O Steopo Rose
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O Steopo Rose
Osteoporose
Portaria SAS/MS nº 451, de 9 de junho de 2014, republicada em 9 de junho de 2014 e
retificada em 18 de junho de 2014.
2 INTRODUÇÃO
A osteoporose é uma doença osteometabólica caracterizada por diminuição da massa óssea e
deterioração da microarquitetura do tecido ósseo com consequente aumento da fragilidade óssea e da
susceptibilidade a fraturas (1). As complicações clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, mas também
dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade (2). Estima-se que
cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão uma fratura
osteoporótica ao longo da vida. Aproximadamente 5% dos indivíduos que apresentam fratura de quadril
morrem durante a internação hospitalar, 12% morrem nos 3 meses subsequentes e 20% morrem no ano
seguinte ao da fratura, conforme dados norte-americanos (2). Pesquisa conduzida no Rio de Janeiro, em
hospitais públicos, revelou mortalidade de 23,6% nos 3 meses subsequentes à fratura de fêmur (3).
Estimativas revelam que a população brasileira propensa a desenvolver osteoporose aumentou de
7,5 milhões, em 1980, para 15 milhões, em 2000 (4). No Brasil, são escassos os dados precisos sobre a
prevalência da osteoporose e incidência de quedas e fraturas, assim como sobre custos relacionados a esses
eventos. Em um estudo realizado em Recife, incluindo 627 mulheres com idade igual ou superior a 50 anos,
a prevalência da osteoporose foi de 28,8% na coluna lombar e de 18,8% no colo do fêmur; a prevalência
de fraturas vertebrais, sintomáticas ou não, foi de 20% entre mulheres com idade entre 50 e 59 anos e se
elevou para 81,8%, entre 80 e 89 anos (5). No 18º Congresso Internacional de Gerontologia, Buksman,
Matta e Bordallo apresentaram um estudo epidemiológico realizado no Instituto Nacional de Traumatologia
e Ortopedia (INTO), do Ministério da Saúde do Brasil, sobre a prevalência da osteoporose em 712 pacientes
Consultores: Salo Buksman, Maria Angélica Pires Ferreira, Bárbara Corrêa Krug, Candice Beatriz Treter
Gonçalves, Karine Medeiros Amaral, Luciana Costa Xavier, Ricardo de March Ronsoni e Roberto Eduardo
Schneiders
Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Rodrigo Fernandes Alexandre
Os autores declaram ausência de conflito de interesses.
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
do sexo masculino com idade superior a 50 anos, que demonstrou que a prevalência global foi de 19,5%. Em
relação às fraturas de quadril em idosos, em estudo realizado em Fortaleza, a incidência foi de 27,5 e 13 por
10.000 habitantes/ano para os sexos feminino e masculino, respectivamente (6).
Um estudo publicado em 2005 sobre o custo médio da hospitalização por paciente para tratamento
cirúrgico de fratura osteoporótica de quadril revelou uma cifra de R$ 24.000,00 no sistema privado de saúde
brasileiro e mostrou que apenas 24% dos pacientes receberam tratamento clínico, inclusive medicamentoso,
para osteoporose após a fratura (7). No exterior, a maioria dos pacientes que sofre fraturas por fragilidade óssea
não recebe tratamento adequado para a osteoporose (8,9).
A definição clínica baseia-se tanto na evidência de fratura como na medida da densidade mineral óssea,
por meio de densitometria óssea (DMO), expressa em gramas por centímetro quadrado. A National Osteoporosis
Foundation – NOF (10), fundação norte-americana de estudo sobre a osteoporose, caracteriza esta doença
pelo aumento da fragilidade óssea e pelo risco de fratura, especialmente no que se refere a fraturas em coluna
vertebral e quadril (11). A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a osteoporose como uma condição
em que a densidade mineral óssea é igual ou inferior a 2,5 desvios padrão abaixo do pico de massa óssea
encontrada no adulto jovem, e a osteopenia ou baixa massa óssea como uma condição em que a densidade
mineral óssea encontra-se entre 1 a 2,5 desvios padrão abaixo do pico de massa óssea encontrada no adulto
jovem (12). Assim, o número de desvios padrão abaixo do normal, também conhecido como escore T, deve ser
usado para definir a doença. Osteoporose grave ou estabelecida, segundo a NOF, se refere a uma condição em
que a densidade mineral óssea encontra-se abaixo de 2,5 desvios padrão, acompanhada de pelo menos uma
fratura por fragilidade óssea (11).
A osteoporose é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em idosos. A dificuldade e o alto
custo do tratamento para o sistema de saúde tornam pertinente o desenvolvimento de métodos capazes de
identificar o grupo de maior risco para que sejam implantadas medidas preventivas de fraturas osteoporóticas.
A possibilidade de rastreamento populacional amplo e aleatório com DMO é afastada em razão de seu
baixo poder preditivo e de seu alto custo (11,13). Embora a diminuição da massa óssea esteja associada a
aumento do risco de fratura, o escore T indica risco relativo, e não risco absoluto para fraturas. Cerca de 80%
das fraturas por fragilidade óssea ocorrem em pacientes com escore T superior a -2,5 desvios padrão (14).
Entretanto, restringindo-se a realização de DMO à população que apresenta fatores de risco para diminuição de
densidade mineral óssea e desenvolvimento de fratura, melhora-se o desempenho no rastreamento de pessoas
com maior risco de fraturas. Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose destacam-se:
idade, sexo, índice de massa corporal, estilo de vida e história familiar. A doença pode ser classificada, com base
em sua etiologia, em primária e secundária. A primária, que é a forma mais comum, é diagnosticada na ausência
de doenças ou está relacionada a outras condições que levem à diminuição da massa óssea. A secundária é
diagnosticada quando a diminuição de massa óssea é atribuída a outra doença (Quadro 1) ou está relacionada
ao uso de medicamentos (8,15).
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Osteoporose
Alguns medicamentos podem estar associados à osteoporose secundária (8), muitos dos quais
são utilizados para o tratamento dos agravos associados. Eles se subdividem em:
• com risco bem definido: glicocorticoides, anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína e, em
menor escala, carbamazepina e ácido valproico), agentes imunossupressores (ciclosporina,
tacrolimo, micofenolato), anticoagulantes (heparina não fracionada e, em menor escala,
heparina de baixo peso molecular, a longo prazo), agentes hormonais e anti-hormonais
(medroxiprogesterona de depósito, tamoxifeno nas mulheres na pré-menopausa, inibidores
da aromatase nas mulheres na pós-menopausa, agonistas do GnRH, dose supressiva de
hormônio tireoidiano, pioglitazona e rosiglitazona; e
• com risco possível: lítio, antipsicóticos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina,
topiramato e inibidores da bomba de prótons.
Há evidências de relação entre inúmeros fatores e risco de fratura, sendo a fratura de quadril o
desfecho mais avaliado. Os seguintes fatores apresentam o maior valor preditivo para risco de fratura
(16, 17): idade; fratura osteoporótica prévia; baixo peso ou baixo índice de massa corporal ou perda de
peso; uso de glicocorticoide (dose superior a 5 mg de prednisona/dia ou equivalente por período igual
ou superior a 3 meses); uso de alguns anticonvulsivantes (por interferência no metabolismo da vitamina
D); sedentarismo; hiperparatireoidismo primário; anorexia nervosa; gastrectomia; anemia perniciosa; e
hipogonadismo masculino.
O pico de massa óssea é atingido ao final da adolescência e mantido até a quinta década pela
ingestão alimentar adequada de cálcio e vitamina D e pela prática de exercício físico. A partir de então,
ocorre progressiva perda de massa óssea, acentuando-se em mulheres na pós-menopausa (2,4,13).
Menopausa precoce e história familiar de fratura osteoporótica são consideradas fatores de
risco moderado. Quando analisados esses fatores de risco, deve-se levar em consideração que alguns
estudos consideraram somente indivíduos caucasianos com idade superior a 50 anos, e apenas a
metade deles incluiu o sexo masculino (2,11).
Dentre os fatores de risco para uma segunda fratura de quadril, podem-se destacar: quedas prévias
(18), déficit cognitivo, longo período de internação em instituição, doença de Parkinson, perda ponderal,
idade avançada, deficiência da mobilidade, tontura e um conceito negativo da própria saúde (19).
As quedas têm especial destaque na gênese da fratura osteoporótica (14). Mais de 90% das
fraturas de quadril são resultantes de quedas. Cerca de 30% de todos os idosos caem, em média, pelo
menos 1 vez ao ano, sendo que 5% das quedas resultam em fratura. Dados de instituições para idosos
e de hospitais mostram que de 10% a 25% das quedas resultam em fratura, laceração ou outra causa
de hospitalização (20,21).
Como as fraturas osteoporóticas ocorrem frequentemente em decorrência de quedas,
principalmente na população idosa, é de suma importância considerar os fatores de risco para quedas.
Os mais importantes são alterações do equilíbrio, alterações visuais, deficiências cognitivas, declínio
funcional e uso de medicamentos psicoativos e anti-hipertensivos. Uma história de duas quedas ou mais
nos últimos 6 meses permite classificar o idoso como um “caidor”, demandando cuidados preventivos
específicos (14).
A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil
e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para a
prevenção da osteoporose e para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
4 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da osteoporose pode ser clínico, nos casos de indivíduos com fatores de risco que apresentam
fratura osteoporótica. Também pode ser estabelecido com base na medida de baixa densidade mineral óssea por
DMO por área (areal) pela técnica de absorciometria por raios-X com dupla energia (DXA). A DMO é expressa
em termos de grama de mineral por centímetro quadrado analisado (g/cm2). Quando a DMO do indivíduo é
comparada à de adultos jovens normais do mesmo sexo, obtém-se o escore T (Quadro 2); quando comparada
com a esperada para pessoas normais da mesma idade e sexo, obtém-se o escore Z. A diferença entre a DMO
do indivíduo e o padrão normal é expressa por desvios padrão acima ou abaixo do valor comparado. Geralmente
um desvio padrão equivale a 10%-15% do valor da DMO em g/cm2.
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Osteoporose
DMO do colo femural (24). Esse instrumento ainda não está validado para uso na população brasileira.
Entretanto, estudo recente mostrou que a utilização dos dados de idade e o escore T são tão efetivos
quanto o complexo modelo FRAX na identificação de pacientes em risco de fraturas (25,26).
Exames laboratoriais poderão ser feitos na dependência da gravidade da doença, idade de
apresentação e presença ou ausência de fraturas vertebrais. Esses exames têm por objetivo a exclusão
de doenças que possam mimetizar a osteoporose, como osteomalacia e mieloma múltiplo, a elucidação
das causas da osteoporose, a avaliação da gravidade da doença e a monitorização do tratamento.
Assim, na rotina de investigação, além da história e do exame físico, podem ser incluídos hemograma,
velocidade de hemossedimentação (VHS), dosagens séricas de cálcio, albumina, creatinina, fósforo,
fosfatase alcalina, aminotransferases/transaminases e dosagem de cálcio na urina de 24 horas (2).
Exames radiológicos, em especial radiografias da coluna vertebral, são indicados para diagnóstico
de fraturas sintomáticas ou não, que aumentam em muito o risco de novas fraturas osteoporóticas,
além de fazerem diagnóstico diferencial com outras doenças ósseas.
Os marcadores bioquímicos de remodelação óssea incluem basicamente os interligadores de
colágeno (no soro e na urina): piridinolonas totais, piridinolina e deoxipiridinolina livre, N-telopeptídio
(NTx), C-telopeptídio (C-CTx). Essas avaliações são solicitadas em protocolos de pesquisas clínicas e
não devem ser utilizados rotineiramente na prática médica (2,4).
5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Serão incluídos neste Protocolo mulheres na pós-menopausa e homens com idade igual ou
superior a 50 anos que apresentarem pelo menos uma das condições abaixo (11,13):
• fratura de baixo impacto de fêmur, quadril ou vértebra (clínica ou morfométrica), comprovada
radiologicamente;
• exame densitométrico com escore T igual ou inferior a - 2,5 no fêmur proximal ou coluna;
• baixa massa óssea (escore T entre -1,5 e -2,5 no fêmur proximal ou coluna) em paciente
com idade igual ou superior a 70 anos e “caidor” (2 ou mais quedas nos últimos 6 meses).
Por fratura de baixo impacto entende-se as decorrentes de queda da própria altura ou menos.
6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Serão excluídos pacientes que apresentarem hipersensibilidade, contraindicação ou intolerância
a medicamento preconizado neste Protocolo.
7 CASOS ESPECIAIS
Pacientes com plano de início e manutenção de tratamento com glicocorticoides em dose superior
a 5 mg de prednisona/dia ou equivalente por período igual ou superior a 3 meses têm indicação de
tratamento (2).
8 TRATAMENTO
Para indivíduos com risco de desenvolver osteoporose, medidas de intervenção devem ser
adotadas para prevenção; para indivíduos que já apresentam baixa densidade mineral óssea ou
fraturas, o tratamento deve ser realizado a fim de prevenir uma perda óssea adicional e, assim, reduzir
o risco da primeira ou segunda fratura.
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Exercício físico
A atividade física contribui para a redução do risco de fratura de duas formas: Uma, porque a
força biomecânica que os músculos exercem sobre os ossos é capaz de aumentar a densidade mineral
óssea; assim, exercícios com ação da gravidade parecem desempenhar importante papel no aumento
e na preservação da massa óssea. E outra, porque a atividade física regular pode ajudar a prevenir as
quedas que ocorrem devido a alterações do equilíbrio e diminuição de força muscular e de resistência.
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
Exercício físico regular de resistência para fortalecimento muscular reduz o risco de quedas e fraturas
e pode promover um modesto aumento da densidade óssea. Caminhada, corrida, Tai chi chuan, subida de
escadas e dança (27, 28) são atividades físicas nas quais ossos e músculos trabalham contra a gravidade. Antes
da prática de exercícios mais intensos, é recomendável uma avaliação profissional para estabelecer os limites
do paciente.
Prevenção de quedas
Tendo em vista a forte relação causal entre queda e fratura osteoporótica, medidas de prevenção devem
ser universalmente adotadas, com ênfase na população idosa. Além dos exercícios físicos já citados, a estratégia
de prevenção deve incluir a revisão de medicamentos psicoativos e outros associados ao risco de quedas,
avaliação de problemas neurológicos, correção de distúrbios visuais e auditivos e medidas de segurança
ambiental conforme protocolos de prevenção de quedas (29).
Fumo e álcool
O tabagismo deve ser rigorosamente desencorajado, bem como a ingestão excessiva de álcool.
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Osteoporose
o risco de ulceração esofágica, é importante que seja observada a orientação de evitar o decúbito por
até 30 minutos após ingestão do medicamento.
O fato de a osteoporose ser uma doença silenciosa é um fator que por si só pode interferir
na adesão ao tratamento prescrito. Outros fatores, tais como efeitos adversos de medicamentos,
multiplicidade de doenças coexistentes, condição socioeconômica e esquema posológico, também
devem ser levados em consideração. A comparação entre o uso diário ou semanal de bifosfonato
mostra maiores taxas de adesão e persistência de tratamento a favor do uso semanal (38,39).
Alendronato de sódio
O alendronato de sódio é efetivo na prevenção primária de fraturas em pacientes com osteoporose,
havendo evidência de sua efetividade na redução de incidência de fraturas vertebrais, não vertebrais
e de quadril, razão pela qual é preconizado como primeira opção de tratamento (40). Aparentemente,
esse medicamento é eficaz em reduzir fraturas em indivíduos com ou sem insuficiência renal, e o estudo
FIT não encontrou aumento de efeitos adversos em mulheres com depuração de creatinina endógena
(DCE) inferior a 45 mL/min. No entanto, em pacientes com insuficiência renal grave, seu uso deve
ser evitado; em portadores de insuficiência renal pré-existente, a função renal deve ser monitorada
periodicamente, a cada 1-3 meses (35). As contraindicações incluem hipersensibilidade ao alendronato
ou a qualquer componente da fórmula, hipocalcemia, gravidez e lactação e insuficiência renal grave
(DCE abaixo de 30 mL/min) bem como inabilidade do pacientes para sentar ou ficar em pé por pelo
menos 30 minutos.
Risedronato de sódio
O risedronato de sódio previne fraturas tanto em mulheres na pós-menopausa como em homens
com osteoporose estabelecida, havendo evidência de sua efetividade na prevenção secundária de
fraturas vertebrais, não vertebrais e de quadril (41, 42). Em pacientes com perda de função renal pré-
existente, essa função deve ser monitorada periodicamente, a cada 1-3 meses. As contraindicações
incluem hipersensibilidade ao risedronato ou a qualquer componente da fórmula, hipocalcemia, gravidez
e lactação e insuficiência renal grave (DCE abaixo de 30 mL/min) bem como inabilidade do pacientes
para sentar ou ficar em pé por pelo menos 30 minutos.
Pamidronato dissódico
O pamidronato, bifosfonato de uso intravenoso, constitui alternativa de tratamento para pacientes
com intolerância ao bifosfonato de administração oral. Há evidências oriundas de estudos controlados
não randomizados e de estudos retrospectivos de que pamidronato associado a cálcio e vitamina D
aumenta a densidade óssea e é bem tolerado no tratamento da osteoporose na pós-menopausa (43-46).
Reid e colaboradores (43) realizaram estudo randomizado, duplo cego, controlado por placebo em 48
mulheres pós-menopáusicas. O grupo intervenção recebeu pamidronato (150 mg/dia, por via oral) por
um período de 2 anos. Foi medida a densidade mineral óssea do corpo total, coluna lombar e fêmur
proximal a cada 6 meses por absorciometria. Verificou-se aumento progressivo da densidade mineral
óssea no corpo total (1,9 ± 0,7%, p < 0,01), coluna lombar (7,0 ± 1,0%, p < 0,0001) e trocânter femoral
(5,4 ± 1,3%, p < 0,001). Nos pacientes que receberam placebo, não houve mudanças significativas.
Neles ocorreram quedas significativas na densidade óssea no colo do fêmur (p < 0,02) e triângulo de
Ward (p < 0,01), diferentemente do observado nos pacientes que receberam pamidronato. A diferença
Osteoporose
entre os grupos de tratamento foi significativa em todos os locais (0,0001 < p < 0,05), exceto no triângulo
de Ward. Taxas anuais de fraturas vertebrais foram de 13/100 pacientes no grupo pamidronato e de
24/100 pacientes que receberam placebo (p = 0,07). Atualmente, o pamidronato não é utilizado por
via oral por baixa tolerabilidade (43). Heijckmann e colaboradores (47) avaliaram retrospectivamente
o efeito do medicamento administrado por via intravenosa (60 mg mensalmente) em 117 mulheres na
pós-menopausa intolerantes a bifosfonato oral, sendo que em 85 delas obteve-se um seguimento de 3
anos. O grupo tratado com pamidronato (n = 45) obteve aumento médio do escore T à DMO da coluna
lombar de 0,67 ( -3,49 ± - 0,72 a -2,81 ± - 0,74 desvios padrão, p < 0,001) em 3 anos, enquanto pacientes
tratados com alendronato (n = 40) tiveram um aumento médio no escore T no mesmo período de 0,62
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
(-2,95 ± -0,67 a -2,33 ± -0,74 desvios padrão, p < 0,001). O percentual na variação do escore T não diferiu entre
os grupos. Durante o seguimento não foram observadas novas fraturas, no entanto houve deterioração de uma ou
mais fraturas pré-existentes em 3 mulheres no grupo pamidronato e duas no grupo alendronato; essa diferença não
foi significativa do ponto de vista estatístico. Em estudos controlados, o pamidronato mostou-se eficaz na redução
da perda de massa óssea após transplantes de órgãos sólidos e em usuários crônicos de corticosteroides (48-52).
Raloxifeno
O raloxifeno é um modulador seletivo do receptor de estrógeno aprovado para tratamento da osteoporose
em mulheres na pós-menopausa. Apresenta evidência para prevenção de fraturas vertebrais (16), mas não
para as de quadril. Um ensaio clínico randomizado mostrou redução do risco de câncer de mama (RR 0,38; CI
95% 0,24-0,58) (53). Esse medicamento aumenta o risco de eventos tromboembólicos e não deve ser usado
concomitantemente com estrógenos sistêmicos.
Estrógenos conjugados
Estrógenos conjugados, devido aos riscos potenciais (acidente vascular encefálico, câncer de mama,
tromboembolia venosa), constituem uma alternativa para as pacientes no climatério que apresentam sintomas
vasomotores com osteoporose e comprometimento da qualidade de vida. Quando prescritos, a dose deve ser
individualizada e pelo menor tempo possível. Há evidência de que o uso de estrógenos reduz o risco de fraturas
de quadril, vertebrais e não vertebrais (16,54). Antes do início do tratamento, devem-se avaliar cuidadosamente
os antecedentes pessoal e familiar de neoplasias dependentes de estrogênios, além de realizar exames
ginecológico e geral completos, considerando-se as contraindicações e advertências de uso. Mulheres não
submetidas a histerectomia necessitam fazer uso de associação com progesterona (55).
Calcitonina
Existem evidências de redução de risco de fraturas vertebrais em mulheres com osteoporose na pós-
menopausa com o uso de calcitonina (56). Este medicamento também parece ser efetivo no tratamento da dor
aguda associada a fraturas vertebrais osteoporóticas. A calcitonina é uma alternativa a ser considerada para
pacientes com intolerância ou contraindicação aos bifosfonatos, estrógenos conjugados e raloxifeno, estando,
porém, contraindicada em caso de hipersensibilidade aos componentes da fórmula.
Por não haver comprovação de superioridade clínica em relação às alternativas recomendadas, não são
contemplados neste Protocolo os seguintes medicamentos:
- Teriparatida, por não ter sido demonstrada superioridade em desfechos clínicos comparativamente aos
bifosfonatos antes relacionados. A duração máxima de uso estabelecida pelo fabricante é de 18 meses, devido
a dúvidas sobre segurança em longo prazo. A necessidade de aplicações subcutâneas diárias e os cuidados de
conservação são fatores limitantes que podem reduzir a efetividade (57).
- Ácido zoledrônico, avaliado e não aprovado pela Comissão de Incorporação de Tecnologias (CITEC),
por insuficiência de evidências de superioridade frente aos demais bifosfonatos (comparação com placebo); pela
disponibilidade de opções terapêuticas eficazes; pelo risco de migração de tratamentos seguros e de menor custo
para outro de alto custo; pela não recomendação em pacientes com insuficiência renal e portadores de periodontite
(pelo risco de desenvolverem osteonecrose mandibular), situações de saúde muito frequente em idosos, população
de maior incidência e prevalência da osteoporose; pela disponibilidade de alternativa terapêutica para pacientes com
problemas de deglutição ou intolerantes aos bifosfonatos orais, com eficácia semelhante e de muito menor custo (58).
- Ranelato de estrôncio, avaliado e não aprovado pela Comissão de Incorporação de Tecnologias (CITEC)
e, posteriormente, também pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), por sua
comparação com placebo em estudos com limitações metodológicas e pela dificuldade de adesão ao tratamento, com
alto impacto financeiro (58).
- Denosumabe e ibandronato, por não ter sido demonstrada superioridade em desfechos clínicos
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Osteoporose
8.3 FÁRMACOS
• Carbonato de cálcio: comprimidos de 1.250 mg
• Calcitriol: cápsulas de 0,25 mcg
• Carbonato de cálcio + colecalciferol: comprimidos de 500 mg + 400 UI
• Carbonato de cálcio + colecalciferol: comprimidos de 600 mg + 400 UI
• Alendronato de sódio: comprimidos de 10 e 70 mg
• Risedronato de sódio: comprimidos de 5 e 35 mg
• Raloxifeno: comprimidos de 60 mg
• Estrógenos conjugados: comprimidos de 0,3 mg
• Calcitonina: spray nasal com 200 UI/dose ou ampola injetável de 50 e 100 UI
• Pamidronato dissódico: pó liofilizado para solução injetável de 30 mg e 60 mg
pacientes de alto risco (com piora da massa óssea à DMO ou com escore T inferior a -3,5) não foram
incluídos no estudo FLEX.
Portanto, com base no exposto, o tratamento da osteoporose deve ser mantido por 5 anos. Para
pacientes em uso de alendronato, com piora da massa óssea à DMO ou com escore T até -3,5, pode
ser estendido por mais tempo, porém não há evidências clinico-epidemiológicas consistentes nesse
sentido, sendo obrigatória a individualização da conduta (2,62).
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
9 MONITORIZAÇÃO
A adesão a medidas farmacológicas e não farmacológicas deve ser avaliada regularmente durante o
tratamento. Deve-se reforçar a importância do uso correto dos medicamentos e identificar e tratar possíveis
efeitos adversos que contribuam para a má adesão. Fatores de risco devem ser reavaliados a cada consulta (22).
A ocorrência de fratura osteoporótica durante o tratamento não caracteriza falha terapêutica. Inexistem
evidências de bom nível mostrando benefício de DMO seriadas para avaliação de resposta ou definição de
conduta após o início do tratamento. A principal causa de redução na densidade óssea ao final do primeiro ano
é a má adesão (63). Má resposta pode ser considerada em pacientes que apresentam nova fratura de baixo
impacto após 1 ano de tratamento contínuo com boa adesão, incluindo adequada ingestão de cálcio e vitamina
D, e que apresentam queda da densidade óssea para valores abaixo dos observados pré-tratamento (42,64).
Marcadores bioquímicos não devem ser utilizados para monitorização (2,11).
10 ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO
Após completarem o tempo de tratamento proposto, os pacientes devem ter o acompanhamento mantido,
com avaliações constando de anamnese e exame físico a cada 6-12 meses.
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Osteoporose
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
396
Osteoporose
Local: Data:
Nome do paciente:
Cartão Nacional de Saúde:
Nome do responsável legal:
Documento de identificação do responsável legal:
_______________________________________
Assinatura do paciente ou do responsável legal
Médico responsável: CRM: UF:
____________________________
Assinatura e carimbo do médico
Data:____________________
Observação: Este Termo é obrigatório ao se solicitar o fornecimento de medicamento do Componente
Especializado da Assistência Farmacêutica e deverá ser preenchido em duas vias: uma será arquivada
na farmácia, e a outra, entregue ao usuário ou a seu responsável legal.
Osteoporose
397
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
Fluxograma de Tratamento
Osteoporose
398
Osteoporose
Paciente solicita o
CID-10: M80.0, M80.1, M80.2, M80.3,
medicamento M80.4, M80.5, M80.8, M81.0, M81.1,
M81.2, M81.3, M81.4, M81.5, M81.6,
M81.8, M82.0, M82.1, M82.8
Exames:
Possui LME Densitometria óssea do fêmur
corretamente proximal ou coluna OU
Exame radiológico que comprove
preenchido e demais fratura de baixo impacto de fêmur,
Não documentos exigidos? Sim quadril ou vértebra
Obs: pacientes que iniciarão
tratamento em virtude do uso de
glicocorticoides, não necessitarão
Orientar o CID-10, exames e
apresentar os exames acima
descritos.
paciente dose estão de acordo Para risedronato, também:
com o preconizado dosagem de cálcio sérico;
Não pelo PCDT? Sim B-HCG sérico para mulheres em
idade fértil
clearance de creatinina
Dose:
Encaminhar o Realizar entrevista Calcitonina: 200 UI/dia, via tópica
nasal ou 100 UI/dia, SC
paciente ao farmacoterapêutica inicial Calcitriol: 0,25 mcg, 2x/dia, VO
médico assistente com o farmacêutico Pamidronato: 60 mg a cada 3
meses, IV
Raloxifeno: 60 mg/dia, VO
Risedronato: 5 mg/dia ou 35 mg/
semana, VO ingerido em jejum
Processo com 200 ml de água. Manter
deferido? paciente sentado ou de pé por
Sim pelo menos 30 min
Não
Dispensar e solicitar
parecer do médico Dispensar
assistente
399
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
Dose:
Alendronato: 10 mg/dia ou 70 mg/semana, VO,
ingerido em jejum com 200 ml de água. Manter
paciente sentado ou de pé por pelo menos 30 min
Possui receita médica Carbonato de cálcio: 500 – 2.000 mg/dia, VO
atual e a dose está de Colecalciferol: 800 – 1.000 UI/dia, VO
Estrógenos conjugados: dose individualizada, VO
Não acordo com o PCDT? Sim
Orientar o
paciente
Dispensar e solicitar
Dispensar
parecer do médico
assistente
400
Osteoporose
Ficha Farmacoterapêutica
Osteoporose
1 DADOS DO PACIENTE
Nome: ___________________________________________________________________________
CNS:______________________________________RG:____________________________________
DN: ___/___/____ Idade: __________ Peso: ___________ Altura: ___________ Sexo: o F o M
Endereço:_________________________________________________________________________
Telefones:________________________________________________________________________
2 AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA
o não
401
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
3. MONITORIZAÇÃO DO TRATAMENTO
3.2 Desde a última dispensação houve alteração no uso de medicamento (novos, suspensões, trocas de
medicamentos/posologia)?
não
sim → Preencher Tabela de Uso de Medicamentos – Anexo I
Obs.: ao final da entrevista farmacoterapêutica preencher Ficha de Registro de Evolução Farmacêutica – Anexo IV.
Ao final da dispensação preencher Tabela de Registro da Dispensação – Anexo V
402
Osteoporose
Este é um guia que contem orientações sobre sua doença e o medicamento que você está
recebendo gratuitamente pelo SUS.
1 DOENÇA
• É uma doença que leva ao enfraquecimento dos ossos e, assim, aumenta o risco de fraturas.
2 MEDICAMENTO
• Os medicamentos não curam a doença, mas diminuem o risco de fraturas, aliviam os sintomas,
melhorando a qualidade de vida.
3 GUARDA DO MEDICAMENTO
• Guarde os medicamentos protegidos do calor, ou seja, evite lugares onde exista variação da
temperatura (cozinha e banheiro).
• Para calcitonina: guarde o medicamento, tanto o spray nasal como as ampolas, na geladeira e
fora da caixa de isopor. Não guarde na porta da geladeira, nem no congelador ou freezer. O spray
nasal depois de aberto deve ser mantido na geladeira e utilizado dentro de 1 mês.
• Mantenha o medicamento na embalagem original e fora do alcance das crianças.
4 ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO
• Alendronato e risedronato: tome o comprimido inteiro, sem mastigar ou triturar, com um copo
cheio de água. Deve-se tomar o medicamento de estômago vazio pelo menos 30 minutos antes
de ingerir outros medicamentos (inclusive o cálcio e a vitamina D) ou de ingerir comidas e bebidas.
Fique de pé pelo menos 30 minutos depois de tomar o medicamento.
• Pamidronato: deve ser aplicado por via intravenosa em ambiente hospitalar e sob supervisão do
profissional de enfermagem.
• Raloxifeno: tome os comprimidos sem mastigar ou triturar, com um copo cheio de água. Pode ser
tomado antes, durante ou após as refeições.
• Calcitriol: tome as cápsulas sem abrir ou mastigar, com um copo cheio de água, de preferência
Osteoporose
403
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
5 REAÇÕES DESAGRADÁVEIS
• Apesar dos benefícios que o medicamento pode trazer, é possível que apareçam algumas reações
desagradáveis, que variam de acordo com o medicamento, tais como: náuseas, vômitos, dor abdominal,
diarreia ou prisão de ventre, perda de apetite, entre outros.
• Se houver algum destes ou outros sinais/sintomas, comunique-se com o médico ou farmacêutico.
• Maiores informações sobre reações adversas constam no Termo de Esclarecimento e Responsabilidade,
documento assinado por você ou pelo responsável legal e pelo médico.
9 EM CASO DE DÚVIDAS
• Se você tiver qualquer dúvida que não esteja esclarecida neste guia, antes de tomar qualquer atitude, procure
orientação com o médico ou farmacêutico do SUS.
10 OUTRAS INFORMAÇÕES
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___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
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Para calcitonina: levar caixa de isopor para transportar o medicamento da farmácia até sua casa
e guardá-lo imediatamente na geladeira.
404