Saltar para o conteúdo

Polca

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Polka)
Casal dançando Polca. Datado entre 1840 e 1849.

A Polca é uma dança e um gênero musical originário da Boêmia, hoje parte da República Tcheca, no século XIX.

Rapidamente a Polca se espalhou pela Europa na primeira metade do século XIX, chegando em Praga em 1837, em Viena em 1839 e em Paris em 1840.[1] No Continente Americano, a Polca foi popular em países como: Estados Unidos, México, Peru, Argentina, Brasil, dentre outros. Ao lado da Valsa, se tornou a dança de salão mais popular da época.[2]

Em sua origem, a história aparece pela primeira vez em um periódico em 1844, atribuindo a dança a jovem boêmia chamada Anna Slezáková. Conforme contado por Čeněk Zíbrt, o professor de música Josef Neruda notou-a dançando de uma forma incomum para acompanhar uma canção folclórica local chamada Strýček Nimra koupil šimla (em português: Tio Nimra comprou um cavalo branco) em 1830. A dança foi posteriormente propagada por Neruda.[3] Quanto à origem do nome Polca, é derivada da palavra Tcheca Pulka, que significa meio, em referência a um passo característico da dança, que é a meia volta.[4]

No Dicionário Musical Brasileiro, Mário de Andrade define a Polca como dança em compasso binário, andamento alegre, originário da Boêmia. Enquanto dança, na Polônia foi conhecida como Mazurek, que vem da Mazawia, uma dança em compasso de três tempos e menos rápido que a Valsa. Ainda neste dicionário, há também a menção a diversos outros tipos de Polca como: Polca de Relação, Polca Mancada, Polca Militar, Polca Paraguaia e Polca Pulada.[5]

Violetta's Polka de Henry Rohbock, publicada em 1845.
Ritmo de Polca

Como gênero musical, conforme David Souza, a Polca é composta em compassos 2/4, em andamento allegretto e dividida em três partes de 8 compassos cada, contendo também uma introdução e uma coda. Quanto ao ritmo, são usadas colcheias e semicolcheias e breves pausas no fim dos compassos.[1]

Falando sobre a dança, a polca é um movimento feito em pares, possibilitando a aproximação dos corpos. Seus passos consistem em duas possibilidades: rodeando (um giro após seis passos, com meio giro no terceiro e outro depois dos três últimos), ou, mais animadamente, com rápidos pulinhos nas pontas dos pés.[6]

A Polca pelo mundo

[editar | editar código-fonte]

Em 1837, quando a Polca chegou a Praga, foi feita também a primeira partitura do gênero para piano. Na sua primeira aparição em Paris em 1840, foi apresentada no Teatro do Odeon por um dançarino bohemio chamado Rab. A moda se difundiu e foi transportada para os salões, se tornando por alguns anos a dança favorita entre os parisienses.[7]

Em 1845, na cidade de Calcutá, a Polca foi dançada em um baile dado pelo governador geral em honra a Rainha Victoria do Reino Unido, que viria em 1837 a se tornar a imperatriz da Índia. Jornais e revistas da época noticiaram em abundância esta dança e consequentemente o gênero musical, que se tornou uma verdadeira febre.[2]

A Polca chegou aos Estados Unidos em 1840 trazida por imigrantes de vários países europeus. Os estilos se misturaram e deram origem a outros. Chicago e Cleveland se tornaram dois centros da dança nos Estados Unidos. A popularidade da Polca no país ocorreu principalmente após a Segunda Guerra Mundial, quando soldados americanos foram expostos às tradições europeias durante a guerra.[3]

Em 1850 a Polca chega também a Belarus, se transformando em cultura nacional.[8] Na Irlanda foram introduzidas na cultura no fim do século XIX, vindo a se tornar também, uma das danças folclóricas mais populares do país.[9] A Polca também migrou para os países do norte, como: Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia, chegando posteriormente ao continente americano.

A Polca no Brasil

[editar | editar código-fonte]

Não se sabe ao certo a data em que a Polca chegou ao Brasil. O período provável compreende os anos de 1844 a 1846. A primeira cidade brasileira a conhecer a dança e o gênero musical foi o Rio de Janeiro, expandindo-se posteriormente para outros estados. Aos poucos a Polca foi conquistando seu espaço e penetrando nas mais diversas camadas sociais, desde os bailes elegantes da classe alta às festas das pessoas com poder aquisitivo mais baixo.[2] Nos ambientes mais simples, a Polca recebia nomes depreciativos como “forrobodó, maxixe ou xinfrim”. Como efeito dessa penetração social, a Polca foi se transformando e recebendo características de outros gêneros e danças, como o Lundu. Dessa junção surgiu a primeira dança popular brasileira, o Maxixe.[1]

Dos compositores principais que contribuíram para incorporar características brasileiras à Polca, pode-se citar: Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Joaquim Antônio da Silva Callado, Viriato Figueira da Silva.[10]

Tritsch-Tratsch-Polka de Johann Strauss Jr. Transcrição para piano forte executado em sintetizador com mesa de som de piano Steinway.

O choro, gênero musical instrumental tipicamente brasileiro, recebeu forte influência dos gêneros musicais europeus praticados no Brasil no século XIX e a Polca é considerado o gênero que mais transmitiu suas características ao choro. Tanto que até a década de 1910, os choros eram chamados de Polcas. Os choros primitivos eram chamados de Polcas tocadas à moda brasileira, pois incorporavam a síncope do batuque.[11]

Exemplos de Polcas brasileiras

[editar | editar código-fonte]
  1. a b c SOUZA, David. As gravações históricas da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (1902-1927): valsas, polcas e dobrados. Tese de Doutorado em Música. Rio de Janeiro, UFRJ, 2009. [S.l.: s.n.] 
  2. a b c Malaquias, Felipe. «A polca no Brasil: A disseminação do gênero e a "popularização" do piano.» 
  3. a b «The History of Polka». Czech Center Museum. 16 de dezembro de 2019. Consultado em 20 de junho de 2024 
  4. «O que é Polca?». Music Art - Escola de Música. Consultado em 10 de junho de 2024 
  5. ANDRADE, Mário de. Dicionário musical brasileiro / Mário de Andrade; coordenação Oneyda Alvarenga, 1982-84, Flávia Camargo Toni, 1984-89 - Belo Horizonte: Itatiaia; [Brasília, DF]: Ministério da Cultura; São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1989. - (Coleção reconquista do brasil. 2. série: v. 162). [S.l.: s.n.] 
  6. «Polca». Estilos musicais brasileiros. Consultado em 20 de maio de 2024 
  7. CASTAGNA, Paulo. «A música urbana de salão no século XIX». Apostila do curso História da Música Brasileira Instituto de Artes da UNESP. Consultado em 10 de junho de 2024 
  8. Shavyrkin M. Belarusian polka // Zvyazda: gazeta. - 15 lutag 1997. - No. 32 (23133). — P. 8.
  9. Comhaltas Ceoltóiri Éireann. "Comhaltas: Glossary". Retrieved 22.
  10. ALMEIDA, Luiz Antônio de. «A polca». Ernesto Nazareth 150 anos. Consultado em 20 de maio de 2024 
  11. «PEREIRA, Luiz; DE MOURA ROCHA, Sílvio Rodrigo. Choro: Um movimento de transição da música nacional. Revista Ponto de Vista, v. 10, n. 1, p. 01-16, 2021.» 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]

Vídeos no YouTube

[editar | editar código-fonte]

Enciclopédias online

[editar | editar código-fonte]
pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy