T.11 - Engrenagens de Parafuso Sem-Fim

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T.

11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

ÓRGÃOS DE MÁQUINAS II
Licenciatura em Engenharia Mecânica

Elaborado por Paulo Flores - 2023


Departamento de Engenharia Mecânica
Universidade do Minho
Campus de Azurém
4804-533 Guimarães
pflores@dem.uminho.pt

1
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO


SEM-FIM
1. Introdução

2. Geração do Dente

3. Perfis dos Dentes

4. Terminologia Específica

5. Relação de Transmissão

6. Relações Geométricas

7. Parâmetros de Desempenho

2
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

1. Introdução

Generalidades

A figura do lado ilustra uma engrenagem de parafuso sem-fim com


roda helicoidal. Esta é uma das formas mais utilizadas na prática,
que inclui um parafuso cilíndrico e uma roda cilíndrica de dentes
helicoidais.

Este tipo de engrenagem é mais suave, mais silencioso e amortece


um maior nível de vibrações quando comparado com as restantes
classes de engrenagens.

Uma das principais aplicações deste tipo de engrenagem é nos


denominados redutores de velocidade, em que as relações de
transmissão podem atingir valores da ordem dos 100.

Quando o fator primordial é a transmissão de potência deve


usar-se parafusos de múltiplas entradas (cf. figura do lado).
Em geral, o número de entradas varia entre 1 e 5,
podendo atingir as 10 entradas.

Quando o principal fator é a redução de velocidade


devem usar-se parafusos de uma única entrada, Avanço
sobretudo quando se pretende qua a transmissão
seja autoblocante. Parafuso sem-fim de quatro entradas
1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 3
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

1. Introdução

Envolvimento Simples e Duplo

A capacidade de transmissão de potência pode ser aumentada se o parafuso for modificado com o intuito
de envolver a roda. Assim, o contacto entre os dentes dá-se segundo uma superfície e não uma linha. Por
conseguinte, a capacidade de carga aumenta com a modificação do parafuso e/ou da roda.

A modificação do dentado requer um maior rigor na montagem das engrenagens, principalmente quando as
potências e velocidades em jogo são elevadas. As figuras abaixo ilustram duas engrenagens de parafuso
sem-fim, uma de envolvimento simples, e outra de envolvimento duplo, ou composto.

(a) (b)
Engrenagens de parafuso sem-fim: (a) Envolvimento simples; (b) Envolvimento duplo

O parafuso sem-fim é construído em aço de liga com tratamentos térmicos e de superfície.


A roda é frequentemente feita em bronze. Este par de materiais é escolhido em virtude do baixo atrito que
proporcionam, sendo o valor do coeficiente de atrito, na presença de lubrificante, cerca de 0,07.

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 4


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

1. Introdução

Aplicações

As engrenagens de parafuso sem-fim encontram aplicação em caixas redutoras, pulverizadores de carvão,


mecanismos de painéis solares para seguir o sol, sistemas de abertura de portões, etc.

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 5


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

2. Geração do Dente

Geração em Evolvente Helicoidal

Nas figuras abaixo C1 e C2 denotam as superfícies cilíndricas primitivas de uma engrenagem torsa que se
pretende gerar. Os cilindros primitivos têm raios r1 e r2, também representados nas figuras abaixo. Deve
notar-se que os eixos dos cilindros primitivos são segmentos de reta enviesados, facto que decorre da
própria definição de engrenagem torsa.

As figuras incluem ainda dois planos, p1 e p2, coincidentes e paralelos aos eixos dos cilindros primitivos.
Estes planos são tangentes aos cilindros primitivos segundo os segmentos de reta g1 e g2, denominados
geratrizes de contacto. Da análise das figuras pode observar-se que as geratrizes de contacto se intersetam
no ponto I, sendo o ponto de contacto entre os cilindros primitivos.

Plano de engrenamento
u2
p2 p2
r1 r1 M
C1 C1
G u1
w1 O1 g2 w1 O1 F g2
I I Q y
g1 w2 g1 b2 w2
p1 r2 p1 b1 r2
E N S
O2 O2

C2 C2
Plano gerador

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 6


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

3. Perfis dos Dentes

Análise Simplificada

Para o caso do parafuso é mais adequado falar-se em filetes do parafuso do que em dentes. Acresce o
facto de que os eixos do parafuso sem-fim e da roda helicoidal serem perpendiculares.

A análise descritiva das engrenagens de parafuso sem-fim roda helicoidal pode ser simplificada
sobremaneira quando se considera o sem-fim como sendo uma espécie de cremalheira, tal como se
esquematiza na figura abaixo.

Deste modo, quando o parafuso sem-fim roda em torno do próprio eixo, qualquer secção dos filetes do
parafuso descreve um movimento de translação retilínea paralela ao eixo do parafuso sem-fim, ou seja, a
cremalheira.

Roda

C2
I
L1

Cilindro primitivo Eixo do parafuso

Secção de uma engrenagem de parafuso sem-fim roda helicoidal


1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 7
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

3. Perfis dos Dentes

Análise Simplificada

Representando o passo helicoidal do parafuso sem-fim por pz, então, por definição, uma dada secção
desloca-se uma distância pz por cada rotação do parafuso sem-fim. Esta amplitude de movimento de
translação axial chama-se avanço, tal como se evidencia o diapositivo 3.

A roda descreve a mesma amplitude de rotação quando a cremalheira se desloca em movimento de


translação ao longo do eixo do parafuso sem-fim, ou seja, é como que o parafuso sem-fim não rodasse.

A figura do diapositivo seguinte diz respeito à secção de uma engrenagem de parafuso sem-fim roda
helicoidal que resulta quando aquela é intersetada pelo plano médio. Deste modo, obtém-se uma
cremalheira cujos perfis dos filetes são simétricos entre si, pelo que durante o engrenamento, os perfis da
cremalheira funcionam com os respetivos perfis conjugados da secção da roda helicoidal.

Os principais elementos que caraterizam este engrenamento são a circunferência primitiva, C2, da roda
helicoidal e a reta primitiva, L1, da cremalheira. Estes dois elementos são tangentes no ponto primitivo I.

Os perfis dos filetes dos parafusos sem-fim podem apresentar as seguintes formas geométricas:
▪ Filete trapezoidal,
▪ Filete gerado por um tronco de cone de revolução,
▪ Filete helicoidal.

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 8


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

3. Perfis dos Dentes

Análise Simplificada

O perfil trapezoidal é dos mais utilizados Mó de disco bicónica


em transmissões mecânicas de parafuso ax1
sem-fim roda helicoidal. Quando as cargas
em jogo são baixas podem usar-se filetes
com perfil triangular, não obstante o seu
rendimento ser relativamente baixo devido
g1
ao elevado atrito que se desenvolve.
b1
Existem ainda os parafusos sem-fim tóricos, px1
em que os filetes são gerados num segmento pz1 g1
Mó tronco-cónica
de toro. Neste tipo de parafuso sem-fim
existe um maior número de filetes engrenados (a) (b)
ao mesmo tempo, pelo que apresenta uma Mó
maior capacidade de carga. Devido à quase
p/2-bb1
inexistência de folgas, os parafusos sem-fim
tóricos possibilitam transmissões mais suaves. bb1

Contudo, este tipo de engrenagem apresenta


rendimentos relativamente baixos, uma vez Hélice de base
que há uma maior área entre as superfícies
de contacto. db1
(c)
Perfis de filetes de parafuso sem-fim: (a) Perfil trapezoidal; (b) Perfil
gerado por tronco de cone de revolução; (c) Perfil helicoidal evolvente
1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 9
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

4. Terminologia Específica

Representação de um Parafuso Sem-Fim

A figura abaixo ilustra os principais elementos geométricos que caraterizam uma engrenagem sem-fim.
px1

pt1
b1
pz1 pn

Representação de um parafuso sem-fim

A nomenclatura referente à roda helicoidal é em tudo semelhante à das engrenagens cilíndricas de dentes
inclinados, pois é utilizado um grande número de termos iguais num e noutro caso.

Há, todavia, um conjunto de parâmetros que merece aqui ser realçado, nomeadamente:
▪ pn – passo real ou normal, que é igual para o parafuso sem-fim e para a roda helicoidal,
▪ pt1 – passo aparente ou transverso do parafuso sem-fim, que diz respeito ao passo medido no
plano frontal perpendicular ao eixo,
▪ px1 – passo axial do parafuso sem-fim, que coincide com o passo aparente da roda helicoidal,
▪ pz1 – passo helicoidal do parafuso sem-fim, também denominado de avanço.

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 10


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

4. Terminologia Específica

Nomenclatura Fundamental

▪ mn – módulo normal ou real, que é igual para o parafuso sem-fim e para a roda helicoidal,
▪ mt1 – módulo aparente ou transverso do parafuso sem-fim,
▪ mx1 – módulo axial do parafuso sem-fim, que é igual ao módulo aparente da roda helicoidal,
▪ an – ângulo de pressão real, que é igual para o parafuso sem-fim e para a roda helicoidal,
▪ at1 – ângulo de pressão aparente ou transverso do parafuso sem-fim,
▪ ax1 – ângulo de pressão axial do parafuso sem-fim,
▪ z1 – número de entradas do parafuso sem-fim,
▪ z2 – número de dentes da roda helicoidal,
▪ b1 – ângulo de inclinação primitiva do filete do parafuso sem-fim em relação ao seu eixo,
▪ g1 – ângulo ascendente ou ângulo de passo, que é complementar do ângulo de inclinação primitiva,
▪ a – distância entre os eixos,
▪ w1 – velocidade angular do parafuso sem-fim,
▪ w2 – velocidade angular da roda helicoidal,
▪ i – relação de transmissão.

Para um parafuso sem-fim, o passo axial pode ser calculado do seguinte modo
pz1
px1 =
z1
1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 11
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

5. Relação de Transmissão

Engrenamento Parafuso Sem-Fim Roda Helicoidal

A relação de transmissão não é expressa em função dos diâmetros primitivos, dada a existência de um
ângulo de inclinação do parafuso sem-fim.

w2

I v1 v2

w1

d1
Representação do engrenamento parafuso sem-fim roda helicoidal

Considere a representação simplificada de uma engrenagem de parafuso sem-fim roda helicoidal, tal como
ilustra a figura acima.

A velocidade linear do ponto primitivo é a mesma, quer se considere o ponto primitivo pertencente ao
parafuso sem-fim, quer se considere pertencente à roda. Assim, neste caso último tem-se que
d2
v2 = w 2
2

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 12


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

5. Relação de Transmissão

Representação do Passo de Hélice

Para a determinação da velocidade linear do ponto primitivo quando este pertence ao parafuso sem-fim
considere a representação da figura abaixo.
Hélice primitiva

b1

pd1
w1 Eixo do sem-fim
Hélice primitiva

pz1

(a) (b)
(a) Representação do passo num parafuso sem-fim; (b) Planificação do passo

Pela definição de passo, pode verificar-se que por cada rotação do parafuso sem-fim há um deslocamento
axial igual ao passo helicoidal, ou seja
1 rotação  pz1

Atendendo à definição de velocidade, da expressão anterior resulta que


w1
rotações/s  v1

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 13
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

5. Relação de Transmissão

Velocidade no Ponto Primitivo do Parafuso

Combinando as duas expressões anteriores pode obter-se a seguinte equação


w1
v1 = pz1

Por outro lado, da observação da figura anterior pode escrever-se que


πd1
pz1 =
tgb1

Finalmente, a velocidade no ponto primitivo do parafuso é dada por


w1d1
v1 =
2tgb1

Atendendo à definição de relação de transmissão, combinando as equações das velocidades do ponto


primitivo, pode verificar-se que
w1 d 2
i= = tgb1
w 2 d1

Observar-se, portanto, que a relação de transmissão é expressa em função dos diâmetros primitivos do
parafuso sem-fim e da roda helicoidal, bem como do ângulo de inclinação dos filetes.
1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 14
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

6. Relações Geométricas

Passo Normal, Aparente e Axial

Considere a representação da figura abaixo, que diz respeito à planificação do cilindro primitivo de um
parafuso sem-fim de dupla entrada.

px1 pt1

pn
pz1

pz1
b1

px1
g1

d1 pd1

Elementos geométricos de um parafuso sem-fim

Com referência a esta figura podem estabelecer-se as seguintes relações entre o passo normal ou real e os
passos aparente e axial
pn = pt1 cos b1 pn = px1senb1

em que b1 representa o ângulo de inclinação primitiva ou ângulo de hélice primitiva.

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 15


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

6. Relações Geométricas

Módulo Real, Aparente e Axial

Do mesmo modo pode escrever-se que


mn = mt1 cos b1 mn = mx1senb1

sendo mt1 e mx1 os módulos aparente e axial do parafuso sem-fim.

Atendendo à definição de módulo tem-se que


pn pt1 px1
mn = mt1 = mx1 =
π π π

O engrenamento entre o parafuso sem-fim e a roda efetua-se quando ambos os elementos apresentam o
mesmo ângulo de pressão normal ou real. Por conseguinte, os módulos e passos reais têm também o
mesmo valor no parafuso sem-fim e na roda helicoidal.

Em analogia com o que foi descrito para o parafuso sem-fim são válidas as seguintes relações para a roda

mn = mt 2 cos b 2 mn = mx 2senb 2

pn = pt 2 cos b 2 pn = px 2senb 2

em que b2 denota o ângulo de hélice da roda helicoidal.

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 16


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

6. Relações Geométricas

Relação entre Elementos do Parafuso Sem-Fim e da Roda

Da combinação das equações anteriores verifica-se que


pn = pt1 cos b1 = pt 2 cos b 2

mn = mt1 cos b1 = mt 2 cos b 2

Pela definição de módulo sabe-se que


d1 = mt1 z1 d 2 = mt 2 z2

Atendendo a que os ângulos de hélice da roda e do parafuso são complementares, pode verificar-se que
πd1
mn = mx1senb1 = mt 2 cos b 2 tgb1 = tgb b1 = tgb1 cos a t1
pz1
mx1 = mt 2 senb b1 = senb1 cos a n
pz1
tgg 1 = cos b b1 cos a t1 = cos b1 cos a n
px1 = pt 2 πd1
d b1 tga n = tga x1 senb1
pt1 = pt 2 tgb1 tgb b1 = tgb1
d1
tga n = tga t1cosb1
mt1 = mt 2 tgb1 d b1 = d1 cos a t1 = mt1 z1 cos a t1 tga t1 = tga x1tgb1

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 17


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

6. Relações Geométricas

Proporções dos Filetes e Dentes

No presente contexto considera-se apenas o sistema normal, em que o ângulo de pressão normal é de 20º
e que é adotado pelo fabricante David Brown and Sons. Assim tem-se que

ha1 = mx1 h1min = 2,2mn = 2,2mx1senb1 d a1 = d1 + 2ha1

hf 1min = mx1 (2, 2senb1 - 1) h1máx = 2,25mn = 2,25mx1senb1 d f 1 = d1 - 2hf 1

hf 1máx = mx1 (2,5senb1 - 1)

Para a roda helicoidal devem adotar-se as seguintes relações

ha 2 = mx1 (2senb1 - 1) hf 2min = mx1 (1 + 0, 2senb1 ) hf 2máx = mx1 (1 + 0, 25senb1 )

h2min = 2, 2mx1senb1 h2máx = 2, 25mx1senb1

d a 2 = d 2 + 2ha 2 d f 2 = d 2 - 2hf 2 e2min = 0,2mx1 b2 = 2mx1 z2 + 1

Para maximizar a capacidade de potência no projeto de engrenagens de parafuso sem-fim roda helicoidal
deve garantir-se que o diâmetro primitivo do parafuso sem-fim esteja dentro do seguinte intervalo

a 0,875 a 0,875
 d1 
2 1,7
1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 18
T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

7. Parâmetros de Desempenho

Relação de Condução

O estudo da continuidade de engrenamento em parafusos sem-fim requer uma análise geométrica (e.g.
computacional) cuidada das zonas de contacto entre os filetes do parafuso e os flancos dos dentes da roda.

Para o caso particular das engrenagens de parafuso sem-fim roda helicoidal, a relação de condução pode
obter-se recorrendo à seguinte expressão
2 2
 da 2   d b2  d 2 ha1
  -  - sena x1 +
 2   2  2 sena x1
e=
πmx1 cos a x1

em que o ângulo de pressão axial do parafuso sem-fim é dado por


 tga n 
a x1 = tg -1  
 senb1 

Considere uma engrenagem de parafuso sem-fim de entrada dupla e com uma roda helicoidal de 30
dentes. O parafuso, que é o órgão motor, tem 44 mm de diâmetro primitivo, um módulo axial de 3 mm e um
ângulo de pressão real igual a 20º. Assim, determine a relação de condução desta engrenagem.

Solução:
e = 1,81

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 19


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

7. Parâmetros de Desempenho

Rendimento: Parafuso Órgão Motor

A força que atua perpendicularmente à superfície dos filetes do F1


parafuso é representada pelo símbolo N, a qual pode ser dividida an
N
em duas componentes, ou seja
Fr1 = Nsena n F1 = Ncosa n Fr1

Em virtude do deslizamento que ocorre durante o engrenamento


entre o parafuso sem-fim e a roda gera-se uma força de atrito, a
qual é dada pela lei de atrito de Coulomb, isto é, mN. Ft1
F1
g1
Da análise da figura do lado verifica-se que as componentes mN
tangencial e axial das forças que atuam na hélice primitiva Fa1
podem ser expressas do seguinte modo
Ft1 = F1seng 1 + m N cos g 1 Fa1 = F1cosg 1 - m Nseng 1

Combinando as equações supramencionadas resulta que


Forças no sem-fim
Fr1 = Nsena n

Ft1 = N (cos a n seng 1 + m cos g 1 )

Fa1 = N (cos a n cosg 1 - mseng 1 )

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 20


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

7. Parâmetros de Desempenho

Rendimento: Parafuso Órgão Motor

Na figura do lado estão representadas as componentes radiais,


tangenciais e axiais quando o parafuso é o órgão motor com
hélice direita e a roda é de hélice direita. Observa-se que
Fr1 = Fr 2 Ft1 = Fa 2 Fa1 = Ft 2 w2
Fr2

Atendendo a que o rendimento de uma engrenagem Fa1 Fa2


pode ser definido como o quociente entre a potência
útil e a potência disponível tem-se que Ft1

d Ft2
Ft 2 2
2 w2 = Ft 2 d 2w2
Fr1
p = Parafuso: órgão motor w1
Ft1 1 w1 Ft1d1w1
d
2 Forças de engrenamento

em que o índice p diz respeito ao órgão motor na presente análise, ou seja, o parafuso sem-fim.

Considerando a definição de relação de transmissão para uma engrenagem de parafuso sem-fim dada pela
expressão do diapositivo 14 e também as equações acima apresentadas para as diferentes componentes
das forças de engrenamento tem-se que
cos a n cos g 1 - m seng 1
p = cotgb1
cosa n seng 1 + m cos g 1

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 21


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

7. Parâmetros de Desempenho

Rendimento: Parafuso Órgão Motor

Sabendo que os ângulos b1 e g1 são complementares, então o rendimento teórico de uma engrenagem de
parafuso sem-fim roda helicoidal, em que o órgão motor é o parafuso, pode ser expressa do seguinte modo
cos a n - m tgg 1 cos a n - m cotgb1
p = =
cosa n + m cotgg 1 cosa n + m tgb1

em que an é o ângulo de pressão real ou normal, b1 representa o ângulo de inclinação primitiva do filete do
parafuso sem-fim e m é o coeficiente de atrito.

Quando o ângulo entre os eixos do parafuso sem-fim e da roda é igual a 90º verifica-se que as
componentes radiais da força que atua no engrenamento são iguais no parafuso e na roda.

Observa-se ainda que a componente tangencial da força que atua no elemento motor é igual à componente
axial que atua no elemento movido (cf. figura do diapositivo anterior).

Do mesmo modo, constata-se que a componente axial da força que atua no órgão motor é igual à
componente tangencial que atua no órgão movido (cf. figura do diapositivo anterior).

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 22


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

7. Parâmetros de Desempenho

Rendimento: Parafuso Órgão Motor


F2
A figura do lado diz respeito às forças que atuam num dente da roda de um
parafuso sem-fim quando a roda é o órgão motor. an
Fn

Fr2
Efetuando a mesma análise para o caso em que a engrenagem de parafuso
sem-fim roda helicoidal é multiplicadora, isto é, a roda é o órgão motor, pode
obter-se a seguinte expressão
cos a n - m tgb1
r =
cosa n + m cotgb1 F2
Fa2 g1
mFn Ft2
Deve referir-se que uma engrenagem de parafuso sem-fim roda helicoidal
é autoblocante quando for nula a componente tangencial que atua na roda,
isto é
Ft 2 = N (cos a n seng 1 - m cos g 1 ) = 0

ou seja
m  cos a n tgg 1

1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 23


T.11 – ENGRENAGENS DE PARAFUSO SEM-FIM

7. Parâmetros de Desempenho

Reversibilidade e Coeficiente de Atrito

As engrenagens de parafuso sem-fim roda helicoidal nem sempre são reversíveis. Analisando as equações
relativas ao rendimento, e tendo em consideração que os numeradores devem ser sempre positivos, para
que haja transmissão de movimento, observa-se que

0  b1  f (engrenagens irreversíveis) 0.10


Parafuso: ferro fundido; Roda: ferro fundido

π
f  b1  -f
0.08

Coeficiente de atrito, m
(engrenagens reversíveis) Parafuso: aço cementado; Roda: bronze fosforoso
2
π π 0.06
- f  b1  (engrenagens irreversíveis)
2 2
0.04
em que f representa o ângulo de atrito, ou seja
m = tgf 0.02

0.00
0 2 4 6 8 10
A título de exemplo, a figura do lado mostra a variação Velocidade de deslizamento, vs [m/s]
do coeficiente de atrito para engrenagens de
parafuso sem-fim roda helicoidal lubrificadas. Variação do coeficiente de atrito

Os pares de materiais considerados para o


πd1n1
parafuso e para a roda são, respetivamente, A velocidade de escorregamento vs =
aço temperado – bronze fosforoso e é dada pela seguinte expressão 60 senb1
ferro fundido – ferro fundido.
1. Introdução 2. Geração 3. Perfis 4. Terminologia 5. Relação 6. Relações 7. Parâmetros 24

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