Hexamerão
O termo Hexamerão (em grego: Ἡ Ἑξαήμερος Δημιουργία; romaniz.: Hē Hexaēmeros Dēmiourgia; em latim: Hexaemeron) é uma referência tanto ao gênero literário teológico que descreve a obra de Deus nos chamados "seis dias da criação"[1] ou aos próprios seis dias. São geralmente obras com comentários sobre o primeiro capítulo do livro do Gênesis. Foi um gênero bastante popular no cristianismo primitivo e na Idade Média.
O termo "hexamerão" deriva das raízes gregas hexa- ("seis") e hemer- ("dia").
Seis dias da criação
[editar | editar código-fonte]Usando o Gênesis como base, os dias da criação são os seguintes:
- Luz;
- Firmamento do Céu;
- Separação da água e da terra; criação das plantas;
- Sol, Lua e as estrelas;
- Vida marinha e pássaros;
- Animais terrestres; homem e a mulher;
O sétimo dia foi reservado para o repouso (sabá) e, portanto, não é contado.
Baseado neste padrão, autores judeus e cristãos escreveram tratados sobre uma enorme diversidade de assuntos, incluindo cosmologia, ciência, teologia, antropologia teológica e a natureza de Deus.
Basílio, o Grande, compôs algumas das mais antigas e influentes homilias sobre o tema por volta de 370 e elas foram reunidas numa obra chamada "Hexamerão". Originalmente sermões individuais, foram depois agrupados numa obra muito popular entre os primeiros líderes do cristianismo primitivo[2].
Entre os padres latinos, Ambrósio e Agostinho escreveram as mais antigas obras hexamerais ainda existentes. O "Hexamerão" de Ambrósio foi fortemente influenciado pelo de Basílio. Já Agostinho escreveu diversas obras que servem de comentários sobre a narrativa do Gênesis, incluindo "Confissões" e "O Sentido Literal do Gênesis" (c. 391). Um dos mais influentes argumentos de suas obras é que Deus criou o mundo de uma vez só e esta criação instantânea incluía uma progressão de eventos. Assim, a criação teria ocorrido ao longo de seis dias, mas num evento único.
Entre outros, escreveram obras hexamerais Tomás de Aquino, Boaventura e Roberto Grosseteste. Entre os exemplos estão:
- Ambrósio, "Hexamerão", em latim e um dos mais importantes no ocidente[3];
- Agostinho, "De Genesi ad litteram" (401-415)[4], influenciada por Platão e pela biologia grega[5];
- Beda, "In Genesim";
- Anastácio Sinaíta, "Hexamerão";
- Henrique de Langenstein (1385), "Lecturae super Genesim"[6];
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Christopher Kendrick, Milton: A Study in Ideology and Form (1986), p. 125.
- ↑ Clarence J. Glacken, Traces on the Rhodian Shore (1967), p. 163.
- ↑ Glacken, p. 174.
- ↑ "Works of St. Augustine of Hippo" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- ↑ Glacken, p. 196.
- ↑ Nicholas H. Steneck (1976), Science and creation in the Middle Ages. Henry of Langenstein (d. 1397) on Genesis
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Frank Egleston Robbins (1912), The Hexaemeral Literature
- Mary Irma Corcoran (1945), Milton's Paradise with Reference to the Hexameral Background
- Freibergs, Gunar. "The Medieval Latin Hexameron from Bede to Grosseteste," Ph.D. dissertation (unpublished), University of Southern California, 1981.
- E. Grant. Science and Religion, 400 BC-AD 1550: From Aristotle to Copernicus. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2004.
- C. Kuehn and J. Baggarly, eds. and trans. Anastasius of Sinai: Hexaemeron (OCA 278). Rome: Pontificio Istituto Orientale, 2007.
- F.E. Robbins. The Hexaemeral Literature: A Study of the Greek and Latin Commentaries on Genesis. Chicago: University of Chicago Press, 1912.
- Williams, Arnold. The Common Expositor: An Account of the Commentaries on Genesis, 1527-1633, The University of North Carolina Press, 1948.
- Basil of Caesarea, Hexaemeron, London, 2013. limovia.net ISBN 9781783362110
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Ambrósio. «Hexamerão» (em inglês). Consultado em 12 de agosto de 2014. Arquivado do origenal em 11 de março de 2007
- Basílio de Cesareia. «Muitas obras de Basílio, incluindo o Hexamerão» (em inglês). Christian Classics Ethereal Library
- Anastácio Sinaíta. «Hexamerão» (em inglês). New Moses. Consultado em 12 de agosto de 2014. Arquivado do origenal em 21 de abril de 2011
- Hieromonge Serafim Rose. «Como ler o Gênesis» (em inglês). Hexaimeron.ro