Hayes - Texto ACT 1987
Hayes - Texto ACT 1987
Hayes - Texto ACT 1987
Traduo Experimental:
Adriana C. B. Barcellos
Vernica Bender Haydu
organismos verbais so muitos diferentes dos no verbais. Esta uma razo pela qual,
muitos terapeutas comportamentais se tornaram cognitivistas. Em minha opinio este
o problema certo, mas a soluo errada.
BEHAVIORISMO RADICAL
A essncia do behaviorismo radical pode ser resumida em quatro palavras:
contextualismo, monismo, funcionalismo e antimentalismo. Esta no , obviamente, a
ocasio adequada para nos envolvermos em uma discusso prolongada acerca do
behaviorismo radical, mas, felizmente, para os nossos propsitos presentes, podemos
focalizar somente uns aspectos da natureza do comportamento e da causalidade dentro
da anlise do comportamento e, ento, aplicar isto ao possvel papel que os pensamentos
teriam na ao humana.
O QUE A CINCIA PODE ESTUDAR?
comum, em nossa linguagem do dia-a-dia, distinguir comportamentos de
pensamentos, sentimentos, intenes, etc. Todo o comportamento cognitivocomportamental baseava-se, originariamente, nesta distino. Se a terapia do
comportamento trata o comportamento, ento surge a questo que necessitamos de
alguma maneira de tratar tambm os pensamentos. Mesmo o ttulo deste livro baseia-se
na distino entre comportamento e cognio.
Para entender o contexto histrico desta distino em Psicologia, til distinguir
quatro perspectivas: o behaviorismo metafsico Watsoniano, o behaviorismo
metodolgico Watsoniano, o behaviorismo metodolgico contemporneo e o
behaviorismo radical. Como Skinner destacou (Skinner, 1969) Watson criou diversos
problemas extensos para o behaviorismo devido s perspectivas filosficas que adotou.
Elas foram teis na poca, mas faz-se necessrio avanar. A maioria dos psiclogos
avanou, mas, infelizmente, eles assumiram, com frequncia, perspectivas filosficas
ainda mais deficientes. Nesse nterim, a palavra behaviorismo reteve muito do
tempero dessas posies iniciais.
Watson, reagindo aos fundamentos do introspeccionismo, disse duas coisas: (1)
que os eventos observveis no pblicos no existem, e (2) que tudo que a Cincia pode
estudar, de qualquer maneira, so os eventos pblicos, observveis. A primeira posio
pode ser chamada o behaviorismo metafsico Watsoniano. Realmente, uma leitura
simptica e cuidadosa de Watson no leva a interpret-lo como tendo assumido tal
posio, mas foi amplamente entendido que ele de fato assumiu. obviamente uma
posio que a maioria das pessoas rejeitar desde que a realidade de nossos prprios
sentimentos dificilmente pode ser negada. A segunda posio proporcionou os
fundamentos do behaviorismo metodolgico, uma posio que influenciou
profundamente a psicologia americana durante este sculo. Basicamente esta posio
indica que existe uma distino a ser feita entre os pensamentos, sentimentos e outros
eventos privados, por um lado, e comportamento e outros eventos observveis
publicamente, por outro. De acordo com esta posio, s os eventos publicamente
diferentes em virtude de sua natureza privada. Eles podem ter propriedades especiais
porque so verbais, mas eles ainda so comportamento.
Em resumo, o behaviorismo metafsico Watsoniano monista, mas exclui o
mundo privado da considerao por direito prprio (intrnseco). O behaviorismo
metodolgico (em ambas as variedades) implicitamente dualista. O behaviorismo
radical monista, mas inclui o mundo da experincia privada. Nota-se que desde a
perspectiva do behaviorismo radical, a distino entre o fsico e o mental falsa. A
distino entre o pblico e o privado uma distino real, mas no tem nenhuma
relao com a dicotomia mental-fsico e no , em absoluto, o mesmo que a distino
entre o subjetivo e o objetivo. bem possvel, por exemplo, fazer anlises objetivas da
experincia privada ou anlises subjetivas (e, em consequncia, no validas do ponto de
vista cientfico) de eventos publicamente observveis.
CAUSALIDADE E A ANLISE DO COMPORTAMENTO
Se os behavioristas radicais consideram os pensamentos como comportamentos,
por que eles frequentemente fazem objees aos tipos de anlises to populares na
literatura cognitivo-comportamental? O problema no com o fenmeno que est sendo
estudado, mas com (1) o dualismo implcito inerente maioria das abordagens
cientificas, e (2) com os tipos de anlises realizadas (Hayes & Brownstein, 1986a,
1986b).
O behaviorismo radical adota o contextualismo, o pragmatismo e o
funcionalismo. Entre outras coisas, isto significa que o comportamento somente pode
ser entendido no contexto. Literalmente, o comportamento pode no fazer sentido suas
unidades de anlises podem at mesmo no serem conhecidas a menos que seja
entendido o contexto no qual o comportamento acontece. Contexto somente uma outra
palavra para designar as contingncias de reforamento, sobrevivncia e evoluo
cultural. As contingncias simplesmente descrevem a relao funcional do
comportamento com os eventos no espao e tempo que precedem e seguem o
comportamento durante a vida do indivduo (reforamento), durante a vida das espcies
(sobrevivncia) ou durante a vida de um grupo cultural (evoluo cultural). Assim, uma
anlise comportamental estar ligada tarefa da anlise de contingncias. Esta a razo
pela qual a concordncia pblica no um requerimento de observaes cientificamente
vlidas, dentro de uma anlise comportamental radical. Mesmo o comportamento dos
cientistas esta sujeito anlise de contingncias. Uma observao cientificamente vlida
acontece quando as contingncias que controlam a observao estabelecem o controle
pelos estmulos ambientais descritos na observao (Skinner, 1945). Pode-se chegar a
uma concordncia pblica acerca de determinados eventos, mas, mesmo assim, essa
observao pode no ser vlida, como quando uns grupos de adolescentes concordam
erroneamente que um estranho que entreviram , realmente um astro de rock muito
conhecido. Inversamente, os eventos podem ser privados, mas vlidos, como quando
um marinheiro experiente faz anotaes dirias e cuidadosas acerca da diminuio do
suprimento de gua disponvel. Em poucas palavras, as observaes so cientificamente
contingncias) que uma forma de comportamento se relaciona outra. Tudo que tenho
dito at aqui tem sido dito simplesmente para justificar a sensibilidade comportamental
deste ponto. Como tentarei mostrar, isto pode fazer uma diferena enorme na maneira
como enfocamos a terapia.
PRINCPIOS COMPORTAMENTAIS RELEVANTES PARA
O CONTROLE COGNITIVO
No uma anlise comportamental adequada dos pensamentos, simplesmente
falar, de uma maneira geral, que os pensamentos so comportamentos. Por que, alm da
questo da privacidade, dada tanta ateno aos pensamentos, sentimentos, atitudes,
intenes, propsitos, planos, etc.? Uma das principais possibilidades que estes
comportamentos so todos, at certo ponto, verbais. Examinando cada uma das palavras
acima citadas podemos ver que, com a possvel exceo dos sentimentos (e termina no
sendo uma exceo), cada um desses termos acrescenta pouco, a menos que pensemos
sobre eles como acontecendo em um organismo verbal. Suponhamos, por exemplo, que
uma pessoa diga tenho um plano. Que lhe pedido para explicar o plano, diz: No
posso, porque no tenho idia de qual seja o plano. Isto pareceria muito estranho.
Quando os humanos verbais tm planos, intenes ou pensamentos, etc., esperamos que
eles tenham estes comportamentos de uma maneira verbalmente sensvel.
Consideremos, ento, a possibilidade de que o controle cognitivo seja realmente uma
questo de controle verbal.
Por que seria o controle verbal diferente de qualquer outro tipo de controle? De
acordo com Skinner, todo o comportamento , em ltima instncia, modelado pelas
contingncias, mas diz-se que um importante subconjunto de comportamentos
governado por regras (1966,1969). Uma regra, para Skinner, um estmulo
especificador de contingncias. Acredito que deveramos definir uma regra como um
estmulo verbal especificador de contingncias. O que eu quero dizer como verbal
ser discutido brevemente. Skinner (1969, p.140) prov um exemplo interessante de
comportamento governado por regras. Um jogador move-se para pegar uma bola.
Seguindo sua trajetria, ele move-se por baixo dela e pega-a com sua luva. O jogador
tem feito isto centenas ou milhares de vezes. Seu comportamento presumivelmente
modelado amplamente pelas contingncias em sua maior parte isto , o movimento
em direo bola controlado pela posio e trajetria da mesma, e pela histria do
jogador de pegar bolas sob situaes similares. Um cachorro pode facilmente adquirir o
mesmo comportamento quase da mesma maneira (por exemplo, ao pegar um biscoito).
Consideremos agora o comportamento de um capito que est movendo seu barco para
pegar um satlite cadente. A trajetria do objeto que cai analisada em detalhes.
Modelos matemticos que levam em conta uma srie de fatores, tais como, a velocidade
do vento so consultados. O lugar do impacto predito com base nestas regras verbais,
e ento especificado. Se as regras so adequadas e se so seguidas cuidadosa e
corretamente, o satlite ser apanhado no devido aos sucessos passados do capito do
barco na reao s trajetrias dos satlites, seno devido a seu sucesso passado em
seguir as regras e a adequao da prpria regra.
De inicio pode parecer que as regras, uma vez que so estmulos, devem operar
atravs de processos de controle de estmulos identificados no laboratrio com animais.
Skinner foi consideravelmente insistente em relao a que o controle verbal sobre o
ouvinte no verbal em si mesmo porque simplesmente uma questo de controle
discriminativo (1957). No h nada na Terapia Comportamental, porm, que torne
necessria tal soluo. Trinta anos atrs, isso parecia bastante plausvel, mas evidncias
mais recentes sugerem que o controle verbal tem propriedades que so difceis de
extrapolar a partir do controle discriminativo, como tem sido visto no laboratrio com
infra-humanos. H um crescente corpo de evidncias que indicam que diferentes
processos ocorrem no controle de estmulos em humanos. O sentido que os no
behavioristas tm dado, h muito tempo, de que os processos comportamentais que
influenciam os humanos so diferentes daqueles que influenciam os infra-humanos,
podem vir a ser considerados corretos somente quanto ao grau de influncia envolvido.
Paradoxalmente, a teoria do comportamento pode ser melhor posicionada para estudar
as diferenas exatas entre o desempenho humano e infra-humano, precisamente porque
ela tem seguido um enfoque indutivo do comportamento humano, enfatizando sua
continuidade com o comportamento infra-humano.
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Quando os problemas so examinados, fica claro que o cliente acredita que seus
problemas so certos comportamentos privados: pensamentos, sentimentos, atitudes,
crenas, lembranas, etc. Por exemplo, ele poderia dizer que est deprimido, ansioso,
aborrecido, ou bravo. Ele tambm poderia dizer que acredita nas coisas erradas ou no
consegue acreditar nas coisas certas ele poderia, por exemplo, acreditar que ele no
bom, ou no consegue confiar nos outros. Usualmente, se o terapeuta o testa, descobrir
que o cliente sente que estas coisas so mais devido a outros efeitos que parece ter. A
pessoa ansiosa pode acreditar que sua ansiedade est causando comportamentos de
esquiva, e a pessoa deprimida que a depresso est causando isolamento social ou falta
de atividade. O obsessivo-compulsivo pode sentir que as obsesses esto levando-o a
rituais sem sentido ou a uma inabilidade para concentrar-se em outras coisas. O marido
ciumento pode sentir que seu cime o est levando a brigar. somente sobre clientes
deste tipo que eu planejo discutir neste captulo, mas isto no representa uma restrio
importante, porque qualquer terapeuta clnico ver rapidamente que a grande maioria
dos adultos que so pacientes externos voluntrios podem ser includos nesta definio.
O SISTEMA
Quando os clientes chegam terapia eles trazem um excesso de bagagem com
eles. Eles no s tm problemas, eles tm lutado com seus problemas, acreditam que
seus problemas so causados por isto ou por aquilo, acreditam que o que eles tm que
fazer para resolver seus problemas uma coisa ou outra, ou acreditam que seus
problemas so insolveis. Estas aes e crenas originaram-se em uma comunidade
scio-verbal que, indubitavelmente contribuiu para que elas surgissem. Ao falar com os
clientes eu gosto de chamar este contexto todo de o sistema no qual seus problemas
esto sendo mantidos. Lembremos que em uma perspectiva comportamental, os
comportamentos devem ser analisados no contexto. O sistema aponta um aspecto
importante do contexto no qual os problemas dos clientes acontecem: os contextos
lgicos da comunidade scio-verbal.
Este sistema pode muito bem ser expresso como um silogismo lgico. No quero
dizer que os clientes realmente reconhecem a lgica disto mais implcito que
explcito - mas simplesmente que o silogismo expressa a essncia da questo.
Realmente, eu uso este silogismo na terapia, mas no no incio. Estou colocando-o no
incio agora para estabelecer um contexto intelectual para o captulo.
O primeiro aspecto do silogismo que TODO COMPORTAMENTO
CAUSADO. Apesar do fato de que a maioria dos clientes no determinista eles de
posicionariam dessa maneira e sua presena na terapia sugere que, pelo menos at certo
ponto, eles acreditam que seu comportamento controlado. De outra maneira, por que
eles pagariam a algum entre 550 e 5.100 dlares a hora para tentar produzir algumas
mudanas? Os behavioristas tendero a ter pouco problema com este aspecto no
sistema.
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sim, em resposta a um pedido de razo, mas isto no seria permitido a uma criana
mais velha. Ns devemos ter uma razo para dar, em parte porque as razes so a
maneira como a comunidade verbal pode determinar se uma pessoa pode ou no
justificar seu comportamento consistentemente e em termos de regras de conduta
socialmente estabelecidas. Assim, por exemplo, se perguntado a uma criana pequena:
por que voc bateu em tua irm? e ela responde: Porque ela me deixou louca,
podemos explicar criana o que fazer quando ela fica louca. No estamos pedindo
criana para engajar-se em especulaes cientficas acerca do que causou o seu
comportamento. fcil de ver, quando examinamos respostas que podem ser mais
corretas cientificamente, mas que perdem contato com as normas sociais. Suponhamos
que esta mesma criana responda a mesma pergunta, da seguinte maneira: Porque ela
faz coisas que eu experimentei como aversivas. A estimulao aversiva uma operao
estabelecedora que leva a um estado aumentado de reforabilidade (maior
susceptibilidade ao reforo) em relao estimulao sensorial provida pelo bater
fortemente os ns dos meus dedos contra sua cara. Alm do mais, eu tenho tido uma
extensa experincia em relao s contingncias sociais imediatas da agresso que tm
reforado o meu bater. Parece provvel que tal resposta mesmo que possa estar
mais perto de uma descrio de causalidade na situao teria obtido menos suporte por
parte da comunidade verbal do que a resposta anterior, obviamente inadequada. Tudo
isto no seria um problema to grande no fosse o fato de que as pessoas,
eventualmente, comeam a levar suas razes muito srio e as tratam como se fossem
causas. Para a comunidade verbal isto desejvel porque significa que o
comportamento que no pode ser justificado em termos de normas sociais menos
provvel que seja emitido no razovel emit-lo.
Clinicamente, parece como se a maioria dos clientes explicasse seu
comportamento parte com base em pensamentos, sentimentos, atitudes, lembranas,
crenas, sensaes corporais, etc. Mesmo quando os clientes no parecem estar tentando
explicar o comportamento por si, eles avaliam sua vida em termos desta mesma coisa.
Por exemplo, se diz que a vida da pessoa no vai bem se ela ou ele est deprimido ou
ansioso. Este um tipo de razo dada em um nvel mais elevado. Para encurtar a lista,
permitamos que as palavras PENSAMENTOS e SENTIMENTOS valham para todos os
comportamentos privados que so comumente apontados como as razes para as aes
humanas ou como base para a avaliao do sucesso ou fracasso humano. A terceira
proposio do silogismo que PENSAMENTOS e SENTIMENTOS SO BOAS
RAZES.
A experincia clnica sugere a ubiqidade (onipresena) desta parte do sistema.
Os clientes frequentemente vm terapia queixando-se de ansiedade ou depresso.
De maneira tpica, h muitos problemas da vida real que so explicados atravs destes
comportamentos privados. Tais pessoas podem estar isolando-se daqueles que esto em
volta deles, fracassando em seus relacionamentos, evitando certas situaes necessrias,
etc. No caso mais raro quando uma pessoa est se comportando de maneira muito eficaz
a um nvel aberto e est queixando-se de depresso ou ansiedade, essa pessoa
usualmente no est respondendo somente ao pensamento ou ao sentimento, mas a seu
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DISTANCIAMENTO COMPREENSIVO
Durante os ltimos sete anos tenho desenvolvido um enfoque particular terapia
baseado na inteno de enfraquecer o sistema que tenho descrito. Ele no um conjunto
de tcnicas, mas um contexto no qual diversas tcnicas podem ser includas. Cada
cliente que chega e que se encaixa na descrio que dei no incio desta seo
provavelmente tratado dentro deste contexto. O enfoque chamado distanciamento
compreensivo. De maneira tpica, as primeiras sesses depois da avaliao inicial so
utilizadas para o estabelecimento deste contexto de trabalho. Depois disso, fao muitas
das coisas que outros terapeutas fazem, mas dentro deste contexto. Eu acredito que este
enfoque transcende a distino entre a terapia cognitiva e terapia comportamental na
medida em que um enfoque organizado em bases comportamentais que pode
incorporar conjuntos de tcnicas dos dois tipos de terapia. O distanciamento
compreensivo tem diversas metas que podem ser arranjadas mais ou menos de acordo
com a sua seqncia normal em terapia.
META 1: ESTABELECER UM ESTADO DE DESESPERANA CRIATIVO
Quando as pessoas vm terapia elas prontamente descrevero aspectos de sua
vida que segundo elas, devem ser mudados. Os problemas so identificados e, so
propostas solues com base em nossa histria com uma comunidade verbal que nos
ensina a avaliar nossa vida e a modificar eventos de acordo com isto. Este o contexto
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livrar-se da depresso para ser feliz. Uma pessoa deve se livrar da ansiedade para poder
realizar coisas assustadoras. Assim, a presena de A deve aparentemente levar a
esforos para livrar-se de A, DADO ESTE CONTEXTO. Outro tipo de relao
comportamento-comportamento estabelecida.
Eu acredito que cada um destes contextos pode produzir resultados patolgicos
em determinados momentos. Desde que cada um deles um conjunto de contingncias
estabelecidas e mantidas pela comunidade verbal dominante, a primeira meta da terapia
deve ser criar uma nova comunidade verbal que opere dentro de um contexto diferente
isto , dentro de um conjunto diferente de contingncias. Isto muito difcil porque o
cliente traz uma histria comportamental consigo. Assim, quando um terapeuta diz
alguma coisa para um cliente isso ouvido nos contextos que necessitam ser mudados.
Por estas razes, minha primeira meta na terapia desafiar estes contextos. A
nica maneira que eu conheo de fazer isso comportar-se de uma maneira que no se
encaixe nestes contextos. Os contextos de literalidade, de dar razes, e de controle so
to fundamentais que impossvel alter-los comportando-se razoavelmente. Muitas
das intervenes comportamentais tradicionais, por exemplo, tentam ignorar estes
contextos sem desafi-los diretamente. Em longo prazo, esta estratgia parece fadada a
fracassar se os prprios contextos so parte do problema, porque deixa tais contextos
ignorados, mas intactos. A nica maneira de alter-los fazer coisas que no se
encaixem neles.
A seo seguinte uma aproximao grosseira do que deveria ser dito na
primeira sesso teraputica depois da fase de avaliao inicial. Ao longo de grande parte
do restante de captulo, irei alternando as descries de sesses, com textos parte para
o leitor. Pressuporei que o cliente tem uma desordem de ansiedade, tal como
agorafobia, uma vez que esta desordem representa muito bem algumas das principais
dinmicas do sistema no qual os clientes funcionam. Apesar de que a maioria das
descries de casos ser hipottica (no interesse da eficincia e clareza), virtualmente
toda sentena dentro destas descries so afirmaes que eu tenho realmente dito, ou
que um cliente tem realmente dito. Elas no so meramente inventadas.
TERAPEUTA: Quero comear a estabelecer algum trabalho de base em relao a seus
problemas. Voc veio aqui procurando soluo para estes problemas, mas eu me
preocupo que acabemos fazendo primeiro coisas que te afundaro mais ainda nesses
problemas. Pode ser difcil visualizar que parte do problema o que voc tem estado
chamando de a soluo. Voc tem uma idia do que necessita para ser capaz de
lidar com estes problemas, mas voc teve estas idias antes de vir aqui. Voc tem
tentado isto e aquilo. Voc no se pergunta algumas vezes por que estas coisas no
funcionam? claro, algumas vezes parecem funcionar, mas ultimamente no - de outra
maneira, voc no estaria aqui. Bem, o que aconteceria se o problema fossem as
prprias solues que voc tem tentado. como se uma pessoa que foi ao mdico com
uma dor de cabea tenha estado tentando curar essa dor batendo na cabea. O
primeiro trabalho que o mdico teria, seria parar com os golpes. Bem, ns estamos
numa situao exatamente como essa. De maneira que eu no posso simplesmente
correr e tentar ajudar. Primeiro tenho que parar com o que voc tem estado fazendo
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com que as coisas fiquem paralisadas. Para conseguir isso voc ter que permitir que
eu assuma considervel controle sobre as prximas sesses. Eu quero que voc saiba,
porm, que isto no a maneira como a terapia ser permanentemente. Voc pode
pensar, por um momento, em relao s prximas sesses que eu estou somente te
confundindo ou mesmo que no estou te ouvindo. Isto parte do que precisa acontecer
para quebrar o sistema que tem mantido paralisado.
Meu propsito, nestas afirmaes de abertura, tem a ver com duas coisas:
colocar sobre a mesa que eu no farei o que o cliente espera que eu faa e, que eu quero
a permisso do cliente para assumir temporariamente o controle que necessito para
conseguir que um bom trabalho seja realizado. Quero que o cliente entre para a terapia
com advertncias justas.
TERAPEUTA: Se deixarmos de lado todos os detalhes, voc est dizendo que o que
voc necessita para ser capaz de avanar em sua vinda livrar-se de uma emoo
indesejvel: a ansiedade. Se voc pode eliminar, reduzir, manejar ou de alguma outra
forma controlar sua ansiedade, ENTO voc poder avanar. Em outras palavras, a
ansiedade o problema: enquanto esta aqui, pelo menos enquanto ela to intensa,
sua vida nunca funcionar.
CLIENTE: isso mesmo. Ningum pode viver com a ansiedade que eu sinto.
TERAPEUTA: Ok. E o que voc deve perceber que uma grande quantidade de
comportamento tem emergido desta perspectiva. Voc tem realmente se esforado para
atingir esta meta. Voc fez tudo o que sabe a respeito.
CLIENTE: Sim, mas nada tem realmente funcionado. Algumas coisas funcionam um
pouco no sei o que faria sem tranqilizantes, por exemplo. Porm, ainda no fiz uma
lista.
TERAPEUTA: E voc esta aqui para que eu te ajude a fazer isso, mas eu quero que
saiba, desde o comeo, que eu no posso e no o farei. Voc pensa que h uma sada;
que voc s no tem tcnica certa. De maneira que suponho que voc quer que te
fornea a tcnica certa. EU NO TENHO ESSA TCNICA PARA DAR. Ela no existe.
No h sada. Dentro do sistema em que voc est funcionando voc est preso. Olha
voc no tem o sentimento de que no tem esperanas? Voc no tem pensado nisso? E
isso assustou voc, no ? Bem, sinto muito por ser eu aquele que tenha que lhe dizer
isso, mas seus temores so adequados. Mantida a situao da maneira como voc o faz,
a situao no tem esperanas. Sem brincadeira. Sei o que estou falando. No h sada.
CLIENTE: Bem, ento por que estou vindo ver voc? Por que pago a voc para que me
ajude? O que voc pode fazer por mim?
TERAPEUTA: No sei. Eu certamente no vou te ajudar a se livrar da sua ansiedade, a
se livrar de seus temores, a colocar todos os seus pensamentos enfileirados. Voc tem
jogado esse jogo durante anos e NO TEM FUNCIONADO. Voc sabe disso. Bem, eu
estou aqui para te dizer que nunca funcionar.
CLIENTE: Voc quer dizer que estou sem esperanas. Deveria desistir.
TERAPEUTA: De certa maneira, sim. Realmente. VOC no est sem esperanas. Mas
o sistema dentro do qual voc funciona no tem esperana de funcionamento. Ele
nunca far voc funcionar.
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CLIENTE: Ento, qual o outro sistema? Voc parece deixar implcito que h outro
caminho.
TERAPEUTA: Bem, primeiro, NO h outra maneira de conseguir realizar o que voc
quer. H uma maneira pela qual sua vida pode deixar de estar paralisada, mas neste
momento no posso lhe dizer qual , porque voc no me ouviria. Voc ouviria as
palavras e em primeiro lugar as colocaria rapidamente dentro do mesmo velho sistema
em que est o problema real. Esse sistema est em todo lugar. Est nesta sala
exatamente agora. De fato posso dizer com certeza que o que voc pensa que estou
tentando dizer no o que estou dizendo em absoluto. Se voc pensa que me entende
neste momento quero que saiba que o que voc pensa que estou falando no o que
estou dizendo.
O uso de paradoxos desta maneira, se feito com moderao, uma das maneiras
mais rpidas de afrouxar o sistema verbal no qual o cliente chega terapia. Coloca os
clientes em uma posio insustentvel: se eles o entendem, eles no o entendem. Este
um ataque direto ao contexto da literalidade. medida que os clientes percebem suas
opinies acerca do que o terapeuta est dizendo, eles tambm no podem tom-las
literalmente porque o que eles pensam, lhes dito que no assim. Isto permite ao
terapeuta dizer coisas aos clientes que no teriam impacto se a afirmao tivesse
primeiro que ser entendida para ser til.
TERAPEUTA: Permita-me lhe dar uma metfora que poderia ajudar voc a ver o que
estou dizendo. A situao em que voc est algo semelhante a isto. Imagine um
grande campo. Voc est com os olhos vendados, lhe so dadas algumas ferramentas, e
lhe dito para correr pelo campo. Voc no sabe, mas h buracos no campo, e eles
esto bem espaados, mas voc acaba caindo dentro de um deles e tenta sair. Voc no
sabe exatamente o que quer fazer, de maneira que voc pega a ferramenta que parece
mais til e voc tenta sair. Infelizmente, a ferramenta que lhe deram uma p. E voc
cava e cava. Mas cavar uma ao que faz buracos e no uma ao que vai ajud-lo a
sair. Voc pode tornar o buraco mais profundo ou mais largo, ou pode haver toda uma
classe de passagens que voc pode construir, mas provavelmente ficar preso dentro do
buraco. Ento voc tenta outras coisas. Voc tenta calcular como foi que caiu no
buraco. Tenta pensar: se eu no tivesse virado esquerda naquela elevao, no teria
cado no buraco. E, claro, isso estritamente verdade, mas no faz nenhuma
diferena. Mesmo se voc soubesse cada passo que voc tomou, voc no sairia do
buraco. De maneira que no vamos perder tempo demais tentando descobrir os
detalhes de seu passado muitos destes surgiro por outros motivos e lidaremos com
eles, mas no de maneira que voc saia do buraco em que voc est. Outra coisa que
voc pode fazer quando voc est dentro do buraco tentar encontrar uma p
realmente grande. Voc pensa que talvez esse seja o problema: voc necessita de uma
p a vapor folhada a ouro. Mas eu no o farei, e mesmo que fizesse no faria nenhum
bem porque as ps no ajudam as pessoas a sarem de buracos. Para sair de um
buraco voc precisa de uma escada e no de uma p.
CLIENTE: Ento, qual seria a escada? Como fao para sair?
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TERAPEUTA: Veja, a razo pela qual no posso responder a isso agora que no lhe
faria nenhum bem, a menos que voc deixe de lado sua determinao de cavar para
sair do buraco. Neste momento, se lhe fosse dada uma escada voc tentaria cavar com
ela. De maneira que me deixe voltar a isso e dizer que no podemos comear a
progredir at que voc realmente comece a encarar o fato de que no h sada, devido
forma como voc est agindo. No importa como voc o faa, voc no pode cavar
para sair do buraco. Cavar mais depressa no funcionar. Colocar mais esforo nisso,
no funcionar. E no h espao para fazer o que funcionaria a menos que voc deixe
de lado a p.
Usualmente eu paro neste tpico durante algumas sesses. Utilizo diversos
outros tipos de metforas para que o ponto seja entendido. As metforas so excelentes
meios de falar com os clientes porque permitem que o terapeuta utilize a linguagem sem
ter que us-la literalmente e, assim, sem fortalecer o prprio contexto que cria, em
primeiro lugar, o problema. Tudo quanto os clientes expressam durante esta parte do
tratamento frustrao, determinao, cooperao irrefletida nada mais que outros
comportamentos que esto fortalecidos e o nico comportamento que est realmente
fortalecido , por definio, o comportamento que no funcionou no passado. Assim, eu
fao notar o que o cliente est fazendo e aponto que esse comportamento tambm um
recurso velho e que no funcionar. A meta estabelecer um estado de desesperana
criativo. Isto , quero todas as vias de fuga cortadas para que o comportamento
controlado pelos contextos de literalidade, de dar razes e de controle possam ser
parcialmente enfraquecidos. Isto permite que o cliente comece a engajar-se em alguns
novos comportamentos que existem somente fora destes contextos e que poderiam
realmente funcionar. Tambm tende a aumentar grandemente a motivao do cliente
para a mudana. Na linguagem do comportamento governado por regras, serve como
um AUMENTADOR, isto , como uma regra que trabalha, em parte, mudando o valor
reforador de certas consequncias (Zettle & Hayes, 1982). Neste caso, encontrar uma
nova maneira de abordar esta situao de importncia primordial. ento que os
clientes realmente comeam a procurar seus pressupostos de uma maneira como nunca
o fizeram antes.
Indubitavelmente, alguns leitores veem este enfoque como severo ou mesmo
perigoso. Poderia de fato s-lo se os clientes sentissem que o terapeuta estivesse
criticando-os ou que o terapeuta estivesse dizendo que eles mesmos no tinham
esperanas. A questo que deve estar presente na sesso, entretanto, a de que, trata-se
de um desafio ao sistema que os paralisa e no um desafio a eles prprios como pessoas.
Eu conduzo isto de uma forma firme, confrontacional, mas de abordagem confusa. Eu
no os estou atacando estou atacando o sistema. Um breve piscar de olhos ajuda a
tornar isto claro. A maneira como o enfoque realmente funciona em terapia pode ser
vista a partir do seguinte dilogo que consta na transcrio de um workshop que dei
para terapeutas clnicos e ao qual estava presente um de meus clientes agorafbicos:
COMENTRIO DA AUDINCIA: Estou surpreso que eles tenham voltado para uma
segunda sesso.
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SCH: Nunca aconteceu que um cliente desistisse neste ponto. Usualmente eles esto
bem interessados nunca algum falou com eles desta maneira.
AUDINCIA: Eu detestaria que um cliente sasse e cometesse suicdio quando voc diz
que no h sada.
CLIENTE SENTANDO-SE: Junto com essa pancada vem tambm um sentimento de
esperana. Quando algum vai terapia, o faz pensando que fez tudo que podia. Quer
que o terapeuta faa uma mgica, mas no fundo sabe que isso no possvel. Se fosse,
voc j o teria feito. Voc se sente aliviado de ouvir que j tentou tudo. E com isto voc
sente esperana porque calcula que ele deve saber alguma coisa que voc no sabe. De
maneira que no se criam sentimentos suicidas. Voc no consegue esperar para
descobrir aonde ele quer chegar com tudo isso.
Frequentemente, no comeo da terapia tento distinguir culpa de
responsabilidade, o que ajuda a aliviar a possibilidade de uma reao improdutiva a uma
confrontao do sistema do cliente. A metfora do homem no buraco pode ajudar a
entender este ponto, como foi descrito antes.
TERAPEUTA: H algo que quero que voc note em relao a isto. Na metfora no
culpa da pessoa o fato de ter cado no buraco e tambm no a sua culpa que no
pudesse sair. Se no tivesse sido este buraco poderia ter sido outro. Falha e culpa so
estabelecidos quando acrescentamos condenao social para tentar motivar algum a
mudar. Voc no necessita disso. Voc j est motivado para mudar. Ento, no
culpa sua. Voc no deve ser culpado. Voc , porm, responsvel no sentido de
responder habilidosamente. Voc tinha uma habilidade para responder de maneira
diferente na situao do que voc o fez. Voc somente no sabia o que fazer. Voc no
tinha que cavar anos furiosamente, como voc o fez. Se isso no verdade, ento nada
pode ser feito agora, ento no tente evitar a responsabilidade somente saiba que a
habilidade para responder no o mesmo que culpa. Ns no necessitamos de culpa
por aqui. As prprias consequncias so suficientemente aversivas sem ter que colocar
a condenao social no topo disso. Quero que saiba que est muito claro para mim que
voc gostaria que sua vida funcionasse. Se voc soubesse o que fazer voc o teria feito.
Teoricamente, o propsito de tudo isto comear a estabelecer um conjunto
diferente de contingncias que os contextos de literalidade, de dar razes e de controle.
Usando afirmaes como: O que voc quer que eu faa no posso fazer ou O que
voc me escuta dizer no o que estou dizendo, eu ataco a literalidade e o dar razes.
Levantar a questo de responsabilidade feito para dizer pessoa que estamos
realmente falando de comportamento: h coisas a serem feitas. A metfora de cavar
utilizada para comear a atacar o contexto de controle, o qual abordarei agora.
META 2: O PROBLEMA O CONTROLE
A prxima questo que tipicamente encoberta a natureza do sistema que
criou a armadilha. Como aparente a partir da ltima sesso, acredito que a natureza
disto a tentativa inapropriada de controlar comportamentos privados. Este esforo
baseado no ponto de vista de que estes comportamentos so, em si mesmos, causas das
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uma funo controladora para os estmulos verbais evitados. Por exemplo, se evitamos
o pensamento Eu sou mau, isto d a este pensamento uma funo controladora que ,
em si mesma, consistente com a classe mau. Se uma pessoa deve mudar algo para ser
boa, significa que exatamente agora a pessoa no boa. Faz o pensamento
funcionalmente mau e, em consequncia confirma o pensamento no sentido de evit-lo,
Como eu digo a meus clientes, como jogar um jogo onde a regra primeiro voc
perde, depois voc joga. A nica maneira como os pensamentos ou sentimentos
maus podem perder este poder se eles pararem de controlar um grande nmero de
comportamentos. Lutar contra os pensamentos um comportamento, assim como fazer
o que eles dizem, tambm o . Meu propsito enfraquecer a relao destrutiva
comportamento-comportamento. Para que isto acontea, a pessoa deve ter o primeiro
comportamento e no o segundo.
Os sentimentos apresentam o mesmo dilema. A ansiedade, por exemplo, uma
resposta natural a uma situao na qual a punio provvel. A regra: fundamental
no estar ansioso, sinaliza a punio para a ocorrncia da reao provvel punio.
Normalmente, isso no seria um problema porque a probabilidade de uma ansiedade
considervel parece muito baixa. Um agorafbico sabe, porm, que a ansiedade extrema
possvel. Esse conhecimento nunca mudar. Assim, a aparente probabilidade de
punio muito alta e a regra, assim, produz exatamente aquilo contra o qual avisa.
mais difcil explicar por que as atuais contingncias no exercem um controle
maior. Se seguir regras deste tipo contra-produtivo, por que no paramos? Para
entender isto, necessria uma ampliao do conceito de comportamento governado por
regras. Parece haver trs tipos bsicos de regras. A primeira o comportamento
governado por regras sob controle de uma aparente correspondncia entre a regra e as
contingncias naturais (i.e., no arbitrrias) (Zettle & Hayes, 1982). Este tipo de regra
chamado TRACK (rastror, seguir rasto) e o comportamento que ele controla chama-se
TRACKING (rastreamento), denotando seguir o caminho. Por exemplo, se dizemos
para algum: A maneira de chegar a Greensboro seguir 1-85, e se chegar a
Greensboro for um estado de coisas reforador, ele ou ela pode seguir a regra como um
TRACK. Em certo sentido, este tipo de comportamento governado por regras
simplesmente acrescenta outro estmulo discriminativo (apesar de ser um estmulo
verbal) ao meio ambiente.
Um segundo tipo de regra chamado PLIANCE (da palavra compliance:
submisso, condescendncia). A prpria regra um PLY (aceder, manipular).
PLIANCE o comportamento governado por regras sob o controle de consequncias
aparentemente mediadas socialmente e arbitrrias para uma correspondncia entre a
regra e o comportamento relevante (Hayes et al., 1986a). O que diferente quanto ao
Acedimento (Pliance), quando comparado com o Rastreamento (Tracking), no a
natureza das consequncias (consequncias sociais podem certamente ser naturais no
sentido de no arbitrrias), mas que estas consequncias so para outra unidade de
comportamento. Elas no so liberadas para o comportamento em si mesmo, porque o
comportamento , tambm, uma instncia de seguimento de regras. Assim, por
exemplo, se eu digo para minha filha Pe tua jaqueta agora mesmo ela pode vestir sua
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Mas parece que mais do que isso (Hayes, 1984). tambm crtico para a
comunidade verbal que este comportamento ocorre a partir de uma perspectiva dada e
consistente. Isto , ns (a comunidade verbal) no s devemos saber o que VEMOS
VENDO. Mas que VEMOS VENDO do nosso ponto de vista. Desta maneira, a
comunidade verbal cria um sentido de eu (SELF) que tem algumas propriedades muito
especiais.
O comportamento de VER VENDO de uma perspectiva determinada poderia
emergir de diversas maneiras. As crianas so ensinadas palavras diretas,
demonstrativas (por exemplo, aqui e ali), que se referem no a eventos, mas
relao entre eventos e o ponto de vista da criana. De maneira similar, as crianas so
ensinadas a distinguirem entre sua perspectiva e a de outras. As crianas pequenas,
quando lhes perguntado o que uma boneca v, elas relataro o que elas prprias vem
e no o que a boneca v. Gradualmente, porm, a comunidade verbal nos ensina a
relatar de nosso ponto de vista. Finalmente, tambm possvel que a perspectiva surja
pelo processo de eliminao ou por extenso metafrica. Somos ensinados a responder,
geralmente, a pergunta do tipo: O que voc X?, onde X uma ampla variedade de
eventos tais como, comer, sentir, fazer, olhar, etc. Os prprios eventos mudam,
constantemente. S o foco da observao no muda. A invariante que voc
colocado nas afirmaes quando os relatos devem ser feitos do ponto de vista de voc.
Em certo sentido estou argumentando que a comunidade verbal cria uma classe
de comportamento sem significado chamado VER VENDO A PARTIR DE UMA
PERSPECTIVA, e lhe d o nome de voc. Tenho argumentado em todas as partes
que este comportamento a base da distino matria/esprito, que prevalece em nossa
cultura (Hayes, 1984). Ns, claro, usamos o termo voc tambm de outras maneiras
(por exemplo, voc como um organismo fsico), mas o sentido da palavra voc que
de relevncia para o distanciamento compreensivo este sentido inicial.
O comportamento de, por exemplo, observar o pensamento de uma determinada
perspectiva bem diferente do comportamento de seguir auto-regras. Ao ajudar a
pessoa a distinguir entre ver vendo de uma perspectiva, e as coisas vistas, pode mais
provavelmente gerar uma regra sem que esta regra tambm seja seguida, ou seja,
tomada literalmente. Esta uma distino difcil e d um pouco de trabalho em terapia
estabelec-la solidamente. Entre parnteses, na prxima seo do capitulo utilizarei o
monlogo do terapeuta mais para dirigir-me ao leitor do que para imitar uma sesso
teraputica. Devido a uma questo de espao no posso apresentar a grande quantidade
de interaes cliente-terapeuta que realmente acontecem nestas sesses intermedirias
no processo teraputico.
TERAPEUTA: Como est indo tudo bem agora, muito difcil, se no impossvel, ficar
fora da luta para livrar-se de pensamentos e sentimentos indesejveis. Voc
controlado demais por seus prprios pensamentos acerca do que necessita fazer.
Segundo a maneira como operamos normalmente, confundimos o contedo de nosso
prprio condicionamento com o comportamento de ver os resultados deste
condicionamento. Devido a isso, quando temos um pensamento, como se este
pensamento fosse, agora, o que real, no somente um pensamento, mas como o que o
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pensamento diz que . Quando isso acontece, estamos no que eu chamo de mundo em
volta. Ficamos presos naquilo acerca do qual os pensamentos so no no que eles
so de fato. Em outras palavras, voc no est somente notando o comportamento
chamado pensamento, voc esta realmente na situao descrita pelo pensamento. Se
voc pensa que mau, voc mau. Com frequncia, voc nem nota que isso um
pensamento. Correto? De maneira que se voc tem um pensamento como No posso
suportar isso. Tenho que cair fora, no est claro que o que realmente aconteceu
que voc experienciou voc mesmo, pensando. Voc NO experienciou o que o
pensamento realmente disse. A forma do pensamento diz uma coisa, mas voc
realmente s experienciou que voc pensou esse pensamento.
As nuances da teoria da cpia do prximo exemplo so devidas a sua
utilizao clnica. O leitor no dever torn-la literal demais.
TERAPEUTA: Aqui tenho uma metfora que pode ajudar. Imagine duas pessoas
sentadas perante dois computadores idnticos. Dado uma programao particular, um
determinado input produzir um dado output. O programa destes computadores
so semelhantes ao que tem acontecido a voc em sua vida. Dada uma certa situao,
provvel que acontea uma certa resposta. Digamos que digitemos algo no teclado e o
output na tela envergonhe-se, voc uma pessoa m. Em um caso, imaginemos
que a pessoa sentada em frente ao computador est consciente da distino entre ela
prpria e o computador. Quando a sada de informao aparece na tela, pode ser
interessante para esta pessoa, ou pode ser algo a considerar, ou algo a ser mostrado
para os outros. Provavelmente, no precisa ser encoberta, seguida, no seguida, etc. A
segunda pessoa, porm, totalmente absorvida pela tela. Como uma pessoa nos filmes,
ela se envolveu tanto que esqueceu que h uma distino entre ela como observadora
da tela e o que esta na tela. Uma sada de informao, como a que acabei de
mencionar, seria muito mais inaceitvel para este homem. Para ele seria,
provavelmente, algo a ser negado, esquecido, mudado, etc. Em outras palavras, quando
voc se identifica com o contedo de suas experincias privadas, voc ser
automaticamente controlado por elas, pelo menos at o ponto em que voc tente ver-se
livre delas.
Aqui temos outra metfora que ajudar a demonstrar este ponto. Imagine um
tabuleiro de xadrez que funciona indefinidamente em todas as direes. Neste tabuleiro
temos uma srie de peas de xadrez, de todas as cores. Para simplificar isto,
concentremo-nos somente nas peas brancas e negras. Agora, no xadrez, espera-se que
as peas se aliem com suas amigas para vencer suas inimigas. Assim, como se as
peas negras tentassem reunir-se e derrubar as peas brancas do tabuleiro e viceversa.
Estas peas representam o contedo de sua vida: seus pensamentos,
sentimentos, memrias, atitudes, predisposies comportamentais, sensaes corporais,
etc. E se voc notar, elas realmente se renem. Por exemplo, as positivas podem
aglomerar-se voc sabe, aquelas que dizem coisas como Vou faz-lo, etc. E as
negativas tambm trabalham juntas. De maneira que voc notar que os maus
pensamentos esto associados a ms lembranas, maus sentimentos, etc.
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O.K., vamos agora para outra rea. Olhemos para suas emoes. Pense em
todas as emoes que voc experimentou em sua vida. Algumas vezes voc est feliz,
outras triste. Algumas vezes voc est bravo, outras tranquilo. Mas, note que voc
ainda est "vendo" suas emoes. De maneira que, se suas emoes esto mudando
rapidamente e, ainda, o voc que voc chama voc - este observador voc - permanece
o mesmo, deve ser que, enquanto voc tem emoes, voc no deve experienciar voc
mesmo como sendo suas emoes. Novamente, no acredite nisto. No uma questo
de crena. Somente preste ateno em suas emoes justamente agora, e depois
perceba quem as est notando. Gaste uns poucos instantes somente notando isto.
Agora, vamos para outra rea: seus pensamentos. Esta uma rea difcil
porque o prprio sistema que nos permite saber que sabemos o sistema que estamos
observando quando estamos olhando para nossa prpria linguagem privada. Pense em
todos os pensamentos que voc tem em um dia. Note como eles tambm esto
constantemente mudando. De fato, mesmo enquanto falo, seus pensamentos esto
mudando, e mudando, e mudando novamente. Assim que voc acabou de ter um
pensamento acerca do que est experienciando, voc j est pronto para mudar para
algo mais. Note como seus pensamentos tem mudado ao longo dos anos. Quando voc
era pequeno, costumava pensar em coisas que no pensa mais. E voc tinha reas de
ignorncia que agora no tem mais. medida que voc vive sua vida isto continua
acontecendo e acontecendo novamente. Agora note mais uma vez que, enquanto seus
pensamentos esto constantemente mudando o sentido de ser voc tem se mantido o
mesmo. Isto deve significar que enquanto voc tem pensamentos, voc no experimenta
voc mesmo como se voc fosse seus pensamentos. Ento, continue notando seus
pensamentos por um momento. Agora perceba quem os est notando.
Este exerccio pode ser ampliado para incluir qualquer comportamento que o
terapeuta queira distinguir. Eu comeo tipicamente com papis, por exemplo, e
comumente incluirei lembranas e outros comportamentos. Tambm gasto muito mais
tempo em cada sesso do que a verso abreviada, aqui, sugere.
Em que sentido possvel que o sentido de "voc" socialmente criado possa ser
independente de todos estes comportamentos? Isto somente possvel porque o
comportamento de VER VENDO a partir de uma perspectiva , em si mesmo, contedo
livre. Isto , um comportamento que no pode, em si mesmo, ser considerado como
uma coisa pela pessoa que se comporta dessa maneira (HAYES, 1984). Uma pessoa no
nota este comportamento antes que o comportamento tenha mudado fundamentalmente.
Se os organismos conscientes fossem ver (a partir de) sua prpria perspectiva, de que
perspectiva poderia ser vista? Assim, o sentido do eu estabelecido pela comunidade
verbal pode ser observado a partir de, mas no ser simplesmente observado - ou, pelo
menos, assim que simplesmente observado, o comportamento sendo examinado no
est mais acontecendo no mesmo lugar. O "exerccio do observador", citado acima,
simplesmente permite que os clientes tenham um rpido relance daquilo que as pessoas
conhecem de qualquer maneira muito bem, que o sentido de ser "voc" permanece o
mesmo atravs da vida. Tem que permanecer porque tudo o que ele , o sentido de ver
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esquiva, tentativa de mudana, ou qualquer outro tipo de luta - e fazer o que realmente
funciona para voc nesta situao, mantendo seu compromisso?". Se a resposta "no",
voltaremos parte inicial da terapia e descobrimos qual o problema. Se a resposta
"sim", tempo de se expor. Durante a exposio trabalho continuamente com o cliente
para reconhecer a diferenciao entre ele como uma pessoa e os comportamentos
privados que est experienciando. Encorajo o cliente a sentir qualquer que seja seu
sentimento, incluindo a ansiedade, e o encorajo a no lutar com ela. O compromisso de
experimentar nossos prprios sentimentos deve ser realmente forte. Eu utilizo o
exemplo de uma criana fazendo birra para obter doces. Se a criana sabe que o pai tem
um limite e que se render se chegar ao mesmo - talvez 5 minutos - adivinhe quanto
durar a birra? Da mesma maneira, se um cliente deseja ficar ansioso, importante que
no deixe que seja uma meia medida. Como a criana, as emoes de um cliente
"conhecero" os limites e provavelmente os excedero. No h como auto-enganar-se.
A exposio imaginria tal como dessensibilizao , agora, uma oportunidade
tanto para sentir ansiedade como para aprender a deixar de lutar com a mesma. Como
digo a meus clientes, "somente mantenha seus olhos abertos, seus ps no cho e suas
mos abertas". Quero dizer com isso que o cliente deveria ver a emoo ou o
pensamento, mas no fugir dele e nem lutar com o mesmo. A metfora sugerida
originalmente por um cliente, que algumas vezes utilizo esta: "Imagine que voc est
em um cabo-de-guerra com um monstro enorme, que parece tentar empurrar voc numa
fossa. Voc luta mais e mais, mas quanto mais voc luta, mais forte o monstro se faz.
Em vez de lutar, voc pode fazer algo mais eficaz: soltar a corda. Somente se voc
entrar na batalha (por exemplo, a ansiedade), o monstro ter o controle". Algumas
vezes, uso deliberadamente exerccios de boa vontade para treinar o "soltar a corda".
Por exemplo, algumas vezes eu peo ao cliente para sentar-se a uma distncia de
aproximadamente 30 cm (um p) de mim e lhe peo para olhar-me nos olhos durante
dois minutos sem falar ou rir. medida que fao isso, encorajo o cliente a
experimentar, mas no a "comprar" nenhum sentimento, pensamento, etc.; se tomado
literalmente, interferiria com o exerccio (incluindo pensamentos "teis" como "Eu farei
isto corretamente").
Algumas formas de Terapia Cognitiva, segundo ensinado, tambm podem ser
utilizadas at certo ponto. A Terapia Racional Emotiva (RET) muito difcil de ser
integrada dentro desta perspectiva porque ela chega muito perto de dizer que voc no
deveria pensar certos pensamentos. Isto parece provavelmente aumentar o controle
patolgico de regras socialmente estabelecidas, apesar de que estas prprias regras so,
agora, aquelas estabelecidas pela prpria terapia (ver Zettle & Hayes, 1980; 1982). A
RET procura mudar os pensamentos. O distanciamento compreensivo procura mudar o
contexto dentro do qual acontecem os pensamentos.
O enfoque de BECK (por exemplo, Beck & Emery, 1983) mais compatvel, ao
menos em alguns de seus elementos. Certamente, h muito a ser dito para ensinar
clientes a formular regras de maneira testvel, e para testar a exatido das regras.
Essencialmente, isto pode ser considerado como um treino de rastreamento (Zettle &
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"Quero sentir-me bem" para "No quero sentir-me mal". No h nada errado com estes
desejos em si, mas se eles so tomados literalmente, a luta recomear. Frequentemente,
advirto os clientes que se a ansiedade cai depois que a "escala de controle" caiu (como
quase sempre faz), este o momento traioeiro. Vendo que a ansiedade caiu, os clientes
frequentemente agem como se agora eles soubessem como controlar sua ansiedade. Eles
sentem-se gratos porque ela finalmente foi embora. Assim que os clientes comeam a
tomar esta auto-conversao literalmente, a escala de controle move-se para cima
novamente. Ento, quando a ansiedade aumenta mais uma vez, como com certeza,
eventualmente o faz, em vez de simplesmente permitir que ela chegue a um nvel
natural apropriado ao momento, a luta comea novamente devido atitude que diz:
"Pensei que a tinha vencido, mas no o fiz". Os terapeutas devem, em consequncia, ser
muito sensveis aos estgios iniciais deste tipo de luta e aos mltiplos caminhos que
podem elev-la.
(2) Um enfoque rpido e flexvel (mas no dominante). Os terapeutas tambm
devem ser capazes de reagir rapidamente s suas observaes. O terapeuta deve ser
capaz de expor de maneira diferente as questes bsicas, de forma a se adaptarem a
situao presente, sem simultaneamente dominar o cliente. O terapeuta deve permitir
que o cliente descubra algumas destas coisas, mas o terapeuta tambm deve ser flexvel
e criativo ao fomentar essa descoberta. Os bons terapeutas esto prontos a adaptar seus
pontos a uma forma que no dominante e, frequentemente, no literal, quando o
cliente o requer. O uso criativo da metfora e da alegoria, por exemplo, extensivo
neste enfoque. Isto tende a permitir que os clientes descubram pontos sem uma
racionalidade linear. Muito deste captulo pode parecer ter indicado que se pode contar
s pessoas somente umas poucas histrias e esperar que criem a mudana. Na realidade,
a prpria interao crtica. O material didtico simplesmente estabelece as bases
lgicas para fazer o trabalho realmente importante: discriminar e reagir ao "sistema" do
cliente, momento a momento. Na sesso regular, na parte inicial do processo teraputico
(mas aps as primeiras cinco ou seis sesses que so relativamente didticas), posso ter
que reorientar um cliente, apontando as lutas implcitas que ele est travando, talvez
quatro ou cinco vezes e cada vez pode tomar uns poucos minutos para lidar com isso.
Assim, a avaliao rpida e um enfoque flexvel so essenciais para o sucesso nesta
terapia.
(3) Colocar as tcnicas em um contexto apropriado. Uma rea difcil neste
enfoque a necessidade de adequar tcnicas e exerccios a um contexto geral que no
est bem estabelecido dentro da cultura. Eu verifico que terapeutas inexperientes
frequentemente deslizam para o uso de tcnicas, em nome de seus efeitos, que no se
ajustam dentro deste enfoque. Por exemplo, eles frequentemente propem o treino em
relaxamento como uma maneira de ajudar o cliente a relaxar, em vez de us-la como
uma prtica para permitir abandonar a luta com a ansiedade. De maneira similar,
terapeutas inexperientes diro aos clientes que ser mais assertivos far com que eles se
sintam melhor quando, de fato, no esse o propsito (nem o efeito necessrio) do
treinamento dentro deste contexto.
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aprender e crescer. Em relao toda conversao diretiva que alguns leitores podem
ter discernido neste captulo, notemos que muito pouco da mesma diz ao cliente que
forma de comportamento adotar. A confrontao parece mais com apresentar um dilema
ao cliente, que uma prescrio.
Eu desconfio de conselhos e instrues. Frequentemente, o que ns dizemos aos
clientes so coisas que eles j ouviram. Se o problema a falta de instrues adequadas,
por que isto no tem sido suficiente? claro, h alguns tipos de problemas que so
sensveis a simples intervenes instrucionais, mas, provavelmente, bem menos do que
pretendemos. Alm do mais, as instrues parecem ter uma grande probabilidade de
fazer com que os clientes caiam em uma armadilha, mesmo que essas armadilhas
funcionem (Hayes et al, 1986b). Por exemplo, quando dizemos a uma pessoa o que
fazer para comportar-se de uma maneira socialmente habilidosa, podemos estar
colocando limite mximo sobre a excelncia do desempenho que a pessoa possa ter.
Eles esto muito ocupados seguindo a regra para conseguirem aprender a partir das
contingncias diretas (Azrin & Hayes, 1984).
Um tipo final de erro que crucial neste enfoque a inconsistncia. Um
terapeuta no pode esperar conseguir uma mudana permanente ou duradoura no
contexto do comportamento do cliente se o contexto estabelecido na terapia fica
mudando. Em um enfoque orientado em relao s tcnicas, no qual diferentes tcnicas
esto disponveis mais ou menos independentemente uma da outra, a inconsistncia no
um grande problema. O distanciamento compreensivo um enfoque mais ousado que
procura alterar fundamentalmente o mecanismo bsico do controle comportamental.
Para isto, requer uma maior consistncia.
QUESTES CLNICAS COMUNS
Resistncia
Em certo sentido, todo meu enfoque est orientado para lidar com os problemas
da resistncia. O cliente , de certa maneira, resistente antes mesmo de vir terapia. Por
que o comportamento problemtico no mudou quando as consequncias negativas
foram contatadas? Como j coloquei, acredito que usualmente este tipo de resistncia
vem de um problema do controle por regras.
No distanciamento compreensivo, a resistncia impedida pelo distanciamento
do cliente, como um organismo consciente, do contedo do que ns experienciamos.
Isto NO feito para diminuir estas experincias, ou para faz-las menos poderosas,
importantes ou sentidas. O propsito da distncia no afastar os eventos do cliente,
mas para dar-lhes espao para experienci-los completamente como eles so, sem tomlos verdadeiramente pelo que eles dizem que so literalmente. Assim, por exemplo,
tristeza tristeza - nada mais nem menos - algo a ser sentido, no para fugir disso ou
para ser controlado por isso. Muito da resistncia , realmente, um "control move",
assim, o distanciamento pode, automaticamente, reduzir a resistncia.
Ao enfraquecer o contexto de dar razes e a procura por explicaes inteis, o
terapeuta capaz de reduzir a habilidade para invocar as normas ou padres sociais que
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Velhas questes que podem no ter levado o cliente terapia, mas so, no obstante,
irritantes, so levantadas e se lida com elas. Segundo, permito que surjam conexes em
terapia e tenho realmente vontade de desviar-me, periodicamente, a reas que no esto
associadas de maneira estreita com o tpico da terapia. Por exemplo, falo de boa
vontade de velhas lembranas, questes de famlia, problemas financeiros ou somente
acerca de qualquer coisa que o cliente levanta. Ao final, eles usualmente esto mais
relacionados do que pareciam no incio. Em certo sentido estou seguindo o conselho de
Stokes & Baer (1977) de "treinar de maneira frouxa". Terceiro tento mostrar como cada
questo realmente a mesma coisa: aplicam-se os mesmos princpios. medida que
novas questes emergem difcil, s vezes, para os clientes observarem isto, mas depois
de ter lidado com vrias questes, da mesma maneira, a generalizao faz-se mais
provvel. Em certo sentido, eles aprendem a estratgia e no somente o exemplo
especfico. Finalmente, fao com que muitos de meus clientes participem de um grupo,
l pelo final do processo teraputico individual. O grupo constitudo por clientes mais
antigos e clientes que entraram posteriormente na terapia. Esse grupo se encontra uma
vez por ms, e tende a focalizar maneiras de ampliar o progresso que eles fizeram em
outras reas. Devido a uma mudana, eu tive que encerrar um grupo deste tipo depois de
dois anos e meio. O ltimo ano no foi gasto diretamente com a ansiedade, mas em
questes escolhidas pelo grupo, tais como, amigos, dinheiro, sexo, trabalho,
relacionamentos ntimos, etc. Examinando a relevncia deste enfoque para as questes
gerais da vida, os clientes parecem fazer-se mais capazes de generalizar a tpicos novos
o que eles esto aprendendo na terapia.
Dada a sustentao por parte da cultura dominante, de razes e luta emocional,
pensaramos que a manuteno seria difcil, a partir deste enfoque. O reforamento para
o seguimento normal de regras continua. Neste enfoque, o terapeuta no pode abordar
os principais problemas de uma s vez. Porm, quando os clientes finalmente "rompem"
as linhas inimigas, o problema parece mudar. A manuteno continua a ser um
problema, mas um problema surpreendentemente moderado. Uma vez que o sistema
visto claramente, difcil retornar a ele por completo. difcil acreditar 100% em uma
crena, depois que ficar claro que uma crena , somente, mais um comportamento. Os
dois mecanismos que utilizo para a manuteno so o grupo que mencionei acima e
sesses de encorajamento, medida que so necessrios. Cerca da metade de meus
clientes me vero uma ou duas vezes no ano seguinte ao trmino da terapia, s para
esclarecer algum ponto difcil de resolver. Usualmente, isto pode ser feito de forma
rpida, porque eles simplesmente tm que fazer contato com o repertrio estabelecido
anteriormente na terapia. Por exemplo, um cliente agorafbico (com mais de dois anos
ps terapia) recentemente tivera um ataque de pnico em um cinema e, depois,
rapidamente comeou a deslizar para uma luta com a ansiedade. Em trs sesses,
realizadas em uma semana s, conseguimos reverter o deslize e descobrir que o ataque
tinha sido deflagrado por algum tipo de luta que o precedera. No foi necessrio
tratamento adicional.
A Relao Teraputica
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termos de analogia ao tabuleiro de xadrez. Era como se, algumas vezes, ele visse as
coisas do ngulo das peas brancas e, algumas vezes, das negras - o que chamado de
"diviso".
A meta na terapia era ajud-lo a ver ambos os lados partir do "nvel de
tabuleiro" e, ento, enquanto ele estivesse vendo ambos os lados, estabelecer um curso
de ao. O cliente aprendeu a dar espao para a ambivalncia e fazer e manter
compromissos. Prximo ao final da terapia, por exemplo, o cliente escolheu casar-se
novamente com sua ex-esposa. Ele descreveu sua viagem de 4 horas para encontr-la
como cheia de "fantasmas e duendes" (pensamentos e sentimentos acerca de casar-se
novamente ou no). Em vez de tentar lutar contra esses sentimentos, ele os admitiu e
manteve seu compromisso. De fato, ele casou-se novamente e tem mantido seu emprego
durante trs anos. Seis das sete escalas no MMPI muito elevadas que estavam presentes
no comeo da terapia, diminuram ao nvel normal ao final do tratamento. Perto do final
da terapia, o cliente leu um poema que ele mesmo tinha escrito e que descobria sua
experincia teraputica e que deixa clara a relevncia desta abordagem da ambivalncia.
Tenho vivido esta vida por 33 anos.
Tenho visto a alegria e tenho experimentado as lgrimas.
Tenho vivido com pessoas e tenho vivido sozinho.
Tenho sido preguioso e tenho posto mos obra.
Nunca segui muito minha intuio.
Minha vida tem estado cheia de indeciso.
Mas agora penso que tenho arranhado a superfcie.
Do que eu sou e de meu propsito como um todo.
Odiar a mim mesmo no realmente um crime.
Me sinto feliz e triste ao mesmo tempo.
Encerramento
O final de algo implica um estado de coisas permanente ou solidificado. Na
terapia, usualmente, isso no funciona dessa maneira. Quando nossos problemas so
solucionados permanentemente? Quando esto estabilizados? Minha meta no fixar as
pessoas, mas conseguir que deixem de estar paralisadas. As contingncias naturais
movero nossas vidas para frente. Assim, o "final" da terapia o ponto no qual um
processo de aprendizagem estabelecido. Temos a esperana de que esse processo
sempre continuar.
Eu tento facilitar o encerramento da terapia certificando-me que os clientes
sabem que podero voltar se for necessrio, provendo recursos em longo prazo como o
grupo e incrementando os intervalos entre as sesses de terapia, durante os ltimos
meses de terapia. Mais que tudo, porm, tento deixar claro o que o trmino da terapia :
ele um processo e no o resultado.
Sucessos e Fracassos
Neste ponto, minha impresso que o enfoque realmente bem-sucedido em
relaes a desordens de ansiedade e depresso. Tambm o tenho utilizado com sucesso
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cauteloso seja necessariamente convencido ou pela anlise ou pelos dados. Eu acho que
o que eu espero que os leitores considerem a necessidade de novos enfoques terapia,
o possvel papel que o behaviorismo radical pode ter na organizao de tal procura.
Estas duas consideraes, de fato, guiam minha abordagem terapia. Uma vez que este
livro trata do que os terapeutas do comportamento realmente fazem na prtica clnica, se
eu consegui mostrar aos leitores a maneira como me guio por essas consideraes, eu
atingi minha meta.