CARLOS DAUMAS ESTCIO LICENCIATURA EM HISTRIA - 4 SEMESTRE DE 2015

FORMAO DO SISTEMA INTERNACIONAL

Entendendo a disciplina: procura descrever a formao de um sistema durante a modernidade, que mudou
radicalmente as relaes internacionais, a geopoltica e geografia da Europa e das Amricas. Para comear a
entender a formao da modernidade, necessitamos entender as causas que puseram fim ao medievo e ao
feudalismo.
O FIM DO MEDIEVO ENTENDENDO O FEUDALISMO
O feudalismo um produto do esfacelamento do Imprio Romano do Ocidente, que fragmentou a Europa
em pequenos e mdios reinos. Esses reinos ao longo de suas trajetrias polticas foram se fragmentando em
feudos, que, como consequncia, diminuiu o poder central.
Os Francos se apresentaram nesse perodo como o grupo invasor mais organizado que colonizaram a Europa
aps a queda do Imprio Romano. Duas grandes dinastias se constituram entre esse grupo, primeiro os
Merovngios e depois os Carolngios, que colonizaram e dominaram uma rea entre a atual Frana, Alemanha
e parte Norte da Espanha, conhecida como Francia.
Aps a morte de Carlos Magno essa regio foi dividida entre seus filhos, e segundo a tradio franca, aps a
morte desses sucessores, seus herdeiros continuaram a dividir as possesses de terras entre os novos
herdeiros, processo que levou toda a regio a uma grande fragmentao.
Essa regio era muito conflituosa e permanecia constantemente em guerra, e quando estas terminavam os
soldados que se destacassem eram recompensados com possesses de terras, como reconhecimento dos
valorosos servios prestados. Esse processo de recompensa deu origem aos feudos e as relaes polticas de
suserania e vassalagem, onde o vassalo jurava fidelidade ao suserano, que em troca lhe garantia o uso
perptuo das terras concedidas e ajuda para defender suas possesses em caso de conflito ou invaso, em
troca o vassalo se dispunha a ajudar o suserano em caso de guerras e ao pagamento de tributos, nascia uma
elite conhecida como nobreza ou aristocracia.
Nesse perodo a terra passa a ser o smbolo do poder poltico, assim, quanto mais terras um nobre possusse,
maior era seu poder poltico decisrio. Essa tradio criou situaes em que um vassalo possusse mais poder
poltico que seu suserano. Formou-se uma aristocracia cuja a representao se d por meio do direito
consuetudinrio, com base na tradio oral, de origem militar de fidelidade (direito de ban ou banalidades
direito consuetudinrio), que se estendeu ao campesinato e a servido.
A economia desse perodo fiduciria, de base agrria, a terra produz todas as coisas necessrias
manuteno dos feudos e os excedentes fazem a economia feudal funcionar. Nesse sistema os camponeses e
servos esto presos aos seus senhores feudais.
Tributos feudais de com base no direito consuetudinrio:
- A homenagem juramento de vassalagem;
- A mo morta reposio da mo de obra;
- A corveia utilizao de espaos produtivos, manufaturas de servios e trabalhos; e
- A talha imposto da produo dos servos, 50% da produo era entregue aos senhores feudais.

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A IMPORTNCIA DOS REIS NA IDADE MDIA

Os reis eram chamados de suserano dos suseranos. Eles possuam grande legitimidade, mas, em muitos
casos, pouco poder poltico, visto que o poder era baseado no volume de terras e servos. Muitos vassalos
tinham mais terras que o prprio rei, retendo para si mais poder poltico, que encontrava apoio no prprio
direito consuetudinrio (com base na tradio). Os reis eram considerados relquias vivas, venerados pelo
povo, sua figura valorizada, porm, simblico, com pouca capacidade de decidir a poltica no seu reino e no
cenrio internacional.
A SERVIDO DA GLEBA
Dentro do sistema feudal no possuir terras tambm no possuir poder poltico, os servos no tinham
terras, consequentemente no possuam poder, eram excludos do processo poltico feudal. Contudo, em
alguns lugares da Europa, principalmente na Alemanha, existiu um campesinato livre e autnomo, diferente
do campesinato francs, de cunho feudal senhorial, sem muita autonomia e liberdade. Na Alemanha as
relaes de suserania e vassalagem eram mais diludas, com menos verticalizao do poder senhorial.
Diferente na Frana, o campesinato senhorial, devido a pouca autonomia e liberdade, por muitas vezes se
revoltaram com seus senhores, revoltas conhecidas como jacquerie, as lutas de classes da idade mdia.
A BURGUESIA MEDIEVAL
Os burgos datam de antes do sculo IX, o comrcio era sua principal atividade. Os burgueses ou mercadores
circulavam entre os feudos. Todavia, essa atividade no era forte o suficiente para ser compreendido como
um padro econmico ou poltico nesse perodo, de forte tendncia agrria.
O INCIO DO RENASCIMENTO E AS REFORMAS RELIGIOSAS
A CRISE NO SISTEMA FEUDAL
Entre os sculos XIII e XV as cidades europeias comearam a experimentar uma revoluo, o fortalecimento
do poder monrquico, Portugal aparece como sendo o primeiro reino a se unificar, foi durante a Revoluo
de Avis, que destronou o rei de Borgonha e colocou no poder o rei de Avis, dando origem ao primeiro Estado
Moderno da Europa Continental. Nesse mesmo perodo a Europa experimentou o Renascimento Cultural e
as Reformas de Religio. Esse perodo gestou aquilo que se mercantilismo e a modernidade.
A crise no sistema feudal comeou com a ruptura das cidades, que comearam a experimentar o aumento do
comrcio, por meio da intensificao das rotas comerciais, fazendo a economia circular. As cidades
porturias tambm se tornaram importantes com esse aumento do comrcio, enriquecendo os burgueses,
comerciantes habitantes dos burgos. Nesse momento no existe presso desse grupo sobre a poltica e
economia, s a partir do sculo XIX, essa classe comea assumir papeis importantes.
Alguns nobres apoiavam o renascimento e o aumento do comrcio, o mais ilustre desses nobres foi o rei
francs Francisco I, grande incentivador das artes e do comrcio francs e italiano. Francisco I representou
um smbolo de uma elite que apostava nas mudanas polticas e econmicas, o que possibilitou o incio das
alianas entre reis e a burguesia. Os reis comearam a entender a importncia do domnio de terras para a
conquista do poder alm da legitimidade, todavia, necessitavam de um exrcito bem armado e
tecnologicamente superior aos dos seus vassalos, para expandir seus domnios. A cavalaria dominava os
campos de batalha, na idade moderna a infantaria e as armas de cerco so largamente utilizadas. Os reis
comearam a comandar grandes exrcitos, auxiliados por seus aristocratas, os antigos vassalos que
gradualmente perderam seus domnios e passaram a formar a elite aristocrtica cortes. Os recursos para
essas monarquias se consolidarem vieram dos burgueses, que financiaram os exrcitos reais. A geopoltica na
Europa comeou a mudar e novos contornos so incorporados nas agendas internacionais de poder poltico,

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a terra gradativamente vai perdendo seu prestgio, sendo substituda pelo comercialismo controlado pelo
Estado.
AS REFORMAS RELIGIOSAS
O movimento reformista protestante pode ser entendido como um processo poltico que possibilitou aos
prncipes europeus uma maior autonomia sobre suas possesses, principalmente na regio da atual
Alemanha. Martinho Lutero e Joo Calvino so os precursores das reformas religiosas, embalados pelas
ideias renascentistas. A burguesia tambm responsvel pelas propostas reformistas, que desejavam maior
liberdade comercial para lucrar, prtica criticada pela Igreja Catlica, mesmo esta sendo muito rica desde o
final da idade mdia. O problema que o Homem desse tempo no existia sem uma religio. A burguesia
percebeu nas ideias reformista uma nova forma de praticar o cristianismo sem deixar de lado o lucro e o
enriquecimento.
Em 1517 Martinho Lutero publica suas 95 teses contra a Igreja Catlica e o Papado. Lutero era um monge
agostiniano e humanista, de base erasmiana (Erasmo de Roterd). Parte dos prncipes da Europa aderem s
ideias reformistas, visto que desejavam mais poder, com o Estado acima da Igreja. Os prncipes comearam a
criar ligas militares para defenderem as reformas religiosas. a Esmalcada a principal liga militar protestante,
que entrou em combate com o Sacro Imprio Romano-Germnico de Carlos V comandante da Liga Sagrada,
que s termina em 1555 com a Paz de Augsburgo, tendo como consequncia a possibilidade dos prncipes do
Imprio Romano Germnico de escolher para sua regio qual f crist seria cultuada no seu territrio.
Todavia, isso causou muitos problemas para os moradores dessas regies que eram seguidores de outras
ideologias crists, fato que causou uma grande migrao de famlias por toda Europa. Porm, possibilitou o
incio das mudanas na geopoltica de algumas regies da Europa Continental e da poltica internacional.
O SISTEMA DE ESTADOS MODERNOS
Aps a Paz de Augsburgo em 1555, a reforma protestante se consolida, principalmente nos principados do
Sacro Imprio Romano-Germnico, que sofre de problemas polticos h muito tempo com o processo de
centralizao do poder. Carlos V reconhecido como o maior lder desse perodo.
A Paz de Augsburgo reconhecida pela historiografia como uma breve trgua entre os reis catlicos e os
prncipes protestantes. Em 1618 comeou a Guerra dos 30 Anos, motivada por vrios acontecimentos mais
polticos que religiosos (rivalidades, sucesses dinsticas, territrios e comercial), sendo esta apenas o pano
de fundo desse processo. As lutas so travadas em sua maioria no territrio alemo. Foi uma guerra
extremamente cruel, no s para os capturados em batalha, vrias vilas foram barbaramente trucidadas
durante as campanhas.
Em 1648 a guerra termina com a celebrao da Paz de Vestflia. O resultado desse conflito foi a modificao
da geografia da Europa Continental, principalmente nos territrios pertencente Espanha e a Frana, que
disputavam a hegemonia poltica na Europa Continental, manipulando e influenciando conforme suas
convenincias alguns dos lados envolvidos. A Frana emerge como a nova grande potncia europeia, so
criadas as Repblicas da Holanda e Sua. Porm, para a Alemanha, a fragmentao de seu territrio
continuou, atrasando sua unificao.
Foi uma guerra que no s envolveu a Europa, mas, o Continente Americano, quase se tornando um conflito
mundial. Como o equilbrio do poder entre as naes europeias era frgil, existia uma disputa pelas
possesses de terras ultramarinas por parte de alguns pases europeus, como a Frana, que no aceitavam a
diviso geopoltica do mundo entre Portugal e Espanha por meio do Tratado de Tordesilhas. Um elemento
estranho envolvido nesse conflito foi Imprio Turco-Otomano, principalmente aps a queda de
Constantinopla em 1453, que desejava conquistar possesses de terras dentro do Continente Europeu,
conseguindo chegar s portas de Viena no ano de 1529, mas, durante o conflito viu seu territrio ser
invadido pelos Augsburgos.

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A diplomacia foi fundamental para o fim da guerra, o que contribuiu para uma nova mudana nas relaes
internacionais e polticas no continente europeu que passaram a respeitar a soberania dos reinos, os
prncipes poderiam escolher sua orientao religiosa. Todavia, mesmo sendo a religio o centro do conflito, o
poder poltico disputado por duas casas reais catlicas, os Augsburgos (Sacro Imprio Romano-Germnico)
e os Bourbons (Frana).
A Guerra dos 30 Anos possibilitou a formao das monarquias absolutistas de direito divino, ao final das
disputas, com a assinatura da Paz de Vestflia, foi criado um novo sistema de Estados, afirmando o conceito
de soberania, que comeam a se reconhecer como soberano os Estados, o que transformou o sistema
vestfaliano inquestionvel, que possibilitou o respeito ao direito de escolha da identidade religiosa, e
futuramente a poltica e econmica.
AS REVOLUES BURGUESAS
So chamadas de Revolues Burguesas os processos histricos protagonizados pela classe burguesa, ligada
ao comrcio e s finanas, e que foram fundamentais para que vrias sociedades europeias superassem o
sistema absolutista. Ao abandonar o feudalismo, os pases europeus passavam a se estruturar como estados
nacionais, governados por uma monarquia absolutista que detinha o controle sobre todas as suas fronteiras.
No sculo XVII, porm, este sistema de monarquia centralizadora comeava a entrar em colapso,
especialmente a partir do desenvolvimento de uma nova classe, a burguesia, responsvel pelas trocas
monetrias. Os burgueses logo entraram em choque com o sistema absolutista e os seus maiores
beneficiados, a nobreza em torno do soberano.
Os processos histricos que consolidam o poder econmico da burguesia, bem como sua ascenso ao poder
poltico ao longo dos sculos XVII e XVIII, apresentar a burguesia como uma classe social revolucionria,
destruindo a ordem feudal, consolidando o capitalismo e transformando o Estado para atender seus
interesses. As chamadas Revolues Burguesas foram: as Revolues Inglesas do sculo XVII (Puritana e
Gloriosa ), a Independncia dos EUA, a Revoluo Industrial e a Revoluo Francesa.
AS REVOLUES INGLESAS DE 1640 e 1689 PURITANA E GLORIOSA
J em 1640, durante a Revoluo Puritana, conflito ocorrido entre a monarquia de Carlos I e o Parlamento,
em funo do rei no aceitar a interveno poltica dos parlamentares, o rei passou a governar de forma
autoritria. O conflito termina com a priso e morte do rei, em seu lugar assume o Lorde Protetor Oliver
Cromwell, que instala uma repblica com tendncias anticatlicas e antianglicanas, governa de forma
autoritria, excluindo as camadas mais pobres das decises polticas. Durante seu governo os ingleses
perceberam que o mar seria o ponto de partida para transformar o pas numa grande potncia poltica e
econmica de grande hegemonia martima, dessa forma comeou a combater a Holanda, que tinha uma
grande frota mercantil e a monopolizar os mares.
Aps a morte de Cromwell, seu filho Richard o substituiu no Protetorado, porm, no tinha autoridade ou
legitimidade para sua permanncia no poder, carecia de apoio militar. Foi deposto em 1660 pelo Parlamento
eleito, e em seu lugar foi restaurado a monarquia por meio de Carlos II, filho de Carlos I que foi criado na
corte francesa. Substitudo em 1685 por seu irmo Jaime II, que no teve muita habilidade para administrar
os problemas polticos. Aproximou-se da Igreja Catlica e iniciou prticas que desagradou s elites
protestantes puritanas e anglicanas. Jaime II no cumpriu o rito da ausncia do preceito da
irresponsabilidade monrquica, que determinava a imparcialidade do rei sobre a poltica interna ou formar
laos polticos, tornando-se imparcial aos processos de Estado. O rei nomeou pessoas de sua confiana de
orientao catlica para cargos importantes de seu governo, fato que desagradou o Parlamento, o que fez
este desenvolver violenta oposio ao rei, por perceber neste prticas autoritrias. Em 1688 eclode uma
revolta que rapidamente substituiu Jaime II por seu genro Guilherme Henrique, casado com sua filha Maria

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Stuart. O Parlamento uma instituio que exerce fora e presso sobre a monarquia, tanto que obrigou
Guilherme I a assinar a Carta dos Direitos (Bill of Rights) em 1689, que limitava definitivamente o poder
monrquico.
Esses eventos trouxeram vrias modificaes polticas para a Inglaterra, que de certa forma foi responsvel
por influenciar decises por toda a Europa. Cromwell possibilitou uma nova insero da Inglaterra no sistema
econmico internacional. A Revoluo gloriosa depois James II e consolidou definitivamente o Parlamento
como fora poltica em lugar da legitimidade decisria, e a carta dos Diretos foi um documento precursor do
liberalismo poltico ingls, com reflexos no restante da Europa.
A INDEPENDNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMRICA - 4 DE JULHO DE 1776
O processo de independncia dos Estados Unidos comea bem antes, durante a poca da colonizao
daquele territrio, no sculo XVII. Entre os anos de 1756 e 1763 ocorreu a chamada Guerra dos 7 Anos, onde
a Inglaterra e a Frana lutaram pela posse dos territrios da Amrica do Norte e a Inglaterra venceu. Mas as
consequncias do territrio devastado pelas batalhas caram sobre os colonos que o habitavam,
principalmente os que moravam no norte: os colonos que ajudaram na guerra, reivindicaram algo em troca
por terem arriscado suas vidas e as de suas famlias, contudo, a Inglaterra no s os ignorou como aumentou
os impostos para se recuperarem mais rpido da guerra, j que o territrio havia sido afetado. E tambm
criou novas leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos, cheias de restries que desagradaram os
colonos.
Em 1774, os colonos fizeram um congresso (Primeiro Congresso da Filadlfia) em resposta ao que os ingleses
estavam fazendo, queriam o fim das leis e medidas restritivas. Mas o rei ingls George III no s recusou as
propostas do congresso, como adotou ainda mais medidas controladoras. J o Segundo Congresso da
Filadlfia, que ocorreu em 1776, tinha como objetivo maior a independncia dos Estados Unidos, que j no
aguentava a represso da Inglaterra. Foi durante este congresso que o famoso Thomas Jefferson escreveu a
Declarao de Independncia dos Estados Unidos da Amrica. Mais uma vez, a Inglaterra no aceitou aquilo,
s que os colonos continuaram com seus objetivos e declararam independncia (no famoso 4 de julho), o
que resultou na chamada Guerra da Independncia das Treze Colnias. Os Estados Unidos, apoiados pela
Frana (inimiga da Inglaterra) e Espanha, venceram essa guerra, que ocorreu entre 1776 e 1783.
Os Estados Unidos e sua independncia tiveram um grande significado poltico, pois conseguiram dar origem
primeira nao livre daquele continente. Em 1783, os Estados Unidos tiveram sua independncia
reconhecida pela Inglaterra. Eles adotaram um sistema poltico republicano e federalista. A Constituio dos
Estados Unidos ficou pronta em 1787. Ela possua fortes caractersticas do Iluminismo. Nela, garantia-se a
propriedade privada (para o interesse da burguesia), estava mantida a escravido e defendia-se os direitos e
garantias individuais do cidado estadunidense.
A REVOLUO INDUSTRIAL
Foi um conjunto de mudanas que aconteceram na Europa nos sculos XVIII e XIX. A principal particularidade
dessa revoluo foi a substituio do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das mquinas. A
Inglaterra foi precursora na Revoluo Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica
burguesia, o fato do pas possuir a mais importante zona de livre comrcio da Europa, o xodo rural e a
localizao privilegiada junto ao mar o que facilitava a explorao dos mercados ultramarinos. A revoluo
industrial formada por trs fases, a primeira ficou quase que restrita a Inglaterra a partir de 1760. A
segundo a partir de 1860 comeou a envolver outros pases da Europa como Alemanha, Frana, Rssia e
Itlia. A terceira fase tm considerado os avanos tecnolgicos do sculo XX e XXI.

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A REVOLUO FRANCESA DE 1789

Grande smbolo divisor de guas reconhecida como o marco que encerrou a Idade Moderna. Uma
revoluo de caractersticas burguesas, reflexo de sua politizao ao longo dos anos, principalmente a partir
das ideias liberais, que pregava a no interferncia do Estado na vida poltica, econmica e social, e ainda,
limitava o poder do Estado. O liberalismo se tornou a ideologia das burguesias desejosa da no interferncia
do Estado na economia, outro fator importante para a deflagrao da revoluo, um processo histrico que
atingiu seu pice em 1789, composta de diferentes fases.
FASE DA MONARQUIA CONSTITUCIONAL -1789 a 1792
A Frana passava por srias dificuldades econmicas, fruto de anos de m administrao econmica, guerras
e gastos exorbitantes com a luxria real e da nobreza. Lus XVI, rei da Frana nesse perodo, se v obrigado a
convocar os Estados Gerais, para discutir a poltica de cobrana de impostos. Os Estados Gerais eram
divididos em Primeiro Estado a nobreza, o Segundo Estado o Clero e o Terceiro Estado o restante da
populao. O problema que s o Terceiro Estado era obrigado a pagava impostos. Durante a reunio no
foi possvel se chegar a um acordo, o Terceiro Estado se retira e se autoproclama Assembleia Nacional
Constituinte, o embrio da Revoluo Francesa, que estava determinada a criar uma Constituio e
transformar a monarquia absolutista em monarquia constitucional. O rei e a nobreza no reconhece a
Assembleia Nacional Constituinte, que rapidamente monta uma milcia, toma a Bastilha, invade o Palcio de
Versalhes acompanhados por uma procisso de mulheres que prende o rei e a famlia real e os levam para o
Palcio das Tulherias, local onde Lus, ajudado por asseclas, planejou uma fuga para a regio de verennes (a
fuga de verennes), porm, a famlia real reconhecida e presa no meio do caminho. Lus XVI novamente
preso, julgado pela Assembleia Nacional Constituinte declarado culpado de traio e guilhotinado. Essa
fase marcada por muitas presses internacionais dos pases monrquicos, que tinham receio de suas
populaes se insurgirem em funo da declarao dos direitos dos homens na Frana.
FASE DO TERROR OU DA CONVENO 1792 a 1794
Aps a morte do rei em 1793 se instala na Frana a fase conhecida como terror. A Conveno Republicana
tinha o interesse de elaborar uma nova Constituio, garantindo uma maior participao popular na
administrao do Estado, alm de impedir o retorno de uma monarquia absoluta. Nesse perodo houve o
aparecimento de divergncias polticas internas, o que resultou na diviso entre girondinos, jacobinos e a
plancie. Com a consolidao da Repblica, foi inaugurado um novo calendrio, tendo o ano de 1792 como o
ano I. Atravs do perodo do Terror, subiram ao poder os jacobinos liderados por Robespierre. A nova
Constituio entrou em vigor, garantindo o voto a todos os homens maiores de 21 anos. Muitos problemas
internos e conflitos foram responsveis pela morte de centenas de pessoas, inimigos do sistema e at
aliados, so mortas por suposta oposio nova ordem poltica. No final, at os lderes da conveno so
executados, primeiro Danton, a mando de Robespierre, que logo depois morto.
FASE DO DIRETRIO 1794 A 1799
A queda dos jacobinos representou a subida ao poder da alta burguesia. O Diretrio era composto por cinco
membros, e existiam ainda duas assembleias: a dos Ancios e a dos Quinhentos. Essa fase representou o
fortalecimento da burguesia e a volta de alguns privilgios, como o voto censitrio e o fim das leis sociais do
perodo anterior. As disputas internas e as guerras externas criaram as condies para o fortalecimento do
exrcito e de um dos seus principais generais, Napoleo Bonaparte.
FASE DO CONSULADO 1799 A 1804
Fruto de um Golpe de Estado, acolhido pela prpria Assembleia Nacional, que acreditava que o Diretrio era
fraco. O Consulado responsvel pela consolidao das instituies liberais buscou alcanar o equilbrio entre

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as conquistas militares e questes que afligiam internamente a Frana. No plano econmico a primeira
medida consistiu na criao de um banco nacional (Banco da Frana) que deveria controlar a emisso de
moeda e financiar os negcios da burguesia. Dessa forma, o projeto industrialista francs contaria com a
participao direta do Estado.
A centralizao poltica observada no perodo deu poderes para que Bonaparte controlasse o pas de
maneira absoluta. No plano educacional estipulou que o ensino seria uma obrigao a ser cumprida pelo
Estado. Diversos internatos escolares, chamados liceus, foram criados nessa poca. Alm disso, instituies
de ensino superior foram criadas para suprir a demanda por funcionrios pblicos e oficiais do Exrcito.
No ano de 1804 foi criado o Cdigo Civil Napolenico. Nele, todos os anseios da burguesia foram garantidos
por meio da defesa do direito a propriedade. Em mbitos mais gerais, a nova constituio ainda defendeu o
principio de igualdade e liberdade a todos os cidados franceses. Nas colnias, o pacto colonial fora
restabelecido visando claramente fomentar o desenvolvimento da economia francesa.
Um dos mais importantes pontos da constituio, no entanto, tratava do poder designado a Napoleo
Bonaparte. De acordo com a nova lei, ele passou a ser considerado cnsul vitalcio. Com tal medida, abriramse portas para que Bonaparte assumisse poderes de imperador. Naquele mesmo ano foi feito um plebiscito
que o promoveu ao cargo de imperador com o ttulo de Napoleo I.

O ABSOLUTISMO, A REVOLUO CIENTFICA E O ILUMINISMO

O ABSOLUTISMO EUROPEU SCULOS XIV AO XVIII
Na idade mdia o poder poltico era parcelarizado, no se reconhecia grandes centros de poder, era a
fragmentao medieval, no havia como reconhecer o a centralizao do poder, como aconteceria na idade
moderna, por meio do absolutismo monrquico de direito divino. A legitimidade e o poder poltico se
diferenciam no medievo, fundamentados numa lgica fiduciria, que dificultava a centralizao do poder nas
mos dos reis.
O absolutismo comea a se formar em 1385, com a Revoluo de Avis, o renascimento das cidades e do
comrcio, processo que se formou gradualmente, com ajuda da classe burguesa, que financiou os reis para
que esses pudessem consolidar o poder em suas mos, processo esse que se consolida no sculo XVII,
modificando as relaes dos Estados Europeus nas relaes internacionais.
O poder absoluto dos reis europeus no pode ser entendido como se ele fosse o controlador supremo do
Estado, existe entorno dele uma aristocracia que o ajuda a governar. Alm desse fator, existia a necessidade
de negociar com outros setores da sociedade as polticas de Estado, mesmo que essas negociaes no
fossem relativamente equilibradas, mas, existiam. O centro sempre negociava com a periferia, existiam os
ouvidores, as intendncias e a magistratura, que mesmo de forma assimtrica se relacionava com o poder
central, todavia, existia um espao para que a sociedade revindicasse suas necessidades, que poderiam ser
atendidas dentro da disponibilidade dos monarcas. Dentro desse processo a prpria nobreza negocia e
revindica com os reis por mais poder poltico.
O sistema absolutista proporciona ao rei possuir dois corpos, um fsico e outro institucional, que representa
o prprio Estado, concentrando em torno de si todas as instncias polticas, jurdicas e administrativas.
Contudo essa apropriao de poder desagrada principalmente nobreza, que h muito tempo desejava
maiores poderes polticos, fato que iniciou o processo de transformar as monarquias absolutas em uma
monarquia constitucional, movimento esse consolidado no sculo XIX.

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A REVOLUO CIENTIFICA DO SCULO XVII

Foi um movimento de grande euforia experimental, que mudou a forma de se pensar a cincia. Influenciou o
Iluminismo do sculo XVIII e o cientificismo do sculo XIX. Criou trs grandes paradigmas existentes at
nossos dias: o Racionalismo Cartesiano, o Empirismo de Locke e a Fsica Newtoniana.
Principais nomes: Ren Descartes; Issac Newton; Galileu Galilei; Francis Bacon; Nicolau Coprnico, Louis
Paster, Francesco Redi e Blaise Pascal, entre outros.
O ILUMINISMO
Movimento intelectual do sculo XVIII na Europa, que defendeu o uso da razo contra o antigo regime, que
era visto como trevas. Pregava maior liberdade, principalmente econmica e poltica, fato que deu origem ao
liberalismo econmico e poltico. O Iluminismo provocou mudanas polticas, econmicas e sociais por toda
Europa. Baseados no ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, lema que seria utilizado pela Revoluo
Francesa de 1789.
A grande caracterstica do Iluminismo ou Ilustrao foi a promoo das ideias russonianas de vontade geral,
alm de pensar a diviso do poder do Estado em trs esferas: Executiva; Legislativa e Judiciria, legitimando
mais tarde o sistema representativo e constitutivo. Immanuel Kant afirmou que o Iluminismo seria a sada do
Homem da menoridade, se encaminhando para lutar a favor de seus direitos. O Iluminismo propes a
desconstruo da ordem poltica moderna, fruto da Revoluo Cientfica que foi responsvel por criar um
ambiente intelectual especulativo e questionador, que no sculo XVIII se transformou nas propostas
Iluministas para a sociedade.
O PENSAMENTO POLTICO ILUMINISTA
Causou grande espanto por suas ideias inovadoras, que no reconhecia mais o poder monrquico de direito
divino, o que forou algumas monarquias da Europa a promover reformas em suas administraes e polticas
pblicas, motivadas pelo receito de revoltas internas. Esses monarcas ficaram conhecidos como Dspotas
Esclarecidos, visto que comearam a aplicar algumas prticas Iluministas em seus reinos, principalmente no
campo da economia, surgiu o liberalismo econmico na Europa.
O Iluminismo no desenvolveu uma crtica somente s monarquias europeias, o Papado foi fortemente
criticado, todavia, precisamos entender que o movimento no anticristo, mas, anticlerical, visto que
apresentava uma para as sociedades europeias vrias propostas de reforma.
Principais nomes do Iluminismo: Volter, dAlembert, Diderot, Immanuel Kant, Montesquieu, John Locke,
Russo e David Hume, entre outros.
Principais dspotas esclarecidos: Catarina II da Rssia; Jose II da ustria; Frederico II da Prssia e o Marques
de Pombal.
MERCANTILISMO E A COLONIZAO
O MERCANTILISMO
Muitos se perguntam se o mercantilismo uma transio ou um modo de produo? Atualmente podemos
entender esse processo como possuidor de um modo de produo prprio e no apenas como uma transio
entre o modo de produo feudal e o capitalismo. O mercantilismo marca o incio da economia mundo,
embalado pelas mudanas ocorridas na geopoltica da Europa e de seus movimentos polticos e culturais,
que mudaram as relaes de poder poltico e econmicos praticamente no mundo. Para muitos, o incio da
globalizao, criado a partir do macrossistema europeu ligado a expanso martima. O mercantilismo

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atravessado pela ideia de transio, mas possuidora de caractersticas e ideias prprias, que passa pelo
renascimento urbano, comercial e a ascenso da burguesia, que construram prticas protocapitalistas.
Mesmo atravessado por prticas feudais e ao mesmo tempo apontar para uma futura ordem liberal
capitalista, o mercantilismo pode ser compreendido concretamente como um modo de produo de
aspectos prprios e diosincrasias, como o monopolismo, comercialismo e colonialismo.
A COLONIZAO
A principal marca dos Estados Modernos no mercantilismo a interveno poltica na economia, e a criao
de novas prticas econmicas. Com a descoberta de novas terras, a partir de 1492, inicia-se i o processo de
colonizao por parte da Espanha e Portugal, que dividiram geopoliticamente o mundo por meio do Tratado
de Tordesilhas, no qual o colonialismo faria parte das prticas mercantilistas atravs da criao do pacto
colonial, um sistema altamente lucrativo. Neste sistema o metalismo se transformou em um padro para
medir a riqueza de uma Nao, fato que colocou a Espanha como a maior potncia metalista do sculo XVI. A
Holanda, outra grande potncia mercantil, todavia, de ordem comercial e industrial, visto que no possua
grande expresso de terras coloniais ultramarinhas. Esse sistema entra em colapso a partir do sculo XVIII,
motivado por movimentos como o Iluminismo, a guerra de sucesso na Espanha, a Independncia dos
Estados Unidos, a Revoluo Industrial e a expanso napolenica, fatores responsveis pelo desmonte do
sistema colonial mercantil, e como consequncia as revoltas e revolues por emancipao no sculo XIX.
A ERA NAPOLENICA 1801 A 1815
A era napolenica foi responsvel por mudanas na geopoltica da Europa Continental e nas Amricas. O
processo de hegemonia da Frana inicia-se com a tentativa de isolar a Inglaterra da Europa Continental, fato
conhecido como o Bloqueio Continental, uma tentativa do governo francs de diminuir a hegemonia da
Inglaterra. Esse movimento um legado do movimento republica francs de 1789 e o reconhecimento da
Inglaterra como potncia econmica.
A Frana sempre lutou por sua hegemonia como a grande nao no Continente Europeu, fato que representa
para a histria do sistema internacional, um processo contnuo da busca por afirmao como a grande
potncia econmica da Europa, e durante a era moderna, em outras partes do mundo, muito anterior a
Napoleo Bonaparte, contudo, o legado da Revoluo Francesa se consolida no perodo napolenico, que
comeou a mudar a agenda poltica do pas, mais preocupada com os problemas internos, passando para
uma agenda que via na geopoltica externa, um caminho para a consolidao da Frana como a grande
potncia europeia. J em 1798 a Frana invade o Egito.
A Ascenso de Napoleo Bonaparte ao poder, inicia-se com o golpe de 18 de Brumrio de 1789, quando
dissolve o Diretrio e cria em seu lugar o Consulado, acompanhado de Roger Ducos e Emmanuel Joseph
Sieys. Em 1804 Napoleo dissolve o Consulado e proclama a si mesmo imperador, passando a ser
denominado de Napoleo I. Esse perodo um momento paradoxal da histria francesa, marcado pela
hegemonia internacional do pas e por uma poltica de unidade interna, fundamentada na institucionalizao
das ideias da Revoluo Francesa. O cdigo napolenico, a emancipao dos protestantes e judeus, so
exemplos da ordem liberal napolenica.
Aps assumir o poder como imperador, Napoleo comea a costurar alianas para consolidar ainda mais seu
governo. Reata laos com a Igreja Catlica, relaes essas abaladas durante a Revoluo Francesa. Esse
processo ficou conhecido como Concordata. Procura se aproximar da ustria , casa-se com Maria Luiza da
ustria, fato que tem por finalidade minimizar os problemas ocorridos na Revoluo, como a decapitao de
Maria Antonieta, Duquesa da ustria e esposa de Lus XVI. Prove aes que favorecem a burguesia francesa,
que mais tarde seria reconhecida como a mais liberal entre os anos de 1830 e 1848. Napoleo desenvolve
prticas econmicas que fortalecem o comercialismo interno.
Alm de tentar melhorar as prticas polticas internas e externas, Napoleo promoveu o desenvolvimento do
capitalismo industrial francs, o que no representa a Revoluo Industrial Francesa, ocorrida s em 1830,
mas, constri as bases desse processo. Comea tambm um profundo controle ideolgico, so criadas
escolas pblicas, internatos e escolas de ofcios, tudo sobre o controle do Estado. O cdigo civil napolenico
e outra produo desse perodo que reforou os iderios da Revoluo Francesa e o liberalismo, nesse,
enfatiza as liberdades ideolgicas e filosficas, os direitos civis, a igualdade jurdica, a propriedade privada e

CARLOS DAUMAS ESTCIO LICENCIATURA EM HISTRIA - 4 SEMESTRE DE 2015

o princpio da laicidade do Estado. O cdigo civil napolenico considerado uma brilhante pea da histria
do Direito. Contudo, no podemos achar que nesse perodo se vivia na Frana sobre um mar de rosas, outros
problemas polticos e sociais no foram saneados por Napoleo, e uma parcela da burguesia e algumas elites
no estavam confortveis com o autoritarismo do imperador, principalmente aos fatos relacionados a
poltica externa, considerada extremamente agressiva.
Napoleo Bonaparte desejava redesenhar a poltica internacional, para atingir seu objetivo, colocou em
prtica o bloqueio continental, que tinha por finalidade isolar a Inglaterra do Continente Europeu, porm,
essa poltica napolenica foi responsvel por fazer a Inglaterra voltar sua poltica expansionista para o Mar, e
como consequncia, uma avalanche de situaes motivadas pelo iderio liberal. A Corte Portuguesa
obrigada a transferir a sede do Governo para o Brasil, que logo aps transformou a colnia brasileira em
Reino Unido, fato que desagradou a burguesia mercantil portuguesa, que reage deflagrando em 1820 a
Revoluo do Porto, que desejava o retorno da famlia real para Portugal, a volta do Brasil a condio de
colnia e a reafirmao do pacto colonial, processo que levou o Brasil a se libertar de Portugal em 1822, ano
da proclamao da independncia. Vrias colnias nas Amricas comearam a se insurgir contra suas
metrpoles, principalmente contra a Espanha, a maior detentora de colnias nas Amricas. O caso da
desconstruo das colnias est associado dependncia delas dos pases europeus, isolados pela Frana
napolenica.
Ao final do ano de 1815 o imprio napolenico chega ao fim, a dinastia de Bourbon foi restaurada na Frana
por meio de Lus XVIII. A Inglaterra emergiu no final do conflito como a grande potncia europeia e construiu
aquilo que ficou conhecido como a Pax Britnica, passando a ser o novo poder hegemnico na geopoltica
internacional do sculo XIX.

HISTRIA POLTICA E DAS RELAES INTERNACIONAL DA EUROPA DO SCULO XIX

A passagem do sculo XVIII para o sculo XIX inaugura o que, convencionalmente, se denomina de histria
contempornea. Depois de quase quatro sculos de acumulao de capital, de comrcio colonial, de
sucessivas guerras hegemnicas e contra-hegemnicas, da desestruturao do feudalismo, da expanso da
linguagem escrita e do ensino, da lenta conquista e subjugao de outras civilizaes, a Europa teve de
enfrentar uma profunda transformao de seu processo histrico, que reafirmava tendncias anteriores.
Assim, o desenvolvimento da burguesia desencadeou as duas grandes revolues, a Francesa e a Industrial,
que marcaram o incio de uma nova era. Entretanto, a vitria da burguesia trazia consigo tambm diversas
contradies. A ideologia libertadora, impulsionada pelo iluminismo liberal, impulsionou a radicalizao do
pensamento e da prtica social. Assim, o sculo XIX conviveu com novas e velhas tendncias, que disputavam
a hegemonia da Europa, como chave para a hegemonia do mundo. Liberalismo, feudalismo, socialismo,
comunismo, anarquismo, racionalismo, positivismo e romantismo foram algumas das expresses da Europa
em transformao.
O imprio de Napoleo mudou as estruturas sociais da Europa Ocidental e de muitas das da Europa Central,
e alterou permanentemente as ideias dos homens sobre o que era desejvel ou atingvel. A reconstruo da
Europa aps a era napolenica partiu dos entendimentos entre Rssia e Inglaterra, e convinha aos dois
Estados restabelecer a ustria e a Prssia como grandes potncias independentes, nominalmente iguais a
eles prprios. Eles haviam entendido as vantagens da ordem e da tranquilidade que o imprio de Napoleo
havia trazido s grandes reas da Europa que ele havia controlado. A contradoutrina da legitimidade
dinstica e o desejo prtico de administrar o sistema pareceram aos estadistas, em Viena, justificar
igualmente as intervenes ideolgicas para reprimir tentativas revolucionrias de tomar o poder em
qualquer Estado. Durante o sculo XIX, a nao comeou a ser aceita como unidade poltica bsica, e outras
formas de identidade e lealdade tiveram de acomodar-se. A prpria definio da democracia procurava
legitimar a nao. A guerra no seria mais feita por mercenrios contratados pelas unidades dinsticas, mas
pelo recrutamento do cidado.
At 1815, a luta pela supremacia mundial entre duas grandes potncias, Frana e Inglaterra, dominou o
sistema interestatal europeu. O grande conflito culminou com a vitria da Inglaterra, j que a proposta

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hegemnica francesa alterou o cenrio europeu e era potencialmente desestabilizadora, ao incentivar a
participao popular e a mobilizao. Assim, a Inglaterra liderou a aliana de foras primordialmente
dinsticas e conservadoras; contudo, como uma potencia liberal do ponto de vista econmico, tentou moldar
o mundo a sua imagem. Mas a Inglaterra fez mais, criando o imperialismo de livre comrcio, um sistema
mundial de governo que se expandiu e suplantou ou sistema construdo nos tratados de Vestflia.
Aps o grande ciclo de guerras e conflitos, o sistema europeu construdo no congresso de Viena era
basicamente conservador, mas tinha a flexibilidade suficiente para tentar acomodar as novas foras polticas
e sociais que surgiam, dentro e fora dos Estados nacionais. Formou-se uma sociedade europeia, com regras,
valores e princpios comuns, como a legitimidade, a restaurao, o nacionalismo, a soberania, que regularia
as relaes entre os pases. A Europa aparecia, assim, em relao ao resto do mundo, como uma unidade, e
assim se apresentariam para colonizar a frica e a sia, numa tentativa de recuperar o espao perdido na
Amrica Latina, agora formalmente independente. O sculo XIX foi o sculo da hegemonia inglesa, tanto
quanto foi o sculo do concerto europeu, da formao da sociedade europeia. Os ideais de progresso e
desenvolvimento fortaleceram a crena de que o mundo estava em rpida transformao e que a Europa do
sculo XIX estava no pice do processo civilizatrio. A dupla revoluo significou dois movimentos da
revoluo burguesa, que se alimentavam mutua- mente, ao conquistar o Estado e dominar os meios de
produo. Entretanto, a modernizao constituiu novas foras sociais, que seriam os novos atores polticos
nas prximas dcadas.
A Revoluo Industrial era a contrapartida econmica da dupla revoluo que estava ocorrendo no final do
sculo XVIII e que marcaria a poltica e a economia mundial at o tempo presente. Entre as consequncias da
Revoluo Industrial, figura a formao de um mercado de massa. A revoluo industrial tambm criou uma
indstria de carvo, o desenvolvimento das ferrovias e a expanso do capital. As ferrovias seriam o principal
ponto de investimento capitalista nos outros continentes. Entre os resultados da Revoluo Industrial, podese verificar tambm a subordinao das diferentes formaes sociais dinmica capitalista, aumento da
produo, estmulo comercial, urbanizao, aumento populacional, diviso tcnica do trabalho,
proletarizao e assalariamento da fora de trabalho, maquinizao da produo, concentrao industrial,
nova configurao social, acirramento da luta de classes, mundializao da economia, surgimento dos
monoplios e a corrida imperialista.