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Aharon Appelfeld

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Aharon Appelfeld

Appelfeld em uma conferência no Espace culturel Cité, Cidade de Luxemburgo, 2014.
Nascimento 16 de fevereiro de 1932
Jadova, Romênia (atual Ucrânia)
Morte 4 de janeiro de 2018 (85 anos)
Petah Tikva, Israel
Nacionalidade israelense
Alma mater Universidade Hebraica de Jerusalém
Ocupação Escritor
Prémios  • Prêmio Bialik
 • Prêmio Israel
 • Prêmio Nacional do Livro Judaico
 • Membro Honorário Estrangeiro da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos
 • Prêmio Médicis
 • Prêmio Nelly Sachs

Aharon Appelfeld (em hebraico: אהרן אפלפלד; nascido Ervin Appelfeld[1]; 16 de fevereiro de 19324 de janeiro de 2018) foi um escritor israelense, sobrevivente do Holocausto.

Ervin Appelfeld nasceu na Comuna de Jadova, Storojineț, na região de Bucovina do Reino da Romênia, atual Ucrânia. Numa entrevista ao estudioso literário Nili Gold, em 2011, ele se lembrou de sua cidade natal neste distrito, Tchernivtsi, como um lugar "muito bonito", cheio de escolas e com dois ginásios latinos, onde de 50 a 60 por cento da população era judia.[2] Em 1941, quando ele tinha nove anos, o Exército romeno retomou a sua cidade natal após um ano de ocupação soviética e a sua mãe foi assassinada.[3] Appelfeld foi deportado com seu pai para um campo de trabalhos forçados na Transnístria controlada pela Romênia. Ele escapou e escondeu-se durante três anos antes de se juntar ao Exército Vermelho como cozinheiro.[4] Após a Segunda Guerra Mundial, Appelfeld passou vários meses em um campo de desabrigados na Itália antes de imigrar para a Palestina em 1946, dois anos antes da independência de Israel.

Ele se reuniu com seu pai depois de encontrar seu nome em uma lista da Agência Judaica em 1960. Ele tinha presumido que seu pai estava morto e, da mesma forma, seu pai tinha presumido que Aharon também tinha perecido no Holocausto. Ambos foram separadamente para Israel. O pai tinha sido enviado para uma Maabara (campo de refugiados) em Be'er Tuvia. O reencontro foi tão emocionante que Appelfeld nunca foi capaz de escrever a respeito.[5]

Em Israel, Appelfeld compensou a sua falta de educação formal e aprendeu hebraico, a língua em que começou a escrever. Seus primeiros esforços literários foram contos curtos, mas aos poucos foi avançando para os romances. Ele completou seus estudos na Universidade Hebraica de Jerusalém.[6] Ele viveu em Mevaseret Zion e ensinou literatura na Universidade Ben-Gurion do Neguev, escrevendo frequentemente para a Ticho House em Jerusalém.

Escolha da língua

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Appelfeld foi um dos principais autores vivos da língua hebraica de Israel, apesar de não ter aprendido a língua até a adolescência. Sua língua materna era o alemão, mas ele também era proficiente em iídiche, ucraniano, romeno, russo, inglês e italiano.[3]

Com o seu tema girando em torno do Holocausto e do sofrimento dos judeus na Europa, ele não conseguiu escrever em alemão. Ele escolheu o hebraico como seu veículo literário por ser sucinta e pela sua imagética bíblica.

Appelfeld comprou seu primeiro livro em hebraico aos 25 anos de idade: Rei de Carne e Osso, por Moshe Shamir. Numa entrevista ao jornal Haaretz, ele disse que teve muitas dificuldades em lê-lo, porque estava escrito em hebraico mishnaico, fazendo com que ele tivesse que procurar cada palavra em um dicionário.[7]

Em uma entrevista ao Boston Review, Appelfeld explicou sua escolha do hebraico: "Tenho sorte de estar escrevendo em hebraico. O hebraico é uma linguagem muito precisa, você tem que ser muito preciso - sem exageros. Isto é por causa da nossa tradição bíblica. Na tradição bíblica, você tem frases muito pequenas, muito concisas e autônomas. Cada frase, em si mesma, tem de ter o seu próprio significado".[8]

Silêncio, mutismo e gagueira são temas que percorrem grande parte do trabalho de Appelfeld.[5] A deficiência torna-se uma fonte de força e poder. Philip Roth descreveu Appelfeld como "um escritor deslocado de ficção deslocada, que fez do deslocamento e da desorientação um assunto exclusivamente seu".[9]

O Holocausto como tema literário

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Muitos sobreviventes do Holocausto escreveram um relato autobiográfico de sua sobrevivência, mas Appelfeld não oferece uma descrição realista dos eventos. Ele escreve contos que podem ser interpretados de uma forma metafórica. Em vez da sua experiência pessoal, ele por vezes evoca o Holocausto sem sequer se relacionar diretamente com ele. O seu estilo é claro e preciso, mas também muito modernista.[10]

Appelfeld vivia em Israel, mas escreveu pouco sobre sua vida lá. A maior parte do seu trabalho concentra-se na vida judaica na Europa antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial.[11] Como órfão desde jovem, a procura de uma figura materna é central para o seu trabalho. Durante o Holocausto ele foi separado de seu pai, e só o reencontrou novamente 20 anos depois.

Em português

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  • Badenheim,ʿir nofesh (1978; publicado no Brasil: “Badenheim 1939”, Ed. Amarilys, 2012, tradução de Moacir Amâncio)[12]
  • Sipur Hayim (1999; publicado em Portugal: “Fragmentos de Uma Vida”, Ed. Civilização, 2005, tradução de Lúcia Liba Mucznik)[13][14]
  • Masa el Ha-Horef (2000; publicado no Brasil: “Expedição ao inverno”, Ed. Perspectiva, 2011, tradução de Luis S. Krausz)[15][16]
  • Yalda Shelo Minhaolam Hazé (2013; publicado no Brasil: “Volto Ao Anoitecer”, Ed. FTD Educação, 2016, tradução de Paulo Geiger)[17]
  • Avi ve-Imi (2013; publicado no Brasil: “Meu pai, minha mãe”, Ed. Carambaia, 2019, tradução de Luis S. Krausz)[18][19]

Outras obras selecionadas

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  • Ashan (Smoke) (1962)
  • Bagai ha-poreh (In the Wilderness) (1963)
  • Tor Ha-Pla'ot (The Age of Wonders) (1978)
  • Ha-Ketonet veha-pasim (Tzili) (1982)
  • Ha-Pisga (The Retreat) (1982)
  • El Eretz Ha-Gomeh (To the Land of the Cattails) (1986)
  • Bartfuss Ben ha-Almavet (The Immortal Bartfuss) (1988)[20]
  • Ba'et uve'onah achat (The Healer) (1985)
  • Al Kol Hapshaim (For Every Sin) (1989)
  • Katerina (1989)
  • Mesilat barzel (The Railway/Iron Tracks) (1991)
  • Ad nefesh (Unto the Soul) (1993)
  • Timyon (The Conversion) (1991)
  • Laish (1994)
  • Beyond Despair: Three Lectures and a Conversation With Philip Roth (1994)
  • Kol Asher Ahavti (All Whom I Have Loved) (1994)
  • Ad She-Ya'ale Amud Ha-Shachar(Until the Dawn’s Light) (1995)
  • Pit'om ahavah (Suddenly Love) (2003)[21]
  • A Table For One: Under The Light Of Jerusalem (2004)
  • Pirchei Ha-Afela(Blooms of Darkness) (2006)
  • Ha-Ish She-Lo Pasak Lishon (The Man Who Never Stopped Sleeping) (2010)
  • Ad Chod Ha-Tza'ar (To the Edge of Sorrow) (2012)[22]
  • Leilot Kayitz Arukim (Long Summer Nights) (2015)

Prêmios e distinções

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Referências

  1. Shavit, Ari (2013). My Promised Land: The Triumph and Tragedy of Israel. New York: Spiegel & Grau. pp. 165, 153. ISBN 9780385521703. OCLC 868556330. Consultado em 9 de Fevereiro de 2014 
  2. Appelfeld, Aharon; Gold, Nili (2013). «Aharon Appelfeld in Conversation with Nili Gold: University of Pennsylvania». The Jewish Quarterly Review. 103:4: 434-45 – via JSTOR 
  3. a b Elkann, Alain (2014). «Aharon Appelfeld, The Art of Fiction No. 224». The Paris Review (em inglês) (210). Consultado em 24 de fevereiro de 2017 
  4. «Aharon Appelfeld, escritor israelense e voz importante da literatura judaica, morre aos 85 anos». G1. 4 de janeiro de 2018. Consultado em 17 de junho de 2020 
  5. a b Alon, Ktzia (9 de maio de 2008). «Circular confession». Haaretz (em inglês) 
  6. Steinberg, Jessica (4 de janeiro de 2018). «Aharon Appelfeld, literary giant who gave vivid voice to Holocaust, dies at 85». Israeli Literature (em inglês). The Times of Israel. Consultado em 12 de janeiro de 2019 
  7. Haaretz, July 6, 2007, "Books," Home Libraries, interview with Vered Lee
  8. Ann Parson (Dezembro de 1982). «Interview: Aharon Appelfeld» (em inglês). Boston Review. Consultado em 17 de junho de 2020 
  9. The Marriage of Semite and Anti-Semite
  10. Lawler, Elizabeth (2005). «The Literary Vision of Aharon Appelfeld: An Interview With Gila Ramras-Rauch». Hebrew College Today (em inglês). Consultado em 13 de março de 2008. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2007 
  11. Roth, Philip (28 de fevereiro de 1988). «WALKING THE WAY OF THE SURVIVOR; A Talk With Aharon Appelfeld». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 14 de abril de 2019 
  12. «Os diálogos com a Ibéria hebraica na poesia de Moacir Amâncio». Jornal Opção. 21 de janeiro de 2017. Consultado em 17 de junho de 2020 
  13. «Escritor israelita Aharon Appelfeld, sobrevivente do Holocausto, morre aos 85 anos». Diário de Notícias. 4 de janeiro de 2018. Consultado em 17 de junho de 2020 
  14. «Fragmentos de uma vida». Biblioteca da Câmara Municipal de Sintra. Consultado em 17 de junho de 2020 
  15. «Expedição ao inverno». Editora Perspectiva. Consultado em 17 de junho de 2020 
  16. «Professor da FFLCH lança a tradução de "Expedição ao Inverno"». Universidade de São Paulo. 2 de dezembro de 2011. Consultado em 17 de junho de 2020 
  17. «Volto ao Anoitecer». FTD Educação. Consultado em 17 de junho de 2020 
  18. «Entrevista com Aharon Appelfeld» (pdf). Universidade de São Paulo. Consultado em 17 de junho de 2020 
  19. «Meu pai, minha mãe». Editora Carambaia. Consultado em 17 de junho de 2020 
  20. «Walking the way of the survivor» (em inglês). The New York Times. 28 de fevereiro de 1988. Consultado em 17 de junho de 2020 
  21. «Aharon Appelfeld - Books Published in Hebrew» (em inglês). The Institute for the Translation of Hebrew Literature. Consultado em 17 de junho de 2020 
  22. Aharon Appelfeld’s ‘To the Edge of Sorrow’, Tablet Magazine
  23. Sorrel Kerbel (ed.): The Routledge Encyclopedia of Jewish Writers of the Twentieth Century, New Your 2003, p. 80.
  24. «List of Bialik Prize recipients 1933–2004, Tel Aviv Municipality website» (PDF) (em hebraico). Cópia arquivada (PDF) em 17 de dezembro de 2007 
  25. «Israel Prize Official Site – Recipients in 1983» (em hebraico) 
  26. a b c National Jewish Book Award. «Past Winners for Fiction». Jewish Book Council 
  27. «Book of Members, 1780–2010: Chapter A» (PDF) (em inglês). American Academy of Arts and Sciences. Consultado em 19 de abril de 2011. Cópia arquivada (PDF) em 10 de Maio de 2011 
  28. France Presse (5 de dezembro de 2005). «Prêmio Nelly Sachs vai para Appelfeld». Folha de S.Paulo. Consultado em 17 de junho de 2020 
  29. «Hebrew novel wins fiction prize». BBC News. 15 de maio de 2012 








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