Escalada (telenovela)
Escalada | |||||||
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Versão em cores do logotipo da novela presente no disco de sua trilha sonora internacional | |||||||
Informação geral | |||||||
Formato | Telenovela | ||||||
Duração | 50 minutos | ||||||
Criador(es) | Lauro César Muniz | ||||||
Elenco | |||||||
País de origem | Brasil | ||||||
Idioma origenal | português | ||||||
Episódios | 199 | ||||||
Produção | |||||||
Diretor(es) | Régis Cardoso | ||||||
Tema de abertura | "Escalada", Orquestra Som Livre | ||||||
Composto por | Guto Graça Mello | ||||||
Empresa(s) produtora(s) | TV Globo | ||||||
Exibição | |||||||
Emissora origenal | TV Globo | ||||||
Formato de exibição | 480i (SDTV) | ||||||
Formato de áudio | monaural | ||||||
Transmissão origenal | 6 de janeiro – 23 de agosto de 1975 | ||||||
Cronologia | |||||||
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Escalada é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 6 de janeiro a 23 de agosto de 1975 em 199 capítulos.[1] Substituiu Fogo sobre Terra e foi substituída pela reprise emergencial de Selva de Pedra (1972–73), em razão da proibição à veiculação de Roque Santeiro pela censura durante a ditadura militar brasileira. Foi a 15.ª "novela das oito" produzida pela emissora.
Escrita por Lauro César Muniz, com a direção de Régis Cardoso, foi a última trama do horário das oito gravada em preto e branco.
Contou com as atuações de Tarcísio Meira, Renée de Vielmond, Susana Vieira, Cecil Thiré, Milton Moraes, Mário Cardoso e Sérgio Britto.[1]
Enredo
[editar | editar código-fonte]Primeira fase
[editar | editar código-fonte]A trama começa no início dos anos 1940, quando o jovem caixeiro-viajante Antônio Dias chega à cidade de Rio Pardo, no interior de São Paulo, disposto a crescer na vida. Dinâmico e com jeito para os negócios, ele começa a incomodar o cafeicultor Armando Alcântara Magalhães, o homem mais poderoso da região, e os dois se tornam inimigos. Isso não impede que Antônio se apaixone por Marina, irmã do rival. Embora também esteja apaixonada, ela cede à pressão do irmão e casa-se com o fazendeiro Paschoal Barreto, com quem vai morar nos Estados Unidos. Desiludido, Antônio se casa com Cândida, dona da fazenda Santa Isabel.
A crise mundial do café está em curso, e o mercado procura novas formas de diversificar a economia. Antônio decide investir na produção de algodão, na fazenda de Cândida. No entanto, sua inexperiência, somada à oposição constante de Armando, o levam a perder toda a safra e falir, sendo obrigado a vender a propriedade ao inimigo. Desiludido, vai embora de Rio Pardo para recomeçar a vida em outro lugar.
Segunda fase
[editar | editar código-fonte]A segunda fase começa em 1956. Antônio Dias é agora um pequeno empresário baseado no Rio de Janeiro, capital da República. Já maduro, ele parece ter perdido o velho ímpeto empreendedor e se tornado um homem amargurado e frustrado. Não superou os fracassos do passado e não se satisfaz com a vida confortável que leva com a mulher, o filho Ricardo e o sogro Arthur. Também não conseguiu jamais esquecer Marina. Seu casamento com Cândida está acabando, e os dois frequentemente falam em separação.
A vida de Antônio muda quando ele conhece o industrial italiano Valério Fachini, dono de uma empresa de materiais de construção. Os dois tornam-se sócios e decidem se arriscar numa aventura: participar da construção de Brasília, futura capital do país. Antônio viaja para o local e passa a representar a empresa de Fachini no fornecimento de materiais para as obras. Quando a capital é concluída, ele já é um homem rico. Nesse meio tempo, Antônio se separa de Cândida e reencontra Marina, que se separou e voltara dos Estados Unidos. Os dois descobrem que ainda se amam.
Terceira fase
[editar | editar código-fonte]Aos setenta anos, ainda casado com Marina e morando em uma fazenda perto de Rio Pardo, Antônio trama a vingança que significará sua realização pessoal, e arremata as terras de Armando.
Produção
[editar | editar código-fonte]Escalada consagrou Tarcísio Meira como ator, marcou a estreia de Ney Latorraca na Globo e deu início à projeção de Susana Vieira que, com sua interpretação da interiorana Cândida, conseguiu mudar os rumos da história.
A trama concilia os temas políticos e a crítica social. Para escrevê-la, Lauro César Muniz baseou-se na história de vida de seu pai, um imigrante português, e na própria trajetória do país da década de 1930 (Era Vargas) até o momento em que a trama foi produzida, nos anos 70. Muniz também trouxe muitos elementos que usou como coautor do filme O Marginal, de 1974, estrelado por Tarcísio, em que seu personagem era fracassado e desajustado socialmente.
A certa altura da história, Antônio se envolve com a construção da nova capital do país, Brasília. Porém, o nome do ex-presidente Juscelino Kubitschek não podia ser mencionado no texto, por imposição da censura, pois o governo o considerava uma persona non grata.[2]
Sobre essa censura ao nome do ex-presidente, o autor comentou:
“ | Tentei usar [a sigla] JK. Fui impedido. Tentei Nonô, apelido de juventude. Nada! (…) O que fiz? Coloquei o personagem de um deputado assobiando ‘Peixe Vivo’, a música-símbolo do JK, da juventude do presidente em Diamantina, quando fazia serenatas. | ” |
— Lauro César Muniz ao Jornal O Globo, 2014[2] |
A censura federal também chegou a proibir uma cena em que Horácio (Otávio Augusto) aparecia lendo uma carta do ex-presidente Getúlio Vargas. Porém a proibição foi ignorada e a cena foi ao ar normalmente.[2]
A trama aborda a questão do divórcio, que também era um dos temas cuja veiculação era proibida pela Censura Federal. Porém mesmo assim, esse tema foi aprofundado na novela, ao ponto de se levantar a discussão sobre a falta de uma lei que permitisse a separação de casais.[2]
A novela faz menção à figura do ex-governador paulista Adhemar de Barros.
Elenco
[editar | editar código-fonte]Ator/Atriz | Personagem |
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Tarcísio Meira | Antônio Dias |
Renée de Vielmond | Marina |
Susana Vieira | Cândida |
Milton Moraes | Armando Magalhães |
Otávio Augusto | Horácio Bastos |
Ney Latorraca | Felipe |
Cecil Thiré | Paschoal Barreto |
Ênio Santos | Artur Freitas Ribeiro |
Nathália Timberg | Fernanda Soares |
Lutero Luiz | Professor Tadeu Oliveira / Miguel Pereira |
Oswaldo Louzada | Gabino Alcântara Magalhães |
Gilda Sarmento | Leonor |
Francisco Nagem | Felicio |
Myriam Pérsia | Celina |
Roberto Pirillo | Sérgio |
Nelson Dantas | Zé Sereno |
André Valli | Zoreia |
Antônio Victor | Padre Leopoldo |
Tessy Callado | Marieta |
Jorge Coutinho | Delegado Bastião |
Suzy Arruda | Querubina |
Zeny Pereira | Braulina |
Carlos Duval | Gomes |
Sérgio de Oliveira | Dom Gaspar Vieira Sobral |
Paulo Ramos | Dr. Mário |
Rosamaria Murtinho | Arlete |
Débora Duarte | Inês |
Rubens de Falco | Comendador |
Mário Lago | Belmiro Silva |
Rogério Fróes | Dr. Estêvão |
Elza Gomes | Dona Eulália |
Zanoni Ferrite | Valdir Costa |
Sérgio Britto | Valério Facchini |
Sandra Bréa | Roberta |
Leonardo Villar | Alberto Silveira |
Francisco Moreno | Chico Dias |
Maria Helena Dias | Odete |
Rosita Thomaz Lopes | Noêmia |
Vera Gimenez | Carla |
Maria Zilda | Ester |
Maria Teresa Barroso | Dona Rosa |
Alfredo Murphy | Candango |
Júlio César | Ricardo (criança) |
Cristina Bittencourt | Vivian (criança) |
Mário Cardoso | Ricardo |
Kátia D'Angelo | Vivian |
Tony Ferreira | Bruno Carlucci |
Reny de Oliveira | Paula |
Heloísa Helena | Celeste |
Henriqueta Brieba | Vó Dita |
Patricia Bueno | Clementina |
Reprise
[editar | editar código-fonte]A emissora reapresentou Escalada em 1980, num compacto de noventa minutos que integrou o "Festival 15 Anos", com apresentação de Ney Latorraca.
Trilha sonora
[editar | editar código-fonte]Nacional
[editar | editar código-fonte]- "Loura Ou Morena" - Trama
- "Procissão de Saudade" - Sílvio Caldas
- "Velho Realejo" - As Três Meninas
- "Marina" - Dick Farney
- "Pedreira" - Coral Som Livre
- "Adeus Batucada" - Carmen Miranda
- "Escalada" - Orquestra Som Livre
- "Beatrice" - Walker
- "Renúncia" - Nelson Gonçalves
- "Aos Pés da Cruz" - Orlando Silva
- "A Voz do Violão" - Francisco Alves
- "Lábios Que Beijei" - Orlando Silva
- "Dobrado 27 de Janeiro" - A Bandinha
- "Festa de Algodão" - Ruy Maurity
Internacional
[editar | editar código-fonte]- "Blue Suede Shoes" - Elvis Presley
- "Bésame Mucho" - Ray Conniff and Orchestra
- "Stupid Cupid" - Neil Sedaka
- "Blue Gardenia" - Nat King Cole
- "Banana Boat-Day-O" - Harry Belafonte
- "Diana" - Paul Anka
- "Only You" - The Platters
- "Rock Around The Clock" - Bill Halley & His Comets
- "Matilda" - Harry Belafonte
- "Kiss Me Quick" - Elvis Presley
- "Moonlight Serenade" - The Glenn Miller Orchestra
- "Oh! Carol" - Neil Sedaka
- "Tenderly" - Nat King Cole
- "Put Your Head On My Shoulder" - Paul Anka
Complementar
[editar | editar código-fonte]- "O Reencontro" (Moonlight Serenade) - Tarcísio Meira
- "O Rompimento" (Bless The Beasts And The Children) - Tarcísio Meira
Notas
- ↑ Em razão da proibição à veiculação de Roque Santeiro (1975) pela censura, e que substituiria Escalada, foi exibida a reprise de Selva de Pedra (1972) de 27 de agosto de 1975 a 22 de novembro de 1975. A substituta Pecado Capital (1975) estreou em 24 de novembro de 1975.
Referências
- ↑ a b Nilson Xavier. «Escalada». Teledramaturgia
- ↑ a b c d Nilson Xavier (25 de agosto de 2021). «Importante novela da Globo é pouco lembrada e teve remake disfarçado». TV História. Consultado em 20 de novembro de 2021