INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PROGRAMA INTEGRADO DE PÓS-GRADUÇÃO EM BIOLOGIA
TROPICAL E RECURSOS NATURAIS
Código de barras de DNA em espécies de Proechimys (Rodentia:
Echimyidae) da Amazônia
MARCO ANTÔNIO ALVES SCHETINO
Manaus, Amazonas
Maio, 2008
MARCO ANTÔNIO ALVES SCHETINO
Código de barras de DNA em espécies de Proechimys (Rodentia:
Echimyidae) da Amazônia
ORIENTADOR: Jorge Ivan Rebelo Porto, Dr.
CO-ORIENTADORA: Maria Nazareth Ferreira da Silva, Dra.
Dissertação apresentada ao Programa Integrado
de Pós-Graduação em Biologia Tropical e
Recursos Naturais do convênio INPA/UFAM,
como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Genética, Conservação e
Biologia Evolutiva.
Manaus, Amazonas
Maio, 2008
Schetino, Marco Antônio Alves
Código de barras de DNA em espécies de Proechimys (Rodentia:
Echimyidae) da Amazônia / Marco Antônio Alves Schetino. --- Manaus:
[s.n.]. 2008. xi, 81 f. : il.
Dissertação (Mestrado) --- INPA/UFAM, Manaus, 2008
Orientador: Jorge Ivan Rebelo Porto
Co-orientador: Maria Nazareth Ferreira da Silva
Área de concentração Genética, Conservação e Biologia Evolutiva
Sinopse:
Com o intuito de auxiliar na taxonomia e sistemática dos roedores do gênero
Proechimys, foram utilizados marcadores moleculares das regiões mitocondriais
dos genes citocormo b e citocromo oxidase I em indivíduos provenientes de
diversos pontos da amazônia. Os marcadores foram eficazes na identificação
das espécies e as topologias de árvores filogenéticas geradas por máxima
parcimônia e máxima verossimilhança foram analisadas.
Palavras-chave:
Amazônia; Roedores; Proechimys; taxonomia; Sistemática; coI; cit b.
i
Dedico esta dissertação
aos meus pais Mário e
Lilia e a meus familiares
que
tornaram
esta
jornada possível.
ii
“I look at the world and I
notice it's turning.
While my guitar gently weeps
With every mistake we must
surely be learning.
Still my guitar gently weeps”.
The Beatles
iii
Agradecimentos
Ao Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Universidade Federal do
Amazonas (UFAM), curso de Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.
Ao Laboratório Temático de Biologia Molecular (LTBM) do INPA, Coordenação de
Pesquisas (COPE), onde a maior parte deste trabalho foi desenvolvido.
Aos projetos financiadores: Caracterização genética (cromossomos, proteínas e DNA)
de peixes e pequenos mamíferos da Amazônia (INPA/PPI PRJ 05.73); Sistemática, Genética
e Ecologia de pequenos mamíferos do vale do rio Jari, Pará e Amapá (CNPq 480908/04).
Ao Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES) que
concedeu a bolsa de estudo durante a realização deste trabalho.
Agradeço a todas as pessoas, colegas e amigos que, direta ou indiretamente,
possibilitaram a realização deste trabalho.
Ao Dr. Jorge Ivan Rebelo Porto, que me direcionou, compreendeu, brigou e ajudou na
hora certa tornando válida minha experiência científica e também um exemplo a tentar ser
seguido.
À Dra Maria Nazareth Ferreira da Silva que me iniciou nos estudos com pequenos
mamíferos, que tolerou meus momentos rebeldes e me ensinou a querer buscar sempre mais
do que parecia ser o limite.
À Dra. Eliana Feldberg, que cansou de escutar minhas lamúrias, me mostrou que o
mundo profissional não é um “mar-de-rosas” e que esteve a meu lado com seus conselhos
(“mãe substituta”) nas horas em que eu mais precisava.
Aos amigos do LTBM (Jacqueline, Kyara, Naiara, Tatiana, Fabíola, Giselle, Rosa,
Luci, Andréa, Iamilli, Gilson, Fredson, Giulliano e companhia) pelo auxílio no laboratório e
pelos momentos de descontração.
À Alexandra que sempre com um sorriso se mostrou disponível para me dedicar sua
atenção no laboratório.
À Renata pela minha iniciação na difícil tarefa de usar o PAUP.
À Maria Cláudia, Leandra e Leila pelas risadas, críticas, joguinhos de PC e
companheirismo nestes dois anos. Ao Carlos, que sem ele seria muito mais difícil qualquer
coisa dentro do laboratório e análises de dados. Ao Eduardo que foi essencial nos meus
primeiros passos e sem ele talvez nem teria chegado ao INPA.
iv
Aos “Coiotes” Rafolia, KK, Rodrigo, Angrizani, Bárbara e Everton que vão ficar
sempre em meu coração e nunca vou esquecer dos momentos inestimáveis de amizade, farras
e felicidades que a gente passou junto.
À Maria e Aline por todo apoio e carinho incondicional oferecido nos meus momentos
mais difíceis.
À Camila Domingues que me fez lembrar que loucura é ponto de vista e que ciganos e
astronautas são bem mais parecidos do que se pode imaginar.
À Camila Campos por ser meu porto seguro nos mais diversos momentos, pelo
companheirismo e carinho, por ser minha segunda consciência nos meus momentos mais
perdidos. Sem você eu não teria chegado aqui.
Ao bar do porão onde eu descansei minha cabeça e ao Carlão pelos descarregos de fins
de disciplinas.
A todos meus amigos que mesmo distantes me fizeram rir e me sentir querido,
principalmente ao José Henrique que mais que ninguém entende como foi difícil fazer cada
dia um dia.
À minha família que dispensa descrições em separado pois é um bloco único, força
interminável e exemplo de raça para os momentos mais difíceis. Obrigado por deixarem eu
ser o que sou hoje mesmo que seja difícil. Amo vocês.
Aos animais que não morreram em vão.
À Deus em todas suas manifestações.
Enfim, a todos que colaboraram direta ou indiretamente na minha jornada que aqui
não foram mencionados.
À vocês todo meu carinho...
v
RESUMO
Os roedores do gênero Proechimys, também conhecidos como ratos-de-espinho, distribuem-se
de Honduras, na América Central, até o Paraguai, na América do Sul. Como várias de suas
espécies ocorrem em simpatria e a sistemática do gênero é problemática, dado a grande
variabilidade dos caracteres morfológicos e a compreensão relativamente restrita da natureza
intra e/ou interespecífica dessa variação, a taxonomia molecular (DNA Barcode) pode ser de
grande valia. No presente trabalho foram obtidas 65 seqüências parciais (638 pares de bases)
do gene mitocondrial citocromo b (cit b) e 20 seqüências parciais (600 pares de bases) do
gene mitocondrial citocromo oxidase I (coI) de espécies identificadas preliminarmente como:
Proechimys cf. brevicauda (grupo longicaudatus) P. cuvieri (grupo cuvieri), P. echinothrix,
P. gardneri, P. cf. guyannensis (grupo guyannensis), P. simonsi (grupo simonsi) P. steerei
(grupo goeldii) e Proechimys sp. (indivíduos sem identificação taxonômica) procedentes de
coletas efetuadas em cinco Estados da bacia amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia
e Pará). Adicionalmente, as seqüências obtidas foram alinhadas e comparadas com outras
disponibilizadas por colaboradores do Museum of Vertebrate Zoology, Universidade da
Califórnia, Berkeley e outras disponibilizadas no GenBank. O gene cit b apresentou grau de
divergência genética interspecífica (10,5% a 18,13%) similar ao gene coI (9,4% a 19,4%).
Após as análises moleculares e as comparações com as seqüências adicionais, os 65
indivíduos foram classificados molecularmente em:
P. goeldi, P. cf. guyannensis, P.
gardneri, P. simonsi, P. roberti, Proechimys sp. (grupo goeldii) e Proechimys sp. “Madeira”
(provavelmente uma espécie nova do rio Madeira pertencente ao grupo longicaudatus). As
análises de máxima parsimônia (MP) e máxima verossimilhança (MV) de ambos os genes
indicaram que há elevados valores de suporte para os clados monofiléticos terminais dos
táxons analisados, sendo a maioria congruentes com as identificações morfológicas
preliminares. Porém, as árvores de MP falharam em demonstrar relações evolutivas
particularmente nos nós mais basais e vários clados internos corresponderam a regiões
geográficas distintas. A exemplo do gene cit b, o gene coI utilizado no projeto DNA Barcode
(Código de Barras de DNA) foi eficaz para taxonomia molecular dos Proechimys. Estes
resultados serão adicionados ao banco de dados da Coleção de Mamíferos do INPA e
contribuirão para que a identificação dos Proechimys da Amazônia seja feita com mais
segurança.
vi
ABSTRACT:
The rodent genus Proechimys, known as spiny rats, are found throughout Central and South
America with a documented range extending from Honduras to Paraguay. Systematics of the
genus remains problematic for a number of reasons: multiple species are often found together
in sympatry, diagnostic morphological characters can be highly variable, and the nature of
inter- and intra-specific variation in these traits is poorly understood. For these reasons,
molecular taxonomy (“DNA barcoding”) could prove to be a useful technique. This study
presents results obtained from 65 partial sequences consisting of 638 base pairs of the
Cytochrome b (cyt b) mitochondrial gene and 20 partial sequences consisting of 600 base
pairs of the Cytochrome Oxidase I (coI) mitochondrial gene. These sequences were obtained
from individuals from INPA’s Mammals Collections collected in five different states of the
Brazilian Amazon (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia and Pará) identified initially as:
Proechimys cf. brevicauda (longicaudatus group), P. cuvieri (cuvieri group), P. echinothrix,
P. gardneri, P. cf. guyannensis (guyannensis group), P. simonsi (simonsi group), P. steerei
(goeldii group) as well as unidentified specimens assigned to Proechimys sp. These sequences
were aligned and compared with other sequences provided by collaborators at the Museum of
Vertebrate Zoology at University of California, Berkeley, or on GenBank. The Cyt b
sequences showed a degree of interspecific genetic divergence (10.5%-18.1%) similar to that
found for coI (9.4%-19.4%). The 65 individuals were classified by molecular taxonomy as:
P. goeldi, P. cf. guyannensis, P. gardneri, P. simonsi, P. roberti, Proechimys sp. (goeldii
group) and Proechimys sp. “Madeira” (probably represents a new species from the
longicaudatus group of the Madeira River). Moreover, it seems likely that cryptic species are
present within the longicaudatus group, requiring further analysis to distinguish among them.
Maximum Parsimony (MP) and Maximum Likelihood (ML) analyses of both genes indicate
high bootstrap values for monophyletic terminal clades of the taxa analyzed, most of which
were congruent with the morphological identifications. However, the MP phylogenetic trees
failed to demonstrate evolutionary relationships at the basal nodes, while various internal
clades corresponded to distinctive geographical regions. Cyt b, like the coI gene used by the
DNA Barcode, proved to be efficient for molecular taxonomy of Proechimys. These results
will be added to the Mammals Collections at INPA and will contribute to better identification
of Proechimys species throughout Amazonia.
vii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA .............................................................................................. 2
2.1 Amazônia ................................................................................................................. 2
2.2 Proechimys (Rodentia: Echimyidae) .................................................................... 3
2.3 DNA mitocondrial, DNA barcode e sistemática molecular ................................ 8
3. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 9
3.1 Objetivo Geral: ....................................................................................................... 9
3.2 Objetivos específicos: ............................................................................................. 9
4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 10
4.1 Técnicas de coleta ................................................................................................. 10
4.2 Extração de DNA .................................................................................................. 16
4.3 Amplificação e purificação dos fragmentos ....................................................... 17
4.4 Seqüenciamento .................................................................................................... 19
4.5 Edição e alinhamento das seqüências. ................................................................ 19
4.6 Sistemática molecular e análises filogenéticas .................................................. 19
5. RESULTADOS .................................................................................................................... 22
5.1 Análise das seqüências de citocromo b (cit b) .................................................... 22
5.2 Identificação molecular pelo citocromo b (cit b) ............................................... 23
5.3 Identificação molecular pela citocromo oxidase I (coI) .................................... 50
6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 55
6.1 Taxonomia molecular em Proechimys................................................................ 55
6.2 Sistemática molecular em Proechimys ............................................................... 59
7. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 63
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 64
9. ANEXOS .............................................................................................................................. 74
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Proechimys steerei. Foto: MNF da Silva. ................................................................. 6
Figura 2 - Mapa das regiões de coleta dos indivíduos do gênero Proechimys. Os números
correspondem aos locais de coleta listados na tabela 1. ................................................... 12
Figura 3 – Gráfico de transição/transversão vs. distância genética (HKY85). Ts= transição; Tv
= transversão. .................................................................................................................... 22
Figura 4 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial citocromo
b de 15 espécies do gênero Proechimys. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística. .......................... 27
Figura 5 –Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de 15 espécies do gênero Proechimys. Os números acima dos nós
correspondem aos valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos
nós indicam a distância genética entre cada clado. .......................................................... 28
Figura 6 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial citocromo
b de Proechimys gardneri e Proechimys pattoni. Os números acima dos nós
correspondem aos valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística
e os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no
presente trabalho. .............................................................................................................. 30
Figura 7 –Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys gardneri e Proechimys pattoni. Os números acima dos nós
correspondem aos valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos
nós indicam a distância genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco
correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho. ...................................... 31
Figura 8 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial citocromo
b de Proechimys roberti. Os números acima dos nós correspondem aos valores de
bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos marcados com
asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho. ....................... 33
Figura 9 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys roberti. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a
distância genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem
aos roedores seqüenciados no presente trabalho. ............................................................. 34
Figura 10 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys echinothrix. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos
marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
.......................................................................................................................................... 36
Figura 11 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys echinothrix. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a
distância genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem
aos roedores seqüenciados no presente trabalho. ............................................................. 36
Figura 12 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys simonsi. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos
marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
.......................................................................................................................................... 37
Figura 13 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys simonsi. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a
ix
distância genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem
aos roedores seqüenciados no presente trabalho. ............................................................. 38
Figura 14 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys quadruplicatus, P. steerei e P. goeldii e Proechimys sp
(grupo goeldii). Os números acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap
obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos marcados com asterisco
correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho. ...................................... 40
Figura 15 – Árvore de Máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys quadruplicatus, P. steerei e P. goeldii e Proechimys sp
(grupo goeldii). Os números acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap
obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a distância genética entre
cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores
seqüenciados no presente trabalho. .................................................................................. 41
Figura 16 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys cf. guyannensis. Os números acima dos nós correspondem
aos valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos
marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
.......................................................................................................................................... 42
Figura 17 –Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys cf. guyannensis. Os números acima dos nós correspondem
aos valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a
distância genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem
aos roedores seqüenciados no presente trabalho. ............................................................. 43
Figura 18 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys cuvieri. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos
marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
.......................................................................................................................................... 45
Figura 19 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys cuvieri. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a
distância genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem
aos roedores seqüenciados no presente trabalho. ............................................................. 46
Figura 20 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys sp., Proechimys brevicauda e P. longicaudatus. Os números
acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de
busca heurística e os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores
seqüenciados no presente trabalho. O clado identificado como Proechimys sp.
provavelmente é uma espécie nova do rio Madeira. ........................................................ 48
Figura 21 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys sp., Proechimys brevicauda e P. longicaudatus. Os números
acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os
números abaixo dos nós indicam a distância genética entre cada clado. Os indivíduos
marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
O clado identificado como Proechimys sp. provavelmente é uma espécies nova do rio
Madeira. ............................................................................................................................ 49
Figura 22 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial coI de 12
espécies do gênero Proechimys. Os números acima dos nós correspondem aos valores de
bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística............................................. 53
x
Figura 23 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial coI
de 12 espécies do gênero Proechimys. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a
distância genética entre cada clado................................................................................... 54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Listagem dos espécimes testemunhos seqüenciados para identificação taxonômica
molecular. Espécimes e respectivos tecidos fazem parte da Coleção de Mamíferos do
INPA. ................................................................................................................................ 13
Tabela 2 – Identificações molecular e morfológica a posteriori dos indivíduos do gênero
Proechimys seqüenciados neste estudo. ........................................................................... 24
Tabela 3 – Distância genética entre as espécies do gênero Proechimys utilizando o gene
mitocondrial coI e o parametro de distância GTR. ........................................................... 51
xi
1. INTRODUÇÃO
A manutenção da diversidade biológica tornou-se, nos anos recentes, um dos objetivos
mais importantes da conservação. A biodiversidade é definida pela Convenção sobre
Diversidade Biológica - CDB, no seu Art. 2º, como "a variabilidade de organismos vivos de
todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros
ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda
a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas".
A biodiversidade amazônica está sendo cada vez mais ameaçada devido ao
desflorestamento constante da região. Mesmo com a redução do desmatamento de 27.379
Km2 em 2004 para 11.224 Km2 em 2007 (INPE, 2008) ainda persiste grande dúvida sobre o
quanto de riqueza faunística perde-se anualmente em decorrência dessas e outras atividades
antrópicas, que se somam à falta de inventários faunísticos e conhecimento ainda limitado
sobre a distribuição geográfica das espécies. Voss & Emmons (1996) destacam que
inventários faunísticos representam grande auxílio para o planejamento de ações visando a
conservação de espécies tendo em vista a grande possibilidade de extinção face a perda de
seus habitats.
Porém, as lacunas no conhecimento sobre a fauna de mamíferos amazônicos ainda são
enormes. Em parte isso se deve ao fato de que apenas alguns grupos de mamíferos foram
amostrados nas áreas inventariadas e o esforço de amostragem não conseguiu saturar as
curvas cumulativas das espécies. Nas matas neotropicais Voss & Emmons em 1996 listaram
10 sítios onde os inventários de mastofauna foram considerados completos por abrangerem as
várias ordens de mamíferos, mas apenas dois destes localizaram-se na Amazônia brasileira.
Na Amazônia brasileira foram levantadas cerca de 311 espécies de mamíferos, dentre eles
cerca de 72 foram roedores, podendo haver um acréscimo nestes números à medida que novas
áreas forem amostradas e revisões taxonômicas forem realizadas (da Silva et al., 2001; Costa
et al., 2005). O aumento de áreas inventariadas e devidamente estudadas da Amazônia é
considerado primordial para que haja um melhor entendimento de padrões de distribuição das
espécies na região como o gradiente decrescente de diversidade no sentido oeste-leste
aparentemente existente para a mastofauna deste grande bioma (Emmons, 1984; Voss &
Emmons, 1996).
Neste estudo, utilizando seqüências do DNA mitocondrial dos genes citocromo b e
citocromo oxidase I como marcadores moleculares, pretendemos contribuir para o melhor
conhecimento taxonômico e dos padrões evolutivos das espécies do gênero Proechimys
(Echimyidae, Rodentia) de vários pontos da Amazônia.
1
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 Amazônia
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, possuindo uma vegetação
heterogênea constituída de florestas de terra firme, campinas, savanas, várzeas e áreas abertas
pedregosas. Associado a essas formações vegetais, a Amazônia possui um grande número de
corpos d’água, além de rios, igapós, lagos, igarapés e poças de água que definem uma grande
variedade de habitats, isolando populações e possibilitando a formação de novas espécies
(Patton & da Silva, 1998; Vogt, 2001).
Abrigando nove países sul-americanos, a Amazônia estende-se de leste a oeste no
continente Sul Americano, das encostas do Atlântico Sul até cerca de 600 metros de altitude
na Cordilheira dos Andes (Ab’Saber, 1977). No Brasil, estende-se por nove estados da região
Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), Centro-Oeste (Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul ) e Nordeste (Maranhão) o que corresponde à cerca de 5
milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro (INPE, 2008).
Vários estudos vêm sendo feitos tentando explicar processos de especiação na
Amazônia, podendo estes ter ocorrido tanto no Terciário, no período de grandes mudanças em
sua estrutura geológica (Zamudio, 1997; Glor et al., 2001; Nores, 2004; Steiner & Catzeflis,
2004; Kronauer et al., 2005), quanto no Quaternário (Silva & Patton, 1993; Bonaccorso et al.,
2004; Noonan & Gaucher, 2005; Wüster et al., 2005; Rull, 2006).
Cinco formações principais compõem a divisão geológica da Amazônia Legal: os
escudos pré-cambrianos das Guianas e do Brasil; os depósitos marinhos paleozóicos destes
escudos; sedimentos Terciários que ocupam grande parte do alto Amazonas/Solimões, seus
afluentes e também as margens da calha do rio Amazonas; sedimentos do Cretáceo (noroeste
do Mato Grosso e sudoeste do Amazonas e Rondônia); e sedimentos do Quaternário
compondo as atuais várzeas (Bigarella & Ferreira, 1985).
Alterações geomorfológicas ocorridas no decorrer das eras levando a modificações
constantes no sistema de drenagem e fluxo dos rios foi de grande importância para a elevada
biodiversidade que compõe este bioma, havendo nítidas associações entre biodiversidade e os
diferentes tipos de solo e mosaico de habitats (Sioli, 1990; Voss & Emmons, 1996, Rossetti et
al., 2005).
2
No decorrer das eras até o fim do Terciário, eventos como o desmembramento do
continente Africano do continente Sul Americano, o soerguimento dos Andes e sucessivas
incursões marinhas no continente causaram diversas alterações no relevo e hidrografia
amazônicos como, por exemplo, a inversão do sentido de alguns rios que passaram a deslocar
sentido oeste-leste e a desembocar no Atlântico. No fim do Terciário e início do Quaternário
houve também várias mudanças em sua estrutura devido aos depósitos sedimentares sentido
oeste-leste com a sedimentação constante dos rios que vinham dos Andes (Sioli, 1990;
Rosseti et al., 2005).
Adicionalmente mudanças climáticas ocorridas no fim do Terciário e início do
Quaternário fragmentaram a floresta, podendo ter criado refúgios que isolaram os mais
diversos tipos de populações, acreditava-se favorecendo a especiação alopátrica e, por
conseqüência, o aumento da biodiversidade (Vanzolini & Willians, 1970; Haffer, 1992;
Haffer & Prance, 2002).
2.2 Proechimys (Rodentia: Echimyidae)
A ordem Rodentia é a maior e mais diversificada dentre os mamíferos compondo 40%
desta classe com mais de 2.000 espécies. Sua distribuição ocorre em todas as partes do
mundo, com exceção da Antártica, sendo que na Nova Zelândia e algumas ilhas oceânicas a
população de roedores foi introduzida pelo homem (Eisenberg & Redford, 1999; Myers,
2000).
Os roedores podem pesar de 5 gramas (camundongo-pigmeu Africano) a até 70 quilos
(capivaras, encontradas nas Américas Central e do Sul). Uma característica comum a todos
desta ordem é a presença de um par de proeminentes incisivos nos maxilares inferior e
superior, seguido de um diastema e ausência de caninos. Esta adaptação dentária está
diretamente ligada a alimentação (onívora, insetívora, herbívora, seminívora ou combinação
destas), e é um dos principais fatores do sucesso e sobrevivência desta ordem (Emmons &
Feer, 1990; Eisenberg & Redford, 1999; Myers, 2000; Silva, 2005).
Seus indivíduos têm modo de vida noturno, porém algumas espécies podem ser
avistadas durante o dia como as do gênero Sciurus (esquilos) e Dasiprocta (cutias) (Voss &
Emmons, 1996). Ocupam uma enorme variedade de nichos e habitats, o que pode refletir de
maneira marcante nas características morfológicas das espécies, por exemplo, patas adaptadas
para subir em árvores, nadar ou escavar (Emmons & Feer, 1990; Eisenberg & Redford, 1999).
Sua distribuição no continente Sul-Americano é derivada de duas grandes
colonizações, a subordem Hystricomorpha é bem representada desde o Eoceno tardio até o
3
presente, enquanto os sigmodontíneos colonizaram a América do Sul com uma série de
invasões posteriores, possivelmente no Mioceno tardio até o Plioceno (Eisenberg & Redford,
1999).
Mesmo não sendo considerados os mamíferos mais ameaçados, existem amplas
evidências da vulnerabilidade à extinção de diversas de suas linhagens. Um dos principais
motivos é a destruição ambiental associada à falta de dados taxonômicos e de informações
detalhadas sobre o status de suas populações. Considerando a possibilidade de haver espécies
crípticas, o nível de ameaça de várias espécies pode estar sendo subestimado. Além do mais,
espécies de roedores consideradas fora de risco de extinção em nível mundial estão
ameaçadas regionalmente podendo desaparecer numa dada região (Amori &.Gippoliti, 2003;
Costa et al., 2005).
Dentre os roedores da subordem Hystricomorpha, a família Echimyidae, comumente
conhecida como ratos-de-espinho, pode ser considerada uma das mais diversas, possuindo 21
gêneros e somando um total de 90 espécies (Wilson & Reeder, 2005), além de uma grande
diversidade de características morfológicas e ecológicas (Voss & Emmons, 1996).
A denominação ratos-de-espinho foi dada em função de um grande número de espécies
nessa família portar uma pelagem dorsal única,com pêlos achatados e de rigidez considerável
(pêlos aristiformes) ou pêlos bastante ásperos especialmente visíveis nas costas e ancas. A
coloração de sua pelagem pode variar consideravelmente entre espécies, que apresentam
coloração dorsal cinza ou com diferentes tons de marrom, e ventre normalmente amarelado ou
branco. Várias espécies também apresentam marcas faciais, como listras claras ou escuras. O
comprimento cabeça-corpo varia de 80 mm a 500 mm sendo relativamente menor quando
comparado com outros histricomorfos da América do Sul. Os representantes dessa família
vivem numa variedade de ambientes, apresentando formas variadas adaptadas a seu modo de
vida; os olhos e orelhas são de tamanho médio e a cauda pode variar de 0.5 a 42 cm
aproximadamente (Emmons & Feer, 1990; Nowak, 1991; Eisenberg & Redford, 1999; Wilson
& Reeder, 2005).
A distribuição geográfica da família Echimyidae se estende da América Central até a
Argentina (Eisenberg & Redford, 1999), e seus membros ocupam uma vasta variedade de
nichos, podendo ser, terrestres, fossoriais e arborícolas. Estes últimos são considerados menos
abundantes na natureza que as formas terrestres, devido à sua raridade ou dificuldade de
coleta (Emmons & Feer, 1990; Nowak, 1991; Patton et al., 2000). A alimentação varia de
insetos a frutas e folhagens (Malcolm, 1991). A maioria dos indivíduos vive de modo
solitário, com exceção de certas espécies, como as do gênero Clyomis que podem viver em
4
colônias (Eisenberg & Redford, 1999; Burda et al., 2000). A família Echimyidae está entre as
mais antigas dos roedores. Seus fósseis mais antigos foram encontrados na Bolívia e são
datados do oligoceno tardio a 25 milhões de anos atrás, representando um dos registros mais
antigos de histricognatos do novo mundo (Patterson & Wood, 1982; Macfadden, 1985).
O monofiletismo da família Echimyidae é relativamente bem suportado por dados
morfológicos e moleculares, apesar da discordância entre autores quanto a inclusão ou não de
três pequenas famílias ou subfamílias (Myocastoridae, Capromyidae e Chaetomyidae) em
Echymyidae (Emmons 2005).
Porém, no âmbito supra-específico, ainda existem politomias a serem resolvidas, talvez
pela ausência de dados ou, possivelmente, pela rápida e simultânea divergência dos táxons no
Mioceno. Estudos moleculares baseados em seqüências do DNA mitocondrial apoiam a
hipótese desta rápida divergência no Mioceno (Lara et al., 1996; Leite & Patton, 2002;
Galewski et al., 2005).
O gênero Proechimys (subfamília: Eumysopinae) é o que apresenta maior diversidade e
abundância nos Neotrópicos dentre os gêneros da família Echimyidae, com um total de 25
espécies reconhecidas e com distribuição geográfica desde Honduras até o Paraguai (Emmons
& Feer, 1990; Wilson & Reeder, 2005).
Todas as espécies do gênero Proechimys (Figura 1) são terrestres. Sua pelagem dorsal,
como a de outros equimídeos, apresenta pêlos aristiformes de coloração amarronzada e seu
ventre normalmente possui a coloração branca. Suas orelhas são maiores do que as de seus
similares arborícolas, suas patas traseiras são alongadas e finas e sua cauda tem comprimento
similar ou mais curto que o comprimento cabeça-corpo (Emmons & Feer, 1990; Nowak,
1991; Eisenberg & Redford, 1999; Patton et al., 2000).
A alimentação desses animais provem de um lento forrageamento de pequenas sementes
e frutas no solo florestal, seus hábitos são noturnos e vivem normalmente em tocas e troncos
caídos. Têm uma grande importância na dispersão de esporos de fungos micorrízicos por
também forragearem próximo a raízes de troncos nas árvores (Emmons & Feer, 1990; Janos
et al., 1995; Eisenberg & Redford, 1999; Mangan & Adler, 1999 e 2002). Algumas espécies
são morfologicamente semelhantes e sua distinção é muito difícil mesmo que por meio de
caracteres morfológicos e/ou dados morfométricos em adultos (Emmons & Feer, 1990;
Eisenberg & Redford, 1999). Alguns caracteres morfológicos são diagnósticos na separação
de grupos de espécies, mas há variações de acordo com a distribuição geográfica, o que torna
a sistemática de Proechimys ainda não bem resolvida. (Gardner & Emmons, 1984; Patton
1987; Patton et al., 2000, Voss et al., 2001).
5
Caracteres morfológicos como morfologia de pêlos, bula timpânica, crânio, báculo
peniano e dentição têm sido utilizados para o diagnóstico das espécies em Proechimys.
Gardner & Emmons (1984) analisando diferenças em bulas timpânicas reconheceram quatro
grupos de espécies de Proechimys: guairae, brevicaudata, semispinosus e Trinomys (então
considerado subgênero de Proechimys).
Posteriormente, Patton (1987) analisando o crânio e o báculo peniano, agrupou 59 dos
67 epítetos específicos existentes para o gênero, em nove grupos sendo seis politípicos
(goeldii, guyannensis, longicaudatus, semispinosus, simonsi e trinitatus) e três monotípicos
(canicollis, cuvieri e decumanus).
Figura 1 – Proechimys steerei. Foto: MNF da Silva.
Estudos moleculares apresentaram-se como ferramenta eficaz no auxílio à determinação
do status taxonômico de algumas espécies relacionadas ao gênero, tanto como a compreensão
de seus padrões geográficos. Lara et al. (1996), baseando-se em seqüências de DNA
mitocondrial (mtDNA) do gene citocromo b (cit b), além de proporem a diversificação
simultânea da família Echimyidae, elevaram Trinomys, outrora pertencente a Proechimys, à
categoria de gênero.
Também utilizando seqüências do gene mitocondrial citocromo b, dados morfológicos e
cariológicos, da Silva (1998) descreveu quatro novas espécies de Proechimys (P. echinothrix,
P. gardneri, P. kulinae e P. pattoni) da bacia do rio Juruá. Neste trabalho, a autora também
6
apresentou uma filogenia molecular de 12 espécies de Proechimys (P. amphicoricus, P.
brevicauda, P. cayennensis (= P. guyannensis), P. cuvieri, P. echinothrix, P. gardneri, P.
kulinae, P. pattoni, P. sp. (Rio Madeira), P. quadruplicatus, P. simonsi e P. steerei)
mostrando que apesar da filogenia apresentada ter pouco suporte de relacionamento entre as
espécies sua topologia condizia com a identificação das espécies.
da Silva & Patton (1998) apresentaram uma filogenia molecular de Proechimys spp.
pertencentes ao grupo goeldii, e concluíram que dos quatro clados encontrados três deles
podiam ser tratados como espécies distintas, sendo elas P. amphichoricus, P. goeldii e P.
steerei, que divergiram em mais de 11%. P. steerei, por sua vez, dividiu-se em dois clados,
com uma média de 6,5% de divergência.
Matocq et al (2000) compararam os padrões de diversidade genética e estrutura
populacional de P. steerei e P. simonsi do rio Juruá, com base no uso do gene cit b. Ambas
espécies apresentaram aproximadamente o mesmo número de haplótipos mitocondriais porém
P. steerei apresentou uma diversidade genética média menor (7,09%) que P. simonsi
(11.76%). P. steerei apresentou 14 haplótipos distribuidos em ambas margens do rio Juruá
enquanto P. simonsi apresentou apenas dois haplótipos.
Patton et al. (2000) descreveram detalhadamente aspectos relativos ao uso de habitat,
história natural, distribuição geográfica, e diferenciacão geográfica baseada em dados
ecológicos e caracteres morfológicos, cromossômicos e moleculares de espécies de
marsupiais e de roedores murídeos e equimídeos da calha do rio Juruá. Os autores
descreveram a existência de padrões filogeográficos singulares, como a existência de
conjuntos de haplótipos mitocondriais correspondentes às regiões do alto e baixo Juruá, cuja
área de contato se dá na porção média desse rio, área essa marcada pela presença do arco
estrutural de Iquitos. A concordância geral entre a localização desse arco e das áreas de
“quebras” filogeográficas para diversas espécies de roedores e marsupiais, indica que esses
autores evidenciaram uma possível ligação entre eventos geotectônicos na Amazônia e
padrões de diversificação de seus organismos. Neste mesmo trabalho é apresentado uma
abordagem molecular sobre as oito espécies de Proechimys do rio Juruá (P. brevicauda, P.
cuvieri, P. echinothrix, P. gardneri, P. kulinae, P. pattoni, P. simonsi e P. steerei)
comparando-as com seqüências das mesmas espécies mas de outras localidades da bacia
amazônica.
Steiner et al. (2000) e Van Vuuren (2004) analisaram na Guiana Francesa duas espécies
simpátricas, P. cuvieri e P. cayennensis, atráves de variações do mtDNA. Os autores
observaram o monofiletismo dos clados em cada uma das espécies, confirmando a sintopia de
7
suas populações e verificando um grau de divergência em torno de 12% entre essas duas
espécies.
Weksler et al. (2001) com o auxílio de dados morfológicos, cromossômicos e
moleculares evidenciaram que P. roberti é uma espécies válida do grupo guyannensis que
ocorre na Amazônia Oriental, e que P. oris, provavelmente é sinônima de P. roberti.
Galewski et al. (2004) propuseram uma filogenia para os equimídeos usando o exon 28
do gene nuclear Fator von Willebrand Factor (vWF) combinado com genes mitocondriais (cit
b, 12S and 16S rRNAs) tendo sido evidenciado um clado formado por Myocastor,
Thrichomys, e Proechimys + Hoplomys. Neste trabalho, foi evidenciado que Hoplomys é
grupo irmão das seis espécies de Proechimys analisadas (P. cuvieri, P. guyannensis, P.
simonsi, P. longicaudatus, P. quadruplicatus e P. roberti). Além disso, os autores estimaram
que as espécies de Proechimys divergiram no fim do Plioceno.
2.3 DNA mitocondrial, DNA barcode e sistemática molecular
A mitocôndria é uma das principais organelas celulares devido a sua função
energética. É encontrada em todos organismos eucariotos e possui genoma próprio. Há anos o
DNA mitocondrial vêm sendo usado como uma ferramenta acessória nos estudos de espécies
proximamente relacionadas e na reconstrução de histórias filogenéticas recentes (Avise, 1987;
Avise, 1994; Simon et al., 1994).
Dentre as principais características que favorecem o genoma mitocondrial como uma
boa fonte de dados para taxonomia molecular pode-se citar: a diferença de seqüências entre
espécies próximas é de 5 a 10 vezes maior nos genes mitocondriais do que nos genes
nucleares devido a sua elevada taxa de mutação; a ausência de íntrons; o número maior de
cópias dentro de uma única célula; menos diferenças nas seqüências dentro de uma única
espécie devido ao genoma mitocondrial não ser recombinante e ser na grande maioria das
vezes de origem materna (Brown et al., 1979; Wilson et al. 1985; Moritz et al. 1987; Avise,
1987; Avise, 1994).
Análises filogenéticas utilizando-se genes mitocondriais têm se mostrado eficiente na
elucidação de relações de parentesco entre pequenos mamíferos. Um dos principais genes
utilizados, o cit b, codifica uma das mais importantes e bem conservadas proteínas
mitocondriais relacionadas à respiração celular e é um dos mais bem conhecidos dentre os 13
genes codificantes de proteínas no genoma mitocondrial (Hatefi, 1985; Mustrangi & Patton,
1997; Smith & Patton, 1999; Harris et al. 2000; Costa, 2003; Leite, 2003; Gonçalves &
Oliveira, 2004; Reeder et al., 2006). No estudo do gênero Proechimys este gene têm se
8
mostrado mais eficiente para resolver relações de parentesco nos ramos mais terminais que
basais, pois têm agrupado melhor os indivíduos da mesma espécie do que demonstrado
relações evolutivas entre as espécies, porém destaca-se a necessidade de introduzir mais
indivíduos de localidades e espécies diferentes nas análises (da Silva, 1998). Contudo, para
analisar relações evolutivas entre as espécies, talvez o mais critico seja a análise de múltiplos
genes.
Com o advento do projeto DNA Barcode (Código de Barras de DNA) o gene
mitocondrial citocromo c oxidase I (coI, coxI) vêm cada vez mais sendo utilizado como
ferramenta auxiliar (não substituta de estudos mais amplos envolvendo além dos dados
moleculares, dados morfológicos, cariotípicos e até mesmo ecológicos) na identificação de
espécies. O Barcode é um ambicioso projeto com objetivo de, através de marcadores
moleculares, auxiliar na rápida identificação e catalogar todas as espécies existentes (Blaxter,
2003; Hebert et al. 2003; Blaxter, 2004; Oliveira 2007).
Com pequenos fragmentos deste gene é possível identificar e validar espécies por
meio da análise do DNA de espécimes testemunhos depositados em museus, os quais
geralmente possuem o DNA bastante fragmentado (Hajibabaei, 2006a). Além disto, auxilia
também: na identificação de espécies novas, cripticas ou apenas polimórficas dentro de uma
única espécie (Hebert et al., 2004a; Hebert et al., 2004b; Schander & Willanssen, 2005; Ward
et al., 2005; Smith et al. 2006; Hajibabaei, 2006b; Clare et al., 2007 Kerr et al., 2007), na
identificação de espécies invasoras como, por exemplo, pragas de insetos em plantações
(Armstrong & Ball, 2005); serve como complemento em análises filogenéticas e
populacionais (Scarpassa & Conn, 2006; Hajibabaei et al., 2007).
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral:
O estudo tem como objetivo geral contribuir para a taxonômia e conhecimento da
história evolutiva de pequenos mamíferos amazônicos, especificamente, roedores do gênero
Proechimys, por meio do uso de marcadores moleculares.
3.2 Objetivos específicos:
1. Testar o valor dos genes mitocondriais cit b e coI como marcadores moleculares
taxonômicos para o gênero.
2. Inferir as relações evolutivas entre as espécies de Proechimys da Amazônia.
9
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Técnicas de coleta
Grande parte das amostras de tecidos utilizadas no presente estudo foram coletadas
anteriormente por outros colegas e representam amostragens feitas em diferentes localidades
na Amazônia (Figura 2, Tabela 1). Adicionalmente, realizamos coletas na Reserva Biológica
do rio Uatumã (Vila de Balbina-AM), Parque Estadual do Rio Negro Setor Sul (ManausAM/rio Cuieiras) e Refinaria de Manaus (REMAN) utilizando armadilhas sherman (8x8x23
cm) e tomahawk (14x14x40 cm) que permitem a captura do animal vivo. As coordenadas
geográficas dos locais de coleta são descritas abaixo.
A) Estado do Amapá: Pedra Branca do Amapari, ca. 15 km W da Vila de Serra do Navio
(0º53’10,8” N, 51º52’48,3” W).
B) Estado do Pará: Capoeira 56, Monte Dourado (0º42’42,6” S, 52º40’0,8” W); Capoeira
86, Monte Dourado (0º36’14,72” S, 52º39’9,44” W); Eucalipto 14, Monte Dourado
(0º49’58,65”S, 52º39’29,69” W); Quaruba, Monte Dourado (1º1’32,45” S,
52º54’17,27”W); Bituba, Monte Dourado (1º11’ 28,3” S, 2º38’51,8” W); Alter do
Chão, MC 67 – Caratinga (2º31'48.6" S, 54º57'17.5" W); Alter do Chão, MC 70 –
Murajuba (2º32'56.7" S, 54º53'58.7" W); Marajuba, ca. 8 km E de Alter do Chão
(2º32’56,7” S, 54º53’58,7” W).
C) Estado do Amazonas: UHE de Balbina, Ilha do Rato (1º47’32”S, 59º21’ 12”W); UHE
de Balbina, Ilha da Serrinha (1º52’24” S, 59º25’6” W); UHE de Balbina, Terra firme
2, Floresta Contínua Reservatório da Hidrelétrica de Balbina/ReBio do Uatumã
(1º79’80”S, 59º27’45”W); UHE de Balbina, Ilha do Palhal 1, Reservatório da
Hidrelétrica de Balbina/ReBio do Uatumã (1º80’69”S, 59º36’18”W); UHE de
Balbina, Ilha da Neto, Reservatório da Hidrelétrica de Balbina/ReBio do Uatumã
(1º83’83”S, 59º35’63”W); UHE de Balbina, Ilha da Serrinha, Reservatório da
10
Hidrelétrica de Balbina/ReBio do Uatumã (1º87’40”S, 59º41’77”W); Comunidade
Boa Esperança, margem direita rio Cuieiras (2°43'27'' S, 60°24' 22'' W); Manaus, mata
da REMAN (3º 8 18,5 S, 59º 57 25,4 W); Margem esquerda do rio Madeira,
comunidade Bela Vista (5º 14 46 S, 60º 42 50 W); Cachoeirinha, margem esquerda
do rio Madeira (5°29’26.6” S 60°49’28.5”W); Lago Açaí, margem esquerda do rio
Aripuanã (6º 0 52,7 S, 60º 12 32,4 W); Boca do Juma, margem direita do rio
Aripuanã (6º 1 16,6 S, 60º 10 19,5 W); Margem esquerda do rio Aripuanã, igarapé
Arauazinho (6º 17 44 S, 60º 23 33 W); Margem direita do rio Aripuanã (6º 19 33 S,
60º 20 47 W); RESEX Baixo Juruá, Comunidade Cumaru (03°45´ 20``S/ 66°05`26``
W); RESEX Baixo Juruá, Comunidade Botafogo, marg. direita rio Juruá
(03°11´24´´S/ 65°55´14´´ W) e RESEX Baixo Juruá, Comunidade Forte das Graças II
(03º40´40´´S/ 65º05´48`` W).
D) Estado de Rondônia: Teotônio, margem esquerda do rio Madeira, 19 Km SW Porto
Velho (8º 50 16 S, 64º 1 37 W); Teotônio, margem direita do rio Madeira, 25 Km
SW Porto Velho (8º 52 27 S, 64º 0 28 W); Morrinhos, margem direita do rio
Madeira, Rondônia (9º 1 10 S, 69º 12 59 W); Morrinhos, margem esquerda do rio
Madeira, Rondônia (9º 2 06.8 S, 64º 12 05.2 W); Jirau, margem direita do rio
Madeira, 40 Km SE Jaci-Paraná, Porto Velho (9º 20 4 S, 64º 43 38 W); Jirau,
margem esquerda do rio Madeira, 40 Km SE Jaci-Paraná, Porto Velho (9º 20 60 S,
64º 44 20 W); Abunã, margem direita do rio Madeira, Rondônia (9º32’19.1” S, 65º 20
08.5 W); Abunã, margem esquerda do rio Madeira, Rondônia (9º 32 05.8 S, 65º 20
37.8 W); Terra Indígena Uru-Eu Wau Wau (10º 41 54,5 S, 63º 27 21 W).
Os espécimes testemunhos de todas as amostras coletadas e analisadas no âmbito deste
estudo se encontram depositadas na Coleção de Mamíferos do INPA e sua morfologia e
citogenética estão sendo estudadas por outros pesquisadores do INPA e colaboradores.
11
Figura 2 - Mapa das regiões de coleta dos indivíduos do gênero Proechimys. Os números
correspondem aos locais de coleta listados na tabela 1.
12
Tabela 1: Listagem dos espécimes testemunhos seqüenciados para identificação taxonômica
molecular. Espécimes e respectivos tecidos fazem parte da Coleção de Mamíferos do INPA.
ESPÉCIE
REGISTRO
Iniciais
COLETOR*
No
CAMPO
UF
LOCALIDADE
MAPA
Proechimys cf. brevicauda
INPA 4780
CGB
35
Amazonas
Boca do Juma, margem
direita do rio Aripuanã
16
Proechimys cf. brevicauda
INPA 4789
CGB
44
Amazonas
Boca do Juma, margem
direita do rio Aripuanã
16
Proechimys cf. brevicauda
INPA 5410
MCA
37
Amazonas
Margem direita do rio
Aripuanã
16
Proechimys cf. brevicauda
INPA 5419
MCA
46
Amazonas
Margem esquerda do rio
Aripuanã, igarapé
Arauazinho
17
Proechimys cf. brevicauda
INPA 4768
CGB
23
Amazonas
Lago Açaí, margem
esquerda do rio Aripuanã
18
Proechimys cf. brevicauda
INPA 4558
BAC
64
Rondônia
Teotônio, margem direita do
rio Madeira, 25 Km SW
Porto Velho
22
Proechimys cf. cuvieri
AM
173
Amapá
Pedra Branca do Amapari,
ca. 15 km W da Vila de
Serra do Navio
1
Proechimys cf. cuvieri
EE
238
Amazonas
Manaus, mata da REMAN
14
MCA
5
Amazonas
Margem esquerda do rio
Madeira, comunidade Bela
Vista
20
EE
147
Amazonas
RESEX Baixo Juruá,
Comunidade Cumaru
29
Proechimys cf. echinothix
INPA 5379
Proechimys cf. echinothix
Proechimys cf. gardneri
INPA 4573
BAC
76
Rondônia
Teotônio, margem esquerda
do rio Madeira, 19 Km SW
Porto Velho
21
Proechimys cf. gardneri
INPA 4576
BAC
79
Rondônia
Teotônio, margem esquerda
do rio Madeira, 19 Km SW
Porto Velho
21
Proechimys cf. gardneri
INPA 4591
BAC
94
Rondônia
Jirau, margem esquerda do
rio Madeira, 40 Km SE JaciParaná, Porto Velho
26
Proechimys cf. guyannensis
AM
124
Amapá
Pedra Branca do Amapari,
ca. 15 km W da Vila de
Serra do Navio
1
Proechimys cf. guyannensis
AM
126
Amapá
Pedra Branca do Amapari,
ca. 15 km W da Vila de
Serra do Navio
1
Proechimys cf. guyannensis
AM
128
Amapá
Pedra Branca do Amapari,
ca. 15 km W da Vila de
Serra do Navio
1
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5455
MLOB
15
Amazonas
UHE de Balbina, Ilha da
Neto, ReBio do Uatumã
10
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5450
MLOB
10
Amazonas
UHE de Balbina, Ilha da
Serrinha, ReBio do Uatumã
11
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5482
MLOB
42
Amazonas
Ilha da Serrinha,
Reservatório da Hidrelátrica
de Balbina/ReBio do
Uatumã
11
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5044
RNL
28
Pará
Capoeira 56, Monte
Dourado
3
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5019
RNL
3
Pará
Capoeira 86, Monte
Dourado
3
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5021
RNL
5
Pará
Capoeira 86, Monte
Dourado
3
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5024
RNL
8
Pará
Capoeira 86, Monte
Dourado
3
13
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5028
RNL
12
Pará
Capoeira 86, Monte
Dourado
3
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5052
RNL
36
Pará
Eucalipto 14, Monte
Dourado
4
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5053
RNL
37
Pará
Eucalipto 14, Monte
Dourado
4
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5054
RNL
38
Pará
Eucalipto 14, Monte
Dourado
4
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5055
RNL
39
Pará
Eucalipto 14, Monte
Dourado
4
Proechimys cf. guyannensis
INPA 5033
RNL
17
Pará
Quaruba, Monte Dourado
5
Proechimys cf. simonsi
EE
137
Amazonas
RESEX Baixo Juruá,
Comunidade Forte das
Graças II
30
Proechimys cuvieri
AM
196
Amapá
Pedra Branca do Amapari,
ca. 15 km W da Vila de
Serra do Navio
1
Proechimys cuvieri
INPA 5535
MLOB
95
Amazonas
UHE de Balbina, Ilha do
Palhal 1, ReBio do Uatumã
12
Proechimys cuvieri
INPA 5539
MLOB
99
Amazonas
UHE de Balbina, Ilha do
Palhal 1, ReBio do Uatumã
12
Proechimys cuvieri
EE
217
Amazonas
Comunidade Boa Esperança,
margem direita rio Cuieiras
15
Proechimys cuvieri
EE
218
Amazonas
Comunidade Boa Esperança,
margem direita rio Cuieiras
15
Proechimys cuvieri
INPA 5050
RNL
34
Pará
Bituba, Monte Dourado
2
Proechimys cuvieri
INPA 5514
MLOB
74
Amazonas
UHE de Balbina, Floresta
Contínua, ReBio do Uatumã
9
Proechimys gardneri
INPA 5376
MCA
2
Amazonas
Margem esquerda do rio
Madeira, comunidade Bela
Vista
20
Proechimys gardneri
INPA 5390
MCA
17
Amazonas
Margem esquerda do rio
Madeira, comunidade Bela
Vista
20
Proechimys gardneri
INPA 5391
MCA
18
Amazonas
Margem esquerda do rio
Madeira, comunidade Bela
Vista
20
Proechimys gardneri
INPA 4704
MSF
666
Rondônia
Morrinhos, margem direita
do rio Madeira, Rondônia
23
Proechimys gardneri
INPA 4705
MSF
667
Rondônia
Morrinhos, margem direita
do rio Madeira, Rondônia
23
Proechimys gardneri
INPA 4579
BAC
82
Rondônia
Jirau, margem direita do rio
Madeira, 40 Km SE JaciParaná, Porto Velho
25
Proechimys gardneri
INPA 4583
BAC
86
Rondônia
Jirau, margem esquerda do
rio Madeira, 40 Km SE JaciParaná, Porto Velho
26
Proechimys gardneri
INPA 4631
MSF
591
Rondônia
Abunã, margem esquerda do
rio Madeira, Rondônia
28
Proechimys gardneri
INPA 4633
MSF
593
Rondônia
Abunã, margem esquerda do
rio Madeira, Rondônia
28
Proechimys simonsi
EE
141
Amazonas
RESEX Baixo Juruá,
Comunidade Forte das
Graças II
30
Proechimys sp.
CEF
10
Amazonas
UHE de Balbina, Ilha da
Serrinha
11
Proechimys sp.
CEF
12
Amazonas
UHE de Balbina, Ilha da
Serrinha
11
Proechimys sp.
CEF
14
Amazonas
UHE de Balbina, Ilha da
Serrinha
11
Proechimys sp.
CEF
1
Amazonas
UHE de Balbina, Ilha do
Rato
13
CGB
9
Amazonas
Lago Açaí, margem
18
Proechimys sp.
INPA 4754
14
esquerda do rio Aripuanã
Proechimys sp.
CGB
63
Amazonas
Cachoeirinha, margem
esquerda do rio Madeira
19
Proechimys sp.
INPA 4707
MSF
669
Rondônia
Morrinhos, margem direita
do rio Madeira, Rondônia
23
Proechimys sp.
INPA 4717
MSF
679
Rondônia
Morrinhos, margem
esquerda do rio Madeira,
Rondônia
24
Proechimys sp.
MNFS
2172
Rondônia
Terra Indígena Uru-Eu Wau
Wau
27
Proechimys sp.
MNFS
2173
Rondônia
Terra Indígena Uru-Eu Wau
Wau
27
Proechimys sp.
MNFS
2174
Rondônia
Terra Indígena Uru-Eu Wau
Wau
27
MSF
583
Rondônia
Abunã, margem esquerda do
rio Madeira, Rondônia
28
Proechimys sp.
CMS
51
Pará
Alter do Chão, MC 67 Caratinga
6
Proechimys sp.
MNFS
2168
Pará
Alter do Chão, MC 70 Murajuba
7
Proechimys sp.
MNFS
2154
Pará
Marajuba, ca. 8 km E de
Alter do Chão
8
Proechimys sp.
MNFS
2156
Pará
Marajuba, ca. 8 km E de
Alter do Chão
8
Proechimys sp.
MNFS
2157
Pará
Marajuba, ca. 8 km E de
Alter do Chão
8
Proechimys steerei
EE
116
Amazonas
RESEX Baixo Juruá,
Comunidade Botafogo,
marg. direita rio Juruá
31
Proechimys sp.
INPA 4623
*As inicias CEF, CMS, MLOB e RNL correspondem a espécimes coletados por Carlos Eduardo Faresin,
Cristiano Martins de Souza, Manoela Lima de Oliveira Borges e Rafael do Nascimento Leite, respectivamente
(dissertações de mestrado do programa de pós-graduação do INPA); BAC e MSF, correspondem às iniciais de
campo de Bárbara Maria de Andrade Costa e Manoel dos Santos Filho (consultoria INPA/FDB/Furnas Centrais
Elétricas); CGB e MCA correspondem às iniciais de campo de Carla Gomes Bantel e Maria Clara Arteaga
(projeto PROBIO-Madeira); EE corresponde à inicial de Eduardo Eler, (Projeto Piatam no rio Juruá e Instituto
de Pesquisas Ecológicas - IPÊ - no rio Cuieiras) e MNFS corresponde a coletas realizados por Maria Nazareth F.
da Silva em diferentes consultorias.
Nos locais de amostragem, em cada margem do rio, as armadilhas foram distribuídas
em transectos e dispostas em estações espaçadas a cada 20 metros. Os transectos iniciaram a
uma distância de 50 metros da borda e em cada estação as armadilhas foram distribuídas duas
de cada tipo em cada lado do transecto próximo a troncos e supostas tocas. Tanto fatias de
banana como amendoim torrado e moído foram utilizados como iscas sendo repostas todos os
dias.
Os espécimes coletados tiveram seus dados de idade, medidas, sexo, condições
reprodutivas, ambiente e condições climáticas anotados em um caderno de campo
15
padronizado pela curadoria da Coleção de Mamíferos do INPA. De cada indivíduo foi
coletado os tecidos do fígado e do músculo femural que foram armazenados em tubos
criogênicos com álcool etílico hidratado a aproximadamente 95% e mantidos em um freezer a
–20o C.
Os indivíduos analisados foram previamente classificados por um especialista. Como
mencionado, todos os indivíduos coletados e suas respectivas partes (pele, carcaça, fluido,
crânio, tecidos e/ou outros) foram depositados na Coleção de Mamíferos do INPA.
4.2 Extração de DNA
As amostras de DNA dos indivíduos foram extraídas de acordo com protocolo descrito
por Sambrook et al. (1989) com o tampão de lise ( Tris HCl 50 mM pH, 8.0; EDTA 20 mM,
pH 8.0; SDS 1%; NaCl 200 mM e β-mercapto etanol 1%) de acordo com os seguintes
procedimentos:
Pesar não mais que 20 mg de tecido sendo este esfacelado e colocado em um tubo para
microcentrífuga.
Lavar rapidamente o tecido três vezes com 1 ml de tampão STE frio.
Adicionar 550 µl de tampão de lise e imediatamente 11 µl de proteinase K no
microtubo, utilizar o vortex e incubar a amostra a 55o C até que o tecido esteja totalmente
degradado.
Uma hora antes do fim da incubação adicionar 5,5 µl de RNAse A.
Após a incubação, centrifugar a amostra a 13.000 RPM durante 10 minutos e transferir
o sobrenadante para um novo tubo de microcentrífuga.
Adicionar 350 µl de NaCl 5M (concentração final de 2M), utilizar o vortex por 15
segundos e centrifugar a 13.000 RPM durante 30 minutos.
16
Transferir 450 µl do sobrenadante para um novo tubo de microcentrífuga, adicionar 900
µl de etanol absoluto frio, homogeinizar a mistura e incubar a amostra a -20o C durante 2
horas ou ao longo da noite a 4o C.
Centrifugar por 30 minutos (13.000 RPM) a amostra e descartar o sobrenadante
deixando no tubo somente o pellet resultante da centrifugação.
Lavar duas vezes o pellet com 1 ml de Etanol 70% (6.000 RPM por 5 minutos) sempre
removendo o sobrenadante.
Incubar o tubo com o pellet a 37o C até que este esteja seco.
Ressuspender o pellet de DNA em tampão TE 1X a 55o C por cerca de 2 horas e
armazenar o DNA em um freezer a uma temperatura de –20o C.
A quantidade de DNA extraído foi calculada via espectofotometria ou comparação
visual em gel de agarose 0,8%.
4.3 Amplificação e purificação dos fragmentos
A amplificação do gene mitocondrial citocromo b foi realizada a partir do DNA total
(Nuclear + Mitocondrial) previamente extraído e isolado através da técnica de PCR
(Polimerase Chain Reaction. Saiki et al., 1988) no termociclador Ependorff - Mastercycler
Gradient ®. A obtenção do produto PCR foi através de uma reação com volume total de 25 μl
contendo: 100 ng de DNA total, Tampão PCR 1X, 0,5 unidades de Taq DNA polimerase, 0,2
mM de cada dNTP, 2 mM de Cloreto de Magnésio, 0,2 mM dos iniciadores (primers) para
amplificação do fragmento de cit b. Os primers utilizados para a amplificação do cit b foram
MVZ
05
(CCTCCGTAGCCCACA[T/C][A/T]TG[C/T]CG)
e
MVZ
16
(AAATAGGAA[A/G]TATCA[T/C]TCTGGTTT[A/G]AT, para coI foram os primers CoI F3
(TCAACYAATCAYAAAGATATYGGCAC) e CoI R3 (ACTTCYGGGTGRCCRAAR
AATCA) (Ward et al,. 2005 com modificações) e água ultrapura para completar o volume. Os
primers foram retirados do banco de dados do Museum of Vertebrates Zoology, University of
17
California, Berkeley, tendo sido utilizados anteriormente (Silva & Patton (1993), da Silva
1995). O termociclador foi programado para a amplificação de cit b utilizando passos de
desnaturação a 92o C por 2 minutos, seguido de anelamento dos Primers a 45o C por 1.5
minutos e 2 minutos de extensão a 72o C em um total de 34 ciclos (da Silva e Patton, 1993).
Para coI foi programado utilizando os passos: de desnaturação a 94o C por 30 segundos,
seguido de anelamento dos Primers a 50o C por 40 segundos e 1 minutos de extensão a 72o C
em um total de 35 ciclos.
Depois de amplificados, os fragmentos PCR foram verificados e quantificados em gel
de agarose 1,0% corado com EtBr (0,5 g/ml) tendo como referência o marcador Low Mass
DNA Ladder ® (Invitrogen).
A purificação dos fragmentos PCR resultantes da amplificação foi feita utilizando-se o
Kit de purificação CONCERT RapidPCR Purification System ® (GIBCO) seguindo o
protocolo e recomendações do fabricante.
18
4.4 Seqüenciamento
O seqüenciamento foi realizado de acordo com a técnica de terminação em cadeia por
dideoxiribonucleotídeos (ddNTPs) descrita por Sanger et al. (1977), utilizando-se
terminadores marcados com fluorescência. Para isso foi utilizado o Kit de seqüenciamento
DYEnamic ET Terminator Cycle Sequencing ® (GE HealthCare) seguindo o protocolo e
recomendações do fabricante.
As reações foram feitas em placas de 96 poços utilizando: cerca de 150 ng e 300 ng do
produto PCR já purificado; 5pMol de cada primer em reações separadas; 4 μl do premix (Kit)
e água ultrapura completando o volume total para 10 μl. Os ciclos desta amplificação foram
um total de 30 tendo cada um deles um passo de desnaturação a 95o C por 20 segundos,
anelamento a 50o C por 15 segundos e extensão a 72o C durante 1,5 minutos. Os fragmentos
resultantes foram submetidos a uma precipitação eliminando assim as impurezas resultantes
do processo; logo após, foram seqüenciados no seqüenciador automático MegaBACE 1000 ®
(GE HealthCare) utilizando os parâmetros de 300 minutos de tempo de corrida a 6 kV e 100
segundos de injeção a 2kV.
4.5 Edição e alinhamento das seqüências.
Os dados resultantes do seqüenciamento foram salvos na extensão .abd e o alinhamento
das seqüências foi feito utilizando-se o programa de alinhamento múltiplo Clustal W
(Thompson et al., 1994) incluso no software Bioedit 7.0.9 (Hall, 1999). Após o alinhamento
automático foi feita uma revisão manual dos dados alinhados e a edição foi feita utilizando-se
o mesmo software.
4.6 Sistemática molecular e análises filogenéticas
Para melhor compreensão taxonômica e filogenética, foram incluídas 155 seqüências
parciais do gene cit b de indivíduos devidamente identificados cedidas gentilmente por James
19
Patton e Maria Nazareth Ferreira da Silva seqüências essas obtidas ao longo das duas últimas
décadas no laboratório do Museum of Vertebrate Zoology, Universidade da Califórnia,
Berkeley, por Patton e vários de seus (ex) alunos (Anexo 1). Para o gene coI foram utilizadas
as seqüências disponíveis no Genbank, utilizadas no trabalho de Borisenko e colaboradores
(2007) com mamíferos da Guiana Francesa (Anexo 2).
Para se verificar o nível de saturação das substituições foram plotadas em um gráfico o
número de transições e transversões versus divergência através do programa Dambe v. 4.2.13
(Xia & Xie, 2001).
Para se estimar as relações de parentesco e confirmar a posição de indivíduos da mesma
espécie ou grupo de Proechimys dentro de um único clado foram utilizados os métodos
filogenéticos baseados em Distância, Máxima Verossimilhança “MV” (Felsenstein, 1981) e
Máxima Parcimônia “MP” (Hennig, 1966); os resultados obtidos pelos três métodos foram
comparados. Todas as análises dos modelos foram feitas pelo programa PAUP 4.0 (Swofford,
1999). Para encontrar o modelo adequado para as análises da árvore baseada em Distância
fenética e por máxima verossimilhança (10.000 replicatas) foi utilizado o programa Modeltest
3.7 (Posada & Crandall, 1998).
Na árvore de máxima parcimônia foi estimado seu comprimento em número de passos
(L), o índice de consistência (CI), o índice de retenção (RI), o índice de consistência
reescalonado (RCI) e o índice de homoplasia (IH). Como várias árvores foram igualmente
parcimoniosas, foi realizado o consenso estrito entre todas elas. A validade de cada nó interno
foi avaliada através da análise de bootstrap, realizada com 1.000 replicatas. Em adição foi
feita busca heurística (TBR - Tree bissection and reconection) com 25 replicatas visando
aumentar a versatilidade da análise. Para o enraizamento das árvores encontradas, foram
utilizados como grupos externos outros gêneros de roedores equimídeos como Trinomys
20
(gi|23394314|gb|AF422924.1|) e Isothrix (gi|995846|gb|L23355.1|) para cit b e o morcego do
gênero Lasiurus (gi|156078929|gb|EU096756.1|) para coI.
21
5. RESULTADOS
5.1 Análise das seqüências de citocromo b (cit b)
As amplificações do gene cit b resultaram em banda única no gel de agarose. O
tamanho estimado do amplicon foi de 700 pares de bases (pb). As seqüências obtidas foram
comparadas às do GenBank para checar se de fato correspondiam ao gene mitocondrial cit b,
tendo sido assegurado a ortologia ao gene mediante o uso do programa Blast.
A composição de bases média de cit b dos Proechimys analisados foi: A=29,2%;
C=24%; G=14,3% e T=32,4%. Esses valores estão bem próximos das porcentagens
encontradas o cit b de outros Proechimys.
Após a edição automática e manual das seqüências foi efetuado o alinhamento
nucleotídico múltiplo das seqüências. O alinhamento de 638 sítios indicou a existência de 257
sítios variáveis sendo 221 informativos para parcimônia. Dentre os xx modelos evolutivos
testados pelo programa Modeltest, o modelo evolutivo escolhido foi HKY+I+G, o qual foi
utilizado para as análises de máxima verossimilhança e de distância genética corrigida .
Plotando-se a distância genética versus a quantidade de mutações (transversões e
transições) observou-se que não houve saturação nucleotídica, exceto quando inseridas a
seqüência do grupo externo (Trynomys) cujas transições saturam ao redor de 20% de distância
genética (figura 3). Como observado em outros organismos, a maioria das mutações
ocorreram na terceira posição do códon, sendo a maioria silenciosas. Apesar disso, a obtenção
das árvores de máxima parcimônia e máxima verossimilhança foram feitas com a utilização
dos três códons.
Figura 3 – Gráfico de transição/transversão vs. distância genética (HKY85). Ts= transição; Tv
= transversão.
22
Nos Proechimys analisados a distância genética entre espécies variou de 10,5% a
18,13%. Já, a distância detectada entre os indivíduos da mesma espécie nominal ficou abaixo
de 10% sendo que na média foi de 3,5%.
5.2 Identificação molecular pelo citocromo b (cit b)
As seqüências do cit b dos 65 indivíduos analisados neste trabalho foram agrupadas as
155 seqüências gentilmente cedidas por James Patton e M. N. F. da Silva. Com o uso de
chaves de identificação dicotômica, os 65 indivíduos foram tentativamente identificados até o
nível de espécie. Tomando como base a distância genética e o posicionamento dentro de cada
clado monofilético obtido por máxima parcimônia e máxima verossimilhança procedeu-se a
taxonomia molecular dos 65 Proechimys analisados. Destes, 36 indivíduos tiveram sua
identificação molecular congruente com a identificação morfológica provisória realizada a
priori; 20 indivíduos identificados morfologicamente a priori não tiveram sua identificação
molecular confirmada mas após uma re-análise morfológica as identificações taxonômicas
foram congruentes; 6 indivíduos sem identificação a priori ao nível de espécie foram
agrupados dentro de espécies de acordo com sua distância genética e localização no clado
monofilético; dois indivíduos afins, sem identificação a priori ao nível de espécie, não se
agruparam em nenhuma espécie, tanto molecularmente como morfologicamente, indicando
tratar-se de uma nova espécie; um índividuo identificado morfologicamente a priori e a
posteriori como P. gardneri foi identificado molecularmente como longicaudatus, sendo a
única situação de discordância que se manteve a posteriori (Tabela 2).
Um conjunto de espécies identificadas a priori como pertencentes ao grupo
longicaudatus formaram um único grupo na árvore de distância genética sendo que
posteriormente foram identificados como P. brevicauda. Porém, este grupo não se agrupou
geneticamente com os P. brevicauda analisados por Patton e colaboradores (2000).
23
Tabela 2 – Identificações molecular e morfológica a posteriori dos indivíduos do gênero
Proechimys seqüenciados neste estudo.
ID molecular*
ID morfológica**
P. cuvieri
REGISTRO
Iniciais COL
No CAMPO
P. cf. cuvieri
AM
173
P. cuvieri
P. cuvieri
AM
196
P. cuvieri
P. cuvieri
EE
217
P. cuvieri
P. cuvieri
EE
218
P. cuvieri
P. cf. cuvieri
EE
238
P. cuvieri
P. cuvieri
INPA 5514
MLOB
74
P. cuvieri
P. cuvieri
INPA 5535
MLOB
95
P. cuvieri
P. cuvieri
INPA 5539
MLOB
99
P. cuvieri
P. cuvieri
INPA 5050
RNL
34
P. echinothrix
P. cf. echinothix
EE
147
P. echinothrix
P. cf. echinothix
INPA 5379
MCA
5
P. gardneri
P. c.. gardneri
INPA 4573
BAC
76
P. gardneri
P. cf. gardneri
INPA 4576
BAC
79
P. gardneri
P. gardneri
INPA 4583
BAC
86
P. gardneri
P. cf. gardneri
INPA 4591
BAC
94
P. gardneri
P. gardneri
INPA 5376
MCA
2
P. gardneri
P. gardneri
INPA 5390
MCA
17
P. gardneri
P. gardneri
INPA 5391
MCA
18
P. gardneri
P. sp
INPA 4623
MSF
583
P. gardneri
P. gardneri
INPA 4631
MSF
591
P. gardneri
P. gardneri
INPA 4633
MSF
593
P. gardneri
P. gardneri
INPA 4704
MSF
666
P. gardneri
P. gardneri
INPA 4705
MSF
667
P. goeldii
P. sp
MNFS
2156
P. goeldii
P. sp
MNFS
2168
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
AM
124
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
AM
126
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
AM
128
P. cf. guyannensis
P. sp
CEF
1
P. cf. guyannensis
P. sp
CEF
10
P. cf. guyannensis
P. sp
CEF
12
P. cf. guyannensis
P. sp
CEF
14
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5450
MLOB
10
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5455
MLOB
15
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5482
MLOB
42
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5019
RNL
3
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5021
RNL
5
24
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5024
RNL
8
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5028
RNL
12
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5033
RNL
17
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5044
RNL
28
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5052
RNL
36
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5053
RNL
37
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5054
RNL
38
P. cf. guyannensis
P. gr. guyannensis
INPA 5055
RNL
39
P. roberti
P. sp
CMS
51
P. roberti
P. sp
MNFS
2154
P. roberti
P. sp
MNFS
2157
P. roberti
P. sp
MNFS
2174
P. simonsi
P. cf. simonsi
EE
137
P. simonsi
P. simonsi
EE
141
P. simonsi
P. sp
MSF
669
P. sp. (grupo goeldii)
P. sp
CGB
63
P. sp. (grupo goeldii)
P. sp
INPA 4717
MSF
679
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. cf. brevicauda
INPA 4558
BAC
64
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. gardneri
INPA 4579
BAC
82
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. sp
INPA 4754
CGB
9
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. cf. brevicauda
INPA 4768
CGB
23
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. cf. brevicauda
INPA 4780
CGB
35
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. cf. brevicauda
INPA 4789
CGB
44
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. cf. brevicauda
INPA 5410
MCA
37
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. cf. brevicauda
INPA 5419
MCA
46
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. sp
MNFS
2172
P. sp. (grupo longicaudatus)***
P. sp.***
MNFS
2173
P. steerei
P. steerei
EE
116
INPA 4707
(*) identificações moleculares tiveram como referência as seqüências em GenBank e, principalmente, as seqüências obtidas
no laboratório do Dr. James L. Patton (MVZ / UC, Berkeley), em colaboração com seus (ex) alunos de doutorado (M. N. F.
da Silva, M. Lara, Y. Leite e L. P. Costa) e vários outros colaboradores; (**) Identificação provisória pois estudos
morfológicos, morfométricos e citogenéticos em andamento estão sendo realizados pela Dra. MNF da Silva e colaboradores.
Identificações preliminares aqui apresentadas tiveram por base o exame qualitativo de estruturas cranianas, conforme Patton
(1987) e da Silva (1996), a morfologia externa dos animais e eventualmente citogenéticos; (***) presumivelmente o mesmo
táxon que em da Silva (1998; Fig. 13) foi denominado Proechimys sp, rio Madeira, do grupo longicaudatus. Espécimes em
negrito ainda não foram examinados morfológica e/ou morfometricamente.
25
A análise de máxima parcimônia não resultou em uma árvore que demonstrasse
relações de parentesco entre os táxons, porém cada um foi claramente agrupado em clados
monofiléticos com altos valores de bootstrap (Figura 4). P. cuvieri apresentou dois clados
distintos, decorrentes provavelmente da natureza composta desse táxon. Os indivíduos CGB
63 e INPA 4717 também se agruparam em um único clado chamado Proechimys sp. Um
único indivíduo de P. kulinae se posicionou fora do clado monofilético de sua espécie e como
o indivíduo mais basal do gênero. Considerando a falta de resolução nos nós mais basais da
árvore, a monofilia de vários grupos de espécies (sensu Patton 1987) não foi confirmada,
como é o caso dos grupos guyannensis (que nessa análise não reune P. cf. roberti aos demais
representantes do grupo), goeldii (que apesar de associar P. steerei e P. quadruplicatus com
valores baixos de boostrap não se associa a P. goeldii), cuvieri (que nessa análise se subdivide em dois clados monofiléticos independentes) e longicaudatus (que não associa P.
longicaudatus e P. brevicauda). Os valores dos índices obtidos pela análise foram de:
IC=0.298; IR=0,750; CR=0,224 e IH=0,702. O tamanho mínimo das árvores obtidas foi de
340 passos e o máximo de 3544.
Assim como na análise de máxima parcimônia, o indivíduo INPA 3515, identificado
como P. kulinae, está na posição basal para o gênero na análise de MV, e os clados mais
terminais que agrupam os vários indivíduos em grupos monofiléticos de Proechimys
obtiveram altos valores de consistência. Alguns valores de verossimilhança nos nós que
indicam a relação de parentesco entre as espécies foram baixos (Figura 5). Porém, a topologia
da árvore demonstra relações de parentesco mais consistentes com as estabelecidas por Patton
(1987), ao associar os representantes do grupo goeldii (P. quadruplicatus, P. steerei e P.
goeldii), do grupo simonsi e do grupo cuvieri, embora este último esteja inserido no grupo
longicaudatus; outra exceção é o grupo guyannensis, com a falta de associação entre
representantes desse grupo e o clado de P. cf. roberti. Os indivíduos (INPA 4117 e CGB 83)
denominados Proechimys sp. se agruparam em um único clado monofilético que se associa
aos representantes do grupo goeldii (P. goeldii, P. steerei e P. quadruplicatus).
As árvores de máxima parcimônia foram geradas em separado para cada clado, e as
topologias apresentadas foram comparadas e tiveram por base as topologias apresentadas por
Patton et al. (2000) e, para P. roberti e P. oris, por Weksler et al. (2001). As topologias de
máxima verossimilhança para cada grupo foram extraídas de uma árvore obtida previamente a
partir de análise realizada com todos os indivíduos representados neste estudo. Quando
possível, as localidades foram resumidas às suas bacias hidrográficas para melhor
compreensão das árvores.
26
Figura 4 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial citocromo
b de 15 espécies do gênero Proechimys. Os números acima dos nós correspondem aos valores
de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística.
27
Figura 5 –Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de 15 espécies do gênero Proechimys. Os números acima dos nós correspondem
aos valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a
distância genética entre cada clado.
28
A seguir são apresentados, por espécie ou grupo de espécies de Proechimys, as
filogenias obtidas com o citocromo b utilizando a máxima parcimônia e a máxima
verossimilhança.
P. gardneri e P. pattoni
Nas análises de máxima parcimônia, 124 dos 638 sítios foram variáveis e destes 85
foram parcimoniosamente informativos. Os valores dos índices obtidos foram: IC = 0,815; IR
= 0,914; CR=0,745 e IH = 0,185. O tamanho mínimo das árvores foi de 132 passos e o
máximo de 431.
As duas espécies se separaram em clados monofiléticos distintos, suportadas por altos
valores de boostrap de 94.03 e 100% nas análises de máxima verossimilhança e máxima
parcimônia, respectivamente, e são divergentes entre si por uma média de 11,6% (Figs. 6 e 7).
Todos os indivíduos de P. pattoni para os quais temos seqüências são procedentes do
rio Juruá, e se agruparam em um único clado monofilético, com níveis de divergência de
2,1%.
Para P. gardneri, sua monofilia também é suportada por altos valores de boostrap em
ambas as análises (máxima verossimilhança e máxima parcimônia, respectivamente com
valores de 98,15 e 100%). Representantes dos rios Juruá e Urucú formam um clado suportado
por altos valores de bootstrap em ambas as análises (94,17 e 83% para máxima
verossimilhança e máxima parcimônia, respectivamente), e divergem entre si por uma média
de 2,5%. Já os representantes do rio Madeira formam uma politomia não resolvida na análise
de máxima parcimônia, mas se associam com suporte moderado de valor 60,42 nas análises
de MV, e apresentam um distância genética média de 0,7% entre si. Entretanto, um indivíduo
(INPA 4623) se posiciona basalmente como grupo-irmão de todos os indivíduos de P.
gardneri aqui analisados. A divergência média entre os haplótipos do rio Madeira e os do
clado Juruá/Urucu é de 2,5%. Considerando o importante papel biogeográfico atribuído ao rio
Madeira, é interessante notar que os haplótipos (INPA 4704 e 4705) de indivíduos
provenientes da margem direita, não indicam a ocorrência de monofilia recíproca em relação
aos haplótipos da margem esquerda, o que seria esperado caso o rio Madeira atuasse como
divisor zoogeográfico.
29
Figura 6 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial citocromo
b de Proechimys gardneri e Proechimys pattoni. Os números acima dos nós correspondem
aos valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos
marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
30
Figura 7 –Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys gardneri e Proechimys pattoni. Os números acima dos nós
correspondem aos valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós
indicam a distância genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco
correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
31
Proechimys roberti
As análises de máxima parcimônia demonstraram que 126 dos 638 sítios foram
variáveis e destes 79 foram parcimoniosamente informativos. Os valores dos índices obtidos
foram: IC = 0,847; IR = 0,900; CR=0,762 e IH = 0,153. O tamanho mínimo das árvores foi
de 133 passos e o máximo de 373.
Tanto a análise de máxima parcimônia como a de máxima verossimilhança
demonstram que P. roberti não pertence ao grupo guyannensis. P. roberti divide-se em dois
grupos monofiléticos distintos, suportados por valores de bootstrap de moderado a muito alto
(Figs. 8 e 9). O clado mais a leste é composto por indivíduos das regiões de Paraupebas e
Marabá no Pará, Chapada dos Veadeiros/Fazenda Fiandeiras em Goiás e rio Santa Teresa no
Estado do Tocantins. O segundo clado, mais a oeste, também é formado por indivíduos
representantes de localidade situada no centro-leste da Amazônia, como a região próxima a
foz do rio Tapajós, que se associa a localidade do alto rio Jamari, afluente do rio Madeira;
ambas tem a localidade do rio Cristalino próxima a Alta Floresta, Mato Grosso como grupo
irmão.
A distância genética entre os dois clados do leste e oeste é de 6,7%; apesar de
considerável, para roedores do gênero Proechimys, esses níveis de divergência são
normalmente encontrados entre unidades geográficas (supostamente) intraespecífcas. Apesar
disso, e embora os espécimes provenientes de Alta Floresta (LPC 522 e 540) tenham sido
identificados pela própria Leonora Pires Costa (LPC) e por James L. Patton (JLP) como P.
roberti, considerando a congruência geográfica e o nível de divergência separando esses dois
clados, um estudo mais detalhado à luz das novas amostras provenientes das bacias dos rios
Madeira e Tapajós é recomendado.
32
Figura 8 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial citocromo
b de Proechimys roberti. Os números acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap
obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos marcados com asterisco
correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
33
Figura 9 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys roberti. Os números acima dos nós correspondem aos valores de
bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a distância genética
entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores
seqüenciados no presente trabalho.
34
P. echinothrix
Nas análises de máxima parcimônia, 144 dos 638 sítios foram variáveis e destes 85
foram parcimoniosamente informativos. Os valores dos índices obtidos foram: IC = 0,767; IR
= 0,882; CR=0,677 e IH = 0,233. O tamanho mínimo das árvores foi de 155 passos e o
máximo de 553.
Ambas as análises demonstraram congruência entre os clados monofiléticos e as
localidades analisadas (Figs. 10 e 11). Em ambas topologias, três grupos foram evidentes os
quais apresentaram na base alto índice de consistência dos ramos. A divergência entre estes
grupos foi de 9,4%. Um grupo corresponde as populações da bacia do rio Negro (Jaú e
Tiquié), outro grupo representando os indivíduos das regiões dos rios Juruá e Urucu e um
outro ramo correspondendo a um indivíduo proveniente da margem esquerda do rio Madeira
(INPA5379). Dentro do grupo Juruá/Urucu ocorreu uma nítida divisão entre populações
correspondentes a margem direita e a margem esquerda do rio Juruá. O indivíduo INPA5379
que na análise de máxima parcimônia não se associou aos outros dois grupos, na análise de
máxima verossimilhança posicionou-se como grupo irmão do grupo do clado representativo
das regiões do rio Juruá e Urucu.
A distância genética entre o haplótipos do rio Tiquié e os do Jaú foi de 0,9%. A
distância entre os indivíduos das diferentes margens do rio Juruá foi de 3,8 %. A distância do
indivíduo do rio Madeira para o grupo Jaú/Tiquié foi de 9% e para o grupo Juruá/Urucu foi de
7%.
35
Figura 10 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys echinothrix. Os números acima dos nós correspondem aos valores
de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos marcados com
asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
Figura 11 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys echinothrix. Os números acima dos nós correspondem aos valores
de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a distância
genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores
seqüenciados no presente trabalho.
36
P. simonsi
As análises de máxima parcimônia demonstraram que 145 sítios dos 638 foram
variáveis e destes 70 foram parcimoniosamente informativos. Os scores obtidos foram: IC =
0,650; IR = 0,722; CR=0,469 e IH = 0,350. O tamanho mínimo das árvores obtidas foi de 156
passos e o máximo de 458.
Das espécies estudas esta foi a que apresentou menores valores de consistência das
topologias geradas no entanto todos os clados estão comgruentes com suas localidades com
exceção de um clado composto por indivíduos das regiões dos rios Madeira, Alto Madre de
Dios e Juruá (Figs. 12 e 13).
A distância genética entre os indivíduos deste clado varia de 0,9% a 1,7%. A variação
da distância dentro da espécie é de a 4,3%
Figura 12 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys simonsi. Os números acima dos nós correspondem aos valores de
bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos marcados com
asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
37
Figura 13 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys simonsi. Os números acima dos nós correspondem aos valores de
bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a distância genética
entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores
seqüenciados no presente trabalho.
38
Grupo goeldii
Para as análises de máxima parcimônia, 188 dos 638 sítios foram variáveis e destes
160 foram parcimoniosamente informativos. Os valores dos índices obtidos foram: IC =
0,598; IR = 0,890; CR=0,533 e IH = 0,402. O tamanho mínimo das árvores foi de 216 passos
e o máximo de 1537.
As quatro espécies integrantes do grupo goeldii, P. quadruplicatus, P. goeldii, P.
steerei e P. sp., analisadas por máxima parcimônia e máxima verossimilhança se separaram
em clados monofiléticos distintos (Figs. 14 e 15). Os indivíduos da região do rio Madeira (P.
sp), divergente em 11% na média, se apresentou como grupo irmão das demais espécies do
grupo goeldii. Análises morfológicas em andamento possivelmente contribuirão para definir
sobre a inclusão de P. sp. no grupo de espécies goeldii (sensu Patton 1987).
Em P. quadruplicatus, na análise de MV, três clados foram formados, sub-dividindo
em unidades geográficas os indivíduos da região do rio Negro (Brasil), de San Carlos do Río
Negro (Venezuela) e da região do rio Tahuayo e rio Santiago (Peru). A distância genética
média entre os indivíduos de P. quadruplicatus variou de 4,5% a 5%.
Representantes da espécie P. steerei foram agrupados em dois clados distintos, um
formado por amostras da região dos rios Urucu/Juruá e outro pelos indivíduos da região do
Rio Jaú.
Representantes do rio Xingu e do rio Tapajós de P. goeldii se associaram por alto
suporte com valores 100% para ambas as análises; a distância genética média entre os
haplótipos de ambas as drenagens é de 5%.
Para todas as três espécies, o nível de divergência intra-específica dos haplótipos
representantes das diversas drenagens (que também correspondem aos clados mais terminais),
variou de 4,5% a 6%, indicando níveis consideráveis de diferenciação interpopulacional para
as espécies do grupo goeldii aqui representadas.
A distância genética entre as espécies foi consideravelmente maior: P. goeldii e P.
steerei divergem em 12%, P. goeldii e P. quadruplicatus 13%, P. steerei e P. quadruplicatus
10% e, por fim, a distância de P. sp. de P. goeldii, P. quadruplicatus e P. steerei foi de 11%,
11,4% e 11,3%, respectivamente.
39
Figura 14 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys quadruplicatus, P. steerei e P. goeldii e Proechimys sp (grupo
goeldii). Os números acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap obtido em 1000
réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos
roedores seqüenciados no presente trabalho.
40
Figura 15 – Árvore de Máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys quadruplicatus, P. steerei e P. goeldii e Proechimys sp (grupo
goeldii). Os números acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap obtido em 2000
réplicas e os números abaixo dos nós indicam a distância genética entre cada clado. Os
indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente
trabalho.
41
Proechimys cf. guyannensis
Nas análises de máxima parcimônia, 148 dos 638 sítios foram variáveis e destes 82
foram parcimoniosamente informativos. Os valores dos índices obtidos foram: IC = 0,713; IR
= 0,839; CR=0,598 e IH = 0,287. O tamanho mínimo das árvores foi de 164 passos e o
máximo de 573.
Dentro do grupo quatro clados foram distintos: o primeiro formado por indivíduos da
região do Pico da Neblina; o segundo por um único indivíduo de El Pauji na Venezuela; o
terceiro por indivíduos da região de Pedra Branca do Amapari – AP e do rio Jarí; e por último
por indivíduos das regiões do rio Uatumã (UHE – Balbina), alto Jatapú e fragmento do
PDBFF (próximo de Manaus) (Figs. 16 e 17). A distância genética entre os clados mais
próximos é de 9,5%, com exceção entre o terceiro e quarto clado que mantiveram uma
distancia de 4,5 %.
Figura 16 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys cf. guyannensis. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos
marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
42
Figura 17 –Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys cf. guyannensis. Os números acima dos nós correspondem aos
valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a distância
genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores
seqüenciados no presente trabalho.
43
Proechimys cuvieri (grupo cuvieri)
Para as análises de máxima parcimônia, 159 dos 638 sítios foram variáveis e destes
103 foram parcimoniosamente informativos. Os valores dos índices obtidos foram: IC =
0,673; IR = 0,866; CR=0,583 e IH = 0,327. O tamanho mínimo das árvores obtidas foi de 179
passos e o máximo de 830.
Apesar das topologias apresentarem em alguns ramos valores de bootstrap e
verossimilhança baixos (Fig. 18 e 19), ambas as análises demonstraram congruência entre os
clados monofiléticos e suas respectivas localidades.
Dois grandes grupos, divergentes aproximadamente em 8%, foram formados na base
de ambas topologias com alto índice de consistência dos ramos, um representando os
indivíduos amostrados no rio Juruá (Amazonas, Brasil) e rio Blanco (Loreto, Perú) e o outro
representando os indivíduos amostrados das regiões dos rios Cuyuni (Bolívar, Venezuela),
Santiago (Amazonas, Peru), Tiquié, Negro, Cuieiras e Uatumã no Estado do Amazonas, Jarí
no limite dos Estados do Pará e Amapá, Pedra Branca do Amapari no Amapá e Guiana
Francesa.
44
Figura 18 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys cuvieri. Os números acima dos nós correspondem aos valores de
bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística e os indivíduos marcados com
asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho.
45
Figura 19 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys cuvieri. Os números acima dos nós correspondem aos valores de
bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a distância genética
entre cada clado. Os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores
seqüenciados no presente trabalho.
46
Grupo longicaudatus
Para as análises de máxima parcimônia, 170 dos 638 sítios foram variáveis e destes
130 foram parcimoniosamente informativos. Os valores dos índices obtidos foram: IC =
0,652; IR = 0,895; CR=0,584 e IH = 0,348. O tamanho mínimo das árvores foi de 184 passos
e o máximo de 1120.
A análise de máxima verossimilhança indica que o grupo longicaudatus (sensu Patton
1987) é parafilético, pois agrupa P. cuvieri (grupo cuvieri) como grupo irmão do clado P.
longicaudatus + P. sp, enquanto P. brevicauda ficou como grupo irmão dessas três espécies.
Vale notar que a análise de máxima parcimônia apresente uma politomia entre as espécies.
Três clados diferenciados são evidenciados e suportados por altos valores de bootstrap
em ambas as análises (Figs. 20 e 21), correspondendo a no mínimo três espécies de
Proechimys: P. sp. do rio Madeira (possivelmente o mesmo táxon que em da Silva, 1998) que
foi subdividido em três sub-clados geograficamente estruturados suportados por altos valores
de bootstrap, P. longicaudatus com representantes do rio Paragua, Bolívia e P. brevicauda,
com representantes do norte e sul do Peru e da região do alto rio Juruá, Brasil. A distancia
genética entre os representantes de Proechimys sp. do rio Madeira e os representantes de P.
longicaudatus e de P. brevicauda é de 10,7% e 11%, respectivamente. Similarmente, a
distancia genética entre os representantes de P. brevicauda e de P. longicaudatus é 11%.
É importante salientar a sub-divisão do clado do rio Madeira, que apresenta três subclados bem estruturados geograficamente e suportados por altos valores de bootstrap em
ambas as análises: no primeiro deles, utilizamos o indivíduo IM3575 como referência em
função de análises moleculares anteriores (da Silva, 1998) revelarem a distinção desse
indivíduo em relação a outras espécies de Proechimys (veja também Patton et al, 2000). Esse
sub-clado reúne representantes das regiões de Porto Velho, UHE de Samuel e do alto Jamari,
Rondônia; os outros dois sub-clados reúnem representantes do rio Aripuanã, um afluente da
margem direita do curso médio do rio Madeira. Os indivíduos analisados das margens direita
e esquerda do rio Aripuanã se segregaram em sub-clados distintos, reciprocamente
monofiléticos na análise de máxima parcimônia, mas na análise de máxima verossimilhança o
sub-clado da margem esquerda do
Aripuanã é grupo irmão dos outros dois, que se associam com suporte moderado. O nível de
divergência entre os sub-clados das margens direita e esquerda do rio Aripuanã é de 4%, e
entre esses e o sub-clado Porto Velho/Jamari é de 5,8%.
47
Figura 20 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys sp., Proechimys brevicauda e P. longicaudatus. Os números
acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca
heurística e os indivíduos marcados com asterisco correspondem aos roedores seqüenciados
no presente trabalho. O clado identificado como Proechimys sp. provavelmente é uma espécie
nova do rio Madeira.
48
Figura 21 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial
citocromo b de Proechimys sp., Proechimys brevicauda e P. longicaudatus. Os números
acima dos nós correspondem aos valores de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números
abaixo dos nós indicam a distância genética entre cada clado. Os indivíduos marcados com
asterisco correspondem aos roedores seqüenciados no presente trabalho. O clado identificado
como Proechimys sp. provavelmente é uma espécies nova do rio Madeira.
49
5.3 Identificação molecular pela citocromo oxidase I (coI)
Para avaliar o potencial do gene citocromo oxidase I (coI) discriminar as espécies de
Proechimys, bem como avaliar a capacidade do gene reconstruir a filogenia do gênero foi
realizado uma análise com indivíduos representativos dos grupos monofiléticos detectados
com o gene cit b.
Assim, dois indivíduos de cada unidade taxoxômica (P. goeldii, P. sp (grupo goeldii),
P. steerei, P. sp. (grupo longicaudatus), P. roberti, P. simonsi, P. cuvieri, P. gardneri, P.
echinothrix e P. cf. guyannensis) foram amplificados com primers do coI. Como resultado das
amplicações foi obtido uma única banda no gel de agarose com tamanho estimado de 600
pares de bases (pb). Após o seqüenciamento, as seqüências foram comparadas às do Genbank
para checar sua correspondência com o gene mitocondrial coI, tendo sido assegurado a
ortologia ao gene mediante o uso do programa Blast.
Adicionalmente 14 sequencias de Proechimys (Tabela 2) provenientes do Genbank
foram integradas às análises de MV, máxima parcimônia e na composição da matriz de
distância perfazendo um total de 34 indivíduos de 12 espécies.
A composição de bases do COI dos Proechimys analisados foi: A=28.7; C=22.7;
G=14.9 e T=33,6. Esses valores estão bem próximos das porcentagens encontradas na mesma
região amplificada em outros Proechimys.
O alinhamento múltiplo nucleotídico seguido do manual de 507 sítios indicou a
existência de 176 sítios variáveis sendo 158 informativos para parcimônia. Dentre os 56
modelos evolutivos testados pelo programa Modeltest, o modelo evolutivo escolhido foi
GTR+I+G, o qual foi utilizado para as análises de máxima verossimilhança e na composição
da matriz de distância.
Plotando-se a distância genética versus a quantidade de mutações (transversões e
transições), observou-se que a maioria das mutações ocorreram na terceira posição do códon,
sendo todas silenciosas.
Nos Proechimys analisados a distância genética detectada entre os indivíduos da
mesma espécie variou de 0% a 4,6%. Já, a distância entre as espécies foi de 9,4% a 19,4%
(tabela 3). A variação de distancia genética das espécies em relação ao grupo externo variou
de 19,9% a 26,4%.
50
Tabela 3 – Distância genética entre as espécies do gênero Proechimys utilizando o gene
mitocondrial coI e o parametro de distância GTR.
P. goeldii
P. sp
P. steerei
P. gr. longicaudatus
P. roberti
P. simonsi
P. cuvieri
P. goeldii
P. sp
0.112
P. steerei
0.136
0.136
P. gr. longicaudatus
0.130
0.120
0.136
P. roberti
0.129
0.116
0.138
0.115
P. simonsi
0.156
0.153
0.161
0.135
0.146
P. cuvieri
0.144
0.117
0.144
0.094
0.110
0.140
P. gardneri
0.150
0.154
0.143
0.131
0.127
0.143
0.141
P. echinothrix
0.145
0.139
0.143
0.116
0.126
0.141
0.106
P. cf. guyannensis
0.157
0.146
0.156
0.143
0.121
0.132
0.115
P. hoplomyoides
0.194
0.157
0.167
0.154
0.151
0.181
0.157
P. gularis
0.135
0.118
0.138
0.111
0.116
0.122
0.075
Grupo_externo
0.261
0.246
0.240
0.243
0.217
0.240
0.226
P. gardneri
echinothrix
P. guiannensis
P. hoplomyoides
P. gularis
P.
P. goeldii
P. sp
P. steerei
P. gr. longicaudatus
P. roberti
P. simonsi
P. cuvieri
P. gardneri
P. echinothrix
0.122
P. cf. guyannensis
0.141
0.097
P. hoplomyoides
0.166
0.164
0.154
P. gularis
0.136
0.105
0.117
0.161
Grupo_externo
0.264
0.222
0.219
0.251
0.199
Todos os indivíduos analisados se agruparam em clados monofileticos tanto nas
árvores de máxima verossimilhança como máxima parcimônia A espécie identificada
molecularmente com o gene cit b como Proechimys sp. (grupo goeldii) manteve seu dois
indivíduos (CGB63 e INPA 4717) monofiléticos e próximos a P. goeldii. As seqüências do
genbank de espécies nominalmente iguais áquelas sequenciadas neste trabalho (P. cuvieri, P.
cf. guyannensis, P. steerei e P. simonsi) também formaram clados monofiléticos.
P.
51
hoplomyoides se apresentou monofilético em ambas as árvores ao contrário de P. gularis que
nas análises de máxima verossimilhança se dividiu em ramos parafiléticos (Figuras 22 e 23).
A exemplo do observado com o gene cit b, a análise de máxima parcimônia do coI não
resultou em uma árvore que demonstrasse relações de parentesco entre os táxons. Os valores
dos índices obtidos pela análise foram de: IC=0.397; IR=0,653; CR=0,259 e IH=0,603. O
tamanho mínimo das árvores obtidas foi de 242 passos e o máximo de 1304. Messmo com
baixo valor de consistência (59 de bootstrap) foi demonstrado o monofiletismo das espécies
do grupo goeldii.
Os valores de verossimilhança obtidos foram altos na definição dos clados de espécies
porem baixos quando relacionados ao parentesco entre elas. A topologia apresentada foi
totalmente diferente da obtida por cit b com exceção do monofiletismo do grupo goeldii.
P. hoplomyoides do grupo trinitatus foi o grupo mais basal do gênero e P. goeldii a
mais distante, congruente com a matriz de distância obtida entre as espécies. P. gularis (grupo
longicaudatus) além do parafiletismo apresentado foi o que apresentou maior distancia entre
indivíduos da mesma espécie (4,6%).
Em relação às diferenças de topologia obtida nas análises com cit b P. cuvieri não se
agrupou como irmão do grupo longicaudatus. P. steerei foi o mais basal dentro do grupo
goeldii. Apresentaram-se como irmãos: P. cf. guyannensis e P.simonsi; P.gardneri e P.
echinothrix; P. roberti e P. sp. (grupo goeldii).
52
Figura 22 – Árvore de máxima parcimônia utilizando a região do gene mitocondrial coI de 12
espécies do gênero Proechimys. Os números acima dos nós correspondem aos valores de
bootstrap obtido em 1000 réplicas e 25 de busca heurística.
53
Figura 23 – Árvore de máxima verossimilhança utilizando a região do gene mitocondrial coI
de 12 espécies do gênero Proechimys. Os números acima dos nós correspondem aos valores
de bootstrap obtido em 2000 réplicas e os números abaixo dos nós indicam a distância
genética entre cada clado.
54
6. DISCUSSÃO
6.1 Taxonomia molecular em Proechimys
Desde a década de 90 tem sido feito um esforço considerável, especialmente por meio
de análises moleculares, para se ter um panorama geral sobre a identificação e o
relacionamento dos roedore Proechimys da Amazônia. No presente estudo, no total foram
analisadas
220 seqüências parciais do citocromo b de 15 espécies de Proechimys (P.
brevicauda, P. cuvieri, P. echinothrix, P. gardneri, P. goeldii, P. cf. guyannensis, P. kulinae,
P. longicaudatus, P. pattoni, P. quadruplicatus, P. roberti (= P. oris), P. simonsi, P. sp.
(grupo goeldi), P. sp. (rio Madeira – grupo longicaudatus) e P. steerei) e 34 seqüências
parciais do citocromo oxidase I de 12 espécies de Proechimys (P. cuvieri, P. echinothrix, P.
gardneri, P. goeldii, P. gularis, P. cf. guyannensis, P. hoplomyoides, P. roberti (= P. oris), P.
simonsi, P. sp. (grupo goeldi), P. sp. (rio Madeira – grupo longicaudatus), e P. steerei).
Os altos valores de suporte obtidos nos ramos terminais das árvores de máxima
parcimônia e máxima verossimilhança são condizentes com as espécies de Proechimys e
claramente demonstraram a validade do cit b e coI como uma ferramenta para a diagnose das
espécies desse roedor. Essas análises moleculares, associadas as análises morfológicas e
cariotípicas em andamento certamente permitirão uma melhor compreensão dos padrões e
processos evolutivos das espécies de Proechimys da Amazônia.
No presente trabalho, as variações da distância genética interespecíficas encontradas
com cit b variaram de 9% a 11% entre espécies dentro dos grupos propostos por Patton (1987)
e de 10% a 18% entre espécies de grupos diferentes. Estas variações são congruentes com os
valores observados por da Silva (1998). A distância das espécies de Proechimys para as
espécies do grupo externo (Isothrix e Trinomys) aqui analisadas variaram de 15% a 22%,
valores também congruentes com da Silva (1998), que reporta valores de 16% a 30% de
diferença em comparações entre Proechimys e outros roedores histricognatos usados como
grupo externo, como Trinomys, Dactylomys, Euryzygomatomys, Thricomys, Cavia e
Coendou.
Nas análises de distância utilizando a região do gene coI, os valores mínimos e
máximos de distância genética encontrados entre as espécies foram semelhantes aos valores
com cit b. Por exemplo, a distância entre P. cf. guyannensis e P. cuvieri foi de 11,55%
semelhante ao encontrado por Borisenko et al. (2007) que foi de 10,66%.
Bradley & Baker (2001) analisando a variação dos níveis de divergência do citocromo
b de quatro gêneros de roedores (Neotoma, Reithrodontomys, Peromyscus e Sigmodon) e sete
gêneros de morcegos (Artibeus, Carollia, Chiroderma, Dermanura, Glossophaga,
55
Rhinophylla e Uroderma), verificaram que valores de distância genética em torno de 2%
foram indicativos para variação intraespecífica; valores entre 2 e 11% tinham alta
probabilidade de ser indicativo de populações disjuntas (eventualmente de espécies válidas); e
valores maior de 11% foram indicativos para o reconhecimento seguro das espécies. Dessa
maneira os valores de distância genética poderiam ser considerados úteis para a determinação
dos limites para a determinação de espécies sob o conceito genético de espécie.
Hebert et al (2004) tem advogado a idéia de que tão importante quanto a identificação
correta de uma espécie há a necessidade de se estabelecer protocolos padrões para as coleções
de DNA bem como protocolo padrão para depósito de esécimes testemunhos "vouchers" nas
coleções. Outro objetivo do código de barras de DNA (taxonomia molecular) consiste em
estabelecer uma biblioteca pública de 'DNA barcodes' possibilitando o acesso a esta
informação, ampliando e democratizando estudos e conhecimentos sobre a biodiversidade.
Esses autores também sugeriram que um valor aproximado de 10 vezes a distância média
dentro de uma espécie para estabelecer os limites entre espécies, o que é condizente com os
valores demonstrados no presente estudo.
Borisenko et al. (2007) analisando a performance do código de barras de DNA (coI)
em 74 espécies de pequenos mamíferos do Suriname destacaram que inconsistências entre as
identificações taxonômicas feitas no campo e as identificações moleculares foram de apenas
3.4% sendo a maioria por má identificação no campo (3%). Esses autores relataram que a
distância genética média intraespecifica calculada para 516 sequencias foi de 1.0% (0–5.3%)
enquanto que a distância genética média interespecifica foi de 10.1% (1.5–22.2).
No presente estudo os seguintes táxons de Proechimys merecem destaque na questão
da taxonomia molecular: P. echinothrix, Proechimys sp. (provavelmente uma espécie nova do
rio Madeira pertencente ao grupo grupo goeldii) P. cuvieri e Proechimys sp. (provavelmente
uma espécie nova do rio Madeira pertencente ao grupo longicaudatus).
Em P. echinothix três agrupamentos foram evidentes e a divergência entre estes clados
foi de 9,4%. A distância genética entre esses clados de P. echinothrix está no limiar para se
propor uma diferenciação em espécies. Assim, estudos comparativos complementares (como
citogenéticos, morfológicos e ecológicos) em indivíduos provenientes das bacia do rio Negro
(Tiquié/Jaú), do rio Madeira e dos rios Urucu/Juruá são altamente recomendáveis para se
testar a hipótese de haver espécies crípticas.
Os indivíduos INPA4717 e CGB63, ambos provenientes da margem esquerda do rio
Madeira foram molecularmente identificadas como P. sp. do grupo goeldii pois se agruparam
em um único clado relacionado às outras espécies do grupo goeldii. A distância genética
56
destes indivíduos em relação a espécie mais próxima (P. goeldii) foi de 11% o que é
suficiente para supor que seja uma nova espécie. Porém, mais amostras são necessárias para
corroborar tal suposição. Adicionalmente, com a identificação molecular dos indivíduos
MNFS2156 e MNFS2168 como P. goeldii aumenta-se a área de distribuição geográfica da
espécie que passa a incluir a região do rio Tapajós.
Dez indivíduos do rio Madeira que tinham sido identificados morfologicamente como
P. cf. brevicauda, P. sp. e P. gardneri formaram um clado distinto inserido no grupo
longicaudatus. Por esta razão este grupo foi chamado de P. sp. do grupo longicaudatus. Nove
desses 10 roedores são morfologicamente muito similares a P. brevicaida. O indivíduo
IM3575 chamado de Proechimys sp. no trabalho de da Silva et al. (1998) se agrupou neste
mesmo clado. É bem provável que o indivíduo INPA 4579 que fora identificado
morfologicamente como P. gardneri foi ou mal identificado ou houve alguma falha na
rotulagem do tecido pois o mesmo se agrupou a este clado e não ao clado de P. gardneri.
Sendo assim, uma nova extração de tecido deste indivíduo deve ser feita para dirimir esta
dúvida. A distância genética destes indivíduos em relação as espécies mais próximas (P.
brevicauda e P. longicaudatus) foi de aproximadamente 11% o que é suficiente para supor
que de fato seja mais uma nova espécie do rio Madeira. Estes dados sugerem a presença de
uma espécie críptica com morfologia muito similar aos indivíduos de P. brevicauda.
Finalmente, P. cuvieri que se dividiu em dois clados distintos com uma distância
genética aproximada de 8% entre os clados. Um dos clados corresponde ao oeste/sudoeste da
Amazônia (Juruá e Loreto) e o outro clado corresponde ao noroeste/norte/nordeste da
Amazônia. Os indivíduos sequenciados neste trabalho se agruparam ao segundo clado. De
acordo com Patton et al. (2000), P. cuvieri tem uma ampla distribuição e é formado por uma
série de haplótipos estruturados geograficamente. Segundo os autores, morfologicamente P.
cuvieri é muito uniforme o que dificulta a correlação entre morfologia e os diferentes grupos
de haplótipos detectados. Dessa maneira, visto que a divergência genética entre os clados está
bem próxima da divergência genética entre espécies de Proechimys é necessário estudos
populacionais mais abrangentes, particularmente nas áreas geográficas intermediárias a estes
dois clados.
Com a possível presença de espécies crípticas, p. ex. no grupo longicaudatus, pode-se
inferir que há casos onde a distribuição de uma determinada espécie foi superestimada. Nestes
casos a identificação taxonômica molecular é bastante eficaz quando comparado a
identificação morfológica. Caso semelhante foi observado em indivíduos analisados da
espécie Sigmodon hispidus onde foi encontrado três clados monofiléticos com alto índice de
57
divergência genética sugerindo a possibilidade de serem espécies crípticas até então
diagnosticadas com uma única espécie com ampla distribuição.
Os roedores do gênero Proechimys são um dos grupos de mamíferos neotropicais que
mais impõem dificuldades para o reconhecimento de espécies. Patton (1987) agrupou 57
espécies nominais de Proechimys em nove grupos, definidos por uma combinação de
caracteres do crânio, dentição e báculo. Atualmente são atribuídas 25 espécies a esse gênero
(Wilson & Reeder, 2005). Não obstante os grandes esforços feitos nos últimos anos para
compreender os padrões da variação morfológica das espécies, o número real das espécies de
Proechimys pode estar subestimado, especialmente quando se considera que inventários em
regiões não estudadas têm revelado a existência de espécies totalmente desconhecidas para a
ciência (da Silva, 1998) e os dados moleculares também apontam para a existência de
espécies crípticas.
Embora às vezes seja relativamente fácil distinguir espécies simpátricas de
Proechimys, especialmente quando se combina análises morfológicas com marcadores
genéticos (cromossomos ou DNA), a identifição das espécies quer seja no campo (animais
vivos) quanto nos museus (espécimes testemunhos) ainda é uma tarefa difícil mesmo para
especialistas, principalmente quando a espécie em questão apresenta uma ampla distribuição.
No caso de Proechimys, os poucos estudos que tem contribuído para o entendimento das
espécies nominais deste gênero (p. ex. Patton & Gardner, 1972; Gardner & Emmons, 1984;
Patton, 1987, da Silva, 1998, dentre outros) ainda não permitem hipóteses detalhadas sobre o
relacionamento filogenético das espécies ou dos grupos de espécies (sensu Patton 1987) a
qual pertencem.
No caso dos roedores Proechimys, geralmente de três a cinco espécies podem estar
presentes em uma única localidade (simpatria), algumas vezes sendo inclusive coletadas ao
mesmo tempo (sintopia). De acordo com da Silva (1995, 1998) e Patton et al. (2000), somente
ao longo do Rio Juruá pelo menos oito espécies de Proechimys existem na região, todas elas
reconhecidas com base nos padrões dos caracteres morfológicos, cromossômicos e
moleculares.
Em outra localidade da bacia amazônica (na Guiana Francesa) duas espécies de
Proechimys, P. cayennensis (= P. guyannensis; veja discussão em Voss et al. 2001) e P.
cuvieri), morfologicamente similares e simpátricas foram analisadas molecularmente
(citocromo b e D-loop) por Steiner et al . (2000) e Van Vuuren et al. (2004). Foi encontrado
que P. cuvieri apresenta uma maior diversidade genética quando comparado a P. cayennensis
tendo sido cogitado que as populações de P. cuvieri poderiam estar geneticamente
58
estruturadas tendo em vista a existência de linhagens mitocondriais distintas associadas às
regiões amostradas na Guiana Francesa.
Baseado no conceito genético de espécie (Bateson, 1909) é bem provável que existam
espécies com distribuições bem definidas, porém com zonas híbridas interligando outras
regiões com espécies morfologicamente parecidas e sem isolamento reprodutivo dando assim,
idéia desta maior distribuição (Baker & Bradley, 2006). Estes mesmos autores sugeriram que
mais de 2000 espécies de mamíferos não são reconhecidas dentro de espécies já
morfologicamente identificadas.
Apesar do gênero Proechimys não estar listado entre as espécies com risco de
extinção, o impacto nas populações por causa de desmatamentos e construções de
hidroelétricas pode estar sendo substimado. É possível que populações ou mesmo espécies
crípticas estejam sofrendo reduções drásticas de sua diversidade genética ou extinções de
linhagens mitocondriais sem que a ciência tenha feito o devido registro (Garner et al., 2004).
6.2 Sistemática molecular em Proechimys
De acordo com Futuyma (1992) o estudo das relações evolutivas entre os organismos
é conhecido como Sistemática. A Sistemática é a base para estudos biogeográficos e
ecológicos e via de regra a história evolutiva dos organismos está associada às mudanças
geográficas e climáticas.
O DNA, por sua vez, tem sido utilizado há bastante tempo para estudar a evolução dos
organismos denominando-se sistemática molecular ou filogenia molecular tal tipo de
abordagem (Hillis et al., 1996). Entre os genes mais comumente utilizados na sistemática
molecular dos roedores está o gene mitocondrial cit b, embora genes nucleares começam,
também, a serem utilizados.
Análises de sistemática molecular nos equimídeos, usando o cit b, evidenciaram uma
marcante falta de diferenciação molecular dos gêneros sugerindo ter havido uma divergência
quase que simultânea. Lara et al. (1996) denominaram a estrutura da árvore resultante de “star
phylogeny” a qual era composta de ramos terminais longos e distintos (principalmente grupos
de gêneros e espécies) e apenas os nós imediatamente abaixo ou acima das politomias basais
da família possuiam suporte estatístico. À partir do trabalho de Lara et al. (1996) os trabalhos
seguintes tem demonstrado que os gêneros Proechimys e Hoplomys são grupos irmãos (Leite
& Patton, 2002; Galewski et al., 2005; Patterson & Velazco, 2007) e que Thrichomys tem o
staus taxonômico de gênero.
59
da Silva (1998) foi a primeira autora a apresentar uma filogenia molecular para espécies
de Proechimys (P. amphicoricus, P. brevicauda, P. cayennensis (= P. guyannensis), P.
cuvieri, P. echinothrix, P. gardneri, P. kulinae, P. pattoni, P. sp. (Rio Madeira), P.
quadruplicatus, P. simonsi e P. steerei). No trabalho foi mostrado que apesar da filogenia
apresentada ter pouco suporte de relacionamento entre as espécies sua topologia condizia com
a identificação das espécies. Posteriormente, uma filogenia com várias politomias foi
apresentada por Patton et al. (2000) para oito espécies de Proechimys do rio Juruá (P.
brevicauda, P. cuvieri, P. echinothrix, P. gardneri, P. kulinae, P. pattoni, P. simonsi e P.
steerei). Em ambos trabalhos a árvore de máxima parcimônia apresentada excluia da análise a
terceira posição do códon do gene cit b.
O mesmo problema relacionado a inconcistência dos nós mais basais obtidos nas
analises de máxima parcimônia de Proechimys foi encontrado em estudos com outros
roedores, como por exemplo Phyllomys (Leite, 1992) e murídeos (Tiemann-Boege et al.,
2000; Durish et al.2004; Steppan et al., 2005).
As análises de máxima parcimônia dos genes mitocondriais cit b e coI não foram
suficientes para estabelecer relações sistemáticas nos clados mais basais. Apesar de
sintetizarem proteínas essenciais e serem genes bastante conservados várias mutações foram
observadas no terceiro códon o que pode ter contribuido para reduzir os valores de
consistência das árvores nos nós mais basais. As filogenias moleculares apresentadas para
ambos os genes apresentaram excesso de politomias nas bases da topologia e baixos valores
de bootstrap nos ramos. Porém as análises de máxima parcimônia foram importantes para a
confirmação do monofiletismo das espécies e de alguns grupos de espécies.
Por outro lado as análises de máxima verossimilhança utilizando tanto o cit b quanto o
coI além de confirmar o monofiletismo das espécies conseguiu exibir relações de parentesco
entre as espécies agrupando-as algumas vezes de maneira diferente a topologia demonstrada
por da Silva (1998) e Patton et al.(2000) com o gene cit b. Porém convém ressaltar que as
relações evolutivas dos genes cit b e coI não foram totalmente congruentes.
Vários autores ressaltam que o gene coI não oferece um sinal filogenético forte para
estudos sistemáticos, porém são úteis na identificação de táxons (Schander & Willassen,
2005; Hajibabaei et al., 2006; Hajibabaei et al., 2007; Köhler, 2007).
No caso dos Proechimys aqui analisados, pode se destacar as seguintes informações
obtidas a partir da topologia da árvore de máxima verossimilhança do gene cit b. Fica
assegurado o estreito relacionamento de P. kulinae, P. pattoni e P. gardneri. Porém, o
monofiletismo de P. kulinae não não foi totalmente assegurado. Um indivíduo (INPA3515)
60
identificado como P. kulinae apareceu como a mais basal do gênero e separado dos outros
indivíduos molecularmente e morfologicamente identificados como P. kulinae. Além disso, P.
pattoni se agrupou como clado irmão de P. gardneri, como relatado anteriormente nos
trabalhos de da Silva (1998) e Patton et al. (2000). Porém, este relacionamento não foi
corroborado com os dados cariotípicos (Weksler et al., 2001).
P. roberti não se se agrupou ao clado do P. cf. guyannensis (sensu Patton, 1987).
Assim, o grupo guyannensis apresentou-se parafilético. Caso se confirme morfologicamente
que o indivíduo MNFS2174 de fato seja P. roberti então a distribuição da espécie será
ampliada em direção à região do rio Madeira.
Foi assegurado o monofiletismo de P. echinothrix sendo que esta espécie posicionouse como o grupo irmão dos clados que reúnem as espécies de Proechimys dos grupos
simonsi, longicaudatus, guyannensis e goeldi.
Foi assegurado o monofiletismo de P. simonsi. O indivíduo INPA4707 proveniente da
região do rio Madeira identificado molecularmente como P. simonsi porém são necessários
estudos morfológicos mais aprofundados neste indivíduo pois a forma do seu forâmen
incisivo é associada mais aos indivíduos pertencente a região do rio Urucu e Juruá (da Silva
comunicação pessoal).
P. guyanensis posicionou-se como grupo irmão das espécies do grupo longicaudatus +
cuvieri. P. cuvieri mostrou-se mais próximo de P. longicaudatus e P. brevicauda do que do
grupo guyannensis como proposto por Gardner & Emmons (1984). da Silva (1998) já havia
apresentado esta relação. É possível que os grupos longicaudatus e cuvieri (sensu Patton,
1987) devam se fundir. P. brevicauda seria o ramo basal do clado composto por P.
longicaudatus, P. sp. (provavelmente uma espécie nova do rio Madeira) e P. cuvieri.
A monofilia do grupo goeldii foi fortemente suportada. Este resultado contradiz os
resultados de da Silva (1998) e Bonviccino et al. (2005) que apresentaram dados que não
demonstravam este monofiletismo.
Na maioria das espécies analisadas houve nítida separação dos indivíduos por regiões.
As delimitações das bacias de drenagem do rio madeira, rio Juruá, rio Tapajós e rio Jarí
demonstraram forte influência na delimitação dos clados. Os rios nem sempre funcionaram
como uma barreira geográfica para a dispersão das espécies, pois nas diferentes margens de
rios de grande porte não houve distinção de clados, com exceção de P. echinothrix como
também demonstrado por Patton e colaboradores em 2000 no rio Juruá. Porém, as bacias de
drenagem como um todo parecem delimitar claramente os clados, provavelmente devido a
gênese e manutenção (tectônica e neotectônica) inerentes de cada bacia. É importante ressaltar
61
que mesmo dentro do gênero as espécies possuem hábitos diferentes influenciando na sua
distribuição ao longo da amazônia (Patton et al., 1998; Matocq et al., 2000).
Genes nucleares vêm sendo usados em conjunto com mitocondriais obtendo melhores
valores de consistências para os nós. Steppan et al., 2005 utilizou três genes nucleares (GHR,
RAG1 e AP5) obtendo um melhor suporte para os clados mais basais, conseguindo fazer uma
melhor comparação entre os indivíduos da subfamília Murinae inferindo suas relações de
parentesco. Também utilizando a combinação entre genes nucleares e mitocondriais Reeder e
colaboradores (2006) observaram melhores resultados no estudo de hipoteses filogenéticas
com roedores Neotomine-Peromyscine.
Tendo em vista os resultados encontrados com cit b e coI nas abordagens de
taxonomia e sistemática molecular de Proechimys da Amazônia é recomendável que futuros
estudos sejam utilizados com genes nucleares para tentar verificar se a configuração de
árvores do tipo politômica se mantêm nas análises. Adicionalmente, análises genéticas
populacionais e filogeográficas deverão ser estimuladas para quantificar o fluxo gênico
estabelecido entre indivíduos de distintas regiões e estimar qual o grau de diferenciação destas
populações.
62
7. CONCLUSÃO
1) As regiões dos genes mitocondriais cit b e coI utilizadas no presente trabalho foram
eficazes no diagnóstico de espécies do gênero Proechimys podendo ser utilizadas como
ferramentas auxiliares à taxonomia clássica no sentido de aumentar a precisão da
identificação dos espécimes testemunhs depositados em coleções e museus.
3) Foi detectada forte associação entre os clados monofiléticos e as regiões geográficas
amostradas, o que abre caminho para novos estudos com o intuito de entender os padrões e
processos estabelecidos no processo de especiação de Proechimys. Análises genéticas
populacionais e filogeográficas deverão ser estimuladas para quantificar o fluxo gênico
estabelecido entre indivíduos de distintas regiões e estimar qual o grau de diferenciação destas
populações.
4) Foi observada a importância de associar a sistemática filogenética utilizando marcadores
moleculares com a taxonomia clássica. Os dados moleculares fornecidos em vários casos
validou os dados morfológicos analisados a décadas atrás mostrando a ligação entre as duas
metodologias de análise. Por outro lado, também demonstrou incongruências no agrupamento
entre espécies sugerindo que novas abordagens precisam ser buscadas para melhor
compreensão dos clados mitocondriais encontrados.
5) Comparando-se as árvores obtidas por meio da máxima parcimônia e máxima
verossimilhança ficou evidente a presença de politomias na máxima parcimônia mas com
grande suporte monofiletismo nos clados indicativos de espécies e em algumas vezes grupos
de espécies. Já a árvore de máxima verossimilhança foi mais elucidativa na indicação de um
possível parentesco entre espécies.
6) Foi reforçada a relevância dos dados moleculares no estudo evolutivo do gênero
Proechimys quer seja para diagnosticar espécies crípticas e simpátricas quanto para indicar
prováveis sinonimizações.
63
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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9. ANEXOS
Anexo 1: Identificação de sequencias cedidas por J.L. Patton e M.N.F. da Silva
Museu
Número
Coletor
No. de
Campo
UF
Espécie
Localidade
MPEG
MNFS
1030
Acre
brevicauda
Fazenda Santa Fé (=Flora), left bank Rio
Juruá
MPEG
MNFS
999
Acre
brevicauda
Ocidente, right bank Rio Juruá
INPA
3440
MNFS
1392
Acre
brevicauda
opposite Igarapé Porongaba, left bank
Rio Juruá
MVZ
190660
MNFS
1083
Acre
brevicauda
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
INPA
3418
MNFS
1052
Acre
brevicauda
opposite Ocidente, left bank Rio Juruá
INPA
3421
MNFS
1121
Acre
brevicauda
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
INPA
3441
MNFS
1393
Acre
brevicauda
opposite Igarapé Porongaba, left bank
Rio Juruá
INPA
3446
MNFS
1448
Acre
brevicauda
Sobral, left bank Rio Juruá
MVZ
190657
MNFS
1014
Acre
brevicauda
Fazenda Santa Fé (=Flora), left bank Rio
Juruá
MVZ
190671
MNFS
1472
Acre
brevicauda
Sobral, left bank Rio Juruá
MVZ
190678
MNFS
1549
Acre
brevicauda
Nova Vida, right bank Rio Juruá
MVZ
190680
MNFS
1602
Acre
brevicauda
Nova Vida, right bank Rio Juruá
MPEG
MNFS
1044
Acre
brevicauda
Ocidente, right bank Rio Juruá
MPEG
MNFS
1055
Acre
brevicauda
Fazenda Santa Fé (=Flora), left bank Rio
Juruá
INPA
3424
MNFS
1129
Acre
brevicauda
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
INPA
3445
MNFS
1443
Acre
brevicauda
Sobral, left bank Rio Juruá
MVZ
190677
MNFS
1541
Acre
brevicauda
Nova Vida, right bank Rio Juruá
MNFS
1458
Acre
brevicauda
Sobral, left bank Rio Juruá
MPEG
MVZ
157855
JLP
8271
Amazonas
brevicauda
La Poza, Río Santiago
MVZ
157905
JLP
8445
Amazonas
brevicauda
La Poza, Río Santiago
MVZ
155121
JLP
7733
Amazonas
brevicauda
Huampami, Río Cenepa
MVZ
155125
JLP
7737
Amazonas
brevicauda
Huampami, Río Cenepa
MVZ
157878
JLP
8385
Amazonas
brevicauda
La Poza, Río Santiago
MUSM
13337
RSV
2050
Loreto
brevicauda
Nuevo San Juan, Río Gálvez
MUSM
13338
RSV
2120
Loreto
brevicauda
Nuevo San Juan, Río Gálvez
AMNH
272698
RSV
2092
Loreto
brevicauda
Nuevo San Juan, Río Gálvez
AMNH
272700
RSV
2095
Loreto
brevicauda
Nuevo San Juan, Río Gálvez
MUSM
MV
970001
Loreto
brevicauda
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970004
Loreto
brevicauda
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970006
Loreto
brevicauda
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970091
Loreto
brevicauda
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970092
Loreto
brevicauda
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970093
Loreto
brevicauda
San Pedro, right bank Río Blanco
MVZ
168958
EY
645
Madre de Dios
brevicauda
Reserva Cusco Amazónico, 14 km E
Puerto Maldonado
MVZ
168951
EY
609
Madre de Dios
brevicauda
Reserva Cusco Amazónico, 14 km E
74
Puerto Maldonado
INPA
3461
MNFS
1077
Acre
Cuvieri
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
INPA
3462
MNFS
1080
Acre
Cuvieri
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
MVZ
190693
JLP
15636
Amazonas
Cuvieri
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
MVZ
190698
JLP
15890
Amazonas
Cuvieri
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
INPA
2529
VCSV
63
Amazonas
Cuvieri
Comunidade Colina, right bank Rio
Tiquié, S Gabriel da Cachoeira
JLP
16783
Amazonas
Cuvieri
Lago Meduiním, left bank Rio Negro
JLP
16804
Amazonas
Cuvieri
Lago Meduiním, left bank Rio Negro
551
Amazonas
Cuvieri
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
INPA
3476
MNFS
MVZ
190683
JLP
15308
Amazonas
Cuvieri
Penedo, right bank Rio Juruá
MVZ
190684
JLP
15310
Amazonas
Cuvieri
Penedo, right bank Rio Juruá
MVZ
190697
JLP
15903
Amazonas
Cuvieri
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
USNM
549559
MDC
539
Pará
Cuvieri
East bank Rio Xingu, 52 km SSW
Altamira
INPA
INPA
2758
CS
22
Pará
Cuvieri
Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri,
Município de Marabá
V-872
T
1834
Cuvieri
La Trinité Mountains
V-849
T
1833
Cuvieri
La Trinité Mountains
157874
JLP
8380
Amazonas
Cuvieri
La Poza, Río Santiago
MUSM
MV
970021
Loreto
Cuvieri
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970010
Loreto
Cuvieri
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970034
Loreto
Cuvieri
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970070
Loreto
Cuvieri
La Colmena, Quebrada La Colmena
MUSM
MV
970080
Loreto
Cuvieri
La Colmena, Quebrada La Colmena
MVZ
MVZ
160091
JLP
9037
Bolivar
Cuvieri
69 km SE Rio Cuyuni (by rd.)
MVZ
160092
JLP
9038
Bolivar
Cuvieri
69 km SE Rio Cuyuni (by rd.)
INPA
MNFS
133
Amazonas
echinothrix
alto Rio Urucu
62
Amazonas
echinothrix
Comunidade Colina, right bank Rio
Tiquié, S Gabriel da Cachoeira
298
Amazonas
echinothrix
Lago Vai-Quem-Quer, right bank Rio
Juruá
INPA
2526
VCSV
INPA
3482
JUR
INPA
3501
MNFS
1723
Amazonas
echinothrix
Colocação Vira-Volta, left bank Rio
Juruá, Igarapé Arabidi
INPA
3502
MNFS
1724
Amazonas
echinothrix
Colocação Vira-Volta, left bank Rio
Juruá, Igarapé Arabidi
MVZ
187180
JUR
403
Amazonas
echinothrix
Lago Vai-Quem-Quer, right bank Rio
Juruá
MVZ
187181
JUR
404
Amazonas
echinothrix
Lago Vai-Quem-Quer, right bank Rio
Juruá
MVZ
187183
JUR
430
Amazonas
echinothrix
Colocação Vira-Volta, left bank Rio
Juruá, Igarapé Arabidi
INPA
INPA
2551
MNFS
722
Amazonas
echinothrix
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
INPA
3927
JUR
357
Amazonas
echinothrix
Lago Vai-Quem-Quer, right bank Rio
Juruá
INPA
INPA
4226
MNFS
1986
Amazonas
echinothrix
Tambor, left bank Rio Jaú
INPA
INPA
4227
MNFS
1987
Amazonas
echinothrix
Tambor, left bank Rio Jaú
INPA
INPA
4533
JLP
16730
Amazonas
echinothrix
Macaco, left bank Rio Jaú
75
INPA
INPA
4534
JLP
16736
Amazonas
echinothrix
Macaco, left bank Rio Jaú
INPA
INPA
4537
JLP
16746
Amazonas
echinothrix
right bank rio Jaú above mouth
INPA
INPA
4538
JLP
16747
Amazonas
echinothrix
right bank rio Jaú above mouth
INPA
MNFS
191
Amazonas
echinothrix
alto Rio Urucu
MPEG
MNFS
740
Amazonas
echinothrix
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
LHE
834
Pando
gardneri
Centro, ca. 18 km NNW San Juan de
Nuevo Mundo, Abuna
LHE
890
Pando
gardneri
On Río Negro
LHE
891
Pando
gardneri
On Río Negro
INPA
MNFS
88
Amazonas
gardneri
alto Rio Urucu
INPA
MNFS
121
Amazonas
gardneri
alto Rio Urucu
INPA
3504
JLP
16039
Amazonas
gardneri
Altamira, right bank Rio Juruá
MVZ
187206
JLP
16084
Amazonas
gardneri
Altamira, right bank Rio Juruá
MVZ
187209
JLP
16037
Amazonas
gardneri
Altamira, right bank Rio Juruá
LPC
564
Mato Grosso
Goeldii
Reserva Ecológica Cristalino, 40 km N
Alta Floresta
USNM
549573
LHE
505
Pará
Goeldii
East bank Rio Xingu, 52 km SSW
Altamira
USNM
549572
LHE
504
Pará
Goeldii
East bank Rio Xingu, 52 km SSW
Altamira
INPA
2760
CS
48
Pará
Goeldii
Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri,
Município de Marabá
JPB
0
Amazonas
guyannensis
São Gabriel da Cachoeira
VCSV
74
Amazonas
guyannensis
Estrada Piçarreira, margem direita rio
Cauaburi
CCM
42
Amazonas
guyannensis
PDBFF, 82 km N Manaus
VCSV
73
Amazonas
guyannensis
Estrada Piçarreira, margem direita rio
Cauaburi
MNFS
1796
not recorded
guyannensis
not recorded
INPA
INPA
2534
INPA
INPA
2533
INPA
MNRJ
ROM
42831
98216
CRB
639
Roraima
guyannensis
São João da Baliza, UHE Alto Jatapú
CRB
617
Roraima
guyannensis
São João da Baliza, UHE Alto Jatapú
CRB
633
Roraima
guyannensis
São João da Baliza, UHE Alto Jatapú
FN
31218
DemeraraMahaica
guyannensis
Loo Creek, 68 km S Georgetown (by rd.)
ALG
14255
Amazonas
guyannensis
Neblina base camp, Río Mawarinuma
ALG
14283
Amazonas
guyannensis
Neblina base camp, Río Mawarinuma
ALG
14297
Amazonas
guyannensis
Neblina base camp, Río Mawarinuma
ALG
14242
Amazonas
guyannensis
Neblina base camp, Río Mawarinuma
Bolivar
guyannensis
4 km E El Pauji [by road] , 86.5 km W
Santa Elena
MVZ
160094
JLP
9044
INPA
3515
JUR
186
Amazonas
Kulinae
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
MVZ
187193
JLP
15906
Amazonas
Kulinae
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
MPEG
JLP
15541
Amazonas
Kulinae
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
MPEG
MNFS
541
Amazonas
Kulinae
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
MUSM
MV
970015
Loreto
Kulinae
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970016
Loreto
Kulinae
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970028
Loreto
kulinae
San Pedro, right bank Río Blanco
76
MUSM
MV
970031
Loreto
kulinae
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970059
Loreto
kulinae
La Colmena, Quebrada La Colmena
MUSM
MV
970078
Loreto
kulinae
La Colmena, Quebrada La Colmena
MUSM
MV
970079
Loreto
kulinae
La Colmena, Quebrada La Colmena
MUSM
13340
RSV
2026
Loreto
kulinae
Nuevo San Juan, Río Gálvez
AMNH
272714
RSV
2132
Loreto
kulinae
Nuevo San Juan, Río Gálvez
TTS
119
not recorded
longicaudatus
not recorded
LHE
1413
Santa Cruz
longicaudatus
El Refugio, right bank Río Paragua/Tavo
LHE
1419
Santa Cruz
longicaudatus
El Refugio, right bank Río Paragua/Tavo
LPC
462
Mato Grosso
longicaudatus
Fazenda São Luis, 30 km N Barra do
Garças
USNM
549582
LHE
512
Pará
oris
East bank Rio Xingu, 52 km SSW
Altamira
USNM
549586
LHE
527
Pará
oris
East bank Rio Xingu, 52 km SSW
Altamira
USNM
549587
LHE
533
Pará
oris
East bank Rio Xingu, 52 km SSW
Altamira
INPA
INPA
2746
CS
14
Pará
oris
Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri,
Município de Marabá
INPA
INPA
2747
CS
21
Pará
oris
Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri,
Município de Marabá
INPA
INPA
2748
CS
25
Pará
oris
Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri,
Município de Marabá
CJ
5
Pará
oris
Floresta Nacional de Carajás, Distrito de
Sossego, Parauapebas
Tocantins
oris
Rio Santa Teresa, 20 km NW Peixe
LPC
714
MVZ
187195
MNFS
1165
Acre
pattoni
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
MVZ
187194
MNFS
1098
Acre
pattoni
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
MVZ
187197
MNFS
1428
Acre
pattoni
Sobral, left bank Rio Juruá
MVZ
187199
MNFS
1201
Acre
pattoni
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
MPEG
MNFS
1200
Acre
pattoni
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
MPEG
MNFS
1166
Acre
pattoni
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
16794
Amazonas
quadruplicatus
Lago Meduiním, left bank Rio Negro
INPA
INPA
4552
JLP
INPA
CCM
35
Amazonas
quadruplicatus
Arquipélago Anavilhanas, Rio Negro
INPA
CCM
36
Amazonas
quadruplicatus
Arquipélago Anavilhanas, Rio Negro
MVZ
157871
JLP
8375
Amazonas
quadruplicatus
La Poza, Río Santiago
MVZ
157875
JLP
8381
Amazonas
quadruplicatus
La Poza, Río Santiago
MUSM
MV
970098
Loreto
quadruplicatus
El Chino, left bank Río Tahuayo
MUSM
MV
970101
Loreto
quadruplicatus
El Chino, left bank Río Tahuayo
MUSM
MV
970104
Loreto
quadruplicatus
El Chino, left bank Río Tahuayo
MUSM
MV
970122
Loreto
quadruplicatus
El Chino, left bank Río Tahuayo
MUSM
MV
970102
Loreto
quadruplicatus
El Chino, left bank Río Tahuayo
MUSM
MV
970117
Loreto
quadruplicatus
El Chino, left bank Río Tahuayo
MUSM
MV
970099
Loreto
quadruplicatus
El Chino, left bank Río Tahuayo
ALG
14243
Amazonas
quadruplicatus
Neblina base camp, Río Mawarinuma
ALG
14039
Amazonas
quadruplicatus
San Carlos de Río Negro, ca. 4 km N Isla
Saramá
77
ALG
14040
Amazonas
quadruplicatus
San Carlos de Río Negro, ca. 4 km N Isla
Saramá
DSR
3758
Goiás
roberti
Niquelândia
CRB
931
Goiás
roberti
Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros
CRB
963
Goiás
roberti
Fazenda Fiandeiras, 65 km SSW
Cavalcanti
LPC
522
Mato Grosso
roberti
Reserva Ecológica Cristalino, 40 km N
Alta Floresta
LPC
523
Mato Grosso
roberti
Reserva Ecológica Cristalino, 40 km N
Alta Floresta
LPC
540
Mato Grosso
roberti
margem esquerda do Rio Cristalino, 40
km N Alta Floresta
LHE
742
La Paz
simonsi
Prov. Iturraldi, Río Madidi, Moire camp
INPA
3560
MNFS
1000
Acre
simonsi
Ocidente, right bank Rio Juruá
INPA
3561
MNFS
1001
Acre
simonsi
Ocidente, right bank Rio Juruá
INPA
3609
MNFS
1489
Acre
simonsi
Sobral, left bank Rio Juruá
INPA
3622
MNFS
1633
Acre
simonsi
Nova Vida, right bank Rio Juruá
INPA
3625
MNFS
1656
Acre
simonsi
Nova Vida, right bank Rio Juruá
MPEG
MNFS
1136
Acre
simonsi
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
MPEG
MNFS
1336
Acre
simonsi
Igarapé Porongaba, right bank Rio Juruá
MPEG
MNFS
1377
Acre
simonsi
opposite Igarapé Porongaba, left bank
Rio Juruá
INPA
3574
MNFS
1099
Acre
simonsi
Ocidente, right bank Rio Juruá
INPA
3607
MNFS
1485
Acre
simonsi
Sobral, left bank Rio Juruá
INPA
3528
JUR
346
Amazonas
simonsi
Ilha Paxiuba, right bank Rio Juruá
INPA
3650
MNFS
1754
Amazonas
simonsi
Ilhazinha, left bank Rio Juruá, Igarapé
Arabidi
INPA
3655
MNFS
1762
Amazonas
simonsi
Colocação Vira-Volta, left bank Rio
Juruá, Igarapé Arabidi
MVZ
190709
JLP
15294
Amazonas
simonsi
Penedo, right bank Rio Juruá
MVZ
190754
JLP
15573
Amazonas
simonsi
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
MVZ
190809
JLP
15907
Amazonas
simonsi
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
MVZ
190814
JLP
15994
Amazonas
simonsi
Altamira, right bank Rio Juruá
JUR
271
Amazonas
simonsi
Lago Vai-Quem-Quer, right bank Rio
Juruá
1761
Amazonas
simonsi
Colocação Vira-Volta, left bank Rio
Juruá, Igarapé Arabidi
MPEG
INPA
3654
MNFS
MVZ
190710
JLP
15295
Amazonas
simonsi
Penedo, right bank Rio Juruá
MVZ
190753
JLP
15560
Amazonas
simonsi
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
MVZ
190804
JLP
15874
Amazonas
simonsi
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
MVZ
190817
JLP
15997
Amazonas
simonsi
Altamira, right bank Rio Juruá
INPA
MNFS
190
Amazonas
simonsi
alto Rio Urucu
INPA
MNFS
192
Amazonas
simonsi
alto Rio Urucu
MPEG
JUR
270
Amazonas
simonsi
Lago Vai-Quem-Quer, right bank Rio
Juruá
MPEG
MNFS
1751
Amazonas
simonsi
Ilhazinha, left bank Rio Juruá, Igarapé
Arabidi
JLP
8479
Amazonas
Simonsi
La Poza, Río Santiago
LHE
1468
Cusco
Simonsi
2 km SW Tangoshiari
MVZ
157914
78
KU
158233
LHE
1488
Cusco
Simonsi
2 km SW Tangoshiari
LHE
1431
Cusco
Simonsi
2 km SW Tangoshiari
LHE
1432
Cusco
Simonsi
2 km SW Tangoshiari
LHE
1434
Cusco
Simonsi
2 km SW Tangoshiari
LHE
1435
Cusco
Simonsi
2 km SW Tangoshiari
LHE
1466
Cusco
Simonsi
2 km SW Tangoshiari
LHE
1479
Cusco
Simonsi
2 km SW Tangoshiari
RMT
4038
Loreto
Simonsi
San Jacinto
MUSM
MV
970047
Loreto
Simonsi
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970035
Loreto
Simonsi
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
MV
970038
Loreto
Simonsi
San Pedro, right bank Río Blanco
MUSM
13339
RSV
2033
Loreto
Simonsi
Nuevo San Juan, Río Gálvez
MUSM
13342
RSV
2076
Loreto
Simonsi
Nuevo San Juan, Río Gálvez
MUSM
13345
RSV
2027
Loreto
Simonsi
Nuevo San Juan, Río Gálvez
AMNH
272677
RSV
2051
Loreto
Simonsi
Nuevo San Juan, Río Gálvez
USNM
579694
LHE
814
Madre de Dios
Simonsi
Ccolpa de Guacamayo, Río Tambopata
LHE
813
Madre de Dios
Simonsi
Ccolpa de Guacamayo, Río Tambopata
LHE
820
Madre de Dios
Simonsi
Río Tavara, Fila Boca Guacamayo
LHE
821
Madre de Dios
Simonsi
Río Tavara, Fila Boca Guacamayo
MVZ
166805
JLP
11053
Madre de Dios
Simonsi
Aguas Calientes, Río Alto Madre de
Dios, 1 km below Shintuya
MVZ
166803
JLP
11051
Madre de Dios
Simonsi
Aguas Calientes, Río Alto Madre de
Dios, 1 km below Shintuya
IM
3575
Rondônia
sp.
Samuel
La Paz
Steerei
Prov. Iturraldi, Río Madidi, Moire camp
INPA
LHE
747
INPA
3755
MNFS
1056
Acre
Steerei
Fazenda Santa Fé (=Flora), left bank Rio
Juruá
INPA
3762
MNFS
1475
Acre
Steerei
Sobral, left bank Rio Juruá
INPA
3764
MNFS
1547
Acre
Steerei
Nova Vida, right bank Rio Juruá
MVZ
191449
MNFS
1476
Acre
Steerei
Sobral, left bank Rio Juruá
MNFS
1548
Acre
Steerei
Nova Vida, right bank Rio Juruá
1037
Acre
Steerei
opposite Ocidente, left bank Rio Juruá
254
Acre
Steerei
opposite Igarapé Porongaba, left bank
Rio Juruá
MPEG
INPA
3753
MNFS
MVZ
190954
JUR
MVZ
190967
MNFS
1057
Acre
Steerei
Fazenda Santa Fé (=Flora), left bank Rio
Juruá
MVZ
191448
MNFS
1254
Acre
Steerei
opposite Ocidente, left bank Rio Juruá
MVZ
190863
JUR
22
Amazonas
Steerei
Nova Empresa, left bank Rio Juruá
MVZ
190890
JLP
15700
Amazonas
Steerei
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
INPA
3812
MNFS
570
Amazonas
Steerei
Sacado, right bank Rio Juruá
MVZ
190892
JLP
15709
Amazonas
steerei
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
JUR
326
Amazonas
steerei
Ilha Paxiuba, right bank Rio Juruá
MPEG
INPA
3773
MNFS
1738
Amazonas
steerei
Lago Três Unidos, Igarapé Arabidi, left
bank Rio Juruá
INPA
3778
MNFS
1764
Amazonas
steerei
Ilhazinha, left bank Rio Juruá, Igarapé
Arabidi
79
INPA
3779
MNFS
1765
Amazonas
steerei
Ilhazinha, left bank Rio Juruá, Igarapé
Arabidi
INPA
3813
MNFS
571
Amazonas
steerei
Sacado, right bank Rio Juruá
INPA
3817
MNFS
575
Amazonas
steerei
Sacado, right bank Rio Juruá
INPA
3850
MNFS
851
Amazonas
steerei
Altamira, right bank Rio Juruá
INPA
3852
MNFS
870
Amazonas
steerei
Altamira, right bank Rio Juruá
INPA
3861
MNFS
926
Amazonas
steerei
Boa Esperança, right bank Rio Juruá
MVZ
190831
JLP
15268
Amazonas
steerei
Penedo, right bank Rio Juruá
MVZ
190840
JLP
15377
Amazonas
steerei
Nova Empresa, left bank Rio Juruá
MVZ
190846
JLP
15386
Amazonas
steerei
Nova Empresa, left bank Rio Juruá
MVZ
190847
JLP
15387
Amazonas
steerei
Nova Empresa, left bank Rio Juruá
MVZ
190851
JLP
15391
Amazonas
steerei
Nova Empresa, left bank Rio Juruá
MVZ
190882
JLP
15628
Amazonas
steerei
São José, right bank Rio Juruá
MVZ
190899
MNFS
594
Amazonas
steerei
Sacado, right bank Rio Juruá
MVZ
190921
JLP
15837
Amazonas
steerei
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
MVZ
190939
JLP
15927
Amazonas
steerei
Altamira, right bank Rio Juruá
INPA
3772
MNFS
1737
Amazonas
steerei
Lago Três Unidos, Igarapé Arabidi, left
bank Rio Juruá
INPA
3783
MNFS
1777
Amazonas
steerei
Colocação Vira-Volta, left bank Rio
Juruá, Igarapé Arabidi
INPA
3831
MNFS
688
Amazonas
steerei
Jainu, right bank Rio Juruá
INPA
3832
MNFS
689
Amazonas
steerei
Jainu, right bank Rio Juruá
INPA
3853
MNFS
871
Amazonas
steerei
Altamira, right bank Rio Juruá
MVZ
190832
JLP
15269
Amazonas
steerei
Penedo, right bank Rio Juruá
MVZ
190834
JLP
15396
Amazonas
steerei
Nova Empresa, left bank Rio Juruá
MVZ
190891
JLP
15705
Amazonas
steerei
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
MVZ
190918
JLP
15789
Amazonas
steerei
Barro Vermelho, left bank Rio Juruá
MVZ
190957
JUR
257
Amazonas
steerei
Ilha Paxiuba, right bank Rio Juruá
INPA
MNFS
114
Amazonas
steerei
alto Rio Urucu
INPA
MNFS
134
Amazonas
steerei
alto Rio Urucu
MPEG
JLP
15692
Amazonas
steerei
Seringal Condor, left bank Rio Juruá
INPA
4229
MNFS
1994
Amazonas
steerei
Tambor, left bank Rio Jaú
INPA
4240
MNFS
2085
Amazonas
steerei
right bank rio Jaú above mouth
INPA
4535
JLP
16737
Amazonas
steerei
Macaco, left bank Rio Jaú
INPA
4536
JLP
16738
Amazonas
steerei
Macaco, left bank Rio Jaú
INPA
4547
JLP
16766
Amazonas
steerei
right bank rio Jaú above mouth
MVZ
168943
RMW
701
Madre de Dios
steerei
Reserva Cusco Amazónico, 14 km E
Puerto Maldonado
MVZ
166036
RMW
457
Madre de Dios
steerei
Reserva Cusco Amazónico, 14 km E
Puerto Maldonado
80
Anexo 2: Seqüências obtidas pelo Genbank e suas respectivas espécies
Seqüências coI Genbank
Espécie
gi|156079185|gb|EU096884.1
P. cuvieri
gi|156079183|gb|EU096883.1|
P. cuvieri
gi|156079181|gb|EU096882.1|
P. cuvieri
gi|156079211|gb|EU096897.1|
P. guyannensis
gi|156079209|gb|EU096896.1|
P. guyannensis
gi|156079207|gb|EU096895.1|
P. guyannensis
gi|156078511|gb|EU095487.1|
P. steerei
gi|156078509|gb|EU095486.1|
P. simonsi
gi|156078507|gb|EU095485.1|
P. simonsi
gi|156078505|gb|EU095484.1|
P. hoplomyoides
gi|156078503|gb|EU095483.1|
P. hoplomyoides
gi|156079181|gb|EU096882.1|
P. hoplomyoides
gi|156078499|gb|EU095481.1|
P. gularis
gi|156078497|gb|EU095480.1|
P. gularis
81