Marilene Felinto
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Marilene Felinto | |
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Nascimento | 1957 (68 anos) Recife, Brasil |
Prémios | Prémio Jabuti 1982 |
Género literário | Romance, conto |
Movimento literário | Pós-modernismo |
Marilene Barbosa de Lima Felinto (Recife, 1957) é uma jornalista e escritora brasileira.
Nascida em Pernambuco, de família pobre, em 1970 mudou-se para São Paulo. Graduada em Letras, é tradutora, romancista e cronista. Feminista, acabou ficando mais conhecida por seus textos contundentes e totalmente descompromissados com o padrão conservador do jornal FSP,[carece de fontes] publicados nos anos 1990, nos quais criticava as várias formas de exclusão social, fazendo uma análise profunda e clara dos agentes e do poder dominante nas relações sociais, ligando-a ao comportamento e aos valores das classes médias. Desde novembro de 2002, a escritora colabora com a revista Caros Amigos.
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]Seu primeiro livro, As mulheres de Tijucopapo, ganhou o Prêmio da União Brasileira dos Escritores (1981) e o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, em 1982. Escreveu também O lago encantado de Grongonzo, Postcard, Jornalisticamente incorreto (2001) e Obsceno abandono: amor e perda (2002), além de um ensaio sobre Graciliano Ramos, Outros heróis e esse Graciliano. Traduziu obras de Edgar Alan Poe, Sam Shepard, John Fante, Patricia Highsmith, Mariana Alcoforado e Thomas Wolfe, entre outros.
As Mulheres de Tijucopapo
[editar | editar código-fonte]Livro de estreia da autora, escrito em 1982, quando tinha 22 anos. As Mulheres de Tijucopapo é um famoso romance de Marilene com elementos históricos, antirracistas e feministas. Foi aclamado pela crítica em seu lançamento, por meio dele recebeu o prêmio Jabuti de Autor Revelação de Literatura Adulta[1] e o prêmio da União Brasileira de Escritores[2] de melhor romance inédito. e foi amplamente elogiada por diversos autores como Ana Cristina Cesar, Caio Fernando Abreu, José Miguel Wisnik e Marilena Chauí[3]. A obra foi traduzida para o inglês, o francês, o holandês e o catalão e, ainda, ganhou versão em áudio, narrada pela atriz Roberta Estrela D'Alva.
Sua escrita mistura os tempos futuro com passado e combina uma narrativa ficcional, depoimento autobiográfico e poesia. Sua estrutura literária reproduz o fluxo da consciência da narradora, oferecendo uma experiência imersiva. Como Ana Cristina Cesar descreveu, a narrativa é “Traçada em ziguezague, construída toda em desníveis, numa dicção muito oral, atravessada de balbucios, repetições, interrupções, associações súbitas"[4]. A protagonista reflete sobre diversas histórias, incluindo as mulheres da vila de Tijucopapo e da sua própria família, seu passado como no amor que perdeu, as traições de seu pai, sua infância nos anos 1960 em Recife e até mesmo uma carta em inglês que precisa enviar.
A história segue a narradora, Rísia, em uma viagem de retorno a Tijucopapo, terra natal de sua mãe. Trata-se de um local fictício, mas que remete à cidade de Tejucupapo, em Pernambuco. Essa vila foi cenário da batalha de Tejucupapo (ou batalha do Monte das Trincheiras) em 1646.[5] É destacado que graças ao papel das mulheres nessa luta que puderam sair campeões contra os invasores holandeses interessados em saquear o estado, mais especificamente a derrota de 600 soldados pelas mulheres da vila. Os registros da batalha são muito importantes para a participação feminina relatada. Marilene, nas suas entrelinhas, revisita esses registros históricos para destacar a força feminina, entrelaçando as histórias dessas mulheres guerreiras com a jornada pessoal da protagonista em busca de suas raízes.
Polêmica
[editar | editar código-fonte]A jornalista Marilene Felinto, quando articulista da Folha de S.Paulo, escreveu ao menos um artigo polêmico e controvertido, que suscitou discussões no próprio jornal e nos meios jornalísticos. Em 1998, num artigo intitulado "Amistad? Amizade? Amizade o caramba!"[6], ao tratar do filme do diretor Steven Spielberg, Amistad, se utilizou de afirmações e argumentos sobre os judeus que foram interpretados por leitores[7] e pelo jornalista Alberto Dines [8] como tendo forte conteúdo antissemita.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Busca | Prêmio Jabuti». www.premiojabuti.com.br. Consultado em 8 de dezembro de 2024
- ↑ «Marilene Felinto revê premiado livro de estreia "As mulheres de Tijucopapo" | EBC Rádios». radios.ebc.com.br. Consultado em 9 de dezembro de 2024
- ↑ «As mulheres de Tijucopapo». Supersônica Audiolivros. Consultado em 8 de dezembro de 2024
- ↑ «As mulheres de Tijucopapo». www.ubueditora.com.br. Consultado em 8 de dezembro de 2024
- ↑ «Dia Internacional da Mulher: as mulheres que derrotaram soldados holandeses em Pernambuco com água fervente e pimenta». BBC News Brasil. Consultado em 8 de dezembro de 2024
- ↑ «Amistad? Amizade? Amizade o caramba!». 17 de fevereiro de 1998. Consultado em 6 de março de 2018
- ↑ «Preconceito Racial (2) - por Tomas Venetianer». 19 de fevereiro de 1998. Consultado em 6 de março de 2018
- ↑ «Preconceito racial (1) - por Alberto Dines». 19 de fevereiro de 1998. Consultado em 6 de março de 2018