Estado e Hegemonia

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HEGEMONIA

“O termo hegemonia deriva do grego eghestai, que significa ‘conduzir’, ‘ser


guia’, ‘ser líder’; ou também do verbo eghemoneuo,que significa ‘ser guia’,
‘preceder’, ‘conduzir’, e do qual deriva ‘estar a frente’, ‘comandar’, ‘ser o
senhor’. Por eghemonia, o antigo grego entendia a direção suprema do
exército. Trata-se, portanto, de um termo militar. Hegemônico era o chefe
militar, o guia e também o comandante do exército. Na época das guerras
do Peloponeso, falou-se de cidade hegemônica para indicar a cidade que
dirigia a aliança das cidades gregas em luta entre si”. (GRUPPI, 1978: 01)
Para Gramsci, com referência a hegemonia no plano nacional,
“a supremacia de um grupo social manifesta-se de duas maneiras,
como ‘dominação’ e como ‘liderança intelectual e moral’. Um grupo
social domina os grupos antagônicos, que ele tende a ‘liquidar’ ou
subjugar, talvez até pela força das armas, e liderar os grupos afins
ou aliados. Um grupo social pode e, a rigor, já deve exercer a
‘liderança’ antes de conquistar o poder governamental (essa é, de
fato, uma das principais condições para conquistar tal poder);
posteriormente, ele se torna dominante ao exercer o poder, mas,
ainda que o detenha firmemente nas mãos, também tem que
continuar a ‘liderar’. (GRAMSCI, 1971: 57-8)
Hegemonia – Tipo de poder que envolve a combinação de coerção e consentimento
- COERÇÃO: implica o uso da força ou uma ameaça de força digna de crédito;
- CONSENTIMENTO: implica uma liderança moral, estabelecer consensos;

O Ator Hegemônico necessita:


- um reconhecimento coletivo;
- estabelecer e cumprir compromissos coletivos;

O Grupo Dominante não é grupo dirigente apenas pelo uso da força e nem o grupo dominado
está fadado a subalternidade

“Entre o consentimento e a força situa-se a corrupção/fraude (que é característica de certas


situações em que é difícil exercer a função hegemônica e em que o uso da força é arriscado
demais). Ela consiste em conseguir a desmoralização e a paralisação do antagonista (ou
antagonistas) através da compra de seus líderes – quer às ocultas, quer, no caso de perigo
iminente, de forma aberta -, a fim de semear a discórdia e a confusão em suas fileiras”
(GRAMSCI, 1971: 80)
Para Ceceña (2005) processo hegemônico necessita a construção simultânea em vários
planos:
Militar: criar condições reais e imaginárias de invencibilidade;
Econômico: constituir-se como o paradigma de referência e sancionador em última instância;
Político: colocar-se como fazedor e árbitro das decisões mundiais;

HARD POWER

Cultural: fazer da sua concepção de mundo e os seus valores como a perspectiva civilizatória
reconhecida universalmente;
SOFT POWER

“O conceito de ‘hegemonia mundial’ aqui adotado, no entanto, refere-se especialmente à


capacidade de um Estado exercer funções de liderança e governo sobre um sistema de
nações soberanas. Em princípio, esse poder pode implicar apenas a gestão corriqueira desse
sistema, tal como instituído num dado momento. Historicamente, entretanto, o governo de um
sistema de Estados soberanos sempre implicou algum tipo de ação transformadora, que
alterou fundamentalmente o modo de funcionamento do sistema”. (ARRIGHI, 1996: 27)
“Um Estado dominante exerce uma função hegemônica
quando lidera o sistema de Estados numa direção desejada e,
com isso, é percebido como buscando um interesse geral. É
esse tipo de liderança que torna hegemônico um Estado
dominante. Mas um Estado dominante também pode liderar
no sentido de atrair os demais para sua própria via de
desenvolvimento. [...] esse segundo tipo de liderança [...] no
correr do tempo, aumenta a competição pelo poder, em vez
de aumentar o poder do Estado hegemônico. Esses dois tipos
de liderança podem coexistir, ao menos por algum tempo. Mas
só a liderança no primeiro sentido define uma situação como
hegemônica.” (ARRIGHI, 1996: 29)
A “HEGEMONIA BENEVOLENTE”

-A hegemonia ocorre numa escala em que tudo o


que se cria se copia;
- Para expandir a hegemonia (hegemon), outras
nações devem ser integradas ao sistema (sistema
hegemônico), o que acaba levando as mesmas a
copiar os modelos postos em prática por aquele
que detém o poder;
- O líder com medo dos liderados: o caso das
linhas de produção fordista (EUA - 1920) e as
linhas de produção toyotistas (Japão – 1960).
O CHAMADO CAOS SISTÊMICO DOS ESTADOS
UNIDOS (SISTEMA HEGEMÔNICO)

Processo que vem se desenvolvendo desde a década


de 1960: Derrota no Vietnã, Quebra do sistema de
Bretton Woods (abandono do padrão dólar-ouro e
adoção dólar-flexível), As crises do petróleo de
1973 e 1979, Crash de 1987 (ações valorizadas
artificialmente), Quebra dos mercados
imobiliários(1989), Colapso da Bolsa de
Tóquio(1990) e Crise dos títulos americanos
(1994).
TEORIAS DOS CICLOS HEGEMÔNICOS

No cenário global, a partir do século XVII, em especial,


uma vez constituído enquanto Estado-Nação, algumas
potências ascenderam e declinaram:

Holanda: financiamentos (bancos) e comércio


(Companhias das Índias Orientais e Ocidentais –
distribuição de açúcar na Europa);

Inglaterra (séc. XVIII): Revolução Industrial,


comércio, infraestrutura e poderio militar;

EUA (final do séc. XIX): poder bélico, indústrias,


capital financeiro, instituições internacionais (ONU,
FMI, BIRD, OTAN, etc.)
Fonte: HENDLER, B. A transição hegemônica no sistema-mundo moderno: o
declínio da Pax Britannica e as origens da hegemonia norte-americana , na
passagem para o “longo século XX” (1873-1945), Unicuritiba, 2010.
Ciclos Sistêmicos de Acumulação
“O ‘caos’ e o ‘caos sistêmico’, em contraste, referem-se a uma situação
de falta total, aparentemente irremediável, de organização. Trata-se de
uma situação que surge por haver uma escalada do conflito para além
do limite dentro do qual ele desperta poderosas tendências contrárias,
ou porque um novo conjunto de regras e normas de comportamento é
imposto ou brota de um conjunto mais antigo de regras e normas, sem
anulá-lo, ou por uma combinação dessas duas circunstâncias. A
medida que aumenta o caos sistêmico, a demanda de ‘ordem’ – a velha
ordem, uma nova ordem, qualquer ordem! – tende a se generalizar
cada vez mais entre os governantes, governados, ou ambos. Portanto,
qualquer Estado ou grupo de Estados que esteja em condições de
atender a essa demanda sistêmica de ordem tem a oportunidade de se
tornar mundialmente hegemônico”. (ARRIGHI, 1996: 30)
TRANSIÇÃO HEGEMÔNICA E A LUTA PELO PODER ENTRE AS
NAÇÕES

Fonte: ARRIGHI, G. e SILVER, B. Caos e governabilidade no sistema


mundial, Rio de Janeiro: UFRJ, 2001.
Para Giovanni Arrighi, o conceito de "hegemonia mundial" se refere à capacidade
de um estado liderar, mais do que dominar, o sistema político e econômico mundial
formado pelos estados soberanos e suas economias nacionais. E as “crises de
hegemonia” que se sucederam através da história, são rupturas e mudanças de
rumo e liderança, anunciadas pelas “expansões financeiras”, mas também, pela
intensificação da competição estatal; pela escalada dos conflitos sociais e coloniais
ou civilizatórios; e pela emergência de novas configurações de poder capazes de
desafiar e superar o antigo estado hegemônico. São crises que não acontecem de
repente, nem de uma só vez. Pelo contrário, aparecem separadas no tempo,
primeiro na forma de uma “crise inicial”, e depois de algumas décadas, na forma
de uma grande “crise terminal”, quando então já existiria o novo “bloco de poder e
capital”, capaz de reorganizar o sistema e liderar o seu novo ciclo produtivo. Entre
estas duas crises, é quando a expansão material dá lugar a "momentos
maravilhosos" de acumulação da riqueza financeira, como aconteceu no final do
século XIX., e agora de novo, no fim do século XX. Giovanni Arrighi conclui sua
longa pesquisa histórica com a certeza de que a “crise inicial” da hegemonia
americana começou na década de 1970, e que a sua “crise terminal” está em pleno
curso, neste início do século XXI, quando já se anuncia um novo ciclo da
acumulação capitalista liderado por um ou por vários países asiáticos.
A RUPTURA HEGEMÔNICA E A POSSIBILIDADE DO SURGIMENTO DE
UM NOVO PÓLO HEGEMÔNICO, SEGUNDO ARRIGHI

• “Hoje em dia, as empresas teriam dificuldades de se adaptarem


às oscilações das demandas do consumidor, à acentuada
competição internacional e à necessidade de modos mais
flexíveis de trabalho e de interação entre empresas. O momento
seria de sustentar a economia com companhias menores e mais
ágeis, que dessem conta de impulsionar o progresso tecnológico
necessário’;
• O crescimento da informalidade em detrimento da formalidade e
a aposta no crescimento do leste asiático, em especial, chinês
(cofre mundial, chão da fábrica mundial);
• “Nesse sentido, as características das novas estruturas seriam a
descentralização, a informalidade e a flexibilização, a exemplo
das estruturas do leste da Ásia, em contraposição às estruturas
centralizadoras, burocratizadas e rígidas das corporações norte-
americanas”.
UMA NOVA LIDERANÇA HEGEMÔNICA
GLOBAL?
• Vários autores arriscam em citar a China, no entanto, há várias
discussões a esse respeito:
- O sistema internacional está desmoronando não porque novas
potências estejam ampliando seus domínios, mas porque os EUA
estão encolhendo sua dominação. Isso tende a transformar a
hegemonia decrescente em uma dominação exploradora, o que
por si só descaracteriza o processo de dominação hegemônica;
- “ ...apesar da nova estrutura econômica que se desenha na região,
não há sinais de que o Leste da Ásia tenha um projeto de
governança global que surja como alternativa quando o caos
sistêmico se instalar. É quase uma aposta de fé, centrada por
enquanto mais na intuição do que em evidências.” (Arrighi e
Silver, 2001)

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