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Mycobacterium canetti

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A espécie Mycobacterium canettii é o mais raro e antigo membro associado reconhecível do Complexo Mycobacterium tuberculosis (CMtb) que é responsável por aproximadamente 100 casos notificados de tuberculose em pacientes com exposição na região do Chifre da África [1] . Foi primeiramente reportada em 1969 pelo microbiologista francês Georges Canetti, em homenagem ao qual o organismo foi nomeado e descrita em detalhes em 1977 a partir do isolamento de uma nova cepa de um paciente somali de 2 anos de idade com linfodenite [2].


Como ler uma infocaixa de taxonomiaMycobacterium canetti
Taxocaixa sem imagem
Classificação científica
Reino: Monera
Filo: Actinobacteria
Classe: Actinomycetes
Ordem: Actinomycetales
Família: Mycobacteriaceae
Género: Mycobacterium
Nome binomial
Mycobacterium canetti

Características

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A espécie M. canettii não difere da Mycobacterium tuberculosis nos testes bioquímicos, porém em análise da sequência genética do gene 16S RNAr é divergente de todas as cepas do complexo M. tuberculosis [3] [4]. Apresenta tempo de geração mais curto do que os isolados clínicos de M. tuberculosis e forma colônias lisas e brilhantes, o que é altamente excepcional para o CMtb [1]. Esta é também menos hidrofóbica que a M. tuberculosis o que justifica a maior dificuldade de M. canettii ser transmitida por via aérea, visto que a maior hidrofobicidade está associado a um melhor desempenho na transmissão por aerossóis [5].

Figura 2 - Modelo de linfonodos mesentéricos infectados por Mycobacterium canettii.

Ademais, é sugerido que essa bactéria seja oportunista e não um patógeno obrigatório, já que os pacientes infectados por M. canettii apresentam formas linfática e pulmonares de tuberculose. Foi relatado, também, que M. canettii causa tuberculose esofágica, tuberculose mesentérica linfonodal e ascite [1].

Testes realizados em ratos demonstraram que a M. canetti são transmitidos por via oral, provavelmente por água e alimentos contaminados. As bactéria resistiram por 2 horas a um nível de pH de 2 a 5, escolhidos para imitar o baixo pH do estômago e intestinos murinos [6]. Nos primeiros dias de contaminação, a bactéria atinge os linfonodos mesentéricos, esotraqueal e cervicais do roedores, o que corrobora com a hipótese da contaminação oral. Após alguns dias o foco bacteriano é predominante no pulmão, onde foram encontrados granulomas pulmonares, o que sugere que esse órgão é alvo primário da M. canettii [1].

Foram demonstrados, através de métodos experimentais de inativação térmica, que o M. canettii sobrevive em temperaturas de até 45 ºC, temperaturas similares ao habitat natural em que estas vivem no Chifre da África. Além disso, a M canettii possui capacidade de sobreviver mais tempo em solo que a M. tuberculosis. Logo pode-se afirmar que a M. canettii possui maior resistência ao ambiente que a M. tuberculosis [7].

Assim, o conhecimento das diferenças genéticas e adaptativas entre M. canettii e a M. tuberculosis é de suma importância, tendo em vista os significativos casos de tuberculose ocasionada pela M. canettii e os riscos de uma possível disseminação desse patógeno no contexto atual de globalização.


Referências

  1. a b c d BOUZID, F. et al. Ready experimental translocation of mycobacterium canettii yields pulmonary tuberculosis. 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5695119/. Acesso em: out. 2018.
  2. VAN, Soolingen; HOOGENBOEZEN T; DE HAAS P. E. et al. A novel pathogenic taxon of the Mycobacterium tuberculosis complex, Canetti: characterization of an exceptional isolate from Africa. Int. J. Syst. Bacteriol. 47 (4): 1236–45. doi:10.1099/00207713-47-4-1236. PMID 9336935.
  3. PFYFFER G E, AUCKENTHALER R, VAN EMBDEN J D; VAN SOOLINGEN D. Mycobacterium canettii, the smooth variant of M. tuberculosis, isolated from a Swiss patient exposed in Africa. Emerging Infect. Dis. 4 (4): 631–4. doi:10.3201/eid0404.980414. PMC 2640258. PMID 9866740.
  4. FABRE, Michel; HAUCK, Yolande; SOLER, Charles et al. Molecular characteristics of Mycobacterium canettii the smooth Mycobacterium tuberculosis bacilli. Infection, Genetics and Evolution 10 (8): 1165–73. doi:10.1016/j.meegid.2010.07.016. PMID 20692377.
  5. MINNIKIN D E; LEE O Y; WU H H; NATARAJ V et al. Pathophysiological implications of cell envelope structure in Mycobacterium tuberculosis and related taxa. p 145–175. In Rib́ on W. (ed), Tuberculosis—expanding knowledge. InTech, Rijeka, Croatia.
  6. MCCONNELL EL, BASIT A W; MURDAN S. Measurements of rat and mouse gastrointestinal pH, fluid and lymphoid tissue, and implications for in-vivo experiments. J Pharm Pharmacol 60:63–70. doi:10.1211/jpp.60.1.0008.
  7. ABOUBAKER O D, GARNOTEL E, DRANCOURT M. Dry-heat inactivation of “Mycobacterium canettii”. BMC Res Notes 10:201. doi:10.1186/s13104-017-2522-z.








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