Funari - A Cidadania Entre Os Romanos

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A cidadania entre os Romanos Pedro Paulo Funari

p. 49
Termo cidadania
Cidadania no sentido moderno (Revoluo Francesa - 1789): conjunto de membros da
sociedade que tm direitos e decidem o destino do Estado.
Ciuis (latim) Ciuitas = cidade, Estado, cidadania
Cidadania (para os romanos) = abstrao (imaginrio, inveno) derivada da juno dos
cidados (ciuis)
Ciuis = homem livre
Ciuitas = s existe cidadania se existir um conjunto de ciuis (homens livres)
Gregos primeiro a cidade (polis), depois o cidado (polites)
Romanos o conjunto de cidados (civitas) formava a coletividade (cidade e Estado)
Roma
Cidade de Roma fundada em 753 a.C.
Origem Diversidade de povos e costumes (povos latinos, pastores, agricultores e
etruscos povos oriundos do norte da Pennsula Itlica)
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Herana Etrusca
Nunca desenvolveram um nico Estado prprio. Mas as instituies e formas de
governo romanas originais foram estabelecidas pelos etruscos e o poder em Roma
esteve, por longo tempo, nas mos dos reis etruscos.
1 herana - Papel feminino na sociedade
Havia uma grande participao social das mulheres de elite entre os etruscos. O mesmo
acontecia com as mulheres romanas. Elas assistiam aos espetculos, representaes e
jogos, participavam dos banquetes e eram representadas em pinturas e esculturas.
Diferentemente de Roma, na Grcia e em outras sociedades mediterrneas antigas, as
mulheres viviam isoladas.
2 herana - Diviso dos grandes grupos sociais
Sociedade etrusca (2 grupos)
a) Nobreza = conselho de ancios
b) Populao = restante dos indivduos, em posio subalterna e sem cidadania
Roma (2 grupos)
a) Patrcios
b) Plebeus
p. 50-51
Patrcios
Agrupamento de grandes famlias (gentes)
Lao de unio convico de descender de antepassados comuns
Caractersticas:
a) Era um grupo fechado, hereditrio, estamento inacessvel por outros membros
nobreza de sangue
b) Usavam um sinal de distino social homens bons (anel de ouro, faixa
prpura na tnica e capa curta adotada pelos cavaleiros)
c) Era liderada pelo pai de famlia (pater familias), que dotava autoridade moral
(auctotitas) e poder discricionrio (imperium) sobre os outros membros da
famlia (esposas, filhos e escravos)
d) Formavam uma oligarquia de grandes proprietrios rurais
e) Detinham poder militar e as presas de guerra (at sculo V a.C. introduo da
infantaria)
f) Mantinham o monoplio dos cargos pblicos e religiosos (unidade poltica,
social e religiosa)
g) Formavam o conselho de ancios (Senado), composto originalmente pelos pais
de famlia patrcios (patres)
h) Eram os nicos que podiam exercer as magistraturas (pretores, cnsules ou
ditadores)
i) Eram os nicos cidados de pleno direito
p. 51
Plebeus
Termo surgiu historicamente para designar o grupo que lutava contra os privilgios
dos patrcios (todos os cidados romanos sem os mesmos direitos dos oligarcas).
Composio camponeses livres de pouca posse + artesos urbanos + comerciantes +
estrangeiros residente em Roma
1
.
Repblica Foram aceitos no Senado, mas eram chamados de conscritos e no
podiam votar
Lutavam contra os patrcios pelos direitos sociais e pela cidadania plena. Na grande
maioria das vezes, os camponeses pobres e artesos se tornavam escravos, por isso
exista a luta social.
Grupos inferiores
Clientes
Agregados subalternos da famlia patrcia:
a) Recebiam terra e proteo
b) Deviam servios e apoios diversos ao patrcio
c) Obedeciam ao patrcio e mantinham relao de fidelidade com eles
d) Atuavam como fora auxiliar dos patrcios, tanto na paz como na guerra
e) Podiam ganhar independncia e passar a integrar a plebe e vice-e-versa
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Escravos
Conjunto de propriedades do patriarca:
a) Eram basicamente domsticos (at o sculo III a.C.)
b) Faziam parte da famlia

1
Ao que tudo indica
2
Isso no era comum
c) Eram normalmente homens livres (camponeses e artesos) que se tornavam
escravos por conta da pobreza.
p. 52
Luta pelos direitos polticos, civis e sociais
Luta - mola propulsora das grandes transformaes histricas
Plebe urbana + Plebe rural
3
X Patrcios
Plebe urbana: muitos conseguiram acumular riquezas e lutavam por
a) Cargos pblicos
b) Voto no Senado
c) Casar-se com patrcios
Plebe rural: muitos estavam endividados, tiveram suas terras confiscadas, se tornaram
escravos e lutavam por
a) Fim da escravido
b) Reestabelecimento da propriedade confiscada
c) Parte da terra conquistada de outros povos (esplios de guerra)
Conflitos internos
Evidncia a partir da Repblica
4

Repblica Foi marcada pelas guerras em outras cidades
Exrcito passou a depender cada vez mais dos soldados plebeus (cavaleiros e infantes)
Secesses da plebe (poder de barganha) ameaavam abandonar a defesa da cidade se
os patrcios no concedessem os direitos pleiteados.
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Conquistas da plebe (at o fim do sculo V a.C.)

3
Apesar dos interesses diversos, a plebe urbana e a plebe rural, em muitos momentos se unio na luta
contra os patrcios.
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Em especial durante os sculos V e IV a.C.
a) Tribunal da Plebe (494 a.C.) magistratura com poder de veto s decises dos
patrcios.
b) Conclios da Plebe reunies com fins polticos
c) Plebiscitos resolues
d) Diviso dos romanos em tribos geogrficas (no mais hereditrias) No incio
eram 4 tribos urbanas e 16 rurais
e) Comcios de tribos antes s eram feitos os comcios de cria (dominados pelos
patrcios e seus clientes)
f) Lei das Doze Tbuas (sculo V a.C.) codificao da legislao tradicional
(poder dos patriarcas) que estabeleceu o princpio da lei escrita.
g) Diminuio da insegurana do Direito Consuetudinrio (baseado na tradio, na
palavra dos patrcios) com a Lei das Doze Tbuas, todos recorriam lei para
reclamar sem depender da boa vontade dos poderosos.
h) Classificao das pessoas por posses beneficiou os plebeus ricos, cuja
importncia social comeou a ser reconhecida.
p. 53-55
Conquistas da Plebe (a partir do sculo IV a.C.)
A antiga sociedade romana conservava as caractersticas de uma sociedade arcaica
(mesmo com esta nova configurao social)
Novas tenses sociais Expanso romana no interior da Pennsula Itlica conquistada
por mrito da infantaria plebeia e no distribuio das novas terras entre os cidados em
geral (apenas os grandes proprietrios de terras)
Derrota das tropas romanas para os Celtas do norte da Pennsula Itlica (Glia
Cisalpina) (387 a.C). Isso resultou em:
a) Pequenos proprietrios foram saqueados e escravizados por dvidas
b) Distrbios na ordem patrcia vigente
c) Aliana de setores patrcios com plebeus enriquecidos
d) Nomeao de um mestre de cavalaria plebeu por um ditador patrcio (368 a.C.)
e) Admisso de plebeus em um colgio de sacerdotes (368 a.C.)
f) Aprovao de leis propostas pelos tribunais da plebe Caio Liccio e Lcio Sxtio
que asseguravam maiores direitos polticos aos plebeus enriquecidos e criavam
alguns benefcios sociais para as camadas mais pobres (367 a.C.)
g) Diversos cargos at ento reservados a patrcios passaram a poder ser exercidos
tambm por plebeus
h) A relao de devedores e credores comearam a ser reguladas por lei
i) Os livros sagrados passaram a ser cuidados por uma comisso de 10 pessoas
(decmviros = 5 plebeus + 5 patrcios)
j) Lei Publlia (339 a.C.) restringiu o direito de veto do Senado das decises da
assembleia popular.
k) Lei Oglnia (300 a.C.) concedeu direito aos plebeus de acesso a todos os
cargos pblicos (religiosos e polticos)
l) Direito a duplo grau de jurisdio um cidado condenado pena mxima
passou a ter o direito de recorrer assembleia popular em busca de perdo ou
diminuio da pena
5

m) Lei Poetlia Papria (326 a.C) aboliu a escravido por dvida
6

n) Os camponeses tiveram acesso s terras advindas das conquistas romanas,
garantindo-lhes o sustento e a independncia
o) Nenhum cidado poderia receber do Estado mais do que 500 jeiras (ou 125
hectares) de terras pblicas, resultando em uma verdadeira reforma agrria
p) pio Cludio, nomeado censor, passou a distribuir os ex-escravos, agora
libertos, entre tribos rurais, facilitando inclu-los na diviso de terra provenientes
das conquistas romanas, integrando-os vida social e poltica.
7

q) Lei Hortnsia (287 a.C) permitiu que os plebiscitos tivessem fora de lei
mesmo sem a aprovao final do Senado.
p. 55-56
Novo Estado Romano
Alguns estudiosos afirmam que, como resultado da luta dos plebeus, o Estado passou a
chamar-se Povo e Senado de Roma, ou seja, a plebe em primeiro lugar.

5
Essa deciso foi importante pois garantiu que os lderes populares no cassem nas amarras do
patrcio.
6
O historiador Tito Lvio disse que essa lei trouxe um fundamento essencial cidadania: liberdade.
7
Antes, os ex-escravos era distribudos em tribos urbanas, o que dificultava a insero social.
Homens novos com origens sociais modestas, muitas vezes sem sobrenome de
famlia, tentaram acender aos mais altos cargos e se destacavam pela dedicao e
perseverana.
Nobreza os benefcios fizeram as camadas plebeias superiores se integrarem a elite
aristocrtica. Essa elite, composta de patrcios e plebeus, com privilgios, propriedades
fundirias e fortunas, foi chamada de nobreza (nobilitas). A nobreza controlava as
magistraturas e assembleias plebeias, de forma que os avanos sociais beneficiavam
mais diretamente as elites plebeias do que o conjunto dos cidados romanos.
p. 56-57
Expanso do Imprio Romano
No sculo III a.C, Roma se expandiu pela Itlia antiga.
No sculo II a.C, Roma criou as provncias de:
a) Hispnia Citerior e Ulterior (197 a.C.)
b) Macednia (148 a.C.)
c) frica
8
(146 a.C.)
d) sia (133 a.C.)
Configurao social
a) Aristocracia senatorial
b) Ordem equestre: proprietrios e empresrios
c) Elites locais
d) Elites provinciais
e) Itlicos e provinciais: a maioria era campons, pequeno proprietrio, que foram
empobrecendo por causa da expanso latifundiria
f) Escravos agrcolas e mineiros: sem direito de cidadania e quaisquer direitos civis
Escravido
Aumento da escravido.
Luta: deixou de ser para conquista de cidadania, mas para sair do sistema escravista.

8
Destruio de Cartago.
A escravido domstica foi substituda por um verdadeiro regime escravista, que
utilizava a mo-de-obra tanto em grandes propriedades rurais como em empreendimento
manufatureiro de massa.
Em termos jurdicos, houve a passagem da escravido de concidados para a de
estrangeiros.
p. 58-60
Irmo Graco e a tentativa de reforma agrria
Tibrio Graco e Caio Graco: faziam parte da nobreza
Luta poltica: Se apoiaram na luta dos cidados camponeses oriunda da crise iniciada
pelos latifundirios.
Justificativa: Como continuar a defender o Imprio Romano se predominavam
latifndios trabalhados por escravos?
Tibrio Graco
Cargo eleito: tribuno da plebe (134 a.C)
Proposta: Lei Semprnia
Lei Semprnia: limitava o uso ilegal das terras pblicas pelos grandes proprietrios,
cujos fundos agrcolas no deveriam ultrapassar o antigo limite de quinhentas jeiras
(125 hectares), com possveis acrscimos de 250 jeiras por filho. As terras pblicas
retomadas seriam divididas entre os cidados pobres, que teriam lotes de trinta jeiras
(7,5 hectares), sem que pudessem vend-las, como o faziam, forados pelos
latifundirios.
Reao dos senadores (grandes proprietrios): alegaram que obtiveram as terras de
forma legtima, que eram produtivas, que sua distribuio destruiria a Repblica e que
Tibrio tramava implantar uma Monarquia, proclamando-se Rei de Roma.
A reforma agrria foi aprovada, mas Tibrio foi assassinado por seus opositores, no
tendo quem a executasse.
Caio Graco
Cargo eleito: tribuno da plebe (124 a.C). Foi reeleito (123 a.C)
Props um programa legislativo: lei agrria, militar, direito de cidadania romana aos
aliados itlicos, distribuio de alimentos e reforma judiciria. O tamanho das terras
concedidas no seria mais de trinta, mas duzentas jeiras. Excluiu das distribuies
algumas reas em mos de senadores importantes.
A proposta de concesso de cidadania aos itlicos foi derrotada, pois os cidados
romanos pobres foram convencidos de que a extenso da cidadania poderia prejudicar
seus interesses.
Todas as medidas de Caio foram ab-rogadas, sob o pretexto de que a Repblica estava
em perigo por causa dele
9
. Foi assassinado pelos oligarcas.
p. 61
Lei de 122 a.C
Cidados comuns poderiam processar autoridades por abuso de poder.
Essa lei trouxe dois princpios basilares da cidadania:
a) Possibilidade de recorrer do abuso
b) Amplo acesso informao dos direitos
p. 60-63
Polarizao da sociedade romana
a) Populares
b) Oligarcas

9
Foi acusado de assassinato.

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