Limeriques, anfiguris, haikais
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Limeriques, anfiguris, haikais - José Augusto Carvalho
A poesia, sem alarde,
De toda mentira é isenta:
Prova o poeta que é verdade
A verdade que ele inventa.
Sumário
PREFÁCIO
Anfiguris
ESPAÇO LIVRE
A MULHER E O RATO
INVASORES
A FÃ DO IMPERADOR
BELA E SÓ
PIRATA
MENDIGA
A FALSA GORDA
CACHORRO MORTO
CONSTRUTOR DE PONTES
CATALEPSIA
CASAL INTRUSO
SOMBRA BRANCA
ANACORETA
JUSTIÇA FEITA
ESPINHA DE PEIXE
PREMEDITAÇÃO
A MULHER LINDA
MARIA DOIDA
O PERIQUITO VERDE
CURUPIRA
A RAPOSA E A CEGONHA
O VAMPIRO
MINICONTO (OU MINHOCONTO)
A CADELA E A DONA
ATROPELAMENTO
DEVER PATRIÓTICO
OS DENTES
A APOSTA
ELOGIO DA IGNORÂNCIA
O ADESTRADOR DE BARATAS
AS MOIRAS
O CARVALHO E O CANIÇO
O CAVALO MINISTRO
A CIGARRA E A FORMIGA
OLHOS VERDES
BERCEUSE
A MULHER E O SAPO
MENINO AMBICIOSO
O HOMEM ANJO
O HOMEM FEIO
SEM CONSCIÊNCIA
A MULHER QUE QUERIA SER HOMEM
O CARECA
A PONTE
LICAONE
TEJO E SENA
TROIA
O INVISÍVEL
ANENCEFALIA
A FÉ
ESPELHOS PARALELOS
A MOÇA E O SAPO
O MÚSICO
INDUSTRIAL
O EREMITA
EVA IDA
EUTANÁSIA
ROMANCEIRO
UM SENTIDO PARA A VIDA
A MULHER BONITA
VISITA A PARIS
O PREÇO DA LIBERDADE
A VINGANÇA DO MORTO
A ASSASSINA
PASTORINHA
O QUADRO E O CORONEL
ASSASSINATO INVISÍVEL
A SAMARRA
UNHAS GRANDES
GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA
JUSTIÇA RÁPIDA
Limeriques
Haikais
SOBRE O AUTOR
NOTAS
PREFÁCIO
Este livro nasceu do livro de Edward Lear, Adeus, Ponta do meu Nariz, que me foi presenteado pelo amigo, professor, poeta, pesquisador e romancista Manoel Cardoso, em agosto de 2003. Encantei-me com o presente, e desde então cultivei a ideia de escrever um livro de humor maluco, sem, no entanto, imitar o estilo do autor invejado. Levei cerca de 20 anos para conseguir o número necessário de páginas para a feitura deste livro. Não consegui fazer limeriques suficientes, não por falta de tempo, mas de talento, por isso resolvi incluir também anfiguris e haikais, para completar o livro. Como não sou poeta (tentei escrever poemas na minha adolescência), não pude escrever mais do que meu esforço permitiu (embora tivesse disposição e vontade), mas arrisquei-me a enfrentar a ira do meu possível leitor e tentei também fazer uma trova (epígrafe), que incluí neste livro só para terminar de esvaziar a gaveta).
Limeriques, trovas e haikais não são gêneros literários, mas apenas formas de expressão literária. O limerique se caracteriza pelo humor, pelo nonsense, feito apenas para o riso ou para a distração. O anfiguri, ao contrário, embora primando também pelo nonsense, é caracterizado pelo drama. Aliás, é como drama que o anfiguri é apresentado no verbete próprio do Nouveau Dictionnaire Étymologique et Historique de la Langue Française, de A. Dauzat et al.
Anfiguri é um substantivo masculino, de origem francesa (século XVIII), talvez oriundo da junção de amphi com allégorie, segundo o Dictionnaire Étymologique et Historique de la Langue Française, de A. Dauzat, Dubois e Mitterand, (s.v. amphigouri), gênero dramático, que hoje designa um texto literário desordenado ou ininteligível, próximo do surrealismo em seu humor nonsense. A rigor, o anfiguri é em prosa. Acredito que as Fábulas Fantásticas, de Ambrose Bierce, (sejam todas anfiguris, como nas transcrições abaixo:
O MAU FOSSADOR
Um bêbado estava caído na estrada com o nariz sangrando, enterrado no chão, quando passou um Porco.
Chafurdas relativamente bem
, disse o Porco, mas, meu amigo, tens muito que aprender a respeito de fossar.
(p. 20)
O CÃO E O MÉDICO
Um Cão virou-se par um Médico no funeral de um seu cliente rico e perguntou: Quando esperas desenterrá-lo outra vez?
Por que iria desenterrá-lo?
Quando enterro um osso, é com a intenção de descobri-lo mais tarde e roê-lo.
Os ossos que enterro
, disse o Médico, são os que já não posso roer.
(p. 39)
O conto A Pastorinha
resolvi incluir menos por ser uma história dramática do que por ser um exercício de estilo, em que tento imitar a linguagem medieval, assim como em Romanceiro
procurei um estilo medieval de contar dramas.
Na segunda parte deste livro, estão os limeriques.
Edward Lear foi um pintor e ilustrador inglês que viveu no século XIX e que ficou famoso por divulgar uma forma de composição em verso em que mescla nonsense com humor absurdo. Essa composição poética se chamou limerique, nome talvez oriundo de uma cidade irlandesa chamada Limerick.
O único livro de limeriques que conheço é de Edward Lear em tradução do inglês A book of nonsense, com o título Adeus, ponta do meu nariz!, com noventa desenhos e poemas sem sentido
. Aqui apresentamos um desses poemas, aleatoriamente escolhido, com a respectiva tradução (p. 15):
There was an Old Person whose habits
Induced him to feed upon rabbits;
When he’d eaten eighteen,
He turned perfectly green,
Upon which he relinquished those habits.
(Havia um velho senhor que tinha a mania
de comer coelhos e mais coelhos todo dia;
só que, depois de engolir dezoito,
se viu verde de ficar afoito
e teve que desistir dessa sua mania.)
Outro exemplo, também aleatoriamente escolhido:
There was a young Person whose history,
Was Always considered a mystery;
She sat in a ditch,
Although no one knew which,
And composed a small treatise on history.
(Havia uma certa senhora cuja história
todo mundo só considerava um mistério:
foi se instalar numa vala
onde ninguém fosse achá-la,
Só para compilar um tratado de história.)
Pelo exemplo do original, vê-se que o limerique é uma composição poética monostrófica de cinco versos (quintilha), de rimas aabba. O último verso é quase sempre repetição ou variante do primeiro. Os limeriques têm os versos 3 e 4 menores que os outros, com 2 pés. Os pés tradicionais no limerique são o anapesto e o anfíbraco.
O objetivo do limerique é fazer humor com nonsense. No exemplo seguinte, não respeitei os tamanhos tradicionais dos versos, nem os pés tradicionais:
Deixei de ser o que fui,
Porque meu nariz é do Rui.
Mas hoje fico contente:
É meu e não dele o dente.
Por isso meu riso flui.
Repare-se que, nele, o primeiro verso é constituído de dois jambos e um anapesto. No segundo verso, há um jambo e dois anapestos. Em toda a estrofe prevalecem esses dois pés. Aliás, na poesia brasileira, os pés que predominam são o jambo, o troqueu, o dátilo e o anapesto. Ocasionalmente, o pião primeiro e o pião quarto, mas raro é o anfíbraco.
O que caracteriza o limerique e o distingue do anfiguri, como acima se disse, é que aquele prima pelo humor, enquanto