Rossa Feresetal2017AnfbiosdaMata PDF
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REVISÕES EM ZOOLOGIA
Mata Atlântica
E-book
Coordenação editorial
Rachel Cristina Pavim
Revisão
créditos no final do livro
Revisão final
dos autores
Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica
Rachel Cristina Pavim
Série Pesquisa, n. 310
ISBN: 978-85-8480-123-7
Inclui referências
Vários autores
ISBN 978-85-8480-123-7
Ref. 909
aBsTRaCT
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to temperature, rainfall, and slope. The most rich sites were those
with high slope (a proxy for relief heterogeneity), and temperature
variation. Environmental degradation goes in a fast pace, driving
species towards extinction following the advance of human activities.
The data compiled here may guide and stimulate further studies in
areas not yet sampled, and also support effective conservation actions.
Together with the academic work, we also need to do a better job with
outreach to: (i) inform and educate society about the importance of
species preservation; and (ii) pressure decision makers to invest in the
conservation and restoration of degraded areas.
inTRODUÇÃO
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1986; SCHMIDT; WAKE, 1990; JARED et al., 1999; POUGH et al., 2008; GOWER;
WILKINSON, 2009).
Dentre os biomas brasileiros, a Mata Atlântica possui a maior
riqueza de espécies e grau de endemismo de anfíbios anuros do Brasil
(HADDAD; PRADO, 2005; ARAÚJO et al., 2009; ROSSA-FERES et al., 2011). As
estimativas variam entre 405 (HADDAD; PRADO, 2005) e 543 (HADDAD et al.,
2013) espécies. Entretanto, o número de espécies de anuros é provavelmente
maior uma vez que, apesar do início dos estudos dos anfíbios da Mata Atlântica
datar de meados do século XVIII (LINNAEUS, 1758 in LAVILLA et al., 2010),
dezenas de novas espécies continuam a ser descritas (e.g., NAPOLI et al., 2011;
GAREY et al., 2012; BRUSQUETTI et al., 2013; MARTINS; ZAHER, 2013; TEIXEIRA
JR. et al., 2013; MâNGIA et al., 2014; ARAUJO-VIEIRA, 2015), indicando que
estamos longe de esgotar o inventário desse bioma. A riqueza de espécies da
Mata Atlântica é tão expressiva que representa mais de 50% das espécies de
anuros descritas para o Brasil, considerado o país com a maior diversidade
de espécies de anfíbios anuros do mundo (IUCN, 2013; SEGALLA et al., 2016).
Essa riqueza é ainda mais notável quando consideramos que, apesar da ampla
distribuição desse bioma no Brasil, a riqueza de espécies de anuros registrada
é muito maior que o esperado apenas com base na extensão geográfica (ver
TOLEDO; BATISTA, 2012).
A elevada riqueza de espécies e a grande diversidade de modos
reprodutivos é decorrente do uso bem sucedido dos microhábitats úmidos e
diversificados existentes na Mata Atlântica (BROWN; BROWN, 1992; HADDAD;
PRADO, 2005). Entretanto, muito do que resta desse bioma está distribuído
em pequenos fragmentos (80% dos fragmentos possuem menos de 50 ha e
quase a metade tem área menor que 100 ha; RIBEIRO et al., 2009) isolados e
muitas vezes imersos em uma matriz pouco permeável (RODRIGUES et al.,
2008; RIBEIRO et al., 2009; NECCHI JR. et al., 2012; ROSSA-FERES et al., 2012).
Essas condições representam séria ameaça à conservação da diversidade de
espécies do bioma. Para os anfíbios, a situação é agravada pelo declínio global
que o grupo vem enfrentando (WAKE, 1991; BOSCH, 2003; POUNDS et al.,
2007). As possíveis causas desse declínio variam desde mudanças climáticas,
poluição industrial e por agrotóxicos, introdução de espécies exóticas, até
doenças emergentes (BOSCH, 2003; POUNDS et al., 2006, 2007; VERDADE et
al., 2011; GRÜNDLER et al., 2012). Todavia, a principal ameaça aos anfíbios no
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A economia do Reino de Portugal, então governado pelo Rei
D. Manuel I, encontrava-se muito combalida para exercer uma efetiva
colonização da nova terra. Apesar de algumas expedições exploratórias que
buscavam apenas riquezas, poucos núcleos colonizadores foram estabelecidos
até quase meados do século XVI, sempre localizados ao longo da costa.
Porém, mesmo estando fechada, havia possibilidade da colônia ser
invadida. Assim, a mais rica das Capitanias, a de Pernambuco, foi invadida
pela Companhia das índias Ocidentais, estabelecendo-se a colônia “Nieuw
Holland”, ou seja, “Nova Holanda”. O conde Johan Maurits van Nassau-Siegen
(1604–1679), conhecido como Conde Maurício de Nassau, desembarcou nessa
Nova Holanda em 1637, acompanhado por uma equipe de cientistas, artistas,
arquitetos e engenheiros. Johan Maurits permaneceria em terras brasileiras
até 1644, mas o domínio holandês perdurou até 1654.
Na comitiva de Johan Maurits van Nassau-Siegen estava o cientista
Georg Marcgrav de Liebstad ou George Marcgrave (1610–1644), que veio como
astrônomo e foi responsável pela construção do primeiro observatório do
Novo Mundo. Porém, sua obra astronômica aparentemente se perdeu quase
totalmente e ele tornou-se conhecido graças às suas atividades de naturalista.
Pouco depois, juntou-se à expedição o médico Willem Pies ou Guilherme Piso
(1611–1678). Marcgrave e Piso foram responsáveis pela primeira publicação
em história natural, feita por cientistas, sobre o Novo Mundo. A obra, “Historia
Naturalis Brasiliae ...” (“História Natural do Brasil ...”) apareceu em 1648,
dividida em duas partes principais. A primeira parte, “De Medicina Brasiliensi”
(“Da Medicina Brasileira”), foi da autoria de Guilherme Piso. Nessa obra
apareceu a primeira figura de um anfíbio brasileiro, chamado de “Cururu”
(Figura 1), que depois seria repetida na outra obra de Piso, “De Indiae Utriusque
Re Naturali et Medica” (“História Natural e Médica da índia Ocidental”), de 1658.
Esse anfíbio hoje em dia pode ser identificado como o “sapo-cururu”, Rhinella
jimi (STEVAUX, 2002); apesar de não ser espécie primariamente da Mata
Atlântica, ocorre associada a esse bioma em muitas áreas de sua distribuição
(e.g., SILVANO; PIMENTA, 2003; BAZTAZINI et al., 2007; SANTANA et al., 2008;
GARDA et al., 2010). Na segunda parte, “Historiae Rerum Naturalium Brasiliae”,
de autoria de George Marcgrave, há referência e uma descrição em Latim de
uma espécie que, considerando-se a fauna nordestina, bem se aplica ao que
se conhece hoje como Hypsiboas raniceps Cope, 1862.
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outras providências importantes. Finalmente, em 26 de fevereiro de 1808, D. João
e a Família Real partiram para o Rio de Janeiro, aonde chegaram em 7 de março e,
em poucos meses, montou-se nessa cidade um complexo aparato burocrático, nos
moldes daquele existente na Corte em Portugal, para dirigir o reino.
As transformações ainda teriam um ponto de alta importância em
16 de dezembro de 1815. Nessa data, D. João elevou a Colônia à condição de
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, além de promover o Rio de Janeiro
à condição de sede oficial da Coroa. O Brasil deixava de ser colônia e passava
a constituir a primeira e única sede de um governo monárquico europeu no
Novo Mundo. Neste contexto, somente a partir daí o conhecimento científico
do país, incluindo o conhecimento herpetológico, realmente floresceu.
No dia 17 de fevereiro de 1817, D. Pedro, filho de D. João e D. Carlota
Joaquina e herdeiro por direito do trono de Portugal, casou-se com D. Maria
Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo, Arquiduquesa da áustria, por
procuração passada ao Marquês de Marialva, embaixador português junto ao
Império Austro-Húngaro. Dona Leopoldina só chegou ao Rio de Janeiro em 5
de novembro de 1817, quando então conheceu seu marido e a Família Real.
Junto à comitiva da princesa, veio também uma grande expedição científica
que, dentre outros, trazia os naturalistas Johann Baptist von Spix (1781–1826)
e Carl Friedrich Philipp von Martius (1794–1868).
No contexto do estudo dos anfíbios, porém, a abertura dos portos e
o processo desenvolvimentista implementado por D. João VI tiveram reflexos
imediatos e importantes. Primeiro, foi a vinda de Georg Heinrich von Langsdorff
(1774–1852) como Cônsul-Geral da Rússia para o Brasil, nomeado pelo Czar
Alexander I. Em janeiro de 1813, ele desembarcou no Rio de Janeiro e, logo após
sua chegada, comprou a chamada Fazenda da Mandioca, na Serra da Estrela,
na subida para a Serra dos órgãos (atualmente no Município de Magé), onde
formou importantes coleções de plantas, animais e minerais, além de tornar-se
ponto de referência para todos os naturalistas que visitaram o país nessa época.
Com relação aos anfíbios, o primeiro grande viajante recebido por
Langsdorff no Brasil foi o Príncipe Maximilian Alexander Philipp zu Wied-
Neuwied (1782–1867) (Prancha 1A). Wied nasceu no castelo da família em
Neuwied, na antiga Renânia, hoje Alemanha, em 23 de setembro de 1782. Em 15 de
maio de 1815 ele viajou para o Brasil às suas próprias expensas, chegando ao Rio
de Janeiro em 16 de julho do mesmo ano. Era acompanhado por dois servidores:
o caçador de seu irmão e experiente taxidermista David Dreidoppel e o jardineiro
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novas, das quais seis permanecem válidas: Bufo crucifer (= Rhinella crucifer), Hyla faber
(= Hypsiboas faber), Hyla crepitans (= Hypsiboas crepitans), Hyla elegans (= Dendropsophus
elegans), Hyla luteola (= Phyllodytes luteolus) e Ceratophrys boiei (= Proceratophrys boiei).
Duas espécies norte-americanas, Hyla crucifer (= Pseudacris crucifer) e Hyla triseriata
(= Pseudacris triseriata), foram também descritas.
Outros importantes naturalistas recebidos pelo Barão von
Langsdorff em sua Fazenda da Mandioca foram Johann Baptist von Spix
(1781–1826) e Carl Friedrich Philipp von Martius (1794–1868) (Prancha
1B, C), que vieram ao Brasil graças ao casamento de D. Maria Leopoldina,
Arquiduquesa da áustria, com o Príncipe D. Pedro, futuro Imperador D. Pedro I.
Johann Baptist Ritter von Spix nasceu na pequena cidade de
Höechstädt am der Aisch, na Bavária, atual Alemanha, em 9 de fevereiro de
1781. Em 1807, doutorou-se em Medicina e começou a exercer a profissão em
Bamberg, enquanto continuava seus estudos de história natural e filosofia, mas
já em 1808 foi contratado para instalar o Gabinete de Zoologia da Academia
de Munique, a Zoologischen Staatssammlung München.
Carl Friedrich Philipp von Martius nasceu na cidade de Erlangen,
também na Baviera, atual Alemanha, em 17 de abril de 1794. Em 30 de março
de 1814, Martius graduou-se na Friedrich Alexander Universität, recebendo o
título de Doctor Medicinae. Sua tese de doutorado consistiu de um catálogo
crítico das plantas do Jardim Botânico de Erlangen. Spix conheceu Martius
em 1812, quando este era ainda um jovem estudante em Erlangen.
Spix e Martius se uniram apenas para a expedição científica ao Brasil.
Spix, como mais velho, mais experiente, já ocupando alta posição na Academia,
era o responsável pela empreitada, cabendo a ele prestar contas e redigir o
relatório para o rei. Martius era jovem, inteligente e aquela viagem era sua
primeira grande oportunidade científica. Assim, Spix, então com 36 anos, e
Martius, com 22 anos de idade, partiram do porto italiano de Trieste em 2 de
abril e chegaram ao Rio de Janeiro em 15 de julho de 1817. Suas explorações
começaram imediatamente pelos arredores da cidade, então riquíssima região
de Mata Atlântica quase intocada. Depois visitaram por alguns dias o Barão
von Langsdorff em sua Fazenda da Mandioca, na Serra da Estrela, antes de
retornarem ao Rio de Janeiro, de onde partiram para sua grande expedição. O
itinerário cumprido, viajando a pé, em lombo de burro e em barcos movidos a
remos, deu-lhes a oportunidade de ver quase toda a diversidade ambiental do
Brasil: Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Floresta Amazônica.
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geral e organização dos gêneros sendo, na verdade, o responsável pelo primeiro
sistema natural de gêneros proposto para anfíbios e répteis, que tornou-se obra
clássica da zoologia descritiva. A responsabilidade de Bibron foi a descrição das
espécies. O resultado foi a publicação, no período de 1834 a 1854, da obra seminal
“Erpétologie Générale ou Histoire Naturelle Complète des Reptiles” (“Herpetologia Geral
ou História Natural Completa dos Répteis”), em nove volumes (na verdade, em dez
volumes, pois o volume sete foi produzido em dois tomos) e mais um atlas com 120
pranchas apresentadas em preto-e-branco e coloridas à mão. Os volumes 1 a 6 e o 8
são de autoria de Duméril e Bibron. Após a morte prematura de Gabriel Bibron, por
tuberculose aos 42 anos de idade, em 27 de março de 1848, Auguste Henri André
Duméril (1812–1870) se juntou ao pai para escrever os dois volumes restantes (o
sétimo e o nono). No que concerne aqui, os anfíbios anuros foram tratados no
volume 8, publicado em 1841 por Duméril e Bibron; no volume 9, publicado em
1854 por Duméril, Bibron e Duméril, aparecem os anfíbios caudados. A “Erpétologie
Générale”, cobrindo 1.393 espécies de todos os anfíbios e répteis conhecidos, foi
a primeira obra realmente abrangente, incluindo para cada espécie a sinonimia
completa e a descrição detalhada, além de informações sobre anatomia, fisiologia,
taxonomia, distribuição e literatura associada, sendo que muitas foram ilustradas.
Particularmente em relação aos anfíbios anuros, foram incluídas muitas espécies
brasileiras ou que ocorrem no Brasil tais como, Cystignathus gracilis (atualmente
Leptodactylus gracilis), Leiuperus marmoratus (atualmente Pleurodema marmoratum),
Pyxicephalus americanus (atualmente Odontophrynus americanus), Hyla langsdorffii
(atualmente Itapotihyla langsdorffii), Hyla pulchella (atualmente Hypsiboas pulchellus),
Crossodactylus gaudichaudii (que se mantém até hoje), Bufo dorbignyi (atualmente
Rhinella dorbignyi), Engystoma microps (atualmente Myersiella microps), além de
gêneros como Crossodactylus, Atelopus e Phyllobates.
Apesar do predomínio francês, durante o século XIX apareceram
diversos pesquisadores, de diferentes nacionalidades, que contribuíram em
maior ou menor grau para o conhecimento dos anfíbios. Assim, na áustria
encontrava-se Leopold Joseph Franz Johann Fitzinger (1802–1884) (Prancha
1F) que, trabalhando no “Naturhistorisches Museum zu Wien” (“Museu de
História Natural de Viena”), em 1826 publicou seu primeiro livro importante
para a herpetologia, a “Neue Classification der Reptilien nach ihren Natürlichen
Verwandtschaften. Nebst Einer Verwandtschafts-Tafel und Einem Verzeichnisse der
Reptilien-Sammlung des K. K. Zoologischen Museum’s zu Wien” (“Nova classificação
dos répteis segundo suas relações naturais, com uma tabela de classificação
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língua e das vértebras) e buscou unir no mesmo sistema as espécies recentes e
fósseis. Na Espanha, encontrava-se Marcos Jiménez de la Espada (1831–1898),
que não teve grande influência na herpetologia brasileira, muito menos na
região da Mata Atlântica, embora tenha descrito o gênero Dendrophryniscus
com base em material obtido no Rio de Janeiro.
Na passagem do século XIX para o século XX, uma nova escola
de conhecimentos herpetológicos se desenvolveu na Inglaterra, mais
especificamente no British Museum of Natural History, em Londres. O primeiro a
ser destacado é Albert Carl Ludwig Gotthilf Günther (1830–1914), responsável
pela grande coleção herpetológica daquele Museu e que muito trabalhou pelo
seu incremento. Entre suas diversas publicações, em relação aos anfíbios
destaca-se o “Catalogue of the Batrachia Salientia” (1859 [1858]), com descrições
de todas as espécies de anfíbios presentes na coleção do British Museum, muitas
delas novas. Porém, sem dúvida sua maior contribuição à herpetologia foi
assumir como assistente (1881) e depois deixar como seu sucessor a cargo das
coleções de “vertebrados inferiores” (1895), o jovem pesquisador belga George
Albert Boulenger (1858–1937) (Prancha 1I). Sob as ordens de Günther, que o
designou para preparar uma nova edição do catálogo dos anfíbios e répteis,
Boulenger produziu uma obra em nove volumes entre os anos de 1882 a 1896.
Essa obra monumental, que ainda hoje permanece como a mais abrangente
revisão da herpetofauna mundial, cobre 8.469 espécies. Os anfíbios foram
tratados em dois volumes em 1882, o “Catalogue of the Batrachia Salientia s.
Ecaudata in the Collection of the British Museum. Second Edition” e o “Catalogue of
the Batrachia Salientia s. Caudata in the Collection of the British Museum. Second
Edition”, com muitas espécies brasileiras, inclusive diversas espécies novas.
Nos Estados Unidos da América, que atingira sua independência em
4 de julho de 1776, começaram a se estruturar as grandes coleções e os grandes
museus de história natural. Nessas instituições, foram desenvolvidas pesquisas
herpetológicas dos mais variados matizes, muitas delas intimamente associadas
à anurofauna brasileira. Entre os pesquisadores associados àquelas instituições,
podem ser citados a título de exemplo, Edward Drinker Cope (1840–1897),
Alexander Grant Ruthven (1882–1971), Helen Beulah Thompson Gaige (1890–1976),
Gladwyn Kingsley Noble (1894–1940), Edward Harrison Taylor (1889–1978),
Emmett Reid Dunn (1894–1956), Hampton Wildman Parker (1897–1968), Doris
Mabel Cochran (1898–1968), George Sprague Myers (1905–1985), Colleman Jett
Goin (1911–1986), William Franklin Blair (1912–1984), entre muitos outros.
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a herpetologia no Brasil
A década de 1920 pode ser considerada como o início dos estudos
sobre anfíbios realizados por brasileiros, desconsiderando-se a incipiente e
malsucedida iniciativa de João Joaquim Pizarro (1842–1906) apresentada em
1876 com seu Batrachychthis. Adolpho Lutz (1855–1940), no Instituto Oswaldo
Cruz, e Alípio de Miranda-Ribeiro (1874–1939), no Museu Nacional, podem
ser considerados os primeiros brasileiros a estudar e publicar ativamente
com esse grupo de animais.
Adolpho Lutz (Prancha 1J) nasceu no Rio de Janeiro em 18 de
dezembro de 1855 e morreu na mesma cidade em 6 de outubro de 1940. Teve
educação médica na Universidade de Berna, na Suíça, formando-se em 1880.
Retornou ao Brasil em 1881 e, tirando o breve período de 1889 a 1892 em que
esteve no Hawaii para estudar lepra, toda sua carreira se desenvolveu no
Brasil. É considerado um dos maiores cientistas do país, tendo estabelecido
os fundamentos da medicina tropical, da zoologia médica e da parasitologia.
Em 1908, ele foi designado Chefe da Divisão de Zoologia Médica do Instituto
Soroterápico de Manguinhos (mais tarde chamado Fundação Instituto Oswaldo
Cruz), no Rio de Janeiro. O interesse de Adolpho Lutz pelos anfíbios foi
secundário, mas ele foi o cientista que, entre 1923 e 1939, ativamente publicou
uma série de estudos sobre anfíbios anuros, principalmente referentes ao
sudeste do Brasil, além de uma pequena incursão no estudo de serpentes. Das
58 espécies de anfíbios descritas por Lutz, 38 são ainda atualmente válidas,
ou seja, 65,5%, uma boa proporção considerando o conhecimento da época.
Lutz era excelente naturalista de campo, mas suas descrições de espécies
de anfíbios são muito sinópticas e pouco detalhadas, praticamente apenas
notas, mas por vezes acompanhadas de boas ilustrações. No final de sua
vida, teve a colaboração de sua filha, Bertha Lutz (1894–1976), naturalista
do Museu Nacional, com quem coautorou seus últimos estudos com anuros
e que continuou essa linha de pesquisa após sua morte.
Alípio de Miranda-Ribeiro (Prancha 1K) nasceu na cidade de Rio
Preto, Minas Gerais, em 21 de fevereiro de 1874 e faleceu no Rio de Janeiro, em
8 de janeiro de 1939. Entrou para o Museu Nacional em 1894 como preparador
(que seria hoje equivalente a um técnico de laboratório), tornando-se
depois Secretário e, várias promoções depois, em 1929, Professor e Chefe do
Departamento de Zoologia, posto que ocuparia até sua morte. Participou de
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estudo com vertebrados, envolvendo notas ecológicas e zoogeográficas sobre
peixes e anfíbios do nordeste do Brasil. Foi nomeado Assistente Técnico do
Museu Nacional em 1939 e Naturalista em 1941. Prestou concurso para o
cargo de Naturalista do Ministério da Educação e Saúde, sendo aprovado e
nomeado como Naturalista Classe “J” em 18 de julho de 1944, lotado na Divisão
de Zoologia do Museu Nacional. Por merecimento, Carvalho foi promovido a
Naturalista classe “K” em 1947 e contemplado com uma bolsa de estudos da
John Simon Guggenheim Memorial Foundation (USA). Durante todo o governo
de Eurico Gaspar Dutra (1946–1951) foi-lhe negada permissão para se ausentar
do país. Quando finalmente obteve essa permissão, em 1951, dirigiu-se para
o Museu de História Natural da Universidade da Califórnia, onde trabalhou
sob a orientação de George Sprague Myers (1905–1985). Lá ficou até meados
de 1953, por haver obtido renovação da bolsa. Então aproveitou para cursar
as cadeiras de Herpetologia, Ictiologia e Anatomia Comparada oferecidas
por aquela Universidade, assim ampliando seus conhecimentos acadêmicos
(NOMURA, 1993). Diversas viagens a regiões remotas, incluindo a Amazônia e
regiões nordeste e central do Brasil, lhe deram grande experiência de campo
e produziram uma bela coleção de exemplares de diversos grupos zoológicos.
Com a aposentadoria de Bertha Lutz, em 1964, ele se tornou responsável
pelas coleções herpetológicas do Museu Nacional até 1979, quando também
se aposentou. Até sua morte no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1985,
aos 75 anos de idade, porém, ele manteve contacto com o Museu Nacional,
inclusive para receber e auxiliar especialistas do Brasil e do exterior que a
ele recorriam.
Ainda no estado do Rio de Janeiro, mas não diretamente associado
ao Museu Nacional, Eugenio Izecksohn (1932–2013) desenvolveu outro núcleo
de estudos de anfíbios anuros na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
no Município de Seropédica. Eugenio Izecksohn (Prancha 1N) nasceu no Rio
de Janeiro, Capital, em 14 de maio de 1932. Cursou as primeiras letras no Rio
de Janeiro, até mudar-se para o antigo Km 47 da Rodovia Rio de Janeiro–São
Paulo (hoje em dia localizado no Município de Seropédica, Rio de Janeiro),
no final da década de 1940, para fazer sua faculdade. Em 1953 graduou-se
Engenheiro Agrônomo pela Escola Nacional de Engenharia (ENA), da então
Universidade Rural do Brasil, atualmente Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro. Já no ano seguinte, foi indicado como professor e iniciou suas
atividades docentes na Cadeira de Zoologia Agrícola (hoje área de Zoologia,
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entretanto, estava interessado no estudo dos anfíbios, um grupo que
absolutamente não interessava a Vanzolini e, desta forma, ele iniciou sua
carreira de pesquisa, publicando seus primeiros trabalhos já a partir de 1950.
Era uma situação extravagante, na qual um servidor subalterno firmava-se
cada vez mais como pesquisador. Porém, algum tempo após o retorno de
Vanzolini de seu doutoramento na Universidade de Harvard, nos Estados
Unidos da América, em janeiro de 1951, houve um sério desentendimento
entre os dois. Em 1969, com a incorporação do então Museu de Zoologia da
Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo à Universidade de São Paulo,
Bokermann se viu lotado no Instituto de Biociências. Concomitantemente,
ele obteve um cargo e transferiu-se para a Fundação Parque Zoológico de
São Paulo, na Seção de Aves. Em 1984, tornou-se Chefe da Seção de Aves,
cargo que viria a ocupar pelo restante de sua vida. Viajou por todo o país,
muitas vezes subvencionado por Carlos Alberto Campos Seabra (? –2001),
médico e rico financista aficionado por coleções de insetos e de beija-flores
(Bokermann coletava esses animais para ele durante o dia e os anfíbios para
sua coleção à noite), com recursos particulares e alguma verba pública.
Montou um sistema de permuta de exemplares com instituições do mundo
todo. Tinha coletores amigos que constantemente lhe enviavam exemplares.
Com isso, Bokermann reuniu grande, representativa e importante coleção,
incluindo muitos tipos, que ficava abrigada em sua residência. Após a
morte de Bokermann, ocorrida em 1 de abril de 1995, em São Paulo, Capital,
Paulo Emílio Vanzolini buscou contacto com sua viúva e filhos através de
pesquisadores mutuamente conhecidos e logrou comprar toda a coleção de
anfíbios para o Museu de Zoologia da USP, através de um financiamento direto
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Hoje em
dia, a coleção Werner C. A. Bokermann está toda incorporada e disponível
para estudos no Museu de Zoologia da USP. Werner Bokermann casou-se
em 1959 com Floripes Bokermann e foi bolsista da John Simon Guggenheim
Memorial Foundation (USA) em 1967-1968, visitando diversas instituições
de pesquisa com anfíbios nos Estados Unidos (Pittsburgh, Chicago, Boston,
Cambridge, New York, Philadelphia, Austin e Washington), na Colômbia
(Bogotá e Villavicencio) e no Equador (Guayaquil e Quito). Possuía notável
força de vontade, tanto que, já com certa idade, terminou os estudos do
segundo grau e em 1977, aos 48 anos, licenciou-se em Ciências Biológicas
pela Faculdade Farias Brito, em Guarulhos, São Paulo, bacharelando-se no
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Paulo. Jorge Jim (Prancha 1Q) nasceu em Lins, interior do estado de São Paulo,
em 18 de agosto de 1942, mas foi criado em Cornélio Procópio, no norte do
estado do Paraná. Por influência dos pais, agricultores japoneses, foi cursar
Engenharia Agronômica na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em
Seropédica (1963-1966). Foi ali que conheceu o Prof. Eugenio Izecksohn, que
o iniciou no estudo dos anfíbios. Em 1967 foi convidado pelo Prof. Benedicto
Abílio Monteiro Soares para integrar o Departamento de Zoologia do Instituto
Básico de Biologia Médica e Agrícola (IBBMA), depois integrado à Universidade
Estadual Paulista (Unesp), Campus de Botucatu, como docente do curso de
Ciências Biológicas. Defendeu seu mestrado na Universidade de São Paulo em
1970, intitulado “Contribuição ao estudo de uma Hyla da região de Botucatu”,
sob a orientação do Prof. Cláudio Gilberto Froehlich. O mesmo foi também
orientador de seu doutorado, intitulado “Aspectos ecológicos dos anfíbios
registrados na região de Botucatu, São Paulo (Amphibia, Anura)”, defendido
em 1981. Sua livre-docência, com tese intitulada “Distribuição altitudinal e
estudo de longa duração de anfíbios da região de Botucatu, estado de São
Paulo”, foi obtida em 2003. Jorge Jim sempre teve interesse abrangente
pelos anfíbios do Brasil, com desenvolvimento de levantamentos e coletas
no estado de São Paulo, no Nordeste do país, principalmente na Bahia, e
na Amazônia, notadamente na região do médio rio Madeira. Sua coleção
científica, formada ao longo de seus mais de 40 anos de vida acadêmica, está
hoje em dia depositada e disponível no Museu Nacional, Rio de Janeiro. Era
professor nato e muito influenciou várias gerações de pesquisadores em
diversas áreas, mas mais especificamente ligadas à herpetologia. Faleceu de
câncer em Botucatu, estado de São Paulo, em 23 de junho de 2011.
Finalmente, atuando na região Sul do Brasil, principalmente em
matas de araucárias e em campos sulinos, deve-se referir a Pedro Canísio
Braun (1938–1992), morto prematuramente aos 54 anos de idade, e a Marcos
Di Bernardo (1963–2006), também falecido precocemente com a idade de 43
anos. Braun publicou apenas cinco espécies novas de anuros (das quais quatro
são atualmente válidas) e Di Bernardo, ainda que fosse basicamente estudioso
de serpentes, publicou duas espécies novas de anfíbios, ambas válidas até hoje.
Ao término, deve-se salientar que o conhecimento dos anfíbios
anuros brasileiros evoluiu basicamente no mesmo ritmo que em todo o mundo.
Primeiramente, as pesquisas se concentravam em grandes museus, onde
REVISÕES EM ZOOLOGIA
MATA ATLÂNTICA
259
lista de Espécies
No Brasil são reconhecidas atualmente 1080 espécies (SEGALLA et
al., 2016), das quais 58% ocorrem na Mata Atlântica, sendo que a riqueza de
espécies de anfíbios deve ser ainda maior, pois frequentemente novas espécies
são descritas neste bioma (e.g., CARAMASCHI; NAPOLI, 2012; GAREY et al.,
2012; VAZ-SILVA et al., 2012; RIBEIRO et al., 2015). A grande diversidade de
anuros da Mata Atlântica e o grande número de espécies com distribuição
restrita nesse bioma são mantidos pela grande diversidade de formações
vegetais, resultante da combinação de quatro fatores principais: variação
latitudinal (de cerca de 29o, o que inclui regiões tropicais e subtropicais),
variação longitudinal (a qual cria um gradiente decrescente de volume de
chuva e de umidade da região costeira para o interior), variação altitudinal
(SILVA; CASTELETI, 2005; HADDAD; PRADO, 2005; RIBEIRO et al., 2009) e fatores
históricos responsáveis por esculpir diferentes unidades biogeográficas
naturais ao longo da Mata Atlântica (CARNAVAL et al., 2014; VASCONCELOS
et al., 2014; XAVIER et al., 2015; LUIZ et al., 2016). Juntos, esses quatro
fatores criam condições ambientais altamente heterogêneas (e.g., diferentes
fitofisionomias vegetacionais) e uma diversidade única de paisagens que
explicam, pelo menos em parte, a extraordinária diversidade de espécies
do país (SILVA; CASTELETI, 2005; CRUZ; FEIO, 2007; RIBEIRO et al., 2009)
que, dependendo do grupo taxonômico, corresponde de 1 a 8% em relação à
mundial (SILVA; CASTELETI, 2005).
De acordo com nossos registros, na Mata Atlântica (não incluindo
ilhas oceânicas) atualmente ocorrem 625 espécies de anfíbios anuros
pertencentes a 18 famílias (Tabela 1, Prancha 2). Considerando que as
alterações propostas por Duellman et al. (2016) ainda não estão consolidadas
na literatura, optamos por seguir o sistema de classificação anterior,
apresentado em Frost (2015). A família mais representativa é Hylidae com 240
espécies (38% do total), seguida das famílias Leptodactylidae (97 espécies),
Brachycephalidae (60 espécies), Bufonidae (47 espécies), Hylodidae (46
espécies), Cycloramphidae (35 espécies), Odontophrynidae (28 espécies),
Microhylidae (24 espécies), Craugastoridae (16 espécies), Hemiphractidae
(14 espécies), Eleutherodactylidae (6 espécies), Centrolenidae (4 espécies),
Ceratophryidae (2 espécies), Ranidae (2 espécies), Allophrynidae (1 espécie),
Alsodidade (1 espécie), Aromobatidae (1 espécie) e Pipidae (1 espécie). Das
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MATA ATLÂNTICA
261
TABELA 1 – RELAçãO DAS ESPÉCIES DE ANFíBIOS ANUROS REGISTRADAS NO BIOMA MATA
ATLâNTICA, SUAS DISTRIBUIçÕES NAS PRINCIPAIS FITOFISIONOMIAS E NOS ES-
TADOS QUE ABRIGAM A MATA ATLâNTICA, INDICANDO AS ESPÉCIES ENDÊMICAS
DESSE BIOMA. FES – FLORESTAS ESTACIONAIS, FOM – FLORESTA OMBRóFILA MISTA,
FOD – FLORESTA OMBRóFILA DENSA; CA – CAMPOS DE ALTITUDE.
allophrynidae
alsodidade
aromobatidae
Brachycephalidae
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263
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
Bufonidae
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265
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
Centrolenidae
Ceratophryidae
Craugastoridae
Cycloramphidae
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267
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
Eleutherodactylidae
hemiphractidae
hylidae
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MATA ATLÂNTICA
269
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
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MATA ATLÂNTICA
271
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
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MATA ATLÂNTICA
273
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
Scinax perereca Pombal, Haddad & Kasahara, 2005 x x x - - PR, RS, SC, SP
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275
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
hylodidae
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Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
leptodactylidae
Physalaemus marmoratus (Reinhardt & Lütken, BA, ES, GO, MG, MS,
x - x - -
1862) RJ, SP
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MATA ATLÂNTICA
279
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
microhylidae
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MATA ATLÂNTICA
281
Família/Espécie FEs FOm FOD Ca Endêmica Estados
Odontophrynidae
Odontophrynus americanus (Duméril & Bibron, GO, MG, MS, PE, PR,
x x x x -
1841) RS, SC, SP
Odontophrynus carvalhoi (Savage & Cei, 1965) x - x - - AL, BA, CE, PB, PE, PI
Pipidae
Ranidae
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MATA ATLÂNTICA
283
Prancha 2 – A – Brachycephalus pitanga; B – Aparasphenodon bokermanni; C – Dasypops
schirchi; D – Phyllomedusa nordestina; E – Hylodes asper; F – Macrogenioglottus alipioi;
G – Fritziana fissilis; H – Rhinella crucifer; I – Pipa carvalhoi; J – Xenohyla truncata; K – Myersiella
microps; L – Corythomantis greeningi; M – Aplastodiscus flumineus; N – Melanophryniscus
setiba; O – Ceratophrys aurita; P – Dendropsophus nahdereri; Q – Proceratophrys paviotii;
R – Trachycephalus imitatrix. Fotos: C. F. B. Haddad (A, B, D, E, G, H, I, J, K, L, M, P, R), J.
L. Gasparini (C, F, N, O, Q).
REVISÕES EM ZOOLOGIA
MATA ATLÂNTICA
285
Os anuros (sapos, rãs e pererecas), o grupo mais diverso de anfíbios
também na Mata Atlântica, apresentam a maior variedade de repertórios
comportamentais, sendo os relacionados à reprodução mais evidentes e
conhecidos. Além de apresentarem complexos sistemas de comunicação a
partir de vocalizações, os anuros também podem apresentar rituais de corte
bastante elaborados, com toques mútuos entre macho e fêmea, vocalizações
específicas de acasalamento e até duelos vocais entre machos que podem
competir por uma mesma fêmea (e.g., HADDAD; SAWAYA, 2000; CARVALHO
JR. et al., 2006). Além de emitirem vocalizações agressivas para outros machos,
machos de várias espécies de anuros se envolvem em embates físicos, dos quais
um rival pode sair ferido (e.g., MARTINS et al., 1998).
Vários comportamentos de cuidado parental relativos a ovos ou
girinos também são conhecidos para os anuros. O cuidado mais comum,
registrado em várias famílias diferentes, é o de guarda das desovas, como
observado para o sapo-ferreiro Hypsiboas faber. Machos da espécie passam a
vigiar seus ninhos com desovas quando a densidade de machos cantando nos
arredores é muito alta (MARTINS et al., 1998). Fêmeas de rãs de várias espécies
do gênero Leptodactylus tomam conta de seus ovos em ninhos de espuma ou
em tocas próximas a corpos d’água e, em vários casos, permanecem com seus
girinos após a eclosão (e.g., MARTINS, 2001). Várias outras formas de cuidado
parental são apresentadas pelos anuros, como o transporte de ovos e/ou girinos,
o cuidado com filhotes recém-metamorfoseados, até a alimentação de girinos
com ovos, fertilizados ou não (veja WELLS, 2007).
Embora várias espécies que vivem no chão das florestas apresentem
a pele muito permeável e, portanto, altas taxas de perda d’água, algumas
espécies arborícolas apresentam mecanismos e comportamentos associados à
diminuição da perda d’água, como é o caso das pererecas-da-folhagem do gênero
Phyllomedusa. Essas pererecas apresentam um comportamento de esfregar
secreções glandulares compostas por muco e lipídios em todo o corpo, com o
auxílio dos membros locomotores (BLAYLOCK et al., 1976; WITHERS et al., 1984).
REVISÕES EM ZOOLOGIA
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287
de ambientes aquáticos, observa-se uma grande representatividade de modos
reprodutivos especializados, com destaque para o modo 23, no qual os ovos
são terrestres com desenvolvimento direto (sensu HADDAD; PRADO, 2005).
Geralmente, os modos reprodutivos são filogeneticamente
conservados entre os anfíbios e sítios com maior número de modos
reprodutivos suportam maior diversidade filogenética (SILVA et al., 2012a).
Uma vez que os anfíbios são os tetrápodes que possuem a biologia mais
dependente da água, geralmente na forma de chuva (MCDIARMID, 1994), em
regiões com elevada precipitação ao longo do ano registra-se maior número
de modos reprodutivos, ao passo que locais com baixa precipitação e climas
típicos sazonais, registra-se maior representatividade de modos reprodutivos
especializados para resistir à dessecação (SILVA et al., 2012a).
REVISÕES EM ZOOLOGIA
MATA ATLÂNTICA
289
são especialmente afetadas quando a fragmentação interfere nos corpos de
água disponíveis (BECKER et al., 2007). No entanto, a resposta dos anfíbios à
supressão do hábitat nem sempre é previsível. Por exemplo, o sapo-cururu
Rhinella ornata parece ter maior tolerância à fragmentação e ao efeito de
borda e suas populações podem não sofrer alterações de abundância em curto
prazo (DIXO; MARTINS, 2008). Essa aparente tolerância estaria relacionada
à mobilidade dessa espécie, pois indivíduos de Rhinella ornata parecem ter
alta habilidade para dispersão, o que facilitaria o fluxo entre fragmentos e
corpos d’água. No entanto, pouco se sabe sobre a real movimentação destes
animais pela matriz antrópica e, além disso, a manutenção da abundância não
impediu um efeito de erosão genética com evidente perda de variabilidade em
populações de fragmentos pequenos (DIXO et al., 2009). O que se sabe é que
Rhinella ornata, apesar de tolerante e com boas habilidades para a dispersão,
é severamente afetada pela desconexão entre os ambientes de abrigo/
/alimentação e os de reprodução, sofrendo severos declínios e possivelmente
extinções locais em decorrências das degradações ambientais induzidas pelo
homem (BECKER et al., 2010). Assim, os efeitos genéticos em longo prazo do
isolamento de populações em fragmentos não conectados pode eventualmente
conduzir a extinções locais mesmo em espécies generalistas.
Outra ameaça que vem sendo associada a declínios populacionais
em anfíbios pelo mundo, alvo de diversos estudos nos últimos anos na Mata
Atlântica, é a presença do patógeno Batrachochytrium dendrobatidis, causador da
quitridiomicose (SKERRAT et al., 2007; BECKER; ZAMUDIO, 2011). A quitridiomicose
é uma doença que interfere na queratinização da pele dos anfíbios, afetando tanto
indivíduos adultos quanto as larvas (FISHER et al., 2009). A maior prevalência de
quitrídeos ocorre em ambientes aparentemente intactos e mais frios e, portanto,
sua ocorrência é influenciada por fatores como latitude e altitude (FISHER et
al., 2009; GRUNDLER et al., 2012). A presença desse fungo na pele de espécies de
anuros da Mata Atlântica foi relatada pela primeira vez por Carnaval et al. (2006)
que, analisando espécimes preservados em coleções zoológicas, detectaram que
o fungo já ocupa este bioma pelo menos desde 1981. Outros relatos da presença
de quitrídeos em diversas regiões da Mata Atlântica foram feitos desde então
(e.g., TOLEDO et al., 2006; LISBOA et al., 2013) e maior prevalência do fungo
foi registrada nas áreas de altas altitudes e em espécies que reproduzem em
ambientes lóticos (GRUNDLER et al., 2012). Surpreendentemente, Becker; Zamudio
(2011) mostraram que a fragmentação do hábitat pode ter efeito negativo na
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MATA ATLÂNTICA
291
vêm sendo tomados pelo Instituto Chico Mendes, tais como o estabelecimento de
planos de ação para as espécies insulares (BATAUS; REIS, 2011) das regiões Sul e
Nordeste (ICMBio, 2014). Esses planos envolvem tanto o estudo e conservação in-
situ quanto ex-situ das espécies de anfíbios. Além disso, medidas para conservação
do bioma vêm sendo propostas com base em dois conjuntos de dados. Um utilizou
e complementou o banco de dados SinBiota (Programa BIOTA FAPESP; http://
sinbiota.cria.org.br/), produzindo um diagnóstico e definindo áreas prioritárias
para a realização de inventários biológicos, visando o incremento da conectividade
e a conservação no estado de São Paulo (RODRIGUES et al., 2008), que contemplam
os anfíbios (ROSSA-FERES et al., 2008). Esse diagnóstico foi, desde 2008, adotado pelo
governo do estado de São Paulo, através das Secretarias do Meio Ambiente (SMA)
e da Agricultura e Abastecimento (SAA), para regulamentar e fiscalizar a ocupação
territorial e o desmatamento de vegetação nativa para os mais diversos fins, bem
como estabelecer critérios e implementar normas e diretrizes para a criação de
áreas de conservação e de proteção da biodiversidade (http://www.biota-fapesp.
net/documentos/decretos/decretos.html; Joly et al., 2010). Outro conjunto de
dados considerado é representado pelos resultados obtidos em estudo de anfíbios
por Carnaval et al. (2009), os quais foram extrapolados para o restante da biota. Com
base em dados de paleomodelagem e diversidade genética, Carnaval et al. (2009)
propuseram que a diversidade da Mata Atlântica estaria relacionada ao acúmulo
de linhagens em áreas de estabilidade histórica situadas na porção norte do bioma
e argumentaram que essas áreas deveriam ser priorizadas para maximizar a
conservação das espécies desse bioma. Embora o raciocínio por trás dessa idéia
seja coerente, na prática a identificação desses “refúgios” Plio-Pleistocênicos pode
ser problemática e extremamente controversa, principalmente para a região sul
do bioma onde também foram encontradas evidências desses refúgios em estudos
posteriores (THOMÉ et al., 2010; TONINI et al., 2013).
As condições ambientais estáveis da Mata Atlântica e sua variedade de
ambientes parecem ter levado a uma enorme diversidade de anfíbios (HADDAD;
PRADO, 2005; CARNAVAL et al., 2009), incluindo desde espécies generalistas e
de ampla distribuição no bioma, quanto especializações de nicho extremas e
grande proporção de endemismos (HADDAD et al., 2013). Na última avaliação da
lista brasileira das espécies de anfíbios ameaçadas de extinção constatou-se que
33 espécies estão ameaçadas na Mata Atlântica (HADDAD et al., 2013). Destas, 15
espécies foram consideradas criticamente ameaçadas de extinção, e a principal
causa para sua inclusão na lista é a ocorrência em área menor do que 100 km2,
Um Estudo de Caso
distribuição de riqueza de anuros na Mata Atlântica: o papel da declividade
como indicador de refúgios de riqueza
Tanto a perda de hábitats quanto a fragmentação da Mata Atlântica
afetam de modo negativo a persistência das espécies porque reduzem a área
adequada de ambientes nativos, aumentam o isolamento entre manchas de
ambientes adequados às espécies, aumentam o efeito de borda (LAURANCE
et al., 2002; FAHRIG, 2003; KUPFER et al., 2006b) e desconectam os hábitats
necessários à sobrevivência (BECKER et al., 2007, 2010). Nessas condições,
espécies nativas ficam muito mais vulneráveis a extinção estocástica (HANSKI,
1998), alterações microclimáticas (DIDHAM; LAWTON, 1999) e sinergismo com
outros impactos (e.g., sobreexplotação).
Na Mata Atlântica, o efeito da redução de hábitat e da fragmentação
foi maior nas áreas interioranas do que nas localizadas na costa atlântica, como
a Serra do Mar. Por exemplo, é estimado que em regiões interioranas existam
aproximadamente 7% de cobertura florestal, remanescentes da distribuição
original do bioma, enquanto que na região da Serra do Mar ainda existe por
volta de 32% de vegetação original (RIBEIRO et al., 2009). Devido a isso, a região
da Serra do Mar é a única que contém grandes blocos florestais (>250.000
ha), enquanto que as florestas estacionais do interior possuem somente um
remanescente maior que 50.000 ha, o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná
(RIBEIRO et al., 2009). Geralmente, os maiores blocos florestais encontrados
REVISÕES EM ZOOLOGIA
MATA ATLÂNTICA
293
na Serra do Mar estão localizados em regiões de relevo acidentado, topos de
morro ou vertentes de serra, que além de atuarem como barreiras à dispersão,
não são regiões adequadas para a exploração agrícola. Desta maneira, a
paisagem florestal foi pouco alterada pela expansão da atividade agrícola
(embora eventualmente impactada pelo extrativismo de madeiras de lei e
de palmito), funcionando como um refúgio para a diversidade biológica.
Esse efeito da declividade na biodiversidade poderia ser testado utilizando o
padrão de riqueza conhecido para as espécies de anuros da Mata Atlântica.
Neste caso, esperamos que a declividade média possa explicar os padrões de
riqueza encontrados na Mata Atlântica tanto quanto outras variáveis melhor
estudadas, como a temperatura e a pluviosidade (e.g., BASTAZINI et al., 2007;
VASCONCELOS et al., 2010).
Apresentamos aqui um mapa de distribuição da riqueza de espécies
de anuros para a Mata Atlântica, bem como o resultado do teste desta
predição, onde utilizamos a declividade da região como variável explanatória,
juntamente com a temperatura e pluviosidade, na tentativa de explicar a
distribuição de anfíbios anuros. Também apresentamos uma breve discussão
sobre as possíveis variáveis de confusão e como elas podem afetar os modelos
preditivos da diversidade de espécies neste bioma.
Para a confecção do mapa de distribuição de riqueza, assumimos
a distribuição das espécies para os domínios da Mata Atlântica de acordo
com a distribuição de ocorrência das espécies de anfíbios anuros do Brasil
projetada pela IUCN (IUCN, 2013). Extensão de ocorrência é definida pela
IUCN (2013) como a área contida dentro do menor limite contínuo possível
que possa ser desenhado de modo a incluir todos os sítios conhecidos,
inferidos ou projetados da ocorrência de uma espécie. Os mapas de extensão
de ocorrência são apresentados na forma de polígonos formados pelos
pontos extremos de registro das espécies (IUCN, 2013) e estão disponíveis
para download no link: http://www.iucnredlist.org/technical-documents/
spatial-data#amphibians, mas não estão disponíveis para as espécies de anfíbios
anuros que são conhecidas apenas de sua localidade tipo ou para aquelas nas
quais as localidades tipos foram designadas de forma não específica (e.g.,
América do Sul, Brasil, estado do Paraná etc). Os mapas de ocorrência foram
espacializados sobre uma malha de quadrículas com resolução de 0,25° x 0,25°
(aproximadamente 27 x 27 km) construída sobre o polígono referente à Mata
Atlântica no mapa de biomas do Brasil (IBGE, 2005). Assim, a riqueza para cada
REVISÕES EM ZOOLOGIA
MATA ATLÂNTICA
295
Então, o que influencia a distribuição da riqueza de espécies de
anuros na Mata Atlântica? A Mata Atlântica do sudeste do Brasil detém a maior
riqueza de anfíbios, enquanto as regiões interioranas e ao norte da distribuição
do bioma apresentam as menores riquezas (Prancha 3B,C). A região sudeste
do Brasil, no bloco formado pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, o sul
do Espírito Santo e sudoeste de Minas Gerais, concentra os maiores valores de
riqueza de anuros na Mata Atlântica (Prancha 3C). Fora desse bloco, podemos
notar duas quadrículas com grande riqueza de espécies, uma na região da
Serra da Graciosa (região de Morretes, Campina Grande do Sul e Antonina), no
Paraná, e outra na porção sul da Serra do Cipó (região de Catas Altas, Alvinópolis
e Rio Piracicaba), em Minas Gerais (Prancha 3C). Entretanto, mais de um fator
contribui para explicar a distribuição da riqueza de anuros na Mata Atlântica
(Prancha 3B), sendo que as maiores contribuições independentes são a variação
anual da temperatura e a declividade (Tabela 2).
REVISÕES EM ZOOLOGIA
MATA ATLÂNTICA
299
o Cerrado e a Caatinga, uma vez que esses biomas apresentam um domínio
climático muito distinto daquele experimentado na Mata Atlântica.
Em alguns casos, gradientes de riqueza de espécies podem surgir
simplesmente pela restrição geométrica sobre os limites de distribuição das
espécies na ausência de qualquer gradiente ambiental ou histórico (COLWELL
et al., 2004). Assim, a disposição aleatória da distribuição geográfica de
espécies sobre um mapa, em uma ou duas dimensões, pode produzir um pico
de espécies próximo ao seu centro, denominado efeito do domínio médio (mid-
-domain effect, COLWELL; HURTT, 1994; COLWELL; LEE, 2000; JETZ; RAHBEK,
2001). Em nosso estudo, temperatura, pluviosidade e declividade foram
importantes para explicar o padrão de distribuição das espécies de anuros na
Mata Atlântica. Entretanto, a maior riqueza de anuros esteve associada com
valores intermediários de temperatura (e para seus componentes derivados) e
valores máximos de pluviosidade e declividade. A importância da temperatura,
especificamente a variação da temperatura, e da declividade para explicar essa
variação foi muito maior do que as demais variáveis incorporadas ao modelo
(Tabela 2). Assim, apesar da pluviosidade ser importante para a existência
de anuros, na Mata Atlântica, devido aos seus altos índices pluviométricos,
esta variável pode ser considerada um fator coadjuvante. Neste cenário, a
declividade, representando a heterogeneidade de relevo, e a variação de
temperatura são muito mais importantes.
O efeito da variação de temperatura para as espécies de anuros
parece ser bem intuitivo. Assim, os organismos podem se adaptar mais
facilmente a localidades onde não estão submetidos aos extremos de variação,
mas a quantidade de variação observada parece ser suficiente para evitar que
poucas espécies não se tornem dominantes em todos os ambientes disponíveis.
A variação de temperatura pode ainda representar o vetor ambiental que
provavelmente forma os envelopes climáticos aos quais as espécies de anuros
necessitam se adaptar para ocupar novos ambientes (WIENS; DONOGHUE,
2004), criando limites climáticos nas áreas de encontro com outros biomas
(e.g., Cerrado e Caatinga). Já o efeito da declividade não é tão claro. Enquanto
maiores valores de declividade podem indicar regiões com topologias mais
complexas, o que pode representar barreiras físicas à dispersão dos anuros,
a declividade também pode conferir a essas áreas uma maior resistência a
alteração no uso do solo, como por exemplo, de áreas de floresta para áreas
agrícolas. Espécies de anuros com baixa filopatria e maior capacidade de
REVISÕES EM ZOOLOGIA
MATA ATLÂNTICA
301
Perspectivas Futuras Para o melhor Conhecimento da Riqueza de
Espécies de anuros da mata atlântica
Apesar do conhecimento da fauna de anfíbios anuros da Mata
Atlântica ter crescido de forma exponencial nas últimas décadas, ainda há
muito por ser feito, o que pode ser comprovado pelo grande número de
espécies descritas nos últimos anos. Para proteger adequadamente os anuros
da Mata Atlântica é preciso que tenhamos noção mais próxima possível
da composição real de espécies, mas ainda estamos longe disso. É sempre
importante lembrarmos que não conseguiremos proteger adequadamente o
que desconhecemos que existe.
Para aprimorarmos a nossa percepção da composição de espécies
precisamos continuar os estudos de prospecção de espécies novas e acelerar
esse processo, pois estamos em uma luta contra o tempo. A degradação do
ambiente ocorre de forma muito rápida, não deixando o tempo necessário
para estudarmos as espécies eliminadas pelo avanço das atividades humanas.
Além das ferramentas usuais no estudo da taxonomia dos anuros, como a
morfologia externa, seria desejável a incorporação de ferramentas que ajudem
a identificar as espécies ainda não descritas de forma precisa e rápida. O uso da
bioacústica e de ferramentas moleculares, como o DNA barcoding (e.g., GEHARA
et al., 2013; MURPHY et al., 2013), é desejável como meio complementar de
facilitação e aceleração deste processo.
Paralelamente a esse esforço científico de se conhecer a diversidade,
precisamos atuar em pelo menos mais duas frentes: (1) Informar e educar a
sociedade sobre a importância em preservarmos as espécies na natureza e (2)
convencermos o poder público a investir em conservação e restauração de
áreas degradadas. Estas duas tarefas, tão necessárias, demandarão certamente
um esforço hercúleo da comunidade científica.
agRaDECimEnTOs
REFERênCias
REVISÕES EM ZOOLOGIA
MATA ATLÂNTICA
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