Dias Gomes: diferenças entre revisões
m |
Etiquetas: Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel |
||
Linha 18: | Linha 18: | ||
|magnum_opus = ''O Pagador de Promessas'' |
|magnum_opus = ''O Pagador de Promessas'' |
||
}} |
}} |
||
'''Alfredo de Freitas Dias Gomes''', mais conhecido pelo sobrenome '''Dias Gomes''' ([[Salvador (Bahia)|Salvador]], {{dtlink|lang=br|19|10|1922}} — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], {{dtlink|lang=br|18|5|1999}}), foi um [[romancista]], [[dramaturgia|dramaturgo]], autor de [[telenovela]]s e membro da [[Academia Brasileira de Letras]]. Também conhecido pelo seu casamento com a também escritora |
'''Alfredo de Freitas Dias Gomes''', mais conhecido pelo sobrenome '''Dias Gomes''' ([[Salvador (Bahia)|Salvador]], {{dtlink|lang=br|19|10|1922}} — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], {{dtlink|lang=br|18|5|1999}}), foi um [[romancista]], [[dramaturgia|dramaturgo]], autor de [[telenovela]]s e membro da [[Academia Brasileira de Letras]]. Também conhecido pelo seu casamento com a também escritora Janete Stocco Emmer ([[Janete Clair]]).<ref name=": Dias Gomes">{{citar web |url=http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/biografias/diasgomes.htm: |publicado=Biblio.com.br |autor= |título=Dias Gomes |data= |acessodata= |obra=A Biblioteca Virtual de Literatura}}</ref> |
||
== Biografia == |
== Biografia == |
Revisão das 00h37min de 28 de junho de 2021
Dias Gomes | |
---|---|
Nome completo | Alfredo de Freitas Dias Gomes |
Nascimento | 19 de outubro de 1922 Salvador, BA |
Morte | 18 de maio de 1999 (76 anos) São Paulo, SP |
Causa da morte | acidente automobilístico |
Nacionalidade | brasileiro |
Cônjuge | Janete Clair (1950–83) Bernadeth Lyzio (1984–99) |
Filho(a)(s) | 6 |
Ocupação | dramaturgo autor de telenovelas |
Magnum opus | O Pagador de Promessas |
Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido pelo sobrenome Dias Gomes (Salvador, 19 de outubro de 1922 — São Paulo, 18 de maio de 1999), foi um romancista, dramaturgo, autor de telenovelas e membro da Academia Brasileira de Letras. Também conhecido pelo seu casamento com a também escritora Janete Stocco Emmer (Janete Clair).[1]
Biografia
Origem
Dias Gomes nasceu em Salvador, na Bahia, em 19 de outubro de 1922.
Filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e Plínio Alves Dias Gomes, um engenheiro, fez o curso primário no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, dos Irmãos Maristas, e iniciou o secundário no Ginásio Ipiranga. Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu o curso secundário no Ginásio Vera Cruz e posteriormente no Instituto de Ensino Secundário. Em 1943, ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, abandonando o curso no terceiro ano.[2]
Vida pessoal
Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida Jenete (Janete Clair). Com ela casou-se em 13 de março de 1950, teve os filhos: Alfredo Dias Gomes, Guilherme Dias Gomes,[3] Marcos Plínio (falecido) e Denise Emmer.[4] Viúvo de Janete Clair, que morrera um ano antes, em 1984 Dias casa-se com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem tem duas filhas: Mayra Dias Gomes (escritora) e Luana Dias Gomes.[5]
Dias Gomes morreu num acidente automobilístico ocorrido na madrugada de 18 de maio de 1999. Ele voltava de um jantar com a esposa, após assistir a encenação de Madame Butterfly (dirigida pela atriz Carla Camurati), quando o taxi onde estava fez uma manobra brusca e sofreu a batida de um ônibus, arremessando Gomes para fora do carro, fazendo o dramaturgo bater a cabeça na mureta da avenida 9 de julho, morrendo instantaneamente.[6][7]
Carreira
Essencialmente um homem de teatro, aos 15 anos Dias Gomes escreveu sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, com a qual ganharia o prêmio do Serviço Nacional de Teatro e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), no ano seguinte. Em 1941 sua peça Amanhã Será Outro Dia chega às mãos do ator Procópio Ferreira que, empolgado com a qualidade do texto, chama o autor para uma conversa. Embora tivesse gostado do que lera, tratava-se de um drama antinazista e Procópio achava arriscado levar à cena um espetáculo desse porte em plena Segunda Guerra Mundial. Quando questionado se não teria uma outra peça, de comédia talvez, Dias lembrou-se de Pé de Cabra, uma espécie de sátira ao maior sucesso de Procópio até então, e não hesitou em levá-la ao grande ator que, entusiasmado, comprometeu-se a encená-la.[1]
Sob a alegação de que a peça possuía alto conteúdo marxista, Pé de Cabra seria proibida no dia da estreia pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado pela ditadura de Getúlio Vargas.[8] Curioso notar que, embora anos depois o autor viesse a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, até então Dias Gomes nunca havia lido uma só linha de Karl Marx. Graças à sua influência, Procópio consegue a liberação da peça, mediante o corte de algumas passagens, e a mesma é levada à cena com grande sucesso. No ano seguinte, Dias Gomes assinaria com Procópio aquele que seria o primeiro grande contrato de sua carreira, no qual se comprometia a escrever com exclusividade para o ator. Desse período nasceram Zeca Diabo, João Cambão, Dr. Ninguém, Um Pobre Gênio e Eu Acuso o Céu. Infelizmente nem todas as peças foram encenadas, pois logo Dias e Procópio se desentenderam por sérias divergências políticas. Refletindo o pensamento da época, Procópio não concordava com as preocupações sociais que Dias insistia em discutir em suas peças. Tais diferenças levariam o autor a se afastar temporariamente dos palcos e ele passou a se dedicar ao rádio.[1]
De 1944 a 1964 Dias Gomes adaptou cerca de 500 peças teatrais para o rádio, o que lhe proporcionou apurado conhecimento da literatura universal. Em 1960 Dias Gomes volta aos palcos com aquele que viria a ser o maior êxito de sua carreira: a peça teatral O Pagador de Promessas. Adaptada para o cinema por Anselmo Duarte, O Pagador seria o primeiro filme brasileiro a receber uma indicação ao Oscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes.[1]
Em 1965 Dias assiste, perplexo, à proibição de sua peça O Berço do Herói, no dia da estreia. Adaptada para a televisão com o nome de Roque Santeiro, a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente em 1985, com o fim do Regime Militar, o público iria poder conferir a Roque Santeiro - que, diga-se de passagem, viria a se tornar uma das maiores audiências do gênero.[1]
Com a implantação da Ditadura Militar no Brasil, em 1964, Dias Gomes passa a ter suas peças censuradas, uma após a outra. Demitido da Rádio Nacional, graças ao seu envolvimento com o Partido Comunista, não lhe resta outra saída senão aceitar o convite de Boni, então presidente da Rede Globo, para escrever para a televisão.[1]
De 1969 a 1979 Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento. Em 1972 Dias Gomes levaria o povo para a televisão ao ambientar Bandeira 2 no subúrbio carioca. Em 1973 escreveu a primeira novela em cores da televisão brasileira, O Bem-Amado. Em 1974 já falava em ecologia e no crescimento desordenado da cidade com O Espigão. Em 1976, com Saramandaia, abordaria o realismo fantástico, então em moda na literatura. O fracasso de Sinal de Alerta, em 1978, leva Dias a se afastar do gênero telenovela temporariamente.[1]
Ao longo de toda a década de 1980, Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados O Bem-Amado e Carga Pesada (apenas no primeiro ano), e as novelas Roque Santeiro e Mandala, das quais escreveria apenas parte. Nos anos 90, Dias Gomes viraria as costas de vez para as telenovelas, dedicando-se única e exclusivamente às minisséries.[1]
Dias Gomes foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 11 de abril de 1991, na sucessão de Adonias Filho, sendo recebido em 16 de julho de 1991 pelo acadêmico Jorge Amado. Ocupou a cadeira 21, cujo patrono é o maranhense Joaquim Serra e o atual ocupante é o escritor Paulo Coelho.[9]
Obras
Dias Gomes escreveu diversas obras para o teatro, literatura, cinema e televisão. Entre suas peças teatrais, a mais célebre é O Pagador de Promessas (1959). Adaptada para o cinema em 1962, por Anselmo Duarte, conquistou vários prêmios internacionais, com destaque para a Palma de Ouro no Festival de Cannes.[1][10]
Teatro
Ano | Peça de teatro |
---|---|
1938 | A Comédia dos Moralistas |
1939 | Esperidião |
1940 | Ludovico |
1941 | Amanhã Será Outro Dia |
1942 | O Homem Que não Era Seu |
Pé-de-Cabra | |
1943 | Zeca Diabo |
João Cambão | |
Dr. Ninguém | |
Um Pobre Gênio | |
Eu Acuso o Céu | |
Sinhazinha | |
Toque de Recolher | |
1944 | Beco sem Saída |
1949 | A Dança das Horas (adaptação do romance Quando É Amanhã) |
1951 | O Bom Ladrão |
1954 | Os Cinco Fugitivos do Juízo Final |
1959 | O Pagador de Promessas |
1960 | A Invasão |
1961 | A Revolução dos Beatos |
1962 | Odorico, o Bem Amado ou Os Mistérios do Amor e da Morte |
1963 | O Berço do Herói |
1966 | O Santo Inquérito |
1968 | O Túnel |
Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Glória (com Ferreira Gullar) | |
1969 | Vamos Soltar os Demônios (Amor Em Campo Minado) |
1977 | As Primícias |
1978 | Phallus (inédita) |
O Rei de Ramos | |
1979 | Campeões do Mundo |
1986 | Olho no Olho (inédita) |
1988 | Meu Reino por um Cavalo |
1995 | Roque Santeiro, o Musical |
Bibliografia
Ano | Romance |
---|---|
1945 | Duas Sombras Apenas |
1946 | Um Amor e Sete Pecados |
1947 | A Dama da Noite |
1948 | Quando É Amanhã |
1982 | Sucupira, Ame-a ou Deixe-a |
1983 | Odorico na Cabeça |
1994 | Derrocada |
1995 | Decadência |
Televisão
Estreou na televisão em 1969, com a novela A Ponte dos Suspiros. Entre seus sucessos na televisão estão a novela O Bem Amado, que virou O Bem Amado seriado entre 1980 e 1984, Roque Santeiro, Bandeira 2, O Espigão e Saramandaia.[11]
Ano | Telenovela |
---|---|
1969 | A Ponte dos Suspiros |
1970 | Verão Vermelho |
1970/1971 | Assim na Terra como no Céu |
1971/1972 | Bandeira 2 |
1973 | O Bem-Amado |
1974 | O Espigão |
1975 | Roque Santeiro (versão censurada) |
1976 | Saramandaia |
1978/1979 | Sinal de Alerta |
1985/1986 | Roque Santeiro |
1987 | Expresso Brasil |
1987/1988 | Mandala |
1990/1991 | Araponga |
1995 | Irmãos Coragem |
1996 | O Fim do Mundo |
Ano | Minissérie |
1982 | Um Tiro no Coração (inédita) |
1988 | O Pagador de Promessas |
1992 | As Noivas de Copacabana |
1995 | Decadência |
1998 | Dona Flor e Seus Dois Maridos |
Ano | Seriado |
1979/1980 | Carga Pesada |
1980/1984 | O Bem Amado |
Adaptações em outros países
Ano | Obra | País |
---|---|---|
1971 | Así en la Tierra Como en el Cielo | Argentina |
1996 | Sucupira (O Bem-Amado) | TV Nacional do Chile |
2017 | El Bienamado (O Bem-Amado) | Televisa |
Curiosidades
- Em 2013, no remake de sua obra original Saramandaia, o autor é homenageado com uma pequena estátua de Santo Dias, retratado como o padroeiro da cidade de Bole-Bole.[12]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i «Dias Gomes». A Biblioteca Virtual de Literatura. Biblio.com.br
- ↑ «Dias Gomes». Memoria Globo. Memoriaglobo.globo.com. Arquivado do original em 6 de julho de 2010
- ↑ «Guilherme Dias Gomes - Trips». Guilherme Dias Gomes (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2018
- ↑ «Denise Emmer». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Dicionariompb.com.br
- ↑ «Dias Gomes – Dramaturgo – Autor de Novelas». Biografias – Vida e obra de personalidades. Biografia.inf.br
- ↑ «O inventor de tipos». Época. Epoca.globo.com. Arquivado do original em 18 de setembro de 2008
- ↑ «Dramaturgo Dias Gomes morre em acidente de carro». Folha de S. Paulo. Consultado em 7 de junho de 2020
- ↑ Gomes, Dias. Apenas um subversivo. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1998, p. 67.ISBN 9788528606416
- ↑ «Paulo Coelho veste o fardão e toma posse na ABL». Estadão.com.br. Outubro de 2002
- ↑ «Morre o cineasta Anselmo Duarte, o único brasileiro vencedor em Cannes». G1. Novembro de 2009
- ↑ «DIAS GOMES». Teledramaturgia. Teledramaturgia.com.br. Arquivado do original em 28 de outubro de 2011
- ↑ «Dias Gomes vira Santo Dias, padroeiro de Bole-Bole, na história de Ricardo Linhares». Saramandaia. Consultado em 18 de maio de 2021
Ligações externas
- «Perfil». no sítio oficial da Academia Brasileira de Letras
Precedido por Adonias Filho |
ABL - sexto acadêmico da cadeira 21 1991 — 1999 |
Sucedido por Roberto Campos |