Renata Tebaldi
Renata Tebaldi | |
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Renata Tebaldi como Madame Butterfly | |
Informações gerais | |
Nascimento | 1 de fevereiro de 1922 |
Origem | Pesaro |
País | Itália |
Morte | 19 de dezembro de 2004 (82 anos) |
Gênero(s) | Ópera |
Período em atividade | Cantora lírica |
Renata Tebaldi (Pesaro, 1 de fevereiro de 1922 — São Marinho, 19 de dezembro de 2004)[1] foi uma soprano lírico spinto italiana, considerada uma das grandes da ópera italiana e uma das melhores sopranos de todos os tempos.[2]
Juventude e anos iniciais da carreira
[editar | editar código-fonte]Tebaldi nasceu como Renata Ersilia Clotilde Tebaldi em 1º de fevereiro de 1922, em Pesaro.[3] Ela era a filha de um violoncelista, Teobaldo Tebaldi,[4] e Giuseppina Barbieri, uma enfermeira.[5] Tebaldi sofreu de poliomielite, mas conseguiu curar-se completamente. Ela foi criada, durante a maior parte do tempo, em Langhirano, próximo a Parma, pela sua mãe, já que o seu pai não era exactamente um esposo exemplar e um pai admirável. Ainda muito cedo, interessou-se pelo canto, e precisou mentir sua idade, ainda aos dezesseis anos, para entrar no Conservatório Arrigo Boito, que só permitia alunas acima dos dezoito anos. Em 1940, Tebaldi voltou a Pesaro para estudar com a renomada soprano da Escola Verista Carmen Melis.
Em 1944, Tebaldi debutou em Rovigo como Elena, em Mefistofele, de Arrigo Boito. Em 1945, ela debutou em dois dos seus maiores papéis: Mimì, de La Bohème, e Desdêmona, de Otello. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Teatro alla Scala foi reaberto, e ela foi convidada por Arturo Toscanini para cantar no concerto de abertura a preghiera (pregação) de Mosè in Egitto, de Gioacchino Rossini, e o Te Deum, de Giuseppe Verdi. A reputação de Renata Tebaldi cresceu rapidamente, e logo ela se tornou a maior promessa do canto na Itália. Foi nessa ocasião que surgiu o famoso apelido La Voce d'Angelo (a voz de anjo), pelo qual Tebaldi se tornou conhecida até hoje.
Após esse debute no La Scala, Tebaldi passou a cantar Mimì, Desdêmona, Maddalena (de Andrea Chénier), Aida, Tosca e Violetta (de La Traviata), além de alguns papéis wagnerianos (em italiano): Elsa, de Lohengrin, Eva, de Os Mestres Cantores de Nuremberg e Elisabeth, de Tannhäuser. Entre 1951 e 1952, Tebaldi também resgastou algumas óperas do Bel Canto, embora ela não fosse ficar muito associada a esse repertório futuramente: O Sítio de Corinto e Guillaume Tell, ambas de Rossini; Olimpia e Fernand Cortez, de Spontini.
Em 1950, Tebaldi viajou com a companhia do La Scala para cantar no Festival de Edimburgo e no famoso Covent Garden, em Londres, e impressionou as platéias com sua Desdêmona e sua interpretação no Requiem de Giuseppe Verdi. No mesmo ano, Tebaldi teve grande sucesso com seu debute norte-americano em San Francisco, onde cantou Desdêmona e Aida. A partir de então, sua fama internacional alastrou-se rapidamente, e ela se tornou uma das maiores divas da nova geração.
Os anos de estrelato
[editar | editar código-fonte]O apogeu da carreira de Tebaldi se deu nos anos 1950 e 60. Nesse período, não só ela ficou famosa pelo seu timbre único e pela sua maestria nos papéis verdianos e veristas, como ficou conhecida pela rivalidade existente entre ela e Callas. Esta irrompeu, em 1951, durante a temporada do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e continuou por longos anos, até terminar definitivamente em 1968, quando Callas e Tebaldi se abraçaram após uma performance da diva italiana na ópera Adriana Lecouvreur.
Durante seu período de estrelato, Tebaldi reinou em papéis como Leonora (La Forza del Destino), Cio-Cio-San (Madama Butterfly), Adriana Lecouvreur, Tosca, La Wally, Manon Lescaut e Maddalena (Andrea Chénier). Em janeiro de 1955, ela fez seu debute no Metropolitan Opera, de Nova York, como Desdêmona, e desde então se tornou uma das mais ouvidas e amadas sopranos do teatro.
Em 1963, Renata Tebaldi enfrentou um período de crise vocal, e parou durante um tempo para descansar e reeducar novamente sua voz. Voltando em 1964, Tebaldi apareceu com uma voz mais segura e de grande beleza, embora tenha adquirido um relativo peso, que antes não existia e os seus agudos tenham adquirido uma qualidade relativamente estridente. No entanto, continuou a cantar, com maestria total, muitos de seus papéis anteriores. Devido às suas novas condições vocais, ela pôde adicionar ao seu repertório o dramático papel de La Gioconda, da ópera homônima de Amilcare Ponchielli, com o qual obteve o maior sucesso da temporada de abertura do novo prédio do Metropolitan Opera House. Nessa nova fase da carreira, Tebaldi praticamente abandonou a Europa e passou a apresentar-se basicamente na América do Norte.
Anos pós-estrelato
[editar | editar código-fonte]Renata Tebaldi fez sua última aparição no Metropolitan Opera em 1972, como Desdêmona, ao lado do tenor James MacCracken. Em 1973, ela saiu definitivamente dos palcos, mas continuou cantando até o dia 23 de maio de 1976, quando se despediu do La Scala para sempre. Após o fim da carreira, Tebaldi auxiliou vários cantores jovens, como a norte-americana Aprile Millo, mas se recusou a trabalhar oficialmente como professora de canto. Durante as últimas décadas de sua vida, viveu entre Milão e San Marino e continuou a receber e a responder com carinho cartas e telefonemas de seus fãs.
Tebaldi recebeu vários prêmios durante sua vida e morreu em 19 de dezembro de 2004.
Características vocais
[editar | editar código-fonte]Renata Tebaldi possuía uma belíssima voz de soprano lírico-spinto, uma das mais volumosas vozes dos últimos tempos - generosa no registro médio, e grave e curta, mas possante, no registro agudo. Apesar da amplidão da voz, sempre a moldava com extrema sensibilidade e técnica. Os maiores trunfos do canto da soprano italiana estavam no legato, na respiração e no fraseado. Com essas grandes qualidades, Tebaldi conseguia imprimir grande expressividade às suas personagens, embora, no palco, nem sempre fosse a mais intensa das artistas quanto aos gestos e às expressões faciais. Sua arte era extremamente refinada e vinda diretamente das escolas de canto mais antigas, das quais ela foi uma das últimas representantes. Seu legado foi particularmente importante nas óperas de Giacomo Puccini e Giuseppe Verdi.
Referências
- ↑ Cramer, Alfred W. (2009). Musicians and composers of the 20th century (em inglês). [S.l.]: Salem Press. p. 1483. ISBN 978-1-58765-517-3. Consultado em 19 de dezembro de 2013
- ↑ Anthony Tommasini (20 de dezembro de 2004). «Renata Tebaldi, 82, Soprano With 'Voice of an Angel,' Dies» (em inglês). NYTimes. Consultado em 19 de dezembro de 2012
- ↑ Casanova, Carlamaria (1981). Renata Tebaldi: la voce d'angelo (em inglês). [S.l.]: Electa. p. 13. Consultado em 19 de dezembro de 2013
- ↑ Current Biography Yearbook (em inglês). [S.l.]: H. W. Wilson Company. 1956. p. 599. Consultado em 19 de dezembro de 2013
- ↑ Seroff, Victor Ilyitch (1970). Current Biography Yearbook (em inglês). [S.l.]: Books for Libraries Press. p. 13. ISBN 978-0-8369-8048-6
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]«Sítio oficial» (em italiano e inglês)