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Confúcio e a Cozinha do Sábio

2024

Nesse breve artigo, analisamos a relação entre comensalidade e sabedoria na obra de Confúcio.

RELIGIÃO, CONECTIVIDADE E CONFLITOS NO MEDITERRÂNEO ANTIGO RELIGIÃO, CONECTIVIDADE E CONFLITOS NO MEDITERRÂNEO ANTIGO ORGANIZADORA Maria Regina Candido EDITORES RESPONSÁVEIS Alair Figueiredo Duarte José Roberto de Paiva Gomes Junio Cesar Rodrigues Lima REVISÃO Alair Figueiredo Duarte Junio Cesar Rodrigues Lima Maria Regina Candido CAPA, PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Junio Cesar Rodrigues Lima IMPRESSÃO E ACABAMENTO Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CSS/A Maria Regina Candido (Org.) RELIGIÃO, CONECTIVIDADE E CONFLITOS NO MEDITERRÂNEO ANTIGO RELIGIÃO, CONECTIVIDADE E CONFLITOS NO MEDITERRÂNEO ANTIGO 1ª Edição – Maio de 2024 Copyright © 2024 por NEA/UERJ Projeto Antiguidade Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. 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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO - CONVIVÊNCIA E CONFLITOS NO CORAÇÃO DO MEDITERRÂNEO ANTIGO: UMA JORNADA HISTÓRICA DE REFLEXÃO E CONEXÃO, 11 Núcleo de Estudos da Antiguidade INTRODUÇÃO - RELIGIÃO, CONECTIVIDADE E CONFLITO NO MEDITERRÂNEO ANTIGO: EXPLORANDO AS RAÍZES DA INTERAÇÃO HUMANA, 13 Prof. Dr. Junio Cesar Rodrigues Lima 1. A IMAGEM AMBÍGUA DO POETA-MÚSICO NOS HINOS HOMÉRICOS DEFIXIONES NOS SACRIFÍCIOS PARA MATER MAGNA EM MAINZ, 21 Prof. Dr. Roosevelt Rocha 2. DIÁDOCOS EM CAÇA AO LEÃO: OS CASOS DE CRÁTERO E LISÍMACO, 33 Prof. Doutorando Thiago do Amaral Biazotto 3. DISCURSO E AÇÃO FEMININA EM AS TRAQUÍNIAS E MEDEIA, 48 Prof.ª Doutoranda Darcylene Pereira Domingues 4. DEFIXIONES NOS SACRIFÍCIOS PARA MATER MAGNA EM MAINZ, 60 Prof.ª Dr.ª Renata Cazarini de Freitas 5. DEVOÇÃO A EROS E AFRODITE NOS RITUAIS DE INICIAÇÃO AMOROSA NA PINTURA DOS VASOS ÁPULOS (SÉC. IV A.C.), 72 Prof. Dr. Fábio Vergara Cerqueira 6. HIGEIA DE SORRISO SUAVE: A CONSTRUÇÃO LITERÁRIA DA DEUSA DA SAÚDE NA GRÉCIA ANTIGA, 93 Prof. Doutorando João Vinícius Gondim Feitosa 7. A RECEPÇÃO DO ESTRANGEIRO NO PROCESSO DE EMERGÊNCIA DA POLIS SEGUNDO A “VIDA DE TESEU" DE PLUTARCO, 105 Prof. Me. Rafael Silva dos Santos 8. A ARQUITETURA MONUMENTAL: UMA ANÁLISE SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES DO CAMPO DE MARTE NO PERÍODO AUGUSTANO, 115 Prof. Dr. Macsuelber de Cássio Barros da Cunha 9. HISTÓRIA MARÍTIMA: REFLETINDO AS THALASSOCRACIAS NO MUNDO ANTIGO, 129 Prof. Dr. Alair Figueiredo Duarte 10. O CULTO GRECO-TRÁCIO DA DEUSA BENDIS E A FORMAÇÃO DE REDES DE INTERACIONAMENTOS NA EMERGÊNCIA DA PÓLIS (VI-IV A. C.), 148 Prof. Dr. José Roberto de Paiva Gomes 11. A MENTALIDADE MILITARISTA ROMANA E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A RITUALÍSTICA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS, 156 Prof. Dr. Daniel Soares Veiga 12. CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO, 167 Prof. Dr. André Bueno 13. A ETNICIDADE DOS POVOS DO MAR POR MEIO DAS FONTES EGÍPCIAS: UM CAMINHO POSSÍVEL, 179 Prof.ª Mestranda Brunna Fernanda Freire Bezerra da Cruz 14. AS RELAÇÕES DE TRABALHO EM QUMRAN: REFLEXÕES INICIAIS SOBRE A ECONOMIA MONÁSTICA ÀS MARGENS DO MAR MORTO, 194 Prof. Mestrando Victor Lisbôa da Fonseca Santos 15. HERODES, REI DOS JUDEUS OU MONARCA DOS JUDEANOS: QUANDO O RITO DE PERTENCIMENTO NÃO É SUFICIENTE PARA GERAR INCLUSÃO ÉTNICA E MINIMIZAR CONFLITOS SOCIAIS, 201 Prof. Dr. Junio Cesar Rodrigues Lima 16. A INVENÇÃO DO NASCIMENTO DE JESUS DE NAZARÉ ENTRE CELSO E ORÍGENES: CONTROVÉRSIAS RELIGIOSAS, 214 Prof. Dr. José Petrúcio de Farias Junior 17. EN LAS PUERTAS DEL BANQUETE. LA ANTESALA DEL PLACER: DIONISO Y LA TERRIBLE INICIACIÓN DEL ALIMENTO LÍQUIDO, 219 Prof.ª Dr.ª María Cecilia Colombani 18. DISPOSITIVO RELIGIOSO, TENSIONES Y JUEGOS DE PODER. APOLO, EPIMÉNIDES Y LA TRADICIÓN CHAMÁNICA, 229 Prof.ª Dr.ª María Cecilia Colombani 19. MUSIC, RELIGION AND DIPLOMACY IN THE ANCIENT GREEK WORLD: SOME EXAMPLES OF THE CLASSICAL AND HELLENISTIC PERIODS, 242 Prof. Dr. Sylvain Perrot REFERÊNCIAS, 257 AUTORES, 298 12 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO Prof. Dr. André Bueno1 INTRODUÇÃO Os chineses são conhecidos por comerem de tudo, e esse elemento de sua cultura é usualmente tratado como um motivo para preconceitos e estranhezas, dentro de uma visão orientalista ainda não superada como denunciado por Edward Said [1998], Arif Dirlik [1995] e Zhou Ning 周宁[2006], e que ainda permeia o imaginário ocidental. Montanari [2008] já havia proposto como os hábitos alimentares fazem parte de autodefinições culturais e na construção de visões de mundo, ainda que as mesmas redundem em formas contraditórias e muitas vezes ignorantes de suas próprias raízes. Por isso, reconhecer as práticas gastronômicas e a comensalidade de outras sociedades é, em si, um grande exercício de experienciar a diversidade. Xue Xinran 薛欣然 fez uma inteligente provocação a esse problema em seu livro O que os chineses não comem [Xinran, 2008], buscando apresentar aos leitores, em uma série de ensaios, os fundamentos de vários hábitos chineses dentro de uma nova perspectiva histórica. Nesse sentido, a história da alimentação na China segue, como várias outras dimensões da cultura, uma trajetória milenar, que não pode ser abordada de maneira superficial; e a relação com hábitos de consumo e distribuição de comida passou a integrar a agenda ética dos alguns pensadores da antiguidade. 1 Prof. Adj. História Oriental da UERJ, E-Mail: orientalismo@gmail.com 167 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO Em nosso ensaio, gostaríamos de apresentar um aspecto pouco conhecido e estudado da obra de Confúcio 孔夫子 [551-479 AEC], a comensalidade. No século 6 AEC, esse sábio realizou o primeiro grande diorama da civilização chinesa, registrando e analisando os seus mais diversos aspectos. Era um contexto de crise crescente, para a qual se buscavam as mais diversas respostas políticas e filosóficas, e Confúcio analisara os pormenores de sua cultura em busca dos pontos de tensão e fissura. Seu diagnóstico apontava para uma causa crucial, a ausência de uma educação [Jiao 教] mais ampla e eficiente, que fosse capaz de prover os indivíduos de valores e instrumentos éticocríticos. O objetivo básico dessa educação seria, portanto, desenvolver a capacidade de evitar e superar os dilemas morais que afetavam a vida humana. As crises – macro ou microcósmicas – estariam diretamente ligadas os conflitos entre valores morais no espectro social e individual [em ambos, evidentemente, estavam conectados]. A solução, para Confúcio, era propor uma definição dos espaços e papéis sociais - e dos seus consequentes atributos e deveres – que diminuiriam a possibilidade de surgir conflitos de interesses, e logo, de pontos de tensão éticos. Para Confúcio, os costumes eram mais eficientes em internalizar a ordem nos indivíduos do que a imposição da lei: “O Mestre disse: ‘Guia-o por meio de manobras políticas, contém-no com castigos: o povo se tornará dissimulado e desavergonhado. Guia-o pela virtude, contém-no pelo ritual: ele desenvolverá um senso de vergonha e um senso de participação’" [Lunyu 論語, 2:3]. Ademais, ele esperava que a consciência crítica fosse capaz de proporcionar às pessoas a capacidade de refletir eticamente sobre situações e problemas, não se atendo somente as punições; o juiz ideal deveria ser, antes de tudo, uma pessoa sábia capaz mais de ponderar do que apenas em julgar: “O Mestre disse: "Posso julgar processos judiciais tão bem quanto qualquer um. Mas eu preferiria tornar os processos judiciais desnecessários" [Lunyu, 12:13]. Para a consecução desse projeto, Confúcio reeditou uma série de obras clássicas que cobriam vários aspectos da história e da cultura chinesa, das quais destacaremos aqui as Recordações dos Ritos [Liji 禮記]. Esse livro trazia uma coleção de ensaios sobre diversos temas, como crenças, nascimento, casamento, funerais, deveres e 168 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO direitos, relações políticas, regras e hábitos de etiqueta, cerimoniais, sacrifícios, entre outros. Tratava-se, de fato, de uma enciclopédia sociológica, provendo os leitores de uma importante fonte sobre a vida na civilização chinesa. Tais conhecimentos serviam para que as pessoas pudessem compreender o funcionamento da comunidade, suas relações hierárquicas e sua dinâmica de funcionamento. Alguns fragmentos desse livro são bastante esclarecedores nesse sentido; por exemplo, no capítulo Zhongyong 中庸[Liji, 31] Confúcio define as cinco obrigações universais, que seriam: ‘Os deveres são os compreendidos entre o governante e o governado, entre pai e filho, entre marido e mulher, entre o irmão mais velho e o mais novo, e os que decorrem entre os amigos. São esses os cinco deveres de obrigação universal [Zhongyong, 20]’. Esse sistema pretendia determinar a ordem de importância nas relações interpessoais, privilegiando a obediência ao Estado e, na sequência, as relações familiares e de amizade. Esse parágrafo tornou-se um componente fundamental do pensamento chinês sobre relações sociais, se consolidando como uma tradição fundamental. Em outra parte, no capítulo Daxue 大學[Liji, 42] as obrigações universais seriam minuciosamente analisadas na dimensão da vida política e no conjunto do papeis sociais. A importância desses dois textos seria tão grande que eles se tornariam, posteriormente, como livros independentes da enciclopédia Liji. Mas é o livro 12 [Neize 內則, ou ‘Relações internas’] que nos interessa aqui em particular. Nele, Confúcio traça um quadro riquíssimo das relações comensais [Chi 吃, ou simplesmente ‘comer’], e de sua proposta ética aplicada à questão dos hábitos alimentares. Como explica Zhu Cheng 朱承, a teoria da comensalidade de Confúcio ‘reflete a política de vida do confucionismo, ou seja, implementa valores políticos e conceitos hierárquicos na vida cotidiana, consolida e fortalece os valores e a ordem necessárias para garantir o funcionamento do poder político através da vida comum’ [2015:49]. Por isso, o texto começa discutindo as ‘relações internas’ [ou, a dinâmica das relações familiares], as atribuições, direitos e deveres de cada um dos membros de uma família. A rotina diária é explanada circunstancialmente, e as regras de preparação para os encontros são descritas. Esse é o pano de fundo para a compreensão da dinâmica de 169 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO funcionamento de dois contextos fundamentais na vida social, nos quais os indivíduos encontram-se fora do seu ambiente familiar, ou em contato com pessoas de outras famílias: os sacrifícios e os banquetes. São dois momentos muito delicados; as regras de etiqueta são propostas como o meio mais eficiente para evitar conflitos desnecessários ou exibir disputas domésticas. Quanto aos sacrifícios, eles são discutidos em outros capítulos do Liji, e por isso, o Neize centra-se na questão da comensalidade, que percorre toda a segunda parte da primeira seção do texto [12:26-45]. O banquete é entendido como um ‘sacrifício privado’, ou seja, um ato de reverência aos ancestrais e aos convidados. São descritas receitas, comidas, hábitos e práticas que nos fornecem um rico quadro sobre como os chineses se alimentavam, e da importância que isso tinha em sua vida cotidiana. Na segunda seção do capítulo, Confúcio retomaria a conexão entre as questões parentais, de etiqueta e de comensalidade, mostrando como esse era um momento importantíssimo na mundivivência humana. 1 A COMENSALIDADE EM CONFÚCIO É muito provável que o Neize refletisse muitas das intenções de Confúcio em relação ao seu projeto ético. Quando comparamos esse texto com o Lunyu 論語 [Analectos], livro que nos traz várias passagens da vida do mestre, vemos que Confúcio buscara se conduzir estritamente de acordo com a ideia de uma vida austera, severa e, no entanto, comensal e harmoniosa. Ele ‘pescava com anzol, não com rede. Na caça, nunca atirava num pássaro empoleirado’ [7:27], e segue: ‘Mesmo seu arroz sendo da mais fina qualidade, ele não se vangloria; mesmo sua carne sendo finamente cortada, ele não se vangloria. Se o alimento está mofado ou rançoso, se o peixe não está fresco ou se a carne está estragada, ele não a come. Se o alimento perdeu a cor, ele não o come. Se o alimento cheira mal, ele não o come. Se está mal cozido, ele não o come. Se não é servido na hora certa, ele não o come. Se não está adequadamente cortado, ele não o come. Se não é servido no molho correto, ele não o come. Mesmo havendo muita carne, ele não deve comer mais carne do que arroz. Quanto ao vinho, contudo, não existem restrições, enquanto ele mantiver a mente clara. Ele não consome vinho comprado em loja, ou carne seca do mercado. Ele deixa um pouco de gengibre sobre a mesa durante a refeição, mas utiliza-o com moderação’ [10:8] 170 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO Confúcio também ‘não conversava enquanto comia’ [10:10], agradecia pelo alimento [10:11], ao beber em companhia nunca saía antes dos mais velhos [10:13] e quando recebia um presente em alimento da corte, ‘ele precisa endireitar sua esteira e experimentá-lo imediatamente. Quando o príncipe lhe manda um presente de alimento cru, ele tem de cozinhá-lo e oferecê-lo aos ancestrais. Quando o príncipe lhe dá um animal vivo, ele tem de criá-lo. Ao aguardar o príncipe na hora da refeição, enquanto o príncipe realiza a oferenda sacrificial, ele experimenta o alimento primeiro’ [10:18]. Esses fragmentos revelam uma preocupação especial com os aspectos formais dos hábitos alimentares, e nos dizem muito sobre os modos de se conduzir moralmente na sociedade. Claramente, eles pretendem atender a demanda de conciliar as propostas do projeto confucionista com as atitudes da vida comum. Shao Wankuan 邵万宽 [2019] argumenta que o ideal de frugalidade respondia, de fato, as cominações e carências que a opulência alimentar da elite impunha a sociedade. Ser comedido seria uma forma de evitar conflitos com membros das elites por causa de comida. Ao mesmo tempo, a simplicidade e o desprendimento nos hábitos alimentares indicava um compromisso profundo com a prática da doutrina confucionista. Mengzi 孟子 [Mêncio, 372-289 AEC], um dos mais destacados continuadores da escola de Confúcio, empregaria esse mesmo expediente dissertativo quando comparava a busca por uma vida correta com a sua predileção por certos pratos: "Gosto de peixe", disse Mêncio, "e gosto igualmente de patas de urso. Se não posso ter as duas coisas, renuncio ao peixe e como as patas de urso. Se aprecio a vida, prezo também a justiça. Se não conseguir obter as duas, renuncio à vida e atenho-me à justiça” [Mengzi, liv.6:10]. Viver corretamente era uma tarefa tão grande e importante como apreciar seu prato preferido. Assim, alimentar-se, e compartilhar esse momento com os outros, era um sinônimo sutil de vivência da sabedoria, e não podia ser tratado de modo displicente, constituindo a etiqueta nos rituais de alimentação um ponto crucial na vivência confucionista [Yao, 1990]. A relação harmoniosa que deveria reger as relações sociais e políticas precisava estar presente em todos os momentos, e o banquete era um deles. Em um dos raros momentos que Confúcio invocou o uso da força foi para que um importante banquete diplomático terminasse bem sucedido, não degenerando em um 171 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO massacre terrível [Kongzijiayu 孔子家語, 1:2]. Comer, portanto, era algo essencial na vida chinesa. 2 COMO SE COME Voltemos então ao Neize, no qual essas discussões são exploradas. ‘Como se come’ envolve uma série de pequenos ritos que variam levemente em grau de acordo com a dimensão do encontro e com os personagens envolvidos. Em uma refeição intrafamiliar, o número de envolvidos, bem como sua intimidade pessoal, pode garantir, dentro de certos limites, uma maior flexibilidade no tom das conversas e nos comportamentos. Mesmo assim, o ambiente da casa é o espaço de preparação para os encontros sociais. Os mais velhos têm precedência em serem servidos, e a ancestralidade determina seu grau de importância [Liji, 12:47]. Avós, depois pais, e por fim as crianças servem-se na mesa onde os pratos são depositados. Tanto nas casas familiares quanto nos palácios, homens e mulheres cozinham. Nas áreas urbanas, as imposições sobre o feminino aumentam, e ela fica mais tempo circunscrita ao espaço doméstico; nas áreas rurais, onde as tarefas são divididas, os pratos são produzidos por arranjos internos ou revezamento. Carnes, vegetais e verduras eram todas cortadas em filetes pequenos, para serem pegos pelos palitos [Kuaizi 筷子]. O hábito de picar os alimentos visava aumentar seu aproveitamento no prato, e o descaracterizava propositadamente, evitando assim que surgisse o conflito entre receber uma parte menos nobre de carne, por exemplo. Também ajudava com o consumo, já que muitas pessoas possuíam problemas dentários [em especial, os mais velhos]. Os palitos haviam surgido como adaptações dos espetos para assar carne em fogueiras, e serviam para pinçar os alimentos e misturá-los em pequenas tigelas [não se usavam pratos]. O uso desses talheres aumentava a higiene no consumo, evitando o uso das mãos. Os alimentos eram dispostos na mesa seguindo uma ordenação específica [descrita em outra seção do Liji, 曲禮上, 1:21-22]: As boas normas de pôr a comida na mesa são: carne com ossos, à esquerda; carne migada, à direita; A comida, à esquerda do conviva; e a canja e os talheres à direita. O peixe e a carne picada ficam do lado de fora; os condimentos e temperos ficam do lado de dentro. Os alhos e as cebolas põemse na ponta. O vinho e os sumos colocam-se à direito. O lugar das carnes secas é em gengibre é à esquerda, afastadas, ou na ponta da direita. A um hóspede 172 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO por quem se esperou, apresenta-se a comida, com palavras de incentivo. Depois dessas palavras do hospedeiro, o hóspede senta-se. O hospedeiro convida o hóspede a dizer as orações próprias. Numa refeição ritual, o que se oferece é que se serve primeiro. Os pratos põem-se em ordem, e depois oferecem-se à vez, um por um. A cada um dos vários pratos, o hospedeiro convida a comer. O hóspede corta as iguarias e orienta. O hospedeiro não insiste com o hóspede para não ser acanhado em comer. Servindo refeição a um Chefe, o hospedeiro oferece pessoalmente às Almas, depois faz inclinação e serve-se. Essa disposição organizava os assentos segundo o grau de importância dos convivas. Usavam-se tigelas e copos de cerâmica no uso cotidiano, mas para cerimoniais maiores como essa, existiam vasos, bules e caldeirões requintados de bronze, que revelam não apenas opulência, mas também, a preocupação econômica com seu uso e manutenção contínua. Isso tanto fica evidente quando Confúcio passa a descrever os encontros extrafamiliares no Neize. Neles, a ordem de precedência passa a seguir as cinco obrigações universais, sendo as figuras da casa real as mais importantes. A ordem de distribuição dos alimentos, assim como sua quantidade, é determinada pela importância dos participantes [e o objetivo é deixar isso bem claro]; por essa razão, por exemplo, que o príncipe e os anciãos podem receber [e escolher] mais de um tipo de caldo, enquanto os subalternos contentam-se com apenas um [12:39]. A distribuição da bebida alcoólica é generalizada, mas espera-se sempre que os convivas tenham cuidado em consumi-la, evitando assim falar de maneira inapropriada. A preocupação era tão séria que no Shujing 書經, um dos livros de história do passado chinês, havia um capítulo inteiro dedicado à preocupação com a embriaguez: ‘a ruína dos Estados pequenos e grandes se deve [...] ao uso de bebidas. O rei Wen admoestou e instruiu os jovens nobres, que desempenhavam funções administrativas ou qualquer emprego, para que não utilizassem ordinariamente as bebidas espirituosas; e em todos os Estados exigiu que esses funcionários não bebessem a não ser por ocasião dos sacrifícios, e que então predominasse a virtude de modo a que não pudesse haver embriaguez’ [Shujing, 周書,15:4]. O modo de portar-se a mesa também era fundamental: Numa refeição pública não se come a fartar, nem se perfumam as mãos. Não se acalca a comida, não se espalha o arroz, não se sorve ruidosamente, não se deita comida da boca. Não se rilham os ossos. Não se mistura o peixe e a carne. Não se deitam os ossos aos cães. Não se serve grosseiramente à pressa. Não se arregalam os olhos para a comida. O milhete da refeição não se manda vir (é a 173 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO base da refeição). A sopa não se toma muita, E também se não repete a sopa. Não se palitam os dentes durante a comida. Não se come a carne glutonamente [Liji, 1:22-23]. O jogo das relações sociais tinha suas regras, que anfitrião e convidado deviam conhecer, pensando em evitar possíveis conflitos. Os modos eram fundamentais, e a cortesia um elemento crucial na conduta apropriada do sábio. Passemos então ao segundo ponto: o que se comia nas refeições da China antiga? 3 O QUE SE COME Premida pela necessidade, a civilização chinesa aprendeu a consumir vários gêneros de alimentos disponíveis, expandido significativamente suas apreciações gastronômicas. Por isso, deve-se ter um cuidado muito grande com o entendimento do que os chineses consumiam, e das origens dessas práticas. Nada está mais distante da realidade do que a visão estereotipada de uma sociedade que se alimenta de insetos ou de partes animais inusitadas. O cardápio chinês era vasto, e compreendia uma série de questões adaptativas [Li, 2004]. De início, os chineses entendiam que o consumo de leite se restringia ao período da infância, e não fazia sentido após o período de aleitamento materno. Por isso, não encontramos o uso do leite ou de queijos na antiguidade, e o assunto passa longe do Liji. Ademais, embora praticasse a caça, a sociedade chinesa se entendia como sedentária, ligada ao cultivo e a criação, em oposição aos ‘não-chineses’, que vivam de forma nômade e consumiam leite e carne em excesso [e nesse caso, de rebanhos que dependiam de pastagens em ambientes não dominados por seres humanos, ou seja, ‘selvagens’]. Esse elemento é importante: além de privilegiar o plantio de grãos – no qual o arroz se destaca, tendo emprego múltiplo na gastronomia chinesa – os chineses preferiam consumir animais pequenos, alimentados com parte dos resíduos domésticos e dos campos. Cães, porcos, galinhas, patos, faisões e peixes eram criados especialmente para a alimentação, e eventualmente bovinos eram sacrificados – mas eram preferidos para o trabalho no campo, e só se tornavam comida quando já estavam mais velhos: Grãos que se servem: de soja, painço, arroz, sorgo, milho branco, sorgo amarelo, serôdios ou de época [12:26]; Iguarias; caldo de vaca, de ovelha, de 174 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO porco, vaca assada, caldo grosso de vaca a fogo lento, picado de vaca, carneiro, caldo grosso de carneiro, porco assado a fogo lento, caldo grosso de porco a fogo lento, mostarda, picado de peixe, faisão, lebre, perdiz, codorniz [12:27]; Bebidas: Vinho com mel, mosto de arroz coado e espesso, mosto de milho coado ou espesso, mosto de sorgo coado ou espesso, mosto de papas de arroz e milho, arroz diluído, licor da armênia, em abundância, tisana de crostas de arroz, vinho, vinho branco [12:28]; Caracóis em vinagre, sopa de faisão com cogumelos, sopa de presunto e trigo, canja de galinha, arroz molhado com canja de cão e lebre, tudo num guisado sem persicária; O leitão a coser, cobrese com serralha e a conveniente persicária. Galinha cozida com molho de carne e persicária suficiente; peixe cozido com tempero de ovos e a suficiente persicária; tartaruga mole cozida com molho de carne e abundante persicária; presunto com molho de ovas de formiga; sopa de presunto com molho de lebre; carne de veado com molho de peixe; picado de peixe com mostarda. Carne crua de veado com molho de carne; conservas de pêssego em vinagre; conservas de ameixa; ovos salgados [12:30-31]. E a lista segue, adicionando outros itens. Animais de caça eram apreciados, como podemos notar, mas constituía uma presença irregular e especial no cardápio. O consumo de carne, de fato, era um fator de distinção social, representando um nível de vida razoável e sendo considerada uma oferta de grande dignidade nos banquetes [Yang, 2017]. Outro exemplo da ideia de ‘cultura’ que permeava a alimentação era a confecção de iguarias a partir de massas, como pastéis e bolinhos [Liji, 12:44]. Esses pratos eram produzidos a partir de produtos ‘humanos’, como as massas [feitas a partir de farinhas de grãos processados] e colocados em óleo ou gordura para fritarem, numa sequência de procedimentos advindos do acúmulo de conhecimento técnico. Os vários métodos de cozimento [assar, fritar, entre outros], além de novos acepipes, seguiam descritos adiante [12:50-56]. Uma anotação importante é que, embora todo o ato fosse ritualizado, não havia interdições de cunho religioso em relação a qualquer alimento. Confúcio apenas sugeria o que convinha em cada estação, segundo regras de harmonização similares a que conhecemos hoje: As doses da comida devem ser pelo regime da Primavera. As doses das canjas pelo regime do Verão; as doses dos molhos pelo regime do Outono; e as doses das bebidas pelo regime do Inverno [12:34]. O tempero seja mais ácido na Primavera, mais amargo no Verão, mais picante no Outono, e mais salgado no Inverno tudo combinado com o fluido e o doce [12:35]. Para a carne de vaca fica bem o arroz glutinoso; para a de carneiro, o milho; para o porco o painço; para a carne de cão o sorgo; para o pato bravo, o trigo; e para o peixe, os cogumelos [12:36]. 175 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO Para a Primavera vai bem o cordeiro e o leitão, preparados com gordura. Para o Verão, carnes secas de ave e peixe seco de cheiro forte. Para o Outono, vitela e veado fritos, temperados com gordura rançosa. Para o Inverno, peixe fresco e pato bravo, com tempero de gordura cheirosa [12:37]. Não são comestíveis: as crias de tartaruga mole, o lobo sem lhe tirar as tripas, o cão sem lhe tirar os rins; o gato montes sem lhe tirar o dorso, a lebre sem lhe tirar a rabadilha; a raposa sem lhe tirar a cabeça; o porco sem lhe tirar os miolos; o peixe sem lhe tirar as espinhas; e a tartaruga mole sem lhe tirar o ânus [...] Vaca que berra de noite tem cheiro de madeira podre. Ovelha de lã rara e fina cheira mal. Cão bravo de patas ruivas fede. Ave que muda de cor e tem voz rouca, cheira mal, está velha. Porco que levanta os olhos e fecha as pálpebras, cheira mal. Cavalo de dorso preto e patas malhadas, também cheira mal. Frango cujo rabo não chega a um palmo, não se come. Nem também o rabo do pato bravo, as costeletas dos grous e das corujas, o rabo do pato pequeno bravo, o fígado da galinha, os rins do pato bravo, dobrada de abetarda e bucho de veado [12:41-43]. Esses fragmentos nos informam predileções idealizadas de paladar, assim como recomendações sobre o não-uso de certos tipos de alimentos em determinadas condições. Ninguém estava proibido de comer qualquer uma dessas coisas, mas ficava a critério do indivíduo experimentá-las. Servi-las a convidados, contudo, seria entendido como uma grande grosseria, e facilmente se escorregava para o campo da ofensa e do mal-entendido. 4 ENCONTRANDO O SÁBIO NA COZINHA Na sequência do Neize, como havíamos apontado, o texto retoma o papel das relações com os anciãos, às obrigações familiares e a caracterização de um sistema ideal de relação extra e intrafamiliar. Em algumas traduções, a mudança na narrativa é abrupta de tal maneira que pode parecer que há uma desconexão entre partes do texto. Os escritos antigos não possuíam separações claras entre seções e capítulos como hoje organizamos, e por isso, essas mudanças nas passagens – bem como suas conexões internas – precisam ser inferidas. Em um capítulo no qual um terço do texto é a descrição de alimentos, modos de preparo e regras de consumo em comum, as seções anteriores e subsequentes continuam a nos informar sobre o fio condutor, ou seja, os papéis, atribuições e deveres de uns para com os outros, no qual o banquete [ou ‘sacrifício privado’] recebe destaque: ‘Em todo o serviço de comensar com os anciãos, o objetivo dos cinco imperadores antigos era imitar suas virtudes, enquanto os reis das três dinastias também lhes imploravam para que lhes ensinassem’ [Liji, 12:49]. Nesse sentido, aquele que tudo organiza no 176 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO desempenho do rito, o mestre de cerimônia, precisa conhecer os pormenores das recepções, das relações sociais assim como de tudo que será servido, garantido dentro do possível a harmonia do encontro. Em suma, o mestre da cozinha é tanto melhor quanto for mais sábio; e na comensalidade, esse mesmo sábio vislumbra tanto a força do encontro promissor e feliz quanto o perigo das ocasiões de desentendimento e tensão. 5 A HERANÇA ALIMENTAR Há uma grande distância entre os tempos de Confúcio e os dias de hoje, mas não se pode deixar de dizer que, na comensalidade, o sábio foi muito bem sucedido. Para além das regras de etiqueta que se desenvolvem ao longo das refeições, os chineses tornaram os banquetes, almoços e jantares ocasiões especiais de encontro, convívio e conhecimento mútuo. No desenvolvimento de relações, seja de negócios ou pessoais, o ‘rito’ da alimentação, da bebida compartilhada, da observância de limites, sentimentos e modo de expressão individual vai se construindo a imagem do indivíduo, e por isso, é uma etapa indispensável das relações sociais, como bem observou Li Xiang 李响 [2017]. Noutro sentido, cumpre salientar que muitos alimentos consumidos na antiguidade ainda o são hoje, com a adição de vários outros produtos trazidos de várias partes do mundo, enquanto outros [como cães] observaram uma diminuição, muito em função da opinião pública e de novos hábitos importados de outras culturas. Não se poderia deixar passar o fato de que muitos desses hábitos alimentares ancestrais chegaram ao Brasil, desde o século 16, quando passamos a integrar o império português, que conectava nosso país diretamente a Macau, a porta ocidental para o mundo chinês. Nesse longo trânsito cultural, observado por autores como Gilberto Freyre [2003], José Roberto Leite [1999] e Carlos Francisco Moura [1995], alimentos como arroz, laranja, soja e chá vieram assentar-se no Brasil, tornando-se parte indispensável de nossa vida. Adquirimos ainda a técnica da produção de pastéis e bolinhos, hoje iguarias consideradas como legitimamente brasileiras; enquanto isso, vegetais como amendoim e pimentão, nativos das Américas, foram levados para lá e foram absorvidos pela culinária chinesa. 177 CONFÚCIO E A COZINHA DO SÁBIO Se o que comemos nos define como somos enquanto cultura, então, é preciso repensar como definimos os limites entre o que é consumido, como o fazemos, e como isso influencia a construção de uma identidade cultural. Muitas das ideias propostas por Confúcio, ao longo de nosso ensaio, parecem-nos familiares, e se rementem ao que parece ser um saber deontológico sobre a comensalidade e a gastronomia. O trânsito entre o antigo e o contemporâneo intercultural dilui-se de forma convidativa, nos chamando a – e porque não dizer? – ‘deliciosas’ reflexões sobre nossa humanidade comum. E a fim de subilhar a importância da comensalidade como um ato definitivo de sabedoria humana, encerremos com Confúcio: ‘Wangsun Jia perguntou: "O que significa este ditado: 'Homenageia o deus da cozinha mais do que o deus da casa'?" O Mestre disse: "Tolice. Se ofendes o Céu, qualquer prece é inútil" [Lunyu, 3:13]. 178 SILVA, G. F. da. Grafismos gregos. Escrita e figuração na cerâmica Ática no período arcaico (sécs. VIII ao VI a. C.). MAE-USP, 2013 (Dissertação de mestrado). SOKOLOWSKI, LSCG 46. Kloppenborg and Ascough, Greco-Roman Associations, I no. 23. WEBBER, Christopher, The Thracians, 700 BC-AD 46. Osprey Pub. 2019. WIJMA, S. Embracing the Immigrant , 2018, 139-45. 11. A MENTALIDADE MILITARISTA ROMANA E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A RITUALÍSTICA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS CHEVITARESE, André L. Amuletos, Salomão e Cultura Helenística. In: CHEVITARESE, André L. & CORNELLI, Gabrielle. Judaísmo, Cristianismo, Helenismo: ensaios sobre interações culturais no Mediterrâneo antigo. 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