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Antônio Gomide

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 Nota: Para outros significados, veja Antônio Gomide (desambiguação).
Antonio Gonçalves Gomide
Pseudônimo(s) Gomide
Nascimento 03 de agosto de 1895
Itapetininga
Morte 29 de agosto de 1967 (72 anos)
São Paulo; Brasil
Nacionalidade brasileira
Ocupação pintor, desenhista, professor, escultor
Movimento estético Modernismo

Antônio Gonçalves Gomide (Itapetininga, 3 de agosto de 1895São Paulo, 29 de agosto de 1967[1]) foi um pintor, desenhista, gravador e professor brasileiro.[2]

Gomide é considerado um dos precursores do estilo Art Déco no Brasil. Teve uma atuação artística diversificada, contando com a produção de aquarelas, óleos, afrescos, cerâmicas, desenhos para vitrais e painéis de baixo-relevo, estudos para estamparias e esculturas.

Irmão da artista têxtil Regina Gomide Graz, esposa do também artista John Graz, ambos também precursores do estilo no Brasil.

Estudos na Europa

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Nascido em 1895 no interior paulista, Antonio Gomide mudou-se para a cidade de São Paulo em 1915. Poucos anos depois, foi para a Suíça, onde sua família havia se estabelecido em 1913 com o intuito de que seus filhos tivessem acesso a estudos de qualidade superior[3].

Gomide frequentou inicialmente a Escola de Comércio dessa cidade, onde conheceu o crítico de arte Sérgio Milliet. Mais tarde, ingressou na Escola de Belas Artes de Genebra, onde já estudavam seus irmãos. Nesta escola, estudou com o renomado pintor suiço Ferdinand Hodler[3].

Realizou contínuas viagens pela Europa, estabelecendo-se na França em 1923. Na década de 1920, praticou pintura de afrescos com o mestre francês Marcel-Lenoir, o que influenciou sua obra para uma linha pré-renascentista. Em 1923, monta seu ateliê em Paris, tornando-se amigo do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret, com quem desenvolveu, futuramente, várias iniciativas futuras para reconhecimento da arte moderna. Neste período também foi fortemente influenciado pelo Cubismo, com o qual teve contato em galerias e ateliês franceses; e pelo movimento estético Art-Déco, estando presente na Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas em 1925, que consolidou uma renovação estética nas artes em resposta ao rebuscamento da Art Nouveau.

Neste período, Gomide ainda desenvolveu motivos de estamparia de tecidos para decoradores e estilistas franceses, como a casa de alta costura Drecoll, a oficina La Maîtrise (ligada às Galeries Lafayette) e a fabricante Tissus Rodier [3].

Retorno ao Brasil

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Fixou-se definitivamente no Brasil em 1929, associando-se rapidamente a outros artistas do movimento modernista das artes plásticas, marcado pela Semana de Arte Moderna de 1922, como Mario de Andrade. Logo, produziu aquarelas e motivos inspirados na natureza do país e em motivos indígenas, com estilização art déco.

Em 1929, iniciou uma parceria com a tradicional Casa Conrado, ateliê especializado na composição de vitrais. Neste ano, desenhou os vitrais do pórtico do Parque da Água Branca, em São Paulo, os quais foram finalizados em 1935[4]. A parceria com a Casa Conrado foi duradoura (até 1954) e expandiu-se também para a criação de desenhos de painéis em mármore e moldes para jateamentos com areia em vidro[5].

Em 1932, Gomide participou da Revolução Constitucionalista, retornando ferido[3]. Fez aquarelas e gravuras com temas militares.[6]

Foi membro-fundador da Sociedade Pró-Arte Moderna - SPAM (1932), que tinha como iniciativa ampliar o contato entre artistas, amantes das artes e o público[3]. Em 1933, deu um curso de pintura cubista no Clube dos Artistas Modernos, em São Paulo[7].

A partir de 1934, também integrou o Grupo 7, com Victor Brecheret, o arquiteto Rino Levi, a escultora Elisabeth Nobiling, a pintora Yolanda Mohalyi, além de John e Regina Graz. O objetivo deste grupo era montar uma galeria-ateliê para expor as obras que produziam[3].

Em 1941, executou o painel em baixo-relevo do Instituto Biológico em São Paulo[3], bem como o desenho de seus vitrais (os quais foram removidos em 2002 por estarem quebrados, e substituídos por blocos de vidro[8]).

Como cenógrafo, participou dos filmes Candinho[9] e Sinhá Moça em 1953 e 1954, ambos da Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

Em 1954, Gomide também trabalhou nos murais em mármore gravados com jatos de areia, para o Mosteiro de São Bento, com o tema "Entradas e Bandeiras[5]".

Exposições e mostras

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Gomide participou de diversas exposições durante a vida, tanto no Brasil quanto no exterior[3]:

Exposições e Mostras com obras de Antonio Gomide
Exposição Ano Local Obras Tipo
Museu Rath 1922 Genebra Coletiva
Museu Athenée 1923 Coletiva
Antonio Gomide - Afrescos e Pinturas 1927 São Paulo/SP 76 obras, incluindo afrescos Individual
Galeria Blanchon 1927 São Paulo/SP 6 telas Coletiva
Casa Modernista da Rua Itápolis / Exposição de uma casa modernista 1930 São Paulo/SP Coletiva
The First Representative Collection of Paintings by Contemporary Brazilian Artists / Museu Roerich 1930 Nova Iorque Coletiva
38ª Exposição Geral de Belas-Artes 1931 Rio de Janeiro 2 telas Coletiva
1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM / Galeria Guatapará 1933 São Paulo/SP Coletiva
1° Salão de Maio 1937 São Paulo/SP Coletiva
2° Salão de Maio 1938 São Paulo/SP Coletiva
3° Salão de Maio 1939 São Paulo/SP Coletiva
5° Salão de Pintura e Escultura do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo 1939 São Paulo/SP 2 obras Coletiva
6° Salão de Pintura e Escultura do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo 1941 São Paulo/SP Coletiva
1° Salão de Arte da Feira Nacional das Indústrias 1941 São Paulo/SP Coletiva
Hotel Terminus 1942-1943 São Paulo/SP Individual
Galeria na rua Barão de Itapetininga 1947 São Paulo/SP Em parceria com John Graz
1ª Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo 1951 São Paulo/SP 3 obras Coletiva
Associação Cristão de Moços 1966 Individual

Antonio Gomide desenvolveu cegueira pouco antes de sua morte, falecendo em 1967, aos 72 anos.[3]

  1. «Registros de óbito / 1967. Cartório do Registro Civil, 20° Subdistrito (Jardim América), n.00081. Imagem 123.». FamilySearch. Consultado em 14 de março de 2024 
  2. «Antônio Gomide». VIAF (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2019 
  3. a b c d e f g h i Milliet, Maria Alice (2021). Desafios da modernidade: Família Gomide-Graz nas décadas de 1920 e 1930 (PDF). São Paulo: MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo). ISBN 978-65-990406-5-8 
  4. Mello, Regina Lara Silveira; Barbosa, Paulo Eduardo (2016). «O vitral como objeto no portal de entrada do Parque da Água Branca» (PDF). Grupo Museu/Patrimônio FAU-USP. Revista Ara (n.1). Consultado em 13 de março de 2024 
  5. a b Mello, Regina Lara Silveira (1996). Casa Conrado: cem anos do vitral brasileiro. Campinas: Universidade Estadual de Campinas (Mestrado em Artes) 
  6. «Antonio Gomide». Museu de Arte Contemporânea da Universidade de são Paulo (MAC-USP). Consultado em 11 de março de 2024 
  7. «Curso de pintura moderna no Clube dos Artistas». Hemeroteca Digital Brasileira. A Gazeta (SP) (n.08251): p.5. 12 de julho de 1933. Consultado em 14 de março de 2024 
  8. A. Batista Filho, M.M. Rebouças, S. D'Agostini, N. Vitiello, H. Hojo, E.C. Rosa. «Estudos e definições para o desenvolvimento de ações para a recuperação de elementos físicos do Instituto Biológico.». Instituto Biológico. Revista Páginas do Instituto Biológico. Consultado em 13 de março de 2024 
  9. «Candinho». Hemeroteca Digital Brasileira. A Scena Muda (m.0004): p.18. 27 de janeiro de 1954. Consultado em 11 de março de 2024 
  • Divisão de Artes Plásticas (1996). Acervo da Pinacoteca Municipal. São Paulo: Centro Cultural São Paulo. 71 páginas 

Ligações externas

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