Puro prazer - Paixão em Roma
De Kate Hardy e Olivia Gates
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Sobre este e-book
Puro prazer
Olivia Gates
Seria apenas um romance?
Desde a sua primeira noite juntos, Caliope Sarantos e Maksim Volkov tinham chegado a acordo para não se comprometerem e manterem uma relação baseada apenas no prazer. Mas a gravidez dela alterou tudo.
O rico empresário russo nomeou o pequeno como seu herdeiro, embora tenha desaparecido da vida de Caliope. Quando voltou para oferecer-lhe uma vida juntos, a brilhante promessa de um final feliz viu-se eclipsada pela sombra do trágico passado de Maksim… e do seu obscuro futuro. Estaria Caliope disposta a arriscar de novo o seu coração?
Paixão em Roma
Kate Hardy
Seria capaz de recuperá-la?
Rico Rossi era o rico proprietário de uma cadeia de hotéis. Quando Ella Chandler, uma bela turista inglesa, o confundiu com um guia turístico, não conseguiu resistir à tentação de permanecer incógnito e mostrar-lhe todas as maravilhas de Roma.
Ela estava assombrada com a intensidade do desejo que surgira entre eles e, quando chegou o momento de deixar a Cidade Eterna, custou-lhe despedir-se do seu amante italiano. Foi então que descobriu as mentiras de Rico... e ele tinha de lhe demonstrar que a amava.
Kate Hardy
Kate Hardy sempre amou livros e lia todo dia antes de ir para a escola. Ela descobriu as obras da Harlequin aos 12 anos e decidiu que era o que queria fazer. Quando não está escrevendo, Kate gosta de ler, ir ao cinema, dançar e ir à academia.
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Puro prazer - Paixão em Roma - Kate Hardy
Editado pela Harlequin Ibérica.
Uma divisão da HarperCollins Ibérica, S.A.
Avenida de Burgos, 8B
28036 Madrid
© 2023 Harlequin Ibérica, uma divisão da HarperCollins Ibérica, S.A.
N.º 89 - julho 2023
© 2013 Olivia Gates
Puro prazer
Título original: Claiming His Own
Publicada originalmente pela Harlequin Enterprises, Ltd.
© 2012 Pamela Brooks
Paixão em Roma
Título original: The Hidden Heart of Rico Rossi
Publicada originalmente pela Harlequin Enterprises, Ltd.
Estes títulos foram publicados originalmente em português em 2013
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo
os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização
da Harlequin Books, S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto
da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança
com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos comerciais, acontecimentos ou
situações são pura coincidência.
® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas
pertencentes à Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e pelas suas
filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na
Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem da capa utilizada com a permissão da Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
ISBN: 978-84-1180-180-5
Sumário
Créditos
Sumário
Puro prazer
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Paixão em Roma
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Se gostou deste livro…
portadilla.jpgPrólogo
Dezoito meses antes
Caliope Sarantos ficou a olhar para a prova que sustinha na mão. Era a terceira que fazia. Havia duas listas cor-de-rosa nas correspondentes janelas: estava grávida. Apesar de ter utilizado métodos anticoncetivos, estava grávida.
Uma série de emoções contraditórias amontoava-se no seu peito. Fizesse o que quer que fizesse, o seu mundo nunca mais seria o mesmo, e o mais provável era que o seu relacionamento idílico com Maksim se visse despedaçado. Se ela não sabia o que pensar sobre a notícia, ele então...
De repente, o seu coração disparou. Ele estava ali.
Como sempre, Caliope sentiu a sua presença antes de ouvi-lo. No entanto, dessa vez, não foi invadida pela alegria. Sabia que, quando lho contasse, tudo se arruinaria.
Maksim entrou no quarto onde lhe tinha ensinado o que era a paixão e onde continuava a mostrar-lhe que as intimidades e prazeres que podiam partilhar não tinham limite.
Aproximou-se dela, olhando-a com desejo, enquanto tirava a gravata e desabotoava a camisa como se lhe queimasse a pele. Ele estava faminto por ela, como sempre. Embora o que lhe estava prestes a dizer fosse extinguir o seu desejo. Uma gravidez indesejada era a última coisa que ele esperava.
Aquela poderia ser a sua última vez que eles estavam juntos. Ainda não lho podia contar, disse Caliope a si mesma. Só depois de fazer amor com ele.
Possuída pelo desejo, puxou-o para ela na cama, tremendo de ansiedade para tê-lo nos seus braços. Devoraram os seus lábios mutuamente, e antes que ela pudesse envolvê-lo com as pernas, Maksim começou a saborear os seus seios. Sussurrando palavras de desejo, acariciou-a e chupou-lhe os mamilos com a intensidade perfeita, fazendo-a gemer de prazer. Depois, colocou-lhe uma mão entre as pernas.
Enquanto Caliope gemia sem parar, ele deslizou dois dedos entre as suas dobras quentes e húmidas. Com apenas alguns movimentos, o orgasmo inundou-a, balançando o seu corpo numa deliciosa corrente elétrica. Mal tinha terminado o seu clímax, Maksim baixou a cabeça entre as pernas trémulas, colocou-as sobre os ombros e começou a explorá-la com as mãos, lábios e dentes, até ela estar à beira do êxtase novamente.
– Por favor, basta – rogou-lhe ela. – Preciso de te sentir dentro de mim...
Maksim levantou o seu poderoso rosto para olhar para ela.
– Deixa-me saciar o teu prazer. Abre-te para mim, Caliope – ela obedeceu imediatamente, deixando cair as pernas como pétalas de rosa, rendendo-se a ele. Maksim devorou-a, saboreando a sua essência mais íntima e, como se sentisse exatamente no momento certo para fazê-lo, penetrou-a com a língua, fazendo-a gritar enquanto um orgasmo interminável a inundava.
Antes que Caliope tivesse oportunidade de recuperar o fôlego, ele deitou-se em cima dela e beijou-a, entrelaçando ambas as línguas, misturando o sabor de ambos os corpos, que eram apenas um.
Então ele olhou para ela, enquanto a sua ereção procurava a entrada, e com um rugido de desejo, possuiu-a.
Caliope gritou ao sentir a enormidade da sua possessão. Ele também gemeu de prazer e, agarrando-a pelas ancas, penetrou-a mais profundamente, atingindo o seu ponto mais sensível.
Sabendo muito bem o que estava a fazer, Maksim saiu e entrou de novo, uma e outra vez, até que, ofegante, Caliope se retorceu contra ele, pedindo-lhe para acabar com aquela requintada tortura. Só então ele se entregou completamente, dando-lhe o que ela lhe pedia, o ritmo e cadência que ela desejava.
As suas investidas eram cada vez mais rápidas, até que ela gritou e se arqueou num espasmo, apertando-se contra ele enquanto o clímax explodia dentro de si.
A meio do seu delírio, Caliope ouviu-o a rugir, sentiu o seu corpo enorme a sacudir-se e a sua semente a preenchê-la. Momentos depois, ele tombou sobre ela, saciado, satisfeito.
Ela virou-se para ele, admirando os seus lábios inchados de tantos beijos. Ele tinha um aspeto muito viril e vital e era... seu.
Caliope nunca tinha pensado nisso, mas era verdade. Desde que o tinha conhecido, Maksim Volkov era dela e só dela.
Maksim, magnata do aço, era um dos homens mais ricos e poderosos do mundo. E mal o tinha visto cara a cara num jantar de caridade há um ano, tinha tido a certeza de que aquele homem era capaz de colocar o seu mundo de pernas para o ar. E ela tinha-o permitido.
Caliope recordou vividamente quando ela lhe tinha dado permissão para beijá-la, poucos minutos depois de conhecê-lo. Lembrou-se de como a sua boca a tinha possuído ferozmente, a tinha enchido da ambrosia do seu sabor e a tinha deixado sem fôlego. Nunca antes se tinha sentido tão embriagada por um beijo. Nem tinha acreditado que precisava de um homem para a dominar.
Em menos de uma hora, naquele dia, Caliope tinha-se deixado levar para a suíte presidencial de Maksim, sabendo que não seria capaz de lhe negar nada. Ainda que, a caminho do hotel, tivesse tido a clareza mental suficiente para informá-lo de que era virgem. Ela nunca se iria esquecer da reação dele. Ele tinha olhado para ela com fogo nos olhos e tinha-a beijado apaixonadamente, selando assim a sua posse.
– Seria uma honra para mim ser o primeiro, Caliope. E vou fazer com que seja inesquecível para ti.
Maksim mantivera a sua promessa. O encontro tinha sido tão avassalador para ambos que não tinham conseguido deixá-lo como uma aventura de uma noite só. Mas, pelo exemplo desastroso dos seus próprios pais, ela tinha pensado que o compromisso só podia levar à deceção e à destruição da alma. E não tinha vontade de arriscar.
No entanto, não tinha conseguido resistir à necessidade de estar com Maksim. A intensidade do seu desejo obrigara-a a certificar-se de nunca fazer nada que pudesse pôr em perigo o seu relacionamento.
Para isso, Caliope tinha-lhe pedido para respeitarem certas regras sempre que estivessem juntos. Para começar, só estariam juntos sempre que ambos sentissem a mesma paixão e o mesmo desejo de se verem. Depois, quando o fogo se extinguisse, despedir-se-iam como amigos e seguiriam com as suas vidas.
Maksim tinha aceitado as suas condições, embora tivesse acrescentado uma, não negociável. Exclusividade.
A proposta tinha deixado Caliope perplexa, pois ele era um homem com vasta reputação de mulherengo, e fez com que ela o desejasse ainda mais. No entanto, nunca tinha deixado de perguntar-se quanto tempo lhes restaria juntos. Nem mesmo nas suas fantasias mais ambiciosas se atrevera a sonhar com a possibilidade de a sua relação durar para sempre.
Ainda assim, tinha passado um ano e a sua paixão não tinha parado de crescer.
Caliope não estava disposto a perdê-lo. Não podia... Mas tinha que lho dizer...
– Estou grávida.
Com o coração acelerado, surpreendeu-se a si mesma com aquelas palavras claras e diretas. Ato seguido, fez-se silêncio.
Maksim ficou de pedra. Apenas os seus olhos pareciam ter vida. E a sua expressão era inconfundível.
Se Caliope tivesse alguma esperança de que a sua gravidez fosse bem acolhida, foi desfeita naquele preciso momento.
De repente, faltou-lhe o ar e afastou-se dele. Tremendo, sentou-se na cama, cobrindo-se com um lençol.
– Não tens com que te preocupar. Esta gravidez é problema meu, tal como é assunto meu ter decidido ter a criança. Eu apenas pensei que tinhas o direito de saber. Tal como tens o direito a sentir-te e agir como quiseres a esse respeito.
Com o rosto cheio de amargura, Maksim sentou-se também.
– Não me queres perto do teu filho.
Como é que ele tinha chegado àquela conclusão?, perguntou-se ela.
– É teu filho também – conseguiu dizer ela. – Estou disposta a dar-te um lugar na sua vida, se for isso que tu queres.
– Quero dizer que não te convém que eu esteja perto do bebé. Nem de ti, agora que vais ser mãe. Penso dar à criança o meu apelido, fazer dele meu herdeiro. Mas nunca farei parte da sua educação – disse-lhe ele e, antes que Caliope, confusa, pudesse encontrar o sentido às suas palavras, ele continuou: – Mas quero continuar a ser teu amante. Desde que tu queiras. Quando já não quiseres mais, eu vou-me embora. Vocês os dois terão sempre o meu apoio sem limites, mas eu não posso fazer parte das vossas vidas – assegurou, e olhou para ela nos seus olhos veementemente. – Isto é tudo o que te posso oferecer. Eu sou assim, Caliope. E não posso mudar.
Ela susteve-lhe o olhar e soube que devia rejeitar a oferta. A melhor coisa para ela seria expulsá-lo da sua vida naquele momento e não depois.
No entanto, não foi capaz de fazê-lo. Apesar dos danos que sabia que iria sofrer no futuro, não era capaz de sacrificar o que tinham no presente para evitá-lo. Portanto, aceitou as suas novas condições.
Nas semanas seguintes, Caliope continuou a perguntar-se se tinha feito mal em aceitar. Por um lado, notava que ele estava mais distante. Mas, por outro, voltava sempre a ela mais faminto do que da última vez.
Então, precisamente quando estava grávida de sete meses e estava mais confusa do que nunca sobre o seu relacionamento, Maksim... desapareceu.
Capítulo Um
No presente
– E nunca mais voltou?
Cali ficou a olhar para Kassandra Stavros, atordoada. Demorou alguns segundos para compreender que a sua amiga não poderia estar a falar de Maksim. Apesar de tudo, Kassandra não sabia nada acerca dele. Ninguém sabia que ele era o pai do seu filho.
Cali tinha mantido a sua relação em segredo. Até mesmo quando não tinha tido mais remédio que não fosse contar à sua família e amigos que estava grávida, ela recusara-se a confessar quem era o pai. Mesmo quando albergara a esperança de que ele ficasse na sua vida após o nascimento do bebé, a situação era demasiado instável para ser explicada a quem quer que fosse. E menos ainda à sua conservadora família grega.
A única pessoa que ela sabia que não a teria julgado era o seu irmão Aristides. Embora o mais provável era que quisesse partir a cara a Maksim. Quando se tinha visto numa situação semelhante, Aristides tinha feito todos os possíveis para reclamar a sua amante, Selene, e o seu filho, Alex. Tinha um elevado sentido de honra e de família, pelo que teria tentado forçar Maksim a cumprir a sua responsabilidade. E conhecendo Maksim, aquilo teria causado uma guerra.
De qualquer forma, Caliope não queria que Maksim a considerasse uma responsabilidade sua, nem que Aristides lutasse as suas batalhas por ela. Ela tinha dito ao amante que ele não lhe devia nada. E tinha-o dito a sério. Quanto a Aristides e à sua família, era uma mulher independente e não precisava da sua bênção e nem da sua aprovação. Não queria que ninguém lhe dissesse como viver a sua vida, nem que a julgassem pelo acordo a que tinha chegado com Maksim.
Então, quando Maksim se tinha ido embora, só lhes tinha dito que o pai de Leo não tinha sido importante para ela.
Naquela época, Kassandra estava a falar sobre um outro homem que tivera um comportamento semelhante, o pai de Cali.
Na sua opinião, a única coisa boa que tinha feito fora deixar a sua mãe e os seus irmãos antes de Cali ter nascido. Os seus outros irmãos, especialmente Aristides e Andreas, nunca tinham chegado a superar a forma negligente e exploradora como o pai os tinha tratado. Pelo menos, ela não tinha tido que conviver com ele.
– Não. Um dia foi-se embora e nunca mais o vimos – respondeu Cali finalmente, com um suspiro. – Nós não fazemos a mínima ideia se ainda está vivo. Embora, se ele estivesse vivo quando o Aristides começou a ficar rico, teria voltado.
A sua amiga ficou de boca aberta.
– Achas que voltaria a pedir dinheiro ao filho que abandonou?
– Não consegues imaginar que exista um pai assim tão vil, pois não?
Kassandra encolheu os ombros.
– Custa. O meu pai e os meus tios são muito superprotetores comigo.
Cali sorriu, sabendo que era verdade.
– Segundo a Selene, dás-lhes motivos mais que suficientes para te quererem proteger.
– A Selene falou-te deles? – quis saber a bela Kassandra, rindo.
Selene, a esposa de Aristides e a melhor amiga de Kassandra, tinha-lhe falado sobre ela antes de apresentá-las, garantindo a Cali que se iriam dar muito bem. E assim foi, felizmente para Cali, que precisava de ter uma amiga com quem conversar, alguém da sua idade, temperamento e interesses.
Nos últimos dois meses, tinham estado juntas várias vezes, cada vez conhecendo-se melhor. No entanto, aquela era a primeira vez que Kassandra lhe fazia uma pergunta tão pessoal sobre a sua família.
– A Selene só me contou o básico – afirmou Cali, desejando parar de falar sobre a sua própria vida. – Disse-me que deixava os detalhes divertidos para que tu mos contasses.
Kassandra recostou-se no sofá, com o seu belo cabelo loiro e grandes olhos verdes brilhando de alegria.
– Sim, eu acho que já pus em cheque algumas vezes os seus rígidos valores morais, as suas expectativas conservadoras e as suas esperanças em mim. Perdi uma oportunidade atrás de outra para adquirir um mecenas rico e socialmente bem-sucedido com quem procriar e dar descendentes à minha família, se possível, do sexo masculino, que continuem o caminho percorrido pelos meus implacáveis e triunfantes irmãos e primos.
O humor satírico de Kassandra fez Cali rir, pela primeira vez em muito tempo.
– Devem ter sofrido ataques cardíacos coletivos quando saíste de casa aos dezoito anos, aceitaste trabalhos de salário mínimo e, além disso, te tornaste modelo.
Kassandra sorriu.
– Atribuem o meu comportamento escandaloso a anormalidades no meu nível de açúcar no sangue. Até hoje, ainda não aceitaram a minha forma de ser, apesar de eu ter trinta anos, já ter deixado para trás os meus dias como modelo de lingerie e me ter tornado numa estilista famosa.
Kassandra era uma mulher muito bonita e, depois de ter triunfado na passarela, só fazia desfiles de moda para causas de beneficência. Atualmente, também tinha feito nome como estilista de moda, em parte, graças a campanhas de publicidade que Cali tinha criado para ela.
– Continuam a preocupar-se com os inúmeros perigos que acham que eu corro e porque pensam que eu estou à mercê dos pervertidos e predadores do mundo da moda. Além disso, sofrem cada vez mais por eu continuar solteira, nem param de me avisar que eu vou perder a minha beleza e a minha fertilidade. Para uma típica família grega, trinta anos é o equivalente a cinquenta noutras culturas.
Cali fez um sorriso de escárnio.
– Da próxima vez que se meterem contigo, dá-me a mim como exemplo. Eles vão agradecer-te por não os teres feito passar pela vergonha de ter um filho nascido fora do casamento.
– Talvez eu devesse seguir o teu exemplo – afirmou Kassandra com um brilho malicioso nos olhos. – Não acho que exista algum homem no mundo que seja capaz de me fazer acreditar no casamento, nem por amor nem para perpetuar o apelido Stavros. Além disso, tu e a Selene, com os vossos bebés, estão a despertar o meu instinto maternal.
Cali sentiu o seu coração a encolher-se. Sempre que Kassandra a comparava com Selene, ela lembrava-se da cruel diferença que havia entre elas. Selene tinha dois filhos com o homem que amava. E ela tinha tido Leo... sozinha.
– Ser mãe solteira não é algo que possa ser tomado de ânimo leve – comentou Cali.
– Tu fazes isso muito bem – opinou Kassandra, olhando para ela com compaixão. – Lembro-me que a Selene sofreu muito antes de o Aristides ter voltado. Para ela foi uma carga demasiado pesada ser mãe solteira. Antes de conhecer a experiência dela, eu sempre pensei que os pais eram secundários, pelo menos, nos primeiros anos de vida de um bebé. No entanto, quando eu vi como a Selene e o Alex mudaram por terem tido o Aristides... – referiu e soltou uma gargalhada. – Embora ele não sirva de exemplo. Nós as duas sabemos que existe apenas um como ele no mundo.
Da mesma forma, Cali tinha pensado que Maksim tinha sido único... No entanto, Aristides comportara-se no passado como se fosse igualmente desumano. Mas as aparências enganavam.
Cali voltou a suspirar.
– Não sabes como me impressiona muitas vezes quão bom marido e pai é o Aristides. Antes pensávamos que ele era impassível como o nosso pai.
Fora numa ocasião em especial, na noite em que o seu irmão Leonidas morrera, que Cali se convencera que Aristides não tinha coração, tal como o seu pai.
Enquanto as suas irmãs e ela se tinham reunido para chorar a terrível perda, Aristides tinha tomado conta da situação com um distanciamento perfeito. Tinha lidado com a polícia e com a agência funerária, mas a elas não lhes tinha oferecido qualquer consolo, nem sequer tinha ficado lá após o funeral.
Ainda assim, tinha-se comportado melhor do que Andreas, que nem sequer tinha regressado para assistir ao funeral.
Mas a realidade fora muito diferente. O seu irmão era tão sensível que se tinha fechado sobre si mesmo, recusando-se a mostrar as suas emoções. Em vez disso, tinha-lhes expressado o seu amor ocupando-se de tudo. Quando Selene se apaixonara por ele, no entanto, tinha-o mudado completamente. Continuou a ser um homem implacável nos negócios, mas nas relações pessoais era muito mais aberto e carinhoso.
– Era assim tão mau o teu pai? – quis saber Kassandra.
Cali tomou um gole de chá. Odiava falar sobre o seu pai.
– A sua total falta de ética e o seu desprezo por tudo eram lendários – respondeu Cali finalmente, desconfortável. – Deixou a minha mãe grávida do Aristides quando ela tinha apenas dezassete anos. Ele era quatro anos mais velho e não tinha emprego. Casou com ela porque o seu pai ameaçou deserdá-lo se ele não o fizesse. Usou-a a ela e aos seus filhos para espremer um pouco mais o seu pai. No entanto, o dinheiro que o meu avô lhe dava ele gastava-o só em si mesmo. Depois de o velho ter morrido, o meu pai ficou com a herança e desapareceu.
– Voltou quando o acabou de gastar, sabendo