Saltar para o conteúdo

Dias Gomes: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
PauloMSimoes (discussão | contribs)
Desfeita a edição 61755522 de Marcatto1987/ VDA
Etiqueta: Desfazer
m
Etiqueta: Reversão manual
 
(Há 25 revisões intermédias de 16 utilizadores que não estão a ser apresentadas)
Linha 1: Linha 1:
{{Mais notas|data=outubro de 2020}}
{{Reciclagem|data=outubro de 2012}}
{{Info/Biografia
{{Info/Biografia
|nome = Dias Gomes
|nome = Dias Gomes <span style="color:green">[[Imagem:ABL logo.svg|30px|link=Academia Brasileira de Letras]]
|abl = sim
|abl = sim
|imagem = Ficheiro:Dias Gomes (sem data).tiff|esquerda|miniaturadaimagem
|imagem = Ficheiro:Dias Gomes (sem data).tiff|esquerda|miniaturadaimagem
|imagem_legenda =
|imagem_legenda =
|nome_completo = Alfredo de Freitas Dias Gomes
|nome_completo = Alfredo de Freitas Dias Gomes
|nascimento_data = {{dni|lang=br|19|10|1922|si}}
|nascimento_data = {{dni|lang=br|19|10|1922|si}}
|nascimento_local = [[Salvador (Bahia)|Salvador]], [[Bahia|BA]]
|nascimento_local = [[Salvador (Bahia)|Salvador]], [[Bahia|BA]]
|morte_data = {{morte|lang=br|18|5|1999|19|10|1922}}
|morte_data = {{morte|lang=br|18|5|1999|19|10|1922}}
|morte_local = [[São Paulo]], [[São Paulo (estado)|SP]]
|morte_local = [[São Paulo]], [[São Paulo (estado)|SP]]
|causa_morte = [[acidente automobilístico]]
|causa_morte = [[acidente automobilístico]]
|nacionalidade = {{BRAn|o}}
|nacionalidade = {{BRAn|o}}
|ocupação = [[Dramaturgia|dramaturgo]]<br />[[autor]] de [[telenovela]]s
|ocupação = [[Dramaturgia|dramaturgo]]<br />[[autor]] de [[telenovela]]s
|cônjuge = [[Janete Clair]] (1950–83)<br>[[Bernadeth Lyzio]] (1984–99)
|cônjuge = [[Janete Clair]] (1950–83)<br>[[Bernadeth Lyzio]] (1984–99)
|filhos = 6
|filhos = 6
|magnum_opus = ''O Pagador de Promessas''
|magnum_opus = ''[[O Pagador de Promessas (teatro)|O Pagador de Promessas]]''
|principais_trabalhos = ''[[A Ponte dos Suspiros]]'' (1969)<br />''[[Assim na Terra como no Céu]]'' (1970)<br />''[[Bandeira 2]]'' (1971)<br />''[[O Bem-Amado (telenovela)|O Bem-Amado]]'' (1973)<br />''[[O Espigão]]'' (1974)<br />''[[Saramandaia]]'' (1976)<br />''[[O Bem-Amado (série)|O Bem Amado]]'' (1980)<br />''[[Roque Santeiro]]'' (1985)<br />''[[Mandala (telenovela)|Mandala]]'' (1987)<br />''[[O Pagador de Promessas (minissérie)|O Pagador de Promessas]]'' (1988)<br />''[[Araponga (telenovela)|Araponga]]'' (1990)<br />''[[As Noivas de Copacabana]]'' (1992)<br />''[[Dona Flor e Seus Dois Maridos (minissérie)|Dona Flor e Seus Dois Maridos]]'' (1998)
}}
}}
'''Alfredo de Freitas Dias Gomes''', mais conhecido pelo sobrenome '''Dias Gomes''' ([[Salvador (Bahia)|Salvador]], {{dtlink|lang=br|19|10|1922}} — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], {{dtlink|lang=br|18|5|1999}}), foi um [[romancista]], [[dramaturgia|dramaturgo]], autor de [[telenovela]]s e membro da [[Academia Brasileira de Letras]]. Também conhecido pelo seu casamento com a também escritora Janete Stocco Emmer ([[Janete Clair]]).<ref name=": Dias Gomes">{{citar web |url=http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/biografias/diasgomes.htm: |publicado=Biblio.com.br |autor= |título=Dias Gomes |data= |acessodata= |obra=A Biblioteca Virtual de Literatura}}</ref>
'''Alfredo de Freitas Dias Gomes''', mais conhecido pelo sobrenome '''Dias Gomes''' ([[Salvador (Bahia)|Salvador]], {{dtlink|lang=br|19|10|1922}} — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], {{dtlink|lang=br|18|5|1999}}), foi um [[romancista]], [[dramaturgia|dramaturgo]], autor de [[telenovela]]s e membro da [[Academia Brasileira de Letras]]. Também conhecido pelo seu casamento com a também escritora Janete Stocco Emmer ([[Janete Clair]]).<ref name=": Dias Gomes">{{citar web |url=http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/biografias/diasgomes.htm: |publicado=Biblio.com.br |autor= |título=Dias Gomes |data= |acessodata= |obra=A Biblioteca Virtual de Literatura}}</ref>


== Biografia ==
== Biografia ==
=== Origem ===
Dias Gomes nasceu em [[Salvador (Bahia)|Salvador]], na [[Bahia]], em 19 de outubro de 1922.
Dias Gomes nasceu em [[Salvador (Bahia)|Salvador]], na [[Bahia]], em 19 de outubro de 1922.


Filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e Plínio Alves Dias Gomes, um engenheiro, fez o curso primário no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, dos Irmãos Maristas, e iniciou o secundário no Ginásio Ipiranga. Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu o curso secundário no Ginásio Vera Cruz e posteriormente no Instituto de Ensino Secundário. Em 1943, ingressou na [[Faculdade de Direito do Rio de Janeiro]], abandonando o curso no terceiro ano.<ref>{{citar web|url=http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-237709,00.html|publicado=Memoriaglobo.globo.com|autor=|título=Dias Gomes|data=|acessodata=|obra=Memoria Globo|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100706110334/http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-237709,00.html|arquivodata=2010-07-06|urlmorta=yes}}</ref>
Filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e Plínio Alves Dias Gomes, um [[engenheiro]], fez o curso primário no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, dos Irmãos Maristas, e iniciou o secundário no Ginásio Ipiranga. Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu o curso secundário no Ginásio Vera Cruz e posteriormente no Instituto de Ensino Secundário. Em 1943, ingressou na [[Faculdade de Direito do Rio de Janeiro]], abandonando o curso no terceiro ano.<ref>{{citar web|url=http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-237709,00.html|publicado=Memoriaglobo.globo.com|autor=|título=Dias Gomes|data=|acessodata=|obra=Memoria Globo|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100706110334/http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYP0-5271-237709,00.html|arquivodata=2010-07-06|urlmorta=yes}}</ref>

=== Vida pessoal ===
Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida Jenete ([[Janete Clair]]). Com ela casou-se em 13 de março de 1950, teve os filhos: Alfredo Dias Gomes, Guilherme Dias Gomes,<ref>{{Citar web|url=http://www.guilhermedg.com.br/|titulo=Guilherme Dias Gomes - Trips|acessodata=2018-09-05|obra=Guilherme Dias Gomes|lingua=en-US}}</ref> Marcos Plínio (falecido) e Denise Emmer.<ref>{{citar web |url=http://www.dicionariompb.com.br/denise-emmer |publicado=Dicionariompb.com.br |autor= |título=Denise Emmer |data= |acessodata= |obra=Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira}}</ref> Viúvo de [[Janete Clair]], que morrera um ano antes, em 1984 Dias casa-se com a [[atriz]] [[Bernadeth Lyzio]], com quem tem duas filhas: [[Mayra Dias Gomes]] ([[escritora]]) e Luana Dias Gomes.<ref>{{citar web |url=http://www.biografia.inf.br/dias-gomes-dramaturgo-autor-de-novelas.html |publicado=Biografia.inf.br |autor= |título=Dias Gomes – Dramaturgo – Autor de Novelas |data= |acessodata= |obra=Biografias – Vida e obra de personalidades}}</ref>

Dias Gomes morreu num acidente automobilístico ocorrido na madrugada de 18 de maio de 1999. Ele voltava de um jantar com a esposa, após assistir a encenação de ''Madame Butterfly'' (dirigida pela atriz Carla Camurati), quando o taxi onde estava fez uma manobra brusca e sofreu a batida de um ônibus, arremessando Gomes para fora do carro, fazendo o dramaturgo bater a cabeça na mureta da [[Avenida 9 de Julho|avenida 9 de julho]], morrendo instantaneamente.<ref>{{citar web|url=http://epoca.globo.com/edic/19990524/soci6.htm|publicado=Epoca.globo.com|autor=|título=O inventor de tipos|data=|acessodata=|obra=Época|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080918152223/http://epoca.globo.com/edic/19990524/soci6.htm|arquivodata=2008-09-18|urlmorta=yes}}</ref><ref name="folha">{{Citar web |url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff19059901.htm |título=Dramaturgo Dias Gomes morre em acidente de carro |língua= |autor= |obra=Folha de S. Paulo |data= |acessodata=7 de junho de 2020}}</ref>


== Carreira ==
== Carreira ==
[[Ficheiro:Dias Gomes (sem data).tiff|esquerda|miniaturadaimagem|Dias Gomes, sem data. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]]]]
[[Ficheiro:Censura ao teatro AN 958.tif|esquerda|miniaturadaimagem|''O pagador de promessas'', de Dias Gomes (1978)]]
Essencialmente um homem de teatro, aos 15 anos Dias Gomes escreveu sua primeira peça, [[A Comédia dos Moralistas]], com a qual ganharia o prêmio do Serviço Nacional de Teatro e pela [[União Nacional dos Estudantes]] (UNE), no ano seguinte. Em 1941 sua peça [[Amanhã Será Outro Dia]] chega às mãos do [[ator]] [[Procópio Ferreira]] que, empolgado com a qualidade do texto, chama o [[autor]] para uma conversa. Embora tivesse gostado do que lera, tratava-se de um [[drama]] antinazista e Procópio achava arriscado levar à cena um espetáculo desse porte em plena [[Segunda Guerra Mundial]]. Quando questionado se não teria uma outra peça, de comédia talvez, Dias lembrou-se de [[Pé de Cabra]], uma espécie de sátira ao maior sucesso de Procópio até então, e não hesitou em levá-la ao grande ator que, entusiasmado, comprometeu-se a encená-la.<ref name=": Dias Gomes" />
Essencialmente um homem de teatro, aos 15 anos Dias Gomes escreveu sua primeira peça, [[A Comédia dos Moralistas]], com a qual ganharia o prêmio do Serviço Nacional de Teatro e pela [[União Nacional dos Estudantes]] (UNE), no ano seguinte. Em 1941 sua peça [[Amanhã Será Outro Dia]] chega às mãos do [[ator]] [[Procópio Ferreira]] que, empolgado com a qualidade do texto, chama o [[autor]] para uma conversa. Embora tivesse gostado do que lera, tratava-se de um [[drama]] antinazista e Procópio achava arriscado levar à cena um espetáculo desse porte em plena [[Segunda Guerra Mundial]]. Quando questionado se não teria uma outra peça, de comédia talvez, Dias lembrou-se de [[Pé de Cabra]], uma espécie de sátira ao maior sucesso de Procópio até então, e não hesitou em levá-la ao grande ator que, entusiasmado, comprometeu-se a encená-la.<ref name=": Dias Gomes" />


Linha 41: Linha 34:
Em 1965 Dias assiste, perplexo, à proibição de sua peça [[O Berço do Herói]], no dia da estreia. Adaptada para a [[televisão]] com o nome de [[Roque Santeiro (1975)|Roque Santeiro]], a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente em 1985, com o fim do [[Ditadura militar no Brasil (1964–1985)|Regime Militar]], o público iria poder conferir a [[Roque Santeiro]] - que, diga-se de passagem, viria a se tornar uma das maiores audiências do gênero.<ref name=": Dias Gomes"/>
Em 1965 Dias assiste, perplexo, à proibição de sua peça [[O Berço do Herói]], no dia da estreia. Adaptada para a [[televisão]] com o nome de [[Roque Santeiro (1975)|Roque Santeiro]], a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente em 1985, com o fim do [[Ditadura militar no Brasil (1964–1985)|Regime Militar]], o público iria poder conferir a [[Roque Santeiro]] - que, diga-se de passagem, viria a se tornar uma das maiores audiências do gênero.<ref name=": Dias Gomes"/>


Com a implantação da [[Ditadura Militar]] no [[Brasil]], em 1964, Dias Gomes passa a ter suas peças [[censura]]das, uma após a outra. Demitido da [[Rádio Nacional]], graças ao seu envolvimento com o Partido Comunista, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite de [[Boni]], então presidente da [[Rede Globo]], para escrever para a televisão.<ref name=": Dias Gomes"/>
Com a implantação da [[Ditadura Militar]] no [[Brasil]], em 1964, Dias Gomes passa a ter suas peças [[censura]]das, uma após a outra. Em 1969 foi demitido da [[Rádio Nacional]], graças ao seu envolvimento com o Partido Comunista, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite de [[Boni]], então presidente da [[Rede Globo]], para escrever para a televisão.<ref>{{citar web|url=https://www.estudopratico.com.br/biografia-de-dias-gomes/|titulo=Biografia de Dias Gomes|autor=|publicado=Estudo Prático|data=7 de novembro de 2017|acessodata=22 de novembro de 2021|língua2=}}</ref>.


De 1969 a 1979 Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento. Em 1972 Dias Gomes levaria o povo para a televisão ao ambientar [[Bandeira 2]] no subúrbio carioca. Em 1973 escreveu a primeira [[novela]] em cores da televisão brasileira, [[O Bem-Amado (telenovela)|O Bem-Amado]]. Em 1974 já falava em [[ecologia]] e no crescimento desordenado da cidade com [[O Espigão]]. Em 1976, com [[Saramandaia]], abordaria o [[realismo fantástico]], então em moda na literatura. O fracasso de [[Sinal de Alerta]], em 1978, leva Dias a se afastar do gênero telenovela temporariamente.<ref name=": Dias Gomes"/>
De 1969 a 1979 Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento. Em 1972, Dias Gomes levaria o povo para a televisão ao ambientar [[Bandeira 2]] no subúrbio carioca. Em 1973 escreveu a primeira [[novela]] em cores da televisão brasileira, [[O Bem-Amado (telenovela)|O Bem-Amado]]. Em 1974 já falava em [[ecologia]] e no crescimento desordenado da cidade com [[O Espigão]]. Em 1976, com [[Saramandaia]], abordaria o [[realismo fantástico]], então em moda na literatura. O fracasso de [[Sinal de Alerta]], em 1978, leva Dias a se afastar do gênero telenovela temporariamente.<ref name=": Dias Gomes"/>


Ao longo de toda a [[década de 1980]], Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados [[O Bem-Amado (série)|O Bem-Amado]] e [[Carga Pesada]] (apenas no primeiro ano), e as novelas [[Roque Santeiro]] e [[Mandala (telenovela)|Mandala]], das quais escreveria apenas parte. Nos [[década de 1990|anos 90]], Dias Gomes viraria as costas de vez para as telenovelas, dedicando-se única e exclusivamente às [[minisséries]].<ref name=": Dias Gomes"/>
Ao longo de toda a [[década de 1980]], Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados [[O Bem-Amado (série)|O Bem-Amado]] e [[Carga Pesada]] (apenas no primeiro ano), e as novelas [[Roque Santeiro]] e [[Mandala (telenovela)|Mandala]], das quais escreveria apenas parte. Nos [[década de 1990|anos 90]], Dias Gomes viraria as costas de vez para as telenovelas, dedicando-se única e exclusivamente às [[minisséries]].<ref name=": Dias Gomes"/>


==[[Imagem:Lorbeerkranz.png|40px]] Academia Brasileira de Letras==
==Academia Brasileira de Letras==
Dias Gomes foi eleito para a [[Academia Brasileira de Letras]] em 11 de abril de 1991, na sucessão de [[Adonias Filho]], sendo recebido em 16 de julho de 1991 pelo acadêmico [[Jorge Amado]]. Ocupou a cadeira 21, cujo patrono é o maranhense [[Joaquim Serra]] e o atual ocupante é o escritor [[Paulo Coelho]].<ref>{{citar web |url=http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002/not20021028p2668.htm |publicado=[[Estadão.com.br]] |autor= |título=Paulo Coelho veste o fardão e toma posse na ABL |acessodata= |data=Outubro de 2002}}</ref>
Dias Gomes foi eleito para a [[Academia Brasileira de Letras]] em 11 de abril de 1991, na sucessão de [[Adonias Filho]], sendo recebido em 16 de julho de 1991 pelo acadêmico [[Jorge Amado]]. Ocupou a cadeira 21, cujo patrono é o maranhense [[Joaquim Serra]] e o atual ocupante é o escritor [[Paulo Coelho]].<ref>{{citar web |url=http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002/not20021028p2668.htm |publicado=[[Estadão.com.br]] |autor= |título=Paulo Coelho veste o fardão e toma posse na ABL |acessodata= |data=Outubro de 2002}}</ref>

== Vida pessoal ==
Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida escritora [[Janete Clair]]. Com ela se casou em 13 de março de 1950, e teve os filhos Alfredo Dias Gomes, Guilherme Dias Gomes,<ref>{{Citar web|url=http://www.guilhermedg.com.br/|titulo=Guilherme Dias Gomes - Trips|acessodata=2018-09-05|obra=Guilherme Dias Gomes|lingua=en-US}}</ref> Marcos Plínio (falecido) e Denise Emmer.<ref>{{citar web |url=http://www.dicionariompb.com.br/denise-emmer |publicado=Dicionariompb.com.br |autor= |título=Denise Emmer |data= |acessodata= |obra=Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira}}</ref> Viúvo de Janete, que morrera um ano antes, em 1984 Dias casa-se com a atriz [[Bernadeth Lyzio]], com quem tem duas filhas: [[Mayra Dias Gomes]] e Luana Dias Gomes.<ref>{{citar web |url=http://www.biografia.inf.br/dias-gomes-dramaturgo-autor-de-novelas.html |publicado=Biografia.inf.br |autor= |título=Dias Gomes – Dramaturgo – Autor de Novelas |data= |acessodata= |obra=Biografias – Vida e obra de personalidades}}</ref>

=== Morte ===
Dias Gomes morreu aos 76 anos em um [[Acidente rodoviário|acidente de trânsito]] ocorrido na madrugada de 18 de maio de 1999 na região dos [[Jardins]], na cidade de [[São Paulo]]. O dramaturgo voltava de táxi de um jantar com sua mulher Bernadeth depois de assistirem à encenação de [[Madama Butterfly|''Madame Butterfly'']], ópera dirigida pela atriz [[Carla Camurati]]. O taxista fez uma conversão proibida na [[avenida 9 de Julho]], e o carro foi atingido por um ônibus que seguia na mesma direção. Com o impacto e sem estar usando o [[cinto de segurança]], Dias Gomes foi arremessado para fora do carro e bateu a cabeça na mureta que separa a via exclusiva dos coletivos na avenida, o que causou sua morte instantânea. Bernadeth sofreu ferimentos e foi internada. O motorista do táxi, que também sofreu ferimentos, estava na profissão havia dois meses e alegou que só fez a manobra proibida "por insistência de Dias Gomes".<ref name="folha">{{Citar web |url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff19059901.htm |título=Dramaturgo Dias Gomes morre em acidente de carro |língua= |autor= |obra=Folha de S. Paulo |data= |acessodata=7 de junho de 2020}}</ref><ref>{{citar web|url=http://epoca.globo.com/edic/19990524/soci6.htm|publicado=Epoca.globo.com|autor=|título=O inventor de tipos|data=|acessodata=|obra=Época|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080918152223/http://epoca.globo.com/edic/19990524/soci6.htm|arquivodata=2008-09-18|urlmorta=yes}}</ref>


== Obras ==
== Obras ==
Dias Gomes escreveu diversas obras para o teatro, literatura, cinema e televisão. Entre suas peças teatrais, a mais célebre é [[O Pagador de Promessas (teatro)|O Pagador de Promessas]] (1959). Adaptada para o cinema em 1962, por [[Anselmo Duarte]], conquistou vários prêmios internacionais, com destaque para a [[Palma de Ouro]] no [[Festival de Cannes]].<ref name=": Dias Gomes"/><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,,MUL1370224-7086,00-MORRE+O+CINEASTA+ANSELMO+DUARTE+O+UNICO+BRASILEIRO+VENCEDOR+EM+CANNES.html |publicado=[[G1]] |autor= |título=Morre o cineasta Anselmo Duarte, o único brasileiro vencedor em Cannes |acessodata= |data=Novembro de 2009}}</ref>
Dias Gomes escreveu diversas obras para o teatro, literatura, cinema e televisão. Entre suas peças teatrais, a mais célebre é [[O Pagador de Promessas (teatro)|O Pagador de Promessas]] (1959). Adaptada para o cinema em 1962, por [[Anselmo Duarte]], conquistou vários prêmios internacionais, com destaque para a [[Palma de Ouro]] no [[Festival de Cannes]].<ref name=": Dias Gomes"/><ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,,MUL1370224-7086,00-MORRE+O+CINEASTA+ANSELMO+DUARTE+O+UNICO+BRASILEIRO+VENCEDOR+EM+CANNES.html |publicado=[[G1]] |autor= |título=Morre o cineasta Anselmo Duarte, o único brasileiro vencedor em Cannes |acessodata= |data=Novembro de 2009}}</ref>
=== Teatro ===
=== Teatro ===
* 1938 - ''A Comédia dos Moralistas ''
{| class="wikitable" align="center
* 1939 - ''Esperidião''
! Ano !! Peça de teatro
* 1940 - ''Ludovico ''
|-
* 1941 - ''Amanhã Será Outro Dia''
| rowspan="1" |1938 ||''[[A Comédia dos Moralistas]] ''
* 1942 - ''O Homem Que não Era Seu''
|-
* 1942 - ''Pé-de-Cabra''
| rowspan="1" |1939|| ''[[Esperidião (peça)|Esperidião]] ''
* 1943 - ''Zeca Diabo''
|-
* 1943 - ''João Cambão''
| rowspan="1" |1940|| ''[[Ludovico (peça)|Ludovico]] ''
* 1943 - ''Dr. Ninguém''
|-
* 1943 - ''Um Pobre Gênio''
| rowspan="1" |1941|| ''[[Amanhã Será Outro Dia]] ''
* 1943 - ''Eu Acuso o Céu ''
|-
* 1943 - ''Sinhazinha''
| rowspan="2" |1942|| ''[[O Homem Que não Era Seu]] ''
* 1943 - ''Toque de Recolher''
|-
* 1944 - ''Beco sem Saída ''
| ''[[Pé-de-Cabra]]''
* 1949 - ''A Dança das Horas'' (adaptação do romance ''Quando É Amanhã'')
|-
* 1951 - ''O Bom Ladrão''
| rowspan="7" |1943||''[[Zeca Diabo (peça)|Zeca Diabo]]''
* 1954 - ''Os Cinco Fugitivos do Juízo Final ''
|-
* 1959 - ''O Pagador de Promessas''
| ''[[João Cambão]]''
* 1960 - ''A Invasão''
|-
* 1961 - ''A Revolução dos Beatos ''
| ''[[Dr. Ninguém]]''
* 1962 - ''Odorico, o Bem Amado ou Os Mistérios do Amor e da Morte''
|-
* 1963 - ''O Berço do Herói''
| ''[[Um Pobre Gênio]]''
* 1966 - ''O Santo Inquérito''
|-
* 1968 - ''O Túnel''
| ''[[Eu Acuso o Céu]] ''
* 1968 - ''Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Glória'' (com [[Ferreira Gullar]])
|-
* 1969 - ''Vamos Soltar os Demônios'' (''Amor Em Campo Minado'')
| ''[[Sinhazinha (peça)|Sinhazinha]] ''
* 1977 - ''As Primícias ''
|-
* 1978 - ''Phallus '' (inédita)
| ''[[Toque de Recolher]] ''
* 1978 - ''O Rei de Ramos''
|-
* 1979 - ''Campeões do Mundo ''
| rowspan="1" |1944|| ''[[Beco sem Saída (peça teatral)|Beco sem Saída]]''
* 1986 - ''Olho no Olho'' (inédita)
|-
* 1988 - ''Meu Reino por um Cavalo ''
| rowspan="1" |1949|| ''[[A Dança das Horas]]'' (adaptação do romance ''Quando É Amanhã'')
* 1995 - ''Roque Santeiro, o Musical''
|-
| rowspan="1" |1951|| ''[[O Bom Ladrão]] ''
|-
| rowspan="1" |1954|| ''[[Os Cinco Fugitivos do Juízo Final]] ''
|-
| rowspan="1" |1959|| ''[[O Pagador de Promessas (teatro)|O Pagador de Promessas]] ''
|-
| rowspan="1" |1960|| ''[[A Invasão (peça teatral)|A Invasão]]''
|-
| rowspan="1" |1961|| ''[[A Revolução dos Beatos]] ''
|-
| rowspan="1" |1962|| ''[[Odorico, o Bem Amado ou Os Mistérios do Amor e da Morte]] ''
|-
| rowspan="1" |1963|| ''[[O Berço do Herói]]''
|-
| rowspan="1" |1966|| ''[[O Santo Inquérito]] ''
|-
| rowspan="2" |1968|| ''[[O Túnel]]''
|-
| ''[[Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Glória]]'' (com [[Ferreira Gullar]])
|-
| rowspan="1" |1969|| ''[[Vamos Soltar os Demônios]]'' (''[[Amor Em Campo Minado]]'')
|-
| rowspan="1" |1977|| ''[[As Primícias]] ''
|-
| rowspan="2" |1978|| ''[[Phallus (peça)|Phallus]]'' (inédita)
|-
| ''[[O Rei de Ramos]]''
|-
| rowspan="1"|1979|| ''[[Campeões do Mundo]] ''
|-
| rowspan="1"|1986|| ''[[Olho no Olho]]'' (inédita)
|-
| rowspan="1"|1988|| ''[[Meu Reino por um Cavalo]] ''
|-
| rowspan="1"|1995|| ''[[Roque Santeiro, o Musical]]''
|}


== Bibliografia ==
=== Livros ===
* 1945 - ''Duas Sombras Apenas''
{| class="wikitable" align="center
* 1946 - ''Um Amor e Sete Pecados''
! Ano !! Romance
* 1947 - ''A Dama da Noite''
|-
* 1948 - ''Quando É Amanhã''
| rowspan="1" |1945|| ''[[Duas Sombras Apenas]]''
* 1982 - ''Sucupira, Ame-a ou Deixe-a''
|-
* 1983 - ''Odorico na Cabeça''
| rowspan="1" |1946|| ''[[Um Amor e Sete Pecados]]''
* 1994 - ''Derrocada''
|-
* 1995 - ''Decadência''
| rowspan="1" |1947|| ''[[A Dama da Noite]]''
|-
| rowspan="1" |1948|| ''[[Quando É Amanhã]]''
|-
| rowspan="1" |1982|| ''[[Sucupira, Ame-a ou Deixe-a]]''
|-
| rowspan="1" |1983|| ''[[Odorico na Cabeça]]''
|-
| rowspan="1" |1994|| ''[[Derrocada]]''
|-
| rowspan="1" |1995|| ''[[Decadência (romance)|Decadência]]''
|}


=== Televisão ===
=== Televisão ===
Linha 204: Linha 156:
| rowspan="1" |1971|| ''[[Así en la Tierra Como en el Cielo]]'' || Argentina
| rowspan="1" |1971|| ''[[Así en la Tierra Como en el Cielo]]'' || Argentina
|-
|-
| rowspan="1" |1996|| ''[[Sucupira (telenovela)|Sucupira]]'' (''O Bem-Amado'') || TV Nacional do Chile
| rowspan="1" |1996|| ''[[Sucupira (telenovela)|Sucupira]]'' (''O Bem-Amado'') || Chile
|-
|-
| rowspan="1" |2017|| ''[[El Bienamado]]'' (''O Bem-Amado'') || Televisa
| rowspan="1" |2017|| ''[[El Bienamado]]'' (''O Bem-Amado'') || México
|}
|}


==== Curiosidades ====
==== Curiosidades ====
* Em [[2013]], no remake de sua obra original ''[[Saramandaia (2013)|Saramandaia]]'', o autor é homenageado com uma pequena estátua de ''Santo Dias'', retratado como o padroeiro da cidade de Bole-Bole.<ref>{{Citar web |url=http://gshow.globo.com/novelas/saramandaia/Fique-por-dentro/noticia/2013/06/dias-gomes-vira-santo-dias-padroeiro-de-bole-bole-na-historia-de-ricardo-linhares.html |titulo=Dias Gomes vira Santo Dias, padroeiro de Bole-Bole, na história de Ricardo Linhares |acessodata=2021-05-18 |website=Saramandaia |lingua=pt-br}}</ref>
* Em 2013, no remake de sua obra original ''[[Saramandaia (2013)|Saramandaia]]'', o autor é homenageado com uma pequena estátua de ''Santo Dias'', retratado como o padroeiro da cidade de Bole-Bole.<ref>{{Citar web |url=http://gshow.globo.com/novelas/saramandaia/Fique-por-dentro/noticia/2013/06/dias-gomes-vira-santo-dias-padroeiro-de-bole-bole-na-historia-de-ricardo-linhares.html |titulo=Dias Gomes vira Santo Dias, padroeiro de Bole-Bole, na história de Ricardo Linhares |acessodata=2021-05-18 |website=Saramandaia |lingua=pt-br}}</ref>


{{Referências}}
{{Referências}}
Linha 233: Linha 185:
{{Academia Brasileira de Letras}}
{{Academia Brasileira de Letras}}
{{Autores de telenovelas brasileiras}}
{{Autores de telenovelas brasileiras}}
{{Realismo}}
{{Portal3|Academia Brasileira de Letras|Literatura|Teatro}}
{{Portal3|Academia Brasileira de Letras|Literatura|Teatro}}
{{Controle de autoridade}}
{{Controle de autoridade}}
Linha 242: Linha 195:
[[Categoria:Mortes em acidentes de trânsito no Brasil]]
[[Categoria:Mortes em acidentes de trânsito no Brasil]]
[[Categoria:Naturais de Salvador]]
[[Categoria:Naturais de Salvador]]
[[Categoria:Membros do Partido Comunista Brasileiro]]

Edição atual tal como às 14h25min de 11 de março de 2024

Dias Gomes
Dias Gomes
Nome completo Alfredo de Freitas Dias Gomes
Nascimento 19 de outubro de 1922
Salvador, BA
Morte 18 de maio de 1999 (76 anos)
São Paulo, SP
Causa da morte acidente automobilístico
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Janete Clair (1950–83)
Bernadeth Lyzio (1984–99)
Filho(a)(s) 6
Ocupação dramaturgo
autor de telenovelas
Principais trabalhos A Ponte dos Suspiros (1969)
Assim na Terra como no Céu (1970)
Bandeira 2 (1971)
O Bem-Amado (1973)
O Espigão (1974)
Saramandaia (1976)
O Bem Amado (1980)
Roque Santeiro (1985)
Mandala (1987)
O Pagador de Promessas (1988)
Araponga (1990)
As Noivas de Copacabana (1992)
Dona Flor e Seus Dois Maridos (1998)
Magnum opus O Pagador de Promessas

Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido pelo sobrenome Dias Gomes (Salvador, 19 de outubro de 1922São Paulo, 18 de maio de 1999), foi um romancista, dramaturgo, autor de telenovelas e membro da Academia Brasileira de Letras. Também conhecido pelo seu casamento com a também escritora Janete Stocco Emmer (Janete Clair).[1]

Dias Gomes nasceu em Salvador, na Bahia, em 19 de outubro de 1922.

Filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e Plínio Alves Dias Gomes, um engenheiro, fez o curso primário no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, dos Irmãos Maristas, e iniciou o secundário no Ginásio Ipiranga. Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu o curso secundário no Ginásio Vera Cruz e posteriormente no Instituto de Ensino Secundário. Em 1943, ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, abandonando o curso no terceiro ano.[2]

O pagador de promessas, de Dias Gomes (1978)

Essencialmente um homem de teatro, aos 15 anos Dias Gomes escreveu sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, com a qual ganharia o prêmio do Serviço Nacional de Teatro e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), no ano seguinte. Em 1941 sua peça Amanhã Será Outro Dia chega às mãos do ator Procópio Ferreira que, empolgado com a qualidade do texto, chama o autor para uma conversa. Embora tivesse gostado do que lera, tratava-se de um drama antinazista e Procópio achava arriscado levar à cena um espetáculo desse porte em plena Segunda Guerra Mundial. Quando questionado se não teria uma outra peça, de comédia talvez, Dias lembrou-se de Pé de Cabra, uma espécie de sátira ao maior sucesso de Procópio até então, e não hesitou em levá-la ao grande ator que, entusiasmado, comprometeu-se a encená-la.[1]

Sob a alegação de que a peça possuía alto conteúdo marxista, Pé de Cabra seria proibida no dia da estreia pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado pela ditadura de Getúlio Vargas.[3] Curioso notar que, embora anos depois o autor viesse a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, até então Dias Gomes nunca havia lido uma só linha de Karl Marx. Graças à sua influência, Procópio consegue a liberação da peça, mediante o corte de algumas passagens, e a mesma é levada à cena com grande sucesso. No ano seguinte, Dias Gomes assinaria com Procópio aquele que seria o primeiro grande contrato de sua carreira, no qual se comprometia a escrever com exclusividade para o ator. Desse período nasceram Zeca Diabo, João Cambão, Dr. Ninguém, Um Pobre Gênio e Eu Acuso o Céu. Infelizmente nem todas as peças foram encenadas, pois logo Dias e Procópio se desentenderam por sérias divergências políticas. Refletindo o pensamento da época, Procópio não concordava com as preocupações sociais que Dias insistia em discutir em suas peças. Tais diferenças levariam o autor a se afastar temporariamente dos palcos e ele passou a se dedicar ao rádio.[1]

De 1944 a 1964 Dias Gomes adaptou cerca de 500 peças teatrais para o rádio, o que lhe proporcionou apurado conhecimento da literatura universal. Em 1960 Dias Gomes volta aos palcos com aquele que viria a ser o maior êxito de sua carreira: a peça teatral O Pagador de Promessas. Adaptada para o cinema por Anselmo Duarte, O Pagador seria o primeiro filme brasileiro a receber uma indicação ao Oscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes.[1]

Em 1965 Dias assiste, perplexo, à proibição de sua peça O Berço do Herói, no dia da estreia. Adaptada para a televisão com o nome de Roque Santeiro, a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente em 1985, com o fim do Regime Militar, o público iria poder conferir a Roque Santeiro - que, diga-se de passagem, viria a se tornar uma das maiores audiências do gênero.[1]

Com a implantação da Ditadura Militar no Brasil, em 1964, Dias Gomes passa a ter suas peças censuradas, uma após a outra. Em 1969 foi demitido da Rádio Nacional, graças ao seu envolvimento com o Partido Comunista, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite de Boni, então presidente da Rede Globo, para escrever para a televisão.[4].

De 1969 a 1979 Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento. Em 1972, Dias Gomes levaria o povo para a televisão ao ambientar Bandeira 2 no subúrbio carioca. Em 1973 escreveu a primeira novela em cores da televisão brasileira, O Bem-Amado. Em 1974 já falava em ecologia e no crescimento desordenado da cidade com O Espigão. Em 1976, com Saramandaia, abordaria o realismo fantástico, então em moda na literatura. O fracasso de Sinal de Alerta, em 1978, leva Dias a se afastar do gênero telenovela temporariamente.[1]

Ao longo de toda a década de 1980, Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados O Bem-Amado e Carga Pesada (apenas no primeiro ano), e as novelas Roque Santeiro e Mandala, das quais escreveria apenas parte. Nos anos 90, Dias Gomes viraria as costas de vez para as telenovelas, dedicando-se única e exclusivamente às minisséries.[1]

Academia Brasileira de Letras

[editar | editar código-fonte]

Dias Gomes foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 11 de abril de 1991, na sucessão de Adonias Filho, sendo recebido em 16 de julho de 1991 pelo acadêmico Jorge Amado. Ocupou a cadeira 21, cujo patrono é o maranhense Joaquim Serra e o atual ocupante é o escritor Paulo Coelho.[5]

Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida escritora Janete Clair. Com ela se casou em 13 de março de 1950, e teve os filhos Alfredo Dias Gomes, Guilherme Dias Gomes,[6] Marcos Plínio (falecido) e Denise Emmer.[7] Viúvo de Janete, que morrera um ano antes, em 1984 Dias casa-se com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem tem duas filhas: Mayra Dias Gomes e Luana Dias Gomes.[8]

Dias Gomes morreu aos 76 anos em um acidente de trânsito ocorrido na madrugada de 18 de maio de 1999 na região dos Jardins, na cidade de São Paulo. O dramaturgo voltava de táxi de um jantar com sua mulher Bernadeth depois de assistirem à encenação de Madame Butterfly, ópera dirigida pela atriz Carla Camurati. O taxista fez uma conversão proibida na avenida 9 de Julho, e o carro foi atingido por um ônibus que seguia na mesma direção. Com o impacto e sem estar usando o cinto de segurança, Dias Gomes foi arremessado para fora do carro e bateu a cabeça na mureta que separa a via exclusiva dos coletivos na avenida, o que causou sua morte instantânea. Bernadeth sofreu ferimentos e foi internada. O motorista do táxi, que também sofreu ferimentos, estava na profissão havia dois meses e alegou que só fez a manobra proibida "por insistência de Dias Gomes".[9][10]

Dias Gomes escreveu diversas obras para o teatro, literatura, cinema e televisão. Entre suas peças teatrais, a mais célebre é O Pagador de Promessas (1959). Adaptada para o cinema em 1962, por Anselmo Duarte, conquistou vários prêmios internacionais, com destaque para a Palma de Ouro no Festival de Cannes.[1][11]

  • 1938 - A Comédia dos Moralistas
  • 1939 - Esperidião
  • 1940 - Ludovico
  • 1941 - Amanhã Será Outro Dia
  • 1942 - O Homem Que não Era Seu
  • 1942 - Pé-de-Cabra
  • 1943 - Zeca Diabo
  • 1943 - João Cambão
  • 1943 - Dr. Ninguém
  • 1943 - Um Pobre Gênio
  • 1943 - Eu Acuso o Céu
  • 1943 - Sinhazinha
  • 1943 - Toque de Recolher
  • 1944 - Beco sem Saída
  • 1949 - A Dança das Horas (adaptação do romance Quando É Amanhã)
  • 1951 - O Bom Ladrão
  • 1954 - Os Cinco Fugitivos do Juízo Final
  • 1959 - O Pagador de Promessas
  • 1960 - A Invasão
  • 1961 - A Revolução dos Beatos
  • 1962 - Odorico, o Bem Amado ou Os Mistérios do Amor e da Morte
  • 1963 - O Berço do Herói
  • 1966 - O Santo Inquérito
  • 1968 - O Túnel
  • 1968 - Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Glória (com Ferreira Gullar)
  • 1969 - Vamos Soltar os Demônios (Amor Em Campo Minado)
  • 1977 - As Primícias
  • 1978 - Phallus (inédita)
  • 1978 - O Rei de Ramos
  • 1979 - Campeões do Mundo
  • 1986 - Olho no Olho (inédita)
  • 1988 - Meu Reino por um Cavalo
  • 1995 - Roque Santeiro, o Musical
  • 1945 - Duas Sombras Apenas
  • 1946 - Um Amor e Sete Pecados
  • 1947 - A Dama da Noite
  • 1948 - Quando É Amanhã
  • 1982 - Sucupira, Ame-a ou Deixe-a
  • 1983 - Odorico na Cabeça
  • 1994 - Derrocada
  • 1995 - Decadência

Estreou na televisão em 1969, com a novela A Ponte dos Suspiros. Entre seus sucessos na televisão estão a novela O Bem Amado, que virou O Bem Amado seriado entre 1980 e 1984, Roque Santeiro, Bandeira 2, O Espigão e Saramandaia.[12]

Ano Telenovela
1969 A Ponte dos Suspiros
1970 Verão Vermelho
1970/1971 Assim na Terra como no Céu
1971/1972 Bandeira 2
1973 O Bem-Amado
1974 O Espigão
1975 Roque Santeiro (versão censurada)
1976 Saramandaia
1978/1979 Sinal de Alerta
1985/1986 Roque Santeiro
1987 Expresso Brasil
1987/1988 Mandala
1990/1991 Araponga
1995 Irmãos Coragem
1996 O Fim do Mundo
Ano Minissérie
1982 Um Tiro no Coração (inédita)
1988 O Pagador de Promessas
1992 As Noivas de Copacabana
1995 Decadência
1998 Dona Flor e Seus Dois Maridos
Ano Seriado
1979/1980 Carga Pesada
1980/1984 O Bem Amado

Adaptações em outros países

[editar | editar código-fonte]
Ano Obra País
1971 Así en la Tierra Como en el Cielo Argentina
1996 Sucupira (O Bem-Amado) Chile
2017 El Bienamado (O Bem-Amado) México
  • Em 2013, no remake de sua obra original Saramandaia, o autor é homenageado com uma pequena estátua de Santo Dias, retratado como o padroeiro da cidade de Bole-Bole.[13]

Referências

  1. a b c d e f g h «Dias Gomes». A Biblioteca Virtual de Literatura. Biblio.com.br 
  2. «Dias Gomes». Memoria Globo. Memoriaglobo.globo.com. Arquivado do original em 6 de julho de 2010 
  3. Gomes, Dias. Apenas um subversivo. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1998, p. 67.ISBN 9788528606416
  4. «Biografia de Dias Gomes». Estudo Prático. 7 de novembro de 2017. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  5. «Paulo Coelho veste o fardão e toma posse na ABL». Estadão.com.br. Outubro de 2002 
  6. «Guilherme Dias Gomes - Trips». Guilherme Dias Gomes (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2018 
  7. «Denise Emmer». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Dicionariompb.com.br 
  8. «Dias Gomes – Dramaturgo – Autor de Novelas». Biografias – Vida e obra de personalidades. Biografia.inf.br 
  9. «Dramaturgo Dias Gomes morre em acidente de carro». Folha de S. Paulo. Consultado em 7 de junho de 2020 
  10. «O inventor de tipos». Época. Epoca.globo.com. Arquivado do original em 18 de setembro de 2008 
  11. «Morre o cineasta Anselmo Duarte, o único brasileiro vencedor em Cannes». G1. Novembro de 2009 
  12. «DIAS GOMES». Teledramaturgia. Teledramaturgia.com.br. Arquivado do original em 28 de outubro de 2011 
  13. «Dias Gomes vira Santo Dias, padroeiro de Bole-Bole, na história de Ricardo Linhares». Saramandaia. Consultado em 18 de maio de 2021 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikiquote Citações no Wikiquote
  • «Perfil». no sítio oficial da Academia Brasileira de Letras 


Precedido por
Adonias Filho
ABL - sexto acadêmico da cadeira 21
1991 — 1999
Sucedido por
Roberto Campos
pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy