Descartes

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 Idade moderna

 Nasceu em França em 1596 , faleceu na Suécia, em 1650.


 Foi educado num colégio de jesuítas mas também viajou pelo
mundo
 Procurou construir um sistema filosófico de bases/princípios firmes
e indubitáveis, que contrariasse o ceticismo reinante na sua época
 Para isso, inspirou-se no modelo do saber matemático,
entendendo que a ciência deveria ter um fundamento metafísico,
a partir do qual os restantes conhecimentos seriam deduzidos
com rigor e ordem.

Ideias fundamentais :
 Crença nas certezas matemáticas da razão

 A razão possui ideias inatas

 O cogito como realidade absoluta


Descartes diz que adquiriu muitas falsas conceções:
 as crenças que constituíam o conhecimento
dominante na sua época que lhe foram transmitidas

 as opiniões que formou com base nos sentidos

 a autoridade como critério de verdade

A sua intenção é começar tudo de novo desde


os fundamentos
 pretende submeter o saber da sua época a

um exame radical, não aceitando como


verdadeiro nada que não reconheça como
sendo verdadeiro
 Aristóteles caiu… e agora? A filosofia medieval, fundada na doutrina
aristotélica, sucumbia às pressões do Renascimento e da modernidade.
A revolução cosmológica - do mundo fechado ao universo aberto; no
conceito de Natureza –
 de uma natureza mágica e animada para uma natureza mecânica;
epistemológica –
 do saber livresco à confiança na razão e ao estudo no livro da natureza, e
antropológica –
 de um homem passivo ao investigador, ao sujeito que está no início do
conhecimento -, marcam de forma decisiva o pensamento de Descartes
 . Descartes é um homem da modernidade e essa marca é visível no seu
racionalismo – a crença na razão como garantia do conhecimento; no
idealismo – o primado da consciência, do sujeito, sobre o objeto; e na
conceção de natureza mecânica e extensa.
 No entanto, encontramos no seu pensamento convicções medievais,
como a ideia de uma causalidade eficiente – Deus como artífice do
mundo; a , com Deus como ser supremo, e a perfeição divina e a noção de
substância.
 O problema central da filosofia cartesiana é determinar o que é possível
conhecer com certeza e se este saber tem alguma aplicação existencial prática.
O conjunto dos conhecimentos que constituem o
sistema do saber tradicional esta assente em bases
frágeis.

Esse conjunto é constituído por conhecimentos


que não estão devidamente ordenados.

Estão assentes na escolástica teologia e na


cosmologia geocêntrica
Dúvi
da

Duvidar de Considerar Objetivo: Os


todas as provisoriam encontrar céticos O
Dúv crenças em ente falsas crenças estão conhecim
que se as crenças fundacionais errados:
ida levante a que não que sejam o não há
ento é
possível
mais passam o ponto de regressã
pequena teste da partida do o infinita
suspeita de dúvida. conheciment da
incerteza. o. justificaç
ão.
 -Sendo um racionalista convicto, Descartes
procurou combater os céticos e reabilitar a
razão.
-Os céticos duvidavam ou negavam que a
razão pudesse conduzir ao conhecimento.

-Descartes vai procurar demonstrar que a


razão é a origem do conhecimento humano.
 manifesta um grande entusiasmo pelo
conhecimento matemático.
Esse conhecimento é puramente racional, claro

e distinto, de tipo dedutivo, em que raciocínios se


encadeiam de forma rigorosa
Todos reconhecem como verdadeiras as
proposições da matemática

 pretende aplicar esse modelo de raciocínio à


atividade filosófica.
 vai seguir um método puramente racional
, Descartes necessita de encontrar uma
forma fiável de conduzir o pensamento até
à verdade indubitável. Daí a criação de um
método de inspiração matemática, não a
matemática vulgar, mas uma ciência da
ordem e da medida, capaz de ser aplicada
a qualquer objeto disciplinar e de preparar
os humanos para o estudo das outras
ciências: a Matemática Universal.
 O que entendo por método é um conjunto
de regras seguras e fáceis, por cuja exata
observância teremos a certeza de nunca
tomarmos por falso o verdadeiro e, sem
gastarmos inutilmente as forças do espírito,
antes aumentando o nosso saber mediante
um progresso contínuo de chegar ao
conhecimento verdadeiro de tudo aquilo
que formos capazes.” (Descartes, Regras
para a direção do espírito, IV
Operações fundamentais
REGRAS DO MÉTODO
Permitem guiar a razão (o bom senso),
orientando duas operações fundamentais:

Intuição Dedução

Representação da mente pura e «O que se conclui


atenta, tão fácil e distinta que necessariamente de outras coisas
nenhuma dúvida nos fica acerca do conhecidas com certeza.»
que compreendemos. Ato Encadeamento e sucessão de
puramente intelectual ou racional intuições, implicando um
de apreensão direta e imediata de movimento contínuo do
noções simples e indubitáveis. pensamento, desde as ideias
simples e evidentes até às
consequências necessárias.
-Para mostrar que a razão pode atingir um
conhecimento verdadeiro, Descartes vai criar
um método.
-Este método tem como objetivo a obtenção de
uma verdade indiscutível.
 Regras :
 1- evidência -- não aceitar nada que não seja
claro e evidente ao seu espírito
 2º análise
 3ª síntese
 4ª enumeração
 1ª Regra da evidência, clareza e distinção: Evidente é aquilo
que se nos apresenta à mente sem dúvida de espécie alguma,
uma intuição que nos dá uma certeza inabalável. Clareza é a
qualidade do que não é obscuro, que se percebe nos seus
detalhes. Distinção é o que surge não misturado, separado para
mais fácil se compreender.
 Vertente da descoberta: 2ª Regra da análise: dividir os
problemas em tantas partes quanto for possível até chegar ao
objeto na sua simplicidade: à intuição (res cogitans).
 3ª Regra da síntese: a partir da intuição conseguida na análise,
progredir por dedução até aos conhecimentos mais complexos (a
existência de Deus, por exemplo).
 4ª Regra da revisão e enumeração pressupõe uma ordem correta
no raciocínio que deve ser verificada.
Proposições da matemática

Têm origem exclusivamente racional e a priori.

Método inspirado na matemática.

REGRAS DO MÉTODO

Evidência Análise Síntese Enumeração /


revisão

Não aceitar nada Dividir cada uma Começar pelo Fazer


como verdadeiro das dificuldades mais simples e enumerações tão
se não se em partes, para fácil de completas e
apresentar à melhor as compreender e revisões tão
consciência como resolver. subir gerais, que
claro e distinto, gradualmente tivesse a certeza
sem qualquer para o mais de nada omitir.
margem para complexo.
dúvidas.
 De entre as regras do método, pode
destacar-se a regra da evidência.

-Esta regra diz-nos para não aceitarmos


como verdadeiro tudo que possa deixar
dúvidas.

-A dúvida é, portanto, um elemento


muito importante do método.
 intenção de Descartes é começar tudo de novo, a
partir de um princípio.

 Esse princípio tem de ser um conhecimento que


resista a todas as nossas tentativas de o pôr em causa

 Se formos capazes de o encontrar, teremos a base


que será o fundamento do sistema do saber que
pretendemos firme, seguro e bem organizado, ou seja,
será o conhecimento a partir do qual iremos encontrar
outros conhecimentos que dele dependerão.
Dúvida
«Que para examinar a verdade é necessário,
uma vez na vida, pôr todas as coisas em dúvida,
tanto quanto se puder. […] Será mesmo muito
útil que rejeitemos como falsas todas aquelas
coisas em que pudermos imaginar a mais
pequena dúvida, a fim de que, se descobrirmos
algumas que, não obstante esta precaução, nos
pareçam manifestamente verdadeiras,
possamos estar seguros de que elas são também
muito certas e as mais fáceis que é possível
conhecer.»
-Recusando tudo que possa suscitar
incerteza, a dúvida afirma-se como um
modo de evitar o erro.
-A dúvida é um instrumento da razão na
busca da verdade.
-A dúvida procura impedir a razão de
considerar verdadeiros conhecimentos que
não merecem esse nome.
Ler texto 1
3.
3. René
René Descartes,
Descartes, aa resposta
resposta racionalista
racionalista

DA DÚVIDA AO COGITO

A dúvida cartesiana é
distinta da dúvida
cética. O objetivo de
Descartes é alcançar
certezas e não
permanecer na dúvida
e suspender o juízo.
Metódica e provisória Universal e radical

É um meio para atingir


um conhecimento Incide sobre o
seguro, a certeza e a conhecimento em
verdade, não geral, sobre os seus
constituindo um fim fundamentos e suas
em si mesma. raízes, pondo em
Mantém-se apenas causa a possibilidade
até se descobrir algo de o construir (as
CARACTERÍSTICAS faculdades do
indubitável. DA DÚVIDA conhecimento são
postas em causa).

Hiperbólica Voluntária

É uma dúvida levada Não é uma dúvida


ao extremo. Considera sofrida em termos
como falso tudo psicológicos, mas sim
aquilo em que se note artificial e
a mínima suspeita de estabelecida
incerteza. livremente.
Primeiro
Primeiro nível
nível da
da dúvida
dúvida –– Os
Os sentidos
sentidos enganam-
enganam-
nos
nos

•Se os nossos sentidos nos enganam, ainda que apenas algumas


vezes – e é um facto incontestável que assim é –, então o melhor é
não confiarmos neles nunca.
•Manda a prudência que não confiemos neles, mesmo que
algumas das crenças que neles fundámos – ou mesmo que em
larga medida – possam ser verdadeiras.
•Os sentidos não são fundamentos infalíveis.
3.
3. René
René Descartes,
Descartes, aa resposta
resposta racionalista
racionalista

DA DÚVIDA AO COGITO
Segundo nível da dúvida – Vigília e sono não se podem distinguir

•Mais uma vez, o exercício da dúvida metódica parece dar razão


aos céticos. Não é possível distinguir o sono da vigília.
•É perfeitamente possível que esteja neste momento a dormir e a
sonhar, ainda que acredite estar acordado. A hipótese de estar a
sonhar não pode ser rejeitada.
•Os sentidos e a experiência não são fonte de verdades
indubitáveis.
 3
3 Terceiro
Terceiro nível
nível da
da dúvida
dúvida –– A
A
possibilidade
possibilidade de
de um
um génio
génio
maligno
maligno

•Suponhamos, propõe Descartes, que existe um ser infinitamente


inteligente e poderoso, pleno de maldade, um génio maligno, cujo
único propósito é enganar-nos.
•Um tal ser – caso existisse – poderia fazer-nos acreditar em
falsidades, poderia divertir-se, fazendo-nos crer que temos um
corpo não o tendo ou iludir-nos em relação a cálculos matemáticos
simples como a soma de dois mais dois.
NÍVEIS DA DÚVIDA METÓDICA
DÚVIDA
Se alguma
crença resistir
Recusar todas as crenças em que se note a à dúvida,
mínima suspeita de incerteza. então ela
poderá ser a
É um instrumento da luz natural ou razão, posto base ou o
ao serviço da verdade e da procura de uma fundamento
para as
justificação para as nossas crenças.
restantes.

RAZÕES QUE JUSTIFICAM A DÚVIDA – dúvida metódica

Porque os Porque não Porque alguns Porque pode


sentidos são dispomos de um seres humanos se existir um Deus
muitas vezes critério que nos enganaram nas enganador ou um
enganadores: permita discernir demonstrações Génio maligno,
convém fazer de o sonho da vigília. matemáticas. que nos iludem,
conta que nos fazendo com que
enganam sempre. estejamos
sempre
enganados.

--também Deus é submetido à prova
rigorosa da dúvida, uma vez que
Descartes coloca a hipótese de Deus
poder ser enganador ou um génio do mal.
-A dúvida hiperbólica e radical e a possibilidade
de Deus ser enganador parecem levar a um
beco sem saída. Quer dizer, torna-se quase
impossível acreditar que a razão humana pode
alcançar conhecimentos verdadeiros. No
entanto, há uma saída.
 Está gravada no meu espírito uma velha crença, segundo
a qual existe um Deus que pode tudo e pelo qual fui
criado tal como existo. Mas quem me garante que ele não
procedeu de modo que não houvesse nem terra, nem
céu, nem corpos extensos, nem figura, nem grandeza,
nem lugar, e que, no entanto, tudo isto me parecesse
existir tal como agora? (…) Porventura Deus não quis que
eu me enganasse deste modo, ele que dizem que é
sumamente bom (…).
 Vou supor por consequência, não o Deus sumamente
bom, fonte da verdade, mas um certo génio maligno, ao
mesmo tempo extremamente poderoso e astuto que
pusesse toda a sua indústria em me enganar. Vou
acreditar que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os
sons e todas as coisas exteriores não são mais do que
ilusões de sonhos com que ele arma ciladas à minha
credulidade.
Função
catártica da
DÚVIDA
SUSPENSÃO DO JUÍZO

Tem uma função catártica, já que liberta o espírito dos erros que o
podem perturbar ao longo do processo de indagação da verdade.

Abre caminho à possibilidade de reconstruir, com fundamentos sólidos,


o edifício do saber.
-A dúvida irá conduzir a razão a uma primeira verdade
incontestável.
-Mesmo que se duvide ao máximo, não se pode duvidar da
existência daquele que duvida.
-A dúvida é um ato do pensamento e não pode acontecer
sem um autor.
-Chegamos então à primeira verdade:
«penso, logo, existo» (cogito ergo sum).
-Toda a mente humana sabe de forma clara e distinta que,
para duvidar, tem que existir.
-A verdade, para Descartes, deve obedecer aos critérios da
clareza e distinção.
-A verdade «eu penso, logo, existo» é uma evidência.
Trata-se de um conhecimento claro e distinto que irá servir
de modelo para todas as verdades que a razão possa
alcançar.
-
O método cartesiano (a dúvida) faz surgir uma
primeira certeza invulnerável à dúvida: a
existência do sujeito que duvida.
A dúvida atua sobre todos os objetos do
conhecimento, mas não pode atuar sobre a
existência daquele que assim duvida.
Duvidar é pensar e para pensar é preciso
existir.
Seria racionalmente contraditório pensar e
não existir.
 Mas logo depois atentei que, enquanto queria pensar
assim que tudo era falso, era necessariamente preciso que
eu, que o pensava, fosse alguma coisa. E, notando que
esta verdade - Penso, logo existo - era tão firme e tão
certa que todas as mais extravagantes suposições dos
cépticos não eram capazes de a abalar, julguei que podia
admiti-la sem escrúpulo como o primeiro princípio da
filosofia que buscava.
 Depois, examinando atentamente o que eu era e vendo
que podia fingir que não tinha nenhum corpo e que não
havia nenhum mundo, nem lugar algum onde eu existisse,
mas que nem por isso podia fingir que não existia; e que,
pelo contrário, pelo próprio fato de eu pensar em duvidar
da verdade das outras coisas, decorria muito
evidentemente e muito certamente que eu existia; ao
passo que, se apenas eu parasse de pensar, ainda tudo o
mais imaginara fosse verdadeiro, não teria razão alguma
de acreditar que eu existisse; por isso reconheci que eu
era substância, cuja única essência ou natureza é pensar,
e que, para existir, não necessita de nenhum lugar nem
depende, de coisa alguma material. De sorte que este eu,
isto é, a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente
distinta do corpo, e até mais fácil de conhecer que ele, e,
mesmo se o corpo não existisse, ela não deixaria de ser
Penso logo existo.
Eu sou, eu existo.
Dúvida – ato
livre

«Penso, logo
existo.»
(«Cogito,
Ser que
ergo sum.») Cogito –
pensa e
verdade
duvida
incontestável

Afirmação da
minha
existência
3.
3. René
René Descartes,
Descartes, aa reposta
reposta racionalista
racionalista

DA DÚVIDA AO COGITO
Critério
Critério de
de verdade
verdade clareza
clareza ee distinção
distinção

Um critério de verdade – Clareza e distinção


CRITÉRIO DE VERDADE

CLAREZA DISTINÇÃO

Um conhecimento claro é Um conhecimento distinto


aquele que se encontra é aquele que se diferencia
presente e manifesto a um EVIDÊNCIA de todos os outros,
espírito atento. A clareza diz, permitindo que o objeto
assim, respeito à presença da conhecido se distinga dos
ideia à mente que a demais. A distinção
considera com atenção. equivale à separação de
uma ideia relativamente a
outras, de modo que ela
não contenha elementos
Ideias claras (por oposição a ideias
que não lhe pertençam.
obscuras) e distintas (por oposição a
ideias confusas) são ideias
evidentes.
CARACTERÍSTICAS DO COGITO

É um princípio evidente e indubitável, uma certeza inabalável

Obtém-se por intuição, de modo inteiramente racional e a priori

Serve de paradigma das afirmações verdadeiras: fornece o critério de verdade

É uma crença fundacional ou básica relativamente ao sistema do saber

Apresenta uma condição necessária da dúvida; impõe uma exceção à sua universalidade

É uma crença autoevidente e autojustificada: impede a regressão infinita da justificação

Revela a natureza ou a essência do sujeito: o pensamento

Refere-se a toda a atividade consciente. Ele é o atributo essencial da alma (substância


pensante), a qual é distinta do corpo e é conhecida antes dele e de tudo o resto.
 Este tipo de conhecimento deve-se
exclusivamente ao exercício da razão e não
dos sentidos.
-Descartes mostrou que a razão, só por si, é
capaz de produzir conhecimentos
verdadeiros, pois ela alcançou uma verdade
inquestionável.
-Mas apesar da razão ter chegado ao
conhecimento verdadeiro, ainda não está
excluída a hipótese do Deus enganador.
-Descartes considera fundamental
demonstrar a existência de Deus, um Deus
que traga segurança e seja garantia das
verdades.
adventícias e factícias e inatas
 As ideias adventícias são aquelas que nos chegam a partir dos sentidos
 Ideias factícias provenientes da nossa imaginação

A grande questão porém é a de saber se todas as nossas ideias se podem


explicar destes dois modos. Será o triângulo uma ideia adventícia? Como
explicar então a sua perfeição? Será uma ideia factícia? Como explicar nesse
caso a sua universalidade? E a ideia de Deus? Como explicar que seres
finitos e imperfeitos como os homens são, possam ter a ideia de um ser
infinito e absolutamente perfeito?
 A resposta de Descartes é a de que para além das ideias adventícias e
factícias os homens possuem ideias inatas, ideias que, nascidas
connosco, são como que a marca do criador no ser criado à sua imagem e
semelhança.
SER IMPERFEITO: possuir o saber é uma
SUJEITO PENSANTE
perfeição maior do que duvidar.

Dispõe de ideias Tipos de ideias

Adventícias Factícias Inatas

Têm origem na São fabricadas pela São ideias


experiência sensível. imaginação. constitutivas da
própria razão.

Exemplos: ideias de Exemplos: ideias de Exemplos: ideias de


árvore, cebola, sereia, unicórnio, pensamento,
relógio. dragão. existência, triângulo,
ser perfeito.
IDEIA DE SER PERFEITO : noção de um ser
omnisciente, omnipotente e sumamente bom.

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

1.ª prova 2.ª prova 3.ª prova

Argumento ontológico: Argumento da marca A causa da existência do


na ideia de ser perfeito impressa: a causa que faz ser pensante e imperfeito
estão compreendidas com que a ideia de ser não é ele próprio, muito
todas as perfeições; a perfeito, que representa menos o nada. Além
existência é uma dessas uma substância infinita, disso, o sujeito finito não
perfeições, ou um dos se encontre em nós não possui o poder de se
aspetos da perfeição pode ser outro ser senão conservar no seu próprio
divina; logo, Deus existe Deus, que possui todas as ser. Assim, o seu criador e
necessariamente. O facto perfeições representadas conservador é Deus (que é
de existir é inerente à nessa ideia. causa sui).
essência de Deus.
 No Terceiro nível da dúvida, Descartes apresentou
a suspeita sobre a possibilidade de um Deus
enganador. Mas neste momento, provada a
existência de Deus como sendo perfeito, concluímos
que esta suspeita não faz sentido.

 Deus é omnipotente e perfeito, enganar é


sinónimo de fraqueza porque só a fraqueza e a
imperfeição nos pode levar usar da arma da mentira.

 Concluímos que Deus não é enganador


É um ser perfeito e não é É infinito, a fonte do bem e
enganador. da verdade.

É a garantia da verdade É omnipotente, eterno e


objetiva das ideias claras e omnisciente.
distintas.
DEUS Embora criador do
É o criador das verdades - a sua Universo, não é autor do
eternas, a origem do ser e importância mal nem responsável pelos
o fundamento da certeza. no sistema nossos erros.
cartesiano
Garante a adequação entre É o princípio do ser e do
o pensamento evidente e a A hipótese conhecimento.
do Deus
realidade.
enganador é
rejeitada em Permite superar os
Legitima o valor da ciência definitivo e a argumentos dos céticos
hipótese do
e confere objetividade ao radicais e provar a
Génio
conhecimento. maligno é
existência do mundo
esvaziada de exterior.
eficácia.
O papel da veracidade Divina é duplo:

Éa garantia das evidencias atuais, isto é, das


que estão atualmente na minha consciência.

È a garantia das minhas evidencias passadas,


isto é não actualmente presentes na minha
consciência.
 Estas ideias inatas, claras e distintas, não são inventadas por nós
mas produzidas pelo entendimento sem recurso à experiência.

 Elas subsistem no nosso ser, em algum lugar profundo da nossa


mente, e somos nós que temos liberdade de as pensar ou não.

 Representam as essências verdadeiras, imutáveis e eternas,


razão pela qual servem de fundamento a todo o saber científico.

Como Descartes escreve:

“(...) quando começo a descobri-las, não me parece aprender nada de novo, mas recordar
o que já sabia. Quero dizer: apercebo-me de coisas que estavam já no meu espírito, ainda
que não tivesse pensado nelas. E, o que é mais notável, é que eu encontro em mim uma
infinidade de ideias de certas coisas que não podem ser consideradas um puro nada. Ainda
que não tenham talvez existência fora do meu pensamento elas não são inventadas por mim.
Embora tenha liberdade de as pensar ou não, elas têm uma natureza verdadeira e imutável.”
Méditations Métaphysiques, “Méditation cinquième”, p. 97-99.
TEORIA DO ERRO

No erro intervêm:

ENTENDIMENTO VONTADE

Dá ou não o
consentimento aos
Formula juízos. juízos que o
entendimento
formula.

Erramos quando se verifica uma precipitação da vontade – quando usamos mal a


liberdade e damos o consentimento a juízos que não são evidentes.
Três tipos de
substâncias e seus
atributos essenciais

Substância pensante Substância extensa Substância divina


(res cogitans) (res extensa) (res divina)

Pensamento Extensão Vários atributos, todos


eles numa perfeição
infinita.

Alma Corpo Qualidades objetivas

Qualidades subjetivas
Ser humano:
(não estão presentes,
dualismo alma-corpo enquanto tais, nos corpos)
(dualismo cartesiano)
Deus como princípio fundante da verdade
e da realidade
Deus

Princípio fundante da
verdade objetiva de toda a «Mas, desde que
realidade. reconheci que existe um
Deus, ao mesmo tempo
Afasta-se a hipótese do compreendi também que
génio maligno. tudo o resto depende dele
e que ele não é
enganador, e daí concluí
Podemos que tudo aquilo que
confiar na concebo clara e
razão Reconstrução - Corpo.
quando do edifício do - Outras distintamente é
conhecimento
concebe
certo, seguro e
pessoas. necessariamente
ideias - Mundo físico. verdadeiro.»
claras e inabalável.
distintas.
Fundacionalismo racionalista de Descartes

Ideias inatas
– conhecimento claro e distinto

Principais verdades:
- a existência do pensamento (alma), traduzida no cogito;
- a existência de Deus, ser perfeito, com os atributos respetivos;
- a existência de corpos extensos em comprimento, largura e altura.

O fundamento do conhecimento encontra-se no Cogito,


enquanto crença básica ou fundacional e primeira
verdade, e noutras ideias claras e distintas da razão,
obtidas de modo intuitivo.

Todavia, este fundamento do conhecimento depende


daquele que é o princípio de toda a realidade: Deus.
CRÍTICAS A DESCARTES

O problema do Cogito O círculo cartesiano O dualismo cartesiano


(dualismo alma-corpo)

Segundo alguns Descartes terá incorrido Sendo a alma uma


autores, Descartes num argumento circular substância distinta da
apenas poderia intuído ou petição de princípio. substância corporal, é
a existência do É o facto de difícil explicar como se
pensamento e não de raciocinarmos a partir dá a interação dessas
um eu pensante. da ideia clara e distinta substâncias.
que temos de Deus que
nos irá garantir que
Mais correto seria dizer, Segundo Descartes é na
Deus existe. Mas é Deus
por exemplo: “Há um glândula pineal que
que garante a verdade e
pensamento que está a ocorre essa interação,
a objetividade das
ter lugar” ou “Existe através dos «espíritos
ideias claras e distintas
pensamento”. animais». Mas estes são
(incluindo a própria
de carácter material,
ideia de Deus como ser
pelo que o problema da
perfeito).
interação das
substâncias permanece.
 Argumento da causalidade. 1. - A res cogitans não necessita de Deus para justificar a ideia
de perfeição em si; basta pegar num ser imperfeito e elevá-lo à sua máxima possibilidade.
Todavia, Descartes defende que tal é impossível, pois se a substância pensante não tivesse
uma ideia prévia de perfeição, não conseguiria reconhecer-se como imperfeita. Mas será que
a substância pensante tem uma verdadeira ideia de perfeição ou uma ideia de imperfeição
depurada daquilo que a torna imperfeita; uma ideia negativa de perfeição?
 Como podemos ter a certeza de que a ideia de Deus não é uma ilusão criada pelo génio
maligno? Porque a ideia é evidente, clara e distinta. Mas será? Quem garante a clareza e a
distinção? Ou o pensamento lógico ou Deus. Se for Deus, então estamos perante a falácia da
petição de princípio: Deus existe porque tenho a ideia clara e distinta em mim; e tenho esta
ideia clara e distinta em mim, porque a existência de Deus a garante como verdadeira. Se for
o pensamento lógico, a ideia contrária tem de implicar uma contradição. O que não parece ser
o caso. 2.
 - Podemos supor que a origem da res cogitans esteja, por exemplo, no movimento contínuo
da res extensa. - O universo pode existir desde sempre; ser a exceção à ideia de que
tudo tem uma causa como Deus seria uma causa incausada se fosse o criador do universo. -
Podemos imaginar, sem contradição, uma cadeia infinita de causas que não precisam de uma
causa primeira para subsistir. Falácia da composição: da premissa de que alguns seres e
acontecimentos do universo têm uma causa não se segue que o universo tenha uma causa. -
Podemos imaginar Não é contraditório imaginar um universo ordenado e dirigido sem a
presença de um ser perfeito.
 que há de curioso nesta posição é que todo o percurso
cartesiano da dúvida ao Cogito é determinado pela exigência
de autonomia da razão em relação à experiência e à tradição,
pela vontade de devolver a razão à posse de si mesma,
libertando-a de dependências externas. Mas não é assim que a
história acaba
 . O próprio Descartes declara surpreendentemente que «O ateu
não pode ser geómetra». Descartes libertou a razão da
dependência em relação à experiência como racionalista
convicto que era, mas tornou-a dependente de Deus, tese para
nós surpreendente, mas também novidade para os seus
contemporâneos. Que haja razões extra filosóficas para esta
atitude não cabe nesta introdução ao pensamento cartesiano.
 Rtp ensina descartes

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