. Lima, J. R. Caracterização físico-química e sensorial de hambúrguer
T abela 2. Valores médios das análises colorimétricas dos blends de vegetal elaborado à base de caju. Ciênc. Agrotec. 32, 191-195, 2008.
caju com leite de cabra in natura e liofilizado. 10. Anaeto, M.; Adeyeye, J. A.; Chioma, G. O.; Olarinmoyeand, A.O.;
In T ayo, G. O. Goat products: Meeting the challenges of human health
Parâmetro Liofilizado DMS T este F and nutrition. Agric. Biol. J. N. Am. 1, 1231-1236, 2010.
natura
Luminosidade 11. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz:
75,75a 71,79b 0,45 578,15** Métodos Químicos e Físicos para Analise de Alimentos. 4 ed. São
(L*)
Intensidade de Paulo: IAL, 2008. 1020 p.
1,02b 7,25a 0,09 33552,15** 12. Oliveira, E. N. A.; Santos, D. C.; Sousa, F. C.; Martins, J. N.;
vermelho (+a*)
Intensidade de Oliveira, S. P. A. Obtenção de ubaia desidratada pelo processo de
22,05b 44,24a 1,14 2922,42** liofilização. Rev. Bras. T ecnol. Agroind. 4, 235-242, 2010.
amarelo (+b*)
Croma (C*) 22,08b 44,83a 1,14 3069,24** 13. Oliveira, G. S.; Costa, J. M. C.; Afonso, M. R. A. Caracterização
Ângulo de e comportamento higroscópico do pó da polpa de cajá liofilizada. Rev.
87,33a 80,68b 0,18 10310,94** Bras. Eng. Agríc. Ambient. 18, 1059-1064, 2014.
T onalidade (h*)
DMS – Diferença mínima significativa; **Significativo ao nível de 14. Oliveira, V. S.; Afonso, M. R. A.; Costa, J. M. C. Caracterização
1% de probabilidade (p<0,01). Médias seguidas pela mesma letra, na físico-química e comportamento higroscópicos de sapoti liofilizado.
linha, não diferem estatisticamente entre si pelo T este de T ukey ao Rev. Ciênc. Agron. 42, 342-348, 2011.
nível de 5% de probabilidade. 15. Moreira, T. B.; Rocha, E. M. F. F.; Afonso, M. R. A.; Costa, J. M.
C. Comportamento das isotermas de adsorção do pó da polpa de
A intensidade de vermelho (+a*) apresentou expressivo produto manga liofilizada. Rev. Bras. Eng. Agríc. Ambient. 7, 1093-1098,
liofilizado quando comparado ao produto fresco, enquanto que a 2013.
intensidade de amarelo (+b*) deteve um aumento percentual em torno 16. Oliveira, E. N. A.; Santos, D. C.; Gomes, J. P.; Rocha, A. P. T.;
de 100% em relação a amostra in natura, supostamente relacionado a Silva, W. P. Physicochemical stability of diet umbu-caja jams stored
concentração de pigmentos carotenóides responsáveis pela coloração under ambient conditions. J. Food Process. Preserv. 39, 70-79, 2015.
amarelada do caju e da gordura do leite caprino. Ainda que a
componente +a* tenha apresentado maior elevação percentual após
secagem, percebeu-se que a coordenada +b* apresentou-se superior
em qualquer amostra avaliada, mostrando-se diretamente relacionadas
ao ângulo de tonalidade (h*), que indica a cor perceptível do produto
(16), apresentando-se mais aproximado à região do amarelo (h*=90°),
todavia revelou ligeira queda no produto liofilizado em virtude da
223
Gastronomia: da tradição à inovação
Edilaine Cabrera¹, Patrícia Benacon¹, Solange Farias¹, Diogo Bento¹, Vládia Gomes 2 , Larissa Aguiar2.
INTRO DUÇÃO
Ingredientes Quantidade
Farinha de trigo de uso doméstico 300 g
Sal q/b
Azeite 20 g
Polpa de jerimum de leite 200 g
Após o estiramento da massa, feito em máquina artesanal, e moldados
Para o desenvolvimento da formulação pesou-se os insumos, em os macarrões, providenciou-se a cocção do ravióli recheado com
seguida iniciou-se o preparo da massa em um bowl, adicionando-se a frango (Figura 3), em água á 100ºC, até que imergissem. Por se tratar
farinha, o sal, o azeite e aos poucos, o purê da polpa enquanto ocorria de uma massa recheada procedeu à cocção para consumo imediato, já
a mistura. Logo se obteve uma massa homogênea, e deixada para que a intenção não era resfriar nem congelar. O restante do macarrão
descansar por 30 minutos. Após o período de descanso, a massa foi (Figura 4 – Espaguete e Fettuccine) foi seco em temperatura ambiente
cilindrada em máquina artesanal (Figura 1), até que se obtivesse a por 24h, em local que atende as exigências de salubridade e boas
espessura adequada do macarrão de 10mm. Foram produzidos alguns qualidades higiênicas. Algumas amostras de fios de fettuccine e
modelos de macarrão, tais como: fettuccine, espaguete e ravióli. espaguete foram montadas em formas de ninho, separadas em
Figura 1 – Produção da massa em cilindro artesanal pequenas porções de 0,200kg e acondicionadas em sacos plásticos que
foram lacradas com fita adesiva e devidamente etiquetadas, a fim de
224
Gastronomia: da tradição à inovação
promover a sua preservação. Foram colocadas em prateleiras num Os pesquisadores conseguiram alcançar os objetivos de acordo com a
ambiente interno, (utilizou a própria cozinha), porém em condições de operacionalidade do processo de construção do macarrão, os quais
temperatura ambiental natural, com a finalidade de observação da vida atenderam as normas exigidas no estudo para essa finalidade.
de prateleira, durabilidade, sabor, aroma e textura, por um período de A massa confeccionada com a polpa do jerimum caboclo atingiu a
30 dias, a qual foi constatado que os mesmos continuaram com aspecto condições de consistência desejável para a produção do macarrão de
uniforme, além do sabor e aroma característico. jerimum. A experiência se deu nas dependências da Instituição
provocadora do desafio de descoberta do novo produto alimentício.Os
Figura 3 – Ravióli recheado com frango alimentos construídos manifestaram, segundo a metodologia aplicada,
uma textura lisa, coloração específica de cada jerimum, com aroma e
sabor agradável (degust ado pelos acadêmicos pesquisadores).
Percebeu-se que na experiência com o jerimum caboclo os resultados
foram mais satisfatórios devido seu sabor e aroma serem mais
marcantes.
Portanto a polpa de jerimum caboclo obteve maior aceitabilidade pelos
comensais quando provaram a massa pronta, também em forma de
macarronada adicionada ou não de molho. Constata-se que o uso da
polpa de jerimum em massas alimentícias traz enormes benefícios para
a população, pois além de ser um produto barato, de fácil plantio,
manejo e de boa aceitabilidade, também ajuda a disseminar o produto,
valorizando seu potencial. Não obstante, o aprofundamento dos
estudos tem que ser uma constante para o benefício dos consumidores
do alimento estudado.
CO NCLUSÃO
Figura 4 – Esq.: Espaguete; Dir.: Fettuccine A fabricação de macarrão à base de polpa de jerimum, agregado a
mistura de farinha de trigo, é viável por sua riqueza natural e grande
disponibilidade no mercado, de fácil aceitação e baixo custo, podendo
adquirir um produto com característica nutricional importante, como
presença de carotenoides. Nesse contexto, a produção de macarrão à
base da polpa de jerimum possibilita mais uma opção para o uso deste
vegetal, que pode ser introduzido em merendas escolares e creches
como alternativa de complementação na carência de vitamina A, e
também como forma de incentivar mais o consumo do jerimum,
criando uma nova possibilidade alimentar, agregando, ainda mais,
valor a esse vegetal.
REFERÊNCIAS
225
Gastronomia: da tradição à inovação
226
Gastronomia: da tradição à inovação
227
Gastronomia: da tradição à inovação
05842 Desenvolvimento, caracterização e análise sensorial de farinha e bolo a base da Lentilha (Lens
culinaris)
228
Gastronomia: da tradição à inovação
Capacidade e Estabilidade de Formação de Espuma: A farinha de 2. ROY, F.; BOYE, J.I.; & SIMPSON, B.K. (2010). Bioactive proteins
lentilha apresentou uma elevada capacidade de formação de espuma and peptides in pulse crops: pea, chickpea and lentil. Food Reser. Inter.
45,5% (±0,3), se comparada à capacidade de formação encontrada na 3. PADOVANI, R.M. et al. (2007). Comparison of proximate, mineral
farinha de semente de jaca (15% - 40%) (16). O que permite concluir and vitamin composition of common Brazilian and US foods. J. Food
que a farinha de lentilha é um bom espumante. A farinha de lentilha Comp. Anal. p. 577-620, 2003.
não apresentou uma boa estabilidade de formação de espuma, fato esse 4. T ORRES, A.; GUERRA, M. Sustitución parcial de harina de maíz
que só ocorreu após 300 minutos. A farinha de semente de jaca precocida con harina de quinchoncho (Cajanus cajan) para la
estudada por Santos (16) apresentou uma estabilidade de espuma em elaboración de arepas. Rev Intercienc v. 28, 2003.
um tempo de 20 minutos. A capacidade de formação e a estabilidade 5. ENGLYST , K.N. et al. Glycaemic index of cereal products
de espuma são importantes em produtos de forno, merengues e explained by their content of rapidly and slowly available glucose. Br.
coberturas de bolos, por ajudarem na incorporação de ar (17). J. Nutr., v. 89, 2003.
Índice de solubilidade em água: A farinha de lentilha apresentou um 6. T HARANATHAN, R.N.; MAHADEVAMMA, S. Grain legumes -
ISA em água de 24,23% (±0,2), enquanto na farinha do fruto da a boon to human nutrition. Trends Food Sci. T echnol., v. 14, n. 12, p.
pupunheira o ISA foi de 2,61% (18). O que permite concluir que a 507-518, 2003.
farinha de lentilha se apresenta como um ingrediente com um alto 7. SHONS, P. F. et al. Eficiência Proteica da Lentilha (Lens Culinaris)
índice de solubilidade em água. no Desenvolvimento de Ratos Wistar. Alim. Nutr., Araraquara v.20,
Determinação do teor de proteína n.2, p. 255-260, abr./jun. 2009
A farinha de lentilha apresentou uma determinação de proteína de 8. GLÓRIA, M.M.; REGIT ANO-D’ARCE, M.A.B. Concentrado e
24,1% (±0,3). No trabalho de Zhen (19) o teor de proteínas encontrado isolado protéico de torta de castanha do Pará: obtenção e
na farinha de lentilha verde foi 24,83% (±0.02), enquanto na farinha caracterização química e funcional. Ciênc. e T ec. de Alim., v.20, n.2,
de lentilha vermelha foi de 26.98% (±0.07). Portanto a farinha de p.240-245, 2000.
lentilha pode ser considerada rica em proteína. 9. DENCH, J.E.; RIVAS, R.N.; CAYGILL, J.C. Selected functional
Análise Sensorial properties of sesame (Sesamum indicum L.) flour and two protein
T abela 2 – Escores médios e desvios padrões dos bolos que foram isolates. J. of the Sci. of Food and Agricul., London, v.32, n.6, p.557-
enriquecidos com farinha de lentilha em 15% e 25% e do bolo 564, 1981.
controle, para o teste de aceitação. 10. COFFMANN, C.N.; GARCIA, V.V. Functional properties and
Parâmetros Avaliados amino acid content of a protein isolate from mung bean flour. Inter. J.
of Food Sci. and T echnol., v. 12, n. 5, p. 473, 1977.
T ratamento Impressão Global Intenção de Compra 11. ANDERSON, R.A.; CONWAY, H.F.; PFEIFER, V.F.; GRIFFIN
Controle 7,3 ± 1,0 3,9 ± 0,9 JUNIOR, E.L. Gelatinization of corn grits by rolland extrusion-
cooking. Cereal Sci. T oday, Minneapolis, v. 14, n. 1, p. 44-11, 1969.
15% 6,9 ± 1,4 3,7 ± 1,0 12. Instituto Adolfo Lutz. Normas analíticas do Instituto "Adolfo
25% 6,8 ± 1,4 3,7 ± 1,0 Lutz". S. Paulo, Inst. "Adolfo Lutz", 1985. 533 p.
A tabela 2 mostra no parâmetro “impressão global”, os bolos 13. REIS, R.C.; MINIM, V.P.R. Teste de aceitação. In: MINIM, V. P.
substituídos 15% e 25% obtiveram escores médios entre “gostei R. (Ed.). Análise sensorial: estudos com consumidores. Viçosa:
ligeiramente” e “ gostei moderadamente” o que deixa essas duas Editora UFV, 2006. Cap. 3, p. 66-83.
formulações na zona de aceitação. Na intenção de compra as três 14. PORT E, A. et al. Propriedades funcionais tecnológicas das
formulações também estão na zona de aceitação, com escores médios farinhas de sementes de mamão (Carica papaya) e de abóbora
próximos do “ provavelmente compraria”. (Cucurbita sp). Ver. Bras. de Prod. Agroindust., Campina Grande,
v.13, n.1, p.91-96, 2011.
CONCLUSÕES 15. CHANDI, G.K.; SOGI, D.S. Functional properties of rice bran
Os resultados encontrados nesse trabalho mostram que a farinha de proteins concentrates. J. of Food Engineering. 2006.
lentilha apresenta propriedades funcionais tecnológicas desejáveis, o 16. SANT OS, C.T . Farinha da semente de jaca: caracterização físico-
que a torna uma alternativa viável para ser utilizada como ingrediente química e propriedades funcionais./Calila T eixeira Santos. –
em sistemas alimentares. Os bolos substituídos de farinha de lentilha Itapetinga-Ba: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB,
foram aceitos pelos provadores e se os bolos estivessem no mercado, 2009.
provavelmente seriam adquiridos. 17. JAMES, C.; SLOAN, S. Functional properties of edible rice bran
Portanto, pode-se dizer que é viável a utilização da farinha de lentilha in model systems. J. of Food Sci., Chicago, v. 49, n. 1, p. 310-311,
nas proporções de 15% e 25% em substituição parcial da farinha de 1984.
trigo na elaboração de bolos. E esses bolos podem obter um alto teor 18. CARVALHO, R.V.; ASCHERI, J.L.R.; CAL-VIDAL, J. Efeito
de fibra e um maior valor nutricional em comparação com o bolo dos parâmetros de extrusão nas propriedades físicas de pellets de
controle. misturas de farinhas de trigo, arroz e banana. Ciênc. e Agrotec.,
Lavras, v. 26, n. 5, p. 1006-1018, 2002.
REFERÊNCIAS 19. ZHEN, M. et al. T hermal processing effects on the functional
1. IQBAL, A. et al. Nutricional quality of important food legumes. properties and microstructure of lentil, chickpea, and pea flours. Food
Food. Chem., v. 97, n. 2, p. 331-335, 2006. Res. Inter. 44 (2011) 2534–2544.
229
Gastronomia: da tradição à inovação
06358 Resgate das frutas regionais nordestinas por meio da elaboração de geleias artesanais
naturais
INTRO DUÇÃO açúcar, adição de um acidulante natural (por exemplo, limão), e o teste
de consistência.
O Brasil é reconhecidamente um dos grandes exportadores de frutas
no comércio internacional por causa da diversidade dos sabores e A etapa de esterilização consistiu na fervura em água por dez minutos
texturas, do valor nutricional, e da qualidade dos produtos que cultiva. dos recipientes, com um pano colocado no fundo da panela para evitar
(1) que eles se choquem e quebrem. Depois disso, os recipientes secaram
com a abertura para baixo em fundo absorvente e seco. Já as tampas
Entretanto, esse mercado enfrenta desafios e entraves no sentido de foram limpas com álcool. (3).
oferta e produção para os consumidores internos e externos, que no
Nordeste Brasileiro, acentua-se devido aos hábitos alimentares e aos O envasamento foi feito com a geleia ainda quente, imediatamente
padrões de consumo, que ainda estão abaixo do esperado. (2) após o preparo, com preenchimento quase completo. Em seguida, o
recipiente foi fechado e invertido de cabeça para baixo, para formação
As frutas produzidas no Nordeste brasileiro possuem um grande valor de vácuo. (3).
nutricional. Elas contêm vitaminas, sais minerais, antioxidantes,
açúcares naturais (frutose), além de várias outras substâncias que
auxiliam na prevenção e no combate de doenças. A fruta, além de
saudável, pode ser consumida in natura ou por meio de preparações
como as geleias, que permitem conservar as qualidades nutricionais e
de sabor dela.
MATERIAL E MÉTO DO S
O processo de preparação de geleias envolveu quatro elementos Figura 2. Food bike de distribuição das geleias
básicos: fruta, açúcar, pectina (gelificante presente na fruta) e
acidulante. E também, deu-se em três fases: cozimento da fruta e do
230
Gastronomia: da tradição à inovação
O resgate do uso das frutas do Nordeste por meio da fabricação de (6) PUBLIFOLHA. O grande livro dos ingredientes. São Paulo:
geleias artesanais naturais permitiu explorar os alimentos de região, Publifolha, 2011.
evitar que os frutos fossem desperdiçados, garantindo, mesmo depois
do processamento, a segurança alimentar e a manutenção das fontes
de nutrientes e vitaminas.
231
Gastronomia: da tradição à inovação
05914 Caracterização Físico-química e Aceitação Sensorial de Hambúrgueres Suínos Enriquecidos Com Feijão
de Corda (Vigna unguiculata)
Ayrton Ferreira1; Rafaella Freitas 2; Natália Duarte3; Alba Barbosa 3; Ticiana Leite Costa4; Daniel Araujo5
1
M estrando em Ciência e Tecnologia dos Alimentos – UFC; E-mail: ayrtonsennan1@gmail.com;
2
Especialista em Ciência dos Alimentos – Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE,
Campus: Iguatu;
3
M estre em Ciência e Tecnologia dos alimentos – UFC;
4
Docente/pesquisador do Departamento de Ciência e Tecnologia dos Alimentos – CTA – FATEC SERTÃO CENTRAL;
5
Graduando do Curso de Engenharia de Alimentos – Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Campus – Pombal, PB.
Palavras–chave: Proteínas; Leguminosas; Formulações
232
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 02: Análise físico-química dos hambúrgueres compra do produto formulado. Com o resultado apresentado, instiga-
ANÁLISES FO RMULAÇÕ ES se cada vez mais, a possível utilização do mesmo no mercado atual,
F1 F2 F3 sabendo que o feijão é um alimento vegetal e que o mesmo possibilita
Umidade 75% ± 0,02 70% ± 0,01 62% ± 0,1 a ingestão de componentes de grande valor nutricional, desde de
Prote ína 11% ± 1,0 15% ± 1,01 16% ± 1,5 carboidratos complexos de baixo índice glicêmico, além da ingestão
Lipídios 12,5% ± 1,25 10,5% ± 2,5 5,4% ± 0,6 de fibras alimentares, presente em sua casca.
pH 5,62 ± 0,45 5,70 ± 0,02 5,84 ± CONCLUSÕES
0,023 Conclui-se, que de acordo com a análise sensorial o produto em suas
FONT E: DADOS DA PESQUISA três formulações estão aptos para o consumo em termos de aceitação
Os resultados para umidade tiveram um decréscimo acentuado, sensorial, de acordo com seu sabor, odor, textura e cor, em uma
possivelmente pela adição de farinha de feijão cru, em relação ao pesquisa de preferência, porém o que obteve melhores notas foi a
hambúrguer com a massa de feijão cozido, percebe-se um valor de formulação F1, e em relação as análises físico-químicas para
umidade diferente na amostra, presumivelmente pelo cozimento do caracterização do produto desenvolvido, apenas a primeira
mesmo. Relacionando-se a análise de lipídio, ocorreu uma variação formulação, em relação ao teor de proteínas está fora do padrão para a
considerável, nas 3 formulações, na análise de proteína percebe-se um sua caracterização, sendo de fundamental importância um estudo mais
aumento no teor da mesma, com a adição de farinha de feijão cru. Para aprofundado, afim de investigação pela não conformidade do produto
as análises de pH e acidez não ocorreram grandes variações que desenvolvido.
possibilitem ser caracterizadas pelo uso da farinha do feijão cru, ou,
da leguminosa cozida. REFERÊNCIAS
O regulamento técnico de identidade e qualidade de hambúrguer, 1. Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA. Cenário de carnes 2014/2015.
São P aulo: 2016. Disponível em:
estabelecido pela legislação brasileira vigente, define teor mínimo <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_setoriais/Aves_e_suinos/25R
para proteínas 15% e para lipídeos máximo de 23%. Se observado na O/Cen%C3%A1rio%20Carnes%202014%202015.pdf>. Acesso em: 04 de Jul de
tabela 2, apenas a primeira formulação não apresenta o mínimo 2016.
estabelecido de proteína, levantando-se a hipótese que pode ser pelo 2. Associação Brasileira da Indústria P rodutora e Exportadora de Carne Suína –
ABIP ECS. Mercado Mundial de Carne Suína. São P aulo: 2011. Disponível em:
fato do cozimento do feijão ter aumentado a umidade e diminuído a <http://www.abipecs.org.br/pt/estatisticas/mundial.html> Acesso em: 19 de junho de
proporção de proteína na amostra. Observando-se os resultados para 2011.
lipídios, apesar de estarem muito abaixo do máximo, a legislação não 3. SARCINELLI, M. F.; VENTURINI, K. S.; SILVA, L. C. Características da Carne
define uma quantidade mínima para este parâmetro. Suína. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES. Espírito Santo – ES: 2007.
4. RIBEIRO, N. M.; SANTOS, W. P.; CONCEIÇÃO, D. S.; PAIXÃO, C. B.; GOMES
Em relação a análise sensorial, os hambúrgueres obtiveram notas NETO, R. J. Análise de Constituintes Químicos do Feijão -de-Corda. Instituto Federal
variando entre 6,6 e 7,7; onde a menor foi o atributo odor na terceira de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA. Salvador-BA: 2010.
formulação e a maior foi o atributo cor, na primeira formulação. A 5. BRASIL, Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução Normativa n. 20
tabela 3 a seguir demonstra as médias dos atributos cor, odor, sabor, e de 31 de julho de 2000. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade de
textura para as três formulações (5, 9). almôndega, apresuntado, hambúrguer, kibe, presunto cozido, patê, bacon e lombo
suíno. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, DF, 3 ago 2000, Seção 1, p.
7-12.
T ABELA 3: Resultado do teste sensorial para 3 formulações de 6. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos.
hambúrgueres 4 ed. São P aulo. 2004.
AMOSTRAS COR ODOR SAB OR TEXTURA 7. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE – AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA - ANVISA. Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos – IV
F1 7,7 7 7,3 7,4 edição – Instituto Adolfo Lutz - Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
F2 7,2 6,8 7 7,2 8. DUTCOSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. 3 ed. Curitiba: Champagnat.
F3 7 6,6 6,8 6,8 2011.
FONT E: DADOS DA PESQUISA 9. SALVINO, E. M.; SILVA, J. A.; NOBREGA, E. S.; NASCIMENTO, J. C.;
COSTA, M. J. C.; MACIEL, J. F. Caracterização microbiológica, físico-química e
sensorial de hambúrgueres de carne de avestruz (Struthio camellus), elaborados com
Para a intenção de compra do produto formulado de maior aceitação substituto de gordura. Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.) v.68 n.1 São P aulo abr. 2009.
pelos julgadores, obteve-se o valor de 72% na possível intenção de
233
Gastronomia: da tradição à inovação
234
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 2 – Preferência dos provadores por amostra expressa em como fonte de vitamina A, minerais e proteínas.
porcentagem.
AGRADECIMENTO S
Amostra Mais Indiferente Menos
Ao Centro Universitário Estácio do Ceará e ao programa de Iniciação
A 60,34 29,31 10,34 Cientificam do mesmo. Aos alunos de Curso de Graduação em Nutrição
que contribuíram para a realização deste trabalho.
B 34,48 51,72 13,79
REFERÊNCIAS
C 5,17 18,97 74,14 1. ST RINGHET A, P. C.; et al. Política de saúde e alegações de
propriedades funcionais e de saúde para alimentos no Brasil, Rev.
Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Viçosa, v. 43, n. 2, p. 181-
A cor e aparência são atrativas para o consumidor, porém, neste estudo 194, abr/jun 2007.
todas as amostras oferecidas aos provadores possuíam uma camada de 2. OLIVEIRA, M. N. de; et al. Aspectos tecnológicos de alimentos
cacau em pó que uniformizavam a cor e aparência dos brigadeiros sem funcionais contendo probióticos. Rev. Brasileira de Ciências
demonstrar diferenças visíveis entre as amostras oferecidas. Sendo Farmacêuticas. São Paulo, v. 38, n. 1, 2002.
assim, é possível deduzir que a aceitação se deu pelo sabor e textura (7). 3. PAES, F. E. R.; et al. Desenvolvimento e avaliação físico-química de
O uso de leite condensado aumenta a aceitação de brigadeiros por conta farinha de jerimum (Cucurbita maxima). In. Mundo Unifor: Encontro
da grande quantidade de sacarose, isso faz com que as preparações com de Iniciação à Pesquisa, 21.2015, Fortaleza, Anais ... Fortaleza, 2015,
leite condensado tenham pouca rejeição. Porém, o uso de leite p 1-5.
condensado de soja se mostrou eficiente na produção de brigadeiros 4. SOUZA, W. A. de; VILAS BOAS , O. M. G. da C.A deficiência de
com farinha integral de jerimum e pode ser consumido por pessoas com vitamina A no Brasil: um panorama. Rev. Panam Salud
intolerância à lactose (7). Publica/Pan Am J Public Health. São Paulo, v. 12, n. 3, p. 173-179,
Estudos mostram que o uso da soja e seus derivados auxiliam na 2002.
redução da intensidade e ocorrência dos sintomas da menopausa em 5. VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, G.; et al. Consumo alimentar de
mulheres. A isoflavona possui ação semelhante ao estrogênio, vitaminas e minerais em adultos residentes em área metropolitana de
hormônio que tem sua produção reduzida na menopausa (8). São Paulo, Brasil. Rev. Saúde Pública. São Paulo, v. 31, n. 2, p. 62-
Um estudo realizado no País de Gales provou que 52% das mulheres 157, 1997.
preferem comer uma barra de chocolate a fazer sexo com alguém do 6. DUT COSKY, S. D. Análise Sensorial de Alimentos. Rev.
sexo oposto (9). Champagnat, Curitiba: 2011. 426 p.
O consumo do brigadeiro com farinha integral de jerimum pode ser uma 7. CLAUDY, Letícia; et al. Brigadeiro adicionado de aveia e banana:
ótima opção para mulheres que se encontram na menopausa, já que o caracterização físico-química e sensorial entre crianças.
brigadeiro é produzido com chocolate com 60% de cacau, cacau em pó Rev.Evidência. Joaçaba, v. 14, n. 1, p. 35-46, jan./jun. 2014.
e leite condenado de soja, ingredientes que combinados podem causar 8. NAHÁS, Eliana Aguiar Petri; et al. Efeitos da isoflavona sobre os
efeitos benéficos na menopausa. sintomas climatérios e o perfil lipídico na mulher em menopausa.
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Botucatuv. 25, n
CO NCLUSÓES 5, p.337-343, 2003.
9. COUT O, Edvaldo Souza. Políticas do pós-humano:Interfaces dos
As formulações com substituição 25% obtiveram boa aceitação e corpos, das sexualidades e das tecnologias digitais. 2009.
podem ser aplicadas na produção de brigadeiros e chocolates diversos Disponível em: <http://www.ded.ufla.br/gt23/trabalhos_32.pdf>.
Acesso em: 15 jun. 2016.
10.
235
Gastronomia: da tradição à inovação
05769 Processamento e Conservação de Frutas: Doce em Pasta à Base de Banana com Adição
de Achocolatado em Pó
Marina Daros Massarollo 1 , Francieli do Rocio de Campos 2 , Elaine de Moura Fagundes 3 , Daniely Casagrande Borges 3
1 Acadêmica de Nutrição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Engenheira de Alimentos pela Universidad e
Estadual do Centro-Oeste, mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade Estadual do Oeste do
Paraná, marinamassarollo@yahoo.com.br
2 Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, Cen tro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná
3 Acadêmica de Nutrição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
INTRO DUÇÃO A mistura dos ingredientes foi levada ao fogo de fogão à lenha por 40
minutos. A panela ficou durante todo o tempo próxima à extremidade
A banana é uma boa fonte alimentar com potencial energético, de do fogão, portando longe do calor do centro da chapa.
minerais (potássio) e vitaminas. A mesma apresenta baixa acidez e O ponto final da mistura se concluiu quando a mesma desgrudou do
uma textura agradável muito indicada para o consumo por crianças e fundo da panela. O rendimento final foi 450 gramas de doce de banana
idosos (1). com chocolate em pó.
No mercado atualmente existe uma gama de produtos tendo a banana Para a confecção do rótulo utilizou-se inicialmente uma planilha do
como matéria-prima, tais como: purê, balas de banana, doces em Excel para cálculos nutricionais. Na sequência, elaborou-se o rótulo,
massa, suco de banana, banana em calda, farinha de banana madura, contendo todas as informação necessárias referentes ao doce.
farinha de banana verde, banana passa e flocos, entre outros produtos Para provar os fatores essenciais à qualidade do produto, utilizou-se
(2). uma análise sensorial, por meio da degustação realizada por 19 alunos
Do ponto de vista econômico a utilização da banana em preparações do 2° ano de Nutrição, tendo esses, acesso e conhecimento do produto.
alimentares é bastante viável, uma vez que o produto configura-se
como um alimento acessível a todos os públicos por apresentar preço
RESULTADO S E DISCUSSÃO
relativamente baixo, além de ser facilmente encontrada em todos os
meses do ano (3). Na pesquisa bibliográfica se constatou que o uso da banana em preparo
O processamento de alimentos proporciona uma agregação de valor de doce parte se de características curiosas, neste caso apesar de não
no produto final, entretanto para que haja o bom desenvolvimento de ser uma fruta nativa do Brasil caiu no gosto popular dos brasileiros.
um produto, há três fatores principais que asseguram sua produção e
Além disso, o uso da banana em fabricação de doces compotas e
conservação, sendo eles: qualidade da matéria-prima, uso de derivados, se torna acessível por ser uma matéria prima de ampla
tecnologia adequada e manipulação corret a (4). sazonalidade, podendo ser encontrada em todas as épocas do ano por
Segundo a legislação, os doces em pasta são classificados quanto ao
um baixo custo, com isso facilita a manutenção do produto e derivados
vegetal empregado em:
no mercado o ano todo.
• Simples quando preparado com uma única espécie vegetal; No experimento do doce em pasta seguiram-se as normas higiênicas
• Misto quando preparado com a mistura de mais de uma espécie estabelecidas pela ANVISA n.º 9, de 1978, se processou as partes
vegetal.
comestíveis da banana in natura da espécie caturra, com adição de
De um modo geral, o preparo de doces é uma forma de conservar
açúcar e complementado com chocolate em pó, sem adição de água,
frutas, pois além do uso do calor, também é utilizado uma pectina, ajustador de pH, ou outros aditivos permitidos. Conforme a
concentração elevada de açúcar, que com alteração da pressão classificação o doce apresentado encaixa-se na categoria relacionada
osmótica aumenta o tempo de vida útil do produto, daí a importância
ao vegetal simples, por ter sido preparado com uma única espécie de
em empregar frutas sadias e açúcar isent o de sujidades. fruta. Com relação à consistência classifica-se em massa, pois a pasta
Além dos cuidados relacionados à tecnologia existem as preocupações se tornou homogênea e de consistência que possibilite o corte.
referente a manipulação de alimentos, pois esta pode se tornar um A designação ocorreu pelo nome da fruta, acrescido do sufixo "ada",
problema de saúde pública, havendo consequências ao consumidor.
pelo fato de se tratar de "doce em massa" elaborado com uma única
Portanto, conhecer e seguir estas regras é dever de todo o manipulador: espécie de fruta, por isso foi batizado como bananada.
higienização correta das frutas, aquecimento em temperatura O produto foi acondicionado numa embalagem plástica de modo a
adequada, aditivos intencionais atendendo a legislação, envase do
assegurar a sua proteção, na qual se optou por preenchimento mínimo,
produto de acordo com a embalagem e resfriamento apropriado.
que representa recipientes cheios e o produto não ocupa menos que
Diante do exposto, o trabalho tem por objetivo elaborar um doce em 90% de sua capacidade de preenchimento.
pasta de banana com adição de chocolate em pó, elaborar as A prática favoreceu para criação de um produto testado e comprovado,
informações nutricionais do novo produto, bem como avaliar sua
que pode ser disponibilizado para as agroindústrias com preparações
aceitação por um grupo de 19 acadêmicos do segundo ano de nutrição
de doces. Esse tipo de atividade gera um vinculo da universidade com
da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOEST E. a comunidade externa, do mesmo modo que promove a prestação de
serviços dos acadêmicos de nutrição.
MATERIAL E MÉTO DO S Para caracterização, identificação e seguindo as indicações do
Decreto-Lei n o 986 de 21 de outubro de 1969, as acadêmicas
A atividade foi realizada nas seguintes etapas: a fabricação de um confeccionaram um rotulo descrevendo o produto final, com
produto diferenciado, inexistente no mercado local a base de banana, informações sobre validade, data de fabricação, ingredientes,
uso adequado da embalagem para conservação do produto final, informação nutricional, quantidade envasada, nome do produtor,
desenvolvimento da rotulagem nutricional, e apreciado por meio de nome e marca do produto, conforme a Figura 1.
degustação dos envolvidos com a pesquisa e acadêmicos do segundo As informações que constam na Figura 1, se tornam essenciais para
ano de Nutrição da UNIOEST E, para aprovação da comercialização conhecimento do consumidor e identificação do produto para sua
do produto. comercialização em feiras, mercados e espaços de comercialização de
A prática foi realizada durante as aulas desenvolvidas no Laboratório produtos agroindustriais. Um meio de promover os produtos artesanais
de Alimentos do Curso de Nutrição, para o preparo do doce em pasta, a concorrer o espaço de mercado.
utilizou-se uma panela de alumínio e outros utensílios de cozinha,
como faca, tábuas de vidro, colher, balança analítica e refratários de
vidro. Na panela foram adicionados 400 gramas de banana caturra
picada em rodelas de espessura fina, 300 gramas de açúcar cristal e 50
gramas de achocolatado em pó.
236
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 1. Rotulo para o doce em pasta de banana com chocolate De acordo com Oliveira e colaboradores (2009), doce de banana
adicionado de 20% de casca apresentou aceitabilidade significativa,
sendo viável sua utilização, indicando que as pessoas tendem a ser
receptivas a novas formulações no processamento de alimentos, ainda
que não haja um consumo contínuo do mesmo. Tal fato pode também
ser identificado na diversidade atualmente existente de produtos
alimentícios (5).
No item aparência, o doce de banana foi avaliado por 57,9% como
atrativo, por 36,8% pouco atrativo e 5,3% muito atrativo. Essa
diferenciação entre esse resultado da pesquisa considerou que o
produto elaborado pelas acadêmicas pode ser fabricado e
comercializado conforme as características que elas processaram, pelo
o número de aprovadores da “bananada”.
237
Gastronomia: da tradição à inovação
Ana Silva¹, Elisângela Castro², Auriana Regis 3 , Maria Norte3 , Lidenes Oliveira 1 , Pahlevi Souza 4 .
INTRO DUÇÃO leite. A calda foi submetida ao processo de pasteurização (65 °C/30
minutos) seguida de resfriamento em banho de gelo até atingir 10 °C
A preocupação com a saúde elevou a procura dos consumidores por para então ser maturada por 24 horas sob refrigeração em geladeira.
produtos naturais, saudáveis, inovadores e seguros, consequentemente Após a maturação a calda foi batida e aerada durante 20 minutos
levou à consolidação dos alimentos funcionais no mercado. Nesse utilizando uma batedeira da marca Arno. As amostras de sorvete foram
contexto, por ser um produto que agrada aos mais variados paladares acondicionadas em potes de polietileno e armazenadas em freezer a -
e facilmente assimilável pelo organismo, o sorvete é um meio 15 °C até o momento das análises microbiológicas.
excelente para adição de ingredientes funcionais. A definição oficial
para sorvete varia de acordo com a legislação de cada país. No Brasil, Tabela 1. Formulações de sorvete de graviola a base de leite
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define gelados fermentado de kefir.
comestíveis como produtos alimentícios obtidos a partir da emulsão
de gorduras e proteínas, com ou sem adição de outros ingredientes e
substâncias que tenham sido submetidas ao congelamento em
condições tais que garantam a conservação do produto no estado
congelado ou parcialmente congelado, durante a armazenagem, o
transporte e a entrega ao consumo (1).
As composições microbiológica e química indicam que o kefir é um
produto com características probióticas, ou seja, possui em sua
composição microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio
microbiano intestinal, produzindo efeitos benéficos à saúde do
indivíduo (2). O kefir é um leite fermentado derivado da inoculação A avaliação da qualidade microbiológica do sorvete é uma prática de
de grãos de kefir em leite ou pela utilização de parte do kefir como extrema relevância para a manutenção da saúde pública. Os sorvetes
cultura starter que resulta em uma bebida de consistência semelhante elaborados foram analisados de acordo com os padrões
à do iogurte, no entanto, com características próprias associadas, microbiológicos estabelecidos pela RDC nº 12, de 02 de janeiro de
principalmente, à presença de CO 2 e etanol (3). Apesar de ser 2001 (6). As amostras foram submetidas às análises microbiológicas
consumido sem adição de outros ingredientes, o kefir possui melhor de contagem de coliformes totais e termotolerantes, e Salmonella sp.
aceitação se saborizado com alguma fruta para neutralizar a acidez e segundo metodologia descrita por Siqueira (7) e Staphylococcus
mascarar o seu odor característico podendo-se utilizar vários frutos de aureus coagulase positiva segundo metodologia descrita por Silva (8).
sabor e aromas conhecidos (4), como por exemplo, a graviola (Annona Coliformes totais e termotolerantes: A análise iniciou-se pela
muricata L.). inoculação das amostras em Caldo Lactosado (CL), através da seleção
Esta pesquisa teve como principal objetivo avaliar a qualidade de três diluições da amostra (10-1 , 10-2 , 10-3). Os tubos foram incubados
microbiológica das formulações de sorvete de graviola a base de leite
em estufa de crescimento a 35°C/48 horas e após esse período foram
fermentado de kefir.
realizadas as contagens por meio da leitura dos tubos (7). As demais
MATERIAL E MÉTO DO S etapas não foram realizadas visto que nenhum dos tubos apresentou
formação de gás.
A formulação do sorvete foi elaborada baseando-se na metodologia Staphylococcus aureus coagulase positiva: diluiu-se a amostra em
descrita por Saito et al. (5). Antes do processamento para obtenção do solução salina a 0,85% obtendo-se as diluições 10 -1 , 10 -2 , 10-3, em
leite fermentado de kefir e dos sorvetes, os utensílios e equipamentos
seguida inoculou-se 0,1ml de cada diluição em placas contendo o meio
foram higienizados e sanitizados, utilizando hipoclorito de sódio de
acordo com as recomendações do fabricante. Agar Baird-Parker. As placas foram invertidas e incubadas a 35°C/48
horas. Após o período de incubação realizou-se a contagem de
Obtenção do leite fermentado de kefir colônias presuntivas. Em seguida realizou-se a confirmação das
Os grãos de kefir desidratados foram cultivados na planta piloto de colônias típicas, transferindo 5 colônias de cada placa para tubos
processamento de leite do Instituto Federal de Educação, Ciência e contendo Caldo Infusão Cérebro e Coração (BHI) e incubou-se por
T ecnologia do Ceará, Campus Limoeiro do Norte, sob condições 35°C/24 horas. T erminado o período de incubação realizou-se o teste
controladas. As culturas dos grãos de kefir foram reativadas por meio
de coagulase positiva transferindo-se para tubos 0,2ml de cada cultura
de adições sucessivas de leite, realizadas a cada 24 horas com 1 litro
de leite UHT integral. A proporção utilizada foi de 1:100 m/v (1 g de obtida em BHI e 0,5ml de plasma de coelho, e foram incubados em
grãos de kefir para 100 mL de leite). O leite, juntamente com a cultura banho-maria por 37°C/4 horas observando-se de hora em hora se
ativada, foi colocado num recipiente de vidro e tampado com um houve coagulação (8).
tecido de algodão perfurado, permanecendo por 24 horas em Salmonella sp.: realizou-se o pré-enriquecimento de 25g da amostra
temperatura de 25 ºC, até a formação do leite fermentado de Kefir (4). em 225mL de Caldo Lactosado (CL) e incubou-se em estufa de
crescimento a 35°C/24 horas. Em seguida, realizou-se a etapa de
Processamento dos sorvetes de graviola
Os sorvetes de graviola foram elaborados na planta piloto de enriquecimento seletivo inoculando-se 1mL da amostra em 10mL de
processamento de leite do Instituto Federal de Educação, Ciência e Caldo Rappaport Vassiliadis (RV), sendo posteriormente incubados a
T ecnologia do Ceará, Campus Limoeiro do Norte. Foram produzidas 35°C/24 horas. Após o período de incubação realizou-se o
três formulações (CONTROLE, A e B) que diferiram entre si pela plaqueamento seletivo diferencial por meio de estriamento em placas
concentração de polpa de graviola, de leite UHT integral bovino e leite contendo meio de cultura Ágar Salmonella Shigella (SS) e Ágar Verde
fermentado de Kefir e os estabilizantes e emulsificantes (Tabela 1). Brilhante (VB). As placas foram invertidas e incubadas em estufa a de
Primeiramente, foram pesados os ingredientes secos e em seguida o
238
Gastronomia: da tradição à inovação
35°C/24 horas. Após esse período realizou-se a contagem das colônias REFERÊNCIAS
típicas nas placas, e a confirmação das mesmas através da inoculação
em tubos inclinados de Agar Lisina Ferro (LIA) e Agar T ríplice 1. BRASIL. Resolução RDC nº 266/2005 de 22 de setembro de 2005.
Regulamento T écnico para Fixação de Identidade e Qualidade de
Açúcar Ferro (T SI) os quais foram incubados em estufa de
Gelados Comestíveis e Preparados para gelados comestíveis, Pós para
crescimento a 35°C/24 horas (7). o Preparo e Bases para Gelados Comestíveis. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 23 set. 2005.
RESULTADO S E DISCUSSÕ ES 2. WESCHENFELDER, S.; P EREIRA, G. M; CARVALHO, H. H.
Os resultados obtidos para Salmonella sp., coliformes totais e C.; WIEST , J. M. Caracterização físico-química e sensorial de kefir
termotolerantes, Staphylococcus aureus coagulase positiva tradicional e derivados. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. 63 (2), 473-480,
pesquisadas nas amostras dos sorvetes de graviola estão apresentados 2011.
na Tabela 2. Verificou-se que das formulações de sorvete analisadas, 3. FARNWHORTH, E. D. Kefir-a complex probiotic. Food Science
todas se encontram dentro dos padrões exigidos pela legislação. T echnology. 2, 1-17, 2005.
4. SOUSA, P. B.; MONÇÃO, E. C.; DAMACENO, M. N.; SILVA,
Tabela 2. Resultados das análises microbiológicas dos sorvetes sabor M. J. M.; NUNES, R. G. F. L. Efeito da adição da polpa de goiaba nas
graviola a base de leite fermentado de kefir e leite integral UHT características físico-químicas e sensorial do kefir. Magistra. 26,1362-
elaborados em maio de 2016. 1367, 2014.
5. SAIT O, P. T . et al. Desenvolvimento de Soverte à base de
Concentrado Protéico de Soro Fermentado com Kefir. In: Simpósio
sobre Inovação na Indústria Láctea, 2013, Campinas/SP. Anais...
Campinas: IT AL, 2013.
6. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n° 12, de 02/01/01.
Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos para Alimentos.
Na Tabela 2, os resultados obtidos para Salmonella sp. demonstraram Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001.
que as amostras do sorvete não apresentaram contaminação, portanto, 7. SIQUEIRA, R. S. Manual de Microbiologia de Alimentos,
estão de acordo com a RDC no 12/2001, que trata dos padrões EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de T ecn ologia
microbiológicos sanitários para alimentos e estabelece a ausência Agroindustrial de Alimentos (Rio de Janeiro). Brasília: EMBRAPA.
dessa bactéria em 25 g da amostra. A presença de sacarose pode dobrar SPI, Rio de Janeiro EMBRAPA_CT T A, 1995.
a resistência térmica da Salmonella, assim como a presença de água 8. SILVA, N, da; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A.
também é importante, já que em um ambiente úmido, a resistência é Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. São
muito inferior à apresentada em ambiente seco (9). O mesmo resultado Paulo: Livraria Varela, 1997. p.295.
foi obtido por Silva et al. (10) em amostras de sorvete a base de caldo 9. FRANCO, B D. G. de M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos
de cana e T avares et al. (11) em amostras de sorvete a base de leite de Alimentos. São Paulo: Atheneu, 2008.
cabra, onde apresentaram-se dentro dos padrões microbiológicos em 10. SILVA, V. P. da; FERREIRA, D. do N.; SOUZA, N. G. G. de;
todas as análises realizadas. ALEXANDRE, A. M.; GOMES, I. F. A.; MOREIRA, R. T.
Para os resultados de coliformes totais, todas as amostras Desenvolvimento de sorvetes à base de caldo de cana e avaliação
apresentaram-se negativas. A RDC nº 12/2001 não estabelece valores- sensorial com crianças. Semina: Ciências Agrárias, 35 (2), 813-824,
padrão para contagem de coliformes totais, mas altas contagens de 2014.
coliformes podem indicar má higienização pessoal, desde a 11. T AVARES, F. de O.; PINT O, L. A. de M.; CARNIEL, L. V.;
manipulação até o consumidor. Portanto pode-se afirmar que as MILANI, P. G.; POZZA, M. S. do S. A valorização do leite de caprino:
formulações de sorvete desenvolvidas foram preparadas dentro das desenvolvimento e avaliação sensorial de sorvete à base de leite de
Boas Práticas de Fabricação de alimentos, não apresentando risco a cabra sabor abacaxi. Revista de Engenharia e Tecnologia. 7 (3), 51-
saúde humana. 58, 2015.
Os resultados obtidos para coliformes termotolerantes das amostras se 12. SOUZA, J. M. de; SANT OS, E. C. G. dos; BRIT O, N. J. N. de;
apresentaram dentro do limite exigido pela legislação. Muitos outros SILVA, G. A. da. Análise microbiológica dos sorvetes self-service
estudos analisaram a qualidade higiênico-sanitária de sorvetes nas sabor chocolate da cidade de Sinop-MT. DEMETRA: Alimentação,
últimas décadas e constataram que a maioria das amostras apresentam Nutrição e Saúde. 10 (4), 857-866, 2015.
resultados para coliformes termotolerantes fora dos padrões da 13. OKURA, M. H.; RABELO, T. de M.; MIGUEL, D. P.; FREITAS,
legislação (12). M. P. Avaliação microbiológica em amostras de sorvete, coletadas no
Diferente dos resultados obtidos nessa pesquisa, Okura et al. (13), município de Uberaba, MG. Higiene Alimentar. 23 (172/173), 166-
observou em seu trabalho que das 20 amostras coletadas de sorvete 170, 2009.
35% das amostras analisadas apresentaram contaminação por 14. FERRARI, R. G.; WINKLER, S. M.; OLIVEIRA, T . C. R. M.
coliformes totais e 10% por coliformes termotolerantes, evidenciando Análise microbiológica de alimentos isentos de registro no Ministério
a baixa qualidade higiênico sanitária do processamento. da Saúde. Semana: Ciências Agrárias, 28 (2), 241-250, 2007.
Para pesquisa de Staphylococcus aureus coagulase positiva, o teste 15. GIACOMINI, A. P.; GUERINO, A. C.; NASCIMENT O, I. A.
apresentou-se negativo para todas as amostras. Ferrari et al. (14) e Análise microbiológica de sorvetes produzidos em Foz do Iguaçu –
Giacomini et al. (15) obtiveram resultados semelhantes a esta pesquisa PR. SaBios: Rev. Saúde e Biol. 10 (3), 3-8, 2015.
em sorvetes. Ao contrário dos valores encontrados nesta pesquisa 16. OLIVEIRA, E. T .; BATISTA, P. J. dos S.; OLIVEIRA, E. G.;
Oliveira et al. (16) encontraram altas contagens de Staphylococcus SILVA, I. T . F. da; FROEHLICH, A. Avaliação Microbioló gica de
aureus em todas as amostras, coletadas de supermercados de Maceió, Sorvetes Comercializados nos Principais Supermercados de Maceió-
Alagoas. AL. VII CONNEPI- Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e
Dentre essas bactérias, o Staphylococcus aureus é o mais importante Inovação, Palmas, T ocantins, 2012.
em nível clínico, pois está associado a doenças veiculadas por
alimentos devido à produção de enterotóxinas que provocam surtos de
intoxicação alimentar. A presença de Staphylococcus aureus nos
alimentos é interpretada, em geral, como indicativo de contaminação
a partir da pele, boca e fossas nasais dos manipuladores de alimentos,
bem como a inadequada limpeza e sanitização de material e
equipamentos. Na pesquisa realizada a ausência dessa bactéria
caracteriza processamento adequado relacionado ao correto processo
de pasteurização associado à boa qualidade do leite e da matéria-prima
e higiene satisfatória dos manipuladores.
CO NCLUSÕ ES
As amostras de sorvete desenvolvidas se apresentaram dentro dos
padrões microbiológicos segundo a legislação vigente evidenciando
qualidade satisfatória da matéria-prima e processamento.
239
Gastronomia: da tradição à inovação
05619 Produção e avaliação de rendimento de aguardente obtida a partir de manga cv. Palmer
Marianna Carvalho 1 , Luciana Cavalcanti de Azevedo 2 , Antônio Gomes Barroso de Sa 3 , Joselmo Silva dos Santos3
1. Graduanda em Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano -
IF-Sertão* maaryh@hotmail.com
2. Docente do Curso de Tecnologia de Alimentos - IF SERTÃO-PE
3. Servidores do IF SERTÃO-PE, Campus Petrolina
Palavras Chave: Etanol, Fermentação, Biomassa, Alambique
INTRO DUÇÃO
O crescente interesse em formas alternativas de obtenção de etanol Durante a destilação o produto obtido foi devidamente fracionado
torna as tecnologias envolvidas na obtenção do álcool mais acessíveis nas frações cabeça (FCA), coração (FCO) e cauda (FCD), de acordo
e aplicáveis em muitos países, favorecendo o crescimento no volume com a graduação alcoólica, sendo o volume de cada fração medido para
de produção, especialmente naqueles países nos quais já existe tradição calculo de rendimento. Em seguida a fração coração foi dividida em
na sua elaboração. O Brasil responde por 37,5% da produção mundial duas partes, onde uma passou por filtração em resina de troca iônica
de etanol e é responsável pela produção anual de 1,3 bilhões de litros com o intuito de avaliar e comparar o teor residual de cobre, sendo
de aguardente (1). codificada como FCO-F. A outra fração foi codificada como FCO-NF.
T odas as etapas de produção são mostradas no fluxograma apresentado
A produção de etanol no Brasil envolve principalmente processos na Figura 1.
fermentativos, utilizando leveduras do gênero Saccharomyces. O
processo citado está ganhando importância comercial no país pelo fato Figura 1. Fluxograma de obtenção de aguardente de casca de manga.
de envolver tecnologia simples e economicamente viável e pelo grande
número de matérias-primas fermentescíveis disponíveis (2). Como o
álcool pode ser obtido a partir de diversas formas de biomassa,
investimentos científicos volumosos estão sendo efetuados para
viabilizar a sua produção a partir de celulose, sendo estimado que, em
2020, cerca de 30 bilhões de litros de álcool poderiam ser obtidos desta
fonte, apenas nos EUA.
T endo em vista a possibilidade da produção de etanol, na forma de
aguardente, utilizando material de baixo custo produzido pelas
indústrias de processamento de manga, o presente projeto propõe a
utilização de manga considerada “ de segunda” como biomassa para
obtenção de etanol por fermentação submersa. Dessa forma, pretende-
se propor uma alternativa de utilização do refugo da produção agrícola,
reduzindo o impacto do seu descarte no meio-ambiente e o volume de
lixo orgânico.
MATERIAIS E METO DO S
RESULTADO S E DISCUSSÃO
As atividades foram desenvolvidas no Laboratório Experimental
de Alimentos (LEA) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Acompanham ento da fermentação
T ecnologia de Sertão Pernambucano (IF SERT ÃO-PE) Campus A fermentação do mosto foi acompanhada diariamente, através da
Petrolina - situado a rodovia BR 407, km 8, Jardim São Paulo, Petrolina análise de sólidos solúveis, o que resultou no gráfico mostrado na
–PE. Figura 2.
240
Gastronomia: da tradição à inovação
(mL) (%) Diante destes resultados, conclui-se que do ponto de vista tecnológico
é tão possível a produção de aguardente de manga usando também os
FCA 440 12,8 resíduos da fruta, quanto faze-lo segundo os parâmet ros legais já
estabelecidos.
FCO 2.500 72,7
REFERÊNCIAS
FCD 500 14,5 1. MIRANDA, M. B.; MARTINS, N. G. S.; BELLUCO, A. E. S.; HORII,
J.; ALCARDE, A. R. Qualidade química de cachaças e de aguardentes
T otal 3.440 100,0 brasileiras. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, 27(4): 897-
901, 2007.
2. DIAS, D. R.; SCHWAN, R. F; LIMA, L. C. O. Metodologia para
elaboração de fermentado de cajá. Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Campinas, 23(3): 342-350, 2003.
Observa-se na tabela que o rendimento da fração coração foi 3. RIBEIRO, JOSÉ CAROLS GOMES MACHADO. Fabricação
satisfatório, pois resultou em aproximadamente 73% de volume final da artesanal da cachaça mineira. Ed. O lutador – MG, 2º edição, p. 100,
ano 2002.
fração da bebida que é destinada ao mercado para consumo, em relação 4. ABNT . Associação Brasileira de Normas Técnicas. Determinação da
ao volume total de destilado. No entanto, em relação ao volume inicial massa Específica e do Teor Alcoólico do Álcool Etílico e suas Misturas
de mosto, o rendimento de aguardente foi de 20%, indicando que para com Água – Método de Ensaio: NBR 5992.
o processo ser economicamente viável, necessita ajustes na produção.
Teor de etanol
241
Gastronomia: da tradição à inovação
242
Gastronomia: da tradição à inovação
A adição de inulina para substituir parte da gordura foi agregue benefícios à saúde através das propriedades da soja e da
possível e considerada importante, pois é um componente que inulina, além apresentar um valor calórico reduzido.
manteve a textura do produto mesmo com a substituição de cerca de
50% da gordura de palma, normalmente empregada nas formulações AGRADECIMENTO S
convencionais de sorvete. Portanto, além da redução do valor
energético, acredita-se que houve a adição do efeito prebiótico da À Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, pelo
fibra, embora a comprovação desse efeito só possa ser feito através de amparo tecnológico e estrutural, e à Fundação de Amparo à Pesquisa
ensaios biológicos tais como: análise histológica do íleo, contagem de do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, pela confiança e aporte
células probióticas e exame da cor e do volume das fezes. financeiro, sem os quais seria impossível a realização desse trabalho
Já em relação à intenção de compra, cerca de 82% dos .
julgadores comprariam o produto com frequência satisfatória (Fig. 1).
REFERÊNCIA BIBIO GRÁFICA
A formulação desenvolvida para o sorvete de soja foi 8. Silveira, K.C., Brasil, J.A., Livera, A.V.S. Salgado, S.M., Faro,
sensorialmente adequada, demonstrando que há grande possibilidade Z.P., Guerra, N.B. Bebida à base de flocos de abóbora com inulina:
de inserção desse produto no mercado. Certamente o produto é uma características prebióticas e aceitabilidade. Revista de Nutrição, 21,
alternativa para os consumidores que procuram uma alimentação que 267-276, 2008.
243
Gastronomia: da tradição à inovação
Francisco Almeida¹, Pedro Neto², Emanuel Oliveira³, Pedro Freitas 4 , Yvana Santos 5 , Elisândra Almeida6
¹ Graduando- Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias -CCHSA- Universidade Federal da Paraíba-
UFPB;lu.caschaves@hormail.com; ²Técnico em Alimentos - Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN;
³Doutor- Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN (Campus Pau dos Ferros); 4 Graduando- Centro de Ciências
e Tecnologia Agroalimentar-CCTA- Universidade Federal de Campina Grande-UFCG; 5 Doutoranda - Unidade
Acadêmica de Engenharia Agrícola-UAEA- Universidade Federal de Campina Grande-UFCG; 6 Doutora- Centro de
Ciências Humanas, Sociais e Agrárias -CCHSA- Universidade Federal da Paraíba-UFPB
244
Gastronomia: da tradição à inovação
inferiores. É importante ressaltar que, a acidez é um parâmetro que sensorial. Jornal de Biotecnologia e Biodiversidade. v. 5, N.1: p. 33-
está inteiramente relacionado a matéria-prima utilizada. 42, Fev. 2014.
O pH dos licores apresentaram variações estatistica quanto 3. SANT OS, C. A. F.; OLIVEIRA, V. R. Inter-relações
as formulações, sendo que F1 e F2 diferiram de F3. O pH é um genéticas entre espécies do gênero Spondias com base em marcadores
parâmetro importante para um alimento, uma vez que é um dos AFLP. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 30, n. 3, 2008.
determinantes, nas quais se vão analisar quesitos como 4. PEREIRA, T .B.B. Desidratação em secador por
armazenamento, embalagem e transporte. Passos et al. (12) ao aspersão da mistura de leite de cabra com polpa de umbu-cajá.
realizarem a caracterização físico-química de licores mistos de 2008, 119 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) -
cenoura com laranja com maracujá, encontraram valores de pH iguais Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB,
4,43 e 3,62, sendo esses superiores aos encontrados nesse trabalho. 2008.
Tabela 2- Resultados de Cinzas, Açúcares totais, Ratio e Teor 5. FERNANDES, L. F.; T OMAZ, H. V. Q.; VIEIRA, M. R.
alcoólico para os licores de umbu-cajá. S.; ANDRADE, J. C. de ; MEDEIROS, D. C. de ; T OMAZ, H. V. Q.
Açúcares Teor alc. ; ALVES, S. S. V. ; QUEIROZ, R. F. Análise sensorial da polpa de
Cinzas Ratio cajarana produzida na região de Mossoró- RN. In: Simpósio Brasileiro
Amostras totais % (v/v)
(%) de Pós-colheita de Frutos Tropicais,2005, J. pessoa PB Anais...João
(%)
F1 0,14a 20,03b 7,82b 20,37b Pessoa:Sociedade Brasileira de Pós-colheita de Frutos T ropicais,
F2 0,16a 23,21a 8,14b 26,10a 2005.
F3 0,09a 22,02ab 10,92a 22,43ab 6. ABRABE - Associação Brasileira de Bebidas. Me rcado:
Le gislação* - Min. 3,00 - 15-54 Categorias de bebidas: Licores. 2012. Disponível em:
Mé dia geral 0,13 21,75 8,96 22,97 <http://www.abrabe.org.br.> Acesso em 24 maio 2015.
DMS 0,17 2,59 1,19 5,28 7. BRASIL. Decreto n. 6.871, de 4 de junho de 2009. Dispõe
F calculado 0,95ns 7,26* 38,49** 5,70* sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a
* (BRASIL, 2008); Ratio – relação SST /ATT; DMS - Diferença produção e a fiscalização de bebidas. Diário Oficial [da] República
mínima significativa; Fcal – Teste F; *Significativo ao nível de 5% de Federativa do Brasil. Brasília, DF, 5 set. 1997. Seção 1. p. 19549 -
significância; **Significativo ao nível de 1% de significância; ns – Não 19555.
significativo; as médias seguidas pela mesma letra na coluna não 8. ALVES, R. M. O.; CARVALHO, C. A. L. de; SOUZA, B.
diferem estatisticamente entre si segundo teste de Tukey ao nível de A.; SODRÉ, G. S.; MARCHINI, L. C. Características físico-químicas
5% de significância. de amostras de mel de Melipona Mandacaia Smith (Hymenoptera:
Apidae). Re vista Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.25, n.4,
Observa-se que os teores de cinzas atingiram valores entre p.644-650, 2005.
0,09 (F3) e 0,16% (F2). A F2 apresentou o maior valor de cinzas 9. OLIVEIRA, E. N. A.; SANT OS, D.C. Processamento e
comparado as demais formulações, isso pode ter acontecido pela avaliação da qualidade de licor de açaí. Revista do Instituto Adolfo
maior adição de mel, na qual foi de 60% na composição do xarope, Lutz , v.1, n.1 p. 534-541, 2011.
Oliveira e Santos (9) ao estudar o processamento da qualidade de licor 10. OLIVEIRA, E. N. A.; et al. Estabilidade física e química
de açaí obtiveram valores inferiores (0,05%). de licores de graviola durante o armazenamento em condições
No tocante a determinação de açúcares totais, obtêm-se ambientais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
uma pequena diferença entre os valores F1 (20,03%), F2 (23,21%) e Ambiental, v.19, n.3, p.245–251, 2015, Campina Grande, PB.
F3(22,02%), observa-se que a formulação 2, apresenta uma maior 11. INST IT UTO ADOLFO LUT Z - IAL. Métodos físico-
quantidade de açucares totais, em decorrência da formulação do seu químicos para análise de alimentos. 4. ed. [1ª ed. Digital]. São
xarope, composto por (60% mel silvestre e 40% de sacarose). Os Paulo-SP, 2008. p.1020.
licores desse estudo se encontram superiores ao valor mínimo 12. PASSOS, F. R.; CRUZ, R. G. da; SANT OS, M. V.;
permitido pela legislação que é de 3% (17). FERNANDES, R. V. B. Avaliação Físico-Química e Sensorial de
Para o ratio têm-se valores que vão de 7,82 (F1) a 10,92 Licores Mistos de Cenoura Com Laranja e com Maracujá. Revista
(F3). Esses resultados nos mostram, de forma simplificada, o grau de Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.3,
doçura dos licores, sendo que pode observar a partir dos resultados p.211-218, 2013.
que, o mel não interferiu diretamente nessa doçura. 13. SILVA, D. M.; PINHEIRO, D. S.; SOUZA, E. C. de;
O teor alcoólico de cada formulação de licor F1, F2 e F3 SILVA, P. M. M. da; BARBOSA, I. C. C.; SILVA, A. S.
apresentou uma pequena variação de 20,37, 26,10 e 22,43% (v/v), Caracterização físico-química de licor de bacuri comercializado em
respectivamente. Oliveira et al. (2), ao caracterizarem físico- Belém do Pará. In: 55º Congresso Brasileiro de Química. Anais do 55º
quimicamente licores de graviola encontraram dado inferior de CBQ. Goiânia- GO, 2015.
16,69%. Todavia, os licores elaborados neste estudo apresentam-se na 14. ALMEIDA, E. L. de; LIMA, L. C.; BORGES, V. T . N.;
faixa e encontram-se em conformidade com a legislação, a qual MART INS, R. N.; BAT ALINI, C. Elaboração de licor de casca de
estabelece que licores são bebidas com graduação entre 15 a 54% v/v tangerina (Citrus reticulata Blanco), variedade ponkan, com
a 20°C (17). diferentes concentrações de casca e tempos de processamento. Revista
Alimentos e Nutrição, Araraquara, v.23, n.2, p.259-265, abr./jun.
CO NCLUSÕES 2012.
Conclui-se então que é possível a utilização do umbu-cajá 15. VIEIRA, V. B.; RODRIGUES, J. B.; BRASIL, C. C. B.;
para elaboração de diversos produtos, e ainda que, os licores ROSA, C. S. da. Produção, caracterização e aceitabilidade de licor de
elaborados apresentaram-se de acordo com a legislação, camu-camu (Myrciaria dúbia (H.B.K.) Mcvaugh). Revista Alimentos
diversificando assim os tipões de produtos apresentados no mercado. e Nutrição, Araraquara v. 21, n. 4, p. 519-522, 2010.
16. MAGALHÃES, D. V.; ANDRADE. R. O, de; COSTA, D.
REFERÊNCIAS P.; SANT OS, D. B. dos; CARDOSO, R. L. Desenvolvimento,
1. SANT OS, M. B. dos; CARDOSO, R. L.; FONSECA, A. caracterização físico-química e sensorial de licor de corte de morango.
A. O.; CONCEIÇÃO, M. N. Caracterização e qualidade de frutos de Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v.10, n.18; p. 1193-1199, 2014.
umbu-cajá (Spondias tuberosa X S. mombin) provenientes do 17. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
recôncavo sul da Bahia. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 32, n. Abastecimento. Instrução Normativa n. 55, de 31 de outubro de 2008.
4, p. 1089-1097, 2010. Aprova o Regulamento Técnico de Identidade e qualidade de licor.
2. OLIVEIRA, E. N. A. de; SANT OS, D. C.; SANT OS, Y. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 31
M. G. dos; OLIVEIRA, F. A. A. de. Aproveitamento agroindustrial da de outubro de 2008.
graviola (Annona muricata L.) para produção de licores: Avaliação
245
Gastronomia: da tradição à inovação
246
Gastronomia: da tradição à inovação
estruturados, os tipos de hidrocoloides empregados, assim como a polissacarídeo retém os componentes nutricionais e preserva as
proporção de polpa utilizada, foram diferentes características iniciais da polpa in natura.
Estruturados com hidrocoloides ágar-ágar diferiram estatisticamente
em relação aos demais tratamentos para a análise de pH (P ≤ 0,05). AGRADECIMENTO S
Observa-se ainda que esta formulação apresentou menores valores
para os SS, pH e acidez total. Segundo Moura (2), o ágar-ágar pode, Agradecimentos à CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento
em meio ácido, sofrer hidrólise ficando com o peso molecular (e o de Pessoal de Nível Superior) pelo financiamento e à Pomar da Polpa
tamanho das cadeias) reduzido e perdendo poder geleificante. Quanto pelo fornecimento da matéria-prima.
mais tempo o ágar-ágar permanecer em meio ácido (pH < 5,5) e mais
alta for a temperatura, maior a extensão da hidrólise. Dessa forma, os
valores reduzidos podem ser justificados devido à quebra do gel e REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
consequentemente perda de água durante o armazenamento das
amostras. 1. Flores, G.; WU. S.; Negrin, A., Kennelly, E.J. Chemical
Verificou-se que os estruturados com a proporção de gelano LA/HA composition and antioxidant activity of seven cultivars of guava
apresentaram características físico-químicas aproximadas, exceto para (Psidiumguajava) fruits. Food Chem. v.170, 1, p. 327–335, 2015.
a análise de sólidos solúveis. Danalache et al. (10) avaliaram a 2. Moura, J. I. M.G Desenvolvimento de metodologias para a
influência da concentração de goma gelana, assim como a proporção aplicação de hidrocoloides a técnicas culinárias de vanguarda. 2011.
de LA (baixo-acilo) e HA (alto-acilo), nas propriedades reológicas e Dissertação (Mestrado em Ciências Gastronômicas) - Universidade
microestruturais de frutas estruturada de manga. Segundo os autores a Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e T ecnologia, Lisboa, 2011.
adição de LA, HA ou a relação LA/HA para o purê de manga melhorou 3. Petrovski, S., T illett, D. Back to the kitchen: Food-grade agar is a
sua estrutura e produzindo um purê de manga texturizado com low-cost alternative to bacteriological agar. Anal. Biochem. v.429, p.
propriedades viscoelásticas interessantes. 140–141, 2012.
Em relação à polpa de goiaba utilizada nas preparações dos 4. Chandrasekaran, R.; Radha A. Molecular architectures and
estruturados, todos os atributos avaliados apresentaram conformidade functional properties of gellan gum and related polysaccharides. Food
com os padrões de identidade e qualidade de polpas de frutas (PIC) Sci. T echnol., v. 6, p.143-148, 1995.
(11). Motta et al.(12) avaliaram índice de cor e sua correlação com 5. Lins, A. C. A. Desenvolvimento de fruta estruturada com umidade
parâmetros físicos e físico-químicos de polpas de goiaba in natura e intermediária obtida de polpas concentradas de três genótipos de
demonstraram os valores de sólidos solúveis totais de 10,19 a 8,76 cajazeira (Spondiasmombin L.). 2010. Dissertação (mestrado em
°Brix; observaram também que o pH variou de 4,04 a 3,55 durante o Ciências e T ecnologia de Alimentos) – Programa de Pós-Graduação
armazenamento refrigerado. É importante levar em consideração que em Ciências e T ecnologia de Alimentos, Universidade Rural de
as amostras utilizadas neste estudo foram polpas de frutas Pernambuco, Recife, 2010.
industrializadas, portanto é possível surgir valores maiores aos 6. Azoube L, P. M.; Araujo, A. J. B.; Oliveira, S.B.; Amorim, M. R.
relatados neste trabalho. Além disso, os valores de SS podem variar Restructuring Passifloracincinnata fruit pulp: influence of
com a quantidade de chuva durante a safra, fatores climáticos etc. hydrocolloids. Cienc.Tecnol.Aliment., Campinas, v. 31, n. 1, p. 160-
Segundo Sancho et al. (13) a variabilidade do teor de SS também pode 166, 2011.
ser explicada, em princípio, pela variação do °Brix da própria matéria- 7. Danalache F., Carvalho C. Y., Alves V. D., Moldão -Martins M.,
prima e do atrito entre as partículas da amostra e a parede do local de Mata P.. Optimisation of gellan gum edible coating for ready-to-eat
processamento, resultando em maior quebra da polpa, promovendo mango (Mangifera indica L.) bars. Int. J. Biol. Macromolec. v.84, p.
um acréscimo no valor do teor de sólidos solúveis Brasil et al. (14) 43–53, 2016.
avaliando a qualidade físico-química das polpas de goiabas 8. Instituto Adolfo Lutz. Normas analíticas doInstituto Adolfo Lutz:
congeladas, encontraram valores para o pH que variaram de 2,93 a métodos químicos e físicos para análises de alimentos. 4. ed. São
3,15, acidez total (AT) de 0,23 a 0,75 g de ácido cítrico/100g de polpa Paulo, 2008. 1002 p
e SS que variaram de 8,42 a 10,06, valores próximos aos encontrados 9. Silva, P. A.; Carvalho, A.V.; Pinto, C. A. Elaboração e
no presente estudo. caracterização de fruta estruturada Mista de goiaba e cajá. Rev. ciênc.
Para a análise de atividade de água, verificou-se que as amostras com agrár., Belém, n. 51, p.99-113, 2009.
os hidrocoloides apresentaram valores próximos ao da polpa in natura. 10. Danalache, F. A, Mata A P., Moldao-Martins, M.; Alves, V. D.
Este atributo é importante ser avaliado para os fins de armazenamento Novel mango bars using gellan gum as gelling agent: Rheological and
e comercialização do produto, visto que sabendo os valores de microstructural studies, Food Sci. T echnol. v. 62, p.576-583, 2015.
atividade de água de um produto, evita-se a proliferação de micro- 11. BRASIL.ministério da Agricultura do Abastecimento. instrução
organismos. normativa nº 01/00, de 07/01/00. Regulamento técnico geral para
Oliveira et al. (15) estudaram a produção de fruta estruturada de fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpa de fruta.
abacaxi com elevada porcentagem de polpa e verificaram que é Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan.
possível a elaboração destes produtos, podendo ser considerado um 2000. Seção 1, p.54-58
produto conveniente, saudável e com alto potencial de consumo 12. Motta, J. D.; Queiroz, A. J. M.; Figueirêdo, R. M. F.; Sousa, K. S.
conveniente e saudável. M. Índicede cor e sua correlação com parâmetros físicos e físico-
químicos de goiaba, manga e mamão. Comunic. Sci. v. 6, n.1, p74-82,
CO NCLUSÕ ES 2015.
13. Sancho, S. O. et al. Alterações químicas e físico-químicas no
Os estruturados de goiaba apresentam características próximas da processamento de suco de caju (Anacardium occidentale L.). Ciênc.
polpa in natura, e o uso de diferentes hidrocoloides na mesma T ecnol. Aliment., Campinas, v. 24, n. 4, p.878-882, out. 2007.
concentração (0,75%) não influencia nas características físico- 14. Brasil A.S., Sigarini, K.S.; Pardinho,F.C., Gomes de Faria R.A.P.,
químicas do produto final, ou seja, o uso de hidrocoloides para a Siqueira N.F.P Avaliação da qualidade físico-química de polpas de
formação de fruta estruturada é uma boa opção para desenvolver um fruta congeladas comercializadas na cidade de
produto de consumo prático e com características de fruta fresca 15. Oliveira, J. A. R.; Carvalho, A. V.; Martins, L. H. S.; Moreira, D.
Os valores do pH, SS e Acidez T otal das amostras com Gelano (LA) K. T . Elaboração e caracterização de polpa de abacaxi. Alim. Nutr.,
foram superiores em comparação aos demais tratamentos, isto é, este Araraquara, v. 23, n. 1, p. 23-31, jan./mar. 2012.
247
Gastronomia: da tradição à inovação
248
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 2 - Valores médios dos atributos aparência, aroma, sabor, indicadores de contaminação microbiológica. Nesse grupo estão
doçura e impressão global das formulações de bebida mista de presentes bactérias como a Escherichia coli que tem como habitat
melancia e limão adicionados de aveia e linhaça. natural o intestino de animais de sangue quente. O Staphylococcus
Atributos/ F1* F2* F3* **Controle aureus, bactéria coagulase positiva, está presente na pele humana.
Formulaçõe s Logo a ausência desses micro-organismos mostra que o emprego das
Aparência 4,53b 4,93 b 4,65b 8,02 a boas práticas durante o processamento foi eficiente.
Aroma 4,67b 4,97 b 4,95b 6,72 a
Sabor 4,91b 4,13 b 5,23b 7,20 a Conclusão
T extura 3,80c 4,23bc 4,86b 7,67 a
b b b
Impressão global 4,48 4,78 5,10 7,46 a As bebidas mistas formuladas atendem aos padrões microbiológicos
F1*: Bebida mista com 4% de aveia e 4% de linhaça; F2*: Bebida vigentes. As três formulações não apresentam diferença significativa
mista com 6% de aveia e 2% de linhaça; F3*: Bebida mista com 6% quanto à aceitação dos provadores. As diferentes concentrações de
de linhaça e 2% de aveia.** Bebida sem adição de cereais. Valores na aveia e linhaça influenciam na aceitação da bebida, indicando uma
mesma linha seguidos da mesma letra não diferem significativamente preferência pelo sabor dado pela linhaça. A formulação F3 mostra os
entre si ao nível de 5 % de probabilidade (p ≤ 0,05). melhores resultados nos atributos testados, assim como na intenção de
compra, apresentando potencial para inserção no mercado, porém
A formulação F3 foi a que apresentou a maior intenção de compra com fazem-se necessárias modificações na formulação para melhorar a
20%, enquanto a F1 obteve 12%. A formulação F1 apresentou os aceitação da mesma.
maiores valores na zona de rejeição com 70% (T abela 3).
Referências
T abela 3 - Valores referentes à intenção de compra das bebidas mistas
de melancia e limão adicionados de aveia e linhaça. 1.BEZERRA, C.V.; SILVA, L.H.M.; COSTA, R.D.S.; MATTIETTO,
Escala intenção de F1* F2* F3* **Controle R.A. Comportamento reológico de suco misto elaborado com frutas
compra / Formulações tropicais. Braz. J. Food T echnol. 16, 2, 155-162, abr./jun. 2013.
1 43% 32% 32% 7% 2.PORTELA, J.V.F. Estudo dos aspectos tecnológicos e de qualidade
2 27% 25% 25% 8% envolvidos no aproveitamento da casca e da polpa da melancia
3 18% 25% 23% 15% (Citrullus lanatus Schrad). 2009. 132f.Dissertação - Centro de
4 10% 15% 12% 30% T ecnologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2009.
5 2% 3% 8% 40% 3.SANT ANA, A.F.; OLIVEIRA, L.F. Aproveitamento da casca de
F1*: Bebida mista om 4% de aveia e 4% de linhaça; F2*: Bebida mista melancia (Curcubita citrullus Shrad) na produção artesanal de doces
com 6% de aveia e 2% de linhaça; F3*: Bebida mista com 6% de alternativos. Alim. Nutr., Araraquara.16,4, 363-368,out./dez. 2005.
linhaça e 2% de aveia.** Bebida sem adição de cereais. 4.FERRARI, C.K.B.; TORRES, E.A.F.S. Novos compostos dietéticos
com propriedades anticarcinogênicas. Rev. Bras. Cancerol. 48,
Análise microbiológica 382,2002.
5.REDA, S.Y.; LEAL E.S.; BAT IST A, E.; BARANA, A.C.;
Os resultados das análises microbiológicas demonstram que as três SCHNIT ZELS, E.; CARNEIRO, P.I.B. Caracterização dos óleos das
formulações encontram-se dentro dos padrões exigidos pela legislação sementes de limão rosa (Citrus Limonia Osbeck) e limão siciliano
vigente (T abela 4). (Citrus Limon), um resíduo agroindustrial. Ciênc. Tecnol. Aliment.25,
4, 672-676, 2005.
T abela 4 – Perfil microbiológico das formulações da bebida mista de 6.SLAVIN, J. Whole grains and human health. Nutr. Res. Rev.17, 2,
melancia e limão adicionados de aveia e linhaça. 2004.
Análises/ F1* F2* F3* Padrão 7.KWAK, N.; JUKES, D.J. Functional foods. Part 1: the development
Formulaçõe s of a regulatory concept. Food Control. 12,99-107, 2001.
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RDC n° 12 H.M.; FALCO, I.R.; LIMA, A.L.; PEREIRA, M.C.A. Efeito das fibras
Mesófilos 3,0 *102 8,5 *103 9,6 *102 Não dos farelos de trigo e aveia sobre o perfil lipídico no sangue de ratos
UFC/ml especificado (Rattus norvegicus) Wistar. Ciênc. Agrotec., Lavras. 27, 6, 1321-
Bolores < 10 est. < 10 est. < 10 est. Não 1329, 2003.
e leveduras especificado 9.CHEN, H.H.; XU, S.Y.; WANG, Z. Interaction between flaxseed
Coliformes <3 <3 <3 10 2 gum and meat protein. J. food eng.80, 4, 1051 -1059, 2007.
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cereus/g Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001: Aprova o
Salmonella Ausente Ausente Ausente Ausente Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos.
sp./g D. O. U. – Diário Oficial da União, Brasília (DF); 10 de Janeiro de
F1*: Bebida mista com 4% de aveia e 4% de linhaça; F2*: Bebida 2001.
mista com 6% de aveia e 2% de linhaça; F3*: Bebida mista com 6% 14.American Public Health Association (APHA). 2001. Compendium
de linhaça e 2% de aveia Est.= estimado. of methods for the microbiological examination of foods. 4th ed.
Washington: APHA. 676 p.
Análises de mesófilos e bolores indica a qualidade higiênico-sanitária 15.NADVORNY, A.; FIGUEIREDO, D.M.S.; SCHMIDT , V.
do alimento. A ausência de Salmonella sp. é um indicativo da Ocorrência de Salmonella sp. em surtos de doenças transmitidas por
segurança microbiológica das bebidas, pois bactérias desse gênero são alimentos no Rio Grande do Sul em 2000. Act. Scient. Veter. 32, 1,
responsáveis por grande parte das Doenças T ransmitidas por 47-51, 2004.
Alimentos (DTA) (15). Micro-organismos do grupo coliformes são
249
Gastronomia: da tradição à inovação
Livânia Aguiar1 ; Alessandra Carneiro 2 ; Gleucia Moura 3 , Izamara de Paula 1 ; Elisabeth da Silva4
1 Mestranda do Programa de Pós -Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará,
livania_linhares@yahoo.com.br
2 Doutoranda do Programa de Pós -Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
3 Docente do curso de Nutrição, Universidade de Fortaleza
4 Docente do Programa de Pós -Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
250
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabela 2. Resultados das análises microbiológicas para as Figura 1. Intenção de Compra para formulações de fishburguers
formulações de fishburguer 50
Microrganismos FA FB FC FA
Staphylococcus coagulase FB
1,0 X 10 1,3 X 10 1,8 X 10 40
FC
positiva (UFC/g)
Salmonella sp. ausência ausência ausência 30
Coliformes a 45°C
2 2 4
%
(NMP/g) 20
FA= amostra com 50% farinha de linhaça e 50% amido; FB=
amostra com 100% farinha de linhaça; FC= amostra com 100% de
10
amido; UFC/g= unidades formadoras de colônia/g; NMP: número
mais provável.
0
1 2 3 4 5
Para Salmonella, os resultados confirmaram sua ausência nas
Intenção de Compra
formulações, semelhantes aos obtidos por Fogaça et al. (10) em estudo
com carne mecanicamente separada (CMS) e surimi a partir de tilápia FA= amostra com 50% farinha de linhaça e 50% amido; FB= amostra
do Nilo (Oreochromis niloticus). com 100% farinha de linhaça; FC= amostra com 100% de amido;
1=nunca compraria; 2=compraria raramente; 3=compraria
Análise Sensorial dos Fishburguers ocasionalmente; 4=compraria frequentemente; 5=compraria sempre.
Após a realização da análise sensorial foi possível verificar a aceitação
das formulações dos fishburguers (FA= Amostra com 50% farinha de A falta de padronização da fritura com relação ao tempo em que os
linhaça e 50% amido; FB = Amostra com 100% farinha de linhaça e, fishburguers permaneceram nessa etapa contribuiu para a discrepância
FC= Amostra Controle, 100 % de amido). Os resultados obtidos de notas obtidas em alguns parâmetros durante avaliação sensorial,
revelaram que não houve diferença significativa entre as médias das pelo fato de que algumas amostras apresentavam-se com grau de
notas atribuídas para todos os parâmetros avaliados, conforme fritura superior aos demais.
observado na T abela 3.
CO NCLUSÃO
Tabela 3. Valores médios das notas atribuídas pelos provadores no Após avaliação sensorial realizada, pode-se concluir que as
teste de aceitação das formulações de fishburguer formulações obtiveram boa aceitação, com destaque para amostra de
Parâmetros sensoriais FA FB FC fishburguer FA, onde obteve maiores médias para o teste de
Aparência 6,78 a 6,84 a 6,94 a aceitabilidade e intenção de compra. Desta forma, torna-se viável a
Cor 6,92 a
6,72 a
6,82 a incorporação de até 50% de farinha de linhaça para produção de
a a fishburguer.
Aroma 7,38 6,86 6,96 a
T extura 7,02 a 6,38 a 6,34 a
REFERÊNCIAS
Sabor 7,22 a 7,08 a 6,98 a 1. Marins, B. R.; T ancredi, R.C. P.; Gemal, A. L. Segurança alimentar
a a
Impressão Global 7,16 7,10 6,94 a no contexto da vigilância sanitária: reflexões e práticas. Rio de
Valores, na mesma linha, acompanhados de letras iguais não Janeiro: EPSJV, 2014.
apresentam diferença significativa, ao nível de 5%, entre si pelo teste 2. Novello, D.; Pollonio, M. A. R.; Caracterização físico-química e
de T ukey. microbiológica da linhaça dourada e marrom (Linum Usitatissimum
L.). Rev Inst Adolfo Lutz, 71, 291-300,2012.
Dentre os 50 provadores que participaram da análise de aceitação dos 3. Monteiro, W. L. A.; Rosa, G.; Luiz, R. R.; Neto, J. F. N.; De
produtos elaborados, 64 % pertenciam ao sexo feminino e 36 % ao Oliveira, G. M. M. Efeitos de Diferentes T ipos de Linhaça nas
sexo masculino, ambos com faixa etária entre 20 e 48 anos. Sensações de Apetite e Saciedade no Sobrepeso e na Obesidade. Int.
Os valores médios obtidos nos parâmetros avaliados encontraram-se J. Cardiovasc. Sci. 29, 37-46, 2016.
próximos de sete, em uma escala que varia de um a nove, 4. Araújo, G. S. de; Araújo, A. S.; Chellappa, S. T ipo de crescimento
demonstrando assim, boa aceitação dos produtos. e aspectos reprodutivos do peixe marinho Oligoplites palometa
O sabor foi o que obteve a maior pontuação, média (7,22) para a (Osteichthyes: Carangidae), na costa do Rio Grande do Norte, Brasil.
amostra FA, enquanto que a textura apresentou a menor nota (6,34) Biota Amazônica, 2, 25-30, 2012.
para formulação de fishburguer FC. Para os parâmetros impressão 5. Costa, C. M. S.; Noleto, K. S.; Silva, L. T. S.; Paulo, I. G. P.; Santos,
global, aroma e cor, as maiores notas foram atribuídas a FA, 7,16, 7,38 E. C. B. Avaliação das propriedades nutricionais da carne das espécies
e 6,92, respectivamente. Oligoplites palometa e Micropoganias furnieri de acordo com o
Quanto à aparência, a formulação que obteve a maior média foi a do número de lavagens. Rev. Bras. Eng. Pesca, 7, 69-81, 2015.
fishburguer FC, seguida de FB e FA, com 6,94, 6,84 e 6,78, 6. Oetterer, M.; Regitano-D'Arce, M. A. B.; Spoto, M. H. F.
respectivamente. Fundamentos de Ciência e T ecnologia de Alimentos. Barueri, SP:
Neste estudo, o teste de aceitação apresentou valores médios Manole, 2006.
superiores aos encontrados por Silva et al. (11) em avaliação sensorial 7. APHA - American Public Health Association. Compendium of
de fishburguers de tilápia processadas utilizando farinha de cascas de Methods for the Microbiological Examination of Foods. 4 ed.
umbu e umbu-cajá. No entanto, em ambos os trabalhos as médias Washington: American Public Health Association, 2002.
obtidas não diferiram estatisticamente ao nível de 5%. 8. AOAC 2005.03. The Enumeration of Total Coliforms and E. coli in
Com relação à intenção de compra, pode-se observar (Figura 1) que as Foods by the Simplate® Coliform and E. coli Color lndicator Method
três formulações de fishburguers obtiveram índices positivos, onde a and Conventional Culture Methods (BioControl Systems, lnc., 12822
amostra FA apresentou 88% de aprovação, seguida das amostras FC e SE 32 nd Street, Bellevue, WA 98005- 4318, USA).
FB, com 80% e 72%, respectivamente. A partir desses dados, é 9. Filho, R. B.; Queiroga, A. X. M. de; Gomes, Q. O.; Pereira, B. B.
possível indicar que, se os produtos adicionados de até 50% de farinha M.; Maracajá, P. B. Elaboração de hambúrguer formulado com filé
de linhaça, fossem disponibilizados à comercialização, provavelmente de peixe tucunaré (cichla ssp.). Rev. Verde, 9, 75 - 80, 2014.
teriam uma demanda satisfatória. 10. Fogaça, F. H. dos S.; Otani, F. S.; Portella, C. de G.; Santos-Filho,
L. G. A. dos; Sant’ana, L. S. Caracterização de surimi obtido a partir
da carne mecanicamente separada de tilápia do Nilo e elaboração de
fishburger. Semina: Ciênc. Agrar. 36, 765-776, 2015.
11. Silva, G. S.; Coelho, M. I. S.; Silva, G. S.; De Sá, A C. Avaliação da
qualidade e aceitação de fishburguers de tilápia processados com
farinha das cascas de umbu e de umbu-cajá como provável
antioxidante natural. Rev. Bras. de Tec. Agroind. 8,1501-1515, 2014
251
Gastronomia: da tradição à inovação
252
Gastronomia: da tradição à inovação
equivale a 75,6 calorias, caracterizando aproximadamente 40% do total T abela 4. Somatório dos julgamentos obtidos no teste de ordenação
de proteínas que devem ser ingeridas diariamente. preferência das barras alimentícias.
O teor de lipídios foi elevado se comparado ao encontrado por Haddad Julgadore s B1 B2 B3
(11), que elaborou barras alimentícias de sabor salgado com diferentes Total (60J) 124 112 124
agentes ligantes e com teores de lipídios variando entre 11,19 a 13,95%.
O teor de cinzas das diferentes formulações foi de 3,26% (B1), 10,82% Com auxílio da T abela 5 nota-se que não houve preferência entre as
(B2) e 13,68% (B3) os quais diferiram estatisticamente entre si e foram amostras, com 5% de significância.
superiores aos obtidos por Lima et al. (12) em barras de cereais
adicionadas de quitosana e ômega-3 que obtiveram entre 0,85 e 1,1% T abela 5. Diferença entre os totais de ordenação.
de cinzas, desta forma, indicando que as barras adicionadas de farinha |B1-B2| |B1-B3| |B2-B3|
de tilápia eram mais ricas em minerais. Dife rença e ntre totais 12 12 0
Os valores de carboidratos diferiram significativamente entre si. O de orde nação
aumento da quantidade de farinha de tilápia adicionada contribuiu para
a redução do teor de carboidratos.
CO NCLUSÃO
T abela 2. Composição centesimal das barras alimentícias A adição de farinha de tilápia à barra alimentícia elevou
Parâmetros Formulaçõe s consideravelmente os teores de lipídios, proteínas e cinzas, no entanto
B1 B2 B3 contribuiu para a redução de carboidratos. As barras com adição de
Umidade (%) * 5,62 b 5,47 b 7,25 a farinha de tilápia apresentaram boa aceitação sensorial e elevado valor
c b
Proteína (%) * 13,10 17,58 18,93 a nutritivo, sendo uma ótima alternativa para quem busca alimentos
Cinzas (%) * 3,26 c 10,82 b 13,68 a prontos e nutritivos. A formulação com maior teor de farinha de tilápia
Lipídios (%)* 15,52 c 19,06 a 18,25 b (B3) torna-se a mais viável visto que utiliza maior percentual de
Carboidratos (%)* 62,99 a 47,03 b 41,87 c resíduo, além de ter maior percentual de proteínas e cinzas, e resultados
* Médias com letras iguais na mesma linha não diferem estatisticamente sensoriais satisfatórios.
entre si, pelo teste de T ukey.
REFERÊNCIAS
Análises microbiológicas 1. VIDAL, J. M. A.; RODRIGUES, M. C. R.; ZAP ATA, J. F. F.; VIEIRA, J. M. M.
“ Concentrado proteico de resíduos da filetagem de tilápia-do-nilo (Oreochromis
As análises microbiológicas para Salmonella sp, Estafilococos niloticus): caracterização físico-química e aceitação sensorial”. Rev. Ciênc. Agron.. 1,
coagulase positiva e Coliformes a 45ºC apresentaram-se dentro dos 92-99, 2011.
limites estabelecidos pela legislação vigente, pois os resultados obtidos 2. MONTEIRO, M. L. G. Aproveitamento de resíduos de tilápia (Oreochromis
foram: ausência em 25g, < 1 UFC/g, < 3 NMP/g, respectivamente. niloticus) para elaboração de novos produtos com valor agregado. 2013. 178f. Tese
(Doutorado em Medicina Veterinária) –Universidade Federal Fluminense, Niterói,
Análise sensorial 2013.
As três formulações foram aceitas sensorialmente (Tabela 3), obtendo 3. AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis of
médias acima da faixa de indiferença. Para os parâmetros aparência e the Association Analytical Chemists. 18.ed. Gaithersburg, Maryland, 2005.
4. AP HA. American P ublic Health Association. Compendium of Methods for the
aroma as médias variaram entre gostei ligeiramente e gostei Microbiological Examination of Foods. 4ed. Washington: AP HA. 2002. 676p.
moderadamente, tendo B2 e B1 maiores destaques, respectivamente. 5. Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo:
Para os parâmetros sabor, textura e aceitação global as médias variaram Instituto Adolfo Lutz (2008).
entre nem gostei, nem desgostei e gostei ligeiramente, sendo a 6. Assistat, versão 7.7 beta. Silva, F.A.S. Universidade Federal de Campina Grande,
Brasil
formulação B3 a que se sobressaiu. 7. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13170: teste de
ordenação em análise sensorial. Rio de Janeiro, 1994.
T abela 3. Resultados do T este de Aceitação para barras alimentícias. 8. SILVA, I. Q.; OLIVEIRA, B. C. F.; LOPES, A. S.; PENA, R. S. Obtenção de barra de
Parâmetros Formulaçõe s cereais adicionada do resíduo industrial de maracujá. Alim. Nutr., Araraquara. 20, 321-
329, 2009
B1 B2 B3 9. ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-CNNPA nº 12, de
Aparência* 6,08 a 6,22 a 6,03 a 1978. Normas técnicas especiais. Disponível em:
Aroma* 6,38 a 6,02 a 6,02 a <http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/12_78.pdf>. Acesso em: 3 de maio de
Sabor* 5,42 a 5,58 a 5,72 a 2016
T extura* 5,07 a 5,13 a 5,30 a 10. ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução Consulta Pública
Aceitação Global* 5,48 a 5,47 a 5,62 a nº 80, de 13 de dezembro de 2004. Regulamento técnico sobre a ingestão diária
* Médias com letras iguais na mesma linha não diferem entre si recomendada (IDR) de P roteína, Vitaminas e min erais. Disponível em:
estatisticamente (p≤0,05) pelo teste de T ukey. <http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP[8989 -1-0].PDF>. Acesso em: 2 de
maio de 2016.
11. HADDAD, F. F. Barras Alimentícias de Sabor Salgado com Diferentes Agentes
As barras alimentícias apresentaram aceitação semelhante ao relatado
Ligantes: Aspecto Tecnológico, Sensorial e Nutricional. 2013. 15 5f. Dissertação
por Freitas e Moretti (13) e Roberto et al. (14), que avaliaram
(Mestrado em Ciência dos Alimentos) - Universidade Federal de Lavras. Lavras. 2013.
formulações de barras de cereais obtendo médias entre 4 a 6 de 12. LIMA, M. M.; NUNES, M. L.; AQUINO, L. C. L.; MUJICA, P. I. C.; CASTRO, A.
aceitação. A. Desenvolvimento e caracterização físico-química, microbiológica e sensorial de
barras de cereais adicionadas de quitosana e ômega3. Sci. P lena. 8, 1-9, 2012.
No teste de ordenação preferência, pela T abela de Newell e 13. FREITAS, D. G. C. F.; MORETTI, R. H. Caracterização e avaliação sensorial de
barras de cereais funcional de alto teor protéico e vitamínico. Ciênc. Tecnol. Alim.
MacFarlane, a diferença crítica entre os totais de ordenação de 5%, para Campinas. 26, 318-324, 2006.
60 julgamentos e 3 amostras, é de 26. Assim, todas as amostras que 14. ROBERTO, B. S.; SILVA, L. P.; MACAGNAN, F.T.; BIZZANI, M.; BENDER,
diferirem entre si por um valor maior que 26 são significativamente A. B. B. Qualidade nutricional e aceitabilidade de barras de cereais formuladas com
preferidas (p≤0,05). Na T abela 4 verifica-se a quantidade de casca e semente de goiaba. Rev. Inst. Adolfo Lutz. São Paulo, 74, 39-48, 2015
julgamentos recebidos dos provadores, para cada amostra.
253
Gastronomia: da tradição à inovação
05979 - Talharim de Feijão Verde: uma alternativa de uso para a Gastronomia Comercial
O feijão caupi(VignaUnguiculata L. Walp) evidência-se entre as As quantidades dos ingredientes utilizados para o desenvolvimento
leguminosas mais consumidas, no norte e nordeste do Brasil, sendo dotalharimestádescritonatabela1.Paraoseupreparo,foicolocado em uma
tradicionalmente utilizado na forma seca e verde. O feijão verde refere- panela água, depois de aquecido acrescentou o feijão verde e deixou
se às vagens ao estágio inicial da maturidade, ou seja, aproximadamente cozinhar por cercam de 15 minutos, até o grão ficar totalmente macio.
no processo em que as vagens param de acumular fotossintatos e Retirou do fogo e reservou. Logo após o resfriamento, passou no
iniciam o processo de desidratação natural (1). espremedor e depois foi amassada com o garfo. Em seguida acrescentou o
Devido a sua adaptação o feijão verde se destaca diante da sua ovo, a farinha de trigo e mexeu até ficar homogênea a massa.
importância socioeconômica para pequenos e médios produtores, pois Posteriormente, abriu a massa e passou na máquina de cortar Fabrica de
são geradores de emprego e renda (1). O cultivo do feijão verde é de Massa – La Cuisine ®. Enquanto isso,
grande importância para o desenvolvimento agrícola da região foifeitoomolhopomodoro.Aofinalcolocouaáguacomsalnofogo, deixou
Nordeste, tanto no aspecto econômico como no nutricional, pois é o aquecer e acrescentou a massa de talharim, por cercam de 4 minutos.
alimento básico na alimentação das populações mais carente, Finalizou fazendo a montagem do prato com o talharim e por cima o
exercendofunçãosocialnosuprimentodasnecessidadesnutricionais dessa molhopomodoro.
camada da população(2).
Noaspectonutricional,sãofontesprincipalmentedeproteína,ferroe fibras T abela 1. Ficha T ecnica de preparação do T alharim de Feijão Verde.
alimentares, mas também contém diversos minerais, como ferro, cálcio,
magnésio, zinco, fósforo e potássio.
Vitaminas:vitaminaA,vitaminaC,vitaminaK,vitaminasdocomplexoB,ác Preparação:talharim de feijão verde Porçõe s: 04
ido fólico, riboflavina etiamina.
Diante dessas considerações, o objetivo principal do presente estudo foi Per capitas Quant. Total
elaborar preparações voltadas para gastronomia comercial, utilizando Ingredientes PL FP PB
como ingrediente principal o feijão verde. Foi Feijão Verde 100g - 100g 400g
desenvolvidotalharimtendocomointuitoavaliarpormeiodoestudo da Alho 1,3g 1,15 2,5g 10g
aceitabilidade, bem como da viabilidade econômica e valor nutricional. Ovo 11g 1,13 13g 50g
T omate 76g 1,18 89g 344g
Pimenta do reino 0,5g - 0,5g 1g
MATERIAL E METO DO LO GIA Sal 1,3g - 1,3g 5g
Manjericão 5,0g - 5,0g 20g
Foi desenvolvido uma pesquisa experimental, nos meses de outubro a Manteigasemsal 12g - 12g 48g
novembro, realizados na cozinha pedagógica, localizada na Parmesão 11g - 11g 44g
Universidade Potiguar-UnP, no Campus Engenheiro Roberto Freire, Açúcar 1,3g - 1,3g 5g
Natal/RN. Foram executados testes exploratórios, cujo produto foi
testado duas vezes, e posteriormente, elaborada a Ficha T écnica da
Preparação. FICHA T ÉCNICA DE PREPARAÇÃO
BRANQUEAMENT O DO FEIJÃO VERDE A cada etapa do preparo foi registrado e descrito na ficha técnica, para
apósobterolevantamentodoscustostotalepercapita,rendimentototale per
Primeiramente, os feijões foram passados por uma triagem, onde capita, o tempo de preparo e cálculo do valor nutricional da preparação.
retiraram os que tinham defeitos, depois lavados bem em água corrente. Com a Ficha T écnica de Preparação tem como objetivo obter os seguintes
Em seguida, foi colocado água em uma panela - na dados: per capita, fator de correção e cocção, composição centesimal em
proporçãode2litropara1quilosdefeijãoverde-atéaquecerà85°C, após macro e micronutrientes da preparação, o rendimento e o número de
acrescentado os feijões por um tempo de 3 minutos. Retirou do porções (porcionamentos) da mesma, permitindo um maior controle
fogoeimediatamentefoicolocadogeloparafazeroresfriamento,até chegar financeiro e a determinação da composição nutricional (5).
10°C e estar totalmente gelado. Logo após foi embalado e etiquetado,
indicando a data que foi realizado o processo de branqueamento e a data COMPOSIÇÃO NUT RICIONAL
de validade, para ao final ser congelados e
posteriormenteutilizadosnodesenvolvimentodaspreparações. A informação nutricional do talharim de feijão verdefoi calculada com base
O branqueamento é um processo que tem como objetivo principal, a na T abela de Composição de Alimentos: Suporte para Decisão Nutricional,
inativação de enzimas que normalmente causariam degradação de T abelas de Composição Nutricional dos Alimentos
nutrientes e/ou deterioração do alimento durante seu preparo (3). Dentre ConsumidosnoBrasileResoluçãoRDC360/03-Aprovaregulamento técnico
suas utilidades, destacam-se a inativação de enzimas causadoras do sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, tornando obrigatória
escurecimento, a fixação da cor, aroma e sabor, aumento do rendimento a rotulagem nutricional, em todas foram utilizadas como padrão para se
do produto, controle de temperatura, eliminação de sabores estranhos, fazer a avaliação nutricional. No cálculo do valor calórico foram utilizados
menores perdas de substâncias solúvel em água, principalmente os fatores de conversão para proteínas (4
aumenta a qualidade e vida útil do vegetal (4). kcal/g),carboidratos(4kcal/g),gordurastotais(9kcal/g)(6,7,8).
254
Gastronomia: da tradição à inovação
255
Gastronomia: da tradição à inovação
80
71,7 71,0
68,3
Os frutos (limão, gengibre e cenoura) e o chá verde em pó foram 70 65,9
61,7 63,0
60,9 62,0 60,4 59,3
obtidos em comercio local da cidade de Sobral Ceará. As matérias- 60 57,6 58,1 58,3
55,7
53,5
56,0
primas necessárias, limão, cenoura e gengibre passaram por 50
higienização, sendo inicialmente lavados com água corrente, 40
posteriormente permaneceram em água clorada a 200ppm por 15 28,5
30 23,4
minutos e em seguida foram submetidos a nova lavagem em água
corrente para retirar o excesso de cloro. O suco de limão foi extraído 20
manualmente com auxílio de uma peneira de aço inoxidável, 10
momentos antes do processamento e reservado. O gengibre e a cenoura 0
foram cortados em pedaços menores, para facilitar a desintegração em 0 dia 7 dias 15 dias 30 dias 60 dias 90 dias
liquidificador. Preparou-se o chá verde em pó por infusão a 80°C por Tempo em dias
2 min. Para a obtenção da bebida mista, utilizou-se a proporção de
1:1:14(suco de limão, cenoura e chá verde respectivamente)e 0,42% F1 (controle) F2 (carragena)
de gengibre, em seguida adicionou-se no liquidificador o chá verde, o
suco de limão, gengibre, a cenoura e e açúcar (15%). Utilizou-se uma Comparando os resultados do percentual de sequestro do radical livre
peneira de malha fina para filtração da bebida, adicionou-se o DPPH (% SRL) das F1, F2 e F3, verificou-se que as amostras em todos
conservante benzoato de sódio (0,4g/L). A quantidade total de bebida os tempos analisados apresentaram capacidade de sequestro de radical
obtida foi dividida em três partes iguais, para obtenção das três livre.
formulações: F1(Controle), F2 (adicionada de 0,07%carragena) e F3 Em estudos realizados por Rezende (10), analisando diferentes
(adicionada de 0,2% de galactomanana). As formulações foram amostras de polpa congelada do sapoti, jenipapo e umbu com
envasadas de forma manualmente em garrafas de vidro de 500 mL. concentrações de extrato próximas ao utilizado no presente estudo, o
Após este procedimento, realizou-se o tratamento térmico de autor obteve valores menores ao encontrados nesse trabalho, com
pasteurização em banho maria, à 65 ºC por 30 min. Em seguida foram valores de 9,89%, 21.59% e 42,24 respectivamente. Desta forma, a
resfriadas e acondicionadas sob refrigeração a 4° C. baixa capacidade de sequestrar radicais livres apresentadas por esses
256
Gastronomia: da tradição à inovação
extratos deve-se a menor concentração de compostos fenólicos tropicais através de Metodologia de Superfície de Resposta. In:
presentes. Ou seja, a bebida mista estudada contém maior quantidade CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E T ECNOLOGIA
de substâncias que apresentam capacidade de doar hidrogênio para o DE ALIMENTOS, 18, 2002, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre:
radical DPPH. sbCT A, 2002.
O teste utilizando o radical livre DPPH mede a capacidade das 3. GOMES, G. B. Alimentos funcionais e doença aterosclerótica.
substâncias testadas em doar hidrogênio a este radical, assim, quanto Q ual. Alim: Nutr. São Paulo: Ponto Crítico, n. 13, p. 16-17, ago.
maior o número de hidroxilas presentes na amostra maior a sua 2002. ISSN: 1519771-9.
atividade. Outro fator que influencia no potencial antioxidante é a 4. SAIT O, S. T .; WELZET, A.;SUYENAGA, E.S. A method for fast
estabilidade do radical formado, sendo maior nas substâncias que determination of epigallocatechin gallate (EGCG), epicatechin
possuem maior capacidade de deslocar o radical pela estrutura (11). (EC), catechin (C) and caffeine (CAF) in green tea using HPLC.
Desta forma, verifica-se que as amostras controle, carragena e Food.Sci.T echnol, Campinas, v. 26, n. 2, jun. 2006.
galactomana apresentaram boa capacidade de sequestrar radicais livre 5. PELLEGRINI, N.; COLOMBI,B.; SALVALORE, S.; BRENNA,
durante os dias de armazenamento, porem a adição dos espessantes O.V.; GALAVERNA, G.; BIANCHI, M.; BENNET T, R.N.;
influenciaram de forma significativa nos valores obtidos no tempo 0, BRIGHENT I, F. Evaluation of antioxidant capacity of some fruit
provavelmente pelo fato dos hidrocolóides apresentarem conformação and vegetable foods: efficiency of extraction of a sequence of
diferenciada no momento do preparo, o que ocasionou uma maior solvents. J.Sci. Food Agric, v. 87, n. 1, p. 103-111, 2007.
turbidez da bebida, logo após o processamento, influenciando 6. FERNANDES, P.- “O efeito da goma de alfarroba na estrutura e
diretamente na leitura espectrofotométrica. comportamento reológico de sistemas de kappa-carragenina”,
T ese de Doutorado, Universidade Católica Portuguesa, Portugal
AGRADECIMENTO S (1992).
7. GARCIA-CRUZ, C. H. Uso de hidrocolóides em alimentos:
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e T ecnologia do revisão. Hig. Alim, v.15, p.19-28, 2001.
Ceará(IFCE). 8. ALBUQUERQUE, P. B., BARROS, W., SANT OS, G. R.,
CORREIA, M. T ., MOURÃO, P. A., T EIXEIRA, J. A., &
CO NCLUSÃO
CARNEIRO-DA-CUNHA, M. G. Characterization and
Pode-se concluir que as três amostras estudadas apresentaram rheological study of the galactomannan extracted from seeds of
capacidade antioxidante durante todo período de tempo estudado. Cassia grandiis. CarbohPolym, v.104, p.127-134, 2014.
T endo em vista os resultados obtidos pode inferir que a bebida mista 9. BRAND-WILIAMS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C. Use of
de suco de limão, gengibre, cenoura e chá verde adicionada de afree radical method to evaluate antioxidant activity. FoodSci.
espessantes naturais pode ser apontada como fonte de antioxidantes T echnol, v.28, p.25-30. 1995.
naturais, além de ser uma bebida de fácil preparo e tecnologia simples. 10. REZENDE, L.C. Avaliação da atividade antioxidante e
composição química de seis frutas tropicais consumidas na
REFERÊNCIAS Bahia. 2010. 118 f. T ese (Pós-Graduação em Química) -
1. MAT SUURA, F. C. A. U.; ROLIM, R. Avaliação da adição de Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2010.
suco de acerola em suco de abacaxi visando à produção de um 11. DUART E-ALMEIDA, J.M.; SANTOS, R.J.; GENOVESE, M. I.;
“ Blend” com alto teor de vitamina C.Rev.Bras.Frutic., Jaboticabal LAJOLO, F.M. Avaliação da atividade antioxidante utilizando
(SP), v. 24, n. 1, abr., 2002. sistema β-caroteno/ácido linoléico e método de seqüestro de
2. FOLEGAT TI, M. I. S.; MATSUURA, F. C. A. U.; FERREIRA, radicais DPPH•. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 2,
D. C. Otimização da formulação de néctar misto de frutas p. 446-452, 2006.
257
Gastronomia: da tradição à inovação
258
Gastronomia: da tradição à inovação
AGRADECIMENTO S
259
Gastronomia: da tradição à inovação
George Silva1 , Rafael Batista 1 , Thainaly Abreu 1 Edilene Santos 1 , Damião Gomes 2 , Lucélia Lima3
1
Graduandos do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, Ins tituto Federal da Paraíba-Campus Sousa
2
Mestre Assistente de laboratório do setor de agroindústria, Instituto Federal da Paraíba -Campus Sousa
3
Mestre Docente do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal da Paraíba -Campus Sousa, Email:
luceliakatia@yahoo.com.br
INTRO DUÇÃO
Figura 1. Fluxograma de processamento do hambúrguer de carne
A caprinocultura no Nordeste é importância para o agronegócio da caprina
região como alternativa no desenvolvimento econômico e social,
constituindo-se em instrumento gerador de emprego e renda no campo,
pelo avanço de sua importância na cadeia produtiva de alimentos,
porém a grande dificuldade da atividade está em não oferecer produtos
elaborados, enfatizando tecnologias que suplantem qualidade
compatível com o consumo da população (1).
A carne caprina é considerada um produto com elevada expansão em
decorrência da sua composição química, quando comparadas às carnes
vermelhas apresenta quantidades semelhantes nos parâmetros de
proteína e ferro, porém, baixas quantidades em gorduras totais e
colesterol (2). É bastante versátil para produção de vários produtos
cárneos dentre estes se destacam o hambúrguer que faz parte da rotina
alimentar dos brasileiros, em virtude de suas características sensoriais
e facilidade de preparo (1).
Atualmente tem se observado uma crescente demanda da carne caprina
pelo mercado consumidor interno e externo em função de suas
características dietéticas, refletidas pelo seu alto valor nutritivo, boa
digestibilidade, baixos teores de gorduras e de colesterol. Os valores da
composição química da carne caprina podem variar de 65,5 a 80% de
umidade, 16 a 22% de proteínas,
1,5 a 13% de gordura e 0,5 a 1,5% de matéria mineral (3)
O mercado produtor existe uma grande dificuldade de encontrar
produtos industrializados de carne caprina, havendo, portanto,
hambúrgueres elaborados com carne bovina, suína, frango, peru e até As análises microbiológicas dos hambúrgueres foram feitas visando a
mesmo de equinos. Mas devido o interesse por parte dos pesquisadores identificação das principais bactérias previstas na Legislação segundo a
e consumidores mais atentos, a diversificação e utilização de outras RDC nº 12 de 02/01/01 da ANVISA, que são os coliformes totais a 35
espécies na inclusão de novos produtos está sendo possível, como por ºC e coliformes termotolerantes a 45 ºC, (Escherichia co li),
exemplo, o aumento de tecnologias de produção na elaboração de Estafilococcus coagulase positiva e Salmonella SP.
hambúrgueres de carne caprina (2).
A farinha de aveia é um dos principais cereais empregados no RESULTADO S E DISCUSSÃO
enriquecimento de alimentos, graças às fibras que auxiliam na
diminuição do colesterol e pelo seu poder antioxidante. Além disso, A adição de farinha de aveia não alterou bruscamente o percentual de
auxilia na retenção de água promovendo uma sensação bucal similar à umidade, o teor mineral e o de proteína. Os resultados para umidade se
da gordura sem alteração no sabor cárneo (4). mostraram próximos, para os tratamentos T0 e T1, e ambos perderam
Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo elaborar e mais água pelo motivo de suas formulações conterem maior quantidade
caracterizar físico-química e microbiologicamente hambúrgueres de de carne, quando a amostra acrescida de mais farinha de aveia
carne caprina enriquecidos com farinha de aveia. apresenta menos água disponível em sua composição dificultando
algumas reações bioquímicas e oxidativas (T abela 01).
MATERIAL E MÉTO DO S
Tabela 01: Parâmetros físico-químico de hambúrguer de carne caprina
A carne caprina foi adquirida no comércio local da cidade de submetido a diferentes níveis de farinha de aveia.
Marizópolis/PB e transportada em caixa isotérmicas contendo gelo,
Tratamentos
para o laboratório de processamento de derivados de carnes do Instituto
Federal da Paraíba - Campus Sousa/PB. Análises T0 T1 T2
Em seguida a carne foi moída em moedor de carne semi- industrial com Umidade 71,12 ± 0,26 71,12 ± 0,08 67,28 ± 0,08
disco de 6 mm. Após foram adicionados os ingredientes: alho em pó, Cinzas 3,07 ± 0,05 2,79 ± 0,03 2,52 ± 0,06
cebola desidratada, pimenta em pó, emulsificante, sal, farinha de aveia,
pH 5,35 ± 0,71 5,11 ± 0,01 5,05 ± 0,005
açúcar, sal de cura, antioxidante, vinagre e glutamato monossódico.
T odos os componentes foram homogeneizados em um recipiente Proteína 18,60 ± 0,54 18,56 ± 0,98 19,49 ± 0,89
separado e calculados sob o peso da massa cárnea, que foram utilizados Médias ± Desvio Padrão. T 0 (Controle); T 1 (5% de farinha de
750 g de carne respectivamente para cada formulação. aveia); e T 2 (10% de farinha de aveia).
Em seguida, ocorreu o processamento para elaboração dos
hambúrgueres, tendo as formulações T 0 (0%), T1 (5%) e T 2 (10%), Contudo, percebe-se que a farinha de aveia pode ser adicionada em
adicionados com farinha de aveia, respectivamente, conforme Figura produtos cárneos sem que essa influencie no aumento do teor de
1. A moldagem foi feita com hamburgueira umidade. Isso significa que a farinha de aveia pode ser adicionada em
produtos cárneos sem que esta aumente o teor de umidade, porém o
manual com papel manteigado de 15 x 15 cm, próprio para alimento, acréscimo exacerbado pode caracterizar ação fraudulenta de elevação
utilizando embalagem primária. de peso.
A determinação físico-química foi realizada no Instituto Federal de O valor de proteína do hambúrguer caprino está de acordo com a
Educação, Ciência e T ecnologia da Paraíba – Campus Sousa (IFPB) e Instrução Normativa nº 20 de 31/07/2000 que é de 15%, (6). Os
seguiram os procedimentos descritos pelo Instituto Adolf Lutz (5). hambúrgueres apresentaram percentuais de proteína superiores ao da
260
Gastronomia: da tradição à inovação
261
Gastronomia: da tradição à inovação
05789 Queijo bola: Resgate de sua fabricação como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade
de Lastro - Paraíba
Aline Martins 1 , Ana Carolina Costa 1,2 , Nathalia dos Santos 3 , José Tavares 1 , Samir Bastos 4
1
Curso de Gastronomia, Faculdade Maurício de Nassau de João Pessoa, aline.abrantes@gmail.com
2
Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos - PPGCTA, Universidade Federal da Paraíba
3
Departamento Ciência e Tecnologia de Alimentos – PPGCTA, Universidade Federal Rural de Pernambuco
4 Curso de Gastronomia, Centro Universitário de Ciências, Cultura e Extensão do Rio Grande do Norte
INTRO DUÇÃO confecção do queijo, sendo este processo realizado por um produtor
que fabrica o queijo bola há 45 anos e aprendeu o ofício dos próprios
O queijo faz parte do grupo de produtos fermentados elaborados a criadores do alimento. Este produtor foi selecionado por ser o mais
partir do leite. Vários relatos históricos explicam o aparecimento do experiente neste mister dentre as poucas pessoas que confeccionam o
queijo na sociedade, entretanto, são desconhecidos o momento e o queijo bola.
lugar de sua origem (1). Acredita-se que o surgimento deste alimento Destaque-se que todos os sujeitos aceitaram participar
remonta a tempos antiquíssimos e coincide com o início do espontaneamente da pesquisa.
desenvolvimento da agricultura pelo homem, entre o período de Dessa forma, no presente artigo estão registrados os aspectos
30.000 e 8.000 a.C. (2). Naquela época, devido às condições históricos que deram origem ao queijo bola, como também todo o
climáticas e, de certo modo, a ausência de equipamentos e utensílios processo de produção deste alimento, mantido artesanalmente.
apropriados, o leite possuía um período mínimo de conservação e, por
isso, rapidamente coagulava, havendo a separação do soro, além da RESULTADO S E DISCUSSÃO
sua alteração do sabor (3). O queijo bola é um queijo típico do sertão da Paraíba, mais
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, define queijo precisamente, da cidade de Lastro. De acordo com relatos dos
como "produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial familiares e antigos funcionários dos criadores do queijo, sua história
do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente remonta aos anos de 1930, na época em que Getúlio Vargas era
desnatado) ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, presidente do Brasil e a cidade de Campina Grande era considerada o
enzimas específicas de bactérias específicas, de ácidos orgânicos, maior entreposto comercial do Nordeste, local onde acorriam todos os
isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, produtores de algodão, rapadura, sisal, entre outros, com a finalidade
com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias de comercializar seus produtos.
e/ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias Lastro, na época, era uma fazenda de propriedade do Coronel Manoel
aromatizantes e matérias corantes" (4). Gonçalves de Abrantes, político e senhor de engenho. Em uma de suas
Na produção do queijo, os equipamentos, insumos e os métodos viagens a Campina Grande, o Coronel, como era conhecido, comprou
variam e, consequentemente, interferem no tipo do produto. Contudo, um queijo do reino, novidade para muita gente, principalmente do
os princípios básicos do processo de fabricação continuam os mesmos sertão, e levou para o Lastro.
ao longo dos anos, são eles: leite e o seu tratamento térmico; adição de Nestorina Augusta de Abrantes, esposa do coronel, já fabricava queijo
fermento e coalho; coagulação e corte da coalhada; moldagem, de manteiga e de coalho para consumo na fazenda, e, ao provar aquela
dessoragem e salgadura; maturação e affineur (1, 2, 3). iguaria, afirmou que poderia fazer um queijo semelhante, com sabor
Os aspectos referentes à identidade, o sabor e o saber-fazer qualificam igual ou melhor do que aquele “do reino”. Dessa forma, surgiu o
a gastronomia como patrimônio imaterial de uma cultura, ou seja, primeiro queijo bola, produto este muito consumido e apreciado na
consistem em uma manifestação da memória e da história numa cidade até os dias atuais.
atividade tida como corriqueira, mas que é de fácil percepção e O queijo bola é produzido com leite de vaca cru, apresenta textura
entendimento como parte do passado (5). compacta, granulosa, com pequenas olhaduras, consistência dura,
Nessa perspectiva, a retomada do processo de produção do queijo coloração branca, sabor salgado, levemente ácido, casca dura e
bola, como artefato cultural da comunidade de Lastro – Paraíba, vermelha. O seu formato é esférico – “bola” – e o seu peso é de
consiste em um registro da própria manifestação da região. aproximadamente dois quilos.
Considerando a forma de fabricação artesanal, este estudo objetivou O processo de fabricação é unicamente artesanal e se mantém igual até
demostrar o método de preparo do queijo bola artesanal com vistas ao hoje, tendo, portanto, as seguintes etapas: adição de coalho,
resgate e preservação de um método tradicional e, praticamente em coagulação, corte da coalhada, retirada do soro, salgadura, primeiro
extinção. pré-cozimento, mexedura, prensagem, quebra da coalhada,
enformagem, pré-cozimento, dessoragem, conserto da bola,
MATERIAIS E MÈTO DO S prensagem, maturação e pintura.
Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de campo utilizando T omando por base a observação do processo de produção do queijo
metodologia com análise qualitativa dos dados. Para dar subsídio à bola, este pode ser descrito nas seguintes etapas:
coleta de dados; ancora, ainda, os estudos apresentados, a base • Adição de coalho - Na noite anterior ao preparo do queijo, o produtor
bibliográfica levantada a partir de contribuições teóricas em livros e reserva um litro de soro de leite que, posteriormente acrescenta a cem
sites especializados. gramas de coalho, ou seja, renina, extraída do estômago do boi. Deixa
O campo de acolhimento da mesma foi a cidade de Lastro, situada no o coalho agir no soro até a manhã seguinte, momento em que coa o
extremo sertão paraibano. Os dados foram colhidos no momento em soro, leva o líquido ao fogo, até atingir a temperatura de 50º C e, em
que foram realizadas entrevistas com cinco familiares e três seguida, acrescenta a mesma em uma panela contendo vinte litros de
funcionários antigos dos criadores do queijo. As entrevistas realizadas leite.
subsidiaram a descrição histórica que subjaz a produção do queijo • Coagulação - Após a adição do coalho no leite, deve-se mexer
bola, uma vez que inexistem registros históricos deste produto. Dessa levemente o leite, para que haja uma melhor distribuição e, em
forma, foram extraídos das entrevistas e utilizados no presente seguida, deixa o leite em descanso para que ocorra a coagulação, o que
trabalho, os elementos identificatórios da historicidade do queijo bola dura aproximadamente uma hora.
presentes na fala destes sujeitos. • Corte da coalhada e retirada do soro - Finalizada a coagulação,
Deve-se destacar, ainda, que a entrevista não seguiu um protocolo, procede-se o corte da coalhada e, nesse caso, pode-se dizer que o
apenas foi pedido que o sujeito relatasse a história desse queijo de método utilizado é bem rústico, pois se coloca uma bacia no fundo da
acordo com as suas lembranças. panela, para que o soro suba e a coalhada fique embaixo.
Além das entrevistas, houve o acompanhamento e descrição da Em seguida, retira-se o soro, peneirando-o e reservando-o em outra
262
Gastronomia: da tradição à inovação
panela. Os resíduos de coalho que ficaram na peneira, voltam para a manutenção desta comida como patrimônio imaterial da cidade de
fabricação do queijo. Lastro, no Sertão paraibano.
• Salgadura - Depois de retirada a maior quantidade de soro possível,
inicia-se o processo de salga, acrescentando aproximadamente cento e Fig. 1. Queijo bola produzido artesanalmente na cidade de Lastro-PB
cinquenta gramas de sal à coalhada.
• Primeiro Pré-cozimento e mexedura - Com um litro do soro
reservado, leva-o ao fogo até atingir a temperatura de 100º C, retira a
nata (espuma formada) e adiciona o soro quente à coalhada. Em
seguida, mexe-se a coalhada, para que toda a massa seja pré-cozida
uniformemente.
• Prensagem e Quebra da Coalhada - O processo de prensagem é
manual, de modo que a coalhada, ainda quente do pré-cozimento, vai
sendo espremida com as mãos, formando grumos enormes. Após a
prensagem, procede-se a quebra da coalhada, momento em que,
também com as mãos, quebra-se os grumos formados pela prensagem,
em movimentos semelhantes ao processo de esmigalhar um pão.
• Enformagem, Pré-cozimento e Dessoragem - A enformagem é feita
CO NCLUSÃO
em moldes de barro, com auxílio de um pano fino. Cobre-se a forma
de barro com o pano e vai preenchendo manualmente todo o utensílio, No que se refere à relação entre o queijo bola e o do reino, o bola
conferindo ao queijo o formato de bola. Quando o queijo já se encontra apresenta-se menos duro e mais úmido em relação ao do reino, isso
enformado, acrescenta-se mais um pouco de soro quente, modelando devido as etapas inseridas em sua produção. Outro diferenciador é o
e prensando sempre. Em seguida, vira o queijo e repete por mais três fato de que o queijo bola é feito com o leite cru e não ocorre adição de
vezes o mesmo processo de acrescentar soro quente, modelar e corantes, como no queijo do reino. Somente em sua finalização é que
prensar. Finalizada a enformagem, inicia-se o processo de a bola é pintada como manobra de conservação. Já a cor amarelada do
dessoragem, momento em que o queijo, que permanece nas formas queijo bola decorre do uso de leite com alto teor de gordura.
com orifícios no fundo, é colocado em cima de um utensílio aberto, no Além destes aspectos apontados, soma-se ao processo de maturação
caso em tela, é colocado em cima de uma lata de leite em pó vazia, um percurso artesanal, marcado pela permanência do queijo em
para que o soro escorra. Essa fase dura em torno de três dias, devendo lugares isolados de luz solar, mas a expressa vontade do clima da
sempre virar o queijo, para que haja uma melhor dessoragem. região que é quente e seco, dando ao queijo características próprias,
• Conserto da Bola e Prensagem - Após a dessoragem, o produtor singulares.
desenforma o queijo e mergulha-o no soro quente, com temperatura Esta pesquisa contribui para a reflexão sobre as variações de
de 90º C, deixa-o imerso por aproximadamente três minutos. Logo determinados alimentos, cujas características decorrem de aspectos
depois, retorna o queijo para a forma onde é realizada uma leve relacionados ao clima, aos costumes, as formas de manuseio. Embora
prensagem, virando sempre a bola e prensando, de modo que são o queijo bola tenha surgido de uma influência do queijo do reino,
consertadas todas as imperfeições do queijo e, assim, a bola passa a ocorreu uma variação que o configura como produto único, singular,
adquirir uma superfície mais lisa. Em seguida, envolve-se o queijo com características próprias e representação da cultura alimentar de
num pano, deposita-o na forma e deixa-o descansando por doze horas. uma região, ou seja, o resgate de um patrimônio cultural imaterial.
• Maturação e Pintura - Após o descanso, a bola é retirada do pano e, Por fim, a busca pela origem e caracterização do queijo bola revelou a
se quiser um queijo mais fresco, ela pode ser pintada e consumida, existência de produtos alimentícios que representam verdadeiras
entretanto o ideal é que ela seja levada para maturação, por, no marcas culturais da gastronomia do Nordeste brasileiro.
mínimo, cinco dias. Nesse caso, todos os dias ela deve ser lavada em
água corrente, e o queijo fica acondicionado em uma sala que não
REFERÊNCIAS
recebe diretamente o calor do sol. Depois da maturação, ela é pintada
com corante alimentício vermelho e está pronta para o consumo. Para 1. FOX, P. F. Cheese: chemistry, physics and microbiology. London:
conservá-la fora da refrigeração, recomenda-se passar manteiga de General aspects, 1993. v. 1.
garrafa diariamente. 2. DANT AS, D. S. Qualidade Microbiológica do queijo de coalho
Após a observação do processo de produção do queijo bola verifica- comercializado no Município de Patos, PB. 2012, 79f. Dissertação
se certa semelhança com a produção de outros tipos, a exemplo do (Mestrado em Zootecnia) - Centro de Saúde e T ecnologia Rural,
próprio queijo do reino que inspirou sua criação. No entanto, por se Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, 2012.
tratar de um processo com fases bem específicas e de todo artesanal, 3. SILVA, J. G. Características físicas, físico-químicas e sensoriais do
o queijo bola adquire características próprias e sabor mais leve que o queijo Minas artesanal da Canastra. 2007, 198 f. Dissertação
queijo do reino, configurando um tipo de queijo próprio e (Mestrado em Ciência dos Alimentos) –Universidade Federal de
caracterizado como produto de região determinada, constituindo-se Lavras, Minas Gerais, 2007.
um alimento de base cultural. 4. BRASIL. Portaria nº 146, de 07 de março de 1996. Ministério da
De formato semelhante ao queijo bola, tem-se o queijo do reino, de Agricultura e do Abastecimento. Secretaria Nacional de Inspeção de
formato esférico com casca espeça, de cor vermelha, devido a Produtos de Origem Animal. Regulamentos T écnicos de Identidade e
utilização de corante, que é formada após o processo de maturação. O Qualidade dos Produtos Lácteos. Diário Oficial [da] República
queijo do reino possui textura interna relativamente dura, laranja, com Federativa do Brasil, Brasília, mar. 1996.
sabor intenso e picante, e aroma pronunciado, elaborado com fermento 5. GIUST INA, A. P. S. D.; SELAU, M. S. A culinária como
termofílico em conjunto com mesofílico, permitindo, assim, uma patrimônio imaterial. Cadernos do CEOM, 23, n. 31, 45-67, 2008.
maior temperatura de cocção e, dessa forma, mantêm-se as 6. FURT ADO, M. R. A. Caracterização Histórico, T ecnologia de
características deste queijo (6). Fabricação, Características físico-químicas, sensoriais, perfil de
Os aspectos de produção do queijo bola demonstram as peculiaridades textura e de comercialização do queijo do reino. 2008. 83 f. Tese
próprias de constituição de um produto que foi elaborado para atender (Doutorado em Ciência de Alimentos) – Universidade Federal de
ao paladar de um grupo social, que sua produção decorreu da Lavras, Minas Gerais, 2008.
existência de determinados artefatos.
Nos dias atuais, o queijo bola é produzido em pequena escala e de
forma artesanal, mantendo-se o mesmo processo e garantindo a
263
Gastronomia: da tradição à inovação
Gleison Oliveira 1 , Laura Souza 2 , Carmem Neves 2 , Adalva Machado 3 , Camila Bezerra1 , Cláudia Fontes 3
1 Professor Mestre do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Campus Pau dos
Ferros. gleison.silva@ifrn.edu.br
2 Técnico em Alimentos. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Campus Pau dos
Ferros.
3 Professora Doutora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Campus Pau dos
Ferros.
Palavras-Chave: industrialização, subproduto agroindustrial, aproveitamento integral.
O processamento dos bolos seguiu a metodologia de Neitzel (4), em O pH de 3,52 observado na farinha elaborada para esse estudo,
que todos os ingredientes, exceto o fermento químico em pó, foram encontra-se numa faixa ácida, inferior a 4,5, o que dificulta a sua
homogeneizados em batedeira planetária por três minutos, sendo então contaminação microbiológica, pois tal faixa é isenta de
o fermento adicionado seguidamente, e misturado manualmente até a microrganismos patogênicos (7), assemelhando-se ao valor
completa homogeneização. As massas foram levadas ao forno elétrico encontrado por Nunes et al. (8), que, ao caracterizarem físico-
e assadas durante 30 minutos a 180 °C. quimicamente a farinha proveniente dos resíduos de acerola,
obtiveram um pH de 3,50.
A acidez total titulável, expressa em ácido cítrico, demonstrou-se
bastante elevada, sendo também um bom indicativo para a
conservação do produto, com um teor médio de 4,30%, quantidade
análoga ao estudo de Pereira et al. (9), os quais obtiveram resultado
equivalente a 4,68% de acidez para a sua farinha residual de acerola.
264
Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
05764 O Queijo Macururé Produzido no Povoado Caititus como Produto Artesanal do Estado
de Alagoas
Marcos Oliveira 1,, Ernanda Tenório 2,, Cecilio Junior3 , Pedro Guedes 4
1 Aluno do curso de Gastronomia na Faculdade Maurício de Nassau, Maceió(AL). Advogado. Especialista em
Docência para o Ensino Superior.
2 Formada em Gastronomia. Docente na disciplina Serviço de Chá e Café no curso de Gastronomia da Faculdade
Maurício de Nassau, Maceió(AL).
3 Formado em Psicologia e em Direito. Mestre em Pesquisa em Saúde. Doutorando em Psicologia Clínica. Professor de
Bases para Pesquisa Científica na Faculdade Maurício de Nassau, Maceió(AL).
4 Formado em Engenharia de Alimentos. Mestre em Alimentos. Professor de Metodologia da Pesquisa na Faculdade
Maurício de Nassau, Maceió(AL).
E-mail: mvieira.al@gmail.co m
Palavras-chave: Nordeste. Patrimônio gastronômico. Iguaria. Saberes tradicionais.
268
Gastronomia: da tradição à inovação
econômico das regiões, uma vez que ajudam a divulgar a sua produção Figura 4: Queijo Macururé já preparado para comercializar.
artesanal. Mesmo com toda essa popularidade a fabricação dos queijos
artesanais não conta com tecnologia apropriada para a melhoria da
produção e de sua qualidade, como é o caso do queijo produzido no
povoado de Caititus, Alagoas.
Diante disso, “ É necessário que o processo tradicional, geralmente
artesanal e a partir de leite cru, acompanhe a evolução das técnicas
queijeiras mediante modificações já utilizadas na tecnologia de outros
queijos nacionais”(3).
Desde 1996 a qualidade dos queijos, no Brasil, é regulamentada pela
Portaria 146, entretanto, o Macururé é produzido de forma rudimentar,
artesanal, à margem da legislação vigente, sem controle de qualidade,
por ser produzido em pequena escala, permitindo uma gama de
cuidados e higiene no preparo por parte da família. A figura 1 mostra O queijo é a identidade cultural dessa família que mantém vivos o
a casa onde é feito o queijo Macururé. Enquanto que as figuras 2, 3 e costume e a tradição de uma iguaria, ainda, pouco conhecida. T alvez,
4, mostram a produção e a apresentação do produto final para ser a única forma de manter viva a sua história e a de seus antepassados.
comercializado.
CO NCLUSÕ ES
Figura 1: Local onde funciona a produção do queijo Macururé. O Macururé representa o motivo de orgulho desse povo, ainda que seja
produzido por uma única família local.
REFERÊNCIAS
1. P aula, J.C.J., Carvalho, A.F., Furtado, M.M. P rincípios básicos da fabricação
Figura 3: Queijos Macururé armazenados em formas cilíndricas de queijo: do histórico a salga. Rev. Ins. Latic., Cândido Tostes, 367/368(64):
19-25, mar./jun, 2009.
plásticas de cano de PVC.
2. Montanari, M. Comida como cultura. SENAC, 15-16, 2013.
3. Freitas Filho, J.R., Souza Filho, J.S., Oliveira, H.B., Ang elo, J.H.B., Bezerra ,
J.D.C. Avaliação da qualidade do queijo “ coalho” artesanal fabricado em Jucati -
P E. Extensio – Rev. Eletr. de Ext., UFSC, 6(8):35-49, dez., 2009.
4. Correia, M.C.B. A observação participante enquanto técnica de investigação.
Pensar Enf er., 13(2): 30-36, set., 2009.
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implicações para a saúde. Rev. de Nutrição. Disponível em:<
http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1415-
52732011000600010>. Acesso em: 15 maio 2016.
269
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO
No final dos anos 60, os ganhos de produtividade decresceram e a Na T abela 2, pode-se visualizar a ficha técnica da preparação do
sociedade requisitava produtos cada vez mais segmentados, levando à Cookies de Casca de Laranja, utilizando as medidas per capita (peso
crise do modelo econômico estabelecido. E a partir da década de 80, a bruto, fator de correção e peso liquido), ressaltando que a quantidade
diversificação da produção e do consumo permitiu o lançamento de estabelecida é para o total de 50 pessoas, multiplicando assim esta pelo
produtos semi-prontos, étnicos, dietéticos, saudáveis e naturais (1). peso bruto, resultando no total de KG ou G que necessita. A ficha
A produção de alimentos é um dos pilares de qualquer economia, seja técnica é importante, como uma ferramenta de padronização, do modo
por sua abrangência e essencialidade, seja pela rede de setores (2). de preparo, montagem e de finalização. É através dela que se podem
Quando se fala em qualidade para a indústria de alimentos, o aspecto controlar as compras e o estoque, calcular os custos, os prejuízos e os
segurança do produto é sempre um fator determinante, pois qualquer preços de vendas como observado na T abela 3. A elaboração da
problema pode comprometer a saúde do consumidor (3). mesma é um trabalho demorado, porém satisfatório, desse modo, sua
A maioria dos autores admite que o conceito de sustentabilidade construção deve se adequar conforme a necessidade e o perfil do
propôs-se originalmente a atuar como uma espécie de contra conceito, público alvo.
na medida em que seu surgimento é resultado da antítese da idéia de
desenvolvimento econômico e social, analisada a partir da perspectiva T abela 2. Ficha Técnica de Preparação com quantidade total para 50
da insustentabilidade dos modelos vigentes (4). pessoas.
O principal requisito para garantir a qualidade de um alimento é a sua
vida de prateleira, vulgarmente conhecida por validade, que é o Ingredientes PB FC PL QT
período temporal no qual um aliment o se mantém seguro para o
consumidor, mantendo suas características organolépticas (5). Farinha de T rigo 40g 1 40g 2kg
É interessante ressaltar, que as alterações na qualidade dos biscoitos Manteiga 4g 1 4g 200g
envolvem mudanças físico-químicas, microbiológicas e sensoriais Ovo 13,56g 1,13 12g 678g
geralmente relacionadas ao tipo de embalagem utilizada, ao teor de Açúcar Cristal 2,5g 1 2,5g 125g
umidade inicial, entre outros fatores (6). Açúcar Mascavo 25g 1 25g 1,2kg
As propriedades encontradas nas raspas da casca da laranja são Laranja Mimo Inteira 127,2 g 1,59 80g 6,3kg
aromatização, sabor, aumento da vida útil do produto, atividade Granola 70g 1 70g 3,5kg
antioxidante, antimicrobianas, apresentam compostos fenólicos, Raspas de Chocolate 20g 1 20g 1kg
flavonóides e limonóides que são substâncias bioativas importantes 70% cacau
para a nutrição humana, além de conterem um conteúdo de vitaminas
e fibras (7).
Com isso, na busca por um estabilizante na produção do novo alimento T abela 3. Custo Unitário e T otal do Alimento.
tendo em vista, que tenha uma boa durabilidade decidiu-se, trabalhar
com o aditivo Propionato de Cálcio, pois o mesmo aumenta a Ingredientes UNI T OT AL
durabilidade do alimento possuindo ação antimicrobiana.
Portanto, o trabalho objetiva produzir um alimento sustentável com Farinha de T rigo R$5,60 R$ 2,80
qualidade e sabor agradável, para inserir na indústria alimentícia. Manteiga R$ 5,80 R$ 2,90
Ovo R$ 2,70 R$ 4,00
MATERIAIS E MÉTO DO S Açúcar Cristal R$ 2,64 R$ 2,20
Açúcar Mascavo R$ 3,12 R$ 2,60
Os ingredientes foram obtidos no Rebouças Supermercado localizados Laranja Mimo Inteira R$ 18,00 R$ 3,00
na cidade de Mossoró-RN. Utilizou-se para a elaboração do produto, Granola R$17,50 R$ 5,00
a laranja mimo inteira, em perfeito estado de conservação e prazo de Raspas de Chocolate R$4,00 R$ 4,00
validade vigente. 70% cacau
A tabela 1 mostra os ingredientes que foram utilizados para a
fabricação do Cookies e a quantidade utilizada de cada um, necessários T otal do Custo R$ 59,36 R$ 26,05
para produzir 50 biscoitos.
A forma de preparo consiste em: Colocar no liquidificador a farinha Na tabela 4, a seguir, mostra a rotulagem nutricional do alimento. É
de trigo, a manteiga, o ovo, os açúcares e a laranja cortada em cubos. interessante ressaltar que a ANVISA, determina a declaração de
Bater por 3 minutos ou até que a laranja esteja bem misturada à massa. informação nutricional obrigatória de valor energético, carboidratos,
Depois, com auxilio de uma colher, misturar em uma tigela o trigo e a proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra
granola e por último as raspas de chocolates. Untar a forma com alimentar e sódio, nos rótulos de alimentos. As informações
manteiga e farinha de trigo e levar ao forno pré-aquecido por 10 a 15 nutricionais referem-se ao produto na forma como está exposto à
minutos e deixar esfriar. venda e devem ser apresentadas em porções, e medidas caseiras
correspondentes, devendo conter ainda o percentual de valores diários
T abela 1. Ingredientes e quantidade necessária para a realização do para cada nutriente declarado, exceto no caso dos ácidos graxos trans,
Cookies da Casca de Laranja. cujo percentual de valor diário não deve ser declarado. As porções
indicadas nos rótulos de alimentos e bebidas embalados foram
Ingredientes Quantidade determinadas com base em uma dieta de 2000 kcal considerando uma
alimentação saudável.
Farinha de T rigo 110g
Manteiga 20g
Ovo 1 UNI
Açúcar Cristal 25g
Açúcar Mascavo 50g
Laranja Mimo Inteira 1 UNI
Granola 70g
Raspas de Chocolate 20g
70% cacau
270
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 4. Rotulagem Nutricional do Cookies da Casca da Laranja. essencialmente, o tom ou matiz, a saturação ou grau de pureza,
luminosidade ou brilho (9).
Informação Nutricional Aromas são os odores dos alimentos, assim como o termo fragrância
Porção de 32g (5 Unidades) é utilizado para cosméticos e perfume influenciando o paladar, órgão
Quantidade por porção %VD (*) do sentido responsável pela percepção dos sabores dos alimentos (10).
A textura é uma característica sensorial do alimento ligado a crocância,
Valor Energético 462 kcal=1.884kj 23% que também, influencia a percepção sensorial do alimento a partir do
Carboidratos 88g 29% Proteínas estímulo auditivo causado pelo som ao mastigar.
7,5g 10% Gorduras T otais 11g Deve haver conformidade e equilíbrio entre o sabor, aroma e a textura.
20% Gorduras Saturadas 0g 0% As pessoas mastigam o alimento não apenas com o intuito de ingeri-
Gorduras T rans 0g ** Colesterol lo, mas também com a intenção de degustar, saborear aquilo que as
0mg 0% agradam.
Fibra 2,7g 11% Sendo assim pode-se concluir que o produto foi de forma geral em sua
Sódio 52mg 2% totalidade de critérios, bem aceito e aprovado pelos avaliadores.
Cálcio 284mg 28%
Magnésio 242mg 93% T abela 1. Análise Sensorial feita pelas 50 pessoas.
Ferro 15mg 11%
(%) de pessoas que aprovaram o Cookies
* % Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000
Kcal ou 8.400 kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores Sabor 80%
dependendo de suas necessidades energéticas, **VD não estabelecido. Aparência 89%
Crocância 74%
Foi realizado um questionário estruturado com 4 (quatro) alternativas Aroma 45 %
entre ótimo, bom, regular e ruim. Os questionamentos da pesquisa T extura 60%
eram sobre Análise Sensorial do alimento abrangendo o sabor, Forma geral 78%
aparência, crocância, aroma, textura e o alimento de maneira geral
segundo T eixeira (8). O método utilizado foi um estudo transversal,
sendo aplicado esse questionário para um total de 50 (cinquenta) CO NCLUSÕ ES
pessoas, não treinadas, de ambos os sexos, tendo como critério de
inclusão, jovens entre 19 a 24 anos, a fim de identificar a aceitabilidade Os resultados das análises sensoriais obtidas para o produto elaborado,
do produto em análise. Este público foi escolhido, pelo fato de optarem Cookies da casca da laranja, apresentam uma boa aceitação, podendo
por novos produtos, marca com valor agregado, qualidade e serviços este ser produzido e até mesmo comercializado, lançado como um
práticos e rápidos. Decidiu-se, portanto, aplicar o referido teste em alimento sustentável e com sabor agradável, sendo um excelente
dois grupos em diferentes cidades, 25 participantes em Russas-CE e produto para aquelas pessoas que gostam de se alimentar bem e se
os outras 25 em Açu-RN, sendo a primeira dentro de uma sala de aula, importam com o meio ambiente.
pela manhã, às 09h00min, enquanto que a segunda em uma praça de
lazer, pela tarde às 16h00min, no dia 15 de Março de 2016, cada REFERÊNCIAS
provador recebeu esclarecimentos quanto ao teste, como também ao
alimento e os ingredientes nele contido. As amostras foram 1.T ARDIDO, A. P.; FALCÃO, M.C.; O impacto da modernização na
representadas em recipientes do tipo plástico, sendo adequado, transição nutricional e obesidade.
uniforme, limpo e sem odor. Então, consideramos o critério como Rev. Bras. Nutr. Clin. 2, 117-127, 2006.
aprovado, quando foi referido como ótimo e bom. 2.GOUVEIA, F.; Indústria de alimentos: no caminho da inovação e de
novos produtos: com um faturamento anual superior a R$184 bilhões,
RESULTADO S E DISCUSSÃO e destaque para os segmentos de carnes e derivados, a indústria
brasileira de alimentos se diversifica e aposta em novas tecnologias.
Com o questionário aplicado, foi evidenciado que 78% dos 32-37, 2006.
entrevistados aprovaram o produto, visto o alimento de maneira geral. 3.FIGUEIREDO, V. F.; NETO, P.L.O.C.; Implantação do HACCP na
No quesito sabor, foi aprovado por 80%, quanto à aparência foram indústria de alimentos. Gestão e Produção. V.8, n.1, 100-111, 2001.
obtidos 89% de aceitabilidade assim como na crocância, com 74%. Já 4.MORAES, K. S.; ZAVAREZE, E. R.; MIRANDA, M. Z.; SALAS-
o aroma, teve uma aprovação de apenas 45%, sendo necessárias MELLADO, M. M. Ciênc. T ecnol. Aliment. 1, 233-242, 2010.
melhorias nesse quesito, quanto à textura do produto, teve uma 5.DIAS, J.; A importância da segurança alimentar. Saúde e Sociedade
aceitabilidade de 60% dos entrevistados. Essas informações foram v.12, n.1, p.12-2, 2007.
obtidas por meio de questões objetivas a respeito dos temas 6.SINGH, R. P. Princípios Científicos de Avaliação a vida de
questionados. Prateleira. Shelflifeevaluationoffoods. 1a Ed, 3-24.
Através do sabor pode-se dizer que o alimento pode agradar ou não. O 7.PAHIM, J.; T RINDADE, T .; VIANA, K.;Avaliação Sensorial de
sentido que se faz ter a percepção do mesmo é o paladar, o qual Azeite Aromatizado com Laranja. Univ. T ira. n 16410-418, 2014.
envolve os cinco gostos básicos (doce, salgado, amargo, azedo e 8.T EIXEIRA, L. V.; Análise Sensorial na Indústria de Alimentos. Rev.
umami). Inst. Latic. “Cândido T ostes”, Jan/Fev, nº 366, 64: 12 -21, 2009.
A aparência de um produto é o fator mais importante, pois é o que se 9.GRET AGMACBETH.; Análise Sensorial. Cap. 4 279-320, 2010.
observa em primeiro lugar, seguido dos outros sentidos, ele faz com 10.PARAVISINE, L.; Reconhecimento de aromas e aplicação de
que o consumidor tenha a primeira impressão do produto, despertando testes afetivos como forma de aprendizado. Ed. UniBH. Vol. 7, n. 1,
a vontade de prova ou de compra. 139-145, 2014.
O olho, como fotorreceptor, percebe a luz, o brilho, as cores, as formas,
os movimentos e o espaço. As características da cor são,
271
Gastronomia: da tradição à inovação
Karine S. Barbosa 1 , Gabriela M. de Souza 1 , Itamara R. B. Carvalho 1 , Bruno E. S. Coelho 1 , Karla S. M. Sousa 2 , Neiton
S. Machado 2
1 Acadêmicos do curso de graduação em Engenharia Agronômica – Universidade Federal do Vale do São Francisco,
karinebarbosa66@gmail.com; gabrielaerem@hotmail.co m; itamara.rayanny@hotmail.co m;
souza.coelho.18@gmail.com.
2 Eng. Agrícola, D. Sc., Professores do Colegiado de Engenharia Agronômica – UNIVASF – Universidade Federal do
INTRO DUÇÃO
A manga (Mangifera indica L.) é uma fruta subtropical e de grande U – teor de água do produto (%b.s.)
importância em termos de produção (1). Aproximadamente 1,19 milhões Ui – teor de água inicial do produto (%b.s.)
toneladas de manga são produzidas no Brasil, em uma área de Ue – teor de água de equilíbrio do produto (%b.s.)
aproximadamente 15,8 t/ha. O Vale do São Francisco responde por cerca Para verificar a temperatura interna do secador solar utilizou-se um
de 90% das exportações nacionais de manga (2). Dentre as variedades termômetro de pistola, enquanto a temperatura e umidade relativa do
cultivadas, a mangueira cv. Palmer além de ser aceita normalmente no ambiente foram obtidas a partir de dados fornecidos pela (INMET),
mercado interno para consumo direto, é também aproveitada pelas Estação Automática de Petrolina (10) onde o monitoramento foi realizado
indústrias de processamento para beneficiamento, o que certamente tem com o intuito de verificar o aumento da temperatura dentro do secador
proporcionado um expressivo aumento na área cultivada (3). Das solar em relação ao ambiente externo.
cultivares de importância comercial a T ommy Atkins é a mais cultivada Para os parâmetros físico-químicos avaliou-se o teor de ácido ascórbico
e exportada pelo Brasil, dada sua boa produtividade, boa capacidade de da manga in natura e desta após a secagem, por titulometria de oxido-
adaptação a diferentes ambientes de cultivo, tolerância a doenças e boa redução, conforme o método descrito pela AOAC (11).
conservação pós-colheita (4). Os dados experimentais de ácido ascórbico foram analisados
A secagem de frutas é uma tecnologia que já vem sendo constantemente estatisticamente através da ANOVA e aplicou-se o teste de Tukey entre
estudada para a obtenção de produtos de melhor qualidade e menor tempo as médias a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa
de processamento. O processo de desidratação na manga recebe atenção computacional Sistema para Análise de Variância-SISVAR.
por envolver um método de grande importância para a conservação em
alimentos e uma fruta tropical de conhecimento popular (5). Segundo RESULTADO S E DISCUSSÃO
Sousa (6), novas tecnologias de processamento estão sendo
desenvolvidas, visando à minimização de perdas, à possibilidade do Na T abela 1, podem-se observar os valores médios dos teores de vitamina
consumo durante todo o ano, a conservação por um tempo maior, à C (ácido ascórbico) para as mangas Palmer e T ommy Atkins in natura e
praticidade tanto no consumo como no transporte, à manutenção nas desidratada. Segundo Aldrigue et al. (12) o ácido ascórbico tem função
características organolépticas semelhantes ao fruto in natura, e a muito importante devido a sua ação fortemente redutora. Além disso, o
qualidade dos alimentos. Ferreira et al. (7) refere-se a secagem utilizando ácido ascórbico é um importante indicador, pois sendo a vitamina mais
a energia solar como alternativa de grande interesse por suas qualidades termolábil, sua presença no alimento, indica que provavelmente os demais
e características uma vez que que essa fonte é limpa, gratuita e apresenta nutrientes também estão sendo preservados (13). Verificou-se analisando
grande potencial, largamente disponível em todo Brasil e principalmente os dados, que houve diferenças significativas quanto aos valores obtidos,
no Nordeste. Os sistemas de secagem solar utilizados na secagem de além de um aumento no teor de vitamina C quando a manga passou pelo
frutas apresentam aspectos importantes como, o baixo custo de operação processo de secagem. Esse fato também foi relatado por Brandão et al.
e manutenção dos equipamentos (8). (14) onde afirmam que após a secagem ocorre a concentração dos
Desta forma, o presente trabalho objetivou desidratar mangas cv. Palmer nutrientes no produto seco devido a retirada de água tendo como principal
e T ommy Atkins, em secador solar. característica a redução da atividade da água do fruto desidratado.
MATERIAL E MÉTO DO S Tabela 1. Valores médios do ácido ascórbico (mg/100 g) das amostras de
manga in natura e desidratados
O experimento foi realizado no Laboratório de Agroindústria da
Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF, Campus Amostra Manga In natura Manga Desidratada
Ciências Agrárias, Petrolina – PE. Foram utilizadas como matéria-prima Palmer 52,57 b 129,03 a
mangas cv. Palmer e T ommy Atkins, adquiridas no mercado local do Tommy Atkins 25,28 b 112,10 a
município de Petrolina/PE, os frutos foram previamente selecionados de Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem
acordo com o grau de maturação, coloração da casca e ausência de danos significativamente pelo teste de T ukey ao nível de 5% de probabilidade.
físicos. Os frutos foram lavados com água corrente, sanitizadas com
solução de hipoclorito de sódio (100 ppm), posteriormente cortadas em Na Figura 1, têm-se os valores da temperatura interna obtidos no secador
pequenas fatias, finas e uniformes, as quais foram pesadas e em seguida, solar, e da temperatura ambiente, registradas durante todo o período de
dispostas em bandejas para o início do processo de secagem. As amostras secagem das amostras de manga.
in natura e desidratadas foram caracterizadas quanto aos parâmetros de Constata-se que no interior do secador a temperatura média foi de 46,6 °C
teor de água através do método descrito no manual do Instituto Adolf Lutz sendo que os maiores valores registrados foram 60 e 33 ºC, para a
(9). temperatura interna e externa, respectivamente, mostrando que a
O equipamento utilizado para secagem das fatias foi um secador solar, temperatura interna foi superior a temperatura ambiente, fato também
desenvolvido em parceria com o Laboratório de Construções Rurais comprovado por Feiden et al. (17) em avaliação de temperatura de dois
(CEAGRO/CCA/UNIVASF), constituído de um tambor metálico com secadores solar para produção de doces cristalizados. Desta forma, este
capacidade de 200 L, cortado ao meio, com vidro apoiado e pintado de processo apresenta-se como alternativa de grande interesse para o
preto fosco. produtor rural pelas suas qualidades e características de ser limpa, gratuita
As amostras, em triplicata, foram colocadas dentro do secador solar, e de grande potencial (7).
iniciando a secagem no período da manhã, permanecendo até o final do
dia. Processou-se a secagem pesando-se a massa do material em
intervalos regulares de tempo. T odo procedimento foi feito até que as
amostras atingirem peso constante. O cálculo da razão de umidade (RU),
durante a secagem foi realizado utilizando-se a expressão:
RU = (U – Ue)/(Ui-Ue)
em que:
272
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
273
Gastronomia: da tradição à inovação
Julyanne Barbosa 1 , George Souza 2 , Marcela Valencia 3 , Marthyna Souza 4 , Viviane Xavier5 , Maria Cunha 6
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
Tatiana Amaral1 , Ana Beatriz dos Santos 2 , Luciana Junqueira 2 , Natália de Oliveira 2 , Jaime Vilela de Resende2
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Gastronomia: da tradição à inovação
RESULTADO S E DISCUSSÃO
CO NCLUSÕ ES
O processo de liofilização da bebida do qual obteve-se a
bebida em pó é viável, porém resulta em algumas alterações nos
parâmetros físico-químicos e na viscosidade. As bebidas vegetais em
pó apresentam um potencial mercado consumidor e devem ser
Bebida à base de arroz e castanha-do-Brasil integral X reconstituída amplamente estudadas buscando-se soluções às pequenas alterações
provocadas pela secagem.
Na T abela 1 estão representados os resultados dos parâmetros
físico-químicos das bebidas íntegra e reconstituída. As duas amostras AGRADECIMENTO S
apresentaram valor de b* iguais entre si, comprovando a mesma Os autores agradecem ao Instituto de Ciência e Tecnologia da
intensidade de cor amarela nas amostras. Através dos parâmetros L* e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e ao
a* verificou-se que a bebida íntegra se apresentou levemente mais Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de
escura que a bebida reconstituída. A bebida íntegra tem pH levemente Lavras.
mais ácido (6,71) que a bebida reconstituída (7,48). Estes dados
indicam discreta diferença de cor e possivelmente de sabor entre as REFERÊNCIAS
bebidas. 1. VUORISALO, T . et al. High lactose tolerance in north europeans:
a result of migration, not in situ milk consumption. Perspectives in
T abela 1. Parâmetros físico-químicos das bebidas à base de arroz e Biology and Medicine, Baltimore, v. 55, n. 2, p. 163-174, 2012.
castanha-do-Brasil íntegra e reconstituída 2. MAT TAR, R.; MAZO, D. F.de C. Intolerância à Lactose: mudança
de paradigmas com a biologia molecular. Revista da Associação
Parâmetros Bebida íntegra Bebida Médica Brasileira, São Paulo, v. 56, n. 2, p. 230-236, 2010.
reconstituída 3. CUNHA, L. R.; SOARES, N. F. F. Desenvolvimento e avaliação de
pH 6,71 ± 0,03 a* 7,48 ± 0,03 b embalagem ativa com incorporação de lactase. Ciência e Tecnologia
L* 78,33 ± 0,79 b 74,55 ± 2,01 a de Alimentos, Campinas, v. 27, p. 23-26, 2007.
a* -1,63 ± 0,01 a -0,85 ± 0,01 b 4. Soares Junior MS, Bassinelo PZ, Calliari M, Velasco P, Reis RC,
b* 2,06 ± 0,50 a 1,82 ± 0,15 a Carvalho WT. Bebidas saborizadas obtidas de extratos de quirera de
*Dados submetidos à análise de variância e teste de média Scott-Knott a 5% de arroz, de arroz integral e de soja. Ciênc Agrotec. 2010;34(2):407-13.
significância. Médias na mesma linha seguidas de mesma letra são 5. SECRET ARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA
estatisticamente iguais entre si. E ABAST ECIMENTO DE MINAS GERAIS Arroz. Belo Horizonte,
Fev. 2015. Disponível em:
Através dos dados das curvas de escoamento foram obtidos <www.agricultura.mg.gov.br/images/Arq_Relatorios/.../perfil_arroz_
os ajustes aos modelos reológicos Lei de Newton e Lei da Potência, fev_2016.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016
sendo o modelo da Lei da Potência o que melhor explica o 6. COMPANHIA NACIONAL DE ABAST ECIMENTO.
comportamento das amostras devido ao alto valor do coeficiente de Perspectivas para a agropecuária. Volume 3 – Safra 2015-2016,
determinação (R²>95%) e por apresentar todos os parâmetros produtos de verão. Brasília, 2015. Disponível em:
reológicos significativos (p<0,01). Na Figura 3 estão representadas as <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_09_24_1
curvas de escoamento das amostras e na T abela 2 os parâmetros do 1_44_50_perspectivas_agropecuaria_2015-16_-_produtos_verao.pdf
ajuste reológico. As curvas de escoamento apresentaram formato de f>. Acesso em: 10 jun. 2016.
curva convexa o que demonstra que as bebidas não possuem uma 7. MOURA, E. C. V.; ZUCAS, S. M. Ensaio nutricional da proteína
relação linear entre a taxa de deformação e a tensão de cisalhamento. da soja, suplementada com farinha de castanha do Pará. Rev. ABIA,
Segundo Schramann, 2006 (9) esse formato representa fluidos n. 57, p. 6-17, 1981.
pseudoplásticos nos quais a viscosidade diminui com o aumento da 8. ASSOCIAT ION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS -
taxa de cisalhamento aplicada. AOAC. O fficial methods of analysis of analysis of association of
official analytical chemists . 18 ed. Maryland, 2005.
9. SCHRAMM, G. Reologia e Reometria. Fundamentos Teóricos e
Práticos. São Paulo: Artiliber, 2006.
277
Gastronomia: da tradição à inovação
GASTRONOMIA MOLECULAR
Gastronomia: da tradição à inovação
05724 The Solid and Translucent Shrimp Broth Production with the use of Hydrocolloids
INTRO DUTIO N
MATERIAL AND METHO DS
T he gastronomy or culinary, for a long time was left in second plan
while food science (1). The first link between the scientific study and T o make the broth translucent
gastronomy that has news, occurred in 1969, when the physical We used the shrimp shells integer, cooked and frozen, bought in a
Hungarian Nicholas Kurti promoted an exchange between cooks and supermarket Lisbon, half an onion, cut into four parts, totaling 25g
physical, through a lecture entitled "The Physics in the Kitchen" at onion, 10g chopped garlic, 20g leek, cut into medium slices, 500ml
the Royal Institution of London. (2) Moreover, Kurti realized that water, 10g of salt and heated till the boil for 10 minutes. For this, we
new methodologies and concepts applied in the laboratory, could be used a board cuts to green vegetables, chef's knife an 8 ", a pan with
applied in the kitchen environment, both for improvement as new 3 liters’ capacity and an induction stove. After the ready broth, the
dishes to create new dishes. (3) In the early 80s, Nicholas Kurti in broth
partnership with the French physical chemist Hervé T his, began to is scratched in a chinois, just passing the liquid into a bowl. For
develop deeper into research on the scientific study of food at Oxford translucent broth, 500ml of brewed shrimp broth and 10 g of agar
University, and called the area of Gastronomy and Molecular Physics were
(4, 5). used as table 1 of the ingredients used. For the process, placed 200ml
With the death of Nicholas Kurti in 1998, Hervé T his is now called of shrimp broth in 500ml Becker, 10g of agar and warmed up in a
Molecular Gastronomy only. (4) microwave was added at maximum power for 1 minute. Then shifted
Molecular gastronomy proposes that the new dishes have as continuously solution for 1 minute and heated again for 2 more
premises, preserve natural characteristics food, minutes in the same process. It was mixed with agar solution with
increase power flavors, make the most pleasing textures and promote shrimp stock, already homogenous because the action of heat, with
the diversity of choice for food, with the main aim of promoting the remainder of the broth and placed in a bowl to cool completely to
healthy eating and people's happiness when they eat. T he create a " agar gelatin" more rigid. After the gelatin is ready, with a
hydrocolloids are increasingly used this new trend of modern kitchen fuet, shattered gelatin into several small pieces and a dowel cloth
entitled by Hervé T his as molecular gastronomy. filtered broth in a container, where the translucent broth was
T he term `hydrocolloids" is used to describe a variety of separated from the gelatin agar to broth preserving the flavor and
carbohydrates, polysaccharides and proteins which are used in a aromas of the broth, as translucent.
variety of industries in the food industry to perform various
functions, including thickening and gelling of aqueous solutions, T able 1. Ingredients for production of shrimp broth translucent
stabilizing foams, emulsions and dispersions, inhibition the Ingredients Amount
formation of ice crystals and sugar and controlled release of
flavoring, etc. (6). Among hydrocolloids are the gelling agents and Shrimp Shells (g) 200
gelatin is by far the gelling agent most widely used, although with Agar (g) 10
the growing demand for non-animal products have made increasing Water (ml) 500
prices Gelling significantly in recent years due to a currently Leek (g) 20
considerable interest in alternative sources of gelatin, developing Garlic (g) 10
gelatin replacements. T he carrageenan market has also been very Onion (g) 25
competitive in recent years, due to the introduction of cheaper Salt (g) 10
products like processed marine algae (Processed Eucheuma Seaweed, ______________________________________________________
PES) that can be used effectively gelation. carrageenan prices
decreased considerably and the use of carrageenans has been Fig. 1. Breaking the gelled shrimp broth and filtering (10).
significantly increased since its use in meat and poultry products has
recently been approved. In addition, there was an increase in the use
of hybrid kappa / iota carrageenan, which have the potential to
provide unique functionality. (6)
Gelation is a technique in which a gel is formed by adding gelling
agents. A gel is a system consisting of a liquid component and a
solid. T he solid form of a continuous web which maintains the net
bags, immobilizing (7). T he agar is a gelling agent and thickener
obtained from Gelidium and Gracilaria red algae of the class and
Rodophyceae part of the structure of cell walls (7, 8). It allows the
preparation of hot jellies, gels from 38 ° C, and only back to liquefy
at a temperature of about 85 ° C (7).
T he carrageenan is a general name applied to a category of
hydrocolloids extracted from red seaweeds of the class Rodophyceae
and is located in the cell wall and intracellular matrix of the tissue of
algae (9). T hey form soft gels, elastic consistency and form. up from T o make the slices gelled shrimp broth translucent
60 ° C while maintaining stability up to 65 ° C, above that, they
begin to merge (6). Was used 500ml translucent shrimp broth, 200g cooked prawns and
T he objective of this research is to use techniques and ingredients of shelled, and 10 g of iota carrageenan. A solution was prepared
molecular gastronomy to develop an innovative product, which is containing 10 g of carrageenan and 200ml of clarified broth. It was
based on shrimp broth and two hydrocolloids: agar, used for heated in microwave for 1 minute at full power. He retired and
clarification of shrimp broth and iota carrageenan, used in the moved up well. was heated again for 2 minute at maximum power
gelation of the broth. for the solution stayed homogenous. Was added shrimp stock
281
Gastronomia: da tradição à inovação
solution iota carrageenan with the remaining shrimp broth in a bowl and clarified shrimp stock, stirred well. In plastic cups of 50ml, put
and stirred well. a boiled shrimp per shot plastic beaker with 50ml up a shrimp shelled, headless and cooked small (61/70) size, and
capacity and added to 25ml of shrimp stock solution with iota - added 25ml of shrimp broth clarified with diluted iota carrageenan.
carrageenan was placed still hot. Expected to cool. He retired He waited cool and withdrew the clarified shrimp broth and slices of
carefully slices translucent shrimp broth of each cup, totaling 20 jellied with iota carrageenan, as we can see in Figure 2.
slices ready shrimp broth, placed in a porcelain dish. T here was a former test in the gelation process using agar instead of
iota carrageenan, but the result was not expected as agar omitted taste
T able 2. Ingredients for production of slices shrimp broth translucent of the shrimp soup and did not allow a desired elasticity, and the
gelatin formed by Iota carrageenan more elastic and transparent,
Ingredients Amount allowing a presentation visually more interesting. Also agar promotes
______ a system of water exudation it was not interesting to our presentation.
Shrimp cooked and Shelled (g) 200 Fig. 2. shrimp broth translucent slices (10)
Iota carrageenan (g) 10
Shrimp broth translucent (ml) 500
______________________________________________________
282
Gastronomia: da tradição à inovação
PALAVRAS CHAVE: gelatina, goma xantana, alginato de cálcio, peta crispy, bebidas.
INT RODUÇÃO Inicialmente foi elaborada a primeira parte do drink sólido, através do
processo de esferificação inversa. Este processo consiste em se usar
Mixologia molecular é um termo aplicado ao processo de criação de uma solução que contém cálcio, colocada num banho rico em alginato
coquetéis através da utilização de equipamentos científicos e das de sódio. Os íons de cálcio migram do interior das esferas para o
técnicas principais da gastronomia molecular. T rata-se de um exterior, formando igualmente a membrana gelificada. Esta é a técnica
processo moderno que possibilita a criação de preparações com utilizada também quando o líquido a esferificar já contém cálcio na sua
maior variedade e intensidade de sabores, combinando ingredientes composição natural.
com diferentes aromas e texturas de forma a obter efeitos visuais Em um recipiente, foram misturados, com um mixer, a água tônica, o
inovadores, melhorando e enriquecendo a experiência de beber um açúcar, o corante e a goma xantana. O resultado foi posto para
coquetel. Atualmente, a mixologia molecular trabalha principalmente descansar, a fim de que o ar criado no interior do líquido espesso
com as propriedades físicas das bebidas (1,5). saísse. Uma vez livre do ar, essa mistura (água tônica, açúcar, corante
O primeiro exemplo de mixologia molecular foi a estratificação de e xantana) foi despejada, com a ajuda de uma colher medidora, numa
bebidas, agregando-lhes densidade e viscosidade, sendo a pousse- solução de alginato de sódio e água mineral, assumindo a forma de
café, um drinque preparado em camadas, o modelo mais antigo de esfera; essa esferificação foi mantida mergulhada na solução de
que se tem registro (2). alginato de sódio por aproximadamente 60 segundos. Com ajuda de
Hidrocoloides são coloides hidrofílicos, comumente chamados de uma colher coadora, essa esferificação foi retirada e mergulhada em
gomas. São polímeros de carboidratos, formados por mais de um tipo água tônica, para ajudar a intensificar o sabor da bebida utilizada. Em
de monossacarídeo. Ao serem hidratados, os hidrocoloides seguida, essa esferificação foi reservada.
apresentam aparência mucilaginosa e transparente. Eles podem ser O próximo passo foi a preparação da gelatina; para tanto, as folhas de
obtidos de plantas terrestres, animais, algas e através de fermentação gelatina foram hidratadas em água bem gelada, preferencialmente com
microbiana. cubos de gelo dentro. Metade da mistura de agua tônica e uísque foi
Os degustadores especializados estão cada vez mais criteriosos, aquecida no forno micro-ondas por 2 minutos, adicionando-se a ela a
exigindo dos profissionais da área maior esforço na busca de gelatina previamente hidratada; depois de bem mexida, foi a ela
produtos diferenciados, e o público consumidor acaba por se adicionado o restante da mistura. O produto foi despejado em um
surpreender com as inovações apresentadas (3,7). recipiente semiesférico de vidro, acrescentando-se em seu interior a
raspa de limão e a esfera anteriormente reservada. A preparação foi
OBJET IVO levada à geladeira por aproximadamente 5 horas, para obter a
consistência gelatinosa desejada.
O trabalho teve como objetivo a produção de um drinque inovador, Após a gelatina atingir a consistência desejada, foi dado início ao
por solicitação da empresa Schweppes Portugal, que remetesse processo de criação do ingrediente que chamamos de gás crocante.
fisicamente a uma sobremesa. O produto foi desenvolvido Este ingrediente é produzido utilizando Peta Crispy Neutre, pequenos
empregando técnicas de mixologia com utilização de hidrocoloides, a flocos carbonatados de textura efervescente e sabor neutro que, em
partir de uma receita preparada tradicionalmente pelos profissionais contato com a umidade, produzem na boca um efeito que dá a sensação
da área, que consta de uma fusão de uísque com agua tônica, mas de uma explosão.
com apresentação diferenciada, em formato de drinque sólido, A peta crispy foi misturada à Llimona 500 (limão liofilizado) e
respeitando as características sensoriais da bebida original, mantida em recipiente com boa vedação, tendo sido a mistura colocada
possibilitando assim que o degustador, no ato da prova, fosse capaz no drinque sólido apenas no momento de servi-lo. A importância de
de identificar o coquetel e se surpreender com a nova apresentação, utilização da peta crispy no momento adequado justifica-se, uma vez
sobretudo no que diz respeito à textura e às demais características que a mistura não pode ficar em contato com líquido por muito tempo
sensoriais (3,6,7). para que não percam as propriedades desejadas – no caso, a sensação
efervescente e explosiva na boca do degustador. Esta mistura pode ser
MAT ERIAIS E MÉTODOS guardada por no máximo 36 horas, desde que armazenada em
embalagem com vedação apropriada, evitando-se que a umidade do ar
Para os testes de preparo do drinque, foi utilizado o material que se mude suas características.
segue, fornecido pela Schweppes Portugal:
GELATINA : MONTAGEM:
3 folhas de gelatina incolor A gelatina, após solidificada, foi desenformada utilizando-se um pouco
50 ml de uísque de água quente no fundo da forma por tempo controlado, de forma a
200 ml de água tônica evitar que o calor em excesso pudesse deformar a gelatina através do
2,5 ml de aroma de limão derretimento. Em seguida, a gelatina foi colocada em um recipiente
RECHEIO : utilizado para degustação; sobre ela, foi colocado o broto de hortelã e,
200 ml de água tônica de um dos lados, as julienes de laranja. O último ingrediente a ser
60 ml de uísque adicionado, em semicírculo, do outro lado da gelatina, foi a peta
2,5 ml de corante comestível vermelho crispy, para que sua propriedade de criar uma sensação de gás na boca
1,3 g de goma xantana não fosse perdida no contato demorado com a gelatina. O recipiente
4,55 g de gluconolato de cálcio escolhido tinha como característica o tamanho adequado para completa
20 g de açúcar montagem do drinque e sua degustação de uma única vez.
GÁS CROCANTE :
25 g de Peta Crispy Neutre CARACTERÍSTICAS DOS HIDROCOLOIDES UTILIZADOS:
10 g de Llimona 500 GELATINA : a gelatina, que em mistura com água forma uma solução
SOLUÇÃO P ARA ESFERIFICAÇÃO INVERSA : coloidal, é uma proteína derivada da hidrólise parcial do colágeno, em
3 g de alginato de sódio que as ligações moleculares naturais entre fibras separadas de colágeno
500 ml de água mineral são quebradas, o que possibilita seu rearranjo. Este hidrocoloide se
DECORAÇÃO : funde à temperatura corporal e se solidifica quando o calor cessa (3 ).
brotos de hortelã T em aplicabilidades diversas (sobremesas, estabilizante, espessante).
julienes de casca de laranja Optou-se pela utilização deste coloide pela vontade de liberar o
máximo possível de sabor ao drinque, facilitando a identificação da
Os testes de preparo do drinque, envolvendo erros e acertos, bebida ingerida.
constaram de diferentes etapas e procedimentos: GOMA XANTANA : é um polissacarídeo de origem na fermentação
283
Gastronomia: da tradição à inovação
bacteriana (xanthomonas campestri), e pode ser obtida na glicose do Figura 2: GELATINA DE UÍSQUE ENFORMADA
milho, no soro do leite ou no caldo da cana de açúcar, por exemplo
(4). É solúvel a frio ou a quente, e pode ser deixada hidratando no
líquido lenta ou energicamente (utilizando o mixer, por exemplo),
mas neste caso é preciso deixar a mistura repousar para liberar o ar
agregado na agitação (3). É vastamente utilizada pela indústria
alimentícia e farmacêutica como espessante, emulsificante e
estabilizante. Foi escolhida devido à sua propriedade espessante em
meios alcoólicos (até 60% de álcool), e, como foi utilizado uísque,
essa propriedade foi levada em consideração (3,4).
ALGINATO DE SÓDIO : de origem vegetal, é extraído das paredes
celulares de algas castanhas e forma uma goma sem sabor
distinguível; muito empregado pela indústria alimentar para Figura 3: O FUNDO DO RECIPIENTE É AQUECIDO PARA DESENFORMAR
proporcionar viscosidade ao alimento e também como emulsificante,
é ainda utilizado pela indústria farmacêutica em tabletes contra a
indigestão e pela odontologia na produção de moldes. Foi usado no
processo de esferificação inversa do drinque, formando esferas que
explodiriam na boca, intensificando o sabor (3,4).
284
Gastronomia: da tradição à inovação
285
Gastronomia: da tradição à inovação
AGRADECIMENT OS
Fig. 4. – Prática Experimental do Gosto com alunos do NDC/UFC
Agradeço ao meu orientador professor Sandro Gouveia, ao me u
co-orientador professor Paulo Sousa pelo apoio e o fornecimento
dos hidrocolóides e a Unidade Universitária Federal de Educação
Infantil Núcleo de Desenvolvimento da Criança (UUNDC) pe lo
apoio.
REFERÊNCIAS
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Gastronomia: da tradição à inovação
TURISMO GASTRONÔMICO
Gastronomia: da tradição à inovação
289
Gastronomia: da tradição à inovação
marinera, feito à base de molho - os pescadores costumam fazer a não serve comida regional. Os pratos brasileiros constam picanha,
base de tomate, pimentão, cebola, vinho branco e caldo de peixe; maminha, camarão ao alho e óleo e lagosta.
suquet, um prato parecido com a panelada brasileira, sendo feito com Os pratos característicos do restaurante são como destaque as massas,
peixe; morcilla, linguiça com sangue do porco, algumas recheadas que são preparadas pelo próprio chef italiano, onde o cliente pode
com cebolas ou batatas, cebola um pouco de alho e ovo. Peixada escolher entre talharim, ravióli e nhoque e a partir disso, indicar o
mediterrânea, feita com abobrinha, abóbora, batata, pimentão, molho que mais lhe agrada, entre os quais evidenciam-se: carbonara,
cenoura, cebola e coentro; frango ao curry, Frango na chapa, feito com bacon; alho e azeite; tomate basílico, feito com alho,
estrogonofe entre outros. tomate, cebola e manjericão; pesto genovese, característico de
Quanto aos pratos com ingredientes regionais, o proprietário Genova na Itália preparado com alho, manjericão italiano de folha
menciona que há pouco ou nenhum. Entretanto, ao analisar o larga, queijo, azeite e pinoli, semente que lembra amêndoa, mas no
cardápio, observa-se que muitos pratos são à base de carne, como o Brasil a receita pode ser substituída por castanha do Pará e o molho
filé mignon; frango e frutos do mar como camarão e o peixe, sorrentina, tomate sem pele e manjericão de folha larga.
portanto assemelha-se muito com a cozinha regional cearense, o que
diferencia é a nomenclatura do prato. Identificou-se que poucas são CO NCLUSÕ ES
as especiarias de origem internacional, somente a páprica doce e Esta pesquisa oportuniza entender a cozinha internacional, enquanto
páprica picante que é trazida da Espanha e também caldo de peixe concebida pelos restaurantes de etnia estrangeira encontrados na
como o Knorr (caldo em cubo). Quanto às adaptações aos praia de Canoa Quebrada, na qual insere-se em sua filosofia a
ingredientes regionais o peixe robalo é um exemplo, pois não se realidade étnica condizente ao seu país de origem, valorizando -se
utiliza o peixe robalo na Espanha. Utiliza-se um peixe de qualidade traços culturais gastronômicos.
semelhante para as receitas. Além disso, é comum o uso de leite de Os restaurantes étnicos de Canoa Quebrada revelam a autêntica
coco e o coentro. cozinha internacional, admitindo-se a combinação com ingredientes
O Restaurante B é de cozinha espanhola, e de acordo com o regionais do Ceará; permite conhecer os pratos ofertados no
proprietário quase todos os pratos são de origem internacional, sendo cardápio, constatando-se que são de fato pratos tipicamente
os mais conhecidos e pedidos: paella de mariscos feita com arroz, internacionais, embora alguns bem parecidos com a cozinha regional,
lula, camarão e lagosta; gazpacho Andaluz, uma sopa fria de tomate, já que boa parte da matéria prima assemelha-se com os peixes e
pimentão e alho; supremo de robalo real, filé de robalo assado no frutos do mar da costa cearense.
forno com alho, bacon e cheiro de vinagre de modena e mariscada de São pratos tipicamente internacionais a famosa e conhecida paella,
lagosta, camarão e filé de robalo na chapa com arroz e salada. um prato Espanhol; o bacalhau de Portugal; os risotos e carnes
Dentre os pratos em que utiliza-se ingredientes regionais, o francesas e as massas e carpaccio italiano. Identifica-se, ainda, os
proprietário relata que não elabora comida cearense, nada de farofa, pratos tipicamente internacionais com ingredientes ou adaptações
feijão e baião. Mas, alguns pratos são praticamente iguais, pois a regionais, como a utilização do peixe robalo e o uso de ervas,
culinária espanhola utiliza os mesmos insumos para produção de temperos e especiarias como o leite de coco, coentro e cheiro verde.
determinadas comidas. Um exemplo é o Camarão ao alho e óleo; Os restaurantes étnicos apresentam pratos típicos dos países com os
Camarões na chapa; Lagosta e Peixe inteiro no forno. Quanto às quais se identificam (portugueses, espanhóis, franceses entre outros),
adaptações aos ingredientes regionais do Ceará, o proprietário já fez destacando-se pratos à base de camarão, peixes e lagosta, o que de
uma tentativa de mesclar a cozinha internacional com a cozinha certa forma coincide com os pratos brasileiros; a diferença, no
regional. entanto, está na nomenclatura dos pratos.
O Restaurante C é especializado na cozinha portuguesa, e o principal Portanto, percebe-se que não se trata de misturas de ingredientes
prato de característica internacional é o bacalhau, envolvendo batata, entre a etnia estrangeira com a etnia brasileira, o que se sobressai são
cebola e creme de leite. Outros pratos também merecem destaque suas origens. Dessa maneira, é preciso perceber que a cozinha
para a cozinha internacional como, por exemplo, a Salada de polvo, regional, só pode se manter viva a partir da valorização da própria
polvo cozido com vinagrete, bolinho de Portugal. Quanto aos pratos população que conhece e prepara os seus alimentos de modo
com características da cozinha regional, destacam-se os mais diferenciado e característico de um lugar para outro. De igual modo,
conhecidos e tradicionais como a picanha, a maminha e o cupim, essa cozinha representa os hábitos alimentares de um povo,
assim como o espaguete de camarão e espaguete de frutos do mar. conservando seus produtos típicos, modos de preparo e temperos
Apesar do proprietário focar os pratos na cozinha portuguesa, fica peculiares.
evidente os pratos da cozinha regional cearense, utilizando cheiro
verde, hortelã, pimenta do reino, louro, alho e cebola. As especiarias REFERÊNCIAS
de origem internacional são o pimentão em pó, pimenta em grão 1. MIT CHELL, R., HALL, C. M. Consuming T ourists: food tourism
negra, o orégano (produtos trazidos da Europa). consumer behaviour, Food T ourism Around the World.
O Restaurante D tem como especialidade a cozinha francesa. Os Development, Management and Markets, Hall, M. et. al. (editors),
pratos com características internacionais são o blanquette de La Mer, Butterworth-Heinemann, Oxford, 2003.v.1. p. 60-80.
feito com lagosta, camarão e peixe, cozido no vinho branco e limão. 2. CANADIAN T OURISM COMMISSION: Acquiring a T aste for
Para acompanhamento serve-se legumes cozidos, o ratatouille. O Cuisine T ourism: A Product Development Strategy, Canadian
prato com característica regional é tem-se o camarão ao molho e filé T ourism Commission, Ottaw, 2002.
de peixe ao molho de camarão. 3. SANT ICH, B. T he study of gastronomy and its relevance to
Para o restaurante não foi fácil adaptar o cardápio francês com os hospitality education and training, International Journal of
ingredientes locais de Canoa Quebrada, pois muitos não existem na Hospitality Management 23 15-24, 2004.
localidade, somente na capital Fortaleza, ficando inviável essa 4. ARANA, G.N. Los espacios de la cocina mexicana al albor del
compra em um lugar mais distante. As especiarias e temperos com siglo XX. La creación alquímica de olores, sabores y texturas. en
características da cozinha internacional são as ervas de provence, Apuntes: 25 (1):, 2012. p. 36-49
vinho branco e tinto, molho de soja e temperos italianos que os 5. CAST ELLI, G. Administração Hoteleira. 9.ed. São Paulo: Educs,
próprios familiares trazem da França. Os pratos adaptados à cozinha 2003.v.9.731p.
regional foi a feijoada francesa, uma carne cozida no vinho tinto, um 6. MONT EBELLO, N. de P; Collaço, J. H. L. Gastronomia: cortes
prato bem típico francês que teve que ser adaptado, mas na maioria, é & recortes volume 2. 2.ed. Brasília: Senac, 2007. v.2.176p.
possível adaptar o cardápio com os ingredientes locais. 7. POWERS, T ; BARROWS, C. W. Administração no Setor de
O Restaurante E retrata a cozinha mediterrânea, principalmente Hospitalidade: turismo, hotelaria, restaurante. 1.ed. T radução Ailtom
pratos italianos, em que o proprietário frisa a cozinha italiana e Bomfim Brandão. São Paulo: Atlas, 2004. v.1. 442p.
brasileira como semelhantes. Apresenta como pratos internacionais 8. T RIPADVISOR. Melhores restaurantes em Canoa Quebrada.
massas frescas feitas à mão, como o talharim de frutos do mar; além Disponível em:
do carpaccio de peixe e carpaccio de carne. Quanto aos pratos de <http://www.tripadvisor.com.br/Restaurantsg635974Canoa_Quebrad
características regionais, o proprietário é enfático ao responder que a_State_of_Ceara.html> Acesso em 01 de junho de 2014.
290
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO alimento tradicional pelo seu valor cultural e não somente comercial.
A pesquisa objetivou conhecer a biodiversidade alimentar dos A sociedade brasileira ainda estar buscando reconhecer as vantagens
quilombolas da Serra do Evaristo que encontra-se localizada no de consumir um alimento tradicional, pois além de seus valores
município de Baturité- CE, a 100 km da capital cearense. Com nutricionais é preciso conhecer o valor agregado por trás de cada
história e modo de vida fundamentada na sua origem de alimento, que muitas vezes despertam sensações que vão além do
ancestralidade negra, a população contabilizada atualmente é de paladar. Quem os consome busca, sobretudo boas lembranças,
aproximadamente 560 habitantes distribuídas em torno de 135 memórias afetivas, pois através do alimento é possível encontrar sua
famílias que vivem principalmente da agricultura familiar. Ademais identidade (5).
buscou-se através de um estudo etnográfico identificar quais Dessa forma, foram catalogados cerca de quatro alimentos
alimentos eram considerados tradicionais e por que são tradicionais tradicionais como podemos ver abaixo que comumente consumidos e
para a comunidade. podem ser atrativo para o turismo gastronômico na comunidade,
Indo mais além da sua dimensão biológica, alguns alimentos podem tendo em vista sua história e que a comunidade já tem um campo de
transcender questões geográficas, tornando-se parte de visitação muito forte por conta do museu de arqueologia presente no
representatividade de um grupo, pois a alimentação humana pode ser local.
entendida como um ato social e cultural que produzem diversos O Mungunzá Salgado no nordeste recebe outras denominações e
sistemas alimentares, sendo estes influenciados por fatores reapropriações de cada local, aparece em duas versões: doce ou
ecológicos, históricos, culturais, sociais e econômicos que definem salgado. Os moradores da Serra do Evaristo têm o alimento como
suas escolhas e classificações na perspectiva alimentar. Os alimentos parte da tradição da cultura quilombola, o “mungunzá salgado” assim
tradicionais podem ser considerados como produtos com história, como é chamado, é mais uma das variedades de preparo do alimento
que fazem parte de uma cultura, transpassados através de gerações que reflete diretamente como identidade gastronômica desse povo.
(1). O prato é consumido normalmente no dia a dia, tem um maior
A partir desse contexto o trabalho visa estabelecer uma correlação consumo nos festejos da padroeira da igreja e nas reuniões familiares
entre as práticas gastronômicas das mulheres quilombolas e o aos finais de semana.
T urismo Gastronômico, enquanto proposta que possa garantir
recursos para a geração de renda na comunidade, bem como, uma Figura 1. Mungunzá Salgado
possibilidade de incentivo para o fortalecimento de práticas que
levem a elaboração dos pratos produzidos de forma constante na
comunidade.
MATERIAIS E MÉTO DO S
Para o desenvolvimento dessa pesquisa e coleta de dados foi
utilizado como ferramenta principal o método etnográfico, que
consiste no uso de caderneta de campo e observação in loco (2)
buscando fazer uma descrição densa dos alimentos que foram sendo
identificados pelos moradores como tradicionais, e o
acompanhamento da sua elaboração feita pelas mulheres, quem lida
diretamente com o preparo do alimento.
Ademais, a aplicação de vinte formulários, uma técnica utilizada para
coleta de dados de cunho empírico, em suma, um método que visa
O mamão é um fruto comumente consumido in natura e usado para
captar a percepção e opinião dos sujeitos sobre o objeto da pesquisa,
preparação de doces, geleias, vitaminas, frutas cristalizadas, além de
a fim de elucidar um fenômeno, um fato ou uma ocorrência.
cosméticos, como xampus, sabonetes e hidratantes corporais.
Outro recurso metodológico utilizado foram os grupos focais por
O doce feito a partir da polpa do mamão é mais um dos pratos que
meio de interações com os sujeitos, para coleta de dados sobre um
compõem a mesa dos remanescentes de quilombo, uma preparação
tema específico, onde o foco não está na analise do conteúdo, mas no
simples que leva o mel da rapadura, coco e algumas especiarias.
discurso que pode apresentar informações minuciosas (3) Outros
registros a exemplo de fotografias e materiais audiovisuais, obtidos
ao decorrer das conversas com os sujeitos possibilitaram que o objeto Figura 2. Doce de Mamão
de estudo ‘os alimentos’ fosse reproduzidos através de narrativa
visual (4).
RESULTADO S E DISCURSÕ ES
291
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
292
Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
MATERIAL E MÉTO DO S
295
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1
O almoço do Círio se tornou uma tradição que ocorre no segundo domingo de
outubro, quando ocorre a grande procissão, logo após as famíli as se reúnem ao
redor da mesa, explica P ará (14b).
296
Gastronomia: da tradição à inovação
Marina Noro dos Santos¹, Alessandra Santos², Ana Tereza Bandeira³, Janaína Sarmento 4
DF), Mestre em Nutrição Humana (UnB/DF), Especialista em Gastronomia e Segurança Alimentar (UnB/DF),
Graduada em Nutrição (UCB/DF).
297
Gastronomia: da tradição à inovação
nos dias atuais, pode ser considerada uma forte resistência ao modo
de comer moderno imposto pela globalização, como os fast-foods e 2. DIAS, R. Sociologia do turismo. São Paulo: Atlas, 2003.
as comidas industrializadas.
A gastronomia, como manifestação cultural, é um item importante a 3. SANT OS, J. L. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
ser preservado, em especial se tratando de produções tradicionais,
vinculadas a uma comunidade específica. O Pará, possuidor de uma 4. SANT OS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense,
gastronomia riquíssima e única, deve ter a sua cultura gastronômica 1994. (Coleção Primeiros Passos)
valorizada, como forma de preservação e de desenvolvimento
cultural, social, econômico, enfim, desenvolvimento humano. 5. INST IT UT O PAULO MART INS - IPM. Disponível em:
Para que isso seja possível, deve-se valorizar a cultura gastronômica, <http://www.institutopaulomartins.org.br/index.php>. Acesso em: 1
os produtos diretamente ligados ao território do Pará, bem como Nov. de 2015.
incentivar o turismo gastronômico.
Assim, é garantida a preservação da cultura gastronômica paraense, 6. FILHO, Ivan Alves. Cozinha brasileira: com recheio de história.
ficando disponível para as atuais e futuras gerações, além de Rio de Janeiro: Revan, 2000.
desenvolver a região como um todo.
Bons exemplos devem ser seguidos, e o Pará tem tudo para que 7. CASCUDO, Luis da Câmara. História da alimentação no Brasil.
alcance um patamar de reconhecimento do seu terroir, com seus São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1983.
produtos gastronômicos locais, uma vez que as condições de solo,
microclima, cultura, tradição na produção, utensílios específicos, 8. DUCASSE, A. Ducasse de A a Z. Rio de Janeiro: Editora
tornam os produtos como sendo únicos, a exemplo do tucupi, do Ediouro, 2005.
tacacá, da maniçoba e do pato no tucupi – sem mencionar a
qualidade das farinhas, do chibé, dos tipos de pescados, frutas 9. DORIA, C. A. Formação da culinária brasileira. São Paulo:
regionais, dentre muitos outros produtos existentes apenas na região. T rês Estrelas, 2014.
REFERÊNCIAS
298
Gastronomia: da tradição à inovação
06107 “A gente quer comida, diversão e arte”: Gastronomia e Turismo no Mercado São
Sebastião em Fortaleza – Ceará
299
Gastronomia: da tradição à inovação
300
Gastronomia: da tradição à inovação
Cláudia Soares 1 , Ceci Santiago2 , Maria Eliza Passos, Karla Tonini 4 , Tânia Muzy5 Márcia Pimentel 6 .
Palavras chaves: Gastronomia, turismo; hospitalidade. brasileiro associado à alimentação e gastronomia, assim como, suas
raízes históricas e sociais que são traduzidas pelo boteco carioca,
INTRO DUÇÃO como espaço social de encontros entre residentes e visitantes.
2)Identificando, no evento a natureza e composição dos pratos
participantes do concurso e consequentemente 3)Mapeando o perfil
A ideia da pesquisa surgiu dentro do Curso de gastronomia da UFRJ -
dos cozinheiros / criadores das preparações participantes do concurso
é um curso bacharelado de quatro anos que tem como seus eixos de
e também avaliando a percepção do cliente quanto à higiene dos
ensino e pesquisa a hospitalidade, a produção de alimentos e bebidas e estabelecimentos envolvidos no concurso.
a gestão de serviços de alimentação.
Neste contexto se confere ao egresso da gastronomia um status
diferenciado, com a formação de um profissional múltiplo e capaz não MATERIAL E MÉTO DO S
apenas de tratar de preparações na cozinha com respeito às técnicas
culinárias, mas de compreender a dimensão conjuntural e estrutural do A pesquisa se desenvolveu em duas etapas: 1) diagnóstica e de
mercado de alimentos e bebidas e com capacidade para empreender gabinete para compreender o que é o espaço boteco e suas nuanças
nessa área, carregando a natureza da hospitalidade para as diversas sociais relacionadas à imagem do destino e também para conhecer o
dimensões “ momento da alimentação”.(1) formato do evento "Comida di Buteco" e seus objetivos, assim como,
Essa hospitalidade se reflete num dos temas que vem sendo discutido seus critérios de participação incluindo sua perspectiva histórica,
e operado para a promoção da gastronomia local que são os diversos conhecendo os resultados das edições anteriores ao ano em curso e, 2)
eventos realizados no mundo inteiro resgatando a cultura e os hábitos pesquisa direta com empresários a fim de conhecer seu interesse e
de vida dos povos traduzidos pela alimentação. investimento no evento e nos empreendimentos durante a realização
No Brasil, especialmente dentro da cena carioca encontramos os do evento para identificar o público (de turistas e residentes) que
botecos com evento dedicado a eles cuja realização parte de uma frequenta o boteco na edição.
gestão externa nascida em outra capital do país. Assim a Foi desenvolvido um questionário para roteiro de entrevistas contendo
movimentação em torno dos bares [botecos] cuja imagem remetia a as dimensões do perfil do criador do prato concorrente; o atendimento
histórias e associações da cena carioca, fez crescer o interesse popular e a higiene.
por esses estabelecimentos. As entrevistas foram realizadas pelos alunos do Curso de Gastronomia
Recentemente um forte movimento de melhoria da imagem de uma da UFRJ nos botecos distribuídos na cidade do Rio de Janeiro.
'categoria' de boteco carioca denominada 'pé sujo' merece destaque. Previamente ao início de campo, foram realizadas reuniões para
Fruto de união de esforços da prefeitura municipal do Rio de Janeiro, discussão dos temas do questionário e treinamento dos alunos.
Sindicato de bares e restaurantes (SindRIO) e estabelecimentos
hoteleiros do Rio de Janeiro aliada a força tarefa da vigilância RESULTADO S E DISCUSSÃO
sanitária local que promoveram a melhoria da gestão da higiene e
segurança alimentar nesses estabelecimentos e redesenhando a sua
A pesquisa vem sendo realizada desde 2014 e nas edições de 2015 e
imagem para 'pé limpo'.(5)
2016 foram entrevistados quase todos os botecos participantes. Em
A frequência nesses estabelecimentos está na maioria das vezes,
2014, dos 31 botecos participantes foi possível entrevistar 26. Em
associada ao encontro com amigos e ao entretenimento, sempre muito
2015 foram entrevistados 31 estabelecimentos de 36 participantes. E
associada à bebida, entretanto existe uma outra função, a de alimentar.
em 2016 dos 46 botecos participantes conseguimos entrevistar 44. As
O significado do boteco ultrapassa a simples descrição de um bar, e a
entrevistas foram realizadas durante as duas últimas semanas do
nossa pesquisa se orienta para a perspectiva de que esse espaço
evento a fim de termos informações a coletar sobre boa parte do
valoriza as relações sociais ali estabelecidas em um ambiente com
período de realização. Apenas foram entrevistados proprietários e/ou
identidade própria, que traduz o cotidiano da vida carioca, debatendo
gerentes responsáveis pelo estabelecimento.
o conceito da dimensão da hospitalidade pública e privada.(2) “ O
Segundo os proprietários a clientela precisa compreender que o boteco
boteco é o lugar do coletivo onde o individual também passeia e é
é um estabelecimento de pequeno porte e com características de
respeitado.” (3) O bar como local de lazer, de parada, de conversa e
administração familiar e preparações artesanais e que, o evento tem a
atualmente onde o alimento ganhou também espaço. O presente artigo
finalidade de apresentar essa realidade também.
trata também do boteco carioca e da importância desses espaços para
Dessa forma, foi pontuado que esse foi um dos benefícios do evento,
imagem da cidade do Rio de Janeiro enquanto destino turístico
apresentar o boteco em sua essência. Segundo os empresários que
compreendendo que esses estabelecimentos compõem o cenário da
participaram de outras edições, há ampliação do público mesmo
hospitalidade local.
depois do evento em função da mídia que é gerada entorno dos
O objetivo geral da pesquisa é tratar da importância dos botecos na
botecos. Isso garante a ampliação da imagem e a mudança positiva de
cidade do Rio de Janeiro, como “símbolo do viver carioca” associado
que não é um espaço apenas dedicado à boemia e a bebida. A ideia do
à representação da hospitalidade turística local. E como recorte
concurso segue na direção das preparações como protagonistas do
geográfico e temporal pata asuxilio da pesquisa e esolha dos botecos a
boteco, abrindo a possibilidade para a ampliação da clientela que antes
serem estudados escolhemos o evento Comida di Buteco de forma a:
era estimulada apenas ao consumo da bebida e pelo convício social.
1)Conhecer o histórico acerca do comportamento hospitaleiro
A ampliação da visibilidade dos botecos que estão situados,
301
Gastronomia: da tradição à inovação
especialmente longe das áreas turísticas também foi destacada pelos A comida constitui com frequência um referencial permanente na
entrevistados que relataram ter recebido muitos visitantes de outros memória quando se trata de recordar as experiências positivas e,
bairros distantes, mas também turistas interessados, sobretudo em portanto, hospitaleiras de viagens distantes no tempo. Dessa forma o
conhecer o outro lado da cidade. acolhimento e o cuidado foram tratados com a supremacia da ordem
Em linhas gerais o evento proporcionou o incremento dos negócios e a hospitaleira, o bem receber o outro, levando a conhecer e relacionar-se
ampliação no faturamento. Especialmente no item treinamento, todos de forma simples e abrangente, reconhecendo no outro um ser
os estabelecimentos receberam apoio do SENAC - Serviço Nacional merecedor de cuidado.
de aprendizagem comercial para qualificação da equipe de salão em Os resultados também indicam a ampliação da atitude empreendedora,
2014 e 2015. Em 2016 essa ação foi promovida por uma Instituição de a criatividade na busca de novas receitas assim como uso de novos
ensino privada. insumos e uma maior diversidade na oferta de bebidas pelos
A pesquisa apontou também que para a equipe de cozinha foi preciso estabelecimentos participantes. A maior visibilidade desses negócios
estimular a criatividade, pois a cozinha nunca foi o ponto forte dos também fortalece a imagem deles que se preparam para recepcionar
botecos e por isso foi preciso a busca de qualificação ou profissional visitantes e também os moradores locais. T odos os estabelecimentos
especializado para apoiar nas novas e criativas preparações que indicaram estar satisfeitos com a participação no evento, em todas as
garante o destaque que o evento espera. três edições.
Como a higiene era um dos quesitos a serem avaliados pelos clientes
foi preciso investimento na adequação dos estabelecimentos em REFERÊNCIAS
relação à legislação sanitária vigente. Esse é um item importante para
a mudança na imagem desses bares pois foram considerados por muito
1. CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. Hospitalidade. São Paulo:
tempo, como espaços poucos higiênicos e com pouca ou nenhuma
Aleph, 2004, v.1, 94p
preocupação ao atendimento das regras sanitárias previstas em
2. MELLO, Pedro Paulo Thiago de. PENDURA ESSA: A complexa
legislação. Essa realidade era favorecida pela baixa fiscalização desses
etiqueta na relação de reciprocidade em um botequim do Rio de
espaços e também por se destacarem pelo alto consumo da bebida
Janeiro. Niterói, RJ,117p. Dissertação de Mestrado em Antropologia –
enquanto a comida ficava para segundo plano.
Universidade Federal Fluminense, 2003.
O evento proporcionou também a apresentação de outros bairros da
3. LASHLEY, Conrad e MORRISON, Alisson. Em busca da
cidade, favorecidos agora pelo interesse nos botecos. Bairros que não
hospitalidade: perspectivas para um mundo globalizado. Barueri:
costumam atrair visitantes nem de outras regiões da cidade, quiçá
Manole, 2010, 424p.
turistas. A descentralização do evento, pulverizando as atenções para
4. SCHLUT ER, R. Gastronomia e Turismo, Aleph, São Paulo, 2003,
diversas áreas do Rio de Janeiro aponta para uma tendência do
96p.
consumo de buscar pontos mais tradicionais, menos badalados, com
5. VEJA RIO. (2011). Autor do guia Rio Botequim, economista do
maior referência às raízes e às heranças da história da cidade e sua
BNDES conta quais são os melhores bares da cidade para tomar
ocupação.
chope, relaxar e conhecer a gastronomia carioca. 03/12/2011 às 17:58.
Acesso em: 10 fevereiro de 2016. Disponível em:
CO NCLUSÕES http://vejario.abril.com.br/materia/cidade/meu-rio-guilherme-studart
302
Gastronomia: da tradição à inovação
Turismo (UFOP).
5 Docente do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia (FACES/UniCEUB), Master em Culiária Italiana –
ICIF/Itália, Master em Comercio Internacional (Instituto GEMA/Italía), Especialista em Ensino Superior (CAAES/DF),
Graduado em Relações Internacionais (IESB/DF).
6 Docente do Curso de Tecnologia em Gastronomia e Curso de Nutrição (FACES/UniCEUB). Mestre em Agronegócio
(UnB), Especialista em Vigilância Sanitária e Controle de Qualidade (QUALITAS), Graduada em Nutrição (UCB).
Palavras Chave: Gastronomia, Evento, Desenvolvimento Local, Serviços, Cadeia de Valor, FENADOCE.
“[...] um estudo de natureza empírica que investiga um determinado
INTRO DUÇÃO fenômeno, geralmente contemporâneo, dentro de um contexto real de
vida, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão
O desenvolvimento da atividade turística tem sido considerado nas bem definidos” (12). O estudo de caso é considerado co mo um
últimas décadas como uma alternativa para promover o histórico do fenômeno observado a partir de muitas fontes de
desenvolvimento econômico e impulsionar o desenvolvimento evidências, onde qualquer acontecimento que tenha relação relevante
regional em diversas partes do mundo (1). A produção assim como a aos fatos que descrevem o fenômeno é considerado um importante
distribuição de serviços relacionados com o turismo envolve uma dado para análise (10).
grande experiência cultural tanto para o fornecedor como para o A coleta de dados para esta pesquisa foi realizada por meio de uma
tomador do serviço (2). A oferta turística envolve o fornecimento de visita in loco ao Centro de Eventos de Pelotas, onde foi realizada uma
bens e serviços que facilitem a vida do turista quando o mesmo se entrevista com a gerente geral do estabelecimento. O protocolo de
encontra longe do seu habitat. Este deslocamento pode acontecer por pesquisa que norteou a entrevista foi um questionário semiestruturado.
diversos motivos tais como negócios, lazer, eventos dentre outros (3). Este protocolo de pesquisa foi elaborado a partir da utilização dos
Cabe salientar que muitos fatores contribuem para o crescimento da constructors atividades primárias e atividades de apoio do evento (13).
atividade, contudo descrevem que as contribuições mais perceptíveis A coleta de dados foi complementada fazendo uso do recurso da
nos últimos anos vem da realização de eventos e megaeventos. pesquisa bibliográfica. Informações complementares foram obtidas a
Os eventos são importantes fomentadores do turismo, isso justifica sua partir de pesquisas no website do evento.
constante utilização como ferramenta estratégica no planejamento de
promoção de muitos destinos. Estas ações impactam diretamente na RESULTADO S E DISCUSSÃO
competitividade do destino (4). O crescente número de eventos
planejados é um fenômeno global (5;6). A Feira Nacional do Doce de Pelotas é um evento realizado
O turismo de eventos pode ser entendido como um tipo de atividade anualmente pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) na cidade de
onde o gerador de receitas, assim como do fluxo de turistas resulta na Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, que tem como objetivo
realização de um evento (7). Para a total implementação desta promover a cultura doceira da cidade, herança das diversas etnias
atividade existe a necessidade de um conhecimento prévio acerca da presentes naquela região, em especial da portuguesa (14). O evento
realidade econômica, cultural e ambiental voltados para uma realidade realizará a sua 23° edição no ano de 2015, tendo recebido, em sua
sistêmica e de oportunidades (8). última edição, realizada em 2014, um público de aproximadamente
Este trabalho de caráter qualitativo, descritivo, tem como objetivo 285.000 mil visitantes, o que resultou na venda de aproximadamente
apresentar FENADOCE – Festa Nacional do Doce de Pelotas/RS. na venda de 2.165.000 (dois milhões cento e sessenta e cinco mil)
Para tanto foi utilizado como método de pesquisa a realização de um doces durante todos os dias de realização do evento (14). A cidade de
estudo de caso, estruturado. O resultado da pesquisa ratifica a Pelotas encontra-se localizada na região turística da Costa Doce, no
relevância dos impactos culturais, sociais e econômicos na cidade de sul do Estado do Rio Grande do Sul, a 250 km da capital Porto Alegre
Pelotas impulsionados pela realização do evento. (15). Com aproximadamente 323.000 habitantes, o município possui a
base de sua economia voltada para a agricultura, com destaque para a
MATERIAIS E MÉTO DO S produção de pêssegos e aspargos; na pecuária, o principal produto é o
leite. O setor de serviços completa os pilares econômicos do
Para que fosse analisada a cadeia de valor da Festa Nacional do Doce município (15).
optou-se pelo recorte da pesquisa qualitativa. A pesquisa qualitativa A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Pelotas assumiu a
seria um conceito “ guarda-chuva” capaz de abranger vários tipos de responsabilidade de organizar e realizar a FENADOCE quando o
pesquisa, ao mesmo tempo em que facilita e explica o fenômeno evento se encontrava em sua quinta edição tendo pouca
social com o menor distanciamento possível do ambiente natural (9). representatividade para o público regional. A partir da parceria entre a
Neste tipo de abordagem a pesquisa procura a obten ção de CDL realiza o evento recebendo o apoio institucional da Prefeitura
informações sob o ponto de vista dos indivíduos buscando uma Municipal de Pelotas e da ECOSUL tornou-se notável a promoção do
associação com o ambiente. A pesquisa qualitativa em geral é menos evento e a sensibilização não apenas dos locais, mas também
estruturada e é focada na interpretação subjetiva dos autores, assim regionais.
como na compreensão dos processos que direcionam aos resultados De acordo com a entrevista realizada com a jornalista e gerente do
(10). Centro de Eventos, o local onde era realizada a festividade
Com relação ao tipo de pesquisa, classifica-se este trabalho como antigamente abrigava uma fábrica de conservas, e posteriormente, foi
descritivo. Os estudos descritivos em geral fazem uso de vários vendido para um grande grupo comercial que manteve a locação para
aspectos e envolvem coleta de informações de forma diferenciada para a CDL realizar a feira.
cada um deles para que então a pesquisa seja descrita (11). Esse tipo A respeito da funcionalidade do espaço para realização do evento, a
de estudos descritivos evidenciam características de alguma população entrevistada afirmou que a atual estrutura atende as necessidades da
ou fenômeno em geral não ficam limitados a um único método em sua feira tendo capacidade para atender 350 expositores e uma equipe
coleta de dados (12) gestora (CDL) que acompanha as necessidades de melhorias na
O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso que é considerado estrutura.
303
Gastronomia: da tradição à inovação
A receita para a realização da feira é corresponde aos valores pagos shows como principais atrativos do evento. Este fator é uma realidade
pelos expositores e dos patrocinadores. A FENADOCE não possui não apenas da FENADOCE, mas também de outros eventos do
nenhum tipo de problemas governamentais e conta com uma mesmo porte realizados no estado. Esta característica reforça as
assessoria jurídica atuante da própria CDL. características dos serviços como perecibilidade e simultaneidade. E,
A organização do evento concentra serviços integrados e subdivide por fim, a pesquisa ratificou a importância econômica do evento para
em: Área de expositores gerais, destinada à exposição de empresários a cidade de Pelotas. Seja pelo volume de negócios que o evento
ligados ao comércio e ao setor de serviços (setores de moda, Casa e movimenta anualmente, ou pela quantidade de empregos diretos e
decoração, artesanato e Instituições de Ensino Superior); Áreas de indiretos gerados durante as fases de planejamento e realização, assim
patrocinadores; e a Cidade do doce onde é simulada uma fábrica de como pelo número de turistas que traz a Pelotas todos os anos.
doces com aproximadamente 35 doceiras da comunidade. O estudo de da cadeia de valor de megaeventos ainda não é um tema
Com relação aos recursos humanos que atuam no even to, a CDL bastante explorado pela comunidade acadêmica. Desta forma, sugere-
possui 19 colaboradores fixos responsáveis por algumas áreas se que sejam realizadas outras pesquisas utilizando-se outras cadeias
específicas, tais como: manutenção, recepção, departamento de valor de eventos de maior ou do mesmo porte. Salienta-se que os
comercial, marketing e setor de orçamentos. Os setores financeiro, eventos, por possuírem uma dinâmica diferenciada das demais
contábil e jurídico também estão ligados diretamente ao CDL. prestações de serviço, muitas vezes necessitam que seus processos
Segundo a entrevistada aproximadamente 10 empresas são contratadas sejam adequados de modo a atenderem aos seus objetivos. Estas
para que as demandas do evento possam ser atendidas. adequações na cadeia de valor, assim como nos projetos iniciais,
Para a entrevistada o planejamento é a chave do sucesso da Festa, também podem transformar-se em novas pesquisas acerca desta
porque assim que se encerra o evento automaticamente se inicia o temática.
planejamento do próximo. A equipe gestora do evento não vislumbra
lucro com a realização do evento, aliás, toda a receita arrecadada é REFERÊNCIAS
reinvestida em melhorias na própria feira. O planejamento do evento é
iniciado com uma previsão orçamentária de quanto será investido em 1. JACKSON, J. Developing regional tourism in China: T he potential
cada edição. for activatin 8g business clusters in a socialist market economy.
No mês de outubro é realizado mapeamento com base na planta que Tourism Manageme nt, 27(4), 2006. Pp. 695-706.
será disponibilizada para comercialização junto aos expositores. Para 2. WEIERMAIR, K. "Tourists’ perceptions towards and satisfaction
estes foi criado um manual com todas as regras a serem seguidas tanto with service quality in the cross-cultural service encounter:
nas fases de pré-evento, transevento e pós-evento. implications for hospitality and tourism management", Managing
A FENADOCE concentra uma grande quantidade de serviços Service Quality: An International Journal, Vol. 10. 2000, 6 pp. 397 -
integrados que funcionam dentro do Centro de Exposições durante a 409
realização do evento. Os espaços ficam divididos da seguinte forma: 3. MURPHY, Peter; ZHANG, Yan. Supply-chain considerations in
Área de expositores gerais, destinada à exposição de empresários marketing underdeveloped regional destinations: A case study of
ligados ao comércio e ao setor de serviços (setores de moda, Casa e Chinese tourism to the Goldfields region of Victoria. Tourism
decoração, artesanato e Instituições de Ensino Superior); Áreas de Management, 30. 2009. Pg. 278–287
patrocinadores, e o terceiro espaço chamado de cidade do doce. Este 4. GET Z, D. ‘Event Tourism: Definition, Evolution, and Research’,
espaço simula uma fábrica de doces e conta com a participação de Tourism Management, 2008, 29, 403–28.
aproximadamente 35 doceiras da comunidade. 5. GOLDBLAT T, J. ‘‘A future for event management: the analysis of
Ações de comunicação e marketing da Festa Nacional do Doce estão major trends impacting the emerging profession’’. Proceedings of
concentradas na utilização de veículos de comunicação tradicionais Conference on Event Evaluation, Research and Education , the
como jornais, revistas, bus door, outdoor e, em especial, nas redes Australian Centre for Event Management, Sydney, 2000.
sociais. 6. WEBER, K. and LADKIN, A. ‘‘T he convention industry in
Australia and the United Kingdom: key issues and competitive
CO NSIDERAÇÕ ES forces’’, Journal of Travel Research, Vol. 42 No. 2, 2003. pp. 125-
132.
Os primeiros estudos acerca da cadeia de valor realizados propunham 7. SHONE, A. and Parry, B. Successful Event Manageme nt: A
uma mudança na cadeia de valor (16; 13), com o objetivo maior de Practical Handbook, T hompson, Washington, DC, 2004
garantir vantagens estratégicas ao tocante da prestação de serviços. 8. CARRIZO, A.; VIEIRA, A. T urismo de eventos: desafíos
Segundo os autores o atual modelo se adequava mais às empresas estratégicos de la ciudad de João Pessoa (Brasil). Cuadernos de
tradicionais de manufatura e não a empresas prestadoras de serviços Turismo, (23): 31-4. 2009.
(17). A partir destas alterações o novo modelo da cadeia de valor 9. MERRIAM, S. B. Q ualitative Research and case study
adotado por diversas empresas prestadoras de serviços e atualmente applications in education. San Francisco: Allyn and Bacon, 1998.
adapta-se no modelo utilizado para realização de eventos. 10. CAUCHICK MIGUEL, P. A. Estudo de caso na engenharia de
O evento é o resultado de uma rede coordenada de relações, de produção: estruturação e recomendações para sua condução. Re vista
negócio para negócio, resultante da soma de uma gama de empresas Produção, 2007.
do setor de serviços. Neste âmbito há a construção de uma rede de 11. SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. H.; LUCIO, P. B.
relacionamentos entre as empresas e indivíduos participantes, para Metodologia da pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
produzir um produto sinérgico que nenhuma organização produziria 12. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto
sozinha (18). Alegre: Bookman, 2005.
Neste sentido, a FENADOCE executa um planejamento logístico 13. PORTER, M. E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando
enxuto e estruturado o que permite que a cadeia de valor do evento um desempenho superior. 28. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
atenda as necessidades propostas no projeto inicial. A curva crescente 14. FENADOCE. Disponível em:
de megaeventos em destinações turísticas ou não amadurece as http://www.fenadoce.com.br/texto/menu-novo-site--fenadoce--
pesquisas acerca da cadeia de valor em serviços em especial de historia. Acesso: 23/04/2014.
eventos, onde a experiência do serviço permite que se entregue ao 15. PREFEIT URA DE PELOT AS. Disponível em:
cliente serviço e manufatura em um único produto. <http://www.pelotas.rs.gov.br/cidade/localizacao.php>. Acesso em:
A pesquisa mostrou a predominância da terceirização tanto de 30 mar. 2015.
prestadores de serviços como de recursos humanos. Esta característica 16. ARMIST EAD, C. G. & CLARK, G. “Resource activity mapping:
é justificada pelo fato da organização do evento não realizar outros the value chain in service operations strategy”. The Sevice Industries
eventos do mesmo porte o que justificaria a contratação permanente Journal 13, 1993. p. 221-239.
de profissionais das mais diversas áreas. 17. BARBOSA, F. S. O Processo Logístico de Eventos : um estudo
Os processos atrelados à parte de tecnologia de informação do evento de caso da Oktoberfest de Blumenau/SC. Dissertação (Mestrado em
ainda necessitam ser aprimorados. Contudo, neste quesito a T urismo e Hotelaria). Universidade do Vale do Itajaí, Balneário
FENADOCE se encontra mais bem estruturada do que outras festas do Camboriú, 2010.
mesmo porte. Com relação às ações de comunicação em marketing do 18. ANDRADE, R.B. Manual de eventos. Caxias do Sul, RS:
evento a pesquisa identificou a predominância da utilização de EDUCS, 1999.
recursos ligados à tecnologia, em especial das redes sociais. T odos os
processos planejados pela diretoria são implementados por uma
empresa de propaganda e publicidade terceirizada.
Outra característica identificada na pesquisa foi a valorização dos
304
Gastronomia: da tradição à inovação
305
Gastronomia: da tradição à inovação
No cenário da gastronomia os eventos podem se tornar decisivos para 2. MEIRELLES, G. F. Tudo sobre eventos. São Paulo: Editora ST S,
a promoção de Brasília como destino gastronômico. A criação dos 1999.
eventos gastronômicos releva que a capital está cada vez mais
dinâmica e interativa, o que dá possibilidade da mesma competir com 3. MIRANDA, Luiza. Negócios & festas – cerimonial e etiqueta em
os grandes polos de gastronomia do país, mostrando que, além da tão eventos. 2ª Ed., Belo Horizonte: Autentica, 2003.
famosa arquitetura, se encontram bares, cafés e restaurantes que
agradam a todos os paladares e ocasiões. 4. KOT LER, Philip. Administração de marketing. 10° Ed. São
Em função do momento econômico que o país está vivenciando, os Paulo: Prentice Hall, 2000.
gestores podem apostar na criação de eventos, parcerias, mão de obra
qualificada e no marketing para reafirmar sua identidade. 5. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL -
SENAC. Festas e recepções: gastronomia, organização e cerimonial.
REFERENCIAS VIEIRA, Silvia Marta, CARAUT A, Alexandre Augusto (Org.). Rio
de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2002.
1. CORREIO BRAZILIENSE. Feira Gastronômica Brasil
Sabor volta a agitar Parque da Cidade no domingo .
Brasília, 2015. Disponível em:
<http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades
/2015/05/31/interna_cidadesdf,485127/feira-gastronomica-
brasil-sabor-volta-a-agitar-parque-da-cidade-no-
domingo.shtml>. Acesso em: 13 Jun. 2016.
306
Gastronomia: da tradição à inovação
Essa pesquisa utilizou revisão de literatura e teve como base pesquisas T abela 2. Categorias de pesquisas
nos periódicos nacionais sobre turismo. A busca foi feita por meio do Atrativo
site “ publicacoesdeturismo.com.br” e utilizou-se a palavra chave Rota Eventos Outros
“ Gastronomia”. O site realiza a pesquisa em mais de 1700 livros e em 6 10 8
31 periódicos indexados. Na pesquisa realizada em 15/04/2016 foram Fonte: Suzuki e Burkowski, 2016
retornados 106 artigos com publicação entre 1999 e 2015. Desses
artigos quatorze não atendiam ao critério de busca e dez eram livros. As rotas são importantes estratégias de conexão e como aponta
Nesse trabalho não foram analisados os livros. O primeiro artigo foi Chianttone, Chiattone (2013) dentre os resultados de seu estudo,
de Maria Lúcia T afuri Garcias que discutiu A influência da verificou-se que a exemplo da Região da Serra Gaúcha, onde o
gastronomia portuguesa, espanhola e italiana nos hábitos alimentares enoturismo está consolidado, as propriedades rurais do Pampa Gaúcho
do Brasil e foi publicado no Boletim de Turismo e Administração têm trabalhado de forma conjunta para promover o desenvolvimento
Hoteleira, periódico que não esta disponível online e não consta no turístico da região, procurando melhorar a infraestrutura local e
Qualis 2014. É interessante mencionar que a Revista Rosa dos Ventos salientando a suas particularidades culturais.
mantém edições especiais sobre o tema, aumentando a demanda por Em relação aos eventos é interessante a argumentação de Suzuki,
produção na área. O enquadramento dos trabalhos foi feito a luz dos Burkowski, Mesquita (2015) que dentre as inovações observadas no
resumos e das considerações finais, tendo como base o foco e os campo da gastronomia, nota-se a efervescência dos festivais
resultados de cada uma das pesquisas. gastronômicos. Festivais gastronômicos são oportunidades para se
. conhecer novas cozinhas, novos profissionais, novos gostos e sabores
14. RESULT ADOS E DISCUSSÃO: e novos relacionamentos. Em geral, estão associados a outras
demonstrações artísticas, o que acaba por resultar em evento de
O presente artigo contribui para a discussão acerca da valorização da turismo e de entretenimento para os moradores. Observando a
gastronomia nos últimos 10 anos. Conforme tabela 1 percebe-se o realidade de Minas Gerais e em especial a de Belo Horizonte, percebe-
aumento no número de artigos científicos sobre gastronomia, com se a existência de diversos festivais cujo público alvo é o morador e
ápice em 2013 com 20 artigos. Esse número foi impulsionado pelo não o turista.
lançamento de um caderno na Revista Rosa dos Ventos e impulsionou Os outros artigos do grupo de atrativos tratam a gastronomia como
a produção na área, voltando em 2014 e 2015 quase a média dos atrativo principal não dependo de evento ou de rotas para seu
últimos 5 anos. Pode-se inferir que a produção na área apresenta uma desenvolvimento.
crescente mas é muito estimulada por chamadas específicas de A tabela abaixo (tabela 3) apresenta um visão geral das áreas de
revistas. É interessante notar também que o aumento das publicações concentração dos estudos e chamou a atenção os estudos relacionados
esta relacionado à criação de cursos superiores de T urismo no país. à área de educação-formação gastronômica. Foram identificados 8
artigos que discutem esse problema.
T abela 1. Evolução dos artigos científicos de gastronomia T abela 3. Classificação dos artigos em relação à Atrativo x
Complemento
30
20
10
Fonte: Suzuki e Burkowski, 2016 0
O ministério do T urismo, órgão criado em 2003 para fomentar a
atividade no país, entende turismo gastronômico como “ um segmento
turístico emergente capaz de posicionar destinos no mercado turístico,
quando utilizado como elemento para a vivência da experiência da
cultura local pelo turista por meio da culinária típica. A oferta turística Fonte: Suzuki, Burkowski (2016)
de serviços de alimentação, item que faz parte da estada do turista,
Esses artigos corroboram a visão da importância dos cursos superiores
307
Gastronomia: da tradição à inovação
308
Gastronomia: da tradição à inovação
GASTRONOMIA E SUSTENTABILIDADE
Gastronomia: da tradição à inovação
6425 - Farinha De Broto de Palma Forrageira Opuntia fícus Indica (L.) Mill E Sua Utilização
Na Produção De Biscoito Tipo Cookies
Dalila Assunção1 , Valquíria Prates1 , Eduardo Viana2 , Luiz Cardoso3 , Roseane Figueiredo4 , Wilson Júnior3
¹ Curso de Nutrição, Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia, dali.fsa@hotmail.com
² Curso de Farmácia, Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia.
³ Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia.
4 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
INT RODUÇÃO
A palma possui boa adaptação morfofisiológica às condições adversas
do semiárido e geralmente são menos exigentes em insumos agrícolas
e proporciona boa produtividade o ano inteiro (1). Contém grande
quantidade de água, é rica em resíduos minerais como cálcio,
magnésio, sódio e potássio e vitaminas A, C e do complexo B (2).
Apresenta elevado teor de carboidratos solúveis, além de alto
coeficiente de digestibilidade da matéria seca (3,4). No nordeste a
palma forrageira Opuntia fícus Indica (L.) Mill é utilizada,
principalmente, na alimentação animal. Entretanto, em alguns
municípios, os frutos e brotos da palma são utilizados para o consumo
humano. Neste contexto, a palma surge como uma boa alternativa para
utilização no consumo humano, por ser de grande valor nutricional.
Pode ser usadas como matéria-prima na agroindústria para produção CONCLUSÃO
de conservas em salmoura, doces, bebidas e farinhas. Esses produtos Pode-se constatar que os cookies com farinha de palma forrageira
também podem ser utilizados na medicina, na fabricação de podem complementar o consumo de fibras e proteínas. Sendo
cosméticos e em outros fins, que poderiam gerar oportunidades de constatada uma boa aceitação do cookie incrementado com a farinha
emprego e renda para as populações desta região. Apesar das de palma forrageira, esta pode ser utilizada com matéria-prima para as
indústrias de alimentos e também para a população do semiárido
inúmeras aplicações, a exploração da palma no Brasil limita-se a
produção de forragem para os animais principalmente na época de Brasileiro que tem esta planta em abundância no território.
seca. Atualmente, os consumidores estão mais exigentes buscando Aumentando a possibilidade de emprego e renda nessa região e
uma alimentação mais saudável, principalmente por alimentos contribuindo para a difusão da palma no país.
funcionais. Onde, os alimentos sejam enriquecidos com substâncias
isoladas de alimentos que possuam propriedades funcionais, que REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
influenciam em atividades fisiológicas ou metabólicas. O cookie é um 1. Barbera, G.; Inglese, P.; Barrios, E. P. Agroecologia, cultivo e usos
biscoito de sabor suave, para tanto, contemplam de vários atrativos, os da palma forrageira. Paraíba: SEBRAE/PB, 2001. 240 p.
2. Nunes, C. D. S. Usos e aplicações da palma forrageira como uma
quais vão desde suas características organolépticas, durabilidade e
propriedades nutricionais agregadas. Atualment e, os biscoitos tipo grande fonte de economia para o semiárido nordestino. Revista Verde
cookie têm sido formulados com a intenção de aumentar sua de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 6, n. 1, p. 58-66,
fortificação com fibra ou proteína, devido ao forte apelo nutricional 2011.
existente atualmente com relação aos alimentos consumidos (5, 6, 7). 3. Santos, M. V. F.; Lira, M. A.; Farias, I. Efeito do período de
Este trabalho tem como objetivo a elaboração de biscoitos tipo armazenamento pós-colheita sobre o teor de matéria seca e
cookies feitos com a Farinha De Broto de Palma Forrageira composição química das palmas forrageiras. Pesquisa Agropecuá- ria
Opuntiafícus Indica (L.) Mill, realizar as avaliações físico-químicas e Brasileira, v.27, p.777-783, 1992.
análises sensoriais. 4. Teixeira, J. C.; Evangelista, A. R.; Perz, J. R.; Trindade, I. A. C.
M.; Moron, I. R. Cinética da digestão ruminal da palma forrageira.
MAT ERIAIS E METÓDOS Ciência e Agrotecnologia, v.23, n.1, p.179-183, 1999.
5. GUTKOSKI, Luiz Carlos; NODARI, Mariana Lenzi; JACOBSEN
Foram utilizadas, como matérias-primas, farinha integral e farinha do
broto da palma Opuntia fícus Indica (L.) Mill, em diversos estágios, NETO, Raul. Avaliação de farinhas de trigos cultivados no Rio
preparada no laboratório de técnica dietética da Universidade Federal Grande do Sul na produção de biscoitos. Ciência e T ecnologia de
da Bahia, campus Anísio Teixeira. A colheita da palma foi feita Alimentos, v. 23, n. ssupl, 2003.
6. THOMPSON, Edward Palmer; NEGRO, Antonio Luigi; SILVA,
manualmente, de forma aleatória e realizada pela manhã selecionando
visualmente as raquetes quanto à ausência de injúrias. Em seguida, Sergio. As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. T extos
foram retirados os espinhos dos brotos selecionados e feita a Didático, 1998.
higienização em água clorada. Ao terminar a higienização, os brotos 7. BELLUCO, BRUNA et al. Composição centesimal e rotulagem de
biscoitos tipo cookie com gotas de chocolate “cookittos”. 2008.
foram submetidos a aquecimento e, quando secos, passaram por
processo de moagem produzindo a farinha. Os demais ingredientes 8. T sen CC. Regular and protein fortified cookies from composite
utilizados para a elaboração do cookie foram adquiridos no comércio flours. CFW. 1976;21(12):634-37.
local de Vitória da Conquista. O preparo da massa foi conduzido em
uma tigela utilizando dos seguintes ingredientes: Leite, farinha branca,
farinha integral, farinha de palma, açúcar cristal, açúcar mascavo,
fermento biológico, bicarbonato, baunilha, ovos, margarina e
chocolate meio amargo. Por fim, os cookies foram moldados e assados
em forno elétrico.
311
Gastronomia: da tradição à inovação
04782 O Uso do Bagaço de Malte na Culinária: a Era das Cervejas Artesanais e Alternativas
Criativas para Sustentabilidade Alimentar
Elizabeth Neves 1,2 , Sálvio Pirajá3 , Ronaldo Amorim dos Santos 1 , Eduardo Mariano4 , Rodrigo Johnsson2
312
Gastronomia: da tradição à inovação
RESULTADO S E DISCUSSÃO
A crocância e as notas diferenciadas do malte resultaram em um
alimento de aspecto rústico, estilo ‘multi-grãos’, saboroso e nutritivo,
de fácil aceitação (Fig. 1A-D). Apesar da boa maleabilidade e não se
tratar de uma massa pesada, a crocância pode ser controlada com a
redução/aumento do bagaço (e devidos ajustes dos demais
ingredientes). Seguindo estritamente o receituário, observa-se um
bom rendimento: para a quantidade sugerida, foram produzidos
2calzones de 30 cm, sendo que o crescimento da massa doce foi mais
proeminente do que a salgada. Aliás, mesmo na geladeira, a massa
continuará a crescer (a doce, principalmente) – de modo que não é
aconselhável mantê-la ‘selada’ em filme plástico. O bagaço deve ser
usado no máximo em 48 hs após a filtração ou descongelamento. Se
‘esquecido’ em temperatura ambiente, há riscos de proliferação
microbiológica (denunciada pelo pungente odor de azedo e mudança
na coloração), neste caso deverá ser descartado. A massa poderá ser
mantida refrigerada, acondicionada em saco/recipiente plástico, por
até 72 hs, sem perda das caraterísticas organolépticas. Em algumas
comunidades que utilizam fogão a lenha, é comum cobrirem a massa
do pão tradicional com pano úmido. A opção, de fato, foi testada
para o pão de bagaço assado em fogão convencional (a gás),
resultando em um pão sobremaneira macio (Fig. 1A, B), mas o
processo não é prático, considerando que pano deve permanecer
umedecido, caso contrário, se queimará – uma alternativa, seria
dispor de uma forma de metal com água dentro do forno. Em AGRADECIMENTO S
salamandra elétrica, com controle de temperatura (mas nenhum Evaldo Manoel Bento (‘Serra Gelada’) &equipe NUT A44 e
artefato de manutenção da umidade), tanto o calzone quanto o pão NUT A46 (2015.2/ENUFBA).
doce (Fig. 1D) apresentaram as mesmas apreciadas características de
crocância (externa) e maciez (interna). REFERÊNCIAS
1. ASHT ON, J. The history of bread: from pre-historic to modern
CO NCLUSÃO times. London: Brooke HousePublishing CO. Brooke House, 1904.
As opções sugeridas neste estudo produziram alimentos de elevada 185 p.
qualidade sensorial, corroborando o uso do bagaço de malte na 2. FREIRE, F. C. O. A deterioração fúngica de produtos de
produção de pães diversos. A prática da doação do bagaço de malte panificação no Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e
pode vir a se consolidar em movimento muito semelhante ao do Abastecimento (EMBRAPA). Comunicado Técnico 74, 1-5, 2011.
kefir– alimento probiótico complexo, produzido através da 3. FEASY, P. A briefhistoryofbeer. FoodAustralia 59, 5, 191-196,
fermentação do leite por bactérias e leveduras, de grande valor 2007.
nutricional e terapêutico, o qual através dos séculos vem sendo 4. SEBRAE. Potencial de consumo de cervejas no Brasil. 2014 Em
difundido pela produção exclusivamente artesanal, não comercial (8). SEBRAE/Agronegócios. Acesso em: 6 mar 2016.
A hibridação histórica da cerveja e do pão resgata tempos críticos da 5. GOULART, R. M. M. Desperdício de alimentos: um problema de
alimentação humana. De um passado monótono de pão líquido e saúde pública. Integração 54, 285-288, 2008.
fermentado, lidamos na atualidade com uma incessante busca por 6. BELIK, W.; CUNHA A.R.A.A; COST A, L.A. Crise dos alimentos
novas experiências sensoriais, paradoxalmente, sob a sombra do e estratégias para a redução do desperdício no contexto de uma no
colapso da segurança alimentar. A proposta do ‘pão de bagaço de Política de Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil.IPEA:
malte’ não é inédita e tem sido timidamente abordada em alguns Planejamento e Políticas Públicas, 38, 107-132, 2012.
outros estudos (9). Versões apocalípticas envolvendo a globalização 7. VELASCO, F.O.; GONÇALVES, L.C.; TEIXEIRA, A.M.;
da fome, somadas aos impactos ambientais (que tornam a vida no FARIA JR., W.G.; MAGALHÃES, F.A. Resíduo de cervejaria para
planeta cada vez mais improvável), sustentam a necessidade de ações gado leiteiro. In: Lúcio Carlos Gonçalves; Iran Borges; Pedro Dias
pragmáticas e criativas sobre o desperdício de alimentos e Sales Ferreira. (Eds.). Alimentos para gado de leite. Belo Horizonte:
sustentabilidade alimentar. Assim, comprovamos que nesse cenário, FEPMVZ, 2009.p. 139-151.
o bagaço de malte pode assumir saborosa função redentora. 8.LEITE, A.M.O.; MIGUEL, M.A.L.; PEIXOTO, R.S.; ROSADO,
A.S.; SILVA, J.T.; PASCHOALIN, V.M.F.Microbiological,
technologicalandtherapeuticpropertiesofkefir: a natural
Fig. 1. Massas produzidas com bagaço de malte. A-B. Pão salgado probioticbeverage. Braz. J. Microbiol. 44, 2, 341-349, 2013
não recheado. C. Pizza. D. Pão doce recheado. 9. Desenvolvimento de pão fonte de fibras a partir do bagaço de
malte. 2010. 40f. Monografia (Graduação em Engenharia de
Alimentos) – Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
313
Gastronomia: da tradição à inovação
Elizabeth Neves 1,2 , Sálvio Pirajá3 , Ronaldo Santos 1 , Odilon Castro3 ,Gustavo Ribeiro4 , Rodrigo Johnsson2
1
Curso de Gastronomia. Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia. elizabeth.neves @gmail.com
2
Prof. Dr. Departamento de Zoologia. Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia
3
Prof. Me. Departamento da Ciência dos Alimentos. Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia
4
Curso de Mestrado.Programa de Pós Graduação em Diversidade Animal, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia.
314
Gastronomia: da tradição à inovação
4: Azeitonas verdes: retirar caroço, cortar em estilo ‘brunoise’ – Figura 2. Preparação do pão. A. Massa sovada B. Aberta com rolo.
colocar sobre a calabresa e o bacon durante o recheio. C. Dividida em duas partes, sendo recheada. D. Pão em trança. E.
5: Montagem final: as partes recheadas devem ser enroladas e Aspecto dourado do pão assado. F. Molho sendo coado com auxílio
trançadas (a montagem é livre, por exemplo, podendo ser em forma de um chinois.
de baguete). Pré-aquecer o forno. Assar o pão em temperatura de
160ºC. Retirar quando a superfície da crosta estiver dourada (Fig.
2C-E). A B
Molho/Redução
1: Em fogo baixo adicionar a água de batata-da-serra, 50 ml de água
e reduzir em açúcar mascavo, acrescentando aos poucos demais
ingredientes.
2: Não parar de mexer até espessar e alcançar uma coloração escura. C D
Retirar do fogo, coar com auxílio de um chinois e deixar esfriar (Fig.
2F). Como opção, o molho deverá ser servido à parte.
RESULTADO S E DISCUSSÃO
O pão de polpa e casca de batata-da-serra possui uma massa leve,
aromática e de grande crocância, podendo ser servido ou não com
algum recheio. Na verdade, a massa básica criada e trabalhada por E. E F
Neves & equipe segue em outro receituário, envolvendo o
reaproveitamento do bagaço de malte de cevada com as mesmas
características. A batata-da-serra pode ser reidratada, sem AGRADECIMENTO S
comprometimento das suas propriedades organolépticas, bastando-se Equipes NUT A44 e NUTA46 (2015.2/ENUFBA).
mantê-la submersa em água. Assim, trata-se de um tubérculo de
grande durabilidade, podendo ser estocado a temperatura ambiente REFERÊNCIAS
por extenso período de tempo. De fato, entre a data de coleta e a 1. ROCHA, A. B. Caracterização bromatológica e avaliação de
preparação do pão temos um interstício de 56 dias. Tendo por compostos bioativos presentes na batata da serra
proposta o máximo aproveitamento de todos os recursos, (Ipomoeaconvolvulacea L.) produzida na Chapada Diamantina-BA.
asseguramos o uso culinário da casca: levemente ácida e lembrando o 2010. 111f. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Ciência de
sabor do rabanete, se destaca em relação à polpa, muito mais suave. Alimentos). Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia,
Além disso, rapidamente assada antes de ser incorporada à massa, a Salvador, 2012.
casca contribuiu à crocância do pão. A gordura resultante da fritura 2. SÃO PAULO (Estado). ONG Banco dos Alimentos. Disponível
do bacon e calabresa (vide ‘ingredientes’) pode ser substituída por em:http://www.bancodealimentos.org.br. Acesso em: 8 abril 2016.
medida correspondente a de azeite virgem, considerando-se a 3. ROME (Italy). FAO – Food and Agriculture Organization of the
quantidade total padrão de azeite na massa básica (i.e., 45 gr). O United Nations.Foodandnutrition in numbers. Report 2014.
molho encorpado e adocicado resultante da redução da água da Disponível em: http://www.fao.org/3/a-i4175e.pdf. Acesso em: 8
batata-da-serra e açúcar mascavo, acrescenta interessante contraste abril 2016.
de cor e sabor, podendo ser preparado tanto com vermute quanto 4. GOULART, R. M. M. Desperdício de alimentos: um problema de
conhaque. saúde pública. Integração 54, 285-288, 2008.
5. BELIK, W.; CUNHA A.R.A.A; COST A, L.A. Crise dos alimentos
e estratégias para a redução do desperdício no contexto de uma no
CO NCLUSÃO política de segurança alimentar e nutricional no Brasil.IPEA:
A proposta do ‘pão de batata-da-serra’ é inédita. A globalização da Planejamento e PolíticasPúblicas, 38, 107-132, 2012.
fome, somada aos impactos ambientais, sustentam a necessidade de 6. ROME (Italy). FAO – Food and Agriculture Organization of the
ações pragmáticas e criativas sobre o consumo e desperdício de United Nations. World Food Summit (13-17 november 1996). Rome
alimentos (o que, obviamente, inclui o descarte de cascas). Nesse declaration on world food security.Disponível
cenário, o processo de pesquisa gastronômica que resultou na criação em:http://www.fao.org/docrep/003/w3613e/w3613e00.HTM. Acesso
do ‘pão de batata-da-serra’ se destaca não apenas por valorizar e em:8 abril 2016.
oferecer uma alternativa saborosa de uso de tradicional planta 7. BRASÍLIA (Estado). Instituto Chico Mendes, Ministério do Meio
endêmicada Chapada Diamantina, mas por corroborar prognósticos Ambiente. Plano de manejo: Parque Nacional da Chapada
favoráveis de sustentabilidade alimentar, neste caso, o Diamantina. Versão preliminar. Document o de trabalho, Parte I.
aproveitamento seguro, saudável e de qualidade de um alimento que Brasília 2007. Disponível em:
reflete a história e a cultura do Centro-Oeste da Bahia. http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-
coservacao/parna_chapada_diamantina.pdf. Acesso em: 8 abril 2016.
Figura 1. A.Platôsrochosos da Vila de Igatu – local onde abatata-da-
serrase desenvolve. B. T ubérculo removido do solo.
A B
315
Gastronomia: da tradição à inovação
Elizabeth Neves 1,2 , Maria Lenise Guedes 3 ,Gustavo Ribeiro4 , Luis Ribeiro5 , Vilson Caetano6 ,
Rodrigo Johnsson2
1
Curso de Gastronomia. Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia. elizabeth.neves @gmail.com
2
Prof. Dr. Depto. de Zoologia. Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia
3
Prof. MSc. Depto. de Botânica, Universidade Federal da Bahia
4
Mestrando, Programa de Pós-Graduação em Diversidade Animal. Depto. de Zoologia, Universidade Federal da Bahia
5
Filho de garimpeiro, Guia de ecoturismo na Chapada Diamantina. ‘MucugêTur’, Mucugê – Bahia
6
Prof. Dr. Depto.da Ciência dos Alimentos. Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia
316
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÃO
Por todo setor da Chapada, o uso de cactáceas e folhas
C diversas faz parte de uma história de adaptação e
sustentabilidade. Assim, a valorização dos recursos
regionais através da gastronomia confere importante status
aos alimentos outrora associados à privação. Todavia, a
memória destes saborosos e nutritivos alimentos pertence a
um nicho muito pequeno da população. Como nas demais
cidades da Chapada Diamantina, o crescente deslocamento
de jovens para a capital e outras cidades do Estado (em
busca de qualificação e emprego), afeta as tradições
perpetuadas pelo convívio familiar e o contato entre as
RESULTADO S E DISCUSSÃO gerações. A divulgação dos usos destes alimentos
As folhas do quiabento são tratadas como hortaliça e seu fundamenta-se na necessidade de assegurar que a
preparo é feito como refogado (Fig. 2). De textura macia, diversidade biológica e cultural da Caatinga e Cerrado do
rapidamente desidratam ao calor, não sendo necessário Estado da Bahia seja preservada.
nenhum cozimento prévio. É um alimento saboroso,
REFERÊNCIAS
adocicado, semelhante ao espinafre e à própria bertalha, 1. HEISLER, E.V.; BADKE, M. R.; ANDRADE, A.;
podendo ser servido como acompanhamento, em especial ao
RODRIGUES, M. G. S.Popular knowledge about the use of
feijão, conforme citado pelos entrevistados. Amostras da plant Anrederacordifolia (fat leaf). TextContextNursing,
planta (folha e talo) foram recolhidas e enraizamento Florianópolis, 21(4), 937-44, 2012.
ocorreu em recipiente com água, sendo viável seu plantio 2. KINUPP, V.F.; LORENZI, H. Plantas alimentícias não
doméstico. A polpa do cacto cabeça-de-nêgo é verde clara,
convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação,
cujo aspecto lembra o chuchu. O sabor e a textura mais aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Instituto
consistente são marcantes, sendo bast ante saboroso no Plantarium de Estudos da Flora Ltda. Nova Odessa (SP),
preparo tradicional. Após refogar, orienta-se adicionar cerca 2014, 768 p.
de 200 ml de água e manter em fogo baixo até secar. T estar
3. CORREA, P. M. Dicionário das plantas úteis do Brasil.
a maciez e repor água se necessário. Aliás, os espinhos Ministério da Agricultura, Industria e Comércio. Imprensa
queimam rapidamente sob ação do fogo, facilitando a Nacional, Rio de Janeiro V, 564, 1926.
remoção do revestimento ceroso (Fig, 3). 4. CORREA, P. M. Dicionário das plantas úteis do Brasil.
Ministério da Agricultura, Industria e Comércio. Imprensa
Nacional, Rio de Janeiro I, 355-356, 1926.
317
Gastronomia: da tradição à inovação
1 Prof.aDr.a,
Curso Técnico em Co zinha, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, Campus São
Borja, RS, Brasil. anelise.cruz@iffarroupilha.edu.br
2 Prof.aM.a,
Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha,
Campus São Borja, RS, Brasil.
3 Prof.aDr.a,
Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha,
Campus São Borja, RS, Brasil.
4 Prof.a
Esp., Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha,
Campus São Borja, RS, Brasil.
A partir da necessidade em rever a relação do homem com Esta pesquisa caracteriza-se por ter um caráter qualitativo,
os recursos naturais julgados até então infinitos, em 1987 na com o objetivo de demonstrar e interpretar os dados e dar
Noruega, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e exemplos de ações positivas a respeito do tema abordado. O
Desenvolvimento firmou a Declaração Universal sobre a procedimento utilizado foi pesquisa bibliográfica em livros,
Proteção Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável, sites especializados, monografias e artigos científicos
também conhecida como Relatório Brundtland ou relacionados ao tema para compreensão dos objetos de
declaração Nosso Futuro Comum (1). estudo e área de trabalho. As problemáticas abordadas foram
as definições de desenvolvimento sustentável e gastronomia
O Desenvolvimento Sustentável diz respeito a ações sustentável, e discorrer sobre a problemática do desperdício
capazes de suprir as necessidades da geração atual, sem de alimentos, os impactos ambientais gerados por esta
comprometer a capacidade de atender as demandas das prática e sugerir ações para dirimir odesperdício e a
futuras gerações, garantindo uma nova forma de progresso degradação dos recursos naturais. São dadas sugestões e
onde haja o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e relatados exemplos de ações baseadas na gastronomia
material, sem agredir o meio ambiente, usando os recursos sustentável implantadas ou em fase de implantação no
naturais de forma responsável (1,2). Porém, esta forma de Laboratório de Gastronomia do Instituto Federal de
desenvolvimento só poderá ser alcançada com planejamento Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, câmpus São
e realização de ações concretas que visem a satisfação das Borja, Rio Grande do Sul, Brasil (IFFAR – SB) como forma
necessidades humanas básicas como: erradicação da fome, de minimizar os impactos negativos do desperdício de
melhoria da nutrição, segurança alimentar e promoção da alimentos finalizando com as considerações finais a respeito
agricultura sustentável (3). do tema abordado.
318
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 1 – A distribuição variável da fome no mundo: fases da cadeia produtiva; doação de alimentos por parte dos
número e proporção de pessoas subalimentadas por região varejistas para o consumo humano ou animal; dar
de 1990-92 e 2012-14. preferência ao consumo de alimentos da estação; manter os
alimentos a temperatura ideal e conservá-los de forma
adequada; realizar o aproveitamento integral dos alimentos e
reaproveitá-los quando possível; reciclar através da
compostagem e realizar incineração para recuperação de
energia.
319
Gastronomia: da tradição à inovação
redução dos recursos financeiros direcionados para tal fim; promover a agricultura sustentável. Disponível em:
coleta, tratamento e reutilização da água da chuva através <http://www.pnud.org.br/ODS2.ASPX>. Acesso em: maio
de uma usina implantada no campus. de 2016.
coleta de todo o óleo excedente produzido pela cozinha
experimental do Laboratório de Gastronomia sendo o (4)SCHOENEMANN, P. T. Evolution of the size and
mesmo encaminhado para uma empresa especializada que o
functional areas of the human brain.
destina à reciclagem.
posto de coleta de óleo de cozinha aberto à comunidade. AnnualReviewofAnthropology,35:379-406, 2006.
Vale ressaltar que, na matriz curricular do curso de
Tecnologia em Gastronomia, do IFFAR-SB, estão elencadas (5) SOUZA, E. C. M. P. Alimentação como cerimônia
disciplinas como Gastronomia Alternativa e indispensável do convívio humano. 2012. 19f.Trabalho de
Sustentabilidade e Gastronomia Contemporânea que conclusão do Curso (Pós-graduação em Gestão de Projetos
apresentam nas suas ementas conteúdos que auxiliarão para Culturais e Organização de Eventos) – CELACC/ECA,
a formação de profissionais comprometidos com o Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
aproveitamento integral dos alimentos, o consumo de
produtos orgânicos, erradicação do desperdício e utilização (6) KRAUSE, R. W.; BAHLS, A. A. D. S. M. Orientações
responsável dos recursos naturais. Gerais para uma Gastronomia Sustentável. Revista T urismo
Visão e Ação – Eletrônica, 15:434–450, 2013.
CO NCLUSÕES
(7)SCARPATO, R. New Global Cuisine: the perspective
Acredita-se que as sugestões e medidas retratadas neste ofPostmodernGastronomyStudies. 2002. 36f. Dissertação -
trabalho, se observadas, possam contribuir para que a RmitUniversity, Melbourne, 2002.
sociedade e as instituições façam uma transição do sistema
de produção e consumo atual para uma economia com (8) FAO. Faostat: statistics division online databases. 2014.
responsabilidade ambiental, social, inclusiva e eficiente na Disponível em: <http://faostat3.fao.org/home/E> . Acessado
utilização dos recursos, percebendo que o Nosso Futuro em: maio de 2016.
Comum depende de Ações Responsáveis iniciadas Hoje.
(9) FAO. Organização das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura. Desperdício de alimentos tem consequências
REFERÊNCIAS
no clima, na água, na terra e na biodiversidade. 2013.
(1) CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Disponível em: <http://www.fao.org.br>. Acesso em: junho
Desenvolvimento. Nosso futuro comum. 1 a ed. Rio de de 2014.
Janeiro:Fundação Getúlio Vargas, 1988. 226p.
(10) CRUZ, F. T. O SlowFood e o alimento bom, limpo e
(2) BURSZT YN, M.; BURSZT YN, M. A. Fundamentos de justo. 2011. Disponível em:
política e gestão ambiental: os caminhos do <www.ihu.unisinos.br/entrevistas>. Acesso em: junho de
desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2014.
2012. v.1. 612p.
(11) IRVING, J.; CERIANI, S. Bem-vindos ao nosso
mundo: o manual do slowfood. 2013. Disponível em:
(3) PNUD – Programa das Nações Unidas para o <http://www.slowfoodbrasil.com/documentos/manual-do-
Desenvolvimento. Erradicação da fome.Acabar com a fome,
alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e slowfood-2013.pdf>. Acesso em: maio de 2016.
320
Gastronomia: da tradição à inovação
321
Gastronomia: da tradição à inovação
A Figura 2 traz os gráficos contendo os resultados alcançados com a de caju, em substituição a farinha de trigo. Os produtos desenvolvidos
avaliação sensorial para cada atributo analisado, do bolo isento de apresentaram boa aceitação, e os mais bem aceitos foram os que
glúten, produzido com farinha de resíduo de caju. continham 20 e 30% de farinha de caju.Já Baldi (14), também com o
objetivo de produzir bolos isentos de glúten, desenvolveu dois tipos de
Figura 2. Avaliação sensorial do bolo isento de glúten, produzido com bolos com uma combinação de farinhas de arroz, maçã e soja em
farinha de resíduo de caju diferentes concentrações, realizando em seguida testes sensoriais para
verificar a aceitabilidade dos mesmos, e com os resultados concluiu
que os dois bolos apresentaram boa aceitação pelos consumidores.
Com relação a intenção de compra para o bolo desenvolvido no
presente trabalho, foi verificado que 39% dos avaliadores optaram
pela opção “talvez comprasse/talvez não comprasse”. Todavia, a soma
das percentagens das escolhas referentes às opções “ compraria” e
“possivelmente compraria” (34% no total) foi maior que a das opções
possivelmente não compraria e jamais compraria (27% no total), o que
aponta que o bolo sem glúten, desenvolvido com farinha de resíduo de
caju, pode ser uma boa opção de produto a ser inserido no mercado.
CO NCLUSÕES
322
Gastronomia: da tradição à inovação
Nathalia Rocha1,2 , Eduarda Costa3 , Priscila Nunes1,2 , Rafael Oliveira3 , Sérgio Araújo 3 , Pedro Carvalho Neto 4
1
Departamento de T ecnologia Rural, Universidade Federal Rural de Pernambuco, srnathaliaa@hotmail.com
2
Curso de Bacharelado em Gastronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco
3
Departamento de Medicina Veterinária, Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco
4
Departamento de T ecnologia Rural, Professor associado 3 - DTR, Universidade Federal Rural de Pernambuco
323
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabela 2. Composição química da morcela Higiene e tecnologia da carne. v.II, Goiânia: UFG, p.987-
Componentes Morcela (chouriço 1110, 1996.
preto) 2. EYNG C. et al. Composição química, valores
Proteínas % 15 energéticos e digestibilidade verdadeira dos aminoácidos de
Gorduras % farinhas de carne e ossos e de peixe para aves. Revista
32 Brasileira de Zootecnia.Viçosa, mar., 2011. v.40, n.3,
Carboidratos % 1 p.575-580.
Água % 3. BONFIM, L. M. Subprodutos: lucro garantido para a
52
indústria frigorífica. REHAGRO, 2004. Disponível em:
pH 6,2 <http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/imprimir.php
Fonte: (10) ?cdnoticia=527> Acesso em: 01/07/2016.
Chouriço doce 4. PRÄNDL, O; FISCHER, A. SCHMIDHOFER, T.
Há também, na região Nordeste do Brasil (mais SINELL, HJ. T ecnología e higiene de la carne, Editorial
especificamente no sertão) um quarto produto originado Acribia, Zaragoza, España (1994),854 p. In: BORÉM, J. L.
através do aproveitamento do sangue, ao qual se atribui a S. Aproveitamento integral de resíduos do abate de
origem à influência portuguesa durante o período colonial bovinos. Trabalho de Tecnologia de Carne, Pescados e
(12). Derivados – UFT. Palmas, 2010. Disponível em:
O chouriço doce é um doce típico da região do Seridó o qual <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABq3AAB/aprov
se destaca por ser preparado à base de sangue de porco e eitamento-integral-residuos-abate-bovinos-trab-carnes-
temperos como castanha de caju, leite de coco, erva-doce, joseanne-borem> Acesso em: 25/11/2014.
cravo, canela e gengibre (12). 5. UNEP – United Nations Environment Programme;
Tal preparação culinária pode apresentar diferenciações DEPA – Danish Environmental Protection Agency; COWI
regionais quanto ao seu preparo, sendo estas: uso de – Consulting Engineers and Planners AS, Denmark.
rapadura no lugar do açúcar, o sangue pode ser fervido ao Cleaner production assessment in meat processing. Paris:
invés de escaldado, as especiarias podem ser menos UNEP, 2000. Disponívelem: <http://www.agrifood-
utilizadas e o tempo de cocção pode ser menor (12). forum.net/publications/guide/index.html>Acessoem:
RESULTADO S E DISCUSSÃO 26/11/2014.
O aproveitamento de um subproduto vai depender da sua 6. ROMAY, C. C. Utilización de subproductos de
quantidade gerada e da existência de um mercado viável laindustriacárnica. In: Congresso Brasileiro de Ciência e
para transformá-lo em um produto economicamente T ecnologia de Carnes. 2001. p. 270-280.
rentável. A utilização do sangue para fins alimentícios exige 7. PACHECO, J. W.; YAMANAKA, H. T. Guia técnico
precauções durante a coleta e processamento para que se ambiental de abates (bovino e suíno). São Paulo: CETESB,
garantam baixos níveis de contaminação devendo-se rejeitar, 2006. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br>
portanto, aquele que venha a ser considerado impróprio para Acesso em: 26/11/2014
o consumo (3, 8). 8. BRASIL. Leis, Decretos etc. Regulamento de
O desenvolvimento da ração animal com a utilização da inspeções industrial e sanitária de produtos de origem
farinha de sangue e a aplicação deste subproduto nas animal. Aprovado pelo decreto 30.691, de 29/03/52,
indústrias plásticas e farmacêuticas – substituindo as resinas alterado pelos Decretos 1.255, de 25/06/1962; 1236 de
sintéticas – foi essencial para que este deixasse de causar 02/09/1994; 1812 de 08/02/1996; e 2244 de 04/06/1997.
tanto impacto biológico em seu descarte (13). Brasília: Ministério da Agricultura, 1997. 174p.
Há também a possibilidade de o pó de sangue ser usado 9. LUJÁN, N. Como piñones mondados: cuento de
como agente ligante de produtos de salsicharia e cuentos de gastronomía. Folio: Barcelona, 1994. 262 p.
enriquecedor aliment ar (rico em aminoácidos essenciais), 10. OT EIZA, J. M.; GIANNUZZI, L. & CALFIANO, A.
estabilizador de emulsões (uso do plasma na margarina e Termal inactivation of escherichia coli isolated from
maionese) e na clarificação de vinhos (13). morcila as affected by composition of the products. Food
A morcela apresenta extensa variedade e é típica dos países Research International, Canada, 2003, v.36, p.703-712.
da Península Ibérica, bem como da América Latina, e, por 11. KIKAFUNDA, J. K.; SSERUMAGA, P. Production
ser temperada com inúmeras especiarias, agrega um alto and use of a shelf-stable bovine blood powder for food
sabor ao intrínseco valor nutricional do embutido (14). fortification as a food-based strategy to combat iron
O chouriço doce pode ser visto como um pedaço da cozinha deficiency anaemia in subsaharan Africa. African Journal
portuguesa atrelada ao Nordeste do Brasil, sendo também, of Food, Agriculture, Nutrition and Development , v. 5, n.
uma expressão da cozinha mestiça que se aproveitou do 1, 2005.
excesso de açúcar dos engenhos para adoçar os hábitos 12. DANTAS, M. I. O SABOR DO SANGUE: uma
alimentares vigentes (15, 16). análise sociocultural do chouriço sertanejo. 2008. 365 f.
No geral, observa-se que chouriço doce é tratado como Tese (Doutorado em Desenvolvimento Regional; Cultura e
apenas mais uma sobremesa, sem que aspectos históricos e Representações) - Universidade Federal do Rio Grande do
étnicos sejam atrelados à cultura gastronômica da região do Norte, Natal, 2008.
Seridó (local onde ele surgiu) (12). Alimentos chamados 13. PINTO, P. S. A. Inspeção e higiene de carnes. Viçosa,
culturais ou regionais, como o chouriço, podem conter um MG: Universidade Federal de Viçosa, 2008. 320p.
grande número de microrganismos, devido o contato com a 14. MOURA,T . M. Análise fenotípica e genotípica de
microbiota do animal e o não recebimento de muita atenção estafilococos manitol positivos isolados de morcilhas de
durante o abate e o processamento (17). fabricação artesanal comercializadas na cidade de Pelotas.
CO NCLUSÕES 2011. 96f. Dissertação (Mestrado em microbiologia
De maneira geral, podemos considerar que a utilização de agrícola e do ambiente) – Instituto de Ciências Básicas da
sangue como subproduto do abate dos animais apresenta Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
boas perspectivas de crescimento, devido seus benefícios na Alegre, 2011.
área de nutrição animal assim como na saúde humana. No 15. CASCUDO, L. C. Civilização e cultura: pesquisas e
entanto, é necessário que ocorram cuidados com a higiene e notas de etnografia geral. Rio de Janeiro: José Olympio,
inspeção no abate, assim como durante o processamento de 1973. v II. 741p.
subprodutos para diminuir ao máximo as contaminações. 16. FREYRE, G. Casa grande & senzala: introdução à
REFERÊNCIAS história da sociedade patriarcal no Brasil. 46ed. Rio de
1. PARDI, M. C. et al. Processamento tecnológico e Janeiro: Record, 2002. 668p.
higiene de subprodutos da indústria de carnes. In: Ciência, 17. MEAT S, P. Modern food microbiology food Science
texts series, DOI:10.1007. Processed meats andseafoods.
v.3, p. 101-124, 2005.
324
Gastronomia: da tradição à inovação
05807
Fator de correção e desperdício de hortaliças em uma Unidade de Alimentação e
Nutrição
Ana Luiza Conceição de Oliveira 1 , Débora Wanderley de Melo 2 , Lívia Martins Bôto 1 , Rafaella Sampaio 3 ,
Nayara Gaion Rojais 4.
325
Gastronomia: da tradição à inovação
326
Gastronomia: da tradição à inovação
CristianneBoulitreau de Menezes Barros¹, Débora Morgana Soares Oliveira do Ò²,Jaciane Souza Santos³,
Mariana Boulitreau Siqueira Campos Barros 4 , Maria de Fátima De Lettieri Costa 5 , Maura Farjado de
Melo 6
2Student of course of Bachelor in Nursing in the Academic Center of victory of the Federal University of
Pernambuco (UFPE).Email: deboramenf98@gmail.co m
3 Studentsof the course of gastronomy in Academic Center of Faculty Senac PE. Email:
jacis_souza@hotmail.com
4 Professor ofthe course of Bachelor in Nursing in the Academic Center of victory of the Federal
University of Pernambuco (UFPE), Master in Collective Health.
Email:maripernambucana@yahoo.com.br
5 Student of the
course of gastronomy in the Academic Center of Faculty Senac
PE.Email:33O8fatimadelett ieri@g mail.co m
6 Students of the course of gastronomy in the Academic Center of Faculty Senac PE.
Email: maurafajardo@hotmail.co m
INTRO DUCTIO N 2016. Attended eight women members of the MST , with age
higher than 18 years, randomly chosen to compose the focal
group with permanence of weekly meetings collectively
The health promotion is presented as a set of actions and determined by the construction of a bond between the team
services that gives the Single Health System (SUS) a means and the researchers.
to provide education of communities about the constraints
and determinants of health/disease allowing the extension of
The data collection was performed according to the
the standard of living of the population (1-3).
moments of bamboo Method, brace to training of the project
of Healthy Cities in the Northeast of Brazil with expansion
Between this community, which make up the social by other regions since 2011 (6), was used primarily with the
movements are mobilising collectively, coordinated from an prospect of bringing successful community, through reports
interest in the modification of the scenario of inequalities in
and, this way, permitting the construction of an ideal
the various organizational levels of society. Have a counter- environment for the saddle.
hegemonic ideal with a plurality of struggles through the
various fronts constituted by the population considered as
The research was approved under CAAE:
minority (4-5).
47564215.8.0000.5208 by the Committee of Ethics and
Research of the Federal University of Pernambuco.
One of the strategies that seeks to facilitate the search for
consolidating the right is the planning of healthy territ ories
that, from the health promotion, which encourages the RESULTS AND DISCUSSION
sustainability and reflection of community inserted in the
process of governability in health (6). Despite the challenge, The study had the participation of eight women members of
promote health is to foster the empowerment of society, the MST , which play domestic activities and of agriculture,
creating accountability for the individuality of the subject with a mean age of 34.6 years old, married, predominantly
and by the prominence in the face of collectivity (7). Caucasian women, 62.5% (5), and from the municipality of
Moreno - Fr.
In this way, the research directs itself to a health promotion
intervention, facing in the area of gastronomy, mediated by Before this, the bamboo method mobilizes the Members to
bamboo method, in a group of women from a rural think in prospects of participation and the development of
settlement with a view to making visible the profile of processes that involve the Community, exchanging
sustainability of this portion of the population marked by knowledge and promoting the progress of quality of life in
fight. the environment. It is divided into moments, aiming to
comply with a plan to give subsidies for the creation of a
healthy and sustainable territory(8).
MATERIAL AND METHO DS
After the completion of the invitation and the presentation of
Type research community intervention was performed in a
the project, it was identified positive experiences previously
rural settlement located in the municipality of Moreno -
run on saddle: brascabosâ of sanitization, gastronomy,
Pernambuco, during the period from October 2015 to March
327
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERENCES
Figures 01 and 02 - Preparation of breads macaxira on
saddle.
1. BRAZIL. Decree No 28 June 2011. Regulates Law no.
8.080, of 19 September 1990, to have on the organization of
The origin of cassava (ManihotesculentaCrantz) is in the the Single Health System - SUS, the planning of health,
low lands of America being used by pre-Columbian
health care and the linkage interfederativa, and takes other
civilizations. Brazil is the second largest producer in the measures. The Official Gazette of the Federal Republic of
world, soon after Nigeria. The Brazilian offering of cassava Brazil, Brasilia, DF, Brasilia, N190, p.123, 28 Jun. 2011.
increased 7.5%, while the processing of the starch grew 2. HEIDEMANN, Ivonete Teresinha SchülterBuss;
36%. The industries of starch received 2,3 million tonnes of
WOSNY, Antônio Miranda; BOEHS, Astrid Eggert. Health
raw material, 19.7% in 2014 (9). promotion in basic care: study based on the method of Paulo
The manioc to table is consumed throughout the parents. Freire. Science &Collective Health, Rio de Janeiro, v. 19,
Thus, is incorporated into the menu of the entire Brazilian No 8, p.3553-3559, 2014.
population of all social classes. The cassava plant is fully 3. SILVA, Kenya Lara et al. Intersectoriality,
serviceable, is a producer of energy and protein. Thus, it is socioenvironmental determinants and health
feasible for the family agriculture, because in addition to promotion.Science &Collective Health, Rio de Janeiro, v.
ensure the supply of the family, the roots may be marketed 19, n. 11, p.4361-4370, 2014.
generating income and the waste of field without 4. NUNES, Jordan Horta. Symbolic Interactionism and
commercial value (aerial part) are excellent for animal social movements: discloses the intervention. Society and
feed(10). State, Brasilia, v. 28, No 2, p.257-277, Aug. 2013.
The roots are rich in energy and must be complemented with
5. ROSA, Alexandre kings; MENDONÇA, PatrãCia. Social
protein sources that can be the own aerial part of manioc movements and organizational analysis: exploring
which is rich in proteins, sugars, vitamins and minerals, in possibilities from the theory of Frames and the opportunities
addition to being a product with excellent palatability(10). policies. Rev. The&S, Salvador, v. 18, n. 59, p.643-660, out.
Since the cassava is a very traditional product of Brazilian
2011.
culture is frequent people have small areas of cultivation for 6. MOYSES, Simone Tetu; Sá, Ronice Franco. Local Plans
own consumption, mainly in small farms and in the outskirts for health promotion: intersectoriality(s) built(s) in the
of cities in land unoccupied. In the periphery acquires an territory. Science &Collective Health, Rio de Janeiro, v. 19,
important social function because it is the main component n. 11, p.4323-4330, 2014.
of food security. 7. ROCHA, Dais Gonçalves et al. The review process of the
The manioc to table is a food basically energy. The root, National Policy for Health Promotion: multiple
main product consumed, contains around 40 % of matter simultaneous movements. Science & Collective Health, Rio
and approximately 85 to 90% of the dry matter is starch. By de Janeiro, v. 19, n. 11, p.4313-4322, 2014.
this wealth in the cassava starch is used in several situations 8. SÁ, Franco. et al. The manual method Bamboo - building
as in the bakery, when added to the wheat flour by some healthy municipalities. Recife, Editora Universitaria UFPE;
companies in the food sector, already in the industries of
2007.
biscuits and noodles she come being added in substantial 9. IBGE. Analise da Conjuntura Agropecuária – mandioca
portions in form of manioc starch in wheat flour for the safra 2014/2015. Disponível em:
production of their products. (http://www.agricultura.pr.gov.br) > Acesso em: 27 de
Even as an alternative for celiacs, adds the preparation a
maio de 2016.
condition of gluten-free, component that people can be 10. CARVALHO, P. E. R. Espécies Florestais Brasileiras :
intolerant. The use of soybean meal of bark of cassava in recomendações silviculturais, potencialidades e uso da
preparations contributes to the emergence of new madeira. Colombo: Embrapa. 1994. 640 p
technologies in the way of preparing cassava, Besides
adding flavor, in preparations as the bread of manioc,
provides to the food 100% of their exploitation.
328
Gastronomia: da tradição à inovação
05814
ELABORAÇÃO DE PREPARAÇÕES CULINÁRIAS VISANDO O
APROVEITAMENTO INTEGRAL DO ABACAXI (Ananascomosus L. Merril)
Nilka Oliveira1 , Liana Velho 1 , Sande D’Ávila 1 , Thereza Sampaio 1 , Diana Carvalho 1 , Alessandra Carneiro 1 .
1 Departamento de Economia Doméstica, Universidade Federal do Ceará. nilkaoliveira@yahoo.com.br
INTRO DUÇÃO coco. A água de cocção das cascas (caldo) foi utilizada na produção
do pão doce de casca de abacaxi e a polpa foi empregada na
O Brasil é considerado um dos dez países que mais desperdiçam elaboração da geleia, sendo esta obtida de acordo com a legislação
comida em todo o mundo, com descarte de aproximadamente 30% vigente para produtos de frutas.
dos alimentos na fase pós-colheita, no caso dos frutos, e 35%, no das
hortaliças. Os produtos são desperdiçados por serem identificados Elaboração do doce de casca de abacaxi com coco
como malformados ou fora do padrão estabelecido pela legislação do As cascas de um abacaxi (425g) foram picadas, colocadas em uma
Ministério da Agricultura (1,2). panela em inox com água até cobri-las e fervidas por
A FAO considera que a população mundial está em elevado nível de aproximadamente 20 minutos, quando a água de cocção se
insegurança alimentar, uma vez que um terço do que é produzido é apresentava amarela e perfumada. Em seguida, bateu-se tudo em um
perdido. Isso corresponde a cerca de 1,7 bilhão de toneladas de liquidificador e peneirou-se para separar as cascas do caldo. O caldo
alimentos. Se o Brasil diminuir o seu desperdício poderá aumentar a coado (água de cocção) foi reservado para elaboração do pão doce de
oferta de produtos aos consumidores sem aumentar a produção casca de abacaxi. As cascas trituradas e peneiradas foram colocadas
agrícola. Isto reduziria custos e preços, pois todos os segmentos, em uma panela em inox juntamente com 250g de açúcar cristal, 50 g
desde a produção até a comercialização, trabalham com margem de de coco ralado, 30g de margarina e levadas para cocção em fogo
perdas e computam isto como custo, aumentando os preços em várias baixo, com movimentação constante com auxílio de uma colher de
etapas da cadeia produtiva. Isto também acontece com os grãos e polietileno, até que se obtivesse a consistência adequada.
cereais (3).
Uma forma de reduzir esse desperdício de vegetais é utilizar de Elaboração do pão doce da casca do abacaxi
forma integral o fruto, utilizando receitas culinárias diversas. Nesse Inicialmente, misturou-se 30g de fermento biológico com 65g de
contexto, destaca-se o abacaxi, que é rico em nutrientes e exerce açúcar, 3 gemas, 50g de margarina, 240ml do caldo da cocção das
funções importantes no organismo humano. Esse fruto é largamente cascas (reservado da preparação anterior) e 15g de sal.
consumido in natura e utilizado na indústria para obtenção de Posteriormente, adicionou-se cerca de 500g de farinha de trigo
geleias, doces em calda, produtos minimamente processados e sucos, farinha de trigo, até a formação de uma massa que desgrudasse
entre outros (4). facilmente das mãos. A massa foi dividida em duas ou três partes, e
De acordo com a T abela Brasileira de Composição de Alimentos (5), partir daí os pães foram modelados e deixados fermentar até que
em 100g de abacaxi se encontra carboidratos (12,3 g), proteínas (0,9 dobrassem de volume (aproximadamente 2 horas). Após a
g), fibra alimentar (1,0 g), cálcio (22,4 mg), vitamina C (34,6 mg), fermentação os mesmos foram pincelados com gema e colocados em
fósforo (12,8 mg), manganês (1,6 mg), magnésio (18,4 mg), lipídeos forno pré-aquecido (180ºC/10 min) para assarem em forno médio
(0,1 mg), ferro (0,3 mg), potássio, cobre, zinco (0,1 mg), e tiamina (200°C) por aproximadamente 40 minutos.
(0,2 mg). O abacaxi é uma das frutas tropicais mais populares por seu
aroma e sabor agradável, devido, principalmente, à presença de Elaboração da geleia de abacaxi
sacarose, ácido cítrico e málico. Seu acentuado teor de ácido ressalta A polpa de um abacaxi (665g) in natura foi cortada em cubos e
suas características sensoriais desejáveis e o torna adequado à triturada em um liquidificador juntamente com 240ml de água e 40%
fabricação de geleias (6). do peso da polpa do abacaxi em açúcar cristal (260g). A mistura foi
A geleia é o produto obtido pela cocção das frutas inteiras ou em então colocada em uma panela em inox e levada para cocção em
pedaços, da polpa ou do suco de fruta, adicionados de açúcar e água e temperatura moderada, retirando constantemente a espuma formada,
concentrados até consistência gelatinosa. De maneira geral, a geleia é até que se obtivesse a consistência apropriada de geleia, ou seja,
considerada uma rede tridimensional sólida que envolve a pectina, o aproximadamente 1 hora.
açúcar e o ácido, retendo uma fase líquida em sua estrutura (6,7).
Dado o desperdício de frutas e quase ausência de trabalhos sobre o RESULTADO S E DISCUSSÃO
aproveitando integral das mesmas é que esse trabalho objetivou O caldo proveniente da cocção das cascas do abacaxi apresentou cor
aproveitar integralmente o abacaxi. amarela e odor próprio do abacaxi. Entretanto, depois de
liquidificado com as cascas e peneirado, tornou-se mais grosso e de
MATERIAIS E MÉTO DO S cor semelhante a caramelo. Provavelmente, essas mudanças são
A pesquisa foi conduzida em pequena escala, de forma artesanal e decorrentes de algumas substâncias presentes nas cascas ou de
realizada em laboratório experimental de alimentos. No processo de reações de seus componentes entre si, que migraram para o caldo. De
medição foram utilizadas as medidas caseiras e nas pesagens a acordo com Wughon (8), os teores de proteínas no resíduo de abacaxi
balança digital da marca Balmak. é uma característica própria de cascas e não de polpas, e de açúcares
redutores, que representam mais de 60% dos sólidos solúveis. A
MATERIAIS presença destes componentes pode ter como consequência um
O btenção dos abacaxis escurecimento não enzimático (reação de Maillard). Isso explica a
Foram utilizados abacaxis in natura da variedade Pérola mudança de cor.
(Ananascomosus L. Merril) adquiridos no estado maduro, no Em 100 g in natura da casca do abacaxi se encontra: umidade (78,13
comércio local de Fortaleza–CE. g), cinzas (1,03 g), lipídeos (0,55 g), proteínas (1,45 g), fibras (3,89
g), carboidratos (14,95 g), calorias (70,55 Kcal), cálcio (76,44 mg),
Proce ssamento da matéria-prima ferro (0,71 mg), sódio (62,63 mg), magnésio (26,79 mg), zinco (0,45
Os abacaxis foram lavados com água corrente com auxílio de uma mg), cobre (0,11 mg) e potássio (285,87 mg) (9,10). Durante a
escova, e posteriormente, colocados sanitizados em hipoclorito de cocção de cascas do abacaxi por calor úmido, pode passar para a
sódio a 200 mg.L -1 por 15 min. Em seguida, os mesmos foram água de cocção, carboidratos, pigmentos, proteínas, minerais e
lavados com água corrente e deixados para secar. vitaminas (perdas por dissolução), compostos aromáticos,
Inicialmente, procedeu-se o corte dos abacaxis, separando as cascas substâncias organolépticas, etc. Essas perdas através dos fatores que
da polpa. As cascas foram submetidas à fervura em água potável, por interferem negativamente na cocção dos alimentos como o binômio
20 minutos, e usadas na elaboração do doce da casca de abacaxi com tempo e temperatura, volume de água usada na cocção e
329
Gastronomia: da tradição à inovação
330
Gastronomia: da tradição à inovação
331
Gastronomia: da tradição à inovação
332
Gastronomia: da tradição à inovação
Curso de MBA em Qualidade e Produtividade, Centro de Pesquisa e Pós -Graduação, Centro Universitário – FMU
INTRO DUÇÃO em um processo (3). Por exemplo, “alguns produtos têm maior
participação no faturamento”, “alguns defeitos no atendimento têm
O atual cenário da gastronomia brasileira permite o
maior efeito na insatisfação do cliente”. Assim, é possível definir as
sucesso de muitos restaurantes. Estes geram emprego a muitos
prioridades de melhoria e correções. Tomando como exemplo a
brasileiros com ou sem qualificação profissional, sendo a própria
afirmação “alguns defeitos de atendimento têm maior efeito na
empresa um local onde o funcionário pode aprender uma profissão.
insatisfação dos clientes” é possível observar que alguns defeitos são
Apesar de ser de grande contribuição para o individuo e para a
responsáveis pela maior parte do efeito. No exemplo, os garçons
sociedade, este ambiente também traz uma situação perigosa, muitas
despreparados são responsáveis pela maior parte dos clientes
vezes quem administra e é responsável pelo treinamento e
insatisfeitos apesar da incidência da causa ser bem baixa. Isso
profissionalização dos funcionários não valoriza as pessoas e não tem
significa que a solução deste elemento tem prioridade sobre as
conhecimento de estratégias de gestão ou cultura da Qualidade na
demais, ou seja, o gestor deve focar em treinamentos e programas de
gestão das pessoas e do negócio (1).
capacitação dos colaboradores.
Este estudo propõe uma análise de exemplos de Histogramas podem ser definidos como gráficos de barras
Ferramentas da Qualidade e demonstra seus objetivos na verticais que apresentam valores de certa característica agrupados por
produtividade e desenvolvimento da empresa e, ao mesmo tempo, as faixas (2). É útil para identificar o comportamento típico da
consequências que o uso destas ferramentas traz para a Qualidade de característica. Um exemplo pode ser um gráfico elaborado com
Vida e ambiente de trabalho dos colaboradores de restaurantes à la valores de consumo de bebidas pelo horário de funcionamento. A
carte de pequeno porte. partir dessa informação é possível criar estratégias de produção e
O objetivo deste estudo é evidenciar a necessidade serviço para aumentar a venda de determinados produtos ou evitar o
crescente de melhoria na Qualidade de Vida dos trabalhadores de desperdício e os custo de produção de produtos com pouca ou
restaurantes e apresentar soluções utilizando algumas Ferramentas da nenhuma demanda.
Qualidade: Diagrama de causa-efeito; Gráficos de Pareto, Fluxogramas são ferramentas utilizadas para representar
Histogramas, Fluxogramas e Folhas de checagem. graficamente as etapas de um processo. Permitem ver todo o
processo e como opera (3). Permitem observar se há conflitos nos
MATERIAL E MÉTO DO S processos e entre as pessoas, e como é possível corrigi-los.
O universo de pesquisa do presente trabalho é delimitado Folhas de Checagem são ferramentas práticas, que
a restaurantes à la carte de pequeno porte. Dentro deste universo é registram informações de atividades do processo em andamento ou
analisada a maneira como é conduzida a gestão e preocupação dos que estão sendo analisadas. As Folhas de Checagem podem trazer
gestores quanto à Qualidade de Vida no Trabalho dos colaboradores informações detalhadas de processos que só podem ser percebidas
destas empresas. Utilizou-se pesquisa de caráter bibliográfico e através de observação constante, o que evita a tomada de decisão
teórico. baseada na intuição (3).
Um breve histórico dos restaurantes e da Gestão da
Qualidade é descrito a fim de ambientar o leitor ao estado da arte RESULTADO S E DISCUSSÃO
destes dois temas que são base para o desenvolvimento deste artigo.
Define o que são consideradas empresas de pequeno porte segundo a Com os dados analisados elaborou-se a seguinte tabela:
legislação brasileira. Descreve os critérios de avaliação da gestão da Ferramenta da Consequência para
Qualidade nas empresas. Isto com o objetivo de evidenciar a O bjetivo
Q ualidade Q VT
importância das Ferramentas da Qualidade na gestão de empresas de
pequeno porte e como estas podem influenciar na Qualidade de Vida
Maior segurança e
no T rabalho.
As Ferramentas da Qualidade podem ser classificadas facilidade de
quanto as suas funções. Algumas têm função de análise (Diagrama Identificar as etapas trabalho;
de causa-efeito; Gráficos de Pareto), outras expressam o processo de
Diagrama de do processo que treinamentos
modo simplificado (histogramas, fluxogramas), algumas analisam o
desenvolvimento do processo (Folhas de checagem) (2). Estas Causa-Efeito geram efeitos eficazes; recursos
ferramentas, entre outras, garantem ao gestor o conhecimento do positivos e negativos. adequados às
processo. necessidades do
O Diagrama de Causa-Efeito, também conhecido como
gráfico espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa, é uma ferramenta trabalho.
utilizada para analisar as operações do processo de produção (3). É
possível exemplificar um diagrama que analisa o efeito “Não Definir as
Retorno de Clientes”. As causas apresentadas na ferramenta podem T reinamentos
Gráficos de Pareto prioridades de ações
evidenciar a necessidade de investir em treinamentos e melhores eficazes;
condições de trabalho. corretivas e
Valorização das
Os Gráficos de Pareto podem ser utilizados para preventivas nos
classificar, quanto à intensidade ou importância, as causas que atuam
333
Gastronomia: da tradição à inovação
processos. pessoas. planos e rumos para a organização. Este trabalho convida o gestor a
entender e ter em sua empresa um espaço onde a gastronomia e a arte
de fazer restaurante no Brasil possam evoluir. Em momentos de crise
ou até mesmo quando tudo vai bem é possível ver restaurantes com
décadas de funcionamento e sucesso fecharem as portas por conta da
falta de estrutura administrativa. Isto se deve ao fato de que as
Identificar o
Estratégias e rotinas tendências, o mercado, os concorrentes, os hábitos e interesses dos
comportamento de consumidores estão em constante mudança e evolução. Da mesma
Histogramas de trabalho melhor
fenômenos; Elaborar maneira deve ser a empresa, sua administração e, consequentemente,
definidas. todo o setor.
estratégias.
O método PDCA e os conceitos de Gestão da Qualidade
são guias eficazes para a criação de estratégias, porém, ainda mais
Maior segurança e eficaz é a valorização do ser humano e de sua humanidade (6). A
Melhor visualização facilidade de garantia do desenvolvimento humano e a valorização do indivíduo e
de suas capacidades por parte da empresa traz benefícios para toda a
Fluxogramas das etapas dos trabalho; melhor
sociedade, criando carreiras, estabilidade econômica individual,
processos. integração entre os maior profissionalização da população e melhor produtividade e
setores. qualidade de produtos e serviços da empresa (7). Como integrantes
do universo do setor de restaurantes e alimentação, os novos gestores
Relatórios detalhados destas empresas têm a responsabilidade de resgatar o trabalho que
começou com Escoffier (8), mas caiu no esquecimento, e dar um
das atividades;
Folhas de Estratégias e rotinas novo rumo para as organizações de restaurantes. Um rumo onde haja
Planejamento de a consciência do valor das pessoas, de seu potencial, sua criatividade,
Checagem melhor definidas.
estratégias e ações dos objetivos da empresa quanto negócio e de seu papel em todo o
ambiente e sociedade.
corretivas.
REFERÊNCIAS
Fig.1. Tabela comparativa dos objetivos das ferramentas da 1. MARICATO, Percival. Como Montar e Administrar Bares e
qualidade e as consequências para a qualidade de vida no trabalho. Restaurantes. 9. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.
Absenteísmo, turnover elevado, desmotivação e falta de
compromisso com as políticas e planos da empresa são fatores que 2. LINS, Bernardo F. E. Ferramentas Básicas da Qualidade. Ci. Inf.,
determinam o fracasso de uma empresa e de sua gestão (4). O Brasília, 22(2): 153-161,maio/ago. 1993.
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trabalho excessivo, falta de controle sobre os processos, faltas e
Qualidade. In: CARVALHO, M.M. de; PALADINI, E. P. Gestão da
falhas na remuneração e recompensas, falta de união entre pessoas e
Qualidade, teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier: ABERPRO,
setores, falta de equidade e conflitos de valores são umas das maiores
2012.
fontes de desgaste emocional dos trabalhadores e influenciam mais
4. MALASCH, C.; LEITER, M. P. T rabalho: fonte de prazer ou
que os problemas pessoais de cada individuo em suas atividades na
desgaste? Guia para vencer o estresse na empresa. Campinas:
empresa. Entre tantas falhas de gestão a empresa está sempre
Papirus, 1999.
mantendo custos elevados de demissões e novas contratações,
5. COSTA, Wellington Soares da. Resgate da Humanização do
produção e serviço irregular devido ao constante treinamento de
Ambiente de Trabalho. Caderno de Pesquisas em Administração, São
novos funcionários e equipe desunida e estressada.
Paulo, v. 09, nº 2, abril/junho 2002.
6. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da Rotinha do
CO NCLUSÕES
Trabalho do Dia-a-Dia. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento
As tarefas realizadas nas empresas demandam um elevado
Gerencial, 1998.
número de informações, por este motivo, a relação entre as chefias e
7. JURAN, Joseph M. Qualidade no Século XXI. HSM Management
suas equipes deve ser a melhor possível (5). Não devendo haver uma
3 julho-agosto 1997.
situação de subestimação dos trabalhadores por parte da
8. JAMES, Kenneth. Escoffier o Rei dos Chefs. São Paulo: Editora
administração. Para tanto, os gestores podem usufruir das
Senac São Paulo, 2008.
ferramentas aqui apresentadas e dos conceitos que foram expostos
para conhecer seus funcionários e suas capacidades e, assim, elaborar
334
Gastronomia: da tradição à inovação
335
Gastronomia: da tradição à inovação
podem ser feitos pães, bolos, empanados, farofas paçocas; e da alimentos. Interciência& Sociedade. 3, 17-26, 2014.
entrecasca da melancia são elaborados doces, compotas e molhos 3. Belik, W.; Cunha, A.R.A.A.; Costa, L.A. Crise dos alimentos
(11,12,13). Com essa diversidade e criatividade é possível a criação estratégias para a redução do desperdício no contexto de uma política
de um novo mercado consumidor devido a inovação e a preocupação de segurança alimentar e nutricional no Brasil. Planej. Polít.
com o meio ambiente. Públicas.. 38, 107-132, 2012.
No atual modelo econômico, o acesso aos alimentos depende, 4. Kunz, G.S.; Hecker, A.L.; Carvalho, S.V. Modos de vida da
sobretudo, do poder aquisitivo. Ou seja, é necessário dispor de uma população em situação de rua: Inventando táticas nas ruas de
fonte de renda para comprar os alimentos. A maior parte da Vitória/ES. Fractal, Rev. Psicol. 26, 919-942, 2014.
população brasileira encontra-se nas classes sociais mais baixas, isso 5. Amorim, E.G. Elaboração alternativa de produtos a partir de
causa uma restrição nos tipos de alimentos utilizados em muitas resíduos alimentares. Revista Eletrônica de Ciências. 7, 50-60, 2014.
famílias, gerando uma situação de insegurança alimentar. Com o 6. Cardoso, F.T.; Fróes, S.C.; Friede, R.; Moragas, C.J.; Miranda,
aproveitamento integral dos alimentos é possível haver uma M.G.; Avelar, K.E.S. Aproveitamento integral de alimentos e o seu
complementação nas refeições com um baixo custo. Tal prática é impacto na saúde. Sustentabilidade em Debate. 6, 131-143, 2015.
essencial no combate à fome e as deficiências nutricionais, recebendo 7. Frate, B.; Pereira, V.; Salvetti, T.; Okane, E.; Sartori, L.
a mobilização da população e das instituições públicas e privadas Treinamento e capacitação de rondonistas juntos ao núcleo de dança
(14,15). Pélagos, São Paulo/SP. R. Eletr. de Extensão. 13, 200-213, 2016.
É essencial destacar que a pesquisa sobre o aproveitamento integral 8. Câmara, F.M.; Gomesn C.B.; Matuk, T.T.;Szarfarc, S.C.
dos alimentos é fundamental, pois, devido a ela, é possível Caracterização dos resíduos gerados na CEASA paulistana sob a
conscientizar a população sobre a importância da utilização do ótica da saúde ambiental e segurança alimentar. Segurança Alimentar
alimento como um todo para evitar o desperdício e proporcionar um e Nutricional. 21, 395-403, 2014.
aumento no valor nutricional das preparações. Toda a população 9. Pistorello, J.; Conto, S.M.;Zaro, M. Geração de resíduos sólidos
pode se beneficiar do aproveitamento integral devido ser uma prática em um restaurante de um hotel da Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul,
saudável e econômica, diminuindo os gastos com a alimentação. Brasil. Eng. Sanit. Ambient. 20, 337-346, 2015.
10. Figueiredo, A.Q.S.A.; Mendes, M.B.P.; Nascimento, A.D.; Vale,
CO NCLUSÕES A.A.M.; Paiva, B.H.I.; Saraiva-Júnior, C.C.F., et al. O perfil de
sensibilização acerca do descart e e reutilização de resíduos sólidos na
Para que os programas de aproveitamento integral dos alimentos cidade universitária, Universidade Federal do Maranhão. REGET .
sejam efetivos, é necessário um comprometimento do poder público, 19, 152-159, 2015.
definindo-se políticas e estratégias, provendo recursos, treinamento e 11. Martin, J.G.P.; Matta-Júnior, M.D.; Almeida, M.A.; Santos,
estímulo a essa iniciativa, visando a diminuição na produção de T.;Spoto, M.H.F. Avaliação sensorial de bolo com resíduo de casca
resíduos alimentares e melhorando a qualidade nutricional das de abacaxi para suplementaçãodo teor de fibras. Revista Brasileira de
preparações. Esses aspectos devem estar atrelados à mudanças Produtos Agroindustriais. 14, 281-287, 2012.
comportamentais e na educação da população, havendo um 12. Costa, R.T.R.V.; Nascimento, A.M.; Araújo, A.S.; Silva-Neto,
conscientização tanto dos comensais como dos profissionais que J.C.; Dantas, C.O. Petit Gateau com recheio de doce de banana com e
trabalham na manipulação e na preparação dos alimentos. sem casca. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento
A formação de multiplicadores do aproveitamento integral dos Sustentável. 10, 15-20, 2015.
alimentos proporciona à comunidade, um meio de perceber a 13. Lima, J.P.; Portela, J.V.F.; Marques, L.; Alcântara, M.A.; El-
utilização sustentável dos alimentos, colaborando com a redução na Aouar, Â.A. Farinha de entrecasca de melancia em biscoitos sem
produção do lixo doméstico, o beneficiamento da renda familiar e o glúten. Cienc. Rural. 45, 1668-1694, 2015.
aprendizado de novas técnicas de preparo para enriquecer a dieta 14. Vieira, L.S.; Vieira, C.R.; Faria, T.; Azeredo, E.M.C.
diária. Aproveitamento integral de alimentos: Desenvolvimento de bolos de
banana destinados à alimentação escolar. Revista da Universidade
REFERÊNCIAS Vale do Rio Verde. 11, 185-194, 2013.
15. Triches, R.M.; Gerhardt, T.E.; Schneider, S. Políticas
1. Storck, C.R.; Nunes, G.L.; Oliveira, B.B.; Basso, C. Follhas, talos, alimentares: interações entre saúde, consumo e produção de
cascas e sementes de vegetais: composição nutricional, alimentos. Interações. 15, 109-120, 2014.
aproveitamento na alimentação e análise sensorial de preparações.
Cienc. Rural. 43, 537-543, 2013.
2. Laurindo, T .R.; Ribeiro, K.A.R. Aproveitamento integral de
336
Gastronomia: da tradição à inovação
Paraná.
3 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multipro fissional em Saúde da Família pela Universidade Federal do
Paraná.
4 Nutricionista Residente do Programa de Residência Multip rofissional em Saúde da Família pela Un iversidade Federal
do Paraná.
5 Nutricionista. Coordenadora de Alimentação e Nutrição do município de Colombo - Paraná.
6 Professora adjunta do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Paraná.
337
Gastronomia: da tradição à inovação
consumidos, o que atualmente não lhes é possível - nem plantar, nem Fig. 1: Imagens da Feira da Mãe T erra e dos participantes
comer - devido à desvalorização e perda das sementes ao longo do
tempo.
Quando, na roda de conversa, se abordou o tema do uso dos
agrotóxicos, foi problematizado os efeitos negativos da sua aplicação
para a terra, água, ar e animais, bem como a posição que o Brasil
ocupa sendo o primeiro lugar mundial no consumo (5), atentando
para o posicionamento do Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Gomes da Silva (INCA) contrário ao uso de agrotóxicos no país,
ressaltando os riscos à saúde, em especial nas causas do câncer (6). A
fim de desconstruir a concepção benéfica sobre o uso dos agrotóxicos
e para possibilitar novas práticas e soluções nos seus cotidianos de
"cuidadores e cuidadoras das hortinhas", foi entregue ao grupo um CO NCLUSÃO
compilado de receitas caseiras de caldas com ingredientes naturais,
como alho, pimenta e cinzas de lenha e carvão, para aplicar nas Essas experiências, portanto, abriram um horizonte de possibilidades
plantas no intuito de prevenir doenças nas plantas (1). para realizar ações de educação em saúde com um olhar holístico
As mediadoras propuseram uma troca de sementes crioulas e de voltado ao empoderamento coletivo sobre a importância na produção
mudas de plantas diversas, como flores, ornamentais e ervas - ainda que pequena - daquilo que se põe à mesa. Neste sentido,
medicinais, para que se construa uma rede para a propagação de atribui-se a esta prática uma visão ampliada sobre o ato de comer.
espécies, possibilitando que várias pessoas tenham acesso. Atentou- Comer é um ato político! No qual está imbuído aspectos que vão
se para que caso alguém não tivesse sementes crioulas ou mudas desde à produção até o consumo. Neste ato cotidiano, as várias
poderia as procurar em amigos, vizinhos e familiares, e que espécies ciências se encontram. Os diversos e distintos saberes se completam.
comumente encontradas como salsa e cebolinha, seriam bem-vindas Eis o desafio para pensar a alimentação no futuro (próximo e
para a feira. Do mesmo modo, foi desmotivado a compra de longínquo).
sementes e mudas em espaços de venda, pois muitas das sementes
comercializadas são transgênicas, não atendendo a proposta da Feira. AGRADECIMENTO S
Entende-se por sementes crioulas aquelas resultantes de processos
evolutivos (mutação, migração, hibridação, seleção) mediados, A coordenadora do Centro de Convivência Lírio do ValeValdinea
inicialmente pelas populações tradicionais e originárias, como T avares e as participantes pela recepção, carinho e apoio.
indígenas, quilombolas e ribeirinhos.Assementes crioulas carregam
uma genética ampla e rica, um patrimônio da humanidade, REFERENCIAS BIBLIO GRÁFICAS
potencialmente importantes para garantir a sobrevivência de cultivos
agrícolas, esgotados por melhoramento e manipulação genética (1),
princípio básico da Soberania Alimentar. Ainda, não são propriedade ZAMBERLAM, J; FRONCHETI, A. Agroecologia: caminho de
de empresas privadas, são livres e de quem queira as semear, colher e preservação do agricultor e do meio ambiente. Petrópolis: Vozes,
compartilhar. Estas sementes são diferentemente chamadas em 2012.
diversas regiões como “da paixão” na Paraíba, “da fartura” no Piauí, MACHADO, L. C. P., FILHO, L. C. P. M. Dialética da
“ da resistência” em Alagoas, “da liberdade” em Sergipe, e “da gente” agroecologia: contribuição para um mundo com alimentos sem
em Minas Gerais (7). Assim, se faz alusão a prática de cultivo de veneno. São Paulo: Expresão Popular, 2014.
alimentos agroecológica, na qual se propõe a diversificação de NODARI, R. O., GUERRA, M. P. A agroecologia: estratégias de
espécies de plantas, uso de sementes nativas, adubação orgânica pesquisa e valores. Rev. Estudos Avançados v. 29, n. 83, p. 183 -
elaborada de forma artesanal e sem aditivos sintéticos (8). 2017, 2015
As sementes levadas pelas participantes do CC foram: “ fava olho de VASCONCELOS, E. M. O significado da educação popular na
cabra preta, fava branca, camapu, quiabo, feijão guandu, melão São realidade e na utopia da atenção primária à saúde brasileira. Inn:
Caetano, café, abóbora moranga, endro. Entre as mudas se MANO, M. A. M., PRADO, E. V. do. (Org.) Vivências de educação
observou: café, alecrim, citronela, arruda, cebola, coqueiro ”. A popular na atenção primária à saúde: a realidade e a utopia. São
maioria das variedades citadas foram colhidas pelas participantes em CARLOS: EdUFSCar, 2010, p. 13-18
seu próprio quintal. CARNEIRO, F. F.; PIGNATI, W. A.; RIGOTT O, R. M;
Muitas das sementes que foram trocadas e partilhadas na Feira foram AUGUST O, L. G da S; PINHEIRO, A. R de O.; FARIA, N. M. X.;
levadas pelas residentes que conseguiramo máximo de variedades ALEXANDRE, V. P.; FRIEDRICH, K; MELLO, M. S. C; BÚRIGO,
possível mediante suas redes de amigos, familiares e agricultores e A. C; RESENDE, L; BEDOR, C. N. G. Segurança Alimentar e
agricultoras agroecológicas, tais como feijão (cavalo marrom, Nutricional e Saúde. In: CARNEIRO, F. F; AUGUST O, L. G da S;
carnaval, amendoim, carioca 60 dias, bolinha verde, branco, preto RIGOTTO, R. M; FRIEDRICH, K; BÚRIGO, A. C. (Org).Dossiê
graúdo, arroz, bolinha laranja, mourinho marrom graúdo, carnaval Abrasco: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio
vermelho, rosinha), outras de milho (pipoca vermelho, preto e de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 2015. p.45- 87.
amarelo, doce, vermelho, roxo, amarelo da espiga roxa, branco, BRASIL (2015). Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer
amarelo rajado) e outras diversas como: vinagreira, abobóra de José de Alencar Gomes da Silva acerca dos agrotóxicos. Brasília:
pescoço, girassol, amendoim touceira vermelho, melão laranja. Ministério da Saúde, 2015.
Mudas como azedinha, capim limão, hortelã pimenta, pitanga, GOMES, F. L., DAMASCENO, S. R., DAMASCENO, F. A.,
cavalinha e espada de São Jorge, também fizeram parte da feira. BAT IST A, N. S., Dos SANTOS, J. R. T . Experiência agroecológica:
Cabe ressaltar que os nomes dados às sementes e mudas são diversidade de sementes crioulas no semiárido alagoano.
originários da sabedoria popular, não elencando o nome cientifico. Cad.deAgroecologia, v 10, n. 3, 2015
Observa-se que muitos grupos de troca de sementes crioulas estão se ALTIERI, M. A; T OLEDO, V. M. The agroecological revolution in
difundindo em todas regiões do Brasil, como Dias da Troca das Latin America: rescuing nature, ensuring food sovereignty and
Sementes Crioulas de Ibarama na região Centro Serra do Rio Grande empowering peasants. The JournalofPeasantStudies, Netherlands,
do Sul, representativa há mais de 10 anos consecutivos (9) Feira Vol. 38, N. 3, p. 587–612, 2011
Krahô de Sementes Tradicionais promovida há cerca de 7 anos e OLIVEIRA, I. L., VIELMO, G. R. R., REINIGER, L. R. S., MUNIZ,
situada no nordeste do estado do Tocantins (10), Festa das Sementes, M. F. B., HOPPE, M. C. Agrobiodiversidade crioula: os 13 anos dos
que ocorre vinculada a Jornada de Agroecologia do Paraná, desde dias da troca das sementes crioulas de Ibarama-RS. Cad. de
2003 (11). T ambém se observa a criação de bancos ou casas Agroecologia, v 10, n. 3, 2015
comunitárias de sementes crioulas, a exemplo do banco Sementes da BORGES, J. C. Feira krahô de sementes tradicionais: Cosmologia,
Paixão do agreste paraibano que preserva e resgata variedades desde história e ritual no contexto de um projeto de segurança alimentar.
1993 (11). Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade de Brasília,
As participantes agradeceram a troca de experiências e 2014.
conhecimento, pontuando a importância dessa discussão com SARAVELLE, C. Y. Banco de sementes: estratégia de resistência
profissionais da saúde, os quais, por vezes, se limitam a atuação camponesa na (re)produção e manutenção da vida e da
clínica de prevenção, tratamento e cura de doenças, reduzindo o olhar agrobiodiversidade. Trabalho de conclusão de curso em Ciências
para a saúde. Biológicas, 2010.
338
Gastronomia: da tradição à inovação
MATERIAL E MÉTO DO S
Teste de aceitação
Elaboração do suco de rami
Para o teste de aceitação foi utilizado o teste sensorial afetivo por
Para o preparo do suco (Figura 1) foram necessários dois maços de meio de uma ficha de análise sensorial com escala hedônica de
folhas de rami, 3 litros de água gelada, 4 limões e 100 g de açúcar. As aceitação com 9 itens variando entre os extremos desgostei
folhas de rami foram selecionadas, higienizadas, liquidificadas com os extremamente e gostei extremamente, contando com a participação de
outros ingredientes e o suco final coado. 29 provadores não treinados que se dispuseram espontaneamente a
339
Gastronomia: da tradição à inovação
O suco de rami com limão teve uma ótima aceitação, pois a maioria Ao Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia pelo
das pessoas demonstraram gostar extremamente (52,4%) ou gostar financiamento do Projeto Conservação de Plantas Alimentícias não
muito (42,9%). O que soma um percentual de aceitação de 95,3 % nas Convencionais e Fomento à Cadeia Produtiva na Bahia.
faixas compreendidas entre gostei extremamente e gostei ligeiramente. À Coordenação do Curso de Bacharelado em Gastronomia da UFBA.
Concordando com Teixeiraet al (7)que afirmou que um produto À Incubadora Tecnológica de Economia Solidária e Gestão do
precisa alcançar um índice de 70% para ser considerado aceito Desenvolvimento Territorial da Escola de Administração da UFBA.
segundo a metodologia escolhida. Apenas 4,8% dos provadores foram Ao Instituto de Biologia da UFBA.
indiferentes, como pode ser visto na Figura 3. À Comunidade T erra Mirim.
340
Gastronomia: da tradição à inovação
06066
Arroz, Feijão e... ? - Insumos Utilizados em Refeições Vegetarianas no Município de
Fortaleza-CE
Patricia Vieira1 , Nimara Cruz2 , Eveline Costa 1 , José Airton Pontes Jr3
1 Curso de Gastronomia, Instituto Cultura e Arte, Universidade Federal do Ceará, patric iaovieira@gmail.co m
2 Secretariade Educação do Ceará (Seduc)
3 Núcleo de Avaliação em Saúde Coletiva e Educação (NASCE), Universidade Estadual do Ceará
INTRO DUÇÃO Para a coleta de dados, foi enviado convite para grupos de pessoas
vegetarianas em comunidades de redes sociais da internet e foi
O consumo de produtos alimentícios ricos em proteínas de origem utilizado um formulário eletrônico na plataforma do Google Formse,
animal sempre foi bastante apreciado na culinária brasileira, e, após a coleta, extraído em planilha Excel e os dados analisados no
portanto, constantemente faz parte das preparações de cardápios e programa SPSS versão 20.0. Na análise dos dados, foram realizadas
refeições do comensal cearense. A valorização da carne de origem frequência simples (n) e relativa (%), além de comparação de grupos
animal como a “mistura” no prato de nossa população é um marca via teste Teste U de Mann-Whitney após a confirmação da não
resultante não somente de aspectos culturais e sensoriais, como normalidade dos dados dada a significância do teste de Shapiro-Wilk.
também econômicos, uma vez que o consumo de carnes vermelhas, Tanto do teste de comparação quanto o de normalidade teve como
brancas ou embutidos cresceu consideravelmente nos últimos anos, referência p ≤ .05.
concomitante com o aumento da renda do indivíduo brasileiro (1).
Por outro lado, um movimento contrário a essa tendência vem RESULTADO S E DISCUSSÃO
ganhando adeptos e simpatizant es a uma dieta vegetariana, onde a
carne perde o seu prestígio e cede seu espaço no prato para outros Os resultados obtidos neste estudo encontram-se agrupados na T abela
insumos de origem vegetal. De acordo com a última pesquisa do 1.
IBOPE contemplando os adeptos ao referido um estilo de vida, cerca
de 15,2 milhões de pessoas declararam seguir alguma vertente de dieta T abela 1 – Características dos participantes da pesquisa
vegetariana, o equivalente a 8% da população brasileira, onde as Variável Categoria n %
principais capitais foram São Paulo (mais de 792 mil pessoas), Rio de Gênero Feminino 29 74,4
Janeiro (632 mil pessoas) e Fortaleza (350 mil pessoas) (2). Masculino 10 25,6
Porém, considerando o maior percentual de concentração de
vegetarianas/os dessas capitais, Fortaleza fica com o título de maior Escolaridade Ensino médio completo 13 33,3
população vegetariana em relação ao total demográfico com 350 mil Ensino superior
pessoas, ou 14% de toda a população (seguida por Curitiba com 11%; 18 46,2
completo
Rio de Janeiro, Brasília, Recife com 10%; Belo Horizonte com 9%; Pós-graduação
Campinas 8%; e Salvador e capital de São Paulo com 7%)(3). 8 20,5
completa
Com isso, pode-se perceber um aumento relevante e crescente de
pessoas tornando-se vegetarianas, seja por questões éticas e Como você se denomina?
ambientais, religiosas ou de saúde. Número de fato expressivo, Lacto vegetariano/a 1 2,6
levando-se em consideração os hábitos alimentares e culturais de Ovo-lacto vegetariano/a 23 59,0
nossa população, onde a “mistura” se faz constantemente presente no Vegano/a 9 23,1
prato do cearense. Vegetariano/a estrito 6 15,4
Com essa pesquisa torna-se mais fácil conhecer o perfil do público
vegetariano de Fortaleza, suas preferências, restrições e insumos mais Com que frequência semanal você almoça?
utilizados em relação ao almoço. Às vezes 1 2,6
Ainda que seja um grupo modesto comparado à população onívora, é Frequentemente 40 97,5
importante expor esse fato e potencializar a conscientização do Nunca 0 -
profissional da gastronomia de que existe uma demanda a ser Fonte: Dados da pesquisa.
atendida, uma vez que as opções para esse consumidor ainda são
insuficientes em diversos estabelecimentos da cidade onde a pesquisa Participaram do estudo 39 vegetarianas/os, de 22 a 43 anos, a maioria
fora realizada. (74,4%) do gênero feminino. Quanto ao grau de escolaridade a
Diante do exposto, o presente estudo objetivou identificar os hábitos maioria 46,2% possui pelo ensino superior completo. Deste universo,
alimentares no almoço de vegetarianas e vegetarianos em relação aos 93,3% dos indivíduos declararam-se vegetarianos há mais de um ano e
insumos utilizados como substitutos da carne como “mistura” nessa os demais seguem essa dieta entre 3 e 12 meses.
refeição, além de comparar os resultados entre gênero e entre Quanto ao tipo de dieta vegetariana que seguiam e, consequentemente,
ovolactos e estritos. que o designavam, verificou-se que: 59%alegaram ser ovolacto
vegetariano/a; 2,6 lacto vegetariano/a; 23,1 vegano; e vegetariano/a
MATERIAL E MÉTO DO S estrito. Ressalta-se que é prática comum iniciar a restrição aos
produtos de origem animal forma progressiva (5,6). Por outro lado,
O estudo é do tipo descritivo e exploratório, de caráter transversal e de considerando o grupo de pesquisadores considerados vegetarianos
abordagem quantitativa, com pessoas vegetarianas residentes no estritos e veganos, obtém-se um total de 38,5%, quantidade expressiva
município de Fortaleza-CE, Brasil. Foi utilizado um questionário de pessoas que procuram abster-se ao máximo do consumo de
estruturado em bloco único, contendo perguntas de respostas abertas e qualquer produto de origem animal, ou que previamente tenha sido
fechadas (múltipla escolha e itens em escala), referente: a idade, testado em animais, seja na alimentação, vestuário, cosméticos, etc.
escolaridade, tipo de dieta vegetariana seguida, os itens comumente Esse grupo caracteriza-se por pessoas em constante busca por
consumidos em substituição à proteína animal; e a frequência que informação sobre alimentos e métodos substitutivos que estejam de
realizam a refeição almoço. Esta última interrogativa foi realizada acordo com sua ideologia, resultando assim em bons conhecedores das
considerando ser uma das refeições importantes para o brasileiro (8, 9) características sensoriais e nutricionais de insumos alternativos à
e com o propósito de conhecer se tinham dificuldades de realizá-la. Os carne. De acordo com o Ministério da Saúde (7), não há nenhuma
itens listados para identificar os níveis de utilização no almoço foram contraindicação ou malefício na prática da dieta vegana, desde que
elencados com base da fundamentação do estudo (4). Já a escala haja maior cuidado na escolha dos alimentos substitutos da proteína
utilizada contém três níveis, sendo classificados em: 1 – Ás vezes; 2 – animal, além de um eventual acompanhamento de profissional
Frequentemente, 3 –Nunca. capacitado a prescrição da dieta.
341
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabela 2 – Percentual (%) de utilização de substitutos de carne de 1. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
origem animal * Crescimento da renda aumenta demanda por alimentos. Disponível
Substituto 0 1 2 em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-
emprego/2013/10/crescimento-da-renda-aumenta-demanda-por-
Carne de Soja (PT S) 20,5 69,2 10,3
Seitan (bife de glúten) 84,6 15,4 0 alimentos>. Acesso em: 02 jun. 2016.
2. IBOPE. Dia Mundial do Vegetarianismo: 8% da população
Ovos** 35,9 25,7 38,4
brasileira afirma ser adepta ao estilo. 2012. Disponível em:
Queijo** 43,6 15,4 17,9
<http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/Dia-Mundial-do-
Industrializados (salsicha
51,3 38,5 0 Vegetarianismo-8-da-populacao-brasileira-afirma-ser-adepta-ao-
/hambúrguer vegetal. etc.)
estilo.aspx.> Acesso em: 26 mai. 2016.
Macarrão 23,1 48,7 28,2
3. CHAVES, F. IBOPE: 15,2 milhões de brasileiros são vegetarianos.
Pães 43,6 51,3 5.1
Vista-se, 2012. Disponível em: <https://vista-se.com.br/ibope-2012-
Berinjela 28,2 51,3 20,5
Batata 15,4 53,9 30,8 152-milhoes-de-brasileiros-sao-vegetarianos/>. Acesso em: 26
mai.2016.
Batata doce 12,8 59,0 28,2
4. SLYWITCH, E. Alimentação sem carne: Guia prático: o primeiro
Abobrinha** 17,9 61,5 20,5
Banana 43,6 43,6 7,7 livro brasileiro que ensina como montar sua dieta vegetariana. São
“ Carne” de caju 64,1 35,9 0 Paulo: Ed. Alaúde, 2010
5. CRAIG, W.J, MANGELS, A.R. Position of the American Dietetic
“ Carne” de jaca 61,5 38,5 0
Association: Vegetarian Diets. Journal of the American Dietetic
0 – Nunca; 1 – Raramente/às vezes; 2 – Frequentemente.
Association. v. 109. n. 7.,1266-1267, 2009.
* os grupos foram comparados em relação ao gênero (feminino e
6. COUCEIRO, P., SLYWIT CH, E., LENZ, F. Padrãoalimentar da
masculino) e não foi identificada diferença estatisticamente
dietavegetariana. Einstein, 6, 365-73, 2008.
significativa entre eles.
7. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde.
** quando comparado o grupo de ovo-lacto/lacto vegetariano com os
Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população
grupos vegetariano estrito/vegano. Nesses três itens houve diferença
brasileira, Departamento de Atenção Básica. 2. ed. Brasília: Ministério
significativa no consumo a mais para o primeiro grupo.
da Saúde, 2014.
8. CAST RO, L.A., ABDALA, M. C. Televisão no momento das
Na comparação de cada um dos resultados em relação ao gênero, não
refeições. Revista Horizonte Científico, 5, 13-14, 2011.
foi obtida diferença significativa em nenhum dos itens. Ou seja,
9. FARIA, N.U., RINALDI, A. E M., ABDALA, M. C. Hábitos
homens e mulheres não apresentaram diferenças estatisticamente
alimentares e sociabilidade no horário de almoço de estudantes
significativas em relação aos substitutos no almoço.
universitários. Demetra, 10, 539-554, 2015.
Já os grupos ovolacto e lactovegetariano, comparados aos grupos
10. BAENA, R.C., Dieta vegetariana: riscos e benefícios. Diagn
vegetariano estrito e vegano, obteve-se diferenças significativas nos
T ratamento, 20, 56-64, 2015.
itens ovos (p = 0,001), queijo (p = 0,001) e abobrinha (p = 0,031),
11. AYRES, T., BENETTI, F., SODER, T ., VOLKWEIS, D.H.
indicando que o primeiro grupo consome esses três produtos com mais
Vegetarianismo: Um ponto de vista nutricional sobre a alimentação
frequência do que o segundo, apresentando diferença significativa nos
sem carne em adultos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos
resultados, ou seja, algo esperado como resultado da pesquisa, o que
Aires, 2-5, 2015.
vem a evidenciar a prática ideológica da abstenção de qualquer
12. SLYWITCH, E.Sociedade Brasileira Vegetariana. Guia alimentar
produto de origem animal pelos praticantes do veganismo (com
de dietas vegetarianas para adultos. Dep. de Medicina e Nutrição,
relação ao queijo e ovo) (4).
2012.
342
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO elaborado a partir de: ovos, água, margarina, açúcar, farinha de trigo,
canela, fermento e cascas de banana picadas.
A fome e o desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas
que o Brasil enfrenta, constituindo-se em um dos paradoxos do País, No dia 8 de junho de 2016, às 08:30, na escola Comendador
uma vez que são produzidos 140 milhões de toneladas de alimentos Christóvam de Oliveira houve uma breve explicação sobre os
por ano, sendo um dos maiores exportadores de produtos agrícolas alimentos que seriam oferecidos e seus benefícios, uma vez que o
do mundo e, ao mesmo tempo, com milhões de excluídos, sem valor nutricional das frutas e legumes é inegável, mas nem todos
acesso ao alimento em quantidade e/ou qualidade (1). sabem que as cascas, folhas e talos de certos alimentos possuem
nutrientes muitas vezes em quantidade superior à da polpa. Também
A forma mais comum de desperdício caseiro é a distorção no uso do foi enfatizada a importância do combate ao acúmulo de lixo orgânico
alimento. Talos, folhas e cascas são, muitas vezes, mais nutritivos do que agride o meio ambiente e atrai vetores como ratos e baratas.
que a parte dos alimentos que a população está habituada a comer.
Um quarto de toda produção nacional de frutas, verduras e legumes Com a distribuição do lanche, foram entregues aleatoriamente à 50
não são aproveitados (2). alunos, fichas de avaliação sensorial da refeição (4), elaboradas pelos
autores deste trabalho. Posteriormente, tais fichas, devidamente
Neste contexto, o impacto ambiental é ocasionado por alterações de preenchidas, foram transformadas em gráficos para interpretação e
propriedades físicas, químicas e biológicas no meio ambiente que discussão dos resultados. As receitas das preparações servidas foram
podem ser causadas por diversas formas de matéria ou energia entregues à diretora da escola para posteriormente serem distribuídas
resultante das atividades humanas. O desperdício de alimentos está aos alunos e funcionários, como meio de incentivo ao
diretamente relacionado com o meio ambiente, pois quando este aproveitamento integral dos alimentos.
alimento é jogado de forma inadequada no solo ele provoca
consequências irreversíveis (3). Fig.1. Doce de casca de melancia porcionado
O objetivo deste trabalho foi incentivar a utilização do alimento em Fig.2. Preparações prontas para serem servidas
sua totalidade, visandooferecer à comunidade uma alternativa
nutritiva e de baixo custo, além de avaliar a aceitação do lanche
servido.
MATERIAL E MÉTO DO S
343
Gastronomia: da tradição à inovação
Bolo de Doce de Torta de Em uma próxima oportunidade a aparência das preparações deve
casca de casca de talos receber atenção especial, uma vez que os maiores índices de
negatividade foram nest e critério. O bolo e a torta deverão ser
Crité rio Avaliação banana melancia assados em fôrmas mais altas e cortados em pedaços maiores, o bolo
pode também receber uma calda para melhorar seu aspecto e ficar
Ótimo 40% 32% 66% visualmente mais bonito.
A partir da tabela acima, nota-se que em relação ao bolo de casca de 2. BADAWI, C. Estratégia curricular em marketing da nutrição. São
banana, o sabor foi considerado como ótimo por 40% dos Paulo – USP, 2009.
avaliadores, 56% consideraram bom e 4% ruim. A aparência foi
considerada ótima por 32%, boa por 52% e ruim por 16%. No que 3. NUNES, J.T . Aproveitamento integral dos alimentos: qualidade
diz respeito à consistência, 47% avaliaram como ótima, 49% boa e nutricional e aceitabilidade das preparações. Brasília, 2009.
4% ruim. O doce de casca de melancia obteve os seguintes resultados
para o sabor: 32% ótimo, 58% bom e 10% ruim. Em relação à 4. MACEDO, M.; SILVA, L. Ficha de análise sensorial. Pirenópolis,
aparência: 30% ótima, 59% boa e 11% ruim. A consistência foi 2016.
considerada ótima por 30% dos alunos, boa por 67% e ruim por
apenas 3%. Já a torta de talos obteve os melhores resultados: Sabor –
ótimo 66%, bom 30% e ruim 4%. Aparência – ótima 64%, boa 28% e
ruim 8%. Consistência – ótima 29%, boa 63% e ruim 8%.
344
Gastronomia: da tradição à inovação
06079 -
Aproveitamento Integral dos Alimentos: capacitação dos usuários do Sistema Único de Saúde
Rogério Paodjuenas 1 , Samara Morais 2 , Cristiane Correia 2 , Anna Peixoto 3 , Luisa Carvalho 3 , JorhanaGuimarães 4
1 Docente Especialista em Gestão da Gastronomia do Departamento de Gastronomia, Universidade Federal da Paraíba.
prof.rogerio.ufpb@gmail.com
2 Docente do Departamento de Gastronomia, Universidade Federal da Paraíba.
3 Graduanda de Gastronomia, Universidade Federal da Paraíba.
4 Graduanda de Nutrição, Universidade Federal da Paraíba.
MATERIAIS E MÉTO DO S
345
Gastronomia: da tradição à inovação
alimentos e intenção de realização das receitas aprendidas em seu outros grupos sociais, com o intuito de mudar a visão das pessoas a
domicílio. O resultado obtido foi de uma faixa etária variável de 25- respeito do aproveitamento integral dos alimentos.
70 anos, 25% dos membros são do sexo masculino e 75% do sexo
feminino. Em 100% dos formulários os participantes gostaram da REFERÊNCIAS
atuação do grupo e tem intenção de aplicar as receitas em casa.
1. SESC- Serviço Social do Comércio. Banco de Alimentos e
Figura 3. Enquete realizada com os participantes do CPIC’S Colheita Urbana: Aproveitamento Integral dos Alimentos. Rio
de Janeiro: SESC/DN, 2003. 45 pág.
2. CUNHA, V.; CAIXETA FILHO, J. V. Gerenciamento da
Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos: Estruturação e aplicação
de Modelo Não Linear de Programação por Metas. Gestão &
Produção. São Paulo. 9, 2, 2002.
3. GAVA, A. J. Princípio de Tecnologia de Alimentos. São Paulo.
Nobel, 1984.
CO NCLUSÃO 4. INSTITUT O AKATU. Maioria das pessoas não aproveita
integralmente os alimentos. 2003. Disponível
O projeto atingiu seu êxito no grupo ao qual participou, em:<http://www.akatu.org.br/Temas/Alimentos/Posts/Maioria-
influenciando todos seus membros a ter uma consciência ambiental e das-pessoas-nao-aproveitaintegralmente-os-alimentos>Acesso
nutricional a respeito do desperdício alimentar e seu possível em: 30 de Maio 2015.
aproveitamento. Os membros demonstraram interesse em realizar e 5. GONZALEZ-AGUILAR, G.; ROBLES-SÁNCHEZ, R.M.;
divulgar as preparações aprendidas nas oficinas, e pesquisar outras MARTÍNEZ-TELLEZ, M.A.; OLIVAS, G.I.; ALVAREZ-
preparações para executar em seus lares, mostrando assim a PARRILLA, E.; ROSA, L.A. Bioactive compounds in fruits:
aceitabilidade da proposta do projeto. Portanto, o projeto além de health benefits and effect of storage conditions. Stewart
atingir o objetivo inicial conclui que pode ser uma proposta viável a PostharvestReview, Quebec, 4, 3, 1-10, 2008.
6. INFANTE, J.; SELANI, M.M.; TOLEDO, N.M.V.;
Enque te SILVEIRA-DINIZ, M.F.; ALENCAR, S.M.; SPOT O, M.H.F.
1. Qual a sua idade? ______ Atividade antioxidante de resíduos agroindustriais de frutas
2. Qual o seu sexo? ( ) Masculino ( ) Feminino tropicais. Alimentos e Nutrição, Araraquara, 24, 1, 87-91, 2013.
3. Considera importante aprender a respeito do aproveitamento 7. AYALA-ZAVALA, J.F.; VEGA-VEGA, V.; ROSAS-
integral do alimento? DOMÍNGUEZ, C.; PALAFOX-CARLOS, H.; VILLA-
( ) Sim ( ) Não RODRIGUEZ, J.A.; SIDDIQUI, M.D.W.; DÁVILA-AVIÑA,
4. Pretende adotar o aproveitamento integral dos alimentos no seu J.E.; GONZÁLEZ-AGUILAR, G.A. Agro-
dia a dia, em sua residência? industrialpotentialofexoticfruitbyproducts as a
( ) Sim ( ) Não sourceoffoodadditives. FoodResearchInternational, Amsterdam,
5. A respeito da atuação desse projeto no grupo de alimentação 44, 7, 1866-1874, 2011.
saudável. Você considera eficaz a atuação do grupo do projeto?
( ) Sim ( ) Não
346
Gastronomia: da tradição à inovação
347
Gastronomia: da tradição à inovação
um programa televisivo um pouco da história do projeto Duóleo e a crianças, pois elas têm a capacidade de entender a importância da
nova parceria que o projeto estava firmando com a Associação do reciclagem de forma mais rápida e ainda conseguem passar esse
bairro José Walter. Nessa ocasião foram transmitidos conhecimentos conhecimento ás suas famílias.
sobre a importância da coleta e da reciclagem desse resíduo sólido O estudo proporcionou também uma reflexão sobre o
eos malefícios causados por ele . comportamento ambiental da sociedade atual e da importância de
ações educativas para o descarte correto de certos produtos na
natureza, analisando benefícios e consequências dos hábitos
RESULTADO S E DISCUSSÃO
cotidianos. Isso remete a afirmação de que é por meio da Educação
A partir dos contatos realizados com empresas obtivemos o seguinte Ambiental que é possível atingir a meta do desenvolvimento
resultado: das 50 empresas visitadas 23 aderiram ao projeto, 25 não sustentável, criando condições para a sobrevivência futura. E nesse
quiseram participar e 2 não se pronunciaram a respeito e não sentido, a atuação individual do ser humano soma-se com o coletivo
revelaram o que era feito com o óleo.As 25 empresas que não na busca de soluções para os problemas ambientais e sociais que se
quiseram participar do projeto alegaram os seguintes motivos: 1) Já perpetuam de geração em geração (10).
vendem o óleo – 9 empresas, 2) Não querem fechar parceria, pois Percebeu-se também a necessidade da fiscalização e do
acham que não vale apena por conta da contribuição/doação ser monitoramento do descarte desses óleos/gorduras, antes que se
mínima – 8 empresas, 3) Já fazem doação para algum indivíduo, manifestem graves problemas nas tubulações das redes de esgoto e
porém não sabem qual o destino desse óleo doado – 6 empresas. consequentemente problemas ecológicos nos cursos d’água.
Cerca de 37% das empresas já vendem o óleo e mesmo com todos os A partir do projeto de Coleta de OGR no Bairro José Walter com o
benefícios que o projeto traz para o estabelecimento (comprovante apoio do projeto Duóleo foi possível demonstrar que vale a pena
que a empresa dá o destino correto para o óleo), para a sociedade reutilizar o óleo descartado de frituras para a produção de biodiesel.
(ajudando as famílias das 16 associações de catadores) e para o meio Esta ação contribuirá tanto para as melhorias ambientais como
ambiente (retirando uma parte do óleo que poluiria de vários formas também para as sociais, seja ajudando as famílias de catadores, seja
o meio ambiente), estes colocam em primeiro lugar o lucro. E apesar contribuindo para o aumento da qualidade de vida da comunidade
de terem um discurso de “preocupação”, não aceitaram estar local.
contribuindo para o projeto, porque vendiam o OGR a 0,50 centavos
e não queriam perder essa quantia. Contudo, pode-se fazer uma CO NCLUSÃO
reflexão sobre o assunto. O empresário vende o OGR a 0,50 centavos
para um indivíduo que não comprova o destino final deste. A Pode-se concluir que a produção do biodiesel dentro de um sistema
Petrobras compra o OGR da Rede de Catadores por R$ 1,45, quase integrado de inclusão pode não só apresentar viabilidade econômica
três vezes o valor que o empresário vende e ainda fornece aos como também ser uma resposta ao apelo ambiental, já que o resíduo
estabelecimentos comprovantes de que o óleo está sendo destinado de óleo deixa de ser despejado nos esgotos para transformar-se em
pra um fim adequado. É possível que esses 0,50 centavos a mais que fonte alternativa de combustível. O reaproveitamento desse resíduo
o empresário ganha por mês não faça tanta diferença como R$ 1,45 sólido também contribuiria para reduzir os custos de manutenção da
na vida de tantas famílias das 16 associações da Rede de Catadores. rede de esgoto e para aumentar sua vida útil, isso sem se considerar o
26% já faziam doações e tinham a preocupação de não fazer o potencial de geração de empregos (inclusão social urbana) com
descarte de forma inadequada, porém pode-se perceber a partir das atividades de coleta. Vale ressaltar, que o aumento na produção de
falas destes que a preocupação com este descarte não era devido a biodiesel é também uma maneira do agricultor poder se firmar no
questões socioambientais, mas sim por causa dos gastos que teriam campo através da cultura de oleaginosas.Pode-se concluir que a
com o descarte inadequado pela pia ou vaso sanitário. Alegaram já coleta seletiva do OGR é o melhor resultado que pode ser encontrado
terem gasto muito dinheiro no passado para fazer o processo de para este tipo de material em termos de gerenciamento de resíduos e
limpeza e desentupimento dessas vias. Vale ressaltar, que estes com isso, fica identificado um destino mais adequado a este que, no
empresários apesar de fazerem a doação do OGR, não sabem que Brasil, é desprezado e parcialmente aproveitado de maneira muitas
destino é dado a esse material.7% das empresas não mostraram vezes inadequada.
interesse em participar do projeto e nem demonstraram preocupação
socioambiental, o que significa que apenas um percentual mínimo REFERÊNCIAS
não está atentando de maneira nenhuma para essas questões tão
importantes. Portanto, identifica-se que mesmo com a melhoria dessa 1.PARAÍSO. Programa de coleta seletiva de óleo de cozinha usado,
responsabilidade social empresarial, a realidade ainda é insatisfatória, 2008. Disponível em:<www.paraiso.mg.gov.br>. Acesso em: 03 out.
e aquilo que seria uma obrigação da empresa é ofertado como uma 2013.
medida assistencialista, sempre em troca de alguma vantagem fiscal. 2.DIÁRIO DE NATAL. Óleo de cozinha usado, o grande vilão para
Com relação ao meio ambiente, a polêmica é ainda mais acentuada e, o meio ambiente. Cidades Pág.12. Natal-RN. 09 de dezembro de
dessa forma, a distância entre teoria e realidade é ampla. Muitas 2007. Jornal impresso.
empresas que se dizem ambientalmente responsáveis, nada mais 3.AMBIENTE EM FOCO. Reciclar óleo de cozinha pode contribuir
fazem do que seguir a legislação ambiental vigente (isso quando o para diminuir aquecimento global.São Paulo, 2008. Disponível em:
fazem), a qual, devido à falta de fiscalização adequada, na maioria <www.ambienteemfoco.com.br>. Acesso em: 27 set. 2013.
das vezes não é cumprida. Para tanto, concorrem os seguintes fatores: 4.SABESP. PROL – Programa de Reciclagem de Óleo de Fritura da
a debilidade dos órgãos públicos em fiscalizar as atividades Sabesp. 2010. Disponível em:
econômicas e orientar o empresariado, já que muitas empresas <http://site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp_doctos/programa_rec
operam sem o devido licenciamento e mantém resíduos sem a iclagem_oleo_completo.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2013.
disposição adequada; o desconhecimento de empresários e 5.Correia de Freitas, R. “Da Cozinha para a Usina”. Revista
profissionais com relação à legislação ambiental em vigor e a falta de BiodieselBR, Edição 4, ano 1, p. 16-21, abr/mai 2008.
consciência de sua responsabilidade ambiental; a falta de informação 6.PORTALREDEBRASIL.2008.Disponível em:
e consciência da população sobre os riscos advindos para sua saúde e <http://www.portalredebrasil.com .br/s_pages.asp?id=2>. Acesso
para a comunidade devido ao funcionamento precário de uma em: 28 ago. 2013.
atividade econômica. 7.Minayo, M.C.S. (Org.). Pesquisasocial: teoria, método e
A aplicação do Projeto nas escolas possibilitou a percepção, com criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
mais clareza, do potencial de mobilização da juventude e das 8.Bauer, M. W.,Gaskel, G. Pesquisa qualitativa com textos, imagem
crianças em torno da temática ambiental (óleo de cozinha = biodiesel e som: um manual prático. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
= cuidar do meio ambiente), principalmente a partir da ampliação das 9.Lakatos, E.M.; Marconi, M.A. Fundamentos de metodologia
discussões e de ações implantadas nas escolas sobre o fato das científica. São Paulo: Atlas, 2005.
consequências que o óleo de cozinha jogado no meio ambiente pode 10.Reigota, M. Meio Ambiente e representação social. 6 ed. São
trazer para o nosso planeta. As direções das escolas ficaram Paulo: Cortez, 2004.
satisfeitas em poder atuar junto às famílias de catadores e realizar
ações em favor do meio ambiente, visando à mudança de hábitos da
comunidade estudantil para a formação de uma consciência
ecológica, com foco na sustentabilidade e exercício da cidadania.
Podemos entender que o grande colaborador para esse processo ter
sucesso, mesmo sendo a médio e longo prazos, é o investimento nas
348
Gastronomia: da tradição à inovação
Fabiana Mortimer A maral1 , A lice Nogueira Novaes Southgate 1 , Fernando Goulart Rocha 1 , Patrícia Matos Scheuer1 ,
Roberto Akitoshi Komatsy 2 , Gustavo Lohn 1 .
1
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Curso Tecnólogo em Gastronomia - Campus Florianópolis Continente – e-
mail: alicen@ifsc.edu.br
2
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Curso T écnico em Agroecologia - Campus Lages
O Brasil possui grande variedade de espécies frutíferas com potencial de Tabela 1. Ingredientes e quantidades para elaboração do bolo anjo e da
aproveitamento comercial. Entretanto, parte da diversidade brasileira é geleia de uvaia (Formulação elaborado pelos autores).
desconhecida pela população em geral, entre as quais a uvaia (Eugenia
pyriformis Cambess).
A uvaia, espécie da família das mirtáceas (Myrtaceae), é nativa da Mata
Atlântica brasileira. A família Myrtaceae possui várias espécies que
produzem frutos comestíveis de sabor agradável, como goiaba,
jabuticaba, araçá, guabiroba, cagaita e o cambuci(1). Em termos de
dispersão geográfica, a Eugenia pyriformis Cambess é espécie arbórea
nativa da região Sul do Brasil, sendo encontrada desde São Paulo até o
Rio Grande do Sul (2).
Entre as mirtáceas, algumas espécies são utilizadas como plantas
medicinais no Paraguai e Argentina, com potencial terapêutico
comprovado entre algumas das mais de 400 espécies (3,4). Além disso, as
mirtáceas apresentam, na maioria das vezes, características adequadas
para uso na arborização urbana(1). No Brasil, dada a extensão do
território e a disponibilidade de recursos, acredita-se que algumas de suas Adicionou-se o açúcar aos poucos, e bateu-se até formar um merengue.
espécies, entre elas a uvaia, poderia inclusive enriquecer a dieta Peneirou-se a farinha de trigo com o amido de milho e misturou-se ao
populacional. merengue delicadamente. Colocou-se a massa nas forminhas de cupcake
O acréscimo de frutas nativas na alimentação é um dos vieses da política e levou-se para assar em forno elétrico pré-aquecido (Líder, Modelo
brasileira de segurança alimentar e nutricional na medida em que reverte, Ventile, Brazil) a 175ºC, por 18 minutos.
a baixo custo, benefícios à população decorrentes da adição de compostos A geleia de uvaia foi feita em uma panela, levando-se ao fogo (Fogão
bioativos saudáveis no consumo diário de alimentos. Por outro lado, a cook top Fisher 4 bocas a gás, Brazil), a polpa da uvaia, o açúcar (I) e o
recepção da uvaia na alimentação, seja em casa ou em estabelecimentos suco de maçã. Deixou-se ferver até reduzir a 1/3. À parte, misturou-se o
comerciais de restauração, representa ainda uma formasustentável de açúcar restante (II) com a pectina. Acrescentou-se a mistura do açúcar
geração de emprego e renda aos pequenos produtores rurais (5). com a pectina e o suco de limão à mistura da uvaia. Deixou-se ferver até
O aproveitamento de alimentos regionais, até então pouco visados, mas engrossar e obter uma mistura homogênea.
fortemente vinculados à identidade local, cumpre papel decisivo na Para a cobertura, bateu-se rapidamente o cream cheese na batedeira e
conservação da biodiversidade e eleva o compromisso social em torno reservou-se. Bateu-se a a nata até ponto de chantilly e misturou-se com o
das políticas de sustentabilidade na produção de alimentos (6,7). Disso cream cheese reservado. Retornou-se à batedeira e acrescentou-se o suco
decorre que a uvaia, como expoente das espécies nativas da Mata do limão e o açúcar. Bateu-se até obter uma mistura homogênea.
Atlântica brasileira, o bioma reconhecidamente mais atingido pela
acelerada urbanização do litoral brasileiro,é uma fruta com bom potencial RESULTADO S E DISCUSSÃO
para ser empregada na alimentação e no desenvolvimento de produtos
gastronômicos como forma de valorização dos recursos faunísticos de
Ao logo do tempo observa-se mudança nos hábitos alimentares de uma
incidência local.
população, com forte tendência ao abandono dos produtos locais e das
Nessa direção, o trabalho em tela tem o propósito de destacar o uso da
culturas gastronômicas regionais em substituição aos produtos
uvaia na Gastronomia e, ao mesmo tempo, contribuir para a elevação no
industriais ou massificados. Em um país de colonização tardia como o
consumo de alimentos processados a partir dela. No momento seguinte, a
Brasil, no qual as referências culturais estrangeiras foram assimiladas
pesquisa procura incitar a cadeia de produção da uvaia em escala regional
como mecanismo civilizatório, não é ao acaso que os recursos
a fim de gerardemanda aos produtores rurais e criar condições favoráveis
alimentícios disponíveis no território fossem colocados em segundo
à comercialização da fruta.
plano.
Desde os viajantes naturalistas do século XVIII, entre os quais merecem
MATERIAL E MÉTO DO S destaque Von Martius e Saint-Hilari (7), botânicos que vieram descrever
o Brasil ao Velho Mundo, é notável a preferência pela alimentação
As uvaias empregadas na pesquisa foram coletadas na Região Serrana
importada em detrimento daquela que o meio natural oferecia. A vinda
Catarinense, nos municípios de Lages e Urupema. Foram coletados
da Coroa Portuguesa para o Brasil, no ínício do século XIX, reforçou
aproximadamente cinco quilos, obtendo-se um lote com cor de casca
ainda mais essa condição na medida em que os cozinheiros da corte
amarelada.
buscavam não apenas reproduzir aqui o modo de preparar e servir as
As frutas foram despolpadas com rendimento total de três quilos de
refeições de costume europeu como, no momento seguinte, passaram a
polpa. Os frutos foram lavados em água corrente, retiradas as sujidades
demandar produtos diretamente daquele continente para abastecer os
físicas, despolpados com despolpadeira horizontal provida de peneira de
mercados coloniais. Por sua vez, a rápida urbanização do território,
1,5mm, a polpa foi armazenada em sacos de polietileno e congelada a -
especialmente no litoral, pressionou e reduziu rapidamente as áreas
15°C e até o momento do uso.
florestais do Domínio da Mata Atlântica e das espécies nela ocorrentes.
A elaboração do “ bolo anjo” e da “geleia de uvaia” foi realizada no
A uvaia, espécie em destaque nesse trabalho, é justamente um dos
Laboratório de Confeitaria do Campus Florianópolis-Continente do
símbolos desse passado histórico de negligência aos recursos naturais
Instituto Federal de Santa Catarina. Os ingredientes do bolo da geleia
brasileiros e de pressão sobre as áreas de dispersão de frutíferas do
estão descritos na tabela 1.
litoral das Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Nessa direção, o objetivo do
O bolo anjo foi elaborado batendo-se as claras em neve com batedor
trabalho foi o de apresentar a potencialidade do uso de frutas nativas no
globo de batedeira (Batedeira Stand Mixer Kitchenaid KEA33CB 127V,
desenvolvimento de produtos gastronômicos.
349
Gastronomia: da tradição à inovação
Além do apelo sustentável, o desenvolvimento de produtos familiares a fim de desenvolver uma gastronomia sustentável com base
gastronômicos com ingredientes locais busca sensibilizar consumidores nos produtos locais e regionais.
e pequenos produtores locais para as possibilidades de utilização desses
insumos e criar as condições de geração de emprego e renda para Referências
produtores rurais locais e trabalhadores da área de Gastronomia.
Nessa perspectiva, a elaboração do bolo anjo com recheio de uvaia foi 1. Corrêa, M.P. Dicionário Da Plantas Úteis Do Brasil E Das Exóticas
apresentada durante o “Seminário Brasil Sabor”, em maio de 2016, no Cultivadas. Ministério Da Agricultura, Rio De Janeiro, 1975.
qual em sua 11º edição buscou valorizar e “resgatar” a originalidade dos 2. Rocha, F.G., Tulla, A.F. Turismo agroalimentario en áreas de cultivo
sabores brasileiros (Figura 1). de manzanas en la Región Sur de Brasil. Cuadernos Tur.ismo, 35, 21-
229, 2015.
Figura 1. Bolo anjo com geleia de uvaia 3.Schmeda-Hirschmann, G., Theoduloz, C., Franco, L., Ferro, E.B. &
Arias, A.R. Preliminary pharmacological studies on Eugenia uniflora
leaves: xanthine oxidase inhibitory activity. Journal of
Ethnopharmacology 21:183-186, 1987.
4. Silva, C. V., Bilia, D. A., Maluf, A. M., & Barbedo, C. J.
Fracionamento e germinação de sementes de uvaia (Eugenia pyriformis
Cambess.-Myrtaceae). Revista Brasileira de Botânica, 26(2), 213-221,
2003.
5. Jacomino, A.P. Frutas nativas brasileiras podem ser alternativa de
renda. Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p=228248>. Acesso em
13 jun. 2016.
6. Kury, L. Viajantes-naturalistas no Brasil oitocentista: experiência,
* Figura de autoria própria relato e imagem.História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Rio de Janeiro ,
v. 8,supl. p. 863-880, 2001.
Durante a oficina ministrada no seminário, foi destacada a importância 7. Marafon, G.J. Agricultura familiar, pluriatividade e turismo rural.
da utilização de produtos locais a fim de que a Gastronomia cumpra seu Campo-Território: Rev. Geo. Agrár. 1, 1, 17-60, fev., 2006.
papel no que tange à inversão do processo de globalização do gosto e
dos produtos massificados. Para tanto, foi apresentada a geleia de uvaia
e destacada as características organolépticas da uvaia, ou seja, sabor
levemente ácido com notas cítricas e coloração amarelada, característica
comum a muitas frutas brasileiras.
A escolha do bolo anjo para o suporte da geleia de uvaia teve como
principal fator uma produção que destacasse a fruta e que produzisse
uma relação positiva entre a base gastronômica e o produto
desenvolvido. Para demostrar a versatilidade da utilização da geleia de
uvaia em outros produtos da confeitaria foi realizado o recheio para
chocolate (Figura 2) e recheio de bolacha amanteigada (Figura 3).
CO NCLUSÃO
350
Gastronomia: da tradição à inovação
06282
Construção da Horta Orgânica de PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) do Curso
de Gastronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
351
Gastronomia: da tradição à inovação
concentram um terço da população e 41% dos desempregados do KINUPP, Valdely Ferreira; DE BARROS, Ingrid Bergman Inchausti.
Brasil). Diante deste quadro a garantia de segurança alimentar deve Riqueza de Plantas Alimentícias Não-Convencionais na Região
oferecer a capacidade de articular políticas de abastecimento e Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira
geração de ocupação e renda e as Hortas e Pomares Comunitários de Biociências, v. 5, n. S1, p. pg. 63-65, 2007.
podem cumprir este papel”(3). Vindo de encontro aos
valores apregoados teoricamente, mas poucas vezes concretizados;
de uma produção de alimentos saudáveis, seguros, de qualidade, com RECIFE, Prefeitura. Projeto Técnico Hortas Comunitárias do
baixo impacto ambiental e benéfico a todos elos de produção - do Programa Agricultura Urbana Hortas e Pomares Comunitários.
agricultor ao consumidor final. Valorizando aí a biodiversidade local Disponível em:
e fomentando a ideia de exploração de novos (e nem tão novos http://www.recife.pe.gov.br/especiais/fomezero/Projeto%20Tecnico
assim) ingredientes. Aproximando-se dos conceitos basilares da %20Hortas%20Comunitarias.pdf Acessado em 04 de Junho de 2016
sustentabilidade e agroecologia, no que tange a satisfação das as 17:03.
dimensões ecológicas, socioculturais, econômicas, políticas e éticas
(FONSECA, 2009)(4). Em contexto oportunizado pela FONSECA, Maria Fernanda de Albuquerque Costa [et al.].
estrutura institucional em que surgiu, o curso de Gastronomia da Agricultura orgânica: introdução às normas, regulamentos técnicos
UFRPE, difere de grande parte dos demais, oriundos do campo da critérios para acesso aos mercados dos produtos orgânicos no Brasil.
saúde, pertencendo inclusive ao Departamento de Tecnologia Rural, Niterói :Programa Rio Rural, 2009. P. 9-10
propiciando o entendimento da cadeia produtiva integrada aos seus
discentes, uma vez que o corpo docente, além de formado por CONNOLLY, J., & PROT HERO, A. (2008). Green Consumption:
gastrólogos e nutricionistas conta também com agrônomos, Life-politics, risk and contradictions. JournalofConsumerCulture,
veterinários, biólogos, químicos, zootecnistas, engenheiros agrícolas, 8(1), 117-145, 2008.
entre outros profissionais. Fazendo com que esses conhecimentos
sejam aplicados de forma transversal e horizontalizada nas diversas LOREDO, Paula. Educação ambiental e os 5rs; Disponivel em:
esferas, tendo a Gastronomia, como mais uma ciência a englobar as http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/educacao-
demais que fazem e propõem a construção de conhecimentos e ambiental-os-5-rs.htm Acesso em: 12 de Junho de 2016 as 20:34.
aplicações de práticas agroecológicas.Diante do que foi apresentado
como cerne do projeto, o intuito é o de propagar a ideia da
possibilidade de ocupação dos espaços urbanos ociosos e degradados
com a prática de agricultura orgânica, e com a inclusão do bioma
nativo, através das PANC 1 , excitando uma nova proposta de
consumo, através dos “consumidores verdes”, termo amplamente
utilizado para repensar o envolvimento em comportamentos de
consumo que são vistos como “ambiente amigável” (CONNOLY e
PROTHERO, 2008)(5), atuando como o recomendado pelo modelo
dos 5R’s, criado pela UNESCO em 2004: Reduzir; Reutilizar;
Renovar; Reciclar e Repensar (McCLEAN, 2006)(6). Preservando os
conhecimentos tradicionais, valorizando os ingredientes nativos e
desenvolvendo pesquisas sobre as potencialidades e características
desses insumos.
CO NCLUSÃO:
Com isso o projeto se propõe a incentivar a produção
orgânica e o consumo consciente, mostrando suas atividades e
aplicabilidades práticas; a criação de um sistema mais orgânico que
não se limite ao beneficiamento, mas que englobe a produção e o
descarte adequado de resíduos, promovendo a conscientização da
biodiversidade e do potencial agroecológico local; divulgação e
produção de conhecimento relacionado asPANCs da região; apoiar às
iniciativas da população na implementação e gestão de hortas e
pomares comunitários, fomentando o diálogo entre a comunidade
acadêmica e extramuros da universidade propiciando um espaço
integrador para desenvolvimento de pesquisas, apoio de ensino e
programas de extensão do curso de Gastronomia e demais áreas afins
da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que dialoguem com
essa perspectiva da extensão rural.
REFERENCIAS
1
Conceitualmente, plantas alimentícias são aquelas que possuem uma
ou mais partes ou produtos que podem ser utilizados na alimentação
humana, tais como: raízes, tubérculos, bulbos, rizomas, cormos,
talos, folhas, brotos, flores, frutos e sementes ou ainda látex, resina e
goma, ou que são usadas para obtenção de óleos e gorduras
comestíveis. Inclui-se neste conceito também as especiarias, espécies
condimentares e aromáticas, assim como plantas que são utilizadas
como substitutas do sal, edulcorantes (adoçantes), amaciantes de
carnes, corantes alimentares e no fabrico de bebidas, tonificantes e
infusões.
352
Gastronomia: da tradição à inovação
06315
O saber e o sabor: práticas alimentares dos Pescadores da Praia de Xavier, Camocim –
Ceará.
Leopoldo Gondim Neto 1; Leilane Oliveira Chaves 2; Jocicléa de Sousa Mendes 3; AdryaneGorayeb 4.
Logo, a impossibilidade de manutenção de sua base alimentar Os ingredientes utilizados nas oficinas foram disponibilizados pelos
desencadeia a necessidade de resgatar hábitos e práticas alimentares moradores locais e alguns adquiridos na sede municipal (Camocim).
dos moradores locais, bem como a inserção de releituras de algumas Durante as preparações buscou-se a integração de todos os
participantes, solicitando que os mesmo ajudassem na higienização,
RESULTO S E DISCUSSÕES manipulação e preparação dos alimentos.
A partir da realização das atividades, a comunidade pode A preparação dos pratos ocorreu a partir de observações e conversas
destinar um novo uso aos insumos disponíveis na área, além de preliminares com os moradores locais, identificando as representações
valorizar o conhecimento e práticas alimentares presentes no das bases alimentares familiares locais e suas formas de cocção. Em
cotidiano dos moradores locais. seus relatos, os moradores destacam que o impacto advindo da
instalação do parque eólico contribuiu para limitações de uso do
A releitura de alguns alimentos regionais favoreceu a território e de seus recursos, afetando a soberania alimentar do grupo.
alimentação familiar doméstica e uma possível nova fonte de
renda para a comunidade, visto que a área é de grande O comprometimento da soberania alimentar dos moradores da Praia de
atratividade turística. Xavier é evidenciado principalmente na queda da produção e/ ou
desaparecimento de alguns espécies de peixes oriundos de ambientes
353
Gastronomia: da tradição à inovação
lacustres. A ausência desses alimentos oportunizou a inserção de prática de uma cozinha mais viável e de qualidade para todos, não
alimentos industrializados em sua alimentação diária. importando a classe social e a sua história cultural.
CO NCLUSÕES
Outro aspecto importante é a perda de espaços dentro do território
para o cultivo de seus roçados. Espécies como inhame, maxixe, Um dos méritos desse estudo é dar voz aos grupos historicamente
abóbora, alfavaca, coentro, cebolinha maracujá e banana tornaram- invisibilizados, principalmente diante de grandes projetos de
se de difícil acesso. Assim, uma das questões básicas abordadas nas desenvolvimento que tem comprometido a manutenção de suas formas
oficinas foi o resgate dos alimentos e suas preparações ou quais as de vida.
causas e razões que comprometem a base de sustento alimentar dos
moradores de Xavier. Além disso, foi relevante possibilitar a valorização e o resgate das
práticas alimentares presentes nos territórios tradicionais, sendo
Devido a esses fatos, dois pratos culinários foram planejados em fundamental esta atitude para a manutenção do modo de vida local.
conjunto com os moradores, tendo como insumo principal o peixe e
a arraia. Os participantes dividiram-se em três grupos: i) limpeza e
AGRADECIMENTO S
organização dos insumos; ii) preparação dos pratos e; iii) decoração
e distribuição dos pratos para degustação.
A comunidade de pescadores da Praia de Xavier e ao Departamento de
Gastronomia e Departamento de Geografia da Universidade Federal do
O primeiro prato elaborado foi à bolinha de macaxeira com arraia.
Ceará.
Na figura 1 tem-se o registro da atividade. Para a realização do
prato foram necessários alguns ingredientes como: macaxeira
cozinha e amassada, arraia cozida e desfiada, sal, colorífico, cheiro Somos gratos ao Programa de Apoio à Educação Superior do Brasil
verde e cebolinha, farinha de milho para empanar e o óleo para (CAPES-PVE / BRASIL) para o financiamento do projeto "Impactos da
fritar. Energia Eólica no Litoral do Nordeste: Perspectivas Para a Construção
de Uma Visão Integrada da Produção de Energia" Limpa "no Brasil"
(processo 88881.068108 / 2014-01), e "Cartografia social dos Territórios
Figura 1 – Receitas elaboradas na Praia de Xavier, Camocim –
Tradicionais do Litoral Nordest ino e Amazônico", financiado pelo
Ceará. Conselho Nacional de Pesquisa (Universal-CNPq / BRASIL).
REFERÊNCIAS
Fotografia: Jocicléa de Sousa Mendes, 2016. 3. MENDES, J. S., GORAYEB, A., BRANNST ROM, C. 2016.
Diagnóstico participativo e cartografia social aplicados aos estudos de
No segundo prato, a mudança dos ingredientes ocorre na base da impactos das usinas eólicas no litoral do Ceará: o caso da Praia de
receita, usou-se batata doce cozida e amassada, peixe pargo cozido Xavier, Camocim. Geosaberes 6(3): 243-254.
e desfiado, cheiro verde e cebolinha, sal, colorífico, óleo para a
fritura e farinha de milho para empanar. 4. GORAYEB, A., J. S. MENDES, A. J. A. MEIRELES, C.
BRANNST ROM, E. V. SILVA, and A. L. R. FREITAS. 2016. Wind-
energy development causes social impacts in coastal Ceará state, Brazil:
A preparação da massa dos bolinhos foi a mesma para as duas The case of the Xavier community.Journal of Coastal Research 75:383-
cocções. Juntou-se todos os ingredientes, exceto o óleo e a farinha 387.
de milho, misturou-se bem até formar uma massa homogênea. Em
seguida, fez-se pequenas bolinhas, colocando o recheio de peixe ou 5. VIVAS, E. 2014: O que é soberania alimentar. Esquerda.Net.
arraia. Após, fechou-se cada bolinho e depois empanou-se com a Disponível em http://www.esquerda.net/opiniao/o-que-%C3%A9-
farinha de milho. soberania-alimentar/31011, acesso dia 20 de novembro de 2014.
Durante a realização das atividades, os moradores relatavam 6. PROENÇA, W. de L. O método da Observação Participante:
diversos hábitos alimentares que desenvolveram os pratos que contribuições e aplicabilidades para pesquisa no campo religioso
estavam sendo preparados, resgatando um pouco de sua cultura brasileiro. Revista Aulas, n.4, abril/julho 2007.
alimentar. Demostraram interesse em aprender novas técnicas, mas
também exaltaram seus modos de preparo. 7. BOGDAN, R.C.; BIKLEN, S.K. Notas de campo. In BOGDAN,
R.C.; BIKLEN, S.K. Investigação qualitativa em educação - uma
Além do resgate e valorização dos hábitos alimentares dos introdução à teorias e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.
moradores de Xavier, as atividades proporcionaram para os alunos
do curso de gastronomia vivências práticas com a realidade de 8. SOUZA, M. L. Desenvolvimento de comunidade e participação. São
comunidades tradicionais, colaborando cientificamente e levando a Paulo: Cortez, 2008.
354
Gastronomia: da tradição à inovação
Hermano Campos Filho¹ (hermanojt-ufc@yahoo.com.br), Beatriz Brandão¹, Luiza Manoela Silva², Rafael
Queiroz Gurgel do Amaral¹, Matusália Macedo¹.
355
Gastronomia: da tradição à inovação
pouca dignidade da comida industrial lato sensu, assim por dizer, tira a Considerações
dignidade da comida a ser preparada e a ser consumida. Dessa forma,
para salvar a alimentação desse abismo de insignificância, isto é, para Diante de uma realidade deveras transformada pela indústria da
trazer o alimento ao seu status de importância devido, deve-se buscar alimentação – acelerada, captadora de mão-de-obra indiscriminada,
alterar os critérios de qualidade, sintonizá-los com outras demandas. desconectada com as origens desse produto - é necessário fazer
A noção introduzida pelo movimento, portanto, é aquela pautada no despertar a comunidade gastronômica para todas as questões que
bom, passando pela defesa do gosto, bem como pela discussão acerca envolvem alimentação no planeta: a importância de dar um olhar mais
do relativismo implicado nessa concepção; no limpo, passando pela atento às origens do produto, aos meios de produção, às condições de
análise do impacto ambiental da produção e deslocamento desse trabalho de quem mobiliza essa estrutura, além de preocupações com o
alimento; e no justo, refletindo sobre as implicações sociais e transporte desses produtos, transporte este que pode ser o maior
trabalhistas advindas do processo de produção. Esses conceitos, catalisador de um processo em larga em escala bastante degradante e
segundo o autor, são interdependentes e indispensáveis para se pensar pouco ou nada sustentável.
em nova gastronomia. O novo gastrônomo, na proposta do autor, deveria tomar parte da luta
O autor questiona, reiteradamente, os impactos da realidade prática da contra esse sistema instaurado de exacerbada perseguição ao lucro
agroindústria, bem como da irresponsabilidade do processo mercantil, de veloz e frenético ritmo para a prestação de serviços, de
demasiadamente rápido da produção de alimentos, pautado na mera desconsideração do valor da subsistência e, por sua vez, da progressiva
persecução da quantidade de insumos, criticando as exigências suplantação de processos culturais que mobilizam a economia e o
mercadológicas que estão a deteriorar ecossistemas, sufocar sistemas cotidiano de diferentes sociedades produtoras mundo afora.
tradicionais de cultura agrícola, bem como as convenções e O SlowFood é, antes de ser uma iniciativa que vai, de fato, salvar o
construções sociais próprias aplicadas ao cotidiano do campo, fazendo planeta dos rigores da agroindústria, um movimento de sensibilização
desaparecer, aos poucos, a possibilidade de sobrevivência da relação para esses problemas. Visa a implementar, dessa forma, uma noção de
remota entre produção e subsistência. um alimento bom, limpo e justo: bom, quando implica geração e
Diante da globalização, nasce a valorização do regional e da procedência; limpo, quando permite seus trâmites de forma mais
diversidade, contrapondo-se ao artificial, apontando a forma como as sustentável possível; justa, uma vez em que possa garantir a
tendências e os modismos em alimentação acabam por se anular. preservação de culturas e trabalhos intrínsecos à produção de
Acusa a utilização de processos e produtos químicos altamente nocivos alimentos, passíveis de eliminação pelas pressões mercadológicas
que visam a acelerar a produção para satisfazer as exigências do agroindustriais.
mercado. Denuncia a cadeia de distribuição desses produtos que, Dessa forma, é uma proposta de preservação de práticas sustentáveis
indiscriminadamente, tem sufocado as produções locais e causado de produção, entendendo esse caráter alimentar como um processo-
impactos negativos ao meio ambiente. Dessa forma, defende uma patrimônio a ser celebrado e defendido de forma cidadã, através da
sustentabilidade socioeconômica, cooperando com a ideia de retorno à promoção da educação, da informação e da dignificação dos meios de
terra. gênese desse alimento.
Afastando o conceito de qualidade de preceitos meramente higienistas,
Petrini(3) visa a resgatar como dotado de qualidade o alimento que é Referências
bom, ou seja, o insumo saboroso, nutritivo e indiscutivelmente
original. Nesse sentido, aproximam-se a tendência dos alimentos 1. BEZERRA, J.A.B. Alimentação e escola: significados e implicações
orgânicos e frescos, ligada intrinsecamente com a originalidade desses curriculares da merenda escolar. Revista Brasileira de Educação v. 14
alimentos e a modos de produção infalivelmente naturais. Busca, n. 40 jan./abr. 2009
destarte, uma concepção de naturalismo que prima pela originalidade 2. GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. 6ª
do produto, apto a garantir o prazer e a satisfação tanto de quem o edição. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Coleção Perspectivas do
consome como daqueles que estão por trás da produção, sinalizando as Homem. Volume 48. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1988.
deficiências conceituais e operacionais da agroindústria. 3. PETRINI, Carlo. SlowFood: princípios da nova gastronomia.
O alimento deve, ainda, ser limpo, uma vez que deve compreender Tradução de Renata Lucia Botini. São Paulo: Editora Senac São Paulo ,
processos que preservem o ambiente em que se constitui, bem como 2009.
em que se transmite, promovendo a manutenção do entorno ambiental. 4. SEMERARO, Giovanni. Intelectuais ‘orgânicos’ em tempos de pós-
Destarte, salta-se a questão da regionalidade dos alimentos, da modernidade. Cad. Cedes, Campinas, vol.26, n. 70, p. 373-391,
sazonalidade, do frescor. Alimentos plantados localmente percorrerão set./dez. 2006. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br.
pouco espaço para seu local de destino. Uma das maiores falhas da
agroindústria – e um dos maiores males- é a necessidade de uma rede
de transporte de larga escala, demandando um imenso consumo
energético e mão-de-obra deslocada, além da emissão de poluentes. O
SlowFood pensa em uma logística de produção que conduza a comida
da forma mais sustentável possível. Plantando localmente, essa
distribuição seria mais prática, rápida e ecologicamente mais
equilibrada. Finalmente, o alimento deve compreender um processo
justo, garantindo a retidão de sua produção, angariando êxito quando
reflete relações de trabalho(4) pautadas na legalidade e na satisfação
plena do trabalhador. Ademais, promove a valorização de culturas de
subsistência, como a agricultura familiar, aprendendo com elas. Para
além de um trabalho que remunere bem, o movimento propõe a
valorização desse trabalhador, de seus modos de fazer. Nesse ímpeto,
revela-se a comida como verdadeiro patrimônio, traduzindo relações
muito mais complexas do que a própria produção. Quantas espécies
agrícolas já não se teriam perdido, não fosse o esforço de poucos
produtores em continuar com determinadas culturas. A justiça aqui
referida deve passar por esse condão, por essa restauração da condição
de dignidade tanto do trabalhador como do trabalho.
356
Gastronomia: da tradição à inovação
357
Gastronomia: da tradição à inovação
em decorrência da presença de proteínas insolúveis é altamente 3.ANUAL PEC. São Paulo: FNP ENSILLEIRA R. CONCEITO, 2001
579P.
indesejável. Em bebidas com sabor de chocolate, baunilha e café e no 4.BALDISSERA, A. C. et al, Alimentos funcionais uma nova fronteira para desenvolvimento de
leite, um PH neutro produz as melhores características de sabor. Em bebidas naturais. Semina: Ciências Agrarias, Londrina, v. 32, n. 4, p. 1497-1512, out/dez, 2011.
refrigerantes de frutas e sucos de frutas, um PH ácido realça o sabor 5.BORGO, L.A. et al, Alquimia dos Alimentos. Brasilia: 3 ed., 2014. 6.CALDEIRA, W.A. et al.
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A capacidade de formar géis é uma das mais importantes propriedades lácteo obtidos com leite de búfala. Ciência rural, V.40, N.0, P 17-22, 2010.
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dispersions containing poly merized and native whey proteins isolate. FoodHy drocolloids, v.15, p.
importância da utilização do soro do leite na indústria alimentícia pois 165-175, 2001.
é um mercado com grande espaço para ser explorado. 46.VIOTTO, W.H.; MACHADO, W.M.P. Estudo sobre a cristalização de lactose em doce de leite
AGRADECIMENTO S pastoso elaborado com diferentes concentrações de soro de queijo e amido modificado. Revista
Agradecimentos à Faculdade Nordeste Devry Brasil, pela oportunidade INSTITUTO de lacticínios Cândido Fortes, V.62, N.4, P.16-21, 2007. 47.Yogman
MW, Zeisel SH, Robert SC. Assessing effects of serotonin precursors on new born behavior. J
de desenvolvermos tal projeto. psy chiatric Res 1982, 17; 123- 133.Yalcin, A.s. Emerging therapeutic potential of whey proteins
REFERÊNCIAS and peptides.Currentpramacutical design, Hay dar pasa, Istanbul, v.12, n.13, p. 1637-1643, 2006.
1.ANTUNES, A.T. Funcionalidade de proteínas do soro do leite Bouno. 1. 48.Zavareze E.R; Moraes K.S.; Salasmellado, M. Qualidade tecnológica e sensorial de bolos
Ed. 1 baweri: Manoce, 2003. 142 p. elaborados com soro de leite. Ciência e Tecnologia de Alimentos, V.30, n.1, ´. 102-106, 2010.
2.ANTUNES, L.A.F.; GOMEZ, R.J.H.C. Soro: Perspectiva de uso industrial. Londrina: UEL,
1990. Apostila mimeografada da disciplina Ciência e Tecnologia do leite e derivados. 54p.
358
Gastronomia: da tradição à inovação
06391Farinha De Broto De Palma Forrageira Opuntia fícus Indica (L.) Mill e Sua
Utilização Na Produção de Pão
Larissa Ribeiro¹, Jéssica Ferraz¹, Kelle Ferraz¹, Dalila Assunção¹, Daniel M. Tapia T.², Márcia Zanuto³
O Nordeste brasileiro é composto em sua grande parte por RESULT ADOS E DISCUSSÃO
zona semiárida, as quais apresentam irregularidade nas
condições edafo climáticas e chuva, influenciando a As figuras 1 e 2, mostram os pães obtidos com a farinha de
qualidade e a disponibilidade da alimentação destinada ao palma em diferentes concentrações, substituindo
gado. Neste sentido, a palma forrageira (Opuntia fícus parcialmente a farinha de trigo. Foram realizados testes
Indica (L.) Mill), dotada de características morfofisiológicas preliminares para se chegar as formulações pretendidas para
que permitiram sua adaptação ao semiárido, passou a ser futura análise sensorial. T estes pilotos mostraram maior
bastante cultivada, tornando-se uma das principais fontes de aceitação do pão com 30% de farinha de palma em relação
alimentação animal¹. ao de 20%. O desenvolvimento de formulações de pães com
farinha de palma forrageira, apresenta grande importância
Além disso, essa cactácea é considerada uma alternativa nutricional, devido os nutrientes presentes nessa cactácea e
para a alimentação humana, sendo aliada no combate a fome provavelmente concentrados na farinha de palma forrageira.
e a desnutrição, pois é rica em vitamina A, complexo B e C, Espera-se que a palma, matéria-prima abundante e de baixo
minerais tais como Cálcio, Magnésio, Sódio, Potássio e custo, encontrada principalmente no nordeste brasileiro,
vários tipos de aminoácidos². apresente boa aceitação sensorial pelos consumidores de
pães, sendo também uma opção de renda e alimentação para
Apesar de reconhecida como um importante alimento, no essa população.
Brasil, seu potencial na alimentação humana ainda é pouco
explorado. O desenvolvimento de novos produtos é uma
alternativa para adequação de tecnologias para matérias-
primas que não vem sendo exploradas. O maior
aproveitamento da palma forrageira é uma grande
possibilidade de obtenção de geração de emprego e renda
para pequenos produtores³.
359
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
360
Gastronomia: da tradição à inovação
361
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 4. Molho agridoce de tomate alimentos, ou seja, alimentos que são preparados e não
Ingre dientes Q uantidade (g) consumidos, podem evitar o esse quadro.
T omate concassé 500 O ratatouillefoia receita de maior aproveitamento dos
Sal 5 vegetais e com maior aceitabilidade pelos alunos. O
Açúcar cristal 100 ratatouille é um clássico da cozinha francesa, mais
Vinagre de maçã 80 especificamente da Provence. Um prato rústico, do século
Cebola brunoise 200 XVIII, composto por uma combinação de vegetais, com
Pimenta do reino 10 ervas, alho e azeite (7). A partir da elaboração desse prato,
Azeite de oliva extra virgem 50 os alunos aprenderam a preparar um prato interessante,
saboroso e simples, somente com as sobras da aula prática
Em uma panela juntou-se o azeite e a cebola, deixou-se de corte de vegetais, assim como conscientizaçãoda
dourar. Após os tomates, o açúcar, a pimenta e o sal. importância do reaproveitamento dos alimentos na
Reduziu-se e acrescentou-se o vinagre, reduziu-se até a gastronomia.
metade. A gastronomia possui outras proporções, possuindo aspectos
Para a elaboração do hambúrguer vegetariano, foram usadas sociais, lúdicos, artísticos e de saúde. A gastronomia, sendo
a formulação descrita na tabela 5. a forma mais evoluída do ser humano relacionar-se com o
seu alimento, tem o papel de aproximar a sociedade global,
T abela 5. Hambúrguer vegetariano. promover sustentabilidade por meio da produção de
Ingre dientes Q uantidade (g) alimentos locais, da biodiversidade, transmit indo
T omate brunoise 400 conhecimentos, promovendo o bem-estar social (6).
Sal 10 Os estudos relacionados à sustentabilidade, dentro da
Pimentão brunoise 200 experiência gastronômica, ainda são escassos. Vale ressaltar
Berinjela brunoise 200 a importância da sustentabilidade na experiência
Cebola brunoise 300 gastronômica que traduz a reflexão da máxima utilização
Abobrinha brunoise 200 dos ingredientes. Importante,ainda, frisar que o conceito de
Cenoura brunoise 150 sustentabilidade vai além da simples separação do lixo
Azeite de oliva extra virgem 100 produzido, bem como o trabalho de conscientização dos
alunos em relação à aplicação efetiva do conceito de
Em um bowl juntou-se os legumes. Após e com as mãos, sustentabilidade dentro dainstituição de ensino superior,
prensou-se até formar uma pequena bola e achatou-se com favorecendo o exercício da cidadania e daplena utilização
cuidado. Untou-se uma assadeira com o azeite, dispuseram- dos insumos(2).
se os hambúrgueres e levou-se ao forno pré-aquecido a
200ºC e assou-se por 10 minutos.Serviu-se em pães de leite
com o molho agridoce de tomate.
CO NCLUSÃO
Conclui-se que iniciativas objetivando reduzir o desperdício
e melhorar o conhecimento dos alunos do curso de
Gastronomia em relação ao aproveitamento das sobras dos
RESULTADO S E DISCUSSÃO alimentos devem ser motivadas no âmbito acadêmico,
No presente estudo, todas as preparações elaboradas principalmente nos cursos de Gastronomia, no intuito de
obtiveram boa aceitação dos alunos pelos resultados suprir as necessidades das aulas práticas, mantendo a
positivos obtidos na atividade de reaproveitamento de sustentabilidade e evitando o desperdício de alimentos.
alimentos.
Em relação ao aproveitamento da cenoura, os alunos
REFERÊNCIAS
experimentaram duas formas de reaproveitamento desse 1. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
vegetal, tanto salgada como doce. Na versão salgada, foi Profissional e Tecnológica. Catálogo Nacional de
elaborado o patê de cenoura, e na versão doce, o bolo de Cursos superiores de T ecnologia, Brasília/DF, 2010.
cenoura. Ambas as receitas foram aprovadas pelos alunos, 2. Krause, R.W.;Bahls, A.A.D.S.M. Orientações gerais
entretanto o destaque foi o patê de cenoura, visto que essa para uma Gastronomia sustentável. Revista T urismo
receitaalém de ser muito saborosa e prática, éuma alternativa Visão e Ação. 15(3), 434–450, 2013.
saudável de patê. 3. Loureiro, M. A solução para o desperdício. Disponível
No caso do tomate, foi utilizado em duas preparações, em http://jbonline.terra.com.br. Acesso em 19 de junho
molho de tomate agridoce e hambúrguer vegetariano, de 2016.
podendo destacar no caso do hambúrguer a utilização da 4. Soares, A.G. Perdas pós-colheita de hortaliças. 2009.
maioria dos vegetais reaproveitados da atividade proposta. Disponível em
Essa preparação também proporcionou aos alunos aprender htp://www.unicamp.br/nepa/downloads/PerdasPosColh
a elaborar novas receitas a partir de alimentos eitasFrutaseHortalica s.pdf. Acesso em 19 de junho de
reaproveitados, oferecendo uma alternativa saudável na 2016.
preparação de hambúrgueres. 5. Verçosa, T. Como evitar o desperdício de alimentos.
O Brasil está entre os países que mais desperdiçam Disponível em http://www.ceagesp.com.br. Acesso em
alimentos, cerca de 30 % a 40 % de verduras, folhas e frutas 10 de abril de 2004.
vão para o lixo (3). Estudo realizado pela Empresa 6. Scarpato, R. New Global Cuisine: the perspective of
Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA) mostra Postmodern Gastronomy Studies. RmitUniversity.
que a quantidade de comida jogada fora é maior do que a Melbourne, 2003.
consumida (4). Sabe-se que o desperdício de alimentos neste 7. Lucena, L.; Valelongo, L.C.: Pinto, S.A.S.; Magalhães,
país é resultado de falhas deixadas pelo próprio processo de L.H.Os requintados e saborosos cardápios do cinema.
desenvolvimento e modernidade (5). Assim, a realização de revista eletrônica de nutrição, alimentos e gastronomia.
atividades educativas de reaproveitamento de alimentos por 3, 33-50, 2014.
meio da elaboração de receitas a partir da sobra de 8. Nunes, R. Gastronomia sustentável. Revista Científica
da Faculdade das Américas. 6(1), 2012.
362
Gastronomia: da tradição à inovação
6425 - Farinha De Broto de Palma Forrageira Opuntia fícus Indica (L.) Mill E Sua Utilização
Na Produção De Biscoito Tipo Cookies
Dalila Assunção 1, Valquíria Prates 1 , Eduardo Viana2 , Luiz Cardoso 3 , Roseane Figueiredo 4 , Wilson Júnior3
¹ Curso de Nutrição, Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia, dali.fsa@hotmail.com
² Curso de Farmácia, Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia.
³ Instituto Multidisciplinar em Saúde, Universidade Federal da Bahia.
4 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
363
Gastronomia: da tradição à inovação
1 Docentes
do Curso de Nutrição, * michely@pucminas.br
2 Bolsistas
de Iniciação Científica do Curso de Nutrição,
Departamento de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
364
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabe la 1 - Valor nutricional em 100 g das preparações enriquecidas com as farinhas de frutas.
Pre parações Kcal CHO (g) PTN (g) LIP (g) AGS (g) Fibras (g)
Biscoito de uva passa e nozes c/ farinha de laranja 498,3 54,6 7,7 29,5 7,0 3,0
Muffin de Banana c/ farinha de banana 246,1 42,4 5,0 7,1 2,5 1,3
T ortinha de morango c/ farinha melancia 311,4 54,2 6,6 7,8 3,0 0,9
Bolinho de banana c/ farinha de banana 226,1 47,0 6,2 2,7 0,8 1,2
Pão de mel c/ farinha laranja 364,6 69,5 5,6 10,9 5,2 2,7
Pão de ló de laranja 383,0 83,7 6,8 3,1 0,9 0,6
T orta de liquidificador c/ farinha abacate 302,3 15,8 9,9 22,5 6,8 0,7
Massa para quiche c/ farinha melancia 367,0 41,1 8,0 19,3 6,3 0,1
Macarrão c/ farinha abacate 114,9 19,7 4,5 1,7 0,5 0,6
Nhoque c/ farinha banana 104,3 23,1 2,6 0,2 0,0 1,9
Petit Gateau com farinha laranja 433,4 50,1 9,3 25,0 9,5 2,4
Rosca 379,4 45,1 8,6 18,9 6,6 1,8
T ortilha 387,8 52,6 6,9 16,4 3,6 1,6
Scones 375,5 62,4 7,2 11,0 3,1 1,1
Panqueca integral 284,6 34,9 10,4 11,1 3,1 1,0
Panqueca integral com aveia 215,6 31,9 5,7 9,5 2,5 1,2
Esfiha de frango 269,5 39,8 13,9 5,7 1,3 2,2
Pão Integral 307,5 46,8 5,8 11,0 1,7 3,2
Brownie 495,9 67,2 19,1 22,2 2,2 2,0
Bolo Simples 268,7 51,0 6,3 4,5 2,5 0,9
Sendo assim, tem-se a expectativa de que tanto as cascas de frutas estas, e aumentando seu teor de fibras, auxiliando no alcance da
como as outras partes não aproveitadas, como sementes e caroços, recomendação diária que frequentemente não é alcançada pelas
possuam alto teor de fibras alimentares, vitaminas e minerais. O pessoas.
aumento da quantidade de fibras em preparações é importante, pois
tem se observado ingestão diária insuficiente de fibras na alimentação. REFERÊNCIAS
A ingestão média recomendada de fibras, por dia, é de 38 g para 1. Brasil. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento-
homens e 25 g para mulheres (8). Dados da Pesquisa de Orçamento SEAB. Departamento de Economia Rural - DERAL. Fruticultura -
Familiar (POF) 2008-2009 mostraram que em todas as regiões do Maio de 2015. Disponível em:
Brasil o consumo de fibras apresentou-se abaixo do recomendado, <http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/deral/Prognosticos/fru
com prevalência de inadequação de 60 a 78% para homens e de 61 a ticultura_2014_15.pdf>. Acesso em: 10 de junho de 2016.
86% para mulheres (9). Diante disso, o aumento da quantidade de 2. Treichel, M. et al., Anuário Brasileiro de Fruticultura 2016. Santa
fibras em preparações se torna uma alternativa para aumentar o Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2016, 88p.
consumo. A importância de uma alimentação rica em fibras já é 3. FAO. Production crops: 2013. Disponível em:
comprovada e bem estabelecida na literatura, relacionada à redução do <http://faostat3.fao.org/home/index.html%3E>. Acesso em 10 Junho
risco de desenvolvimento de Diabetes Mellitus e hipertensão, redução 2016.
dos níveis de lipídeos e controle da glicemia, e melhora do 4. Organização Não Governamental Banco de Alimentos. Desperdício
funcionamento intestinal (10). de alimentos. Disponível em
O uso das farinhas de cascas de banana e laranja proporcionou textura <http://www.bancodealimentos.org.br/conheca-banco-de-alimentos/
mais pesada nas preparações em comparação à receita original, o que desperdicio-de-alimentosbrasil-e-mundo/>. Acesso em: 10 de junho
pôde ser contornado com o uso de técnicas que permitem maior leveza de 2016.
no preparo, como por exemplo o uso da clara em neve. Estas farinhas 5. Belik, W; Cunha, A.R.A.A.; Costa, L.A.. Crise dos alimentos e
também apresentaram sabor e aroma mais acentuados nas preparações estratégias para a redução do desperdício no contexto de uma política
do que as outras farinhas de frutas, requerendo um percentual menor de segurança alimentar e nutricional no Brasil. Planejamento e
de seu uso, que foi em torno de 7%. As farinhas de entrecasca de políticas públicas, 38, 2012. Disponível em:
melancia e de caroço de abacate foram as que apresentaram menores <http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/viewFile/277/255
alterações de sabor, aroma e textura, quando comparadas com as >. Acesso em 10 de junho de 2016.
receitas originais, tornado possível o uso dessas farinhas em maior 6. Godim, J.A.M.; Moura, M.F.; Dantas, A.D.; Medeiros, R.L.S.;
quantidade, em torno de 17%. A farinha de entrecasca de melancia já Santos, K.M. Composição centesimal e de minerais em cascas de
apresenta valor de fibras descrito na literatura, 28,33% da composição frutas. Ciênc. Tecnol. Alim., Campinas, 25(4): 825-827, 2005. 7.
química (11). TACO. T abela Brasileira de Composição de Alimentos/ NEPA –
Para a elaboração das receitas optou-se, sempre que possível, por UNICAMP.- 4. ed., Campinas: NEPA-UNICAMP, 2011. 161p.
ingredientes mais saudáveis e nutritivos, como leite desnatado, açúcar 8. DRI. Dietary Reference Intakes. Dietary Reference Intakes for
mascavo, mel, aveia e linhaça, visando aumentar o teor de fibras e o Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein,
valor nutricional, e diminuir o teor de lipídeos e carboidratos simples. and Amino Acids. Food and Nutrition Board: Institute of Medicine,
Utilizar o alimento em sua totalidade significa economia, usar os 2005.
recursos disponíveis sem desperdício, respeitar a natureza e alimentar- 9. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE.
se bem. Portanto, a identificação e a construção de um conjunto de Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: análise do consumo
ações em atenção nutricional, que possa aproveitar melhor os alimentar pessoal no Brasil. Coordenação de Trabalho e Rendimento.
alimentos é uma necessidade atual. Faz-se necessária também uma - Rio de Janeiro: IBGE, 2011. 150 p.
mudança, por parte das pessoas, voltada para um estilo de vida mais 10. Bernaud, F.S.R., Rodrigues, T.C. Fibra alimentar – Ingestão
sustentável, reduzindo a sua produção de lixo e utilizando as cascas de adequada e efeitos sobre a saúde do metabolismo. Arq. Bras.
frutas em preparações; e por parte das empresas e pequenos Endocrinol. Metab. 57, 397-405, 2013.
produtores, voltada para uma produção mais sustentável, que utilize 11. Pereira, A.S.; Miguel, D.P.; Carvalho, E.E.N. Caracterização de
recursos de forma satisfatória, como, por exemplo, fazer uso de farinha da entrecasca de melancia (Citrullus lanatus) produzida na
compostagem no plantio. região sul do Tocantins. Disponível em:
<http://www.fazu.br/ojs/index.php/posfazu/article/viewFile/324/230>
CO NCLUSÃO Acesso em: 12 de junho de 2016.
Foi possível obter preparações com resultados satisfatórios quanto à
textura, sabor, aroma e aparência, sendo que em algumas quase não se Agradecimentos:
nota diferença no sabor com a adição das farinhas produzidas com as Fapemig, PUC Minas, FIP.
partes usualmente descartadas das frutas, caracterizando-se como um
ponto positivo, visto que o paladar é o principal responsável pela
aceitação ou rejeição de uma preparação. Conclui-se que as farinhas
podem ser facilmente utilizadas em várias preparações que têm a
farinha de trigo como ingrediente básico, agregando valor nutritivo à
365
366
Gastronomia: da tradição à inovação
EDUCAÇÃO E GASTRONOMIA
Gastronomia: da tradição à inovação
Tarcísio Augusto Gonçalves Júnior1 , Poliana Cristina Mendonça Freire2 , Jullyana Borges de Freitas 2 , Renata Fleury
Curado Roriz2 , Gleice Alves de Souza2
1 EscolaAgrícola Jundiaí (EAJ) - Un idade Especializada em Ciências Agrárias , Universidade Federal Do Rio Grande do
Norte (UFRN), tarelis@ig.com.br
2 Deparatmento de Áreas Acadêmicas I, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)
Introdução
369
Gastronomia: da tradição à inovação
Sanicler Silva¹, Carolina Médico¹, Rita Beatriz Comparini¹, Thiago Emílio de Ávila¹, Claudia Pereira², Élen Ferro ³,
¹Especialista. Docente do Cu rso Superior em Tecnologia em Gastronomia da Universidade de Franca .
saniclercampos@hotmail.com
² Mestre. Coordenadora dos cursos de Nutrição e Superior em Tecnologia em Gastronomia da Universidade de Franca
³Mestre. Docente do Curso de Nutrição da Universidade de Franca.
370
Gastronomia: da tradição à inovação
Melado: processado e extraído um líquido viscoso, escuro durante muito tempo, desde o seu descobrimento até quando se
que possui sabor distinto, adquire coloração escura e seu sabor está tornou principal produto de produção do Brasil colônia. Foi também
mais próximo do caramelo. O melado , assim como outros xaropes pela produção e comercialização desse importante produto que a
derivados da sacarose, não é um subproduto do refino do açúcar, mas sociedade brasileira engendrou-se sob as marcas do trabalho escravo
um produto especialmente formulado. Os melados contêm grandes (civilização do açúcar) e dividiu-se em classes sociais tão distintas
quantidades de sacarose e outros açúcares inclusive o açúcar que deixam frutos de desigualdade até hoje. Além disso, o açúcar
invertido. Também contêm ácidos, umidade e outros constituintes sempre teve um lugar especial na história da gastronomia passando
que lhe dão sabor e cor. Quanto mais escuro o melado, mais forte o por vários processos de aprimoramento, desde as receitas tradicionais
sabor e menor a concentração de açúcar. O melado retém umidade e medievais dos conventos de Portugal, que deu origem à nossa
nos produtos de panificação prolongando seu sabor, é tido doçaria, sendo produzido e utilizado em variadas formas, até chegar à
popularmente como um alimento rico em ferro (9,11). Muito cozinha contemporânea. Formas, texturas, sabores e cores são criadas
importante para na gastronomia, as reações de escurecimento em e inovadas a todo o momento, o açúcar caminha junto nessa contínua
alimentos: enzimático, o qual é visto na superfície da fruta cortada e evolução da culinária, fazendo com que a gastronomia dê sempre um
o escurecimento não enzimático, que ocorre quando certos tipos de passo à frente, consolidando-se como arte que é e possibilitando
alimentos (como café, carnes, pães ou açúcares) são aquecidos(1). A novas experiências sensoriais ao ser humano.
forma mais importante de escurecimento não enzimático são: Reação
de Maillard: é uma reação muito importante que envolve os açúcares REFERÊNCIAS
presente nos alimentos responsável pela cor de caramelo. O
fenômeno de que os alimentos escurecem à medida que são 1. CHEMELLO, E. A Química na cozinha apresenta: o
aquecidos é provavelmente conhecido desde a descoberta do fogo, há açúcar. Revista Eletrônica zoom da Editora Cia da Escola, v.6, nº4,
mais de 300 mil anos. As reações químicas que resultam nesse 30 p. São Paulo, 2006.
fenômeno foram primeiramente descritas em 1912, o primeiro estudo 2. OETTERER, M. Química de alimentos. Aula:
sistemático mostrando que aminoácidos e açúcares redutores iniciam escurecimento não enzimático. Acesso: 25 jan 2015. Disponível
uma complexa cascata de reações durante o aquecimento, resultando online em:
na formação final de substâncias marrons chamadas de melanoidinas. http://www.esalq.usp.br/departamentos/lan/pdf/QuimicadeAlimentos
Nesta reação os açúcares, reagem com compostos nitrogenados, tais -Escurecimentonaoenzimatico.pdf
como aminoácidos e proteínas, para formar pigmentos de cor 3. A EVOLUÇÃO do açúcar. Revista Aditivos e
marrom, os quais são produtos de reações complexas. O açúcar Ingredientes n 82. p. 31-40. São Paulo: Insumos, 2011.
muda de uma cor clara para caramelo dourado, apresentando tons 4. OLIMPIO J. A. O açúcar do Brasil. T eresina, 2014.
mais escuros de marrom. A caramelização desenvolve os sabores Acesso: 04 fev 2015. Disponível em:
doces iniciais até os sabores mais densos. Quanto mais escura a calda www.sinterpi.org.br/media/upload/acucanoBrasil.doc.
se tornar, mais intenso será o sabor amargo. A reação maillard ocorre 5. PEREIRA, M. P C. Capacitação de confeiteiros: um
quando os aminoácidos da proteína e os monossacarídeos (glicose e estudo de viabilidade para a criação de um centro de treinamento
frutose) são combinados em presença do calor. A reação é complexa, especializado Monografia (Especialização em Gastronomia como
mas é muito importante entender esse processo. Para que essas Empreendimento) – Universidade de Brasília. Brasília 2006.
reações ocorram, há necessidade da presença de alguns fatores 6.FREYRE, G. Açúcar. Recife: Editora José Olimpio,
combinados como temperatura, tempo, umidade, meio ácido ou 1939. 5ªedição. São Paulo: Editora Global, 2007.
alcalino e componentes dos alimentos mais susceptíveis a 7. BARRETO, R. L. P. Passaporte para o sabor:
participarem da reação (1,2,13,19). tecnologias para a elaboração de cardápios. São Paulo: Senac , 2000.
Na confeitaria, um componente importante do açúcar é a 8. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE-OMS.
calda de açúcar e seus estágios utilizados em diversos processos , OMS recomenda que os países reduzam o consumo de açúcar entre
como complemento de sobremesa, ou como elemento de uma adultos e crianças. 2015. Acesso: 22 jun 2015. Disponível em:
produção, a calda de açúcar é importante para a preparação de http://www.paho.org/bra/index.php?option=
deliciosas sobremesas e artigos de confeitaria . com_content&view=article&id=4783:oms-recomenda-que-os-paises-
No nível do mar, a água ferve a 100ºC., á medida que a reduzam-o-consumo-de-acucar-entre-adultos-e-criancas&Itemid=821
calda de açúcar ferve a água se transforma em vapor e o açúcar 9. GISSLEN, W. Panificação e confeitaria profissionais.
permanece em estado líquido. O açúcar dissolvido na calda permite T rad. Elisa Duarte Teixeira. Barueri, 2011.
que ela atinja o ponto de ebulição acima do da água pura, e conforme 10. SÃO PAULO (Estado), Secretaria de
a concentração do açúcar aumenta também o ponto de ebulição Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Via Rápida
aumenta. A proporção final de açúcar para a água é que determina a Emprego: gastronomia: confeiteiro, v.1 São Paulo: SDECT 2012.
densidade da calda, assim como o grau de consolidação que ocorre 11. NOGUEIRA, F. S.; FERREIRA K.S.; CARNEIRO
depois que a calda esfriar ( 2,9,10,14). O caramelo é o último est ágio JUNIOR J. B.; PASSONI L.C. Minerais em melados e em caldos de
do cozimento das caldas de açúcar, ele se forma ao atingir a cana. Ciênc. T ecnol. Aliment. v. 29 nº 4, p.727-731. Campinas, 2009.
temperatura de 160ºC. Com o aquecimento, a degradação da sacarose 12. LIPMANN, E.V. História do açúcar, 2ed trad.
se faz por desintegração, e, quanto mais tempo for submetido ao Rodolfo Coutinho. Rio de Janeiro, Ed. Instituto do Açúcar e do
calor, maior a alteração de sua coloração e seu sabor. Ele queima ao Álcool. Metodista de Piracicaba; 2007.
passar de 193ºC. Pode-se dizer que essa é a reação clássica de 13.T HIS, H. Um cientista na cozinha. (4ed) trad. Marcos
caramelização. Para que essas reações ocorram há necessidade da Bagno. São Paulo, Ática, 2007.
presença de alguns fatores combinados como temperatura, tempo, 14. SUAS, M. Pâtisserie, Abordagem profissional. Trad.
umidade, meio ácido ou alcalino (2, 9,10). Há dois métodos para Beatriz Karan Guimarães. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
caramelizar o açúcar: o método seco, no qual o açúcar é derretido 15. PEREIRA, M. P C. Capacitação de confeiteiros: um
sem adição de água em fogo baixo até atingir a coloração de estudo de viabilidade para a criação de um centro de treinamento
caramelo (âmbar), não mexer o açúcar antes do seu derretimento especializado Monografia (Especialização em Gastronomia como
para não formar grumos e o método molhado, o açúcar é combinado Empreendimento) – Universidade de Brasília. Brasília 2006.
com a água nas proporções variadas, pode-se acrescentar glucose ou 16. FREITAS, F. S. C. A Arte da Confeitaria Profissional
um ácido, como o cremor de tártaro ou suco de limão, para prevenir a São Paulo: Senac, 2013.
cristalização. O açúcar carameliza depois que a água evapora, pode 17. VIEIRA, A. O açúcar na Madeira: produção e
ter três texturas diferentes (fina, média e grossa) controladas pela comércio nos séculos XV a XVII CEHA – Centro de Estudos de
quantidade de líquido adicionado (9,14). História do Atlântico. Acesso: 25 jan 2015. Disponível em
<www.cehamadeira .net/sugar/madeira3.htm>
CO NCLUSÃO 18.FRANCO, A. De caçador a gourmet. Uma história da
Tem-se, portanto, o açúcar, como um importante elemento gastronomia. 2. ed. São Paulo: Senac, 2001.
na história evolutiva do homem. Fazendo parte diretamente de sua 19. SHIBAO, J.; BAST OS, D.H.M. Produtos da reação de
vida, em momentos marcant es da sua formação e organização social, Maillard em alimentos: implicações para a saúde. Rev.
principalmente cultural e econômica. Assim como os metais de Nutr. v.24 nº6 Campinas, 2011.
grande valor e as especiarias, o açúcar moveu fortemente a economia
371
Gastronomia: da tradição à inovação
¹ Especialista em Docência do Ensino Superior, Curso de Tecnologia em Gastronomia, Universidade Estadual de Goiás
² Doutor em Geografia, Curso de Tecnologia em Gastronomia, Universidade Estadual de Goiás
³ Especialista em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira, Universidade Estadual de Goiás
4 Graduando em Gastronomia, Universidade Estadual de Goiás
MATERIAL E MÉTO DO S
372
Gastronomia: da tradição à inovação
Imagem 1: Palestra com a professora Patricia Rios . Reconheceram de olhos fechados: a pipoca, o biscoito de maisena, a
rapadura e a balinha de menta; quando abriram os olhos e degustaram
um refresco de limão com corante cor de rosa ficaram confusos sem
saber se era suco de morango ou de limão. Na palestra de
conscientização do desperdício e descarte correto de resíduos, os
alunos e professores ficaram surpresos com a quantidade de
agrotóxico que são usados nas lavouras, com o tempo que o plástico
e a caixinha tetra pak demoram em se deteriorarem naturalmente e
observaram a importância da reciclagem do lixo.
No dia do evento, as merendeiras ajudaram a manipular os alimentos
para o preparo dos pratos, comentavam a vários momentos que não
comprariam nenhum dos produtos que estavam manipulando, pois
estavam muito estragados. Quando os alunos, familiares e
comunidade chegaram para comer os pratos preparados, ficaram
Fonte: https://www.facebook.com/luciano.peixoto.56679?fref=ts, retirada em: 28/05/2016. admirados por saber que mais de trezentas refeições foram
produzidas com alimentos bons nutritivamente e que iriam para o
RESULTALDO S E DISCUSSÃO lixo devido à estética. Foram três dias de eventos, um em cada
escola, e conseguiram produzir, em média, trezentas refeições
Iniciamos as discussões, tendo por parâmetro um documento de diárias. Este momento envolveu a família dos alunos e a comunidade
política nacional que aponta para o fato de que: “utilizar os alimentos em geral. Algumas bandas de música locais foram até as escolas e se
em sua totalidade significa mais do que economia. Significa usar os apresentaram gratuitamente.
recursos disponíveis sem desperdício, reciclar, respeitar a natureza e Os discentes envolvidos nos projetos, bolsistas ou extensionistas,
alimentar-se bem com prazer e dignidade. Desse modo torna-se aproveitaram muito as reuniões para ler e pesquisar sobre os assuntos
fundamental a realização de projetos de educação nutricional, que propostos. Nas ações práticas aprenderam a lidar com o público e a
visem esclarecer a população sobre a importância do aproveitamento manipular melhor os alimentos. A maioria deles se envolveu
integral dos alimentos para melhoria do estado nutricional, bem bastante, contribuindo com ideias para os preparos, para a montagem
como apresentar alternativas de utilização desses alimentos” (7). dos slides e escolhas de vídeos. Assim o material de ambos os
Ao chegar às escolas sempre houve uma recepção calorosa e ansiosa, projetos ficou didático e bem informativo.
esperando por novidades. Os diretores, coordenadores da merenda e Imagem 2: Alunos montando os sanduíches.
alunos demonstraram interesse pelos projetos e se prontificaram em
participar. Já algumas merendeiras ignoraram a ação e se recusaram a
receber as dicas e ensinamentos, chegando a entregar a cozinha para
a equipe dos projetos.
Posteriormente aos momentos de conscientização, foram propostas
algumas práticas, quando os alunos da escola municipal
demonstraram os conhecimentos, montando sanduíches com pasta de
frango (sobra de um preparo anterior), com beterraba (bagaço
conseguido após a extração do suco), o qual se chama patê cor de
rosa, acrescentando ainda alface, tomate e cenoura ralada no pão
francês. Produziram também um suco cor de rosa a partir da mistura
de caldo de laranja e beterraba, coado antes de servir.
Já na escola estadual foi disponibilizado o cardápio elaborado pela
Fonte: https://www.facebook.com/luciano.peixoto.56679?fref=ts, retirada em: 28/05/2016.
nutricionista da Secretaria de Educação, um padrão estadual que
pode ser adaptado, pois se trata de um cardápio muito pobre
CO NCLUSÃO
nutricionalmente. A justificativa apresentada para tal situação é que o
governo estadual disponibiliza apenas R$0,33 centavos por O projeto Práticas de Higiene e Reaproveitamento de alimentos
aluno/dia, o que impossibilita o desenvolvimento de cardápios mais conscientiza a comunidade escolar quanto à higiene, ao uso integral
atrativos, elaborados e nutritivos. Nessa escola ministramos uma dos alimentos e ao reaproveitamento total dos preparos, capacitando
palestra sobre higiene e nutrientes e posteriormente elaboramos uma as merendeiras quanto às boas práticas na manipulação de alimentos
salada de macarrão contendo cenoura (com casca), abobrinha (crua e e ao não desperdício dos mesmos.
com casca), tomate, frango, milho e maçã (com casca), que foi
A ação Disco Xepa é um alerta à comunidade quanto ao desperdício
servida com molho de iogurte e hortelã. e a importância da separação do lixo: orgânico do reciclável.
Na ação voltada para as Práticas de Higiene e Reaproveitamento de Conscientiza a comunidade escolar da necessidade do consumo dos
alimentos ocorrida na Escola Municipal Luciano da Silva Peixoto produtos locais em contraponto aos industriais para a saúde e o
todos estavam ansiosos e curiosos. Quando da preparação dos
crescimento econômico. Esta ação mobiliza também a comunidade
alimentos, as merendeiras estavam atentas e faziam questionamentos local, pois envolve os comerciantes, familiares e amigos dos alunos
visando melhor aprendizagem. Durante a palestra, os alunos, na deflagração do projeto.
professores e merendeiras também faziam perguntas sobre higiene e
alimentação saudável e nutritiva. Alguns alunos começaram a
REFERÊNCIAS
degustar o sanduíche e o suco, comentando o tanto que estava
gostoso, mas quando a beterraba foi revelada “torceram o nariz”. No 1 FREIRE, P. Educação e Mudança. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e
geral, o público envolvido adorou a ideia do reaproveitamento, T erra, 2013.
inclusive para uso doméstico, como nos relataram posteriormente. 2 ANT ONIL, A.J. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo
Quando houve a visita inicial no Colégio Estadual Comendador Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982.
Joaquim Alves, pegamos o cardápio utilizado pelas merendeiras e 3 FREYRE, G. Casa Grande e Senzala. 51. ed. São Paulo: Global,
combinamos a melhor data para acontecer a intervenção. No dia da
2006. 727p.
ação as merendeiras desocuparam a cozinha e preferiram não 4 FREYRE, G. Sobrados e Mucambos. 15. ed. São Paulo: Global,
participar de nada, disseram que a oficina não serviria para nada e 2004. 967p.
que só mudariam os hábitos no dia em que atuação estivesse 5 GONÇALVES, C. A.; SILVA, N. M. Consumo Doméstico,
acontecendo. A diretora e a coordenadora da merenda lamentaram o
Alimentos e Lixo: uma Revisão de Literatura. In: VI Simpósio de
acontecido, mas não estimularam as merendeiras na participação. Iniciação Científica da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde,
Alguns alunos não gostaram da salada de macarrão, pois não 6, 2014, Viçosa. Anais... Viçosa: FACISA, Outubro, 2014.
possuem o hábito de comer verduras, frutas e legumes. Como eles 6 RCD 216, de 15/09/2004. Disponível em:
mesmos se expressaram na avaliação.
(https://comissaotecnicadealimentos.wordpress.com/2013/03/20/resol
No projeto Disco Xepa houve a participação das Escolas Municipais: ucao-rdc-no-216-de-15-de-setembro-de-2004/).
Dom Emanuel e Luciano da Silva Peixoto e da Escola Estadual 7 BRASIL. Cozinha Brasil Serviço da Indústria Conselho Nacional –
Professor Ermano da Conceição. Em ambas foi nítido o entusiasmo São Paulo, 2004.
da direção, dos professores e dos alunos no teste sensorial.
373
Gastronomia: da tradição à inovação
374
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 1- Aula prática sobre a produção de pão O minicurso ministrado sobre a produção de alimentos
fermentados atraiu bastante a atenção dos alunos, os aproximando
mais da escola e os auxiliando na compreensão dos conteúdos das
aulas de Biologia.
Conclui-se que as aulas de Gastronomia podem ser uma
importante ferramenta no ensino de Biologia e Química, tornando
estas disciplinas mais atrativas e melhorando consequentemente o
rendimento dos alunos.
REFERÊNCIAS
BRANCHER, R. V; CHENET, N; FORTES, O. V. O lúdico na
aprendizagem infantil. Revista do Centro de Educação, n. 27. 2005.
Disponível em: < http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2006/01/r10.htm
Figura 2 Produto finalizado, pães recheados com presunto
e queijo. >. Acesso em 25/05/2016
TORT ORA, G.J; FUNKE, B.R; CASE, C.L. Microbiologia. 10ª Ed.,
Porto Alegre: Artmed, 2012. 934p.
LOPES, SÔNIA; SÉRGIO ROSSO; Bio. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2013 v.1. 448p.
KRASILCHIK, M; RAW, I.; MENNUCCI, L. A Biologia e o
. Homem. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
CO NCLUSÕES
A alimentação como sendo uma necessidade básica do ser 408p.
humano pode se tornar uma importante ferramenta para a educação KRASILCHIK, M.. Prática de Ensino de Biologia. 4. Ed., São
375
Gastronomia: da tradição à inovação
1-
Profa. Dra. do Curso de Gastronomia da Faculdade de Tecnologia Intensiv a (FATECI) e do Curso de
Medicina da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza, Ceará. (catarina_braga1976@yahoo.com.br)
2 - Graduanda em Gastronomia pela Faculdade de Tecnologia Intensiva, Fortaleza, Ceará.
376
Gastronomia: da tradição à inovação
esperamos apresentar o impacto do uso deste instrumento como estabelecimentos que manipulam alimentos. Manual de Boas Práticas
forma de facilitação do aprendizado, evidenciado pela melhoria do de Manipulação de Alimentos.Universidade Federal de Rondônia
desempenho dos alunos nas avaliações institucionais. UNIR, 2010. 50p.
Figura 1: Imagem do instrumento educativo dominó 6-BRASIL. Portaria nº. 451, de 19 de setembro de 1997.
durante sua construção. Princípios gerais para o estabelecimento de critérios e padrões
microbiológicos para alimentos. Diário Oficial [da] República
CO NCLUSÃO Federativa do Brasil, Brasília, DF, 22 set. 1997. Seção 1, n. 182, p.
21005-21011.
Conclui-se através deste trabalho que a utilização de um
instrumento educativo em formato de jogo quebra a rotina da aula 7-ST EPHEN, J. F. Microbiologia da segurança alimentar.
fazendo com que os alunos tenham curiosidade sobre o tema 2. ed. ART MED, 2005. 424p.
abordado, participem de forma ativa e criativa da construção do
conhecimento, além de transformar o ambiente da sala de aula em 8-TRABULSI, L.R. e Althertum, F. Microbiologia. 6. ed.
um cenário de práticas, promovendo o máximo aproveitamento dos Atheneu, 2015. 920p.
temas abordados.
9-ANVISA. Cartilha sobre boas práticas para serviços de
AGRADECIMENTO S alimentação. Disponível em:
<www.anvisa.gov.br>cartilha_gicra_final>. Acesso em: 02 fev. de
Agradecemos a aluna do curso de Enfermagem da 2016.
FAT ECI, Eloisa de A. H. Costa pela ajuda na confecção das peças do
jogo e aos alunos de Gastronomia pela participação no jogo. 10-SÃO PAULO (EST ADO). Ministério da Saúde.
Vigilância epidemiológica das doenças transmitidas por água e
REFERÊNCIAS alimentos: Vigilância de Surtos, São Paulo, 2008.
377
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO
378
Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
Jeziel Cabral¹, Jéssica Santos², Izabelly Lima², Carlos Silva², Daniel Oliveira², Regia Brasil²
380
Gastronomia: da tradição à inovação
necessidade de profissionais capacitados com especializações nesse expectativa então esperada seria a importância do aproveitamento
segmento, deixando-se a desejar muito na visão de mercado. A dessa língua, pois é algo vital para os que querem ser docentes da
pesquisa propôs a formação de um sujeito pensante, de modo que ele área.
aprenda a utilizar seu potencial de pensamento por meios cognitivos Durante o estudo dessa pesquisa destaca-se dados novos
de construção e reconstrução de conceitos, habilidades, atitudes e referente ao objetivo proposto do trabalho. Na concepção de colegas
valores. da área que fizeram o curso de gastronomia, obteve-se colocações
Os alunos precisam conhecer de forma rápida os sujeitos e bem sugestivas da parte deles que até mesmo pode-se ser colocada
as situações em que irão trabalhar. O ensino deve ser entendido (...) em prática no âmbito institucional. Uma colocação feita por um ex -
como ajuda ao processo de aprendizagem. Ajuda necessária, porque aluno do curso, foi por que ainda não se criou um curso da área de
sem ela muito pouco provável que os alunos cheguem a aprender e gastronomia voltado para a licenciatura?. Dessa forma, abriria novos
aprender da maneira mais significativa possível, os conhecimentos horizontes e aproveitaria algumas habilidades que alguns já tem ao
necessários para seu desenvolvimento pessoal e para sua capacidade fazer o curso.
de compreensão da realidade e de atuação nela. Entretanto, só ajuda,
por que o ensino não substitui a atividade construtiva d o aluno, nem CO NCLUSÕES
ocupa seu lugar (6).Tal percepção nos faz ver a real necessidade de
formar um discente com base na atividade construtiva, pois o ensino Ao se analisar a arte do ensino no ato de se apresentar e
deve existir, porém aliado a aprendizagem, que resultará em um transmitir conhecimentos na área da gastronomia foi de grande
aluno pensante e capaz de desempenhar habilidades pré-existentes importância, pois foi verificada a deficiência ainda existente em
que nunca foram exploradas ou até mesmo não foram bem alunos que após a conclusão do curso não sabem que direção seguir
aproveitadas. e, muitas vezes não conseguem transmitir o conhecimento a outros
Os atuais docentes da área deve compreender que as tecnologias do que aprendeu.
redimensionam o espaço da sala de aula em pelo menos dois O professor tem uma proposta e o aluno tem um objetivo,
aspectos. O primeiro diz respeito aos procedimentos realizados pelo onde ambos conseguem satisfação e aprendizagem, pois não basta
grupo de discentes e docentes no próprio espaço físico da sala de ensinar, deve estar atento para que o ensinado seja aprendido, em
aula. Nesse ambiente, a possibilidade de acesso a outros locais de outras palavras, “só há ensino quando há aprendizado.” A proposta
aprendizagem – bibliotecas, centros de pesquisas, outras escolas e até do trabalho não é formar grandes populistas de belos discursos e
mesmo outros segmentos do ramo de alimentação. Em um segundo práticas fascistas, se deseja contribuir na formação de pessoas
aspecto, é o próprio espaço físico da sala de aula que também se competentes, inseridas e comprometidas com a realidade e
altera. necessidade da área da gastronomia. Os docentes, bem como as
A deficiência de aprender a ponto de ensinar, que está presente em instituições, de forma geral, precisam passar por períodos de
alguns cursos tecnológicos poderia ser trabalhada com base na formação continuada, a fim de buscar novas formas de trabalho,
linguagem falada, ou seja, por meio da inteligência verbal que alguns principalmente, quando o curso é novo e não dispõe de opção de
discentes têm ou desenvolve durante o curso. Dessa forma, pode se licenciatura.
ter um aproveitamento melhor de determinadas habilidades já
presente em alguns discentes, e isso o ajudaria a traçar metas REFERÊNCIAS
importantes na vida universitária e profissional, possibilitando um
novo olhar para o curso e para as tendências de sua área. 1.KENSKI,Vani Moreira. Tecnologias e ensino
presencial e a distância. 9ª Edição. – Campinas, SP: Papirus, 2012.
RESULTADO S E DISCUSSÃO
2.COARACY, Joana. O planejamento como
A pesquisa justificada pela necessidade de preencher processo. Revista Educação. 4ª Edição, Brasília. 1972.
lacunas existentes hoje, para se repensar a grade curricular, pois isso
ajudaria ao discente recém-chegado no curso de gastronomia a se 3.SARUBBI, M. I. Curriculum. Buenos Aires. Stella,
familiarizar com projetos, pesquisas, tecnologias e seminários. T eve 1971 p. 34.
como resultado obtido da pesquisa voltada aos docentes e
aprendizagem dos discentes, percebe-se o papel do educador na 4.MATTOS, L. A . de. Sumario de didática geral. Rio
aprendizagem do educando, e isso foi importante para o de Janeiro. Aurora. 1968. p. 14.
aprimoramento e reflexão deste autor, visando aplicá-lo no dia-a-dia
como docente e profissional da área. Durante o trabalho, foi 5.MORIN, E. Epistemologia da complexidade . Novos
verificado quais as dificuldades de aprendizagem que o aluno do Paradigmas, cultura e Subjetividade. Porto Alegre: Artes Medicas,
ensino superior do curso de gastronomia tem ao elaborar um projeto 1996, p.284.
ou um trabalho acadêmico e transmitir isso a outros, por isso,
destaca-se a importância da comunicação no processo de ensinar e 6.ONRUBIA, Javier. Adeus professor, adeus professora?
aprender. A linguagem falada, é uma característica de alguns 2. ed. Barcelona,1994.I
discentes do curso, porém a mesma não é bem trabalhada. A
381
Gastronomia: da tradição à inovação
Palavras chaves: Estágio Curricular Ob rigatório; Lei nº 11.788/ 2008; Pro jeto Político Pedagógico; Bacharelado em
Gastronomia.
382
Gastronomia: da tradição à inovação
lembrar, que por ser de múltipla escolha, um graduando pode Universidade Federal da Bahia. Esse se deu por um longo processo
assinalar mais de uma questão. Assim, 36,4% apontaram que tiveram de reformulação, até chegar à atual conjuntura de 340 horas
dificuldades com o comportamento/liderança com a equipe gestora. concentradas no último semestre, diferente do que está descrito no
Projeto Político Pedagógico do Curso Bacharelado em Gastronomia
Neste caso, poderiam ser relacionadas essas dificuldades, à falta ou
da UFBA.
escassez de formação acadêmica na área, ou à não Pode-se concluir que a experiência prática vivenciada no
“profissionalização” dos gestores a quem os graduandos estiveram Estágio Curricular Obrigatório é condizente com os conhecimentos
subordinados no momento do estágio. Possibilitando, assim, teóricos na vida dos acadêmicos, e confirma-se com as respostas dos
interferências na comunicação e ausência de controle de chefia nas questionários, pois se verifica ser a experiência prática, através do
relações que envolvem participantes de diversas vivências e estágio, promissora ao graduando em Gastronomia para se aparelhar,
condições diferenciadas do ponto de vista sócio-econômico-culturais, descobrir e desenvolver suas aptidões adquiridas ao longo da
formação acadêmica. Também, confirmam-se pelos próprios
nesse ambiente de estágio.
questionários, pois é nesse momento que o discente entrará em
contato com um universo que, possivelmente, proporcionou-lhe
Sobre as contribuições que o Estágio proporcionou para a vivência na prática demonstrada.
formação do graduando, 63,6% dos graduandos assinaram que o Desse modo, reconhece-se que essa pesquisa não se finda
Estágio Curricular Obrigatório é a materialização da teoria na prática. aqui, pois a temática discutida é de extrema importância para a
Outro dado que nos chamam a atenção é a possibilidade de futuros formação dos discentes, não só de gastronomia, mas para todos os
contatos (36,4%), pois muitos estagiários por apresentarem uma boa cursos que requerem de seus acadêmicos a relação entre teoria e
conduta e conhecimentos diversificados no estágio, vislumbraram a prática. Além disso, pela dinamicidade que a própria proposta impõe.
possibilidade de um futuro contrato. Outros 27,3% pontuaram que a
prática do estágio culminou na afirmação da área que o graduando AGRADECIMENTO S
pretende seguir profissionalmente. Igualmente com 9,1% de
resultado, os estagiários entrevistados dispuseram para as Coordenação dos estágios do Curso de Bacharelado em
proposições: conhecimentos de novas técnicas, pratos, curiosidades; Gastronomia da UFBA - Profa. Andrea Sgrillo T orres.
possibilidades de pesquisa em diversas áreas, e por fim que esse
estágio não contribuiu com a formação profissional deste graduando, REFERÊNCIAS
que, neste caso, revela a possibilidade da falta de identificação na
área de atuação no estágio. [1] CANCIAN, Renato. Marx e Gramsci: Natureza e
luta de classes. Disponível em: Disponível em: <
CO NCLUSÃO http://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/praxis---marx-e-
Conclui-se que o Estágio Curricular Obrigatório é a associação do gramsci-natureza-e-luta-de-classes.htm>. Acesso em: 28 abr. 2015.
conhecimento adquirido e apropriado, para propiciar seu uso nas [2] BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008.
práticas exigidas no ambiente da prática profissional. Dispõe sobre o estágio de estudantes. Disponível em: <
Ratifica-se que, nesse momento, o graduando tem a aproximação http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
com a realidade profissional que lhe espera, e essa oportunidade é 2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em 17 de outubro de 2014.
[3] PICONEZ, Stela C. Bertholo (Coord.). A prática de
única, pois o proporciona a materialização do aperfeiçoamento
ensino e o estágio supervisionado: a aproximação da realidade
técnico, científico, social, e o mais importante: a concretização de sua escolar e a prática da reflexão. IN: FAZENDA, Ivani Catarina
formação acadêmica. Assim, o Estágio Curricular Obrigatório é um Arantes [et all]; PICONEZ, Stela C. Bertholo (Coord.). A prática de
componente curricular de caráter teórico-prático, e como a própria ensino e o estágio supervisionado. Campinas-SP: Papirus, 1991.
nomenclatura expressa e se coloca, obrigatório, pois sem esse, não há [4] BIANCHI, A. C. M., et al. Orientações para o
possibilidade de conclusão do curso. Estágio em Licenciatura. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
Fica comprovado que a legislação, de maneira geral, disciplina as 2005.
[5] YIN, Robert (1994). Case Study Research: Design
regras, bem como sua aplicação, no que se refere ao Estágio. Assim,
and Methods (2ª Ed) Thousand Oaks, CA: SAGE Publications.
este atrelado às determinações jurídicas, cumpre seu papel, no [6] UFBA. Escola de Nutrição. Projeto Político
sentido de articular o conhecimento teórico ao ambiente da prática Pedagógico – PPP do curso de Bacharelado em Gastronomia.
profissional. 2008.
[7] UFBA. REGPG - Regulamento de Ensino de
O resultado encontrado demonstra as contradições e Graduação e Pós-graduação. Disponível em:
contribuições do Estágio Curricular Obrigatório na formação do <https://www.ufba.br/conteudo/anexo-o-regulamento-de-ensino-de-
graduando em Gastronomia da Universidade Federal da Bahia. Essas gradua%C3%A7%C3%A3o-e-p%C3%B3s-
podem ser confirmadas nas teorias e estudos referenciados, bem gradua%C3%A7%C3%A3o-da-resolu%C3%A7%C3%A3o-012015-
como na prática, ao se questionar aos graduandos e obteve-se a do-cae>. Acesso em: 01 maio de 2015. Acesso em: 01 de maio de
resposta, em sua maioria, que reconhecem no estágio uma prática 2015.
significativa, com possibilidades profissionais, além de poder [8] COLEGIADO DO CURSO DE GAST RONOMIA,
adquirir novos conhecimentos. DA ESCOLA DE NUT RIÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL
Possibilita-se identificar a formatação do Estágio DA BAHIA. Instrução Normativa 02/2012. Disponível em: <
Curricular Obrigatório do curso de bacharelado em Gastronomia da https://www.ufba.br>. Acesso em: 28 abr. 2015.
383
Gastronomia: da tradição à inovação
06005 Análise do Perfil dos Alunos do Curso de Gastronomia de uma Faculdade de Mace ió –
Alagoas, nas Turmas de 2014.2 a 2016.1
Daise Pimentel1 , Juliana Mascarenhas 1 , Cristiana Purcell1 , Juliana Malta 1
1. Curso de Gastronomia, Fundação Alagoana de Pesquisa, Educação e Cultura. Faculdade de Tecnologia de
Alagoas, daise_pimentel@yahoo.com.br
MATERIAL E MÉTO DO S
RESULTADO E DISCUSSÃO
Dos 124 alunos matriculados, 86 responderam (69,4%). A
maioria (72%) era do sexo feminino (Fig 01). Grande parte dos
alunos tinha idade entre 18 e 24 anos (39,98%); 32,87% tinham de 25 Muitos alunos (63,16%) não trabalham no setor de
a 35 anos; a maioria (46%), de 36 a 50 anos; e 13,69%, acima de alimentos, mas 36,84% já trabalham (Fig 04). Estes foram
cinquenta anos (Fig 02). Esses dados mostram uma tendência distribuídos nas seguintes áreas: buffet (7,14%); restaurante
feminina numa área em que anteriormente era uma preferência (17,85%); confeitaria (46,42%); salgados (3,57%); outros (14,28%),
masculina, bem como um interesse pelas pessoas que estão entrando como se vê na figura 05. Em outros está especificado food truck, que
no mercado de trabalho ou se estabelecendo. Dos alunos indica a nova tendência no mercado de alimentos. A escolha pelo
entrevistados, 44,16% possuem formação profissional anterior e curso se deu por: interesse pela área em 35,89%, formação
55,84%, não, indicando a gastronomia como uma nova opção de profissional em 21,79%, hobby em 10,25%, e orientação para abrir
trabalho atualmente (Fig 03). um negócio em 32,07% (Fig 06). Percebe-se assim uma preocupação
daqueles que já trabalham em gerenciar melhor seu próprio negócio.
384
Gastronomia: da tradição à inovação
385
Gastronomia: da tradição à inovação
06022 A Gastronomia como estratégia de combate à desigualdade social: estudo de caso em uma
cozinha solidária, em Salvador-BA
Lara Pena¹, Juçara Soledade¹, Tereza Oliveira², Nilda Barbosa², Ryzia Cardoso²
¹Mestrandas em Alimentos, Nutrição e Saúde, Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bah ia.
larapena.nej@gmail.com
² Professoras do Departamento de Ciência dos Alimentos, Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia.
386
Gastronomia: da tradição à inovação
Segundo Kraychete (4), o estudo de viabilidade serve para instrumento pedagógico abre também novas possibilidades de
indicar as condições para que a realização dos objetivos propostos métodos de ensino para futuros profissionais e estudiosos de diversas
pelo empreendimento dependa mais das suas próprias ações do que áreas, pois demonstra que a cozinha é um espaço simbólico e lúdico,
da sorte. O autor ainda complementa que, “no caso das organizações onde o aprendizado se dá de uma maneira natural e efetiva. Neste
populares, para que o projeto tenha sucesso, é essencial que o estudo sentido, ressalta-se o importante papel que a Gastronomia, enquanto
de viabilidade seja feito com a participação consciente de todos os campo de conhecimento e de pesquisa, pode desempenhar, em
envolvidos ” (4). diversos espaços de formação política e formação profissional, em
Com a difusão desses conhecimentos, dois pontos de vista direção a uma sociedade com maior justiça social.
diferentes, mas que demonstram a efetividade da gastronomia como
estratégia de transformação social, puderam ser identificados Referência
claramente no discurso de mulheres participantes: inicialmente,
pontua-se que algumas mulheres utilizaram as técnicas apreendidas 1.CAST RO NETO, A. A. de; ALVES, L. A. A.
para melhorar a qualidade de seus produtos; para além desta Considerações sobre a pobreza na Bahia: tendências e estimativas de
percepção, outras enxergaram no trabalho coletivo e solidário uma efeitos de política de transferência direta. Textos para Discussão.
alternativa válida para construção de uma nova realidade social. Salvador: SEI, n.3, ago.2011, 13 p.
Nesse contexto, ressalta-se que essas mudanças 2. CPLLAÇO, J. H. L. Gastronomia: a trajetória de uma
qualitativas são o verdadeiro resultado conquistado em construção recente. Revista Habitus. Goiânia, v.11, n. 2, P. 203-222,
empreendimentos cooperativos, principalmente porque o espírito 2013.
empreendedor não surge corriqueiramente, em virtude do processo de 3. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Fundamentos
formação cultural, econômico e social da população brasileira, que é de metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
caracterizado fortemente pela herança escravagista e rural (5). 4. KRAYCHETE, G., COST A, R. Puxando o fio da
meada.
Conclusão Viabilidade econômica de empreendimentos associativos.
Rio de Janeiro, Capina, 1998
A experiência descrita nesse estudo de caso mostrou-se 5. MONTEIRO DA SILVA, C. A. J. A.; BESADA
uma interessante alternativa para o enfrentamento da desigualdade FILHO, R. R. Cooperativismo: uma alternativa ao desemprego.
social, tão alarmante no Brasil, ao trazer o trabalho coletivo e Niterói: ENEGEP, 1998.
solidário para dentro da cozinha. A utilização da Gastronomia como
387
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO
O Bacharelado em Gastronomia é um curso de graduação com carga Figura 1. Respostas dos entrevistados sobre a pergunta: “ Está
horária compatível, contudo, o MEC ainda não definiu diretrizes seguindo a carreira gastronômica?”.
curriculares para o mesmo e este não é isolado, pois acontece também
para outros cursos de graduação. No entanto, o Ministério orienta a Está se guindo a carreira de
formação desse profissional a partir de diretrizes básicas para a Gastrônomo?
graduação (1). Poucos anos atrás a quantidade de cursos de
gastronomia no Brasil, precisamente bacharelados, era muito restrita e 7%
quem desejava se profissionalizar na área acabava procurando
instituições no exterior - alternativa possível para poucos, devido o Sim
alto investimento financeiro - ou começava diretamente nas cozinhas, Não
ascendendo com a experiência prática. 93%
Hoje, ainda que a profissão de gastrônomo não seja regulamentada, o
segmento passa por mudanças e o grande número de cursos ajuda a
valorizar a formação profissional. Apesar disso, não há padronização Fonte: Dados da pesquisa.
dos currículos, e o estudante precisa optar entre curso tecnológico,
bacharelado ou pós-graduação. (2). Os dados mostram retorno positivo para a Instituição Universitária,
Diante do exposto, o presente trabalho tem como principal objetivo pois a formação que eles tiveram está refletindo diretamente na sua
analisar como o Bacharel em Gastronomia, formado pela profissão. Considerado o fato de alguns (24%) terem cursado a
Universidade Federal do Ceará, está inserido na sociedade local, ou Gastronomia como segunda graduação, os resultados revelam que
externa, e qual o tipo de trabalho que vem desenvolvendo. muitos (93% - Figura 1) colocaram a profissão de Gastrônomo como
foco de vida e seguem apenas nessa área, levando-nos a crer que a o
MATÉRIAS E MÉTO DO S mercado de trabalho está aberto a estes profissionais.
Araújo (3) afirma que muitos profissionais que possuem formação em
A realização deste estudo foi realizada a partir de uma lista dos alunos outras áreas não correlatas, largam suas carreiras iniciais, para
graduados em Gastronomia pela Universidade Federal do Ceará, ingressar nessa atividade gastronômica em função do crescimento do
disponibilizada pela coordenação do referido bacharelado. Para a setor de restaurantes e hospitalidade de alto padrão.
pesquisa considerou-se os dados no período de 2010 até o ano 2015. A Na Figura 2 encontra-se as diversas áreas que os
pesquisa foi realizada por e-mail, site de relacionamento e plataforma entrevistados estavam seguindo dentro do universo da Gastronomia.
virtual, durante o mês de janeiro de 2016, em Fortaleza –CE. Foi
aplicado questionário estruturado em dois blocos (A e B). No bloco A Figura 2. Onde at ua o bacharel em gastronomia?
foi analisado o perfil global do entrevistado, ou seja, idade, sexo e
estado civil. No bloco B, foram realizadas perguntas específicas, as 7% Mestrado
quais foram do tipo objetivas a fim de se obter informações sobre: a 15%
atuação do gastrônomo no mercado de trabalho; se a gastronomia era Docência
a primeira graduação; se seguiam a profissão; qual a área que atuavam 22%
Restaurante
dentro do segmento gastronômico; quais as principais atividades que
14% Indústria
exerciam; se reconheciam a valorização profissional no mercado de
trabalho; qual a faixa salarial; e se pretendiam especializar-se na área. Empresariado
Porém, para algumas perguntas foram solicitadas justificativas para Sorveteria
que se pudesse elevar o grau de especificidade da problemática. 7%
Participaram da pesquisa um total de 15 profissionais, ou seja, aqueles 14% Consultor
que responderam as solicitações. 14% Doutorado
7%
RESULTADO S E DISCUSSÃO
Fonte: Dados da pesquisa.
Foi verificado que 40% dos entrevistados eram do sexo feminino e
60% masculino, com intervalo de idade entre 24 e 32 anos e 24 e 55 Portanto, a área de ensino (mestrado 15% e docência 14%)
anos, respectivamente. Os mesmos foram interrogados se a e a de consultoria (22%) se destacam entre os demais locais de
Gastronomia era a primeira graduação cursada e verificou-se que 76% atuação. Avaliando algumas respostas específicas, foram observadas
das respostas foram positivas e 24% negativas. Dentre os cursos atividades como: Mestrado em Ciências Gastronômicas em Portugal;
citados como primeira graduação foram: Direito, Turismo e outros. Docência em Universidades Públicas e Privadas; Gerenciamento de
Portanto, ficou bem esclarecido que alguns dos entrevistados cursaram empresas de A&B; responsáveis técnicos em indústria de alimentos; e
o bacharelado em Gastronomia como segunda opção de profissão, etc. e outras. Esses resultados mostram também a diversidade de
alegando que o interesse pela referida ciência se deu pelo fato do atuação que tem o profissional Bacharel em Gastronomia. Sua área
curso de bacharelado ser novo e devido a simpatia pelo mesmo. pode até ser confundida ou mesmo completar a de outros profissionais
Quando interrogados se estavam seguindo a carreira de gastrônomo do segmento da alimentação, exemplo: Engenharia de Alimentos,
observou-se que a maioria (93%) responderam que sim (Figura 1): Nutrição e Economia Doméstica, porém, dentro da sua seara, estando
merecidamente nesse patamar e com conhecimento apropriado para
tais atividades.
Dentre as principais atividades executadas, citadas dentro das áreas de
atuação, foram (Figura 3): lecionar e gerenciar (45%); pesquisar,
produção, padronização, planejamento e capacitação (30%,
respectivamente); supervisão, vendas e compras (15%,
respectivamente).
388
Gastronomia: da tradição à inovação
Figura 3. Principais atividades executadas nas áreas de atuação. empreendedorismo, nutrição e hospitalidade (8%); gestão de espaços e
45% 45% tecnologia de alimentos (17%); e outros (34%). Dentro desta última
45% categoria descreveram: Cozinha Italiana Clássica; Cozinha das
40% Américas; Planejamento de Cardápios; Nutrição; Alimentação
35% 30% 30% 30% 30% 30% Coletiva; Engenharia de Produção; Vigilância Sanitária.
30%
25% Figura 5. Áreas que os profissionais de Gastronomia pretendem
20% 15% 15% 15%
especializar-se.
15%
10% Educação
5%
0% 8% Empreendedorismo
8%
34% Gestão de Espaços
389
Gastronomia: da tradição à inovação
06032 A Merenda Escolar de Duas Escolas da Rede Pública Estadual no Município de Fortaleza
- Ceará.
Palavra-chave: Merenda Escolar, Alimentação, PNAE reproduzido suas casas fazendo parte do cotidiano dessas famílias, que
muitas vezes, não tem muito acesso ao conhecimento de uma nutrição de
INT RODUÇÃO qualidade.
O aluno que é bem alimentado na escola e que leva sugestões de
Desde a década de 30 existia as chamadas ‘caixas escolares’ onde o cardápios para suas residências não apenas terá um maior nível de
núcleo gestor obtinha capital mínimo para oferecer uma refeição aos aprendizado na escola como diminuirá os riscos de sua família
alunos já que estes passavam um turno inteiro nas dependências da desenvolver doenças crônicas não transmissíveis, tais como, obesidade,
escola, porém a distribuição era feita de maneira irregular e fragmentada hipertensão, diabetes, doenças coronarianas, entre outras.
conforme a realidade econômica de casa escola.
Apenas em 1955 foi criado o Programa Nacional de Alimentação Escolar OBJET IVOS
– PNAE, que desde então vem sendo aprimorado e atualmente as suas
recomendações são a base para a construção da merenda escolar Avaliar se as recomendações dos artigos 14° e 15° da Resolução
envolvendo desde a aquisição dos seus produtos até a formulação dos 26, de 17 de junho de 2013, que dispõe sobre o atendimento da
cardápios com os devidos valores nutricionais diários baseando-se numa alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do
alimentação de qualidade direcionada não apenas a melhoria nas Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), estão sendo
condições físicas e cognitivas do escolar, mas também respaldada em respeitadas em duas escolas públicas estaduais no município de
valores culturais, na sustentabilidade e economia de subsistência da Fortaleza, Ceará. Seguindo os seguintes itens:
região. 1. Identificar o nível de aceitação de merenda escolar em quatro
turmas do ensino fundamental;
A pesquisa tem como foco principal observar duas escolas da rede
2. Identificar o nível socioeconômico dos escolares envolvidos;
pública estadual e avaliar se seguem as recomendações do Programa 3. Analisar o cardápio de acordo com o Plano Nacional de
Alimentação Escolar;
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), mais especificamente no que
4. Coletar amostras da merenda escolar;
se referem aos artigos 14° e 15° da Resolução 26, de 17 de junho de 5. Submeter as amostras coletadas às recomendações do
Programa Nacional de Alimentação Escolar, de atender a no
2013, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos
mínimo 20% (vinte por cento) das necessidades nutricionais
da educação básica. diárias (calorias, glicídios, proteínas, lipídios, cálcio, fósforo,
e ferro) quando ofertada uma refeição, para os alunos
Através de questionários será estimado o nível de aceit ação da merenda
matriculados na educação básica, em período parcial.
escolar, bem como as características socioeconômicas dos alunos com o
intuito de apontar se esses dois quesitos estão diretamente relacionados. MAT ERIAL E MÉTODOS
Muitas vezes, quando há na escola a opção de comprar um lanche em
cantina e o aluno tem recursos para isso, a merenda escolar pode ser A pesquisa foi qualitativa e quantitativa com aplicação de
negligenciada, até mesmo como uma maneira de se diferenciar questionários e mensuração dos valores nutricionais por amostragem
socialmente dos outros alunos que dependem exclusivamente da com a sequência de ações listadas abaixo:
alimentação oferecida na escola. - Entrevistas com a utilização de questionários para
Será observado se o cardápio, produzido por nutricionista, é exposto em estimar o nível da aceitação da merenda escolar em quatro turmas do
local de destaque, e se este possui os valores nutricionais adequados e ensino fundamental II em duas escolas estaduais, uma com Índice de
corresponde ao oferecido para alunos como propõe a Resolução 26/2013. Desenvolvimento do Ensino Básico IDEB inferior, outra com IDEB
Para isso utilizaremos três amostras da merenda escolar obtida de superior; bem como para estimar o nível socioeconômico dos escolares
maneira aleatória em dia de aula regular no horário em que esta é envolvidos e fatores que podem implicar na aceitação da merenda escolar
oferecida para os alunos. Após pesagem os valores calóricos e (existência de cantina, ambulantes, recomendações nutricionais
nutricionais serão estimados a partir dos valores contidos na Tabela de especiais);
Composição Química dos Alimentos (FRANCO, 2013). - Avaliação dos cardápios das escolas e valor nutricional
A alimentação escolar deve ser variada e nutritiva para fazer com que o dos mesmos, utilizando Tabela de Composição Química dos Alimentos
aluno utilize desse benefício e que transmita para a família um cardápio (FRANCO, 2008) para estimar a
agradável, com produtos saudáveis e de fácil acesso para que seja
sua adequação a partir das recomendações do PNAE; Em ambas as escolas, identificou-se que as amostras
- Pesagem aleatória de três amostras de merenda, em cada possuíam quantidades nutricionais inferiores as especificadas nas
390
Gastronomia: da tradição à inovação
uma das escolas, e avaliação nutricional das mesmas, utilizando Tabela recomendações da Resolução 26, 2013. Os alunos com maior aquisição
de Composição Química dos Alimentos (FRANCO, 2008) para analisar preferiam comprar a merenda, tais como, salgados e refrigerantes a
a sua adequação a partir das recomendações do PNAE. merenda escolar gratuita. A merenda escolar de maior preferencia no
cardápio foi a arroz com creme de galinha e a de maior recus, o mingau.
RESULT ADOS E DISCUSSÃO
391
Gastronomia: da tradição à inovação
Palavras chave: capacidade, perfil p rofissional, departamentos regionais do SENAI, enfatizando a importância da
aplicação da MSEP.
situação de aprendizagem, contextualização.
MATERIAL E MÉTO DO S
INTRO DUÇÃO O curso técnico em panificação possui desenho curricular constituído
Atualmente o mundo do trabalho está cada vez mais exigente,
de três módulos com as respectivas unidades curriculares e carga
requerendo dos profissionais, numa forma crescente e sem volta, o
horária: Básico (comunicação aplicada aos processos de panificação
desempenho das suas atividades não somente de forma técnica e
e confeitaria: 40 horas, recursos da tecnologia da informação na
pontual, mas de forma holística, exigindo dos mesmos, maior
operacionalização de produtos de panificação e confeitaria: 40 horas,
capacidade de raciocínio, autonomia intelectual, pensamento crítico,
fundamentos da química e nutrição aplicáveis à panificação e
pro atividade, resiliência, espírito empreendedor e inovador,
confeitaria: 60 horas, microbiologia e segurança dos alimentos na
capacidade de prevenção e resolução de problema bem como a
panificação e confeitaria: 60 horas); Específico I (análise sensorial
facilidade de se relacionar e trabalhar em equipe. Assim, conforme
dos produtos de panificação e confeitaria: 50 horas, tecnologia e
afirma (1) no processo educativo devem-se considerar e
processamento de pães, bolos e biscoitos: 200 horas, tecnologia e
problematizar as práticas da nossa sociedade e o real vivido pelos
processamento de pães especiais e folhados: 200 horas) e Específico
alunos, as situações e relações de trabalho, desde a mais material, no
II (gestão da qualidade na panificação: 50 horas, coordenação de
nível da ação produtiva, até a dimensão mais humana, visando a
equipes de trabalho na panificação: 50 horas, gestão de processos de
superação dos obstáculos e consequente a transformação. Ciente
produção na panificação: 50 horas). Durante o desenvolvimento das
dessa necessidade o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
unidades curriculares foram selecionadas as capacidades básicas,
(SENAI), Departamento Regional do Ceará, seguindo as diretrizes
técnicas e de gestão e foram elencados os conhecimentos, necessários
do Departamento Nacional do SENAI, tem a sua oferta formativa
ao desenvolvimento das mesmas. Os conhecimentos foram
pautada na Metodologia SENAI de Educação Profissional (MSEP).
repassados aos alunos através de metodologias ativas de ensino e
Tal metodologia pressupõe inicialmente a formação dos Comitês
intervenções mediadoras. Além dessas estratégias utilizadas e com a
Técnicos Setoriais, que promovem a interface
finalidade de atender o que preconiza a MSEP, foram elaboradas
entre o mundo do trabalho e a educação profissional, discutindo as
diferentes situações de aprendizagem aplicadas nas seguintes
relações que permeiam os dois meios, tendo como resultado final
unidades curriculares, assim apresentadas: Elaboração de pesquisas
a definição do perfil profissional de cada ocupação da oferta
aplicadas: microbiologia e segurança dos alimentos na panificação e
formativa do SENAI. A segunda etapa preconizada pela MSEP é a
confeitaria, fundamentos da química e nutrição aplicáveis à
elaboração do desenho curricular. Segundo (2) O Desenho Curricular
panificação e confeitaria e análise sensorial dos produtos de
é o resultado do processo de definição e organização dos elementos
panificação e confeitaria; Aplicação de estudos de caso: gestão da
que compõem o currículo e que devem propiciar o desenvolvimento
qualidade na panificação, gestão de processos de produção na
das capacidades referentes às competências do Perfil Profissional.
panificação; Desenvolvimento de situações problema: tecnologia e
Esse processo realiza a transposição das informações do mundo do
processamento de pães, bolos e biscoitos, tecnologia e processamento
trabalho para o mundo da educação, traduzindo pedagogicamente as
de pães especiais e folhados. Todas as situações de aprendizagem
competências de um Perfil Profissional. A terceira e última etapa da
apresentavam atividades desafiadoras, foram contextualizadas para
MSEP é a Prática Docente, momento no qual se dá vida ao que foi
que aluno pudesse perceber a aplicabilidade das mesmas no contexto
concebido nas etapas anteriores. Nessa etapa de acordo com (3) faz-
do mundo do trabalho e apresentavam critérios claros de avaliação. A
se necessária uma ação pedagógica que avance para além do mero
turma do curso técnico em panificação iniciou as atividades
conhecimento, que transcenda a reprodução de conteúdos e a
acadêmicas em 2014 e, atendendo aos critérios da avaliação do
automatização de técnicas de forma a favorecer o desenvolvimento
SAEP, finalizou participando do processo avaliativo do referido
de capacidades que permitam ao aluno planejar, tomar decisões e
programa. A avaliação desempenho foi aplicada após o término da
realizar com autonomia determinadas atividades ou funções,
fase escolar, ou seja, os alunos já tinham finalizado todas as unidades
propiciando, progressivamente, além do domínio dos fundamentos
curriculares. Os itens que compunham a avaliação foram elaborados
científicos, o desenvolvimento das competências técnicas relativas a
a partir da matriz de referência que reúne os conteúdos curriculares a
área profissional de atuação, bem como o desenvolvimento das
serem avaliados (objetos de conhecimento) e as competências e
capacidades sociais, organizativas e metodológicas. Segundo (4) com
habilidades que se espera que os estudantes tenham desenvolvido. Os
a finalidade de verificar a eficácia e a efetividade da oferta
itens elaborados foram classificados em três níveis de dificuldade:
educacional e também implementar melhorias nos processos de
fácil, médio e difícil e eram compostos por: enunciado (situação-
ensino e aprendizagem o SENAI implantou em 2012 o Sistema de
problema ou estímulo), comando e opções de escolha. Além da
Avaliação da Educação Profissional e T ecnológica (SAEP) que
escola do SENAI/Ceará a avaliação do SAEP foi realizada em outros
dispõe de metodologias próprias para que as unidades operacionais
três Departamentos Regionais do SENAI que atuam na área de
possam avaliar a concepção dos projetos e planos de cursos, sua
alimentos e ofertam o curso técnico em panificação.
implantação e desenvolvimento quanto a atuação do corpo docente, a
infraestrutura e à gestão escolar. O SAEP contempla, ainda, a RESULTADO S E DISCUSSÃO
Avaliação de Desempenho do Estudante que foi estruturada com o
Após a aplicação do SAEP , foram avaliadas as seguintes
objetivo de avaliar, por meio dos estudantes concluintes, em âmbito
capacidades: Capacidades básicas, sendo: Capacidade 1: Utilizar
nacional, os cursos de educação profissional em nível técnico
procedimentos de boas práticas de fabricação dos alimentos;
oferecidos pelo SENAI, e cujo foco está em aferir o alcance das
Capacidade 2: Avaliar a matéria-prima utilizada no
competências necessárias ao desempenho da ocupação. O Centro
processamento de produtos de panificação. Capacidades técnicas,
Regional de Treinamento em Moagem e Panificação Senador José
sendo: Capacidade 3: Aplicar as etapas do processo de produção;
Dias de Macêdo (CERTREM), é a escola do SENAI/Ceará
Capacidade 4: Controlar o processo de produção; Capacidade 5:
que atende ao setor industrial de alimentos, especialmente os
Corrigir os desvios do processo (etapas); Capacidade 6: Analisar a
segmentos de Moagem, Panificação e Confeitaria e oferta o curso
qualidade do produto; Capacidade 7: Identificar equipamentos e a
técnico em panificação cuja oferta formativa seguiu as diretrizes da
capacidade de produção; Capacidade 8: Planejar o processo de
MSEP. O objetivo desse artigo é comparar os resultados da avaliação
produção. Capacidades de gestão, sendo: Capacidade 9: Avaliar o
institucional do curso técnico de panificação do SENAI Ceará com
trabalho em equipe. Os resultados em valores percentuais de
os resultados dos cursos técnicos ofertados nos demais
desempenho por capacidade, dos alunos do CERTREM, única escola
392
Gastronomia: da tradição à inovação
do SENAI/Ceará que oferta o curso técnico em panificação, preferencialmente em conjunto com os demais docentes da referida
comparados com os resultados dos outros Departamentos Regionais área. Portanto, para que as situações de aprendizagem possam, ser
(DR´s) podem ser vistos na figura abaixo. aplicadas em todas as unidades curriculares e, por consequência, os
resultados na avaliação do SAEP possam permanecer acima da média
nacional e ainda melhorar os índices por capacidade, faz-se
Figura 1: Escala de Desempenho do Departamento necessário disponibilizar e otimizar tempo para o planejamento por
Re gional do Ceará Unidade Operacional: CERTREM parte do corpo acadêmico, prioritariamente professores e
supervisores considerando que elaborar uma situação de
aprendizagem requer criatividade e pesquisa para materializar todos
os itens necessários à sua elaboração. Dessa forma o CERT REM
cumpre seu papel como escola, formando técnicos em panificação
capacitados e aptos para o mercado do trabalho, pois conforme
explicitado por (6) a implantação da MSEP com base em
competências traz como uma das vantagens a apropriação, por parte
dos alunos, das competências necessárias para inserção no mundo do
trabalho, de acordo com o perfil profissional de cada ocupação,
estabelecido pelo comitê técnico setorial.
CO NCLUSÕES
393
Gastronomia: da tradição à inovação
Palavras-chave: Formação. Docência. Gastrônomo. construídas ao longo de uma experiência pessoal que vão regular o
modo de ver o mundo, particularmente, o mundo acadêmico.
INTRO DUÇÃO
MATERIAIS E MÉTO DO S
O maior desafio na concretização de um currículo é
Trata-se de uma iniciativa de pesquisa qualitativa e com o
exortar seus atores a perceber, através de suas ações, se há harmonia
caráter de relato de experiência, dando-se relevo às impressões da
na maneira em que concebem os ideais formativos. Dessa forma, os
pesquisadora. Assim, poder-se-ia compartilhar referenciais de teoria
sujeitos (discentes e docentes) deveriam mirar a mesma direção:
e de prática gastronômica construído dentro desse cenário e
diante de um horizonte comum, efetivar-se-ia, em tese, um
alimentado por tantas outras experiências, bem como defender a
conhecimento nascido na partilha de ideais, ponto de partida
importante militância científica do aluno e do professor de
legitimador das práticas em sala de aula.
gastronomia para consolidar este campo do conhecimento em
Em uma de suas muitas interpretações, o currículo formal
formação.
mobiliza uma impressão democrática, a qual pressupõe a existência
Busca-se captar em que medida o habitus docente e
de base de participação diversificada em sua construção. Reforça-se,
discente reconstrói e traduz o currículo vigente. Para tanto, faz-se
assim, a experiência do ensino como produto político desenhado pela
necessário explorar essa trajetória de vida profissional como uma
comunhão ou repulsão dessas várias articulações. Ademais, o
narrativa de posicionamento do campo de forma a facilitar uma
acolhimento dessas instâncias de saberes e experiências na
compreensão curricular da Gastronomia.
orientação curricular inspiraria não só essa dimensão do ensino, mas
Dessa forma, apresentando a subsunção da categoria de
também a lógica da pesquisa e da extensão na universidade.
habitus percebe-se claramente como se dá a questão da hegemonia
O balanceamento dessas influências é realizado por
cultural de uma profissão a partir da classificação e do julgamento de
aqueles legitimados para a missão: gestores, docentes, discentes são
sua posição e influência sociais.
convocados para a revisão da tarefa de tempos em tempos. Neste
intento, visa garantir à formação hipotética adesão e coerência
material, buscando, assim, integrar e alinhar as ações de seus RESULTADO S E DISCUSSÕES
albergados. O currículo materializado, fruto desse acordo pedagógico
A formação de professores, do ponto de vista curricular, é
registrado e regido no tempo e no espaço, revela, na prática, se há ou
missão das licenciaturas, mas moram nas entrelinhas dos
não realização das expectativas.
bacharelados. Considerando que estes cursos, estruturalmente, não
A Gastronomia, como inevitável campo multirreferencial,
incorporam como propósito fundamental o encaminhamento de seus
exige uma compreensão holística do fenômeno alimentar. No
sujeitos ao exercício do magistério, eles são, contrariamente, as
cotidiano do ensino e da aprendizagem, nesse sentido, é que se dão
fontes formadoras de professores dentro desse universo acadêmico.
pistas sobre os lugares da teoria e da prática. Nessas considerações é
Uma das primeiras inquietações na concepção do
que observamos como esses dois universos, tantas vezes apartados na
professor de Gastronomia, portanto, é o questionamento acerca da
questão disciplinar, constroem-se mutuamente.
percepção deste docente sobre a sua ação na universidade e de sua
É com estranha naturalidade com que os discentes e
própria gênese como professor. Apesar de algumas pesquisas em
docentes normalmente delimitam espaços do saber: sala de aula é
educação (2) relatarem que uma das principais falhas na formação de
lugar de história, cultura e outros discussões avaliadas como
um professor na universidade é o fato de ele se ver essencialmente
perecíveis à maioria dos ouvidos, enquanto o laboratório, a cozinha
como pesquisador, esta não reflete a realidade de muitos Cursos na
propriamente dita, é cenário onde tudo o que é relevante acontece.
universidade cujas tradições científicas ainda não foram
Nessa posição, nascem duas oportunidades: a de desenvolver uma
reconhecidamente referendadas pelo campo acadêmico. Na
metodologia naquela primeira sala de aula que os transporte de
Gastronomia, percebe-se, estamos aquém desta discussão: não se
alguma forma para a realidade da cozinha; ou, então, a de celebrar a
pode falar na desvirtuação do professor em pesquisador enquanto a
cozinha dentro dessa sala de aula – agora palco inominado -
identidade de docente não for sequer estabelecida.
invadindo-a com insumos, ingredientes e outros elementos que
A herança profissional prévia, nomeadamente no mercado
facilitem a compreensão e a discussão
da restauração, é marcada socialmente pelo seu poder simbólico 1 e
Essa urgência é compreensível: imagine como quase
seu potencial de influenciar modos de ver, de agir e de comer. O
impossível descrever características de textura ou de sabor de um
nome desse legado, nessa primeira década do século XXI, ainda
produto completamente desconhecido pelos discentes. Dessa forma,
suplanta a atividade docente no Ensino Superior como atividade
o apelo e a satisfação sensorial é fundamental para que as
hegemônica de atuação, posto que alça seu sujeito a uma posição
informações compartidas acessem o status de conhecimento. Os
privilegiada no corpo social.
encontros teórico-práticos, portanto, conformam-se como saídas
Malgrado esse efeito de comoção ser possivelmente
metodológicas para descaracterizar essa cisão entre esses mundos do
positivo, não se pode dispensar a necessidade de se afirmar o ofício
conhecimento: a elaboração da ideia e a verificação dela no mundo
de docente profissional a esses atores, de forma a repercutir
real.
diretamente nas traduções curriculares e nos interesses nesse âmbito
Deslocando essas preocupações para o cenário do
de formação. Encarando a missão da docência de forma profissional,
Bacharelado em Gastronomia da Universidade Federal do Ceará,
a reflexão sobre seus encaminhamentos pode evoluir para atingir os
lançam-se algumas questões: qual o alcance da influência docente e
objetivos de um Projeto- Político do curso.
discente na filosofia do Curso? É a docência que, de fato, orienta a
É necessário usar o conhecimento adquirido com a
presença do espírito curricular no cotidiano acadêmico? É o discente,
experiência e o estudo prévio sempre em favor do alcance do ensino.
por outro lado, quem deve interagir para determinar a subsunção do
Ademais, é necessário também reconhecer se saberes profissionais
conhecimento premeditado em conhecimento material? Em que
devem se confundir ou não, no caso concreto, “com os saberes
medida as concepções particulares desses atores sobre essa formação
transmitidos no âmbito da formação universitária” (3).
pode transformar as práticas, ora dispensando ora adequando rumos
A questão do estabelecimento profissional docente da
metodológicos?
Gastronomia é relevante, ainda, para estabelecer ações coletivas para
Esta investigação tem o objetivo de discutir, portanto, as
uma evolução pedagógica de todo o grupo. Necessita-se de uma
repercussões curriculares da manifestação do habitus(1)docente
dimensão “mais complexa à docência” (4), capaz de cativar um
como essa herança de orientações e percepções emaranhadas
compromisso ético com os resultados dessa intervenção.
394
Gastronomia: da tradição à inovação
Na gastronomia, a linguagem da academia age sob a docentes paradigmas oficiais e legítimos, os quais serão incorporados
tradução do científico. Vê-se, então, o mundo da alimentação sob em sua prática de ensino.
diferentes lentes: a do químico, a do educador, a da nutricionista, a A Gastronomia, conceito ainda controverso, busca sua
do cozinheiro, dentre tantas outras. Por intermédio desses olhares autonomia. O que é claro nessa transposição é o fato de que os
docentes diferentes versões de Gastronomia se manifestaram. projetos de formação são dinâmicos e exigem sempre novas
Diferentes interpretações do currículo, diferentes tradições demandas e novas posturas de seus atores: para além de mudanças
formativas, diferentes leituras do objeto Gastronomia passaram pelo curriculares documentais, docentes e discentes transformam-se no
nosso filtro e moldaram nossas inquietações. processo a partir de suas escolhas pedagógicas, reconhecendo-se
A convivência no Instituto de Cultura e Arte – ICA (sede mutuamente como agentes de mudança e de transformação do
e direção de cursos como Música, Filosofia, Comunicação Social, contexto formativo.
Design de Moda, Dança, Teatro, dentre outros) ensinou também que Apesar de todo o apego tecnológico que ronda o universo
ciência também existe na arte e essas novas formas de pensar a da produção na cozinha e que nos nega o potencial de produzir
produção do conhecimento não poderiam ser mais afastadas naquele cientificamente, devemos encarar essas experiências para reafirmar
momento. que todo aquele que come tem o poder e o dever de contribuir para o
Entretanto, uma noção tão clara, pelo menos em outros futuro dessa transposição. Se hoje a gastronomia consegue se
campos já consolidados, ainda não era uma promessa nesse contexto: pronunciar científica é graças a esses tantos percalços que nos
gastronomia como ciência é uma ideia pouco compreensível para a ajudaram a evoluir.
maioria das pessoas. Que objeto é esse tão complexo a ponto de Diante desse panorama, é gratificante perceber a evolução
negar convergências entre os docentes do mesmo curso? conceitual do Curso, passo importante que é traduzido e aperfeiçoado
Cada oportunidade formativa que esses atores dentro dos diferentes contextos curriculares e ainda alimentada por
proporcionaram foram suficientes para construir algo novo: uma vivências extracurriculares. Paulatinamente, essa evolução há de ser
perspectiva nova em alimentação (5). A cada grupo de formandos, incorporada à postura dos discentes, futuros bacharéis em
novos professores gastrônomos se inserem no cenário da docência, gastronomia da UFC, e à dos demais docentes, uma vez atentos a
mas agora com o ímpeto reformado: identificam as falhas de seu esses anseios.
próprio modelo de formação e buscam compatibilizar os saberes de
diferentes tradições em uma linguagem gastronômica. Portanto, REFERÊNCIAS
passam a ser port adores de um conhecimento científico
genuinamente seu e, a partir de então, têm condições mínimas para (1) BOURDIEU, P. O poder simbólico. Tradução de
reafirmarem esse campo. Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil S.A, 1989.
Esse panorama reforça a importância de se estudar a (2) CAMPANI, A.. O currículo universitário na formação
formação do campo gastronômico em Fortaleza, o papel do do professor. In: ALBUQUERQUE, L.B. (Org.). Currículos
bacharelado em gastronomia inserido no seio de uma universidade Contemporâneos. Formação, diversidade e identidades em
pública, bem como alimenta a busca pela compreensão dessa transição. Fortaleza, CE: Editora UFC, 2005. P. 19.
formação do Bacharel em Gastronomia através da experiência e (3) T ARDIF, M. Saberes docentes e formação
perspectiva de se profissional da Educação Superior. profissional. 17 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. P.257.
(4) RAMALHO, B. L.; NUÑEZ, I. B. (Orgs.). Formação,
CO NCLUSÕES representações e saberes docentes. Elementos para se pensar a
profissionalização dos professores. Campinas, SP: Mercado das
As fronteiras da formação discente são definidas pelo Letras, 2014. P. 35.
próprio desenvolvimento da formação docente. A despeito de toda (5) BRANDÃO, B.H.P. Saber gastronômico na
previsão curricular, a tendência é de que determinado modelo de Universidade Federal do Ceará: itinerários curriculares. Fortaleza:
ensino – diante de determinada expectativa de aprendizagem - faça Edições UFC, 2015.
parte da caracterização profissional dos professores. Essas
experiências em sala de aula, provavelmente, criaram para esses
395
Gastronomia: da tradição à inovação
Vanessa Silva 1,3 , Themis Silva 1,2 , Jorge Diego 1,3 , Victor Pessoa 1,2 Alessandra Silveira 1,4
396
Gastronomia: da tradição à inovação
Planejamento escrito do projeto, com prazos e datas a serem catalizador inclusivo de cunho relacional e coletivo. Afinal, cozinha-
cumpridas; Domínio do conteúdo (contexto histórico cultural); se para o outro e muitas vezes com outros.
Organização do projeto (divisão de tarefas); Plano de ação Observando os alunos ao passar pelos semestres, percebe-
contemplando (Pendente, Não foi iniciada, Em andamento, se os diferentes formatos de desenvolvimentos. Por exemplo, no
Finalizada); As Fichas T écnicas do produto; Check list individual da primeiro semestre observa-se mais claramente o efeito inclusivo e
atividade de cada aluno; Descrição das regras de higiene e relacional com mudanças de comportamento significativas dentro de
manipulação de alimentos e organização do ambiente, valendo 2,0 sala de aula. Já no quarto semestre o que mais sobressai é a
pontos. Os crité rios de avaliação do evento em si foram: capacidade que os alunos assumem de “dar-se conta” de que podem,
Apresentação dos produtos (criatividade, aparência e inovação): Até de que têm condições de praticar/experimentar todo o escopo de
2 PONTOS; Postura e desenvoltura dos profissionais participantes: aprendizado ao longo do curso e a estimulante possibilidade de
Até 1 PONT O; Domínio do conteúdo (contexto histórico cultural: exercerem o empreendedorismo. Freud chama este fenômeno de
Até 1 PONT O; Sabores: Até 1PONTO; Objetivos de estudo (se pulsão gregária, inerente ao homem como é a pulsão de
foram claramente atingido): Até 1 ponto; Técnicas (se as utilizadas autopreservação, constituída pela ideia de que em um o sujeito sente-
foram as corretas): Até 1 ponto; Higiene e manipulação de alimentos se mais forte, mais amado. A proposição freudiana é a de que “o
e organização do ambiente: Até 1 ponto; totalizando 8,0 pontos. Os sentimento social se baseia na inversão daquilo que a princípio
critérios de avaliação individual do aluno na participação no constituiu um sentimento hostil em uma ligação de tonalidade
projeto foram (até 10 pontos): Avaliação foi feita pelo professor de positiva da natureza de uma identificação”. O grupo PODE, o grupo
cada da unidade curricular, e, se referiu ao nível de participação de FAZ, o grupo É. Os docentes do Curso Superior de Tecnologia em
cada aluno no decorrer do semestre. A nota de participação do aluno Gastronomia tiveram que acompanhar e verificar o desenvolvimento
foi relacionada ao planejamento, execução e controle de todo o das capacidades previstas no perfil do egresso do curso. T al ação
projeto, ao longo do semestre, sendo de responsabilidade do promoveu melhor interação entre alunos e professores,
professor o acompanhamento integral a fim de mensurar na íntegra a desenvolvendo também respeito mútuo no que se refere aos valores e
participação de cada aluno, totalizando 10,0 pontos. A nota final de aos princípios éticos profissionais e pessoais.
cada aluno constou da soma das notas do projeto escrito e da
atividade prática, dividida por 2. A média dessas duas atividades foi CO NCLUSÕES
somada a nota individual e novamente foi feito uma média cujo A apresentação dos projetos interdisciplinares, traz
resultado representou a nota do aluno. benefícios para todos os envolvidos no processo, assim como para o
próprio processo, pois docentes e discentes desenvolvem
RESULTADO S E DISCUSSÕES competências profissionais, mobilizando conhecimentos, habilidades
e atitudes durante o desenvolvimento dos projetos.
O projeto Interdisciplinar do curso superior de Tecnologia A interdisciplinaridade é praticada tanto pelo o corpo
em Gastronomia da Faculdade de T ecnologia Intensiva – FATECI, discente, quanto pelo docente. Os professores participam como
desde o princípio foi aplicado para todos os 200 alunos das oito orientadores e não como fonte única de informação, e a orientação
turmas que compõe os quatro semestres do curso. O quantitativo de pode ser inclusive de um assunto não dominado, já que ela é
alunos se repete a cada semestre, ou seja, o número de ingressante é conjunta.
em média o mesmo que o número dos concludentes em todos os Os alunos da FATECI formados at ravés da aplicação do
semestres. Os projetos interdisciplinares, contribuem para que o projeto interdisciplinar: “Comida de Rua” atendem ao perfil do
aluno ao praticar suas atividades, façam a interligação dos assuntos egresso definido em Catálogo Nacional de Cursos Tecnológicos para
desenvolvidos individualmente pelas unidades curriculares. O projeto o Curso Superior de T ecnologia em Gastronomia.
denominado: Comida de Rua atendeu ao perfil do egresso definido Os alunos e professores, através das ações de
no Catálogo Nacional de Cursos T ecnológicos (CNCT), no que se desenvolvimento dos projetos interdisciplinares, desenvolvem além
refere ao conhecimento sobre conceber, planejar, gerenciar e das competências profissionais, as competências sociais, pois é nítido
operacionalizar produções culinárias, atuando nas diferentes fases o crescimento e compartilhamento de experiências profissionais e
dos serviços de alimentação. Dessa forma, o trabalho realizado pelo pessoais.
corpo acadêmico da FATECI vem ao encontro a que preconiza o
SENAI (7), pois o trabalho pedagógico com foco no REFERÊNCIAS
desenvolvimento de Projetos Interdisciplinares reorganiza
significativamente os processos de ensino e de aprendizagem,
quebrando, definitivamente a rigidez do currículo organizado por 1. BRASIL. Portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002.
disciplinas, no qual os “conteúdos” são, muitas vezes, organizados de Aprova a Classificação Brasileira de Ocupações-CBO/2002, para uso
forma fragmentada. O desenvolvimento dos projetos em todo território nacional e autoriza a sua publicação. Diário Oficial
interdisciplinares pelo corpo acadêmico da FATECI também vem ao [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 out. 2002.
encontro ao proposto por Silvana Furtado (8) quando afirma que no Seção 1, n. 197, p. 74.
processo educativo devem-se considerar e problematizar as práticas 2. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Institui
da nossa sociedade e o real vivido pelos alunos, as situações e as diretrizes curriculares nacionais gerais para a organização e o
relações de trabalho, desde a mais material, no nível da ação funcionamento dos cursos superiores de tecnologia. Resolução n. 3,
produtiva, até a dimensão mais humana, visando a superação dos de 18 de dezembro de 2002. Diário Oficial [da] República
obstáculos e consequente a transformação. Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 2002. Seção 1, n.247,
Outro efeito observado é o aspecto inclusivo p.162.
proporcionado pelo projeto. A capacidade de “incluir” aqueles 3. PERRENOUD, P. Construir as competências desde a
sujeitos (alunos) que ocupam um lugar de “excluídos” do grande escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
grupo é notória. Com o projeto, esses alunos que normalmente são 4. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes
mais isolados, mais calados, menos socializados têm a oportunidade necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
de se integrarem, de contribuírem ativamente do desenvolvimento 5. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
dos trabalhos, alcançando assim aquilo que chamamos de maioridade INDUST RIAL. Departamento Nacional. Metodologia SENAI de
intelectual (a condição de visão de conjunto, do todo) dentro da Educação Profissional. Brasília. 2013.220 p.
proposta pedagógica, seja pela participação ativa ou pela própria 6. VYGOT SKY, Liev S. A formação social da mente. São
competência. Paulo: Martins Fontes, 2007.
Freud (9), já observara este fenômeno na psicologia do 7. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
grupo onde o sujeito estaria, sob a influência do grupo, sujeito às INDUST RIAL. Departamento Nacional. Projetos Integradores.
alterações consideráveis em sua atividade mental. Para Freud, a Brasília: SENAI DN, 2015. 64 p.
característica de sugestionabilidade que um indivíduo experimenta ao 8. FURTADO, Silvana Melo. Formação em
participar/incluir-se em um grupo é na realidade um fenômeno gastronomia: aprendizagem e ensino. São Paulo: Boccato,
irredutível e primitivo, “um fato fundamental na vida mental do 2011.211p.
homem”. Pois que tal fato seja utilizado como recurso pedagógico 9. FREUD, S. Psicologia de grupo e a análise do ego. In:
somado à ideia de que a Gastronomia, por ser um campo Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de
eminentemente prático/empírico, necessita desse tipo de agente Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1986. Pág. 89-179.
397
Gastronomia: da tradição à inovação
1.Tecnólogo em Gastronomia. Pós-Graduando em Vig ilância San itária e Segurança Alimentar. Universidade Mauricio
de Nassau (UNINASSAU). wagnervr@yahoo.com.br
2 .Tecnóloga em Gastronomia. Pós-Graduanda em Vigilância San itária e Segurança Alimentar. Universidade Mauricio
398
Gastronomia: da tradição à inovação
A segunda categoria está relacionada as percepções acerca do Miyazaki, (2006, p.99).(1) quando afirma que “ a Gastronomia, como
processo formativo. Os egressos destacaram como pontos fortes: a curso superior, carrega a influência do modelo de universidade
troca de conhecimentos e a possibilidade de crescimento ou napoleônica da profissionalização”.
desenvolvimento na área. Destacaram que a habilidade técnica do
professor é um fator preponderante no processo de ensino e
Em segundo lugar, embora “identifica-se o esforço do
aprendizagem, especialmente por se tratar de um curso tecnológico.
corpo docente em repensar a proposta pedagógica do curso
Importante destacar o que as autoras Rubim e Rejowski (2013, p.
170) (7) apresentam sobre essa questão: coletivamente, buscando maior integração entre teoria e prática”
(MIYAZAKI, 2006, p.100) percebemos que algumas instituições
ainda deixam a desejar por não estarem totalmente preparadas para a
Sendo assim, pode-se afirmar que os cursos constituição de uma formação superior na área.
de graduação em tecnologia são cursos regulares de
educação superior, com foco no domínio e na aplicação Por fim, por compreender que a construção acadêmica na
de conhecimentos científicos e tecnológicos em áreas área de Gastronomia ainda é recente e que ainda é frágil a formação
específicas de conhecimento relacionado a uma ou mais de professores acreditamos que há uma necessidade do
áreas profissionais. São cursos de curta duração, que desenvolvimento de pesquisas sobre essas questões, como bem
visam formar profissionais para atender a campos identificou os diversos pesquisadores, pois é necessário pensarmos
específicos do mercado de trabalho. O profissional em outras questões voltadas para essa formação para além de uma
formado recebe a denominação de Tecnólogo e pode formação eminentemente técnica.
dar continuidade ao ensino, cursando a pós-graduação
Stricto Sensu e Lato Sensu, como todos os outros cursos
de graduação. REFERÊNCIAS
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Gastronomia: da tradição à inovação
Alessandra Silveira 1,4 , Vanessa Silva 1,3 , Themis Silva 1,2 , Victor Pessoa 1,2 Jorge Diego 1,3
400
Gastronomia: da tradição à inovação
cumpridas; Domínio do conteúdo (contexto histórico cultural); Observando os alunos ao passar pelos semestres, percebe-
Organização do projeto (divisão de tarefas); Plano de ação se os diferentes formatos de desenvolvimentos. Por exemplo, no
contemplando (Pendente, Não foi iniciada, Em andamento, primeiro semestre observa-se mais claramente o efeito inclusivo e
Finalizada); As Fichas Técnicas do produto; Check list individual da relacional com mudanças de comportamento significativas dentro de
atividade de cada aluno; Descrição das regras de higiene e sala de aula. Já no quarto semestre o que mais sobressai é a
manipulação de alimentos e organização do ambiente, valendo 4,0 capacidade que os alunos assumem de “dar-se conta” de que podem,
pontos. Os critérios de avaliação do evento em si foram: de que têm condições de praticar/experimentar todo o escopo de
Apresentação dos produtos (criatividade, aparência e inovação): Até aprendizado ao longo do curso e a estimulante possibilidade de
1,5 PONT OS; Serviço: Até 1,5 PONTO; Sabores: Até 1,5 PONTO; exercerem o empreendedorismo. Freud chama este fenômeno de
Ambientação: Até 1,5 PONTO; totalizando 6,0 pontos. Os critérios pulsão gregária, inerente ao homem como é a pulsão de
de avaliação individual do aluno na participação no projeto autopreservação, constituída pela ideia de que em um o sujeito sente-
foram (até 10 pontos): Avaliação foi feita pelo professor de cada da se mais forte, mais amado. A proposição freudiana é a de que “o
unidade curricular, e, se referiu ao nível de participação de cada sentimento social se baseia na inversão daquilo que a princípio
aluno no decorrer do semestre. A nota de participação do aluno foi constituiu um sentimento hostil em uma ligação de tonalidade
relacionada ao planejamento, execução e controle de todo o projeto, positiva da natureza de uma identificação”. O grupo PODE, o grupo
ao longo do semestre, sendo de responsabilidade do professor o FAZ, o grupo É. Os docentes do Curso Superior de Tecnologia em
acompanhamento integral a fim de mensurar na íntegra a Gastronomia tiveram que acompanhar e verificar o desenvolvimento
participação de cada aluno, totalizando 10,0 pontos. A nota final de das capacidades previstas no perfil do egresso do curso. Tal ação
cada aluno constou da soma das notas do projeto escrito e da promoveu melhor interação entre alunos e professores,
atividade prática (evento: O banquete), dividida por 2. A média desenvolvendo também respeito mútuo no que se refere aos valores e
dessas duas atividades foi somada a nota individual e novamente foi aos princípios éticos profissionais e pessoais.
feito uma média cujo resultado representou a nota do aluno.
CO NCLUSÕES
RESULTADO S E DISCUSSÕES
A apresentação dos projetos interdisciplinares, traz
O projeto Interdisciplinar do curso superior de Tecnologia benefícios para todos os envolvidos no processo, assim como para o
em Gastronomia da Faculdade de T ecnologia Intensiva – FATECI, próprio processo, pois docentes e discentes desenvolvem
desde o princípio foi aplicado para todos os 200 alunos das oito competências profissionais, mobilizando conhecimentos, habilidades
turmas que compõe os quatro semestres do curso. O quantitativo de e atitudes durante o desenvolvimento dos projetos.
alunos se repete a cada semestre, ou seja, o número de ingressante é A interdisciplinaridade é praticada tanto pelo o corpo
em média o mesmo que o número dos concludentes em todos os discente, quanto pelo docente. Os professores participam como
semestres. Os projetos interdisciplinares, contribuem para que o orientadores e não como fonte única de informação, e a orientação
aluno ao praticar suas atividades, façam a interligação dos assuntos pode ser inclusive de um assunto não dominado, já que ela é
desenvolvidos individualmente pelas unidades curriculares. O projeto conjunta.
denominado: O Banquete atendeu ao perfil do egresso definido no Os alunos da FATECI formados através da aplicação do
Catálogo Nacional de Cursos Tecnológicos (CNCT), no que se refere projeto interdisciplinar: “O Banquete” atendem ao perfil do egresso
ao conhecimento sobre conceber, planejar, gerenciar e definido em Catálogo Nacional de Cursos T ecnológicos para o Curso
operacionalizar produções culinárias, atuando nas diferentes fases Superior de T ecnologia em Gastronomia.
dos serviços de alimentação. Dessa forma, o trabalho realizado pelo Os alunos e professores, através das ações de
corpo acadêmico da FATECI vem ao encontro a que p reconiza desenvolvimento dos projetos interdisciplinares, desenvolvem além
SENAI (7), pois o trabalho pedagógico com foco no das competências profissionais, as competências sociais, pois é nítido
desenvolvimento de Projetos Interdisciplinares reorganiza o crescimento e compartilhamento de experiências profissionais e
significativamente os processos de ensino e de aprendizagem, pessoais.
quebrando, definitivamente a rigidez do currículo organizado por REFERÊNCIAS
disciplinas, no qual os “conteúdos” são, muitas vezes, organizados de
1. BRASIL. Portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002.
forma fragmentada. O desenvolvimento dos projetos
Aprova a Classificação Brasileira de Ocupações-CBO/2002, para uso
interdisciplinares pelo corpo acadêmico da FATECI vem ao encontro
em todo território nacional e autoriza a sua publicação. Diário Oficial
ao proposto por Silvana Furtado (8) quando afirma que no processo
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 out. 2002.
educativo devem-se considerar e problematizar as práticas da nossa
Seção 1, n. 197, p. 74.
sociedade e o real vivido pelos alunos, as situações e relações de
2. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Institui
trabalho, desde a mais material, no nível da ação produtiva, até a
as diretrizes curriculares nacionais gerais para a organização e o
dimensão mais humana, visando a superação dos obstáculos e
funcionamento dos cursos superiores de tecnologia. Resolução n. 3,
consequente a transformação.
de 18 de dezembro de 2002. Diário Oficial [da] República
Outro efeito observado é o aspecto inclusivo
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 2002. Seção 1, n.247,
proporcionado pelo projeto. A capacidade de “incluir” aqueles
p.162.
sujeitos (alunos) que ocupam um lugar de “excluídos” do grande
3. PERRENOUD, P. Construir as competências desde a
grupo é notória. Com o projeto, esses alunos que normalmente são
escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
mais isolados, mais calados, menos socializados têm a oportunidade
4. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes
de se integrarem, de contribuírem ativamente do desenvolvimento
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
dos trabalhos, alcançando assim aquilo que chamamos de maioridade
5. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
intelectual (a condição de visão de conjunto, do todo) dentro da
INDUST RIAL. Departamento Nacional. Metodologia SENAI de
proposta pedagógica, seja pela participação ativa ou pela própria
Educação Profissional. Brasília. 2013.220 p.
competência.
6. VYGOT SKY, Liev S. A formação social da mente. São
Freud (9), já observara este fenômeno na psicologia do
Paulo: Martins Fontes, 2007.
grupo onde o sujeito estaria, sob a influência do grupo, sujeito às
7. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
alterações consideráveis em sua atividade mental. Para Freud, a
INDUST RIAL. Departamento Nacional. Projetos Integradores.
característica de sugestionabilidade que um indivíduo experimenta ao
Brasília: SENAI DN, 2015. 64 p.
participar/incluir-se em um grupo é na realidade um fenômeno
8. FURTADO, Silvana Melo. Formação em
irredutível e primitivo, “um fato fundamental na vida mental do
gastronomia: aprendizagem e ensino. São Paulo: Boccato,
homem”. Pois que tal fato seja utilizado como recurso pedagógico
2011.211p.
somado à ideia de que a Gastronomia, por ser um campo
9. FREUD, S. Psicologia de grupo e a análise do ego. In:
eminentemente prático/empírico, necessita desse tipo de agente
Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de
catalizador inclusivo de cunho relacional e coletivo. Afinal, cozinha-
Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1986. Pág. 89-179.
se para o outro e muitas vezes com outros.
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
Durante o diagnóstico, todos os alimentos apresentados concreta as ações, permite um aprendizado mais eficiente e prazeroso,
foram identificados pelo grupo, observando um interesse, pelos conforme descrito por Fagioli e Nasser (15).
alimentos com maior carga calórica como batata frita, refrigerante,
sorvete e hambúrguer. Observou-se que o desejo de comer alimentos
extremamente calóricos e ricos em gorduras e açúcares pela maioria
dos adolescentes com SD coincidiu com o biotipo da maioria deles:
sobrepeso ou obesidade.
Giaretta e Ghiorzi (7), afirmam que as pessoas com SD
possuem autonomia e independência relativas para escolher sua
alimentação, com base em valores e crenças transmitidos pela família. CO NCLUSÃO
Os alimentos que mais “adorados” foram sorvete, batata Através dessa experiência pode-se verificar que a
frita, pizza, refrigerante, frango assado, hambúrguer, banana e maçã, e intervenção educativa na alimentação saudável para pessoas com SD,
os alimentos mais “detestados” foram chuchu, couve-flor, alface, indica ser uma estratégia adequada para promoção de saúde e
espinafre, vagem, feijão, melão, mamão e abacate. Através desse mudanças nos hábitos alimentares das mesmas. Embora realizadas em
parâmetro, verificou-se a preferência por alimentos industrializados curto tempo, a intervenção demonstrou uma evolução positiva do
com alto teor de sódio e/ou açúcar e uma menor preferência por frutas conhecimento sobre alimentação saudável desses adolescentes.
e verduras. Essas intervenções, portanto, devem ir muito além de
De forma geral, as pessoas com SD tendem a se alimentar apenas promover conhecimentos nutricionais aos adolescentes,
da mesma forma que pessoas sem esta síndrome, apresentando devendo também, envolver famílias, comunidades e escolas, além de
características comuns como a de comer alimentos que beneficiam o um sistema de saúde que priorize a prevenção de doenças, de forma
sobrepeso e a obesidade, especificamente os calóricos e ricos em continuada.
gorduras e açúcares, destacando a ausência de uma adequada Para que um adolescente com SD tenha uma vida melhor, é
orientação nutricional para o desenvolvimento de hábitos alimentares necessário um apoio educativo, no sentido de um trabalho integrado
saudáveis (7). entre a família, o nutricionista e a equipe interdisciplinar.
Experiências precoces e interação contínua com o alimento
influenciam nas preferências alimentares, hábitos e atitudes exibidas REFERÊNCIAS
pelas pessoas (11). Sabe-se que, quanto mais precoce for adotado um 1. Silva, B.K.L.N. Inclusão escolar de uma criança com síndrome de
estilo de vida saudável, menor será o risco de doenças crônicas não Down. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
transmissíveis no futuro. No estudo de Luft e Mello (12), a pessoa (EDUCERE), 4, 26 a 29 out. 2009, Paraná. Anais eletrônicos do
com SD deve ter uma alimentação saudável, similar à de outras Congresso EDUCERE. Paraná: PUC, 2009, p. 10576-10588.
pessoas, porém com adaptações às suas condições clínicas. 2. Moreira, G.C; Raimundo, D.F.; Oliveira, C.G.; Neto, M.P.
Durante a construção do prato, observou-se a preferência Avaliação do estado nutricional de crianças com sindrome de
por batata frita ao invés de batata assada, refrigerante ao invés de suco down da apae/e. E Walter Vasconcelos de crianças especiais do
e uma preferência maior de sorvete para a sobremesa. A minoria dos municipio de muriaé/ MG. Revista cientifica da Faminas. 3(1):
adolescentes se serviu de pelo menos uma hortaliça para compor seu 29, 2007
prato. 3. Singh, H.R.; Pettersen, M.D. Atrioventricular septal defect with
No ato de comer, as pessoas com SD manifestam de forma common atrioventricular junction, common arterial trunk, and
clara seus desejos, pensamentos e vontades alimentares. Apesar de severe coarctation of the aorta in a patient with Down’s
saberem que não podem comer esse tipo de alimento, por estarem com syndrome. Cardiol Young. 17(2):226-8, 2007.
sobrepeso ou obesidade, geralmente, os consomem (7). 4. Jaiyesumi, O.; Baichoo, V. Cardiovascular malformations in
Durante o jogo de perguntas e respostas, os adolescentes Omani Arab children with Down’s Syndrome. Cardiol Young.
demonstraram bastante interesse e tinham muitas dúvidas durante a 17(2):166-71, 2007.
atividade. Em outra atividade, as frutas no geral foram bem 5. Cooley, W.C.; Graham, J.M. Down Syndrome: An update and
reconhecidas e bem aceitas pela maioria, com exceção do kiwi, que review for the primary pediatrician. Clin Pediat. 30: 233-53,
foi a fruta menos conhecida, observando um preconceito da parte 1991.
visual que pode influenciar no ato de se alimentar. 6. Fundação síndrome de down. a saúde da criança com síndrome de
Uma abordagem educativa convencional, fundamentada down, problemas de tireoide. Campinas (SP): FSDOWN; 2009.
apenas na transmissão de informações é, em geral, insuficiente para 7. Giaretta, A.; Ghiorzi, A.R. O ato de comer e as pessoas com
motivar mudanças mais significativas das práticas de saúde. Para Síndrome de Down. Rev. Bras. Enferm. Brasília. 62(3), 480-484,
mudanças dos hábitos alimentares é preciso ampliar a disseminação de 2009.
informações, aumentar a consciência e motivação do público alvo, 8. Mustacchi, Z. Curvas Padrão Pôndero Estatural de Portadores de
bem como definir plano de ações educativas para promoção da saúde Síndrome de Down Procedentes da Região Urbana da Cidade de
(9). São Paulo [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo,
O contexto desafiador da educação nutricional exige o Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Departamento de Análises
desenvolvimento de abordagens educativas que permitam abraçar os Clínicas e T oxicologia; 2002. 191 p.
problemas alimentares em sua complexidade, tanto na dimensão 9. Contento, I.R. Nutrition education: linking research, theory, and
biológica como na social e cultural (13). practice. Jones & Bartlett Learning. 2007.
Durante a avaliação da atividade, observou-se uma 10. Philippi, S.T . Alimentação saudável e a pirâmide dos alimentos.
mudança positiva sobre as preferências alimentares, conferindo Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. Barueri
autonomia nas escolhas dos alimentos importantes para o -São Paulo: Manole (Guia de nutrição e alimentação). Cap. 1,
desenvolvimento físico e mental desses adolescentes. pag. 1-20, 2008.
Conforme Boog (13) há uma percepção de que é preciso 11. Rossi, A., Moreira, E.A.M.; Rauren, M.S. Determinantes do
reeducar para tornar a alimentação mais saudável. Isso é uma comportamento alimentar: uma revisão com enfoque na família.
oportunidade de melhorar a qualidade de vida, colocando em prática Rev Nutr. 21(6):739-48,2008.
“alguns conhecimentos gerados pela ciência da nutrição, devidamente 12. Luft, V.C.; Mello, E.D. Sindrome de down: Supervisão, aspectos
trabalhados por quem sabe que o fenômeno da alimentação não é e manejo nutricional. Revista Nutrição em Pauta. 14 (78): 19-23,
apenas biológico”. 2006.
Confirmando estes resultados, Faria et al. (14) relataram o 13. Boog, M.C.F. Educação nutricional: por que e para quê? Jornal da
impacto da intervenção nutricional desenvolvida na APAE de Viçosa- Unicamp. Universidade Estadual de Campinas. 2004.
MG, destacando que, em grande parte da população atendida, houve 14. Faria, E.R.; Marinho, M.S.; Abranches, M.V.; Fonseca, L.A.;
melhora nos hábitos alimentares através das orientações nutricionais Priore, S.E. Evolução e Impacto da Intervenção Nutricional em
aplicadas. Portadores de Necessidades Especiais Assistidos pela APAE de
Neste contexto, evidencia-se que as atividades Viçosa, MG. 2004.
desenvolvidas no decorrer da intervenção educativa e atividades 15. Fagioli, D.; Nasser, L.A. Educação nutricional na infância e na
lúdicas, proporcionaram aos adolescentes com SD um avanço no adolescência: planejamento, intervenção, avaliação e dinâmica.
conhecimento sobre nutrição e alimentação, podendo-se concluir que Educação nutricional na infância e na adolescência: planejamento,
uma intervenção educativa, ao contextualizar de forma lúdica e intervenção, avaliação e dinâmica. RCN, 2006.
403
Gastronomia: da tradição à inovação
404
Gastronomia: da tradição à inovação
nem sempre oferecem disciplinas que dêem suporte para todas essas 1º §2º do Decreto Presidencial nº 6.096, de 24 de abril de 2007.
áreas, como é o caso da docência, por exemplo. (4,5) Brasília, 2007
4. SOUZA, Jacqueline; KANTORSKI, Luciane Prado;
CONCLUSÕES LUIS, Margarita Antonia Villar. Análise documental e observação
participante na pesquisa em saúde mental. Revista Baiana de
Esse trabalho tentou problematizar com as informações da Enfermagem, Salvador, v. 25, n. 2, p. 221-228, maio/ago. 2011.
matriz curricular, as descrição do perfil do egresso e as habilidades e Disponível em <
competências descritas. Observamos que o perfil principal que se http://www.portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/viewArt
deixa claro no projeto é de egressos aptos na área de gestão de icle/5252> Acesso em: 03 de jul. 2014.4. PROJET O POLÍTICO
negócios (consultoria, por exemplo), ainda que outras áreas sejam PEDAGÓGICO - Curso Superior em Gastronomia: Bacharelado
abordadas em diferentes disciplinas. Projeto Pedagógico. Consolidado em 2008. 144 p.
A ênfase dada nessa pesquisa à organização da grade 5. PROJET O POLÍTICO PEDAGÓGICO - Curso
curricular nessa discussão sobre a formação do gastrônomo tem por Superior em Gastronomia: Bacharelado Projeto Pedagógico com
objetivo superar a ideia de que o talento natural é fator determinante novas ementas. Consolidado em 2008. 132 p.
para a ação deste profissional (9). Além disso, é importante superar a 6. MENEZES, M. C. P. A formação de aluno (as) num curso superior
ideia de que o gastrônomo só pode ocupar o lugar de cozinheiro, de Gastronomia: aprendizagem, cultura e cidadania. Programa de
sendo o posto de chef de cozinha o lugar mais almejado. A Pós-Graduação (Mestrado) em Educação. Universidade Nove de
valorização da formação em gastronomia, especialmente dos cursos Julho, São Paulo. 210p. 2005.
em nível de graduação, é importante para que novas áreas de atuação
do gastrônomo sejam vislumbradas, como a área de pesquisa e 7. RUBIM, R. E.; REJOWSKI, M. (2013). O ensino superior da
docência, entre outras. gastronomia no Brasil: análise da regulamentação, da distribuição e
do perfil geral da formação (2010-2012). In: Revista T urismo Visão
REFERÊNCIAS e Ação, v.15, n. 2, 2013. p. 166-184.
1. SENAC SP. Senac São Paulo. Disponível em:
<http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?newsID=a718> Acesso em 8. TOMIMAT SU, C. E.; FURTADO, S. M. (orgs). Formação em
30 de março, 2016. gastronomia – aprendizagem e ensino. Boccato: São Paulo, 2011,
p.49-71.
2. BRASIL; MEC. LDB No 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 1996. 9. BRANDÃO, B. P. A emergência do saber
3. BRASIL; MEC. Reestruturação e Expansão das gastronômico na academia: a experiência do bacharelado em
Universidades Públicas Federais – REUNI. Diretrizes Gerais. gastronomia da universidade federal do Ceará. Dissertação de
Documento Elaborado pelo Grupo Assessor nomeado pela Portaria mestrado. Fortaleza. 2014.
nº 552 SESu/MEC, de 25 de junho de 2007, em complemento ao art.
405
Gastronomia: da tradição à inovação
2 P rofessor orientador do Curso Tecnológico em Gastronomia da Universidade Estadual de Goiás – Campus Pirenópolis, rodrigo.cotrim@ueg.br
406
Gastronomia: da tradição à inovação
braseados – EXEMPLO: O saucier estará logo presente para fazer o Conforme demonstramos, as fichas terminológicas foram
molho madeira – REMISSIVA: molho, braseado, salteado – instrumentos utilizados para a elaboração de entradas. Essas entradas
T RADUÇÃO: chefe dos molhos – CAMPO SEMÂNTICO: brigada foram desenvolvidas a partir de critérios lexicográficos, bem como a
gastronômica. sua sistematização se deu por campos semânticos tais quais, sua
GARDE MANGER (FRA): SUBST ANTIVO definição, categoria gramatical, contexto, variantes, gênero, entre
MASCULINO 1) Cozinheiro responsável pela elaboração de pratos, outras já citadas.
molhos e saladas frias, marinadas, limpeza de carnes, peixes, aves, Para a realização da presente pesquisa, nos deparamos
crustáceos, queijos e lacticínios em geral, defumação, entre outras com o seguinte questionamento: como fazer um levantamento
funções – EXEMPLO: O garde manger este mês sabe principalmente lexical, visando à criação de um dicionário, a partir de termos
de defumação – REMISSIVA: despensa – T RADUÇÃO: despensa – emprestados do inglês e do francês, com enfoque para acadêmicos e
CAMPO SEMÂNTICO: brigada gastronômica. profissionais da área da gastronomia?
RÕT ISSEUR (FRA): SUBST ANTIVO MASCULINO 1)
Cozinheiro responsável pela elaboração de pratos grelhados e CO NCLUSÃO
preparo de carnes, aves e peixes – EXEMPLO: O rõtisseur fará todos
os hambúrgueres da festa. REMISSIVA: hambúrguer – Como já citado, a presente pesquisa é baseada no estudo
T RADUÇÃO: Churrasqueiro – CAMPO SEMÂNTICO: brigada terminológico e terminográfico dos termos estrangeiros e de
gastronômica. empréstimos do inglês e do francês, relacionados às diferentes áreas
BOWL (ING): SUBST ANTIVO MASCULINO 1) Bacia da gastronomia e de suas subáreas, com o enfoque na elaboração de
de aço inoxidável – EXEMPLO: No bowl, coloque sal, farinha e um dicionário. Pretendemos, assim, sistematizar um conjunto lexical
fermento – REMISSIVA: recipiente, bacia – T RADUÇÃO: tijela, com duzentos termos, dentre os cinquenta verbetes já elaborados, a
bacia – CAMPO SEMÂNT ICO: utensílio culinário. fim de compor as “entradas” do dicionário.
FAST -FOOD (ING): SUBST ANTIVO MASCULINO 1)
Gênero de comida prepara e servida com rapidez. 2) Lanchonete – REFERÊNCIAS
EXEMPLO: No fast-food Mc Donald’s você só tem uma opção de
comida: a que mata. REMISSI VA: lanchonete – T RADUÇÃO: FAULST ICH, E. Glossário de termos empregados nos
“comida rápida” – CAMPO SEMÂNTICO: 1) gênero alimentar; 2) estudos da Terminologia, da Lexicologia. Brasília: Centro
tipo de serviço. Lexterm/UnB, 2011.
SERF-SERVICE (ING): SUBST ANTIVO MASCULINO ALÍCIA & ELBULLITALLER. Léxico científico-
1) T ipo de serviço oferecido por restaurantes onde você mesmo se gastronômico: as chaves para entender a cozinha de hoje. Editora
serve a comida presente – EXEMPLO: Neste self-service tem muita SENAC São Paulo, 2008.
opção de comida – REMISSI VA: restaurante, a la carte – CAMPO
SEMÂNT ICO: tipo de serviço.
407
Gastronomia: da tradição à inovação
Victor Pessoa 1,2 , Themis Silva 1,2 , Vanessa Silva 1,3 , Jorge Diego 1,3 Alessandra Silveira 1,4
INTRO DUÇÃO exercício desta carreira. O professor neste caso precisa da participação
do aluno em todas as etapas do desenvolvimento do estudo e, deve
O Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia, consta do Catálogo utilizar as experiências destes como forma de participação a fim de
Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, na área de funcionar como facilitador do processo do conhecimento.
Hospitalidade e Lazer e tem dois registros no Código Brasileiro de O pensamento transdisciplinar é uma forma de libertação
Ocupação (1), a saber: 2.711-05 – Chefe de Cozinha e 2711-10 – (4), e pode-se afirmar que um curso tecnológico por essência se pauta
T ecnólogo em Gastronomia. em saber agir holisticamente desde seu princípio e que necessita que
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais (2) que existem para a as informações se correlacionem. Faz-se necessária a utilização dos
organização e o funcionamento dos cursos superiores de tecnologia, conceitos pedagógicos para à luz dos mesmos, conseguir clarear a
tem-se que: visão do corpo docente envolvido. O ensino tradicional propõe o
estudo de maneira exatamente contrária ao interdisciplinar, já que as
Art. 6º - A organização curricular dos disciplinas são estudadas de forma individual e solta. O estudo
cursos superiores de tecnologia deverá interdisciplinar vem para resignificar as metodologias de
contemplar o desenvolvimento de competências aprendizagem. A aprendizagem neste caso é desenvolvida toda com a
profissionais (grifo nosso) e será formulada em participação ativa do corpo discente, onde ele assume
consonância com o perfil profissional de conclusão responsabilidades para o desenvolvimento de seu próprio aprendizado
de curso, o qual define a identidade do mesmo e contribuindo em todas as etapas necessárias, enquanto que o professor
caracteriza o compromisso ético da instituição com deixa de ser o ator principal para ser o coadjuvante facilitador do
os seus alunos e a sociedade. processo.
§ 1º - A organização curricular Acreditando no exposto, o caminho da troca da
compreenderá as competências profissionais apresentação do Trabalho de Conclusão do Curso (T CC) para o
te cnológicas, gerais e específicas (grifo nosso), desenvolvimento dos Projetos Interdisciplinares no curso superior de
incluindo os fundamentos científicos e humanísticos Tecnologia em Gastronomia da Faculdade de T ecnologia Intensiva
necessários ao desempenho profissional do graduado (FATECI), tornou-se inevitável. A análise e a escolha pelo Projeto
em tecnologia. Interdisciplinar não devem eliminar a importância das pesquisas
(...) cientificas ou artigos acadêmicos, porém para o desenvolvimento das
Art. 7º - Entende -se por competência competências e habilidades previst as no perfil do egresso deste curso,
profissional a capacidade pessoal de mobilizar, a aplicação desta metodologia, apresenta-se como ferramenta mais
articular e colocar em ação conhecimentos, eficiente e eficaz.
habilidades, atitudes e valores necessários para o A mudança da metodologia de apresentação de Trabalho de
desempenho eficiente e eficaz de atividades Conclusão do Curso (T CC) para o desenvolvimento dos Projetos
re queridas pela natureza do trabalho e pelo Interdisciplinares no curso superior de Tecnologia em Gastronomia da
de senvolvimento tecnológico (grifo nosso). FAT ECI, deu-se a partir do segundo semestre do ano de 2013. Os
projetos desenvolvidos foram: A Feira de Comida de Rua, que
abordou três temas diferentes: Feira das nações, no segundo semestre
de 2013; Brasil e suas regiões, no primeiro semestre de 2014;
Pode-se dizer que os cursos superiores de tecnologia em Valorizando a sustentabilidade, no segundo semestre de 2014. A Feira
Gastronomia têm por essência características relacionadas à prática e a de Comida de Rua atendeu ao perfil do egresso definido no Catálogo
interdisciplinaridade. Para estudar alimentação, o aluno, necessita Nacional de Cursos Tecnológicos (CNCT) no que se referia ao
desenvolver e apresentar competências de áreas relacionadas a conhecimento dos aspectos culturais, econômicos e sociais,
ciências humanas e sociais de forma abrangente. Fazer parte da
juntamente com o domínio da história dos alimentos, pois os alunos
Gastronomia, seja como profissional de mercado ou docente, acaba desenvolveram pesquisas sobre hábitos alimentares dos países, das
por ser um grande desafio quando se observa as necessidades das regiões do Brasil, sobre alimentos regionais, (escolhidos a partir das
correlações de várias competências e habilidades diferentes. O perfil unidades curriculares práticas de seu semestre correspondente) e,
interdisciplinar presente nas características do curso, propõe a apresentaram os conhecimentos adquiridos em formato de feira de
utilização da aprendizagem por projetos. Em contraponto, a grande comida de rua. Eles determinaram o cardápio de produtos que foram
maioria dos cursos ofertados, se apresentam ainda em formatos comercializados para a comunidade acadêmica e extra muro, fizeram
conteudistas e tradicionais. captação de patrocínio, divulgaram, determinaram o valor dos
A Faculdade de T ecnologia Intensiva – FATECI, adotou produtos, definiram as etapas de produção, apresentaram a
desde 2013.2 os projetos interdisciplinares como metodologia de comunidade. No primeiro semestre de 2015 o projeto desenvolvido
ensino-aprendizagem, com o objetivo de atender as inerentes foi; O Banquete que atendeu ao perfil do egresso definido no CNCT,
características transdisciplinares da profissão, e, o presente artigo no que se refere ao conhecimento sobre conceber, planejar, gerenciar e
pretende apresentar os efeitos e resultados de tal aplicação. operacionalizar produções culinárias, atuando nas diferentes fases dos
serviços de alimentação. Os alunos escolheram a partir das unidades
MATERIAL E MÉTO DO S curriculares desenvolvidas em seu semestre vigente, um tema a ser
Para a aplicação dos projetos interdisciplinares como
apresentado em formato de “restaurante”. Eles conceberam o perfil do
ferramenta de ensino-aprendizagem, é necessário que estejam claros negócio (objetivos, nome, logomarca, cardápio, etc), planejaram as
para o corpo docente conceitos de competência e habilidade, inovação ações necessárias ao desenvolvimento do projeto, gerenciaram o
e capacitação do indivíduo para a aprendizagem, práticas para solução alcance dos objetivos para as tarefas definidas e divididas, fizeram a
de problemas, metodologias ativas, assim como o próprio conceito captação de patrocínio, definiram a ambientação e operacionalizaram
interdisciplinar que ainda é confundido como sendo uma proposta de a produção de uma refeição completa (entrada, prato principal e
eliminação das unidades curriculares. A correlação das mesmas de sobremesa) que foi oferecida ao corpo docente do curso. No segundo
forma evolutiva deve ser feita de maneira que um conhecimento semestre de 2015 o projeto desenvolvido foi o Casamento
complemente o outro com um objetivo claro e especifico corretamente Comunitário que atendeu ao perfil do egresso definido no CNCT, no
definido e determinado no projeto pedagógico do curso. que se refere ao conhecimento sobre conceber, planejar, gerenciar e
A competência é explicada como uma “invenção bem operacionalizar produções culinárias, atuando nas diferentes fases dos
temperada” (3) e isto exemplifica a realidade necessária ao bom
408
Gastronomia: da tradição à inovação
serviços de aliment ação e, utilizando a Gastronomia enquanto relacional com mudanças de comportamento significativas dentro de
ferramenta de inclusão social, todos os alunos do curso se uniram para sala de aula. Já no quarto semestre o que mais sobressai é a
a realização de um casamento comunitário para casais de baixa renda capacidade que os alunos assumem de “dar-se conta” de que podem,
(comprovado). A divisão de tarefas foi definida com base nos de que têm condições de praticar/experimentar todo o escopo de
objetivos de desenvolvimento de competências e habilidades de cada aprendizado ao longo do curso e a estimulante possibilidade de
semestre. Todos os alunos foram envolvidos para a realização do exercerem o empreendedorismo. Freud chama este fenômeno de
evento. A captação de recursos foi totalmente de responsabilidade dos pulsão gregária, inerente ao homem como é a pulsão de
alunos. A festa do casamento foi completa (cerimonial com juiz de autopreservação, constituída pela ideia de que em um o sujeito sente-
paz e registro em cartório, jantar, música, serviço, fotografia, se mais forte, mais amado. A proposição freudiana é a de que “o
segurança, etc). sentimento social se baseia na inversão daquilo que a princípio
Para que as definições, obrigações e regras ficassem claras constituiu um sentimento hostil em uma ligação de tonalidade positiva
à todos os envolvidos, foram desenvolvidos regulamentos para cada da natureza de uma identificação”. O grupo PODE, o grupo FAZ, o
projeto. O regulamento serve de bussola para o desenvolvimento dos grupo É.
trabalhos, tanto do corpo discente, quanto do docente, não deixando
duvidas, já que o envolvimento sendo geral e resultando em nota para CO NCLUSÕES
a unidade curricular, a subjetividade pode comprometer os resultados.
Ao final de cada projeto interdisciplinar realizado os alunos A apresentação dos projetos interdisciplinares, traz
apresentaram relatório por escrito comtemplando todas as etapas do benefícios para todos os envolvidos no processo, assim como para o
projeto. próprio processo, pois docentes e discentes desenvolvem
competências profissionais, mobilizando conhecimentos, habilidades e
RESULTADO S E DISCUSSÕES atitudes durante o desenvolvimento dos projetos.
A interdisciplinaridade é praticada tanto pelo o corpo
O projeto Interdisciplinar do curso superior de T ecnologia discente, quanto pelo docente. Os professores participam como
em Gastronomia da Faculdade de Tecnologia Intensiva – FATECI, orientadores e não como fonte única de informação, e a orientação
desde o princípio foi aplicado para todos os 200 alunos das oito pode ser inclusive de um assunto não dominado, já que ela é conjunta.
turmas que compõe os quatro semestres do curso. O quantitativo de Essa prática contribui então para a visão holística do projeto
alunos se repete a cada semestre, ou seja, o número de ingressante é pedagógico do curso por parte dos professores, que acabam
em média o mesmo que o número dos concludentes em todos os trabalhando de maneira complementar em suas unidades curriculares.
semestres. O trabalho realizado pelo corpo acadêmico da FATECI Os alunos da FATECI formados através da aplicação dos
vem de encontro a que preconiza SENAI (5), pois o trabalho projetos interdisciplinares atendem ao perfil do egresso definido em
pedagógico com foco no desenvolvimento de Projetos Catálogo Nacional de Cursos Tecnológicos para o Curso Superior de
Interdisciplinares reorganiza significativamente os processos de Tecnologia em Gastronomia e desenvolvem não somente as
ensino e de aprendizagem, quebrando, definitivamente a rigidez do competências mencionadas no perfil, como se desenvolvem enquanto
currículo organizado por disciplinas, no qual os “conteúdos” são, ser humano. Ao longo dos cinco projetos já desenvolvidos neste curso,
muitas vezes, organizados de forma fragmentada. foi comum o empoderamento de ações por parte dos alunos.
Os projetos interdisciplinares, contribuem para que o aluno Claramente foi observado que através das atividades, os alunos
ao praticar suas atividades, façam a interligação dos assuntos disponibilizavam suas melhores habilidades e, consequentemente
desenvolvidos individualmente pelas unidades curriculares. Para além, aprendiam com o outro as que lhe faltavam.
outro efeito observado é o aspecto inclusivo proporcionado pelo
projeto. A capacidade de “incluir” aqueles sujeitos (alunos) que REFERENCIAS
ocupam um lugar de “excluídos” do grande grupo é notória. Com o
1._________ Portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002.
projeto, esses alunos que normalmente são mais isolados, mais
Aprova a Classificação Brasileira de Ocupações
calados, menos socializados têm a oportunidade de se integrarem, de
2. RESOLUÇÃO CNE/CP 3, DE 18 DE DEZEMBRO DE
contribuírem ativamente do desenvolvimento dos trabalhos,
2002
alcançando assim aquilo que chamamos de maioridade intelectual (a
3. PERRENOUD, P. Construir as competências desde a
condição de visão de conjunto, do todo) dentro da proposta
escola. Porto Alegre: Artmed, 1999
pedagógica, seja pela participação ativa ou pela própria competência.
4. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes
Freud (6), já observara este fenômeno na psicologia do
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra Editora, 2005
grupo onde o sujeito estaria, sob a influência do grupo, sujeito às
5. Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional.
alterações consideráveis em sua atividade mental. Para Freud, a
Projetos Integradores / Serviço Social da Indústria. – Brasília : SESI
característica de sugestionabilidade que um indivíduo experimenta ao
DN, 2015.
participar/incluir-se em um grupo é na realidade um fenômeno
6. Freud, S. Psicologia de grupo e a análise do ego (1921).
irredutível e primitivo, “um fat o fundamental na vida mental do
In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de
homem”. Pois que tal fato seja utilizado como recurso pedagógico
Sigmund Freud. Imago Editora: Rio de Janeiro, 1986. Pág. 89-179.
somado à ideia de que a Gastronomia, por ser um campo
eminentemente prático/empírico, necessita desse tipo de agente
catalizador inclusivo de cunho relacional e coletivo. Afinal, cozinha-
se para o outro e muitas vezes com outros.
Observando os alunos ao passar pelos semestres, percebe-
se os diferentes formatos de desenvolvimentos. Por exemplo, no
primeiro semestre observa-se mais claramente o efeito inclusivo e
409
Gastronomia: da tradição à inovação
410
Gastronomia: da tradição à inovação
obtida de fontes renováveis; 12 Móveis e utensílios feitos de madeira reporta-se ao gasto que as pessoas fazem nos diversos tipos de UPRs
certificada ou de materiais recicláveis e/ou reciclados; 13 (comerciais e coletivas) e, além disso, aos gastos públicos e privados
aproveitamento integral dos alimentos e aplicação de boas práticas de de saúde com a população enferma, decorrentes, dentre outros
manipulação. fatores, da má qualidade da alimentação desses indivíduos atendidos
A quantidade de restaurantes sustentáveis tem crescido em pelas UPRs.
diversas partes do mundo. Esses estabelecimentos vão muito além de Para tanto é relevante ter ciência sobre os direcionamentos
um cardápio à base de produtos orgânicos. Eles reciclam seus da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei
resíduos, procuram usar fontes de energia limpa ou equipamentos n.º 12.305/2010. Conforme o Plano Nacional de Resíduos Sólidos,
mais econômicos, utilizam materiais certificados e atóxicos na lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as
construção e nos móveis, servem água filtradas, dispensando garrafas metas da PNRS aspiram à disposição mais adequada aos resíduos
plásticas e de vidro, tomam cuidados especiais com a origem dos sólidos das diversas fontes produtoras por meio da: redução do
alimentos, escolhendo hortaliças e carnes sem hormônio, produzidos volume de resíduos gerados; ampliação da reciclagem, acoplada a
por agropecuaristas certificados, e praticando o comércio justo mecanismos de coleta seletiva com a inclusão social de catadores;
(http://www.dinegreen.com). Para um restaurante ser considerado responsabilização de toda a cadeia produtiva e de consumo pelo
sustentável nos Estados Unidos é preciso receber a certificação do destino dos resíduos com a implantação de mecanismos de logística
The Green Restaurant Association - uma ONG americana, cujos reversa – fluxo reverso de produtos, como a reciclagem e o reuso (8).
requisitos correspondem aos supracitados (4). Consoante a NBR 10.004/2004 da Associação Brasileira
As oficinas do “Projeto Gastronomia Consciente” também de Normas Técnicas (ABNT ), os resíduos sólidos e semissólidos, são
desenvolvem atividades baseadas nas recomendações da Associação resultados de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
Dietética Americana - American Dietetic Association (ADA) comercial, agrícola e de varrição. No caso do setor gastronômico é
publicada em 2001 sobre práticas de conservação dos recursos premente que o escoamento dos resíduos líquidos (efluentes) seja
naturais e proteção ambiental com a finalidade de conscientizar os feito através de sistema de esgotamento sanitário e dos resíduos
dietistas/nutricionistas e auxiliá-los na redução da geração de sólidos (originados após a produção e beneficiamento dos alimentos)
resíduos, além de serem pró-ativos na identificação das estratégias de por meio da reciclagem dos inorgânicos e compostagem dos
conservação de recursos no ambiente de trabalho e em casa (5). Em orgânicos.
2007, esta mesma entidade – a American Dietetic Association (ADA)
– buscando enfatizar as práticas ambientais responsáveis para CO NCLUSÕES
conservar os recursos naturais, minimizar a quantidade de resíduos Diante do exposto, olhar para além da sustentabilidade na
gerados e apoiar a sustentabilidade ecológica do processo de produção de refeições envolve um conjunto de questões consideradas
produção, transformação, distribuição, acesso e consumo de durante todo o processo produtivo, desde o planejamento do cardápio
alimentos, manifestou-se novamente, desta vez o documento foi e escolha dos gêneros alimentícios e fornecedores para os alimentos
direcionado aos profissionais envolvidos no sistema alimentar, do até a reciclagem e correto gerenciamento dos resíduos alimentares da
campo à mesa, orientando-os na tomada de decisões adequadas na unidade. A aplicabilidade de práticas sustentáveis em unidades de
atuação prática e sustentável. produção de refeições envolve o conhecimento das múltiplas
A ADA traz informações importantes sobre conservação entidades que legitimam a sustentabilidade no segmento
de recursos (energia, água e qualidade do ar), redução e gastronômico mundial, pois a excelência vem sendo requerida em
gerenciamento de resíduos (resíduos sólidos e materiais perigosos), todo o processo produtivo. Por meio do ‘Projeto de Extensão
suporte à agricultura sustentável e ao sistema alimentar da Gastronomia Consciente’ a universidade contribui com a relação da
comunidade, além de orientação alimentar. Para manter o sistema Gastronomia e o Desenvolvimento Sustentável ao passo que se
alimentar, as matérias-primas para alimentos e recursos naturais apresenta como instrumento de transformação por meio de
utilizados para transformação e distribuição de alimentos devem ser sensibilização dos sujeitos envolvidos diretamente ao segmento
conservadas; não esgotadas ou degradadas. gastronômico, promovendo preservação dos saberes-fazeres, da
As recomendações do posicionamento da ADA em conservação da biodiversidade além de imprimir múltiplos olhares na
relação à produção de refeições incluem (6): oferecer variedade de formação cidadã dos acadêmicos.
escolhas alimentares; comprar alimentos produzidos com menos
insumos agrícolas; realizar compra direta de alimentos de produtores REFERÊNCIAS
locais; reduzir a dependência dos alimentos importados; realizar 1. Corrêa MS, Lange LC. (2011). Gestão de resíduos
auditoria energética e de resíduos sólidos na unidade produtiva; sólidos no setor de refeição coletiva. Belo Horizonte: Pretexto.
escolher equipamentos com melhor eficiência energética; utilizar 2.MEBRATU, D. (1997). Sustainability and sustainable
estratégias de economia e reaproveitamento de água de cozimento; development: Historical and conceptual review. Environ Impact
utilizar estratégias de economia de energia; escolher de produtos de Asses Review. Vol. 18, p. 493-520.
limpeza biodegradáveis; minimizar a quantidade de resíduos 3.MONTANARI, M.(2008). Comida como cultura,
descartados junto com a água, retirando todo o resto de alimento dos Editora Senac, São Paulo. NATIONAL REST AURANT
pratos; executar o ciclo de máquina de lavar louça apenas quando ASSOCIAT ION. (1987). National Restaurant Association.
estiver cheia; descongelar alimentos sob refrigeração, nunca em água HT T P://WWW.REST AURANT.ORG/. Washington, D.C.
corrente; minimizar o desperdício de alimentos; reciclar o óleo de 4. NUNES. Radilene; (2014) Gastronomia Sustentável.
cozinha utilizados nas fritadeiras; doar sobra de alimentos in natura Acessado em 06 Jan 2015.
para Bancos de Alimentos ou ONGs; doar restos de comida para a 5. SHANKLIN, C. W. ; HACKES, B. L. (2001). Position
compostagem ou alimentação animal; reciclar vidro, metal, plástico, of the American Dietetic Association: Dietetics Professionals can
papelão; adquirir materiais reciclados; realizar manutenção Implement Practices to Conserve Natural Resources and Protect the
preventiva nos equipamentos da unidade. Environment: (Previously T itled “Natural Resource Conservation
Restaurantes estão se modernizando em aparelhamentos e and Waste Management”). Journal of the American Dietetic
serviços atrelados as práticas sustentáveis. Mas é principalmente na Association, v.101, n.10, p.1221-1227.
cozinha que essas práticas devem começar. Investir em padronização 6. HARMON, A. H. ; GERALD, B. L. (2007). Position of
e equipamentos tem sido o diferencial para os restaurantes the American Dietetic Association: Food and Nutrition Professionals
sustentáveis. São cozinhas modernas, mas com utensílios que não Can Implement Practices to Conserve Natural Resources and Support
alteram a preparações dos pratos e principalmente não diferem o Ecological Sustainability. Journal of the American Dietetic
sabor. O número crescente de restaurantes, também denominados de Association, v.107, n.6, p.1033-1043.
Unidades de Produção de Refeições – UPRs, necessárias para atender 7. COSTELLO, A., ABBAS, M., et al.( 2009). Managing
a demanda da sociedade atual referente à alimentação fora de casa the health effects of climate change: Lancet and University College
exige dessas unidades uma postura ambiental e ecológica adequada London Institute for Global Health Commission. The Lancet, v.373,
para preservar os recursos naturais e minimizar os danos ao ambiente n.9676, p.1693-1733.
(7) 8. IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
A não-adoção de procedimentos sustentáveis (também (2012). Plano Nacional de Resíduos Sólidos: diagnóstico dos
denominados eco-friendly) pode ter um importante reflexo resíduos urbanos, agrosilvopastoris e a questão dos catadores. 25 abr.
ambiental, considerando a geração de resíduos, a não-adequação do Disponível em:
descarte de produtos e embalagens, bem como a utilização de <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/12
produtos químicos e de grandes quantidades de água nas diversas 0425_comunicadoipea0145.pdf>. Acesso em: 2 mar. 2015
etapas do processo produtivo de refeições. O aspecto econômico
411
Gastronomia: da tradição à inovação
Bruno Ferreira 1
1 Curso de Gastronomia, Universidade da Amazônia, brunoferreira493@gmail.com
MATERIAL E MÉTO DO S
412
Gastronomia: da tradição à inovação
pulverizar o preparo entre várias unidades, o que acarretava riscos, Fig. 2. Alimentos doados (parceria CEASA)
inclusive, à higiene e condições sanitárias dos alimentos servidos,
considerando o elevado número de manipuladores e as inúmeras
condições de preparo. Com a atuação dos Chefs não Convencionais
(CnC), a produção , em cozinha profissional, passou a ser mais
racionalizada, rápida e com maior segurança.
413
Gastronomia: da tradição à inovação
06416 Elaboração de Verbetes para uma Proposta de Glossário Gastronômico nas Áreas de
Açúcares e Adoçantes
Louise Leny Pereira Rosa 1 , Rodrigo Guimarães Prudente Marquez Cotrim2 .
1 Bolsista PVIC-UEG do Curso Tecnológico em Gastronomia da Universidade Estadual de Goiás – Campus Pirenópolis, louiselpr@gmail.com
4
FAULST ICH, Enilde L. Glossário de termos empregados nos
estudos da Terminologia, da Lexicologia. Brasília: Centro
Lexterm/UnB, 2011.
5
LODY, Raul. Vocabulário do açúcar: Histórias, cultura e
gastronomia da cana sacarina no Brasil. São Paulo: Editora SENAC,
2011, p.15.
3
CAT UREGLI, Maria Genny, Gatronomia de A a Z :
Principais alimentos, bebidas, utensílios e modos de preparo da
cozinha mundial descritos e traduzidos para o português / Maria
Genny Caturegli. – São Paulo : Aleph, 2011.
414
Gastronomia: da tradição à inovação
415
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO após a tabulação dos 341 trabalhos foi realizado a somatória de cada
O campo do saber da gastronomia se relaciona a um vasto conjunto coluna por critério avaliado.
de saberes e práticas, que lhe confere um caráter interdisciplinar com Para avaliar a área de conhecimento abordada nos trabalhos utilizou-
várias outras ciências e áreas de atuação tais como: turismo; se a classificação do CNPq. Foram identificadas as principais
hospitalidade; ciências sociais e humanas; saúde; engenharia e grandes áreas de conhecimento que apresentam afinidades com a
tecnologia; economia e gestão. Envolve os processos de produção de gastronomia. Estas grandes áreas foram subdivididas seguindo a
matéria prima, fabricação, armazenamento, transporte, higienização, nomenclatura da área básica do conhecimento, classificadas
comercialização e desenvolvimento de novos produtos [1]. conforme o/os tema(s) abordado(s) nos trabalhos publicados.
A produção científica na área da gastronomia, no Brasil, ainda é A título de apresentação a autora incluiu a gastronomia como área de
escassa quando comparada com outras áreas clássicas, tendo se conhecimento e a análise sensorial como especialidade da subárea
expressado de forma transversal principalmente nas áreas de turismo, ciência dos alimentos devido a expressividade em que ocorre como
nutrição, ciência e tecnologia dos alimentos. objetivo nos trabalhos avaliados.
Considerando-se: a crescente oferta de cursos superiores de As palavras-chave presentes na amostra foram registradas em
gastronomia, sobretudo na modalidade de bacharelado e que o País planilha, por ordem alfabética e por trabalho avaliado, obedecendo a
apresenta vasta diversidade culinária, em parte fruto da sua expressão dos autores. Quanto a abordagem metodológica dos
colonização, é importante conhecer o que se publica dentro deste trabalhos resumos analisados, foram utilizados os seguintes critério
contexto. para classificação: quantitativo, qualitativo, quanti-qualitatvo, revisão
O I Congresso Internacional de Gastronomia e Ciência dos bibliográfica, descritivo, experimental/exploratório, transversal,
Alimentos, ocorrido em 2013, em Fortaleza-CE, foi realizado pela observacional, descritivo analítico, estudo de caso, longitudinal e
Universidade Federal do Ceará – UFC e envolveu estudantes, pesquisa aplicada. Os trabalhos que não apresentaram claramente a
pesquisadores e profissionais das diversas áreas relacionadas à abordagem metodológica utilizada, foram caracterizados pela própria
gastronomia e as ciências dos alimentos. T eve como objetivo pesquisadora.
fortalecer as relações entre a comunidade científica e as empresas do
setor, tornar-se um espaço para o intercambio dos saberes, RESULTADO S E DISCUSSÃO
divulgação de pesquisas e produtos. Foram analisados 341 (99,4%) trabalhos científicos publicados nos
Os principais temas abordados no Congresso foram: Gastronomia anais do I Congresso Internacional de Gastronomia e Ciência dos
molecular; Potencialidades das matérias primas regionais na Alimentos. Dois trabalhos não foram incluídos no estudo, pois os
gastronomia nacional; Alimentos com restrições; Pesquisa de títulos não apresentavam correlação com o trabalho descrito, sendo
ingredientes; Inovação de produtos; Sustentabilidade; Produtos e atribuído o provável erro a edição/formatação aos anais.
cozinhas regionais; Identidade cultural e Patrimonização da comida. Os trabalhos avaliados envolveram 47 IES, sendo duas
Dada a importância deste evento para o campo acadêmico da internacionais. Das 45 IES brasileiras, 21 (46,6%) são instituições
Gastronomia, o objetivo principal deste trabalho foi descrever o privadas e 25 (54,4%) são instituições públicas. As IES cearenses
perfil dos trabalhos científicos apresentados quanto as principais contribuíram com 239 trabalhos (70%) e as baianas com 16 trabalhos
instituições onde foram realizados, ao perfil profissional dos autores (4,7%)
e suas áreas de atuação, as principais áreas de conhecimentos Foram identificadas 14 áreas de ensino, a saber: administração,
relacionadas com os temas abordados, as principais abordagens agroindústria, agronomia, economia doméstica, educação, engenharia
metodológicas utilizadas e as palavras-chave empregadas com maior agrícola, engenharia de alimentos, gastronomia, ciências dos
frequência. alimentos, nutrição, química, tecnologia dos alimentos, turismo e
Buscou-se oferecer uma visão do quadro geral dos trabalhos zootecnia. A área com maior contribuição foi a de tecnologia de
apresentados neste evento considerando-se o contexto recente desse alimentos com 43,4%, seguida da gastronomia com 26,7% e da
campo de investigação e contribuindo para futuros estudos e nutrição com 20,8%.
pesquisas. A região nordeste foi responsável pela produção de 92% dos
trabalhos publicados. Tal concentração pode estar relacionada com a
MATERIAL E MÉTO DO S proximidade geográfica do local do Congresso, mas também se deve
A metodologia utilizada tem abordagem quantitativa de caráter considerar que 80% dos cursos de bacharelado em gastronomia estão
descritivo e exploratório. Inspira-se na bibliometria [2], buscando concentrados nessa região, embora a área de atuação que mais esteve
conhecer de onde, quem e o que se produz cientificamente na área da envolvida com os trabalhos foi a da tecnologia do alimento.
gastronomia. O número de autores por trabalho variou de um a seis com média de
Foram analisados os trabalhos científicos publicados nos anais do I quatro autores por produção científica. Setenta e cinco autores não
Congresso Internacional de Gastronomia e Ciência dos Alimentos, identificaram as respectivas titulações. 73% tiveram a participação de
ocorrido entre 03 e 05 de junho de 2013, em Fortaleza-CE. A escolha acadêmicos na autoria, fato considerado relevante uma vez que o
do Congresso como campo desta pesquisa ampara-se no objetivo papel da universidade também está em despertar o interesse pela
científico do evento e na quantidade de trabalhos publicados nos pesquisa no seu corpo discente.
anais. No Brasil, vários outros eventos têm ocorrido na área da Outro fato relevante é que 66,8% dos autores têm pós-graduação
gastronomia, no entanto com pouca ênfase na produção científica (mestrado, doutorado, pós-doutorado) e 38,4% são pós-graduandos,
acadêmica. considerando-se a dificuldade em ter professores pós-graduados para
Os dados coletados foram submetidos a análise de frequência simples a área da gastronomia, conforme relatado por Beatriz Brandão (3).
utilizando o programa da Microsolft Office Excel 2007, buscando-se Este fato sugere que existe movimento de mudança desse perfil, com
identificar e analisar os seguintes critérios: perfil profissional dos o crescimento profissional do corpo docente das instituições,
autores, instituições onde foram realizados os trabalhos, área de contribuindo para melhorar o conceito na avaliação da instituição e
ensino, localização geográfica (país/estado), área do conhecimento reconhecimento dos cursos.
abordada, as palavras-chave e metodologia utilizada. Foram criadas As agências de fomento em pesquisa utilizam tabela de classificação
05 (cinco) planilhas em sendo a primeira, segunda e terceira colunas das Áreas do Conhecimento, de finalidade eminentemente prática,
idênticas (respectivamente número sequencial, título do trabalho, tem por objeto “proporcionar às Instituições de ensino, pesquisa e
ausência do dado) e as demais colunas específicas para cada critério inovação uma maneira ágil e funcional de sistematizar e prestar
de avaliação. A presença de cada critério recebeu pontuação 1 (um) e informações concernentes a projetos de pesquisa e recursos humanos
416
Gastronomia: da tradição à inovação
aos órgãos gestores da área de ciência e tecnologia”. São Quatro trabalhos não apresentaram a metodologia utilizada; 265
hierarquizadas em quatro níveis, sendo o primeiro representado por (77,7%) não caracterizaram a metodologia embora descrevessem
nove grandes áreas. A gastronomia não se encontra contemplada nas como o trabalho foi realizado; apenas 20% (72) apresentavam a
tabelas das agências de fomento sendo, portanto um dificultador na metodologia caracterizada.
obtenção de recursos financeiros para o desenvolvimento de
pesquisas nesta área. Gráfico 3: Percentual de abordagens metodológicas utilizadas nos
O gráfico 1 ilustra o percentual dos trabalhos distribuídos por trabalhos publicados, 2013.
grandes áreas e mostra que as ciências agrárias é a área de
conhecimento mais frequentemente encontrada, identificada em 248
trabalhos. A gastronomia foi identificada em 21 trabalhos como tema
principal. Juntos correspondem a cerca de 80% dos trabalhos. A
pouca frequência da gastronomia como tema principal encontra
justificativa na dificuldade de conseguir fomento para a pesquisa, por
ser uma área vista como ciência e por apresentar um leque amplo de
interfaces com outras áreas do conhecimento.
CO NCLUSÃO
Com o aumento crescente de novas IES de gastronomia e
considerando-se que a universidade é local de produção e
disseminação do conhecimento, principal fonte do saber científico
acadêmico, espera-se que a produção cientifica nessa área específica
Quanto aos temas dos trabalhos, a análise sensorial foi tema de 114 passe a ter maior expressão, a medida que desperte em corpo discente
trabalhos, sendo a subárea da fisico-química a mais frequente o interesse pela pesquisa.
(12,9%). Na área da tecnologia dos alimentos, a produção de novas Os resultados demonstraram que a região nordeste foi responsável
preparações com aproveitamento de subprodutos ocorreu em 12,3% pela produção da maioria dos trabalhos apresentados, sobretudo as
da amostra estudada. IES cearenses.
Foram identificadas no total 570 palavras-chave, com média de 3,2 Foram identificadas 14 áreas de ensino, sendo as principais a
palavras-chave por trabalho. Dois trabalhos não descreveram as tecnologia dos alimentos (43,4%), a gastronomia (26,7%) e a
palavras-chave. As palavras-chave são importantes para pesquisas do nutrição (20,8%).
tipo revisão de literatura, contudo observou-se que alguns trabalhos A principal área básica de conhecimento abordada foi a ciência e
apresentam palavras-chave com pouca correlação com os temas tecnologia dos alimentos (72,7%), sendo a análise sensorial objeto de
abordados. 74,7% das palavras-chave foram utilizadas apenas uma
estudo de 33,4% e a gastronomia 6,2% dos trabalhos publicados.
vez e 18,6% foram identificadas por duas vezes. Um dos fatores que contribui negativamente para o crescimento da
O gráfico 2 mostra as palavras que apareceram com maior produção cientifica na área da gastronomia é sua ausência no rol das
frequência, em relação ao total de trabalhos apresentados e em áreas de conhecimento das agências de fomento a pesquisa, limitando
relação ao total de palavras-chave utilizadas, sendo aceitabilidade e o investimento financeiro para a pesquisa científica. Acreditamos que
análise sensorial as mais frequentes. Esses dados estão em acordo uma das contribuições deste trabalho foi mostrar as principais áreas
com a frequência da análise sensorial como abordagem principal dos de conhecimento relacionadas com a pesquisa no campo do saber da
trabalhos, ocorrendo em 114 (33,4%) da amostra estudada. gastronomia e ratificar a importância de que a mesma passe a integrar
o rol das agências de fomento.
Gráfico 2: P alavras-chave mais frequente nos trabalhos publicados no
Congresso Internacional de Gastronomia e Ciências dos Alimentos, 2013.
Outro ponto de contribuição está no conhecimento de quem, onde, e
como a produção cientifica está se iniciando na gastronomia, a partir
da visão do quadro geral dos trabalhos apresentados no Congresso
Internacional de Gastronomia e Ciência dos Alimentos, considerando
o contexto recente desse campo de investigação e contribuindo para
futuros estudos e pesquisas.
REFERÊNCIAS
1. GIMENES, M. H.S.G. Uma breve reflexão sobre o lugar da
gastronomia nos estudos sobre turismo realizados no Brasil. T urismo
& Sociedade. v4.n2.p.425-431. Curitiba, outubro de 2011.
Disponível em < ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/turismo>. Acesso em
12/12/2014.
2. PRIT CHARD, A. Statistical Bibliography Bibliometrics. a
presentado originalmente no Journal of Documentation 25. Dec
1969. Disponivel em <www. academia.edu?598618. Acesso em
30/10/2014.
Do total de trabalhos avaliados, 665 (77,7%) não caracterizaram a 3. BRANDÃO, B. A emergencia do sager gastronomico na
metodologia utilizada, embora descrevessem como o trabalho foi academia: a experiência do bacharelado em gastronomia da
realizado. universidade federal do ceará. Fortaleza, CE. Originalmente
A metodologia aplicada quando em consonância com o objeto e apresentada como dissertação de mestrado, universidade Federal do
objetivos do estudo e quando descrita com clareza permite que Ceará, 2014.
estudos semelhantes sejam realizados para realidades distintas de
modelos já aplicados.
417
Gastronomia: da tradição à inovação
Lia Coelho¹, Marília Herculano¹, Thainá Costa¹, Beatriz Carvalho ¹ ,Yúlia Souza¹, Luisilda Martins¹
Curso de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará, liacc2004@yahoo.com.br.
Há algumas décadas o consumo de alimentos industrializados pelas As atividades desenvolvidas despertaram o interesse das crianças por
crianças vem aumentando significativamente, com a substituição de uma alimentação mais saudável, fazendo com que elas
frutas e alimentos caseiros por alimentos processados, o que estimula demonstrassem crescente empenho em participar ativamente da
hábitos alimentares inadequados desde a mais tenra idade. Esta preparação dos lanches e estimulando a autoestima destes ao provar o
transição na alimentação no mundo foi decisiva para o que prepararam e o prazer de comer. Além disso, a oficina culinária
desenvolvimento de sobrepeso e obesidade em milhares de crianças. pode proporcionar um momento de descontração no qual as crianças
Assim, a desnutrição foi reduzindo e tornando-se a obesidade um apresentaram a possibilidade de conhecer novos alimentos,
problema de saúde pública, sendo um fato preocupante devido ao incentivando o conhecimento de maneira construtiva e prazerosa.
risco elevado que as crianças têm de tornarem-se adultos obesos (1,2). Na infância acontece o fortalecimento e a formação dos hábitos
A influência dos adultos, principalmente dos pais, é importante na alimentares, o que justifica a relevância da educação nutricional,
formação do comportamento alimentar infantil. Os hábitos errôneos priorizando a promoção da saúde e a prevenção de doenças crônicas
de alimentação podem se propagar de geração em geração, afetando a não transmissíveis dos indivíduos na fase adulta (5,6).
preferência alimentar da criança (3). Observou-se que após a montagem dos espetinhos de frutas, algumas
Tendo em vista este problema, o Guia Alimentar para a População frutas que antes eram rejeitadas passaram a ser apreciadas, em
Brasileira destaca a importância das habilidades culinárias para a especial o melão e o mamão. A provável objeção deveu-se a pouca
promoção de hábitos alimentares saudáveis, pois estas tornam o afinidade com o sabor do alimento, pelo limitado acesso que as
preparo de alimentos in natura e minimamente processados menos crianças tem às frutas. Uma vez que o perfil do brasileiro é de possuir
dispendioso, promovendo seu consumo, além de proporcionar um baixo consumo de frutas e hortaliças, há a necessidade de mais
oportunidades de convivência e comensalidade. Recomenda, ainda, estímulo ao consumo desses alimentos protetores essenciais para um
que a culinária seja utilizada pelos profissionais como forma de bom estado de saúde, principalmente na infância (7).
promoção à saúde da população, especialmente em atividades Na preparação do bolinho de iogurte integral, as palestrantes fizeram
realizadas com crianças e jovens (4). algumas explicações sobre alimentação saudável e propuseram novas
Dado o atual quadro epidemiológico, justifica-se a importância da substituições de ingredientes e lanches mais benéficos a saúde. Nesse
promoção de ações de educação nutricional, sendo a culinária uma momento foram feitas muitas perguntas por parte principalmente das
importante ferramenta com aplicabilidade neste contexto. mães das crianças, sobre as melhores escolhas e substituições de
Assim sendo, foi realizada uma atividade de educação nutricional ingredientes para receitas populares. Além disso, havia muitas
com o objetivo de promover hábitos alimentares saudáveis por dúvidas sobre lanches escolares.
crianças e mães atendidas por uma organização não governamental As crianças demonstraram-se bem atentas e interessadas, auxiliando
(ONG) na cidade de Fortaleza, CE. no preparo dos bolinhos tanto na massa, colocando-a gradualmente
nas forminhas, como na decoração com aveia ao final da preparação,
MATERIAIS E MÉTO DO S a medida que eram guiadas pelas estudantes como poderiam ajudar.
Algumas ainda aproveitaram a oportunidade para mencionar que às
A oficina culinária foi realizada em janeiro de 2016 por uma equipe vezes faziam preparações similares com seus pais, como bolos e
de acadêmicas do curso de graduação em Nutrição da Universidade tortas.
Estadual do Ceará, com 11 participantes, dentre crianças e mães, em A inserção de momentos didáticos na aprendizagem educacional
uma organização não governamental (ONG) em Fortaleza, CE. A pode ser uma alternativa viável para abordagem de temas como a
atividade constou de três momentos. Primeiramente, cada membro da alimentação e nutrição, podendo ser uma ótima oportunidade para o
equipe se apresentou e pediu aos participantes que se apresentassem. encaminhamento de melhores práticas e comportamentos nutricionais
Foram feitas então algumas perguntas simples sobre os hábitos entre o público-alvo para uma dieta saudável (8). Somando-se a isso,
alimentares dos presentes e explicou-se o propósito da oficina que a família e a sociedade têm um papel importante no combate à
seria realizada, convidando os presentes a participarem se assim o obesidade infantil, principalmente na aquisição de uma vida mais
desejassem. Depois desta breve conversa, as crianças e as mães ativa e de hábitos alimentares saudáveis (9).
receberam algumas informações sobre higiene das mãos,
posteriormente lavando-as sob supervisão e orientação da equipe, Fig 1. Acadêmicas explicando aos participantes sobre a oficina
para que se desse início à preparação dos alimentos. No segundo
momento, os participantes receberam, impressas, ambas as receitas
de lanches rápidos e saudáveis que seriam ensinadas, com
ingredientes em medida caseira e modo de preparo explanados, para
acompanhar durante a realização da oficina, sendo também
distribuídas toucas capilares descartáveis. Para a primeira receita, um
bolinho integral de iogurte com aveia, a equipe demonstrou a
preparação da massa e convidou os participantes para que a
distribuíssem nas formas, decorando os bolinhos com aveia e canela.
Já para a realização da segunda receita, um espetinho de frutas com
molho de iogurte, convidou-se os participantes à mesa para montar
seus espetinhos livremente, sendo dispostas, já pré-preparadas, as
seguintes frutas: uva, melancia, melão e mamão. Durante a realização
das receitas, abordou-se aspectos nutricionais e sensoriais dos
ingredientes utilizados e a importância do envolvimento das crianças
nas atividades culinárias cotidianas do lar para a promoção de hábitos
alimentares mais saudáveis. Por último, prosseguiu-se para o
momento de degustação das preparações realizadas. Fig 2. Bolinhos integrais de iogurte com aveia e suco de goiaba.
418
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
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Gastronomia: da tradição à inovação
1 Master’s student, Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
yuri_moita@yahoo.com.br
2 Associate Professor, Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, Universidade Federal do Rio de Janeiro
INTRO DUCTIO N these six States are responsible for 41.7% of the Gastronomy courses.
T he other courses are spread in 15 States.
The latest Brazilian educational law (LDB 9394 from December A very curious data was related to the increase in number
1996) dictates the guidelines for the National Education, considering of Gastronomy courses. Bachelor degree courses are scare and they
two levels: the basic and the higher education. The basic education accounted for 6 of the 114 courses available in 2014, or 5.3% of the
include the first years of elementary school, the middle and the high total. In 2015, there was a significant increase in the number of
school. According to this law, T wo kinds of higher education were courses, reaching a total of 196, i.e., an increase in 71.9% of courses
regulated by this law, where Technological courses where considered in just one year. However, most of the new courses are
as a professional higher education that is organized as a function of T echnological, as only three new ones offer a Bachelor degree.
the socio-occupational and technological structure, articulating the
efforts from different areas, i.e., education, work, science, and CO NCLUSION
technology where the connection between theory and practice is Our data show a significant increase in number of Gastronomy
mandatory. In 2014, it was included a decree reinforcing the need to courses in Brazil in the last year (2015). Most of them are
consider the centrality of work as an educational principle. Technological and located in the State of São Paulo. Further analysis
Higher education courses in tourism-related professions, such as will be done in order to understand the geographical distribution of
Gastronomy, are rather new in the National scenario, and according the courses, the objectives of the courses with Bachelor’s degree, and
to Castro (1), our “country is witnessing the introduction by the the significant differences found in workload of different courses.
autonomous private universities and ‘university centres’ of many
new curricula”, including Gastronomy. REFERENCES
Gastronomy belongs to the Technological axle “Tourism,
Hospitality, and Leisure”, that allow the students to pursuit a 1. Castro, M.H.M. The State and the Market in the regulation of
graduation course n Administration, Tourism, among others (2). higher Education in Brazil. Oxford. 2003 v. 1., pp. 179-207
Mendes and Faleiros (3) with the purpose of identifying the trends of 2. Brasil. MEC. Catálogo Nacional de Cursos Superiores de
“ scientific teaching” and the formation of a “critical and reflexive Tecnologia. Brasília, 2016. Disponível em:
professional” expectations, described the Gastronomy courses in the http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=dow
State of São Paulo without a focus on creating researchers and a nload&alias=44501-cncst-2016-3edc-pdf&category_slug=junho-
critical analysis of the area, concluding that the professional with 2016-pdf&Itemid=30192
Bachelor’s degree will be mechanized and not a reflexive and 3. Mendes, B.C., Faleiros, P.B. O ensino da pesquisa científica em
questioner professional. cursos superiores de T ecnologia em Gastronomia. 509-1377, 2013
In this work, we show the evolution of Gastronomy courses in Brazil
since 1999 where the first one was created.
The data collection was done in the records available in the website
of the Brazilian Educational Ministry (http://emec.mec.gov.br/), with
the active courses available in 2016. The data were analyzed
according to the type of the institution (private vs. public), degree
(Bachelor or Technological), location, and courses workload.
RESULTS
420
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO fundamental, e cada vez mais sua importância vem sendo discutida e
Durante a história da humanidade e com sua evolução contínua, o seu uso indispensável.
homem conseguiu obter maior domino sobre a natureza, colhendo os O método de pesquisa empregado foi levantamento bibliográfico
alimentos, armazenando-os, pescando, caçando, plantando e criando citando diversos autores ligados ao tema, assim como leis vigentes
novos alimentos para a sua sustentabilidade. Para melhor execução relacionadas. Recorreu-se também, à internet, como forma
de suas tarefas, foram inventados utensílios e métodos, sendo estes complementar devido à dificuldade de livros e documentos que
por eles melhorados de forma a facilitar a produção de alimentos, tratem do assunto em estudo. Foram levantados os EPI’s mais
fator condicionante para manutenção de sua vida. Assim como os utilizados nas produções de alimentos e os de maior importância
utensílios, o homem teve que adequar-se também ao seu manejo e sendo os mesmos especificados a seguir (4):
funcionalidade, aperfeiçoando-se, fato este que passou a ser - Luvas: de extrema importância devido aos seus mais diversos tipos
fundamental para o melhor conhecimento e segurança no momento e natureza do serviço, podendo ser útil para proteção do manipulador
do seu uso, consequentemente, a minimização dos riscos a que ou ainda servir para melhorar as condições sanitárias do
estariam vulneráveis. Os anos se passaram e em 15 de janeiro de processamento, minimizando a contaminação cruzada via
1919, visando à melhoria nas condições dos trabalhadores, iniciou-se manipulador e alimento. Porém, independente da finalidade ao qual
a fiscalização nas fábricas, com serviços de medicina ocupacional se destina, sua higienização deve ser feita rigorosamente, sendo as
marcando ali os estudos quanto aos direitos de melhoria de condições descartáveis eliminadas. Antes de fazer o uso das luvas, o
e segurança de trabalho nas empresas (1). Em 1949 foram manipulador necessita fazer a lavagem das mãos e antebraços. São
desenvolvidos os primeiros conceitos de higiene industrial, vários os tipos: luvas descartáveis (inserida em diversas áreas de
fortalecendo a Engenharia de Segurança do Trabalho. A partir do alimentos, equipamento obrigatório especialmente na manipulação
século XX se caracterizou a idéia de racionalização do trabalho, e as de alimentos prontos para o consumo ou que sofreram algum
primeiras teorias que associavam a produtividade à satisfação do tratamento térmico, ou já tenham sido adequadamente higienizados,
trabalhador, na busca pela qualidade de vida no trabalho em sem uma posterior cocção); luvas de borracha (para proteção do
segurança, satisfação e bem–estar (2). usuário, estas devem ser separadas para cada tipo de atividade,
“O ser humano constrói sua qualidade de vida e saúde a partir das podendo ser diferenciadas por cor, e é indicado para a lavagem de
relações consigo mesmo e com o ambiente” (3). Pensando assim, a panelas, coletar e transportar lixo, higienizar lixeiras e manipular
qualidade de vida concretiza-se em uma adaptação contínua dos produtos químicos); luvas térmicas (destinadas ao manuseio de
processos de trabalho, buscando não só construir ou englobar novas produtos com altas temperaturas, como panelas quentes, fornos e
tecnologias, mas também captar o potencial humano, valorizando-o fogão, para evitar queimaduras, porém em uso, o colaborador não
em sua saúde individual e coletivamente para que no contexto deverá tocar diretamente nos alimentos, para que não haja
empresarial se insira a qualidade organizacional nos objetivos da contaminação do produto); luvas de malha de aço (utilizada na
empresa. manipulação de carnes cruas. Por ter alta resistência, são as mais
Nas empresas produtoras de alimentos como cozinhas e restaurantes, usadas para proteção em frigoríficos, abatedouros e açougues. São
problemas ocupacionais são reincidentes, tendo um agravante a essenciais para corte realizados em cerras e fatiadoras);
contaminação alimentar tanto por parte de seus funcionários, como -Braçadeira de segurança em malha de Aço: muito resistente à corte,
para quem consome seus produtos. Como forma de minimizar e utilizada para maior proteção do manipulador no manuseio com facas
melhor controlar tais riscos, e ainda diminuir a vulnerabilidade aos e como um complemento da luva de aço, pois as duas juntas
mesmos, tais organizações nos últimos anos tem intensificado a protegem as mãos e antebraço (4);
exigência quanto ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual -Máscara descartável: numa produção de alimentos a máscara
(EPI’s), aumentando sua fiscalização e criando Normas utilizada deve ser a que cobre parcialmente o rosto (nariz e boca). É
Regulamentadoras (NR’s), sendo estas usadas como estratégias de recomendável para casos de manipulação direta dos produtos
mitigação de risco ao tema em questão. sensíveis a contaminação, porém seu uso tem sido pouco
O presente trabalho visa basicamente demonstrar a importância que recomendado na cozinha, pois com o uso constante, a máscara se
os EPI’S apresentam ao serem utilizados de forma correta numa torna úmida, agregando fibras e permitindo a passagem de grande
produção de alimentos, podendo servir como instrumento de quantidade de microorganismos (4). No caso de adoção do uso de
prevenção, tanto de acidentes de trabalho, como de riscos na máscaras, as mesmas devem ser descartáveis e devem ser trocadas,
contaminação nos alimentos, enfatizando na figura do manipulador a no máximo a cada 30 minutos (5);
importância de seu uso. Nessa premissa buscou-se abordar os -Toucas: de extrema importância na manipulação de alimentos,
variados tipos de EPI’s existentes servindo de base na segurança do sendo necessárias tanto para proteger o usuário quanto o produto
utilizador no momento do processo produtivo, e como estratégica de manuseado. Seu uso evita que o cabelo encoste-se a máquinas e
mitigação de riscos na produção de alimentos, aumentando ainda sua conseqüentemente ocorra de sugar, puxar ou enroscar, além de
motivação ao adquirirem hábitos adequados para salvaguardar sua impedir que cabelos caiam no produto manuseado, o que causaria
segurança no ambiente de trabalho, assim como forma de minimizar risco de contaminação (4);
uma possível contaminação alimentar no momento da produção. -Uniformes: o recomendando para quem manipula os alimentos são
roupas e aventais de cor clara, pois a visualização de manchas de
MATERIAL E MÉTO DO S resíduos alimentares se torna mais notável (4). Devem ser de mangas
As atividades de uma produção de alimentos requerem muitos longas para evitar queimaduras e ajustado ao corpo. O abotoamente
cuidados por parte de seus funcionários e gestores, isso devido às deve ser trespassado na frente para melhor proteger o abdômen do
suas inúmeras peculiaridades de serviço onde incluem diversos calor (6);
equipamentos e utensílios, além de temperaturas altas e baixas, itens -Avental: deve ser de material propicio para cada atividade
de grande necessidade de atenção. Logo, as normas de desempenhada. Para os manipuladores de alimentos que trabalham
funcionamento de uma produção de alimentos, são de extrema em locais onde a temperatura é mais elevada, o indicado é avental
rigidez, onde se exige de seus responsáveis uma perfeita feito de Terbrim e de cor clara. Para os que não estarão próximos ao
implementação das técnicas de segurança das leis vigentes, sendo fogão ou forno, pode-se fazer o uso de aventais de vinil recomendado
estas muitas vezes, locais, nacionais ou mundiais. Nesse contexto, os para os funcionários que estarão tendo maior contato com água ou
EPI`s deixaram de ser apenas mais um elemento de utilização produtos químicos, e por não serem de tecido, há um menor acúmulo
esporádica na produção de alimentos, para se tornar de uso
421
Gastronomia: da tradição à inovação
de resíduo. Os aventais devem cobrir os joelhos, além de envolver a recuperação após seu ocorrido, o que caberia bem os acidentes de
circunferência do corpo (6); trabalho e contaminação nas produções de alimentos. Portanto, é de
-Calçados: devem ser fechados, impermeáveis, não sendo indicados tarefa do gestor/ empregador, mas também dos funcionários,
calçados de tecidos ou lonas. O solado deve ser antiderrapante para tomarem atitudes cabíveis a cada um para a minimização dos riscos
propiciar maior segurança aos funcionários. Botas de plástico ou de acidentes (9).
borracha devem ser usadas devido ao grande contato com locais “Os acidentes são nefastos para o individuo, a empresa e a sociedade
úmidos e produtos químicos. Para os cozinheiros, no entanto, é (6).” E ainda: “[...]Prevenir acidentes é tarefa de todas as pessoas de
preferível que o calçado seja de couro, para proteção contra possíveis todas as áreas que compõem a empresa. Em algumas áreas, os riscos
lesões (quedas de objetos) (5); podem ser maiores do que em outras, [...] a cozinha é uma delas.”
-Roupas para câmaras frias: nos ambientes de baixa temperatura Vários dos acidentes podem ser evitados ou minimizados através de
como câmaras frias, faz-se necessária a utilização EPI’s apropriados medidas simples e como estratégica de mitigação de riscos na
para a segurança do usuário exposto a essas condições. Por tal razão, produção de alimentos. O uso de EPI´s é uma dessas medidas, que
os casacos, calças, capuz, luvas e outros equipamentos são de além de proteger o empregado aos riscos na preparação de alimentos,
extrema necessidade dentro de câmaras frigoríficas, minimizando diminui a possibilidade de contaminação do produto. Infelizmente
dessa forma o risco de ocorrer choques térmicos aos manipuladores e sabe-se que nem toda empresa tem esse uso como contínuo e
conseqüentes doenças relativas à exposição ao frio, como por obrigatório em suas normas, principalmente em grande parte da
exemplo, enregelamento de membros, hipotermia, entre outras. realidade das cozinhas.
Quando o trabalho é realizado em ambientes com temperaturas Infelizmente ainda hoje, mesmo com tantas normas regulamentares
abaixo de 4°C, deve ser fornecida proteção adicional de corpo inteiro no tema em questão, muitos funcionários de empresas produtoras de
(7). alimentos se recusam a fazer uso dos EPI’s, sofrendo riscos sérios de
Vale lembrar que os EPI’s são distintos e designados conforme a saúde como: mutilação, queimaduras, contaminações de seus
peculiaridade de cada trabalho. As entidades empregadoras devem produtos e consequentemente de seus consumidores/clientes,
fornecer gratuitamente aos trabalhadores EPI’s em bom estado, e podendo levá-los à morte por não se atentarem de sua importância, e
estes devem ser adequados relativamente aos riscos a que se destina ainda, por acharem dispensáveis seu uso, e como forma de
prevenir, e principalmente, que não sejam eles próprios geradores de diminuírem custos. Porém, tais estabelecimentos poderão ser
novos riscos, além de que tenham em conta parâmetros pessoais autuados e processados, sendo o empregador sujeito a punições
associados ao utilizador e à natureza do seu trabalho. Sendo assim, a jurídicas, caso não cumpra o que lhe foi determinando sobre a
conscientização dos empregadores e funcionários deve ser o inicio segurança do seu funcionário.
para esse processo (8). Especificamente na produção de alimentos, há
uma grande incidência de riscos, consequentemente, alta CO NCLUSÕES
vulnerabilidade dos seus trabalhadores em exposição a perigos de Em produções de alimentos de menor porte como as domésticas,
acidentes, fazendo com que a utilização desses equipamentos de naturalmente já apresentam riscos à segurança de quem nela trabalha,
proteção seja essencial, além de ser ainda, um fator relevante para a imagine em uma grande produção de alimentos, como no caso de
tentativa de redução de contaminação dos alimentos ali produzidos. restaurantes e cozinhas industriais, onde se concentra uma maior
Aos funcionários das empresas cabem usar o EPI apenas para a periculosidade, ou seja, onde há maior dimensão e vulnerabilidade
finalidade a que se destina, conservar, comunicar ao empregado aos riscos presentes, sendo estes diversos e constantes, ainda que
qualquer dano que torne impróprio para uso e cumprir o modo de uso estejam com uma estruturada adequada.
determinado pelo empregador (8). Após um número elevado de vidas Verifica-se com tal levantamento que, na área de manipulação de
perdidas, de acidentes no trabalho e doenças alimentares por alimentos, os EPI´s são utilizados não somente para proteger os
contaminação através de seus produtores, além de problemas funcionários contra possíveis acidentes, como também para
ocasionados pela não preocupação em evitá-las, iniciou-se diversos minimizar o risco de contaminação dos alimentos produzidos e
processos para mitigação de riscos e redução de acidentes consequentemente de quem os consome.
ocasionados durante o trabalho nas produções de alimentos.
Inicialmente, as empresas verificaram os tipos de ações de prevenção REFERÊNCIAS
cabíveis e necessárias, e viram que uma das opções plausíveis seria o
uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s), e de 1. Decreto Nº 3.724 - De 15 de Janeiro de 1919 - DOU de
equipamentos de proteção coletiva (EPC’s) pelos seus funcionários, 31/12/1919. Regula as obrigações resultantes dos acidentes no
gestores e visitantes. Com certeza isso tem diminuído trabalho. Disponívelem:
consideravelmente tais acidentes, porém, a redução aos seus riscos e <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1919/3724.html>.
conscientização dos perigos existentes, inclusive o de contaminação Acesso em: 14 fev. 2014.
alimentar, é ainda um desafio para tais empresas e a sociedade, uma 2. Menck, F., Sachuk, M. I., Schlommer, R. A. O estudo dos
vez que tal feito deve-se em grande parte aos seus colaboradores e programas de qualidade de vida no trabalho. Disponível em:
gestores na conscientização de seu uso e gerenciamento dos EPI´s. <http://www.pec.uem.br/dcu/VII_SAU/T rabalhos/Resumos/MENCK
Muitas empresas ainda consideram que os investimentos nesses ,%20Fernando.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2014.
equipamentos para empresas produtoras de alimentos são 3. Do Rio, R. P., Pires L. Ergonomia: fundamentos da prática
desnecessários, desvalorizando a vida de seus funcionários e clientes ergonômica. 3ª edição. São Paulo: LTR, 2001, p.23.
consumidores, e expondo-os a condições precárias no ambiente de 4. Maschietto, L. W. Disponível em:
trabalho e no momento fundamental de vida, como a alimentação. <www.sescsp.org.br/sesc/mesabrasilsp/biblioteca/Manual_Higiene_
Manipuladores_Alimentos>. Acesso em: 25 agos. 2013.
RESULTADO S E DISCUSSÃO 5. ABERC. Recomendações para uso de uniformes (jalecos, toucas,
Preocupando-se muitas vezes com apenas os lucros empresariais e aventais), luvas, máscaras etc, em serviço de alimentação segundo
uma estrutura física que encante seus clientes consumidores, muitas Associação Brasileira das Empresas de Refeições coletivas.
empresas produtoras de alimentos se “esquecem” de observar seus Disponível em:
funcionários e de verificar suas necessidades no ambiente de <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:2jmcA5L
trabalho. Um dos fatores agravantes nesse meio é o descaso com a OuqgJ:www.segurancaetrabalho.com.br/download/epis-
segurança do trabalhador e dos alimentos ali produzidos. indalimenticia.doc+&cd=8&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt>. Acesso em:
O tema é interessante para pesquisa, uma vez que ainda há poucos 10abr. 2016.
autores que relacionam os EPI´s às áreas de produção de alimentos, 6. Castelli, G. Administração hoteleira. 9ª ed. Caxias do Sul:
muitas vezes fazendo apenas breves citações, o que nos limita em EDUCS, 2003, p. 403-405, 509.7. Paiva, M. M. Exposição
bibliografias do tema em questão. Sendo assim, espera-se com este ocupacional ao frio. Disponível
trabalho expor a importância do uso dos EPI´s, como estratégica de em:<www.higieneocupacional.com.br/download/frio-paiva.pdf>.
mitigação de riscos na produção de alimentos, onde muitas vezes tais Acessoem: 13 mar. 2016.
equipamentos ainda não estão inseridos como deveriam e exigem as 8. Norma Regulamentadora 6 - NR 6 - Equipamento de Proteção
normas regulamentadoras, ou não são oferecidos aos funcionários, ou Individual – EPI. Disponível em:
ainda, estão em estado mal estado de conservação. Alguns itens são <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm>. Acesso
considerados imprescindíveis e devem ser agregados na gestão do em: 10 abr. 2016.
risco, tais como: o grau de gravidade, destruição, perturbação e perda 9. Fischer, F. (2003). Reframing Public Policy. Discursive Politics
gerada pelo risco em questão à comunidade a ele vulnerável, e and Deliberative Practices. New York: Oxford University Press.
consequentemente, a escala e/ou tempo de interrupção, ou de
422
Gastronomia: da tradição à inovação
05382 Aceitação Sensorial da Bebida Açaí Batido após Tratamento Térmico dos Frutos
425
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÕES
AGRADECIMENTO S
426
Gastronomia: da tradição à inovação
427
Gastronomia: da tradição à inovação
nutricional do iogurte, além de contribuir com o setor alimentício, polpa por meio da técnica de mapa de preferência. Rev. Inst.
com o aumento na oferta de produtos lácteos e na valorização de Laticínios Cândido T ostes. 68, 52-58, 2013.
frutas regionais.
7. SILVA, A.B.; UENO, M. Avaliação da viabilidade das bactérias
REFERÊNCIAS lácticas e variação da acidez titulável em iogurtes com sabor de
1. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. frutas. Rev. Inst. Laticínios Cândido T ostes. 68,20 -25, 2013.
Instrução n°46, de 23 de out ubro de 2007. Regulamento T écnico de
Identidade e Qualidade de Leites Fermentados. Diário Oficial da 8. AUGUST A, I.M.; RESENDE, J.M.; BORGES, S.V.; MAIA,
República Federativa do Brasil, Brasília, 23 de outubro de 2007. M.C.A.; COUT O, M.A.P.G. Caracterização física e química da casca
Seção 1, 16p. 2007. e polpa de jambo vermelho (Syzygium malaccensis, (L) Merryl &
Perry. Ciênc. e T ecnol. Aliment. 4, 928-932, 2010.
2. LIMA, S.C.G.; GIGANT E, M.L.; ALMEIDA, T .C.A. Efeito da
adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas 9. T AVARES, J.T .Q.; SILVA, C.L.; CARDOSO, R.L.; SILVA,
características sensoriais de iogurte tipo firme. Rev. Bras. de Prod. M.A.; CARVALHO, L.A.; SANT OS, C.M.G. Aplicação pós-
Agroind. 8,75-84, 2006. colheita de cloreto de cálcio em frutos de jambeiro vermelho
(Eugenia malaccensis L.). Magistra, 14, 61-65, 2002.
3.MACEDO, M.A.; MENEZES, C.C.;PORT ELA, J.V.F.;
ARCANJO, S.R.S.; MOURA, M.R.; OLIVEIRA, A.M.C. Efeito da 10. MEILGAARD, M.; CIVILLE, G.V.; CARR, B.T . Sensory
adição de polpa de caju sobre as qualidades sensoriais de iogurte Evaluation T echniques. London, CRP Press, Inc. p. 287, 1991.
integral adoçado com mel de abelha. Rev. Inst. Laticínios Cândido
T ostes. 69, 7-16, 2014. 11. ARAÚJO, N.G.; BARBOSA, F.F. Bebida láctea com leite
caprino e soro caprino é alternativa para aproveitamento da polpa de
4. RAMOS, T .M.; GAJO, A.A.; PINT O, S.M.; ABREU, L.R.; umbu. Rev. Inst. Laticínios Cândido T ostes. 70, 85-92, 2015.
PINHEIRO, A.C. Perfil de textura de labneh (iogurte grego). Rev. 12 BARBOSA, P.C.; MORAES, T .; BOLLINI, H.M.A. Perfil
Inst. Laticínios Cândido T ostes. 64, 8-12, 2009. sensorial de iogurtes comerciais sabor morango nas versões
tradicional e light. Braz. J. Food T echnol. 13, 112 -119, 2010.
5. MAT HIAS, T .R.S.; ANDRADE, K.C.S.; ROSA, C.L.S.; SILVA,
B.A. Avaliação do comportamento reológico de diferentes iogurtes 13. GUERRA, I.C.D.; FÉLEX, S.S.S.; MEIRELES, B. R.L.M.;
comerciais. Braz. J.Food T echnol. 16, 12-20, 2013. DALMÁS, P. S.; MOREIRA, R.T .; HONÓRIO, V.G.; MORGANO,
M.A.; MILANI, R.F., BENEVIDES, S.D., QUEIROGA, R.C.R.E.,
6. BARBOSA, A.F.; LOPES, F.J.; SILVA, V.R.O.; SILVA, M.H.L.; MADRUGA, M.S. Evaluation of goat mortadella prepared with
MINIM, V.P.R.; SILVA, R.C.S.N. Aceitação sensorial de iogurte different levels of fat and goat meat from discarded, Anim. Small
sabor pêssego acrescido de diferentes concentrações de aroma e Ruminant Res. 98, 59-63, 2011.
428
Gastronomia: da tradição à inovação
05391 Desenvolvimento de Iogurtes Prebióticos de Manga Elaborados com Leite Caprino: Avaliação
Microbiológica e Sensorial
Bruno Feitosa 1 , Emanuel Oliveira 2 , Yvana Santos 3 , Regilane Feitosa 4 , João Feitoza5 , Cíntia Lacerda 1
1 Discente do Curso Técnico de Alimentos, Instituto Federal do Rio Grande do Norte, brunofonsêcafeitosa@live.com
2 Doutor em Engenharia Agrícola, docente do Curso Técnico de Alimentos, Instituto Federal do Rio Grande do Norte
3 Mestre e doutoranda em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande
4 Doutora em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande
5 Discente e graduando em Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Campina Grande
429
Gastronomia: da tradição à inovação
430
Gastronomia: da tradição à inovação
Rayanne Lemos 1 ; Edson de Freitas Junior1 , Cayko Carvalho 1 ; Luís de Moura Neto 2 ; Andrea do Nascimento 2 ; Denise
Soares 2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) – campus Afogados da Ingazeira
1 Estudantes do Curso Técnico Subsequente em Agroindústria – COAGRI; 2 Docente/pesquisador do Depto de Ensino –
COAGRI. E-mail: rayanne_esampaio@hotmail.com
Palavras chave: Análise sensorial, benefícios e características nutricionais, Alimentos enriquecidos nutricionalmente.
Onde:
X = nota média
N = nota máxima dada pelos provadores
431
Gastronomia: da tradição à inovação
recebeu um guardanapo contendo uma trufa. A amostra foi Quanto à atitude de compra, a média das notas atribuídas pelos
codificada com números aleatórios de três dígitos (Figura 2). provadores foi coerente com os resultados obtidos nos demais
atributos sensoriais analisados, mostrando que os provadores
Figura. 2 – Trufas de alfarroba. apresentaram dúvida em relação à compra deste produto.
Novas formulações deste produto devem ser testadas visando
T odos melhorar a aceitação das características sensoriais do mesmo e,
os consequentemente, aumentar a sua aceitação sensorial.
proced
imento CO NCLUSÕ ES
s
utiliza Em vista ao exposto é possível observar que as trufas foram
dos parcialmente aceitas pelos provadores. Os quesitos cor, textura e
neste impressão global obtiveram maiores médias que a doçura e o sabor,
experi evidenciando, assim, melhor aceitação dos aspectos visuais quando
mento comparadas aos aspectos degustativos.
foram Desse modo o produto pode ganhar espaço dentro do mercado
realiza consumidor, porém, o mesmo deverá ser melhorado no quesito
dos de doçura e sabor. Além de aprimorar as suas as características visuais,
acordo para que seja mais atrativo ao público consumidor.
com o padrão ético do Comitê de Ética em Pesquisa CPqAM Fiocruz
PE. O teste sensorial do produto foi aprovado pelo Comitê de Ética AGRADECIMENTO S
em Pesquisa CPqAM Fiocruz PE, com número de parecer 1.111.646.
À Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão do Instituto Federal de
RESULTADO S E DISCUSSÃO Educação, Ciência e T ecnologia de Pernambuco (IFPE), ao
Departamento de Pesquisa e Extensão (DPEX) do IFPE - Campus
As médias das notas atribuídas pelos provadores para os quesitos de Afogados da Ingazeira.
cor, textura e impressão global foram iguais ou superiores a 6
indicando uma leve aceitação destes quesitos, visto que, levando em REFERÊNCIAS
conta a escala hedônica de 9 pontos, a nota 6 indica Gostei
ligeiramente (T abela 2). 1. Credidio, E. Alimentos Funcionais na Nutrologia médica,
São Paulo: Ottoni 2005.
Tabela 02. Resultados da análise sensorial das trufas de alfarroba. 2. Silva, E. F. da. Utilização da farinha da alfarroba
Atributos sensoriais Média ± Desvio Índice de aceitação (Ceratonia siliqua L) na elaboração de bolo e avaliação de aceitação
Padrão (%) por testes sensoriais afetivos. 2006. 89 f. T rabalho de conclusão de
Cor 6,00 ± 1,86 66,67 curso (graduação em Nutrição) – Faculdade União das Américas-
Sabor 5,20 ± 2,36 57,78 UNIAMERICA, Foz do Iguaçu-PR.
Doçura 5,38 ± 2,46 59,78 3. Busso, M.,Vischi, C. O chocolate tentações e prazeres.
T extura 6,24 ± 2,11 69,33 Lisboa: LISMA, 2005. 195p.
Impressão Global 6,00 ± 2,19 66,67 4. Medeiros, M. J. M., Silva, J. F., Faustino, M. V. S.,
Atitude de Compra 3,20 ± 1,21 64,00 Santos, M. F. G., Rocha, L. C. S., Carneiro, L. C.Aceitação sensorial
e qualidade microbiológica de trufas de caju obtidas artesanalmente.
No quesito sabor e doçura a média das notas atribuídas pelos Holos. 2, 77-86, 2012.
provadores foram entre 5 e 6, caracterizando assim zona de dúvida. 5. Meilgaard, M., Civille, V., Carr, B.T. Sensory Evaluation
Uma possível explicação para as médias obtidas no quesito sabor e T echniques. Boca Raton: CRC Press, 1988. 279p.
doçura seria o sabor marcante do mel que acentua o sabor doce do
6. Morais, E.F. de, Maniglia, E.B., Omae, J.M., Soares,
produto e o sabor de chocolate meio amargo proporcionado pela L.F.F.S., Madrona, G.S. Desenvolvimento e avaliação de bolo a base
alfarroba, o qual não agrada a grande maioria dos brasileiros. de farinha de alfarroba (Ceratonia siliqua). Rev. Gest. Inovaç. Tecn.
O índice de aceitação da trufa com farinha de alfarroba foi inferior
4(5), 1340-1350, 2014.
70%, o que, segundo Morais et al. (6), confirmam a baixa aceitação
do produto, visto que, para uma boa repercussão, o índice de
aceitação do produto deve ser superior a 70%.
432
Gastronomia: da tradição à inovação
05694 - Análise Sensorial de Sorvete de Melancia e Bolo Enriquecido Com os Resíduos da Melancia
(Citrullus Lanatus)
Ananda Gabrielle dos Santos Silva 1 ; Erika Lopes dos Santos1 ; Leonardo Campelo Cavalcanti1 ; Raildes da
Cunha Custódio1 ; Emanuela Monteiro Coelho2
1
Discente curso Superior de Tecnologia em Alimentos – IF SERTÃO – PE, Campus Petrolina
2
Docente – IF SERTÃO – PE, Campus Petrolina
MATERIAIS E MÉTO DO S
Matéria-prima
Análise sensorial
T odos os ingredientes utilizados para esse trabalho foram
adquiridos no comércio local de Juazeiro-BA e encaminhados para o A análise sensorial foi realizada no pátio do Instituto
Laboratório Experimental de Alimentos (LEA), no Instituto Federal
Federal do Sertão Pernambucano, com 100 provadores não treinados,
do sertão Pernambucano, onde foram elaborados os produtos.
estas pessoas também foram escolhidas ao acaso, dentre estas,
alunos, funcionários e frequentadores do local. Para a análise de
Elaboração do sorvete aceitação foi utilizada a escala hedônica de 5 pontos variando de
gostei muito até desgostei muito. Os dados foram tratados e através
Para a elaboração do sorvete foi utilizada a seguinte
de análise dos dados obtidos. T ambém foi realizado teste de intenção
formulação: 54% de leite, 24,3% de polpa de melancia, 13,5% de
de compra co 5 pontos variando de certamente com praria a
açúcar, 1,3% de emulsificante, 1,3% de liga neutra, 5,4% de leite em certamente não compraria. (6)
pó. Inicialmente os ingredientes foram adicionados em um
liquidificador, exceto a polpa de melancia e o emulsificante, e foram
RESULTADO S E DISCUSSÃO
batidos por 3 minutos. Em seguida a mistura foi levada ao freezer por
24 horas. Após o congelamento, foram adicionados o emulsificante e Após a análise dos dados obtidos através das fichas avaliativas,
a polpa da melancia e o produto foi homogeneizado em uma
foram apresentados os seguintes resultados que estão expressos nas
batedeira até dobrar de volume, sendo acondicionado em pote
Figuras 1 e 2:
plástico e levado ao freezer para o segundo congelamento.
433
Gastronomia: da tradição à inovação
434
Gastronomia: da tradição à inovação
435
Gastronomia: da tradição à inovação
de tal produto. A segunda maior nota foi a 2 (Possivelmente) com 34%, potencial anticonvulsivante e diminuição da pressão arterial.
totalizando em 94% dos que acreditam na inovação empregada no
produto. A menor nota foi 1 (Não) com apenas 6% de provadores que
não acreditaram que essa nova forma de beneficiamento para o capim
santo é de caráter inovador.
34%
60% Figura 4. Produto elaborado (trufa de capim santo).
CONCLUSÃO
436
Gastronomia: da tradição à inovação
5704 - Análise sensorial de suco de abacaxi com aproveitamento parcial e integral do alimento
MATERIAL E MÉTO DO S Diante dos resultados coletados, optou-se por categorizar a escala
hedônica em três categorias: “gostei”, “não gostei” e “nem gostei e
T rata-se de um estudo transversal e quantitativo desenvolvido em nem desgostei”, conforme pode ser observado na tabela 1 com os
uma Unidade de Alimentação e Nutrição de um clube localizado na resultados da pesquisa.
De acordo com o método de comparação múltipla, levando em
437
Gastronomia: da tradição à inovação
consideração o sabor e o aroma, a amostra padrão (P) que tem como farinhas das cascas de abacaxi e de manga, 2013.
composição 100% de polpa de abacaxi teve maior aceitabilidade que 4. CARDOSO, J.R.; SILVA, F.I.C.; MORAES, G.B.; BRAGA, L.O.;
as demais amostras quanto ao sabor, totalizando 73,3% da BRIT O, J.S. Avaliação da aceitação de doce elaborado com
preferência, e quanto ao aroma que totalizou 70,0%, foi inferior a aproveitamento de albedo de maracujá amarelo, 2012.
amostra 1. A amostra 1 que tem como composição 50% de polpa de 5. CASAGRANDE, C. Aproveitamento integral de alimentos em
abacaxi e 50% de casca, ou seja, com aproveitamento parcial, uma creche do município de Criciúma- SC, 2009.
apresentou uma boa aceitabilidade comparando com a padrão (P), o 6. T EIXEIRA, L.V. Análise sensorial na indústria de alimentos,
que totalizou em 66,7% de preferência quanto ao sabor, e ao aroma 2009.
86,7%. Já a amostra 2 teve uma baixa aceitação comparando com as 7. CARVALHO, A.M.; JUNQUEIRA, A.M.R.; VIEIRA, J.V.;
demais nos dois quesitos avaliados, quanto ao sabor obteve 13,3% e BOT ELHO, R. Análise sensorial de genótipos de cenoura cultivados
quanto ao aroma 16,7%. Obtiveram resultados de imparcialidade, em sistema orgânico e convencional, 2005.
onde avaliaram como” nem gostei, nem desgostei” 10,0% dos 8. MART IN, J.G.P.M.; JÚNIOR, M.D.M.; ALMEIDA, M.A.;
avaliadores quanto ao sabor e 13,3% quanto ao aroma para a amostra SANT OS, T .; SPOT O, M. H. F. Avaliação sensorial de bolo com
padrão (P), para a amostra 1 foram 20,0% quanto ao sabor, e na resíduo de casca de abacaxi para suplementação do teor de fibras,
amostra 2 6,7% para sabor e 13,3% para aroma. Em relação a 2012.
pergunta elaborada sobre a preferência entre a amostra 1 e a amostra 9. LUCIA, S.M.D.; POLA, C.C.; SARAIVA, S.H.; SILVA, P.I.;
2, 90,0% dos avaliadores preferiram a amostra 1. CARVALHO, R.V. Elaboração de aceitabilidade de sucos
preparados a partir de frutas produzidas no estado do Espírito Santo,
Tabe la 1 – Análise sensorial dos sucos degustados. Fortaleza, 2016. 2011.
10. VIERA, V.B.; T AMBARA, T.T.; BUZATTI, N.B.; BARBOSA,
Gostei Não Gostei Nem gostei
A.L.R.; LOPES, M.R.; MIRON, V.R.; SACCOL, A.L.F. Análise
e nem
sensorial de sucos elaborados com aproveitamento integral de
desgostei
alimentos, 2010.
N % N % N % 11. CARDOSO, J.R.; SILVA, F.L.C.; BRAGA, L.O.B.; MORAES,
Padrão Sabor 22 73,3 5 16,7 3 10,0 G, B.M.; LIMA, A. Avaliação da aceitabilidade de doce de casca de
Aroma 21 70,0 5 16,7 4 13,3 mamão com coco e doce de polpa de mamão com coco, 2010.
Amostra Sabor 20 66,7 4 13,3 6 0
1 Aroma 26 86,7 4 13,3 20,0 0,0
Amostra Sabor 4 13,3 24 80,0 2 6,7
2 Aroma 5 16,7 21 70,0 4 13,3
CO NCLUSÕ ES
REFERÊNCIAS
438
Gastronomia: da tradição à inovação
Renato Costa da Silva 1 , Ana Beatriz Filgueira Amorim2 , Regilane Marques Feitosa 3 , Emanuel Neto Alves de Oliveira 4 ,
Bruno Fonsêca Feitosa 2 , Lumara Tatiely Santos Amadeu 1
regilanemarques@gmail.com
4 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Pau dos Ferros
439
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabela 2. Composição físico-química dos licores concentração. O teor alcoólico não apresentou diferença estatística
F
ST SST ATT
Ratio pH
AT TA % nas médias de aceitação. A impressão global também não diferiu,
(%) (ºBrix) (%) (%) (v/v) tendo uma aceitação de 70,55% para a F 1 e de 76% para a F2 .
a a b b b
F1 33,5 34 0,20ª 170,54 6,04 28,36 25,57 b Portanto, sendo o critério de decisão para boa aceitação igual ou
b b b a a
F2 28,6 31,63 0,16 202,02ª 6,35 34,99 30,80 a
superior a 70%, considera-se os licores bem aceitos.
MG 31,08 32,82 0,18 186,28 6,2 31,68 24,71
DMS 1,36 2,01 0,08 3,71 0,06 7,21 6,19
Fcal. 9,07 *
27,3 **
7,32 *
8,41 *
8,41 *
28,23 **
17,38 ** CO NCLUSÕES
F – Formulação; ST - sólidos totais; SST - Sólidos solúveis totais; ATT –
Acidez total titulável; Ratio – relação SST/ATT; AT - açúcares totais; TA - Os licores apresentaram-se de acordo com os valores estabelecidos
teor alcoólico; MG- Media geral; DMS - Diferença mínima significativa; F cal. pela legislação, cabendo a estes a denominação de licor fino ou doce.
– Teste F: *Significativo ao nível de 5% e **Significativo ao nível de 1% de A concentração de cascas influenciou nos parâmetros avaliados.
probabilidade. As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem Ambos os licores foram aceitos pelos provadores, demonstrando
estatisticamente entre si segundo teste de Tukey ao nível de 5% de
preferência à formulação com menor quantidade de casca, validando,
probabilidade.
assim, a utilização dessa matéria-prima na produção de licor.
Os resultados para a acidez total titulável diferiram entre as
formulações (p<0,05), tais concentrações foram baixas, REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
provavelmente, pelo baixo valor de ácidos encontrado na matéria-
prima utilizada. Valores inferiores foram encontrados por outros 1. VERONEZI, C.M., JORGE, N. Aproveitamento de sementes de
autores como Oliveira e Santos (10), no estudo de licores de açaí abóbora (Cucurbita sp) como fonte alimentar. Rev. Bras. Prod. Agro.
(0,04%); Almeida et al. (5) no desenvolvimento de licor com casca 14, 1, 113-124, 2012.
de tangerina (0,03 a 0,033%), essa diferença pode corresponder à 2. NASCIMENT O FILHO, W.B., FRANCO, C.R. Avaliação do
quantidade de casca e ao período de infusão. potencial dos resíduos produzidos através do processamento
O Ratio, é um parâmetro relativo à sensação de doçura do produto, agroindustrial no Brasil. Rev. Virt. Quím. 20, 20, 2, 2015.
uma vez que o teor de ácidos pode interferir no ºBrix. Dessa forma, 3. GONZALES, A.D., VIT AL, A.V.D., LIMA, J.M., RODRIGUES,
observa-se que o licor cuja formulação continha menor quantidade de M.B.S. Desenvolvimento sustentável para o resgate da cultura do
casca obteve maior valor de ratio (F2 ). Essa diferença pode ser cacau baseado no aproveitamento de resíduos. Inter. Cient. Saúd.
entendida pela maior quantidade de ácidos, resultantes, por sua vez, Amb. 1, 2, 41-52, 2013.
da maior quantidade de cascas presente na F 1 . 4. SILVA, R.A., AGRA, A.C., ALEIXO, D.L., NÓBREGA, V.R.,
O pH apresentou valores superiores a 6 e diferiram estatisticamente DANT AS, E.A. Situação Econômica e Produtiva da Cultura dos
entre si. Almeida et al. (5) verificaram pH abaixo de 5 para quatro Citros no Estado da Paraíba. Rev. Verd. Agro. Desenv. Sust. 6, 3,
formulações elaboradas de licor de tangerina; o que permite avaliar a 2011.
influência da adição do leite condensado neste parâmetro. 5. ALMEIDA, E.L., LIMA, L.C., BORGES, V.T .N., MART INS,
No teor de açúcares totais, as duas formulações obtiveram médias R.N., BAT ALINI, C. Elaboração de licor de casca de tangerina
dentro das especificações contidas na legislação, que prescreve um (Citrus reticulata BLANCO), variedade ponkan, com diferentes
mínimo de 3% (8). E houve diferença significativa entre as duas concentrações de casca e tempos de processamento. Alim. Nutri. 23,
formulações (p<0,01), cabendo para F1 menor percentual (28,36%) 2, 259-265, 2012.
em relação a F2 (34,99%). Tal diferença pode justificar-se na maior 6. LEIT E, P.B., CARVALHO, B.M., DRUZIAN, J.I. T endências
quantidade de casca da primeira, e, sendo assim, maior teor de tecnológicas para produção de bebidas alcoólicas com baixo teor
substâncias oriundas desta. De acordo com o valor de açúcares alcoólico. GEINTEC-Gestão, Inov. T ecnol. 3, 3, 213-220, 2013.
manifestado, a legislação caracteriza ambas as formulações como 7. VIERA, V.B., RODRIGUES, J.B., BRASIL, C.C.B., ROSA, C.S.
licor fino ou doce, que contêm até 35% por litro. Quanto à graduação Produção, caracterização e aceitabilidade de licor de camu-camu
alcoólica, os licores diferiram entre si, e estão dentro do estabelecido (Myrciaria dúbia (H.B.K.) McVaugh). Alim. Nutr. 21, 4, 519 -522,
na legislação, que é entre 15 e 54%. 2010.
8. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Avaliação sensorial dos licores Decreto n. 6.871, de 4 de junho de 2009. Regulamenta a lei n. 8.918
de 14 de julho de 1994. Dispõe sobre a padronização, a classificação,
Na análise sensorial, o único parâmetro que apresentou efeito o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. 2009.
significativo foi à aparência, apresentando 5% de probabilidade. As 9. PASSOS, F.R, CRUZ, R.G DA, SANT OS, M.V., FERNANDES,
notas atribuídas à F1 foram, no geral, inferiores as de F2 . As demais R.V.B. Avaliação físico-química e sensorial de licores mistos de
notas ficaram próximas da média 6 (gostei ligeiramente). cenoura com laranja e com maracujá. Rev. Bras. Prod. Agro. 15, 3,
Referente ao atributo cor, F2 obteve maiores notas em relação à F1 , 211-218, 2013.
no entanto, estas não diferiram significativamente, indicando que, 10. OLIVEIRA, E.N.A.; SANTOS, D.C. P rocessamento e avaliação
quanto à coloração, a concentração da casca não interferiu na da qualidade de licor de açaí (Euterpe oleracea Mart.). Rev. Inst.
avaliação dos provadores. Na aparência, observou-se uma diferença Adolfo Lutz 70, 4, 534-541, dez. 2011.
significativa (p<0,05) entre as notas atribuídas pelos provadores, 11. PENHA, E.M. Licor de Frutas. Embrapa Informação
mostrando maior preferência a F2 . Provavelmente, essa diferença foi T ecnológica. Coleção Agroindústria Familiar. Brasília. 2006, 09 p
devido ao caráter heterogênio adquirido por F1 ; possivelmente a falta 12. ALZUGARAY, D., ALZUGARAY, C. Manuais práticos:
de interação entre os ácidos presentes e o leite condensado gerou um licores. 1ª ed. São Paulo: Editora T rês Ltda, 1986. 32 p.
aspecto de “ coagulado”. 13. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolpho
Lutz: Métodos Químicos para Análise de Alimentos. 4.ed. São
Tabela 3. Resultados dos atributos sensoriais avaliados nos licores Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
F CR AP AR CT SB DC T A IP IC 14. ST EFANELLO, C.L., ROSA, C.S. Composición aproximada de
6,37 a 5,92 b 7,32 a 6,20 a 6,20ª 6,25 a 6,62 a 6,35 a 3,10 a
las cáscaras de diferentes frutas. Rev. Cien. Tecnol. Posadas 14, 17,
F1
F2 6,88 a 6,63 a 7,45 a 6,77 a 6,80 a 6,22 a 6,65ª 6,90 a 3,47 a 34-37, 2012.
MG 6,63 6,28 7,39 6,49 6,5 6,24 6,64 6,63 3,29 15. SILVA, F.A, RADMANN, E.B., T IECHER, A., PINHEIRO,
DMS 0,67 0,6 0,48 0,56 0,45 0,59 0,31 0,49 0,64 A.D., ZANELLA, A., ACHILLES, K.A.R. Conservação e Qualidade
F cal 0,78
ns
5,27 *
1,66 ns
3,65 ns
2,65 ns
2,87 ns
1,25 ns
1,77 ns
2,08 ns Pós-Colheita de T angerina Clemenules em T empos de
CR – Cor, AP – Aparência, AR – Aroma, CT – Consistência, SB – Sabor, DC Armazenamento e Comercialização. Anais do Salão Internacional de
– Doçura, TA – Teor alcoólico, IP - Impressão global, IC - Intenção de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 6, n. 2, 2014.
compra, F – Formulações, MG – Media geral, DMS – Diferença mínima 16. OLIVEIRA, C.A., BRUNINI, M.A., NUNES, G.S. Quality of
significativa, Fcal – Teste F, * Significativo a 5% de probabilidade, ns – Não T angerine ‘Pokan’ Marketed in T he Ceagesp- Wharehouse of
significativo; As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem Ribeirão Preto-SP. Nucleus, [s.l.], 11, 2, 307-316, 30 out. 2014.
estatisticamente entre si segundo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
17. AUGUST A, I.M., RESENDE, J.M., BORGES, S.V., MAIA,
M.C.A., COUT O, M.A.P.G. Caracterização física e química da casca
No aroma, consistência, sabor e a doçura não diferiram e polpa de jambo vermelho (Syzygium malaccensis,(L.) Merryl &
estatisticamente, porém, mostraram uma média conferida à F 2 Perry). Ciênc. T ecnol. Aliment. 30, 4, 45-52, 2010.
superior a de F1 , exceto para doçura, avaliando-se assim que houve
preferência ao licor cuja maceração ocorreu com menor
440
Gastronomia: da tradição à inovação
Fátima Alves Teixeira¹; Milka Carvalho de Azevedo3 ; Rafaela de Aquino Souza Miskinis 4 ; Gabriela França
Brito5 ; João Bandeira de Moura Neto³;
1. Docente/pesquisador do Depto de Tecnologia de Alimentos do IFM A/ Campus Zé Doca; * fatima.teixeira@ifma.edu.br
2. Docente/pesquisador do Programa de Pós Graduação de Ciências Veterinárias no Semiárido;
3. Docente/pesquisador do Depto de Tecnologia de Alimentos - IFSERTÃO-PE;
4. Estudante do Curso de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos -UFC;
5. Estudante do Curso de Tecnologia de Alimentos - IFSERTÃO-PE;
MATERIAL E MÉTODOS
441
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
Quanto ao teste de intenção de compra os
resultados demostraram que 80% dos provadores DUTCOSKY, S.D. Análise Sensorial de Alimentos .
Curitiba: Champagnat, 1996. 123p.
certamente comprariam a cocada de leite de
cabra. Segundo Dutcosky (1996) para que um HAENLEIN, G.F.W. Goat milk in human nutrition.
produto seja aceito quanto as suas características Small Ruminant Research, v.51, n.1, p. 155-163, 2004.
sensoriais, é necessário que seu índice de
aceitabilidade seja, no mínimo, de 70% e, neste RODRIGUEZ, V. A.; CRAVERO, B.F.; ALONSO, A.
estudo, o resultado do teste de intenção de compra Proceso de elaboración de yogur deslactosado de leche
realizado apresentou um bom potencial para a de cabra. Ciência e Tecnologia de Alimentos,
comercialização do produto Campinas, v.28 (Supl.), p. 109-115, dez.2008.
442
Gastronomia: da tradição à inovação
05711 Avaliação Sensorial de Barras de Cereais Light sabor Chocolate e Morango: Aplicação de Teste
de Preferência
Antonia Ariana Camelo Passos 1 , Silmara Azevedo Lopes 1 , Ana Josymara Lira Silva 1 , Nayanne Lima dos
Santos 1 , Renata Chastinet Braga 2 , Marlene Nunes Damaceno 2
Produtos de cereais.
Palavras Chave: Teste afetivo. Teste de preferência.
INTRO DUÇÃO foram pouco enfatizados, mas que estão cada vez mais apresentando
um rápido crescimento no mercado. A escolha dos cereais, a seleção
Diante da importância das características sensoriais dos produtos e o do carboidrato apropriado (de forma a manter o equilíbrio entre o
impacto dessas escolhas dos consumidores, a Análise Sensorial sabor e o tempo de vida de prateleira), o enriquecimento com vários
ganhou grande importância no setor da indústria alimentar. Dutcosky nutrientes e sua estabilidade no processamento são considerados os
(1) afirma que são muitas as aplicações da análise sensorial na principais aspectos para a elaboração desse tipo de produto. T ambém
indústria de alimentos e nas instituições de pesquisa como: controle na é levado em consideração o valor nutricional, sendo escolhidos com
etapa de desenvolvimentos de novos produtos, redução de custos, maior frequência pelos consumidores os com alto conteúdo de fibras e
controle de qualidade, teste de mercado de um novo produto, entre baixo teor ou isentos de gordura, porém com alto aporte energético. A
outras aplicações. associação entre barra de cereais e alimentos saudáveis é uma
O teste de preferência pode ser considerado como uma das mais tendência no setor de alimentos, o que beneficia o mercado destes
importantes etapas da Análise Sensorial. Representa o somatório de produtos (5).
todas as percepções sensoriais e expressa o julgamento, por parte do Diante do exposto objetivou-se a aplicação do teste afetivo de
consumidor, sobre a qualidade do produto. Mede a preferência, para preferência (pareado) para determinar a preferência entre duas marcas
predizer a aceitabilidade (2). diferentes de barras de cereais light sabor chocolate e morango.
A legislação vigente define produtos de cereais como os produtos
obtidos a partir de partes comestíveis de cereais, podendo ser MATERIAIS E MÉTO DO S
submetidos a processos de maceração, moagem, extração, tratamento
térmico e ou outros processos tecnológicos considerados seguros para Para a realização da análise sensorial, foram selecionadas, no
produção de alimentos. As barras de cereais incluem-se nessa comércio da cidade de Sobral (Ceará, Brasil), duas barras de cereais
categoria (3). E que um alimento seja considerado light este deve light de marcas diferentes, denominadas de A e B. As marcas foram
possuir uma redução parcial relativa ao seu valor energético ou de adquiridas em suas embalagens invioladas e em temperatura ambiente,
algum nutriente, seja ele carboidrato, açúcares, colesterol, sódio ou nas mesmas condições que se encontravam expostas ao consumidor e
gordura. São aqueles produtos que apresentam a quantidade de algum levadas ao Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos do Instituto
nutriente ou valor energético reduzido, quando comparados a um Federal de Educação, Ciência e T ecnologia do Ceará – Campus
alimento convencional, ou ainda no seu conteúdo absoluto (4). Sobral, para posterior realização das análises.
As barras de cereais light, em sua maioria, apresentam teor reduzido Foi aplicado o teste afetivo de preferência (pareado) onde as marcas
de gordura, não afetando o valor energético das mesmas. de um terço de barras de cereais foram codificadas aleatoriamente
As barras de cereais atendem a demanda por alimentos nutritivos e com três dígitos e servidas em copos descartáveis de 50 mL a
seguros que é uma tendência que cresce mundialmente e são temperatura ambiente (± 25 °C) juntamente com água mineral para
elaboradas a partir da extrusão da massa de cereais de sabor adocicado limpar o paladar entre as avaliações. A análise sensorial foi realizada
e agradável, fonte de vitaminas, sais minerais, fibras, proteínas e em cabines individuais na forma de blocos completos casualizados. A
carboidratos complexos, muitas são elaboradas com alto teor de fibra equipe sensorial foi composta por 120 provadores não treinados com
e baixo teor de gordura para atender a demanda de consumidores faixa entre 18 e 45 anos. O projeto cadastrado na Plataforma Brasil
interessados em aumentar os cuidados com a saúde e dieta (5). com o número 45837215.8.000.5589 foi aprovado pelo comitê de
As barras de cereais são alimentos de fácil consumo, requerem pouco ética do Instituto Federal de Educação, Ciência e T ecnologia do
ou nenhum preparo e durante muito tempo seus valores nutritivos Ceará. A Figura 1 mostra a ficha distribuída aos provadores.
Figura 1 - Modelo de ficha sensorial para o teste de preferência das marcas de barras de cereais light sabor chocolate e morango.
TESTE DE PREFERÊNCIA
Você está recebendo duas marcas codificadas de barras de cereais light sabor chocolate e morango. Por favor, prove as marcas da esquerda para a
direita e circule a amostra de sua PREFERÊNCIA.
____________ ____________
COMENT ÁRIOS: _______________________________________________________
Os resultados obtidos foram avaliados de acordo com a tabela para o Teste Pareado Bicaudal (DUTCOSKY, 2011) a um nível de 5% de significância.
443
Gastronomia: da tradição à inovação
RESULTADO S E DISCUSSÃO
Corante natural carmin de
Bicarbonato de sódio
A Figura 2 mostra o percentual de respostas dada as marcas A e B de cochonilha
barras de cereais light sabor chocolate e morango. Corante carmin de cochonilha Acidulantes ácido cítrico e ácido
e urucum fosfórico
Figura 2 - Respostas dos provadores em relação às marcas de barras Aromatizantes
de cereais light sabor chocolate e morango para o teste afetivo de Vitaminas C e E
preferência (pareado).
Antioxidante natural tocoferol
Fonte: Embalagens das barras de cereais light avaliadas.
Os ingredientes em destaque na T abela 1 são de fundamental
importância para definir a preferência das barras de cereais light em
estudo, são esses ingredientes que fazem a diferença na qualidade
sensorial dos produtos.
CO NCLUSÕ ES
AGRADECIMENTO S
444
Gastronomia: da tradição à inovação
Palavras-Chave: Sorvete, Banana, Cacau servidos aos participantes que responderam um questionário com sua
opinião sobre a preparação, avaliando critérios sensoriais do produto,
bem como a sua intenção de compra para o produto degustado.
INTRO DUÇÃO Os entrevistados foram clientes e indivíduos que trabalham no local
de realização da pesquisa.
O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de alimentos,
Conforme os participantes degustavam o sorvete, preenchiam o
entretanto, também é um local onde se é desperdiçado bastante
questionário com sua opinião.
alimentos. Gerando assim uma incoerência, pois a fome e o
Em seguida, foram contabilizados 47 questionários respondidos e
desperdício são dois grandes problemas que o país enfrenta (1).
calculadas as porcentagens de acordo com as perguntas realizadas,
Em uma Unidade de alimentação, quando é observado desperdício é
utilizando o Excel 2013 para a análise estatística descritiva.
sinal que o planejamento não está sendo feito adequadamente, pois
Esta pesquisa foi realizada com o consentimento do local de
estão existindo excessos (2). Não há estudos que explicitem com
aplicação e das pessoas entrevistadas.
precisão a quantidade de alimentos desperdiçados em unidades
produtoras de alimentos porém, estima-se que cerca de 15% dos
gêneros adquiridos, sejam descartados durante os processos nos quais RESULTADO S E DISCUSSÃO
os alimentos são submetidos (3).
Um dos alimentos que observa-se desperdício em larga escala é a 80 71,11 75,56 66,67
banana. Ela é cultivada em inúmeros países, principalmente nas 70
regiões tropicais, onde é fonte de alimento e renda para milhões de 60
pessoas. Economicamente, a banana é considerada a segunda fruta de 50 31,11
BOM 40 28,89 31,11
maior importância em área colhida, valor da produção, quantidade
produzida e consumo. É cultivada por produtores grandes, médios e
30
REGULAR 20
pequenos, sendo 60% de sua produção originada da agricultura 10 2,2 0 4,44
2,2
familiar. Além disso, a banana é um alimento de boa digestibilidade RUIM 0
e rica em carboidratos, vitaminas A, B6 e C, e potássio, apresentando
ainda uma pequena quantidade de gorduras (4). NÃO OPINOU
A banana possui uma quantidade significativa de carboidratos de
fácil assimilação, que se dividem entre os facilmente digeríveis, que
fornecem energia ao corpo, e aqueles de digestão resistente, que
atuam como fibra alimentar e possuem ação prebiótica, fornecendo
benefícios à saúde intestinal. Entre os não digeríveis estão os Gráfico 1: Análise sensorial do sorvete de banana congelada.
polissacarídeos não amiláceos que são encontrados na banana Fortaleza, 2016.
madura (5).
O cacau é outro alimento com propriedades funcionais de grande
importância, tendo em sua composição além dos polifenóis (10% na 80 73,33
sua forma original), uma quantidade significativa de gordura 70
(variando entre 40 a 50%), ácido oleico (33%) sendo o restante 60
composto por ácido esteárico que apesar de ser gordura saturada, é 50
convertido em ácido oleico após o processo de metabolização pelo SIM
40
organismo (6). 24,4
Os flavonoides presentes no cacau têm funções de extrema NÃO 30
importância na prevenção contra doenças cardiovasculares e 20
NÃO OPINOU 6,67
patologias crônicas não transmissíveis, desempenhando as ações de 10
reduzir a produção de mediadores pró-inflamatórios e estimular a 0
produção de óxido nítrico, um mediador anti-inflamatório. Devido a
ação antioxidante dos flavonoides percebe-se uma ação direta dos
SIM NÃO NÃO
mesmos no endotélio, reduzindo o aparecimento da aterosclerose (7). OPINOU
O objetivo deste trabalho foi utilizar as bananas maduras, que
Gráfico 2: Intenções de compra do sorvete de banana congelada.
provavelmente seriam descartadas por não possuir características
Fortaleza, 2016.
visualmente aceitáveis como a alteração da cor, na fabricação de um
sorvete, bem como a realização da análise sensorial, avaliando a
aceitação do mesmo 100 89,36
MATERIAL E MÉTO DO S 80
Banana
A presente pesquisa é de natureza quantitativa e possui delineamento 53,19
transversal e característica descritiva.
60
Foi realizada em uma unidade de alimentação e nutrição mista Cacau em pó
(institucional e comercial) localizada em um clube no Bairro 40
25,53
Aldeota, na cidade de Fortaleza, Ceará. Os dados foram coletados no
dia 27 do mês de abril de 2016. Leite 20
A preparação do sorvete foi realizada da seguinte forma: 8 bananas condensado
foram descascadas e cortadas em pedaços pequenos, o que resultou 0
em 958g, logo após colocadas em um recipiente e levadas ao Ingredientes
congelador, onde ficaram até o dia seguinte. Foram colocados no
liquidificador 20g de cacau e 150g de leite condensado juntamente Gráfico 3: Participantes que identificaram os ingredientes do sorvete.
com a banana congelada. Foram triturados até ficar uma mistura Fortaleza, 2016.
homogênea e cremosa. Após a realização deste procedimento, foram
colocados pequenas porções em copinhos, aproximadamente 20g, e
445
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÕ ES
REFERÊNCIAS
446
Gastronomia: da tradição à inovação
Fládia Costa¹, Rildelene Silva¹, Pedro Silva Neto 1 , Jadson Sá1 , Ana Morais²
RESULTADO S E DISCUSSÃO
Elaboração do brigadeiro
A equipe de provadores foi composta por 50 provadores, onde
As formulações de brigadeiro foram adaptadas de Gil (2016) (6) e 61% era do sexo feminino e uma maioria de 25% possuía idade entre
designadas de acordo com a concentração de alfarroba em pó em 21 e 25 anos e 65% cursavam o ensino superior. Do total de
relação ao total de biomassa, sendo BBA7 com 7% e BBA3,5 com provadores, 98% disse gostar de brigadeiro, porém apenas 33% já
3,5% (T abela 1). Não houve variação nos demais ingredientes. haviam consumido produtos à base de biomassa de banana verde e
T odos os ingredientes foram batidos em liquidificador, com o 4% declarou ter problemas com ingestão de cacau ou chocolate.
cuidado para adicionar primeiro os ingredientes líquidos para Quanto ao consumo de alfarroba em pó, 74% respondeu que já
facilitar a mistura. A massa foi batida por cerca de 5 a 10 minutos, consumiram.
até ficar homogênea.
447
Gastronomia: da tradição à inovação
40%
% de respostas
40%
30%
30% BBA7
BBA7 20%
20% BBA3,5
BBA3,5 10%
10%
0%
0% 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 -10%
Escala de atitude de consumo
Escala relativa ao ideal
Escala: 1 = consumiria se fosse obrigada; 5 = não gosto, mas consumiria em
Escala: 1= muito menos forte que o ideal; 4 = ideal; 7 = muito mais forte que alguma ocasião; 9 = consumiria sempre que tivesse oportunidade.
o ideal.
Em estudo realizado anteriormente constatou-se que o consumidor
Assim como no atributo cor, as amostras BBA7 e BBA3,5 não prefere o brigadeiro convencional ao brigadeiro de soja (8).
atingiram 70% de respostas no nível 4 (‘ideal’) na avaliação do sabor
de alfarroba (Figura 4), demonstrando que este não se encontrava
CO NCLUSÃO
ideal em nenhuma das amostras. As amostras foram avaliadas como
mais forte que o ideal uma vez que o percentual de respostas entre as A formulação com 3,5% de alfarroba em pó é a que mais se
categorias 5 e 7 foi maior do que entre 1 e 3. aproxima da cor ideal, mas o sabor ainda está forte, assim como na
amostra com 7%. Os provadores demonstraram uma baixa intenção
Figura 4. Frequência de respostas da adequação do sabor de alfarroba de consumo. Portanto, sugere-se novos estudos utilizando uma
das amostras de brigadeiro sem lactose com uso da escala relativa ao concentração de alfarroba em pó menor que 3,5% e com ajuste ou
ideal(BBA7: 7% de alfarroba em pó e BBA3,5: 3,5%) adição de outro ingrediente de forma a ajustar a cor ao ideal.
60%
AGRADECIMENTO S
50%
Ao IFCE e ao CNPq pela concessão de bolsas PIBIC e PIBIT e ao
40%
% de respostas
448
Gastronomia: da tradição à inovação
05731 Aceitação Sensorial de Sorvete Elaborado com Farinha de Alfarroba (Ceratonia siliqua L.)
Edson Freitas Junior1* ; Cayko Carvalho 1 ; Rayanne Lemos 1 ; Andrea do Nascimento 2 ; Luís Moura Neto 2 ; Denise Soares 2
1 – Discente do curso técnico em Agroindústria, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(IFPE) – campus Afogados da Ingazeira.
2 – Docente do curso técnico em Agroindústria, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(IFPE) – campus Afogados da Ingazeira.
* E-mail: juniormendes1361@hotmail.co m
449
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
Onde:
1. Barracosa, P., Osório, J., Cravador, A. Evaluation of fruit
X = nota média and seed diversity and characterization of carob (Ceratonia siliqua
N = nota máxima dada pelos provadores L.) cultivars in Algarve region. Scient. Horticult . 114, 250-257,
2007.
Os testes sensoriais do produto foram aprovados pelo Comitê de 2. Madeira, J. 2005. A Concorrência da Alfarroba Madeira e
Ética em Pesquisa CPqAM Fiocruz PE, com número de parecer Madeira Ltda. Disponível em
1.111.646. T odos os procedimentos utilizados neste experimento http://atelier.hannover2000.mct.pt/~pr558/alfabar.html. Acesso dia
foram realizados de acordo com o padrão ético do Comitê de Ética 11 de Janeiro de 2016.
em Pesquisa CPqAM Fiocruz PE. 3. Credidio, E. V. Alimentos funcionais na nutrologia
médica. 4ª ed. São Paulo: Ed. Ottoni, 2008.
RESULTADO S E DISCUSSÃO 4. Özcan, M. M., Arslan, D., Gokçalik, H. Some
compositional properties and mineral contents of carob (Ceratonia
Os provadores do teste foram constituídos por 52% do sexo siliqua) fruit, flour and syrup. Internat. J. Food Scienc. Nutrit. 58(8),
masculino e 48% do sexo feminino, no qual predominou a faixa 652- 658, 2007.
etária menor de 18 anos (68%), fato este desejado, pois esse é o 5. Medeiros, M. L., Lannes, S. C. S. Avaliação química de
público que busca e consome mais sorvete, diante pesquisas substitutos de cacau e estudo sensorial de achocolatados formulados.
preliminares. Em relação à frequência de consumo, a maior faixa Ciên. T ecnol. Aliment. 29(2), 247-253, 2009.
observada foi um consumo de uma vez na semana, expresso por 48% 6. Credidio, E. V. Alimentos Funcionais na Nutrologia
dos provados. médica. São Paulo: Ottoni 2006.
Os resultados alcançados na análise sensorial do sorvete com farinha 7. Correia, R. T . P., Pedrini, M. R. S., Magalhães, M. M. A.
de alfarroba encontram-se descritos na T abela 02. Sorvete: aspectos tecnológicos e estruturais. Hig. Alimentar. 21(148),
19-23, 2007.
Tabela 02. Resultados obtidos na análise sensorial do sorvete com 8. Meilgaard, M., Civille, V., Carr, B.T. Sensory Evaluation
farinha de alfarroba. T echniques. Boca Raton: CRC Press, 1988. 279p.
Critérios de Avaliação Média ± Desvio Índice de Aceitação 9. Morais, E.F. de, Maniglia, E.B., Omae, J.M., Soares,
Padrão (%) L.F.F.S., Madrona, G.S. Desenvolvimento e avaliação de bolo a base
Cor 7,10 ± 1,51 78,89 de farinha de alfarroba (Ceratonia siliqua). Rev. Gest. Inovaç. Tecn.
Sabor 6,98 ±1,97 77,55 4(5), 1340-1350, 2014.
Doçura 6,00 ± 2,09 66,67
Consistência 6,44 ± 2,07 71,55
Impressão Global 6,96± 1,72 77,33
Atitude de Compra 3,90 ± 0,99 78,00
CO NCLUSÕ ES
450
Gastronomia: da tradição à inovação
Pedro Silva Neto 1 , Jadson Sá1 , Fládia Carneiro¹, Ana Morais², Roberto Araújo 2
1 Graduandos do Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE),
Campus de Baturité, pabreun@outlook.com.
2 Docentes do Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal de Educação, Ciê ncia e Tecnologia do Ceará (IFCE),
Campus de Baturité, anacmorais@ifce.edu.br.
MATERIAIS E MÉTO DO S
451
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÕ ES
452
Gastronomia: da tradição à inovação
Palavras-chaves: Alimentos funcionais, análise sensorial, castanha de caju, expectativa do consumidor, oligofrutose.
A medida da expectativa do consumidor com relação às informações As informações sobre as características nutricionais, alegações
sobre a composição, características nutricionais e alegações funcionais e de composição da bebida geraram uma expectativa
funcionais atribuídas a bebida prebiótica foi avaliada em três fases positiva nos consumidores (E > C) com relação a sua aceitação. A
segundo metodologia proposta por Deliza (12), consistindo em uma significância observada na diferença entre as médias da fase cega e
avaliação às cegas, de expectativa e real. Participaram da avaliação de expectativa revela uma desconfirmação da expectativa, que neste
60 provadores, sendo 40 do sexo feminino e 20 do masculino. caso foi negativa, demonstrando que em teste cego o produto foi pior
Na fase de avaliação às cegas (C), a amostra foi servida em copos do que o esperado. No entanto, a alta expectativa gerada pelas
descartáveis codificados com números de três dígitos aleatórios. Ao informações sobre o produto foi assimilada pelos consumidores,
provador foi solicitado que avaliasse o quanto gostou ou desgostou conforme pode ser observado pela significância da diferença entre a
da bebida de um modo geral utilizando o teste de escala hedônica fase real e cega, que aumentaram a aceitação final da bebida (R > C).
453
Gastronomia: da tradição à inovação
Quando o modelo de assimilação é detectado, calcula-se a 4. Noronha, R.L.F., Deliza, R., Silva, M.A.A.P . A expectativa do
significância da diferença entre a média da fase real e expectativa. A consumidor e seus efeitos na avaliação sensorial e aceitação de
significância dessa diferença significa que a média de aceitação da produtos alimentícios. Aliment Nutr. 16(3), 299–308, 2005.
fase real estará localizada entre as médias das duas outras fases. 5. Costell, E., Tárrega, A., Bayarri, S. Food Acceptance: The Role of
Além disso, demonstra que a assimilação não foi completa e que Consumer Perception and Attitudes. Chemosens. Percept. 3(1), 42–
tanto as características sensoriais, como as informações fornecidas 50, 2010.
tiveram impacto sobre a aceitação do produto (13-14). O fato desta 6. Villegas, B., Carbonell, I., Costell, E. Effects of product
diferença ser negativa indica que as informações tiveram menor information and consumer attitudes on responses to milk and
importância do que a qualidade sensorial encontrada. soybean vanilla beverages. J. Sci. Food Agric. 88, 2426 – 2434,
Com relação à atitude de compra observou-se uma confirmação do 2008.
encontrado no teste de escala hedônica, onde a apresentação das 7. Sabbe, S., Verbeke, W., Deliza, R., Matta, V., Van Damme, P.
informações influenciou positivamente a intenção de compra do Effect of a health claim and personal characteristics on consumer
produto. Os consumidores assimilaram a alta expectativa gerada acceptance of fruit juices with different concentrations of açaí
pelas informações sobre o produto aumentado a sua atitude de (Euterpe oleracea Mart.). Appetite. 53, 84 – 92, 2009.
compra com relação a este. 8. Urala, N., Lähtennmäki, L. Attitudes behind consumers’
Ao se avaliar o comportamento do consumidor com relação a uma willingness to use functional foods. Food Qual. Prefer. 15, 793 –
expectativa criada, existem quatro modelos que podem ser seguidos: 803, 2004.
assimilação, contraste, negatividade generalizada, assimilação 9. Verbeke, W. Functional foods: consumer willingness to
contraste (15-16). O modelo de assimilação é o mais relatado em compromise on taste for health? Food Qual. Prefer. 17, 126 – 131,
estudos com consumidores (17-20) e ocorre quando qualquer 2006.
diferença entre a expectativa que o consumidor fez no ato da compra 10. Rebouças, M.C., Rodrigues, M.C.P., Afonso, M.R.A.
e o que ele de fato encontrou no produto é assimilada, fazendo com Optimization of the acceptance of prebiotic beverage made from
que a percepção do produto após degustá-lo seja próxima da cashew nut kernels. J. Food Sci. 79 (7), 1393-1398, 2014.
expectativa gerada por ele, tanto quando esta é positiva quanto
negativa. 11. Coussement, P.A. Inulin and oligofructose: safe intakes and legal
A assimilação de forma positiva das informações fornecidas sobre a status. J. Nutr. 129(7), 1412 – 1417, 1999.
aceitação e atitude de compra da bebida confirma que estas podem 12. Deliza, R. T he effects of expectation on sensory perception and
influenciar positivamente a percepção do consumidor em relação ao acceptance. Reading (UK), 1996, 198p. Tese (PhD) – T he University
produto (22). Estas informações, se utilizadas de forma correta no of Reading, 1996.
rótulo das embalagens e no marketing do produto, podem influenciar 13. Lange, C., Rousseau, F., Issanchou, S. Expectation, liking and
positivamente a atitude de compra dos consumidores. purchase behaviour under economical constraint. Food Qual. Prefer.
10, 31 – 39, 1999.
AGRADECIMENTO S 14. Siret, F., Issanchou, S. T raditional process: influence on sensory
Os autores gostariam de agradecer a Coordenação de properties and on consumers’ expectation and liking – application to
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela ‘pâté de campagne’. Food Qual. Prefer. 11, 217 – 228, 2000.
concessão de bolsa de estudo, a BENEO-Orafit e a Companhia 15. Deliza, R., MacFie, H.J.H. The generation of sensory expectation
Industrial de Óleos do Nordeste (CIONE) pelo fornecimento das by external cues and its effect on sensory perception and hedonic
matérias-primas utilizadas neste trabalho. ratings: a review. J. Sens. Stud. 11(2), 103–128, 1996.
16. Cardelo, A.V., Sawyer, E.M. Effects of disconfirmed consumer
CO NCLUSÃO expectations on food acceptability. J Sens Stud. 7(4), 253–277, 1992.
A bebida prebiótica alcançou aceitação satisfatória e as informações 17. Caporale, G., Monteleone, E. Influence of information about
dadas sobre a sua composição e alegações de saúde exerceram uma manufacturing process on beer acceptability. Food Qual. Prefer.
expectativa positiva nos consumidores. Os julgadores assimilaram a 15(3), 271–278, 2004
expectativa positiva gerada pelas informações aumentando a 18. Caporale, G., Policastro, S., Carlucci, A., Monteleone, E.
aceitação e intenção de compra final da bebida. Estes resultados Consumer expectations for sensory properties in virgin olive oils.
reforçam que estas informações podem ser utilizadas no rótulo deste Food Qual Prefer. 17(1-2), 116–125, 2006
produto p forma de influenciar positivamente a atitude de compra 19. Behrens, J.H., Villanueva, N.D.M., Silva, M.A.A.P. Effect of
dos consumidores. nutrition and health claims on the acceptability of soya-milk
beverages. Int. J. Food Sci. and T echnol. 42(1), 50–56, 2007.
REFERÊNCIAS 20.Garcia, C.C.T ., Janzantti, N.S. Influência da expectativa do
consumidor na aceitação de cachaça orgânica. Semina: Cienc Agrar.
1. Borgue, J., Soreson, D. Case study of consumer-oriented food 32(3), 1069-1082, 2011.
product development: Reduced-calorie foods. In: H. J. H. MacFie 22. Hooker, N.H., T eratanavat, R.. Dissecting qualified health
(Org.), Consumer-led food product development. Boca Raton: CRC claims: evidence from experimental studies. Crit. Rev. Food Sci.
Press, 2007. p. 524–547. Nutr. 48, 160 – 176, 2008.
2. Roberfroid, M.B. Inulin-T ype fructans: functional food
ingredients. J. Nutr. 137, 2493 – 2502, 2007.
3. Villegas, B., T árrega, A., Carbonell, I., Costell, E. Optimising
acceptability of new prebiotic low-fat milk beverages. Food Qual.
Prefer. 21, 234 – 242, 2010.
454
Gastronomia: da tradição à inovação
Rildelene Santos¹, Fládia Costa¹, Pedro Silva Neto 1 , Jadson Sá1 , Ana Morais², Anna Lima²
1 Graduandos do Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
(IFCE), Campus de Baturité, rildelenes@gmail.com.
2 Docente do Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tec nologia do Ceará
(IFCE), Campus de Baturité, anacmorais@ifce.edu.br.
Os ingredientes utilizados para a obtenção do brigadeiro de T abela 3. Médias e desvios padrão do teste de aceitação das amostras
alfarroba em pó sem lactose podem ser visualizados na T abela 2. de brigadeiro de alfarroba em pó sem lactose (BBA7: 7% de
alfarroba em pó e BBA3,5: 3,5%)
455
Gastronomia: da tradição à inovação
Amostras CO NCLUSÃO
Atributos BBA7 BBA3,5
O brigadeiro de alfarroba em pó sem lactose obteve uma leve
Aparência 6,74 a ± 1,74 7,28 b ± 1,64 aceitação da aparência e da textura. No entanto, houve indiferença
T extura 6,12 a ± 1,89 6,50 a ± 1,80 em relação à aceitação geral e do sabor. A concentração de alfarroba
influenciou apenas na aceitação da aparência.
Sabor 5,56 a ± 1,64 5,26 a ± 2,21
Sugere-se novos estudos para a obtenção de brigadeiro de alfarroba
Geral 5,86 a ± 1,97 5,76 a ± 2,14 em pó sem lactose com boa aceitação sensorial. Acredita-se que
a, b
Médias com letras iguais, em mesma linha, não diferem entre si pelo teste faltou algum ingrediente que melhorasse a palatabilidade do produto,
de Tukey (P ≤0,05). tendo em vista a substituição do leite condensado pela biomassa de
banana verde que é neutra em sabor.
A textura das duas formulações teve uma leve aceitação, tendo em AGRADECIMENTO S
vista que as médias se situaram próximas a 6 (‘gostei ligeiramente’) e
não houve diferença (P≥0,05) na aceitação deste atributo entre as Ao IFCE e ao CNPq pela concessão de bolsas PIBIC e PIBIT e ao
duas amostras. A textura do brigadeiro sem lactose está relacionada à FNDE pela concessão de Bolsa Permanência.
biomassa de banana verde. Portanto, poderia ser feito um melhor
ajuste desse ingrediente ou então a adição de outro que ajudasse a REFERÊNCIAS
tornar a textura mais próxima a do brigadeiro convencional.
O sabor das amostras nem foi aceito nem rejeitado. A média de 1. Angelis, R.C. Alergias alimentares: tentando entender por que
aceitação das duas amostras ficou próxima da nota de indiferença existem pessoas sensíveis a determinados alimentos. São Paulo:
(5=nem gostei, nem desgostei) e não houve diferença (P≥0,05) entre Atheneu. 2006.
as duas formulações. A mesma situação ocorreu na aceitação geral. 2. Moreira, L.F. Estudo dos componentes nutricionais e imunológico
Aceitação aqui se refere à expectativa de consumo efetivo do na perda de peso em Camundongos com alergia alimentar. 2006.
produto. Assim, um produto pode ser preferido a outro em um teste Dissertação (Mestrado em Patologia Geral) – Universidade Federal
de preferência ou nenhum dos dois ter boa aceitação (8). de Minas Gerais, Belo Horizonte. 2006.
Desta forma, verifica-se que a variação na quantidade da alfarroba 3. Medeiros, M.L.; Lannes, S.C.S. Propriedades dos substitutos do
não resultou na aceitação do brigadeiro. Constata-se que a não cacau. Campinas: sociedade Brasileira de ciências e tecnologia de
aceitação do produto não foi decorrente da neofobia associada à alimentos. 2010
alfarroba em pó, tendo em vista que a maioria (74%) já havia 4. Ramos, D.P; Leonel, M; Leonel, S. Amido resistente em farinhas
consumido algum produto com alfarroba em pó. T ambém não deve de banana verdes. Alimento Nutritivo, 20(3), 479 -483, 2009.
ser associado à biomassa de banana verde, pois esta possui sabor 5. Medina, J.C.; Banana: da cultura ao processamento e
neutro. Portanto, acredita-se que faltou algum ingrediente que comercialização. 2ª ed. Campinas, ITAL: pp. 1-131/198-264, 1985.
melhorasse a palatabilidade do produto, tendo em vista a retirada do 6. Gil, B. Brigadeiro sem leite da Bela Gil. Disponível em: <
leite condensado eu não só contribui para a textura, mas também para http://gnt.globo.com/receitas/receitas/brigadeiro-sem-leite-da-bela-
o sabor. gil.htm> Acesso em: 9 abril 2016.
A biomassa de banana verde surgiu como uma opção para ser 7. Stone, H.; Sidel, J. Sensory evaluation practices. (3 ed.) London:
utilizada em substituição aos espessastes tradicionais como trigo, Academic Press, 2004. 374 p.
soja, fécula de mandioca e amido de milho, em doces ou salgados, 8. Silva, R.M.; Silva, M.A.A.P.; Chang, Y.K. Uso da farinha de
melhorando o valor nutricional e assumindo o sabor da preparação jatobá (Hymenea stigonocarpa Mart.) na elaboração de biscoitos tipo
(9). cookie e avaliação de aceitação por testes sensoriais afetivos
Sugere-se a realização de novos estudos com o brigadeiro de univariados e multivariados. Ciência e T ecnologia de alimentos,
alfarroba em pó de biomassa da banana verde para que tenhamos 18(1), 25-34, 1998.
resultados de aceitação satisfatórios de forma a ajudar as pessoas 9. Zandonadi, R.P. Massa de banana verde: uma alternativa para
intolerantes a consumir um brigadeiro de saboroso e trazer uma exclusão do glúten. 2009. T ese (Doutorado em Ciências da Saúde) –
opção mais saudável para os não intolerantes. Universidade de Brasília, Brasília. 2009.
456
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO avaliados e recebiam quatro amostras acompanhadas com um copo de água
a fim de limpar as papilas gustativas entre as análises.
O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do planeta. A Os resultados obtidos foram processados em média aritmética, utilizando o
natureza oferece incontáveis possibilidades nutritivas em nossa terra, programa Microsoft Excel® do Windows 7® e expressos em percentuais.
dentre as quais está o pequi. Vários autores enfatizam a presença de
nutrientes neste vegetal, como as vitaminas C, B1, B2, a pró vitamina RESULTADO S E DISCUSSÃO
A, niacina e caroteno, além do alto teor em ômegas 3 e 6, licopeno,
sais minerais, fibras, proteínas e carboidratos (1). Para o atributo sabor, a geleia de pequi obteve a maioria das respostas
Apesar de ser um fruto nativo do cerrado brasileiro, algumas espécies (71%) na zona de aceitação da escala hedônica, que variou desde o “ adorei”
do gênero Caryocar ocorrem em quase todos os ecossistemas do país. ao “gostei”. O aroma obteve 62% de aprovação, bem como a textura (54%)
No Nordeste brasileiro ocorre a espécie C. coriaceum, que exerce um e a cor (96%). Portanto, observou-se que itens relevantes como aroma e o
importante papel socioeconômico na Chapada do Araripe e sabor, que são bem marcantes no fruto, foram aceitos na geleia produzida.
circunvizinhanças, nos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí (2). O chutney obteve percentuais bem próximos de aprovação e desaprovação.
Dados do IBGE de 2011 (3) informam que o Ceará produziu 60% das O sabor agradou 54% dos provadores, considerando as respostas na área de
amêndoas de pequi nacional, e no Ceará o município do Crato foi aceitação (do “adorei” ao “gostei”), contudo, 33% não aprovaram
responsável por 78% da produção do Estado, gerando emprego e (considerando respostas na zona de rejeição que variava do “não gostei” e
renda para a região, especialmente derivada do óleo de pequi. Sendo “detestei”). Semelhantemente, o aroma obteve 38% das respostas na zona
assim, o extrativismo do pequi movimenta a economia local, fortalece de aceitação, enquanto que 29% desaprovaram o cheiro. A maioria dos
a agricultura familiar, dissemina práticas sustentáveis e promove a provadores não gostou da cor do chutney (52% das respostas entre
perpetuação dessa atividade que já se tornou uma tradição cultural “detestei” e “não gostei”), porém a maioria aprovou a textura (54%)
passada de geração em geração. O biscoito doce de polpa de pequi obteve 80% de aprovação dos provadores
Mesmo sendo bastante apreciado nos lugares onde cresce, dentre eles no quesito sabor (soma dos resultados “adorei” e “gostei”). O aroma obteve
o Cariri Cearense, este fruto é bastante estigmatizado, sendo 54% das respostas positivas, ao passo que 21% desaprovaram este atributo.
considerado exótico, de gosto e cheiro peculiares e até mesmo Por outro lado, a textura (61%) e a cor (71%) foram aprovadas. Medeiros
desconhecido pelos nordestinos de outras localidades. Assim, o (6) também avaliou a aceitabilidade do biscoito de polpa de pequi e obteve
principal objetivo desta pesquisa foi mostrar o poder transformador da aceitação entre “gostei moderadamente” e “gostei muito” tanto para sabor
gastronomia em quebrar estigmas sobre o pequi, realizando quanto aparência do produto em escala hedônica de 9 pontos. O referido
preparações com o mesmo e avaliando a aceitação sensorial. autor elaborou cinco amostras com diferentes concentrações de polpa de
pequi e para o atributo sabor, todas obtiveram aceitação acima de 87%.
Finalmente o biscoito tipo cookie, feito com a amêndoa de pequi
MATERIAIS E MÉTO DO S
cristalizada, foi o produto que obteve maior percentual de aceitação no
Elaboração de produtos à base de pequi atributo sabor, com 96%. O aroma obteve 100% de aprovação. Os outros
dois atributos também foram bem aceitos, com 84% (textura) e 83% (cor)
Foram elaborados quatro produtos à base de pequi (geleia, chutney, respectivamente. Silva, Monteiro e Rosa (7) também avaliaram a
biscoito doce e biscoito tipo cookie), os três primeiros utilizando a aceitabilidade do cookie elaborado com amêndoa de pequi por meio de
polpa de pequi em conserva e, para o biscoito tipo cookie, utilizou-se escala hedônica de 7 pontos, onde o atributo sabor, obteve média de
a amêndoa cristalizada do frut o. Decidiu-se utilizar a polpa e a pontuação total entre 50 provadores de 5,7. Esta média está entre os valores
amêndoa industrializadas devido à dificuldade de se extrair uma “gostei” (5 pontos) e “gostei muito” (6 pontos). O atributo aroma obteve 5,4
quantidade suficiente desses ingredientes de forma caseira ou de média, também entre “gostei” e “gostei muito”.
artesanal. Os produtos são originários de uma cooperativa de
extrativistas (COOPERJAP) de Japonvar, MG e foram adquiridos Avaliação global e intenção de compra dos produtos elaborados
através da loja virtual Central do Cerrado (4). A espécie utilizada foi a
C. brasiliense, da região de Minas Gerais, porém a mesma é De forma global os produtos que apresentaram melhor avaliação pe los
equivalente nutricional e sensorialmente à espécie nativa cearense C. provadores foram, em ordem: o cookie de amêndoa de pequi, com 96%
coriaceum (5). de aceitação (somando as respostas adorei e gostei) e o biscoito feito da
As fichas técnicas de geleia, chutney e biscoito doce foram elaboradas polpa do pequi, com 71% das respostas positivas. Porém, observou-se
tomando como base preparações similares que utilizavam outras que todos os produtos obtiveram a maioria das respost as na zona de
frutas, substituindo-as por pequi (geleia de abacaxi e chutney de aceitação, ou seja, entre “gostei” e “adorei” (T abela 1):
manga), e na receita do biscoito tipo cookie utilizou-se amêndoa de
pequi ao invés das tradicionais gotas de chocolate. T abela 1 – Resumo da avaliação global dos produtos elaborados.
Não
Produtos Adorei Gostei Indiferente Detestei
T este Sensorial Gostei
Geleia de
8% 58% 13% 21% 0%
O teste sensorial foi realizado com 24 voluntários não treinados pequi
integrantes da comunidade universitária do Campus do Pici, da Chutney de
0% 39% 30% 30% 0%
Universidade Federal do Ceará. A análise ocorreu no Laboratório de pequi
Experimentação de Alimentos da referida instituição no mês de Biscoito de
8% 63% 21% 4% 4%
setembro de 2015. pequi
Foi realizado teste de aceitação por meio de escala hedônica de cinco Cookie com
pontos variando entre adorei a detestei. Os atributos avaliados foram amêndoa de 38% 58% 0% 4% 0%
cor, sabor, aroma, textura e aspecto global. A intenção de compra pequi
também foi avaliada na mesma ficha, porém baseada em três pontos:
certamente compraria, talvez comprasse e nunca compraria. Os A intenção de compra de todos os produtos pode ser visualizada na T abela
provadores foram informados dos produtos a serem 2:
457
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÃO
REFERÊNCIAS
458
Gastronomia: da tradição à inovação
05882 Avaliação Sensorial de Requeijão Caprino com Teor Reduzido de Lactose Associado à Geleia de
Goiaba
Antonia Amaral1 , Gleice Gadelha 3 , Layane Alves 3 , Pedro Melo 2 , Francisco Oiram Filho 2 , Juliane Carvalho 4
Ceará
4 Doutora em Tecnologia de Alimentos, Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
lidiaamaral_88@hot mail.co m
459
Gastronomia: da tradição à inovação
vegetal. Outro estudo com resultados semelhantes foi a avaliação Científico e Tecnológico) pelo apoio financeiro e a Capril do Estácio
sensorial de sorvetes de leite de cabra com sabor de frutas tropicais, pelo fornecimento do leite caprino.
para os quais os atributos cor, aroma, sabor, textura e aceitação
global alcançadas médias variando de 6,12 a 7,57 (9). O leite REFERÊNCIAS
fermentado caprino sabor umbu, desenvolvido por Garcia e
T ravassos (10), também conseguiu notas equivalentes as obtidas no 1. FAO. Faostat: statistics division online databases.
presente estudo. As notas médias menores para o sabor residual
podem estar relacionadas ao sabor do leite de cabra. O estudo de 2. MART ÍNEZ, R., T ORRES P., MENESES, M.A., FIGUEROA,
Fonseca (2010) associou este sabor ao polimorfismo genético da αs1 - J.G., PÉREZ-ÁLVAREZ, J.A., VIUDA-MART OS, M. Chemical,
caseína que influência não apenas no sabor deste alimento, mas technological and in vitro antioxidant properties of mango, guava,
também na composição e textura de seus derivados (11). Por outro pineaplle, and passion fruit dietary fibre concentrate. Food Chem.
lado, outra pesquisa revelou que quantidades elevadas de ácidos dez. 2012
graxos voláteis de cadeia curta, como o capróico, caprílico e cáprico,
também podem ser responsáveis pelo sabor característico do leite de 3. MISSELWIT Z, B., POHL, D., FRÜHAUF, H., FRIED, M.,
cabra e seus derivados (12). VAVRICKA, S.R., FOX, M. Lactose malabsorption and intolerance:
pathogenesis, diagnosis and treatment. United European
T abela 1. Médias de notas para aceitação do Requeijão com baixo gastroenterology journal, v. 1, n. 3, p. 151-159, 2013.
teor de lactose associado à geleia de goiaba
4. KOBLIT Z, M.G.B. Bioquímica de alimentos: teoria e aplicações
ATRIBUTO S A B C
práticas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 242 p.
Cor 7,50 a 7,64 a 7,71ª
Aroma 7,53ª 7,45ª 7,53ª 5. SANT OS, T . D. R. Avaliação de queijos “Boursin” de leite de
Sabor 7,06ª 7,21ª 6,83ª cabras das raças saanen e parda alpina submetidas a diferentes dietas.
Cre mosidade 7,50ª 7,64ª 7,61ª Itapetininga, 2011. 92p. Dissertação (Mestre em Engenharia de
Sabor Residual 6,64ª 6,54ª 6,18ª Alimentos). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
Aparê ncia 7,67ª 7,68ª 7,74ª Itapetininga – BA, 2011.
Impre ssão Global 7,26ª 7,17ª 7,11ª
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, na 6. MEILGAARD, M., CIVILLE, G.V., CARR, B.T . Sensory
mesma linha, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância (p>0,05). A: evaluantion tecniques. Boca Raton: CRC Press, 1987.
0,2% de lactase; B: 0,4% de lactase; C: 0,8% de lactase
7. DUT COSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Paraná, 1996.
Quanto ao teste de intenção de compra, not a-se que os provadores 123p.
tiveram atitude favorável à aquisição do produto. As maiores
porcentagens foram na nota 2 (provavelmente compraria) com 8. CUNHA, C.R., DIAS, A.I., VIOT T O, W.H. Microstructure,
39,39%, 39,39% e 27,27%, para as amostras A, B e C, texture, colour and sensory evaluation of a spreadable processed
respectivamente. As medias favoráveis podem ser atribuídas à cheese analogue made with vegetable fat. Food Research
associação do Requeijão caprino com teor reduzido de lactose com a International, n. 42, p. 723-729, nov. 2010
geleia de goiaba. Valores na faixa de indecisão (3,50, 3,43 e 3,76)
foram observados na pesquisa realizada por Macedo ao desenvolver 9. MACEDO, L.S.O., ROCHA, T.S., FERREIRA, A.R.P, BORGES,
sorvetes à base de leite de cabra com sabor de maracujá, já no J.M., PINT O, L.I.F., SOUSA JÚNIOR, A., RAMOS, L.S.N.
presente estudo apenas 21,21%, 16,67% e 22,72% das notas, para as Desenvolvimento e avaliação sensorial de sorvete à base de leite de
amostras A, B e C, respectivamente, se encontram na faixa de cabra com sabor de frutas tropicais. PUBVET, Londrina, V. 8, N. 21,
indecisão evidenciando o interesse positivo na compra dos produtos Ed. 270, Art. 1803, novembro, 2014.
propostos
10. GARCIA R.V., T RAVASSOS A.E.R. Leite fermentado caprino
T abela 2. Medias de intenção de compra do Requeijão com baixo sabor umbu: elaboração e aceitabilidade. Rev Inst Adolfo Lutz. São
teor de lactose associado à geleia de goiaba Paulo, 2012; 71(1):134-9.
Amostra A Amostra B Amostra C
2,54 a 2,36 a 2,56 a 11. FONSECA, C.R. Efeito do tempo de armazenamento do leite de
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, na cabra in natura sobre a qualidade e a estabilidade do leite de cabra em
mesma linha, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância (p>0,05). A: pó. [T ese]. Pirassunga: Universidade de São Paulo, 2010.
0,2% de lactase; B: 0,4% de lactase; C: 0,8% de lactase
12. CENACHI, D.B., FURT ADO, M.A.M, BELL, M.J.V.,
No teste de ordenação preferência, os resultados obtidos das PEREIRA, M.S., GARRIDO, L.A., PINT O, M.A.O. Aspectos
diferenças não diferiram entre si. Só haveria diferença significativa composicionais, propriedades funcionais, nutricionais e sensoriais do
se as diferenças dos somatórios das notas obtivessem valores iguais leite de cabra: uma revisão. Rev Inst Laticínio Cândido T ostes, Juiz
ou superiores a 27, para 65 provadores. Desta forma, nenhuma de Fora, v. 66, n. 382, p. 12-20, 2011.
amostra foi mais preferida do que a outra.
CO NCLUSÃO
AGRADECIMENTO S
460
Gastronomia: da tradição à inovação
05941 - Elaboração e Analise Sensorial de Sorvete a Base de Leite de Búfala e Queijo Marajó
José Machado 1 , Hellen Silva1 , Alana Fernandes 1 , Soraya Santos 1 , Haroldo de Jesus 1 , Rafael Mota2
INTRO DUÇÃO desse aditivo na proporção de 0,05 a 1,0 g por g/100 mL ou mg para
gelados comestíveis (5).
A indústria alimentícia do ramo de laticínios está cada dia mais
empenhada em descobrir novas técnicas que visem aumentar o T abela 1. Formulação do sorvete
rendimento e a qualidade dos derivados do leite de búfala. O grande
progresso da tecnologia tem possibilitado o desenvolvimento de Ingredientes %
novos produtos e tem permitido que a indústria de alimentos viva Leite de Búfala 25
essa inovação, acompanhando um mercado em recente expansão no
Brasil, aumentando assim a competitividade dos seus produtos (1). Sacarose Comercial 20
Creme de leite 10
O “ Queijo Marajó” é obtido pela fusão da massa coalhada e definido
comumente como sendo um produto obtido da coagulação Emulsificante 1
espontânea do leite de búfala, desnatado, não pasteurizado e Liga Neutra 1
classificado como queijo de massa cozida, não maturado e não
Glucose de milho 12
prensado (2). Nos dias atuais, o “Queijo Marajó” faz parte do hábito
alimentar do paraense e está presente na culinária de outras regiões Pó saborizante 1
brasileiras. Hoje, quase 100 % desse derivado é elaborado, Queijo Marajó 30
exclusivamente, com leite de búfala (3). Neste sentido a formulação
de sorvete de Queijo Marajó pode ser uma alternativa para o
aproveitamento deste produto lácteo e de suas propriedades O Fluxograma 1 apresenta as etapas de elaboração do sorvete de
nutricionais. Queijo do Marajó.
Sorvetes são produtos elaborados basicamente com leite e/ou Pesagem dos ingredientes
derivados lácteos e ou outras matérias-primas alimentares e nos quais
os teores de gordura e/ou proteína são totais ou parcialment e de
origem não láctea, podendo ser adicionados de outros ingredientes Homogeneização
alimentares (4).
Analise sensorial
A formulação do sorvete está descrita na Tabela 1 com a quantidade Foram realizadas análises microbiológicas em placas de Petrifilm TM
de cada ingrediente, de forma a se obter 2 litros de sorvete e assim de coliformes totais e Staphylococcus aureus no sorvete de Queijo
conseguir um produto de boa aparência, textura, cor, aroma e sabor. Marajó, com o intuito de avaliar se o produto foi elaborado sob
Para o ingrediente emulsificante, esse foi adicionado, conforme a condições higiênico-sanitárias (7)
Resolução RDC n. 3, de 15 de janeiro de 2007 que permite a adição
461
Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO
manual da casca e cortados t ransversal e longitudinalmente, para
O mercado brasileiro de suco de fruta industrializado vem crescendo obtenção de cubos com arestas com cerca de 1,5 cm. As beterrabas
rapidamente nos últimos anos (1) devido à falta de tempo da foram descascadas manualmente com uso de facas de aço inoxidável,
população em preparar sucos das frutas in natura, o que tem feito e também cortadas em formato cúbico (arestas com cerca de 1,0 cm).
com que o hábito do consumo de sucos processados aumentasse. Isso Para elaboração dos sucos mistos, foram preparadas três diferentes
também é devido à praticidade oferecida por esses produtos, em formulações: na primeira utilizou-se 25% de cubos de beterraba em
substituição ao consumo de bebidas carbonatadas, em virtude da relação à massa de abacaxi (m/m); na segunda utilizou-se 20% de
preocupação com o consumo de alimento mais saudáveis e nutritivos cubos de beterraba em relação à massa de abacaxi (m/m), e n a
(2). O suco de fruta pronto para beber é o principal responsável por terceira utilizou-se 15% de cubos de beterraba em relação à massa de
essa expansão, que vem acompanhando a tendência mundial de abacaxi (m/m). Em seguida, procedeu-se a desintegração da fruta
consumo de bebidas que oferecem saúde, conveniência, sabor, com a hortaliça em liquidificador doméstico por 2 minutos,
inovação e prazer. Os sucos devem atender a legislação específica, realizando-se o refino em peneiras com malhas de 2,5 mm para
estando de acordo com definição, classificação, registro, remoção de fibras e obtenção dos sucos. Estes foram preparados com
padronização e requisitos de qualidade, devendo também atender a adição de 50% de água potável em relação à polpa de abacaxi,
legislação sobre rotulagem de alimentos embalados (1). conforme a Instrução Normativa nº 12/2003 (9). A cada bebida foi
A mistura de frutas no processamento de sucos é uma tendência de adicionado ainda 5% de açúcar, procedendo-se a mistura em
mercado, sendo facilmente encontrados em gôndolas de liquidificador até homogeneização.
supermercados, uma vez que pode suprir deficiências nutricionais de A análise sensorial foi realizada com uma equipe de 50 julgadores
ambos os vegetais utilizados, ou seja, características de dois ou mais não treinados, composta por funcionários e estudantes da
espécies são combinadas na elaboração de produtos enriquecidos universidade, de ambos os sexos, com idades variando entre 17 e 60
nutricionalmente (3). As misturas de sucos são chamadas de mixes anos. Os sucos mistos foram servidos em copos plásticos brancos
ou blends. Estas são também elaboradas com o intuito de melhorar as descartáveis, cada um contendo três dígitos aleatórios, e distribuídos
características sensoriais dos componentes consumidos de maneira aos provadores de forma casualizada. Para limpeza da boca entre as
isolada (2,4). As bebidas mistas apresentam infinitas vantagens, avaliações foi fornecido água mineral. Foi aplicado o teste de
como a possibilidade de combinação de diferentes aromas e sabores, aceitabilidade (10) utilizando-se escala hedônica de 9 pontos, com os
além da soma de componentes nutricionais, não encontrados em extremos: "1- desgostei muitíssimo" e "9- gostei muitíssimo", onde
sucos e néctares individuais (5,6). foram avaliados os atributos sensoriais de odor, cor, textura
Apesar do consumo de sucos de frutas mistos ser popular no Brasil, (viscosidade), sabor, doçura e impressão global, Investigou-se
têm-se observado que não existem muitas opções de blends de frutas também a intenção de compra dos provadores quanto às amostras
com hortaliças disponíveis no mercado, fato este que motivou a apresentadas, com uso de escala hedônica estruturada de cinco
realização desta pesquisa. Dentre as frutas que podem ser utilizadas pontos, com os extremos: “1- certamente não compraria” e “ 5-
no processamento de sucos, destaca-se o abacaxi que possui aroma e certamente compraria”.
sabor agradáveis e componentes benéficos que desempenham um Empregou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado
papel primordial na prevenção de doenças crônicas, como os com 3 tratamentos e 50 repetições, utilizando-se o software Assistat
compostos fenólicos e antioxidantes (7). A beterraba é uma das versão 7.7. beta. Os dados foram submetidos à análise de variância
hortaliças que podem ser misturados a frutas, devido às suas (ANOVA) e a comparação de médias foi feita pelo teste de T ukey a
características nutritivas e a coloração atrativa, que se deriva de altas 5% de probabilidade.
concentrações de betalaínas, um grupo fenólico do metabolismo
secundário de plantas. As betalaínas são usadas como corantes RESULTADO S E DISCUSSÃO
naturais pela indústria de alimentos, mas também têm recebido
atenção crescente devido a possíveis benefícios para a saúde em A análise foi realizada com 50 julgadores que não passaram por
humanos, especialmente a sua atividade antioxidante e anti- seleção prévia nem treinamento. Contudo, 90% dos participantes
inflamatória. Outros benefícios incluem a inibição da peroxidação declararam-se consumidores de suco de abacaxi e/ou beterraba. Com
lipídica e o aumento da resistência à oxidação das lipoproteínas de relação à frequência do consumo do produto, 60% dos julgadores
baixa densidade (8). revelaram consumir suco de abacaxi e/ou beterraba de uma a duas
Considerando-se a necessidade de pesquisas de desenvolvimento de vezes por mês, 33,3% consomem uma, duas ou até três vezes por
novos produtos, objetivou-se com este trabalho processar sucos semana e 6,7% dos julgadores consomem de uma a duas vezes por
mistos de abacaxi com diferentes concentrações de beterraba, ano.
visando obter um produto com alto valor nutricional, e avaliar sua Os resultados médios da avaliação sensorial dos sucos mistos de
aceitabilidade sensorial. abacaxi adicionados de beterraba encontram-se na T abela 1.
Verificou-se que todos os atributos investigados, inclusive a intenção
MATERIAL E MÉTO DO S de compra, não apresentaram diferença significativa pelo teste F,
indicando que o processamento dos sucos de abacaxi adicionados
Utilizou-se abacaxi em estado de maturação completo, variedade com diferentes proporções de beterraba, não alterou as características
Pérola, e tubérculos de beterraba firmes, safra 2016, adquiridos na sensoriais das bebidas, nas condições em que os experimentos foram
feira local da cidade de Campina Grande, PB. As matérias-primas executados, apesar de se verificar tendências em relação a interação
foram transportadas de maneira adequada ao Laboratório de do produto com o provador.
Engenharia de Alimentos (LEA) da Universidade Federal de Analisando-se os resultados dos parâmetros da análise sensorial,
Campina Grande (UFCG), Campina Grande, onde o estudo foi notou-se que o produto obteve uma boa aceitação por parte dos
desenvolvido. julgadores com escores positivos na escala hedônica, os quais
Realizou-se a higienização das matérias-primas, de maneira que as variaram de 6,0 (gostei ligeiramente) a 8,0 (gostei muito). Esses
beterrabas e os abacaxis foram lavados em água corrente, com uso de valores são melhores que os apresentados por Marcellini et al. (11)
escovas, para remoção de sujidades aderidas à sua superfície, ao estudarem o processamento de suco de abacaxi reconstituído
sanitizados em solução clorada (100 ppm de cloro ativo) por um adoçado com sacarose e diferentes edulcorantes, em que os escores
período de 15 min, procedendo-se o enxágue em água de boa ficaram compreendidos entre 2,0 (desgostei muito) e 6,0 (gostei
qualidade. Posteriormente, os frutos foram submetidos à remoção ligeiramente). Matsuura & Rolim (12) obtiveram escores variando
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Gastronomia: da tradição à inovação
entre 3,0 e 5,0 na escala hedônica para avaliação sensorial de blends REFERÊNC IAS
de suco integral pasteurizado de abacaxi, contendo diferentes
quantidades de suco integral pasteurizado de acerola. 1. Maia, G. A.; Monteiro, J. C. S.; Guimarães, A. C. L.; Estudo da
estabilidade físico-química e química do suco de caju com alto teor
T abela 1. Resultados médios da análise sensorial de suco de abacaxi de polpa. Ciênc. T ecnol. Aliment. 21, 43-46, 2011.
adicionado de beterraba 2. Matsuura, F. C. A. U.; Rolim, R. B. Avaliação da adição de suco
Suco de acerola em suco de abacaxi visando à produção de um "blend"
Parâmetro DMS F cal.
S1 S2 S3 com alto teor de vitamina C. Rev. Bras. Frutic. 24, 138-141, 2002.
a a a
Odor 6,78 6,86 6,80 0,69 0,04 ns 3. Bonomo, R. C. F.; Carneiro, J. C. S.; Batista, S. A.; Pirajá, D. C.
Cor 7,88 a 8,00 a 7,92 a 0,55 0,14 ns R.; Fontan, R. C. I.; Carvalho, B. M. A.; Costa, A. M. G.; Silva, A.
T extura 7,60 a 7,72 a 7,76 a 0,50 0,31 ns A. L. Desenvolvimento e avaliação sensorial de um “mix” de polpa
Sabor 6,70 a 7,26 a 6,96 a 0,76 1,53 ns congelada à base de cajá (Spondias mombim L.) e graviola (Annona
Doçura 7,08 a 7,40 a 7,52 a 0,64 1,43 ns muricata L.). Rev. Bras. Prod. Agroind. 8, 11-15, 2006.
Impressão 4. Branco, I. G.; Sanjinez-Argando, E. J.; Silva, M. M.; Paula, T . M.
7,06 a 7,46 a 7,44 a 0,58 1,67 ns Avaliação sensorial e estabilidade físico-química de um blend de
global
Intenção de laranja e cenoura. Ciênc. T ecnol. Aliment. 27, 7 -12, 2007.
3,54 a 3,96 a 3,98 a 0,46 3,21 ns 5. Quinteros, E. T. T . Processamento e estabilidade de néctares de
Compra
S1 - Suco de abacaxi e 25% de beterraba; S2 - Suco de abacaxi e acerolacenoura. 1995. 96 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de
20% de beterraba; S3 - Suco de abacaxi e 15% de beterraba; DMS - Alimentos) - Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade
Diferença mínima significativa; F cal. - F Calculado; ns - Não Estadual de Campinas, Campinas, 1995.
significativo; *significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; 6. Neves, L. C.; Benedette, R. M.; T osin, J. M.; Chagas, E. A.; Silva,
Médias seguidas da mesma letra minúscula, na linha, não diferem V. X.; Prill, M. A. S.; Roberto, S. R. Produção de blends a partir de
estaticamente a 5% de probabilidade, pelo test e de T ukey. frutos tropicais e nativos da Amazônia. Rev. Bras. Frutic. 33, 187-
197, 2011.
Notou-se que todos os atributos investigados não apresentaram 7. Laorko, A.; Tongchitpakdee, S.; Youravong, W. Storage quality of
diferença estatística pelo teste de T ukey (p>0,05), contudo houve pineapple juice non-thermally pasteurized and clarified by
uma tendência dos provadores em demonstrar menor aceitação pelos microfiltration. J. Food Eng. 116, 554-561, 2013.
sucos com maior proporção de beterraba, o que pode ser explicado 8. Wruss, J.; Waldenberger, G.; Huemer, S.; Uygun, P.;
devido às características sensoriais dessa hortaliça, a exemplo da cor Lanzerstorfer, P.; Müller, U.; Höglinger, O.; Weghuber, J.
que foi predominante em todas as formulações e de seu sabor Compositional characteristics of commercial beetroot products and
característico, que pode ter mascarado o sabor do abacaxi. beetroot juice prepared from seven beetroot varieties grown in Upper
A coloração da beterraba é bem característica, assim como o seu Austria. J. Food Comp. Anal. 42, 46-55, 2015.
aroma e sabor. Dessa forma na mistura do suco de abacaxi com a 9. Brasil. Ministério da agricultura. Instrução Normativa nº 12 de 4
beterraba prevaleceu a coloração da hortaliça, tendo esta grande de set. de 2003. Regulamento Técnico para Fixação dos Padrões de
contribuição no sabor das bebidas, uma vez que demonstrou maior Identidade e Qualidade Gerais para Suco T ropical. Diário Oficial
participação que o da fruta. O atributo sensorial de cor dos sucos [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2003.
mistos de abacaxi com beterraba, foi melhor avaliado quando 10. Dutcosky, S. D. Análise sensorial de alimentos. 3 ed. Curitiba:
comparado com Silva et al. (13) em seu estudo com néctar misto de Editora Universitária Champagnat, 2011.
umbu-cajá, couve-flor e gengibre que obtiveram valor médio de 6,01 11. Marcellini, P. S.; Chainho, T. F.; Bolini, H. M. A. Doçura ideal e
e Bedetti et al. (14) que reportaram escores compreendidos entre 6,27 análise de aceitação de suco de abacaxi concentrado reconstituído
a 7,78 para este atributo em néctares de cagaita. No atributo de sabor, adoçado com diferentes edulcorantes e sacarose. Alim. Nutr. 16, 177-
os sucos obtiveram valores médios entre 6,7 e 7,2 aproximando -se 182, 2005.
dos valores encontrados por Soares et al. (15) que foi de 7,03 a 7,33 12. Matsuura, F. C. A. U.; Rolim, R. B. Avaliação da adição de suco
em seu néctar misto de uva e tangerina. de acerola em suco de abacaxi visando à produção de um “ blend”
Quanto à intenção de compra, as médias obtidas para os sucos com com alto teor de vitamina C. Rev. Bras. Frutic. 24, 138-141, 2002.
25; 20 e 15% de beterraba foram, respectivamente, 3,54; 3,96; e 3,98; 13. Silva, K. M.; Neves, C. C. M.; Leite, B. N.; Souza, L. G.; Rocha,
revelando que os provadores “tinham dúvidas ou provavelmente E. M. F. F. Elaboração de néctar misto de umbu-cajá, couve-flor e
comprariam” os sucos nas três concentrações de beterraba. Mattietto gengibre: caracterização fisico-quimica e sensorial. Rev. Bras.
et al. (16) em seu estudo com néctar misto de cajá e umbu Agrotec. 5, 9-17, 2015.
apresentaram intenção de compra do produto com média de 4,53, 14. Bedetti, S. F.; Cardoso, L. M.; Santos, P. R. G.; Dantas, M. I. S.;
enquanto Della Torre et al. (17) evidenciaram uma média de 3,6 em Sant’Ana, H. M. P. Néctar de cagaita (Eugenia dysenterica dc.):
seu trabalho com suco de laranja pasteurizado. Isso demonstra o desenvolvimento, caracterização microbiológica, sensorial, química e
potencial mercadológico do novo produto, inclusive com estudo da estabilidade. Bol. Cent. Pesqui. Process. Aliment. 31, 125-
perspectivas de industrialização e comercialização (18). 138, 2013.
15. Soares, D. J.; Silva, L. M. R.; Holanda, D. K. R. H.; Maia, G. A.;
CO NCLUSÃO Figueiredo, E. A. T .; Figueiredo, R. W.; Souza, P. H. M.
Desenvolvimento de néctar misto de uva e tangerina. Rev. Bras.
Considerando-se as condições em que o estudo foi conduzido, os Prod. Agroind. 16, 1-10, 2014.
consumidores aprovaram o suco de abacaxi adicionado de beterraba, 16. Mattieto, R. D. A.; Lopes, A. D.; Menezes, H. C. Estabilidade de
assinalando escores superiores a 6,0 (gostei ligeiramente) em todos néctar misto de cajá e umbu. Ciênc. T ecnol. Aliment. 27, 456 -463,
os atributos investigados. 2007.
O suco formulado com abacaxi e beterraba poderia ser estabelecido 17. Della T orre, J. C. M.; Rodas, M. A. B.; Badolato, G. G.; T adini,
com sucesso no mercado, tendo em vista que, além da elaboração de C. C. Perfil sensorial e aceitação de suco de laranja pasteurizado
blends com misturas de frutas e hortaliças ser apenas encontrada em minimamente processado. Ciênc. T ecnol. Aliment. 23, 105-111,
receitas caseiras, não existindo ainda um produto neste perfil no 2003.
mercado pronto para o consumo, também constitui-se em uma fonte 18. Oliveira, E. N. A.; Santos, D. C.; Rocha, A. P. T .; Gomes, J. P.;
rica em nutrientes e compostos bioativos importantes. Martins, J. J. A; Martins, J. N. Caracterização físico -química,
microbiológica e sensorial de geleias de umbu-cajá elaboradas com e
sem a adição de sacarose. Rev. Inst. Adolfo Lutz. 74, 111-120, 2015.
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Gastronomia: da tradição à inovação
05949 Avaliação da Aceitação Sensorial e Intenção de Compra de Iogurte Elaborado com Leite de
Cabra Adicionado de Geleia de Manga
Layane Alves 1 , Pedro Melo 1 , Antonia Amaral1 , Gleice Gadelha 1 , Maria Rodrigues 1 , Juliane Carvalho 1
465
Gastronomia: da tradição à inovação
O iogurte elaborado com leite de cabra adicionado de geleia de 12. SENAKA RANADHEERA, C.; EVANS, C.A.; ADAMS, M.C.;
manga apresenta boa aceitação sensorial e intenção de compra BAINES, S.K. Probiotic viability and physico-chemical and sensory
positiva pelos potenciais consumidores, mostrando -se como properties of plain and stirred fruit yogurts made from goat's milk.
alternativa para industrialização de matérias-primas produzidas na Food Chemistry, 135, 1411-1418, 2012.
Região Nordeste, leite de cabra e manga Coité.
13. BEZERRA, M.F. Caracterização físico-química, reológica e
REFERÊNCIAS sensorial de iogurte obtido pela mistura dos leites bubalino e caprino.
2010. 100f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) –
1. BRASIL. Instrução Normativa Nº 46, de 23 de outubro de 2007. Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio
Aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leites Grande do Norte, Natal, 2010.
Fermentados. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 out. 2007.
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Gastronomia: da tradição à inovação
05959 Elaboração e teste de aceitação de bolo de banana sem glúten e lactose para pacientes celíacos
Camila Melo Araújo de Moura e Lima 1 ; Ana Flávia de Medeiros 2 , Bianca Neri2 Fernanda Cohen 2 , Priscilla Ribeiro 2 ;
Janaína Sarmento Vilela 1
1 Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), Centro Universitário de Brasília (UNICEU), Cursos de
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Gastronomia: da tradição à inovação
A análise sensorial contou com 15 participantes, sendo 10 que se refere a cor, o bolo tradicional (IA=83,70%) também teve
do sexo feminino e 5 do sexo masculino, representado 67% e 33%, melhor aceitação do que o bolo modificado (IA=79,26%). Com
respectivamente. Os respondentes tinham entre 23 e 39 anos de relação ao aroma, a aceitação do bolo modificado (IA=91,11%) foi
idade, com 26 anos de idade como média (μ), com desvio padrão (σ) melhor do que a do bolo tradicional (IA=77,04%). E no que concerne
de +/- 6 anos. a textura, a aceitação dos dois bolos foram semelhantes: bolo
Procedeu-se análise sensorial do tipo afetiva, que consiste modificado (IA=85,93%) e bolo tradicional (IA=84,44%). Esse
na manifestação subjetiva do avaliador sobre o produto testado, resultado é bastante satisfatório, pois sabe-se da dificuldade em se
demostrando se o produto agrada ou não, objetivando verificar a produzir produtos de confeitaria com farinhas sem glúten, pois esta
preferência com relação ao produto apresentado (6). proteína confere textura e elasticidade às preparações, o que,
Para a avaliação da aceitação das amostras apresentadas, normalmente, garante maior aceitação com relação à textura de
foi calculado o Índice de Aceitabilidade (IA) proposto por Bispo et al receitas contendo glúten do que receitas sem glúten.
(2004) (4) onde IA = A x 100/ B, onde A= nota média obtida para o Com relação ao sabor dos bolos apresentados, ambos
produto e B=nota máxima atribuída ao produto, sendo o mesmo foram aceitos pelos participantes da pesquisa, porém o bolo
considerado de boa aceitação quando obtém igual ou superior a 70%. modificado (IA=91,85%) obteve melhor aceitação do que o bolo
tradicional (IA=70,37%). A inclusão do ext rato de coco na receita
RESULTADO S E DISCUSSÃO adaptada conferiu um sabor suave de coco à preparação, que parece
A primeira amostra apresentada tratava-se do bolo ter agradado mais aos respondentes do que a preparação contendo
modificado, sem glúten e sem leite de vaca. A média (μ) geral obtida leite de vaca.
com a análise sensorial foi de 7,61, equivalendo ao “gostei
moderadamente”. O índice de aceitabilidade geral do produto foi de CO NCLUSÃO
84,59%, variando entre 79,26% para a cor e 91,85% para o sabor. Houve aceitação na análise sensorial de ambas
Analisando especificamente cada um dos atributos da análise preparações, bolo de banana tradicional e bolo modificado de banana
sensorial do bolo modificado, ou seja, aparência, cor, aroma, textura sem glúten e sem leite de vaca. O bolo tradicional obteve melhor
e sabor, observa-se que em todos os critérios analisados, o bolo aceitação que o bolo modificado no que concerne à aparência e à cor.
modificado obteve índice de aceitação acima de 70%, revelando Com relação ao aroma e sabor o bolo modificado foi melhor aceito
aceitação pelos participantes da pesquisa. (T abela 3) do que o tradicional. No que concerne a textura, a aceitação foi
Com relação ao bolo tradicional, a média (μ) geral obtida semelhante, revelando que a mistura de farinhas utilizadas na
com a análise sensorial foi de 7,24, equivalendo a “gostei preparação do bolo sem glúten (53% farinha de arroz integral, 27%
moderadamente” na escala utilizada, e a aceitação foi de 80,44%, farinha de araruta e 20% farinha de aveia sem glúten) foi adequada
valor considerado como de boa aceitação. Ao se analisar aparência, para substituir o trigo em preparações de confeitaria.
cor, aroma, textura e sabor separadamente, observa-se índices de
aceitação acima de 70% em todos os atributos, variando entre REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
70,37% (sabor) e 86,67% (aparência). (T abela 3) 1. ABIMA – Associação Brasileira das Massas Alimentícias.
T abela 3 – Notas médias (μ) e índice de aceitação das Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados. Estatísticas: vendas de
preparações bolo. Disponível em: http://www.abima.com.
BO LO BO LO br/estMercNacPaes.asp#vd_bolo, 2011. Acesso em: 19/06/2016.
MO FIDICADO TRADICIO NAL
2. MART IN, J.G.P.; MAT T A JÚNIOR, M.D.; ALMEIDA, M.A.;
Atributos μ IA (%) μ IA (%) SANT OS, T .; SPOT O, M.H.F. Avaliação sensorial de bolo com
resíduo de casca de abacaxi para suplementação do teor de fibras.
Aparê ncia 6,73 84,17 7,80 86,67 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, 1, 281-287, 2012.
Cor 7,13 79,26 7,53 83,70 3.ARAÚJO, H. M. C.; ARAÚJO, W. M. C.; BOT ELHO R. B. A.;
Aroma 8,20 91,11 6,93 77,04 ZANDONADI, R. P. Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e
qualidade de vida. Rev. Nutr., Campinas, 23, 467-474, 2010
Te xtura 7,73 85,93 7,60 84,44
4.BRASIL. Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003.
Sabor 8,27 91,85 6,33 70,37 Aprova Regulamento Técnico de Porções de Alimentos Embalados
para Fins de Rotulagem Nutricional. D.O.U. – Diário Oficial da
Ge ral 7,61 84,59 7,24 80,44 União; Poder Executivo, de 23 de dezembro de 2003. ANVISA –
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Comparando as médias e índices de aceitação obtidos com 5. MINIM, V.P.R. Análise Sensorial: estudo com consumidores. 2 ed.
a avaliação geral dos dois bolos, percebe-se que ambos os bolos
obtiveram IA acima de 70%, demostrando que houve aceitação dos Viçosa: UFV, 2010. 308p.
dois tipos de bolo. O bolo modificado (μ=7,61/ IA=84,59%) teve
aceitação ligeiramente melhor que a do bolo tradicional (μ=7,24/ 6.T EIXEIRA, Lilian Viana. Análise Sensorial da Industria de
IA=80,44%). Alimentos. Rev. Inst. Latic. “Cândido Tostes”, Jan/Fev, nº 366, 64:
Com relação a aparência, o bolo tradicional (IA=86,67%) 12-21, 2009
obteve melhor aceitação do que o bolo modificado (IA=84,17%). No
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Gastronomia: da tradição à inovação
Entre as diversas formas de utilização do processamento de leite in Os dados obtidos a partir das respostas dos questionários foram
natura em seus derivados lácteos, existe grande produção avaliados no programa Excel 2013. Os dados foram expressos em
diversificada de queijos. Dentre estes, podemos destacar o queijo porcentagem ao término da análise estatística.
coalho que é um dos produtos lácteos mais produzido e consumido
na região Nordeste brasileira, apresentando uma grande importância RESULTADO S E DISCUSSÃO
tanto econômica como nutricional (1). Entende-se por queijo de
coalho aquele que se obtém pela coagulação do leite por meio do Após a análise das respostas dos 102 questionários, foi possível
coalho ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada determinar o perfil dos consumidores, assim como também obter
ou não pela ação de bactérias lácteas selecionadas, sendo outras opiniões a respeito do queijo coalho.
comercializado normalmente com até dez dias de fabricação (2). Cerca de 71,6% dos participantes da pesquisa são do gênero
De acordo com Associação Brasileira das Indústrias de Queijos Feminino, quanto a renda mensal da maioria (75,5%) dos
(ABIQ), nos últimos anos está havendo uma popularização do queijo respondentes é de 1 a 3 salários mínimos. Com relação a faixa etária
coalho em outras regiões do país, como por exemplo na região podemos observar na Figura 1 que a maioria está entre 18 e 25 anos
Sudeste no Estado de São Paulo, onde vem sendo consumido na (47,1%), seguido dos consumidores entre 26 e 35 anos (36,3%).
forma de espetos para churrasco ou com adição de condimentos (3).
A forma de consumo assim como também o processo de produção Figura 1- Gráfico representando a faixa etária dos consumidores
dos queijos, a qualidade da matéria-prima utilizada, adição de
condimentos e especiarias, a ação das bactérias lácteas, a flora Entre 18 e 25
microbiota natural do leite, o público de interesse para o consumo,
anos
entre outros fatores, todos estes podem proporcionar peculiaridades 9%
nas características sensoriais dos queijos. 8%
Grande parte da produção no Nordeste é artesanal, principalmente Entre 26 e 35
em queijarias pequenas e médias, onde é produzido a partir de leite 47% anos
cru. Entretanto a nível industrial, a produção deve seguir a legislação,
que exige que o leite utilizado seja pasteurizado. Porém já foi Entre 36 e 45
observado que há diferença nas características sensoriais quando se 36% anos
compara o queijo industrializado com o artesanal, de forma que o
artesanal contém particularidades que são percebidas pelos Entre 45 e 60
consumidores típicos desse queijo (4).
Diferentes métodos podem ser usados para acessar estruturas
anos
associativas da memória do consumidor. Entre esses métodos a tarefa
de associação livre de palavras têm ganhado crédito na compreensão Quanto ao grau de escolaridade, cerca de 29,41% já terminaram uma
da percepção dos consumidores de alimentos. A ciência do pós-graduação, 27,45% tem o ensino superior incompleto, seguido de
comportamento do consumidor leva em consideração não somente os 20,59% pós graduação incompleta. Com esses dados podemos
aspectos econômicos, mas também os sociais e psicológicos dos perceber que a maioria dos julgadores que participaram da pesquisa
indivíduos que são influenciados por fato e experiências anteriores, têm ou já tiveram algum acesso a informações científicas. O que não
fatores culturais entre outros (5). desmerece a outra parte dos julgadores que participaram, visto que
O objetivo deste estudo qualitativo foi verificar os fatores que provavelmente os mesmos têm mais conhecimento da questão
influenciam na percepção e atitude dos consumidores em relação ao cultural e artesanal do produto.
Queijo de Coalho. Os julgadores foram solicitados a colocar cinco tipos de queijos na
ordem de preferência de acordo com seu gosto. O resultado está
MATERIAL E MÉTO DO S expresso na Tabela 1. Pode-se então observar que o queijo coalho é o
segundo mais preferido, perdendo apenas para o queijo de manteiga,
Para identificação do perfil do consumidor de queijo coalho foi na preferência dos respondentes, ambos bastante consumidos em
aplicado um questionário online, buscando descobrir a opinião sobre toda a região Nordeste, lembrando que a questão cultural de cada
vários aspectos relacionados a esse produto. Os participantes foram região pode influenciar justamente na preferência de alguns
recrutados via e-mail, usando bancos de dados pessoais dos alimentos, a exemplo dos queijos.
pesquisadores. O único critério de seleção dos participantes, foi o
interesse e disponibilidade para participar do estudo. Foram T abela 1 - Ordem de preferência dos julgadores com relação aos
respondidos 102 questionários, onde os julgadores foram solicitados tipos de queijos diferentes.
a fornecer algumas informações pessoais, como também escrever as Preferência Tipo de Q ueijo
primeiras quatro palavras, termos ou frases que vinham à sua mente 1º LUGAR Manteiga
quando pensaram em qualidade de Queijo de Coalho, e, citarem 2º LUGAR Coalho
também quatro características que apreciam no queijo coalho, entre 3º LUGAR Muçarela
outras informações a respeito (6). Os termos e palavras com 4º LUGAR Prato
significado semelhantes foram agrupadas na mesma categoria. Foram 5º LUGAR Reino
consideradas as categorias mencionadas por mais de 10% dos
consumidores e suas frequências foram determinadas pela contagem Foi observado também que a maioria dos respondentes consomem
do número de participantes que usaram essas palavras (7). Esse Queijo de Coalho pelo menos 1 vez por semana (69,6%), levando -
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de nos a afirmar que o queijo coalho é bastante consumido. O local de
Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, cujo Prot. Nº compra mais citado foi o supermercado (88,2%), e a forma de
0101/16. CAAE: 55153416.3.0000.5188. consumo que mais se destacou foi o Queijo de Coalho assado
(89,2%) que é consumido principalmente durante o café da manhã
(85,3%).
469
Gastronomia: da tradição à inovação
470
Gastronomia: da tradição à inovação
471
Gastronomia: da tradição à inovação
De acordo com a avaliação sensorial, o licor elaborado apresentou Superior de Agricultura “ Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo,
aceitabilidade média de 98,2% pelos provadores, em uma escala de 1 a Piracicaba, 1952.
9 pontos. Os valores das médias dos atributos cor, aroma, sabor e 3.ZANAT T A, Samuel. Caracterização da macaúba (casca, polpa e
aceitação global ficaram entre os termos hedônicos “ gostei amêndoa) e análise sensorial através da educação do gosto.2015,107f.
ligeiramente” e “gostei extremamente”. Esse resultado foi superior ao Dissertação(Mestrado –Programa de Pós-graduação em Ciências. Area
obtido por Passos et al.(2012) (7) que elaboraram licor de jatobá que de concentração:química na agricultura e meio ambiente)- Centro de
obtiveram média de 81,3% e Vieira et al. (2010)(8), que elaboraram Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo,
licor de camu-camu e obtiveram média de 52 a 55% de aceitabilidade, Piracicaba,2015.
em uma escala de 1 a 9 pontos. Em contrapartida Andrade et al. (1997) 4. Almeida, E. L.; Lima, L. C.; Borges, V. T . N.; Martins, R. N.;
(9), ao elaborar licor de araçá-boi com diferentes formulações Batalini, C. Elaboração de licor de casca de tangerina. Alime ntos e
verificaram aceitação de 96% em uma das formulações. Nutrição, v.23, p.259-265, 2012.
O teste de intenção de compra do licor de jatobá revelou que há boa 5. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto
atitude de compra, pois 91,66% dos provadores responderam que o n. 6871, de 4 de junho de 2009. Regulamenta a lei n. 8.918 de 14 de
comprariam, correspondendo ao termo “ provavelmente compraria” e julho de 1994. Dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro,
“ certamente compraria”. Segundo Dutcosky (2007) (10), para que um a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. Diário Oficial da
produto seja aceito quanto as suas características sensoriais, é União, Brasília: MAPA 2009. p.10661.
necessário que seu índice de aceitabilidade seja, no mínimo, de 70% e, 6. MacFIE, H.J., Bratchell, N., Greehoff, K., Vallis, L.V. Designs to
neste estudo, a avaliação sensorial realizada demonstrou que o licor balance the effect of order of presentation and first -order carry-over
apresenta um bom potencial para consumo. effects in hall tests. J. Sens. Stud. 4, 129-148, 1989.
7. Flávia Regina PASSOS ; Richtier Gonçalves da CRUZ ; Amanda
Umbelina SOUZA ; Viviane T iemi NAIT O ; Regiane Victória de
Conclusão Barros FERNANDES. Licor de jatobá: análise físico -química e
A elaboração do licor de macaúba apresenta uma boa aceitação, sendo sensorial. V Semana de Ciência e T ecnologia IFMG - Campus Bambuí
viável sua produção, por tratar-se de uma tecnologia simples, V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012.
constituindo uma alternativa econômica para o aproveitamento de 8. VIEIRA, V. B., RODRIGUES, J. B., BRASIL, C. C. B., ROSA, C.
macaúba e possibilitando a geração de renda familiar. S. Produção, caracterização e aceitabilidade de licor de camu-camu
(Myrciaria dúbia (H.B.K) MCVAUGH). Alimentos e Nutrição,
Araraquara, v. 21, n. 4, p. 519-522, 2010.
9. ANDRADE, J. S.; RIBEIRO, F. C. F.; ARAGÃO, C. G.;
Referências FERREIRA, S. A. N. Adequação tecnológica de frutos da Amazônia:
1.SILVA,M.R.;LACERDA,D.B.C.L;SANTOS,G.G.;MARTINS,D.M.O licor de araçá-boi (Eugenia stipitata McVaugh). Acta Amazonica,
.Caracterização química dos frutos nativos do Cerrado. Ciencia Rural, Manaus, v. 27, n. 4, p. 273-278, 1997.
Santa Maria, v.38,.n.6,p.1790-1793,2008. 10. DUT COSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: DA
2.NOVAES, R.F. Contribuição para o e studo do coco Champagnat, 2007. 239p.
macaúba.1952,85f.T ese (Doutorado em Ciencias Agrárias)- Escola
472
Gastronomia: da tradição à inovação
Jessyca Vidal1 , Ellen Araújo 2 , Claudilane Pontes 2 , Livânia Aguiar3 , Francisco Marques 3 , Maria Rodrigues 4
MATERIAL E MÉTO DO S .
Matéria prima
Foram utilizados alfarroba em pó ( Amendoim & Cia®), margarina
(Qualy Cremosa®), açúcar (Alteza®), chocolate em pó (Selecta®),
farinha de trigo (Finna®), fermento em pó (Yoki®) e ovo, obtidos de
comercio local.
Elaboração do biscoito
Os biscoitos foram preparados de forma artesanal. Foram adicionados,
na batedeira gradualmente os seguintes ingredientes secos: farinha de
473
Gastronomia: da tradição à inovação
RESULTADO S E DISCUSSAO
Aceitação Global
A partir dos resultados do teste de Escala hedônica realizado dos
biscoitos elaborados, estes foram dispostos nos gráficos 1, 2, 3, 4 e 5. 50%
Avaliando o atribruto aparência percebe-se, de acordo com a figura
1, que F2, F3 e F4 alcacaram pequena representação na faixa de 40%
rejeição, enquanto que F1 teve maior rejeição se comparada com as 30%
demais, assim sendo a amostra com 100% de chocolate em pó
rejeitada. 20%
10%
0%
Aparência 1 2 3 4 5 6 7 8 9
50%
40% F1 F2 F3 F4
30% Figura 4 – Histograma dos resultados da análise sensorial de biscoito,
20% em relação a frequência dos valores hedônicos atribuídos a Impressão
Global (1= desgostei muitíssimo, 5= nem gostei/nem desgostei, 9=
10% gostei muitíssimo).
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 Ao observar-se que a alfarroba oferecia maior dureza a massa, viu-se
necessidade de analisar quanto a textura. Com os resultados obtidos
(Figura 2) percebe-se que F3 teve maior represtatividade na faixa de
F1 F2 F3 F4 rejeição, seguida de F1. F2 e F4 foram visivelmente mais aceitas.
Mostrando que a substituição total ou parcial cooperou positivamente
Figura 1: Histograma dos resultados da análise sensorial de biscoito, na texetura.
em relação a frequência dos valores hedônicos atribuídos a Aparência Como pode-se ver na figura 3, F2 teve bastante destaque na faixa de
(1= desgostei muitíssimo, 5= nem gostei/nem desgostei, 9= gostei aceitação seguida de F4. F1 e F3 se sobressaíram no ponto
muitíssimo). intermediário (ponto 5). Sendo a amostra de 100% de alfarroba a
mais aceita.
Textura Na figura 4 referente a impressao global, as 4 amostras tiveram
presença significativa na faixa de sendo a F2 a de mais destaque e em
50% sequência F4, F3 e F1. Ou seja mais uma vez a amostra com 100%
alfarroba se saiu melhor.
40%
30% CO NCLUSÃO
20% Pode-se afirmar que em relação aos atributos analisados a formulação
10% com 100% de pó de alfarroba foi mais aceita, mostrando que o pó de
alfarroba é um bom substituinte ao chocolate em pó.
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 REFERÊNCIAS
1.ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução
F1 F2 F3 F4 RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005. REGULAMENT O
T ÉCNICO PARA PRODUT OS DE CEREAIS, AMIDOS,
Figura 2: Histograma dos resultados da análise sensorial de biscoito, FARINHAS E FARELOS. Diário Oficial da União; Poder
em relação a frequência dos valores hedônicos atribuídos à T extura Executivo, de 23 de setembro de 2005.
(1= desgostei muitíssimo, 5= nem gostei/nem desgostei, 9= gostei 2.CNNPA - Comissão Nacional de Normas e Padrões para
muitíssimo). Alimentos. Resolução nº 12 de 1978. NORMAS T ÉCNICAS
ESPECIAIS, do Estado de São Paulo, revistas pela CNNPA,
relativas a alimentos (e bebidas), para efeito em todo território
brasileiro. Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 24 de
Aroma julho de 1978.
50% 3.REI, J. D.; MEDEIROS, F. Chocolate e os benefícios
cardiovasculares. Rev. Hospital Universitário Pedro Ernesto
40% 10,jul.-set. 2011.
4.MART INS, R. Processamento de Chocolate – Dossiê T écnico.
30%
REDET EC Rede de T ecnologia do Rio de Janeiro. Ago. 2007.
20% Disponível em: http://www.sbrt.ibict.br/dossie-
tecnico/downloadsDT /MT Y4. Acesso em: 16 mai. 2016.
10% 5.SABAT INI, D. R.; SILVA, K. M.; PICININ, M. E.; DEL SANTO,
0% V. R.; SOUZA, G. B.; PEREIRA, C. A. M. Composição
1 2 3 4 5 6 7 8 9 centesimal e mineral da alfarroba em pó e sua utilização na
elaboração e aceitabilidade em sorvete. Alim.Nutr., Araraquara, v.
22, n. 1, p. 129-136, jan./mar. 2011.
F1 F2 F3 F4 6.ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS T ÉCNICAS –
ABNT . Análise sensorial dos alimentos e bebidas: terminologia.
Figura 3: Histograma dos resultados da análise sensorial de biscoito, 1993. 8 p.
em relação a frequência dos valores hedônicos atribuídos ao Aroma
(1= desgostei muitíssimo, 5= nem gostei/nem desgostei, 9= gostei
muitíssimo).
474
Gastronomia: da tradição à inovação
Jaciara Chaves¹, Alana Fernandes¹, Hellen Silva¹, Haroldo de Jesus¹, Soraya Santos ¹, Rafael Mota²
475
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 3. Resultados das análises microbiológicas das formulações 5. PEREIRA, A. C. S. da. SIQUEIRA, A. M. de A.; FARIAS, J. M.
de bebida mista com diferentes concentrações de água de coco. de. MAIA, G. A.; FIGUEIREDO, R. W. de. SOUSA, P. H. M. de.
Desenvolvimento de bebida mista à base de água de coco, polpa de
Amostra Coliformes Totais Staphilococcus aureus abacaxi e acerola. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, v.59,
(NMP/50 mL) (UFC/mL) n.4, p.441-447, 2009.
F1 Ausente 2x10 -1
F2 Ausente 1x10 -1 6. FOALE, M.; HARRIES, H. Farm and Forestry Production and
F3 Ausente 1x10 -1 Marketing Profile for Coconut (Cocos nucifera). In: ELEVIT CH, C.
R. (Ed.). Specialty Crops for Pacific Island Agroforestry, Holualoa,
Os resultados de coliformes e S. aureus, encontraram-se de acordo Hawai‘i: Permanent Agriculture Resources (PAR), 2009.
com os padrões legais vigentes. Pois quando presentes em números
elevados nos alimentos, podem causar deterioração e/ou redução da 7. ABREU, F. A. P.; ROSA, M. F. Aproveitamento industrial do
vida de prateleira. Estes microrganismos não foram detect ados em coco seco. 1ª edição. Aracaju: Brasília: Embrapa Informação
quantidades significativas. Desta forma apresentaram condições T ecnológica, v. 01, p. 58-65. 2002.
sanitárias satisfatórias do processamento das bebidas, indicando que
foram elaboradas dentro das condições higiênico sanitária 8. BARROS, Z. M. P. Cascas de frutas tropicais como fonte de
estabelecidos pela legislação. antioxidantes para enriquecimento de sucos prontos. 2011. 84 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) – Universidade de São
Na T abela 4 está apresentado os percentuais dos resultados da análise Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, São Paulo,
sensorial quanto aos atributos avaliados. 2011.
T abela 4. Média das notas dadas aos atributos sensórias pelos 9. FAO. Food and Agriculture Organization – Food and Agriculture
avaliadores a bebida mista. Organization of the United Nations. Disponível em: ˂
http://www.fao.org/home/en/>. Acesso em: 28 Jan.2016.
Atributos Formulações
F1 F2 F3 10. ALMEIDA, D.P.F., Cultura da Melancia. Faculdade de Ciências,
Cor 7,62 ± 1,12 7,27 ± 0,90 7,37 ± 1,16 Universidade do Porto. 2003.
Sabor 6,97 ± 0,23 7,52 ± 0,70 7,30 ± 0,11 11. AGUILÓ-AGUAYO, I.; SOLIVA-FORT UNY, R.;
Impre ssão global 7,20 ± 0,14 7,42 ± 0,03 7,57 ± 1,23 Martínbelloso, O. Color and viscosity of watermelon juice treated by
highintensity pulsed electric fields or heat, Innovative Food Science
Observa-se que todas as formulações foram bem aceitas and Emerging T echnologies, v. 11, p. 299–305, 2010.
sensorialmente, com médias das respostas situando-se entre “gostei
moderadamente” e “ gostei muito” na escala hedônica em todos os 12. T LILI, I., HDIDER, C., LENUCCI, M.S., RIADH, I., JEBARI,
atributos avaliados H., DALESSANDRO, G., Bioactive compounds and antioxidant
CONCLUSÃO activities of diferente watermelon (Citrullus lanatus (T hunb.)
Conclui-se que a bebida mista de melancia com água de coco Mansfeld) cultivars as affected by fruit sampling area. Journal of
elaborada apresentou viabilidade dentro do processamento utilizado. Food Composition and Analysis, 24: 307-314. 2011.
As formulações testadas apresentaram padrões microbiológicos 13. INST ITUTO ADOLFO LUTZ – IAL. Métodos físico-químicos
aceitáveis de acordo com a legislação vigente, estando aptas para o para análise de alimentos. 4. ed. São Paulo: IAL, 1020 p. 2008.
consumo, sendo, portanto, uma alternativa viável de utilização de
uma nova forma de consumo das matérias-primas utilizadas para 14. APHA - American Public Health Association. DOWNES & IT O
elaboração deste estudo. (Coord.). Compendium of Methods for the Microbiological
REFERÊNCIAS Examination of Foods. 1st ed. Washington, DC, 676 p. 2001.
1. BERGER, C. N.; SODHA, S. V.; SHAW, R. K.; GRIFFIN, P. M.; 15. DUT COSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba.
PINK, D.; HAND, P.; FRANKEL, G. Fresh fruit and vegetables as Editora Universitária 2. ed. 2008.
vehicles for the transmission of human pathogens: Minireview. 18. CARVALHO, J. M, MAIA, G. A, FIGUEIREDO, R. W,
Environmental Microbiology, v. 12, n. 9, p. 2385–2397, 2010. BRIT O. E. S, GARRUT I, D. S. Bebida mista com propriedade
estimulante à base de água de coco e suco de caju clarificado. Ciênc.
2. ALVES, J. A.; VILAS BOAS, E. V. B.; SOUZA, E. C.; VILAS T ecnol. Aliment., Campinas, 25(4): 813-818, dez. 2005.
BOAS, B. M.; PICCOLI, R. H. Vida útil de produto minimamente
processado composto por abóbora, cenoura, chuchu e mandioquinha- 16. PEREIRA, A. C. S. da. SIQUEIRA, A. M. de A.; FARIAS, J. M.
salsa. Ciência Agrotécnica, v. 34, n. 1, p. 182-189, 2010. de. MAIA, G. A.; FIGUEIREDO, R. W. de. SOUSA, P. H. M. de.
Desenvolvimento de bebida mista à base de água de coco, polpa de
3. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) - abacaxi e acerola. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, v.59,
Ministério da Saúde. Portaria n° 868, de 03 de novembro de 1998. n.4, p.441-447, 2009.
Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade do
composto líquido pronto para consumo. Diário Oficial da União, 17. COST A, J. da C. P.; CARDOSO, R. L.; BAT IST A, D. de V. S.;
Poder Executivo, de 05 de novembro de 1998. GOMES, R. B.; CEDRAZ, K. A. caracterização físico -química e
sensorial de bebida mista de água de coco com suco de laranja,
4. SILVA, F. V. G, MAIA, G. A, SOUSA P. H. M, LIMA, A. S, engarrafada e pasteurizada. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro
COST A, J. M. C, FIGUEIREDO, E. A. T . Avaliação da estabilidade Científico Conhecer - Goiânia, v. 9, n.17, p. 610-617, 2013.
de bebida mista elaborada com água de coco e suco de maracujá.
Acta Scientiarum. Technology Maringá, v. 28, n. 2, p.191-197, 2006.
476
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO de 20g do bolo feito com a casca da banana verde e 5g de cobertura
elaborado com a polpa da banana verde. Toda a análise foi feita por
A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo alunos e/ou professores que passaram no stand da Mostra de
considerada um alimento com alto teor de energia (100kcal por 100g Nutrição na Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
de polpa). Com relação aos micronutrientes, possui vitamina C e
razoáveis quantidades de vitaminas A, B1 e B2, potássio, ferro, T ABELA 1 – Ingredientes e gramaturas da receita do bolo
fósforo e cálcio. O seu principal componente é o amido resistente
que pode corresponder de 55 a 93% do teor de sólidos totais, o que a INGREDIENT ES GRAMAT URA / UND
difere da banana madura que tem seu amido convertido em açúcar
Banana verde 524g
(1).
O amido resistente desempenha um papel importante para a
Leite de vaca integral 510g
diminuição dos riscos de doenças crônicas não transmissíveis, auxilia
também na perda de peso, isso por ser uma fibra insolúvel que se liga
as moléculas de gordura e açúcar que serão absorvidas pela corrente Ovos 3 UND
sanguínea mais lentamente contribuindo no combate a obesidade e
colesterol. T ambém pode ser considerada uma fibra solúvel por Açucar Sucralose 140g
promover uma maior saciedade em um período maior de tempo (3).
Está presente em diversos alimentos como na banana verde, Farinha de aveia 210g
desempenhando um papel similar ao das fibras, auxiliando na queda
do índice glicêmico dos alimentos diminuindo assim os níveis de Fermento em pó 14g
açúcar no sangue e proporcionando uma menor resposta glicêmica e
insulínica, auxiliando no tratamento da diabetes mellitus, Castanha de Cajú 250g
principalmente no tipo 2. Isso se dá pelo fato da digestão ser lenta e
consequentemente vai proporcionar uma curva de resposta glicêmica Canela em Pó 20g
com um pico bem menor, liberando assim uma quantidade de
insulina reduzida na corrente sanguínea (2). Chocolate 85% Cacau 2 UND (Barra)
O IG em relação à glicose da banana madura é 51 e verde é 42.
Sabendo que a recomendação para melhorar e alcançar o IG Óleo de Canola 63g
adequado e saudável, baseia-se, principalmente, na substituição de
alimentos de alto IG por outros de baixo IG ao longo do consumo
durante todo o dia (4). No desenvolvimento da receita foi lavada muito bem as bananas
Oberva–se em estudos que produtos podem ser preparados com verdes, utilizando esponja com água e sabão, enxaguando bastante.
amido resistente, e esses propiciam uma melhor textura, dando lhes Na panela de pressão com água fervente, para ter um choque térmico,
mais crocância e aparência nos produtos, como pães, bolos, biscoitos, cozinhar as bananas verdes com casca, cobertas por água, durante 10
farofas, etc... do que as fibras convencionais. Pois como a biomassa minutos. Desligue o fogo, após 8 minutos, deixar que a pressão saia
da banana verde, sua fibra funcional tem sabor neutro, pode ser naturalmente, ainda cozinhando as bananas nesse período, não force
encorpado e formular várias receitas tradicionais, doces ou salgadas, o processo do vapor, como por exemplo colocar em baixo da água na
também as light e diet (2). torneira. Após sair todo o vapor, abrir a panela e separar polpa e
O desenvolvimento do produto foi dado na observação de pacientes casca para melhor elaboração do bolo. Primeiramente foi colocado a
diabéticos dentro de dificuldades em ingerir uma alimentação mais casca bem picada e cozida (ainda quente para não esfarinhar) no
saudável e com restrição de carboidratos simples e complexos. liquidificador, junto com a gema, o leite e o óleo. Depois de ter
O objetivo deste trabalho foi desenvolver um produto para pacientes liquidificado bastante, foi acrescentado a farinha de aveia, a clara em
diabéticos, que possam ter uma aceitação no paladar, auxiliando o neve, a canela em pó e por ultimo o fermento em pó. Batido até ficar
nível de glicose sanguínea e resposta a insulina. uma massa homogênea. Em seguida, a massa da casca da banana
verde foi posta numa assadeira brevemente untado, colocado no
MATERIAIS E MÉTO DO S forno com 180 o em torno de 45 minutos. Após o tempo estabelecido
e verificação da massa, foi retirado do forno a espera de esfriar,
Foram utilizados nesse estudo a biomassa de banana verde, a polpa e enquanto isso feito a cobertura de chocolate com a polpa da banana.
a casca. Foi realizada uma revisão bibliográfica, com base em Em uma panela foi colocado o leite, o chocolate 85 % de cacau e a
pesquisas exploratórias de artigos científicos, nos bancos de dados da sucralose. Mexendo bem até derreter as barras e o açúcar. Após
Bireme, Scielo, Google acadêmico e revistas nacionais acadêmicas. pronto, foi colocado em um fondue de chocolate para manter a
Existem três tipos de biomassas de banana verde. A biomassa P (de temperatura da cobertura durante apresentação. Na hora de servir foi
polpa), a biomassa F (de fibra, utilizando a casca da banana verde) e deixado a vontade da pessoa colocar ou não a castanha de caju
a biomassa integral com a casca e polpa. Neste trabalho será granulada por cima da cobertura. Se sobrar a casca ou a polpa da
abordado a biomassa integral. Foi elaborado uma receita para um banana verde, podem ser conservadas por mais de 60 dias congeladas
bolo feito com a casca da banana verde e a cobertura feito com a em vasilhas ou sacos plásticos fechados.
polpa da banana verde em maio de 2016 e apresentado na Primeira
Mostra de Nutrição da Universidade de Fortaleza para a Análise ANÁLISE SENSO RIAL
Sensorial e aceitabilidade do bolo no mesmo mês. Os matérias O bolo de biomassa de banana verde foi analisado individualmente
necessários para análise sensorial foram uma mesa que continha o por 40 pessoas que passaram aleatoriamente pelo nosso stand. Onde
bolo, já fatiado, dentro de uma tappawer, guardanapos, usávamos estava uma mesa com amostra de pedaços do bolo já cortados e um
luvas descartáveis para uma adequada segurança alimentar e as banner com explicação sobre o trabalho. A cobertura foi
folhas com as perguntas relacionada na análise. Juntamente um disponibilizada a parte, assim a pessoa podia analisar o bolo
banner com as informações voltadas ao foco do trabalho. Foram primeiramente, com sua base da casca da banana verde e, em seguida
selecionadas 12 bananas ainda verdes de um supermercado em a cobertura com base da polpa. Mas todos os participantes provaram
Fortaleza para a base da receita. Na sequencia da elaboração da o bolo junto com a cobertura. Foram quatro horas de mostra, no
analise o bolo foi fatiado em 25 pedaços contendo cada, uma média período da manhã do mês maio. Seguindo os critérios éticos e de
477
Gastronomia: da tradição à inovação
boas práticas. O trabalho seguiu o nível de aceitação dos seguintes kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo
atributos: aroma, sabor, textura, aparência. Neste teste que consiste de suas necessidades energ éticas.
na aceitação do produto, foi utilizado sete pontos da escala herdônia
(1:Extramemente bom a 7:Extremamente ruim). Não teve ordem de Fig.2 - Demonstração da digestão do amido resistente e sua resposta
degustação. Professores e alunos, do curso de nutrição e dos demais glicêmica no organismo.
cursos participaram da degustação. Sendo uma amostra de
caracteristica de qualidade, expressando a aceitabilidade pelo
produto.
Análise estatística
478
Gastronomia: da tradição à inovação
6152 Análise Sensorial de Biscoitos Salgados com Farinha de Polpa de Pequi (Caryocar brasiliense)
Thalita Santos 1 , Cirila Araújo 1 , Crisberg da Silva 1 , Lara Silva1 , Camila de Jesus 1 , Claudia Vieira2
1 Graduandos em Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Minas Gerais, Campus Regional de Montes Claros
cordeirothalita@yahoo.com.br
2 Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Professora Adjunt o II do Curso de Engenharia de Alimentos,
Análise Sensorial
479
Gastronomia: da tradição à inovação
480
Gastronomia: da tradição à inovação
Ricardo Moreira 1 , Danise Vieira2 , Aline Biasoto 3 , Sergio Freitas 3 , Fabiola Silva 2 , Katarina Sassi4
INTRO DUÇÃO gênero feminino. Dos 100 respondentes, 37,5% tinham a idade entre
18 e 25 anos, 52,5% entre 26 e 45 anos, e 10% entre 46 a 60 anos de
O consumo de alimentos no Brasil tem passado por mudanças idade.
importantes nas últimas décadas. Fatores como urbanização, Em relação ao grau de escolaridade, 12,33% dos entrevistados
composição etária, presença de mulheres na força de trabalho e tinham apenas o ensino fundamental, 49,33% eram estudante de
outras transformações estruturais influenciaram o montante graduação e 38,34% tinham ou faziam pós graduação.
despendido e a composição da cesta de alimentos consumidos por Para avaliar a classe social do público consumidor de uva-passa,
uma família, impondo novos desafios aos produtores rurais, à utilizou-se a metodologia descrita no Critério de Classificação
agroindústria, ao setor de distribuição de alimentos e ao governo (1). Econômica Brasil (2003) – CCEB, produzido pela ANEP, aprovado
A uva-passa está entre as principais frutas desidratadas com seu pela ABA e aceito pela ABIPEME. Através dessa metodologia,
consumo em pleno crescimento sendo considerada um dos frutos constatou-se que 15% dos entrevistados pertenciam a classe alta,
desidratados mais importantes e populares do mundo, devido ao seu 47% pertenciam a classe média e 38% a classe baixa.
alto valor nutritivo. São fonte de frutolisacarídeo, que atuam como
probióticos, contribuindo para a saúde do cólon, além de ser rica em
compostos bioativos que promovem benefícios a saúde, inibindo a
ação de radicais livres que ocasionam o desenvolvimento de doenças
degenerativas (2,3). As uvas-passas são elaboradas através do
processo de desidratação para conservação das uvas frescas, sendo
possível encontrar atualmente no mercado, diversas variedades de
passas que diferem na cor, tamanho e sabor, mas isso somente
determinando o tipo de desidratação a ser empregado (4).
A necessidade de entender o comportamento do consumidor tem sido
alvo de muitas pesquisas e estudos. Ao longo do tempo, vários
autores têm procurado compreender as razões que levam o
consumidor a escolher determinado produto, quantidade, momento e
local específico em detrimento de outros. Além disso, percebe-se que Figura 1: Classe Social
as indústrias estão reconhecendo a importância de entender o
comportamento do consumidor, a fim de obter maior sucesso nas O interesse na pesquisa em relação a frequência de consumo da uva-
tomadas de decisão (5). Assim, o comportamento do consumidor passa está associada aos benefícios que este produto pode promover
deve ser analisado com base nos aspectos que influenciam o ao consumidor, visto que este possui elevado potencial antioxidante,
consumo, sendo de fundamental importância estudos que sendo capaz de inibir a atuação dos radicais livres que causam
possibilitem obter maiores informações sobre o que o consumidor doenças degenerativas, por exemplo. Assim, 24% dos entrevistados
final quer, e qual a percepção de qualidade desse consumidor sobre afirmaram consumir muita uva-passa, 45% consome
seu produto (6). moderadamente, 23% pouco consome e 8% consome muito pouco
Segundo Carvalho (7), o consumidor é o elo final mais importante de (Figura 2).
qualquer cadeia agroindustrial, pois é ele quem sustentará todo o
sistema. O estudo do comportamento do consumidor é o estudo de
como os indivíduos tomam decisões de gastar seus recursos
disponíveis (tempo, dinheiro, esforço) em itens relacionados ao
consumo (8).
Dessa forma, o principal objetivo deste trabalho foi compreender o
perfil do consumidor de uva passa na região de João Pessoa - PB.
MATERIAL E MÉTO DO S
481
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÃO
482
Gastronomia: da tradição à inovação
VIRLANE KELLY Hunaldo 1 , RACHEL Silva 3 , ADRIANA Freitas 1 , LARA Seccádio 4 , DENIZA Souza 3 , LEONARDO
Santos 2
1 Professora Doutora Curso de Engenharia de Alimentos. Universidade Federal do Maranhão.
2 Professor Doutor Curso de Licenciatura em Ciência Naturais com ênfase em Biologia. Universidade Federal do
Maranhão.
3 Estudantes de graduação em Engenharia de Alimentos. Universidade Federal do Maranhão.
4 Professora Mestre Curso de Engenharia de Alimentos. Universidade Federal do Maranhão.
virlanekelly@yahoo.com.br
Palavras chaves: frutas tropicais, sucos de frutas, análise sensorial.
483
Gastronomia: da tradição à inovação
de cores e sabores intensos, tornando assim, quase imperceptível néctares mistos e néctares em geral.
algumas características visuais e aromáticas entre as formulações. Entre as seis formulações analisadas a formulação que
Em relação ao sabor, a amostra 4 apresentou um valor contém 10% de polpa de maracujá 20 % de manga, com 13° BRIX foi
maior que as amostras 2, 3 e 5, mas não diferiu das amostras 1 e 6, a que obteve as maiores médias na maioria dos parâmetros
sendo que estas não diferiram entre si e nem em relação a amostra 5 sensoriais (cor, aroma, sabor, corpo, aparência, impressão global e
(T abela 2). As amostras 1, 4 e 6 tem o mesmo valor em porcentagem Intenção de compra) e nos três parâmetros que tiveram diferenças
de polpa de maracujá correspondente a 10% (Tabela 1). O maracujá
significativas entre as amostras (sabor, impressão global e intenção
é caracterizado por ter uma alta acidez e, segundo a literatura, em
de compra), a mesma obteve as maiores médias dentre as seis
geral, as frutas que possuem elevada acidez têm baixa aceitação para
o consumo in natura (8). Sendo assim, os néctares com o menor formulações, sendo a formulação escolhida como a melhor dentre
valor de polpa de maracujá foram os que receberam as maiores notas as outras 6 formulações elaboradas.
de sabor (T abela 2).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Tabe la 2: Valores médios ± desvios-padrão dos atributos referentes
à análise sensorial dos néctares de manga e maracujá 1. SOUSA, P. H. M.; RAMOS, A. M.; MAIA, G. A.; BRIT O, E. S.;
GARRUT I, D. S.; FONSECA, A. V. V. Adição de extratos de
Amostra Cor Aroma Sabor Corpo
Ginkgobiloba e Panaxginseng em néctares mistos de frutas tropicais.
1 7,76 ± 1,02a 7,39 ± 1,44a 7,40 ± 1,30ab 7,30 ± 1,34a
Ciência e T ecnologia de Alimentos, Campinas, v. 30, n 2, p. 463470,
2 7,83 ± 0,92a 7,19 ± 1,31a 6,21 ± 1,58d 7,04 ± 1,43a
abr.-jun. 2010.
3 7,96 ± 1,22a 7,45 ± 1,32a 6,49 ± 1,83cd 7,06 ± 1,53a
4 8,00 ± 0,95a 7,50 ± 1,48a 7,75 ± 1,33a 7,50 ± 1,37a 2. BARBOSA, S. J. Qualidade de suco em pó de misturas de frutas
5 7,69 ± 1,26a 7,30 ± 1,36a 7,15 ± 1,47bc 7,35 ± 1,33a
obtido por spray drying. 2010. 122f. Dissertação (Mestrado em
6 7,79 ± 1,01a 7,48 ± 1,33a 7,51 ± 1,51ab 7,41 ± 1,35a Produção Vegetal no Semiárido) – Universidade Estadual de Montes
Médias com letras diferentes na mesma coluna diferiram Claros, Janaúba, 2010.
estatisticamente (p<0,05) pelo teste de comparação múltipla de
Friedman. 3. FARAONI, A. S.; RAMOS, A. M.; ST RINGHET A, P. C.
Para a Impressão Global, verificou-se que a amostra 4 Caracterização da manga orgânica cultivar Ubá. Revista Brasileira de
apresentou um valor maior que as amostras 2 e 3, mas não diferiu das Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.11, n.1, p. 9-14, 2009.
amostras 1, 5 e 6, sendo que estas não diferiram entre si e nem em
relação a amostra 3 (T abela 3). Quanto à intenção de compra, 4. LIMA, A. S.; MAIA, G. A.; SOUSA, P. H. M.; SILVA, F. G. V.;
observa-se que a amostra 4 apresentou valor superior às amostras 2, FIGUEIREDO, E. A. T . Desenvolvimento de néctar misto a base de
3 e 5, mas não diferiu das amostras 1 e 6, sendo que estas não água de coco e suco de acerola. Ciência e T ecnologia de Alimentos,
diferiram entre si e nem em relação a 5 (T abela 3). Campinas, v. 28, n. 3, p. 683-690, 2008.
Tabe la 3: Valores médios ± desvios-padrão para o atributo 5 BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
sensorial aparência, impressão global e a intenção de compra Instrução Normativa Nº 12, de 4 de setembro de 2003. Regulamento
Impressão Intenção de T écnico para fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade Gerais
Amostra Aparê ncia
global compra para Suco T ropical e de outras providências. Diário Oficial [da]
1 7,70 ± 1,01a 7,45 ± 1,03ab 3,72 ± 0,99ab República Federativa do Brasil, Brasília-DF, Ed. nº 174 de 09 de
2 7,46 ± 1,12a 6,96 ± 1,13c 3,15 ± 0,94c setembro de 2003.
3 7,70 ± 1,19a 7,10 ± 1,36bc 3,14 ± 1,27c
4 7,80 ± 1,23a 7,74 ± 1,13a 4,01 ± 1,02a 6 SIDEL, J.L., STONE, H. The role of sensory evaluation in the food
5 7,76 ± 1,00a 7,46 ± 1,02ab 3,54 ± 1,05bc industry. Food Quality and Preference, v.4, p.65-73.1993.
6 7,85 ± 1,04a 7,56 ± 1,08ab 3,66 ± 1,05ab
Médias com letras diferentes na mesma coluna diferiram 7 GIBBONS, J. D.; CHAKRABORT I, S. Nonparametric Statistical
estatisticamente (p<0,05) pelo teste de comparação múltipla de Inference, 5th Edition, CRC Press, Florida, 2010.
Friedman.
8 ST AT IST ICAL ANALYSIS SYST EM - SAS. SAS software:
Esses resultados demostram que o requisito levado em user's guide. Version 8.2. Cary: 2000. 291p.
maior consideração por parte dos consumidores é o sabor, na hora da
decisão de adquirir o produto.
9 MATOS, C. B.; SOUZA, C. N.; FARIA, J. C.; OLIVEIRA, S. J. R. de.;
De acordo com os resultados obtidos, a formulação
preferida por partes dos consumidores, foi a formulação 4, pois esta, SANTOS, L. P. de.; SACRAMENTO, C. K. do. Caracterização física,
obteve as maiores médias em relação ao sabor, impressão global e química e físico-química de cupuaçus (Teobroma grandi florum
Intenção de compra. (Willd. Ex. Spreng.) Schum.) com diferentes formatos. Revista
Na literatura encontrou-se médias dentro da região de Ciência Agrária. Belém, PA, n. 50, p. 35-45, 2008.
aceitação, para néctares mistos de cajá com manga, abacaxi com
manga e caju com manga (9). Result ados semelhantes também 10 FONSECA, A. V. V. Perfil sensorial, aceitação e caracterização
foram encontrados quando preparou um néctar com base em uma em compostos bioativos de néctares mistos de frutas tropicais.
mistura de 30% de manga (10). Estes autores observaram que o 2014.156f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos)
aumento do teor de polpa de manga na mistura era também - Departamento de T ecnologia de Alimentos, Universidade Federal
responsável pelo aumento da aceitação dos atributos de aparência, do Ceará, Fortaleza, 2014.
aroma e sabor.
11 MOST AFA, G.A.; ABD-EL-HADY, E.A.; ASKAR, A.
CONCLUSÃO Preparation of papaya and mango nectar blends. Fruit Processing,
A análise sensorial (cor, aroma, corpo e aparência) v.7, n.5, p.180-185, 1997.
apresentaram-se dentro da faixa de aceitação (“gostei ligeiramente e
gostei muito”) resultados importantes no desenvolvimento de
484
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO Foram separadas as gemas e claras para que essas últimas fossem
batidas em neve. Em uma batedeira bateu-se a margarina com o
No Brasil, atualmente, há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com açúcar até que a mistura ficasse clara e homogênea. Em seguida,
diabetes, o que representa 6,9% da população e esse número vem adicionou-se as gemas e bateu-se até que fosse formado um creme.
crescendo. A diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não Foi adicionada a farinha de trigo até que a mistura ficasse homogênea.
produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina Espalhou-se então a massa em uma forma retangular untada com
que produz. Com esse número crescente, a indústria alimentícia manteiga, uma camada fina de massa que foi levada par assar em
encontra espaço para introduzir novos produtos direcionados para esse forno pré-aquecido a 230°C, por 3 minutos.
público, devido a maior procura de produtos sem adição de açúcar, os Numa panela foi levada ao fogo a goiabada diet com a água e mexeu-
chamados diets. Um produto diet significa que o alimento tem se até derreter totalmente, foi retirado do fogo e deixou-se esfriar para
ausência total de um nutriente. No caso dos Diabéticos o termo correto posterior uso. Logo após retirada do forno, foi pincelada na massa
é o diet, por ter ausência total de açúcar (1). uma camada fina de recheio de goiabada diet para que ao ser enrolado
Visando tal situação, escolhemos um doce típico da região de o recheio não vaze. E então se enrolou toda a massa até ficar no
Pernambuco, o bolo de rolo, e o adaptamos para uma versão diet. O formato tradicional de um rolo, e assim foi feito com toda a massa
“ bolo de rolo” pernambucano tem origem portuguesa e consiste num enrolando-se um rolo sobre o outro.
bolo em finas camadas de massa, intercaladas por recheio de
goiabada, que são enroladas, assadas e servidas em finíssimas fatias Análise sensorial
(2). Fruto da culinária portuguesa colonial, o bolo de rolo nasceu da
adaptação do “colchão de noiva” português aos ingredientes regionais, Para a análise sensorial um total de 100 provadores não treinados, com
substituindo-se o recheio de amêndoas por goiabada e retirando-se o idade variável entre 18 a 50 anos, de ambos os sexos, submeteram as
fermento da massa (3). T ornou-se assim um ícone da gastronomia amostras a um teste de aceitação, através de uma escala hedônica de
pernambucana e em 2008 foi reconhecido como patrimônio cultural e avaliação. A escala hedônica é usada para medir o nível de preferência
imaterial do estado de Pernambuco, como determinado pela Lei de produtos alimentícios por uma população, relata os estados
Municipal de nº 13.436 (4). agradáveis e desagradáveis no organismo. A escala hedônica afetiva
A análise sensorial,é usada para provocar, medir, analisar, e interpretar mede o gostar ou desgostar de um alimento. A avaliação da escala
as reações produzidas pelos alimentos da forma como são percebidos hedônica é convertida em escores numéricos e analisados
pelos órgãos da visão, tato, gosto, olfato e audição. (5) (6) (7) estatisticamente para determinar a diferença no grau de preferência
Além do seu valor nutritivo, um alimento deve produzir satisfação e entre amostras (5) (8).
ser agradável ao consumidor, isto é result ante do equilíbrio de Os provadores avaliaram a amostra em relação a 5 parâmetros: aroma;
diferentes parâmetros de qualidade sensorial. Em um desenvolvimento cor; textura; sabor; e impressão global. Para cada parâmetro deram
de um novo produto é imprescindível otimizar parâmetros, como uma nota de 1 a 9, sendo 1 –Desgostei muitíssimo; 2 – Desgostei
forma, cor, aparência, odor, sabor, textura, consistência e a interação muito; 3 – Desgostei moderadamente; 4 – Desgostei ligeiramente; 5 –
dos diferentes componentes, com a finalidade de alcançar um Não gostei nem desgostei; 6 – Gostei ligeiramente; 7 – Gostei
equilíbrio integral que se traduza em uma qualidade excelente e que moderadamente; 8– Gostei muito; 9 – Gostei muitíssimo (6) (5). Além
seja de boa aceitabilidade (8). disso, responderam “sim” ou “não” a uma questão fechada sobre se
O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um bolo de rolo, que consumiria a preparação novamente, como também uma questão
tivesse o diferencial de ser um produto diet, livre de açúcar, aberta onde responderam “o que mais gostaram e o que menos
contemplando o público que procura por esses produtos, com um doce gostaram” na preparação. Com os resultados da escala hedônica foi
saboroso e típico da nossa região. feita uma média para cada parâmetro, para a pergunta fechada foi
calculado o percentual das respostas expondo os resultados da
MATERIAIS E MÉTO DO S avaliação e a pergunta aberta foi usada para obter mais informações
para a discussão dos resultados obtidos.
Confecção do bolo de rolo
O bolo de rolo é um doce composto por massa, recheio e uma técnica RESULTADO E DISCUSSÃO
de enrolar na finalização. Para sua confecção utilizamos como
referência a receita disponível em no livro Viagem Gastronômica De modo geral, no final da produção obtivemos um produto
através do Brasil (3). Para a versão diet do bolo de rolo substitui-se na visualmente similar ao bolo de rolo tradicional (Figura 1).
massa, o açúcar pelo adoçante natural do tipo Stevia, que tem em sua
composição, maltodextrina, antiumectante dióxido de silício, Figura.1 Bolo de rolo diet
edulcorante natural glicosídeos de esteviol. No recheio foi usada
goiabada diet no lugar da goiabada tradicional.
Para a elaboração 500 gramas de bolo de rolo, foram utilizadas as
quantidades dispostas na T abela 1.
485
Gastronomia: da tradição à inovação
Com base nas notas obtidas na escala hedônica e nas repostas as De maneira geral obtivemos uma boa aceitação do bolo de rolo diet,
perguntas sobre “ o que mais gostou” e “o que menos gostou na tendo em vista que o público participante da analise não
preparação” obtivemos os seguintes resultados: em relação ao aroma necessariamente tem impedimentos no consumo de açúcar. Pode-se
obteve-se a média de 6,39+1,8, isso se deve ao aroma da goiabada diet concluir que as pessoas pré-diabéticas, diabetes ou as que tem alguma
ser bem mais suave que o da goiabada tradicional. restrição ao consumo de açúcar, provavelmente ficariam satisfeitas
Quanto a cor, obteve-se um 6,7+1,42 de média julgando que a com essa preparação diet. assim seria um produto que teria seu espaço
goiabada diet é um tanto quanto mais escura que a usada no bolo de no mercado, já que é um doce típico e muito apreciado na região.
rolo tradicional.
A textura obteve média de 6,94+1,61 ao passo que a julgaram macia e REFERÊNCIAS
agradável. A consistência da massa crua ficou homogênea e lisa,
porém depois de assada percebeu-se uma maior dificuldade na técnica (1) SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABET ES. Disponível em:
de enrolar a massa, pois ela apresentou-se mais quebradiça que o http://www.diabetes.org.br/. Acesso em: 28 mai. 2016.
normal para a massa do bolo de rolo. Isso pode ser explicado pelo fato (2) FERNANDES, C. Viagem gastronômica através do Brasil. 7ª
do açúcar exercer papel fundamental na formação estrutural dos bolos, edição. Página 99. Editora Senac São Paulo: Editora Estúdio Sônia
pois rege todos os fenômenos relacionados como, o retardamento da Robatto, 2005.
gelatinização do amido, devido a sua capacidade higroscópica, de (3) CAVALCANT I, M.L.M. História dos sabores pernambucanos. 4
ligar-se a água, formando pontes entre as cadeias de amido, e na ed. Recife. Fundação Gilberto Freyre, 2010. 359p.
desnaturação proteica (9). (4) PERNAMBUCO. Lei Municipal de nº 13.436 de 24 de abril de
No bolo de rolo diet, além de não termos essa propriedade 2008. (Alepe).
higroscópica do açúcar, o adoçante natural Stevia possui em sua (5) BERGARA S.F. Desenvolvimento e avaliação do desempenho de
composição o antiumectante dióxido de silício, onde possui a função uma “escala hedônica com referência” para utilização em teste de
de reduzir características higroscópicas do alimento e diminuir a consumidor. B4S2d. 1999. Dissertação (Mestrado em Ciência da
tendência das partículas individuais a aderir umas nas outras (10). Nutrição Aplicada a T ecnologia de Alimentos) – Faculdade de
Essa diferença nas massas do bolo tradicional e do bolo de rolo diet Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas,
poderia ter sido evitada, se a substituição do açúcar fosse feita por um Campinas, 1999.
adoçante de alta intensidade e um espessante de baixa caloria, pois o (6) ST ONE H; SIDEL, J.L. Sensory Evaluation Practices. Academic
uso isolado de um adoçante em formulações de bolos diet não Press, Orlando. P.310. 1985.
substitui por si só as funções do açúcar conferindo apenas doçura ao (7) IFT . INST IT UT E OF FOOD T CHNOLOGIST S. Sensory
produto (11). Portanto, essa dificuldade de enrolar o bolo de rolo diet, evaluation guide for testing food and beverage products. Food
pela massa ser mais quebradiça, poderia ter sido evitada com o uso Tecnhology, Chicago, v. 35, n. 11, p. 50-57, nov. 1981.
combinado de um agente espessante e um adoçante que iriam corrigir (8) BARBOSA,L.M.V. ; FREIT AS, R.J.S. ; WASZCZYNSKYJ, N.
os problemas ocasionados pela ausência do açúcar (12). Desenvolvimento de produtos e análise sensorial. Brasil
O sabor obteve média 6,61+1,88 onde foi relatado o residual do sabor Alimentos.n°18. 35. 2003.
de adoçante, que no caso do Stevia, remete ao sabor doce e amargo (9) BAEVA, M. R.; T ERZIEVA, V. V.; PANCHEV, I. N. Structural
(13). development of sucrosesweetened and sucrose-free sponge cakes
Impressão global teve média de 6,94+1,39, porque obteve-se um bolo during baking. Narhung, v.47, p. 154-160, 2003.
de rolo com um sabor e aparência que remete ao tradicional bolo de (10) O USO DE ADIT IVOS DE COR E SABOR EM PRODUT OS
rolo Pernambucano. ALIMENT ICIOS, disponível em:
Quanto à pergunta sobre se consumiriam a preparação novamente, http://www.luzimarteixeira.com.br/wpcontent/uploads/2010/04/aditiv
obtivemos um resultado positivo onde 76% dos provadores os-de-cor-e-sabor-nos-alimentos.pdf. Acesso em: 12 jun. 2016.
responderam que “ sim” a questão, como indicado na Figura 3. (11) BENNION, E.B.; BAMFORD, G. S. T . T he Technology of Cake
Making. London: Blackie Academic e Professional, 1997
Figura 3. Percentual de respostas “sim” ou “não” sobre a pergunta: (12)BAEVA, M. R.; PANCHEV, I. N.; T ERZIEVA, V. V.
você comeria essa preparação novamente? Comparative study of texture of normal and energy reduced sponge
cakes. Narhung, v. 44, p. 242-246, 2000.
(13)BRASIL. INMETRO apud United States Recommended Daily
Allowance (USRDA). T abela 8. Edulcorantes e suas características.
2006.
486
Gastronomia: da tradição à inovação
06293 Estudo da impressão global, intenção de compra e preferência em pastas de castanha de caju
elaboradas com farinha de quinoa
Aurenice Maria Mota da Silva 1 , Francisco Robério da Silva Marques 1 ; Fernanda Karine Cardoso da Costa 2 . Antônia
Elidiane Gabriel do Amaral1 ; Maria do Carmo Passos Rodrigues 1
1
Departamento de Engenharia de Alimentos – Universidade Federal do Ceará, (aurenicemota@gmail.com)
2
Departamento de Engenharia Química – Universidade Federal do Ceará.
PALAVRAS-CHA VE: inovação, castanha de caju, análise sensorial.
487
Gastronomia: da tradição à inovação
nível de escolaridade igual ou superior ao 3º grau.T odos os probabilidade, com 60 consumidores e 3 amostras ordenadas, a
julgadores relataram que gostavam de castanha de caju. Com relação T abela de Friedman (10) forneceu o valor absoluto crítico de
à frequência de consumo; 33,3% consumia produtos derivados de diferença de soma de ordens para estabelecer preferência
caju pelo menos 1 vez por semana, 55% consumia 2 a 3 vezes por significativa entre as amostras igual a 26. A T abela 4 mostra os
mês e 8,3% consumia ocasionalmente. Em relação à quinoa, apenas resultados da ordenação de preferência. Verificou-se que não houve
10% relataram consumir semanalmente aos produtos que contém diferença entre as amostras analisadas quanto à preferência.
quinoa. A grande maioria 83,3% consomem quinzenalmente ou
ocasionalmente, esse fato pode estar relacionado à dificuldade dos T abela 4. Soma de ordens das formulações elaboradas de pasta de
brasileiros em utilizar esse grão no cotidiano. Sendo assim, a maioria castanha na ordenação preferência.
(88,3%) dos julgadores possui um grau relevante de familiaridade Amostra Diferença entre os pares
com o produto testado, podendo avaliar melhor a influência da Soma de de ordenação
adição da farinha de quinoa nas características sensoriais do produto Ordens A B C AeB AeC BeC
(Figura 1).
126 116 118 10 8 2
Figura 1. Histograma da frequência de consumo de consumo dos Amostra A com 1% de quinoa, amostra B com 2,5 % de quinoa e amostra C
produtos com castanha e quinoa. com 5% de quinoa.
CONCLUSÃO
80,00
Concluiu-se que as três formulações elaboradas obtiveram bons
60,00 resultados para impressão global. Entretanto, a formulação contendo
40,00 2,5% de farinha de quinoa representa uma opção mais desejável pelo
20,00 consumidor em termos de novo produto. Os resultados positivos para
0,00 a intenção de compra mostraram que a maior parte dos provadores
comprariam o produto caso fosse comercializado, confirmando assim
existência de mercado consumidor para pasta de castanha, analises
aprofundadas sobre a viabilidade econômica do produt o
desenvolvido fazem-se necessárias, tendo em vista as propriedades
nutricionais provenientes do consumo do grão de quinoa e a
necessidade das empresas de desenvolver novos produtos para
Produtos de castanha Produtos de quinoa manter sua competitividade.
REFERÊNCIAS
Avaliação de aceitação, atitude de compra e ordenação 1. BORGES, J. T.; BONOMO, R. C.; PAULA, C.D.; OLIVEIRA,
Os testes afetivos mostraram que 85% dos provadores aceitaram as L. C.; CESÁRIO, M. C. Características físico-químicas,
formulações com A e C com 1% e 5% de farinha de quinoa, nutricionais e formas de consumo da quinoa (Chenopodium
respectivamente. A amostra B com 2,5% foi a amostra que obteve quinoa w illd.). Temas Agrários, 15, 9-23, 2010.
maior frequência de respostas na região de aceitação e também de 2. PAIVA, F.F. de A.; GARRUT I, D. dos S.; SILVA NET O, R.M.
rejeição, conforme mostrado na T abela 2. da. Aproveitamento Industrial do caju. Fortaleza: Embrapa-
CNPAT /SEBRAE/CE, 2000. 88p. (Embrapa-CNPAT. Documentos,
T abela 2. Avaliação sensorial (% provadores por faixa de resposta 38).
sensorial) de pastas de castanha-de-caju com incorporação farinha de 3. SÃO PAULO (Estado). Companhia Nacional de Abastecimento
quinoa. (CONAB). Acompanhamento da Safra Brasileira. (2012) Disponível
Formulação Formulação Formulação em:
Faixa de resposta sensorial
Aa Bb Cc http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/12_06_12_16
Aceitação (notas de 6 a 9) _15_32_boletim_portugues_junho_2012.pdf. Acesso em: 10 jun.
85 88 85
Indiferença (notas 5) 2016.
11 3 10
4. JUNIOR, H. S. DE F. Desafios Para a Cajucultura no Brasil: O
Rejeição (notas de 1 a 4) 4 8 5 Comportamento da Oferta e da Demanda da Castanha de Caju.
a Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, 37, out -dez. 2006.
Formulação A com 1% de farinha de quinoa. b. Formulação B com 2,5% de
farinha de quinoa. c. Formulação C com 5,5% de farinha de quinoa. 5. SILVA, A. C. P da. Análise das exportações de amêndoas de
castanha de caju pelas empresas beneficiadoras cearenses no período
Lima e Duarte (12) ao elaborar pasta de castanha de caju com sabor de 2007 A 2011. Dissertação (Mestrado em Economia) – Curso de
de café e canela também obtiveram índices de aceitação acima de pós-graduação em Economia, Universidade Federal do Ceará.
80%. Fortaleza, 2011.
6. RUALES, J. E NAIR, B. Nutritional quality of the protein in
T abela 2. Escores médios de aceitação global e atitude de compra. quinoa (Chenopodium quinoa Willd) seeds. Plant Foods for Human
Formulação Médias de Aceitação Médias de Atitude Nutrition, 42, n.1, 1-11, 1992.
G lobal de Compra 7. CASTRO, L.I.A.; VILA REAL, C.M.; PIRES, I.S.C.; PIRES,
Formulação A 6,78 ± 1,37 a 2,70 ± 1,00 b C.V.; PINTO, N.A.V.D.; MIRANDA, L.S.; ROSA, B.C.; DIAS,
Formulação B 6,82 ± 1,47 a 2,68 ± 1,32 b P.A. Quinoa (Chenopodium quinoa w illd): digestibilidade in
Formulação C 6,75 ± 1,53 a 3,00 ± 1,21 b vitro, desenvolvimento e análise sensorial de preparações
* Médias seguidas pela mesma letra na mesma coluna, não diferem ao nível de destinadas a pacientes celíacos. Alimentos e Nutrição,
5% de significância pelo teste Tukey, (p>0,05). Araraquara, 18, 413-419, 2007.
A análise de variância mostrou não existir diferença significativa 8. GARRUT I, D. dos S. Composição de voláteis e qualidade de
entre as amostras avaliadas quanto à impressão global e atitude de aroma do vinho de caju. Campinas, 2001. 218 p. Tese (Doutorado) -
compra, a 5% de probabilidade pelo teste F, conforme T abela 2. Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de
Para a atitude de compra, a análise estatística revelou não haver Campinas.
diferenças significativas entre as três amostras, correspondendo essas 9. LIMA, J. R.; DUART E, E. A. Pastas de castanha de caju com
escores à atitude de “ Provavelmente eu compraria”. O uso de 2,5% incorporação de sabores. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 41, 1333-
de farinha de quinoa, de acordo com impressão global e atitude de 1335, 2006.
compra, comparando seus resultados as demais formulações, foi a de 10. DELLA MODEST A, R. C. Manual de análise sensorial de
melhor desempenho, entre aquelas com percentuais distintos de alimentos e bebidas: geral. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CTAA, 1994.
quinoa, frente aos consumidores. 78p.
Para comparação das formulações de pasta de castanha, a 5% de
488
Gastronomia: da tradição à inovação
489
Gastronomia: da tradição à inovação
490
Gastronomia: da tradição à inovação
Rosalia Galvão¹, Maíra Damião¹, Ana Paula Alves¹, Denis Ferreira¹, Tereza Oliveira², José Geraldo Assis³
491
Gastronomia: da tradição à inovação
Das quatros opções de marcação que ia de “desgostei extremamente” possui limitações no que se refere ao número de provadores
a “ desgostei ligeiramente, apenas a opção “desgostei muito” obteve participantes dos testes, no entanto, como o intuito principal do
3,3% e as outras nenhuma marcação. Como pode ser verificado, a projeto é a elaboração de novos produtos e o seu aprimoramento, esta
geleia de flores de vinagreira obteve índice de aceitação acima de limitação é aceitável numa primeira fase do trabalho.
70%, considerado um resultado satisfatório para análises sensoriais.
Agradecimentos:
Figura 2. Aceitação da Geleia de flor de Vinagreira
A Fundação de Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB. A
Coordenação do Curso de Bacharelado em Gastronomia da UFBA. A
Incubadora de T ecnologia e Economia Solidária da Escola de
Administração da UFBA. Ao Instituto de Biologia da UFBA e a
comunidade T erra Mirim.
Referências
492
Gastronomia: da tradição à inovação
do Ceará
4 Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
INTRODUÇÃO
A doença celíaca (DC) é uma condição autoimune MATERIAIS E MÉTODOS
sistêmica desencadeada pela exposição à proteína gliadina, contida
no glúten. Caracteriza-se por um processo inflamatório que atinge a Elaboração de bolos de cacau a base de biomassa de banana verde
mucosa do intestino delgado, causando atrofia total ou parcial das O bolo de cacau foi elaborado utilizando os ingredientes
vilosidades, comprometendo assim a absorção de nutrientes da dieta, descritos na tabela 1. Inicialmente foram pesados todos os
consequentemente deficiência de vitaminas e minerais, e uma ingredientes, em seguida foram homogeneizados em um
variedade de manifestações clínicas acometendo indivíduos multiprocessador, o açúcar cristal, os ovos e o azeite de oliva por
geneticamente predispostos. O único tratamento para esta doença é aproximadamente 5 minutos. Depois foram adicionados a biomassa
através de uma alimentação isenta de glúten, ou seja, a pessoa com de banana verde (BBV), seguindo com o cacau e o coco ralado.
DC não poderá consumir alimentos que contenham trigo, aveia, T odos os ingredientes foram homogeneizados e a massa resultante
centeio, cevada e malte ou os seus derivados (farinha de trigo, pão, acondicionada em forma de alumínio. Em seguida, o bolo foi levado
farinha de rosca, macarrão, bolachas, biscoitos, bolos e outros) (1). ao forno e assado por aproximadamente 1 hora a uma temperatura de
A maior dificuldade na adesão ao tratamento para os 180 °C. O mesmo procedimento foi realizado com as formulações
celíacos se dá pela reduzida oferta de alimentos que sejam isentos de contendo açúcar demerara e o edulcorante sucralose. Foram adotadas
glúten, bem como informações relevantes contidas nos rótulos dos as boas práticas de fabricação (BPF) para todos os procedimentos
alimentos. Além disso, a alta restrição imposta pela DC podem levar realizados.
a escolhas de alimentos e produtos nutricionalmente inadequados,
com baixo conteúdo de fibras e alto conteúdo de açúcar, gordura e Tabela 1. Ingredientes utilizados na elaboração de bolo de cacau a
calorias. (2,3) base de biomassa de banana verde adoçado com diferentes tipos de
Desta forma, os cientistas de alimentos tentam buscar adoçantes.
ingredientes que apresentem características funcionais semelhantes
ao glúten, sem prejuízo à qualidade dos alimentos e à saúde dos Ingredientes Formulações
consumidores. A substituição do glúten em produtos de panificação, A B C
no entanto, é um grande desafio, pois ele é o responsável pela 500 500 500
BBV (g)
extensão e elasticidade da massa, retendo o ar e dando volume aos 200
Açúcar cristal (g) - -
produtos (4). 250
Açúcar demerara (g) - -
A biomassa de banana verde vem se destacando na 35
Sucralose (g) - -
produção de alimentos, pois sua aplicação não promove alteração do 36 36 21
Cacau em pó (g)
sabor, aumenta à quantidade de fibras, proteínas e minerais, além de 40 40 40
Coco ralado (g)
aumentar o rendimento dos produtos em função da absorção de água. 90 90 90
Azeite de oliva (g)
Além disso, o amido resistente (AR) presente na biomassa, promove 5 5 5
O vos (g)
características desejáveis na elaboração de novos produtos, sendo de
Formulação padrão com açúcar cristal (A); Formulação com açúcar
grande interesse para a indústria de alimentos como para o demerara (B); Formulação com sucralose (C); Biomassa de Banana
consumidor. Pode ser utilizado na elaboração de produtos com
Verde (BBV).
reduzido teor de lipídeos ou açúcares, apresenta funções fisiológicas
Análise sensorial
de regulação intestinal, controle de glicemia, retardamento no
esvaziamento gástrico e auxilia no controle do colesterol. (5). As análises sensoriais dos produtos elaborados foram
O açúcar demerara é obtido a partir da cana-de-açúcar,
realizadas no laboratório de análise sensorial no Departamento de
através de um processo que não utiliza aditivos químicos, o que o faz
T ecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará – UFC.
manter as vitaminas e sais minerais. A ausência de nutrientes As análises foram realizadas com 60 provadores não treinados de
decorrentes da perda durante o processo de refinamento, faz com que
gêneros diferentes, entre estudantes, funcionários e professores em
o açúcar cristal seja digerido instantaneamente, o que provoca uma
cabines separadas e com iluminação adequada. As três amostras de
rápida elevação dos níveis de glicose no sangue, por esse motivo, o
bolo de cacau elaborado com BBV foram servidas de forma
açúcar demerara é mais saudável (6). monádica e sequencial, em copos brancos descartáveis, codificados
Edulcorantes compreendem um grupo de substâncias,
com números de três dígitos ao acaso, acompanhadas de um copo de
utilizadas em substituição à sacarose, que compartilham a
água.
propriedade de interagir com receptores gustativos e produzir uma
Para avaliar a aceitação das amostras, foi realizado teste
sensação que percebemos e denominamos de doce. Essas substâncias afetivo laboratorial pelo método da escala hedônica estruturada de
são consideradas não calóricas pelo fato de não serem metabolizadas
nove pontos, que varia de ‘gostei muitíssimo’ (nota 9) a ‘desgostei
pelo organismo ou por serem utilizadas em quantidades tão
muitíssimo’ (nota 1). Os atributos avaliados foram: aparência
pequenas, que o aporte calórico se torna insignificante. Devido a
(uniformidade da cor, da superfície e do formato), aroma, sabor,
estas características são considerados indispensáveis aos regimes doçura, cor, consistência e impressão global (9).
dietéticos, caracterizado pelo diabetes, ou a dietas de perda ou
O teste de intenção de compra foi realizado utilizando-
manutenção de peso corporal (7,8).
se escala estruturada de cinco pontos, que varia de “certamente não
A preocupação da população com os efeitos da má compraria” (nota 1) a “certamente compraria” (nota 5).
alimentação na saúde tem gerado uma tendência mundial de
T odas as fichas para análise sensorial seguiram a
mudança de hábitos alimentares. Nesse contexto, o objetivo desse
metodologia das Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (10).
trabalho foi elaborar e avaliar a aceitabilidade de um bolo de cacau
sem glúten a base de biomassa de banana verde e adoçado com
diferentes tipos de adoçantes.
493
Gastronomia: da tradição à inovação
Análise estatística moderado. Esse resultado pode estar relacionado com a menor média
de aceitação encontrada neste trabalho (12).
Para a análise estatística dos dados obtidos na Em estudos que avaliaram a intenção de compra de
análise sensorial, utilizou-se o programa computacional em biscoitos do tipo cookie enriquecido com farinha de banana verde 10,
genética e estatística GENES (11). Os dados foram submetidos 20 e 30% adoçado com açúcar cristal, comprovaram que as amostras
à análise de variância (ANOVA), em seguida, realizou-se a podem ser perfeitamente comercializadas pelos seus atributos
comparação entre as médias pelo teste de T ukey (p > 0,05) para sensoriais, tais como, cor, aparência, odor e sabor considerados
os testes sensoriais e a seleção das formulações com maiores agradáveis (13). Outros autores avaliando a intenção de compra de
escores. biscoitos sem glúten adoçados com açúcar cristal, açúcar mascavo e
mel, obtiveram os resultados percentuais de 73,80%, 53,80% e
RESULTADOS E DISCUSSÃO 47,60%, respectivamente, indicando que comprariam o produto (4).
Esses resultados concordam com os encontrados no presente estudo,
visto que as formulações contendo açúcar cristal (A) e açúcar
As médias de aceitação e de intenção de compra dos
demerara (B) obtiveram melhores médias para todos os atributos
bolos de cacau sem glúten elaborados com diferentes tipos de
sensoriais avaliados, apresentando também maiores médias para
adoçantes estão descritas na tabela 2.
intenção de compra.
Tabe la 2. Aceitabilidade e intenção de compra de bolo de cacau a
base de biomassa de banana verde elaborado com açúcar cristal (A), CONCLUSÕES
com açúcar demerara (B) e com sucralose (C).
1
Atributos Formulações Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que o
2
Se nsoriais A B C açúcar demerara pode substituir o açúcar cristal na elaboração do
Aparê ncia 7,06 ± 1,77 a 6,76 ± 2,11 a 6,51 ± 1,79 a bolo de cacau a base de biomassa de banana verde tornando-se uma
Aroma 7,68 ± 1,17 a 7,56 ± 1,18 a 7,38 ± 1,23 a opção mais nutritiva para celíacos, ou ainda consumidores que
Consistê ncia 6,96 ± 1,69 a 6,76 ±1,80 ab 6,06 ± 1,99 b buscam hábitos alimentares mais saudáveis.
Doçura 7,27 ± 1,64 a 6,95 ± 1,61 ab 6,47 ± 1,84 b
Sabor 7,43 ± 1,60 a 7,06 ± 1,47 ab 6,36 ± 2,02 b REFERÊNCIAS
a
Impr. Global 7,43 ± 1,26 7,00 ± 1,59 ab 6,41 ± 1,82 b
Int. de compra 3,9 ± 1,11 a 3,58 ± 1,02 a 3,05 ± 1,18 b 1. FENACELBRA. Fundação nacional das associações de celíacos
1
Letras diferentes na mesma linha diferem significativamente pelo do Brasil. Disponível em:
teste de T uckey (p > 0,05). http://www.fenacelbra.com.br/fenacelbra/doenca-celiaca/. Acesso
2
Formulação padrão. em: 20 jun. 2016.
2. SANT OS, B. F.; COZER, M. Elaboração de um produto alimentar
A formulação B obteve maior aceitação pelos isento de glúten. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. 17,
provadores, pois não diferiu significativamente da formulação padrão 41-56, 2015.
A (p > 0,05) em nenhum dos atributos sensoriais avaliado s. Em 3. ARAÚJO, H. M. C.; ARAÚJO, W. M. C.; BOT ELHO, R. B. A.;
relação aos atributos aroma e cor, não houve diferenças significativas ZANDONADI, R. P. Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e
entre as formulações avaliadas, porém a formulação C diferiu qualidade de vida. Rev. Nutr. 23, 467-474, 2010.
significativamente da formulação A (p > 0,05) nos atributos 4. PASSOS, A. A. C.; LOPES, S. A.; SILVA, A.J.L., AZEVEDO, A.
sensoriais aparência, consistência, doçura e impressão global, sendo R.; ANDRADE, F. J. E. T . Avaliação do uso de adoçantes
essa a formulação com menor média de aceitação sensorial. alternativos na aceitabilidade de biscoitos amanteigados sem glúten
Em relação a intenção de compra, os provadores como alternativa para pacientes celíacos. Congresso de Norte e
indicaram que possivelmente comprariam as formulações A (com Nordeste de Pesquise e Inovação-VII CONNEPI. 2013.
açúcar cristal) e B (com açúcar demerara). Esse resultado pode ser 5. ZANDONADI, R. P.; BOT ELHO, R. B. A.; GANDOLFI, L.;
observado na tabela 2, onde ambas as amostras apresentaram as GINANI, S.; MONT ENEGRO, F. M.; PRAT ESI, R. Green banana
maiores médias não havendo diferenças estatísticas (p > 0,05) entre pasta: An alternative for glúten-free diets. Journal of the academy of
as mesmas. Já a formulação C, elaborada com sucralose, obteve nutrition and dietetics. 112, 1068-1072, 2012.
menores escores para intenção de compra, apresentando diferenças 6. GRUPEMEF. Grupo dos profissionais executivos do mercado
significativas em relação as formulações A e B. Esses resultados farmacéutico. Disponível em:
inferem que a formulação do bolo de cacau elaborado com biomassa http://www.grupemef.com.br/artigos.php. Acesso em: 10 mai. 2016.
de banana verde pode conter açúcar demerara como uma alternativa 7. CARDELHO, H. M. A. B.; SILVA, M. A. P.; DAMÁSIO, M.H.
de adoçante mais saudável e nutritiva, visto que em substituição ao Análise descritiva quantitativa de edulcorantes em diferen tes
açúcar cristal obteve-se resultados de avaliação sensorial positivos, concentrações. Ciência e T ecnologia de Alimentos. Ciência e
não havendo diferenças significativas entre os dois adoçantes. T ecnologia de Alimentos. 20, 318-328, 2000.
No experimento onde se buscou avaliar a aceitabilidade 8. MANHANI, T. M.; CAMPO, M. V. M.; DONATI, F. P. Sacarose,
de biscoitos amanteigados sem glúten e adoçados com adoçantes suas propriedades e os novos edulcorantes. Rev. Uniara, 17, 113-125,
alternativos (açúcar mascavo e mel) foram observadas diferenças 2014.
significativas entre as amostras, sendo a mais aceita, a amostra 9. DUT COSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. 2. ed.
padrão elaborada com açúcar cristal. Esses resultados não Curitiba: Champagnat, 2007. 239p.
corroboram com os encontrados no presente estudo, visto que não 10. INST ITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto
houveram diferenças significativas (p > 0,05) nas médias de Adolfo Lutz: Métodos químicos e físicos para análises de alimentos.
aceitação encontradas entre a formulação padrão (A) elaborada com v. 1, 4 ed. Brasília, 2005. 1018p.
açúcar cristal e a formulação (B) elaborada com o açúcar alternativo 11. CRUZ, C. D. Programa genes- estatística experimental e
demerara (4). matrizes. 1.ed. Viçosa: Editora UFV, 2006. V.1. 285p.
Em estudos comparativos com diferentes tipos de 12. BIACHI, M. S. ANÁLISE QUALITATIVA E SENSORIAL DE
adoçantes (sacarose, sucralose/acessulfame-K, sacarina/ciclamato e EDULCORANTES EM BOLO CASEIRO. 2006. 43f. Monografia
estévia) como constituintes de bolos caseiros, mostraram que a (Bacharel em nutrição) – Centro Universitário Franciscano, Santa
formulação contendo o açúcar cristal (sacarose) obteve maiores Maria, 2006.
médias de aceitação entre os julgadores. Já entre os edulcorantes 13. FASOLIN, L. H.; ALMEIDA, G. C.; CAST ANHO, P. S.;
utilizados, a sacarina/ciclamato e sucralose/acessulfame-K obtiveram NET T O-OLIVEIRA, E. R. Biscoitos produzidos com farinha de
o mesmo nível de aceitação. Nesse mesmo estudo foram avaliadas banana: avaliações química, física e sensorial. Ciênc. T ecnol.
médias de intensidade do gosto residual amargo, sendo atribuído ao Aliment. 27, 524-529, 2007.
edulcorante sucralose/acessulfame-K a intensidade de fraco a
494
Gastronomia: da tradição à inovação
06434 The Use of the Industrial and Artisanal cashew apple bagasses in Culinary Preparations
Natália Sucupira 1 , Paulo Sousa 1,2 , Leopoldo Gondim Neto2 , Sandro Gouveia 2 , Raimundo Figueiredo1 ,
Geraldo Maia 1
1
Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceara,
phenriquemachado@gmail.com
2
Curso de Gastronomia, Instituto de Cultura e Arte, Universidade Federal do Ceara
Key words: fiber, sensory evaluation, cashew apple ball.
INTRO DUTIO N
T he world production of the main tropical fruits reached 62 million Elaboration of culinary preparations using cashew apple bagasse
tons in 2010 (1). Brazil has a large number of native and exotic fruit Cashew apple ball were prepared twice, one for each bagasse type
species that are underexploited. These fruits represent an opportunity (artisanal and industrial). The quantities of the ingredients used in the
for local producers to gain access to special markets where development and drafting of the cashew apple ball are described in
consumers put emphasis on the exotic character and the presence of T able 1.
nutrients that could prevent degenerative diseases (2).
In Brazil, it is worth considering the immense potential of the cashew T able 1. Ingredients of cashew apple paçoca and cashew apple ball
crop (Anacardium occidentale L.) because of its nutritional and
functional components. T his fruit has one of the most expressive Ingredients Cashew Apple Ball
productions in Brazil; however, <20% of its production is used by Cashew apple bagasse (g) 470
the fruit juice industry. T his is commonly caused by the Cassava flour, sifted (g) -
concentration of the harvesting season being in 3 month time period, Purple onion (g) 92
showing the importance of the agro-industry to add value to the final Ghee, bottled butter fat (ml) -
products (3). T he stalk has a very fragile skin, which makes it Chopped garlic (g) 15
sensitive to mechanical damage during transportation, being a highly Broth in tablet (g) 10,8
perishable fruit that for the great part is wasted (4). Paprika (g) 7
New food products are prepared in order to satisfy consumer Salt (g) 5
demands for taste, appearance, value and convenience. T he Parsley (g) 5
production of foods with beneficial health effects are recognized Black pepper, freshly ground (g) 3
more and more for their role in the prevention and treatment of Slices of crust less toast bread (g) 183
diseases. T his has been the proposal of institutions and companies Eggs (unity) 2
that are very focused and involved in the production of functional Cherry pepper (g) 12
foods (5). Soy oil (ml) 540
T here is a need to develop processes and products from fruits due to
the high domestic production of tropical fruits and their high In the development of the cashew apple ball, cashew apple bagasse
perishability. This goes along with the difficulty in storing the fruits was first added to broth, and then drained. In a large bowl, the
during the months of peak industrial processing /crop that contribute bagasse was added and then the sliced bread cut into pieces, onion,
to a higher loss of fruits, mostly tropical ones. garlic, hot peppers cut into small slices, chopped parsley, paprika,
T he objective of this work was to develop two culinary dishes from salt and black pepper were added. T hen the eggs were placed in order
bagasses of the cashew apple obtained by artisanal and industrial to provide homogeneity to the mix. The ingredients were mixed well
processes: paçoca cashew apple and cashew apple ball. and then were modeled with hands, weighing at 50g each, they were
then taken to the frying pan in hot oil for about 5 minutes (Figure 1).
MATERIAL AND METHO DS In the last step, the cashew apple balls were placed on paper towels
and taken for sensory analysis.
Obtaining the cashew apple bagasses
Sensorial Evaluation
T wo kinds of cashew apple bagasses, industrial and artisan, that are
common in commercial juice production in Brazil, were used in this T he cashew apple balls were evaluated individually using a sensory
study. T he cashew apples (Anacardium occidentale L.) used in this sheet for samples evaluated. The overall acceptance of the product
work were provided by producing companies located at Pacajus- was performed two hours after the making of the product, by
Brazil, in 2011 in a randomized complete block design with three untrained panelists (n=60), who judged the level of acceptance of the
replications, during the harvesting season (October / November). The following attributes: aroma, appearance, flavor and overall
bagasse was stored in the dark at 4° C until analysis and processing. impression.
T he industrial cashew apple bagasse was processed by a commercial T he project followed the legal ethical aspects and was approved by
juice company and the artisanal bagasse was produced manually in National Counsel of Scientific and T echnological Development -
the experimental kitchen at the Federal University of Ceará, Brazil, (registration number No. 261/11). T he formulations were submitted
with the difference in amount of juice adhered to the bagasse. In to sensory tests to determine their acceptance by potential
obtaining the cashew apple bagasse, of the 20 kg received, three consumers. One session was conducted to verify the acceptance of
batches of cashew apple bagasse were taken randomly. Bagasses the four formulations. T he tests were applied in individual booths,
were taken to obtain different sections similar to those generated in under white light, 30 g of samples were served alone, in a glass dish
the industry. Whole red and yellow cashew apples were selected codified with three digit numbers. The order of the presentation was
from the conveyor belt and washed by immersion in chlorinated balanced according to the design proposed by MacFie et al. (6). T he
water (100 mg L -1 ). Soon after, the cashew apples were crushed and sensory evaluation, carried out with sixty untrained panelists, was
pulped to remove the juice, and then properly pulped and pressed enlisted as suggested by Meilgaard et al. (7). In this laboratory test,
again in fine-mesh screens to obtain the cashew apple bagasse. In consisting of acceptance tests for overall appearance, aroma, flavor
order to obtain the art isanal cashew apple bagasse, intact cashew and overall acceptance, nine-point structured hedonic scales were
apples, red and yellow in color, were hand-picked and washed by used (1: ‘extremely disliked’ to 9: ‘extremely liked’); and with the
immersion in chlorinated water. T hen, the nut was removed from the purchase intent test, a five-point structured scale was used (1:
cashew apples, and the juice was extracted with the aid of a Brazilian ‘definitely would not buy’ to 5: ‘definitely would buy’).
Philips Walita RI 1861 centrifugal juicer, then it was finely shredded
by hand and squeezed through a household sieve. All of the analysis
was performed in triplicate for the three separate batches of cashew Statistical Analysis
apple bagasse.
T he cashew apple bagasses obtained were packed in polyethylene T he experiment was carried out using the split plot design, with two
bags, vacuum sealed and properly stored in a freezer until the time of bagasses (artisanal and industrial) in the plots and four subplots in
analysis. treatments in a completely randomized factorial with three
repetitions of the experiments. The data was statistically treated by
495
Gastronomia: da tradição à inovação
the one-way analysis of variance (ANOVA) using tukey´s test. Table 2. Average scores of the acceptance tests and purchase intent
Differences were considered to be significant at P ≤ 0.05, using the of the artisanal and industrialized cashew apples balls
SAS statistical program software version 9.4 (8).
Sensorial attributes
RESULTS AND DISCUSSIO N Process Overall Purchase
Appearance Aroma Flavour acceptance intent
For sensory analysis of cashew meatballs, there was no significant a a a
Artisanal 7.20 6.80 6.68 6.71 a 3.60 a
difference (P > 0.05) between the sensory attributes evaluated, a a a a
Industrialized 7.10 6.93 6.93 6.86 3.65 a
showing that the cashew apple balls (artisanal and industrial
bagasses) are statistically the same (T able 1).
T his similarity can be attributed to the addition of these ingredients CO NCLUSIO NS
in equal amounts in the two preparations, with variation in the
T he two developed preparations, artisanal and industrialized cashew
formulations just for the cashew bagasse, suggesting that the
apple ball, were all located in the middle of the scale’s acceptance
different raw materials used did not influence the sensory evaluation
for this cashew product. zone, indicating a positive evaluation of these new recipes, which
could be an alternative to the consumer market.
T he results shown in Table 1 reveal that the attributes analyzed were
all located in the middle of the acceptance area of the hedonic scale,
noting that the two cashew apple balls were well accepted by the ACKNO WLEDGMENTS
judges.
T hanks to CNPq (National Counsel of T echnological and Scientific
It was observed that the sample cashew apple ball was accepted
Development) for the financial support and Jandaia for supplying the
better in relation to appearance. T he highest percentages are in
grades 7 and 8, which correspond to "liked moderately" and "liked." raw materials.
In a study by Lima et al. (9), the appearance of the cashew
hamburger was observed with an average value of 6.2, which was REFERENCES
smaller than that found in this study.
For the aroma and flavor of the cashew apple balls, most of the notes 1. FAO. Faostat: statistics division online databases. Disponível em:
<http://faostat.fao.org/>. Acesso em: 15 dez. 2013.
received stood in the region indicative of approval for products.
2. Alves, R.E., Brito, E.A., Rufino, M.S.M., Sampaio, C.G.
Pinho et al. (10) studied by adding different percentages of cashew
Antioxidant activity measurement in tropical fruits: A case study
residue in products like the cashew hamburger, they observed mean
values of 3.5 and 3.7 for flavor and taste, respectively, hamburgers with acerola. Acta Hortic. 773, 299-305, 2008.
3. Sousa, P.H.M., Ramos, A.M., Maia, G.A., Brito, E.S., Garruti,
had a 14.27% residual percent age, below the results found in this
D.S., Fonseca, A.V.V. Adição de extratos de Ginkgo biloba e Panax
analysis. Yilmaz (11) replaced fat with rye bran in meatballs, in the
concentrations of 10% and 20%, and found mean values in the ginseng em néctares mistos de frutas tropicais. Cienc. T ecnol.
acceptance area of the scale. Aliment. 30, 463-470, 2010.
4. Queiroz, C., Lopes, M.L.M., Fialho, E., Valente-Mesquita, V.L.
For the overall impression, the cashew apple balls had averages
Changes in bioactive compounds and antioxidant capacity of fresh -
between 6 ("slightly liked") and 7 (" moderately liked"), being higher
than the results found by Lima (9), who found an average of 5.9 for cut cashew apple. Food Res. Int. 44, 1459-1462, 2011.
burgers made with the cashew apple bagasse. 5. Mazza, G. Alimentos funcionales: aspectos bioquímicos y de
procesado. first ed. Acribia, Zaragoza, 2000.
It was found that the percentage of responses for the purchase
6. MacFIE, H.J., Bratchell, N., Greehoff, K., Vallis, L.V. Designs to
intention of cashew apple balls fell in the range of acceptance of the
hedonic scale used. balance the effect of order of presentation and first-order carry-over
In this study observed that 35% of the panelists revealed that they effects in hall tests. J. Sens. Stud. 4, 129-148, 1989.
7. Meilgaard, M., Civille, G.V., Carr, B.T . Sensory Evaluation
were very fond for the cashew apple ball obtained by the artisanal
T echniques. second ed. CRC Press: Florida, 1999.
bagasse, and a lower percentage was observed for the cashew balls
made with industrialized cashew apple bagasse, 23.3%. 8. SAS Institute Inc., version 9.4. Cary, NC, USA, 2014.
9. Lima, J.R. Caracterização físico-química e sensorial de
hambúrguer vegetal elaborado à base de caju. Cienc. Agrotec. 32,
T he two cashew apple balls prepared with different cashew bagasse
191-195, 2008.
had the means to purchase intent, ranging from "maybe buy / maybe
not buy" to "possibly buy" (Table 1), and showing that the cashew 10. Pinho, L.X., Afonso, M.R.A., Carioca, J.O.B., Costa, J.M.C.,
Ramos, A.M. T he use of cashew apple residue as source of fiber in
apple balls may have a good market acceptance if they were for sale.
low fat hamburgers. Cienc. T ecnol. Aliment. 31, 941 -945, 2011.
11. Yilmaz, I. Effects of rye bran addition on fatty acid composition
Fig. 1. Cashew apple meat ball makes with artisanal cashew apple and quality characteristics of low-fat meatballs. Meat Sci. 67, 245-
249, 2004.
bagasse
496
Gastronomia: da tradição à inovação
06115 Avaliação Microbiológica e Sensorial de Iogurte Grego Elaborado com Leite Bubalino e
Saborizado com Calda de Café Solúvel
Alana Fernandes¹, Hellen Silva¹, Soraya Santos ¹, José Machado¹, Bruna Silva², Rafael Mota²
MAT ERIAL E MÉT ODOS T abela 2. Resultados da análise sensorial do iogurte grego a base
de leite bubalino saborizado com calda de café solúvel.
Para elaboração do iogurte utilizou-se leite de búfala procedente Atributos Média ± Desv Índice de
de fêmeas da raça Murrah adquirido no município de Soure- aceitabilidade
Marajó-PA. O leite coletado e envasado em garrafas estéreis e Aroma 7,4 ± 1,32 82,3%
transportados para o Laboratório de Alimentos da Universidade Cor 7,3 ± 1,26 81,2%
do Estado do Pará-Campus XIX, em caixas isotérmicas. Para Sabor 7,4 ± 1,47 82,3%
elaboração do produto foram adicionados no leite 3% de sacarose Viscosidade 7,5 ± 1,28 83,4%
comercial e 1,5% de leite em pó, em seguida, o leite foi Impressão Global 7,5 ± 1,25 83,4%
pasteurizado a 90ºC por 3 minutos e resfriado até 45ºC, neste
momento, inoculou-se 1,5% de culturas lácteas (Lactobacillus De acordo com os resultados da análise sensorial observou-se que
delbrucacki ssp bulgaricus Streptococcus salivarius ssp o produto apresentou uma boa aceitação por parte dos provadores,
thermophilus) e a mistura permaneceu a 45 ºC em estufa B.O.D com médias de escores entre 7,4 a 7,5 e índice de aceitabilidade
até atingir pH de 4,6. Após o processo fermentativo realizou-se a entre 81,2 % a 83,4 % para os atributos aroma, cor, sabor,
dessoragem da massa a 10ºC por 5 horas. viscosidade e impressão global. Segundo Gularte (10), um
alimento é considerado aceito quando possuir índice de aceitação
A calda de café foi preparada na proporção de 0,5 % de café superior a 70%.
solúvel, 10 % de sacarose comercial, 7,5% de creme de leite e 20
mL de água. A mistura foi submetida a cocção a 70ºC por 3 CONCLUSÃO
minutos, em seguida, foi inserida e homogeneizada no iogurte. O
produto foi acondicionado em potes de polietileno e armazenado Os valores encontrados para as análises microbiológicas do
a temperatura de ±10 ºC por 4 h. produto lácteo desenvolvido estavam dentro dos p adrões
estabelecidos pela legislação vigente, demonstrando que o
Análise microbiológica processo de elaboração do iogurte grego a base de leite bubalino
saborizado com café foram elaborados seguindo as boas práticas
As análises microbiológicas realizadas no produto foram de manipulação de alimentos, o mesmo apresentou na análise
coliformes totais e Staphylococcus aures, foram realizadas em sensorial índice de aceitabilidade superior a 70 % o qual
petri filme ™ de acordo com a metodologia descrita por Downes demonstra que a combinação do derivado lácteo com calda de
e Ito (6). café se torna uma alternativa viável para comercialização e uma
alternativa para elaboração de derivado de café agregando valor
Análise sensorial ao produto .
497
Gastronomia: da tradição à inovação
MOURA CARVALHO, L.O., MOREIRA, E.D., LOURENÇO 6.DOWNES, F.P.; ITO, K. Compendium of methods for the
JÚNIOR, J.B. Estudo comparativo da composição química de microbiological examination of foods . 4.ed. Washington:
le ite de zebuínos e bubalinos. Belém: EMBRAPA - CPAT U, American Public Health Association, 200 . 676p.
1982. 15p.
7. DUT COSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba.
2. INST IT UT O BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E Editora Universitária 2. ed. 2008.
EST AT ÍSTICA. Sidra banco de dados agregados. Brasília: IBGE.
2008. 8. BRASIL. Instrução Normativa nº46 de 23 de outubro de 2007.
Regulamento T écnico de Produção, Identidade e Qualidade de
3. BRASIL. Instrução Normativa nº46 de 23 de outubro de 2007. Leites Fermentados. Diário Oficial da União, Brasília, DF:
Regulamento T écnico de Produção, Identidade e Qualidade de Ministério da Agricultura, 2007.
Leites Fermentados. Diário Oficial da União, Brasília, DF:
Ministério da Agricultura, 2007. 9. BRASIL. Instrução Normativa nº46 de 23 de outubro de 2007.
Regulamento T écnico de Produção, Identidade e Qualidade de
4. VARNAN, A. H.; SUT HERLAND, J. P. Leche y produtos Leites Fermentados. Diário Oficial da União, Brasília, DF:
lácteos: tecnología, química y microbiologia. Zaragoza: Acribia, Ministério da Agricultura, 2007.
476p. 1994.
10. GULART E, M. A. Manual de Análise Sensorial de
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundo Nacional de Saúde: Alimentos. Universidade Federal de Pelotas, 2002.
Datasus, Brasília, 2003.
498
Gastronomia: da tradição à inovação
Teresa Gurgel1 , Ayakonara Mesquita 2 , Elineide da Costa 2 , Euderica Pereira 2 , Kelly de Oliveira 2 , Viviane da Silva 2 .
1 Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte, Vigilância Sanitária. teresaemanuelle@gmail.com
2 Curso de nutrição, Universidade Potiguar campus Mossoró-RN.
499
Gastronomia: da tradição à inovação
porém, após aberto, o produto deverá ser consumido em até três dias. function in women. Nutrition, v.19, p.926-929, 2003.
Segundo Pereda8 , o congelamento é um dos melhores métodos 3. WALT ER, M., MARCHEZAN, E., AVILA , L. A. de .Arroz:
disponíveis para a conservação de alimentos em longo prazo, por composição e características nutricionais.2008.
apresentar características organolépticas e nutritivas similares a que 4. MONT EIRO, J.P. e CAMELO, J.S.J. Caminhos da Nutrição e
possuía antes do congelamento. terapia nutricional: da concepção à adolescência. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007.
CO NCLUSÕ ES 5. SIMPSON, S.J.; PIGGOT T , J.R.; WILLIAMS, S.A.R. Sensorial
O presente trabalho expôs o desenvolvimento de um produto Analysis. International Journal of Food Science and T echnology, v.
formulado para melhor atender as necessidades nutricion ais de 33, n. 1, p. 7-18, 1998.
pessoas com restrição de calorias, como também em substituição da 6. KEMP, S.E. Application of sensory evaluation in food research.
coxinha tradicional servida nas cantinas das escolas e universidades, International Journal of Food Science and T echnology, v. 43, n. 9, p.
concluindo-se assim, a sua viabilidade de mercado e industrialização 1507-1511, 2008.
deste novo alimento. 7. ALVES, J.A.; NOVELLO, D.; OST , P.R.; QUINTILIANO, D.A.
Aceitação de torta de farinha integral feita Com reaproveitamento de
REFERÊNCIAS alimentos por crianças pré-escolares em uma creche municipal do
município de Guarapuava-PR. Alimentos e Nutrição, v.18, n.2, p.
1. HENNEMANN., T.L. de A. Nutrição: incrivelmente fácil. Rio de 161-166, abr./jun. 2007.
Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 8. PEREDA, J.A.O. e et al. Tecnologia de alimentos: componentes
2. LI, J.; KANEKO, T.; QIN, L-Q.; WANG, J.; WANG, Y. Effects dos alimentos e processos. Vol. 1. Porto Alegre: Artmed, 2005. .
ofbarley intake on glucose tolerance, lipid metabolism, and bowel
500
Gastronomia: da tradição à inovação
Stella Medeiros 1 , Aline Reis 1 , Vanici Sá1 , Dafné Mota2 , Felipe Sousa3 , Sabrina Teixeira1
501
Gastronomia: da tradição à inovação
adicionado com 1,5% caesalpinia pulcherrima e 0,5% xantana, 1,5% compra está intimamente relacionada à aceitabilidade no parâmetro
guar e 0,5% xantana, previamente codificadas. Os provadores sabor, uma vez que o consumidor dá preferência de compra ao
tiveram que atribuir um valor de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei produto que apresenta um sabor mais agradável (11).
muitíssimo) aos produtos em análise, expressando o quanto T odas as formulações obtiveram um bom índice de aceitação,
desgostou ou gostou dos atributos de aparência, cor, aroma, sabor, ultrapassando 70%, que é o limite mínimo para definir a
textura e aceitação global. Os mesmos também julgaram sua intenção aceitabilidade de produtos alimentícios (12).
de compra acerca dos méis, atribuindo notas de 1 (certamente
compraria) a 5 (certamente não compraria), caso os produtos em CO NCLUSÃO
estudo estivessem no mercado.
Percebe-se que a adição dos polissacarídeos na proporção de 1,5g de
Análise estatística Caesalpinea pulcherrima e de 0,5g de xantana obteve maior
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância aceitabilidade e melhor intenção de compra.
(ANOVA) e ao T este de Tukey ao nível de 5% significância (9). Os Portanto a aplicação destes espessantes naturais ao mel apresenta-se
cálculos foram realizados com auxílio dos programas Excel® 2007 positiva para a indústria como uma opção pratica para a produção de
(Windows) e ASSIST AT Versão 7.7 beta (10). mel. Desta forma o presente estudo propõe uma opção alimentar com
A pesquisa foi aprovada pelo comitê de Ética e Pesquisa da aspectos tecnológicos de qualidade para o mel capaz de trazer
Universidade Federal do Piauí sob nº 31052414.9.0000.5214). Os benefícios para o consumidor.
participantes assinaram o T ermo de Consentimento Livre e
Esclarecido (T ECLE). REFERÊNCIAS
502
Gastronomia: da tradição à inovação
06133 Avaliação sensorial de amêndoas de castanha de caju tipo exportação pelo método de CATA.
Paulo Henrique Ribeiro dos Santos 1 ; Libia Amaral Correia 1 ; Janderson Lima Pinheiro1 ; Paulo Henrique
Machado de Sousa 2
1
Graduando (a) em Gastronomia, Universidade Federal do Ceará. paulohrd.santos@gmail.com
2
Professor do Curso de Gastronomia, Universidade Federal do Ceará. phenriquemachado@gmail.com
Palavras-chave: Análise Sensorial; amêndoa de castanha de caju; aceitação global.
Re sultados e Discussão
Nota-se que dos 19 termos avaliados do questionário
CAT A encontrados na T abela 1, somente lisa e sabor de óleo não
apresentaram diferença entre as amostras. Portanto, sugere-se que os De acordo com o mapa da análise (Gráfico 2), uma
consumidores conseguiram distinguir as amostras através dos termos amendoa de castanha de caju ideal deve ser relativamente crocante,
utilizados na pesquisa. Verifica-se ainda que a amostra W2-240T S ter cor uniforme e torrada, sabor e aroma de torrada, amarronzada e
(torrada e salgado) diferiu na maioria dos termos das outras amostras. salgada. Por outro lado, as amendoas não deve ter caracteristicas de
sabor oxidado, de crua, de amarga, de aroma velho, ter a aparencia
enrugada, mole, murcha e cor clara. A castanha do tipo W2-240T S
esta mais próxima da amendoa ideal. As amendoas do tipo W3, W1-
320 e W2-240 estão relativamente longe do ideal.
503
Gastronomia: da tradição à inovação
Referências
1. BALANÇO DE EXPORT AÇÃO. Disponível
emhttp://www.adece.ce.gov.br/index.php/downloads/category/2-
balanco-de-exportacoes Acesso em 10 de junho de 2016
3. LIMA, J.R.; DUART E, E.A. Pastas de castanha-de-caju com
incorporação de sabores. Pesquisa Agropecuária Brasileira v.41,n.8,
p.1333-1335, 2006.
2. CLASSIFICAÇÃO DAS AMÊNDOAS DE CAST ANHA DE
CAJU - CEARÁ CAJU. Disponivel em
http://www.cearacaju.com/classi ficação.htm. Acesso em 14 de junho
de 2016.
4. MEILGAARD, M., CIVILLE, G.V., CARR, B.T . Sensory
Evaluation Techniques.
5. ST ONE, H. S.; SIDEL, J. L. Sensory Evaluation Practices,
Academic Press, San Diego, CA, 1993. 308p.
504
Gastronomia: da tradição à inovação
06120 Características sensoriais de massa fresca adicionada de tomate de baixo valor comercial
Rafaela Santos¹, Rogério Silva², Márcia de Matos 3 , Ryzia Cardoso 1 , Clícia Benevides 4 , Itaciara Nunes 1
¹Curso de Nutrição, Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia, rafabarbosa.nut@gmail.com
²Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, Departamento de Ciência dos Alimentos, Un iversidade
Federal de Lavras
³Curso de Gastronomia, Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia
4 Curso de Nutrição, Universidade do Estado da Bahia
INTRO DUÇÃO formulação das massas, foram utilizados 66,67% da farinha de trigo
previamente homogeneizada com os diferentes níveis de T L, 8,33%
O Brasil é um país altamente produtivo e também um dos que de ovo em pó e 25% de água, para todas as amostras. O
apresentam maior registro de perdas de alimentos, pois processamento foi feito em uma amassadeira/extrusora (ARKE
aproximadamente 30% do que é produzido vai para o lixo (1). Pratice, China), sendo adicionados primeiro os ingredientes sólidos e
Proporcionar à população alimentos elaborados com frutos de baixo homogeneizados por 5 min. Em seguida, foi adicionada a água,
valor comercial, que apresentam injúrias e/ou estão fora de padrões mantendo-se a homogeneização por 10 min., obtendo-se a massa
de compra para forma, tamanho e cor, configura uma das formas de crua, que permaneceu em descanso por 30 min. A seguir, a mesma
reduzir as perdas e o desperdício, bem como contribuir com a foi submetida à extrusão para obtenção da massa no formato de
segurança alimentar e nutricional. espaguete (Figura 2). Os produtos finais foram acondicionados em
O tomate (Lycopersiconesculentum Mill) é largamente consumido e sacos de polietileno, envoltos em papel alumínio e armazenados sob
cultivado no mundo, registrando-se, em 2013 uma produção de refrigeração (4° C) até o momento das análises laboratoriais (24 h).
aproximadamente 164 milhões de toneladas em todo planeta (2).
Entretanto, existe a preocupação com as perdas pós-colheita deste
fruto, que podem ser superiores a 50% (1). A produção de massas Fig. 2. Extrusão para obtenção da massa fresca do tipo espaguete.
alimentícias pode ser uma alternativa em potencial para minimizar
tais perdas, visto que a tecnologia de produção deste alimento
permite a incorporação de ingredientes não convencionais.
Considerando que a produção de massas alimentícias adicionadas de
tomate pode ser uma opção para o incremento das propriedades
funcionais do produto, além de minimizar as perdas pós-colheita do
fruto (3), o objetivo do presente estudo foi avaliar a textura e a
qualidade sensorial de massas frescas adicionadas de tomate
liofilizado, obtido a partir de frutos com baixo valor comercial, mas
Análise Sensorial
em condições seguras de processamento e/ou consumo.
O grau de aceitação das massas alimentícias foi avaliado por meio do
MATERIAL E MÉTO DO S
teste de aceitação, com uma escala hedônica de nove pontos, com
extremos entre “gostei muitíssimo” e “desgostei muitíssimo”. Em
Material
cabines individuais, 60 provadores não treinados avaliaram as
Foram aproveitados tomates sem condições de comercialização, mas amostras codificadas com três dígitos, servidas de forma monádica e
aleatorizada (4). O número de provadores foi definido com base nas
próprios para o consumo e/ou processamento, provenientes de uma
metodologias descritas por Díaz et al (5), Maluf et al (6) e Del Bem
distribuidora atacadista da Central de Abastecimento da Bahia–
CEASA (Simões Filho, Bahia, Brasil). A farinha de trigo especial et al (7). As massas foram preparadas no tempo ótimo de cozimento,
(trigo T. aestevium) foi cedida pelo moinho Canuelas S.A (Salvador, adicionadas de azeite, sal e alho e, após o preparo, permaneceram em
banho-maria até a finalização do teste. Os atributos sensoriais
Bahia, Brasil) e o ovo em pó foi doado pela Salto’s Alimentos (Salto,
São Paulo, Brasil). avaliados foram: aparência, cor, sabor, textura e qualidade global. O
estudo conta com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Obtenção do tomate liofilizado Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (Parecer nº
284.735) e os provadores que aceitaram participar do estudo
Os tomates foram selecionados, lavados em água corrente e assinaram um T ermo de Consentimento Livre Esclarecido. Cabe
sanitizados em solução clorada (150 ppm/15 min.). Em seguida, esclarecer que as amostras utilizadas para os testes sensoriais foram
foram cortados em pedaços de aproximadamente 1 cm³ (Figura 1a), previamente avaliadas com relação à qualidade higiênico-sanitária
por meio de análises microbiológicas estando dentro dos padrões de
congelados a -40° C/24 h, liofilizados (Liotop L101, Brasil) a -50° C,
por 48h, triturados em moinho portátil (IKA A11, China) e consumo.
peneirados (60 mesh) (Figura 1b) em agitador (BERT EL 220v,
Análise Estatística
Brasil). O tomate liofilizado (T L) foi acondicionado em sacos de
polietileno e armazenado à temperatura ambiente (25° C) no escuro
até a utilização. Os resultados foram expressos em valores médios ± desvio padrão e
avaliados pela Análise de Variância (ANOVA) e teste de T ukey (p<
0,05), utilizando o software SPSS (Versão 13, USA).
Fig. 1. a) Tomate após as etapas de seleção, lavagem, sanitização e
corte; b) Tomate liofilizado, moído e peneirado.
RESULTADO S E DISCUSSÃO
a) b) Análise sensorial
505
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
1. FAO. Global food losses and food waste: extent, causes and
prevention. Food and Agriculture Organization of the United
Nations. Roma, 2011.
2. FAO. Faostat: statistics division online databases. Disponível em:
<http://faostat.fao.org/>. Acesso em: 15 dez. 2015.
3. CHILLO, S.; LAVERSE, J.; FALCONE, P.M.; DEL NOBILE,
M.A. Quality of spaghetti in base Amaranthus wholemeal flour
added with quinoa, broad bean and chickpea. J. Food Eng. 84, 101 -
Com base na escala hedônica disponibilizada aos provadores, todas 107, 2008.
as médias ficaram acima de “Gostei Ligeiramente” indicada como 4. ST ONE, H. S.; SIDEL, J. L. Sensory evaluation practices. San
nota 6, com exceção da amostra ESP padrão que apresentou médias Diego: Academic Press, 1993. 308p.
entre “ Indiferente” e “Gostei ligeiramente” indicadas como nota 5 e 5. DÍAZ, P. O.; HERNÁNDEZ, J. J. I.; ACEVEDO, E. A.;
6, respectivamente, para cor e aparência. AMBRIZ, S. R. L.; PARDO, M. E. S.; PÉREZ, L. A. B. Chemical,
Esses dados foram semelhantes aos relatados por Mirhosseini et al. starch digestibility and sensory characteristics of durum wheat/unripe
(8), que obtiveram resultados satisfatórios para cor, aparência e whole banana flour blends for spaghetti. Food and Nutrition
qualidade global, na avaliação sensorial de massa alimentícia padrão Sciences, 2014, 5, 264-270.
(comercial) e de amostras adicionadas de farinha de abóbora (25% e 6. MALUF, M. L. F.; WEIRICH, C. E.; DALLAGNOL, J. M.;
50%). Entretanto, nas formulações contendo 25 e 50% de farinha de SIMÕES, M. R.; FEIDEN, A.; BOSCOLO, W. R. Elaboração de
sementes durian, as médias foram inferiores, sendo consideradas massa fresca de macarrão enriquecida com pescado defumado. Rev
como ruins, principalmente para cor. Segundo os autores, as Inst Adolfo Lutz. 2010; 69(1):84-90.
amostras contendo durian apresentaram cor tendendo ao marrom e 7. DEL BEM, M. S.; POLESI, L. F.; SARMENT O, S. B. S.;
aspecto mais grosseiro, já as enriquecidas com farinha de abóbora ANJOS, C. B. P. Propriedades físico-quimicas e sensoriais de massas
apresentaram coloração semelhante ao padrão comercial utilizado. alimentícias elaboradas com farinhas de leguminosas tratadas
No trabalho de Choo e Aziz (9), a avaliação sensorial mostrou boa hidrotermicamente. Alim . Nut. Araraquara v. 23, n. 1, p. 101-110,
aceitação do macarrão enriquecido com 30% de farinha de banana 2012.
verde em relação ao controle, porém, as menores médias foram 8. MIRHORSSEINI, H.; RASHID, N,F,A.; AMID, B,T,; CHEONG,
registradas para a cor, classificando-o como ruim quando comparado K,W,; KAZEMI, M.; ZULKURNAIN, M. Effect of partial
ao padrão comercial, que foi classificado como muito bom. replacement of corn flour with durian seed flour and pumpkin flour
Desta forma, observa-se que os consumidores possuem um padrão de on cooking yield, texture properties, and sensory attributes of gluten
qualidade, no que diz respeito à cor, com base nos produtos free pasta. Food Sci. T echnol. 63, 184-190, 2015.
encontrados no comércio. No presente estudo, a melhor aceitação da 9. CHOO, C.L.; AZIZ, N.A.A. Effects of banana flour and b-glucan
cor para as amostras adicionadas de T L também pode estar on the nutritional and sensory evaluation of noodles. Food Chem.
relacionada à coloração mais próxima aos demais congêneres 119, 34-40, 2010.
disponíveis no mercado.
Em relação aos demais parâmetros, nota-se que todas as formulações
apresentaram boa qualidade sensorial, segundo a avaliação dos
provadores.
506
Gastronomia: da tradição à inovação
05297 Análise da percepção sensorial de adoçantes dietéticos em preparações culinárias por diabéticos
tipo 2
Élen Ferro¹, Claudia Pereira², Carolina Médico³, Sanicler Silva³, Ana Carolina Azevedo 4 , Monique Cristina Vieira 4
¹ Mestre. Docente do Curso de Nutrição da Universidade de Franca. elensaud@yahoo.com.br
² Mestre. Coordenadora dos cursos de Nutrição e Superior em Tecnologia em Gastronomia da Universidade de Franca
³ Especialista. Docente do Curso Superior em Tecnologia em Gastronomia da Universidade de Franca
4 Discente do Curso de Nutrição da Universidade de Franca
pode ser utilizado em preparações culinárias (4). Muitas vezes, 63,6% Nunca
507
Gastronomia: da tradição à inovação
opções desses produtos a adesão da população ainda é bastante baixa. No caso do suco, encontrou-se que 36% dos pacientes demonstraram
Uma pesquisa realizada em 2009 (1) relatou que aproximadamente maior aceitação para as bebidas adoçadas com o adoçante natural
80% certamente ou provavelmente comprariam o alimento esteviosídeo, enquanto para o açúcar e o adoçante artificial
convencional. Após experimentarem os pratos, os pacientes foram (Ciclamato e Sacarina), houve 27% de aceitação para cada um deles.
indagados sobre a dificuldade que sentiram em identificar aqueles Esse resultado foi oposto aos achados em uma pesquisa (6) que
que continham adoçantes dietéticos. A proporção de acertos e erros avaliou 100 provadores não treinados e verificou que as bebidas
na opinião dos participantes pode ser observada na Figura 2. adoçadas com sacarose e aspartame apresentaram frequência das
notas na zona de aceitação semelhante a 81%, enquanto que nas
Figura 2: Proporção de erros e acertos na opinião dos participantes amostras adoçadas com stevia, os valores apresentam-se mais
frequentes na zona de rejeição. Em pesquisa que comparou a
aceitação de bebidas adoçadas com esteviosídeos e com sacarose e
aspartame, os adoçantes com stevia foram mais rejeitados (7).
Já na preparação 3 (Geleia) foram encontrados valores de aceitação
para o açúcar de 58%, e valores de 14% para adoçante natural
esteviosídeo e 18% para o adoçante artificial (Ciclamato e Sacarina).
Um estudo realizado com a finalidade de avaliar a aceitação de geleia
diet de maracujá (8) preparada com aspartame detectou um índice de
aceitação de 84,4%, demonstrando que este adoçante apresenta
melhor aceitação em preparações como geleias que os adoçantes à
base de esteviosídeos e da associação de sacarina e ciclamato.
Observa-se que, para os pesquisados, a geleia foi a preparação que
CO NCLUSÃO
mais confundiu e o bolo a que menos causou confusão. Porém, após Levando-se em consideração que o consumo de alimentos
a análise das respostas sobre qual preparação continha cada adoçante,
açucarados tem aumentado nos últimos anos, pode-se afirmar que o
os resultados foram um pouco diferentes. Nota-se na Figura 3, que a
número de acertos após a degustação demonstra que os adoçantes
porcentagem de acertos do suco foi inferior à das demais geraram confusão no paladar dos pacientes, que apresentaram certa
preparações, confundindo o paladar dos pacientes.
dificuldade em identificar cada um, conforme demonstra a média
Figura 3: Acertos na identificação de cada preparação após degustação. geral de acertos que variou entre 48,3% e 51,3%. Os resultados da
pesquisa demonstram que as pessoas superestimam sua percepção
sensorial, pois de início 82% dos pesquisados afirmaram conseguir
distinguir a diferença entre alimentos dietéticos e não dietéticos.
Após a degustação, sem saber ainda os resultados, o máximo de
pessoas que afirmaram ter reconhecido tais alimentos correspondeu a
64% e depois da análise dos dados obtidos, observou-se que esse
número não superou 59%, comprovando que os adoçantes podem ser
confundidos com o açúcar, principalmente o adoçante artificial
composto por sacarina e ciclamato que apresentou a menor média de
acertos nas três preparações.
REFERÊNCIAS
1. RIBEIRO, N.M.Q.; COST A, E.C.M.; MORAIS, A.S.; DE
É possível observar que, o número de acertos em cada preparação RENSIS, C.M.V.B. Avaliação das características físico -
não foi muito elevado, girando em torno de 32% e 59%,
químicas e sensoriais de doce de leite Diet fabricado com
demonstrando que, na prática, o paladar dos pesquisados foi sucralose, Litesse® e Lactitol®. Cienc. Biol. Saúde. v.11, n.1,
confundido pelas preparações, comprovando a afirmação de que, p.21-25, 2009.
apesar de não ser uma tarefa fácil, é possível que alguns produtos
2. VIEIRA, A.C.P.; CORNÉLIO, A.R. Produtos light e diet: o
contendo edulcorantes ou associações deles possam competir com
direito de informação ao consumidor. Rev Âmbito Jurídico.v.
produtos elaborados com açúcar (5). 10, n. 45, 2007.
Após consumirem cada alimento, os pesquisados elegiam a sua 3. HARA, C.M. O perfil do consumidor de produtos light e diet
preferida. O teste de preferência por método sensorial afetivo
no mercado de varejo supermercadista de Campinas. Campinas,
demonstrou que, nas preparações aquecidas (geleia e bolo) o açúcar
2003. Disponível em:
foi o preferido, porém no caso do suco o adoçante natural foi o http://www.isa.utl.pt/daiat/INT EngAlimentar/ trab
favorito, conforme se observa na Figura 4. alhos20alunos/trabalho205200tema20proposto/temas%20e%20
Figura 4: Preparação predileta feita com diferentes edulcorantes
bibliografia/produtos20light/Minoro%20Hara.pdf. Acesso: 9
nov. 2011.
4. MARCELLINE, P.S.; CHAINHO, T .F.; BOLINI, H.M.A.
Doçura ideal e analise de aceitação de suco de abacaxi
concentrado reconstituído adoçado com diferentes edulcorantes
e sacarose. Alim. Nutr., Araraquara. v.16,n.2, 2005.
5. BIACCHI, S.M. Análise qualitativa sensorial de
edulcorantes em bolo caseiro. 2006. 48f. Monografia-Unifra.
Santa Maria, 2006.
6. FERNANDES, A.G.; SOUZA, P.H.M.; MAIA, G.A. et al.
Avaliação sensorial de bebidas de goiaba adoçadas com
diferentes agentes adoçantes. Ciênc. T ecnol. Aliment.,
Campinas. v.29, n.2, p. 358-364, 2009.
Quanto aos dados encontrados na preparação 1 (Bolo), o açúcar teve 7. LIMA-FILHO, D.O.; SPROESSER, R.L.; LIMA, M.F.E.M.;
maior aceitação (36%), já o adoçante natural esteviosídeo e o et al. Comportamento alimentar do consumidor idoso. Revista
artificial (Ciclamato e Sacarina), tiveram uma aceitação de 27%
de Negócios. v.11, n. 4, p. 21-39, 2008.
cada um deles. Em estudo feito com 52 julgadores voluntários e não
8. SILVA,V.S.; NOGUEIRA, G.R.; LIMA, I.E.R.N. Geleia de
treinados relatou-se que a amostra mais aceita foi elaborada com maracujá diet com pectina. In: 5º Simposio de Ensino de
sacarose, que atingiu índice de 8,46% de aprovação, em segundo Graduação [internet]; 23-25 out 2007; Piracicaba, BR.
lugar, a amostra que se destacou foi a elaborada com
Piracicaba: Universidade Metodista de Piracicaba; 2007.
sacarina/ciclamato, atingindo um índice de 55,77% de aprovação (5).
508
Gastronomia: da tradição à inovação
05751 Análise Sensorial De Barra De Cereais Elaborada Com Resíduos De Maracujá Amarelo E
Laranja
Walesca Siqueira 1 , Ana Angel Abreu 1 , Débora Araújo 1 , Rita Monteiro 1 , Vanderson Costa 1 , Maria Rodrigues 1,2
1 Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará, lescasiqueira@yahoo.com.br
2 Professora Orientadora, Universidade Federal do Ceará
509
Gastronomia: da tradição à inovação
Histograma 1. Histograma referente a impressão global das Histograma 6. Histograma referente a doçura das amostras.
amostras.
510
Gastronomia: da tradição à inovação
elaboradas neste trabalho, os atributos de maior destaque foram A intenção de compra obteve resultados mais satisfatórios do que as
sabor, doçura e acidez. Os resultados se assemelham bastante entre barras elaboradas na análise sensorial de Costa 8 et al. (2014), em que
os dois trabalhos, ambos obtiveram boa aceitação. cerca de 52,5% estavam na zona positiva de aceitação, em
Os resultados também se assemelham ao encontrado por Pertuzatti 9 comparação com o presente trabalho.
(2006) que, após avaliar barras de cereais com mirtilo, com e sem
desidratação osmótica, a maioria dos julgadores optaram entre essas CO NCLUSÃO
duas categorias de aceitação (gostei ligeiramente a gostei O aproveitamento dos resíduos obteve sucesso, o que pode ser
muitíssimo). observado, principalmente, através da amostra A, pois esta obteve
maior nota de preferência e os maiores índices de aceitação na
Em relação a intenção de compra, os resultados encontram -se
expressos no histograma abaixo. A intenção de compra foi avaliada maioria dos atributos. Sendo um produto diferenciado, viável, com
medindo-se as respostas posit ivas (notas 4 e 5), negativas (notas 1 e aceitabilidade no mercado, além de reduzir os impactos ambientais
2) e incertas (notas 3), como pode ser observado na tabela, que se causados por resíduos oriundos da produção de sucos de frutas.
encontra, também, abaixo. Posteriormente, devem ser direcionados mais estudos, tais como
análises físico-químicas, para posteriores discussões e
Histograma 8. Histograma referente a intenção de compra das aprofundamento do produto.
amostras.
REFERÊNCIAS
511
Gastronomia: da tradição à inovação
1 Nutricionista
e Engenheira de Alimentos. Universidade Federal de Minas Gerais. carla.duraes@msn.com
2 Nutricionista.
Universidade Federal de Minas Gerais.
3 Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Minas Gerais.
PALAVRAS CHAVE: Amaranthus cruentus, proteína animal, proteína vegetal, alimento funcional.
Foram elaborados dois tipos de barras alimentícias de amaranto: uma Para comparar os resultados encontrados foi utilizada a Análise de
enriquecida com proteína de fonte animal (BAP animal) e outra Variância (ANOVA) e o T este de Tukey para comparação de médias
enriquecida com proteína de fonte vegetal (BAP vegetal). Os com intervalo de confiança de 95% (p≤0,05), utilizando -se o
ingredientes utilizados na elaboração da BAP animal foram amaranto, software SISVAR.
colágeno hidrolisado, açúcar mascavo, leite desnatado e pasta de
amendoim. Já para a BAP vegetal foram utilizados amaranto, proteína RESULTADO S E DISCUSSÃO
isolada de soja, açúcar mascavo, extrato hidrossolúvel de soja e pasta
de amendoim. T odos os ingredientes foram adquiridos no comércio Participaram da avaliação sensorial 128 provadores não treinados,
local e a elaboração das barras alimentícias foi realizada no sendo 63% do gênero feminino e 37% do gênero masculino, com
Laboratório de T ecnologia de Produtos Vegetais do Instituto de idades entre 18 e 60 anos. Em relação ao consumo de barras
Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, em alimentícias, 60% dos provadores alegaram ter o hábito de consumir
Montes Claros (MG). barras de cereais, enquanto apenas 13% consomem barras de
Inicialmente, os grãos de amaranto foram estourados em frigideira proteína.
aquecida com temperatura de 90°C por cerca de 10-15 segundos. Em Em relação à preferência entre as barras alimentícias, 65 provadores
seguida foram resfriados à temperatura ambiente, peneirados e (51%) preferiram a BAP animal, enquanto 62 (48%) preferiram a
acondicionados em potes plásticos hermeticamente fechados. Para BAP vegetal, não havendo diferença significativa entre as amostras pois,
produção das barras, os ingredientes secos, previamente misturados, segundo a NBR 13088 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
foram incorporados à fase líquida, também previamente misturada. (12), seriam necessários 76 julgament os, dos 128, para que a
Em seguida, a massa homogênea foi acondicionada em vasilhas diferença fosse considerada significativa, a 5% de probabilidade, no
plásticas, onde permaneceu por cerca de 30 minutos para descanso. teste bilateral.
As barras foram, então, prensadas em uma tábua de polipropileno e Na T abela 1 pode-se observar as médias hedônicas do teste de
laminadas com o auxílio de um rolo para massas, também de aceitação das barras alimentícias. Nota-se que houve diferença
polipropileno, sendo então cortadas em porções de 10g. Cada porção significativa apenas para a aparência e textura das barras, enquanto
foi submetida ao banho de chocolate meio amargo derretido que para o sabor e aceitação global a diferença não foi significativa
(utilizando-se banho-maria) e resfriada em refrigerador. Após o (p≤0,05). A melhor média hedônica para a aparência e a textura da
512
Gastronomia: da tradição à inovação
Capriles e Arêas (11) avaliaram textura, aparência, sabor e avaliação À Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, pelo amparo
global de seis tipos de barras alimentícias contendo amaranto tecnológico e estrutural, e à Fundação de Amparo à Pesquisa do
estourado e laminado, frut as e castanhas, inulina e oligofrutose, Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, pela confiança e aporte
xarope de sorbitol, colágeno hidrolisado, sucralose e lecitina de soja. financeiro, sem os quais seria impossível a realização desse trabalho.
T odas as formulações apresentaram médias hedônicas
compreendidas entre “gostei ligeiramente” e “gostei muito”. Coelho REFERÊNCIAS
(1), por sua vez, avaliou os mesmos atributos, porém em dois tipos
de barras alimentícias contendo amaranto estourado ou amaranto 1. COELHO, K.D. Desenvolvimento e avaliação da aceitação de
estourado e extrusado, arroz expandido, frutas desidratadas, açúcar cereais matinais e barras de cereais à base de amaranto (Amaranthus
invertido e solução de amido modificado. A formulação contendo cruentus L.). 2006. 99p. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana
apenas amaranto estourado foi mais bem aceita, apresentando médias Aplicada) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de
hedônicas compreendidas entre “gostei ligeiramente” e “gostei São Paulo, São Paulo, 2006.
moderadamente”, enquanto as formulações contendo amaranto 2. MAIER, S.M. et al. Serum lipids in hypercholesterolemic men and
estourado e extrusado apresentaram médias hedônicas women consuming oat bran and amaranth products. Cereal Chem,
compreendidas entre “não gostei” e “gostei ligeiramente”. Estes 77(3), 297-302, 2000.
estudos mostram o potencial do grão de amaranto na elaboração de 3. CZERWINSKI, J. et al. Oat (Avena Sativa L.) and amaranth
barras alimentícias, justificando o presente trabalho. (Amaranthus hypochondriacus L.) meals positively affect plasma
Na T abela 2 pode-se observar as médias obtidas nos testes de lipid profile in rats fed cholesterol-containing diets. J Nutr Biochem,
intenção de compra e de intenção de consumo das barras 15, 622-629, 2004.
alimentícias. Observa-se que não houve diferença significativa entre 4. SPEHAR, C.R. et al. Amaranto BRS Alegria: alternativa para
as amostras (p≤0,05), tanto para a intenção de compra quanto para a diversificar os sistemas de produção. Pesq Agropec Bras. 38(5),
intenção de consumo, segundo a escala aplicada. As médias para a 659-663, 2003.
intenção de compra ficaram próximas de 4, o que, segundo a escala, 5. BERGANZA, B.E. et al. Effect ou variety and location on the total
avalia como “provavelmente compraria”, enquanto que as médias fat, fatty acids and squalene content of amaranth. Plant Foods Human
para a intenção de consumo ficaram próximas de 5 que, segundo a Nutr. 58, 1-6, 2003.
escala, avalia como “ comeria frequentemente”, o que mostra, mais 6. FERREIRA, T . A. P. C.; ARÊAS, J. A. G. Pesquisa Agropecuária
uma vez, que o produto foi bem aceito na população testada. T ropical, 34(1), 53-59, 2004.
7. QUEIROZ, Y. S. et al. Efeito do processamento na atividade
T abela 2 – Médias dos testes de intenção de compra e consumo: antioxidante do grão de amaranto (Amaranthus cruentus L. BRS-
Atributo ̅ BAP animal
X ̅ BAP vegetal
X Alegria). Arch Latin Nutr. 59(4), 419-424, 2009.
Intenção de compra 4,14 a 4,17 a 8. CASELAT O-SOUZA, V.M.; AMAYA-FARFÁN, J. State of
Knowledge on Amaranth Grain: A Comprehensive Review. Journal
Intenção de consumo 5,18 a 5,22 a
̅ of Food Science, 77(4), R93-R104, 2012.
X: média. As médias seguidas por letras diferentes, na mesma linha,
9. INST ITUTO ADOLFO LUT Z. Normas Analíticas do Instituto
diferem entre si (p≤0,05). Intenção de Compra: 5 - Certamente
Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análises de alimentos. 4ª
compraria, 4 - Provavelmente compraria, 3 - T enho dúvidas se ed. (1ª Edição digital), 2008. 1020 p.
compraria, 2 - Provavelmente não compraria, 1 - Certamente não
10. DUT COSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: DA
compraria. Intenção de Consumo: 7 - Comeria sempre, 6 - Comeria
Champagnat, 1996. 123p
muito frequentemente, 5 - Comeria frequentemente, 4 - Comeria
11. CAPRILES, V. D.; ARÊAS, J. A. G. Barras de amaranto
ocasionalmente, 3 - Comeria raramente, 2 - Comeria muito enriquecidas com frutanos: aceitabilidade e valor nutricional. Arch
raramente, 1 - Nunca comeria.
Latin Nutr. 60(3), 291-297, 2010.
Não foram encontrados estudos relacionados ao uso de amaranto na
12. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS T ÉCNICAS. NBR
elaboração de barras alimentícias associado unicamente a outra fonte
13088: T este de comparação pareada em análise sensorial de
proteica, seja ela animal ou vegetal. Logo, pode-se considerar o alimentos e bebidas. Rio de Janeiro, 1994.
presente estudo como diferenciado e inovador, podendo servir de
base para trabalhos futuros.
513
Gastronomia: da tradição à inovação
Janderson Lima Pinheiro¹, Adriana Siqueira¹, Elba Cunha¹, Eveline de Alencar¹, Libia Amaral Corrêa¹, Samuel Brito¹
514
Gastronomia: da tradição à inovação
viabilidade da utilização do cajá, fruto da biodiversidade nordestina, 4. <http://http://.cerratinga.org.br/caja/>. Acesso em: 12 jun. 2016.
para a elaboração de outras preparações, além do suco, colaborando 5.DUT COSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba:
para o consumo do fruto e inserção alimentar. Champagnat, 2009.
6. MINIM, V. P. R. Análise sensorial – Estudo com consumidores. 2.
AGRADECIMENTO S ed. São Paulo: Ed. UFV, 2010. 308p.
Agradecimentos ao FUNBIO (Fundo Brasileiro para a 7. CHAVES, Lorena Gonçalves et al. O programa nacional de
Biodiversidade) pelo financiamento da Pesquisa BFN no Ceará. alimentação escolar como promotor de hábitos alimentares
regionais. Rev. Nutr., Campinas , v. 22, n. 6, p. 857-
866, Dez. 2009
REFERÊNCIAS. 8. MART IN, J. G. P et al. Avaliação sensorial de bolo com resíduo
1. DE MOURA, C.L.A; SAAVEDRA PINT O, G. A; DE de casca de abacaxi para suplementação do teor de fibras. Revista
FIGUEIREDO, R.W. PROCESSAMENT O E UT ILIZAÇÃO DA Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3,
POLPA DE CAJÁ (Spondias mombin L.). Boletim do Centro de p.281-287, 2012.
Pesquisa de Processamento de Alimentos, [S.l.], v. 29, n. 2, dez. 9. BELT RAME D.M.O.; BAST OS D.H.M.; OLIVEIRA,C.N.S.;
2011; CORADIN,L.; HUNT ER,D. Biodiversity for Food and Nutrition
2. MAT TAR, R.; MAZO, D.F.C. Intolerância à Lactose: Mudança de Project in Brazil – Building capacities for food composition analysis
Paradigmas com a Biologia Molecular. Rev Assoc Med Bras; 56(2): and setting up of an online Biodiversity Nutritional Composition
230-6, 2010; Database INFOODS Success Story Prize, 2015.
3. CERRAT INGA. Cajá: Produção sustentável e consumo
consciente. Disponível em:
515
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO escala hedônica estruturada de nove pontos, com escores variando de
um (desgostei muitíssimo) até nove (gostei muitíssimo), para os
O chocolate é um dos produtos mais consumidos no Brasil e no mundo. atributos de: aparência, cor, aroma, sabor, textura e aceitação global.
Apreciado por crianças, adultos e idosos, o chocolate percorreu longa Para avaliação da preferência das amostras foi utilizado o teste de
trajetória e hoje faz parte da alta gastronomia (1). Pode ser preparado e ordenação, ondem os provadores ordenaram as amostras de acordo
utilizado nas mais variadas formas, tais como tabletes, fondue, bolos, com sua preferência, colocando em primeiro lugar o que mais gostou
biscoitos, sorvetes, cereais, caldas, dentre outros. Provavelmente, existe e em último o que menos gostou.
algo especial nele (2). Brigadeiro é um produto cozido preparado à
base de leite condensado e chocolate, podendo ser adicionado de Análise Estatística
outras substâncias como: manteiga, nozes, castanha-do-pará,
castanha-de-caju e uva passas e envolvido em chocolate granulado ou O resultado do teste de aceitação foi avaliado estatisticamente através
confeitos coloridos (3). Dizem que o brigadeiro surgiu na década de de análise de variância e teste de Tukey em nível de significância de
40, quando o Brigadeiro Eduardo Gomes candidatou-se a 5%, utilizando o programa estatístico Assistat.
presidência. Para promover a sua candidatura, um grupo de senhoras Para avaliação da preferência do consumidor, foi empregado o teste
criou um doce que misturava leite condensado, chocolate e manteiga, de ordenação preferência, em que os consumidores ordenaram as
assim o doce foi batizado de Brigadeiro em sua homenagem (4). amostras, servidas simultaneamente, em ordem decrescente de sua
Entretanto, alguns autores afirmam que a origem do nome brigadeiro preferência, segundo procedimento descrito na NBR 13170 (8). Os
é desconhecida, não estando claro se o nome negrinho usado no Rio resultados foram calculados pela soma das ordens de cada amostra e
Grande do Sul antecede ou não o nome brigadeiro (5). avaliados pelo teste de Friedman usando a tabela de Newell e
As análises sensoriais realizadas através de métodos afetivos ou McFarlane. Para cada provador, a amostra colocada em primeiro
subjetivos medem o quanto uma população gostou de um produto lugar foi tida como a “mais preferida” recebendo valor 1, a segunda
para avaliar preferências de aceitabilidade. A aceitabilidade pode ser valor 2 e a terceira valor 3 sendo a “menos preferida”.
dimensionada pelo grau de gostar relacionado a um produto único,
enquanto a preferência pode ser dimensionada pelo grau de gostar a partir RESULTADO S E DISCUSSÕ ES
da comparação entre dois ou mais produtos (6).
Os testes afetivos são também chamados de testes consumidores, Para aplicação do teste, foram selecionados 96 provadores não
observando-se que a definição da população-alvo é a condição básica para treinados (consumidores), onde 41 eram do sexo masculino e 55 do
a estimativa de preferencias, hábitos e atitudes de consumo desse público. sexo feminino, com faixa etária variando de 18 a 30 anos, onde 99%
Levando em conta a frequência de consumo, faixa etária, localização gostam e consomem brigadeiro. Na Tabela 1 estão apresentadas as
geográfica, classe social ou cultural, sexo e fatores étnicos (6). médias obtidas na avaliação sensorial para os atributos: aparência,
Os testes afetivos quantitativos são apresentados pelo Institute of Food cor, aroma, sabor, textura e aceitação global.
T echnology-Sensory Evaluation Divísion (1995) em duas classes definidas
teste de preferência (pareado, ordenação, pareado ou ordenação múltiplos) Tabela 1: Média das analises seguidas dos seus respectivos desvios
e teste de aceitação (aceitabilidade, avaliação hedônica, escala Just About padrões.
Right, avaliação de atributos, intensidade e hedônica). O objetivo deste Atributos Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
trabalho foi avaliar a aceitabilidade e preferência dos consumidores entre avaliados
três doces de chocolate tipo brigadeiro comerciais diferentes (6).
Aparência 7,11±1,55b 8,11±0,93a 8,19±0,80a
MATERIAIS E MÉTO DO S
Cor 7,46±1,31b 8,13±0,92a 8,16±0,83a
Obtenção das amostras
Para a realização do experimento foram utilizadas três diferentes Amora 7,41±1,49a 7,25±1,52b 7,79±1,18a
marcas de doce de chocolate tipo brigadeiro, adquiridos em comércio b
local da cidade de Patos-PB. As amostras foram transportadas para o
Laboratório de Análise Sensorial localizado no Centro de Ciências e Sabor 6,73±1,97b 6,53±1,96b 7,91±1,30a
T ecnologia Agroalimentar, Unidade Acadêmica de T ecnologia de
Alimentos da Universidade Federal de Campina Grande, em Pombal- Textura 6,79±1,90b 7,03±1,72b 8,02±1,03a
PB, onde foram devidamente abertas e modeladas em forma de bolas,
sendo os doces de brigadeiro acondicionados em forminhas de papel
amarelas dispondo de uma melhor apresentação para os provadores. Aceitação 6,94±1,71b 7,05±1,66b 8,01±1,05a
Global
Análise Sensorial
Para a análise sensorial dos doces de chocolate tipo brigadeiros de De acordo com os resultados obtidos, para o atributos Aparência e
três diferentes marcas, as amostras codificadas com três números Cor não houve diferenças significativas entre as Amostras 2 e 3, mas
aleatórios foram servidas de forma balanceada, onde foi oferecido as mesmas diferiram significativamente da amostra 1. Para o atributo
biscoito e água para limpeza do palato entre a avaliação das Aroma houve diferença significativa entre as Amostras 2 e 3, mas a
amostras. Amostra 1 não diferiu significativamente das demais. Já para os
O teste de aceitação foi realizado utilizando 96 provadores não atributos Sabor, T extura e Aceitação Global os valores mostram que
treinados (consumidores) que foram selecionados de forma aleatória. a Amostra 3 foi superior diferindo significativamente das Amostras 1
Foi pedido para os provadores avaliarem as amostras, utilizando uma e 2, que não diferiram entre si ao nível de 5% pelo teste T ukey.
516
Gastronomia: da tradição à inovação
517
Gastronomia: da tradição à inovação
Jéssica Mendes 1 , Camila de Jesus 2 , Isabela Ribeiro 2 , Mariuze Oliveira 3 , Claudia Vieira4
1 Graduada em Engenheira de Alimentos, Universidade Federal de Minas Gerais, Campus Regional de Montes Claros,
jessicafmendes@hotmail.com
2 Graduandas em Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Minas Gerais, Campus Regional de Montes Claros
3 Nutricionista. Técnica do Laboratório de Tecnologia de Produtos Vegetais, Universidade Federal de Minas Gerais,
518
Gastronomia: da tradição à inovação
consumo do mesmo é significativo, uma vez que, mais da metade dos relação a intenção de consumo ficaram próximas a 5 que, de acordo
julgadores disseram consumir minibolos. com a escala, avalia como “comeria frequentement e”, e o produto
Na T abela 2, estão apresentados os índices de aceitação dos contendo 15% de FB apresentou resultado mais próximo de 4
minibolos para cada atributo. A avaliação realizada neste estudo ficando entre os termos, “comeria frequentemente” e “comeria
demonstrou que os minibolos apresentam um bom potencial para ocasionalmente”, mostrando que o produto obteve redução da
serem consumidos, visto que os resultados obtidos para o índice de aceitação em relação a esse atributo, quando comparado as outras
aceitação, para os diferentes atributos foram acima de 70%, pois formulações.
conforme recomendação de Dutcosky (7), um índice de
aceitabilidade com boa repercussão tem sido considerado superior a Tabela 3: Médias das notas de Intenção de compra e consumo dos
este valor. minibolos.
Em relação à aparência, o produto com 5% de FB apresentou índices Atributo de aceitação
maiores quando comparado com o minibolo com 15% de FB, isso Minibolos Intenção de Intenção de
pode ser explicado devido ao fato da menor concentração compra consumo
proporcionar um aspecto visual melhor, proporcionando um alimento Minibolo com 5% 3,89 a 4,89 a
mais atraente ao consumidor, uma vez que contém maior quantidade Minibolo com 10% 4,03 a 5,08 a
de farinha de trigo, a qual favorece uma melhor característica visual Minibolo com 15% 3,39 b 4,29 b
ao produto.
Para o atributo sabor, a amostra contendo 15% de FD, apresentou Os produtos apresentaram uma cor bem marcante característica da
maior aceitação, indicando que o sabor de beterraba agradou cor da beterraba (Figura 2), o que influencia também na aceitação
positivamente ao consumidor sugerindo que o emprego de FD em dos produtos pelos diferentes tipos de consumidores e faixas etárias.
substituição parcial a farinha de trigo é promissora.
Em relação a avaliação global, a amostra contendo 5% de FD não Figura 2: Foto dos produtos elaborados com as diferentes
diferiu significativamente da de 10% de FD, bem como esta não foi concentração de farinha de beterraba.
diferente da amostra com 15% de FD.
5% de FB 10% de FB 15% de FB
519
Gastronomia: da tradição à inovação
Libia Amaral Corrêa¹, Adriana Siqueira¹, Elba Cunha¹, Eveline de Alencar¹, Janderson Pinheiro¹, Samuel Brito¹
520
Gastronomia: da tradição à inovação
521
Gastronomia: da tradição à inovação
SALES, Nayara 1 , SOUZA, Clarisse 1 , LIMA, Leanna 1 ; COSTA, Ana 1 , SILVA, Kelly 1 , BRANDÃO, Beatriz2
1 Graduanda do Curso de Gastronomia, Instituto de Cultura e Arte, Universidade Federal do Ceará,
2 Professora do Curso de Gastronomia, Instituto de Cultura e Arte, Universidade Federal do Ceará
nay_cs@hotmail.com
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Gastronomia: da tradição à inovação
25 | A - B| 29
20 | A - C| 8
de respostas
A (amido de
15 milho) | B – C| 37
Nº
10 B (farinha de .
trigo) Diante dos resultados encontrados na escala hedônica foi
5 possível verificar que a escolha do amido espessante para o creme de
C (ambos) confeiteiro não é determinante para a aceitação do consumidor,
0 porém no teste de ordenação preferência, a amostra B, preparada
1 2 3 4 5 6 7 8 9 exclusivamente com farinha de trigo, foi apontada como a mais
preferida, contradizendo, assim, o que foi encontrado na literatura,
Valores Hedônicos que afirma que as preparações com amido de milho são mais suaves,
adequadas para recheios (2).
REFERÊNCIAS
1. LE CORDON BLEU. Sobremesas e suas técnicas. T radução:
GRAFICO 1- Porcentagem dos somatório das notas obtidas. SCIULLI, E. São Paulo: Marco Zero, 2012.
2. SEBESS, M. Técnicas de confeitaria profissional. 3ª. ed.
T radução: LONDRES, H. Ed: 3. Rio de Janeiro: Senac, 2011.
3. RAMOS, B.F.S. Gema de ovo. Composição em aminas
biogénicas. Influência da gema na fracção volátil de cremes de
pasteleiro. Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.
29,17% 33,39% Porto, 2008.
4. KÖVESI, B.; SIFFERT , C.; CREMA, C.; MART OLINOLI, G.
400g: Técnicas de Cozinha. 1ª edição. São paulo: Companhia
39,44% Editora Nacional, 2007.
5. DUT COSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. ed. 2.
Curitiba: Champagnat, 2007.
523
Gastronomia: da tradição à inovação
06240 Avaliação Sensorial de Biscoito Salgado Enriquecido com Farinha de Talo de Espinafre
Denise Alencar1 , Jamilly Ferreira1 , Marcus Pereira 1 , Charles Lemos 1 , Julice Lopes 2 , Thaisa Gusmão 2
524
Gastronomia: da tradição à inovação
Tabe la 2. Médias de aceitação dos provadores em relação aos Figura 3: Índice de aceitabilidade do atributo aceitação global
atributos avaliados. avaliado na análise sensorial.
Amostras
Atributos 87,11
F1 F2 F3 F4
84,88
525
Gastronomia: da tradição à inovação
06252 O Uso da Polpa de Abóbora na Elaboração de Chips Condimentados com Alecrim, Canela e
Noz Moscada
Ísis Mariane Leite Silva 1 , Susana de Oliveira Silva 1 , Mariana de Morais Sousa 2
1 Graduação,Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal do Piauí – Campus Teresina Zona Sul
2 Mestrado, Curso de Tecnologia em Gastronomia, Instituto Federal do Piauí – Campus Teresina Zona Sul
mariana@ifpi.edu.br
INTRO DUÇÃO
As fatias de abóbora foram condimentadas, dispostas em esteiras de
Chips são aperitivos, geralmente obtidos pela técnica de fritura, e silicone e mantidas em estufa com circulação e renovação de ar à 50
entre suas características estão formação de crosta, baixa atividade ºC por 24h. Os chips foram submetidos à avaliação sensorial 1h após
de água e umidade, favorecendo a crocância, fator que garante a a elaboração.
manutenção da qualidade do produto por maior tempo em
temperatura ambiente (1). Outras técnicas de elaboração de chips, Avaliação sensorial
também podem ser empregadas, como desidratação ou secagem
por convecção em fornos ou estufas, porém, são menos usuais. A aceitação e preferência dos chips de abóbora foram realizadas com
68 provadores não treinados, faixa etária de 18 a 24 anos, ambo s os
Os chips podem ser elaborados a partir de frutos ou hortaliças. Entre sexos. Os provadores assinaram o T ermo de Consentimento Livre e
as hortaliças de grande consumo no Brasil, destaca -se a abóbora Esclarecido, viabilizando o uso de suas respostas à pesquisa. Os
(Curcubita sp.) por ser de fácil produção, possuir preço acessível, testes de aceitação e intenção de compra foram avaliados usando
além de ser rica em vitaminas, carotenoides e minerais (2). Dessa Escala Estruturada de 9 e 5 pontos, respectivamente (3). Aplicou-se
forma, a utilização da abóbora no desenvolvimento de produt os também a ordenação de preferência, em que os provadores
elaborados por técnicas saudáveis torna -se viável. colocaram as amostras em ordem crescente de preferência (4). Os
chips, servidos à temperatura ambiente, foram dispostos em blocos
Essa pesquisa visou elaborar chips de abóbora condimentados com completos balanceados, com códigos aleatórios, e acompanhados de
alecrim, canela e noz moscada, desidratados por secagem água para limpeza do palato.
convectiva, e avaliar a aceitação sensorial, preferência e intenção de Análise estatística
compra. Os dados da aceitação e intenção de compra foram tratados
estatisticamente por análise de variância (ANOVA) usando teste
T ukey para comparação das médias. O resultado do teste de
MATERIAL E MÉTO DO S ordenação/preferência foi analisado com base no teste de Friedman,
utilizando-se a tabela de Newel e MacFarlane (5), a qual indica a
Material diferença crítica entre os totais de ordenação, ao nível de
significância de 5%, de acordo com número de tratamentos testados e
Abóbora, sal refinado, pimenta do reino, açúcar mascavo, alecrim, número de julgamentos obtidos. Considerou-se como diferença
canela e noz moscada foram adquiridos no comércio local de significativa p<0,05.
T eresina-PI. As abóboras foram higienizadas (200 ppm de RESULTADO S E DISCUSSÃO
hipoclorito de sódio.10 min -1 ), descascadas e fatiadas a 0,9 mm de
espessura em fatiador manual (Figura 1). Os resultados obtidos para aceitação sensorial e intenção de compra
dos chips condimentados de abóbora estão dispostos na T abela 2.
Figura 1. Abóbora fatiada para elaboração dos chips
Tabela 2. Aceitação sensorial e intenção de compra de chips
condimentados de abóbora.
F* Cor Aroma Sabor Textura Aceitação IC**
F1 6,62±1,6ª 5,87±1,9ª 4,94±2,3ª 5,50±2,0ª 5,56±2,0b 3,42±1,2b
F2 5,85±2,1b 6,06±2,2ª 5,22±2,5ª 5,75±2,0ª 5,77±2,2ab 3,84±1,4ab
F3 6,91±1,8a 6,18±1,7a 5,71±2,4a 5,94±2,0ª 6,26±2,0ª 4,11±1,5ª
*F-Formulação
**IC-intenção de compra
***Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna, diferem estatisticamente
entre si (p<0,05). F1 – Alecrim; F2 – Canela e noz moscada; F3 – Sal.
Fonte: Autoria própria
526
Gastronomia: da tradição à inovação
Tendo em vista a nomeação chips e, por conseguinte, as convectiva e com a condimentação tradicional é uma alternativa
experiências alimentares relacionadas a tais produtos ofertados no viável para consumidores desses produtos. Contudo, observa -se a
mercado, o consumidor esperava por um alimento frito. Por este necessidade de melhoria dessa técnica, empregando variáveis como
motivo, a secagem em estufa, não agradou em grandes níveis de tempo de secagem, temperatura, tratamento térmico prévio e
aceitação devido a falta de gordura, relatada por alguns provadores. outras associações de condimentos.
O processo de secagem convectiva também foi empregado na AGRADECIMENTO S
elaboração de chips de batata doce, em tempos determinados, e
comparados a chips elaborados pelo processo tradicional de frituras. Ao Instituto Federal do Piauí pelo apoio financeiro.
Apesar da técnica mais saudável de secagem, os chips de batata
doce mais aceitos foram aqueles que passaram por processo de REFERÊNCIAS
fritura, após curto período de secagem em estufa. Esse fato
demonstra que a aceitação de técnicas menos agressivas de
modificação de alimentos ainda precisam ser melhoradas, 1. TOREZAN, G. A. P. Desenvolvimento do processo combinado de
garantindo maior aceitação (6). desidratação osmótica-fritura para obtenção de chips de manga.
2005. 291f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) –
Na avaliação da intenção de compra (Tabela 02), observa-se que Faculdade em Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de
nenhuma das três formulações foram rejeitadas. Quanto a intenção Campinas, Campinas – SP, 2005.
de compra das formulações F1 e F2, os provadores teriam dúvidas se
comprariam, porém a formulação F3, os provadores provavelmente 2. LUENGO, R. F. A.; LANA, M. M. Processamento mínimo de
comprariam. hortaliças. Brasília: EMBRAPA Hortaliças, 1997. 3p. (Comunicado
T écnico, 2).
De acordo com o Método de Friedman para o Teste de Ordenação
da Preferência, o valor da Diferença Mínima Significativa (DMS) para 3. DUT COSKI, S. D. Análise Sensorial de Alimentos. 4. ed.
se obter a diferença significativa da soma de ordens entre os Curitiba: Champagnat, 2011. 426p.
tratamentos ao nível de 5% foi 22,85. Dessa forma, as formulações
F2 e F3 não diferiram significativamente entre si (P>0,05), com 4. MACFIE, H.; BRAT CHELL, N. Designs to balance the effect of
módulos de diferenças de 13, sendo consideradas como as mais order of presentation and first-order carryover effects in hall tests.
preferidas pelos julgadores. Esses resultados corroboram o teste de Journal of sensory studies . v. 4, p. 129-148, 1989.
aceitação, que demonstrou não haver diferença entre F2 e F3, os
quais apresentaram as maiores médias para maioria dos atributos. 5. MUNIZ, L. R. Estatística censitária da estrutiocultura
brasileira. In: Anuário da estrutiocultura brasileira, São Paulo:
A aceitação e preferência da formulação F3 foi devido a ACAB, p-34-39, 2006.
condimentação tradicional encontrada no mercado. A variação e
combinação de especiarias exótica s como alecrim, noz moscada, 6. OLIVEIRA, S. N. Chips de batata doce obtidos por diferentes
canela, açúcar mascavo, por não serem usualmente empregados na processos de secagem: caracterização física, composição
elaboração de chips não foram bem aceitos. centesimal e análise sensorial. 2012. 164f. Dissertação (Dissertação
em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Campina
Grande, Campina Grande – PB, 2012.
CO NCLUSÕ ES
527
Gastronomia: da tradição à inovação
¹ - Curso Tecnólogo em Gastronomia, IFPI, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – patrícia-
dalto@hotmail.com
² - Curso Tecnólogo em Gastronomia, IFPI, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
³ - Curso Tecnólogo em Gastronomia, IFPI, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
4 Nutricionista, Mestranda em Alimentos e Nutrição - PPGAN/UFPI.
5- Nutricionista, Doutor em Ciência de Alimentos, Professor - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Piauí.
Palavras-chave: aceitação, aplicações, intenção de O espaço de avaliação foi previamente preparado, contendo as três
amostras, água e ficha técnica elaborada para coleta de dados, de
compra. acordo com as normas de análise sensorial. Os julgadores foram
instruídos a como proceder no momento do julgamento, sem
Introdução treinamento prévio.
A farinha de mesocarpo de babaçu apresenta-se como uma As amostras foram avaliadas sobre luz natural, sem qualquer
alternativa a mais para o enriquecimento da farinha de trigo. influência dela sobre as mesmas e sem mascarar as diferenças
Observa-se que o mesocarpo de babaçu é constituído de 3,5% de existentes. Para o teste, as amostras continham cerca de 30 gramas de
proteína bruta, 9,4% de fibra bruta, 55,4% de fibra em detergente cada bolo, em temperatura ambiente, próximo a temperatura de
neutro, 19,8% de fibra em detergente ácido, 10,8% de celulose e eventual consumo. Durante o processo de julgamento, o branco foi
apresenta energia bruta de 4534 kcal/kg. Considerando a realizado com água.
recomendação diária de consumo de fibra alimentar no Brasil, seria Os dados foram tabelados com a ajuda do programa Excel de
necessária apenas a ingestão diária de cerca de 54,00g de farinha de planilhas e os resultados foram obtidos através do T este de T ukey, ao
mesocarpo para satisfazer essa orientação. (1) nível de probabilidade de 5% (p < 0,05), utilizando o programa
Hoje em dia, é aceito que as fibras alimentares têm um papel ASSIST AT , versão 7.7.
importante na prevenção de várias doenças, e que as dietas com alto Resultados e Discussões
teor em fibras, tais como as ricas em cereais, frutas e vegetais, tem Os resultados do teste podem ser observados na tabela 1:
um efeito positivo na saúde uma vez que seu consumo tem sido
relacionado a uma menor incidência de vários tipos de câncer. (2) T abela 1: Média das três amostras nos atributos de aparência, cor,
Além desses benefícios a farinha de mesocarpo do babaçu (FMP) é aroma, sabor, textura, aceitação global, intenção de compra.
conhecida popularmente pelas suas propriedades anti-inflamatórias e (ASIST AT )
analgésicas, no tratamento de reumatismo, artrite reumatoide, Intenção
úlceras, tumores de útero e ovário, para prisão de ventre, colite e T ipo Aparência Cor Aroma Sabor T extura
Aceitação compra
obesidade.
A farinha do mesocarpo do babaçu foi escolhida para esse teste A 7,93ª 8,03ª 7,47ª 7,81ª 7,80ª 8,02ª 4,60ª
sensorial, pois tem muito a contribuir para a população,
principalmente para aquela mais carente, podendo vir a ajudar não só B 7,32 b 7,18 b 7,23ª 7,63ª 7,47ª 7,76ª 4,60ª
no quesito nutrição, mas também como uma fonte extra de renda.
Outras contribuições da utilização da farinha do mesocarpo do b ab
C 7,47 7,61 7,42ª 7,63ª 7,32ª 7,67ª 4,60ª
babaçu seriam a diversificação dos tipos de farinhas existentes; como
substituinte, em alguns casos, dos achocolatados e melhora da
coloração e textura dos alimentos. As médias seguidas pela mesma letra na mesma coluna não diferem
Nestes contextos benéficos em que o FMP se encaixa, o estudo estatisticamente entre si. Foi aplicado o T este de T ukey, ao nível de
objetivou introduzir quantidades de 15% e 30% em relação ao trigo 5% de probabilidade.
em um bolo convencional, buscando observar se existem possíveis
alterações em suas características principais e a preferência e Pode-se observar que, nos quesitos “Aroma”, “Sabor”, “T extura” e
aceitação dos julgadores do estudo em questão. “Aceitação Global” estatisticamente, as amostras “A”, “B” e “ C” não
diferem entre si. Em “Aparência”, estatisticamente, as amostras “ B”
Materiais e Métodos e “C” não diferem entre si. A amostra “A” difere das demais
O teste foi realizado durante dois dias consecutivos do mês de Março possuindo uma maior média. Em “Cor”, a amostra “C” mostrou-se
de 2016, no laboratório de cozinha do Instituto Federal do Piauí -
equivalente a “A” e “B”. A respeito do teste de preferência, a
Campus T eresina Zona Sul. Oitenta assessores sensoriais foram amostra “A” obteve 39 pontos, representando 48,75% do total. A
selecionados de acordo com sua disponibilidade, interesse e poder amostra “B” obteve 27 pontos, representando 33,75% e a amostra
discriminativo; cinquenta e seis do sexo feminino e vinte e quatro do “C” obteve 14 pontos, representando 17,5% do total. Com isso,
sexo masculino, com faixa etária entre quinze e cinquenta e um anos. pode-se observar que a preferência foi inversamente proporcional à
As amostras a serem avaliadas eram de três tipos: adição da farinha do mesocarpo do babaçu. Quanto maior a
A. Bolo convencional porcentagem da farinha adicionada ao bolo, menor a preferência dos
B. Bolo doce convencional, acrescido de 15% (relação feita com a
julgadores. Quanto à intenção de compra, as amostras também não
farinha de trigo) de farinha de mesocarpo de babaçu. diferem entre si estatisticamente. T anto “A”, como “B”, como “ C”
C. Bolo convencional, acrescido de 30% (relação feita com a possuem média 4,60. Pode-se concluir, com isso, que mesmo
farinha de trigo) de farinha de mesocarpo de babaçu. acorrendo algumas diferenças quanto às avaliações de algumas
T rês amostras diferentes foram subjugadas, posicionadas alternando
características na escala hedônica, a intenção de compra não foi
suas codificações em ABC, ACB, BAC, BCA, CAB e CBA. Para a afetada e todas as amostras foram bem aceitas pelos julgadores.
codificação, foi utilizado uma tabela de números aleatórios, onde Em termos estatísticos, pode-se afirmar que a adição da farinha do
cada amostra foi codificada com três dígitos. Pediu-se que julgassem mesocarpo do babaçu não altera a preparação nos quesitos analisados
as características aparência, cor, aroma, sabor, textura e aceitação
e pode ser usada para enriquecer massa. Porém, em termos de
global das três amostras, bem como dissessem a intenção de compra escolha de preferência ela se mostrou ineficiente. Esse resultado
de cada uma e identificassem a preferida dentre as três. pode ser consequência da falta de experiência dos julgadores ou pelo
Para esses julgamentos, utilizaram-se os métodos afetivos fato de todos estarem acostumados a ver e sentir o gosto das
quantitativos: de aceitação, através da escala hedônica (escala amostras com farinha de trigo convencional. Novos testes com
variando de 1 a 9); o de preferência, através da escolha da amostra julgadores treinados podem ser feitos para encontrar uma forma que,
que mais gostou; e o teste de intenção de compra. tanto em termos estatísticos quanto de preferência, as amostras não
528
Gastronomia: da tradição à inovação
tenham diferença. Outra forma seria utilizá-la em outros produtos e 4. RANGEL, J. H. Estudo T ermogravimétrico e Das Propriedades
refazer o teste com os mesmos julgadores. Nutricionais do Mesocarpo de Babaçu (Orbignya Speciosa) em
Apesar de nenhum produto ainda tenha sido lançado de forma Adição ao Pão. IFMA, Revista ACT A T ecnológica - Revista
popular no mercado, alguns artigos foram publicados realizando a Científica - ISSN 1982-422X , Vol. 6, número 2, jul-dez. 2011.
adição de FMB em preparações. Em todos foi comprovado que o
farinha de mesocarpo do babaçú enriquece as preparações, como no 5. SOUZA, M. G.; VIEIRA, E. C.; OLIVEIRA, P. V. Determinação
artigo de “ Desenvolvimento de Massa Alimentícia Mista de Farinhas de As, Cd e Pb em amêndoas e mesocarpo de babaçu, amêndoas de
de T rigo e Mesocarpo do Babaçu”. (3). No estudo ele formula massa sapucaia, castanha do Pará e chicha por GFAAS e HGAAS. In: 31ª
fresca de talharim com composições 100% trigo, 90% trigo + 10% Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2008, Águas de
FMB, 85% trigo + 15% FMB e 80% + 20% FMB. O teste de T ukey Lindóia. Livro de Resumos, 2009.
mostrou que não houve diferença estatística significativa no tempo
de cozimento entre as massas com FMB, porém, existiu diferença 6. MAY, P. H. Palmeiras em chamas: transformação agrária e justiça
significativa entre estas e o macarrão controle. As massas social na zona do babaçu. T radução de Linda Maria de Pontes
alimentícias com 10% e 20% de farinha de mesocarpo de babaçu Gondim. São Luís: EMAPA/FINEP/Fundação Ford, 328p., 1990.
alcançaram resultados de frequência de 62% e 66% respectivamente,
e situaram na região de aceitação da escala hedônica entre “gostei
ligeiramente” e “ gostei regularmente”. As massas alimentícias mistas
apresentaram um bom potencial para consumo, uma vez que os
resultados obtidos no Índice de Aceitabilidade (IA) para a
aceitabilidade global foi acima de 70% para as formulações com
10% e 15% de farinha de mesocarpo, por isso, pode-se afirmar que
estes resultados são satisfatórios.
No “ Estudo Termogravimétrico e Das Propriedades Nutricionais do
Mesocarpo de Babaçu (Orbignya Speciosa) em Adição ao Pão”
foram feitas análises da composição química e termogravimétrica do
mesocarpo de babaçu, comercializado em lojas de produtos naturais
de São Luiz. Em seguida foram produzidos pães substituindo
respectivamente farinha de trigo por FMB na proporção de 2,5%,
5,0% e 7,5%. Os resultados das análises físico-químicas levaram a
inferir que pães enriquecidos com mesocarpo de babaçu apresentam-
se como uma alternativa viável para uma alimentação saudável e
balanceada. (4)
Além dos artigos citados o mesocarpo do babaçu, extraído de
maneira artesanal, vem sendo adicionado, sob forma de farinha, na
merenda escolar em comunidades do Maranhão, como suplemento
alimentar, apesar de apresentar baixos valores de proteínas. (5)
Outra utilização do mesocarpo sob a forma de farinha ocorre
mediante a mistura com leite e açúcar, obtendo-se uma bebida
semelhante ao chocolate (6).
T odos esses exemplos corroboram a eficácia e importância em se
fazer análises em diferentes produtos para inserir a FMB na dieta do
dia a dia da população.
Conclusão
As amostras não apresentaram diferenças significativas em suas
características com exceção de aroma e cor de acordo com o teste de
T ukey a um nível de probabilidade de 5%. No entanto, quando a
porcentagem de adição de FMB vai aumentando, a intenção de
compra vai diminuindo.
O estudo é útil para a área de desenvolvimento e modificação de
alimentos, bem como para as populações quem tem contato com o
babaçu, podendo usufruir de uma parte do fruto que é descartada.
Contudo, se limita a área alimentar, mais precisamente como
substituinte em alimentos que levam farinhas em sua composição.
No entanto, pode ser usado como base para artigos futuros mais
aprofundados no tema ou que ramifiquem para outras áreas. O
próximo passo seria buscar uma alternativa de adaptação da farinha
do mesocarpo do babaçu à realidade local onde a planta é nativa.
Referências
1. DOMINGOS, R. N. Fermentação da farinha do mesocarpo do
côco babaçu (Orbignya SP.), pela ação de Rhizopus microsporus var.
oligosporus. T ese (Doutorado em Ciências Biológicas –
Microbiologia Aplicada) Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências de Rio Claro. 103p., 2003.
529
Gastronomia: da tradição à inovação
Maria Iane Amaral Santiago 1 , Lívia Caroline Araújo Correia 1 , Luzia Katarina Moura Mateus 1 ,
Lucicléia Barros de Vasconcelos Torres 1
1
Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará, ianeama@gmail.com
Palavras-chave: sorvete, frutos tropicais.
530
Gastronomia: da tradição à inovação
As amostras analisadas encontraram-se dentro dos padrões percentual de notas, para abas formulações ficaram dentro da zona
estabelecidos pela Resolução da ANVISA Brasil (2001) de até 5 x positiva (entre as notas 4 e 5), a formulação B atingiu maior
10NMP/g. É importante lembrar que quanto maior for a população percentual na região de aceitação com 61,4% (entre “decididamente
de coliformes significa que há maior deficiência das condições de eu compraria” e “ provavelmente eu compraria”), obtendo-se 59% da
higiene do processamento, assim menor será a vida útil deste produto intenção de compra para formulação A. Com relação as médias
e maiores os riscos à saúde dos consumidores. Além disso, foi estatísticas da atitude de compra, temos que a amostra A não diferiu
detectada ausência de de Salmonella spp. garantindo segurança das significativamente da amostra B (tabela 3), mostrando que a
amostras. produção da amostra B, seria mais viável economicamente devido
O percentual dos valores hedônicos para os atributos sabor, doçura e menores concentrações de leite na formulação.
impressão global e atitude de compra, obtidos para os gelados de
caju/cajá formulados, estão representadas através de histogramas T abela 3 – Valores das médias das notas do atributo atitude de
presentes nas figuras abaixo. compra
Figura 1- Histograma de respostas atribuídas ao atributo sabor (A) Médias das notas da Atitude de Compra
Amostras Médias
A 3.52273 a
B 3.63636 a
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente
entre si. Foi aplicado o T este de T ukey ao nível de 5% de
probabilidade
CO NCLUSÃO
De acordo com os resultados microbiológicos obtidos, as amostras
apresentam qualidade sanitária ideal para consumo e
Figura 2 – Historiograma de respostas atribuídas ao atributo doçura comercialização, devido a ausência de Salmonella spp. e
(B) Staphylococcus coagulase-positiva; e número de coliformes
termotolerantes abaixo do permitido pela legislação brasileira.
Com base na análise sensorial, conclui-se que as amostras
apresentam aceitabilidade satisfatória com diferenças insignificantes
em relação aos atributos observados através da escala hedônica e da
atitude de compra.
AGRADECIMENTO S
À professora Lucicléia pela orientação e por nos disponibilizar o
laboratório de frutos da Universidade Federal do Ceará.
REFERÊNCIAS
Figura 3 – Historiograma de respostas atribuídas a impressão global 1. ABIS - Associação Brasileira De Indústrias De Sorvetes.
(C) obtidas pelos provadores Em expansão, mercado de sorvetes enfrenta desafios, 2014.
Disponível em: <http://www.abis.com.br/>. Acesso em: 11 Dez.
2014.
2. ALVAREZ , V.B.; WOLT ERS, C.L.; VODOVOT Z,
Y.;JI. T . physical properties of ice cream containing milk protein
concentrates. Journal od Diary Science, Champaign, v. 88, n.3, p.
862-872, 2005.
3. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC
nº. 12, de 02 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre padrões
microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União. Brasília,
DF, 10 jan 2001. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/e-
legis>. Acesso em: 01 de dezembro de 2014.
Figura 4 – Historiograma de respostas atribuídas a atitude de compra 4. DIOGO, G. T .; AGUIAR, G. M.; T OLENT INO, M. C.;
(D) dos provadores BUFFARA. D.; PILEGGI. M. Avaliação microbiológica de sorvet es
comercializados na cidade de ponta grossa - pr e da água usada na
limpeza das colheres utilizadas para servi-los. Publicado UEPG:
Ciências Biológicas e da Saúde, Vol. 8, No 1, 2002.
5. DUT COSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos.
Curitiba: Champagnat, p. 531, 2013.
6. HOFFMANN-RIBANI, R.; HUBBER. L.S.;
RODRIGUEZ-AMAYA, D.B. Flavonols in fresh and processed
Brazilian fruits. Journal of Food Composition and Analysis, v. 22, p.
263-268, 2009.
7. KUBO, I.; MASUOKA, N.; HA, T .J.; T SUJIMOTO, K. Antioxidant
activity of anacardic acids. Food Chemistry, v.99, n. 93, p. 555-562,
2006.
Através dos historiogramas, é possível observar que houve boa 8. SILVA, N.; et al. Manual de Métodos de Análise
aceitabilidade do gelado comestível. Nas figuras 1, 2 e 3, a área de Microbiológica em Alimentos e Água. 4º ed., 2010.
aceitabilidade (notas acima de 6) está em destaque com os maiores 9. T RICHES, R.M.; GIUGLIANI, E.R.J. Obesidade,
percentuais, correspondendo a 63,6%, 77,3% e 70,5% a quantidade práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolas. Revista
de provadores que atribuíram notas igual ou maior que 6 com relação de Saúde Pública. São Paulo, v. 39, n.4, p. 541-547, 2005.
aos atributos sabor, doçura e impressão global, respectivamente, para 10. ZEPKA, L.Q.; MERCADANT E, A.Z. Degradation
formulação A. Na formulação B o percentual de notas obtidas na compounds of carotenoids formed during heating of a simulated
área de aceitabilidade para os atributos sabor, doçura e impressão cashew Apple juice. Food Chemistry, v. 113. n. 1, p.28-34, 2009.
global foi de 65,9%, 75% e 7,7%, respectivamente. Com relação à
atitude de compra (figura 4) é possível observar que o maior
531
Gastronomia: da tradição à inovação
Adriana Siqueira¹; Aline Freire²; Eveline Costa¹; Robson Mota¹ Rafael Amaral¹
532
Gastronomia: da tradição à inovação
533
Gastronomia: da tradição à inovação
Luiz Marinho¹, Mauricio Cavalcante², Maria Passos³, Neilany Mata 4 , Ana Sousa5 , Alessandro de Lima 6
¹ Curso Tecnólogo em Gastronomia, IFPI – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí.
luizcarlosalvesmarinho@yahoo.com.br
² Bolsista PIBIC, Curso Tecnólogo em Gastronomia, IFPI – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Piauí.
³ Curso Tecnólogo em Gastronomia, IFPI – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí.
4 Curso Tecnólogo em Gastronomia, IFPI – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí.
5 Nutricionista, Mestranda em Alimentos e Nutrição - PPGAN/UFPI.
6 Nutricionista, Doutor em Ciência de Alimentos, Professor - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Piauí.
Homens
METODOLOGIA
Mulheres
Foram desenvolvidos dois tipos de queijos diferentes para que se
pudesse analisar o qual teria a melhor aceitação nos quesitos:
aparência, cor, aroma e sabor. Os queijos foram codificados
aleatoriamente (4) e para o controle dos pesquisadores, classificou-se
as amostras em queijo A e queijo B. O queijo A possuindo a seguinte
composição: leite liquido integral, margarina com 60% de lipídios, Dos provadores selecionados, mais de 50% eram mulheres. Das 02
cremosa e com sal, (utilizando a margarina Deline da marca Sadia) amostras apresentadas aos avaliadores, os resultados obtidos,
amido de milho ( marca Maisena) e queijo mussarela. O queijo B demonstram ser imperceptível a diferença por parte dos provadores
possuindo a seguinte composição: leite liquido integral, manteiga em relação aos atributos cor e aroma das amostras, porém para os
(marca Itacolomi com sal), amido de milho (marca Maisena) e queijo outros atributos como: textura, aparência e sabor, houve diferença
mussarela. Para a elaboração do queijo foi utilizado um estatística, inclusive estabelecendo boa distância no quesito aceitação
liquidificador doméstico, onde foi adicionado o leite em temperatura global da amostra de melhor aceitação. Em comparação as amostras
ambiente, o queijo mussarela cortado em cubos, o amido de milho e apresentadas (A e B), a que obteve melhor aceitação foi o queijo com
a manteiga ou margarina. T odos os ingredientes foram processados manteiga na formulação (amostra B) com aceitação global de 7,43
e levados ao fogo para a cocção. Durante todo o processo de cocção (6,87 amostra A) aparência 7,91 (7,38 Amostra A) sabor 7,15 (6,57
a mistura foi mexida com colher de silicone. O ponto ideal da amostra A) e textura 6,86 (5,99 amostra A).. Outro ponto
mistura em cocção é quando a mesma se desprende do fundo da interessante a se destacar é com relação ao interesse de compra, com
panela. Ao retirar do fogo, colocou-se em uma travessa de vidro para atribuição de suas respectivas notas em escala que vai de 01 a 05.
o esfriamento. Após esfriamento a mistura foi colocada no 22,22% dos avaliadores certamente comprariam (nota 05), 41,66%
refrigerador mantendo-a até a hora da utilização. A seleção dos provavelmente comprariam, (nota 04); 31,94% (nota 03) tem dúvida
provadores procedeu-se de forma aleatória junto a alunos, se compraria; 1,38% (nota 2) não compraria e apenas 2,77% com
professores e funcionários do IFPI - Instituto Federal de Educação, certeza não comprariam (nota 01). Isso em média absoluta equivale a
ciência e tecnologia, campus T eresina Zona Sul. A análise sensorial 63,88% de possibilidade de se adquirir o produto o que é um
foi realizada no dia 01 de abril de 2016, no horário de 9:30 às 12:30. percentual considerável. Em comparação com o produto A, apenas
A amostra compreendeu um total de 100 provadores, sendo 21 do 57,14% (nota 5) certamente comprariam; 14,28% (nota 4)
sexo masculino e 79 do sexo feminino com faixas etárias de 15 a 59 provavelmente compraria; 25,00% (nota 3) têm dúvida se compraria
anos de idade. Para a análise utilizou-se o método afetivo, através do e 3,57% não opinou. Apesar de um percentual considerável afirmar
teste de aceitação com escala hedônica de 9 pontos onde cada que comprariam o produto A um outro percentual entre os que não
provador deveria atribuir ponto (de 1 a 9) para os atributos: comprariam e não opinaram chegou a 28,50%. Isso nos leva a
aparência, cor, aroma, sabor, textura e aceitação global além de perceber que os dois produtos tiveram uma boa aceitação devido a
assinalar de 1 a 5 se compraria ou não o produto preferido (5). diferença ser sensível entre os dois.
534
Gastronomia: da tradição à inovação
535
Gastronomia: da tradição à inovação
A polpa de caju, sem adição de conservantes, foi obtida por meio de Na T abela 1, apresenta-se o resultado do teste de aceitação sensorial
doação, sendo transportada, em temperatura ambiente, para o e intenção de compra das bebidas lácteas desenvolvidas, sendo que
Laboratório de T ecnologia de Alimentos e armazenada sob dos 75 provadores não treinados, 72% são do sexo feminino com
congelamento (-18ºC) até o momento de utilização para o idade entre 18 e 39 anos.
processamento das bebidas lácteas. O atributo aparência apresentou maior escore médio para a F1, sendo
A bebida láctea base foi obtida por meio de doação de indústria do diferente estatisticamente da F2, podendo esta resposta ter sido mais
município de Picos-PI. Esta foi prontamente armazenada em influenciada pela consistência do produto, a qual também se destacou
refrigeração a 4ºC e utilizada no mesmo dia da obtenção. positivamente em relação à F2. As médias obtidas neste trabalho
concentraram-se próximas ao termo hedônico “gostei muito”,
Processamento da Bebida Láctea Sabor Caju coincidindo com os resultados do estudo de iogurte de leite de búfala
sabor cajá e apresentando maiores valores quando comparado ao
O concentrado da polpa de caju foi elaborado com adição de iogurte bovino do mesmo sabor (10). O resultado referente à
sacarose, respeitando a proporção de 20% de sacarose em relação ao consistência pode ser em virtude da formulação F1 conter menor
peso da polpa de caju (m/m), sendo, em seguida, submetida à cocção quantidade de conteúdo aquoso do concentrado de caju adicionado
por 5 minutos. O concentrado foi acondicionado ao quente em em sua formulação do que a F2, tornando, portanto, um produto mais
frascos de vidro de 250 ml, previamente esterilizados. Após o espesso e refletindo em resultado positivo. Dados que contrapõem o
resfriamento, foram desenvolvidas duas formulações de bebidas exposto por Borges et al. (10) em relação ao iogurte bovino e
lácteas. concordando com os resultados do estudo realizado com iogurte
Para cada bebida láctea base foi adicionada 20% (F1) e 30% (F2), bubalino integral (10).
respectivamente, do concentrado de caju, previamente elaborado.
Posteriormente, realizou-se a homogeneização e refrigeração das
bebidas lácteas à temperatura de ± 4ºC até o momento de submissão
ao teste de aceitação sensorial.
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Gastronomia: da tradição à inovação
Tabe la 1 – Escores médios dos parâmetros sensoriais e de intenção com leite de cabra (5).
de compra das formulações de bebida láctea.
FORMULAÇÕES CO NCLUSÕ ES
PARÂMET ROS
F1 F2
7,79 ± 1,09a A introdução de caju na indústria de laticínios é um aspecto positivo
Aparência 7,69 ± 1,03 b para a diferenciação dos produtos fabricados com soro de leite, uma
Cor 7,63 ± 1,22 b 7,71 ± 0,93 a vez que os produtos desenvolvidos apresentaram boas respostas aos
Aroma 7,65 ± 1,28 a 7,52 ± 1,20 b testes sensoriais e de intenção de compra. Além disso, figura como
Consistência 7,55 ± 1,2 a 7,48 ± 1,14 b alternativa inovadora para o aproveitamento deste recurso natural,
Sabor 8,11 ± 0,97 a 7,88 ± 1,30 b agregando quesitos econômicos e nutricionais para a comunidade
Impressão Global 7,97 ± 1,08 a 7,71 ± 1,02 a produtora.
Intenção de Compra 4,53 ± 0,66 a 4,21 ± 0,87 a
F1: Bebida láctea com 20% de concentrado de polpa de caju. F2: 12.BARBOSA, L. A. C. S. P.; FERNANDESII, F. S. A. D. A.;
Bebida láctea com 30% de concentrado de polpa de caju. MAGNAVIT AIII, A. P. A.; SANT OSIII, T. D. R. Desenvolvimento
de bebida láctea sabor morango utilizando diferentes níveis de
Considerando-se, ainda, a impressão global e intenção de compra, iogurte e soro lácteo obtidos com leite de búfala. Ciênc Rur, 40.10,
observam-se resultados superiores ao estudo de bebida láctea de 2193-2198, 2010.
morango (12) e similar ao de bebida láctea de maracujá elaborada
537
Gastronomia: da tradição à inovação
Joelia Carvalho 1 , Márcia Medeiros 1 , Luciana Oliveira 2 , Ana Valuzia Cardoso 3 , Mariana dos Santos 4 , Marcelo Sousa 4
538
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÕ ES
Figura 3: Histogramas de frequência para avaliação sensorial de
As modificações nas formulações de casquinhas de sorvete para o
casquinha de sorvete integral para o atributo de sabor (sabores
avaliados: integral, chocolate e coco). desenvolvimento dos sabores coco, chocolate e integral obtiveram
ótima aceitação sensorial entre os provadores para os atributos
textura, sabor e aceitação global.
AGRADECIMENTO S
REFERÊNCIAS
539
Gastronomia: da tradição à inovação
José Tavares 1 ,Aline Martins 1 , Nathalia dos Santos 3 , Ana Carolina Costa 2
1
Curso de Gastronomia, Universidade Maurício de Nassau, jfilipe_tavares@hotmail.com
2
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos - PPGCTA, Universidade Federal da Paraíba
3
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos – PPGCTA, Universidade Federal Rural de Pernambuco
540
Gastronomia: da tradição à inovação
541
Gastronomia: da tradição à inovação
542
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543
Gastronomia: da tradição à inovação
Samara Vieira1 , Thallyne Alves 2 , Liviany Chacon 2 , Ana Silva3 , Samara Silva 2 , Daniele Sá 4
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Gastronomia: da tradição à inovação
Tabe la 2 - Valores hedônicos médios para cor, aroma, textura, sabor, AGRADECIMENTO S
impressão global e intenção de compra das formulações de sorvete
sabor goiaba, abacaxi e morango. Os autores agradecem pelo apoio financeiro a FUNCAP e PIBIC,
IFCE-Campus Limoeiro do Norte.
Tratamentos Atributos
REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
Intenção
Impressão
Textura Sabor de 1. QUEIROZ, H. G. da S.; NET A, N. A. S.; PINT O, R. S.;
Global
Compra RODRIGUES, M. C. P.; COST A, J. M. C. Avaliação da
GM 7,78 ab 7,83 ab 7,73 ab 4,34ab Qualidade físico-química e microbiológica de sorvetes do tipo
GGo 7,71 ab 7,86 ab 7,86 ab
4,38ab tapioca. Rev. Ciênc. Agron. v. 40, n 01, p. 60 -65. Fortaleza
2009.
GA 7,85 ab 7,93 ab 7,83 ab
4,34ab 2. SALVALAGGIO, M. O. Galactomananas de sementes de
XM 7,90 ab 7,64 ab 7,73 ab
4,25ab espécies brasileiras: Otimização da extração, caracterização
XGo 7,88 ab 7,96 ab 8,00 ab
4,38ab físico-quimica e por espalhamento de luz. Dissertação de
Mestrado. 113 p. Universidade Federal do Paraná - UFPR.
XA 8,08 a 7,96 ab 8,04 ab
4,38ab
Curitiba - PR, 2010.
LM 7,78 ab 7,73 ab 7,68 ab 4,20ab 3. BORGES, C. D.; BAST OS, C. P.; VENDRUSCOLO, C. T .
LGo 7,42 b 7,68 b 7,70 b 4,20 b Avaliação das características físicas e químicas de gomas
7,73 ab 7,87 ab 7,82 ab 4,20 b xantanas. Semina: Ciênc Exat T ecnol. v. 28, n.2, p. 107 -114.
LA
Londrina, jul./dez. 2007.
GXM 8,21 a 8,28 a 8,20 a 4,57 a 4. BRAGA, R.C; T EIXEIRA-SÁ, D.M.A; RIBEIRO, A.F;
GXGo 7,94 a 8,05 ab 8,06 ab 4,40ab MIRANDA, R. L; ALMEIDA, L. M. DE; HORT A, A. C. G;
GXA 8,07 a 8,14 ab 8,02 ab 4,48ab MOREIRA,R. DE A. Evaluation of Caesalpinia Pulcherrima
Endospermic Gum as Affinity Matrices for Galactose-Binding
G (galactomanana extraída dos endospermasdas sementes de C. Lectins Interaction. Braz. arch. biol. technol. vol.54 no.2
pulcherrima); X (xiloglucana extraída dos cotilédones das sementes Curitiba Mar./Apr. 2011.
de T. indica); L (Liga Neutra – Duas Rodas); GX (Goma Xantana 5. FREIT AS, R. A.; MART IN, S.; SANT OS, G. L.;
comercial); M (Saborizante sabor morango); Go (Saborizante sabor VALENGA, F.; BUCKERIDGE, M. S.; REICHER, F.;
goiaba); A (Saborizante sabor abacaxi). SIERAKOWSKI, M. R. (2005). Physico-chemical properties of
* Letras diferentes na mesma coluna diferem significamente pelo seed xyloglucans from different sources. Carbohydrate
teste de T ukey (p≤0,05). Polymers 60, 507–514.
6. BRASIL. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária.
Os atributos textura, sabor e impressão global obtiveram notas entre Resolução RDC n.12, de 02 de janeiro de 2001. A Diretoria
7 e 8; situando-se entre os termos hedônicos “gostei Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprova
moderadamente” e “gostei muito”. Para o atributo intenção de o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para
compra obteve-se nota 4 (provavelmente compraria), demonstrando alimentos. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil.
boa aceitabilidade. Brasília, DF, 10 jan. 2001. Seção 1, nº7E. p.45-53.
Para os atributos textura, sabor e impressão global só houve 7. DUT COSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. 2ª ed.
diferença significativa para o sorvete de goiaba com o estabilizante Curitiba: Champagnat, 2007.
liga neutra com nota de 7,42; 7,68; 7,70 para cada atributo acima 8. CRISÓST OMO, C. V. Polissacarídeo endospérmico de
respectivamente, portanto o saborizante influenciou nestes Bauhinia pentandra: Caracterização e estudo de interação com
parâmetros. Comparando apenas os sorvetes de goiaba com lectinas. T ese (Doutorado em Bioquímica Veget al),
diferentes estabilizantes o que apresentou melhor nota foi o sorvete Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008. 102 p.
com goma xantana diferindo do sorvete com liga neutra para o 9. HOLANDA, D. G. de S. ; CHAVES, M. J. L. ; SANT OS, E.
atributo textura. V. M. ; T EIXEIRA-SÁ, D. M. A. ; BRAGA, R. C. . T estes de
Para Kassada et al. (10), analisando sorbet a base de caldo de cana Aplicação de Xiloglucanas de T amarindo como Biosorventes
saborizado artificialmente, verificaram que para os atributos textura, de Metais em Água. In: V Congresso de Pesquisa e Inovação
aceitação global e aroma, não houve diferença significativa ao nível da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica (CONNEPI
de 5% de significância entre nenhum dos sabores utilizados (abacaxi, 2010), 2010, Alagoas. V Congresso de Pesquisa e Inovação da
limão e uva). Rede Norte Nordeste de Educação T ecnológica, 2010.
Para os atributos sabor e impressão global o sorvete sabor goiaba 10. KASSADA, A. T .; CAMPOS, B. E.; BRANCO, G. C. S.;
com estabilizante liga neutra só diferiu estatisticamente do sorvete FIOROT O, P. O.; MADRONA, G. S. Sorbet a base de caldo de
sabor morango com goma xantana. As outras combinações de cana saborizado artificialmente. Revista GEINT EC. São
saborizante/estabilizante resultaram em sorveres com a mesma Cristóvão/SE – 2015. Vol. 5, n. 1, p.1716-1725.
aceitação para todos os atributos.
CO NCLUSÕES
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Gastronomia: da tradição à inovação
MATERIAIS E MÉTO DO S
Formulação dos hambúrgueres de frango A T abela 1 expressa a composição química do hambúrguer de frango
T odos os ingredientes utilizados foram adquiridos no comércio local adicionado de farinha de banana verde e linhaça.
do município de Quixadá-Ce e encaminhados para o laboratório de
T écnicas Dietéticas da Faculdade de Quixadá - CISNE. T abela 1. Composição química do hamburguer de frango
O hambúrguer de frango foi elaborado através da mistura e Determinação Teor
homogeneização de 1kg de peito de frango (previamente cozido e Umidade (%) 46,07 ± 0,28
desfiado), 200 g de farinha de banana verde, 100 g de cebola, 50 g de Cinzas (%) 2,83 ± 0,01
farinha de linhaça, 1 ovo (aproximadamente 50 g), 18 g de sal, alho,
cebolinha e coentro a gosto. Proteínas (%) 19,04 ± 0,50
Em seguida, o produto foi modelado com o auxílio de um rolo de Lipídeos (%) 6,34 ± 0,04
massas e um cortador de hambúrguer e frito em azeite de oliva. Glicídios (%) 25,75 ± 0,25
Valor energético total (kcal) 235,98 ± 1,29
Composição Química
Os hambúrgueres foram analisados quanto aos teores de umidade,
cinzas, proteínas e glicídios conforme método descrito na AOAC O produto analisado apresentou 6,34% de lipidios , 25,75% de
(11) e lipídeos totais conforme método de Bligh e Dyer (12). Além glicidios e 19,04% de proteína, sendo um produto com elevado teor
disso, calculou-se o valor energético total (VET) conforme descrito proteico. De acordo com o regulamento técnico de identidade e
por Franco (13). Todas as determinações foram feitas em triplicatas. qualidade de hamburgueres, do Ministerio da Agricultura Pecuária e
O teor de umidade foi determinado pelo método de secagem em Abastecimento (MAPA) (14), recomenda-se que o produto
estufa (105 °C ± 5°C), baseado na remoção da água por apresente no máximo 23% de gordura e no mínimo 15% de proteína,
aquecimento; o teor de cinzas por incineração na mufla (550 ºC ± estando o produto formulado dentro dos parâmetros estabelecidos.
5°C); o teor de proteínas foi realizado pelo método de Kjeldahl, Quanto ao teor de glícidios, o hambuguer de frango formulado
utilizando-se o fator de conversão de 6,25 conforme recomendado apresentou teor consideralvemente superior, 25,75%, ao encontrado
546
Gastronomia: da tradição à inovação
547
Gastronomia: da tradição à inovação
INTRO DUÇÃO
Figura 1. Fluxograma de processamento dos bolos.
Nos últimos anos, houve um aumento no interesse e no consumo
por alimentos mais saudáveis, com menor percentual de açúcar, Pesagem e separação dos
gordura e sal, e com adição de fibras e proteínas. Desta forma, a insumos
indústria de alimentos tem investido no desenvolvimento destes
produtos, que quando consumidos frequentemente promovem
benefícios a saúde, devido às suas propriedades funcionais Mistura dos ingredientes
(1,2,3,4).
Os alimentos com propriedades funcionais afetam beneficamente
uma ou mais funções alvo no organismo, além de possuir os
adequados efeitos nutricionais. Dentre os alimentos funcionais tem- Homogeneização da massa
se as microalgas, como a Spirulina platensis (S. platensis),
cianobactéria, com propriedades hipocolesterolêmica,
hipolipidêmica, antioxidante, antiviral e imunológica (5,6). Modelagem dos cookies
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos,
Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (ABIMAPI),
no ano de 2015, o Brasil obteve um consumo per capita de Cocção em forno pré-
6,01kg/ano de biscoitos, ocupando a quinta posição de maior aquecido à 200 °C por 15
consumidor mundial. Considerando que os elementos básicos nas minutos
elaborações dos biscoitos são farinha, açúcar e gordura vegetal, e
que esses alimentos são consumidos por todas as faixas etárias e Resfriamento em temperatura
classes sociais, devido a diversidade de sabores, baixo custo e fácil ambiente
acesso (7).
O desenvolvimento de biscoitos adicionados de S. platensis,
proporciona um alimento com melhor teor nutricional, devido ao Armazenamento em
elevando índice proteico, cerca de 60 a 70 %, vitaminas, minerais, recipiente hermético
ácidos graxos essenciais (y-linolênico) e pigmentos como a
clorofila, carotenoides e ficocianinas (8,9,10). Assim sendo, o
presente trabalho teve como objetivo desenvolver biscoitos tipo Avaliação Sensorial
cookies com diferentes concentrações de Spirulina platensis e
avaliar sensorialmente a sua aceitação entre crianças em idade O teste sensorial foi realizado após aprovação pelo Conselho
escolar. Nacional de Saúde (CNS) 466/12 - 04781512.6.0000.5182. Para
Análise Sensorial foi realizado o teste de Escala Hedônica Facial
Estruturada de cinco pontos, (1 = desgostei muitíssimo; 2 =
MATERIAIS E MÈTO DO S desgostei muito; 3 = indiferente; 4 = gostei muito e 5 = gostei
muitíssimo). O teste foi realizado na Escola Municipal T ancredo
Foram desenvolvidas quatro formulações de cookies, variando Neves, Cuité-PB, com 50 julgadores não treinados, na faixa etária
apenas o percentual de Spirulina platensis, sendo F1 com 0 % de 4 a 9 anos.
(controle); F2 - com 3 %; F3 - com 5 % e F4 - com 7 %. Os Os cookies foram padronizados e servidas, simultaneamente e de
insumos utilizados nos cookies foram adquiridos no comércio local forma aleatória, a temperatura ambiente, em copos de plásticos de
de Cuité – PB e a Spirulina platensis foi fornecida pela Fazenda cor branca, codificadas com formas geométricas e acompanhadas
T amanduá, Patos – PB. As formulações foram desenvolvidas no do formulário de avaliação sensorial. Junto com as amostras foram
Laboratório de T ecnologia de Alimentos (CES/UFCG), os oferecidos aos julgadores água, que foram orientados a entre uma
ingredientes e quantidades utilizadas nos cookies encontram-se na amostra e outra fazerem o uso da água, para remoção do sabor
T abela 1. O fluxograma de processamento dos cookies está residual e a provarem estas da esquerda para direita.
apresentado na Figura 1.
Análise Estatística
T abela 1 - Formulação dos biscoitos de chocolate contendo
diferentes proporções de Spirulina platensis. Os dados das análises foram submetidos à análise de variância
*
(ANOVA) e teste de T ukey a 5% (p < 0,05), para comparação das
Ingre die ntes F1 F2 F3 F4 médias. Para o cálculo dos dados, foi utilizado o programa - Sigma
S. platensis - 3 5 7 Stat 3.1.
Farinha de trigo 100 97 95 93
Açúcar mascavo 30 30 30 30 RESULTADO S E DISCUSSÃO
Ovo 60 60 60 60
Essência de baunilha 3 3 3 3 De acordo com o Gráfico 1, pode-se observar que o tratamento F1
Água 15 15 15 15 (controle) obteve maior percentual nos parâmetros “ gostei
Óleo 15 15 15 15 muitíssimo” e “gostei muito”. Em relação às amost ras adicionadas
Sal 1 1 1 1 de S. plantensis, F2 obteve o maior percentual de aceitação com 56
Bicarbonato 1 1 1 1 %, seguido de F3, com 48 % de aprovação pelas crianças.
* Quantidades em percentual com base no total da farinha de trigo Demonstrando assim que possivelmente, os biscoitos elaborados
F1 – Biscoito com 0 % de Spirulina platensis; F2 - Biscoito com 3 com estes percentuais, possam se tornar uma opção de co nsumo
% Spirulina platensis; F3 - Biscoito com 5 % Spirulina platensis; F4 pelos julgadores. A amostra F4, foi a menos aceita, com os maiores
– Biscoito com 7 % Spirulina platensis. percentuais de “desgostei muitíssimo” e “desgostei muito”
atingindo 18 %, sendo esta formulação com maior percentual de
548
Gastronomia: da tradição à inovação
20 maio 2016.
8. Ambrosi, M. A.; Reinehr, C. O.; Bertolin, T . E.; Costa, J. A. V.;
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F1 – Biscoito com 0 % de Spirulina platensis; F2 – Biscoito com 3 platensis. Braz. J. Food T echnol, 2011.
% de Spirulina platensis; F3 – Biscoito com 5 % de Spirulina 12. Navacchi, M. F. P.; Carvalho, J. C. M.; T akeuchi, K. P.; Eliane
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CO NCLUSÃO 13. Morais, M. G.; Miranda, M. Z.; Costa, J. A. V. Biscoitos de
Considerando os resultados obtidos nesta pesquisa, os cookies chocolate enriquecidos com Spirulina platensis: características
apresentaram uma boa aceitação sensorial entre crianças em idade físico - químicas, sensoriais e digestibilidade. Alim. Nutr., 2006.
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Gastronomia: da tradição à inovação
Thayanne Costa1 , Edinara Santos 1 , Kaio Silva1 , Ana Simplício 2 , Fernanda Gomes³.
A polpa de acerola sem adição de conservantes, foi obtida por meio Na T abela 01, apresenta-se o resultado do teste de aceitação sensorial
do comércio varejista local. Já o cálice da vinagreira foi obtido do produto desenvolvido.
através de doação de plantações de propriedades privadas do Nos resultados da escala hedônica pôde-se observar pouca variação
município de Caxias-MA. na média de notas dadas por parte dos assessores para os parâmetros
organolépticos de ambas as amostras, sendo significativas as
Processamento do Smoothie diferenças apenas nos termos textura e sabor.
O smoothie foi elaborado conforme receita caseira sofrendo as Tabela 01. Média da avaliação dos provadores em relação aos
devidas alterações para adequar a formulação e estipulando as parâmetros organolépticos do Smoothie de acerola enriquecido com o
porcentagens dos ingredientes para padronização da receita. Após cálice da vinagreira (Hibiscus Sabdariffa L.). Caxias-MA. 2015.
elaborado o smoothie padrão à base de acerola, este sofreu as
alterações necessárias para a elaboração das formulações com
substituição parcial da porcentagem de acerola pelo cálice da
vinagreira em 5 e 10 %.
550
Gastronomia: da tradição à inovação
PARÂMETRO S FO RMULAÇÕ ES banana e sabor doce foram os que apresentaram intensidade mais
H5 H10 fraca quando avaliados.
Quanto a aceitação global, também presente na escala hedônica, foi Figura 01. Gráfico aranha do perfil sensorial do Smoothie
notável a diferença nos valores e porcentagem de aceitação, sendo a CO NCLUSÕ ES
diferença de quase 10% entre as amostras (Figura 01). No estudo de Com o presente estudo, observou-se a viabilidade tecnológica,
desenvolvimento de produto de Yuyama et al. (14) obtiveram comercial e sensorial de desenvolver-se um smoothie enriquecido
porcentagem de aceitação entre 70 e 90%, assim como à do presente com o cálice da vinagreira. Considerando-se que as formulações de
estudo que obteve porcentagem entre 80 e 90%. A aceitação de um smoothie elaboradas foram todas bem executadas com sucesso, além
produto é de extrema importância para o sucesso do seu de bem aceitas sensorialmente e comercialmente.
desenvolvimento assim como o teste de intenção de compra que visa
avaliar com notas o nível do desejo de compra do consumidor REFERÊNCIAS
mediante um produto desenvolvido. Os valores obtidos nesse teste
geraram um empate entre as amostras no grau máximo de intensão 1.MESSIAS, K, S. Dossiê antioxidantes. Rev. Food Ingre die nts
(5), os outros graus mostram prevalência para a amostra H5 (T abela Brasil. Nº6. p. 16. 2009.
02), resultado semelhante ao obtido no desenvolvimento de bebida
mista com e sem o néctar do maracujá de Morzelle et al., (13). 2. VIEIRA, A. C. P.; CORNÉLIO, A. R.; SALGADO, J. M.
Alimentos funcionais: aspectos relevantes para o consumidor.
Tabe la 02. Avaliação dos provadores em relação a intenção de Disponível em:
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PARÂMETRO S NO TAS DAS FO RMULAÇÕ ES
H5 H10 3. ANT UNES, ADRIANE E. C.; ALVES, ADRIANA T . S. e;
LISERRE, ALCINA M.; SPADOT I, LEILA. M.; MORENO,
(5) Ce rtamente 22 22 Izildinha; ZACARCHENCO, PATRICIA. B.; T RENO, Fabiana. K.
Compraria H. de; APDA; MENEZES, Cristiano R. Viabilidade de culturas
(4) Provave lmente 28 25 probióticas em smoothie simbiótico. Revista Nutrire. Vol. 34. P. 60,
compraria 2009.
(3) Te nho dúvidas se 34 28
compraria 5.SILVA, L.S.S; MENEZES, C.C; PORT ELA, J.V.F; ALENCAR,
(2) Provave lme nte não 13 18
P.E.B; CARNEIRO, T.B Teor de carotenoides em polpas de acerola
compraria congeladas. Revista Verde (Mossoró – RN - Brasil), v. 8, n. 1, p.
(1) Ce rtame nte não 3 7 170 – 173, jan/mar de 2013.
compraria
6.MERCALI, G.D.; SCHWART Z, S.; MARCZAK, L.D.F.;
T ESSARO, I.C.; SAST RY, S. Ascorbic acid degradation and color
Le ge nda: H5 - Amostra enriquecida com 5% do cálice da vinagreira; changes in acerola pulp during ohmic heating: Effect of electric field
H10 - Amostra enriquecida com 10% do cálice da vinagreira. frequency. Journal of Food Engineering, v.123, p.1–7, 2014.
O terceiro teste realizado foi o Pareado de Preferência, que consiste 7.NAT CHIGGALL, A.; ZAMBIAZI, R. C. Geleia de hibisco com
em comparar as amostras entre si e ambas com a amostra padrão. reduzido valor calórico: características sensoriais. Bole tim do
Nesse estudo o padrão possuiu melhor desempenho no teste pareado Centro de pesquisa e processamento de alimentos, v. 24, n. 1, p.
de preferência quando comparada as amostras enriquecidas, já 47-58, 2006.
quando ambas foram comparadas entre si, novamente a amostra H5 8.MACIEL, M. J. Avaliação do extrato alcoólico de hibisco (hibiscus
se sobressaiu (T abela 03). sadbariffa L.) como fato de proteção antibacteriana e antioxidante em
Tabe la 03. Resultado do teste pareado de preferência entre as alimentos. 2011. 61f. T ese (dissertação em tecnologia de alimentos)
amostras de 5%, 10% e padrão. – Instituto de ciencia e tecnologia de alime ntos, Universidade
Pare s P H5 H10 federal do Rio Grande do Sul , Porto Alegre, 2011.
P x H5 53% 47% - 9.DUT COSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba:
P x H10 71%* - 29%* Champagnat, 2013. 531p.
H5 x H10 - 74%* 26%* 10. DEAN. OMS – O rganização Municipal de Saúde , Programa
Le ge nda: P – Formulação padrão do smoothie; H5 - Formulação a Epi-Info, versão 6.04b. 1996.
5% de cálice da vinagreira; H10 - Formulação a 10% de cálice da 11. MINIM, V. P. R. Análise sensorial: estudos com
vinagreira. consumidores. Viçosa: Ed. UFV, 2006. 225p.
*Dados seguidos de asterisco apresentam diferença significativa a 12.BRASIL. Resolução 466/2012. Diretrizes e normas
um nível de significância de 5% (p<0,05). regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
O último teste realizado foi o de Analise descritiva quantitativa. As Ministério da Saúde/Conselho Nacional de Saúde, Brasília, 12 dez.
médias obtidas com os testes variaram de 2 a 7 e estão apresentadas 2012.
por meio do gráfico aranha na figura 01. O produto obteve textura 13.MORZELLE, M. C.; SOUZA, E. C. de; ASSUMPÇÃO, C.
residual fibrosa, consistência e sabor residual de hibisco como os três F.; FLORES, J. C. J.; OLIVEIRA, K. A. de M. Agregação de valor a
parâmetros mais intensos na análise realizada pelos assessores frutos de ata através do desenvolvimento de néctar misto de maracujá
sensoriais treinados. No entanto, os atributos cor rósea, aroma de (Passiflora edulis Sims) e ata (Annona squamosa L.). Re v.
Alimentos e Nutrição 2009 Vol. 20 No. 3 pp. 389-393.
551
Gastronomia: da tradição à inovação
triplicata. 1,0
Sabor
Ácido gálico
Acetaldeído
Ácido siringico
Ácido vanilico
5-HMF1
Ácido acético
Sinapaldeído
Aroma
Siringaldeído
Vanilina
Coniferaldeído
Iso amílico
Acetato de etila
Impressão global
1-Propanol
Furfural
Metanol
Iso-butanol
1-Butanol
2-Butanol
Análise sensorial
Amostras da cachaça envelhecida por doze meses em barris
552
Gastronomia: da tradição à inovação
T abela 1 - Percentual da variância dos quatro componentes principais Estes resultados expressam a existência de relação entre as
para composição química e teste de aceitação das cachaças características sensorial e os componentes químicos da bebida em
envelhecidas em barris de eucalipto estudo, o que difere dos dados apresentados por Boza e Horii (1998),
que na tentativa de relacionar dados sensoriais com a composição da
Componente bebida revelaram uma baixa relação, atribuída ao pequeno número de
% de variância no CP %variância acumulada
principal (CP) compostos quantificados frente a um grande número de compostos
CP1 28,45 28,45 voláteis desconhecidos e presentes em menores teores, porém
importantes para a caracterização da cachaça. Janzantti (2004)
CP2 26,18 54,63
estudando compostos voláteis e qualidade de sabor da cachaça
CP3 12,34 66,97 relacionou dados sensoriais e instrumentais visando apontar os
CP4 7,59 74,55 possíveis compostos voláteis que possam ser responsáveis pela
qualidade da cachaça concluiu que as cachaças analisadas
O CP1 é o mais importante para o estudo, pois é derivado do maior apresentaram perfis de voláteis e sensoriais bem distintos.
de variáveis e possui uma explicação de 28,45%, sendo que as
variáveis que mais contribuíram são acetato de etila, metanol, 2 - CO NCLUSÃO
butanol, iso-butanol, 1-butanol, iso amílico, ácido acético, vanilina,
siringaldeído, coniferaldeído, sinapaldeído e aroma. A análise multivariada permitiu identificar a existência de correlação
Os gráficos de escores (A) e de pesos (B) da análise de componentes entre o teste sensorial de aceitação e a caracterização cromatográfica
principais (ACP) para dados de teste sensorial de aceitação e os das amostras de cachaça envelhecida em barris de eucalipto. As
componentes químicos das cachaças estão apresentados na Figura 2. variáveis com maior influência na aceitação das bebidas foram ácido
A análise do gráfico de escores sugere que ao agrupar as amostras, de vanílico, 5-hidroximetilfurfural, sinapaldeído, coniferaldeído, ácido
acordo com a correlação entre as características sensoriais e a acético, ácido gálico, 1-propanol, isoamílico, 1-butanol, 2-butanol,
composição química que cada uma das espécies de eucalipto agregou iso butanol, acetato de etila e acetaldeído. Dentre as 12 amostras
às cachaças, obtêm-se cinco grupos (Figura 2.A). As amostras de analisadas, àquelas envelhecidas em barris de E. maculata e E.
cachaça armazenada nos barris de E. maculata e E. phaeotricha phaeotricha tiveram maiores médias de aceitação dentre os quatro
constituem os dois grupos formados por unidades individuais. O atributos julgados e as variáveis acetaldeído, acetato de etila, 2-
grupo três é composto pelas espécies E. saligna, E. tereticornis, E. butanol, 1-butanol, ácido gálico, furfural e ácido vanílico foram as
paniculata, E. torelliana e E. microcorys. O quarto grupo é formado que mais influenciaram em suas características.
pelas amostras E. resinifera e E. citriodora e as espécies E.
pyrocarpa, E. pellita e E. pilularis integram o grupo cinco. AGRADECIMENTO S
Na Figura 2 (A e B) as variáveis se agruparam em quadrantes e ao À FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São
analisar os gráficos de forma associada percebemos que os atributos Paulo) pelo auxílio pesquisa e à CAPES pela bolsa de doutorado.
sensoriais empregados no teste de aceitação (impressão global,
aroma, sabor e cor) das cachaças envelhecidas nos barris de E. REFERÊNCIAS
maculata e E. phaeotricha foram diretamente influenciados pelos 1. Chaves, J.B.P., Póvoa, M.E.B. A qualidade da aguardente de
componentes acetaldeído, acetato de etila, 2-butanol, 1-butanol, cana-de-açúcar. In: Mutton, M.J.R.; Mutton, M.A. Ed. Aguardente
ácido gálico, furfural e ácido vanílico, amostras estas que de cana. Produção e Qualidade. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 187p.
apresentaram as maiores médias no teste de aceitação. A maioria 2. Boza,Y.; Horii, J. Influência da destilação sobre a composição e
desses compostos são congêneres voláteis. Alguns autores acreditam a qualidade sensorial da aguardente de cana de açúcar. Food Sci.
que alguns desses compostos, quando presentes na medida correta, T echnol, Campinas, v.18, n.4, p.391-396, out.-dez., 1998.
agregam odor frutal, podendo ser percebido nuances de uva e cereja 3. Nishimura, K.; Matsuyama, R. Maturation and maturation
(10 – 12). chemistry. In: Piggott, J. R. Sharp, R.; Ducan, R. E. B. T he science
O grupo 3 foi influenciado pelos compostos metanol, vanilina e and technology of whiskey. New York: Longman Scientific and
siringaldeído. O grupo 4 sofreu influência apenas do composto ácido T echnical, 1989. p. 235 – 263.
siríngico e a composição e aceitação das amostras do quinto grupo 4. Philp, J. M. Cask quality and warehouse conditions. In: Piggott,
sofreu interferência de 1-propanol, iso-butanol, iso amílico, ácido J. R.; Sharp, R.; Duncan, R. E. B. T he science and t echnology of
acético, 5-HMF, coniferaldeído e sinapaldeído. whiskies. New York: Longman Scientific and T echnical, 1989. p.
Figura 2 - Gráficos de escores (A) e de pesos da ACP (B) para teste 264 – 294.
sensorial de aceitação e componentes químicos das amostras de 5. Cantagrel, R. Élaboration et connaissance dês spiritueux,
cachaça envelhecida em barris de eucalipto recherche de la qualité, tradition et innovation. Paris: BNIC,
6
diffusion T ec et Doc Lavoisier, 1993. p. 330 – 338.
5 6. Cardoso, D. C. Correlação entre a qualidade sensorial e a
4 E. phaeotricha
composição química da cachaça de alambique nova. 2013. 184p.
T ese (Doutorado) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
3
2013.
2 7. Barros Neto, B.; Scarminio, I. S.; Bruns, R. E. Vinte e cinco
CP 2: 15,24%
E. saligna E. maculata
1
E. paniculata
E. tereticornis anos de quimiometria no Brasil. Quím Nov, São Paulo, v. 29, n. 6, p.
E. torelliana
0 E. microcorys 1401 – 1406, jan., 2006.
8. Bortoletto, A. M.; Alcarde, A. R. Congeners in sugar cane spirits
-1 E. resinífera
E. citriodora
aged in casks of different woods. Food Chem., New York, v. 139, p.
-2
E. pyrocarpa
E. pellita
E. pilularis B 695, mar., 2013.
-3 9. Stone, H.; Sidel, J. Sensory Evaluation Practices. 2ª ed. New
A York: Academic Press, 1993. 338p.
-4
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 10. Burdock, G. A. Fenaroli’s handbook off lavor ingredients. 4ª ed.
CP 1: 32,78% Boca Raton: CRC Press, 2002. 831 p.
1,0 11. Janzantti, N. S. Compostos voláteis e qualidade de sabor da
Ácido gálico
Sabor
Impressão global
Cachaça. 2004. 179p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Engenharia
de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.
0,5
Aroma
12. Ficagna, E. Influência do tempo de maceração na composição
Siringaldeído Furfural Acetaldeído 2-Butanol química do fermentado e do destilado de pêssego [Prunus persica
CP 2 : 15,24%
0,0
Metanol Cor (L) Batsch], Cv. Chiripá. 2005. 121p. Dissertação (Mestrado) –
Ácido siringico
Ácido acético
5-HMF1Iso-butanol
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.
Iso amílico
Coniferaldeído
Sinapaldeído
-0,5
1-Propanol
-1,0
553
Gastronomia: da tradição à inovação
Ana Bender1,2 , Janaína Schmitt 1 , Rita Busatto 1 , Roberson Pauletto 1 , Edi Ries 1,3 , Vivian Bochi2
1 Curso de Tecnologia em Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria – Campus Frederico Westphalen,
betinebender@hotmail.com
2 Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria
3 Departamento de Saúde da Comunidade, Universidade Federal de Santa Maria
554
Gastronomia: da tradição à inovação
555
Gastronomia: da tradição à inovação
joaninha.love2013@gmail.com
2 Aluna de doutorado , PPGCTA, UFPB
INTRO DUÇÃO
A análise sensorial é a disciplina usada para analisar, dar autenticidade 1. ____________________________
e traduzir reações características dos alimentos e materiais a partir da 2. ____________________________
percepção dos sentidos da visão, olfato, gosto, tato e audição.
Contudo, conforme o produto, o atributo sensorial e a finalidade do Comentário:-
estudo existem recomendações de métodos específicos, classificados _______________________________________________________
pela NBR 12.994, em discriminativos, descritivos e subjetivos(1).
T rata-se de uma ciência usada no desenvolvimento de novos produtos, Q UADRO 2: Teste de Comparação Pareada-Preferência (Bicaudal).
controle de matéria-prima, comparação de produtos, investigação do
prazo de vida comercial, avaliação da aceitação e preferência de
consumidores(2).
Dentre os testes subjetivos, lista-se os testes afetivos, estes são
métodos utilizados em análise sensorial de alimentos, bebidas e água,
onde o julgador expressa seu estado emocional ou reação afetiva ao
escolher um produto pelo outro. É a forma usual de se medir a opinião
de um grande número de consumidores com respeito as suas
preferências e gostos. Os julgadores não precisam ser treinados
bastando ser consumidores frequentes do produto em avaliação. São
classificados em duas categorias: de preferência (escolha) e de
aceitação (3).
A demanda por alimentos que ofereçam praticidade, de caráter
nutritivo e funcional, e que, ofereçam segurança na ingestão cresce
mundialmente, apresentando-se como potencial valor para pessoas que
desejam corrigir ou evitar problemas de saúde, como obesidade,
diabetes, desnutrição, cardiopatias, entre outros,originários de erros
alimentares, bem como atender a um mercado consumidor com tempo
escasso para dedicação à manutenção de uma dieta adequada. As
barras de cereais atendem a esta tendência e são elaboradas a partir de
uma mistura de cereais de sabor agradável. Estes produtos são fontes
de vitaminas, sais minerais, fibras, proteínas e carboidratos(4). O
mercado de barras de cereais e alimentos, no contexto de produtos
saudáveis, tem levado a indústria alimentícia à diversificação de
sabores e atributos dos mesmos (5). As barras de cereais são
caracterizadas como uma mistura de cereais aglutinados com frutas
desidratadas e ou cristalizadas, mel ou xarope e ou com outros
ingredientes a critério de seleção (6,7,8).
Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a preferência dos Os resultados do teste foram baseados no Quadro 2 (9) onde, o teste
consumidores em relação à duas marcas de barrinha de cereal sabor
banana, utilizando o teste de comparação pareada. pareado bicaudal para um total de 72 testes, o número mínimo de
MATERIAIS E MÉTO DO S resposta necessária para que se estabeleça diferença significativa entre
Foram utilizadas duas amostras de barra de cereais de diferentes
marcas, codificadas em três dígitos escolhidos aleatórios e realizado a as amostras é de:
casualização das amostras a fim de evitar possíveis erros psicológicos 45 = 5% de significância
e físiológicos, representados pela letra (A) e pela letra (B) as marcas
das barras de cereais. 48 = 1% de significância
As amostras foram servidas em pratos descartavéis com quantidade 51 = 0,1% de significância
padronizada e codificadas com três dígitos aleatórios, acompanhado
de um copo descartavél com água e uma ficha (QUADRO 1) para a
obtenção do teste, juntamente com um lápis e uma borracha. Pediu-se RESULTADO S E DISCUSSÃO
para que cada jugador escolhesse as amostras de acordo com a sua
preferência. Os testes foram avaliados por 72 julgadores não TABELA 1: Resultados obtidos no teste de Comparação Pareada.
treinados, de ambos os sexos e faixa etária entre 15 a 18 anos, em três Produto da marca A B
turmas do ensino médio da escola Monsenhor Vicente Freitas-
Polivalente que reside na cidade de Pombal-PB. Respostas 53 19
Foi utilizado o (QUADRO 2) para o teste de comparação pareada-
preferência (Bicaudal).
Q UADRO 1: Ficha de avaliação do T este. De acordo com os resultados da (T ABELA 1 ) 53 respostas foram
Ficha positivas para a amostra da marca A, sendo esta significativamente
Estamos fazendo uma pesquisa sobre a preferência do consumidor Nas figuras 1, 2 e 3 estão apresentados os resultados obtidos do
com relação à duas marcas diferentes de barra de cereal. Por favor, questionário aplicados aos provadores com o intuito de conhecer
escolha as amostras de acordo com a sua preferência, colocando em
primeiro lugar aquela que você mais gostou e por último a que você algumas informações a respeito do produto.
menos gostou.
556
Gastronomia: da tradição à inovação
Nunca
Menos de 1 vez por mês
Sexo F Sexo M
2 ou mais vezes por mês
Na Figura 1, estão apresentados a participação dos avaliadores por 1 ou mais vezes na semana
sexo, sendo 67% do avaliadores do sexo feminino e 33% do sexo
masculino, ambos em uma faixa etária entre 15 a 18 anos. De acordo com as respostas adquiridas no questionário, 55% dos
FIGURA 2: Participantes da análise que conhecem o produto. participantes que realizaram o teste afirmaram não consumir barra de
cereal, 21% disseram consumir o produto menos de 1 vez por mês,
Participantes da análise que conhecem o 14% 2 ou mais vezes por mês e 10% afirmaram consumir 1 ou mais
produto
vezes por semana.
CO NCLUSÃO
Com base na pesquisa, conclui-se que a marca de cereal sabor banana
da marca A, foi a mais preferida entre os julgadores. Em relação ao
questionário de avaliação de consumo, conclui-se que a maioria dos
julgadores eram do sexo feminino e conheciam o produto.
Sim Não REFERÊNCIAS
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS T ÉCNICAS –
A figura 2 apresenta os resultados quanto ao conhecimento dos ABNT . Análise sensorial dos alimentos e bebidas: terminologia. 1993.
8 p.
participantes em relação ao produto, sendo que 93% conhecem as 2. ST ONE, H.; SIDEL, J. L; Sensory Evaluation Practices; California-
barras de cereias de sabor banana e 7% não conhecem. USA; Elsevier Academic Press; 2004.
3. SÃO PAULO,2008.; IAL. Normas Analíticas do Instituto Adolfo
Lutz. Métodos Físico-químicos para análise de alimentos, 4º edição.
São Paulo:IAL, 2008. p.296-299.
4. GUT KOSKI, L. C. et al. Desenvolvimento de barras de cereais à
base de aveia com alto teor de fibra alimentar, Ciênc. T ecnol.
Aliment., Campinas, v. 27, n. 2, p. 355- 363, abr./jun. 2007.
5. SAMPAIO, C. R. P. et al. Perfi l sensorial e aceitabilidade de barras
de cereais fortifi cadas com ferro, Alim. Nutr., Araraquara, v. 20, n. 1,
p. 95-106, jan./mar. 2009.
6. BRIT O, Izabele Paes de. et al. Elaboração e avaliação global de
barra de cereal caseira. Boletim do Centro de pesquisa de
Processamento de Alimentos, Curitiba, v. 22, n. 1, p. 35-50, jan./jun.
2004.
7. MASCHIO, Adriana et al. Barras de cereais de banana. Porto
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003.
8. ST HELLA, Roberta Horschutz. Barrinhas de Saúde. São Paulo,
2002.
9. MEILGAARD, M.; CIVILE, G. V.; CARR, B. T . Sensory
evaluation techniques. 2. Edição. Editora CRC Press, Nova York. 354
p. 1991.
557
Gastronomia: da tradição à inovação
Gizele Cruz1 , Layane Alves1 , Gleice Gadelha1 , Paulo Neto 1 , Laura Bruno 2 , Juliane Carvalho 1
1
Departamento de T ecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará, gizelealmada27@gmail.com
2
Laboratório de Microbiologia de Alimentos, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Agroindústria Tropical
O queijo de Coalho é um alimento tipicamente brasileiro e bastante A análise sensorial foi realizada com 78 provadores não treinados e
difundido na região Nordeste do Brasil. T rata-se de um produto de voluntários no Laboratório de Laticínios da UFC após avaliação da
grande valor comercial, devido principalmente a simplicidade da segurança microbiológica das formulações elaboradas. As amostras
tecnologia de fabricação (1). foram servidas à temperatura ambiente, em forma de cubos de 1 a
A gordura exerce papel fundamental nas características sensoriais 2cm 3 , codificadas com números aleatórios de três dígitos e
desse queijo. No entanto, o consumo de alimentos com baixo teor de apresentadas em ordem balanceada segundo MacFie et al. (4). Água
gordura tem se mostrado uma tendência, pois os consumidores estão à temperatura ambiente foi fornecida para limpeza do palato entre a
cada vez mais conscientes de que o tipo e a quantidade de gordura avaliação das amostras (5).
consumida estão ligados a causas de doenças crônicas A textura das amostras de queijo de Coalho foi avaliada por meio de
cardiovasculares. dois testes: escala relativa ao ideal (-4 = extremamente menos forte
Devido à função que a gordura exerce na textura dos alimentos, que o ideal; 0 = ideal; 4 = extremamente mais forte que o ideal) e
torna-se evidente, que o desenvolvimento de produtos com baixo teor escala hedônica do tipo estruturada mista de nove pontos (1 =
lipídico e com qualidade sensorial correspondente aos produtos com desgostei muitíssimo; 5 = não gostei, nem desgostei; 9 = gostei
teor integral é uma tarefa difícil, sendo que substitutos de gordura muitíssimo) (6,7). Os resultados receberam tratamento estatístico
podem ser utilizados como alternativa tecnológica para suprir o seu através de histogramas de frequência e Análise de Variância
papel (2). Univariada – ANOVA – para determinação de significância
As proteínas podem atuar como importantes substitutos de gordura, estatística dos resultados. As médias obtidas foram comparadas
pois elas têm a vantagem de se ligarem bem a componentes através do teste de T ukey, com nível de significância de 5 %.
aromáticos, melhorando o sabor dos queijos com redução no teor de
gordura, além de melhorar características de textura. Sendo assim, o RESULTADO S E DISCUSSÃO
concentrado protéico do soro (CPS) pode ser utilizado como
substituto de gordura de caráter protéico (3). As amostras de queijo de Coalho com teor reduzido de gordura
O objetivo desse trabalho foi elaborar formulações de queijo de diferiram entre si, ao nível de 5% de significância, na avaliação da
Coalho com baixo teor de gordura e verificar a influência da adição aceitação da textura. As médias obtidas para a textura das amostras A
de diferentes concent rações de concentrado protéico de soro na (1% de CPS), B (2% de CPS) e C (3% de CPS) foram,
análise sensorial da textura do produto. respectivamente, 7,32; 6,73 e 5,91. Dessa forma, a textura da amostra
A foi a mais aceita pelos provadores, apresentando valor médio entre
MATERIAL E MÉTO DO S os pontos 7 e 8 da escala hedônica, referentes a “ gostei
moderadamente” e “gostei muito”. Portanto, a adição de diferentes
Matéria-prima e ingredientes concentrações de CPS na formulação de queijo de Coalho interferiu
na aceitação da textura do produto.
A matéria-prima utilizada na fabricação dos queijos de Coalho foi o Os resultados foram semelhantes aos observados por Fontan (8), que
leite desnatado e pasteurizado, obtido em unidade produtora da elaboraram e avaliaram sensorialmente cinco formulações de queijo
cidade de Caucaia-CE. Os ingredientes utilizados foram: fermento de Coalho light com diferentes teores de gordura. O autor verificou
lático composto por duas cepas de Lactobacillus rhamnosus e aceitação da textura das amostras avaliadas variando entre gostei
Lactobacillus plantarum (cepas 1120 e 1115), previamente isoladas ligeiramente e gostei moderadamente. Na pesquisa realizada por
de queijo de Coalho artesanal, pertencentes à Coleção de Micro - Mangueira et al. (9), que elaboraram queijo de Coalho com baixo
organismos de Interesse para a Agroindústria T ropical, da Empresa teor de gordura e enriquecidos com ferro, foram observados escores
Brasileira de Produtos Agropecuários (Embrapa); concentrado médios de aceitação variando entre desgostei ligeiramente e gostei
protéico de soro (CPS) (Glanbia Nutritionals); coalho em pó muito.
(Halamix, Chr. Hansen A/S); cloreto de cálcio em pó e cloreto de Na Figura 1 está apresentada a distribuição das notas atribuídas pelos
sódio. provadores para avaliação da aceitação da textura das amostras.
Elaboração do queijo de Coalho Fig. 1. Distribuição das respostas dos provadores na avaliação
sensorial da aceitação da textura de queijo de Coalho com baixo
Os queijos de Coalho foram fabricados no Laboratório de Laticínios teor de gordura adicionado de concentrado protéico de soro
do Departamento de T ecnologia de Alimentos da Universidade 50
Federal do Ceará (UFC). Foram elaboradas três formulações com
diferentes concentrações de CPS (A: 1%, B: 2%, C: 3%). Para 40
Resposta (%)
558
Gastronomia: da tradição à inovação
percentuais de respostas distribuídos nessa faixa para as amostras A, do queijo, característica que indicou menor aceitabilidade por parte
B e C foram, respectivamente: 89,74; 82,05 e 58,97%. A amostra A dos possíveis consumidores na análise sensorial.
obteve maior frequência de respostas na categoria 8 da escala,
correspondente a “ gostei muito”, enquanto a amostra B apresentou CO NCLUSÕES
maior frequência na categoria 7, referente a “gostei moderadamente”.
Em contrapartida, a amostra C recebeu o mesmo percentual A avaliação sensorial do parâmetro de textura do queijo de Coalho
(20,51%) de indicações para ambas as notas: 4 “desgostei indica que a adição de diferentes percentagens de concentrado
ligeiramente” e 7 “ gostei moderadamente”. A amostra que foi protéico de soro na formulação de queijo de Coalho com baixo teor
avaliada com maior percentual de respostas na faixa da escala de gordura infuencia na sua aceitação. A textura mais firme, obtida
relativa à rejeição do produto (notas de 1 a 4), foi a C, com 28,21%. com adição de menor concentração de CPS (1%), é eleita como a
Estes resultados demonstram que o CPS afetou a textura do queijo de ideal pelos potenciais consumidores.
Coalho, sendo possível fazer a seguinte relação: quanto maior a
concentração de CPS, menor a aceitação da textura pelos provadores. REFERÊNCIAS
A distribuição das notas obtidas no teste da escala do ideal para
avaliação da textura das amostras pode ser observada na Figura 2. 1. Silva, M. C. D.; Ramos, A. C. S.; Moreno, I.; Moraes, J. O.
Influência dos procedimentos de fabricação nas características físico-
Fig. 2. Distribuição das respostas dos provadores na avaliação da químicas, sensoriais e microbiológicas de queijo de coalho. Rev.
textura por meio de escala relativa ao ideal de queijo de Coalho com Inst. Adolfo Lutz, 69, 214-221, 2010.
baixo teor de gordura adicionado de concentrado protéico de soro
2. Felfoul, I.; Bornaz. S.; Baccouche, A.; Sahli, A.; Hamadi, A.
50 Low-fat Gouda cheese made from bovine milk-olive oil emulsion:
physicochemical and sensory attributes. J. Food Sci. T echnol. 6749–
40
Resposta (%)
6755, 2015.
Escala relativa ao ideal 5. Stone, H.; Sidel, J.L. Sensory evaluation practices. 3. ed. London:
A: formulação com 1% de CPS; B: formulação com 2% de CPS; C: formulação com 3% de
Academic Press, Inc., 2004. 408p.
CPS; Escala do ideal (-4 = extremamente menos forte que o ideal; 0 = ideal; 4 =
extremamente mais forte que o ideal) 6. ABNT . Associação Brasileira De Normas T écnicas. NBR 14141:
escalas utilizadas em análise sensorial de alimentos e bebidas. Rio de
A amostra A obteve 17,95% das respostas nas categorias “menos Janeiro, 1998.
forte que o ideal”, 51,28% na categoria “ideal” e 30,77% nas
categorias “ mais forte que o ideal”, apresentando percentuais 7. Meilgaard, M.; Civille, G.V.; Carr, B.T . Sensory evaluation
distribuídos de forma uniforme. Enquanto a amostra B alcançou techniques. 4. ed. Boca Raton: CRC Press, 2007. 448 p.
51,28% das respostas nas categorias “menos que o ideal”, 29,49 %
na categoria “ideal” e 19,23 % nas categorias “mais que o ideal”. Já a 8. Fontan, G. C. R. Queijo de coalho light: produção, caracterização
amostra C obteve 67,95% das respostas nas categorias “menos que o físico-química, sensorial e reológica. 2013.86f. Tese (Doutorado em
ideal”, 10,26 % na categoria “ideal” e 21,79 % nas categorias “mais Ciência e T ecnologia de Alimentos) – Departamento de T ecnologia
que o ideal”. Portanto, a amostra A exibiu maior percentual de de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2013.
avaliações na categoria correspondente à textura ideal, seguida pelas
amostras B e C. O resultado indicou que o uso de menor 9. Mangueira, T . F. B.; T ravassos, A. E. R.; Moreira, R. T . T este de
concentração de CPS influencia de forma benéfica a textura do aceitabilidade sensorial de queijo de coalho com baixo teor de
queijo, fazendo com que essas modificações sejam bem aceitas pelos gordura e enriquecido com ferro. B. CEPPA. 20, 279-290, 2002.
provadores. O uso de maior concentração de CPS diminui a firmeza
559
Gastronomia: da tradição à inovação
560
Gastronomia: da tradição à inovação
Foi observado que as amostras foram mais aceitas nos quesitos Alguns estudos como o de Serafin e col. (13) sugerem que a
textura e sabor. Os índices com percentuais mais altos foram 7 e 8 interação do chocolate com as proteínas do leite reduz a absorção da
indicando “ gostei moderadamente” e “gostei”, respectivamente. epicatequina e impede o aumento da capacidade antioxidante se
Foi aplicado, juntamente da escala hedônica, uma escala estruturada comparado ao chocolate preto sem adição de leite. Em contrapartida,
de 5 pontos para verificação de intenção de compra. As médias Roura e col. (14) chegaram à conclusão de que o leite não interferiu
obtidas foram 3 e 2,6 e nos mostram que o Pudim teria boa aceitação de modo significativo na biodisponibilidade dos flanovóides
no mercado se estivesse à venda. 81,7% dos provadores relataram presentes no cacau. Confirmando o anterior, outros estudos
preferir a amostra PEAC1, que contêm 30g de cacau em sua mostraram que o leite não prejudica na ação antioxidante (15).
composição.
Conclusão
Tabe la 2. Mé dias para cada atributo avaliado na análise As amostras de pudim com extrato de arroz e cacau foram bem
se nsorial das amostras de pudim de extrato de arroz e cacau aceitas pelos provadores. As amostras avaliadas não apresentarem
PEAC1 e PEAC2. diferenças significativas com relação aos atributos avaliados. O
Fonte: Da pesquisa pudim de extrato de arroz e cacau se apresenta como uma boa
Média com letras iguais na mesma coluna não diferem a P > 0.05.
alternativa para prevenção e tratamento de patologias, como também
em dietas restritivas sem glúten e sem lactose. O pudim desenvolvido
Be nefícios para saúde do Pudim à base de extrato de arroz e possui quantidades significativas de cacau e, portanto, supõe-se que
cacau apresentariam benefícios reais para a saúde do consumidor, uma vez
que vários estudos apontam diversos benefícios do cacau na
Dietas são pontos chaves em prevenção e tratamentos de patologias.
prevenção e tratamento de diferentes patologias.
A restrição total no consumo de doces tem sido apontada como uma
das causas principais no fracasso do seguimento dos planos
alimentares para indivíduos portadores de diversas patologias, como Referências
1. CARVALHO, W. T. de; REIS, R. C. dos; VELASCO, P.; SOARES JÚNIOR, M.l;
obesidade, diabetes e dietas restritivas necessárias, como, por BASSINELLO, P. Z.; CALIARI, M.. Características físico-químicas de extratos de arroz
exemplo, nas intolerâncias alimentares ao glúten e a lactose. Por integral, quirera de arroz e soja. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 41, n. 3, p.
422-429, jul./set. 2011.
Análise Impressão 2. BENTO, Rafaela Suzuki; SCAPIM, Mônica Regina da Silva; AMBROSIO -UGRI,
Sensorial Aparência Cor Aroma Textura Sabor Global Miriam Carla Bonicontro. Desenvolvimento e caracterização de bebida achocolatada à base
de extrato hidrossolúvel de quinoa e de arroz. Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.), São Paulo, v.
71, n. 2, 2012 .
P EAC1 6,034ª 6,328ª 6,414ª 6,966ª 6,862ª 6,828ª
3. ARAUJO, Antônio Carlos de. Valor da produção de cacau e análise dos fatores
responsáveis pela sua variação no estado da Bahia. Ceplac, 2005.
P EAC2 6,169ª 6,441ª 6,695ª 6,492ª 6,305ª 6,390ª 4 EFRAIM, P.; ALVES, A.B.; JARDIM, D.C.P. Revisão: polifenóis em cacau e derivados:
outro lado, diversos estudos apontam que o consumo regular de teores, fatores de variação e efeitos na saúde. Braz. J. Food Technol., Campinas, v.14, n. 3,
p. 181-201, jul./set. 2011.
produtos vegetais diminui o risco de doenças cardiovasculares (6). 5. RODRIGUES, J. S. Q.; PINELI, L. L.O.; RODRIGUES, N. G.; DE LIMA, H.C.;
Nesse contexto, o extrato de arroz e o cacau se encaixam COSTA, A.M.; SILVA, C.H.; JUNQUEIRA, N.T.V.; CHIARELLO, M.D. Qualidade
perfeitamente para serem incluídos em diferentes preparações, sensorial de néctares de maracujás BRS Ouro Vermelho produzidos em diferentes sistemas
de cultivo. Rev. Ceres, Viçosa, v. 60, n. 5, p. 595-602, Oct. 2013.
inclusive doces, como o pudim desenvolvido com extrato de arroz e
cacau. 6. HERTOG, M.G. ; KROMHOUT, D.; HOLLMAN, P.C.; HERTOG, M.G.L.; KATAN,
O extrato de arroz propicia uma dieta com menos gordura, menos M.B. Dietary antioxidante flavonoids and risk of coronary heart disease: the Zutphen
Eldery Study . Lancet; 342:1007-1011, 1993.
hormônios, é produzido a partir de um grão não -transgênico,
intolerantes à lactose podem consumir e ainda contém grande 7. Fennema, Owen R.; Damodaran, Srinivasan; Parkin, Kirk L. Química de Alimentos de
quantidade de aminoácidos essenciais, que o corpo humano não Fennema. 4ª Ed. Artmed, 2010.
consegue produzir e são adquiridos por meio da dieta (7). 8. JAEKEL, Leandra Zafalon; RODRIGUES, Rosane da Silva; SILVA, Amanda Pinto da.
Estudos mostram que o extrato de arroz vem sendo bastante usado na Avaliação físico-química e sensorial de bebidas com diferentes proporções de extratos de
indústria, principalmente direcionada às crianças, para diminuir, soja e de arroz. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas , v. 30, n. 2, p. 342-348, June 2010.
igualar ou substituir o uso do extrato de soja, que possui menor 9. LEE, K.W.; KIM, Y.J.; LEE, H.J.; LEE, C.H. Cocoa has more phenolic
aceitabilidade por conta do sabor de “feijão cru” (7). Diversas phy tochemicals and higer antioxidante capacity than teas and red wine. J Agric Food
preparações podem ser criadas ou adaptadas com o uso do extrato de Chem; 51:7292-5, 2003.
arroz e usados em dietas restritivas, incluindo a dieta celíaca, uma 10. Di GUISEPPE, R.; Di CASTELNUOVO, A.; CENTRITO, F. ZITO, F; DE CURTIS,
vez que o arroz não contém as proteínas formadoras de glúten. A.; CONSTANZO, S.; DE GAETANO, G.. Regular consumption of dark chocolate is
Já o cacau é fonte de ácidos graxos e rico em flavonoides. As formas associated with low sérum concetrations of C-reactive in a healthy Italian population. J
Nutr; 138:1939-45, 2008.
de flavonoides predominantes são: catequinas e epicatequinas. A
concentração de epicatequinas é cerca de duas vezes maior às 11. FUHRMAN, B.;AVIRAM,M. Flavonoids protect LDL from oxidation and a ttenuate
concentrações encontradas no vinho tinto e no chá verde (8). A atherosclerosis. Curr Opin Lipidol;1241-48, 2001.
absorção e pico ocorrem de 2 a 4 horas após a ingestão, no qual 12. SEIXAS, Daniela. Compostos Bioativos dos Alimentos. Coleção Nutrição Clínica
ocorre o aumento de concentração de polifenóis, e ao mesmo tempo, Funcional. VP Editora. 2015.
a capacidade antioxidante do plasma também aumenta.
13. GRASSI, D.; NECONIZE, S.; LIPPI, C.; CROCE, G.; VALERI, L.; PASQUALETTI,
O consumo de cacau em quantidades moderadas, porção de cerca de P.; DENSIDERI, G.; BLUMBERG, J.B.; FERRI, C. Cocoa reduces blood pressure and
20g/dia a cada três dias, apontou que pode ter ação anti-inflamatória insulin resistance and improves endothelium dependente vasodilation in hy pertensives.
significativa. (9) Hy pertension; 46(2):398-405, 2005.
Assim, o cacau pode ter ação benéfica na prevenção e tratamento de 14. SERAFINI, M.; BIGIANESI, R.; MAIANI, G.I.; VALTUEGA, S.; SAN TIS, S.;
algumas patologias. Pode prevenir a formação da placa de ateroma, CROZIER, A.. Plasma antioxidants from chocolate. Nature; 424:1003, 2003.
que é o acúmulo de gordura nas artérias. Estudos indicam que o
15. ROURA, E.; ANDRES-LACUEVA, C.; ESTRUCH, R.; BILBAO, M.L.M.;
consumo de polifenóis, particularmente a epicatequina, pode PULIDO, M.I.; WATERHOUSE, A.L.; LAMUELA-RAVENTÓS, R.M. Milk does not
suprimir a oxidação do LDL (10). Levando em conta o tratamento de affeWct the bioavailability of cocoa poder flavonoids in a healthy human. Ann Nutr
patologias, estudos indicam que o consumo de cacau reduz a Metab; 51(6):493-498, 2007.
16. SCHROETER, H.; HOLT, R.R.;, OROZCO, T.J.; SCHMITZ, H. H.; KEEN, C.L.
mortalidade por Doenças Cardiovasculares (DCVs), a pressão Nutrition: milk and absorption of dietary flavanols. Nature; 426(6968);787788, 2003.
arterial e melhora o perfil lipídico, por meio de mecanismos anti-
inflamatórios e antioxidantes (11). O teste, com duração de duas
semanas, consumindo chocolate rico em flavonoides em pessoas
hipertensas mostrou uma redução no colesterol total e no LDL (12).
Os efeitos variam da condição de saúde do indivíduo, os índices mais
significantes foram encontrados nos testes com pessoas com alto
risco cardiovascular, enquanto em pessoas jovens e saudáveis, os
efeitos benéficos não foram tão presentes.
Além dos efeitos endógenos proporcionados pelo cacau, existem
fatores externos que são mais facilmente percebidos como melhoria
da cognição, principalmente em idosos com declínio de memória, e
melhoramento do humor.
Ainda existe uma controvérsia quanto à ação antioxidante do cacau.
561
Gastronomia: da tradição à inovação
06310 Valor nutricional e aceitabilidade de preparações com PANC - plantas alimentícias não
convencionais e partes não convencionais de hortaliças por pré -escolares
Dionísia Nagahama 1 ; Rosane Santos de Souza 2 ; Tamires Viana Cerqueira 2 ; Evelyn Alves Briglia3
Palavras-chave: análise sensorial, preparação infantil, hortaliças não convencionais, utilização integral dos
alimentos
INTRO DUÇÃO
O Brasil é um dos maiores exportadores de produtos agrícolas do após o branqueamento, ou desidratados em estufa de ar forçado, com
mundo, entretanto existem milhões de pessoas excluídas sem acesso temperatura de 60°C, durante 48 horas e pulverizadas.
ao alimento em quantidade e/ou qualidade (1,2), atingindo, Foram selecionadas oito preparações alimentícias das cartilhas do
principalmente, as camadas sociais menos favorecidas, onde o acesso Mesa Brasil (10) e da internet,sendo mantidas as receitas originais e
diário aos alimentos depende, essencialmente, do poder aquisitivo. E somente adicionado à receita a hortaliça não convencional em sua
como grande parte da sociedade brasileira possui rendimentos abaixo composição, ou as partes não convencionais. Em todas as
do considerado ideal, tal condição restringe principalmente a preparações os ingredientes foram pesados e elaboradas de acordo
alimentação que vai a mesa de muitas famílias brasileiras gerando, com as Boas Práticas de Manipulação de Alimentos, segundo as
assim, uma situação de insegurança alimentar (3). Paradoxalmente, normas da Anvisa (11).
aliado a fome existe ainda o desperdício de alimentos (1,2). Os valores nutricionais das receitas foram feitos por meio de tabelas
No Brasil, cerca de 60% do lixo urbano produzido é de origem de composição de alimentos (12.13, 14, 15, 16,17).
alimentar (3), e um quarto de toda produção nacional de frutas, Para a análise sensorial das preparações foram selecionadas 51
verduras e legumes não é aproveitado (4), o que é muito preocupante. crianças na idade pré-escolar de 4 a 5 anos, cujos pais autorizaram a
Alem desta cultura do desperdício, a população brasileira não participarem das degustações das preparações assinando o T ermo de
consome frutas e verduras, pois nestas ultimas décadas houve uma Consentimento Livre Esclarecido (T CLE). Foram excluídas as
mudança do padrão alimentar, aumentando o consumo de alimentos crianças que estavam gripadas.
ricos em gorduras, açúcar e alimentos refinados e reduzindo o Foi utilizada a escala hedônica facial de 5 pontos (9). O projeto foi
consumo de carboidratos complexos e fibras, ou seja, em hortaliças e submetido e aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto Nacional de
frutas (5). Pesquisa da Amazônia, Processo n° CEP 022/11.
Para estimular o consumo de hortaliças e frutas, e, possivelmente, O índice de aceitabilidade das preparações elaboradas foi realizado
reverter o quadro desencadeado pela transição nutricional, poderiam utilizando o método determinado por Monteiro (18): IA= Ax100/B,
muito bem serem utilizadas as plantas alimentícias não onde A significa a média da preparação e B a nota máxima dada ao
convencionais - PANC , como também as partes não convencionais produto.
dos alimentos, minimizando tanto o problema da fome, da má
alimentação, como do desperdício. RESULTADO S E DISCUSSÃO
São denominadas plantas alimentícias não convencionais aquelas que
Das preparações, duas receitas utilizaram a farinha da semente de
têm sua distribuição limitada, sendo de difícil acesso em algumas
abobora, uma com casca in natura e uma com casca e farinha de
regiões, exercendo em populações tracionais, grande influência em
semente de abóbora. Em relação as PANC, duas receitas utilizaram
sua cultura (6). São plantas espontâneas e tem denominações
as hortaliças in natura e duas com farinha do cariru ou da capeba.As
pejorativas, como: “daninhas”, “inços”, “mato”, pois seus valores e
potencialidades são desconhecidos (7). preparações foram comparadas com as receitas originais. Com
as cascas e sementes de abobora foram preparadas quiche ,
T ais alimentos são nutritivos, produzem sensação saborosa ao serem
ingeridos (8,9) e já foram bastante apreciados, fazendo parte das biscoito, pão e bolo salgado.
refeições familiares. Porém, aos poucos, foram sendo esquecidos ou Com a capeba foram preparados o biscoito cookie e a esfiha de
desvalorizados em prol do consumo de uma quantidade maior de frango. Com o cariru o mingau de arroz e torta de frango.
Das preparações com a abobora, verificou-se que apresentaram
alimentos industrializados (8). Resgatando o uso destes alimentos,
acréscimo de macronutrientes, especialmente de lipídios e proteínas;
que, além de serem de fácil disponibilidade, são também fontes de
micronutrientes e fibras em relação às preparações tradicionais, o que
vitaminas, minerais e fibras a baixo custo (9), poder-se-ia diversificar
indica um bom potencial nutricional inerente às mesmas. Já nas
a dieta e melhorar sua qualidade nutricional, através do aumento da
preparações com as PANC, ficou evidente o acréscimo dos nutrientes
ingestão destes nutrientes (8,9).
Vitamina A, Vitamina C, Potássio, Ferro e Cálcio.
Sabendo-se que o processo de formação de hábitos alimentares
Quanto a aceitabilidade, notou-se que a maioria das preparações
saudáveis se dá a partir da infância, a introdução de PANC e partes
obtiveram notas acima de 4 (gostei), onde as preparações
não convencionais dos alimentos na alimentação de crianças é uma
apresentaram o índice de aceitabilidade superior a75%, que segundo
forma de minimizar todos estes problemas. Sendo assim, o estudo
a literatura é considerado um produto aceitável, quando o mesmo
teve como proposta avaliar o valor nutricional e a aceitabilidade de
apresenta no mínimo 70% do índice de aceitabilidade (18).
preparações direcionadas ao publico infantil com partes não
Das receitas utilizando a abóbora a preparação mais aprovada foi o
convencionais da abóbora (casca e semente) e com PANC a fim de
biscoito elaborado a partir da farinha da semente da abóbora com
agregar valor nutricional às mesmas.
90,5 % de aceitabilidade pelo público infantil e a preparação que
apresentou menor aceitabilidade foi a quiche (Gráfico 1).
MATERIAL E MÉTO DO S Em relação as preparações com as PANC, é possível observar maior
Foram selecionadas as PANC cariru (Talinum triangulare
aceitabilidade do público infantil pelo Mingau de arroz, seguido pela
(Jacq.)Willd.), hortaliça muito utilizada no feijão, e a capeba
T orta de frango com cariru, Biscoito cookie e Esfiha de frango com
(Pothomorphe umbellata (L.) MIQ.), utilizada como planta
capeba. Os itens “indiferente” e “detestei”, não foram escolhidos
medicinal, e as sementes e as cascas da abóbora (Curcubita
pelas crianças, mostrando uma aceitação positiva para introdução na
moschata). No laboratório de Alimentação e Nutrição (LAN/INPA)
foram devidamente higienizadas e processadas, sendo congeladas alimentação das mesmas (Gráfico 2) .
Gráfico 1- Percentual de aceitabilidade das preparações a base de
cascas e sementes de abóbora com crianças da creche de
Manaus.2015
562
Gastronomia: da tradição à inovação
>http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/128239/1/Com
100% 86,70% 90,50% postagem-caseira-de-lixo-organico-domestico.pdf>Acesso em 05
90% 80,30% Novembro 2015.
% de aceitabilidade
75,10% 4- BADAWI, C. Aproveitamento Integral dos Alimentos: Melhor
80%
70% sobrar do que faltar. 2008 Disponível em:
60% <http://www.nutrociencia.com.br/upload_files/arquivos/Artigo%208
50% %20-%20Aproveitamento%20Integral%20dos%20Alimentos.doc>.
40% Acesso em: 03 julho 2015.
30%
20% 5-MONTEIRO, C.A; MONDINI, L.; SOUZA, A. L. M.; POPKIN,
10% B. M.. Da desnutrição para a obesidade: a transição nutricional no
0% Brasil. In: Monteiro, C.A. Velhos e novos males da saúde no Brasil:
Pão FSA Biscoito Bolinho Quiche a evolução do país e de suas doenças. São Paulo: Hucitec, 1995.
FSA CA CA/FSA 251p.
6-BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
Manual de hortaliças não-convencionais / Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília : Mapa/ACS, 2010. 92 p
7- KINUPP, V.F; BARROS, I.B.I. Riqueza de plantas alimentícias
não convencionais na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio
Gráfico 2- Percentual de aceitabilidade das preparações a base de Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências. Porto Alegre, V.
PANC (cariru e capeba) com crianças da creche de Manaus.2015 15, supl. 1, p. 63-65, 2007.
8. BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentos regionais brasileiros.
CO NCLUSÃO Brasília, DF, 2002. 140p
9. PINTO, N.A.V.D. Avaliação das folhas, limbos e caules da taioba
A importância da introdução de hortaliças não convencionais na (Xanthosoma sagittifolium Schott), visando seu aproveitamento na
alimentação de crianças é de extrema importância para o auxilio no alimentação humana. 1998. 98f. Dissertação (Mestrado) -
bom desenvolvimento e formação de bons hábitos alimentares, além Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1998
10- SESI. Programa Alimente-se bem: 100 receitas econômicas e
nutritivas. Serviço Social da Indústria. Brasília, 2007.
11-ANVISA. Cartilha sobre boas praticas para serviços de
alimentação. Resolução-RDC nº 216/2004, Brasília, 2004.
100 12- BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentos regionais brasileiros/
90 Adorei Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Coordenação-
80 Geral da Política de Alimentação e Nutrição. – 1. ed. – Brasília:
70 Gostei
Ministério da Saúde, 2002. 140 p
% 60
50 Indiferente 13-YUYAMA, L.K.O; AGUIAR, J.P.L.;YUYAMA,
40 Não gostei K.;.NAGAHAMA, D.; ALENCAR, F.H.; MARINHO, H.A.
30 Fruteiras da Amazônia. Potencial nutricional. Ed Inpa.2013. 96p
20 Detestei 14-PACHECO, M. T abela de equivalentes, medidas caseiras e
10 composição química dos alimentos. 2ª edição. In: Pacheco, Manoela.
0
Torta de Biscoito Mingau de Esfirra de Editora Rubbio. Rio de Janeiro, 2011.
frango com cookie com arroz com frango com 15-PHILIPPI, S.T. T abela de composição de alimentos suporte para
cariru farinha de farinha de capeba
capeba cariru
decisão nutricional, 4ª edição revisada. In: Philippi, Sonia
T ucunduva. Editora Manole. São Paulo, Barueri, 2013.
16-T ACO. Tabela brasileira de composição de alimentos / NEPA-
de resgatar os alimentos tradicionais, visto que as mesmas possuem UNICAMP. 4ª edição revisada e ampliada. Campinas – SP. 2011.
elevadores teores de macro e micronutrientes importantíssimos no 161 p.
desenvolvimento da criança. São bem aceitos, saudáveis, pois não 17-SESI. Programa Alimente-se Bem: tabela de composição química
têm agrotóxicos e são sustentáveis. O mesmo para o consumo das das partes não convencionais dos alimentos. Serviço Social da
partes não convencionais de hortaliças, contribuindo na redução de Indústria, São Paulo, 2008
possíveis carências nutricionais que afetam geralmente a parcela da 18-MONT EIRO, C. L. B. T écnicas de avaliação sensorial. 2.ed.,
população mais desprovida de recursos, auxiliando no custo Curitiba: CEPPA-UFPR, 1984, 101 p.
financeiro da família. Neste caso, a abóbora, que é um alimento
produzido no estado, de fácil acesso e que pode ser aproveitado
integralmente (sementes e cascas) na redução do índice de
desperdício de alimentos. Em relação à aceitabilidade das
preparações, fica evidente a ótima aceitabilidade das mesmas entre o
público infantil, o que torna viável a inclusão destas preparações na
alimentação diária das crianças, principalmente na alimentação
escolar.
AGRADECIMENTO S
Ao CNPq pelo financiamento do projeto processo nº 483794/2010-4
e aos alunos Jorge Wilkinson Martins Monteiro, Roberta Lorena
Dolzane da Silva, Valdenira Bezerra de Souza e Marta Mendonça de
Lima
REFERÊNCIAS
1-T ORRES, E. A. F.; CAMPOS, N. C.; DUART E, M.;
GARBELOT T I, M..L.; PHILIPPI, S. T .; RODRIGUES, R. S. M.
Composição centesimal e valor calórico de alimentos de origem
animal. Cienc. Tecnol. Aliment. Campinas ,v. 20, n. 2, p. 145-150,
2000.
2- GONDIM, J. A. M.; MOURA, M. F. V,; DANT AS, A. S.;
MEDEIROS, R. L. S.; SANT OS, K. M. Composição centesimal e de
minerais em cascas de frutas .Ciênc. Tecnol. Aliment. Rio Grande do
Norte, v. 25, n. 4, p. 825-827, 2005.
3- OLIVEIRA, A. M. G.; AQUINO, A. M.; CAST RO NETO, M. T .
Compostagem Caseira de Lixo Orgânico Doméstico. 2005.
Disponível em:
563
Gastronomia: da tradição à inovação
05770 Análise sensorial de biscoito de macaxeira sem glúten adicionado de ervas finas
Francisco Marques¹, Liana Mendes², Maria Barbosa³, Rita Barroso³, Aurenice Silva², Bruno Costa²
¹Mestrando PPGCTA, Universidade Federal do Ceará, e-mail: roberiomarques@alu.ufc.br
²Graduando(a) Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará
³Especialista em Vigilância Sanitária de Alimentos, Universidade Estadual do Ceará
Palavra-chave: doença celíaca; Manihota esculenta; aceitabilidade; intenção de compra.
INTRO DUÇÃO minutos. Por último foi adicionado o amido de milho manualmente
A doença celíaca é considerada uma enteropatia crônica autoimune; até atingir a consistência ideal da massa. Para modelagem dos
doença do trato intestinal caracterizada principalmente pela biscoitos utilizou-se uma manga com bico de confeitar em uma folha
inflamação do intestino delgado e induzida por intolerância à de silicone forrada com papel manteiga.
ingestão de alimentos que contenham proteínas do glúten Foram elaboradas três formulações, as quais diferiram entre si apenas
encontradas principalmente no trigo, aveia, centeio e cevada (1). em relação ao tempo de assamento do produto (T1 - 10 minutos, T2 -
Em dietas direcionadas para pessoas que possuem essa doença, os 15 minutos e T 3 - 20 minutos a ± 180ºC). Os biscoitos foram
alimentos que possuem glúten em sua composição devem ser acondicionados em potes de vidro previamente higienizados e
substituídos por outros, como por exemplo: batata, milho, soja, arroz hermeticamente fechados até o dia do teste sensorial.
e macaxeira, afim de que a dieta supra às necessidades nutricionais A análise sensorial foi realizada no LABSAN da Universidade
de acordo com a idade de cada individuo (2). Estadual do Ceará com 65 provadores não treinados e escolhidos
Contudo, a remoção de trigo da dieta por toda a vida se t orna um aleatoriamente. Para avaliar a aceitação entre as amostras, utilizou-se
grande desafio para os profissionais da área de alimentos uma vez uma escala hedônica de nove pontos para os atributos aparência, cor,
que produtos que fazem parte dos hábitos alimentares da população, aroma, sabor, textura e avaliação global, sendo os extremos valor 1
como pães, bolos, biscoitos, pizzas e massas, são normalmente equivalente ao termo hedônico “desgostei muitíssimo” e o valor 9
elaborados a partir da farinha de trigo (3). atribuído ao termo “gostei muitíssimo” (7). A intenção de compra do
O desenvolvimento de novas opções de produtos de panificação com consumidor foi analisada através da escala de 5 pontos, com variação
ingredientes alternativos à farinha de trigo torna-se algo cada vez entre “1 - certamente não compraria” e “5 - certamente compraria”
mais desejado por consumidores. Dentre os produtos de panificação, (8). Para obtenção do Índice de Aceitação (IA), foi utilizada a
os biscoitos são de grande interesse comercial devido às suas fórmula [IA = (médias das notas por atributo/9) × 100] (9).
características de produção, consumo, vida de prateleira e aceitação. Nos resultados aplicou-se análise de variância (ANOVA) para
Para ganhar espaço no mercado, as formulações de muitos desses verificar diferenças significativas entre as amostras ao nível de 5%
produtos vem sendo largamente modificada em termos de melhoria de significância pelo teste de T ukey (p>0,05).
da qualidade nutricional (4).
A macaxeira (Manihota esculenta) é rica em vitamina C, vitaminas RESULTADO S E DISCUSSÃO
do complexo B e possui funções variadas como aumento da
resistência do sistema imunológico; melhoria da qualidade da pele;
auxilia o metabolismo e a digestão de aminoácidos, gorduras e Os resultados com as médias das notas atribuídas no teste de
carboidratos, favorece o crescimento do corpo além de facilitar a aceitabilidade para os biscoitos de macaxeira são apresentados na
absorção de ferro (5). É rica em sais minerais como cálcio, ferro, T abela 2.
fósforo, potássio e possui um alto valor energético podendo chegar a
150cal / 100 g. É rica em amido possuindo a vantagem de poder ser T abela 2. Médias das notas conferidas aos atributos avaliados na
consumida por pessoas com restrição ao glúten (6). análise sensorial
Por isso, o aproveitamento de produtos derivados da macaxeira na
alimentação humana é uma excelente estratégia para aumentar o Atributos T1 T2 T3
valor nutricional e conferir características funcionais aos produtos 4,25 a ± 0,84 6,07 b ± 0,13 7,6 c ± 0,51
CO R
isentos de glúten, sem elevar o preço de custo, consequentemente,
sem denegrir a competitividade. ARO MA 3,8 a ± 0,50 6,89 b ± 1,21 7,47 b ± 1,33
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo desenvolver
biscoito de macaxeira sem glúten adicionado de ervas finas e avaliar SABOR 4,30 a ± 1,72 6,11 b ± 1,20 6,55 b ± 1,01
suas características sensoriais de aceitabilidade e intenção de compra. TEXTURA 3,44 a ± 1,19 6,05 b ± 0,38 7,39 c ± 0,33
Valores apresentados como: média ± desvio padrão
METO DO LO GIA Médias seguidas pela mesma letra na mesma linha, não diferem ao nível de 5%
de significância pelo teste Tukey, (p>0,05)
As matérias-primas para a elaboração dos biscoitos foram adquiridas
no comércio local da cidade de Fortaleza-Ce. O desenvolvimento do Para o atributo Cor, houve diferença estatística significativa (p>0,05)
produto ocorreu no Laboratório de Desenvolvimento de Pesquisa e entre os três tratamentos. O tratamento T 3 apresentou a maior média
Produtos do Centro Regional de T reinamento em Moagem e para esse atributo de 7,6 que corresponde a ‘gostei moderadamente’.
Panificação (CERTREM) e a elaboração do produto se deu a partir Este resultado possivelmente está relacionado com o tempo de
da mistura dos ingredientes (macaxeira cozida e prensada, margarina, assamento do produto (10). Em um estudo sensorial semelhante a
gema de ovo, mix de ervas finas, sal e amido de milho) nas este realizado por Mariani et al (11) mostrou-se que os produtos com
proporções descritas na T abela 1. a coloração mais escura teve um grau de aceitação maior pelo
consumidor.
T abela 1. Ingredientes e quantidades utilizadas na formulação Nos atributos Aroma e Sabor não houve diferença significativa
dos biscoitos (p>0,05) entre os tratamentos T2 e T 3, embora, no atributo Aroma, o
Ingre dientes Q uantidade produto T3 tenha sido destacado com média 7,47. Entretanto, houve
Macaxeira (cozida e prensada) 120g uma considerada rejeição quanto ao tratamento T 1 para estes
Margarina 200g mesmos atributos com médias 3,8 e 4,30 respectivamente, que
Gema de Ovo 36g correspondem a ‘desgostei moderadamente’ e ‘desgostei
Amido de Milho 380g ligeiramente’ na escala. De acordo com Araújo (10) o tempo de
Sal 1g assamento é essencial para o desenvolvimento de compostos voláteis
Mix Ervas finas 10g que conferem flavor a muitos alimentos, inclusive aos produtos de
panificação.
O preparo seguiu-se conforme descrito a seguir: homogeneizou-se Quanto à T extura, houve diferença significativa entre os três
uma emulsão de margarina com a macaxeira em batedeira planetária tratamentos. T endo o T 3 a maior média 7,39 - gostei
da marca Wallita (220v) por um tempo de 3 min em velocidade moderadamente; e T 1 a média 3,44 - desgostei moderadamente.
constante, acrescentou-se, respectivamente, o mix de ervas finas e o Resultados semelhantes discutidos no trabalho de Silva et al (12),
sal. Prosseguiu-se com processo de homogeneização por mais 3
564
Gastronomia: da tradição à inovação
corroboram que o tempo de assamento do produto é essencial para 1. Polanco, I. Celiac disease. Journal of Pediatric Gastroenterology
uma boa aceitação deste atributo. and Nutrition , Madri, v. 47, p. S3-S6, 2008.
A aceitação global e a atitude de compra são apresentadas na T abela 2. Faro, H.C. Doença celíaca: revisão bibliográfica . 2008. 95 f.
3 logo abaixo. Monografia (Especialização em Pediatria) - Hospital Regional da
Asa Sul, Brasília, 2008.
3. Larosa, G.; Rossi, E.A.; Barbosa, J.C.; Carvalho, M. R.B.
T abela 3. Resultados das médias de aceitação global e atitude de Aspectos sensoriais, nutricionais e tecnológicos de biscoito doce
compra contendo farinha de “okara”. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v.
T1 T2 T3 17, n. 2, p. 151-157, 2006.
4. Perez, P.M.P.; Germani , R. Elaboração de biscoitos tipo salgado,
Ace itação Global 2,34 a ± 1,02 6,05 b ± 1,02 6,22 b ± 0,92 com alto teor de fibra alimentar, utilizando farinha de berinjela
(Solanum melongena, L. ). Ciência e T ecnologia de Alimentos,
Inte nção de Compra 1,58 a ± 1,26 3,67 b ± 1,00 4,18 b ± 0,25
Campinas, v. 27, n. 1, 186-192, 2007.
Valores apresentados como: média ± desvio padrão
Médias seguidas pela mesma letra na mesma linha, não diferem ao nível de 5%
5. Escouto, L.F.S. Development of the Breadmaking Product at Basis
de significância pelo teste Tukey, (p>0,05) of Cassava Driving at the Hypersensitive at the Gluten. Botucatu,
2000. 139p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia na
No resultado para Aceitação global não houve diferença estatística Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade
significativa (p>0,05) entre os tratamentos T 2 e T 3. Resultado Estadual Paulista, 2000.
semelhante pode ser notado em um estudo dirigido por Miamoto 6. Gomes, P.T .C. Avaliação de características nutricionais da
(13), cuja média de aceitação global ficou entre 5 e 6. Tais resultados mandioca e de seus híbridos interespecíficos. Julho/2010. 85p.
demonstram que, apesar de influenciar as características de aroma, Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana) – Departamento de
cor e sabor, o tempo de assamento do produto não afeta na aceitação Nutrição, Universidade de Brasilia, Distrito Federal. 2010.
global do mesmo. Através dos resultados obtidos, o tempo de 7. Chaves, J.B.P.; Sproesser, R.L. Práticas de laboratório de análise
assamento entre 15 e 20 min/180°C mostraram-se mais desejáveis. sensorial de alimentos e bebidas. Viçosa: UFV, 2005.
Embora não houvesse diferença estatística significativa entre os 8. Meilgaard, M.R.; Civille, G.V.; Carr, B.T . Sensory evaluation
tratamentos T 2 e T 3 no resultado para Intenção de Compra, as techniques. 4ª ed. Boca Raton, FL: CRC Press, 2007, 448p.
médias para os tratamentos foram de 3,67 e 4,18 respectivamente, 9. Dutcosky, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba:
correspondendo a ‘Tenho duvidas se compraria’ e ‘Provavelmente Champagnat, 2013.
compraria’. Evidenciando que o tratamento T 3 seria o com maior 10. Araújo, J.M.A. Quimica de Alimentos: T eoria e prática. 4° ed.
potencialidade de compra. Viçosa: UFV, 2008.
11. Mariani, M.; Oliveira, V.R.; Faccin, R.; Rios, A.O.; Venzke, J.
CO NCLUSÃO G. Elaboração e avaliação de biscoitos sem glúten a partir de farelo
de arroz e farinhas de arroz e de soja. Brazilian Journal of Food
Por meio dos resultados obtidos no presente estudo, conclui-se que T echnology, Campinas, v. 18, n. 1, p. 70-78, jan./mar. 2015.
os biscoitos de macaxeira isentos de glúten obtiveram boa aceitação 12. Silva, E.F.; Escouto, L.F.S.; Machado, F.M.F.V. Avaliação
dos potenciais consumidores. Diferentes tempos de assamento físico-sensorial de biscoito sem glúten a base de farinha de
influenciaram nas características sensoriais dos produtos; os Mandioca. In: XIII Congresso Brasileiro de Mandioca, 2009,
biscoitos mais bem aceitos foram aqueles que apresentaram tempo de Botucatu, SP, Anais Inovações e desafios, Botucatu:
assamento entre 15 e 20 minutos. CERAT /UNESP, pg. 826 – 831.
13. Miamoto, J.B.M. Obtenção e Caracterização de biscoito tipo
REFERÊNCIA cookie elaborado com farinha de inhame (Colocasia esculenta L.).
Lavras, 2008. Cap.4, 110p. Dissertação (Mestrado em Ciência dos
Alimentos) – Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. 2008.
565
Gastronomia: da tradição à inovação
Flávia Martins¹, Alfredina Araújo 3 , Ricélia Sales², Moisés Neto 1 , Joana Silva1 , Sabrina Sousa 1
Os abacaxis utilizados deste estudo foram adquiridos em feira livre Tabela 2. Teores médios para cada atributo das duas formulações
no município de Pombal/PB e encaminhados para o preparo, onde de sucos.
foram previamente higienizados e despolpados.
566
Gastronomia: da tradição à inovação
567
Gastronomia: da tradição à inovação
Marliana Sena¹, Francisca Castro¹, Sâmia Santos¹, Fausto Bezerra 2 , Thamyres Monteiro 3 , Rafaella Sampaio 4 .
Devido à procura por qualidade de vida através de uma alimentação Através do método de ordenação preferência de amostra por Newel e
saudável a população vem buscando alimentos que tragam algum MacFarlane foi possível observar que houve preferência estatística
benefício adicional. entre os produtos elaborados, com um nível de confiança de 99%, de
Os alimentos funcionais contem em sua composição alguma acordo com o valor de diferença crítica de 51 (9), sendo a diferença
substância biologicamente ativa que ao ser adicionada a uma dieta encontrada de 58 entre a amostra A (0% de adição de farinha) e D
usual desencadeia processos benéficos no organismo resultando em (20% de adição de farinha). O resultado encontrado no presente
redução do risco de doenças e manutenção da saúde (1,2), como por estudo difere de estudos utilizando este mesmo ingrediente, como o
exemplo, a farinha da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis) realizado por Ando et al. (10), que elaboraram cookie diet a base de
(3) e o chocolate. farinha da casca do maracujá e as melhores amostras, na opinião dos
A farinha das cascas do maracujá amarelo é constituída basicamente provadores, foram as que apresentaram menor teor da farinha. Como
por carboidratos, proteínas e pectinas, uma fração de fibra solúvel, também em outro estudo, utilizando a adição de farinha da casca do
que pode alterar o tempo de esvaziamento gástrico; aumentar o poder maracujá (5%, 7,5% e 10%) em bolos de milho com aveia, onde foi
de saciedade; retardar o tempo de absorção dos carboidratos simples; possível observar que a formulação com adição de 5% de farinha da
ajudar a normalizar a glicose sanguínea, os níveis de insulina; bem casca do maracujá foi a mais aceita em relação às demais e que o
como complexar os sais biliares e o colesterol aumentando sua aumento da concentração dessa farinha nas diferentes formulações
excreção, promovendo também redução dos níveis de LDL diminuiu a aceitação do produto (11). T ambém em uma pesquisa
circulante (4,5). realizada por Vieira (12), que avaliou a aceitação de bolos elaborados
Já o chocolate que é um produto de baixa rejeição (6), contém com 5% e 10% de farinha de casca de maracujá, onde os mesmos
substâncias polifenólicas, especialmente catequinas e procianidinas não apresentaram diferença significativa entre as amostras
(7), que contribuem para a elevação do colesterol HDL e diminuição analisadas, contudo, o bolo contendo uma menor quantidade de
da susceptibilidade de LDL à oxidação, o que conduz a uma farinha garantiu maior aceitabilidade do produto. Assim,
diminuição da incidência de doença aterosclerótica (7,8,5). comparando com os outros estudos citados, a presente pesquisa
Diante dos diversos benefícios atribuídos a farinha da casca do obteve uma maior preferência pelos chocolates com concentrações
maracujá e ao chocolate e o seu aproveitamento, pretendeu-se mais elevadas de farinha do maracujá.
elaborar um produto de grande valor nutricional, que traga benefícios A maior preferência pelo chocolate que continha maior concentração
adicionais e seja uma opção a quem tem restrição ao consumo de de farinha pode estar relacionado com uma maior crocância que esta
chocolates como é o caso dos diabéticos. Portanto, este trabalho teve conferiu ao chocolate, semelhante com a conferida pelos chocolates
como objetivo analisar a preferencia de chocolates elaborados com já existentes no mercado, como os adicionados de amendoim,
diferentes concentrações de farinha da casca do maracujá. castanhas e farinha de arroz por exemplo.
A maioria 40 (50%) dos provadores revelou ter gostado muitíssimo
MÉTO DO S dos chocolates com adição de farinha, o que mostra uma boa
aceitação global do chocolate, semelhante ao estudo feito com
Foi realizado um estudo do tipo transversal, quantitativo, de caráter cookies diets onde os provadores mostraram ter gostado muito das
experimental, no qual foram elaborados e analisados chocolates com amostras degustadas (10) (Gráfico 1).
diferentes concentrações de farinha da casca do maracujá.
Para o desenvolvimento do trabalho foi necessária a participação Gráfico 1. Aceitação global dos chocolates elaborados, Fortaleza,
voluntária e aleatória de 80 provadores, entre 18 a 50 anos, que 2015.
estudassem ou trabalhassem na instituição. Durante a coleta de
dados, os provadores responderam a formulários contendo as escalas:
de frequência de consumo, de ordenação-preferência de amostra,
hedônica e de intenção de compra, no Laboratório de Análise
Sensorial do Centro Universitário Estácio do Ceará.
As amostras foram servidas de forma, aleatória, codificadas com
números de quatro dígitos. Foram utilizadas quatro formulações
contendo chocolate meio amargo e as seguintes concentrações de
farinha da casca do maracujá: formulação padrão, sem adição da
farinha da casca do maracujá, e formulações com adição de 10%,
15% e 20% da farinha.
Baseado nos resultados obtidos na análise sensorial, os dados foram
tabulados. A interpretação de dados foi realizada de forma descritiva,
levando em consideração as repostas dos formulários. Os dados
foram analisados pelo programa Excel Windows e os resultados
apresentados através de gráficos e discutidos conforme a literatura
pertinente.
O estudo foi submetido à Plataforma Brasil, tendo sido aprovado
pelo Comitê de Ética do Centro Universitário Estácio -FIC (Nº do
Gráfico 2. Intenção de compra dos chocolates elaborados, Fortaleza,
parecer de aprovação – 1.342.239).
Em relação à intenção de compra a maioria 66 (82,5%) dos
provadores comprariam os chocolates adicionados de farinha e o
restante 14 (17,5%) provavelmente comprariam o que não aconteceu
568
Gastronomia: da tradição à inovação
com os bolos elaborados por Vieira (12), onde a maioria dos 2. Ikeda, A.A., Moraes, A., Mesquita, G. Considerações sobre
provadores escolheu as opções “provavelmente não compraria” e tendências e oportunidades dos alimentos funcionais. Rev. P&D em
“ tenho dúvida se compraria”, mostrando uma maior aceitação da eng de prod. 8(2):40-56, 2010.
adição da farinha da casca do maracujá em chocolates do que em 3. Zeraik, M.L., Pereira, C.A.M., Zuin, V.G., Yariwake, J.H.
bolos (Gráfico 2). Maracujá: um alimento funcional. Rev. Bras. de Farmacogn. 20(3):
459-471, 2010.
Gráfico 2. Intenção de compra dos chocolates elaborados, 4. Galisteo, M., Duarte, J., Zarzuelo, A. Effects of dietary fibers on
Fortaleza, 2015. disturbances clustered in the metabolic syndrome. J Nutr Biochem
19(2):71-84, 2008.
5. Lima, H.M. Farinha da casca de maracujá associada ao exercício
físico no controle da lipidemia de ratas. 2014
6. Sato, C.C.M., Pépece, O.M.C. Fatores motivadores do consumo de
chocolates finos no Brasil. Rev. Eletr de Adm. 12(2):157-171, 2013.
7. ABICAB. História do cacau ao chocolate. Disponível em:
http://www.abicab.org.br/associado-chocolate-e-cacau/historia.
8. Baba, S., Osakabe, N., Kato, Y., Natsume, M., Yasuda, A., Kido,
T ., Fukuda, K., Muto, Y., Kondo, K. Continuos intake of
pholyphenolic compounds containg cocoa powder reduces LDL
oxidative susceptibility and has beneficial effects on plasma HDL-
cholesterol concentrations in humans. AM J Clin Nutr.
85:709-717, 2007.
9. Newell, G.J., Macfarlane, J.D. Expanded tables for multiple
Conclusão
comparison procedures in the analysis of ranked data. J. Food Sci.
Diante disso viu-se que os chocolates com maior concentração de 52(6):1721-1725, 1987.
farinha da casca do maracujá são mais preferidos, o que mostra que 10. Ando, N., Postal, C., Zambrano, F., Rigo, M., Conceição,
este produto de grande valor nutricional pode ser comercializado, a W.A.S., Coutinho, M.R. Elaboração de cookie diet com farinha de
fim de, trazer maiores benefícios aos consumidores de ch ocolate. casca de maracujá-amarelo. XVI Encontro Anual de IC
PIBIC/CNPq, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava,
CO NCLUSÃO Paraná. 2007.
11. Maia, S.M.P.C. Aplicação da farinha de maracujá no
Com este estudo pode-se concluir que os chocolates adicionados de processamento do bolo de milho e aveia para fins especiais
farinha do maracujá foram bastante aceitos, o que mostra que este [Dissertação]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará – UFC;
produto de grande valor nutricional pode ser comercializado, a fim 2007.
de, trazer maiores benefícios aos consumidores de chocolate. 12. Vieira, C.F.S., Martins, G.A.S., Borges, S.V., Carneiro, J.D.S.,
Reges, I.S. Utilização de farinha de casca de maracujá amarelo em
REFERÊNCIAS bolo. Enciclopédia Biosfera. 6(11):1-10, 2010.
569
Gastronomia: da tradição à inovação
Amana Sitônio 1 , Jeneeyre Maciel1 , Ana Raquel Lima 1 , Larissa Raphaela Feitosa 2 , Emilia da Silva 1 , Mabel Batista1
As bebidas lácteas fermentadas são produtos obtidos a partir T abela 1 – Formulações das bebidas lácteas fermentadas elaboradas
da mistura leite e soro de leite, devendo ser submetidas à
fermentação, por ação de cultivos lácticos específicos e/ou Formulações (%) F1 F2 F3
adicionadas de leite fermentado. Outros ingredientes podem ser Leite pasteurizado 80 70 60
acrescentados à formulação dessas bebidas tais como açúcar e polpa Soro de leite
de frutas, desde que a base láctea represente pelo menos 51% do total 20 30 40
pasteurizado
de sólidos do produto (1). Açúcar 14,5 14,5 14,5
A substituição parcial do leite por soro de leite na Polpa de graviola (%) 10,5 10,5 10,5
formulação das bebidas lácteas oferece vantagens econômicas e se Fermento lácteo (%) 4,0 4,0 0,04
constitui como excelente alternativa de aproveitamento desse
importante resíduo da produção de queijos, evitando assim o seu Processo de elaboração das bebidas lácteas fermentadas
descante e efeito poluente (2). Quanto aos níveis de adição de soro
de leite, a decisão fica a critério do fabricante, que deve considerar os Inicialmente, a mistura composta por leite, soro de leite e
requisitos de qualidade previstos na legislação (3), bem como a açúcar foi pasteurizada a 90°C, por 10 minutos e, em seguida,
aceitação sensorial dos produtos obtidos. resfriada até 45°C. Posteriormente, essa mistura foi adicionada da
Nos últimos anos foram realizados diversos estudos sobre cultura lática mista, composta por Streptococus thermophilus,
aceitação sensorial de bebidas lácteas fermentadas com o objetivo de Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium , disposta em béqueres
estabelecer a melhor concentração de soro de leite a ser usada nas de 2 litros e mantidas em banho-maria a 45°C ± 0,2, por 4-5 horas,
formulações. até que o pH atingisse valores em torno de 4,6.
Com base nesses estudos, foram recomendadas diferentes Após a fermentação, a base resultante foi refrigerada a 4°C,
concentrações de soro de leite, dependendo da polpa de fruta usada. por 24 horas, sendo posteriormente submetida a quebra do coágulo e
Para bebidas lácteas adicionadas das polpas de manga e cajá foi adição da polpa adoçada, sob agitação lenta. Por fim, as bebidas
recomendada a concentração de 40%, enquanto para as bebidas com foram acondicionadas em garrafas plásticas de 1,0L (sanitizadas e
sabor morango e umbu 50% e 60%, respectivamente (4,5,6,7). Os identificadas) e armazenadas sob refrigeração a 4°C, até o momento
atributos avaliados com maior frequência foram a aparência, cor, das análises.
sabor e textura das bebidas, bem como a aceitação global (8).
As frutas têm sido adicionadas à formulação das bebidas Avaliação microbiológica das bebidas lácteas fermentadas
lácteas com o objetivo de melhorar as características de aroma e Para garantir a segurança dos julgadores, as bebidas
sabor, resultando no aumento da aceitabilidade (5). A prática de usar elaboradas foram submetidas às seguintes análises microbiológicas:
somente frutas deveria ser estimulada ao invés de sua associação a determinação do NMP de coliformes totais e de coliformes
corantes e aromatizantes, pois além destas incrementarem o valor termotolerantes e pesquisa de Salmonella. Essas análises foram
nutricional das bebidas evitam problemas decorrentes do uso desses realizadas de acordo com a metodologia descrita pelo MAPA (11).
aditivos, em pessoas alérgicas (9).
Nessa pesquisa, o objetivo foi estabelecer a melhor Análise Sensorial
concentração de soro de leite a ser adicionada à formulação de As três formulações de bebidas lácteas fermentadas
bebidas lácteas fermentadas elaboradas com polpa de graviola e elaboradas foram submetidas, 24 horas após o processamento, aos
identificar os atributos sensoriais que mais influenciam na aceitação testes sensoriais de aceitação por escala hedônica (165/IV), de
desses produtos. acordo com a metodologia recomendada pelo Instituto Adolfo Lutz –
IAL (BRASIL, 2005) (12). Esse teste foi conduzido com 60
Material e métodos provadores não treinados, de ambos os gêneros, com idade variando
entre 18 e 45 anos e as amostras foram servidas de forma monádica,
em copos descartáveis codificados com três dígitos aleatórios,
Material
acompanhadas de ficha de avaliação e um copo com água mineral
Os ingredientes usados na elaboração das bebidas lácteas
(13).
fermentadas com polpa de graviola foram os seguintes: leite e soro
As amostras foram avaliadas quanto à avaliação global e aos
de leite pasteurizado, açúcar cristal, fermento láctico Rich (Christian
atributos aparência, sabor e consistência, utilizando uma escala
Hansen, São Paulo) e polpa de graviola. O soro de leite e a polpa de
hedônica de 9 pontos, com escores variando de 9 (gostei
graviola foram preparados em laboratório, enquanto os demais
extremamente) até 1 (desgostei extremamente). O critério adotado
ingredientes foram adquiridos no mercado local, juntamente com as
para aceitação das bebidas lácteas foi obtenção de médias iguais ou
três marcas comerciais de bebidas lácteas fermentadas com polpa de
superiores a 6,0 (14).
graviola.
O teste de aceitação foi realizado após aprovação pelo
O soro de leite, obtido a partir da produção de queijo Minas
Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da
frescal (10), foi pasteurizado a 65°C por 30 minutos, resfriado até
UFPB (protocolo nº 070/2011 e CAAE n° 1127.0.000.462-11) e
10°C, estocado em frascos de vidro esterilizados e mantido sob
todos os voluntários assinaram um T ermo de Consentimento Livre e
refrigeração até o momento do uso. Para a obtenção da polpa de
Esclarecido.
graviola, foram realizadas as seguintes etapas: seleção, higienização,
descascamento e despolpa, utilizando-se peneira de 1,0 mm (20
Análise estatística
mesh) de abertura. As polpas foram adoçadas na proporção 70:30
Os resultados do teste de aceitação das três formulações de
(polpa:açúcar), aquecidas a 90°C durante dois minutos, e mantidas
bebidas lácteas fermentadas elaboradas foram submetidos à Análise
sob refrigeração até o momento do uso.
de Variância e teste de T ukey, a um nível de significância de 5%.
Foram elaboradas três formulações de bebidas lácteas
Ainda, foi determinado o percentual de aceitação das amostras, com
fermentadas adicionadas de diferentes concentrações de soro de leite
base na distribuição de frequência dos escores situados no intervalo
(20%, 30% e 40%) sendo identificadas como F1, F2 e F3
de 6 a 9 (gostei ligeiramente a gostei muitíssimo) (14).
respectivamente. As formulações das bebidas lácteas fermentadas
elaboradas estão descritas na T abela 1.
570
Gastronomia: da tradição à inovação
Resultados e discussão aceitação abaixo de 80%. Nos demais atributos e na avaliação global,
Avaliação microbiológica das bebidas lácteas fermentadas todas as amostras apresentaram percentual de aceitação acima desse
elaboradas valor.
Os resultados das análises microbiológicas demonstraram
que as amostras das três bebidas elaboradas estavam aptas ao Conclusões
consumo por não apresentarem Salmonella, e coliformes
termotolerante teve resultado inferior ao preconizado pela legislação As bebidas lácteas fermentadas com polpa de graviola e
(1). com adição de até 40% de soro de leite foram bem aceitas,
especialmente quanto ao sabor, entretanto, deverão ser melhoradas
Avaliação Sensorial das bebidas lácteas fermentadas quanto a consistência, o que deve ser proposto nas próximas
Os resultados do teste de aceitação para as três formulações pesquisas realizadas com essas bebidas.
de bebidas lácteas fermentadas elaboradas com polpa de graviola
estão descritos na T abela 2.
Referências
T abela 2 - Escores médios e desvios padrão referentes aos atributos
1. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
sensoriais das bebidas lácteas elaboradas no sabor graviola.
Abastecimento. Instrução normativa n° 16 de 23 de agosto de 2005.
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Bebida Láctea.
Avaliação Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 de agosto de 2005, Seção
Formulações Aparência Consistência Sabor
Global 1. p.7.
2. CAPIT ANI, C.D.; PACHECO, M.T.B.; GUMERATO, H.F. et
F1 7,2 a ± 1,5 6,4 b ± 1,7 7,4 a ± 1,6 7,2 a ± 1,3 al. Recuperação de proteínas do soro de leite por meio de
coacervação com polissacarídeo. Pesq. Agropec. Bras., v.40, p.1123-
F2 7,5 a ± 1,0 6,8 ab
± 1,6 7,3 a ± 1,4 7,3 a ± 1,3
1128, 2005.
F3 7,4 a ± 1,1 7,1 a ± 1,4 7,4 a ± 1,2 7,4 a ± 1,1 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) Resolução da Diretoria Colegiada
Média ± desvio padrão das análises realizadas com 60 provadores (RDC) nº 269 de 22 de setembro de 2005. Regulamento T écnico
por sessão. sobre a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de proteína, vitaminas e
*Médias seguidas de letras iguais, na coluna, não diferem minerais. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 23
significativamente entre si, pelo teste de T ukey, a p>0,05; *Escala de setembro de 2005. Seção 1.
hedônica de nove pontos desde 9=gostei extremamente a 1=desgostei 4. SANT OS, C. T .; COST A, A. R.; FONT AN, G. C. R.;
extremamente. FONT AN, R. da C. I.; BONOMO, R. C. F. Influência da
F4, F5 e F6: Se referem as formulações de bebidas lácteas concentração de soro na aceitação sensorial de bebida láctea
fermentadas, sabor graviola, com 20%, 30% e 40% de soro de leite, fermentada com polpa de manga. Alim. Nutr., v.19, n.1, p. 55-60,
respectivamente. 2008.
5. GUEDES A.F.L.M.; MACHADO, E.C.L.; FONSECA, M.C.;
T odas as formulações foram aceitas, obtendo escores ANDRADE, S.A.C.; ST AMFORD, T.L.M. Aproveitamento de soro
médios acima de 6,0 na avaliação global e nos três atributos lácteo na formulação de bebidas com frutas e hortaliças. Arq. Bras.
avaliados, também foi observado que as formulações somente Med. Vet. Zootec., v.65, n.4, p.1231-1238, 2013.
diferiram no atributo consistência. A amostra com 20% de soro de 6. Santos; C. T .; Marques, G. M. R.; Fontan, G. C. Reis; Font an,
leite apresentou menor aceitação que a de 40%, resultado não era R. da C. I.; Bonomo, R. C. F.; Bonomo, P. Elaboração e
esperado, tendo em vista que 20% dos provadores relataram a caracterização de uma bebida láctea fermentada com polpa de umbu
necessidade de aumentar a consistência das três amostras. (spondias tuberosa sp.). Revista Brasileira de Produtos
Possivelmente, houveram falhas na fermentação ou na quebra do Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.111 -118, 2006
coágulo da bebida com 20% para deixá-las mais líquidas que as de 7. Ramos, A.C.S.M., Stamford, T.L.M, Machado, E.C.L, Lima,
40%. Em outras pesquisas já havia sido demonstrada a maior F.R.B, Garcia, E.F, Andrade, S.A.C, Silva, C.G.M. Elaboração de
preferência do consumidor brasileiro por bebidas lácteas fermentadas bebidas lácteas fermentadas: aceitabilidade e viabilidade de culturas
mais consistentes (4). Outro elemento da textura percebido de forma probióticas. Semina: Ciências Agrárias, v.34, n.6, p.2817-2828,
negativa foi a falta de homogeneidade, que pode ter ocorrido devida 2013.
a presença de fragmentos de fruta e também pela redução do teor de 8. GOMES, R. G.; PENNA, A. L. B. Características reológicas e
caseínas, que pode promover o aparecimento de pequenos grumos sensoriais de bebidas lácteas funcionais. Semina, v. 30, n. 3, p. 629-
(4). 646, 2009
As formulações de bebida láctea fermentada elaboradas no 9. Honorato, T. C.; Batista, E.; do Nascimento, K. de O.; Pires,
sabor graviola, também foram avaliadas quanto as percentagens de T . Aditivos alimentares: aplicações e toxicologia. Revista Verde, v.
aceitação (escores de 9 a 6), neutro (escore 5) e rejeição (escores de 4 8, n. 5, p. 01 – 11, dez. 2013.
a 1) dos três atributos avaliados e aceitação global (T abela 3). 10. GOMES. J, P; PRUDÊNCIO, S, H.; SILVA, R. S.S. F. Queijo
tipo minas frescal com derivados de soja: características físicas,
T abela 3 – Percentagens de aceitação, indiferença e rejeição das químicas e sensoriais, Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 30, p.
bebidas lácteas fermentadas elaboradas no sabor graviola, quanto aos 77-85, 2010.
três atributos avaliados e para avaliação global. 11. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Instrução normativa n° 16 de 23 de agosto de 2005.
Aparência Consistência Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Bebida Láctea.
Atributos Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 de agosto de 2005, Seção
F1 F2 F3 F1 F2 F3 1. p.7.
12. BRASIL. Instituto Adolfo Lutz. Métodos Físico-Químicos
Aceitação (%) 90 96,7 98,3 76,7 81,7 91,7
para análise de Alimento. Brasília. IV ed. 2005.
Sabor Aceitação Global 13. FARIA, E. V.; YOT SUYANAGI, K. T écnicas de Análise
Atributos Sensorial. Campinas: IT AL/LAFISE, 2002. 116 p.
F1 F2 F3 F1 F2 F3 14. BÁRCENAS, M. E; ROSELL, C. M. Different approaches for
improving the quality and extending the shef life of the partially
Aceitação (%) 88,3 90 93,3 91,7 90 96,7
baked bread: low temperture and HPMC addition. Journal of Food
Engineering, v.72, n. 1, p.92-99, 2006.
Com base nessa distribuição de frequência das notas
atribuídas pelos provadores, novamente se observa o menor
desempenho das bebidas com 20% de soro de leite quanto ao atributo
consistência, tendo somente essa amostra apresentado percentual de
571
Gastronomia: da tradição à inovação
Cristiane Muniz1 , Brenda Santos 1 , Maria Gorette Oliveira 1 , Rafaela Guedes 1 , Tássia Maciel1 , Ingrid Guerra 2
572
Gastronomia: da tradição à inovação
aparência, cor, odor, sabor, textura e avaliação global, utilizando-se Figura 2 - Intenção de compra dos cupcakes de banana
uma escala hedônica estruturada mista de nove pontos ancorados em
1= Desgostei muitíssimo, 5= Nem gostei/nem desgostei e 9= Gostei
muitíssimo. Por fim, o questionário apresentava o teste de intenção
de compra, empregando-se a escala estruturada de cinco pontos (5=
compraria; 4= possivelmente compraria; 3= talvez comprasse/ talvez
não comprasse; 2= possivelmente não compraria e 1= jamais
compraria). Por se tratar de testes com seres humanos o projeto foi
submetido ao Comitê de ética em Pesquisa do CCS/UFPB sendo
aprovado com o protocolo número 98740/2015.O delineamento
experimental utilizado foi inteiramente casualizado com três
tratamentos e três repetições. Os resultados obtidos nas análises
foram submetidos à análise da variância (ANOVA) univariada, e os
tratamentos estatisticamente diferentes foram comparados através do
teste de T ukey ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05). As análises Pelos dados obtidos observa-se que os todos os cupcakes foram bem
foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SigmaStat pontuados na intenção de compra: 76% para farinha de banana verde,
versão 3.5 (7). 81% para a formulação das duas farinhas e 89% com farinha de trigo
comum. Mesmo tendo sido a maior pontuação obtida na formulação
RESULT ADOS E DISCUSSÃO tradicional com farinha de trigo, podemos observar que inserir a
Na caracterização sensorial dos cupcakes de banana (T abela 2), farinha de banana verde em parte, ou mesmo utilizá-la como única
observa-se que todas as formulações obtiveram escores semelhantes farinha possibilitou uma intenção de compra considerável pelos
para os atributos odor, sabor, textura e avaliação global, não havendo consumidores, ultrapassando a aceitação obtida no estudo de Sotiles
diferença significativa (p>0,05). Não houve diferença estatística et al. (8). T odavia, pode-se dizer que há uma escassez de material
entre os cupcakes de farinha de banana verde (FBV) e a mistura relacionada à FBV e análise de intenção de compra.
(FBV+FT ) em nenhum dos atributos avaliados, assim como entre os
cupcakes de farinha de banana verde (FBV) e farinha de trigo (FT ). CONCLUSÕES
Por outro lado, as formulações da mistura FBV+FT se diferenciaram Pode-se destacar que os cupcakes com FBV, seja na sua totalidade
da formulação FT , onde esta última obteve escore superior nos ou em parte, obtiveram boa aceitação entre os pro vadores, com
atributos aparência e cor se comparada à mistura. T odas as equivalência estatística para sabor, odor, textura e avaliação global
formulações foram bem aceitas, obtendo notas superiores ao ponto em relação ao cupcake tradicional. Os bons escores de intenção de
neutro (5) em todos os atributos avaliados. Sotiles et al (8) avaliou compra sugerem um potencial mercadológico para os cupcakes de
sensorialmente duas amostras de cookies preparados com farinha de FBV, podendo atender a crescente demanda por alimentos livres de
banana verde e alpiste (em quantidades iguais), com formulações de glúten e também ser uma opção de lanche mais saudável, ao mesmo
18% e 30% em relação a farinha de trigo, ambas apresentaram boa tempo saboroso. Além disso, o uso da FBV também valoriza os
aceitação sensorial. Wang et al (9) testou biscoitos de mandioca, produtos e mãos de obra locais e aumenta as possibilidades de
populares na Ásia, com porcentagem entre 10 e 50 em relação a utilização da fruta. Atingindo os objetivos do est udo, a análise
farinha tradicional (mandioca), o teste de aceitação decresceu em sensorial consolida que a formulação desenvolvida com 100%
relação a cor, aparência e textura, porém a avaliação global foi farinha de banana verde está apta a ser desenvolvida e
estatisticamente similar até 40% da FBV em relação ao tradicional. comercializada.
A adição de FBV também foi encontrada em formulações de sorvete,
cujos resultados foram satisfatórios, porém com o acréscimo de REFERÊNCIAS
apenas 1 e 2% da FBV (10). Ressaltando que nestes estudos a 1. Ramos, D. P., Leonel, M., Leonel, S. Amido resistente em farinhas
porcentagem de farinha de banana verde nas preparações não atingia de banana verde. Alim. Nutr., 20, 479-483, 2009.2. Lobo, A.R.,
a totalidade de farinha ou não se tem a isenção da tradicional. Lemos Silva, G.M. Amido resistente e suas propriedades físico -
químicas. Rev. Nutr., 16, 219-226, 2003.3. Borges, A. M., Pereira, J.,
T abela 6 - Escores médios e desvios-padrão dos atributos sensoriais Silva Júnior, A., Lucena, E. M. P., Sales, J. C. Estabilidade da pré-
dos cupcakes elaborados com Farinha de banana verde, Farinha de mistura de bolo elaborada com 60% de farinha de banana verde.
banana verde + farinha de trigo e farinha de trigo Ciênc. agrotec., 34, 2010.4.Borges, A. M., Pereira, J., Lucena, E. M.
P. Caracterização da farinha de banana verde. Ciênc. T ecnol.
Variáv FBV FBV FT P Aliment., 29, 2009.5. Saydelles, B.M., Oliveira, V.R., Vieira, V.B.,
eis + FT Marques, C.T ., Rosa, C.S. Elaboração e análise sensorial de biscoito
Aparê ncia 0,01 recheado enriquecido com fibras e com menor teor de gordura.
7,57 ab ±1,42 7,45 b ±1,56 8,04 a±1,11
5 Ciência Rural, 40, 644-647, 2010.
Cor ab b a 0,02 6. Stone, H. S., Sidel, J. L. Sensory Evaluation Practices. San Diego:
7,66 ±1,22 7,58 ±1,32 8,04 ±0,94
9 Academic Press, 1993.
a a a
O dor 7,95 ±0,14 7,99 ±0,12 7,98 ±0,13 0,98 7. Systat Software Inc. SigmaStat 3.5. 2016. Disponível em:
Sabor 0,12 <https://systatsoftware.com/>. Acesso em: 20 maio 2016.
7,89 a±1,28 8,01 a±0,90 8,30 a±1,02
5 8. Sotiles, A. R., Daltoé, M. L., Lima, V. A. L, Porcu, O. M., Cunha,
Te xtura 0,08 M. A. A. T echnological use of green banana and birdseed flour in
7,60 a±1,45 7,94 a±1,11 8,02 a±1,30
6 preparing cookies. Acta SCientiarium. T echnology, 37, 423-429,
Avaliação 0,13 2015.
7,84 a±1,04 8,00 a±0,81 8,13 a±0,92
Global 6 9. Wang Y., Zhang M., Mujumdar A. S. Influence of green banana
* Médias seguidas de letras diferentes numa mesma linha indicam flour substitution for cassava starch on the nutrition, color, texture
que houve diferença estatística significativa com probabilidade de and sensory quality in two types of snacks. Food Science and
erro (p ≤ 5 %) pelo teste T ukey. T echnology 47, 175-182, 2012.
Nos comentários espontâneos das fichas de avaliação, alguns 10. Yangilar, F. Effects of green banana flour on the physical,
provadores mencionaram que a cor das formulações com farinha de chemical and sensory properties of ice cream. Food T echnol.
banana verde (mais escura e amarronzada) estava menos atrativa que Biotechnol. 53, 315-323, 2015.
os cupcakes unicamente de farinha de trigo, no entanto, foi
mencionado que o sabor surpreendia, pois superava a expectativa
inicial. A cor e aparência de bolos de banana com farinha de trigo é
mais conhecida, e por isso, pode ter sido mais bem avaliada entre os
provadores. Com relação à avaliação da intenção de compra, as
formulações obtiveram aceitação bem superior à rejeição pelos
provadores. Neste teste, foram considerados aceitação quando
atribuído às formulações notas 4 ou 5, neutro quando atribuído nota 3
e rejeição quando atribuídos notas 1 e 2 (Figura 2).
573
Gastronomia: da tradição à inovação
6213 - Avaliação sensorial de sorvetes a base de soja desenvolvidos com e sem adição de
açúcar
Roberson Pauletto 1 , Janaína Schmitt 1 , Rita Busatto 1 , Patrícia Schons 2 , Edi Ries 1,3 , Ana Bender1,4
1 Curso de Tecnologia em Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria – Campus Frederico Westphalen
2 Instituto Federal de Santa Catarina, Campus de São Miguel do Oeste
3 Departamento de Saúde da Comunidade, Universidade Federal de Santa Maria; edifranciele@gmail.co m
4 Departamento de Tecnologia e Ciência de Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria
574
Gastronomia: da tradição à inovação
Os escores médios de aceitação sensorial por atributos e Índice de de novos produtos no mercado (9), foram alcançados apenas para as
aceitabilidade dos sorvetes sabores morango e menta com e sem formulações desenvolvidas com açúcar corroborando os resultados
açúcar são apresentados na T abela 2. anteriores. Estes dados são importantes considerando a dificuldade
Verifica-se que a aceitação sensorial dos sorvetes desenvolvidos com de aceitação de produtos a base de soja e isentos de lactose. De
açúcar foi significativamente superior (p≤0,05) comparada às acordo com Silva et al. (11), novas propostas de preparações com
formulações dietéticas quanto aos atributos aroma, sabor, textura e bons atributos sensoriais e isentas deste dissacarídeo são necessárias
aceitação global e que o efeito desta variável influenciou a aceitação para garantir maior bem estar e qualidade de vida para indivíduos
de todos os parâmetros. Os açúcares conferem corpo e textura ao intolerantes, principalmente para o público infanto juvenil. Nesta
sorvete, aumentando a viscosidade, conferindo sabor agradável e pesquisa, as notas atribuídas pelos provadores que tinham entre 18 e
aumentado a aceitabilidade por parte dos consumidores (10). 24 anos (55,7%) não diferiram significativamente (p>0,05) das
Os sorvetes desenvolvidos com açúcar nesta pesquisa apresentaram avaliações do público de faixa etária entre 25 e 54 anos (44,3%)
de forma geral, notas significativamente superiores para aparência mostrando que os resultados obtidos não foram influenciados pela
(p≤0,000009), cor (p≤0,002784), aro ma (p≤0,000024), sabor idade dos avaliadores.
(p≤0,000009), textura (p≤0,000009) e aceitação global (p≤0,000009) Os resultados encontrados para as formulações dietéticas são
comparados aos sorvetes sem adição do ingrediente. Silva et al. (11) promissores pelo potencial de abrangência de indivíduos intolerantes
desenvolveram sorvete de morango a base de soja com adição de à lactose e que necessitam produtos sem adição de açúcar, podendo
açúcar e relatam que o produto apresentou cremosidade e aparência orientar adequações de formulações futuras para maior aceitação
bastante satisfatória graças ao acréscimo da liga neutra. Nesta sensorial, bem como, utilização de painel de provadores que
pesquisa, no entanto, este ingrediente não foi utilizado devido a apresentem restrições à ingestão de lactose e açúcares adicionados.
presença de açúcares adicionados na sua composição.
CONCLUSÕES
Tabela 2. Escores médios de aceitação sensorial e Índice de
Aceitabilidade de sorvetes a base de soja Os sorvetes a base de soja nos sabores morango e menta
Atributos SA SB SC SD desenvolvidos com adição de açúcar foram aceitos sensorialmente
Aparência 7,84 a 6,98 bc 7,38 ab 6,46 c para os atributos aparência, cor, aroma, sabor e textura, com
Cor 7,80 a 7,20 b 7,18 b 6,80 b aceitação global e Índice de aceitabilidade acima de 70%. Os gelados
Aroma 7,00 a 6,08 b 6,89 a 6,15 b comestíveis a base de soja dietéticos necessitam adequações nas
Sabor 7,05 a 4,72 b 7,03 a 5,02 b formulações apresentando-se como alternativas potenciais para
T extura 7,34 a 5,49 b 7,52 a 5,21 b consumidores com restrições ao consumo de leite e açúcar.
a b a Verificou-se na pesquisa que os produtos foram mais bem aceitos
Aceitação Global 7,21 5,41 7,08 5,16 b
pelo público feminino e que a avaliação sensorial não foi
Índice de Aceitabilidade (%) 80,15 60,11 78,69 57,38
influenciada pela idade dos potenciais consumidores.
Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa a
5%
REFERÊNCIAS
O efeito da variável sabor (morango ou menta) foi significativo para
aceitação sensorial dos atributos aparência e cor, sendo o sabor 1. BRASIL. Resolução nº. 266, de 22 de setembro de 2005.
morango mais aceito entre os provadores (p≤0,005508 e p≤0,002001, Regulamento técnico para gelados comestíveis e preparados para
respectivamente). Os escores médios atribuídos pelas mulheres na gelados comestíveis. Diário Oficial [da] Republica Federativa do
avaliação dos sorvetes foram significativamente superiores às notas Brasil, Brasília, DF, 23 set. 2005. Seção 1. Disponível em: <http://
registradas pelos homens na avaliação da aparência (p≤0,000433), http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/394219/Resolucao_RD
cor (p≤0,000017), aroma (p≤0,000082), sabor (p≤0,000376), textura C_n_266_de_22_de_setembro_de_2005.pdf/520e0a87-aeba-41cf-
(p≤0,001775) e aceitação global (p≤0,000031). As interações entre os b59d-06064551cbb3>. Acesso em: 19 jun. 2016.
efeitos das variáveis sexo, adição de açúcar e sabor não foram 2. Castro, A.J.P.; Franco, L.J. Caracterização do consumo de
significativos (p>0,05) para os parâmetros avaliados. adoçantes alternativos e produtos dietéticos por indivíduos
As frequências de respostas para intenção de compra dos sorvetes diabéticos. Arq. Bras. Endocrinol. 46(3), 280-287, 2002.
(Figura 1) mostram que mais de 70% dos provadores atribuíram 3. Mesich, J. Decisions, decisions, decisions. Candy Industry, New
notas entre 4 (provavelmente comprariam) e 5 (certamente York. 171(2): 32-33, 2006. Apud Santos, G.G. Sorvete:
comprariam) para a formulação sabor morango com açúcar (SA), Processamento, tecnologia e substitutos de sacarose. Ensaios e
semelhante ao encontrado por Silva et al. (11) no desenvolvimento Ciência - Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. 8(2), 95-109,
de sorvete de morango a base de soja. Já para as formulações SC, SD 2009.
e SB, estes índices foram de 67%, 26% e 18%, respectivamente. 4. BRASIL. Portaria nº. 27, de 13 de janeiro de 1998. Aprova o
Regulamento T écnico Referente à Informação Nutricional
Fig 1. Intenção de compra de sorvetes a base de soja Complementar - Declarações Relacionadas ao Conteúdo de
Nutrientes. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 16 de jan. 1998. Disponível em: <http://e-
55 legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=97>. Acesso em:
50 SA SB 17 jun. 2016.
45
% frequeência de
575
Gastronomia: da tradição à inovação
MATERIAL E MÉTO DO S
M±DP M±DP M±DP M±DP
Cor 6,6 b ± 0,14 6,7 b ± 0,15 6,7 b ± 0,14 7,9 a ± 0,13
Desenvolvimento das Formulações
Aroma 6,7 a ± 0,14 6,2 b ± 0,16 6,3 b ± 0,15 6,4 b ± 0,16
Para formulação de uma barra alimentícia foram realizados testes em
bancada no Núcleo de Estudos, Pesquisas e Processamento de
Sabor 6,3 a ± 0,18 5,6 b ± 0,19 5,6 b ± 0,19 6,2 a ± 0,18
Alimentos (NUEPPA) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Os
ingredientes utilizados foram o soro de leite, resíduo do pedúnculo de
Textura 7,0 a ± 0,14 6,8 b ± 0,15 6,8 b ± 0,15 6,9 ab ± 0,13
caju, farinha da amêndoa de caju, amêndoa de caju triturada e farinha
do mesocarpo do babaçu. Os ingredientes foram adquiridos no Aceitação
município de T eresina-PI. Após realizar vários testes para o global 6,6 a ± 0,16 5,8 b ± 0,18 5,9 b ± 0,18 6,6 a ± 0,17
desenvolvimento de uma barra alimentícia, chegou-se uma
formulação padrão para a mesma. Foram elaborados seis lotes para Intenção
cada uma das quatro formulações de acordo com o seguinte de
protocolo: Uma barra padrão (F0) sem acréscimo de gergelim e três compra 3,4 a ± 0,12 2,9 b ± 0,11 2,9 b ± 0,11 3,7 a ± 0,12
modificações dessa formulação com adição de 5%, 10% e 15% de * Média±desvio padrão. Médias com letras iguais na mesma linha não
gergelim creme descascado e torrado, formulações F1, F2 e F3, diferem entre si estatisticamente (p≤0,05) pelo teste de T ukey .
respectivamente.
Os ingredientes foram misturados até a homogeneização, em seguida, Os resultados obtidos mostram que a média dos valores hedônicos
as barras cortadas foram transferidas para bandejas e submetidas a para os atributos aroma, sabor, textura e aceitação global foi de 6,4,
tratamento térmico de 100ºC por dois minutos e 30 segundos em 6,0, 6,8 e 6,3 respectivamente, o que de acordo com a escala hedônica
forno elétrico da marca PROGÀS, Modelo 4000E. Após o tratamento indica que os provadores ficaram entre “gostei ligeiramente” e “ gostei
térmico as bandejas permaneceram a temperatura de 18º C até moderadamente” do produto.
completo resfriamento das barras, quando então eram embaladas em Para o atributo cor, a formulação F3 apresentou diferença significativa
papel alumínio e acondicionadas em sacos de polietileno. em relação aos outros tratamentos (p<0,05), com média de notas de
7,9, enquanto as demais formulações variaram entre 6,6 a 6,7. Essa
Análise Sensorial diferença de cor pode ser devido à maior concentração de gergelim na
formulação F3, o que lhe conferiu um aspecto mais claro em relação
O painel sensorial foi realizado no Laboratório de Análise Sensorial às demais.
do Instituto Federal de Educação, Ciência e T ecnologia do Piauí- Com relação ao aroma, F0 obteve maior média (6,7), e apresentou
IFPI. Para avaliação da aceitação do produto junto ao mercado diferença significativa quando comparadas as demais formulações.
consumidor 120 assessores participaram da pesquisa. Foram Este resultado pode estar relacionado ao fato do aroma característico
avaliados os atributos: cor, aroma, sabor, textura e aceitação global do gergelim creme contido nas formulações F1, F2 e F3 ser bastante
das formulações por meio de escala hedônica estruturada de 9 perceptível, podendo ter sido responsável por esta diferença.
pontos, variando de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei muitíssimo). Com relação ao sabor, não houve diferença significante entre as
A intenção de compra foi avaliada por meio de questionário com formulações F0 e F3, ou seja, a formulação sem gergelim e a
escala entre 1 (certamente não compraria) e 5 (certamente formulação contendo a maior concentração do ingrediente não
compraria). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em diferiram segundo a avaliação dos provadores, assim, ainda que o
576
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÃO
REFERÊNCIAS
577
Gastronomia: da tradição à inovação
578
Gastronomia: da tradição à inovação
579
Gastronomia: da tradição à inovação
1 Professor de Educação Básica Técnica e Tecnológica da Escola Agrícola Jundiaí (EAJ) - Unidade Especializada em
Ciências Agrárias, Universidade Federal Do Rio Grande do Norte (UFRN), eronilson@yahoo.com;
2 Técnica em Laticínios da Escola Agrícola Jundiaí (EAJ) - Unidade Especializada em Ciências Agrárias, Universidade
Gostou
MATERIAL E MÉTO DO S moderadamente
13,15% Gostou ligeiramente
O planejamento e elaboração do sorvete foram feitos no Laboratório
de Laticínios da Escola Agrícola Jundiaí, Unidade Especializada em
Ciências Agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Não gostou /Nem
EAJ/UFRN. Os materiais e ingredientes utilizados para a elaboração desgostou
dos sorvetes a partir do leite de cabra fermentado com os grãos de Desgos tou
kefir foram os seguintes: 1) para elaborar o leite fermentado - Leite ligeiramente
de cabra, os grãos de kefir desidratados, recipientes de vidro, peneira
e tampões de algodão; 2) para a elaboração do sorvete – açúcar, liga Desgos tou
moderadamente
52,63%
neutra, polpa de fruta, emulsificante e potes de plástico para o
armazenamento do produto. Desgos tou muito
Neste trabalho foram utilizados como substratos para fermentação o
kefir e o leite cabra. Inicialmente, caracterizou-se físico- Desgos tou
quimicamente o leite de cabra in natura, em seguida foi feita a extremamente
pasteurização lenta do mesmo (63ºC/30min), diminui-se a
temperatura até a temperatura ambiente (27ºC), após inoculou-se o
leite com os grãos de kefir. Deixou-se sob fermentação ácido-láctica
por 24 horas em temperatura ambiente e em fermentação alcoólica
por 12 horas sob refrigeração. Decorrida as fermentações, mediu-se a
acidez (5) e o pH (6) da bebida elaborada. Após as fermentações
foram adicionados o açúcar, a liga neutra, o emulsificante e a polpa
580
Gastronomia: da tradição à inovação
Gráfico 2 – Característica preferida do sorvete produzido a partir de Outra constatação de destaque é que de acordo com as votações
leite de cabra fermentado com kefir. 89,54% das pessoas afirmaram que comprariam o produto se
estivesse a venda.
Q ual carateristica você mais gostou?
1,53%
CO NCLUSÃO
4,54% Nas condições avaliadas, concluiu-se que, a utilização do leite de
Sabor cabra fermentado com grãos de kefir para produção de sorvete pode
ser uma alternativa interessante com um futuro promissor diante da
23,48% Textura e consistência grande aceitabilidade do produto, que além de ser um produto viável
pode ser mais saudável que o tradicional. Este trabalho pode servir de
Cor base para novos est udos na elaboração de alimentos com probióticos,
ou até mesmo para o aperfeiçoamento do produto aqui analisado,
Aroma através de melhoramentos principalmente no aroma e na cor que
70,45%
foram as características menos apreciadas pelos provadores, além da
ampla variedade de sabores a serem trabalhados.
REFERÊNCIAS
Gráfico 3 – Opção pela compra do sorvete produzido a partir de leite
de cabra fermentado com kefir. 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação
e Nutrição / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde.
Se e ncontrasse o produto a venda compraria? Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2013. 84 p.
10,46% 2. Disponível em: http://www.abis.com.br/
estatistica_producaoeconsumodesorvetesnobrasil.html. Acesso
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3. HASS, I.; et al. Avaliação comparativa entre leite de cabra in-natura
NÃO
e industrializado. In: V Semana de T ecnologia em Alimentos, Ponta
Grossa, 2007. Anais. v.02, n 01.
89,54% 4. HERT ZLER, S.R. E CLANCY, M.S. (2003), Kefir improves lactose
digestion and tolerance in adults with lactose maldigestion. Journal
of the American Dietetic Association, v.103 (5), p.582 -587.
5. AOAC – Association of Official Analytical Chemistry. Official
methods of analysis of the Association of Official Analytical
Os resultados obtidos na pesquisa muito se assemelham aos Chemistry. 16 16th ed., Washington, 2000.
resultados obtidos por SILVA, et al. (7), onde 40% dos provadores 6. Instituto Adolfo Lutz (São Paulo). Métodos físico-químicos para
atribuíram a nota 8 para a bebida à base de leite de cabra fermentada análise de alimentos. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008, p. 1020
com kefir e saborizada com polpa de morango. 7. SILVA,M.C.M. ET AL.; Elaboração de Kefir a Base de Leite de
A partir da análise sensorial realizada e dos resultados obtidos, nota- Cabra (Capra Hircus Linnaeus,1758), Avaliação de Suas
se que 52,63% dos provadores gostaram muito e 21,57% gostaram Características Fisico-Químicas e Aceitabilidade. Centro Federal de
extremamente. No tocante as características sensoriais do produto, o Educação T ecnológica do Piauí- Cefet-PI, Praça da Liberdade N°
sabor teve uma preferência de 70,45% dos provadores, a textura e 1597, Centro, T eresina– Piauí, 2008.
consistência foi o item com a segunda melhor colocação com
23,48%. A cor e o aroma não tiveram uma aceitação satisfatória.
581
Gastronomia: da tradição à inovação
06307 Elaboração e Avaliação Sensorial de Massa Alimentícia Fresca com Substituição Parcial
da Farinha de Trigo por Farinha de Banana Verde
Rosilene Campelo da Silva 1 , Pamela Cristina de Andrade Silva 1 , Andréa dos Anjos Silva 2
MATERIAIS E MÉTO DO S
Obtenção do macarrão
Avaliação Sensorial
CO NCLUSÃO
T rata-se de um estudo experimental onde o macarrão com De acordo com os dados observados no presente estudo é possível
substituição parcial da farinha de trigo por farinha de banana verde concluir a substituição da farinha de trigo pela Farinha da Banana
foi avaliado sensorialmente por 100 provadores não treinados e Verde (FBV) sendo viável em âmbito tecnológico e sensorial, visto
escolhidos ao acaso dentre estes alunos e funcionários da faculdade. que de acordo com os dados estudados no presente estudo houve boa
Sendo todos provadores participantes espontâneos do estudo, aceitação global por parte dos provadores, bem como trata-se de um
avaliados através de Escala Hedônica, método de avaliação. Os alimento funcional que colabora com a diminuição do colesterol,
avaliadores informaram o quanto gostaram ou desgostaram do melhorando o funcionamento da flora intestinal.
macarrão, utilizando escala hedônica estruturada em nove pontos que
variava de gostei muitíssimo (pontuação máxima) a desgostei
muitíssimo (pontuação mínima). O teste foi aplicado em cabines
individuais, sob luz branca, onde foi oferecido cerca de 30g de
amostra e servido com molho de tomate industrial, em prato
descartável devidamente codificado com 3 algarismo, junto a ficha
582
Gastronomia: da tradição à inovação
583
Gastronomia: da tradição à inovação
Ana Angélica Mendonça 1 , Leya Sousa 2 , Pamilla Malaquias 2 , Raiana Ribeiro 2 , Rafaella Sampaio 3
INTRO DUÇÃO questionário foi elaborado pelas pesquisadoras e era composto por 7
perguntas sendo 6 objetivas e 1 subjetiva.
O avanço do conhecimento sobre a relação entre alimentação e As perguntas abordaram os seguintes itens: faixa etária do
saúde, bem como os elevados custos da saúde pública e a busca participante, se o participante gosta ou não de chocolate, a frequência
permanente da indústria por inovações, têm gerado novos produtos que consome chocolate, além da avaliação da aceitação e do sabor do
cujas funções vão além do conhecido papel nutricional dos chocolate degustado. T ambém foi investigado se o participante
alimentos. Pesquisas têm sido realizadas visando à identificação de possuía diabetes e se em favor da sua saúde se acha favorável o
novos compostos bioativos e o estabelecimento de bases científicas consumo do chocolate avaliado.
para a comprovação das alegações de propriedades funcionais dos
alimentos (1). Tabela 1. Descrição de ingredientes, quantidades e formulação do
A banana, Musa spp. é uma das frutas mais consumidas no mundo, brigadeiro desenvolvido a base de biomassa da banana verde.
sendo cultivada na maioria dos países tropicais. O Brasil é o segundo Brigadeiro com Biomassa da banana verde
maior produtor de bananas com aproximadamente 11,2% da Ingredientes Quantidades Medida Procedimento de
produção mundial. Independentemente de seu grupo genômico, é, caseira elaboração
sem dúvida, uma das frutas mais consumidas no mundo. É um Leite T oda a - Leve ao forno a
alimento altamente energético (cerca de 100 kcal por 100 g de condensado de quantidade a mistura do leite
polpa), cujos carboidratos (cerca de 22%) são facilmente biomassa baixo condensado de
assimiláveis (2). biomassa e o
Embora pobre em proteínas e lipídeos, seus teores superam os da Cacau em pó 48g 3 colher de chocolate em pó,
maçã, pêra, cereja ou pêssego. Contém tanta vitamina C quanto à sopa misture até
maçã, além de razoáveis quantidades de vitamina A, B1, B2, desgrudar da
pequenas quantidades de vitaminas D e E, e maior porcentagem de panela, deixe
potássio, fósforo, cálcio e ferro do que a maçã ou a laranja. Na esfriar para
banana verde, o principal componente é o amido, podendo colocar em suas
corresponder de 55 a 93% do teor de sólidos totais. Na banana respectivas
madura, o amido é convertido em açúcares, em sua maioria glicose, embalagens.
frutose e sacarose, dos quais 99,5% são fisiologicamente disponíveis. Leite Condensado de Biomassa de Banana Verde
Dependendo da cultivar, o fruto pode pesar de 100 a 200 gramas, ou Ingredientes Quantidades Medida Procedimento de
mais, contendo de 60 a 65% de polpa comestível (2). caseira elaboração
A banana é uma fruta bem aceita pela população, entretanto, no Leite de arroz 120 ml ½ xícara Misture o leite de
Brasil ainda perde-se muito deste alimento após a sua colheita. Uma arroz. Adicione a
das formas de prevenir as perdas é utilizar a banana ainda verde. A Biomassa 42g 7 colheres biomassa e
banana além de ser um alimento barato também é altamente de sopa misture. Para
nutritiva. Representa fonte energética devido à presença de deixar a mistura
carboidratos além de ser fonte de vitaminas e minerais. Entretanto, Açúcar 24g 4 colheres mais homogênea,
ambos estão presentes em maior quantidade quando a fruta ainda está Mascavo de sopa use um mix ou
verde. Uma das formas de se utilizar a fruta verde é produzindo uma liquidificador. Se
biomassa através da cocção das bananas juntamente com as cascas for necessário,
(3). acrescentar água
A polpa da fruta cozida é constituída por uma pasta que age como morna, até atingir
excelente espessaste e não altera o sabor do alimento, mas enriquece- a consistência.
o com minerais, vitaminas e fibras, além disso, fonte de amido
resistente. O amido resistente não é digerido pelo processo digestivo Os participantes foram convidados a participar voluntariamente e a
e desta forma apresenta algumas ações benéficas para o corpo, dentre realização da pesquisa se deu mediante autorização da gerência da
elas podemos citar: efeitos sobre a resposta glicêmica; fonte de fibra; empresa. Foram seguidos todos os cuidados éticos para a realização
fermentação colônica pelas bífido bactérias; produção de ácidos da pesquisa. Ao todo participaram da pesquisa 38 pessoas que
graxos de cadeia curta (AGCC); aumento do bolo fecal; prevenção aceitaram degustar o produto e preencheram corretamente o
do câncer de cólon intestinal entre outras (3). questionário.
A biomassa de banana quase nunca é o ingrediente principal, mas o Os dados coletados foram apresentados de forma descritiva em
coadjuvante essencial. Não há restrições quanto ao seu uso, desde tabelas e discutidos conforme a literatura pertinente.
que utilizado em proporções corretas. A biomassa de banana pode
ser agregada à maioria das receitas (4).
RESULTADO S E DISCUSSÃO
Diante disto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a aceitação de
brigadeiros elaborados com a biomassa da banana verde. Segundo Mello, T eixeira e Zandonadi (5), a análise sensorial é
reconhecidamente um importante instrumento de determinação da
MATERIAL E MÉTO DO S viabilidade e aceitabilidade do produto alimentício.
O doce “brigadeiro” sabor chocolate elaborado com a biomassa de
T ratou-se de um estudo do tipo quantitativo, transversal e descritivo, banana verde e outros ingredientes tidos na literatura como
realizado em uma Unidade de Alimentação e Nutrição Institucional potencialmente funcionais foi avaliado pelos degustadores e os
na cidade de Fortaleza - CE, no mês de março 2016. Foram resultados da avaliação são apresentados na T abela 2.
elaborados brigadeiros contendo como ingrediente a biomassa de De acordo com os resultados da pesquisa, o brigadeiro formulado
banana verde e, posteriormente esses brigadeiros foram degustados e com pasta (biomassa) de banana verde, apresentou excelente
tiveram a sua aceitação avaliada pelos funcionários da empresa. aceitação em relação aos requisitos avaliados como sabor e textura,
Após degustarem uma amostra do brigadeiro, os funcionários conforme descritos na tabela acima. O que pode ser verificado com a
responderam um questionário para avaliar a aceitação do produto. O nota de satisfação atribuída pelos provadores, com uma maioria de
584
Gastronomia: da tradição à inovação
65,8% estabelecendo uma nota superior a 8,0, comprovando a boa algum prato não será alterado o gosto de outras preparações. Assim,
aceitação da receita do brigadeiro degustado. segundo o estudo de Alencar (7) a elaboração de um brigadeiro
A biomassa extraída por meio do cozimento e processamento da utilizando a biomassa da banana verde é uma alternativa bastante
banana verde permite o aproveitamento integral da fruta, podendo ser saudável devido ao valor nutricional que este alimento adquire.
aplicada em vários produtos alimentícios, beneficiando a digestão. A
importância da biomassa reside principalmente em sua diversidade CO NCLUSÕ ES
de produção, possibilitando a produção de alimentos muito mais O estudo evidenciou uma boa aceitação do brigadeiro funcional
saudáveis e saborosos, agregando mais valor nutricional aos mais elaborado com a biomassa da banana verde, sendo esta receita uma
variados tipos de alimentos, melhorando a performance econômica alternativa viável para o consumo de uma sobremesa formulada com
na produção de segmentos como: indústria de panificação, de sucos, ingredientes nutricionalmente saudáveis.
confeitaria em geral, aplicação nos cardápios de restaurantes, hotéis,
merenda escolar. A banana verde é uma alternativa alimentar REFERÊNCIAS
econômica e um importante instrumento para o combate à
desnutrição e seu consumo contribui para o bom funcionamento do 1. Sousa, P.D.J., Novello, D., Almeida, J.M., Quintiliano, D.A.
intestino (6). Análise sensorial e nutricional de torta salgada elaborada através do
aproveitamento alternativo de talos e casca de hortaliças. Alim.
Tabela 2. Atributos avaliados durante a degustação do brigadeiro Nutr., 18(1):55-60, 2007.
elaborado com a biomassa da banana verde. Fortaleza, 2016.
Distribuição 2. Fasolin, L.H., Almeida, G.C., Castanho, P.S., Netto-Oliveira, E.R.
Atributos Avaliados N % Biscoitos produzidos com farinha de banana: avaliações química,
Sexo Masculino 24 63,2% física e sensorial. Ciênc. Tecnol. Aliment., 27(3): 524-9, 2007.
Feminino 14 36,8%
Idade 19 a 24 anos 05 13,2% 3. Ranieri, L.M., Delani, T .C.O. Banana Verde (Musa spp):
25 a 35 anos 19 50,0% Obtenção da Biomassa e Ações Fisiológicas do Amido Resistente.
> 35 anos 14 36,8% Rev. Uningá, 20(3):43-9, 2014.
Sabor Gostou 33 86,8%
Não Gostou 05 13,2% 4. Almeida, M.C.B.M. Estudo para fins industriais das
T extura Gostou 30 78,9% propriedades funcionais do amido nativo e modificado
Não Gostou 08 21,1% hidrotermicamente, provenientes de banana verde, varie dade
Patologia: Diabetes Possui Diabetes 03 7,9% “prata”. 2013. 125f. Dissertação (Mestrado).
Não Possui Diabetes 35 92,1%
Nota de satisfação > 8 25 65,8% 5. Melo, G.R.C.; T eixeira, A.P.; Zandonadi, R.P. Aceitação e
atribuída ao < 8 13 34,2% percepção dos estudantes de gastronomia e nutrição em relação aos
brigadeiro alimentos funcionais. Alim. Nutr., Araraquara, 21(3):367-372, 2010.
T rocaria o brigadeiro Sim 33 86,8%
tradicional pelo da Não 05 13,2% 6. Moura, R.L., et al. Utilização de Banana Verde Como Ingrediente
biomassa Na Formulação de Brigadeiro. VII Connepi, 2012.
De acordo com o estudo de Alencar et al. (7) foi observado que teve 7. Alencar, L.O.; Santos, E.D.S.; Fernandes, A.C.C.F.
uma preferência por “gostei Extremamente” sendo a mais aceita Desenvolvimento, aceitabilidade e valor nutricional de brigadeiro
pelos provadores. Então pressupõe que receitas feitas com a com biomassa de banana verde. R. Interd., 7(4):91-98, 2014.
biomassa da banana verde tem uma melhor aceitabilidade, assim não
alterando o sabor dos alimentos à qual é introduzido, logo o 8. Zandonadi, R.R. Massa de banana verde: uma
brigadeiro com biomassa verificou-se uma aparência semelhante ao alternativa para exclusão do glúten. 2009. 74f.
tradicional. Este fato também pode ser observado no estudo de T ese (Doutorado em Ciências da Saúde),
Zandonali (8) ao constatar que a ingestão da banana em forma de Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de
biomassa é mais prática, após a cocção o sabor da fruta melhora e Brasília – UnB. 2009
minimiza a sensação de adstringência, e caso seja adicionado em
585
Gastronomia: da tradição à inovação
Clara Mítia de Paula 1 , Susana Marta Issay Saad 1 , Karina Maria Olbrich dos Santos 2 , Jacqueline da Silva Oliveira 3 ,
Krysna Stephanny de Morais Ferreira 4 .
586
Gastronomia: da tradição à inovação
ambos os sexos com idade entre 18 e 60 anos. Quanto aos critérios Tabela 3 – Resultados do teste de aceitação sensorial realizados em
de exclusão, considerou-se: possuir histórico de manifestação de Sobral (CE) e São Paulo (SP). Sorvetes com 7 dias de
alergia, intolerância a alimentos ou doença crônica (como diabetes, armazenamento a -18±3 °C.
hipotiroidismo, hipertiroidismo, hipertensão ou outras); estar fazendo Análise Sensorial CE/SP
tratamento médico; estar gripado, resfriado ou indisposto; ter entrado Sorvetes
em contato, há menos de 1 hora, com materiais, alimentos ou Estado
SCr SCp SIr SIp
cosméticos de cheiro forte. CE 7,95±0,64 Aa 8,03±0,73 Aa 7,55±0,93 Aa 7,68±1,38 Aa
Cada sessão de análise sensorial contou com a presença de 40 SP 7,60±1,26 Ab 7,46±1,20 Ab 7,46±1,40 Aa 7,46±1,31 Aa
provadores não treinados. Cada provador analisou duas amostras por A,B
Letras maiúsculas sobrescritas distintas na mesma linha indicam que
sessão, sendo que a maioria dos provadores esteve presente em três houve diferença significativa (p<0,05) entre os diferentes sorvetes
ou mais sessões. Ao total, foram realizadas 6 sessões, sendo 2 para estudados no mesmo período de armazenamento.
a,b
cada tempo de armazenamento. Amostras de aproximadamente 20 g Letras minúsculas sobrescritas distintas na mesma coluna indicam
dos sorvetes (SCr, SCp, SIr, SIp), codificadas com 3 algarismos que houve diferença significativa (p<0,05) entre diferentes períodos
estudados para um mesmo sorvete.
aleatórios, foram oferecidas aos provadores monadicamente. A
avaliação sensorial foi conduzida por teste de aceitabilidade,
utilizando-se escala hedônica de 9 pontos, com variação de “gostei CO NCLUSÕ ES
muitíssimo” (9 pontos) a “desgostei muitíssimo” (1 ponto). Cada
sorvete foi apresentado a 40 provadores não treinados em cada As formulações contendo inulina seriam a melhor opção, por
período (9). apresentarem, ainda, características prebióticas, teores inferiores de
lipídeos, com maior estabilidade quanto à aceitação sensorial com o
Paralelamente, uma segunda etapa foi conduzida no Departamento de
T ecnologia Bioquímico-Farmacêutica da Faculdade de Ciências armazenamento e quando avaliados pelo público dos 2 diferentes
Farmacêuticas, Universidade de São Paulo (FCF/USP). Durante essa locais testados. Os sorvetes estudados são uma opção viável para
etapa, sorvetes do mesmo lote e com 7 dias de armazenamento foram empregar alimentos como o leite de cabra e a polpa de cajá no
encaminhados a São Paulo (SP), através de transporte aéreo, em desenvolvimento de produtos que contenham características
caixa térmica e gelo seco. Participaram 70 consumidores adultos, funcionais, portanto, alto valor agregado.
incluindo alunos de graduação e de pós-graduação, docentes,
funcionários e visitantes da Universidade de São Paulo. A AGRADECIMENTO S
metodologia de aplicação do test e seguiu os mesmos parâmetros
descritos anteriormente, sendo, neste caso, 35 provadores para cada À Beneo Orafti® e Danisco® pelas doações de inulina e cepas
período de análise dos quatro sorvetes estudados. T otalizando, 159 probióticas, respectivamente. Á Embrapa Caprinos e Ovinos pela
estrutura, matéria-prima e financiamento de material e reagentes. Ao
voluntários participaram da análise sensorial nos dois centros, sendo
89 na Embrapa 70 na FCF/USP. Departamento de T ecnologia Bioquímico-Farmacêutica da FCF/USP
As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa pelo apoio nas análises.
estatístico Statistica v.11 (Statsoft Inc., T ulsa, USA). Os resultados
foram expressos como média ± desvio padrão. Inicialmente os dados REFERÊNCIAS
foram analisados quanto à homogeneidade pelo teste de Hartley. As
diferenças entre os tratamentos e os períodos de análise foram 1. CRUZ, A.G.; ANT UNES, A.E.C.; SOUSA, A.L.O.P.; FARIA,
avaliados utilizando-se Análise de Variância (ANOVA one-way), J.A.F.; SAAD, S.M.I. Ice-cream as a probiotic food carrier. Food
Res. Int., v.42, n.9, p.1233-1239, 2009.
seguida pelo teste de T ukey (p<0,05).
2. PARK, Y. W. Bioactive components in goat milk. In. PARK, Y.
W.(ed). Bioactive components in milk and dairy products.
RESULTADO S E DISCUSSÃO
Singapore: Wiley-Blackwell, 2009, p. 43-70.
T odos os sorvetes, apesar dos valores de pH inferiores a 4,5, 3. VIDIGAL, M.C.T .R.; MINIM, V.P.R.; CARVALHO, N.B.;
apresentaram populações médias de Lactobacillus spp. acima de 8 MILAGRES, M.P.; GONÇALVES, A.C.A. Effect os a health claim
log UFC/g e estáveis, durante 84 dias de armazenamento. Os 4 on consumer acceptance of exotic Brazilian fruit juices: Açaí
(Euterpe oleracea Mart.), Camu-camu (Myrciaria dúbia), Cajá
sorvetes estudados apresentaram notas médias que variaram de 6,9
(SIr, aos 42 dias) a 8,0 (SCp, aos 7 dias) na avaliação sensorial, sem (Spondias lutea L.) and Umbu (Spondias tuberosa Arruda). Food
diferenças significativas entre os sorvetes, mas com uma diminuição Res. Int., v. 44, n. 7, p. 1988 – 1996, 2011.
significativa nas notas ao longo do armazenamento para os sorvetes 4. T IBURSKI, J.H. ; ROSENT HAL, A. ; DELIZA, R. ; GODOY,
R.L.O. ; PACHECO, S. Nutritional properties of yellow mombin
com creme (p<0,05), o que não foi observado para os sorvetes com
inulina, que mostraram, ainda, maior firmeza (p<0,05), com teores (Spondias mombin L.) pulp. Food Res.Int. v. 44, p. 2326 – 2331,
inferiores de lipídeos, conforme demonstrado na T abela 2. 2011.
5. PAULA, C.M.; SANT OS, K.M.O.; SILVA, M.T.M.; OLIVEIRA,
J.S.; PEREIRA, S.C. Processamento de creme de leite de cabra
Tabe la 2 – Resultados do teste de aceitação sensorial realizados nos
sorvetes durante 84 dias de armazenamento a -18±3°C. padronizado pasteurizado. Sobral: Embrapa Caprinos e Ovinos,
2011. 4p. (Embrapa Caprinos e Ovinos - Comunicado T écnico,
Análise Sensorial n.124). Disponível em:
Sorvetes https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/919893/1/CO
Te mpo T 124.pdf. Acesso em 01 jun 2016.
SCr SCp SIr SI p
(dias) 6. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANIT ÁRIA.
Aa Aa Aa
7 7,95±0,64 8,03±0,73 7,55±0,93 7,68±1,38 Aa Alimentos. Alimentos com alegações de propriedades funcionais e
42 7,10±1,43 Ab 7,45±0,96 Ab 6,98±1,46 Aa 7,58±1,13 Aa
ou de saúde, novos alimentos/ingredientes, substâncias bioativas e
84 7,60±1,01 Aab 7,40±1,26 Ab 7,13±1,28 Aa 7,10±1,55 Aa
A,B probióticos. Brasília, 2008. Disponível em:
Letras maiúsculas sobrescritas distintas na mesma linha indicam que
http://www.anvisa.gov.br/alimentos/comissoes/tecno_lista_alega.htm
houve diferença significativa (p<0,05) entre os diferentes sorvetes
estudados no mesmo período de armazenamento.
. Acesso em: 01 jun. 2016.
a,b
Letras minúsculas sobrescritas distintas na mesma coluna indicam que 7. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANIT ÁRIA.
houve diferença significativa (p<0,05) entre diferentes períodos estudados Resolução RDC nº. 359, de 23 de dezembro de 2003. Aprova
para um mesmo sorvete. regulamento técnico de porções de alimentos embalados para fins de
rotulagem nutricional. Disponível em: http://e-
Quando os 2 públicos de regiões distintas foram comparados quanto legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php ?id=9058#'. Acesso em: 25
à aceitação sensorial, não foi verificada diferença significativa para mar. 2016.
os sorvetes com inulina, enquanto que aqueles com creme de cabra 8. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANIT ÁRIA.
obtiveram notas significativamente inferiores (p<0,05) do público de Resolução RDC n.12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova o
SP (médias de 7,60 e 7,46, respectivamente, para SCr e SCp), regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos.
comparado àquele do CE (médias de 7,95 e 8,03, respectivamente, Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_01rdc.htm.
para SCr e SCp). Conclui-se que os sorvetes de leite de cabra com Acesso em: 30 mar. 2016.
polpa de cajá desenvolvidos apresentaram boas características 9. DUT COSKY, S.D. Análise Sensorial de Alimentos. Curitiba:
sensoriais (T abela 3). Champagnat, 1996. 123p.
587
Gastronomia: da tradição à inovação
06241 Avaliação sensorial de pão de forma adicionado de soro de leite e concentrado proteico
de soro
Ana Karoline Ferreira Leite 1 , Paulo Maciel Neto 1 , Lucas dos Santos Vasconcelos 1 , Anne Karolyne Gomes Brito 1 ,
Michelle Kílvia Bezerra Alves 1 , Maria do Carmo Passos Rodrigues 1
1
Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará, karolinefleite@gmail.co m
588
Gastronomia: da tradição à inovação
REFERÊNCIAS
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Gastronomia: da tradição à inovação
Ana Luiza Oliveira 1 , Larissa Silva2 , Dalila Zaranza 1 , Bruna Marques 1 , Ana Eliza Melo 1 , Kildere Canuto 2
1 Graduandas em nutrição pelo Centro Universitário Estácio do Ceará
2 Docentes do curso de nutrição do Centro Universitário Estácio do Ceará
590
Gastronomia: da tradição à inovação
Gráfico 1 – Impressão global das geleias de goiaba e morango foram de 52% e 80% para as geleias de goiaba e morango
respectivamente. Mediante os dados referentes a comparações de
outros estudos com formulações semelhantes e diferentes, observou-
se que a adição do extrato do Yacon não modificou o sabor, aroma,
textura e cor das geleias elaboradas, sendo relevante para a indústria
de alimentos, pois é um produto que além de nutritivo e saboroso,
apresenta também propriedades funcionais, ajudando na prevenção
de doenças e consequentemente na promoção da saúde do
consumidor. Comparando as duas geleias elaboradas, verificou-se
que a geleia de morango apresentou maiores notas sensoriais quanto
a cor, textura e intenção de compra, sendo mais bem aceita.
CO NCLUSÃO
As geleias de morango e goiaba elaboradas com extrato
de yacon apresentaram aceitabilidade positiva em todos os atributos
sensoriais avaliados, representando para o mercado consumidor uma
nova opção de alimento com propriedades funcionais, além de
servirem como uma opção para reduzir as perdas pós-colheita destas
frutas, que são altamente perecíveis. Comparando -se as duas
Gráfico 2- Intenção de compra das geleias de goiaba e morango formulações elaboradas neste estudo, observou-se que a geleia de
morango apresentou maior aceitação sensorial.
REFERÊNCIAS
1.GIBSON GR, ROBERFROID MB. Dietary modulation of
human colonic microbiota: introducing the concept of the
prebiotics. J Nutr. 1995;125:1401-12.
2.MANRIQUE, I.; PÁRRAGA,A. Conservación y uso de la
biodiversidade de raíces y tubérculos Andinos: Uma década de
investigación para el desarrollo (1993 – 2003). Jarabe de yacón:
princípios y procesamiento. Lima: Centro Internacional de La Para,
2005. 40p
3.ZOT ARELLI, M.F.; ZANAT T A, C.L.; CLEMENT E, E.
Avaliação de geleias mistas de goiaba e maracujá. Maringá, p
55(6): 562-567, 2008.
4.CAET ANO, P.K.; DAIUTO, E.G.; VIEITES, R.L. Característica
físico-química e sensorial de geleia elaborada com polpa e suco
Visualizando graficamente os resultados, dentre as geleias de acerola. Campinas, v15, n3,p 191-197, 2012.
no quesito impressão global, observou-se uma grande variação 5.VIANA, E.S.; JESUS, J.L.; REIS, R.C.; FONSECA, M.D.;
quanto aos atributos, entre 7 e 9, nos quais as diferenças observadas SACRAMENT O, C.K. Caracterização físico-química e sensorial
foram maiores que 10%. No entanto, de modo geral, as duas geleias de geleias de mamão com araçá-boi. São Paulo. v 34,n 4,p 1154-
tiveram aceitação positiva e em relação a intenção de compra, a 1164, 2012.
geleia de goiaba obteve uma maior variação entre as notas, alterando 6.ZAMBIAZI, R.C.; CHIM, J.F.; BRUCATTO, M. Avaliação das
de 2% a 52% entre as notas avaliadas. Para a geleia de morango as características e estabilidade de geleias light de morango.
notas obtiveram menor variação, tendo mais de 50% referentes a Araraquara, v.17, n.2, p.165-170, 2006.
nota máxima, em que conclui-se uma boa intenção de compra para as 7.NACAZUME, N.; PRAT E, P.; BERBARI, S.A.G.; GERMER,
duas amostras avaliadas. Quando comparadas entre as notas S.P.M.; CAMARGO, G.A.; ORMENEZE, R.S.C.; SILVA, M.G.
máximas, em que de modo geral são a maioria, os percentuais de Desenvolvimento de geleia dietética funcional de yacon, goiaba e
impressão global foram de 40% e 56% e para intenção de compra acerola, 2008.
591
Gastronomia: da tradição à inovação
Foram adquiridos tomates e cajus maduros em feira livre no Aspectos éticos e legais
município de Picos - PI, em quantidades iguais para a realização dos
molhos. Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí e aprovado pelo CAAE nº
Preparo das amostras 0452.0.045.000-10. Os participantes da pesquisa foram esclarecidos
sobre a natureza do trabalho e a importância de sua participação,
Os frutos foram pesados em balança analítica (modelo AAKER da respeitando, assim as recomendações estabelecidas pela legislação
marca BEL enginering com capacidade para 5000g) obtendo -se 23 vigente (10). Tais voluntários assinaram o Termo de Consentimento
kg de ambos os frutos; logo em seguida foram picados e com o Livre e Esclarecido.
auxílio de um liquidificador os frutos foram processados para uma RESULTADO S E DISCUSSÕ ES
breve desintegração da polpa. Ambos os frutos separados foram
levados em panelas de inox e submetidos ao cozimento a uma Nas T abelas 1 e 2 encontram-se os resultados dos atributos sensoriais
592
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selecionados pelo critério de disponibilidade de dia e horário. das mais difíceis devido às características marcantes do prato. O
A harmonização ocorreu em duas fases e nenhuma das mesmo não acontece com o cordeiro, cuja harmonização com vinho é
composições foi previamente harmonizada por qualquer participante bastante difundida na gastronomia e inúmeras possibilidades foram
do estudo. Na primeira fase, os participantes degustaram o primeiro exploradas. No entanto, a carne de cordeiro (animal jovem) por si é
vinho e classificaram as sensações organolépticas. Na segunda fase, muito diferente da carne de carneiro (animal adulto), sendo mais
os pratos foram degustados e seguidos pela prova do vinho clara, macia e suculenta do que a carne de carneiro além de ter o odor
novamente. Os participantes descreveram as características e o sabor mais suave (9). Na preparação do carneiro muitos temperos
organolépticas da harmonização vinho-comida e ao final, foram são adicionados para mascarar o flavour característico do prato além
guiados pela sommelier a traduzir suas impressões. Entre cada da cocção prolongada para amaciar a estrutura da carne. Dessa
harmonização os participantes foram conduzidos a realizar a limpeza forma, nenhuma das harmonizações propostas para o cordeiro é
das papilas com água e/ou pão. adequada ao carneiro consumido na região nordeste, mostrando a
importância dessa harmonização.
RESULTADO S E DISCUSSÃO
Para obter uma experiência gastronômica prazerosa é Tabela 1: Descrição da harmonização vinho-comida pelos
preciso que a bebida e o alimento estejam harmonizados, ou seja, que participantes
todos os elementos do vinho (acidez, amargor, doçura, sapidez, teor
alcóolico e taninos) e do alimento (textura, temperos e aromas) sejam
evidenciados no paladar, sem que nenhum prevaleça sobre o outro.
Soma-se a isto a necessidade de conhecer e respeitar os hábitos
alimentares, o clima e a cultura de cada região. Neste trabalho
realizamos a harmonização de três pratos tradicionais consumidos na
cidade de Fortaleza-Ceará com vinhos nacionais. Os pratos foram
revisitados para uma proposta de finger food (pequenas porções) e
apreciados por voluntários que corroboraram a perfeita harmonização
com os vinhos selecionados, demonstrando que pratos singulares
podem ser harmonizados e sofisticados com vinhos de origem
brasileira promovendo a valorização de nossos produtos e costumes.
Para o desafio da harmonização com a panelada apostamos
na elegância do espumante brut e todos os participantes (T abela 1)
relataram que foi possível sentir o sabor de ambos, mas que, tanto o
sabor do vinho quanto o da panelada foram acentuados pela
harmonização. O espumante brut é um vinho de corpo leve, mas foi
escolhido para acompanhar este prato porque sua acidez e gás
carbônico são capazes de remover a gordura da panelada preparando
as papilas gustativas para receber o alimento. Além disso, podemos
verificar na prática que essa combinação deixou o prato mais leve,
descartando a sensação de peso abdominal verificada quando o prato
é acompanhado de cerveja. É importante destacar a dificuldade de
encontrar harmonizações com pratos típicos da culinária brasileira, CO NCLUSÃO
principalmente harmonizações descritivas como a que empregamos No presente trabalho demonstramos que pratos típicos, ricos
neste trabalho, pois poucos ousam aventurar-se em sua em especiarias, temperos e gordura, como a panelada, a galinha
complexidade, um grande exemplo é a feijoada (6). Porém, a caipira e o carneiro guizado foram perfeitamente harmonizados com
Confraria T aninos no T ucupí, grupo de estudos liderado pelo vinhos brasileiros, valorizando nossos produtos e tradições.
experiente sommelier Everaldo Santos, cujo objetivo é harmonizar
vinhos com comidas tipicamente brasileiras, teve como experiência a REFERÊNCIAS
harmonização de dobradinha (ingredientes comuns aos da panelada) 1-Savarin, B. A fisiologia do Gosto. 7. ed. Companhia da Letras,
com um vinho tinto português, de boa acidez e taninos fortes (7). A 1995, 379p.
nossa harmonização mostrou que mesmo um prato de corpo forte 2-SÃO PAULO (UFSCAR). A história do vinho. 1999.
pode ser harmonizado com um vinho leve, refrescante e sem taninos Disponível
que é a principal causa de rejeição de vinhos tintos por consumidores em:www.cca.ufscar.br/~vico/Vinho/A%20HISTORIA%20DO%
iniciantes da bebida. 20VINHO.pdf. Acesso em: 20 junho de 2016.
A segunda harmonização, a galinha caipira, é um prato 3-Rabachino, R. Manual Didático para o Sommelier
moderadamente estruturado, com pouca gordura, mas devido os Internacional. EDUCS, 2008.
temperos e especiarias utilizados na preparação tem seu sabor 4-Rabachino, R. Harmonização: o equilíbrio entre o vinho e
intensificado. Dessa forma, escolhemos o Chardonnay com alimento. 1 ed. EDUCS, 2012.
passagem por barrica de carvalho (adquirire corpo e aromas) para 5-Aprendendo os conceitos. VinumDay. Disponível
que seu sabor não viesse a ser coberto pelo prato. Assim, a em:http://blog.vinumday.com.br/wp-
harmonização se deu por analogia, ou seja, o corpo do vinho content/uploads/2016/05/E-book-Vinumday-
equilibrou-se ao corpo do prato. Os participantes do estudo (T abela Harmoniza%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em 09 de junho
1) relataram a perfeita harmonização do alimento com o vinho e de 2016.
evidenciaram uma valorização do sabor da galinha sem qualquer 6-Harmonização: Vinhos T intos Encorpados e Feijoada. ENOCULT.
realce ou prejuízo do sabor do vinho. É comum na literatura a 2014. Disponível em:
sugestão de que um vinho tinto de corpo médio e de taninos leves http://enocult.blogspot.com.br/2014/09/harmonizacao-vinhos-tintos-
harmoniza muito bem com a galinha caipira (8). No entanto, nesta encorpados-e.html. Acesso 9 de julho de 2016.
experiência gastronômica, concluímos que este vinho branco possui 7-Dobradinha combina com vinho? Vinhos de Corte. 2011.
corpo suficiente para suportar um prato estruturado como a galinha Disponível em: http://www.vinhosdecorte.com.br/dobradinha-
caipira e demostramos que apesar de toda a teoria e regras de combina-com-vinho/. Acesso em 09 de julho de 2016.
harmonização sempre haverá 8-T intos para bicos e penas. ADEGA. 2005. Disponível
o componente surpresa revelado apenas na prática. em:http://revistaadega.uol.com.br/artigo/tintos-para-bicos-e-
Por fim, a harmonização do carneiro guizado foi penas_5563.html. Acesso em 09 de julho de 2016.
considerada por todos os participantes do estudo como a mais 9-SAÑUDO, C., SANCHES, A. AFONSO, M. Small ruminants
preciosa e surpreendente. Para harmonizar este prato exótico, de production systems and factors affect lamb meat quality . Meat
intenso flavour (sabor mais aroma) escolhemos um vinho a altura, de Science, 1998ª, v. 49, n. 1, S29 - S64.
corpo estruturado, aromas frutados e taninos amaciados por
passagem em barrica, o que nos permitiu uma degustação singular do
vinho e da comida, cada um no seu momento. A harmonização,
portanto, se deu por analogia, ou seja, o vinho nivelou-se com a
intensidade de sabores do prato. Esse tipo de harmonização é uma
597
Gastronomia: da tradição à inovação
05978 Avaliação da Chia (Salvia hispanica L.) na substituição do ovo em massa integral de
quiche
Palavras-chave: mucilagem, análise sensorial, grama de sal. Para cada amostra foi adicionado junto à chia 200
ml de água filtrada, fazendo com que a chia liberasse a
receita. mucilagem para dar liga a receita.
Logo após a mucilagem da chia, foram adicionados os demais
INTRODUÇÃO
ingredientes e misturados até obtenção de uma massa firme. A
Atualmente com o aumento de pessoas com alergias e massa então permaneceu em repouso durante 30 minutos, o forno
intolerâncias alimentares, associado ao aumento da expectativa de foi pré-aquecido a 150°C durante 15 minutos e posteriormente a
vida, surge também uma maior preocupação em relação a uma massa foi levada ao forno e mantida de 20 a 30 minutos até
alimentação mais saudável. Por isso, há grande importância em dourar. A tabela 1 mostra a quantidade de cada ingrediente
estudar alimentos que possam suprir as necessidades e ao mesmo utilizado.
tempo trazer benefícios.
A Chia (Salvia hispanica L.) é uma semente muito antiga que foi Ingredientes Quantidade
considerada alimento de primeira necessidade à época das Farinha de trigo integral (g) 200
populações maias e astecas (1). Oriunda da região centro oeste do Gergelim branco (g) 40
México, ao norte da Guatemala, hoje é cultivada em diversas Óleo de coco (colher de sopa) 1
regiões do mundo incluindo o Brasil. Estudos mostram que a chia
Salsa desidratada (g) 25
tem um alto valor nutricional, possuindo altos níveis de ácidos
graxos essenciais, principalmente ácido linoleico (ω-6) e ácido-α- Cebola desidratada (g) 25
linoleico (ω-3) (2). Sal (g) 1
As sementes da chia também possuem uma quantidade Água filtrada (ml) 200
significativa de lipídeos, cerca de 40% do peso total da semente Chia - amostra 1 (g) 20
(sendo que desse valor, cerca de 60% é na forma de ω-3) , além Chia - amostra 2 (g) 40
de fibra dietética (mais de 30% do peso total) e proteínas de Chia - amostra 3 (g) 60
elevado valor biológico (cerca de 19% do peso total). Somado a
T abela 1: Ingredientes Da Massa Integral De Quiche Salgada
isso, contém minerais e vitaminas.(1) Com Chia
A chia é uma importante fonte de compostos fenólicos que agem Análise Sensorial
como antioxidantes naturais e possuem propriedades anti-
As amostras de quiche integral (20 g, 40 g e 60 g de chia) foram
inflamatórias, antitrombóticas e antitumoral. (2)
avaliadas por 40 julgadores não treinados, alunos de uma
A mucilagem da chia age como uma fibra solúvel e é conhecida instituição de ensino superior. As amostras foram distribuídas em
por ter excelente capacidade de retenção de água. Com isso a embalagens de polipropeno descartáveis no formato de bandejas e
mucilagem pode prover hidratação, viscosidade e conservar o
essas amostras foram submetidas aos testes de aceitação e de
frescor dos alimentos. (3)
intenção de compra. Para a avaliação de aceitação foi utilizada a
A chia tem se mostrado muito eficaz na elaboração de pães, bolos escala hedônica de 9 pontos, onde 1 representa “desgostei
e tortas (4, 5), sendo capaz de substituir o ovo sem modificar o muitíssimo” e 9 representa “gostei muitíssimo”. Os julgadores
sabor, aroma e textura. Nesse sentido, a chia é particularmente
avaliaram os seguintes atributos: aroma, sabor, crocância e
interessante, pois além de melhorar o valor nutricional ela
impressão geral Para a avaliação de intenção de compra foi
apresenta grande capacidade de reter água e óleo. utilizada a escala de 5 pontos, onde 1 representa “certamente não
Apesar de ter muitos benefícios quanto a utilização da chia não há compraria” e 5 “certamente compraria”.
legislação no Brasil. (6)
Além disso, também se buscou explorar os benefícios da chia na Análise Química
alimentação saudável, pois estudos comprovam que os Foram realizadas em cada formulação de quiche as determinações
componentes da chia tem aplicação quanto ao enriquecimento de
de umidade por secagem em estufa a 105°C, cinzas em mufla a
pães bolos, barras de cereais, entre outros produtos, garant indo
550°C, lipídios totais através do método de Soxhlet, proteínas
maior valor nutricional. (1,6) totais através do método de Kjedahl, e carboidratos por diferença
O objetivo deste estudo foi utilizar a chia na substituição do ovo e de acordo com o preconizado pelo Instituto Adolpho Lutz (7).
testar sensorialmente o produto formulado, visando beneficiar
T odas as análises foram realizadas em triplicata. As amostras
pessoas que tenham restrição alimentícia em relação ao ovo ou a
foram analisadas quimicamente em laboratório.
sua proteína.
RESULTADO S E DISCUSSÃO
MATERIAIS E METÓ DO S O teor de cinzas das amostras 1, 2 e 3 foi respectivamente: de
2,35 g, 3,12 g e 3,24 g. e o de umidade 5,39 g, 9,11 g e 9,53 g. A
Para o presente estudo foi utilizada uma receita de massa integral
análise do teor de proteína bruta forneceu os seguintes valores:
de quiche salgada com chia. No desenvolvimento da quiche 3,51 g, 3,59 g e 5,08 g para as amostras 1, 2 e 3 e os lipídios totais
empregou-se o processo manual. Foram elaboradas 3 formulações resultaram em 10,58 g, 11,32 g e 12,22 g. Glicídios ficaram em
diferentes, utilizaram-se quantidades iguais de ingredientes, no
78,17 g, 72,96 g e 70,33 g para amostras 1, 2 e 3 respectivamente.
entanto, para cada amostra variou-se a quantidade utilizada de (7)
chia. Na amostra 1, foi adicionada a receita 20 gramas de chia, na Na análise sensorial das amostras foi observada preferência pela
amostra 2 foi adicionada 40 gramas de chia e na amostra 3 foi
amostra número 3 com relação às demais. A média das avaliações
adicionada 60 gramas de chia. O local onde as preparações foram
para essa amostra foi maior, assim como a sua intenção de
feitas foi o laboratório escola de gastronomia da Faculdade Arthur compra.
Sá Earp Neto. Os dados foram analisados estatisticamente de acordo com (8).
A receita continha 200 gramas de farinha de trigo integral, 40
Com relação ao atributo crocância, a amostra obt eve menor
gramas de gergelim branco, 1 colher de sopa de óleo de coco, 25
aceitação do público, tendo em vista uma textura mais dura.
gramas de salsa desidratada, 25 gramas de cebola desidratada e 1 Apesar dessas observações, todos os resultados foram bem
598
Gastronomia: da tradição à inovação
posicionados na escala hedônica, com médias na aceitação geral 3. FELISBERT O, M. H. F. et al. Use of chia (Salvia hispanica
acima de 6, e na intenção de compra as médias foram todas acima L.) mucilage gel to reduce fat in pound cakes. LWT - Food
de 3, ou seja, foram positivamente recebidas pelo público. Science and T echnology, v. 63, n. 2, p. 1049–1055, 2015.
De acordo com os índices de boa aceitação de (8) em 4. LUNA PIZARRO, P. et al. Evaluation of whole chia (Salvia
porcentagem, as amostras 2 e 3 apresentam índice de aceitação de hispanica L.) flour and hydrogenated vegetable fat in pound
77.7% o que corresponde a um bom potencial mercadológico cake. LWT - Food Science and T echnology, v. 54, n. 1, p.
(≥70%). 73–79, 2013. [5]I.S. Jacobs and C.P. Bean, “Fine particles,
A tabela 2 fornece os valores das médias dos resultados nos thin films and exchange anisotropy,” in Magnetism, vol. III,
quesitos avaliados para as 3 amostras. G.T . Rado and H. Suhl, Eds. New York: Academic, 1963,
pp. 271-350.
5. VERDÚ, S. et al. Physicochemical effects of chia (Salvia
Análise Sensorial hispanica) seed flour on each wheat bread-making process
Intenção phase and product storage. Journal of Cereal Science, v. 65,
Amostra Aceitação
Aroma Crocância Sabor de p. 67–73, 2015.
Geral
Compra 6. FERREIRA, T . R. B. Caracterização nutricional e funcional da
Amostra 1 7 7 6 6 3 farinha de chia (Salvia hispanica) e sua aplicação no
Amostra 2 7 7 7 7 3 desenvolvimento de pães. [s.l: s.n.]
Amostra 3 7 7 7 7 4 7. INST IT UTO ADOLFO LUTZ - Normas Analíticas; métodos
T abela 2. Média da análise sensorial da massa integral de quiche químicos e físicos para a análise de alimentos. 4 ed. São
salgada com chia. Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
8. DUT COSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba:
O gráfico 1 mostra a média global das avaliações em relação aos Champagnat, 2013.
itens de aceitação (aroma, crocância, sabor e aceitação geral) para
as 3 amostras.
8
Valor Médio
7
7 7 7
6
6
1 2 3
Amostra
CO NCLUSÃO
As amostras, tiveram uma aceitação positiva em sua avaliação
geral com média acima de 6 em diversos quesitos e também boa
intenção de compra com média acima de 3, sendo que a amostra
número 3 foi a que recebeu as melhores notas, proporcionando
uma opção interessante de produto a ser comercializado.
Estudos sobre a chia ainda são recentes. Ainda existe
muito a se descobrir sobre essa semente. Muitas das propriedades
da chia ainda estão sendo avaliadas para comprovação científica,
no entanto vale ressaltar que a composição da chia é invejável do
ponto de vista nutricional, pois as substâncias que ela contém são
mais do que necessárias para uma saúde alimentar equilibrada.
AGRADECIMENTO S
Agradeço ao corpo docente e ao apoio técnico de laboratório da
FASE (Faculdade Arthur Sá Earp Neto) pelo apoio na etapa de
avaliação química das amostras.
REFERÊNCIAS
1. COELHO, M. S.; SALAS-MELLADO, M. DE LAS M.
Revisão :Composição química, propriedades funcionais e
aplicações tecnológicas da semente de chia (Salvia
hispanica L ) em alimentos Review : Chemical composition,
functional properties and technological applications.
Brazilian Journal of Food T echnology, v. 17, n. 4, p. 259 –
268, 2014
2. GUINDANI, C. et al. Valorization of chia (Salvia hispanica)
seed cake by means of supercritical fluid extraction. Journal
of Supercritical Fluids, v. 112, p. 67–75, 2016.
599
Gastronomia: da tradição à inovação
06116 Desenvolvimento e análise sensorial de uma panqueca funcional elaborada com farinha
de aveia
600
Gastronomia: da tradição à inovação
De acordo com as expressivas médias apresentadas na tabela 3 para adicionados de matérias primas com propriedades funcionais sem
todos os atributos avaliados verificou-se que ser viável a elaboração afetar negativamente as características sensoriais desses alimentos.
da panqueca com proporções adequadas de farinha de aveia como
substituta parcial da farinha de trigo sem que ocorra prejuízo quanto T este de intenção de compra
às características sensoriais dessa preparação culinária.
O atributo aparência obteve um percentual total relacionado ao termo O gráfico 1 apresenta os resultados relacionados a intenção de
“ gostei” de 100%, sendo esse o atributo que obteve a maior colocação compra.
dentre todos os atributos da análise sensorial com relação à aceitação
dos degustadores. Dessa forma classificou-se como um atributo de Gráfico 1 - Resultados referentes à intenção de compra da panqueca
excelente aceitação, onde foi possível observar que a presença da de farinha de aveia com ricota.
farinha de aveia não acarretou alteração significativa na aparência da
massa. Série1; Série1;Série1;
Silva et al. (3) elaboraram pães de forma, F1 a chamada formulação Certament Provavel
Certament
Certamente não
padrão e as outras formulações eram adicionadas de diferentes teores e mente nãoe não
compraria
de farinha de arroz e farinha de aveia, e perceberam que a adição compraria compraria
dessas farinhas com a mesma proporção não interferiu na aceitação de ; 32,5; ; 2,5; 2%; 2,5; 2%
aparência, textura, sabor e impressão global quando comparados com 33% Provavelmente
F1. Assim, pode-se observar que adicionar farinhas usualmente não não compraria
usadas na formulação de massas alimentícias é uma estratégia viável Série1;
em termos de desenvolvimento de fichas técnicas. Série1; T alvez
Provavel Talvez compraria,
compraria,
No presente estudo, a panqueca apresentou uma coloração escurecida, talvez não talvez não
que pode ser justificada devido à adição da farinha de aveia, visto que mente
compraria compraria
a mesma apresenta coloração diferenciada. Esse atributo recebeu um compraria
excelente destaque, sendo classificado por 95% dos julgadores pelo ; 35; 35% ; 27,5;…
termo “ gostei”. Assim sendo, essa coloração mais escura pode ser
considerada como um aspecto atrativo na avaliação dos julgadores. Feddern et al. (8) avaliaram a intenção de compra de cookies com 15,
Assis et al. (4) elaboraram biscoitos tipo cookie com farinhas de trigo, 30 e 45% de farelo de trigo e também amostras com 10, 20 e 30% de
de aveia e de arroz parboilizado, com proporções variáveis entre essas, farelo de arroz, e comparam-no a um controle (sem farelo). A intenção
e observaram que quanto maior a porcentagem de farinha de aveia de compra foi avaliada de acordo com uma escala de três pontos
utilizada, maior o escurecimento do produto. Já os biscoitos variando de “compraria” a “não compraria”, onde 32 a 43% e 31 a
elaborados com porcentagens de farinha de arroz parboilizado não 46% dos julgadores afirmaram que comprariam os biscoitos
apresentaram diferença de cor quando comparados aos biscoitos com elaborados com farelo de trigo e farelo de arroz, respectivamente.
100% de farinha de trigo. Sendo assim, é possível afirmar que a
farinha de aveia pode ser utilizada na elaboração de produtos, CO NCLUSÃO
aumentando o teor de fibras da preparação sem afetar a aceitabilidade.
No teste afetivo o atributo aroma obteve 92,5% de aceitação pelos Conclui-se ser viável elaborar uma panqueca funcional a base de
julgadores. farinha de aveia, sem que as características sensoriais do produto
Na avaliação do aroma Schmiele et al. (5) pesquisaram bolos nos afetem negativamente a aceitação dessa preparação culinária.
quais parte da farinha de trigo foi substituída por isolado proteico de
soja (IPS) numa faixa de 0 a 12% e uma mistura de farinha integral de REFERÊNCIAS
aveia com flocos de aveia (FFA) de 0 a 40%. Os bolos apresentavam
proporção de 10:6, 12:20 e 6:20 de (IPS) e (FFA), respectivamente, 1. REVIST A COZINHA FRANCESA FÁCIL, Ed. Altaya S.A, 1996
nos quais não foram observadas diferenças importantes quando p. 68.
comparadas à amostra padrão em relação aos atributos aroma, textura 2. MIRA, G.S.; GRAF, H.; CÂNDIDO, L.M.B. Visão retrospectiva
e sabor. em fibras alimentares com ênfase em beta-glucanas no tratamento do
O sabor recebeu como pontuação 92,5% relacionados à classificação diabetes. Braz. J. Pharm. Sci. 45, 11-20, 2009.
de “ gostei”, onde os termos “gostei muito e “gostei muitíssimo” 3. SILVA, M.B.L.; DEMAT EI, L.R.; BERALDO, J.R. Estudo da
obtiveram a mesma pontuação, sendo esta de 30%. Já 27,5% dos adição de farinha de arroz e farinha de aveia na aceitabilidade de pão
julgadores qualificaram o atributo como “gostei moderadamente”. tipo forma. Encicl. Bio. 6, 1-7, 2010.
Com relação ao sabor Borges et al. (6) avaliaram a viabilidade 4. ASSIS, L.M.; ZAVAREZE, E.R.; RADÜNZ, A.L.; DIAS, A.R.;
tecnológica e sensorial da elaboração de bolos adicionados com GUT KOSK, L.C.; ELIAS, M.C. Propriedades nutricionais,
farinha integral de aveia. As porcentagens utilizadas foram de 0%, tecnológicas e sensoriais de biscoitos com substituição de farinha de
15%, 30% e 45% em substituição à farinha de trigo. A análise trigo por farinha de aveia ou farinha de arroz parboilizado. Alim. Nutr.
sensorial das quatro formulações dos bolos avaliou sabor, textura e 20, 15-24, 2009.
impressão global, e todas as formulações receberam médias 5. SCHMIELE, M.; SILVA, L. H.; COST A, P. F. P.; RODRIGUES,
localizadas entre os termos “gostei moderadamente” e “gostei muito”. R.S.; CHANG, Y.K. Influência da adição de farinha integral de aveia,
No teste de aceitação, o atributo textura recebeu 92,5% das impressões flocos de aveia e isolado protéico de soja na qualidade tecnológica de
“ gostar”, da qual 40% referiram-se como “gostei muitíssimo”, 30% bolo inglês. B. CEPPA. 29, 71-82, 2011.
“ gostei muito”, 12,5% “gostei moderadamente” e 10% “gostei 6. BORGES, J.T .S.; PIROZI, M.R.; LUCIA, S.M.D.; PEREIRA, P.C.;
ligeiramente”, o que demonstra a considerável aceitação pelos MORAES, A.R.F.; CAST RO, V.C. Utilização de farinha mista de
degustadores. Para a avaliação da textura T avares e Gutierrez (7) aveia e trigo na elaboração de bolos. B. CEPPA. 24, 145-162, 2006.
elaboraram um nhoque onde utilizaram seis formulações que 7. T AVARES, L. L.; GUT IERREZ, E. M. R. Composição físico -
apresentavam como matérias primas farinha de trigo, semolina, química e sensorial de nhoque com farinha de soja e farelo de aveia
farinha de soja, farelo ou farinha de aveia em proporções armazenado sob congelamento. J. Braz. Soc. Food Nutr. 33, 97 -109,
diferenciadas para obtenção de uma preparação, a qual apresentaria 2008.
maior concentração de beta-glucanas. Ao comparar com a formulação 8. FEDDERN, V.; MIRANDA, V.V.O.; MELLADO, M.L.M.L.
padrão (FP) as formulações que obtiveram maior pontuação na análise Avaliação física e sensorial de biscoitos tipo cookie adicionados de
sensorial foram F5, com proporções de: 10%, 40%, 25% e 25% para a farelo de trigo e arroz. Braz. J. Food T echnol. 14,267-274, 2011.
farinha de trigo, farinha de semolina, de soja e farinha de aveia
respectivamente. Já F6 apresentava proporções de 10% de farinha de
trigo, 41% farinha de semolina, 24% da farinha de soja e 25% do
farelo de aveia. Quanto ao atributo textura, as duas formulações foram
classificadas como “ gostei moderadamente”. Ao comparar os dois
estudos pode-se afirmar que é possível elaborar uma massa
alimentícia rica em beta-glucanas sem prejudicar a textura dessa
formulação.
Assim sen do , p o de- se co n f ir m ar a v iabilidade de elabo r ar p r o dut o s
601
Gastronomia: da tradição à inovação
Mate riais
602
Gastronomia: da tradição à inovação
Atitude de compra
Na figura 4 o leite condensado Tradicional obteve grande maioria de
notas 5.
Figura 3: Histograma dos valores hedônicos atribuídos à Impressão Conclui-se que a amostra de Leite Condensado Diet teve uma boa
Global. aceitação, pois obteve a maioria das notas na zona de aceitação dos
testes realizados em comparação com a marca T radicional, que
obteve a melhor aceitação dos provadores.
603
Gastronomia: da tradição à inovação
05676 Características Sensoriais de Biscoito Tipo Cookies de Caroço de Jaca (Artocapus integrifólia L.)
Maria Rosa Figueiredo Nascimento 1 , Valéria França de Souza 1 , Angleson Figueira Marinho 1 , Cristiane Hess de
Azevedo Meleiro 1 , José Luís Ramirez Ascheri2
1 Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mariarosa@ufrrj.br
2 Pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rio de Janeiro
604
Gastronomia: da tradição à inovação
a farinha de caroço de jaca, não houve diferença significativa T abela 2. Valores médios dos atributos sensoriais dos cookies
(P>0,05) para os atributos sensoriais de aparência, cor, textura e odor utilizando concentrações de farinha dos caroços de jaca adicionada a
nas formulações: controle, 10% e 20%. farinha de trigo.
Para análise de sabor, observa-se que houve diferença entre os
cookies, porém, somente na formulação de 20% de cookies de caroço Atributos sensoriais
de jaca. Amostras Aparência Cor T extura Odor Sabor
Os resultados mostram na Tabela 2 para atributos das mais variadas Jaca 75,55 a 76,55 a 81,77 a 82,11 a 86,44 a
formas: pela aparência, cor, textura, odor e sabor que apresentam Controle
aceitabilidade dos julgadores avaliados por escala hedônica nas 10%* 76,66 a 77,11 a 80,66 a 78,66 a 82,55 ab
formulações de 10% e 20%. 20%* 89,44 a 79,33 a 79,2 a 78,55 a 80,33 b
As porcentagens altas na escala hedônica com notas 7 e 8 que As médias na mesma coluna, seguidas de letras diferentes, diferem
correspondem ao grau “gostei moderadamente” e ”gostei” pelos estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
julgadores. *Porcentagem da farinha de caroço de jaca incorporada à farinha de
Quanto ao sabor verifica-se que a aceitabilidade variou de 82,55 a trigo.
80,33% nas formulações de 10% e 20% neste estudo.
CO NCLUSÕES
A análise sensorial deste estudo com o cookies de caroço de jaca Os cookies de caroço de jaca apresentaram favorável aceitabilidade
apresentaram os escores mais elevados (em média 7 e 8), com para todos os atributos sensoriais. Essa farinha de caroço de jaca
relação a todos os atributos analisados. Neste estudo a aceitabilidade pode ser usada como alternativas alimentícias para a alimentação
dos cookies é satisfatório, humana agregando valor com este coproduto.
Os caroços de jaca que corresponde de 15 a 25% do fruto de acordo REFERÊNCIAS
com (4). Portanto, considera-se que os caroços de jaca seria um 1.Azevedo, A.V.S.; Ribeiro, M.V.S.; Fonseca, M.T .S.; Gusmão,
reaproveitamento que seria descartado por completo. T .A.S.; Gusmão, R.P. Avaliação física, físico-química e sensorial de
Os valores observados para a formulação do cookie da farinha do cookies enriquecidos com farinha de açaí. Revista Verde, 10,49-54,
caroço de jaca no atributo sabor foi superior aos obtidos por (2) que 2015.
estudaram produção, caracterização e utilização da farinha de casca 2.Ferreira, A.E.; FerreirA, B.S.; Lages, M.M.B.; Rodrigues, V.A.F.;
de jabuticaba em biscoitos tipo cookie e observaram valores no T he, P.M.P.; Pinto, N.A.V. D. Produção, caracterização e utilização
atributo sabor de 60,25 em formulação com 10% da farinha de cascas da farinha de casca de jabuticaba em biscoitos tipo cookie.
de jabuticaba, o que leva esta formulação ser menos aceita no sabor Alim.Nutr., 23, 603-607, 2012.
pelos julgadores. 3.Fiori, M.G.S.; Schoenhals, M.; Follador, F.A.C. Análise da
De acordo com (1) que estudaram avaliação física, físico-química e Evolução T empo-eficiência de duas composições de resíduos
sensorial de cookies enriquecidos com farinha de açaí, e verificaram agroindustriais no processo de compostagem aeróbia. Engenharia
baixa aceitabilidade em relação ao atributo aparência. Ambiental, 5, 178-191, 2008.
4.franco,C.M.L.; Daiuto, E.R.; Demiate, I.M.; Carvallho, L.J.C.B.;
Leonel, M.; Franco,G. T abela de composição química dos alimentos.
9ª edição, 1999.
5.Haq,N.Jackfruit:Artocarpusheterophyllus.Southampton:Southampt
on Centre for Underrutilised, 192, 2006.
6.Meilgaard, M.; Civille, G.V.; Carr, B.T . Sensory evaluation
techniques. 2ª.edição.CRC Press:Florida, 1999.
7.Sidhu, A. S.Jackfruit Improvement in the Asia-Pacific Region- A
Status Report. Bangkok:Asia-Pacific Association of Agricultural
Research Institutions (APARI), 182, 2012.
605
Gastronomia: da tradição à inovação
Maria Gorette de Queiroz1 , Cristiane Correia 2 , Ingrid Guerra 2 , Samara Morais 2 , Selma Braga2
606
Gastronomia: da tradição à inovação
1 kg açúcar Misturar o açúcar e a água e Tabela 3 - Escores médios e desvios-padrão dos atributos sensoriais
2 xícaras de água fria fazer uma calda em ponto de dos bolos Souza Leão conforme receita descrita por Cavalcante e
2 xícaras de manteiga fio brando; Fernandes
1 colher de chá de sal Misturar na calda quente a
1kg massa de mandioca manteiga e o sal e deixar esfriar Receita utilizada
16 gemas Misturar a massa de mandioca Variáveis P
Fórmula 4 3 xícaras leite de coco as gemas e o leite de coco,
Fórmula 3 Fórmula 4
(11) 3 paus de canela alternadamente
1 colher chá cravo-da- Misturar a calda com o
índia restante; Aparência 7,24±1,70 7,01±1,82 0,13
1 colher de chá de erva- Peneirar 3x em peneira bem
doce fina; Cor 7,40±1,73 7,06±2,01 0,216
Assar em fôrma untada em
banho-maria.
Odor 6,12±2,01 6,53±1,86 0,145
Na confecção das receitas selecionadas notou-se que as formulações Sabor 6,40±2,40 6,80±2,13 0,291
1 e 2, apresentadas por Freyre (9) não apresentaram as características
dos produtos comercializados no estado de Pernambuco nomeados Textura 6,83±1,99 6,86±2,03 0,214
de Bolo Souza Leão, como pode ser observado na figura 2.
Avaliação Global 7,79*±1,94 6,95±1,94 0,054
Figura 1: Imagens das preparações confeccionadas
*Diferença estatística ao nível de 5% de probabilidade no teste t-student na mesma linha.
Fórmula 3 - Cavalcante (10); Fórmula 4 - Fernandes (11)
CO NCLUSÃO
Comprova-se através da análise físico-química que o Bolo Souza
Leão é composto de nutrientes essenciais para uma boa nutrição, pois
é rico em carboidratos, proteínas, lipídios e minerais. Observa-se na
análise sensorial que em suas fórmulas tanto em Cavalcanti (10)
como em Fernandes (11), obtiveram uma boa aceitação entre os
provadores, com equivalências estatísticas para sabor, odor, textura.
Na aceitação global houve uma diferença para maior na fórmula de
Cavalcanti (10), porém as duas tiveram bons escores de intenção de
compras, sendo indicadas como um potencial mercadológico. Por
fim, o Bolo Souza Leão além de saboroso, é uma opção alimentar
Na tabela 2 estão expressos os valores percentuais médios da aos portadores da doença celíacas por não conter glúten em suas
composição dos bolos Souza Leão elaborados. Não houve diferença fórmulas e proporciona consumo de insumos baratos valorizando os
estatística (P>0,05) para umidade, cinzas, proteínas e carboidratos. pequenos agricultores.
Quando avaliados quanto ao conteúdo lipídico, o bolo elaborado
conforme receita descrita na fórmula 3 diferiu estatisticamente REFERÊNCIAS
(P<0,05), apresentando maior conteúdo lipídico devido ao maior 1. CORREIA, C.; OLIVEIRA, A.; SIQUEIRA, L. Bolo Souza
acréscimo de manteiga e leite de coco que a formulação 4. Leão: Caracterização, Técnicas de Preparo e Forneamento. In:
Tabela 2 - Valores médios de umidade, cinzas, proteínas, lipídios e Jornada de Ensino Pesquisa e Extensão, XI. Recife, Anais,
carboidratos dos bolos Souza leão – conforme receita descrita por UFRPE, 2011. CD-ROM
2. MELO, J. M. A difusão gastronômica no espaço
Cavalcante (10) e Fernandes (11)
folkcomunicacional. RIF, 1, 2011.
B olo Souza leão
Composição Centesimal (% ) 3. SHINOHARA, N. K.S.; MART INS, C.; OLIVEIRA, K. K.
Fórmula 3 Fórmula 4 G.; PADILHA, M. R. F.; PINT O, I. M. A. O bolo Souza
Umidade 31.04 32,88 Leão: Pernambuco dos sabores culturais. 2, 1, 2013.
4. AQUINO, D. T .; SILVA, Antonio Carlos Belo da; ALVES,
Cinzas 0,36 0,36
M. A. V. A IMPORT ÂNCIA DA PRODUÇÃO DA
P roteínas 3,39 3,57 MANDIOCA E SUST ENT ABILIDADE NA
Lipídios 20,41* 15,85 COMUNIDADE DO CAST AINHO- GARANHUNS-PE.
2010. (Apresentação de T rabalho/Congresso).
Carboidratos** 44,80 47,34
5. ANDRADE, A. A.; COELHO Sabrina v. Avaliação
*Diferença estatística ao nível de 5% de probabilidade no teste t-student na mesma linha. sensorial de panificação enriquecidos com farinha de feijão
**Calculados por diferença
Fórmula 3 - Cavalcante (10) Fórmula 4 - Fernandes (11) branco para pacientes celíacos. 5, 2008.
6. INST IT UTO ADOLFO LUTZ. Métodos físicoquímicos para
Na caracterização sensorial dos bolos Souza Leão (T abela 3), só análise de alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz,
houve diferença est atística significativa (P<0,05) para o atributo 2008. 1002 p.
avaliação global. De maneira geral as duas formulações foram bem 7. ST ONE, H. S.; SIDEL, J. L. Sensory Evaluation Practices.
aceitas sensorialmente pois, em todos os atributos avaliados os San Diego: Academic Press, 1993.
escores atribuídos foram superiores ao ponto neutro (5- nem gostei 8. SYST AT SOFT WARE INC. SigmaStat 3.5. 2016.
nem desgostei). Considerando o atributo avaliação global, foi Disponível em <https://systatsoftware.com/>Acessoem:
atribuída uma nota maior (7,79) a fórmula 3 que não foi adicionada 20/05/16.
de especiarias (canela, cravo da índia e erva-doce). Shinohara e 9. FREYRE, G. Açúcar: Uma Sociologia do Doce, com
colaboradores (3), descrevem que de acordo com a família, e, Receitas de Bolos e Doces do Nordeste do Brasil. 5 ed, São
consequentemente nos diferentes engenhos, o bolo Souza Leão Paulo: Global, 2007.
sofreu modificações ao longo do tempo nas quantidades e na 10. CAVALCANT I, M. L. M. História dos Sabores
incorporação de especiarias e outros ingredientes gerando variações Pernambucanos. Recife: Fundação Gilberto Freyre 2009.
nas formulações, o que explica a variação nas receitas testadas. 11. FERNANDES, C. Viagem Gastronômica Através do Brasil.
Na avaliação da intenção de compra, 62,5% dos provadores São Paulo: SENAC, 200.
responderam que certamente comprariam ou possivelmente
comprariam o bolo Souza Leão elaborado conforme fórmula 3,
14,6% se posicionaram neutros e 32,9% alegaram que não
comprariam. Em relação a fórmula 4, 56,2% dos provadores
responderam que certamente comprariam ou possivelmente
comprariam, 19,8% se posicionaram neutros e 24% que não
comprariam. Para as duas formulações, houve aceitação dos bolos
uma vez que a atitude de compra é superior aos pontos neutros e
atitude de rejeição.
607
Gastronomia: da tradição à inovação
06136 Análise sensorial de Cenouras Orgânicas Cultivadas com Diferentes Doses de Urina de
Vaca
Sinara Patrícia Mendes da Costa1 , Lize Moraes Vieira da Cunha 2 , Maristella Martineli2 , Camila Maida de Albuquerque
Maranhão 2
1 Graduanda do curso Agronomia, Departamento de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Montes Claros
2 Mestre em Agroecologia, Departamento de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Montes Claros
2 Doutora em Ciência de Alimentos, Departamento de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Montes Claros,
maristella.martineli@unimontes.br
2 Doutora em Zootecnia, Departamento de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Montes Claros
Análise sensorial
608
Gastronomia: da tradição à inovação
Fig.2. Intenção de compra de cenouras tratadas com diferentes métodos e práticas., 2 a ed. Vitória: Incaper, 2015, 34p.
doses de urina de vaca. 4. ST ONE, H.; SIDEL, J. Sensory evaluation practices. 2 ed.
Academic Press: New York,1993, 338p.
5. EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO EST ADO
DO RIO DE JANEIRO - PESAGRO. Urina de vaca: alternativa
eficiente e barata. Rio de Janeiro, 2002, 8p.
6. COST A, I. D. J. S., SOUZA, B. N., FAGUNDES, I. E.,
OLIVEIRA, V. S., SANT OS, M. P., SANT OS, S. A. Avaliações
de diferentes doses de urina bovina no desenvolvimento e
rendimento agronômico da abóbora e milho consorciado com
feijão. Cadernos de Agroecologia, 6, 2011.
7. SILVA, J. H. N; ARAÚJO, E. R.; VERRUMA-BERNARDI, M.
Para o teste de aceitação, houve ajuste de modelo linear, cujas R. Análise sensorial afetiva de cenouras cultivadas em sistemas:
médias cresceram de acordo com o aumento das doses de urina de orgânico e convencional. Alim. Nutr., 25, 2015.
vaca (Figura 3). É possível observar rejeição dos consumidores
pelas cenouras tratadas até a dose 1,0%, de maneira mais
expressiva pelas raízes adubadas com 0,0% (nota 2,58), seguidas
das cenouras com 0,5% (nota 3,25) e 1,0% (nota 4,38).
Diferentemente, os consumidores demontraram go star das
cenouras tratadas com urina de vaca à 1,5% e 2,0% (nota 6,38 e
7,19, respectivamente), indicando que a urina de vaca nas maiores
doses utilizadas no presente estudo promoveram uma melhoria na
qualidade das cenouras (Figura 3), comprovadamente demontrada
pela aceitação dos julgadores. A melhoria na qualidade das
cenouras pode ser atribuída a composição da urina de vaca, pois a
mesma é rica em elementos minerais, vindo a fornecer nutrientes e
demais substâncias benéficas à planta (5). Em um estudo co m
abóboras, Silva et al. (6) observaram maior produção de acordo
com o aumento das doses de urina de vaca, corroborando com o
presente estudo. Em contrapartida, em um estudo sobre aceitação
quanto aos atributos de cor, sabor, textura de cenouras cultivadas
em sistemas orgânicos e convencionais, Silva et al. (7) relataram
que os provadores não perceberam diferença na aceitação dos
atributos analisados entre as amostras orgânicas e a convencional.
CO NCLUSÃO
AGRADECIMENTO S
609
Gastronomia: da tradição à inovação
Análise sensorial Dentre os motivos tanto para a preferência quanto para a intenção de
compra, o sabor e a textura foram os mais citados pelos provadores.
Foram realizados testes sensoriais afetivos, utilizando teste
ordenação-preferência e intenção de compra com 48 provadores não
610
Gastronomia: da tradição à inovação
CO NCLUSÃO
AGRADECIMENTO S
611
Gastronomia: da tradição à inovação
Ilanna Souza¹; Bellysa Lima 1 ; Raiany Salomão 1 ; Fabiane Sampaio 1 ; Liejy Landim1 ; Ana Paula Simplício 1
1 Curso Bacharelado em Nutrição, Faculdade de Ciência e Tecnologia do Maranhão (FACEMA)
ilana_souza96@hotmail.com
Palavras Chave: desenvolvimento de produto, análise sensorial, prevenção de patologias.
INTRO DUÇÃO
A casca de maracujá, normalmente desperdiçada, pode e deve O Smoothie foi avaliado por 110 provadores não treinados,
ser aproveitada na industrialização de novos alimentos, como a aleatoriamente convidados a participar do estudo, na faixa etária
farinha do albedo de maracujá, pois sua maior utilização fez surgir entre 18 e 35 anos, de ambos os gêneros. Pessoas com aversão aos
novas fontes de riqueza econômica e tornou-se praticável a existência ingredientes foram excluídas. Cada provador recebeu duas amostras
no mercado de subprodutos mais variados com um menor preço uma de Smoothie (formulações Padrão e com albedo), codificadas com
vez que estas cascas são totalmente desperdiçadas ou utilizadas para número de três dígitos aleatórios. Os produtos foram avaliados
fabricação de ração animal ou adubo (1). quanto aos parâmetros de aceitação global, cor, aroma, sabor e
Diante disso, é relevante mencionar que o não desperdício das cascas textura através do teste de Escala Hedônica estruturada de 9 pontos,
do maracujá torna-se essencial, uma vez que contêm vários onde 1 representava “desgostei muitíssimo” e 9 “gostei muitíssimo”.
nutrientes, dentre eles, carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais T ambém foi aplicado o teste de intenção de compra do produto
que geralmente não são aproveitados, além de conter fibra solúvel através de escala de 5 pontos que variava de 1- “certamente não
(pectina) que tem um forte poder laxativo se consumida em compraria” ao 5 – “certamente compraria”.
grandes quantidades, por isso pode ser indicado para crianças,
adultos e idosos, pois aumenta a motilidade intestinal (1).
Smoothie é basicamente uma bebida semelhante ao milk shake, mais Análise Estatística
onde são usadas altas concentrações de frutas e gelo batidos.
T ambém é muito popular a adição de iogurte ou leites vegetais. A análise estatística dos dados foi realizada através de análise de
Como é uma bebida com alta cremosidade, a farinha do albedo de distribuição de frequência, medidas de tendência central e teste T de
maracujá pode constituir uma alternativa viável para este produto, student a 5% de significância utilizando programa estatístico SPSS
pois a sua aplicação atua elevando o valor nutricional do Smoothie, versão 17, e também aplicado o teste de T uker para obter a
constituindo uma opção na linha de alimentos inovadores (2, 3). comparação das médias.
Nesse sentido, é interessante reportar sobre a utilização do Smoothie
como veículo para um melhor aproveitamento do consumo da RESULTADO S E DISCUSSÕ ES
farinha do albedo de maracujá. O Smoothie, em função da facilidade
de baixo custo de processamento, constitui uma alternativa viável Percentual de Aceitação dos Atributos Sensoriais
para os diabéticos, o que oferece mais facilidade de consumo da
A T abela 1 mostra os valores quanto à aceitação dos atributos
farinha, assim também para o mercado alimentício (2).
sensoriais referentes às formulações de Smoothies padrão e albedo,
O objetivo do presente trabalho foi realizar a elaboração, análise
sensorial da farinha albedo do maracujá e inserir a mesma na quanto à cor, aroma, sabor, textura e aceitação global.
preparação de Smoothie de abacaxi.
Tabela 1. Valores médios e desvio padrão dos valores encontrados
na escala hedônica para as amostras contendo albedo e o padrão,
MATERIAIS E MÉTO DO S
Processamentos da Matéria-Prima e Obtenção da Farinha do Albedo considerando o mínimo de 01 e máximo de 09. Caxias-MA, 2016
de Maracujá
Foram utilizados maracujás da família Passifloraceae, gênero
Passiflora e espécie Passiflora edulis flavicarpa, adquiridos no
mercado local. O procedimento para o desenvolvimento da farinha
da casca de maracujá foi realizado de forma artesanal. Inicialmente
as frutas permaneceram 30 minutos imersos em solução de 2,5% de
hipoclorito de sódio, em seguida foi realizada a lavagem com água
potável (1).
As cascas foram picadas em pequenos pedaços e colocadas em uma
fôrma, onde permaneceram expostas ao sol durante 15 horas, com a
Fonte: Dados da pesquisa
finalidade de retirar quantidade considerável de umidade. E trituradas
*Valores com diferença significativa entres as amostras albedo e
em pequenas porções, em aparelho de liquidificador (marca
padrão, teste de T ukey p< 0,05.
mondialsuperpower), durante 30 minutos, obtendo-se a farinha a
partir do aproveitamento do albedo da casca de maracujá.
Formulação do Smoothie de Abacaxi Enriquecido com Farinha do Percentual de Intenção de Compra
Albedo da Casca de Maracujá
No preparo do Smoothie de abacaxi, utilizou-se o Laboratório de A Figura 1 mostra os valores percentuais referentes à intenção de
T écnica e Dietética da Faculdade de Ciências e T ecnologia do compra das formulações de Smoothies padrão e com albedo de
Maranhão, Caxias-MA. Na elaboração do Smoothie, foram usados maracujá.
como ingredientes a farinha do albedo da casca de maracujá, Figura 1. Percentuais de intenção de compra das formulações de
sucralose, polpa de abacaxi, água, gelo, hortelã e banana. Para a Smoothies padrão e com albedo de maracujá, Caxias- MA, 2016.
formulação padrão, a proporção dos ingredientes foram: 100g de
polpa de abacaxi, 40g de gelo, 2g de açúcar, 30g de banana e 5g de
hortelã. Para a formulação enriquecida com a farinha do albedo de
maracujá, a proporção foi: 100g de polpa de abacaxi, 40g de gelo, 2g
de açúcar, 15g de farinha do albedo de maracujá e 5g de hortelã.
O processo de elaboração do Smoothie iniciou- se com a pesagem
64; 48% 69; 52%
dos ingredientes. Em seguida foram homogeneizados em um
liquidificador (marca mondialsuperpower) em alta velocidade até se
obter a consistência desejada, sendo então as amostras servidas em Fonte: Dados da pesquisa
copo descartável de 50 ml.
Padrão Albedo
Percentual de Preferência
Análise Sensorial do Smoothie Enriquecido com a Farinha do
Albedo de Maracujá
612
Gastronomia: da tradição à inovação
A Figura 2 revela os percentuais quanto à preferência das composta por vários macro e micronutrientes que auxiliam
formulações de Smoothies padrão e com albedo de maracujá, diretamente no metabolismo do indivíduo (6).
revelando maior preferência da formulação de Smoothie padrão.
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão da intenção de compra
Figura 2. Percentuais de preferência das formulações de Smoothies entre a amostra padrão e amostra com o albedo, Caxias-MA, 2016.
padrão e com albedo de maracujá, Caxias- MA, 2016.
613
Gastronomia: da tradição à inovação
06105 Elaboração e análise sensorial de shake à base de camu-camu (Myrciaria dubia [Kunth]
McVaugh) liofilizado
Gabriela Murta 1 ,Francisca Souza 2 , Jaime Aguiar 2 ,César Ticona 2 .
1 Mestranda em Agricultura no Trópico Úmido- INPA,gabriela.murta@inpa.gov.br.
2 Pesquisador (a) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia- INPA.
Elaboração do shake
Embalagem e armazenamento em
A formulação do produto é composta por uma parte fixa (13%) e outra temperatura ambiente (25 º C)
parte variável (87%). A parte fixa, composta por maltodextrina e
sucralose, foi definida com base em pequenos testes de estabilidade
O leite em pó desnatado, juntamente com a maltodextrina são muito
previamente realizados. A parte variável da formulação é composta
utilizados na formulação de alimentos do tipo shake, pelas suas
por leite em pó integral desnatado e camu-camu liofilizado. Na Tabela
propriedades nutricionais e funcionais, além de facil disponibilidade e
1encontram-seos ingredientes utilizados na elaboração do shake.
baixo custo (9,10).
T abela 1. Ingredientes usados nas formulações das amostras de shake.
Análise Sensorial
Parte Variavel *
Parte Fixa (13%)
Ingredientes (87%)
A análise sensorial seguiu os aspectos éticos legais e foi aprovado pelo
Quantidade (%) Ingredientes Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) sob o nº.
Maltodextrina 5 Leite pó desnatado 1.312.018, após aprovação iniciou-se o preparo das formulações, os
(X1) testes sensoriais e as demais análises.
Sucralose 8 Camu-camu em pó Os testes utilizados para verificar a aceitação e intenção de compra
(X2) dos degustadores foram a Escala Hedônica de nove pontos e o cinco
*
pontos para intenção de compra, aplicados para um número de 30
Misturados de acordo o desenho experimental para 100g de Shake.
provadores não treinados, de ambos sexos, recrutados no Instituto
Nacional de Pesquisa da Amazônia- INPA. As amostras foram
As formulações da parte variável (87%), composta por leite em pó servidas em copos descartáveis de 50 ml, codificados com três dígitos
desnatado e camu-camu liofilizado, foram testadas em sete amostras e oferecidos aos provadores em blocos ao acaso. Foi fornecida água
diferentes (F1, F2, F3, F4, F5, F6, F7), conforme a T abela 2. para fazer o branco entre as amostras. As fichas sensoriais de Escala
Hedônica e Intenção de Compra, além do T ermo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), conforme as Diretrizes e Normas para
Pesquisa com Seres Humanos, Resolução 196 / 96 (11), foram
entregues aos provadores no início do teste. Os resultados do estudo
614
Gastronomia: da tradição à inovação
foram apresentados em conjunto, não sendo possível identificar os apresentar diferenças estatísticas entre si (p>0,05).
indivíduos que dele participaram, garantindo assim a total integridade É de essencial importância que alimentos enriquecidos ou fortificados
física e sigilosa do participante de acordo com a Resolução 466/2012- sejam desenvolvidos com segurança, qualidade e baixo custo.
CNS. Os atributos sensoriais avaliados foram: aparência, aroma, Pesquisas científicas mostram a importe relação entre os alimentos e o
sabor, textura e aceitação global, considerando a amostra preferida, surgimento de doenças, supondo, portanto, que a saúde pode ser
definida por meio do T este de Aceitação e Intenção de Compra. controlada pela alimentação (15).
615
Gastronomia: da tradição à inovação
Antonia Ariana Camelo Passos 1 , Silmara Azevedo Lopes 1 , Ana Josymara Lira Silva 1 , Nayanne Lima dos
Santos 1 , Renata Chastinet Braga 2 , Marlene Nunes Damaceno 2
616
Gastronomia: da tradição à inovação
considerada a mais preferida pelos provadores. Corante carmin de cochonilha Acidulantes ácido cítrico e ácido
A preferência para a marca B por parte dos provadores pode ser e urucum fosfórico
justificada devido à variedade e presença de maior quantidade de Aromatizantes
ingredientes comparada à marca A.
No entanto, analisar a aceitabilidade de barras de cereais formuladas Vitaminas C e E
com casca e semente de goiaba Roberto et al. (6) verificaram em seu
teste de ordenação preferência, que as amostras analisadas não Antioxidante natural tocoferol
obtiveram diferença significativa conforme a tabela de Newell
MacFarlane ao aumentar o teor de fibras obtidos do resíduo em Fonte: Embalagens das barras de cereais light avaliadas.
estudo. Os autores puderam concluir que o maior teor de casca e
sementes nas barras de cereais não afetam a preferência dos Os ingredientes destacados na T abela 1 são de fundamental
consumidores. importância para definir a preferência das barras de cereais light no
Silva, Lelis e Ferreira (1) ao avaliar barras de cereais com linhaça estudo, são esses ingredientes que fazem a diferença na qualidade
marrom com diversos sabores, verificaram que a barra de cereal sensorial dos produtos.
sabor misto de chocolate e banana foi a mais aceita por parte do s São escassos os trabalhos acadêmicos relacionados à comparação
provadores e que o aumento da adição de linhaça marrom não diferiu através de teste sensorial de barras de cereais de maneira geral, o que
significativamente entre amostras, mostrando que a adição desta chamou atenção em desenvolver o presente estudo.
fibra também não diferiu nas características sensoriais das barras de
cereais. CO NCLUSÕ ES
A marca B recebeu comentários importantes que justificam a escolha
da mesma pelos provadores, tais como: maior maciez, maior Pelos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que
quantidade de chocolate, melhor textura, sabor morango mais apesar de as marcas escolhidas terem o mesmo sabor e a mesma
intenso, textura suave, entre outras. Esses comentários estão finalidade especial (light), a marca B recebeu maior preferência por
diretamente relacionados com os ingredientes presentes na barra de parte dos provadores.
cereal da marca B, como por exemplo: A marca B utilizou cobertura
sabor chocolate, enquanto a marca A utilizou cobertura sabor AGRADECIMENTO S
chocolate ao leite; justificando o comentário de “maior quantidade de
chocolate” para a marca B.. À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
A T abela 1 mostra os ingredientes disponíveis fornecidas nas T ecnológico (FUNCAP) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de
embalagens. Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de estudos
concedidas aos alunos. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e
T abela 1 - Ingredientes utilizados na elaboração de barras de cereais T ecnologia do Ceará - Campus Sobral pelo uso do laboratório de
light sabor chocolate e morango. Análise Sensorial para a realização do teste. Ao Mestrado
Acadêmico em T ecnologia de Alimentos do Instituto Federal de
Educação, Ciência e T ecnologia do Ceará - Campus Limoeiro do
Ingredientes Norte.
Marca A Marca B
REFERÊNCIAS BIBLIO GRÁFICAS
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trigo e ce vada) trigo, milho e aveia) 1. SILVA, F. A. R.; LELIS, V. G.; FERREIRA, K. A.
Glucose Xarope de glicose Desenvolvimento e análise sensorial de barra de cereal com linhaça
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Cobe rtura sabor chocolate
Cobertura sabor chocolate
ao le ite
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Maltodrextrina Maltodrextrina Curitiba. Editora Champagnat, 2011, 521 p.
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Flocos de arroz
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Soro de le ite Glicerina
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Glicerina Gordura vegetal de palma 29, de 13 de janeiro de 1998. Aprova o Regulamento T écnico
referente a Alimentos para Fins Especiais. Diário Oficial da União da
Ó le o de palma Açúcar mascavo República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 mar.1998. Seção 1.
617
Gastronomia: da tradição à inovação
Manaus, Amazonas
Palavras-chaves: aromatizante, extração por maceração, Amazônia
. INTRO DUÇÃO todos os tubos que apresentaram fluorescência azul, confirmativa da
O Cumaru (Dipteryx odorata) é uma árvore nativa da região presença de E. coli. Anotou-se o número de tubos positivos e
amazônica, encontrada nas florestas de terra-firme e de várzea. T em determinou-se o Número Mais Provável (NMP) em uma tabela
copa globosa, com tronco ereto e cilíndrico revestido por casca adequada às diluições utilizadas e o resultado foi expresso em NMP
acinzentada e descamante, chegando a medir 30m de altura por 70cm de Coliformes termotolerantes/g.. Para contagem de Coliformes
de diâmetro. Suas flores róseas são bem perfumadas e seus frutos totais, tomaram-se todos os tubos de LST -MUG com produção de
tipo legume drupáceo, ovalado, de mesocarpo fibro-esponjoso, gás e foi transferida uma alçada de cada cultura para tubos de Caldo
contém uma única semente de cor marrom e com forte aroma de Verde Brilhante 2% (VB) (DIFCO). Incubou-se a 35°C por 24 a 48
cumarina (1). Sua propagação na floresta amazônica se dá por meio horas e observou-se o crescimento com produção de gás. Foi anotado
de sementes que caem e brotam naturalmente criando outras árvores. o número de tubos de VB com gás confirmativo da presença de
Esta árvore não é cultivada em grande escala, há somente plantios Coliformes totais e determinado o NMP/g em uma tabela de NMP
comerciais pequenos em toda a Amazônia. Seus frutos maduros apropriada às diluições inoculadas; o resultado foi expresso em
caem das árvores e são recolhidos do chão para a extração das NMP/de coliformes totais/g. Na pesquisa de Salmonella spp. a
sementes. A semente do cumaru tem sabor amargo, também amostra foi incubada a 37°C/24 horas e posteriormente transferidas
característico da substância cumarina. No Brasil, foi muito utilizada para dois diferentes caldos de enriquecimento seletivo, Rappaport -
com fins medicinais e aromatizantes (2), sua essência também é Vassiliadis (DIFCO) e T et rationato-Novobiocina (DIFCO),
utilizada amplamente na indústria da perfumaria e cosméticos (3). incubados a 37 e 42°C/24 horas. Cada amostra foi semeada em
Atualmente, ressurgiu em razão da visibilidade na área gastronômica placas de Petri com Ágar Verde Brilhante (DIFCO) e em Ágar
para substituir a popular baunilha em produtos da confeitaria, Hektoen (DIFCO) que foram incubados por 24 horas a 37°C. As
cozinha quente e fria e em bebidas em geral, mas de forma colônias típicas obtidas nas placas foram confirmadas através de
parcimoniosa. No exterior, ela é conhecida como Fava T onka e sua provas bioquímicas e sorológicas (7).
comercialização chega a custar R$ 700,00 quilograma. Os objetivos Evolução Sensorial
deste estudo foram realizar a análise microbiológica na essência A análise sensorial foi realizada conforme metodologia descrita pelas
artesanal da semente do cumaru, assim como verificar a aceitação Normas do Instituto Adolfo Lutz (2008) (11). As avaliações
sensorial para utilização na gastronomia como aromatizante natural. sensoriais foram realizadas com 90 amostras, 30 de rum, 30 de vodca
MATERIAL E MÉTO DO S e 30 de cachaça, num universo de 30 (trinta) participantes
A extração da essência da semente do cumaru foi realizada de forma provadores, não treinados, de ambos os sexos, selecionados entre
artesanal, no Laboratório de Cozinha Quente e Fria do Curso professores e alunos da IES com idade de 18 a 65 anos, sendo os pré-
Superior de T ecnologia em Gastronomia do Centro Universitário de requisitos para a participação: ausência de alergia, intolerância ou
Ensino Superior do Amazonas (CIESA), utilizando-se de três tipos aversão a alguns dos componentes do produto, ausência de restrição
de bebidas alcóolicas como solvente, para a proporção de 200ml de ao consumo de sacarose e apreciação da semente. Alguns fatores de
vodca (38% de álcool), 200ml de cachaça envelhecida (39% de exclusão foram considerados, tais como: indivíduo fumante ou com
álcool) e 200ml de rum ouro (38% de álcool) para cada 2 sementes. relato de prejuízo dos sentidos olfativos e gustativos, devido à rinite,
As sementes foram adquiridas por meio de doação de plantio no alergias, gripe, entre outros fatores. As amostras de essência de
interior do Amazonas e deixadas ao sol para secarem naturalmente, cumaru extraídas através de maceração foram servidas em copos de
cobertas por uma tela para evitar o pouso de insetos e acúmulo de plástico branco com quantidade padronizada de 6 ml. As Amostras
umidade, a fim de evitar proliferação de fungos e bactérias. foram apresentadas de forma criteriosa aos provadores, os quais
Após a secagem, as sementes foram quebradas com um pilão de foram instruídos a beber água mineral entre a degustação das
alumínio, através da técnica de maceração e adicionadas a cada tipo amostras para limpar o palato e neutralizar o sabor.
de amostra com solvente hidroalcoólico para que fosse retirado óleo Tratamento Estatístico
essencial, em garrafas brancas e esterilizadas para não haver As amostras foram analisadas pelo método afetivo, por meio de teste
proliferação de bactérias ou de fungos que prejudicassem a extração de ordenação, utilizando-se concomitantemente de escala hedônica
da essência de forma natural, sem adição de conservantes e/ou estruturada de 9 pontos, com os extremos se ancorando nos termos
corantes. As amostras foram deixadas em local seco, escuro e em “9 – gostei muitíssimo” e “1 – desgostei muitíssimo”. Utilizando o
temperatura ambiente, sendo agitadas diariamente para liberarem modelo de análise estatística desenvolvido pelo Departamento de
sabor, cor e aroma, por um período de 30 dias ininterruptos, do dia T ecnologia Agroindustrial e Socioeconomia Rural do Centro de
23/04/2016 a 23/05/2016, e por fim filtradas (4,5). Ciencias Agrarias da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)
Análise Microbiológica (8), para analisar as amostras dentro das normas da análise de
As amostras foram analisadas no Laboratório de Microbiologia de variância (ANOVA) e o teste de comparação de média (T este de
Alimentos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), T ukey) ao nível de 5% de significância para a comparação de
conforme a qualidade microbiológica de acordo com a RDC n ° 12, resultados múltiplos entre si, quando a média obtida for menor que
de 02 de janeiro de 2001 da ANVISA (6). As análises 5% a variação não atinge a diferença mínima significativa (DMS)
microbiológicas das bebidas foram realizadas quanto à presença de para determinar a aceitação dos provadores.
Coliformes termotolerantes, Coliformes totais e Salmonella (6). RESULTADO S E DISCUSÕ ES
Conforme determina a legislação, a pesquisa de Salmonella spp. foi Cada amostra apresentou um líquido que vai da cor dourado à
feita de forma qualitativa, sendo o resultado expresso como presença castanho escuro, com um odor altamente aromático e floral. Seu odor
ou ausência do microrganismo, e os outros microrganismos foram agradável deve-se a cumarina que é utilizada para perfumar rapé,
analisados de forma quantitativa, sendo os resultados expressos em chocolate e alguns tipos de uísque e na culinária como sucessora da
Número Mais Provável por grama (NMP/g). baunilha. Geralmente, poucas sementes de cumaru são necessárias
Para análise de Coliformes termotolerantes e Coliformes totais usou- para flavorizar um quilo de doces (9,10).
se a metodologia de tubos seriados. Partindo das diluições 10 -1 , 10-2 e Durante a realização da análise microbiológica foram encontrados
10 -3 foram pipetadas alíquotas de 1 mL das respectivas diluições para valores de 23,00 NMP/g para Coliformes totais, 0,0 NMP/g para
uma série de três tubos contendo 9mL do Caldo Lauril T riptose, Coliformes termotolerantes e ausência de Salmonella sp. conforme
suplementado com 50mg/L de 4-metil-umbelifenil-ß -D- descritos na T abela 1.
glucuronídeo (LST -MUG) (DIFCO) contendo tubo de Durham Tabela 1. Resultados das análises microbiológicas.
invertido, homogeneizando e incubando os tubos a 35°C/48 horas. Coliformes totais Coliformes Salmonella
T ranscorrido este tempo foi observada a produção de gás nos tubos termotolerantes
de fermentação (tubo de Durham). Foi considerado como positivo 23,0 NMP/g 0,0 NMP/g Ausência
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Gastronomia: da tradição à inovação
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Gastronomia: da tradição à inovação
06091 Diferenças Sensoriais em Leite Oriundo de Vacas Tratadas com Duas Diferentes Dietas
Lenícia Mamede¹, Letícia Rezende¹, Veridiana da Rocha¹, Rafaela Neres¹, Kállyta Vieira¹, Celso José de Moura ¹
1 Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, lebmea@gmail.com
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Gastronomia: da tradição à inovação
uma tratada, os julgamentos corretos foram maiores ou igual ao valor couve pode ter sua adicional fonte no leite tornando-o saudável e
tabelado, que é 10, o que indica que houve diferença significativa agradável.
entre as amostras no nível de probabilidade correspondente.
Na dupla subsequente questionou-se os provadores pela preferência, AGRADECIMENTO S
se a mesma se dava pela amostra controle ou pela tratada. Com base Aos meu colegas do Grupo de Estudos em Leite e Derivados que
nos resultados, de um total de 17 provadores percebeu-se que 9 contribuiram para a boa execução desta pesquisa, ao tutor do grupo,
pessoas preferiram a amostra tratada, 4 preferiram a controle e 4 não orientador e amigo Prof. Dr. Celso José de Moura e ao meu amigo
demonstraram preferência (Figura 1). As que não demostraram Lúcio Cunha Oliveira por apoio e revisão deste trabalho. À
preferência foram assim julgadas uma vez que não conseguiram Universidade Federal de Goiás, principalmente, Setor de Engenharia
identificar diferença entre a amostra tratada e a controle. de Alimentos da Escola de Agronomia, pelo espaço físico e
Figura 1. Gráfico de preferência das amostras pelos provadores conhecimentos oferecidos.
REFERÊNCIAS
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Gastronomia: da tradição à inovação
Pedro Victor Crescêncio de Freitas 1 , Emanuel Neto Alves de Oliveira 2 , Francisco Lucas Chaves Almeida 3 , Josivanda
Palmeira Gomes 4 , Gleison Silva Oliveira 5 , Adalva Lopes Machado 6
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Gastronomia: da tradição à inovação
trabalharem com iogurtes com leite de cabra com pinha, obtiveram Figura 2. Aceitação geral dos iogurtes prebióticos de manga
porcentagens inferiores, tendo 46,66% de aceitação para cor. elaborados com leite de cabra. *As médias seguidas na coluna pela
Para o parâmetro de sabor, a formulação I 3 se sobressaiu das demais mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
formulações, com porcentagem de 72,22%. Essa diferença pode ter Tukey, em nível de 5% de probabilidade.
se dado pelas quantidades de polpas colocadas nas formulações,
assim como o sabor do leite de cabra, este que apresenta sabor
bastante característico, oriundo da presença dos ácidos de cadeia
curta (9). Entretanto, é relatado que o processamento do leite de
cabra na formulação dos iogurtes, reduz esse sabor desagradável.
Silva et al. (9) ao estudarem iogurtes com leite de cabra com sabores
de goiaba e manga, encontraram aceitação para o parâmetro sabor
entre 58 a 72%, resultados estes que se aproximam dos da presente
pesquisa. Essa aproximação e diferença encontrada por eles, pode ter
se dado, pelas proporções diferentes ao elaborarem os iogurtes. Além dos itens já mencionados, avaliou-se também, a intenção de
A formulação que teve maior aceitação para aparência foi a I 3 com compra dos iogurtes, para determinar a possibilidade de serem ou
76,67%, se sobressaindo das demais elaboradas com menores não, adquiridos pelo consumidor, uma vez que estivessem
concentrações de polpa. Marinho et al (4) elaborarem iogurte com disponíveis no mercado. De acordo com a Figura 3, as maiores
leite de cabra com polca de umbu, apresentaram aceitação entre 72 a médias atribuídas aos iogurtes encontram-se entre as notas 3 (Tenho
75%, valores estes, que se aproximam dos encontrados nesta dúvidas se compraria o produto) para formulação I 2 e 5 (certamente
pesquisa. Silva et al. (9) ao elaborar iogurte a base de leite de cabra e compraria o produto) para formulação I 3 .
extrato hidrossolúvel de soja apresentou resultados inferiores ao
deste desta pesquisa, com aceitação que variou entre 43,35 a 56%. Figura 3. Intenção de compra dos iogurtes prebióticos de manga
Quanto à doçura, a formulação que se sobressaiu mais uma vez foi à elaborados com leite de cabra. *As médias seguidas na coluna pela
formulação I 3 com 76,89% seguidas das demais em ordem mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
decrescente de concentração de polpa. Essa diferença se deu por a Tukey, em nível de 5% de probabilidade.
amostra I 3 contém maior concentração de polpa, ou seja,
apresentando-se assim, com maior doçura típica da própria fruta.
Resultados inferiores foram encontrados por Machado et al. (8) ao
elaborarem iogurtes de leite de cabra com pinha, apresentando certa
de 33,33% de aceitação.
O aroma foi outro parâmetro avaliado, onde a formulação I 3 foi o
mais aceito com 76,67%. Pereira et al (10) ao elaborarem iogurtes a
partir de leite de cabra acrescido de polpa de uvaia, encontraram
valores superiores quanto ao parâmetro de aroma (70 a 82%). A
consistência obteve 80% de aceitação para a amostra I 3 , seguida da CO NCLUSÕ ES
I 2 , I 1 e P, respectivamente. Valores aproximados foram encontrados
por Marinho et al (4) aos desenvolverem iogurtes polpa de umbu Os iogurtes foram elaborados com sucesso, apresentando boa
apresentando valorem entre 72 a 75% de aceitação para consistência. aceitação sensorial, e com maior destaque o iogurte da formulação I 3
elaborada com a maior concentração de polpa, onde obteve para
Figura 1. Índice de aceitação dos iogurtes prebióticos de manga todos os seus parâmetros avaliados maiores índices de aceitação.
elaborados com leite de cabra. *As médias seguidas na coluna pela
mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de REFERÊNCIAS
Tukey, em nível de 5% de probabilidade.
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Verifica-se na Figura 2 que apenas os iogurtes elaborados com as 2 sensorial de iogurtes produzidos com leite de cabra e vaca, no s
maiores concentrações I 2 (4%) e I 3 (12%) de polpa apresentaram sabores goiaba com cenoura e manga. Encontro nacional de
valores de aceitação geral superiores a 70%, classificado d