As três perguntas
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Sobre este e-book
No best-seller Os quatro compromissos, Dom Miguel Ruiz introduziu seus leitores ao caminho da iluminação segundo os princípios da cultura espiritual mesoamericana. Agora, ele nos aprofunda na prática dos nativos americanos e pede que consideremos três perguntas que dirigem nossas vidas e governam nosso poder espiritual:
Quem sou eu? O que é real? Como eu expresso amor?
Em cada estágio de nossas vidas, devemos fazer essas perguntas simples, mas profundamente transformadoras. Encontrar as respostas abrirá a porta para o próximo estágio de nosso desenvolvimento e, eventualmente, nos levará ao nosso eu verdadeiro. E não só: se recusar a perguntá-las causa grande sofrimento, assim como deixar de prestar atenção às suas respostas. Somente quando nosso poder estiver ancorado em nossa identidade e na realidade, poderemos estar em sincronia com o universo – o que traz benefícios a nós e a outros.
As três perguntas fornecem uma estrutura prática que permite aos leitores interagir com a mensagem transformadora de Ruiz e atuar como um veículo para superar o medo e a ansiedade e descobrir a paz de espírito. Um guia essencial para todos os viajantes que buscam autoconhecimento, compreensão e aceitação, As três perguntas é o próximo passo em nossa metamorfose espiritual única.
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As três perguntas - Don Miguel Ruiz
Posfácio
INTRODUÇÃO
1
AS TRÊS PÉROLAS DA SABEDORIA
Havia muito tempo, em um dia chuvoso, um velho conduzia sua carroça por uma estrada rural. O caminho estava cheio de buracos, de modo que o percurso era difícil, e a chuva só piorava.
Quando a carroça mergulhou em um buraco particularmente profundo, uma roda traseira se quebrou. Acalmando o cavalo, o velho pulou na estrada lamacenta e começou a lutar com a roda da carroça. Logo percebeu que o buraco era muito profundo e que a roda era pesada demais para que ele conseguisse levantá-la. Enquanto estava ali, molhado e gelado, ouviu passos correndo em sua direção.
Um menino das redondezas estava a caminho de casa para o jantar quando viu a carroça quebrada do velho, a água fluindo em volta dela como um rio. O garoto era grande, forte e estava ávido por ajudar. Ele encontrou uma estaca caída e entrou até os joelhos no buraco enlameado para escorar a carroça. Então começou a consertar a roda.
À medida que trabalhava, o menino falou com o velho sobre seus desejos para o futuro. Ele entendia muito pouco do mundo, mas queria aprender. Queria descobrir quem ele era e encontrar respostas para os maiores mistérios da vida. Em breve seria um homem, e desejava saber mais sobre o amor. Disse que muitas vezes divagava a respeito das coisas maravilhosas que ainda estavam por vir.
Na maioria dos dias
, o menino riu, não tenho certeza se estou sonhando ou se estou acordado!
O garoto falava, e o velho ouvia em silêncio.
Em uma hora o serviço havia terminado. A roda foi colocada com segurança no lugar e a carroça estava de volta à estrada. O velho, cheio de gratidão, procurou nos bolsos por algumas moedas. Não encontrando nada para oferecer ao menino, perguntou-lhe se aceitaria três pérolas de sabedoria, garantindo-lhe que elas forneceriam mais riquezas do que quaisquer moedas. Enquanto o sol penetrava pelas agitadas e tempestuosas nuvens, o garoto sorriu. Ele sabia que não podia recusar a gratidão do homem, independentemente da maneira como fosse oferecida. E, afinal, tinha muito a aprender.
Sim
, respondeu educadamente o menino. Fico realmente honrado pelo senhor querer compartilhar sua sabedoria comigo.
Então o velho se inclinou na direção dele e começou a falar.
Para encontrar o seu caminho neste mundo, você só precisa responder a três perguntas
, explicou. Primeiro, você deve se perguntar: ‘Quem sou eu?’. Você saberá quem você é quando souber quem você não é.
Em segundo lugar, você deve se perguntar: ‘O que é real?’. Você saberá o que é real quando aceitar o que não é real.
Terceiro
, concluiu o homem, você deve se perguntar: ‘O que é o amor?’. Você vai conhecer o amor quando aprender o que não é amor.
O velho ergueu o corpo, limpando os respingos de lama do casaco. O menino tirou o chapéu respeitosamente e expressou seu agradecimento. Ele observou o velho subir na carroça e assobiar para o cavalo. A carroça balançou, estremeceu e começou a chacoalhar pela estrada.
Quando o garoto se virou na direção de casa, onde o jantar o esperava, ele olhou para trás e viu a traseira da carroça desaparecer entre as sombras da noite.
2
ABRINDO A PORTA
Histórias simples nos convidam a refletir sobre a vida. De um jeito ou de outro, representam a história de todos. Se uma história é boa, tem o poder de inspirar perguntas e nos encorajar a buscar respostas. Se uma história é muito boa, pode ficar sob nossa pele e nos desafiar a enxergar a verdade. Pode abrir novas portas de percepção. Essas histórias nos deixam uma escolha: ser desafiados pela verdade ou fechar a porta e continuar seguindo por um caminho familiar.
Este livro é para os que estão dispostos a enxergar a verdade sobre si mesmos. É para aqueles determinados a questionar o que é real e a passar por portas desconhecidas. A vida está ansiosa para começar uma nova conversa com você. Se você está disposto a ouvir e mudar, seu mundo pode ser transformado.
Nós, humanos, somos o que somos hoje por causa da maneira como nosso sistema nervoso respondeu à luz durante milhões de anos. Nosso cérebro se tornou intrincado, nossas habilidades são diversas e nossas sociedades, complexas. Certamente deixamos nossa marca neste planeta. E, no entanto, se nos perguntassem o que tínhamos a mostrar dos anos de evolução da humanidade, o que diríamos?
Falaríamos que estamos livres de preocupações e conflitos? Que finalmente entendemos como ser os melhores humanos que podemos ser? Seria maravilhoso afirmar que nossas crenças já não nos levam a fazer coisas terríveis. Seria ótimo dizer que nossas mentes já não travam guerras internas. Seria bom declarar que os humanos se tornaram sábios demais para se voltarem uns contra os outros. Seria bom dizer isso sobre a nossa espécie, mas não podemos – pelo menos, ainda não.
Em um mundo ideal, os seres humanos se dão bem uns com os outros em benefício próprio e em benefício da humanidade. Em uma comunidade ideal, as pessoas cooperam a fim de prosperarem, e apreciam sua boa sorte. Elas valorizam a vida e cuidam da terra que as nutre. Idealmente, respeitam a si mesmas e a todas as outras.
Em uma família ideal, as crianças são criadas para se sentirem seguras e valorizadas. Os pais são professores inspirados e protetores vigilantes. Os idosos continuam sendo produtivos. Grupos de pessoas formam sociedades, é claro, mas nenhuma sociedade tenta minar qualquer outra. Juntas, constroem comunidades maiores e, unidas, garantem o bem-estar de cada cidadão.
Neste mundo da nossa imaginação, os governos ainda podem existir. Um governo ideal conduz um país com respeito. Seus líderes são sábios e previdentes. O melhor congresso possível é aquele que legisla com consciência e compaixão. Suas leis são claras e justas – e as regras se aplicam a todos.
Nesse mundo ideal, as pessoas também conseguem se governar com justiça. O que quer dizer governar a nós mesmos? Significa que estamos no comando de nossos pensamentos e somos responsáveis por nossas ações. Nós nos recusamos a andar cegamente pela vida. Vemos exatamente o que é, e não apenas o que preferimos ver. Não permitimos que o passado assuma o comando do presente. Vemos nossa realidade pessoal como um grande artista faria – com um olhar para a beleza e o equilíbrio.
Em um mundo ideal, não nos punimos repetidamente por um erro. Não nos entregamos à autopiedade. Não manipulamos emoções. Não fazemos fofocas nem buscamos dramas.
Em um mundo ideal, não temos vontade de julgar ou culpar. Não somos derrotados pela culpa e pela vergonha, nem infligimos vergonha a qualquer outra pessoa. Em outras palavras, nos governamos da mesma maneira que queremos ser governados: com respeito.
Há muito mais a dizer sobre esse mundo ideal, mas é importante considerar por que ele não existe de verdade para a maioria de nós. Ajudar o mundo a ir na direção de sua expressão ideal é uma tarefa muito grande para um pequeno livro, mas podemos dar os primeiros passos por conta própria. Tudo que construímos juntos como seres humanos começa com um pouco de imaginação. Podemos acreditar que somos vítimas trágicas das circunstâncias, ou, com imaginação, adotar outra perspectiva e ver de que forma tão indelicada nos tratamos. Com todos os seus pensamentos e julgamentos, a mente pode parecer nossa pior adversária, mas, se a imaginarmos de forma diferente, podemos torná-la nossa aliada. Ao modificar a maneira como nossa mente trabalha, é possível começar a mudar nosso mundo.
Todos nós temos medos que não admitimos a nós mesmos, e nem sempre temos certeza de como superá-los. Precisamos de amor, mas não estamos convencidos de que o mereçamos. Queremos nos amar, mas não sabemos como. Em um ou outro grau, há caos e confusão em cada um de nós. As ideias tomam conta, e as opiniões intimidam. Ficamos envolvidos em nosso próprio drama e levamos isso tudo muito a sério. Desempenhamos papéis que não refletem a verdade do que somos.
Por que fazemos isso a nós mesmos? A resposta é que nos mostraram como, e nos tornamos mestres nisso.
Todos nascem como seres autênticos, mas é difícil permanecer autêntico em um mundo em que as crenças já nos foram atribuídas. Quando bebês e crianças, nos dizem quem somos, como devemos nos comportar e como reagir ao que percebemos. É assim que famílias e culturas funcionam de maneira mais eficaz e que as crianças sobrevivem dentro de suas culturas. No entanto, isso não significa que essas lições estejam arraigadas na realidade. Pode-se dizer que nosso treinamento inicial nos ensina a nos enganar. Aprendemos a mentir.
A vida é a verdade, e só existe a vida. Ao usar palavras para descrever a verdade, automaticamente a distorcemos. Dessa forma, uma mentira é, de maneira simples, uma distorção da verdade. Pode não haver intenção maliciosa, porém, ainda assim, usamos mentiras contra nós mesmos e contra os outros.
Todos nós sabemos como crianças pequenas dizem as coisas mais engraçadas – engraçadas porque falam a verdade como a percebem, sem julgamento. Percepções honestas, claramente faladas, soam