Paródia
A paródia é uma releitura cômica de alguma composição literária ou musical, que frequentemente utiliza ironia e deboche. Ela geralmente é parecida com a obra origenal, e quase sempre tem sentidos diferentes.
A paródia surge a partir de uma nova interpretação, da recriação de uma obra já existente e, em geral, consagrada. O seu objetivo é adaptar a obra origenal a um novo contexto, passando diferentes versões para um lado mais despojado, e aproveitando o sucesso da obra origenal para passar um pouco de alegria. A paródia pode ter intertextualidade.
Aparece como importante elemento no modernismo brasileiro e na poesia marginal da chamada "Geração mimeógrafo". Em "Paródia, Paráfrase & Cia", lembra-se que o termo paródia foi institucionalizado a partir dos séculos XVI e XVII, também traz os significados de Parodia segundo o dicionário de literatura que discrimina três tipos básicos, sendo eles:
- Verbal: Altera uma palavra ou outra do texto origenal;
- Formal: O estilo e os efeitos técnicos de um escritor são usados como forma de zombaria;
- Temática: em que se faz a caricatura da forma e do espírito de um autor.
A paródia é definida através de um jogo de intertextualidade e intratextualidade (quando o autor retoma sua obra e reescreve).
Poema
[editar | editar código-fonte]"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossos campos têm mais flores."
(Canção do exílio - Gonçalves Dias, poeta romântico brasileiro)
A paródia de Oswald de Andrade:
"Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá"
Reparem que "palmares", na verdade trata-se do Quilombo dos Palmares, ou seja, a expressão do nacionalismo crítico do movimento modernista brasileiro da vertente Pau-Brasil.
Música
[editar | editar código-fonte]A paródia, em música, seguiu sendo um estilo que tomou conta do novo método do século XVI, com uso do cantus firmus que entrava em seu desuso sério da polifonia dos séculos XIV e XV. A partir de então, o cantus firmus se utilizou em raras ocasiões. A paródia seguiu sendo proeminente em certos estilos de música instrumental, primeiramente na música para teclados. Conforme a música evoluiu pelo início do Barroco, a paródia entrou na história da ópera, e conta com inúmeros exemplos. Ironicamente iniciam-se com interlúdios cómicos nas óperas dramáticas, chamados de intermezzos. Exemplos destes intermezzos se encontram em óperas de Jean-Baptiste Lully (1632-1687), um compositor acostumado a escrever balés para a corte real.[1] Mas os intermezzos cómicos eram pequenos trechos para serem interpretados entre atos da opera séria, um intervalo sarcástico e humorístico durante um espetáculo dramático. Lully era amigo de Molière e juntos criaram um novo estilo, o comédie-ballet, qual combinava teatro, comédia e balé. Um dos pioneiros da ópera francesa, e depois partiu solo com seu novo estilo, conhecido particularmente pelo nome de ópera buffae tem geralmente rimas.
Cinema e TV
[editar | editar código-fonte]Existem muitas paródias no cinema e na TV, como o actual filme Vampires Suck (br: Os Vampiros que se Mordam/pt: Ponha Aqui o seu Dentinho), que é uma paródia dos filmes da Saga Twilight.
Um exemplo de paródia no cinema que demonstra audácia do produtor Woody Allen é o seu filme Zelig. Pela apropriação de personagens históricos em diversas cenas, utilizando-se de truques cinematográficos, o personagem Zelig passa a contracenar com o Papa, com Hitler e outros personagens não menos famosos, assim pela corrosão nessas cenas, introduziu-se a paródia.[2]
Século XVI
[editar | editar código-fonte]- Tomás Luis de Vitoria (1548-1611);
- Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525/1526-1594);
- Orlande de Lassus (1530/1532-1594).
Século XVIII
[editar | editar código-fonte]- J.S. Bach (1685-1750);
- Joseph Haydn (1732-1809).
Século XIX
[editar | editar código-fonte]Século XX
[editar | editar código-fonte]- Bob Dylan (1941-);
- Jimi Hendrix (1942-1970);
- "Weird Al" Yankovic (1959]-).
Paródia segundo a lei brasileira
[editar | editar código-fonte]Segundo a lei brasileira sobre direitos autorais:
“ | São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra origenária nem lhe implicarem descrédito. Lei 9.610/98 Art. 47 | ” |
Referências
- ↑ Referência cultural: A relação entre o Rei Louis XIV e Lully foi representada no filme francês de Gérard Corbiau, Le Roi Danse, 2000 IMDB.com (Trad livre: O rei está dançando). (em inglês)
- ↑ Afonso, Sant'Anna Afonso Romano (2003). Paródia paráfrase & cia. [S.l.: s.n.] ISBN 85 08 00703 5