Síntese - Fides Et Ratio

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PUC-GO – EFPH – Revelação e Fé – Murillo Cota Ferreira

SÍNTESE DA CARTA ENCÍCLICA FIDES ET RATIO

JOÃO PAULO II, Papa. Carta Encíclica Fides et Ratio. São Paulo: Paulinas, 1998.

I. A Revelação da Sabedoria de Deus – A Igreja é depositária da mensagem: Deus deseja


dar-se a conhecer. O Concílio Vaticano II reafirma esta verdade, contra os racionalistas,
fundando-se no fato de que Deus se revela. Nesta perspectiva, a verdade filosófica e a
Revelação não se confundem, nem se anulam, pois a fé se funda no testemunho de Deus e
conta com a graça, enquanto o conhecimento filosófico se baseia na percepção dos sentidos e
se move com o intelecto. Essa Revelação se realiza por meio de palavras e ações, no
quotidiano e ao longo da história, que se confirmam mutuamente e chegam à plenitude com
Jesus. Em Cristo, Deus assume o rosto do homem tornando-se acessível a todos que queiram.
Devido a nossa compreensão limitada e parcial, a Revelação continua envolvida no
mistério. Nesse contexto, os sinais auxiliam a razão a adentrar o mistério e a transcendê-los,
sobretudo no que tange aos sacramentos nos quais a realidade e seus significados são
indivisíveis. O homem não pode ignorar a Revelação na compreensão do mistério de sua
existência, uma vez que o mistério reclama o conhecimento de Deus que a mente não
consegue abarcar, apenas acolher pela fé. Desse modo, a Revelação cristã dá ao homem a
possibilidade de recuperar a genuína relação com a sua vida, caminhando na verdade.

II. Credo ut Intellegam – Há elementos nas Escrituras que indicam a ligação entre fé e razão.
Para o autor sagrado o desejo de conhecer é uma característica de todos os homens os quais
analisam os fatos racionalmente e reconhecem a ação do Deus de Israel pela fé. Para não cair
na insensatez, o povo eleito compreendeu que para usar a razão deve ter em conta que o
conhecimento é um caminho que não permite descanso; não se pode percorrê-lo com orgulho
dos próprios méritos e deve-se temer a Deus reconhecendo sua transcendência e seu amor no
governo do mundo. Pela razão, o homem, alcança a verdade, porque, iluminado pela fé,
descobre o sentido de tudo.
São Paulo afirma que por meio da criação pode-se chegar ao conhecimento de Deus.
Segundo ele, por causa da desobediência, o homem perdeu a facilidade de acesso a Deus que
tinha no projeto originário. A vinda de Cristo redimiu a razão da sua fraqueza. O ponto chave
que desafia qualquer filosofia é a morte de Jesus Cristo na cruz, pois o homem não
compreende como pode a morte ser fonte de vida e amor, ao passo que Deus escolheu o que a
razão considera como “loucura” e “escândalo” para nos salvar, destruindo a mera lógica
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humana. A sabedoria da cruz supera os limites culturais, obrigando a abrir-se à


universalidade da verdade de que é portadora.

III. Intellego ut credam – Todos os homens desejam saber e o objeto desse desejo é a
verdade real daquilo que vê. Se descobre que o que sabe é falso, rejeita-o, mas, se satisfaz,
quando atesta sua veracidade. A busca pela verdade é tão importante no âmbito do agir
(prático) quanto no teórico, pois é no agir ético, consciente e livre que a pessoa caminha para
a felicidade e perfeição. Num outro aspecto da verdade, a experiência do sofrimento e
observação de muitos fatos bastam para dramatizar a questão do sentido da vida. Da resposta
que se der a tal questão, deriva a orientação da sua vida. Para todos há a necessidade de
ancorar a existência a uma verdade que forneça uma certeza livre de qualquer dúvida.
O homem é aquele que busca a verdade, pois não poderia fundar a sua vida sobre a
dúvida, a incerteza ou a mentira sem estar ameaçado pelo medo e pela angústia. Essa verdade
que o homem busca pode ser científica, filosófica ou religiosa. O homem também é aquele
que vive de crenças, pois, em sua vida, são muito mais numerosas as verdades acreditadas
que as atestadas pessoalmente. Por mais imperfeita que seja, a crença é mais rica porque põe
em jogo a capacidade relacional do homem ao exigir sua confiança no outro. Posto isso, o
conhecimento que Deus revela em Cristo e o filosófico conduzem o homem à verdade na sua
plenitude.

IV. A Relação entre a Fé e a Razão – Na história há diversas etapas da relação entre a fé a


razão. Desde seu início, o anúncio cristão se encontrou com as correntes filosóficas do tempo.
Os filósofos clássicos buscaram os princípios universais por não se contentarem com os mitos
antigos, foi nesse contexto que os Padres da Igreja dialogaram de modo fecundo com eles.
Verifica-se uma assunção crítica do pensamento filosófico dos pensadores cristãos tais como
Clemente de Alexandria, Santo Agostinho, Orígenes, dentre tantos outros. Eles acolheram a
razão na sua plena abertura ao absoluto e a enxertaram com a riqueza da Revelação. A razão
pode alcançar o sumo bem e a suma verdade em Jesus Cristo.
Na Escolástica, Santo Anselmo afirma que a prioridade da fé não concorre com a
investigação da razão. Santo Tomás, por sua vez, harmoniza a razão e a fé, pois ao
reconhecer o caráter sobrenatural dessa ele não esqueceu o valor da racionabilidade da
mesma, por isso a Igreja sempre o teve como modelo de teólogo.
A partir da Idade Média, a independência entre fé e razão transformou-se em
progressiva e terrível separação, levando a desconfiança contra a própria razão, entre outras
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consequências. Um humanismo ateu se voltou contra a fé a colocando como prejudicial e


alienante. O positivismo retirou qualquer alusão à metafísica e à moral no âmbito científico.
Com a crise do racionalismo surgiu o niilismo que vê tudo como fugaz e provisório, sem
sentido. Na modernidade a filosofia passou a servir para fins utilitaristas de prazer ou de
poder.

V. Intervenções do Magistério em Matéria de Filosofia – A Igreja não tem uma filosofia


própria e nem canoniza uma corrente filosófica em detrimento de outras. Contudo é dever do
Magistério reagir quando teses filosóficas ameaçam a reta compreensão da Revelação
perturbando a simplicidade e a pureza da fé do povo de Deus. Com isso, o Magistério não
quer eliminar o pensamento, antes quer promovê-lo com a devida autocrítica para a correção
de eventuais erros. Nessa linha, a Igreja, sobretudo no final do segundo milênio, interveio
diversas vezes nessa matéria através do Concílio Vaticano I, contra o racionalismo e o
fideísmo, também os Papas combateram algumas posições de cunho agnóstico, imanentista,
marxista, evolucionista, entre outras. A Congregação para a Doutrina da Fé também apontou
erros de alguns teólogos da libertação que bebiam no marxismo.
O Magistério buscou os princípios basilares para uma renovação do pensamento
filosófico caminhos concretos. Impulsionou os estudos históricos que redescobriram o
pensamento medieval, dando origem a novas escolas tomistas. Ocupou-se também de
elaborar recomendações para os estudos filosóficos dos seminaristas. Se houve uma
marginalização da filosofia deve-se, sobretudo, ao fato de que a solicitude da Igreja nesta
matéria não foi observada por muitos teólogos.

VI. Interação da Teologia com a Filosofia – A teologia não pode deixar de recorrer às
filosofias que vão surgindo ao longo da história. A teologia está organizada à luz de dois
princípios: auditus fidei e intellectus fidei, o primeiro recolhe os conteúdos da Revelação e,
através do segundo, a teologia quer responder às exigências do pensamento através da
reflexão especulativa. Há diversos ramos da teologia: a teologia dogmática (sentido universal
do mistério de Deus e da economia da salvação), a teologia fundamental (relação entre a fé e
a reflexão filosófica) e a teologia moral (natureza humana, sociedade e princípios gerais para
uma decisão ética). Além disso, o tema da relação com as culturas merece uma reflexão
específica, uma vez que culturas radicadas na natureza humana contêm o testemunho da
abertura ao universal e à transcendência. Compete aos cristãos de hoje a tarefa de extrair, das
culturas não exploradas, os elementos compatíveis com sua fé levando em consideração a
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universalidade do espírito humano, não ignorando o que adquiriu pela inculturação greco-
latina e precavendo-se para não confundir a legítima reinvindicação de originalidade da
cultura com fechar-se na sua diferença. A teologia precisa da filosofia como interlocutora,
para verificar a inteligibilidade e a verdade de universal de suas afirmações. É neste contexto
que a filosofia foi chamada “ancilla theologiæ”.

VII. Exigências e tarefas atuais – As Sagradas Escrituras apresentam uma “filosofia” que
rejeita toda forma de relativismo, materialismo e panteísmo. A convicção fundamental dessa
“filosofia” é o fato de que a vida e o mundo têm um sentido e caminham para sua plenitude
em Jesus Cristo. Para estar em harmonia com a palavra de Deus, esta exige que a filosofia
volte à busca do sentido último e global da vida. Uma segunda exigência é verificar a
capacidade que o homem possui de alcançar o conhecimento da verdade da realidade. Dessas
duas surge deriva uma terceira que se refere a uma busca que seja capaz de transcender os
dados empíricos para chegar ao absoluto, a metafísica, pois é que permite dar o fundamento
do conceito de dignidade da pessoa humana. A importância da metafísica se sobressai ainda
mais diante da hermenêutica e das análises linguísticas, pois a fé pressupõe que a linguagem
humana seja capaz de exprimir de modo universal a realidade divina e transcendente. Se
assim não fosse a palavra de Deus, não seria capaz de exprimir nada sobre Deus.
Reivindica-se a capacidade que o homem possui de alcançar uma visão unitária e
orgânica do saber. A subdivisão do saber, como visão parcial da verdade e a fragmentação do
sentido desta, impede a unidade interior do homem hoje. Também há insistência da
continuidade da relação entre a reflexão filosófica atual e a reflexão elaborada na tradição
cristã com o intuito de prevenir dos perigos de correntes filosóficas como o ecletismo,
o historicismo, o cientificismo, o positivismo e neopositivismo, o pragmatismo e o niilismo e
diversas outras.
Hoje compete a teologia uma dupla tarefa: renovar as suas metodologias em vista de
um serviço mais eficaz à evangelização; manter o olhar fixo sobre a verdade última confiada
pela Revelação. O objetivo fundamental que a teologia persegue é apresentar uma
compreensão do dado revelado e o conteúdo da fé, sobretudo a kenosi de Deus, uma vez que
o mistério do sofrimento e da morte parecem insustentáveis como expressão de amor que se
dá incondicionalmente. Uma vez que a palavra de Deus não se destina somente a um povo ou
época, as formulações dogmáticas devem ser elaboradas de forma que sejam universais, uma
vez que a verdade não está limitada no tempo nem a uma cultura, é conhecida na história mas
a supera. O trabalho teológico na Igreja também se volta, principalmente, ao serviço do
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anúncio da fé e da catequese, uma vez que a doutrina ensina pretende forma a pessoa,
realizando uma união entre doutrina e vida.

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