DI
VI
SÕES
2022
VOL. 34
Nº1
A NOVA GERAÇÃO
MATERIAIS
METÁLICOS
EDI
TO
RIAL
SOCIEDADE
PORTUGUESA DE
MATERIAIS
NO
TÍ
CI
AS
REVISTA
PELOS MATERIAIS
3
DIRETOR
Jorge Lino
DIRETOR ADJUNTO
Vitor Francisco
CONSELHO EDITORIAL
Manuela Oliveira
Joana Sousa
EDITOR CONVIDADO
Divisão Técnica J-SPM
(Vítor Carneiro)
PROPRIEDADE E REDACÇÃO
Sociedade Portuguesa de Materiais
PAGINAÇÃO
WOP / World of Printing
Sociedade Portuguesa de Materiais
Apartado 4538 EC Carnide
1511-970 Lisboa
BEM-VINDO!
FICHA TÉCNICA
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
4
ÍNDICE
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
05
EDITORIAL
. A Nova Geração pelos Materiais
06
ARTIGOS DE OPINIÃO
. Materiais para Ferramentas de Corte: Novos
Desafios
. Challenges for future Material Scientists
. We need an “Internet of Materials” to get from lab
to market faster
20
ENTREVISTA
. Cláudia Ranito: A Dra Bones Portuguesa
41
DISSEMINAÇÃO DE
PROJETOS I&DT
. LocalEnergy
. Soluções Sustentáveis para Reajuste Acessível de
Edifícios Domésticos
. O Fabrico Aditivo de Materiais Metálicos
. Desenvolvimento de Compostos Expansíveis para
a Indústria do Calçado
60
DIVISÕES TÉCNICAS
. Apresentação de todas as DT’S
22
ARTIGOS
. Estudo da Afinação e Modificação de Banho
Metálicos da Liga AlSi7Mg0.3 Através da Técnica de
Análise Térmica
. Crackfree – Materiais Metálicos Autorreparáveis
. Nanomateriais do Futuro: Nanotecnologia Aplicada
ao Tratamento de Águas
. O Efeito da Espessura de Camada Depositada em
Sólidos Celulares Não-Estocásticos Obtidas por
Fabricação Aditiva
62
NOTÍCIAS E EVENTOS
. Materiais 2022
. VIII Encontro Dia Mundial da Sensibilização para a
Corrosão
. Seminário “Tendências e Desafios da Maquinagem”
. FEMS Junior Euromat 2022
. Summer School “Materials for Energy Transition”
. 3ª Edição do Evento “Sustainable and Smart
Advanced Manufacturing”
39
. Dia Mundial dos Materiais 2022
PERSPETIVAS
. A Nova Geração pelos Materiais
. Enem 2022
. 8as Jornadas de Corrosão e Proteção de Materiais
. Seminário de Fabrico Aditivo: Presente e Futuro
70
EMPRESAS
. Energia Verde - Círculo do Hidrogénio Economia do Hidrogénio
73
LISTA DE PERITOS E
SÓCIOS COLETIVOS
5
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
A NOVA GERAÇÃO
PELOS MATERIAIS
Ainda assim, à nossa escala temporal,
nem tudo é imutável. Claramente, o ser
humano é perito em manipular a matéria!
A nossa história mostra-nos que somos
capazes de desenvolver novos materiais
e de os processar nas diversas aplicações
que apoiam o nosso dia-a-dia. Ainda
podemos afirmar, e as crises atuais assim
o confirmam, que estes desenvolvimentos
são cada vez mais rápidos! Somos cada
vez mais eficientes nestes processos! De
facto, os materiais e a sua aplicação podem
mudar significativamente no espaço de
uma geração.
Assim, a tarefa mais importante no domínio
dos materiais é (talvez) a “passagem do
testemunho” às novas gerações. Só esta
construção de conhecimento sobre bases
sólidas nos permite continuar a desenvolver
e processar materiais de formas inovadores
e ao ritmo que nos exigem! Esta questão é,
então, um problema transgeracional, sendo
uma responsabilidade partilhada entre as
várias gerações.
“A Nova Geração pelos Materiais”, o
título desta edição, surge assim com
duplo sentido. Por um lado, numa
perspetiva mais objetiva, apresenta alguns
desenvolvimentos
de
intervenientes
recentes na área dos materiais. Focamos
trabalhos de investigadores mais jovens,
tal como os que compõem a J-SPM, com
uma abrangência mais ampla nas diversas
áreas dos materiais. Numa outra perspetiva,
menos literal, apresentamos contributos
atuais e visões futuras de investigadores
com carreiras bem estabelecidas na área
dos materiais. Neste último aspeto, sem
tirar o foco aos intervenientes, destacamos
a novas gerações dos próprios materiais.
Com os trabalhos recolhidos, esta edição
apresenta-se como a ligação entre as
diversas gerações. Assim, recolhe e
apresenta os desenvolvimentos recentes
e dá perspetivas do futuro, surgindo
como um contributo na “passagem de
testemunho” para assegurar o progresso
dos materiais.
VÍTOR CARNEIRO
EDITORIAL
Os elementos já existiam antes do nosso nascimento, assim, a matéria
que nos rodeia não dependente da nossa idade. A própria matéria que
compõe os nossos corpos conta uma história mais muito longa do que a
nossa consciência e registos históricos permitem. A título de curiosidade,
questionamos onde estaria há 1 milhão de anos atrás, um dos eletrões que
ajuda o sistema nervoso do leitor a processar conscientemente este texto …
6
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
MATERIAIS PARA
FERRAMENTAS DE CORTE:
NOVOS DESAFIOS
MATERIAIS PARA FERRAMENTAS DE CORTE: NOVOS DESAFIOS
CRISTINA FERNANDES
DANIEL FIGUEIREDO
Palbit S.A.
P.O. Box 4, 3854-908 Branca, Portugal
A redução da pegada carbónica inserida
nos objetivos impostos na COP26
(Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Alterações Climáticas) e nos 17
objetivos de desenvolvimento sustentável
(ODS) definidos na Agenda 2030 das Nações
Unidas, impulsionaram a indústria do setor
da mobilidade a reagir em conformidade
para reduzir a emissão de gases. Para
cumprir esses requisitos, os componentes
metálicos estão gradualmente a ser
substituídos por materiais compósitos, para
facilitar a manutenção, reduzir o impacto
do seu processamento, reduzir o peso e
incrementar a circularidade e vida útil, de
modo a alcançar as metas ambientais para
a mobilidade sustentável.
A versatilidade dos materiais compósitos
permite a sua utilização em aplicações
estruturais e componentes de transportes
(aeronaves, naves espaciais, aviões,
automóveis). Para além da redução de
peso, os materiais compósitos permitem
o ajuste das propriedades mecânicas,
estabilidade térmica, resistência ao choque
e resistência à corrosão [1]. Paralelamente,
os processos de manufatura aditiva, que
permitem o processamento de geometrias
complexas aliadas à diminuição de
consumo de materiais e energia, estão
em forte crescimento, possibilitando
uma nova geração de componentes e
processos. Por outro lado, os processos de
manufatura subtrativa, como por exemplo
a maquinagem, de forma combinada com
os processos aditivos ou isoladamente
ainda desempenham um papel importante
na produção de peças e equipamentos
para todas as indústrias, nomeadamente a
indústria do setor da mobilidade.
A
Palbit S.A.
fundada
em 1916
com
a
atividade
de
exploração
mineira, especializou-se na produção
de ferramentas de metal duro para
maquinagem a partir de 1952 [2].
Atualmente exerce a sua atividade na
investigação, desenvolvimento, produção e
comercialização de ferramentas industriais
de elevada performance processadas com
carbonetos cementados, vulgarmente
denominados de metal duro, materiais
ultraduros à base de diamante policristalino
(PCD) e nitreto de boro cúbico policristalino
(PCBN) e também nas ligas de aço [2]. As
propriedades mecânicas dos diferentes
materiais utilizados para o processamento
das ferramentas de corte variam desde
durezas extremamente elevadas, como por
exemplo os revestimentos de diamante,
até tenacidades consideráveis como as
proporcionadas pelas ligas de aços rápidos
(HSS) (Figura 1-a).
A norma ISO 513:2012 [4] especifica a
classificação e aplicação das ferramentas de
corte, incluindo os metais duros, cerâmicos,
diamante e nitreto de boro, conforme
indicado na Figura 1-b. Existe uma classe
emergente de materiais com categoria
ainda não atribuída (Não ISO #), que está
em forte crescimento devido ao progresso
da mobilidade sustentável (Figura 1-b).
Esta nova classe inclui os compósitos de
matriz polimérica reforçados com fibras de
vidro, carbono, laminados, etc.
7
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
O crescente aumento dos combustíveis
aliado às metas ambientais definidas,
continua a impulsionar o desenvolvimento
destes materiais compósitos para aplicações
no setor da mobilidade. Paralelamente, os
materiais metálicos, nomeadamente as ligas
ferrosas serão parcialmente substituídas no
futuro por ligas não ferrosas com alumínio
Figura 2 – Distribuição dos materiais (% ponderais) na construção do Boeing 787 adaptado de [5].
Os desafios na maquinagem destes novos
materiais, alguns ainda desenvolvimento,
são significativos. O setor das ferramentas
de maquinagem é obrigado a impulsionar
o desenvolvimento de novas composições,
geometrias e processos para enfrentar
e superar estes desafios. Paralelamente
a indústria da produção de ferramentas
para maquinagem também está alinhada
com o objetivo 12 de desenvolvimento
sustentável definido pelas Nações Unidas,
i.e. produção e consumos responsáveis.
Os processos de maquinagem devem
ser mais eficientes e sustentáveis sem
detrimento da produtividade e dos
custos. Para o efeito, a circularidade e
vida útil das ferramentas de maquinagem
desenvolvidas deve ser incrementada.
Seguidamente apresentam-se algumas
soluções de ferramentas de maquinagem
para grupos específicos de materiais.
ARTIGO DE OPINIÃO
Figura 1 – (a) Variação da dureza e tenacidade nos
diferentes tipos de ferramentas de corte [3]; (b)
Especificação e aplicação das ferramentas de corte de
acordo com a norma ISO 513:2012.
e titânio. No setor da mobilidade área
apresenta-se como exemplo a distribuição
de materiais na construção de um novo
modelo da Boeing 787, observando-se um
crescimento dos materiais compósitos que
representam cerca de 50% da totalidade
dos materiais, comparativamente com
o modelo anterior (Boeing 777) onde
representavam ~12% (Figura 2) [5]. No
setor da mobilidade terreste o cenário é
semelhante, com a previsão de redução
dos materiais ferrosos e substituição por
materiais não ferrosos, como as ligas de
titânio e magnésio e ainda o crescimento
da utilização dos materiais compósitos,
conforme antevisão apresentada na
Figura 3 para o setor automóvel no ano
de 2040 comparativamente com o ano
de 2010. Basicamente a comparação
apresentada na distribuição de materiais
num veículo automóvel (Figura 3) está
relacionada com a transição dos motores
a combustão para motores elétricos, onde
a otimização de distribuição de materiais
com densidades mais reduzidas e mais
resistentes é fundamental para a eficiência
da mobilidade sustentável.
8
MATERIAIS PARA FERRAMENTAS DE CORTE: NOVOS DESAFIOS
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
Figura 3 – Distribuição dos materiais (% ponderais) no automóvel com motor a combustão vs motor elétrico
adaptado de [6].
Para o caso específico da maquinagem de
aços avançados de alta resistência (AHSS advanced high strength steel) com adição
de novos elementos de liga pertencentes
ao grupo P (Tabela 2), a solução de
ferramentas de metal duro desenvolvida
inclui novos revestimentos através da
tecnologia HIPIMS (High-power impulse
magnetron sputtering). Os revestimentos
alcançados por este processo são mais
densos e possuem dureza superior,
comparativamente com os revestimentos
obtidos por PVD-Sputtering (physical
vapor deposition), permitindo velocidades
de corte superiores e menor desgaste das
ferramentas de metal duro. Por outro lado,
os revestimentos em desenvolvimento
com composição TiAlN obtidos por LPCVD
(low pressure chemical vapor deposition),
parecem também ser promissores como
solução de maquinagem destes materiais.
As ligas não ferrosas do grupo N (alumínio,
magnésio) são relativamente fáceis de
maquinar com a utilização de ferramentas
com PCD (diamante policristalino) (Tabela
2). Para a maquinagem destas ligas são
necessárias velocidades de corte elevadas.
As novas ligas em desenvolvimento
com magnésio não parecem acrescentar
dificuldades na maquinagem deste grupo
de materiais.
A maquinagem das ligas de titânio e das
ligas resistentes ao calor (HRSA) do grupo S
é dificultada pela geração de calor durante
o processo de maquinagem, i.e. cerca de 2
a 3 vezes superior ao aço (Figura 4). Para
superar este desafio desenvolveram-se
ferramentas à base de PCBN (nitreto de
boro cúbico policristalino) para operações
de acabamento que permitem elevadas
velocidades de corte e baixo desgaste
das ferramentas. Existem também novas
soluções de ferramentas de metal duro
com revestimento de PVD dopados com Si,
revestimento de LPCVD com estabilidade
térmica superior e novas composições
de materiais cerâmicos que podem
otimizar o processo de maquinagem neste
grupo de materiais de muito reduzida
maquinabilidade.
Figura 4 – Mapa de distribuição de temperaturas durante o processo de maquinagem de uma liga de aço AISI 1045
e de uma liga de Inconel 718 [7].
9
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
Os compósitos de matriz polimérica com
classe ainda indefinida na categorização ISO
513:2012, abrangem uma heterogeneidade
de materiais e consequentemente de
propriedades. Os desafios para maquinar
esta classe de materiais são imensos devido
à heterogeneidade de distribuição das
fibras, à sua espessura, ao tipo de fibras
(vidro, carbono, kevlar) entre outros. Por
isso existe uma dificuldade acrescida na
sugestão de uma ferramenta adequada à
maquinagem destes materiais compósitos.
Normalmente aconselham-se ferramentas
de metal duro revestidas com diamante
por HFCVD (hot filament chemical vapor
deposition) ou com PCD que permitem
a utilização de elevadas velocidades de
corte e mantêm a integridade das arestas
de corte, possibilitando o menor dano
possível nas peças a maquinar. Para evitar a
delaminação das fibras durante o processo
de maquinagem pode também recorrerse ao afiamento das arestas da ferramenta
após o revestimento com diamante através
de maquinagem por ablação laser.
Resumindo, os desafios enfrentados pelas
empresas produtoras de ferramentas
de corte relativamente à maquinagem
dos materiais em desenvolvimento
são numerosos. Contudo, para além de
também implicar um desenvolvimento
mais ativo em termos de novas soluções
para maquinagem, também impulsiona as
atividades de desenvolvimento de materiais
e processos mais sustentáveis na produção
das ferramentas de maquinagem.
REFERÊNCIAS
[1] Johnson, T. “Composites in Aerospace.”
ThoughtCo, 2021, thoughtco.com/composites-inaerospace-820418.
[2] https://www.palbit.pt/
[3] Davim, J.P. (Ed.), “Machining of Titanium Alloys”,
Chapter 2 “Cutting Tool Material and Tool Wear” A.
Hosseini and H.A. Kishawy; Hardcover (2014) ISBN:9783-662-43901-2.
[4] ISO 513:2012 Classification and application of
hard cutting materials for metal removal with defined
cutting edges - Designation of the main groups and
groups of application.
[5] Pantelakis, S, Historical Development of
Aeronautical Materials. In: Pantelakis, S., Tserpes, K.
(eds) Revolutionizing Aircraft Materials and Processes.
Springer, Cham. (2020).
[6] Mentor Works Ltd, June 13, 2022. Future Automotive
Manufacturing Process & Materials | Mentor Works.
[7] https://www.palbit.pt/ guia técnico Palbit - HRSA Heat resistant superalloys
Publicação enquadrada na Agenda Hi-rEV –
Recuperação do Setor de Componentes Automóveis
n.º C644864375-00000002, empresa líder, PALBIT, S.A.,
projeto n.º 64.
ARTIGO DE OPINIÃO
Tabela 2 - Exemplos de estruturas de materiais e revestimentos utilizados no processamento de ferramentas de
maquinagem.
10
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
CHALLENGES FOR FUTURE
MATERIAL SCIENTISTS
HEINRICH HOFMANN
GERHARD SCHNEIDER
MARGARETHE HOFMANN-AMTENBRINK
Heinrich Hofmann
Margarethe Hofmann-Amtenbrink
Gerhard Schneider
If one looks at the current literature on
materials science, you will find, over the last
fifty years, an enormous variety of topics
ranging from basic research to technological
applications. These application areas have
of course adapted to today’s needs in terms
of the digitalisation of society and the
economy, the influence of the climate on
our environment and thus on our energy
production and its storage systems, but
also the finite nature of resources, their
extraction, use and recycling. The latter
applies to materials research in medicine
(diagnostics, consumables, biomaterials,
etc.) as well as in the food and nonfood sector (especially plastics and their
composite products) or in the energy and
communications sector or transportation,
which also deals specifically with rare
metals, to name just a few areas. Little
has changed in the timeframe required
for research and innovation either. Even
today, products with a complicated mix
of materials and sophisticated technology
can take up to 10 or even 15 years from
material development to certification as a
competitive product [1].
TRANSITION TO MORE SUSTAINABLE
MATERIALS SCIENCE, RESEARCH AND
DEVELOPMENT
Following the European Union’s agreement
that “climate change and environmental
degradation are existential threats to Europe
and the world”, the Green Deal “launched
the transition to a modern, resourceefficient and competitive economy” [2].
This European policy decision has an
impact on raw materials - especially the
critical ones - as well as on the technology
sectors that will be increasingly promoted
in the future. This in turn has an impact on
materials science and research, because
the transition to sustainable energy
applications such as photovoltaics and
wind power, the rapid development in the
field of electric mobility and the increased
use of information and communication
technology (ICT) constantly requires larger
quantities of rare and scarce metals in
particular.
Materials research is very much in demand
in the context of such rapid technological
progress and should deliver ready-made
solutions for industry sooner rather than
later. In the years from 2010 to 2016, when
the Federation of European Materials
Societies (FEMS) carried out a European
framework project with other materials
societies, it was noted however that the
time gap between research and industrial
innovation was an important issue to
try to bridge, because on the one hand
industry cannot plan with these long lead
research phases and also, on the other
hand, researchers cannot follow the topics
continuously for such long periods due to
the shortness of funding time allocated
for research projects. This problem and the
enormous speed of data processing and
the possibilities of artificial intelligence
have led to a change in the field of materials
research and innovation.
On the other hand the demands on materials
have increased dramatically to the extent
that our planet is now short of resources in
the area of special metals needed for the
huge quantities of products in information
and communication technologies. Looking
at the smartphone, sales figures rose from
173.5 million units in 2009 to 1469 million
units in 2016 according to statistics [3] and
remain in the range of around 1300 million
units per year even today. Assuming that a
smartphone weighs 110 grams, it contains
about 305 milligrams of silver, 30 milligrams
11
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
Specific raw materials, such as those used
in the manufacture of smartphones, are
indispensable in the production of more
and more products in our daily lives and
thus, of course, for the growth of the
economy. The NZZ of 5.8.2022 reports
on Toyota, the “inventors of just-in-time
production”, who’s relationships with
suppliers allow for much better residency
in supply chains from raw materials to semifinished products than other companies.
Thus, supply opportunities from countries
such as China, which is responsible for 87%
of the world’s antimony and magnesium
production, and Russia, which is responsible
for 46% of the world’s palladium
production, determine whether and at
what price Western industry can use these
elements for new and innovative products.
Demand for these scarce elements is high,
especially in emerging economies, and
future global resource consumption could
double between 2010 and 2030 [6]. More
research is urgently required into ways
of recycling and recuperating these rare
metals; and on identification of less scarce,
drop in, replacements. However more
importantly, future product design must
consider at an early stage the constraints
(rarity, environmental impact, recyclability)
imposed by the use of certain metals and
actively look for ways of avoiding their use
in new products.
CRITICAL RAW MATERIALS – EXAMPLE
PERMANENT MAGNETS
In 2008, the European Commission launched
a Raw Materials Initiative, whose reports
include a list of critical raw materials (CRMs)
at EU level, and which is constantly updated.
The actual political situation in summer
2022 shows very clearly, that the scarcity of
a material is essentially influenced by the
politics and the list of critical materials must
be adapted in a regular way, as done by the
European Commission [7]. As particularly
high-tech products for green energy such
as: solar panels and wind turbines; to
accompany the shift towards electrically
powered transport; and in the area of home
technology e.g. for energy-efficient lighting
are needed, so the demand for critical raw
materials is expected to increase by a factor
of 20 by 2030, as the “Report on Critical
Raw Materials in the Circular Economy,
by the European Commission from 2018”
stated. So, in terms of critical and rare
metals, materials science must be prepared
to do research that, when the product is
developed, after may be 5 to 10 years, the
necessary raw materials are not available
in the quantities or at the prices when the
research had started.
“Neodymium-Iron-Boron
(Nd-FeB)
permanent magnets serve as an illustrative
example to explain the view of material
scientists. The emerging trend towards
the use of electric motors and generators
in the renewable energy and mobility
sector has led to increases in the demand
expectations and foreclosure of markets
by providers. Neodymium enables a high
magnetocrystalline anisotropy and therefore
a high coercivity of magnetic materials, and
can be further combined with dysprosium to
preserve these elevated magnetic properties
even at high temperatures.” [8]. NdFeB
magnets were discovered in the 1980s and
the market of applications has broadened
due to the need of CO2 reduction and the
increase in green energy and transport
(motors of electric and hybrid electric
vehicles, wind power generators, energy
storage systems and the requirement for
more and more small but powerful electric
motors). Due to the increased demand and
due to the COVID pandemic neodymium
prices in 2022 have increased to 150,000 100,000 RMB / MT (Renminbi Yuan, Chinese
currency); the highest level over the last
ten years (previously in the years 2013 to
2020 it was between 30 and 40,000 RMB/
MT) [9]. It has risen by almost 250% since
the outbreak of the pandemic. “Although it
is difficult to predict the future trend, we do
not see any major relief in the intermediate
term due to the increased global demand for
neodymium” [10]. Over the last 100 years
the maximum energy product (BH)max of
different permanent magnetic materials
from ferrites over samarium-cobalt
mixtures to NdFeB has increased by over 4X
from less than 100 kJ/m3 to more than 400
kJ/m3 so 204 Times [11]
Basic research and material development
led to rare-earth magnets, whose special
properties, as described, are in great
demand today. However, because of the
criticality of neodymium and because
ARTIGO DE OPINIÃO
of gold and 11 milligrams of palladium [4],
not to mention up to 50 different metals,
all with different properties including
indium, tantalum, gallium, germanium and
the rare earths which are not yet foreseen
for their re-use by large-scale recycling
plants. Worldwide, only 20 per cent of old
electronic devices are recycled properly.
Four per cent end up in residual waste.
Nothing is known about the whereabouts
of 76 per cent of the devices - they often
remain in a drawer with the owner [5].
12
CHALLENGES FOR FUTURE MATERIAL SCIENTISTS
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
of price fluctuations, people are now
considering whether there are alternatives.
At present, other material combinations
do not offer the necessary energy density
to replace these NdFeB magnets. Because
of the outstanding properties of Fe-Nd-B
magnets there has been little motivation
to look for new systems in recent years [12].
However, due to the increasing criticality
of rare earth metals, new solutions must
now be found urgently. Now, other
compounds must be sought relatively
quickly, as demand is high and supply
bottlenecks and shortages could loom in
a few years. At the FEMS “Junior Euromat”
in Coimbra in July 2022, Professor Gerhard
Schneider showed in his presentation
a ”high throughput” approach for the
search of new hardmagnetic intermetallic
phases. The search consists of prioritizing
the element combinations to be studied,
an efficient approach to sample synthesis,
and efficient analysis of the magnetic
properties [13]. The experimental approach
is supported by machine learning [14].
Materials research and development (MRD)
plays a crucial role bridging fundamental
research and industry needs in these
times of raw material scarcity. Based on
fundamental knowledge in materials and in
their application of modern techniques and
artificial intelligence, MRD can take care of
rapid solutions to existing bottlenecks, be
it in finding new material combinations,
special phases, but also the application
of techniques that reduce the use of rare
metals. The further technical development
is not only influenced by a further
improvement of the material properties
and procedures, innovative engineering
solution could by-pass the material
research and development at least for some
technical sectors. An interesting example
of the impact of the political situation on
technological development is the BMW
electric motor. The new 5th generation
of electric motors at BMW is the first to
use an electrically excited synchronous
motor. In contrast to the permanently
excited synchronous motor, the permanent
magnet in the rotor is replaced by an
electromagnet, which makes it possible
to dispense with rare earths. In addition
to a cleaner image, however, what is
probably most important for BMW is better
plannability and independence from these
expensively traded raw materials [15]. Next
question will be: should we invest a lot of
material research into materials for car
engines using hydrogen as fuel or biofuels?
If EU decided to stop selling cars with
internal combustion engines an important
market and therefore interest and funding
for materials needed in such engines is lost
in Europe. On the other hand, R&D is very
active in developing batteries which would
be more environmentally compliant than
Li-ion batteries.
The progressive replacement of steel by
aluminium is greatly improving the end of
life recyclability of car body structures and
will counteract the increase in weight due to
the batteries in electric cars (at the moment
a mainly steel car (internal combustion)
weighs 1400 kg whereas a fully electric car
of the same segment weighs more than
2000 kg). Whilst in the area of transport, air
transport poses different problems since
electric propulsion systems will simply not
work for large civil airliners due to the extra
weight. Electric power would only work
with very small aircraft with current battery
technology. The aviation industry is thus
focussing on biofuel for the short term and
hydrogen for the longer term.
FOOD PACKAGING MATERIALS AND
POLLUTION PROBLEMS
The situation is different with food
packaging. They consist mainly of
polymers, often as a composite of several
thin layers, also combined with materials
such as cardboard or aluminium. “The
global packaging market is be valued at
$939.9 billion in 2020 and was forecasted
to grow at a compound annual growth
rate of 2.3% to 2025 reaching a value of
$1.05 trillion” [16]. The sheer volume of
plastics especially in packaging and the low
level of recycling of this waste has led to
pollution of the whole planet, in addition
to the pollution of water bodies, often
highlighted in public, there is also major
pollution of soil by agricultural plastics
[17]. One reason for urgently addressing
plastic pollution in the oceans is the stillunreducing amount of mismanaged
plastics of approximately 4.7 to 12.8 million
tons (Mt) each year [18]. a similar amount
as mentioned by FAO in agriculture each
year (see FAO report). Promoting the
circular economy, and thus changing the
materials science approach to material
selection and manufacture to promote the
circular economy of plastics, will become
increasingly urgent in the future [19]. On the
other hand composite materials containing
biodegradable and renewable components
are considered toxicologically safe and can
play an important role as “green packaging
materials”, e.g. in preserving or protecting
food from contamination and decay [20].
13
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
ARTIFICIAL INTELLIGENCE
An interesting and important way to better
and faster address the diversity of materials
and their combinations and to increase
the speed from research to product is to
automate material experiments. In their
2019 article “Progress and prospects
for accelerating materials science with
automated and autonomous workflows”,
Helge S. Stein and John M. Gregoire [23]
write that this automation is favoured by
the reduced cost per experiment and the
avoidance of human errors (see also D.
Groll et al. [13]). This is even more important
when already advanced at the outset “in
combinatorial materials science, where
the comprehensive exploration of a highdimensional material parameter space
requires a large number of synthesis and
screening experiments.”
When we consider materials science
experiments in the laboratory and then in
the field in a prototype or production facility,
we also need to think of the processes as
a life cycle, where data is first collected
or existing data is fed into the research
process, which is then implemented with
adapted or new techniques and completed
directly with analyses and external decision
support or run through in multiple cycles.
The higher the quantity and quality of
the data, the more likely it is that these
processes can be automated and thus
accelerated. These data, however, needs
to be standardized and available to the
materials community as Open Science “...a
new approach to the scientific process
based on collaborative work and new
ways of disseminating knowledge through
the use of digital technologies and new
collaborative tools.” [24]. However, several
important questions remain unsolved to
realize an efficient and, for both public and
private research, acceptable procedure.
Potential financial conflicts of interest and
strong intellectual property laws have
led to questioning the appropriateness
of industry-funded research at public
institutions. The developed rules of Open
Science movement have primarily focused
on publicly funded research and has
created new ways for commercializing
science. An important step to further
progress
regarding
public-privatepartnership was instigated by the UNESCO,
was the recommendation on Open Science,
adopted unanimously by UNESCO’s General
Conference at its 41st session in November
2021 [25].
Materials modelling can be an important key
approach in the development of materials
and increase the “efficiency of research
and development and for innovation”.
For this reason, the European Materials
Modelling Council (EMMC) was created.
“The EMMC elaborates methodologies
and supports the development and
implementation of open, widely endorsed
metadata schema for interoperability and
standards based on the European Materials
Modelling Ontology (EMMO) framework.”
[26]. Companies participating in this
framework see the benefits of computer
modelling in reducing the time and cost of
R&D and in making R&D experimentation
ARTIGO DE OPINIÃO
In August 2021, the European Chemicals
Agency produced a report on “Chemical
Recycling of Polymeric Materials from Waste
in the Circular Economy” [21]. The focus
here is not on the incineration of plastic
waste but on the conversion of the polymer
into reusable monomers or the direct
production of new raw materials. For this
purpose, the chemical structure of plastic
waste is changed by cracking, gasification
or
depolymerisation.
(International
Organisation for Standardisation, 2008).
The conclusions of this literature review
and the interviews show that knowledge
about the fate of substances of concern in
the various chemical recycling processes
is still incomplete and poses problems.
Databases with information on chemical
substances in waste as well as screening
and sorting technologies help recyclers
to better find substances of concern. In
addition, blockchain technologies also
offer a solution for monitoring substances
of concern in waste. Different tools based
on digitalisation could therefore be of
interest to increase the recycling rate and
the way of up- rather than downcycling
plastic waste. Biopolymers could be an
environmentally friendly option especially
for packaging materials, but they are on
the one hand more expensive, which is a
big obstacle especially for packaging of
convenient articles. Also, some conditions
regarding barrier functions for gas or water
vapour are not given or these polymers
would also have to be combined with
other materials as barriers, so that there is
again a mix of materials that is not easy to
circumvent. A lot of research is certainly still
needed here and only niche products, e.g.
in the cosmetics industry or in organic food,
can afford these expensive solutions today,
even with purely plant-based solutions
such as cork, grass or wood polymers (e.g.
biodegradable starch/cellulose fibres,
lactose) [22].
14
CHALLENGES FOR FUTURE MATERIAL SCIENTISTS
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
more efficient. The optimisation of joint
resources at universities and companies
helps both sides to optimise their funding,
implement their strategies in shorter
times or adapt them to the respective
circumstances. If, in addition to material
research and development, resource
selection and the associated supply chains,
design, production processes and reuse are
integrated into this modelling, all processes
could be optimised and material resources
conserved. At present, this holistic approach
is still in the future, but faster processes
in the field of artificial intelligence and
the increasingly urgent environmental
concerns will give these material-productrecycling modelling a constant boost.
It is important that all stakeholders
work together and that patents and
other regulations such as standards are
incorporated into this approach. Data
naturally also play a major role in the form
of patents and company know-how, and no
bottleneck should arise in the use of data at
certain interfaces between university and
industry, but these interfaces should be
accepted as an important boundary in the
economy that can be bridged bilaterally or
in larger collaborations.
It was highlighted at the World Economic
Forum that the advanced materials industry
has an active role to play in achieving
greater sustainability, resilience and
performance in various areas of societal
interest such as resource conservation, CO2
reduction, communication/digitization etc.
There is also a need to increasingly develop
new approaches to innovation that go far
beyond new materials and applications
[27]. However, it seems that some of the
political as well as industry decision-makers
still do not see the seriousness of the
matter, namely that a shortage or supply
bottleneck of resources affects materials
science and technology, and thus current
and future innovations. Most discussions
of materials at the United Nations or
similar organizations at the national and
international levels tend to focus mainly
on mining and mineral extraction rather
than on a much broader and holistic view
of materials science [28]. In addition to
the above needs to increase the societal
benefits of materials research, such as
circular economy for advanced materials,
AI-driven
research,
understanding
geographic shifts in manufacturing,
and technology development, materials
scientists in research and development
must also understand and implement
aspects such as:
- Addressing changing human needs
in the development of materials-based
technologies;
- Understand the key drivers for
commercialization of materials innovations;
- Avoiding the exacerbation of inequality
that results from unequal access to
materials-based technologies.
TRANSDISCIPLINARY RESEARCH (TDR)
AS PROMISING APPROACH
To contribute to the solutions to
environmental and societal problems
as mentioned above, it is obvious that
transdisciplinary research (TDR) becomes
a promising approach integrating these
different viewpoints [29]. Researchers,
but especially PhD candidates and Postdocs working in such projects have the
possibility to gain or improve valuable skills
and to expand their professional networks.
Because most of the PhD´s and Post-docs
have to leave academia, such additional
skills are essential for the future career.
Skills not related to scientific topics such as
project management, financial reporting,
and communication with governmental
organisations are highly useful but there
are challenges such financial ones and
time pressure and a higher risk of failure.
An additional risk is that the private
sector is not always requiring a PhD or
Post-doc profile. This is certainly the case
in countries with low private research
activities like in southern Europe [30]. In
2021, the percentage of Human resources
in science and technology (HRST) of all
labour forces was for example in Portugal
at a relatively low level of 44 % compared
to the mean value in the EU 27 of 48% or
that of Germany (51%) or Switzerland
(58%). The lowest is Romania (30%), and the
highest Ireland (60%) [31]. An even clearer
picture about industrial research activity
gives the statistics about the number of
patents per million habitants: Portugal
shows a very low level of 1.5 compared
to the mean value in the EU 28 of 15.7
of patents per million habitants or with
Germany 51 or Switzerland with 40 patents
per million habitants (lowest Bulgaria
with 0.4, highest Finland with 57) [32].
Similar is the situation regarding public
funds of R&D. Eurostat shows in the recent
publication that Portugal spends around
80 €/habitant and is with this on position
20 of 28 EU-members. The mean value for
EU is 240 €/habitant, Germany spends 480
15
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
SUMMARY OUTLOOK
In a summary outlook, materials science
and development is needed more urgently
than ever as a bridge builder between basic
research and application. It serves a rapid
adaptation of the necessary innovative
products in the change of our time towards
a CO2-reduced world with a great change
in all areas from climate to transport,
energy procurement and storage via new
ways of packaging. Materials science and
development is one of the important links
in the Circular Economy, as it intervenes
in raw material (shortage) issues as well as
in the design improved for recycling, the
shortened production times, or the retrieval
of recyclables in the cycle of our products.
Materials science makes use of the modern
tools such as artificial intelligence and
uses or develops innovative technologies.
A materials scientist has a wide range of
tasks ahead of him and, as an “all-rounder”,
can often take on tasks that did not initially
appear in his curriculum, but unfortunately
the visibility of material scientists is low
because he/her is not in fundamental
research and not in product development
near to the market. Therefore, government
and industry should value this education
even more highly than before because it is
needed even more urgently when it comes
to saving our planet.
This article is an extended version of the
Session “What Next For Materials?” given at
FEMS Junior Euromat at Coimbra (19.-22. 7.
2022). Presenters were Dr. Ing. Margarethe
Hofmann-Amtenbrink, former MatSearch
Consulting and FEMS President (2014-2015),
Prof. Dr. em. Heiri Hofmann, former EPFL both
Switzerland and Prof. Dr. Gerhard Schneider,
former Rector at Aalen University of Applied
Sciences and President of DGM, Germany.
We would like to express our gratitude to
Dr. Hugh Dunlop, former FEMS Secretary
General, for reviewing the text and additional
important information.
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[13]
(D. Goll, R. Loeffler, J. Herbst, R. Karimi,
ARTIGO DE OPINIÃO
€/habitant and Switzerland around 780 €/
habitant [33]. Even if it is recognized that
the education in material sciences and
engineering at Portugal’s universities and
institutes is excellent, this short comparison
shows, that for PhD-candidates and PostDocs in EU´s southern countries the career
opportunities are much more limited and
explains, besides the wage difference,
the trend to find interesting and wellpaid positions in northern regions like
Germany, Switzerland, Scandinavia, or US.
In our opinion, it would be desirable for
governments of countries in a situation
like Portugal to design the infrastructure
and economic environment to attract
research-intensive high-tech industries.
This would give young, well-educated
and motivated researchers and engineers
real opportunities to stay in their country.
In this respect, the regions of Porto and
Lisbon in particular are of great interest
to start-ups in Portugal. Of the 121 startups listed in Seedtable [34], 12 (10 %) are
related to engineering, some of which
also dealing with material science and
technology. These start-ups, if given an
environment that supports them (from
help with management to financial support
from companies such as HiSeedTech or
governmental institutions), could also
become a promising activity to promote
jobs for postdocs and PhD students in
Portugal. Most of these start-ups still have
far less than 100 employees, but should
their innovative power be great enough,
they will attract larger companies.
16
CHALLENGES FOR FUTURE MATERIAL SCIENTISTS
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
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permanent magnet materials”, J. Phys.: Cond. Matter,
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doi.org/10.1016/j.scriptamat.2017.05.004).
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model for hard magnetic 14:2:1 phases using chemical
composition-based features” submitted to arXiv 1.July
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17
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
WE NEED AN “INTERNET OF MATERIALS”
TO GET FROM LAB TO MARKET FASTER
REGIUS PROFESSOR PHILIP WITHERS
New materials, or materials systems, expand the horizons of what we can achive, but developing
one is expensive and the time to market is long. That development can be completely derailed by
an unexpected problem, or a competitor can get to market first – meaning that time and money
spent is completely wasted. Even if that time and money produces a superior product, it’s usually
the first to arrive that takes the lion’s share of the market. For an SME the risks are high because
being beaten to market might bring down the company.
HARNESSING BIG DATA
It can take decades to do from initial
experiments in a laboratory to seeing new
materials in products on shop shelves.
For example, bioglass – the first artificial
material found to chemically bond with
bone – was invented in the 1960’s ans only
found widespread medical application in
the 1980’s. It is now widely used for implants
and to treat bone injuries, among other
uses. Furthermore accelerating a material
to the market too early can have serious
consequences. For example, engineering
carbo fibres were developed in the 1950’s,
and by early 1970’s this innovation was
considered for the fan blades in the
revolutionary Rolls-Royce RB211 Jet engine.
Unfortunately, poor impact damage
resistance to large objects (e.g. flocking
birds) and spiraling costs, nearly brought
down the company. Fortunately, because
of its strategic importance, it was saved
by the government of Edward Health and
nationalized. Now, more than 60 years later
carbon fibres were first developed, RollsRoyce are again considering composite fan
blades.
What are the options for speeding up
this timeline, to reduce costs ans allow
smaller companies to innovate? We need
to accelerate the design, make, test,
characterize and iterate cycle (in other
words the whole product development
process), and couple this advances in
machine learning. We need to fail fast in the
lab and learn quickly.
While the costs and risks can be very high,
so are the potential rewards. A new material
or process can utterly transform a sector,
or even our lifestyle. Chances are your’re
wearing something containing one type
of plastic, about to eat your lunch using
something made of another, or reading this
in a device, predominantly made of plastics.
And maybe this afternoon you’ve got a todo list on a Post-it note? Discovered in the
late ‘60s by Spencer Silver at 3M. Silver was
initially creating a super strong adhesive. He
failed, but out of failure temporary “sticky
notes”were born and now infest offices and
team away-days around the world.
First, we need to be able to make and process
many variations (designs) of a material
quickly and cheaply in small quantities,
then we need to quickly characterize all
the variants to identify the most promising
ones on which to focus the next iterations.
In this respect, our ability to characterize
materials has expanded greatly over
recent years – a plethora of techniques are
available to help us uncover the structure
and chemical composition of a material –
so there is inevitably a huge amount of data
collected. Bu there’s a problem: most of the
time that data isn’t as accessible as it could
be, either because it is commercial property
or because it isn’t digitally accessible.
THE ADVANTAGES OF AN “INTERNET OF
MATERIALS”
Imagine a worl where all the information
obtained from analyzing different materials
is kept, stored and available. If you were
a company looking to develop a new
material, a quick search of this massive
repository could potentially save you years
of expensive R&D. This “Internet of Materials”
concept has been suggested to take
advantage of our data-rich world and allow
companies to prosper in the upcoming
“data-driven” era of industry. At the same
time we need to refine manufacturing
PHILIP WITHERS
ARTIGO DE OPINIÃO
RISKS, COSTS AND REWARDS
18
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
WE NEED AN “INTERNET OF MATERIALS” TO GET FROM LAB TO MARKET FASTER
processes to control and optimize material
functionality. This requires a much better
knowledge of the automation, information
form sensors and data exchange (the socalled Fourth Industrial Revolution of
digitalization – Industry 4.0)
With such an enormous amount of data,
it is possible to create a “digital twin” of a
component or system and its properties.
This is already happening to some extent in
the aerospace industry where developers
are using data to create digital twins of
turbine blades in real engines to follow how
and where they are being flown across the
world. In this way, the engine manufacturer
can, for example, predict the health of their
blades as a function of their flight history.
By following the state of the virtual digital
twin the manufacturer can remotely ensure
the real blades are flown within safe limits,
inspected when necessary and safely
withdrawn from service as it approaches
the end of their operational “life”.
WHATS NEXT?
Where could all this lead to in the future?
Our horizons have always been limited
by the materials we have to hand, from
the Stone Age to the approaching carbon
age. However, I’d argue that materials
science has never been so important; 21st
century global challenges such as food and
water security, global warming, dwindling
supplies of critical elements and our
burgeoning energy needs – all require new
materials and require them quickly.
If we can accelerate the materials
development cycle we could look forward
to: biomaterials that help our bodies repais
themselves before harmlessly dissolving
away; tough ceramics able to withstand
the harshest environments; “superbatteries” that last much, much longer;
membranes for water purification; devices
able to harness energy from waste heat to
run themsolves; graphene-based neural
interfaces to repair the nervous system;
metals that actively inhibit rusting or smart
clothing that responds to the environment
or senses well-being. There’s no limit to
what might be possible if we put our minds
to it aided by the explosion in big data and
machine learning.
3 A 6 DE ABRIL DE 2023
CENTRO CULTURAL VILA FLOR, GUIMARÃES
Evento coordenado pelos professores Ana Vera Machado, José António Covas e Júlio Cesar
Viana, do Departamento de Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho.
PARTICIPE NA
PRÓXIMA EDIÇÃO
Se tiver interesse em participar na próxima edição da
Ciência & Tecnologia dos Materiais, através de colaboração
editorial e/ou presença comercial, contacte-nos através:
comunicacao@spmateriais.pt
20
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
CLÁUDIA RANITO:
A DRA BONES PORTUGUESA
Estágio na área da saúde ditou o futuro desta engenheira de materiais. Em
2008 fundou a Medbone e começou a exportar ossos sintéticos. Embora
o início tenha sido algo desafiante – na altura ainda não se falava de
empreendedorismo – também lhe permitiu ganhar novas competências.
Forçadas, é certo. Agora, com a quase totalidade do negócio a vir dos 96
países para onde exporta, reflete que o futuro passa pela customização
do osso e pela entrada de novas áreas, nomeadamente nos tecidos moles.
Chama-lhe a Dra Bones portuguesa. E
com razão. Em 2008 Cláudia Ranito criou
a Medbone, uma empresa especializada
no fabrico de osso sintético. A entrada
no mundo da saúde foi um pouco fruto
do acaso, mas também uma passagem
natural. Quando estava no quarto ano do
curso de Engenharia dos Materiais “calhou”
fazer um estágio na área da medicina
e todo o seu mundo mudou. Afinal “os
materiais são a base de tudo”, como refere,
acrescentando que e ficou fascinada com a
possibilidade de desenvolver produtos que
contribuíssem para melhorar a qualidade
de vida das pessoas.
É certo, como confessa Cláudia, que todo
o seu percurso foi feito na investigação. “É
a área com a qual me identifico, que gosto
imenso”, afirma, acrescentando que é “uma
investigação aplicada, muito na vertente
industrial”. Com a criação da empresa viuse obrigada a ganhar outras competências.
Aliás, as maiores dificuldades ocorrem
precisamente nessa fase embrionária
onde, como lembra Cláudia Ranito, era
preciso (muito) investimento para, entre
outros equipamentos, comprar o forno
necessário ao fabrico dos ossos, que
serviriam de prova. “Diria que foi um entrave
embrionário porque a partir do momento
em que o conceito estava pronto, o desafio,
ao nível do biomaterial, prendeu-se com a
questão da qualidade”, lembra, referindose à necessidade de certificar o produto
e, posteriormente, de levar a cabo a sua
comercialização. E este foi um desafio não
só técnico no sentido de conseguir produzir
os ossos necessárias – em qualidade e
quantidade – mas também de apetências.
Porque como lembra Cláudia Renito lembra,
ela era uma engenheira de materiais,
que não tinha, na altura, competência
comercial. Foi uma espécie de aquisição
forçada de competências, mesmo porque
desde a conceção a Medbone tinha já uma
forte componente de internacionalização.
Quer pela dimensão do mercado externo,
quer pela especialização do produto
produzido pela Medbone, esta teria sempre
de equacionar os mercados externos. E o
certo é que a internacionalização começou
logo no primeiro ano de atividade – hoje o
mercado externo é responsável por cerca
de 95 a 98% do negócio da empresa.
De gestão, principalmente, mas também
comerciais. E se de início houve alguma
dificuldade – “não tive resposta, mesmo com
a apresentação de um plano de negócios” –
na obtenção do financiamento necessário
No mercado nacional “trabalhamos
essencialmente nas áreas da ortopedia e
medicina dentária”, constata a fundadora
da Medbone, que acrescenta que hoje a
empresa já exporta para 96 países.
E foi assim que, decidiu apostar na
Medbone, numa altura em que que pouco
se falava de empreendedorismo e muito
menos no empreendedorismo feminino.
A área de negócio da empresa permitiulhe juntar o o útil ao agradável: “realizar um
projeto de investigação a nível industrial” e, ao
mesmo tempo, criar a sua própria empresa.
sem esquecer o produzir materiais com
caraterísticas capazes de serem aplicadas à
saúde.
CLÁUDIA RANITO
para o estágio inicial da Medbone. Acabou
por obtê-lo na banca espanhola e a partir
daí.... nunca mais parou.
21
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
E não é um cenário demasiado futurologista.
A convicção de Cláudia Ranito é a de
rapidamente conseguirá fazer o material,
dado que a empresa tem as competências
técnicas necessárias para isso. A questão
prende-se quase exclusivamente com a
regulação e certificação. No entanto o facto
de ser algo mais difícil só torna o desafio
mais aliciante para Cláudia. “É giríssimo
pensar o que um engenheiro de materiais
pode fazer na área da saúde”, constata.
EVOLUÇÃO NA INVESTIGAÇÃO
Cláudia ainda é uma “jovem” investigadora,
mas tem perfeita noção de que o mundo
da investigação avança a passos largos.
Desde logo por uma maior utilização de
ferramentas como a inteligência artificial
que permite acelerar as simulações e,
com isso, avançar mais rapidamente na
investigação.
Mas não foi isso que mudou. Hoje há
(ainda) um maior brio pela qualidade e
pela excelência do produto. Que, para a
fundadora da Medbone, vai-se tornar ainda
mais notável nos próximos anos, com as
alterações que estão a ser feitas a nível da
regulamentação.
Todo o trabalho levado a cabo por Cláudia
Ranito ao nível dos biomateriais, com a
criação da Medbone e o colocar Portugal
no mundo do fabrico de ossos sintéticos,
já lhe trouxe vários reconhecimentos. A
atribuição do prémio Maria Manuel Oliveira
2022 é simplesmente o mais recente.
Prémio que Cláudia considera ser uma
honra, tanto mais que tem por detrás o
nome da Maria Manuel Oliveira. “Só isso já
é uma honra”, afirma.
No que concerne ao âmbito do prémio a
fundadora da Medbone considera ser um
orgulho e um reconhecimento de todo o
trabalho de investigação “feito na minha
área industrial”. Principalmente porque “é
um reconhecimento dos pares”.
Questionada sobre que conselhos daria a
quem está a começar (ou a pensar em) nesta
área a resposta imediata foi: preparar-se. E a
explicação é simples: “quem entra nesta área
nunca mais vai querer mudar”. Começando
desde logo pelos materiais. Não só são um
mundo. “São tudo o que nos rodeia”, refere,
acrescentando que “ter a capacidade de
desenvolver e otimizar tudo o que nos rodeia é
um desafio e uma oportunidade vastíssima”.
Tudo se resume a uma palavra: fascínio. “É
uma área fascinante”.
É certo que há dificuldades. Mas há que
nunca cruzar os braços. Mesmo porque “o
não está garantido”, refere, acrescento que
“se encararmos que todo o sim é um bónus, o
medo de falhar, o medo de arriscar diminui”.
Por outras palavras, “é ir à luta”, porque
“tudo é possível”.
E depois não mos podemos esquecer que,
nunca como hoje, os materiais foram tão
importantes. Sustentabilidade. Energias
renováveis. E outras temáticas. Estão
dependentes dos materiais. “Hoje temos um
desenvolvimento muito mais empenhado
nessa área”, refere Cláudia Ranito, que
finaliza com “entrar nesta área é uma
oportunidade e uma honra de podermos ter
um trabalho tão aliciante como este”.
ENTREVISTA
Questionada sobre o futuro Cláudia Ranito
afirma que o mesmo passa por avançar
ainda no conceito da regeneração óssea,
mas na vertente dos tecidos moles. A
par da customização dos ossos, ou seja, a
impressão 3D, que vai permitir imprimir
ossos e ainda entrar na área dos polímeros.
Segundo Cláudia trata-se de um mercado
muito grande, ainda inexplorado.
22
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
ESTUDO DA AFINAÇÃO E MODIFICAÇÃO DE
BANHO METÁLICOS DA LIGA ALSI7MG0.3
ATRAVÉS DA TÉCNICA DE ANÁLISE TÉRMICA
JOSÉ GRILHO
UMinho
ESTUDO DA AFINAÇÃO E MODIFICAÇÃO DE BANHO METÁLICOS DA
LIGA ALSI7MG0.3 ATRAVÉS DA TÉCNICA DE ANÁLISE TÉRMICA
RESUMO
Neste artigo, o efeito dos métodos de tratamento de banho metálico pela via química (adição
de liga mãe do tipo AlTiB e AlSr) e física (vibração acústica) são comparados através da
monitorização da curva temperatura versus tempo durante a fase de solidificação. Os dados
térmicos obtidos são correlacionados com a microestrutura final de cada banho com ou sem
tratamento. Os resultados obtidos demonstram que o tratamento de banho por via química
ou física promovem grão α-Al mais afinado quando comparado com os resultados registados
para banhos sem tratamento, assim como mitigam defeitos como contração volumétrica
e porosidades. Estes resultados estão acordo com a análise térmica efetuada, embora o
tratamento químico apresente um tempo de recalescência mais prolongado. Banhos metálicos
tratados por via física (vibração acústica) apresentam uma modificação do silício eutéctico
menos pronunciada que a verificada para o caso de banhos tratados por via química, sendo
a sua morfologia do tipo lamelar. Contudo, quando comparado com a condição de banhos
metálicos sem tratamento a dimensão das lamelas de silício apresenta-se com dimensão mais
reduzida quando comparada com as lamelas de silício eutéctico de banhos metálicos sem
tratamento, podendo esta estar associado ao maior número de grãos α-Al (fronteiras de grão),
condicionando assim o seu crescimento.
PALAVRAS-CHAVE
Afinação grão α-Al; Modificação Si eutéctico; AlSi7Mg0.3; Análise Térmica.
INTRODUÇÃO
As ligas de alumínio para fusão quando
ligadas com elementos (ex: Mg, Cu,
Si, Fe) melhorem as características de
vazabilidade [1]. A introdução de silício
favorece a fluidez da liga assim como um
maior intervalo de solidificação permitindo
o fabrico de peças de maior volume com
variação de espessuras significativas.
A fundição de ligas de alumínio, regra
geral, não é fácil dado à sua suscetibilidade
para obtenção de estruturas grosseiras e
heterogéneas, normalmente dendríticas,
bem como à absorção de hidrogénio
durante a operação de fusão, obrigando
a um conjunto de procedimentos
designados por “tratamento de banho
metálico”, destinados a afinar o grão α-Al,
modificar a morfologia do silício eutéctico
e reduzir o teor de hidrogénio dissolvido
(desgaseificação).
A afinação do grão e modificação do
silício eutéctico são, assim, operações
fundamentais quer para o desempenho
do produto (fundido), quer para o próprio
processo de fundição, nomeadamente o
enchimento de paredes finas, uma vez que
aqueles parâmetros são, juntamente com a
temperatura de vazamento, determinantes
para a fluidez das ligas [2].
A utilização de ligas mãe à base de titânio
e boro (AlTIB), para afinação de grão α-Al,
é atualmente uma escolha comum. Estas
ligas mãe são compostas pelos agentes
nucleantes Al3Ti e TiB2 numa matriz de
alumínio mais ou menos puro. Embora não
exista um consenso sobre qual o agente
nucleante mais efetivo no processo de
afinação, acredita-se que o agente TiB2 é
o mais efetivo, embora a sua eficiência seja
limitada devido à frequente aglomeração
na fronteira de grão, bem como ao efeito
fading.
23
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
O estudo da análise térmica durante
a solidificação de uma liga metálica é
considerado um dos métodos de teste não
destrutivos para a avaliação mecanismos
de afinação de grão ou modificação de
eutéctico [3]. Desta forma, o presente
artigo propõe avaliar o comportamento
térmico durante a fase de solidificação
após tratamento de banho com recurso à
via química (i.e. adição de liga mãe do tipo
AlTiB e AlSr) e física (i.e. vibração acústica)
na transformação das fases da liga de
fundição AlSi7Mg0.3.
MATERIAIS E MÉTODOS
De forma a estudar a afinação de grão e
modificação do silício eutéctico em banhos
de liga AlSi7Mg0.3, foram utilizadas duas
abordagens: (i) química, através da adição
de 0.2 wt% de liga mãe do tipo Al5Ti1B
e Al5Sr para afinação e modificação,
respetivamente; (ii) física, através da
vibração acústica produzida por um
sonotrode (Ti6Al4V) imerso 15 mm no banho
metálico. No caso da abordagem química o
banho foi agitado a cada 5 min durante o
período máximo de tratamento (30 min),
para evitar sedimentação. O tratamento por
vibração acústica foi realizado com recurso
à tecnologia Multifrequência, Multimodo,
Modulada (MMM), com frequência de
tratamento de 20.1 ± 0.25kHz, durante um
período de 5 min em modo intermitente (2
sec ON / 2 sec OFF).
Os banhos metálicos utilizados para
estudar a afinação de grão e modificação
do silício eutéctico foram previamente
preparados num forno de resistência
elétrica. Cargas de 0.2 kg foram fundidas,
sobreaquecidas até à temperatura de 700
± 5 °C. Atingida a temperatura de 700 ±
5 °C, esta foi mantida por um período de
20 min para homogeneização. O controlo
da temperatura no banho metálico foi
efetuado através da utilização de termopar
tipo K. Findo tempo de homogeneização,
o banho foi sujeito a tratamento de
desgaseificação por insuflação de árgon por
um período de 5 min. Terminado o referido
procedimento seguiu-se a fase de afinação
de grão e modificação do silício eutéctico
conforme anteriormente apresentado
(abordagem química e física).
Concluído o tratamento de banho
conforme protocolos referidos, o cadinho
foi removido do forno e posicionado sobre
uma placa refratária. A analise térmica foi
executada emergindo no banho metálico
dois termopares tipo K (posicionados
na periferia da parede (Tp) e centro do
cadinho (Tc)). Os termopares foram
conectados a uma placa de adquisição
(CompactDAQ) equipada com módulo
de leitura de temperaturas (NI–9211) da
com a capacidade de recolher 14 amostras
por segundo. O conversor analógico para
digital utilizado neste estudo possui um
conversor de 24-bit com 4 canais de entrada
e um tempo de resposta de 0.05 sec.
Ambos os termopares foram posicionados
a uma distância de 20 mm do fundo do
cadinho. Através dos dados recolhidos,
as curvas de arrefecimento (temperatura
versus tempo) e primeiras derivadas (dT/
dt) foram representadas. Para efeitos de
repetibilidade cada teste foi realizado três
vezes por condição de tratamento.
Para a caracterização microestrutural
foram recolhidas amostras, na secção mais
próximo do termopar do centro, e seguido
o protocolo de polimento standard a
fim de preparar a superfície da amostra
para registo de micrografias por recurso à
microscopia ótica (OM–Leica DM2500M).
O protocolo de polimento standard inclui
polimento das amostras com lixas do tipo
SiC até 11 μm e acabamento recorrendo a
uma solução de diamante em pano até 1
μm, sendo posteriormente limpas e secas
antes de inspeção microscópica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 apresenta a micrografia exemplo
das amostras conforme tratamento de
banho metálico anteriormente referido:
Figura 1(a) sem tratamento (estado ascast); Figura 1(b) tratamento químico
(AlTiB + AlSr); e Figura 1(c) tratamento
físico (tratamento acústico).
ARTIGO
Um outro método, mais recente, e
considerado mais eco-friendly, é a utilização
de vibração acústica. Este método tem
vindo a ser considerado devido ao facto
de promover uma homogeneização do
banho e ativação de óxidos e partículas que
poderão servir de núcleos para formação
de grãos α-Al. Por ação da agitação do
banho e dos feixes acústicos desenvolvidos,
os núcleos formados distribuem-se
uniformemente por toda a massa líquida,
dando origem a inúmeros núcleos de
início de solidificação, que promovem
solidificação heterogénea e formação de
estruturas globulares.
24
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
ESTUDO DA AFINAÇÃO E MODIFICAÇÃO DE BANHO METÁLICOS DA
LIGA ALSI7MG0.3 ATRAVÉS DA TÉCNICA DE ANÁLISE TÉRMICA
Figura 1 – Micrografia das amostras: Sem tratamento (a), tratadas com TiB+Sr (b) e
tratadas por US (c) (ampliação 5x).
Independentemente do tipo de tratamento
realizado, as amostras apresentam grão α-Al
sobre a forma morfológica de dendrites
secundárias (SDAS) e rosetas, sendo estas
últimas separadas pela fase eutéctica de
silício que contrasta num tom de cinzentoescuro (mais pronunciado para o caso do
tratamento por via química – Figura 1(b)).
Na ausência de qualquer tratamento de
metal líquido (Figura 1 (a)), a amostra é
composta defeitos de fundição, produto
de uma matriz dendrítica que por sua vez
inibe a capacidade de alimentação interdendrítica. A fase de silício eutéctico sugere
ser acicular e grosseira.
uma um grão α-Al mais circular. O número
e magnitude de defeitos de fundição
(essencialmente defeitos de porosidades)
são reduzidos. Relativamente ao silício
eutéctico, a amostra sugere apresentar
uma morfologia similar à amostra sem
tratamento embora com um tamanho
médio mais reduzido. Este último poderá
estar associado ao maior número de grãos
-Al (fronteiras de grão) que condicionam o
seu crescimento.
A Figura 2 mostra o comportamento
térmico para a transformação de fase de
α-Al e silício eutéctico durante a fase de
solidificação (ou seja, após tratamento do
banho metálico e remoção do cadinho do
forno de resistências). Através dos dados
registados, pela análise e tratamento dos
dados da curva térmica temperatura versus
tempo é possível calcular os parâmetros
referentes à mudança de fase como são o
exemplo a temperatura de nucleação (T_N),
o tempo e temperatura de recalescência
(t_r, ΔT_r). Estes parâmetros encontram-se
apresentados na Tabela 1.
Em contraste, a afinação e modificação
por via química (AlTiB + AlSr, Figura 1
(b)) apresenta um efeito significativo
na modificação do silício eutéctico,
promovendo um grão α-Al do tipo roseta.
Consequentemente, este tipo de alteração
microestrutural (afinação da matriz de Al)
melhora a fluidez do líquido no espaço
inter-dendrítico,
contribuindo
para
uma redução da contração volumétrica
do fundido. Derivado da adição de
modificador de silício eutéctico (AlSr),
este passou de uma estrutura acicular
(Figura 1(a)) para uma estrutura fibrosa
(Figura 1(b)), conforme reportado por
outros autores [4]. É de notar que embora
o silício eutéctico seja modificado, algumas
partes da microestrutura ainda detém uma
morfologia acicular comparável à amostra
sem tratamento.
A amostra que sofreu tratamento acústico
(Figura 1 (c)), apresenta uma micrografia
menos dendrítica, com tendência para
Figura 2 - Curva temperatura tempo (T vs t)
da transformação de fase α-Al (a) e Si eutéctico (b).
Tabela 1 – Parâmetros de analise térmica para a fase α-Al e silício eutéctico.
TRATAMENTO DE BANHO
METÁLICO
(ºC)
(sec)
(ºC)
(ºC)
(sec)
(ºC)
Sem tratamento
610.4
4.9
1.2
569.2
12.4
1.0
Tratamento físico (acústico)
612.6
3.2
0.7
568.3
12.9
0.6
Tratamento químico (AlTiB + AlSr)
612.8
5.5
0.7
563.1
57.0
2.2
25
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
Relativamente à fase eutéctica, os
banhos metálicos com tratamento
por via química ou física iniciam a sua
nucleação sensivelmente à mesma
temperatura acompanhados por tempo
de recalescência similares. Tal como na fase
de afinação de grãos α-Al, o tratamento
proporciona uma redução do valor de
ΔT para silício eutéctico, já reportado por
outros autores [7]. Na amostra tratada
quimicamente, a temperatura de eutéctico
sofre um decréscimo acentuado para
563ºC. No entanto, a transformação de
fase liberta uma maior quantidade de calor
(recalescência) demostrado pelo aumento
dos seus valores de t_r e ΔT_r. O incremento
desta libertação suporta a teoria de que a
introdução de Sr no banho metálico reduz
o potencial dos núcleos de silício eutéctico
[7] .
CONCLUSÃO
No presente trabalho, o tratamento de
banhos metálicos por via química e física
são estudados através da análise térmica.
A utilização de ligas mãe ou tratamento
acústico produzem resultados similares de
afinação de grãos α-Al assim como reduzem
a magnitude do efeito de contração
volumétrica e porosidade do fundido.
De acordo com os resultados da análise
térmica, o tratamento por via química
tende a aumentar o tempo de recalescência
durante a fase de solidificação da fase α-Al
em relação aos banhos metálicos que
não foram sujeitos a tratamento. Sob o
tratamento de banho acústico, o silício
eutéctico não sofre alterações morfológicas
embora se verifique uma ligeira redução
do comprimento das lamelas de Si. A
adição da liga mãe do tipo AlSr apresenta
uma modificação eficaz do Si eutéctico
alterando a sua morfologia de acicular para
fibroso.
REFERÊNCIAS
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10th
editon;
ASM
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3. Chaparro-González, J.; MondragónSánchez, L.; Núñez-Alcocer, J.; FloresValdés, A. Application of an ultrasound
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AlSi alloys. Mater. Des. 1995, 16, 47–50,
doi:10.1016/0261-3069(95)00010-V.
4. Samuel, A.M.; Abdelaziz, M.H.;
Doty, H.W.; Samuel, F.H. Metallurgical
Parameters Controlling Fragmentation and
Spheroidization Processes of Eutectic Si
Particles in Al-Si Cast Alloys. Inter Metalcast
2021, 5, 187, doi:10.1007/s40962-02100702-8.
5. Golbahar, B.; Samuel, E.; Samuel, A.M.;
Doty, H.W.; Samuel, F.H. On thermal analysis,
macrostructure and microstructure of
grain refined Al–Si–Mg cast alloys: role of
Sr addition. International Journal of Cast
Metals Research 2014, 27, 257–266, doi:10
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Tamminen, J.; Chai, G. Solidification
characteristics of aluminum alloys;
Skanaluminium: Oslo, Normay, 1986, ISBN
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7. Nampoothiri, J.; Balasundar, I.; Raj, B.;
Murty, B.S.; Ravi, K.R. Porosity alleviation
and mechanical property improvement
of strontium modified A356 alloy by
ultrasonic treatment. Materials Science
and Engineering: A 2018, 724, 586–593,
doi:10.1016/j.msea.2018.03.069.
ARTIGO
De acordo com os resultados apresentados
na Tabela 1, o banho metálico sem
tratamento apresenta uma temperatura
de liquidus de 610ºC. Porém, quando o
banho metálico é sujeito a tratamento de
afinação e modificação, por via química
ou física, a temperatura de nucleação
(T_N^(α-Al)) apresenta um aumento de
aproximadamente 2 ºC, bem como a
temperatura de recalescência (T_r^(α-Al))
diminui de 1.2 ºC para 0.7 ºC. Em contraste,
enquanto a amostra tratada por ultrassom
reduz o tempo recalescência (t_r^(αAl)), de 4.9 para 3.2 sec, a amostra tratada
quimicamente prolonga este período de
libertação de calor, de 4.9 para 5.5 sec. Um
acréscimo de TN é normalmente referido
como sinal de afinação de grãos -Al, uma
vez que se encontra associado ao número de
núcleos criados durante o início da fase de
solidificação [5]. Em condições controladas
de arrefecimento, Bäckerud et al. [6]
sugere que para valores de ΔT inferiores
a 1 ºC, existe uma menor probabilidade
de absorção de núcleos através do calor
recalescente libertado por partículas
vizinhas. De forma similar, maiores tempos
de recalescência contribuem para o mesmo
efeito uma vez que descreve um período
onde o calor libertado é superior aquele
dissipado para o meio ambiente.
26
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
CRACKFREE – MATERIAIS
METÁLICOS AUTORREPARÁVEIS
PATRÍCIA FREITAS RODRIGUES
Investigadora Doutorada
Universidade de Coimbra, Departamento de Engenharia Mecânica, CEMMPRE,
R. Luís Reis Santos, 3030-790 Coimbra, Portugal
CRACKFREE – MATERIAIS METÁLICOS AUTORREPARÁVEIS
RESUMO
O grupo de materiais e processos do CEMMPRE tem desenvolvido, nos últimos anos, trabalhos
de investigação relevantes na área de processos aditivos, tanto nas suas diversas componentes
mais consolidadas (sputtering), como também nas componentes mais atuais (manufatura
aditiva). Destacam-se assim trabalhos desenvolvidos sobre a produção de multicamadas
reativas com diferentes camadas de materiais metálicos, mas também trabalhos focados em
técnicas atuais de manufatura aditiva com materiais metálicos, como por exemplo, sinterização
seletiva por laser, extrusão de material. Baseado na vasta experiência do grupo nos diversos
processos e caracterização de materiais metálicos, foi desenvolvido o projeto CrackFree
supervisionado pelas Professoras Doutoras Ana Sofia Ramos e Maria Teresa Vieira. O projeto
CrackFree visa elaborar um sistema de autorreparação em materiais metálicos, abordando
diferentes técnicas para a produção de cada componente. Esse sistema é composto por um
material matriz, um sensor e um atuador. Neste projeto, o material matriz é produzido a partir
da técnica de extrusão de material, o sensor tem como elemento principal ligas com memória
de forma, e o atuador tem como destaque as multicamadas reativas (sputtering) que são
capazes de promover uma reação de autopropagação.
Os estudos sobre materiais autorreparáveis
são, sobretudo, centrados em compósitos
poliméricos e materiais cerâmicos [1], [2].
A autorreparação em metais é complexa,
tornando a sua investigação um desafio. Por
isso, foi explorada uma nova abordagem
para detetar (micro)fissuras em materiais
metálicos, e, posteriormente, induzir a sua
reparação (autorreparação) – Self-healing
(Figura 1). Os mecanismos e princípios
básicos da autorreparação em metais
ainda são pouco explorados e os nossos
resultados são claramente considerados
uma mais-valia. O principal objetivo do
projeto é contribuir para a reparação de
danos em componentes aeroespaciais/
aeronáuticos, bem como em dispositivos
biomédicos. Para este fim, foram
selecionados dois materiais metálicos;
uma liga aeronáutica de alumínio e um
aço inoxidável austenítico. Estes materiais
foram usados para a produção do material
matriz utilizando a técnica Extrusão
de Material (MEX). O primeiro objetivo
consistiu na deteção de fissuras utilizando
fios de ligas de memória de forma - Sensor. A
transformação martensítica do NiTi induzida
por tensão e a diferente resistividade entre
a austenite e a martensite são o cerne dos
sensores de fissuras (sensores de tensão).
Paralelamente, outro objetivo consistiu na
deposição de nanocamadas alternadas de
metais que reagem exotermicamente entre
si, sobre a superfície de fios de tungsténio
- Atuador. Na etapa de reparação, recorreuse ao caráter exotérmico das multicamadas
reativas (MRs). Após deteção, o fecho da
fissura foi promovido pela fusão de um
material reparador por efeito do calor
libertado pela MR. O material fundido
fluiu de forma a preencher a fissura. A fim
de avaliar a estratégia de autorreparação
proposta, foi estudada a propagação
de fissuras em materiais metálicos com
sensores e atuadores incorporados, tanto
numérica como experimentalmente.
27
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
de processamento e relativas ao seu
armazenamento em rolo (Figure 3).
Figura 3 – Filamento de alumínio produzido.
Figura 1 – Posicionamento dos sensores e atuadores
MATERIAL BASE
A Extrusão de Material (MEX) foi escolhida
como a tecnologia aditiva para se produzir
o material matriz do sistema. A tecnologia
MEX tem como vantagens ser acessível,
versátil e ter por base o conhecimento
teórico e experimental proveniente da
Moldação por Injeção de Pós (PIM) e
a Modelação por Deposição (FDM) de
polímeros. A tecnologia MEX é amplamente
explorada pelo grupo liderado pela
Professora Doutora Maria Teresa Vieira.
O grupo já desenvolveu filamentos com
diversos materiais tais como, aço, cobre,
NiTi, outros[3]–[6], desde a mistura para
produção do filamento até à sinterização
das peças (Figura 2).
Neste projeto, foram selecionados provetes
de fadiga, como peças de teste. Duas
estratégias diferentes foram aplicadas
na produção dos mesmos, visando a
introdução do fio nas peças com o intuito
de promover a adesão entre o fio e a
matriz, para garantir a identificação da
aproximação da fissura no sistema.
Para verificar e comparar a qualidade das
peças em verde (Figura 4a e 4b) e após
sinterização (Figura 4c e 4d), observouse via microtomografia (micro-CT - X-ray/
micro-computed tomography). Nesta
etapa, foram avaliados a reprodutibilidade
e o efeito dos parâmetros de impressão
utilizados, através da observação da
densificação das peças e dos desvios
geométricos nas dimensões finais, assim
como a deteção de linhas e camadas
de
impressão
coincidentes.
Após
processamento, verifica-se a dimensão,
os defeitos e ainda a qualidade da adesão
entre o material matriz e o fio utilizado
como sensor (Figura 4).
Figura 2 – Esquema representativo da tecnologia
MEX [3]
Mesmo com todo o conhecimento e
experiência do grupo, o filamento de
alumínio revelou ser um desafio devido às
suas características.
Os filamentos foram caracterizados com
as técnicas de: TGA, DRX, MEV e ainda
foram submetidos a ensaios mecânicos
(flexão) para verificar as condições
Figura 4 – Provete de fadiga de alumínio produzido
via MEX. Após impressão: a) Provete impresso; b)
imagem do provete micro-CT. Após sinterização: c)
Provete após sinterização e d) imagem do provete
micro-CT.
Os provetes após sinterização são
submetidos a um teste de tração adaptado
(Figura 5) para verificar a eficiência da
adesão entre o fio e a matriz. O teste
foi realizado somente para verificar se
existia adesão, mas ainda não foi possível
confirmar os valores pois a etapa de
sinterização ainda está a ser explorada pelo
grupo.
ARTIGO
A primeira fase desta atividade foi
o desenvolvimento do filamento de
alumínio (AA7050) com características que
possibilitassem o seu uso para produzir
peças de qualidade, com o recurso a
uma impressora 3D comum. O filamento
utilizado, composto por 60%vol. de pó
de alumínio, foi sujeito aos tratamentos
térmicos, após conformação das peças em
verde, eliminação do ligante e, de seguida,
sinterização.
28
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
Figura 5 – Teste de adesão
SENSOR
A componente do sensor neste projeto é
composta pelo material matriz (discutido
anteriormente), pelo fio de NiTi (real sensor
no sistema) e o revestimento do fio (Figura
6).
CRACKFREE – MATERIAIS METÁLICOS AUTORREPARÁVEIS
Figura 6 – Esquema representativo do sensor
São utilizados neste sistema fios
superelástico de NiTi. A superelasticidade
permite a deteção da aproximação da
fissura no sistema. A superelasticidade
é observada como resultado da
transformação martensítica induzida pelo
stress (SIM) entre a austenite e a martensite
orientada [7]. Quando tensionadas em
condições isotérmicas, as ligas com
memória de forma mostram primeiro a
deformação elástica na fase austenítica,
seguida de um plateau máximo associado
à transformação induzida pelas tensões
resultantes da mudança de fase austenite
(A) - martensite (M). Ao descarregar, o
material passa pela transformação de fase
inversa de martensite (M) para austenite
(A), que ocorre a valores mais baixos,
correspondendo a plateaus de tensão
inferiores aos observados na transformação
direta. A resistividade elétrica é sensível
a essa transformação, e ainda apresenta
um bom comportamento linear ao longo
da deformação. Esta etapa do trabalho foi
publicada no artigo “Experimental Analysis
of NiTi Alloy during Strain-Controlled
Low-Cycle Fatigue” [8]. Neste trabalho foi
estudada a interação entre a transformação
martensítica induzida por tensão e o
comportamento de resistividade da liga de
memória de forma de NiTi superelástica.
A fadiga com baixo número de ciclos (300
ciclos), controlada por deformações de até
6%, foi observada enquanto se media a
resistência elétrica (in-situ). Os resultados
experimentais mostraram que um elevado
número de deslocações, provenientes
da transformação martensítica, resultam
numa cumulação significativa de defeitos,
como evidenciado pela microscopia
eletrónica de transmissão (TEM) (Figura 7),
antes e depois dos ciclos de tração, dando
origem a um aumento global dos valores
de resistência elétrica até à deformação
máxima. Portanto, a pesquisa indicou que
o fio de NiTi superelastico tem um grande
potencial como sensor de deformação
dentro de materiais maciços.
Figura 7 - Microstructuras do fio de NiTi antes e
depois do teste de fadiga de baixo ciclo (TEM).
O fio ainda foi estudado após a etapa de
sinterização, em que se pretendia promover
a adesão entre o material matriz e o
sensor. Após o teste de adesão foi possível
observar-se a presença de uma camada
de reação no fio. Esta camada indica a
possibilidade de ocorrência de sinterização
na matriz e ainda de adesão (Figura 8).
Figura 8 – Fio após teste de adesão.
Para melhorar o desempenho do sensor
no sistema foi proposto o isolamento
elétrico do fio. Para este fim, foi realizado
o revestimento do fio com zircónica, via
sputtering - modo reativo (Figura 9). Este
revestimento foi realizado para isolar o
material e garantir uma leitura real dos
parâmetros (tensão x resistividade) e boa
adesão sensor x material matriz. A formação
da camada de zircónica foi observada e
medida por SEM e identificada por DRX.
Figura 9 – Fio revestido.
29
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
ATUADOR
A componente do atuador responsável
pela reparação de fissuras. neste projeto
é composta pelo material reparador,
pelas multicamadas reativas e pelo fio de
tungsténio (Figura 10).
fina Al/Ni, promoveu um flash de luz que
estava associado ao início de uma reação
autopropagação (Figura 11). O produto da
reação foi uma fase intermetálica B2-AlNi.
Os fios W revestidos com multicamadas
reativas podem contribuir para o
preenchimento de fendas e têm potencial
para serem atuadores de auto-cura.
Figura 10 – Esquema representativo do atuador
Figura 11 – Micrografia dos fios antes e após ignição.
Após os ensaios, verificou-se que a
utilização de um sistema mais energético
(Al-Pd), que tinha por objetivo alcançar a
autopropagação em fios de maior diâmetro
(0,20 mm), devido à maior temperatura
atingida localmente durante a reação, não
foi atingido. No entanto, o tamanho de
grão após ignição pelo modo II do filme
Al/Pd com 25 nm de período sugere que,
mesmo sem autopropagação, a reação
entre Al e Pd pode eventualmente atingir
temperaturas suficientes para fundir um
material reparador de baixo ponto de fusão.
O próximo passo será investigar a possível
ocorrência de reação de autopropagação
em fios de tamanho intermédio de 0.1mm.
Este estudo já se encontra em curso.
Até ao momento, contudo, a questãochave que seria a composição do sistema
(Conjunto: matriz + sensor + atuador)
continua sob investigação. A produção
dos provetes de fadiga com os fios inserido
com qualidade adequada para a realização
de ensaios ainda não foi alcançada
totalmente. O funcionamento das partes
isoladamente, foi testado. No entanto, o
funcionamento do sistema completo ainda
não foi testado, no intuito de comprovar
efetivamente o seu funcionamento como
um todo. Outros estágios da investigação
deverão ser realizados para apresentar os
avanços necessários na área de auto-cura
em materiais metálicos e fornecer uma
resposta real a esta questão.
ARTIGO
Nesta etapa, o foco foi a deposição de
multicamadas reativas Me1/Me2 (Me –
metal) sobre fios de tungsténio e posterior
ignição, com o intuito de promover a
ocorrência de reações autopropagáveis,
com a consequente libertação de calor.
Estes fios apresentam potencial para serem
utilizados, em conjunto com um material
reparador de baixo ponto de fusão. Os
resultados do estudo inicial deste sistema
foi publicado no artigo: “Development of
Actuators for Repairing Cracks by Coating
W Wires with Reactive Multilayers” [9]. O
objetivo foi otimizar o revestimento de fios
de tungsténio com películas finas reativas
e promover uma reação exotérmica de
auto-propagação. O objetivo final é usar
este calor para fundir materiais de baixa
temperatura de fusão, impedindo assim
a propagação de fendas em materiais
metálicos. As multicamadas Ni/Me (Me =
Al, Ti) foram depositadas por pulverização
catódica em modo magnetrão, sobre fios
de tungsténio com diâmetros de 0,05 e 0,20
mm. As deposições foram realizadas para
obter películas com composição química
média quase equiatómica e uma espessura
de bicamada entre 20 e 50 nm. A secção
transversal dos filmes foi analisada usando
microscopia eletrónica de varrimento
antes e depois da ignição elétrica (Figura
10). Foi desenvolvido um novo detentor
do substrato para melhorar a qualidade
dos filmes Al/Ni, permitindo uma redução
dos defeitos anteriormente observados.
As películas finas Ni/Ti não apresentaram
defeitos percetíveis, independentemente
do suporte do substrato. No entanto,
após a ignição, a reação Ni + Ti ocorreu
num modo de não propagação. Passando
uma corrente elétrica através de um fio
(Φ= 0,05 mm) revestido com uma película
30
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
AGRADECIMENTOS
Esse trabalho foi financiado por: Project
PTDC/C TM- C TM/29101/2017—POCI01-145-FEDER-029101, financiado por
FEDER através do COMPETE2020 —
Programa Operacional Competitividade e
Internacionalização (POCI), e pelos fundos
nacionais (PIDDAC) através FCT/MCTES. Esse
trabalho também foi financiado por: FEDER
através do programa COMPETE—Programa
Operacional Factores de Competitividade
e fundos nacionais através da FCT—
Fundação para a Ciência e a Tecnologia no
Projeto UIDB/EMS/00285/2020.
CRACKFREE – MATERIAIS METÁLICOS AUTORREPARÁVEIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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M. Goyal, S. N. Agarwal, and
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[4]
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and M. T. Vieira, “In Search of the Optimal
Conditions to Process Shape Memory Alloys
(NiTi) Using Fused Filament Fabrication
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13, no. 21, p. 4718, Oct. 2020, doi: 10.3390/
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[5]
C. Santos, D. Gatões, F. Cerejo, and
M. T. Vieira, “Influence of Metallic Powder
Characteristics on Extruded Feedstock
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Indirect
Additive
Manufacturing,” Mater. 2021, Vol. 14, Page
7136, vol. 14, no. 23, p. 7136, Nov. 2021, doi:
10.3390/MA14237136.
[6]
F. Silva Cerejo, D. Gatões, and T.
Vieira, “Optimization of Metallic Powder
Filaments for Additive Manufacturing
Extrusion (MEX),” Feb. 2021, doi: 10.21203/
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[8]
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NiTi Alloy during Strain-Controlled LowCycle Fatigue,” Mater. 2021, Vol. 14, Page
4455, vol. 14, no. 16, p. 4455, Aug. 2021, doi:
10.3390/MA14164455.
[9]
G. S. Silva, L. Maj, J. Morgiel, M. T.
Vieira, and A. S. Ramos, “Development of
Actuators for Repairing Cracks by Coating
W Wires with Reactive Multilayers,” Mater.
2022, Vol. 15, Page 869, vol. 15, no. 3, p. 869,
Jan. 2022, doi: 10.3390/MA15030869.
31
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
NANOMATERIAIS
DO
FUTURO:
NANOTECNOLOGIA APLICADA AO
TRATAMENTO DE ÁGUAS
SOFIA FARIAS SOARES
Departamento de Engenharia dos Materiais e Cerâmica, Universidade de Aveiro, 3810-193, Portugal
Email: sofiafsoares@ua.pt
A nanotecnologia amplia a ciência de materiais para o domínio de partículas e interfaces
com pequenas dimensões, na ordem de um a cem nanómetros. Partículas deste tamanho,
denominadas de “nanopartículas”, apresentam uma variedade de características específicas
que as distingue de forma particular das partículas macroscópicas: apresentam uma elevada
área superficial e exibem propriedades óticas, magnéticas e químicas distintas. A elevada
área superficial das nanopartículas vai conferir, em muitos casos, excelentes propriedades de
adsorção de contaminantes de águas. A etapa subsequente de remoção das nanopartículas
da água tratada juntamente com os poluentes adsorvidos pode ser facilitada pelo uso, por
exemplo, de nanopartículas magnéticas. Esta propriedade (magnetismo) vai permitir que as
nanopartículas sejam removidas da água de uma forma simples, rápida e eficaz, através da
aplicação de um campo magnético externo.
A nossa contribuição para minimizar esta
questão ambiental envolve investigação
interdisciplinar
que
ambiciona
o
desenvolvimento de novas tecnologias de
purificação de água para uma aplicação
real. Estes adsorventes têm um tamanho
inferior a cem nanómetros, o que possibilita
uma elevada área de contacto com a água,
combinado com polissacarídeos presentes
na sua composição e que são provenientes
de algas. Estes constituem os componentes
fundamentais
dos
nanoadsorventes
magnéticos desenvolvidos e já patenteados
pela equipa de investigadores do
Departamento de Química da Universidade
de Aveiro e do CICECO-Instituto de Materiais
de Aveiro. O trabalho desenvolvido teve a
orientação científica da Investigadora Ana
Luísa Daniel da Silva e do Professor Tito
Trindade. Os investigadores envolvidos
ambicionam continuar a aprofundar o
estudo e chegar a uma solução aplicável
em situação real.
Desenvolveram-se novos nanomateriais
adsorventes para a remoção de diversos
poluentes presentes na água, como por
exemplo corantes orgânicos, moléculas
de medicamentos e pesticidas, com
a possibilidade de serem removidos
magneticamente de águas contaminadas
(Figura 1) [1–5]. Estes nanomateriais
desenvolvidos
são
nanopartículas
compostas por um interior magnético
constituído por óxidos de ferro (por
exemplo,
magnetite
Fe3O4),
cuja
aplicabilidade e seletividade como
adsorventes depende do tipo de química
de superfície existente. Esta componente
fornece propriedades magnéticas ao
nanomaterial final, permitindo assim a
sua remoção da água tratada de uma
forma rápida e fácil (Figura 2) [6]. Assim,
desenvolveram-se
nanopartículas
de
Fe3O4 revestidas com camadas de sílica
funcionalizadas com diversos biopolímeros.
A componente de sílica confere robustez,
estabilidade coloidal e previne a oxidação
da nanopartícula de Fe3O4. Por outro lado, os
biopolímeros utilizados, maioritariamente
polissacarídeos, são vantajosos devido ao
seu baixo custo, elevada disponibilidade,
serem considerados compostos amigos
ARTIGO
A água é uma das substâncias mais
preciosas e essenciais para toda
humanidade. Atualmente, a escassez de
água potável e a contaminação de fontes
de água em algumas regiões do mundo são
consideradas ameaças graves. De facto, a
poluição da água é um problema prioritário
e urgente, para o qual a comunidade
científica tem um extremo interesse na
procura de soluções inovadoras.
32
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
NANOMATERIAIS DO FUTURO: NANOTECNOLOGIA APLICADA
AO TRATAMENTO DE ÁGUAS
do ambiente e conterem diferentes
grupos funcionais. Assim, para ser possível
obter nanoadsorventes com um elevado
desempenho de remoção é necessário
otimizar a modificação da superfície das
nanopartículas, adotando novas estratégias
químicas que terão um elevado impacto
na composição, estrutura e propriedades
do material final [7]. O objetivo final desta
investigação ambiciona criar condições
para a aplicação à escala real desta
nanotecnologia, envolvendo a remoção
magnética de poluentes da água.
Figura 1- Exemplo do processo de remoção de contaminante da água através da utilização de nanoadsorventes
magnéticos, possibilitando a separação magnética do nanoadsorvente da água tratada através da aplicação de
campo magnético externo (magnete). Adaptado de [1].
Figura 2- Separação magnética das partículas nanoadsorventes da água usando um magnete [6].
Até ao momento foram alcançados os
seguintes objetivos: desenvolvimento de
nanoadsorventes bio-híbridos magnéticos
compostos por um interior de nanopartículas
de magnetite (Fe3O4) encapsulados com
uma rede de sílica contendo biopolímeros,
através da utilização de um procedimento
de revestimento de uma só etapa; a
estratégia proposta permite o design de
nanoadsorventes que são, em princípio,
amigos do ambiente e com uma química
de superfície e carga superficial ajustáveis;
os grupos funcionais de superfície podem
ser personalizados de acordo com as
características dos poluentes alvo, de
forma a aumentar a afinidade de adsorção
dos nanoadsorventes magnéticos; os
adsorventes bio-híbridos magnéticos são
eficazes na remoção de diversos poluentes
da água, nomeadamente corantes,
compostos farmacêuticos e pesticidas,
apresentando elevada capacidade de
remoção, reutilização e aplicabilidade em
amostras de águas reais. Portanto, estes
nanoadsorventes magnéticos oferecem
novas possibilidades para a purificação de
água contaminada através da aplicação
de tecnologias de limpeza assistidas
magneticamente.
No processo de tratamento da água, o
método de adsorção tem a vantagem
de concentrar em poucas gramas de um
sólido (nanoadsorvente) o contaminante
33
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
que se encontra num grande volume de
água, utilizando um método simples e que
não origina a produção de subprodutos
que podem ser ainda mais tóxicos do que o
contaminante inicial presente na água.
O uso de biopolímeros extraídos de
fontes naturais e renováveis (por exemplo,
o quitosano) para a produção desses
nanoadsorventes, é uma vantagem
relativamente a adsorventes comerciais,
que na sua maioria são produzidos através
de metodologias de custo mais elevado
e utilizando fontes não renováveis. A
tecnologia inovadora desenvolvida tem
o potencial de substituir outras soluções
mais dispendiosas ou que introduzem
dificuldades a nível de manuseamento
e gestão, como por exemplo as soluções
que recorrem à separação por filtração
membranar. Como tal, contribui também
para a valorização de biopolímeros
provenientes de recursos renováveis,
como as algas que crescem ao longo das
costas portuguesas, sensibilizando para as
possíveis aplicações destas e potenciando
o seu interesse comercial.
Os
nanoadsorventes
desenvolvidos
podem ser regenerados e reutilizados
por diversos ciclos de adsorção-desorção,
o que representa uma vantagem ao
nível da sustentabilidade ambiental e
económica. Pretende-se também avaliar
o impacto ambiental dos nanomateriais
desenvolvidos, em colaboração com
especialistas na área.
REFERÊNCIAS
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Soares, S.F., Nogueira, J., Trindade, T.,
Daniel-da-Silva, A.L.: Towards efficient ciprofloxacin
adsorption using magnetic hybrid nanoparticles
prepared with κ-, ι-, and λ-carrageenan. Journal
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Soares, S.F., Fateixa, S., Trindade, T., Danielda-Silva, A.L.: A versatile synthetic route towards
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3.
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chitosan magnetite nanosorbents for glyphosate
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Chemical Engineering. 9, 105189 (2021). https://doi.
org/10.1016/j.jece.2021.105189
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Soares, S.F., Fernandes, T., Trindade, T.,
Daniel-da-Silva, A.L.: Recent advances on magnetic
biosorbents and their applications for water treatment.
Environmental Chemistry Letters. 18, 151–164 (2020).
https://doi.org/10.1007/s10311-019-00931-8
5.
Soares, S.F., Rocha, M.J., Ferro, M., Amorim,
C.O., Amaral, J.S., Trindade, T., Daniel-da-Silva, A.L.:
Magnetic nanosorbents with siliceous hybrid shells
of alginic acid and carrageenan for removal of
ciprofloxacin. International Journal of Biological
Macromolecules. 139, 827–841 (2019). https://doi.
org/10.1016/j.ijbiomac.2019.08.030
6.
Soares, S.F., Simões, T.R., Trindade, T., Danielda-Silva, A.L.: Highly efficient removal of dye from
water using magnetic carrageenan/silica hybrid nanoadsorbents. Water, Air, & Soil Pollution. 228, 87 (2017).
https://doi.org/10.1007/s11270-017-3281-0
7.
Soares, S.F., Fernandes, T., Trindade, T.,
Daniel-da-Silva, A.L.: Surface engineered magnetic
biosorbents for water treatment. In: Crini, G. and
Lichtfouse, E. (eds.) Green Adsorbents for Pollutant
Removal. Environmental Chemistry for a Sustainable
World. pp. 301–342. Springer, Cham (2018)
AGRADECIMENTOS
ARTIGO
A autora agradece aos orientadores de
doutoramento, à Universidade de Aveiro,
ao CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro
e à Fundação para a Ciência e Tecnologia
pelo suporte financeiro.
34
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
O EFEITO DA ESPESSURA DE CAMADA DEPOSITADA
EM SÓLIDOS CELULARES NÃO-ESTOCÁSTICOS
OBTIDAS POR FABRICAÇÃO ADITIVA
V.H. CARNEIRO1, E.C. SILVA2,3, I. GOMES4, I. DUARTE5, H. PUGA4, A.M. SAMPAIO2,3,6 AND A.J. PONTES2,3
MEtRICs, University of Minho, Campus de Azurém, 4800-058 Guimarães, Portugal.
IPC – Institute of Polymers and Composites, Department of Polymer Engineering, University of Minho, Campus de Azurém, 4800-058 Guimarães, Portugal.
3
DONE Lab – Advanced Manufacturing of Polymers and Tools, University of Minho, Campus de Azurém, 4800-058 Guimarães, Portugal.
4
CMEMS-UMinho, University of Minho, Campus de Azurém, 4800-058 Guimarães, Portugal.
5
Department of Mechanical Engineering, Centre for Mechanical Technologyand Automation (TEMA), University of Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal
6
Lab2PT, School of Architecture, University of Minho, Campus de Azurém, 4800-058 Guimarães, Portugal
1
O EFEITO DA ESPESSURA DE CAMADA DEPOSITADA EM SÓLIDOS
CELULARES NÃO-ESTOCÁSTICOS OBTIDAS POR FABRICAÇÃO ADITIVA
2
RESUMO
Os sólidos celulares não-estocásticos fabricados em liga de alumínio são atrativos pela sua
elevada resistência mecânica especifica. Atualmente, estas propriedades podem ser em
peças com geometrias complexas obtidas pelo fabrico aditivo. Contudo, este estudo mostra
que as propriedades mecânicas destes materiais são dependentes dos seus parâmetros de
fabricação. Os resultados experimentais pela compressão das microarquiteturas impressas na
liga Al10SiMg revelam que o módulo aparente tende a aumentar à medida que a espessura
de camada aumenta. Já a resistência mecânica (i.e. tensão de colapso) tende a diminuir com o
aumento da espessura de camada.
PALAVRAS-CHAVE
Fabrico aditivo; Microarquiteturas treliçadas; AlSi10Mg; Espessura de camada.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos tem sido reportado
diversos desenvolvimentos na área dos
sólidos celulares não-estocásticos pelas
suas elevadas propriedades mecânicas
especificas. Adicionalmente, a combinação
das ferramentas numéricas atuais com
o fabrico aditivo, fazem com que as
propriedades mecânicas nestes sólidos
celulares sejam amplamente customizáveis
[1]. Os desenvolvimentos nesta área
permitem que sejam possíveis atingir
comportamentos mecânicos bastante
atrativos tais como coeficientes de Poisson
negativos [2], alta absorção de impactos
[3], mitigação de vibração [4], etc.
Considerando que o desenvolvimento de
novas topologias (e.g. dimensões e detalhes
geométricos à escala macroscópica) e
efeito do material de base compõem a
grande parte dos estudos reportados neste
domínio [5], sabe-se que os parâmetros do
fabrico aditivo têm um elevado impacto nas
propriedades mecânicas dos componentes
impressos. Torna-se assim imperativo
determinar o impacto dos parâmetros de
fabrico aditivo em sólidos celulares nãoestocásticos. Este assunto é especialmente
relevante quando estes materiais são
compostos por microarquiteturas treliçadas
cujos detalhes dimensionais e geométricos
podem ser bastante reduzidos [6].
Considerando que as propriedades
mecânicas dos sólidos celulares nãoestocásticos são determinadas pela
topologia da sua unidade celular (i.e.
dimensões, geometria e defeitos) e
pelo material de base (morfologia da
microestrutura) [7], este trabalho detalha
o impacto da espessura da camada
depositada no fabrico aditivo. Topologias
auxéticas obtidas por fabrico aditivo na
liga AlSi10Mg e produzidas com diferentes
espessuras de camada depositada foram
submetidas a ensaios de compressão.
Os resultados destes ensaios são
correlacionados com uma caracterização
(macroestrutural)
metrológica
por
tomografia por Raios-X e (microestrutural)
de dureza, para apurar estas alterações
induzidas pela espessura de camada
depositada.
35
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
MÉTODOS
Sólidos celulares não estocásticos foram
produzidos por fabrico aditivo (Concept
Laser M2 Cusing) na liga AlSi10Mg com
diferentes espessuras de camada de
deposição (25 a 80 μm). Os restantes
parâmetros de fabrico foram mantidos
de acordo com as recomendações do
fabricante do equipamento (370W e 1400
mm/s), sendo o substrato pré-aquecido a
200 ºC. Estes parâmetros foram usados para
os sólidos celulares (9x9x8 células) auxéticos
com uma unidade periódica em favo de
mel invertido com comprimento, diâmetro
e ângulo de treliça com, respetivamente, 4
mm, 0.6 mm e -30º.
A caracterização metrológica dos sólidos
celulares não estocásticos produzidos
foi
realizada
por
microtomografia
computorizada por Raios-X (μCT, Bruker
SkuScan-1275, 20-100 Kv e 10 W). Foram
também realizados ensaios de dureza
Vickers em amostras polidas com uma
carga de 0.5 kgf durante 10 s. As amostras
(sólidos celulares - 9x9x8 células) foram
ainda sujeitas a ensaios de compressão
axial para determinar a sua resistência
mecânica (i.e. tensão de colapso) e rigidez
(i.e. módulo aparente). Para este efeito, as
amostras foram comprimidas (INSTRON
8874) entre duas placas de aço a uma taxa
de deslocamento de 0.05 mm/s.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 são apresentados exemplos dos sólidos celulares fabricados por manufatura
aditiva, onde são detalhadas as unidades celulares periódicas em favo de mel invertido por
μCT, para cada uma das espessuras de camadas de deposição analisadas. Visualmente, verificase que existem algumas variações tanto ao nível dimensional como morfológico, contudo,
mantendo sempre a sua topologia base.
Figura 1. Detalhe por μCT dos sólidos celulares e unidades celulares periódicas para as amostras obtidas por
fabricação aditiva.
Figura 2. Caracterização (a) macroestrutural – pela análise metrológica por μCT; e (b) microestrutural pela dureza
Vickers da matriz.
ARTIGO
Pelos resultados da análise metrológica (Figura 2 (a)), nomeadamente às treliças que compõem
os sólidos celulares da Figura 1, foi possível verificar que o seu comprimento (C) e diâmetro
(D) reais estão contidos nos intervalos de, respetivamente, 1.76 - 1.83 mm e 0.60 - 0.61 mm.
Contudo, é visível que quando a espessura de camada de deposição aumenta, o comprimento
e diâmetro das treliças tende, respetivamente, a diminuir e aumentar. Basicamente, estes
resultados revelam que à medida que a espessura da camada de deposição aumenta, o
momento fletor das treliças diminui. Adicionalmente, há um aumento do seu momento de
inércia.
36
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
O EFEITO DA ESPESSURA DE CAMADA DEPOSITADA EM SÓLIDOS
CELULARES NÃO-ESTOCÁSTICOS OBTIDAS POR FABRICAÇÃO ADITIVA
Considerando que as propriedades
mecânicas de um sólido celular dependem
tanto da topologia das suas células, como
das características do material que as
compõem, foi determinada a dureza das
treliças dos componentes produzidos.
De acordo com a Figura 2 (b), a dureza
das treliças tende a diminuir à medida
que a espessura de camada aumenta. Isto
indica que para espessuras de camada
de deposição mais elevada, existe uma
redução da ancoragem das deslocações
na matriz e, consequentemente, uma
diminuição da sua resistência mecânica.
Como seria de esperar, todos estes detalhes
têm um papel crucial nas propriedades
mecânicas destes sólidos celulares. Embora
o seu mecanismo de colapso seja o clássico
para um sólido celular auxético (Figura 3),
a sua rigidez (i.e. módulo aparente – Figura
4 (a)) e resistência mecânica (i.e. tensão
de colapso - Figura 4 (b)) são claramente
distintas e dependentes da espessura de
camada selecionada.
Figura 3. Detalhe do colapso dos sólidos celulares testados em compressão: (a) região linear elástica – 1% de
deformação; (b) pós-colapso – 8% de deformação; (c) patamar de cedência – 40% de deformação; e (d) inicio da
densificação – 70% de deformação.
Figura 4. Detalhe da influência da espessura da camada de deposição no (a) modulo aparente
e (b) tensão de colapso.
A Figura 4 (a) confirma que a redução do
comprimento e o aumento do diâmetro
das treliças à medida que a espessura de
camada aumenta (Figura 2 (a)), gera um
aumento no módulo aparente dos sólidos
celulares. Tendo em conta que o módulo
de elasticidade da matriz da liga AlSi10Mg
que compõe os sólidos celulares não
deve alterar-se significativamente, esta
variação na rigidez é atribuída à redução do
momento fletor e ao aumento do momento
de inércia das treliças.
Os resultados obtidos experimentalmente
mostram ainda que a tensão de colapso
(Figura 4 (b)) tende a diminuir com
o aumento da espessura de camada
de deposição. Este efeito pode ser
37
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
perfeitamente
correlacionado
pela
variação de dureza verificada na Figura
2 (b). Ou seja, à medida que espessura de
camada de deposição aumenta, a matriz
perde resistência mecânica. Esta variação é
então refletida pela diminuição da tensão
de colapso dos sólidos celulares testados.
CONCLUSÕES
Este estudo detalha o efeito da espessura
de camada de deposição nas propriedades
mecânicas de sólidos celulares obtidos
por fabrico aditivo na liga AlSi10Mg. Uma
abordagem experimental é combinada
às escalas macro (análise da topologia
por μCT) e micro (dureza) para analisar
o impacto da variável mencionada na
rigidez (i.e. módulo aparente) e resistência
mecânica (i.e. tensão de colapso) deste tipo
de materiais. Foram obtidas as seguintes
conclusões:
(i) A espessura de camada de deposição tem
um impacto significativo nas propriedades
mecânicas de sólidos celulares nãoestocásticos. O seu efeito é verificado tanto à
escala macro (i.e. dimensões fundamentais
das células periódicas), como à escala micro
(i.e. dureza da matriz de alumínio);
(ii) O aumento da espessura de camada
de deposição tende a aumentar a rigidez
dos sólidos celulares não estocásticos. Este
comportamento é atribuído às alterações
da topologia das treliças que compõem as
células. Quando o parâmetro de produção é
elevado, as treliças tendem a diminuir o seu
comprimento e aumentar o seu diâmetro.
Assim, o seu momento fletor diminui e o
seu momento de inércia aumenta;
REFERÊNCIAS
[1] A. du Plessis, S.M.J. Razavi, M. Benedetti,
S. Murchio, M. Leary, M. Watson, D. Bhate,
F. Berto, Properties and applications of
additively manufactured metallic cellular
materials: A review, Progress in Materials
Science. 125 (2022) 100918.
[2] R. Valle, G. Pincheira, V. Tuninetti, Design
of an auxetic cellular structure with different
elastic properties in its three orthogonal
directions, Proceedings of the Institution
of Mechanical Engineers, Part L: Journal
of Materials: Design and Applications. 235
(2021) 1341–1350.
[3] X. Chen, Q. Ji, J. Wei, H. Tan, J. Yu, P.
Zhang, V. Laude, M. Kadic, Light-weight
shell-lattice metamaterials for mechanical
shock absorption, International Journal of
Mechanical Sciences. 169 (2020) 105288.
[4] W. Jiang, G. Yin, L. Xie, M. Yin,
Multifunctional 3D lattice metamaterials
for vibration mitigation and energy
absorption, International Journal of
Mechanical Sciences. 233 (2022) 107678.
[5] B.B. Babamiri, B. Barnes, A. SoltaniTehrani, N. Shamsaei, K. Hazeli, Designing
additively manufactured lattice structures
based on deformation mechanisms,
Additive Manufacturing. 46 (2021) 102143.
[6] V.H. Carneiro, S.D. Rawson, H.
Puga, J. Meireles, P.J. Withers, Additive
manufacturing
assisted
investment
casting: A low-cost method to fabricate
periodic metallic cellular lattices, Additive
Manufacturing. 33 (2020) 101085.
[7] M.F. Ashby, T. Evans, N.A. Fleck, J.
Hutchinson, H. Wadley, L. Gibson, Metal
foams: a design guide, Elsevier, 2000.
ARTIGO
(iii) A tensão de colapso dos sólidos celulares
tende a diminuir à medida que a espessura
da camada de deposição aumenta. Esta
variação é atribuída à diminuição da dureza
da matriz e à consequente redução da sua
resistência mecânica.
38
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
NÃO PERCA A
OPORTUNIDADE
DE SE JUNTAR A NÓS!
QUEM SOMOS?
Associação de índole técnica e científica, sem fins
lucrativos.
SER SÓCIO DA SPM
Uma oportunidade de acrescentar valor à sua
empresa, carreira e rede de contactos.
VISÃO
Prestígio e implantação da SPM na comunidade
científica nacional e nas empresas e o
reconhecimento do seu papel como interlocutor
por parte das entidades oficiais e governamentais.
VANTAGENS
A comunidade de Materiais representada pela SPM
permite-lhe através das suas ações fomentar a sua
rede de contactos.
OBJETIVOS
Congregar pessoas físicas e jurídicas, interessadas
em promover, a nível nacional, o aperfeiçoamento,
o desenvolvimento e o progresso da Ciência e
Tecnologia dos Materiais.
MISSÃO
1) Promover ações que estimulem o ensino, a
formação e a especialização técnico-científica;
2) Promover ações que estimulem a investigação
científica, bem como a divulgação de estudos,
resultados de investigação e de outros trabalhos;
3) Divulgar a importância que os novos materiais
têm para o progresso tecnológico, e o papel
importante que os materiais atualmente utilizados
têm na qualidade de vida das populações;
A SPM dispões de 10 Divisões Técnicas (Corrosão
e Proteção de Materiais; Materiais Estruturais;
Materiais Funcionais; Materiais par a Energia;
Engenharia de Superfícies; Polímeros e Compósitos;
Tecnologia e Processamento de Materiais; Materiais;
Património Cultural; Jovem - JSPM e Comunicação
e Divulgação) que procuram através das suas
atividades promover e disseminar as mais diversas
áreas da Ciência e Tecnologia dos Materiais.
Não deixe de partilhar os resultados da sua
investigação e promover colaborações através dos
nossos eventos, webinares, conferências.
Consulte a nossa revista técnica "Ciência &
Tecnologia dos Materiais"
4) Realizar congressos, conferências, seminários,
cursos, reuniões e visitas técnicas;
5) Assegurar o contacto com organismos e
associações congéneres, nacionais e estrangeiras,
estimulando e desenvolvendo o intercâmbio entre
especialistas;
6) Promover ações visando a fiabilidade dos
produtos, através da escolha adequada de
materiais, suas normas de ensaio e respetivo
controlo de qualidade;
7) Promover a aquisição, o fornecimento e a troca de
informações relativas aos seus objetivos, inclusive
relacionados com assistência técnica;
8) Publicar uma revista da especialidade;
JUNTE-SE A NÓS
Acompanhe o nosso site e redes sociais para estar a
par da informação mais recente e relevante na área
de Materiais.
INSCRIÇÃO ONLINE
39
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
A NOVA GERAÇÃO PELOS
MATERIAIS
INÊS PRATA, J-SPM
Tudo o que nos rodeia é energia. Tudo o que vemos está de alguma forma
relacionado com materiais, e é deslumbrante entender a relação e a
interação do ser humano com os materiais.
Dei o meu contributo em diversas indústrias
entre Portugal e Itália e foi um processo
muito enriquecedor para entender
melhor a indústria dentro das suas portas.
Entretanto, e ainda em contacto com
as diversas indústrias em Portugal, a
oportunidade surgiu no mundo comercial
e dos negócios. É uma forma diferente
de servir e contribuir para um país mais
tecnológico e inovador, sendo fascinante
estar no início desta cadeia que serve a
sociedade, aplicando os conhecimentos
e as ferramentas que adquiri. Também é
um privilégio acompanhar e contribuir
na evolução dos mais diversos setores da
indústria, ensino e investigação no nosso
país.
A engenharia de materiais tem, sem
qualquer dúvida, uma base científica
e racional. No entanto, para que tudo
seja possível de acontecer, é necessário
saber conjugar com as competências
emocionais e relacionais que aprendemos
a desenvolver com o nosso ser e com quem
nos rodeia. É a vontade do Homem que faz
com que os materiais evoluam e melhor
sirvam a sociedade.
É na sinergia destas capacidades que
evoluímos e conseguimos superar os
desafios que se apresentam, mediando
entre o conhecimento científico e as
necessidades da sociedade, com o
objetivo de tornar o planeta melhor e mais
sustentável e uma sociedade mais coesa.
PERSPETIVAS
Confesso
que
enquanto
estudava
engenharia de materiais não tinha
perceção da sua importância, impacto
ou até mesmo para que servia. Passando
da nanoescala para o macro da nossa
realidade é como que se um novo mundo
se apresentasse. Assim, ver e entender as
diferentes realidades nas fases do processo
de materializar algo, permite vislumbrar a
fascinante transformação do mundo que
nos rodeia.
Ensaio de Materiais
Microscopia SEM
Especificações técnicas, dos microscópios eletrónicos Coxem.com:
• Alinhamento de fonte de eletrões;
• Platina para amostras com possibilidade de até 5 eixos automatizados;
• Ampliação máxima até 150 000 X, com intensidades do feixe de eletrões de
1Kv até 30 Kv;
• Opções: SE (Secondary Electrons), BSE (Backscattered Electrons) e EDS
(Energy Dispersive Spectrospcopie), com alto e/ou baixo vácuo.
• Equipamento de deposição de iões (Sputtering)
Alguns exemplos:
1 - Topografia de metais e revestimentos. Metal com ataque químico.
2 - Estruturas finas de células solares.
Nanoindentador ZHN
O Nanoindentador ZHN da Zwick/Roell.com, é usado para
caracterização mecânica de camadas depositadas em amostras, as
quais apresentam algumas especificidades, nomeadamente a nível de
força e deslocamento do indentador relativamente à amostra.
Isolamento térmico e acústico /
movimentos três eixos:
X: 100mm; Y: 200mm; Z: 70mm.
Múltiplas amostras / utilização
de até 4 objetivas / 0 - 20 N.
Ensaio segundo norma ISO 14577. Scratch test / desgaste / dinâmicos /
perfilómetro.
Hidrogénio e Análise Térmica (termoelétrica e condutividade térmica)
Algumas das tecnologias desenvolvidas pela Linseis.com:
- DSC – Differential Scanning Calorimeter
- TGA – Thermo Gravimetric Analysis
- Dilatometry
- Laser Flash/Xenon Flash
- TFA – Thin Film Analyzer
- L79/HCS – Hall Characterization System (Hall Effect)
Análise Termoelétrica
Termogravimetria
Para mais informações por favor contactar: comercial@gravimeta.pt ou 918 387 211.
www.gravimeta.pt
41
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
LOCALENERGY - LOCAL RESOURCES FOR
MULTIFUNCTIONAL TETRAHEDRITE-BASED
ENERGY-HARVESTING APPLICATIONS
LOCALENERGY PROJECT CHARACTERISTICS
NOVELTY
LOCALENERGY PROJECT OVERVIEW
Use of natural tetrahedrites, obtained
from Iberian Pyrite Belt (IPB), for producing
thermoelectric (TE) and photovoltaic (PV)
materials.
LocalEnergy addressed research and
development activities related with new
TE and PV materials based on tetrahedrite.
Tetrahedrite, one of the most abundant
sulfosalt minerals in the earth’s crust, is a
class of copper antimony sulfosalt mineral
with general formula Cu12-x(TM)xSb4S13
(TM = transition metal) and is considered
a sustainable alternative for the current
commercial TE and PV materials that contains
rare and/or toxic elements. Therefore, two
main objectives of the LocalEnergy project
were: (1) evaluate the feasibility of the
direct use of tetrahedrite-tennantite ore
(Cu12-x(TM)x(Sb,As)4S13), collected in the IPB,
in the processing cycle of materials for TE
applications and (2) synthesis of materials
based on tetrahedrite-tennantite and
chalcostibite (CuSbS2) for PV applications. In
this context, the main achievements of this
project can be summarized as follows:
EXCELLENT SCIENCE
Research performed in multiple scientific
domains with multiple application levels
comprising a multidisciplinary research team
that involved researchers and institutions
with proven record of achievements in the
field of materials science, geology, and
renewable energy.
INTEGRATION AND TRAINING OF YOUNG
RESEARCHERS
The amount allocated to this item
corresponded to the largest budget share
(around 65%).
LONG-TERM VISION
(a) Contribute to the development of
sustainable energy harvesting systems based
on low carbon energy technologies.
(b) Contribute to a more circular economy by
the recovery of raw materials from mining
waste, transforming an environmental
problem into an opportunity to recover
valuable resources.
(c) Exploitation of two Portuguese natural
resources, namely, mineral resources and
solar energy.
GEOLOGICAL SETTING: TETRAHEDRITETENNANTITE MINERAL RESOURCES IN
THE IBERIAN PYRITE BELT
Samples of tetrahedrite-tennantite (Cu12(TM)x(Sb,As)4S13) were collected from two
x
distinct settings in the IPB. At Neves Corvo, the
ore samples used in this study were collected
underground from one of the intersected
“dirty-copper” pockets of ore, while at the
Barrigão Mine surface samples were collected
from the widespread dumps.
The IPB is approximately 250 km long and 3050 km wide from Alcácer do Sal in Portugal
to Seville in Spain (Fig. 1) and is one of the
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
Website: http://localenergy.lneg.pt/
Consortium: Principal contractor - Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P. (LNEG);
Participating Institutions: Associação do Instituto Superior Técnico para a Investigação
e Desenvolvimento (IST-ID) and Associação para a Inovação e Desenvolvimento da
Faculdade de Ciências e Tecnologia (NOVA.ID-FCT);
Research units: Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN), Centro de Investigação
de Materiais/i3N (CENIMAT|i3N);
Consultant: Dr. Patrícia Carvalho, from SINTEF.
42
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
most outstanding ore provinces of Europe,
hosting one of the largest concentrations of
sulphides in the earth’s crust. The Neves-Corvo
polymetallic base metal mine is a world-class
volcanogenic massive sulphide (VMS) deposit
and the largest operating mine in Portugal.
Seven massive sulphide bodies and related
stockwork have been discovered to date,
totalling 300 Mt of sulphides. The deposits
are classified as VMS and typically occur as
lenses of polymetallic (Cu, Zn, Sn, Pb) massive
sulphides and stockworks that formed at
or near the seafloor in submarine volcanic
environments. The deposits are located near
the top of a dominantly volcanic sequence
of Late Devonian-Early Carboniferous age,
360-342Ma.
with the main fault systems present in the SE
sector of the South Portuguese Zone, striking
generally NE-SW and NWSE. Exploitation of
these veins took place mainly in the second
part of the XIX century, sometimes down to a
depth of 100 m.
Fig. 2 – Typical transmission electron microscopy
(HAADF-STEM) image and the corresponding
elementary maps images for MCS particles of mixtures
with 50% ore.
Fig. 1 – Simplified geological map of the Iberian Pyrite
Belt with the location of the main mineral deposits.
LOCALENERGY
Overlying the mineralisation there is a
repetition of volcanic-sedimentary and flysch
units, approximately 350 m thick. The whole
assemblage has been folded into a gentle
anticline orientated northwest-southeast,
which plunges to the southeast, resulting
in orebodies distributed on both limbs of
the fold. All the deposits have been affected
by both sub-vertical and low angle thrust
faults, which has resulted in repetition and
thickening of the massive sulphides, in some
areas up to 30 m thick.
The Barrigão copper mine, also within the IPB,
is in southern Portugal, about 10 km southeast
from Neves Corvo (Fig. 1). Structurally, the
mine consists of two converging metric thick
vein structures, extending approximately
1800 m along strike. Several mine shafts
were sunk down to a depth of 45m. The
Barrigão copper ore is represented by fault
breccias composed of chalcopyrite, minor
tennantite, pyrite relics and arsenopyrite
in a matrix of quartz and carbonates. Host
rocks are Visean shales and greywackes of
the Baixo Alentejo Flysch Group. The age of
the Barrigão mineralised structure and other
similar copper structures present in the region
(e.g., Brancanes, Ferrarias/Cova dos Mouros
etc.) is considered late- Variscan and/or eoAlpine. These structures are intimately related
VALORISATION
OF
NATURAL
RESOURCES:
INCORPORATION
OF
NATURAL MINERAL TETRAHEDRITES
FOR THERMOELECTRIC APPLICATIONS
BY COMBINING MECHANOCHEMICAL
SYNTHESIS AND HOT PRESSING
TE devices can directly convert heat into
usable electricity, with tetrahedrite being
considered a cheap and non-toxic TE
material with good potential for applications.
Mechanochemical synthesis (MCS) in a
planetary mill was used to produce synthetic
tetrahedrite powders from the elements Cu,
Sb and S. Although the nominal composition,
Cu12Sb4S13, of tetrahedrite was used, minority
phases identified as famatinite and skinnerite
were detected with X-ray diffraction. The
MCS of mixtures of synthetic and IPB ore
tetrahedrite (in percentages from 10% to
80%), in a second milling, was carried out
under conditions identical to those used
for the initial milling. With the MCS process
there was a complete dissolution of the
synthetic tetrahedrite constituents with the
main constituents of the ore, giving rise to
the formation of a solid solution that can be
generically expressed as (Cu,Fe)12(Sb,As)4S13.
Chemical mapping (Fig. 2) revealed that the
main elements were evenly distributed across
all analysed particles, with the exception of
Fe, which has a stronger signal in some areas,
probably associated with pyrite. Considering
the initial constitution of the materials,
the uniform distribution of Cu, Sb and As is
extremely relevant. A single sulphide phase,
identified as tetrahedrite-tennantite-(Fe), was
obtained with the mixtures containing ore
from the tailings of the Barrigão mine.
43
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
OPTOELECTRONIC PROPERTIES OF
AMORPHOUS
COPPER-ARSENICSULPHIDE THIN-FILMS DEPOSITED VIA RF
CO-SPUTTERING FOR PHOTOVOLTAICS
(a)
(b)
(c)
Fig. 3 – (a) Hot-pressing machine; (b) final pellet (10 mm
diameter x 1 mm thickness); (c) Typical backscattered
electron images: combination of 50% synthetic and
natural mineral from the Barrigão mine.
Hot-pressing was used to produce pellets
from the MCS powders (Fig. 3). The
densification achieved was the desired for
the intent application and without any phase
decomposition (Fig. 3). For the TE properties,
an in-house build system was employed for
measuring the Seebeck (S) and electrical
resistivity (ρ) from 30 to 300 K, which allowed
the calculation of the power factor (PF =
S2/ρ) at room temperature. The obtained
results demonstrateρd the feasibility of using
tetrahedrite-tennantite ore from the IPB for
processing tetrahedrite-based TE materials
by combing MCS and hot-pressing.
Clean, decarbonized energy is crucial for the
sustainability of the modern world. Therefore,
it is needed a continuous, consistent effort in
the employment of innovative technologies
and materials that enable low or no carbon
emissions. PV technologies represent a strong
contender in reaching these goals, as they
virtually have no carbon footprint stemming
from energy generation. The possibility
of depositing copper arsenic sulphide
(CAS) compounds via radio frequency
magnetron sputtering and of modifying
their optoelectronic properties by tuning
the stoichiometry makes them a promising
candidate for application in thin-film PV
technologies. In the scope of the LocalEnergy
project, the 2-inch targets used for the
sputtering deposition of As/S were obtained
from the ore collected in the Barrigão mine
and, subsequently, milled into a fine powder
and pressed. In this work we studied the
properties of co-sputtered amorphous CAS
thin-films with thicknesses ranging from 90
nm to 300 nm, shown in Fig. 5. The sheet
resistance reached a minimum value of
260 Ω/q, with an element stoichiometry
of 4.9:1:2.6 (Cu:As:S), revealing a Cu-rich
phase. The films presented a wide bandgap
of ~2.2 eV and 65% optical absorbance in
the wavelength range of 300 to 600 nm. The
results attained here represent the proofof-concept for the deposition of CAS-based
thin-film absorber materials with extremely
tunable optoelectronic properties, evidencing
the high potential for application in low-cost
thin-film flexible solar cells.
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
Fig. 4 – (a) Illustration of the radio-frequency
co-sputtering setup, showing a 2-inch As/S target
and a 3-inch commercial copper target and (b) two
thin-films deposited on 20x10 cm glass substrates
– the deposition conditions were identical, with the
exception of the power applied to the copper target –
50 W (CS50) and 100 W (CS100).
44
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
Acknowledgments: This work is funded by
national funds through the FCT – Fundação
para a Ciência e a Tecnologia, I.P., under
the project PTDC/EAM-PEC/29905/2017.
The “Direção Geral de Energia e Geologia”
participates as an “External Advisor” in
LocalEnergy project. We are grateful to
Somincor-Sociedade Mineira de Neves Corvo
SA for supporting and providing samples.
F. Neves , J.B. Correia , L. Esperto , J. Mascarenhas , I.
Figueira1, D. de Oliveira2,3, R. Salgueiro2, T.P. Silva2, B.
Santos4, E.B. Lopes4, A.P. Gonçalves4, P. Centeno5, E.
Fortunato5, R. Martins5, H. Águas5, M. J. Mendes5
1
1
1
1
1
LNEG, Laboratório Nacional de Energia e Geologia,
Estrada do Paço do Lumiar, 22, 1649-038 Lisboa,
Portugal; luis.esperto@lneg.pt (L.E.); isabel.figueira@
lneg.pt (I.F.); joao.mascarenhas@lneg.pt (J.M.); brito.
correia@lneg.pt (J.B.C); filipe.neves@lneg.pt (F.N.)
LOCALENERGY
2
LNEG, Laboratório Nacional de Energia e Geologia,
Estrada da Portela, Bairro do Zambujal – Alfragide,
Apartado 7586, 2610-999 Amadora, Portugal; rute.
salgueiro@lnet.pt (R.S.); teresa.pena@lneg.pt (T.P.S.);
daniel.oliveira@lneg.pt (D.O.)
Mineral Resources Expert Group, EuroGeoSurveys,
Rue Joseph II, 36-38, Box 7, 1000 Brussels, Belgium.
3
4
C2TN - Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares,
Departamento de Engenharia e Ciências Nucleares,
Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa,
Estrada Nacional 10, 2695-066 Bobadela LRS, Portugal;
beatriz.santos@ctn.tecnico.ulisboa.pt (B.S.); eblopes@
ctn.tecnico.ulisboa.pt
(E.B.L.);
apg@ctn.tecnico.
ulisboa.pt (A.P.G)
CENIMAT/I3N, Departamento de Ciência dos
Materiais, Faculdade de Ciências e Tecnologia, FCT,
Universidade Nova de Lisboa, e CEMOP/UNINOVA,
2829-516 Caparica, Portugal; p.centeno@campus.fct.
unl.pt (P.C.); hma@fct.unl.pt (H.A.); mj.mendes@fct.unl.
pt (M.J.M.)
5
45
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
PARA REAJUSTE ACESSÍVEL DE
EDIFÍCIOS DOMÉSTICOS
Os edifícios representam cerca de 40% do consumo de energia da UE e 36% das emissões
totais de CO2 , principalmente devido ao aquecimento e ao arrefecimento para manter
condições interiores confortáveis. Em 2012, o consumo de energia para aquecimento de
espaços residenciais na UE foi de 200 Mtoe. A UE está empenhada em satisfazer 20% de toda a
procura de energia através da utilização de fontes de energia renováveis até 2020, estando já
em curso um novo objetivo de 100% até 2050. A utilização racional da energia e a integração
das tecnologias de energia renovável podem reduzir substancialmente a procura de energia
convencional em edifícios novos e existentes e ajudar a UE a cumprir os objetivos em vigor das
alterações climáticas no âmbito do Acordo de Paris de 2015.
TECNOLOGIAS
INSTALAÇÃO
O SUREFIT abordará tecnologias que
incluem painéis de (bio)aerogel e sua
integração com materiais de mudança de
fase (PCM), janelas fotovoltaicas (PV) de
vidros a vácuo, dispositivos de recuperação
de calor de telhado e janelas, bombas de
calor assistidas solares (SAHP) e bombas
de calor de fonte de geotérmica (GSHP),
refrigeradores evaporativos, coletores
solares térmicos com sistemas fotovoltaicos
integrados e dispositivos de iluminação.
As
soluções
pré-fabricadas
serão
consideradas para uma rápida reabilitação
com a mínima perturbação para os
ocupantes, garantindo elevados níveis
de conforto dos ocupantes/qualidade
ambiental interior, bem como baixo risco de
problemas relacionados com a humidade/
sobreaquecimento de verão.
REABILITAÇÃO ENERGÉTICA
As tecnologias estão sendo fabricadas
pelos parceiros industriais do consórcio do
projeto e serão demonstradas em contexto
real em cinco edifícios existentes, em três
diferentes climas europeus (Mediterrâneo,
Atlântico e Norte) para garantir a sua
excelência em funcionamento (Portugal,
Reino Unido, Grécia, Espanha e Finlândia).
OBJETIVOS
• Renovação rápida de edifícios domésticos
• Tecnologias pré-fabricadas
• Foco em edifícios de energia quase de zero
•Aumento da participação de energias
renováveis nos edifícios
•Tecnologias
inovadoras
envolvendo
sistemas de aquecimento e arrefecimento,
águas quentes sanitárias, iluminação, e
geração de energia
• Sistemas de controlo inteligente
•Demonstração em 5 edifícios em diferentes
zonas climáticas
• Desenvolvimento de guias e ferramentas
operacionais
• Modelos de negócio inovadores
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
CONCEITO
46
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
TECNOLOGIAS SUREFIT
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA REAJUSTE ACESSÍVEL DE
EDIFÍCIOS DOMÉSTICOS
Tubo de luz - Recuperação de calor através da janela - Refrigerador evaporativo
Dispositivo de recuperação de calor - Isolamento do sótão - Isolamento reforçado (Aerogel +
PCM)
Bomba de calor para aquecimento do piso + água quente - GSHP - SAHP
Coletor solar + PV - Envidraçados a vácuo fotovoltaicos
Com base em modelos de simulação, as tecnologias Surefit a serem aplicadas em cada local de
demonstração foram identificadas, com vista a satisfazer os requisitos para a energia primária,
emissões de CO2 e períodos de retorno reduzidos.
CASOS DE DEMONSTRAÇÃO
Locais de demonstração em 5 edifícios representativos em diferentes zonas climáticas
europeias
47
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
CASA SOCIAL EM MAFRA, PORTUGAL
Tecnologias para reabilitação energética:
•Envidraçados a vácuo fotovoltaicos
•Recuperação de calor através da janela
•Bomba de calor de assistida por sistemas solares,
fornecendo aquecimento de águas e ambiente
•Venezianas para aproveitamento da luz do dia
•Sistemas de controlo inteligente
Impactos baseados em modelos de simulação:
•Redução de CO2: 75% - 84% *
•Redução de energia primária: 74% e 83% *
* Variações dependendo da adição de isolamento
APARTAMENTO EM PERISTERI, GRÉCIA
Impactos baseados em modelos de simulação:
•Redução de CO2: 62%
•Redução de energia primária: 62%
CASA GEMINADA EM NOTTINGHAM, REINO UNIDO
Tecnologias para reabilitação energética:
•Painel de isolamento com bio aerogel
•Envidraçados a vácuo fotovoltaicos
•Refrigeradores evaporativos
•Recuperação de calor através da janela
•Bomba de calor de assistida por sistemas solares,
fornecendo aquecimento de águas e ambiente
•Bomba de calor de geotérmica
•Sistemas de controlo inteligente
Impactos baseados em modelos de simulação:
•Redução de CO2: 67%
•Redução de energia primária: 62%
CASAS DE MOINHO EM VALLADOLID, ESPANHA
Tecnologias para reabilitação energética:
•PV-T
•Envidraçados a vácuo fotovoltaicos
•Membrana respirável
•Painel PCM
•Recuperação de calor através da janela
•Venezianas para aproveitamento da luz do dia
•Painéis prefabricados para isolamento térmico
•Sistemas de controlo inteligente
Impactos baseados em modelos de simulação:
•Redução de CO2: 46% - 61% *
•Redução de energia primária: 45% - 60% *
* Variações dependendo do dimensionamento final
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
Tecnologias para reabilitação energética:
•PV-T (coletores solares térmicos + painéis fotovoltaicos)
•Envidraçados a vácuo fotovoltaicos
•Membrana respirável
•Painéis prefabricados para isolamento térmico
•Sistemas de controlo inteligente
48
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
CASA PRÉ-FABRICADA, FINLÂNDIA
Tecnologias para reabilitação energética:
•Painéis prefabricados para isolamento térmico
•Barreira de vapor de ar
•Sistemas fotovoltaicos
•Módulos prefabricados para condutas e tubos
•Isolamento do sistema de tubagem
•Unidade de ventilação centralizada
•Isolamento de varanda e telhado
•Módulo prefabricado de ventilação
•Bomba de calor geotérmica
•Controlos inteligentes
Impactos baseados em modelos de simulação:
•Redução de CO2: 68%
•Redução de energia primária: 45%
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA REAJUSTE ACESSÍVEL DE
EDIFÍCIOS DOMÉSTICOS
PARCEIROS
Projeto de Investigação financiado pelo programa de investigação e inovação
Horizonte 2020 da União Europeia, ao abrigo do Acordo de Subvenção nº
894511.
49
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
O FABRICO ADITIVO DE
MATERIAIS METÁLICOS
J. M. COSTA1,2, A. NOGUEIRA3, E. W. SEQUEIROS1,2, M. F. VIEIRA1,2
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (DEMM), Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) | www.fe.up.pt/demm
Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), Laboratório Associado em Energia, Transportes e Aeronáutica
(LAETA) | www.inegi.up.pt
3
Hypermetal SA | www.hypermetal.eu
1
2
O fabrico aditivo (AM), habitualmente intitulado como impressão 3D, é uma tecnologia
emergente e uma das mais disruptivas da atualidade. O AM permite ter novas abordagens
e conceitos na indústria em geral, abrindo uma vasta gama de novas possibilidades. A
liberdade de forma e design infere na redução generalizada do peso de componentes, e tem
implicação direta na quantidade de matérias-primas utilizada no fabrico dos mesmos (no
limite, apenas usa no processo aquilo que necessita para fabricar o componente), sendo que
permite a produção de peças complexas de forma flexível, personalização para produção em
massa e melhoria de processos. O AM apresenta ainda a sustentabilidade como premissa,
tendo o potencial de diminuir consideravelmente os custos logísticos associado a transporte
e armazenamento, visa o aumento da produtividade consciente e verde, aumentando a
competitividade e maximizando o lucro.
Existem várias tecnologias para fabrico de componentes metálicos sendo a de fusão de cama
de pó (Powder Bed Fusion - PBF) via laser, a tecnologia de eleição, mais utilizada quer a nível
industrial, quer a nível académico, usando um feixe de laser para sinterizar o pó metálico
utilizado no processo. No entanto, tecnologias como a fabricação por filamento fundido
(Fused Filament Fabrication - FFF), deveras conhecida dos materiais poliméricos, têm vindo a
afirmar-se como alternativa relevante, apresentando como vantagens o menor investimento
inicial e global, parametrização fácil e continua dos equipamentos e processo de fabrico, assim
como a flexibilidade de produção. Estas tecnologias mais relevantes e as suas aplicações serão
abordadas neste estudo.
PALAVRAS-CHAVE
Fabrico Aditivo, Additive Manufacturing (AM); Fusão de Cama de Pó, Powder Bed Fusion
(PBF); Extrusão de Material, Material Extrusion (MEX); Fabricação por Filamento Fundido,
Fused Filament Fabrication (FFF), Filamentos de Materiais Metálicos.
O FABRICO ADITIVO (AM)
O AM, comummente denominada por
“impressão em 3D”, é um processo
disruptivo e que para entender a sua
real pertinência é necessário estudar e
compreender os fenómenos que ocorrem
ao nível microestrutural. As primeiras
aplicações de AM foram em prototipagem,
e o potencial como método de produção
foi rapidamente percebido. Esta tecnologia
permite a produção de protótipos na
fase de desenvolvimento, e também de
ferramentas e produto final para clientes,
componentes
estes
completamente
personalizados, que podem assumir
formas complexas e com uma liberdade
quase total de desenho. É uma tecnologia
que permite aos utilizadores finais,
conceber, criar, desenvolver e fabricar
componentes, usando formas e estruturas
complexas como as que encontramos na
natureza, exógenas e endógenas, e de
forma dissimilar, quando comparando com
os processos tradicionais (conformais e
subtrativos).
A American Society for Testing and Materials
(ASTM, F2792 − 12a) define o AM como
um processo de união de materiais,
normalmente camada-a-camada, que
através de modelos 3D de CAD permite
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
RESUMO
50
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
fabricar componentes. São processos que
incluem e utilizam tecnologia de ponta e
processos digitais, ao nível de hardware,
software e processos, sendo reconhecidos
e referenciados como uma das tecnologias
de referência para o futuro da indústria.
Este novo paradigma industrial advém
do incremento da eficiência e da
produtividade, assegurando também um
incremento significativo em relação à
economia circular.
Tornando o AM como parte integrante
do desenvolvimento de produto, este
permite a conceção e desenvolvimento
de componentes de fabrico com
formas complexas e peças integradas
perfeitamente adaptadas à sua função,
com liberdade de forma e design, e redução
generalizada do peso. Estas caraterísticas
tem uma implicação direta na quantidade
de matérias-primas utilizada no fabrico
dos mesmos, podendo ainda alavancar a
utilização de materiais mais nobres. Para
que o potencial do AM se evidencie, é
necessário ter enfoque sobre os materiais
– sejam eles metálicos, cerâmicos,
poliméricos ou compósitos – e assegurar
a correta ligação entre materiais base,
independentemente da fonte de energia
usada para a deposição do mesmo, assim
como a correta utilização da tecnologia
escolhida.
A ISO/ASTM definiu as tecnologias de AM
de acordo com a tabela 1.
O FABRICO ADITIVO DE MATERIAIS METÁLICOS
Tabela 1: Classes, processos de fabrico e materiais disponíveis em AM. Adaptado da norma ISO/ASTM52921–13
(2019).
CLASSES
PROCESSOS DE FABRICO
(terminologia em inglês)
MATERIAIS
Extrusão de Material (MEX)
Material Extrusion
Fused Deposition Modeling (FDM)
Fused Filament Fabrication (FFF)
Polímeros, compósitos, cerâmicos
e metais
Selective Laser Sintering (SLS)
Poliamidas e polímeros
Fusão em Cama de Pós (PBF)
Powder Bed Fusion
Direct Metal Laser Sintering (DLMS)
Selective Laser Melting (SLM)
Electron Beem Melting (EBM)
Pós metálicos e cerâmicos
Fotopolimerização em Cuba
Vat Photopolymerization
Stereolithography (SLA)
Polímeros, compósitos e cerâmicos
Jato de Material (MJT)
Material Jetting
Polyjet (Inkjet Printing)
Polímeros, compósitos e metais
Jato de Ligantes (BJT)
Binder Jetting
Indirect Inkjet Printing (Binder 3DP)
Polímeros, compósitos, cerâmicos
e metais
Laminação de Folha
Sheet Lamination
Laminated Object Manufacturing (LOM)
Chapa metálica, filmes poliméricos,
cerâmicos e papel
Deposição Direcionada de Energia (DED)
Direct Energy Deposition
Laser Engineered Net Shaping (LENS)
Electron Beam Welding (EBW)
Pós metálicos e compósitos de base
metálico-cerâmica
Dois dos processos mais comummente
usados em AM para materiais metálicos,
na indústria e na academia, são o MEX
(Extrusão de material) e PBF.
O MEX é um processo que ocorre no
estado sólido, onde se podem encontrar
diferentes processos, nomeadamente
FDM e FFF. Neste processo usa-se como
material base um filamento com diâmetro
constante e adequado ao processo de
AM, constituído por pó metálico (de
granulometria normalmente inferior a 15
micrómetros), misturado com diferentes
materiais poliméricos, ligantes e ceras,
que irão permitir o processo controlado
de extrusão, através da plasticização do
filamento, em quantidades adequadas e
localizações pré-definidas e requeridas para
a construção de um qualquer componente.
Comummente associado à prototipagem
rápida, o desenvolvimento tecnológico
associado à disseminação da tecnologia
no mercado permite que o processo possa
ser usado em peças de caráter industrial. O
processo apresenta algumas desvantagens
sendo de realçar a menor densidade, as
dificuldades dos processos de sinterização,
e a inerente contração da peça entre o
estado verde e sinterizado. No entanto,
quando comparado com outros processos,
e se tal não se apresentar como um fator
eliminatório no desempenho de funções, os
componentes fabricados em MEX podem
ser bastante interessantes, essencialmente
pelo baixo custo, inerente ao processo, e por
permitir desempenhos mecânicos bastante
interessantes, conforme apresentado
no artigo Additive Manufacturing:
Material Extrusion of Metallic Parts (DOI:
10.24840/2183-6493_007.003_0005).
Nos processos em estado sólido, e de modo
semelhante aos processos de powder
injection molding (PIM), a produção e a
consolidação ocorrem em diferentes fases.
51
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
a
c
b
Figura 1: Equipamento de MEX para materiais
metálicos da Markforged. a) Metal X, b) estação
de lavagem, c) Forno de debinding e Sinterização
(equipamento da NORCAM instalado no DEMM/FEUP
no âmbito de um protocolo de colaboração).
Relativamente
aos
processos
e
equipamentos de PBF (Figura 2), tem
vindo a afirmar-se como uma tecnologia
sólida com aplicações inovadoras e muito
revelantes quer para a academia, quer para
a indústria, possibilitando a obtenção de
componentes com características técnicas
interessantes e similares aos processos
tradicionais subtrativos e de conformação.
O enfoque desta tecnologia é a capacidade
de produzir componentes impossíveis de
fabricar por outros métodos, com realce
nas geometrias complexas e usando
estruturas que permitem reduzir peso
mantendo desempenho mecânico, com
total liberdade de forma e customizados à
função. Sendo facilmente aplicável tanto a
prototipagem como a aplicações finais, esta
é uma tecnologia que implica um grande
investimento inicial, nomeadamente a
nível financeiro, e necessita de recursos
humanos qualificados e detentores de
conhecimentos técnicos específicos e de
valor acrescentado. A estratégia da maior
parte das empresas industriais é recorrer à
prestação de serviços, em vez de adquirir a
tecnologia.
Figura 2: Equipamentos de LPBF, da Renishaw, da
empresa Hypermetal.
Comparando o PBF com o MEX, a densidade
obtida em componentes fabricados por MEX
anda na ordem dos 92 a 95%, o que é uma
das grandes desvantagens deste processo,
comparativamente com processos de
feixe de laser ou eletrões, onde é possível
obter densidades acima dos 99,9%. Para
melhorar a densidade dos componentes
em MEX, uma das alternativas é o aumento
da quantidade de material extrudido, o que
resulta numa qualidade superficial inferior
e no aumento do tempo de processo;
no entanto, existem técnicas como o hot
isostatic pressing (HIP) que ao ser aplicado
após a sinterização permite o aumento
da densidade final dos componentes. Os
processos de debinding e sinterização são
também desvantagens ao comparar com
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
Primeiramente ocorre o processo de fabrico
de componente em que um equipamento
de AM (Figura 1a) procede à construção
camada-a-camada baseado no ficheiro
de CAD 3D, originando componentes em
verde (green). Para obter componentes
100% metálicos e consolidados, aplicam-se
subsequentemente dois processos, sendo
que o primeiro é o de remoção de ligantes
(debinding), dando origem a componentes
em castanho (brown), seguido por uma
sinterização (sinter), onde se obtém os
componentes finais. Os componentes em
verde têm uma composição próxima do
filamento, embora com alguma degradação
do polímero devido às temperaturas
inerentes ao processo, e onde não há
qualquer ligação física entre as diferentes
partículas de pó, pois a baixa temperatura
de processo não permite a fusão e
união entre estas. Nos componentes em
castanho, é expectável ter sido removida
a quase totalidade de todos os materiais
poliméricos, ligantes e ceras, para o que
podem ser usados processos catalíticos,
ou térmicos. Neste último caso, por vezes
usam-se solventes numa primeira etapa
para facilitar a remoção de ceras e ligantes
(Figura 1b), o que facilita os processos
térmicos. No final do processo de debinding
obtém-se componentes frágeis devido
à baixa coalescência e ligação entre as
partículas de pó, e pela inexistência quase
total de materiais poliméricos. Idealmente,
o equipamento que faz o debinding faz
a sinterização (Figura 1c), para evitar o
manuseamento de componentes. Por sua
vez, o objetivo da sinterização é promover
a consolidação final da peça e dar aos
componentes as propriedades físicas e
mecânicas desejadas, incluindo a forma e
dimensões finais, visto que no MEX existe
uma contração do componente entre a
peça em verde e a peça sinterizada na
ordem dos 20% (idêntica em XYZ). Os ciclos
térmicos usados na sinterização devem
ser adequados ao material metálico base,
e permitirão a ligação entre as partículas
de pó por difusão atómica, sendo este
mecanismo facilitado pelas elevadas
temperaturas associadas ao processo e por
uma atmosfera com baixo teor de oxigénio.
52
O FABRICO ADITIVO DE MATERIAIS METÁLICOS
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
o PBF, que no final do processo de fabrico
permite ter componentes metálicos com
a forma e tamanho desejado, embora
existam fenómenos de distorção e empeno
devido ao processo de feixe de laser. Em
ambos os processos é usual ter suportes
de construção para permitir o fabrico em
Z, e ter apoio a zonas que nas camadas
anteriores de construção não tenham
material suficiente para permitir a deposição
desejada. Os suportes apresentam ainda
uma função de escoamento de calor no
PBF, e de suporte durante o debinding e
sinterização, sendo que no MEX existe
a possibilidade de colocar um outro
material, normalmente cerâmico, para
facilitar a remoção dos suportes. Qualquer
processo de AM tem como características a
anisotropia em Z, decorrente do processo
de construção camada-a-camada, e o fraco
acabamento superficial sendo visível um
efeito tipo escadas, especialmente em
zonas inclinadas e curvas. Estes dois efeitos
são mais visíveis nos MEX, comparando
com o PBF, devido essencialmente ao
processo de deposição de material que
torna mais visíveis as camadas. Para
melhorar o acabamento superficial é
necessário aplicar pós-processamentos que
podem ser eletroquímicos ou mecânicos,
que normalmente permitem obter níveis
de acabamento de elevado detalhe.
O MEX, no entanto, além da simplicidade de
processo, tem como principal característica
o menor custo de equipamento e de
processo de fabrico, manifestamente
inferior ao PBF. As condições de utilização
(temperatura, atmosfera, necessidade
de supervisão) são manifestamente mais
simples que no PBF.
Independentemente do processo utilizado,
o AM permite fabricar quase todas as
formas e tipo de componentes, sendo
que a complexidade não acresce custo
ao valor final do mesmo, o que permite
reavaliar a forma como se desenha e
desenvolve
componentes,
trazendo
liberdade de forma (alguns exemplos
são apresentados na Figura 3). Quando
aliado a técnicas como o design for AM
(DfAM), o AM permite a combinação de
formas, tamanhos, geometrias reticulares
e mesoestruturas, o que permite obter
componentes de design integrado e
eficiente. As peças assim produzidas
evitam processos subsequentes, como por
exemplo operações de montagem, são
personalizáveis de acordo com a função e/
ou requisitos do cliente, com redução de
peso e elevado desempenho mecânico,
comparando com processos de fabrico
tradicionais. Os processos de AM são
bastante eficientes quando se pensa na
cadeia produtiva de montante a jusante,
tornando a cadeia logística mais flexível
e ajustada a necessidades especificas,
evitando custos de transporte e de
armazenamento, além de que permitem
uma reutilização de matérias-primas na
generalidade dos casos. No entanto, ainda
existem limitações na quantidade de
produção (limitada pelos equipamentos de
AM), nos processos de pós-processamento,
uma vez que necessitam de operações de
acabamento, e o custo por componente
é normalmente mais elevado. Sobre os
custos, é necessário avaliar caso-a-caso,
pois existem cenários em que é o uso de
AM é vantajoso.
a
b
Figura 3: Componentes fabricados em MEX; a)
após processos de debinding e sinterização, b)
componentes sinterizados.
O DFAM E O INFINDÁVEL MUNDO DE
POSSIBILIDADES E APLICAÇÕES COM O
AM
O AM de metais permite, conforme referido
anteriormente, fabricar qualquer tipo de
componente, e o DfAM permite revelar e
alavancar todo o potencial do AM (Figura
4), e fabricar componentes replicando,
por exemplo, elementos que encontramos
na natureza, de forma simples e quase
natural, o que dificilmente algum processo
de subtração ou conformação permitiria.
Isto possibilita, de uma forma simples,
eficiente e eficaz, escolher materiais mais
nobres para uma função, aumentando
o
comportamento
mecânico
dos
componentes em trabalho, o que em
53
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
a
b
Figura 4: Planetário fabricado por MEX, usando DfAM
(a), com detalhe das estruturas utilizadas (b).
O DfAM permite ao AM realmente tornar-se
uma tecnologia efetiva, com características
próprias e onde se descobre a sua
pertinência. Até aqui, para se obter uma
determinada forma, os processos de fabrico
de componentes metálicos, tal como na
generalidade dos materiais, tem sido com
base em processos de fabrico subtrativos,
onde retiramos material, e replicativos,
em que se usa um molde ou uma matriz,
para copiar a geometria pretendida por
processos de fundição ou de conformação
plástica. Sendo o AM disruptivo na
forma como aborda a construção de
componentes, o DfAM visa desenvolver
componentes, seja a partir de componentes
já existentes e usados em processos
de fabrico tradicionais, ou desenvolver
totalmente um componente de raiz, para
uma determinada função. Estando a função
completamente adequada ao desempenho
do componente, deverá ser estudado
quais as zonas que requerem material,
e onde a sua presença é supérfluo, não
melhorando as propriedades mecânicas
dos
componentes.
Nos
processos
tradicionais, por norma tal não acontece,
pois, a sua remoção tem custos diretos no
preço final do componente, quer pelo custo
de o retirar, quer pelo custo de sucatar o
material retirado. No entanto, sendo o AM
um processo camada-a-camada, seletivo
na zona onde se coloca material, facilmente
se pode fabricar componentes com zonas
sem material, com diversos benefícios
ao nível de custos (processo e materiais),
permitindo alavancar de sobremaneira o
potencial desta tecnologia.
As parcerias, entre o mundo académico
e a indústria são pertinentes para o
desenvolvimento tecnológico e inovação, e
no AM não são exceção. O Departamento
de Engenharia Metalúrgica e de Materiais
(DEMM), da Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto (FEUP), e em
conjunto com o Instituto de Ciência e
Inovação em Engenharia Mecânica e
Engenharia Industrial (INEGI), têm vindo
a desenvolver uma estratégia conjunta
com Hypermetal, situada em Vila Nova de
Gaia, que se tem vindo a especializar e a
aumentar a sua capacidade instalada e os
seus quadros técnicos, em AM em materiais
metálicos. A Hypermetal tem apoiado e
prestados serviços em diversas iniciativas
académicas e de investigação sendo neste
momento um parceiro essencial.
A parceria com a Hypermetal tem sido
benéfica e de ganhos mútuos, envolvendo
diferentes cenários, onde, por exemplo,
estudantes do Mestrado em Engenharia de
Materiais (M.EMAT) da FEUP, a frequentar
as unidades curriculares de “Fabrico
Aditivo e Pulverometalurgia” e de “Projeto”,
otimizaram objetos do nosso dia-a-dia para
AM: um puxador de porta, um agrafador e
uma pedaleira de uma bicicleta conforme
Figura 5.
Figura 5: Componentes desenvolvidos por
estudantes do M.EMAT (FEUP), no âmbito das
unidades curriculares de FAP e Projeto .
Com o AM aliado ao DfAM, consegue-se
criar e desenvolver componentes com
formas especificas, normalmente apelativas
em termos de design, com reduções
significativas de peso, mantendo, e por vezes
melhorando, características e desempenhos
mecânicos. É também possível replicar
estruturas tendencialmente observadas na
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
processos tradicionais não seria exequível
devido ao custo associado, além de permitir
poupanças significativas em desperdício de
matérias-primas.
54
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
O FABRICO ADITIVO DE MATERIAIS METÁLICOS
natureza, como as estruturas reticulares e
mesoestruturas, comummente vistas na
natureza. Sendo os softwares de modelação
3D comuns atualmente, estes começam
a disponibilizar módulos específicos de
design generativo, como por exemplo
o Autodesk™ Fusion 360, existindo ainda
softwares específicos, como o nTopology™,
que permitem otimizar componentes,
introduzir estruturas para reduzir peso
dos componentes, simulando quer as
alterações introduzidas nos componentes,
como o próprio processo de AM. Assim, e
resumindo, o AM, coadjuvado pelo DfAM,
tem como premissa conceitos como a
sustentabilidade e economia circular, tendo
o potencial de diminuir consideravelmente
os custos logísticos associado a transporte
e armazenamento, tendo como enfoque
o aumento da produtividade consciente e
verde, ao mesmo tempo que se obtém um
aumento de competitividade, que com a
diminuição de custos de matérias-primas,
que facilmente consegue ascender aos 30%
do custo total de um qualquer produto,
alavanca a maximização de lucros.
O FUTURO
O AM terá uma projeção cada vez maior
no mercado industrial e com a utilização
crescente tenderá a tornar-se mais acessível,
menos oneroso, e simplificado, como
acontece em quase todas as tecnologias
state-of-the-art. Na ideia dos mais idealistas,
o AM será uma tecnologia completamente
autónoma, evitando a atual dependência
de processos tradicionais, para obter,
por exemplo, o acabamento desejado. A
indústria poderá utilizar as vantagens do
AM em conjunto com outros processos,
sejam eles subtrativos ou replicativos, para
fazer melhores produtos, mais adequados
à função, com melhores desempenhos
e características, para prestar melhores
serviços,
desenvolver,
capacitar
e
capitalizar recursos, ao mesmo tempo
que rentabilizará materiais e processos, de
forma mais eficiente e eficaz, para todos
termos um futuro mais sustentável e
melhor.
55
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
DESENVOLVIMENTO DE
COMPOSTOS EXPANSÍVEIS PARA
A INDÚSTRIA DO CALÇADO
A necessidade de proteger os pés e melhorar a mobilidade levou o Homem das cavernas a criar
os primeiros modelos muito rudimentares de calçado, que ainda conhecemos atualmente,
versões essas produzidas com peles de animais. Muito tempo se passou desde essa época,
e a evolução do ser humano, e consequentemente do calçado, foi drástica. Atualmente, a
indústria do calçado é extremamente competitiva e procura investir em materiais de elevado
desempenho e fácil processamento, aliando a componente “moda” ao elevado conforto e a
requisitos funcionais, como sejam o baixo peso, ou a elevada durabilidade.
Na
atualidade,
os
termoplásticos
elastoméricos (TPEs) são considerados
os materiais mais adequados às solas do
calçado, pois apresentam propriedades
físicas, como a suavidade, flexibilidade
e durabilidade semelhanças às da
borracha
natural,
tradicionalmente
utilizada neste componente do calçado,
sendo que, contrariamente às borrachas
convencionais, apresentam a vantagem
de poderem ser processados como
termoplásticos, possibilitando o uso de
técnicas convencionais, como a moldação
por injeção, ou a extrusão.
As já referidas propriedades intrínsecas
dos TPEs podem ainda ser potenciadas
através da incorporação de aditivos. A
incorporação de agentes expansores
nos elastómeros permite a obtenção de
produtos espumados, e as vantagens desta
incorporação são a redução da quantidade
de material necessária, a redução do peso
do componente, bem como a redução do
empenamento, entre outras.
Os agentes expansores podem ser
divididos em duas grandes categorias:
agentes expansores químicos e agentes
expansores físicos. Os agentes expansores
químicos são substâncias que reagem por
decomposição térmica, acima de uma
determinada temperatura, libertando gases
que se difundem na matriz polimérica,
enquanto que os agentes de expansão
físicos consistem em gases inertes
encapsulados, que são inseridos na matriz
polimérica por meio de processos físicos,
e que potenciam a formação de estruturas
celulares (espumas) pela sua libertação no
fundido.
No mercado já se encontram vários agentes
expansores para aditivação de polímeros,
contudo, quando a incorporação destes
agentes é feita diretamente no processo
de moldação por injeção, os produtos
obtidos podem não apresentar a qualidade
pretendida, nomeadamente a distribuição
uniforme das estruturas celulares na
matriz. Uma forma de melhor controlar
a qualidade e propriedades finais dos
produtos expandidos passa pela utilização
de compostos previamente aditivados
com os agentes expansores, num processo
produtivo prévio de composição por
extrusão.
O PIEP, Pólo de Inovação em Engenharia
de Polímeros, e a Componit uniram-se
para o desenvolvimento de compostos
expansíveis de base de TPE, nomeadamente
TPU (Poliuretano Termoplástico) e SEBS
(Estireno-Etileno-Butileno-Estireno). Para
este efeito, desenvolveram-se formulações
poliméricas com a incorporação de
agentes expansores químicos e físicos,
nomeadamente
azodicabonamida
(AC) no caso do TPU e microesferas
termoexpansíveis no caso do SEBS. O foco
principal do projeto foi otimizar as condições
de processamento durante a composição
por extrusão para que, a incorporação dos
agentes expansores na matriz elastomérica
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
SÓNIA MIRANDA
Investigadora PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros
56
seja otimizada, evitando-se a ocorrência
dos mecanismos de expansão descrito
acima. Desta forma, os compostos de
elastómeros e agentes expansores obtidos
por composição podem posteriormente ser
processados no processo de moldação por
injeção, onde ocorrerá a expansão e serão
obtidos produtos com estruturas celulares
(espumas) com melhores propriedades.
Assim, no processamento por extrusão dos
compostos TPE aditivados com agentes
expansores, é de extrema importância a
correta seleção do agente expansor, visto
ser imprescindível a sua adequabilidade ao
perfil de temperaturas de processamento
da matriz polimérica. Nesse sentido, é
desejável que a configuração do cilindro e
do fuso, bem como o perfil de temperaturas
e rotação dos fusos projetados na extrusora
permita que a matriz polimérica funda
previamente à incorporação do agente
expansor, e seja também assegurada uma
boa dispersão do agente expansor na matriz
polimérica, garantindo paralelamente que
não ocorre expansão.
O PIEP otimizou a produção dos compostos
numa extrusora duplo-fuso co-rotativa e
testou a posterior expansão no processo de
moldação por injeção.
A
B
Figura 1: Solas produzidas com os compostos: A) TPU + AC; B) SEBS + microesferas
A análise dos produtos injetados evidenciou uma acentuada redução de massa volúmica,
tanto nos produtos injetados com compostos de SEBS, como nos de TPU.
1,17
1,2
1
0,8
0,69
0,6
0,4
0,2
0
TPU + AC (não
expandido)
TPU + AC (expandido)
Massa vólumica (g/cm3)
1,2
Massa vólumica (g/cm3)
DESENVOLVIMENTO DE COMPOSTOS EXPANSÍVEIS PARA A INDÚSTRIA DO CALÇADO
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
1
0,8
1,03
0,67
0,6
0,4
0,2
0
SEBS + microesferas SEBS + microesferas
(não expandido)
(expandido)
A confirmação destes resultados foi feita através de uma análise SEM (Microscopia Eletrónica
de Varrimento), onde se observou uma boa distribuição do agente expansor na matriz mesmo
antes da expansão do material. Em condições adequadas à expansão é claramente visível a
expansão que se refletiu nos valores de massa volúmica.
57
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
A
B
Figura 3: Micrografias do composto de base SEBS. A) SEBS + microesferas (não expandido); B) SEBS + microesferas
(expandido).
B
Figura 4: Micrografias do composto de base TPU. A) TPU + AC (não expandido); B) TPU + AC (expandido).
A análise feita ao longo deste projeto, permitiu solucionar o problema que em muitos casos
é uma grande dificuldade da indústria do calçado. Foi possível verificar a possibilidade
de produzir compostos durante o processamento de composição, onde os aditivos são
incorporados e homogeneizados na matriz termoplástica. Contudo, a desejada expansão
apenas ocorre em condições adequadas durante o processamento de moldação por injeção,
obtendo solas de calçado de boa qualidade, baixo peso e de custo mais reduzido.
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
A
58
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
AARM4.0
AÇOS DE ALTA RESISTÊNCIA NA
METALOMECÂNICA 4.0
O projeto AARM4.0 visa o desenvolvimento de técnicas de corte e soldadura
de aços de alta resistência e baixa liga (HSLA), de difícil processamento, mas
com vantagens ao nível da redução de custos e sustentabilidade. O consórcio
é liderado pela Martifer Construções Metalomecânicas, S.A., contando com a
colaboração da FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e com
a consultoria do INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica
e Engenharia Industrial. Com a realização do projeto, a Martifer pretende ser
pioneira na construção de estruturas soldadas de elevada dimensão utilizando
este tipo de aços.
As tecnologias estudadas (Figura 1) no
processamento de aços de alta resistência
e baixa liga com elevada espessura,
nomeadamente o aço S90QL com 30
e 60 mm de espessura, centram-se no
processo de corte térmico de oxicorte e
nas tecnologias de soldadura multipasse
138, 136, 121, 111, 121-2 (processo
manual) e 136 / 138 em célula de soldadura
robotizada.
O progresso tecnológico que a utilização
destes aços evidencia, dadas as suas
superiores
propriedades
mecânicas,
possui uma clara vantagem competitiva,
requerendo, porém, um esforço acrescido
na determinação dos requisitos de
qualidade e um controlo de parâmetros de
processo mais rigoroso.
AARM4.0
a)
Figura 1 – Ensaios experimentais executados no decorrer do projeto:
a) Otimização dos parâmetros do processo de Oxicorte;
b) Ensaio de Soldadura MAG com monitorização da temperatura.
b)
59
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
Deste modo, o projeto AARM4.0 assume
como objetivos específicos:
i) Desenvolvimento de soluções para a
aquisição de dados em ambiente industrial
e para a interligação em rede de ferramentas
para o registo de rastreabilidade da
soldadura via digital e de soluções de
retrofitting (soluções para implementação
de I4.0 no contexto MTC);
ii) Criação de modelos numéricos para
simulação preditiva do processo de
soldadura;
iii) Determinação de estratégias de corte,
soldadura e acabamento do material, tendo
em consideração as normas vigentes para o
processamento de aços HSLA;
iv) Desenvolvimento de estratégias de
gestão térmica no corte do aço S690QL
e na soldadura multipasse de coupons
deste material, nomeadamente ao nível da
temperatura de pré-aquecimento, controlo
das temperaturas de interpasse, entrega
térmica e taxa de arrefecimento.
Atualmente, no âmbito do projeto, foram
executadas as soldaduras de coupons
de aço S690QL correspondentes a 35
procedimentos distintos, compreendendo
diferentes processos, tipos de junta,
posições e combinações de espessuras, com
o intuito de estudar o pré-aquecimento e
os parâmetros de soldadura. As soldaduras
produzidas foram validadas recorrendo
a ensaios destrutivos e não destrutivos,
de modo a avaliar a qualidade das juntas
soldadas, nomeadamente: Inspeção Visual
(EN ISO 17637), Partículas Magnéticas
(EN ISO 17638), Ensaios por Ultrassons
(EN ISO 17640), Tração (EN ISO 68921:2019 B), Dobragem (EN ISO 5173:2010),
Impacto (EN ISO 9016) e Dureza (EN
ISO 9015-1:2011). Adicionalmente, em
alguns dos coupons, foram executados
testes de fadiga por flexão rotativa (ISO
1143:2021) e ensaios metalográficos por
microscopia ótica e microscopia eletrónica
de varrimento de alta resolução (SEM/EDS)
para caracterização das diferentes zonas:
material base, zona termicamente afetada
e cordão de soldadura (Figura 2).
a)
Figura 2 – Caracterização de uma junta soldada:
a) Registo macrográfico da soldadura;
b) Análise SEM da zona de fratura do provete de fadiga.
Designação do Projeto: AARM4.0 - Aços de Alta Resistência na Metalomecânica 4.0
Código do Projeto: POCI-01-0247-FEDER-068492
b)
DISSEMINAÇÃO DE PROJETOS I&DT
O Projeto de I&DT está dividido em
três atividades nucleares, sendo estas:
Investigação do conceito Indústria 4.0
no fabrico customizado de estruturas
soldadas de grande dimensão (A1), Estudo
do processamento de aços HSLA no corte
e soldadura de estruturas metálicas (A2) e
Análise da viabilidade técnica e preparação
de plano para implementação industrial
(A3).
60
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
DIVISÕES TÉCNICAS
As Divisões Técnicas são órgãos especializados, que congregam
os interessados em sectores específicos da Ciência e Tecnologia
de Materiais e áreas conexas e cuja atividade contribui para a
prossecução da missão e objetivos da SPM.
Representam importantes áreas do conhecimento e desenvolvimento em Ciência e Tecnologia
de Materiais, proporcionando aos membros ações no seio das várias comunidades profissionais
específicas, reuniões técnico-científicas e recursos, oportunidades de educação, de participação e
formação de redes e plataformas e divulgação nas respetivas áreas do conhecimento.
Corrosão e Proteção de Materiais, coordenada por Teresa
Diamantino (LNEG) e Zita Lourenço (Zetacorr), contempla
conhecimento e atividade no domínio da Corrosão e
Proteção de Materiais
Engenharia de Superfícies, coordenada por Albano
Cavaleiro (FCTUC) e Ricardo Alexandre (TEandM) agrega:
Eletroquímica de Materiais, Tratamentos Térmicos e
Engenharia de Superfícies, Tribologia e áreas afins
Materiais Estruturais, coordenada por Jorge Lino e
Manuel Vieira (ambos da FEUP): de âmbito muito vasto,
inclui Materiais Metálicos, Materiais Cerâmicos, Materiais
Compósitos e Fractura, entre outros
Materiais Funcionais, coordenada por Luís Pereira (FCT/
UNL), Maria Helena Fernandes (U Aveiro) e Maria Ascensão
Lopes (FEUP), abrange áreas de Nanotecnologias e
Biomateriais, Materiais para a Eletrónica, Optoeletrónica e
Dispositivos Médicos
61
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
Materiais para a Energia, coordenada por Luís Gil
(DGEG) e Carlos Nogueira (LNEG), agrega as áreas do
desenvolvimento de Materiais para as aplicações da
Energia, incluindo as questões da disponibilidade dos
Materiais e das Matérias Primas
Polímeros e Compósitos, coordenada por Jorge Coelho
(FCTUC), A. Torres Marques (FEUP), J. C. Bordado e A.
Correia Diogo (IST)
Tecnologia e Processamento de Materiais, tem como
principal objetivo contribuir para a dinamização da
investigação e disseminação em tecnologias de produção
de componentes mecânicos num enquadramento
de constante evolução dos materiais e consideração
pela sustentabilidade ambiental e social. A divisão é
atualmente coordenada por Abílio de Jesus (FEUP),
Hélder Puga (UM) e Pedro Rosa (IST)
DI
VUL
GA
ÇÃO
CO
MU
NI
CA
ÇÃO
Comunicação e Divulgação, criada em Julho de 2019,
pretende ser o veículo da SPM por excelência, através do
qual se dará mais voz à área de Materiais. Coordenada
por Paula Vilarinho (U Aveiro), conta com a colaboração
de Manuela Oliveira e Joana Sousa
Materiais e Património Cultural, criada na Assembleia
Geral da SPM de Dezembro de 2022, tendo como objetivo
ser um fórum dinâmico na promoção e divulgação do
conhecimento na área dos materiais do património
cultural. Através da dinamização de ações para o público
em geral e especializado, assim como para empresas que
operam no sector e instituições de ensino que oferecem
formação na área, seja através de palestras, workshops,
conferências, exposições ou notícias, pretende-se
incentivar novos estudos e uma melhor compreensão
do papel desempenhado pelos materiais no património
cultural. Coordenação: João Pedro Veiga e Márcia
Vilarigues
DIVISÕES TÉCNICAS
J-SPM, integra os sócios da SPM com menos de 35 anos
e tem como principal objetivo representar os pontos de
vista, as necessidades e expectativas dos sócios jovens
62
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
XX CONGRESSO DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MATERIAIS,
11TH INTERNATIONAL MATERIALS SYMPOSIUM,
MARINHA GRANDE, 10-13 DE ABRIL
NOTÍCIAS E EVENTOS
2ND IBERIAN CONGRESS ON MATERIALS SCIENCE AND TECHNOLOGY
ALGUNS NÚMEROS SOBRE O CONGRESSO:
9 oradores
+ de 200 participantes de + de 20 países
190 artigos submetidos
19 parceiros
A SPM agradece a toda a equipa organizadora
da CDRSP que está de parabéns pelo sucesso
que foi este MATERIAIS.
63
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
ABRIL
ABRIL
PRÉMIO SPM
VIII
CARREIRA E RECONHECIMENTO 2021
ENCONTRO
SENSIBILIZAÇÃO
DIA
PARA
MUNDIAL
A
DA
CORROSÃO,
27 DE ABRIL DE 2022
A Divisão Técnica de Corrosão e
Proteção de Materiais (DTCPM) da
Sociedade Portuguesa de Materiais
(SPM) promoveu uma sessão dedicada
ao tema da Gestão da Corrosão e à forma
como sectores estratégicos da indústria
nacional tratam a problemática desta
forma de degradação.
O
premiado,
Professor
Rodrigo
Martins (FCT NOVA), tem exercido com
distinção as suas capacidades de gerar
trabalho de investigação e promover o
desenvolvimento da ciência através de
uma visão excecional com extraordinária
sabedoria, unindo preocupações efetivas
para maximizar o papel da ciência para um
mundo mais sustentável, juntamente com
a participação de todos os cidadãos.
JUNHO
SEMINÁRIO
“TENDÊNCIAS E DESA-
FIOS DA MAQUINAGEM”
Seminário “Tendências e Desafios da
Maquinagem”, em colaboração com o
INEGI, no âmbito do projeto MAMTool
– Maquinabilidade de componentes
produzidos por fabricação aditiva para
a indústria dos moldes, 27 de Junho de
2022.
NOTÍCIAS E EVENTOS
Prémio
SPM
de
Carreira
e
Reconhecimento 2021 foi entregue
durante o MATERIAIS 2022.
O evento (presencial e online) decorreu no auditório
da Ordem dos Engenheiros em Lisboa no dia 27 de
abril de 2022.
64
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
JULHO
FEMS JUNIOR EUROMAT 2022
(Chairs: Albano Cavaleiro; Sandra Carvalho e Jorge Coelho)
Foi um enorme sucesso, com mais de 300
participantes de 26 países diferentes,
reconhecida pela FEMS como a maior Junior
EUROMAT de sempre com mais de 230
abstracts.
A FEMS reuniu o Executive Committee em Coimbra e teve
um júri próprio para o FEMS BEST MASTER THESIS AWARD.
NOTÍCIAS E EVENTOS
Ivânia Trepo, candidata da SPM ao FEMS BEST MASTER
THESIS AWARD¸ fez a apresentação da sua tese, obtendo o
2º lugar.
Esta organização teve como Chair a Professora Sandra
Carvalho e como Co-Chairs os Professores Albano Cavaleiro
e Jorge Coelho.
65
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
(COIMBRA, 19-22 JULHO)
(Comissão Organizadora)
66
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
SETEMBRO
SUMMER SCHOOL “MATERIALS FOR ENERGY TRANSITION”
Em colaboração com a Ordem dos
Engenheiros, através do seu Colégio
de Engenharia de Materiais e da sua
Especialização em Energia; o Laboratório
Nacional de Energia e Geologia (LNEG);
o Laboratório Ibérico Internacional de
Nanotecnologia (INL); e a DGEG-Direção
Geral de Energia e Geologia, decorreu,
nos dias 7 a 9 de Setembro de 2022,
uma escola de verão com sessões de
discussão sobre o importante e atual
problema da transição energética
e a contribuição indispensável dos
materiais.
OS TEMAS FOCADOS FORAM:
NOTÍCIAS E EVENTOS
· HIDROGÉNIO E GASES RENOVÁVEIS
· ENERGIA FOTOVOLTAICA
· BATERIAS
· TÓPICOS TRANSVERSAIS À ENERGIA
COMISSÃO ORGANIZADORA:
Pedro Salomé (INL / SPM); Filipe Neves (LNEG / SPM);
Luís Gil (DGEG);
Luís Pereira (Ordem dos Engenheiros / AlmaScience Colab);
Manuela Oliveira (SPM); Joana Sousa (SPM)
67
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
NOVEMBRO
DIA MUNDIAL DOS MATERIAIS 2022
Foi comemorado no dia 2 de Novembro, na Faculdade de ciências e
Tecnologias da NOVA, Campus da Caparica, em sessão presencial e online.
Este ano concorreram doze teses ao Prémio SPM e quatro ao Prémio ordem dos Engenheiros.
Prémio SPM
Lara Catarina Lopes
Castanheira
1ª Menção Honrosa SPM
Mónica
Ribeiro
2ª Menção Honrosa SPM
Francisco Jordão Torres
Marques Tavares
FEUP-DEMec
Tese: “Production of
sustainable powders for Direct
Energy Deposition (DED)”
NOVA-FCT, DCM
Tese: “Development of new
materials for CO2 conversion:
Effect of Carbonization”
NOVA-FCT, DCM
Tese: “3D Printed magnetic
scaffolds for bone cancer
theranostics and regeneration”
A tese premiada com o Prémio SPM vai ser apresentada na conferência EUROMAT 2023, em Frankfurt, (3-7
de Setembro), para concorrer à FEMS award to the best master thesis in Europe, ganha pela SPM em 2018. A
deslocação e estadia da candidata são financiadas pelo Prémio SPM.
“Materiais no ecossistema da Saúde Global, tendo sido apresentadas as seguintes palestras:
• Professor Rodrigo Martins (FCT NOVA):
Materials and the Challenges of the Future
• Professor João Conde (NOVA Medical School):
The Lanscape of Precision NanoMedicine at Nova Medical Research
• Engenheira Cláudia Ranito (CEO da empresa MedBone):
Turning Biomaterials into Medical Devices
Seguiu-se a apresentação da YCN-Young Ceramist Network, por Inês Vilarinho, da Universidade de Aveiro.
Prémio Maria Manuela Oliveira
A Sociedade Portuguesa de Materiais (SPM) instituiu em 2019 o Prémio
Maria Manuela Oliveira como forma de promover a relevância da
igualdade de género nas atividades de investigação, desenvolvimento,
inovação, transferência de tecnologia e ensino, na área de Materiais em
Portugal, e reconhecer o papel crucial que as mulheres desempenham
nas áreas da Ciência e Tecnologia de Materiais.
As galardoadas são nomeadas no seio da direção da SPM e este prémio
é entregue cada dois anos, em anos pares, no Dia Mundial dos Materiais.
Em 2022, o Conselho Diretivo da Sociedade Portuguesa de Materiais
decidiu por unanimidade atribuir o Prémio Maria Manuela Oliveira
2022 à Eng. Cláudia Ranito, uma jovem empresária com uma carreira
de sucesso e com um futuro muito promissor.
A Sociedade Portuguesa de Materiais agradece à Vista Alegre por, mais
uma vez, ter apoiado este prémio, com a oferta da peça comemorativa
para o efeito.
NOTÍCIAS E EVENTOS
O TEMA DO DIA FOI:
68
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
NOVEMBRO
ENEM 2022
A edição de 2022 do Encontro Nacional de Estudantes de Materiais decorreu nos dias 3 e
4 de novembro, no campus de Santiago da Universidade de Aveiro, e foi organizado pelo
seu Núcleo de Estudantes de Materiais.
NOTÍCIAS E EVENTOS
Esta 8ª edição teve como objetivo demonstrar a importância dos materiais como base da engenharia, ao
criar um evento que contou com a presença de diversos oradores nacionais e internacionais que partilharam a sua experiência na área e a influência dos materiais na Indústria 4.0.
69
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
NOVEMBRO
NOVEMBRO
WORKSHOP ON ENERGY
8AS JORNADAS
DE CORROSÃO E
OF THE CERAMIC INDUSTRY.
Realizou-se, entre os dias 17 e 18
de novembro, na sala do senado, na
Reitoria da Universidade de Aveiro
(UA), o “Workshop on Energy and
Decarbonization of the Ceramic
Industry”.
Consistiu em um conjunto de palestras sobre diferentes aspetos do estado atual da indústria cerâmica, desde tecnologias ao mercado, opções
para descarbonização da indústria cerâmica,
como eletrificação, aquecimento e recuperação
de calor, biocombustíveis, recuperação de resíduos e outras inovações emergentes; casos de
estudo sobre implementação industrial bem-sucedida de opções para descarbonização; breves
apresentações orais dos trabalhos de I&D dos
participantes (doutorandos e investigadores);
debate.industrial bem-sucedida de opções para
descarbonização; breves apresentações orais
dos trabalhos de I&D dos participantes (doutorandos e investigadores); debate.
PROTEÇÃO DE MATERIAIS,
DIA 24 DE NOVEMBRO, EM LISBOA
Este evento reuniu cerca de 100
participantes e contou com 18
comunicações orais e 8 posters.
DEZEMBRO
SEMINÁRIO
DE FABRICO ADITIVO:
PRESENTE E FUTURO
Este foi evento promovido pelo INEGI,
Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto e Sociedade Portuguesa de
Materiais através da sua Divisão Técnica de
Tecnologia e Processamento de Materiais.
SOBRE OS SEMINÁRIOS TEMÁTICOS
DA SPM
Em 2016 o Conselho Diretivo da SPM
deu início à organização anual de um
seminário temático. Com vista a abordar
assuntos atuais, de interesse para os seus
sócios e com impacto na economia.
NOTÍCIAS E EVENTOS
AND DECARBONIZATION
70
Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
ENERGIA VERDE - CÍRCULO DO
HIDROGÉNIO - ECONOMIA DO
HIDROGÉNIO
A principal chave para a energia e mobilidade verde, é o uso do hidrogénio como combustível, para armazenamento de
energia e ferramenta para processos de transferência de energia.
Com isto, foi estabelecido o chamado círculo do hidrogénio que mostra o seu uso desde a geração ao armazenamento,
e à exportação para o uso como combustível de volta à geração. Isto é fundamental para compreender a condutividade
do hidrogénio e suas aplicações.
ENERGIA VERDE - CÍRCULO DO HIDROGÉNIO ECONOMIA DO HIDROGÉNIO
Como existem muitos caminhos para cada etapa deste ciclo, alguns conceitos de pesquisa
foram estabelecidos para suprir lacunas e ter acesso a técnicas que são necessárias e que ainda
não estão totalmente desenvolvidas. A sociedade de pesquisa Fraunhofer desenvolveu e
publicou um mapa do hidrogénio para a Alemanha, onde todas as áreas e tópicos de pesquisa
são revelados:
Figura 1: Rota do hidrogénio para a Alemanha (fonte: Instituto Fraunhofer)
Figura 2: O círculo de hidrogénio
71
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
A rota mostra o possível uso de hidrogénio num futuro próximo - a questão fundamental é
sempre o armazenamento e a produção, já que cada setor é afetado pela questão de como
armazenar com segurança e eficiência. Outra questão a responder é se a produção centralizada
ou descentralizada de hidrogénio é mais promissora e se deve ser usado como combustível
diretamente ou na forma de amónia ou substâncias semelhantes.
EXEMPLO DE APLICAÇÃO: CATALISADORES - EXPANSÃO TÉRMICA DE FIOS DE PLATINA
A platina é usada como
catalisador, quer como
material puro ou em
muitas ligas. Como o uso
na forma de liga é o mais
comum, devido às diversas
vantagens que apresenta,
o comportamento físico e
químico muda ligeiramente.
O exemplo mostra a
diferença
na
expansão
térmica entre a platina e a
platina com 3% de ródio
EXEMPLO DE APLICAÇÃO: SORÇÃO STA DE ALTA PRESSÃO
A medição da sorção
realizada com métodos
volumétricos normalmente
não fornece informações
sobre o fluxo de calor e
a entalpia - se o calor de
sorção for de interesse,
uma segunda análise é
necessária - o Analisador de
Sorção Gravimétrica (TGDSC de Alta Pressão), que
mede a mudança de peso
(Termogravimetria TGA) e
o sinal de Calorimetria de
Varredura Diferencial (DSC),
fornece uma alternativa
muito mais rápida.
Numa experiência, a capacidade de sorção, bem como o calor de sorção, podem ser medidos.
Sinterização de hidrogénio
de corpos verdes de pó
metálico que são usados
como catalisadores.
O hidrogénio reduz o
oxigênio contido na amostra
durante o processo de
sinterização e causa uma
maior densidade e menor
percentagem de óxido
metálico.
EMPRESAS
EXEMPLO DE APLICAÇÃO: SINTERIZAÇÃO H2 DE PÓS DE METAL
A Sociedade Portuguesa de
Materiais é Membro da
EUROPEAN FEDERATION OF CORROSION (EFC)
IMPORTANTES BENEFÍCIOS DISPONÍVEIS PARA AS SOCIEDADES MEMBROS DA EFC (EUROPEIAS E
INTERNACIONAIS) INCLUEM A OPORTUNIDADE DE:
• Nomear membros para os grupos de trabalho do EFC;
• Nomear candidatos para os comitês do EFC (Conselho de Administradores e Comitê Consultivo de
Ciência e Tecnologia);
• Nomear um representante para a Assembleia Geral anual do EFC (com direitos de voto);
• Nomear candidatos para os prémios da EFC;
• Organizar eventos e cursos com patrocínio e logotipo do EFC; com promoção especial no “Calendário
de Eventos”do EFC, publicado no website da EFC e nas newsletters EFC;
• Obter descontos em conferências anuais da EUROCORR se desejar participar como expositor;
• Promoção gratuita dos eventos e atividades relacionados com a Divisão Técnica de Corrosão da SPM
nos boletins da EFC.
• Disponibilidade de Afiliação Geral da Organização Mundial da Corrosão (WCO) sem custo adicional
sujeito a solicitação formal e aprovação do Conselho de Administradores da WCO e da Assembleia
Geral da WCO.
• Além disso, todos os que pertencem a uma Sociedade Membro do EFC usufruem de uma redução na
inscrição em conferências anuais da EUROCORR; redução do registro em todos os eventos patrocinados
pela EFC, se aplicável (com número de evento atribuído); acesso à área restrita contendo os
procedimentos eletrônicos das conferências anteriores da EUROCORR; preços com desconto em todas
as publicações da EFC.
• Sociedades membros europeias também são elegíveis para apresentar propostas de organização de
conferências EUROCORR.
A Sociedade Portuguesa de Materiais é Membro
da FEDERATION OF EUROPEAN MATERIALS
SOCIETIES (FEMS)
IMPORTANTES BENEFÍCIOS DISPONÍVEIS PARA OS SÓCIOS DA SPM:
• Redução da Inscrição na conferência EUROMAT (15%)
• Uma voz mais forte na Europa como parte de uma organização de grande escala e que aglomera
grandes sociedades europeias
• Divulgação dos eventos e atividades da sociedades da SPM
• Capacidade de contribuir para a agenda europeia de materiais
• Envolvimento direto em eventos organizados pelo FEMS
• Nas conferências da EUROMAT, os membros das sociedades nacionais serão identificados nos seus
crachás como membros da sua sociedade – oportunidade para uma rede mais extensa entre os seus
membros.
• Nomear membros para prêmios FEMS e medalhas
• A FEMS desenvolveu valiosas ligações à Comissão Europeia e a importantes Plataformas Tecnológicas
Europeias, sendo membro da Alliance for Materials (A4M).
A Sociedade Portuguesa de Materiais é também
membro da EUROPEAN POLYMER FEDERATION
(EPF)
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SÓCIOS COLETIVOS
SPM Sociedade Portuguesa de Materiais
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Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
Caro sócio,
JÁ SE INSCREVEU NA BOLSA DE PERITOS DA SPM?
A SPM disponibiliza no seu site uma lista de peritos que pode
consultar se necessitar de apoio, colaborações ou serviços.
LISTA DE PERITOS
Junte-se a esta lista!
Albano Cavaleiro
António Correia Diogo
António Galhano
António Pouzada
Carlos Baleizão
César Sequeira
Daniel Marinha
Diogo M. F. Santos
Eduardo Constantino André
Elvira Fortunato
Fernando Castro
Filipe Fernandes
Hélder Puga
Hélio Jorge
Horácio Maia e Costa
Hugo Águas
João Bordado
João Cascalheira
João Gomes
João Salvador Fernandes
Jorge Alexandre Silva
Jorge Coelho
Jorge Lino Alves
José Costa
José Cruz Oliveira
José Paulo Farinha
José Quaresma
Luís Gil
Luís Pereira
Manuel Vieira
Marcelo Moura
Maria Ascensão Lopes
Maria Cristina Parreira
Maria de Fátima Montemor
Maria de Fátima Vaz
Maria Laurinda Ferreira
Mário Ferreira
Paula Vilarinho
Pedro Amaral
Ricardo Cláudio
Robert Pullar
Rodrigo Martins
Rosa Marat-Mendes
Sandra Carvalho
Teresa Diamantino
Teresa Morgado
Teresa Monteiro
Teresa Vieira
Verónica Bermudez
Victor Neto
Para mais informações consulte o nosso site:
http://spmateriais.pt/site/spm/peritos-spm/
Sobre Nós...
A Francisco de Oliveira & Ca. Lda. foi fundada
em 1975 pelo homem que lhe concedeu o seu
próprio nome. A nossa atividade centra-se na
texturização e tingimento de fios 100% poliéster,
tendo conquistado ao longo dos anos uma posição
consolidada no mercado dos têxteis em Portugal.
(+351) 252 414 028
foliveiralda@gmail.com
Rua de Regatães, 369
4785-692 Santiago de Bougado
Trofa, Portugal
www.foliveiralda.com
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Ciência & Tecnologia dos Materiais 2022 Vol.34 Nº1
SOCIEDADE
PORTUGUESA DE
MATERIAIS
CONTACTOS
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comunicacao@spmateriais.pt
965 756 172