Os Lusiadas Informacoes Gerais

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Os Lusíadas- informações gerais

Estudos Camonianos (Universidade de Coimbra)

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Os Lusiadas
Planos Narrativos:
• Plano da viagem- narração histórica da viagem da armada de Vasco da Gama
• Plano da mitologia- conflito entre deuses pagões
• Plano da história de Portugal- introduz na narrativa acontecimentos queafirmavam
o valor dos portuueses ao longo dos tempos.
• Reflexões do poeta- no final de alguns cantos o poeta efectua reflexões e críticas

Papel da mitologia na obra Camoniana:


• Frei Bartolomeu Ferreira emitiu um parecer para examinar “Os Lusíadas”onde refere que a
mitologia ocupa uma posição central na obra. Defende igualmenteque Camões colocou
figuras mitológicas na sua obra para encarecer adificuldade da entrada dos
portugueses na Índia e,por isso, sentiu necessidade deutilizar a ficção dos Deuses.
• Camões escolheu para a sua obra uma realidade histórica,pelo que não podiafazer alterações
nesta mesma realidade histórica. Então,decidiu integrar amitologia na sua obra para
que pudesse dar asas à imaginação e alterar e ouinventar algum aspeto.
• A mitologia faz parte do século XVI devido ao fascínio pela antiguidade Greco-Latina.
• Constitui uma margem de invenção e permite estabelecer antagonismos –permite
dotar o poema de dinamismo
• Assegura a ação interna do poema épico ao opor deuses e humanos
• Embeleza a intriga, tornando a obra mais do que um relato de uma viagemGlorifica o
povo português ao colocá-lo em cenários adversos criados pelosdeuses, mas que ainda
assim, conseguem ser superados, criando umacomparação entre a força de ambos.
• Demonstra que os portugueses enquanto heróis são deuses, pois tornam- seimortais pelos
feitos praticados
• Mostrar que os deuses também podem nutrir sentimentos e,por sua
vez,demonstrá-los ( amor,ódio,inveja…)

Episódio de Inês de Castro ( canto III – est. 118 a 135)

O episódio é integrado na obra logo após a batalha de Ourique.Localização espacial: Coimbra (“


Nos saudosos campos do Mondego”) que constitui um espaço idílico, de calma e sossego propicío
ao amor.

Retrato físico: mulher bonita , “fermosos olhos” e jovem Retrato psicológico: despreocupada e
sossegada; apaixonada e imersa no amor;sonhadora; pensadora; ingénua (“engano de alma,ledo
e cego”).

Relação entre D. Inês e a Natureza: Inês constitui uma metonímia da própria natureza pelo
que a natureza é confidente dos sentimentos de Inês de Castro – do amor e da saudade que
sentia por D.Pedro.

Discurso de Inês de Castro :


1º momento- Pedido de clemência ,por comparação Inês de Castro apela à piedade do rei,
afirmando que até os animais ferozes e as aves de rapina demonstram piedade ( ex.: as aves de
rapina criaram a “mãe de Nino” e a loba alimentou Rómulo e Remo)
2º momento- apelo ao lado humano do rei Inês apela à humanidade do rei para que este a perdoe.
Apela à piedade e ao respeito pelos seus filhos que são, também eles,netos do monarca. Apela à
clemência do rei ,que tal como soube dar a morte aos mouros, deve também dar a vida, poupando
Inês.
3º momento- apresentação de uma proposta alternativa. Apesar da sua inocência, Inês suplica que o
rei proceda ao desterro levando-apara um lugar longínquo e inóspito, mas que lhe poupe a vida.

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Nesta parte final do seu discurso, Inês reforça uma das ideias já assinaladas:sugere que poderá
encontrar nas feras a piedade que não encontra nos seres humanos.

O Velho do Restelo ( canto IV- est. 94 a 104)

Ponto de situação: Havia um aglomerado de pessoas no porto para se despedirem


daquelas que iriam partir para a Índia. No meio desse ambiente emocionado, destaca-se a figura
imponente de um velho,com a sua “voz pesada”. Este velho elabora um discurso condenando
aquela aventura cujo propósito, segundo ele, é a cobiça, o desejo de riquezas,poder e
fama. O Velho interveio junto dos navegadores portugueses no sentido de alertá-los do perigo da
ambição. Diz o velho que, para enfrentar os perigos desconhecidos,abandonavam o seu país ainda
ameaçado pelos mouros.

Simbologia deste episódio:


• Representa uma corrente desfavorável à expansão para o Oriente
• Traduz o medo pelo desconhecido e a hesitação perante a novidade
• As falas das mães representam a reação emocional àquela aventura.
Poroposição,o discurso do velho exprime uma posição radical, fruto do bom senso eda
experiência – expressão do conservadorismo.
• Todo o discurso desta figura contrapõe-se à ambição explicitada ao longo daviagem
realizada por Vasco da Gama

Adamastor ( canto V)
• Traduz as dificuldades sentidas pelos portugueses ao dobrarem o cabo
dastormentas. ´
• É um processo de enaltecimento, ao encarnar a vingança dos elementos naturaisface à
audácia dos navegadores portugueses.
• O Adamastor pretende demonstrar e simbolizar a intransponível força do mar
• O gigante é o simbolo das forças cósmicas que limitam o ser humano

Momentos:
1-Preparação do momento para o aparecimento do Gigante ( est. 37-38)
2-Visão do Gigante: retrato físico e traços morais (est.39-40)
3- Discurso do Gigante ( est. 41-48) – de caráter profético e ameaçador, o discurso éefetuado num
tom de voz horrendo para a “gente ousada”, que invadiu os seusdomínios. Conta-lhes
as profecias e promete vingança através da morte de algumaspessoas que lá irão passar como,
por exemplo, Bartolomeu Dias, D. Francisco deAlmeida e a família Sepúlveda.
4- Interpelação de Vasco da Gama ( est.49)- incomodado com as profecias, V.G.interroga o
monstro sobre a sua identidade. É com esta questão que Vasco da Gamapromove a viragem do
discurso do Adamastor, fazendo-o recordar a frustração amorosapassada e meditar na sua condição
atual: condição de solitário e petrificado.
5- Confissão do Adamastor sobre o seu passado( est.50-59)- o assunto é de caráterautobiográfico
6 – Desaparecimento do gigante e o cenário que o enquadra ( est.60)-
Súbitodesaperecimento do Adamastor, levando consigo a nuvem negra. Vasco da Gama pede aDeus
que remova as profecias que o Adamastor abordou durante o seu discurso.

Ilha dos Amores ( cantos IX e X)

• Ocupa um quinto da obra (220 estâncias)


• Recompensa a chegada dos portugueses à Índia

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Estão presentes os 3 tipos de ação: a viagem, a intriga mitológica e a história de Portugal

• É uma ilha móvel, empurrada pelas nereidas debaixo do mar. Vénus não torna a ilha visível
se não a merecerem ver.

Divisão do episódio:
1- Chegada da frota e descrição da ilha
2- Encontros amorosos e sexuais entre os nautas e as ninfas
3- Banquete- tem um sigificado simbólico muito importante na obra
4- Após o Banquete é mostrada aos portugueses os segredos do espaço e do tempo. Os portugueses
são premiados com os segredos através das profecias.
5- Contemplação da máquina do mundo
6- O poeta aborda o facto de a ilha não existir a não ser no sonho do poeta e no sonho da
humanidade.

Preparação da Ilha:
• Vénus pretende que se origine uma nova geração através do cruzamento entre os nautas e as
ninfas.
• Vénus chama o cúpido para que este a ajude, uma vez que estava habituado a lidar/conviver
com humanos. Primeiramente,o cúpido visita o mundo e conta aVénus o que viu e, de
seguida, vénus decide corrigir o mundo.
• Camões leva-nos à “Oficina de Cúpido”,onde os cúpidos preparavam as setas especiais,
cantando cantigas de amor. Posteriormente, o cúpido prepara as setas para as nereidas. O
cúpido necessita de fogo e água para temperar as setas. Fogo: retiram-no das entranhas de
quem ama – é mais puro. Água- retiram-na das lágrimas de quem ama- é mais pura
• A deusa Giganteia fala às ninfas da fama dos portugueses que era algo muito apreciado pelas
ninfas.
• Quando chegam à ilha, cúpido e os cupidinhos, lançam as setas às ninfas fugitivas,setas
essas que eram teleguiadas e,assim, transformavam as ninfas em ninfas carinhosas.

Banquete ( est. 1-72 canto X)

• Complemento da recompensa que os nautas já tiveram


• Preparado ao pormenor
• Profecias
• Contemplação da máquina do mundo- visão estética
• Assinala o matrimónio entre os nautas e as ninfas
• Muito Importante: Para a contemplação da máquina do mundo, houve a subida ao monte.
Este pormenor, realça o facto de o conhecimento não estar ao alcance dos humanos e ,por
isso, é preciso subir ao monte para alcançar talconhecimento.

Funções do episódio:
1º- Glorificação dos nautas trata-se de fazer os nautas fundadores de um reino novo – novo patamar
da civilização humana com o propósito de transformar o mundo recompensa convencional
2º- utopia pessoal de Luís de Camões

Camões aproveitou as circunstâncias para projetar nessa recompensa os seus anseios/desejos.


Nota: Até Leonardo que não tinha sorte acaba por conquistar a ninfa. Este aspeto acaba por
constituir o eco da lírica camoniana, na medida em que vemos sempre um Leonardo a correr atrás e
uma ninfa na poesia camoniana.

Neoplatonismo na Ilha dos Amores

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• Adquire um dimensão carnal


• Adquire uma dimensão espiritual- ao enlaçarem-se com as ninfas fundem-se
• com elas e adquirem um estatuto
• Utopia neoplatónica: amor significa sempre conhecimento; revelação; promoção

A pensar:

“ A substância da matéria: a história e o mito”


Na verdade, para a conceção da obra camoniana, Camões, hesitou em integrar na sua obra matéria
lendária ou matéria verídica. De facto, Camões ao integrar matéria lendária na sua obra passava a
dispor de uma liberdade de escrita que não poderia ter se só integrasse a matéria histórica na sua
obra. Camões escolheu para a sua obra uma realidade histórica,pelo que não podia fazer
alterações nesta mesma realidade histórica. Então,decidiu integrar a mitologia na sua obra
para que pudesse dar asas à imaginação e alterar e ou inventar algum aspeto. Assim, “ a mitologia
existe no poema não para lhe servir de contraponto mas para sublinhar a verdade histórica”.

“ O grau de presença do narrador”


Camões optou por dois modelos de narrador: narrador presente ou narrador ausente. Por um
lado,se optasse pelo narrador presente, Camões podia comentar os episódios narrados,mas,por outro
lado, se optasse pelo narrador ausente os acontecimentos evocados seriam apresentados ao leitor de
uma forma autênticas em a intervenção do narrador. Trata-se ,portanto, da oposição que se verifica
entre o cânone homérico e o cânone virgiliano. Camões optou,portanto, pelo cânone virgiliano,
na medida em que lhe interessava um narrador presente para que “pudesse tirar partido dos
episódios evocados”.

“O herói (individual ou coletivo?)”


De certa forma, Camões hesitou no que concerne à escolha do herói para a sua obra. Por um lado, se
e colhesse um herói individual como por exemplo Afonso Henriques ou Vasco da Gama, podia
correr o rico das figuras escolhidas não serem consideradas referências para os destinatários, ainda
que estas figuras sejam caracterizadas pelo heroísmo. Por outro lado, se escolhesse integrar na sua
obra um herói coletivo , podia certamente “ chegar o mais possível junto dos seus contemporâneos”.
“ “o peito ilustre lusitano” que Camões se propõe cantar representa não apenas os que fizeram
a História de Portugal mas também aqueles que nela podem vir a inscrever-se como
heróis parcelares ou incompletos.””.

Mitologia ( cristã ou pagã?)


Ao integrar na sua obra a mitologia, o autor tem a intenção de conferir beleza ao seu poema e
elaborá-lo de uma forma mais criativa, o que não seria possível se só recorresse a figuras da fé
cristã. “Por vezes, Camões serve-se da mitologia para expressar juízos profundos sobre o Amor, a
Vida, a Guerra, a Morte e a Natureza. É o caso, em tudo singular, do Adamastor.”

“Recompensa(s) do herói”
A ideia de recompensar o herói faz parte dos preceitos da epopeia. A recompensa édada aos nautas
através da ilha dos amores e ,uma vez que vénus é a deusa do amor, faz todo o sentido que queira
premiar os nautas através da experiência de consumação erótica.

“ A guerra e o amor”
Esta parte tem que ver com a evocação de momentos de distensão no decorrer da viagem. Existe na
obra camoniana “uma constante associação entre episódios afetivos e bélicos” como,por exemplo, a
participação de Afonso IV na batalha do sala do foi feita em função de uma súplica de Maria.

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“ O(s) final/ais do poema”


Na elaboração da epopeia,Camões, teve um dilema relativamente à forma como haveria de finalizar
o seu poema. Existiam 4 hipóteses:
1. Regresso à “pária cara”. No entanto, esse final “ suspendia a intriga mitológica”.
2. Integrar a mitologia e a história através de um desenvolvimento paralelo entre os dois planos
escolhidos
3. Dirigir-se à sua pátria como forma de demonstra o seu descontentamento. No entanto, esta forma
de finalizar o seu poema, iria fazer com que Camões negasse as qualidades do povo português que
Camões havia cantado.
4. Terminar o poema fazendo uma exortação superadora , na medida em que finaliza o poema
fazendo uma exortação a D. Sebastião. Esta exortação tem que ver com o desejo que o rei conduza
os portugueses ao ideal de cruzada

“ Os efeitos das escolhas de Camões”


Efeitos:
- relacionar e interligar a viagem de Vasco da Gama e a História de Portugal. Este efeito constata-se
quando Vasco da Gama narra a história de Portugal ao rei de Melinde,porque até então a narração
tinha apenas incidido sobre a viagem marítima.
- a obra camoniana não dispenda um herói coletivo , na medida em que seria difícil a conceção de
uma obra apenas com um herói individual .
-Na sua obra, Camões refere-se ao passado glorioso, deixando assim transparecer a ideia de que não
se sente confortável com a situação do seu país.

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