Metodologias P Matemática-Iram Mendes PDF
Metodologias P Matemática-Iram Mendes PDF
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Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário Executivo
José Henrique Paim Fernandes
Vice-Reitora
Regina Fátima Feio Barroso
Pró-Reitor de Extensão
Ney Cristina Monteiro de Oliveira
Volume 41
Introdução
Vejamos alguns materiais concretos e suas possibilidades de uso em sala de aula de acordo
com o conteúdo a ser abordado.
O Tangran
O Tangran constitui-se de um quebra-cabeça geométrico muito divulgado e utilizado no
ensino de matemática nas séries iniciais nos últimos 20 anos. Todavia, quando se trata de uma
abordagem para as séries finais do ensino fundamental, pouco se tem proposto para o seu uso. Um
trabalho desenvolvido por Mendes e Silva (1995) apresenta algumas possibilidades pedagógicas
de uso do Tangran no ensino de geometria e frações. Trata-se de um material que pode ser usado
em diferentes níveis de escolaridade para a formação de um mesmo conceito matemático.
O Tangran constitui-se em um quebra-cabeça geométrico formado por sete peças organizadas
da seguinte maneira:
• Dois triângulos retângulos isósceles grandes;
• Dois triângulos retângulos isósceles pequenos;
• Um triângulo retângulo isósceles médio;
• Um quadrado;
• Um paralelogramo.
Para realizar atividades com o Tangran, você deve usar uma linguagem adequada ao nível dos
seus alunos, desde que estabeleça relações conceituais entre os aspectos abordados informalmente
e a linguagem matemática a ser formalizada. O importante é que você explore progressivamente
todas as atividades possíveis envolvendo as sete peças do material.
Sugerimos que você explore todas as formas geométricas representadas pelas peças do
material, bem como os conceitos geométricos sugeridos na caracterização de cada peça. Além
disso, é possível explorar os conceitos de proporcionalidade e congruências, favorecendo o estudo
de frações, equivalência de áreas e perímetros.
Esse material pode ser utilizado nas séries iniciais e finais do ensino fundamental, de
modo a contribuir para que os estudantes formulem suas idéias acerca dos conceitos geométricos
e os aprofundem através de atividades estruturadas a serem desenvolvidas em sala de aula após a
manipulação do material. Para tanto, você pode explorar:
• Os lados de cada uma das figuras geométricas presentes no material (triângulos,
paralelogramo, quadrado);
• As formas geométricas possíveis de serem formadas a partir da composição das formas
básicas existentes;
• Relações entre figuras geométricas e a classificação de triângulos e quadriláteros;
• Vértices, ângulos e soma de ângulos;
• Rotação e translação de figuras;
• Conceitos de simetria, entre outros aspectos.
Mendes e Silva (1995) sugerem, por exemplo, as seguintes atividades:
• Construir um triângulo com 2, 3 e 4 peças;
• Construir um quadrado com 2, 3 e 4 peças;
• Construir um retângulo com 3, 4, 5, 6 e 7 peças;
• Construir um paralelogramo com 2, 3, 4, 5, 6 e 7 peças;
• Construir um trapézio retângulo com 2, 3, 4, 5, 6 e 7 peças;
• Construir um trapézio isósceles com 2, 3, 4, 5, 6 e 7 peças.
Após a realização dessas atividades, você deve discutir com seus alunos os aspectos
conceituais evidenciados durante a construção das peças de modo a suscitar sua compreensão
acerca dos entes geométricos presentes nas atividades de manipulação do material. É a partir
dessas discussões que os conceitos geométricos se formarão na estrutura cognitiva dos alunos,
favorecendo a sua abstração geométrica.
Há inúmeras possibilidades de exploração das potencialidades do Tangran. Cabe a você
dar o passo inicial nessa exploração e favorecer o desenvolvimento de conceitos e propriedades
geométricas em sala de aula.
O painel multiplicativo
Na folha de papel cartão ou papelão revestido traça-se outros 100 quadrados onde serão
colocados os múltiplos dos números presentes na cartolina, conforme a posição ocupada por cada
um desses números.
Observe as figuras a seguir. Na primeira você tem o esquema a ser feito na cartolina e na
figura seguinte o esquema a ser feito no papel cartão ou papelão revestido. Os quadrados devem ter
um tamanho adequado de modo a aproveitar toda a folha de cartolina e de papel cartão, deixando
apenas uma faixa superior para que se possa colocar o nome do material.
PAINEL MULTIPLICATIVO
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Cartolina com a representação dos números de 1 a 9
Parte frontal do painel multiplicativo
Cada quadrado da parte frontal (figura anterior) deve ser recortado isoladamente e colado
na parte superior de cada quadrado da parte de trás do painel (figura seguinte) de modo a relacionar
os fatores da multiplicação (multiplicador, multiplicando e produto). Vejamos!
Na terceira coluna da figura seguinte, por exemplo, você tem os dez múltiplos de 3 desde
o próprio 3. Isso significa que você colará, nesta coluna, todos os quadrados com o número 3 de
modo que ao suspender qualquer casa representada pelo 3, você terá como resultado a soma de
todos os valores 3 desde a primeira linha até a casa escolhida. Se, por exemplo, você tomar a quarta
casa da coluna do 3, verificara que o valor oculto é o número 12 pois 3 + 3 + 3 +3 = 4 x 3 = 12.
Assim, você lançará desafios para que seu aluno explique o processo multiplicativo presente no
material, bem como as relações entre múltiplos e divisores aqui presentes.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 4 6 8 10 12 14 16 17
3 6 9 12 15 18 21 24 27
4 8 12 16 20 24 28 32 36
5 10 15 20 25 30 35 40 45
6 12 18 24 30 36 42 48 54
7 14 21 28 35 42 49 56 63
8 16 24 32 40 48 56 64 72
9 18 27 36 45 54 63 72 81
10 20 30 40 50 60 70 80 90
Parte de trás do painel contendo os produtos, ou seja,
os múltiplos de cada número representado na figura anterior
A partir do painel multiplicativo você poderá desafiar seus alunos a relacionarem os aspectos
numéricos envolvendo a construção dos quadrados perfeitos, produtos notáveis, raiz quadrada,
entre outros aspectos que dizem respeito à formulação dos princípios aritméticos que subsidiarão
a compreensão da teoria dos números.
Estes materiais são bons para construir sólidos a partir das suas planificações. Os modelos
assim construídos ficam com as faces representadas e se o material for transparente, é possível unir
pontos das faces com linhas ou varetas e obter outros poliedros com eles relacionados, diagonais e
formas diferenciadas de olhar a figura.
Pode-se também fazer polígonos regulares e não regulares de vários tipos, com encaixes que
servem para uni-los com elásticos. Estes polígonos servem para fazer experiências de construção
de poliedros, cilindros, cones e outras formas espaciais, como mostramos a seguir.
Com os canudinhos que se usa para beber refrigerantes e sucos, é possível passar um
elástico ou arame fino por dentro deles, sempre que for preciso, podendo ser construídos modelos
de estrutura dos sólidos geométricos básicos. Nos vértices, as linhas devem ter sempre um nó
para fixar os canudinhos formando as arestas de cada face do poliedro. Vejamos algumas dessas
representações:
Nestes modelos, você pode perceber as posições relativas de arestas e diagonais devido à
visão do sólido por dentro (as diagonais espaciais, por exemplo, que também podem ser feitas com
canudinhos).
Você poderá estudar melhor a geometria dos cortes de sólidos através de modelos de
poliedros em acrílico transparente com uma abertura que permite introduzir um líquido colorido.
Imagine alguns recipientes plásticos usados no seu dia-a-dia quando colocamos líquidos ou, às
vezes, alimentos como arroz, feijão, entre outros. Desse modo, a superfície plana do líquido (ou
dos alimentos sólidos, areia etc) simula o plano de corte e se for variando a posição do poliedro
podemos observar diversas possibilidades de cortes. Veja na figura a seguir, alguns exemplos
de como essas experiências podem ocorrer e gerar uma série de questões a serem investigadas
por você, ampliando seu conhecimento acerca da geometria plana e espacial estudadas nas aulas
anteriores.
Atividade 1
Observe os três cubos da figura anterior e responda:
a) Quais as formas geométricas sugeridas pelo líquido colocado nos cubo 1, 2 e 3?
b) Como você faria se tivesse que determinar a quantidade de líquido colocado em cada um dos
cubos, usando apenas as formas apresentadas e alguma relação matemática entre esses cubos e as
formas sugeridas pelos líquidos no interior de cada um deles?
Os materiais são inúmeros, cabendo a cada um buscar informações acerca desse potencial
pedagógico para o ensino de matemática. É importante, entretanto, que você estabeleça conexões
contínuas entre os materiais utilizados e os princípios, conceitos e propriedades matemáticas
evidenciadas em cada material.
Outro aspecto importante a ser mencionado aqui é a possibilidade que você tem de adaptar
outros materiais utilizados diariamente ou jogos conhecidos para fins pedagógicos relacionados
à matemática escolar. Basta que os explore antes de utilizá-los em sala de aula, evitando, assim,
obstáculos que prejudiquem o seu desempenho docente.
Atividade 2
a) Faça um levantamento dos diferentes materiais manipuláveis existentes nas escolas da sua
comunidade e identifique as suas características. Descreva cada um desses materiais apontando
objetivos, conteúdos matemáticos que podem ser abordados, procedimentos de manipulação do
material e possíveis atividades a serem utilizadas com cada um deles.
b) Selecione quais são os materiais mais adequados para abordar conceitos matemáticos do nível
de ensino em que você trabalha e de que modo você pode utilizá-los.
c) Realize experiências com seus alunos usando os materiais selecionados na questão anterior e
anote todos os resultados obtidos de modo a apresentar as vantagens e desvantagens do uso de cada
material na construção dos conceitos matemáticos por parte dos alunos.
há jogos que poderiam ser classificados como jogos de aprendizagem, cuja finalidade é viabilizar
a aprendizagem de conceitos matemáticos e há jogos que poderiam ser classificados como jogos
de fixação, que evidenciam o exercício necessário para que a sistematização do conhecimento
matemático possa acontecer.
Os jogos são costumeiramente apresentados em livros, revistas e/ou boletins de informações
especificas da Matemática, além de publicações ligadas a recreações e passatempos, cabendo ao
professor a utilização e manipulação adequada desses instrumentos, visando explorar juntamente
com os alunos, todos os aspectos lógico-matemáticos presentes nessas atividades. Por esta via, o
professor propõe alcançar o objetivo no seu planejamento de ensino, a partir da contextualização
das etapas presentes no jogo.
Atualmente, o uso de jogos no ensino da Matemática está mais centrado no ensino
fundamental (principalmente nos dois primeiros ciclos), tendo uma efetividade significativa na
aprendizagem dos alunos, embora existam grupos que os utilizam em outros ciclos, como meio de
atrair a atenção dos estudantes para a Matemática.
Atividade 3
a) Faça um levantamento dos jogos matemáticos existentes nas escolas da sua comunidade e
identifique as sugestões de uso para cada um deles. Descreva tais jogos apontando objetivos,
conteúdos matemáticos que podem ser abordados, regras e modalidades de possíveis atividades a
serem utilizadas com cada um deles.
b) Selecione aqueles que você considera mais adequado para abordar conceitos matemáticos do
nível de ensino em que você trabalha e de modo que você pode utilizá-los.
c) Realize experiências com seus alunos usando esses jogos e analise os resultados obtidos,
apontando vantagens e desvantagens do uso desses jogos na construção dos conceitos matemáticos
por parte dos alunos.
d) Analise as propostas do PCN de matemática para o ensino fundamental e médio com relação ao
uso de materiais concretos e jogos como alternativa metodológica para a sala de aula.
interrogações relativas ao assunto: o que vem a ser etnomatemática? Qual a sua relação com o
ensino de matemática? Quais as suas contribuições para a melhoria do ensino de matemática? Essas
são algumas das inquietações dos professores de matemática, dos licenciandos em matemática ou
áreas afins, bem como de supervisores e orientadores educacionais, quando se trata de apresentar
e utilizar essas idéias em várias escolas do país.
Desde o final da década de 1970, a relação entre cultura e educação foi o ponto mais
freqüente nas discussões ocorridas nos meios acadêmicos sobre educação e, principalmente, sobre
o ensino de matemática. Tais discussões geraram experiências ímpares e uma literatura bastante
diversificada sobre o assunto. Dentre as diversas vertentes que buscaram relacionar essas duas
noções, pelo menos uma aparece agrupada sob o termo etnomatemática (D’AMBRÓSIO, 1985),
pois tem investigado a matemática praticada por diversos grupos culturais.
A etnomatemática pode ser considerada como uma área do conhecimento intrinsecamente
ligada a grupos culturais e a seus interesses, sendo expressa por uma (etno) linguagem também
ligada à cultura do grupo, a seus ethos. Atualmente, vivemos em uma sociedade bastante complexa,
onde as relações interculturais ocorrem continuamente e as etnomatemáticas produzidas expressam
esta complexidade do entrelaçamento cultural.
Para D’Ambrósio, etnomatemática significa reconhecer que todas as culturas e todos
os povos desenvolvem maneiras de explicar, de conhecer, de lidar com a sua realidade em um
processo de permanente evolução. A idéia básica é a de não rejeitar modelos ligados à sua tradição e
reconhecer como válidos todos os sistemas de explicação, de conhecimento, construídos por outros
povos. Esses sistemas, graças à dinâmica cultural, não são estáticos ou mortos. A etnomatemática
lança mão dos diversos meios de que as culturas se utilizam para encontrar explicações para a sua
realidade e vencer as dificuldades que surjam no seu dia-a-dia. Em todas as culturas, porém, nessa
busca de entendimento, acaba-se tendo necessidade de quantificar, comparar, classificar, medir, o
que faz surgir a matemática espontaneamente.
Ao longo dos últimos 20 anos, muita coisa sobre etnomatemática vem sendo dita e discutida
nos meios acadêmicos; escrita, publicada, criticada, experimentada e reelaborada por vários grupos
de estudiosos em todo o mundo, a busca é por um referencial teórico cada vez mais sólido acerca
desse assunto. A cada encontro de Educação Matemática e/ou áreas afins, observamos alguns
pesquisadores buscando participar de discussões sobre esse tema, visando atualizar-se sobre o
assunto, além de tentar colher novos subsídios para o seu trabalho acadêmico. Isso nos mostra a
importância dada ao assunto, assim como a validade atribuída aos resultados de estudos e pesquisas
realizadas por pesquisadores e educadores, no sentido de ver reconhecida a etnomatemática como
um paradigma emergente da Educação Matemática. O que não se obtém nesse entremeio todo é
uma resposta para a seguinte pergunta: O que é etnomatemática?
Acreditamos não ser possível definir ou conceituar etnomatemática, visto que uma
pergunta como essa contém vários elementos complexos em torno de sua elaboração. A busca
de uma resposta possibilita a todos nós o máximo de compreensão das idéias apresentadas por
vários estudiosos sobre esse tema. Com isso, você poderá formular suas primeiras idéias acerca
desse tema, baseando-se sempre nas referências teóricas que lhes forneceremos ao longo das
informações apresentadas aqui. Cabe a você, porém, refletir sobre as idéias lançadas, criticá-
las quando necessário e se possível reconstruí-las a sua maneira sem, entretanto, perder o fio
condutor do pensamento apresentado durante a exposição de nossas idéias. A partir daí, você
poderá aprofundar seus estudos através de leituras mais elaboradas e mais profundas.
Na Etnomatemática busca-se recuperar o fazer de cada grupo cultural para poder resgatar
estes conhecimentos e utilizá-los no ensino-aprendizagem das pessoas deste grupo. Deste modo,
o aluno parte para os seus estudos matemáticos de uma base cognitiva já bem constituída através
da sua própria convivência com a sua cultura e o conhecimento matemático é automaticamente
contextualizado para o aluno, o que ajuda a conferir um sentido intuitivo aos conceitos e
procedimentos a serem aprendidos. Assim, a Matemática informalmente construída deve ser usada
como ponto de partida para o ensino formal, procurando-se superar a concepção tradicional de que
a construção do conhecimento só ocorre dentro da sala de aula.
Desde que a Etnomatemática valoriza a Matemática dos diferentes grupos culturais e
implica em uma maior valorização dos conceitos matemáticos informais trazidos pelos próprios
alunos a partir das suas experiências fora do contexto da escola, esta diretriz é consistente com
a preocupação atual de proporcionar estímulos a grupos tradicionalmente deixados de lado pela
Matemática. É através desse tipo de ponto de vista que acreditamos na possibilidade de um enfoque
etnomatemático para o ensino de matemática. Isso porque cremos na possibilidade de uma maior
identificação do aluno com o seu objeto de aprendizagem, através de motivação, conexões com
aspectos afetivos, bem como a aquisição de habilidades científicas e a compreensão na importância
da igualdade entre as diversas formas de manifestação de saberes matemáticos.
A noção de etnomatemática tem implicações claras e evidentes para a educação matemática,
visto que pessoas diferentes produzem diversas formas de matemáticas, o que se contrapõe ao
princípio da uniformidade processual de ensino-aprendizagem para diferentes grupos sócio-
culturais. Portanto, o ensino de matemática deve considerar os aspectos sócio-cognitivos da
matemática apresentada por cada grupo de alunos. Partindo desse aspecto, poderá estabelecer
um diálogo construtivo no qual as idéias matemáticas apresentadas se ampliariam conduzindo os
grupos envolvidos a uma compreensão mais relacional do conteúdo abordado em sala de aula.
Apresentaremos a seguir algumas situações-problema e atividades extraídas de experiências
pedagógicas geradas de estudos em etnomatemática de modo que possamos contribuir para o
desenvolvimento de suas ações docentes, bem como para que você possa implementar novas
experiências em sua comunidade. Os exemplos e atividades aqui apresentados se constituem em um
impulso para a exploração do contexto sociedade/cultura, objetivando subsidiar o desenvolvimento
e a valorização das estratégias cognitivas dos estudantes numa perspectiva transdisciplinar,
característica da etnomatemática.
bordadeiras e artesãos de cerâmica decorativa, é possível a realização, com seus alunos, de atividades
de ensino que desenvolvam conceitos matemáticos como os de simetria, proporcionalidade,
ângulos, perímetros, áreas de figuras geométricas planas, entre outros.
O artesanato, segundo Oliveras (1996), contribui para os estudantes conhecerem os
ângulos necessários com suas medidas em graus e o modo adequado de obtê-los de acordo com
as medidas de cada peça artesanal a ser confeccionada. É nesse tipo de atividade profissional,
por exemplo, que encontramos dois tipos de conhecimento etnomatemáticos: o acadêmico e o
artesanal. O primeiro se refere aos conceitos matemáticos abordados na escola, em qualquer nível
de ensino e que estão implícitos nas atividades dos artesãos. O segundo diz respeito aos aspectos
matemáticos específicos da cultura investigada, ou seja, aqueles contextualizados no próprio
ambiente, conforme a prática e criatividade dos artesãos e são constantemente produzidos para
uso neste cenário cognitivo (Oliveiras, 1996).
Oliveiras afirma ainda que o saber etnomatemático artesanal caracteriza-se por uma
linguagem natural e terminologia específica do contexto em que foi elaborado, bem como
adequação do processo ou conceito genérico ao uso específico. Além disso, são fundamentais na
resolução de problemas relacionados a esses contextos.
A seguir apresentamos algumas atividades que você pode realizar após o desenvolvimento
de pequenos estudos etnomatemáticos com artesãos.
Atividade 4
a) Você já deve ter se deparado com pavimentações de calçadas, revestimentos de paredes e alguns
painéis decorativos presentes em determinados prédios. Geralmente esses painéis, revestimentos
ou pavimentações são formados por combinações geométricas. Procure explorá-los durante
um passeio em sua cidade, visando obter exemplos de rotações, translações ou outros aspectos
geométricos presentes em cada caso.
d) Quais os casos de simetria utilizados por você em cada faixa elaborada? Explique cada caso.
e) Observe as faixas de ornamentos a seguir, localize os padrões de cada uma e explique o processo
matemático de criação de cada faixa (se houve translação ou rotação em torno de um ponto, de
uma reta vertical ou horizontal).
f) Verifique quais os tipos de formas geométricas (triângulos, quadriláteros, entre outros) mais
evidentes nos ambientes e faixas decorativas explorados por você.
g) Investigue os artesãos existentes em sua comunidade e verifique se eles fazem trabalhos similares
a esses. Realize uma investigação com seus alunos, visando explorar os aspectos matemáticos
presentes nas práticas artesanais localizadas.
Alguns cestos confeccionados pelos nossos artesãos ou moradores da zona rural apresentam
o entrelaçamento constituído por diversas formas geométricas distribuídas proporcionalmente de
modo a dar harmonia às peças. A seguir apresentamos o fundo de um cesto indígena cujo padrão
geométrico centrou-se na formulação de quadrados congruentes entre si.
De acordo com Gerdes (1989, p.14), o fundo do cesto é constituído por quatro quadrantes
congruentes, de maneira que o número de tiras de palha (N) é sempre o quádruplo de um número
natural menor (n), ou seja, N = 4n.
O número de tiras (N) em cada nível horizontal do cesto é suficiente para que o padrão
geométrico apareça P vezes, de modo a não sobrar nenhuma tira, ou seja, N = P x Q, onde P e Q
correspondem ao comprimento e a largura do elemento padrão.
Atividade 5
a) Faça um levantamento com um carpinteiro sobre como ele calcula quantos metros de caibros,
vigas e ripas são necessários para o telhado de uma casa, considerando o tamanho do terreno, o
número de cômodos e o tipo de telhado.
b) Localize, em sua comunidade, alguma construção em que o teorema de Pitágoras está presente
ou foi usado de forma aplicada. Em seguida, descreva matematicamente o modo como essa parte
da geometria aparece.
c) Faça um levantamento das formas geométricas presentes em torno de sua casa e identifique os
conceitos geométricos envolvidos nessas formas, explicando cada um deles.
d) Entreviste uma costureira ou bordadeira, uma artesã ou rendeira e identifique o modo como
essas profissionais se relacionam com alguns conceitos e propriedades geométricas, identificando
e explicando cada um deles.
e) Observe as formas geométricas das grades de portões e dos telhados das casas e, em seguida,
pergunte aos serralheiros e carpinteiros por que essas formas geométricas estão presentes nessas
estruturas.
bem como a determinados professores que seguem um comportamento linear na busca de soluções
para problemas matemáticos (Kilpatrick, 1995).
É necessário, entretanto, que o professor desenvolva uma série de orientações na resolução
de problemas, tendo em vista superar todas as possibilidades de fracasso das primeiras experiências
quando realizadas em sala de aula, principalmente nas séries iniciais. Em se tratando das últimas
séries do ensino fundamental ou do ensino médio, é importante que possamos imprimir uma
ênfase investigatória ao processo de resolução de problemas de modo a favorecer o exercício de
levantamento e testagem de hipóteses, bem como na elaboração de todos os algoritmos possíveis
ao buscar a solução de um problema.
Para que possamos encaminhar tais orientações, é necessário nos conscientizarmos que
não é possível ensinar tais processos em muito pouco tempo na escola. Devemos possibilitar nos
estudantes o desenvolvimento de habilidades lógico-matemáticas que os levem a converter a
heurística de cada problema em um algoritmo correspondente (esquema padrão de cada problema)
para que assim possam aplicá-las na resolução dos problemas.
Os novos programas de Matemática dos diferentes níveis de ensino defendem uma
abordagem de ensino com base na resolução de problemas. Mas, existem diferentes interpretações
sobre o que se entende por problemas e por resolução de problemas. Na resolução de problemas
como tendência metodológica no ensino-aprendizagem da matemática, os alunos podem:
• Usar uma abordagem de resolução de problemas para investigar e compreender o conteúdo
matemático;
• Formular problemas a partir de situações matemáticas e do dia-a-dia;
• Desenvolver e aplicar estratégias para resolver uma grande variedade de problemas;
• Verificar e interpretar resultados comparando-os com o problema original;
• Adquirir confiança para usar a Matemática de forma significante;
• Generalizar soluções e estratégias para novas situações problemáticas.
Há, entretanto, outros caminhos para ampliação de uma proposta centrada em estudos de
problemas da vida diária ou de situações abertas. Tais problemas visam:
• Melhorar a capacidade dos estudantes em resolver problemas;
• Desenvolver habilidades de formulação e resolução de problemas extraídos da realidade;
• Atribuir significados aos objetos matemáticos estudados, levando os estudantes a
envolverem-se inteiramente na sua aprendizagem.
Tais estudos mostram que os estudantes sabem muito mais sobre os problemas reais ou
de situações abertas do que sobre os problemas estáticos e sem significado contextual para eles.
Nesse sentido, os alunos evidenciam o desenvolvimento de capacidades para:
• Produzir conclusões lógicas sobre o problema resolvido;
Para que seja possível aos alunos adquirirem as habilidades e competências matemáticas
enunciadas anteriormente, é necessário que você (professor) explore todos os tipos de problemas
possíveis, durante as suas atividades docentes, tendo em vista que é através de uma variedade de
experiências que o processo cognitivo de generalização e síntese se efetivarão. Nesse sentido,
vários estudiosos sobre a resolução de problemas como Polya, (1979), Dante (1994), Borasi
(1986), Abrantes (1989), entre outros, apresentaram suas classificações para os diversos problemas
presentes nos livros didáticos de matemática em diferentes níveis de ensino.
Para Matos e Serrazina (1996), os problemas costumeiramente apresentam-se agrupados
da seguinte maneira:
• O exercício - formulado explicitamente de forma descontextualizada e as estratégias de
resolução resumem-se a aplicação de regras e algoritmos conhecidos que conduzem à
disciplina que mais reprova e exclui do sistema escolar, o que implica que cada vez fica mais patente
a situação em que o indivíduo está perdendo direitos e deveres como verdadeiros cidadãos.
É urgente uma retomada dos valores humanos na resolução de problemas para que seja
possível eliminar esse processo de exclusão do ensino de matemática. Esse tema é sempre constante
nos congressos de Educação Matemática em todo o mundo e no Brasil, já se discute muito, porém,
pouco se faz. É preciso conceber a matemática, não como um corpo de conhecimento, mas como
atividade humana, ou seja, processo e não produto.
O conteúdo aumenta constantemente a massa de conhecimento matemático do mundo,
devendo com isso ser freqüentemente selecionado, pois o aluno moderno acumula muita informação
e pensa cada vez menos. A escola deve adequar-se para inserir esse aluno no meio da informação,
usando criatividade, iniciativa, espírito crítico, capacidade de aprender o novo.
Nesse novo milênio o mais importante é essa capacidade valiosa de saber pensar, refletir,
analisar e concluir, o que deixa o aluno em condições de dominar o conhecimento através de sua
autoconfiança e autonomia. Isso implica em requisitos essenciais para o alcance da cidadania a partir
do ensino de matemática, principalmente na busca de interpretação da realidade problematizada e
na busca de estratégias de superação das dificuldades que surgem a cada momento.
Para que isso ocorra é preciso mudar o processo de ensino estático e unilateral no qual
o professor é o único informante e cujas ações conduzem o aluno a um processo contínuo de
passividade. Por outro lado, as aulas dinâmicas centradas na problematização, investigação e
análise da realidade matemática envolvida nos contextos sócio-culturais conduzem os alunos a um
processo ativo provocado pela sua participação, favorecendo o seu crescimento no próprio processo
de apreensão do conhecimento. Desse modo, a cidadania passa a ser buscada, conquistada através
da motivação emocional e intelectual, assim como provocada durante essas atividades dinâmicas
desencadeadas nas aulas.
Esse alcance da aprendizagem matemática através da resolução de problemas traz consigo
um procedimento metodológico importante para o crescimento afetivo, intelectual e disciplinar
do aluno. Trata-se de uma perspectiva de desenvolvimento de atividades investigatórias no ensino
da matemática através da iniciação à pesquisa, visto que essa alternativa didática desenvolve
agudamente a capacidade que o aluno tem para aprender o novo.
Com isso, o aluno passa de um simples aluno para se constituir em um ser aprendente em
contínuo desenvolvimento de habilidades inerentes à investigação do seu entorno, ou seja, passa
a utilizar sua criatividade na busca de soluções para problemas que o circundam diariamente.
Além disso, passa a ter habilidades de busca de conhecimento por si próprio, o que implica na tão
desejada autonomia matemática.
Atividade 6
a) Selecione os livros didáticos utilizados na sua escola ou aqueles que você usa para elaborar
as suas atividades em sala de aula e analise os modos como são propostos os problemas e a sua
resolução. Para sua análise, considere os aspectos abordados anteriormente (componentes da
resolução de problemas, estratégias sugeridas, etc).
b) Faça um levantamento acerca dos tipos de problemas presentes nos livros didáticos, utilizando
a classificação dada anteriormente. Caso encontre outros tipos de problemas, tente classificá-los e
aponte os critérios adotados para a sua classificação.
c) Selecione alguns tipos mais evidentes de problemas abordados nos livros adotados por você e
verifique as estratégias utilizadas por seus alunos na busca de soluções para esses problemas.
modelos devem ser interpretados de modo que os termos matemáticos sejam compreendidos em
relação à situação proposta, pois admitindo que o conhecimento é social, a inter-relação dialética
sujeito-objeto na construção do mesmo só é possível a partir das relações existentes entre os homens
quando também é vista num contexto sócio-histórico. Por isso, ele nunca é dado por acabado e sim
sempre em processo de construção.
Sugestão de atividades
A seguir apresentaremos algumas atividades de ensino envolvendo o uso de modelagem no
ensino de matemática. Tais atividades, segundo Bienbengut e Hein (2000), podem contribuir para
que você pratique estratégias de ensino-aprendizagem nas quais os estudantes adquiram habilidades
investigatórias e construam os conceitos matemáticos presentes nos modelos matemáticos
construídos durante as experiências propostas. Vejam, então, algumas dessas atividades.
Atividade 7
A cubagem da madeira e a exploração das formas sólidas
A cubagem é uma atividade muito rotineira nas regiões onde o beneficiamento da madeira
faz parte do contexto econômico da sociedade. Todavia, a maioria dos trabalhadores que atuam
nessa área profissional nem sempre relaciona suas atividades aos princípios geométricos nela
envolvidos. Nesta prática é muito salutar que você penetre nesse universo e compreenda como
esse aspecto da geometria é desenvolvido. Vejamos:
De acordo com Biembengut e Hein (2000), um madeireiro calcula a metragem cúbica de
madeira ou tábua obtida após o corte de um tronco de árvore da seguinte maneira:
• Inicialmente estima o ponto central (c) do tronco da árvore;
• Com um barbante ou fio forte, a partir desse ponto, mede o perímetro do tronco, ou seja,
a circunferência média ou central. Para obter essa medida, considere o comprimento da
circunferência como C = 2 π r;
• Para saber o tamanho desse quadrado da base do tronco, determina a área do quadrado,
elevando o valor de ℓ ao quadrado, assim:
• Para concluir, multiplica o valor dessa área encontrada pela medida da altura do tronco da
árvore a ser cortado, obtendo então, o volume ou o número de m3 da madeira.
a) Você poderá checar as informações anteriores conversando com alguém da sua comunidade
ou de alguma madeireira próxima, perguntando se conhece essa técnica e assim, poderá verificar
algumas variações nos modos de calcular, mas que certamente chegarão a resultados similares a
esse. Eis um desafio para você!
c) Você deve ter percebido que o tronco não possui espessura regular, logo, a base circular não é a
mesma em toda a extensão do tronco. Nesse caso, o madeireiro determina o volume em função da
base média do tronco, sendo assim, há uma diferença entre o cilindro e o prisma de base quadrada
correspondente ao tronco. Experimente demonstrar essa relação a partir do que você conhece das
aulas anteriores.
Atividade 8
a) Uma torre de celular, uma caixa d’água, uma cisterna, latas e caixas de leite e de óleo, de extrato
de tomate, entre outros objetos do seu dia-a-dia lembram as formas geométricas sólidas. Por meio
da exploração investigatória dessas formas geométricas, você ampliará seu conhecimento acerca
da matemática envolvida nessas construções. Experimente explorar essa matemática.
c) Atualmente são construídas diversas cisternas nas várias micro-regiões nordestinas devido à
falta de água nesses locais. Geralmente, esses reservatórios têm o formato de um cilindro. Faça um
levantamento em seu município, sobre a construção de cisternas ou caixas d’água, considerando
as medidas e sua capacidade (o volume de água). Mostre as relações geométricas presentes nessa
construção.
e) Qual deve ser a altura do cilindro para que o depósito armazene 400m3 de cereais?
f) Se o material a ser usado for folhas de zinco, quantos m2 serão gastos para fazer o depósito?
A utilização da História da Matemática surge como uma proposta que procura enfatizar
o caráter investigatório do processo de construção do edifício matemático, podendo levar os
estudiosos dessa área de pesquisa à elaboração, testagem e avaliação de atividades de ensino
centradas na utilização de informações históricas relacionadas aos tópicos que pretendem investigar.
Ultimamente, o interesse pela História como ferramenta de ensino tem crescido bastante em
virtude da busca de contextualização e inserção da Matemática em um meio e em uma época bem
definida.
Os estudos e pesquisas voltados para o ensino da matemática vêm, nos últimos anos,
apresentando um número bastante significativo de trabalhos voltados para a investigação de aspectos
teóricos e práticos do uso da História no ensino da matemática. Neste caderno apresentaremos
alguns trabalhos nos quais a História da Matemática é utilizada como meio de construção do
conhecimento matemático escolar.
Os trabalhos aqui apresentados contribuirão na elaboração da sua proposta de ensino da
matemática em sala de aula, principalmente considerando a História como um princípio unificador
entre os aspectos cotidiano, escolar e científico da matemática. Outrossim, acreditamos que essas
contribuições ampliarão nossas perspectivas teóricas sobre o tema em discussão, justificando assim
a necessidade e significância do mesmo para a Educação Matemática. Vejamos.
dinâmica vital às atividades históricas para que elas se constituam em um processo ativo-reflexivo
vem dos pressupostos construtivistas.
A utilização dessas atividades históricas no ensino da matemática pressupõe que a
participação efetiva do aluno na construção de seu conhecimento em sala de aula constitui-se em
um aspecto preponderante nesse procedimento de ensino e aprendizagem. Assim, a construção
do conhecimento cotidiano, escolar e científico ocorre através de relações interativas entre as
partes integrantes do processo, tal como entre professor e estudantes e entre os estudantes que
podem ser integrados à exploração de atividades construtivistas (desenvolvimento, associação
e simbolização), sob a performance de atividades manipulativas, voltadas à aprendizagem da
matemática escolar.
Para efetivarmos um ensino-aprendizagem significativo em matemática, é necessário
utilizarmos as atividades históricas, buscarmos no material histórico existente todas as informações
úteis à condução da nossa ação docente e somente a partir daí orientar os estudantes à realização
de atividades. Surge, porém, nesse momento, uma questão: Como conduzir esse processo? Esse
questionamento se resolve quando fazemos uma reflexão acerca da necessidade de se buscar a
investigação histórica como meio de (re)construção da matemática produzida em diferentes
contextos sócio-culturais e em diferentes épocas da vida humana.
A nossa concepção das atividades históricas parte do princípio de que as experiências
manipulativas ou visuais do aluno contribuem para que se manifestem neles as primeiras
impressões do conhecimento apreendido durante a interação sujeito-objeto vivenciada na produção
do conhecimento (saber-fazer). Essas primeiras impressões devem ser comunicadas através da
verbalização, ou seja, pela expressão oral do aluno em sala de aula, pelas discussões entre os
colegas, num processo de socialização das idéias apreendidas. Esse movimento de profunda ação-
reflexão implica na necessidade de representação dessa aprendizagem através da simbolização
(representação formal através de algoritmos sistematizados, fórmulas, etc.), visto que a mesma
evidencia o grau de abstração no qual o aluno se encontra com relação ao conhecimento construído
durante a atividade (nível de representação: intuitiva-algorítmica-formal).
Esses níveis de representação referem-se aos três componentes de uma atividade
matemática: 1) o intuitivo, no qual a matemática não se liberta das suas raízes humanas, embora
possua processos de abstração extremamente sofisticados; desse modo, é importante discutirmos
o caráter imaginativo do raciocínio matemático, da visualização e de todas as vivências humanas,
bem como do caráter biológico da aprendizagem. 2) o algorítmico, que permite a adaptação do
pensamento aos procedimentos problemáticos propostos na prática, treino sistemático ao qual o
aluno é sujeito, favorecendo a mecanização (memorização) do conhecimento, além de depender
de uma construção prévia acerca do conceito apreendido e de uma contextualização (situação
problemática) do assunto aprendido; e 3) o formal, no qual os conceitos matemáticos são expressos
através de proposições que consideramos adaptáveis a todas as circunstâncias – muito presente
nos livros didáticos tradicionais, onde é considerada uma forma avançada de conhecimento,
transformando-se em um modo de ensinar matemática. Há necessidade de uma contextualização
para que a componente formal seja significativa para o aluno.
A esse respeito, as atividades são apresentadas sob três principais características: atividades
de desenvolvimento, de associação e de simbolização, sempre levando em consideração o
aspecto interativo existente entre o sujeito (aluno) e o objeto do conhecimento (a matemática
escolar), centrando-se também nos aspectos matemáticos, psicológicos e sócio-culturais (visão
transdisciplinar), isto é, procurando ver o aluno por inteiro (visão holística).
Desse modo, você deve resgatar o processo histórico da construção dos tópicos matemáticos
a serem abordados em sala de aula, para que o aluno compreenda o significado dessas idéias e
sua importância para o desenvolvimento de toda a matemática, a partir do significado histórico e
conceitual desses tópicos básicos levados pelo professor pelas atividades em sala.
A partir da utilização dessas atividades de ensino, verifique as possíveis relações existentes
entre a história da matemática e a etnomatemática, tendo em vista que esses aspectos ficam cada
vez mais evidentes quando se trata de verificarmos o desenvolvimento dessas noções matemáticas
ao longo do tempo, em diferentes contextos sociais, políticos e culturais. Além disso, essas relações
implicam na ressignificação dessa história no contexto atual.
Assim sendo, as implicações do uso da História no ensino da matemática apontam conexões
que suscitam uma possível utilização pedagógica das mesmas nas aulas de matemática. Para que
se esclareça melhor os aspectos técnicos (pedagógicos) de elaboração, utilização e avaliação desse
tipo de proposta educativa, apresentamos a seguir nossas considerações sobre tais atividades.
O tema central a ser investigado ou o conteúdo que se pretende construir. A partir dele
Através dos objetivos o professor deixará bem clara a finalidade da atividade visando à
construção do conhecimento matemático. A linguagem deve ser clara e concisa para que não causem
dúvidas nos estudantes acerca dos aspectos extra-matemáticos suscitados em cada atividade; isso
porque sempre haverão outros aspectos interligados que brotarão durante a ação-reflexão gerada
no processo de aprendizagem.
• O conteúdo histórico
O material deve ser descrito informalmente para que o aluno o explore da melhor maneira
possível. O professor deve ser o principal artesão dessa etapa, pois cabe a ele a exploração de todas
as possibilidades de improvisação do material visando superar as dificuldades existentes na escola.
O professor deve ousar e criar, em sala de aula, um ambiente inovador que concretize a imaginação
e criatividade matemática dos estudantes. Caso contrário, as condições econômicas dos estudantes,
da escola e do professor serão apontadas como fatores de inviabilização da proposta.
Sugestão de atividades
A seguir apresentaremos alguns exemplos de atividades envolvendo o uso da História no
ensino de matemática em sala de aula. Esperamos que você parta do modelo proposto anteriormente
e, baseando-se nas sugestões apresentadas, possa lançar-se ao desafio de vivenciar uma experiência
pedagógica baseada na abordagem histórica em sala de aula.
Atividade 9
Medindo a altura de objetos pela sombra
Essa atividade tem como principais objetivos determinar a razão de semelhança entre
dois triângulos retângulos isósceles, calcular o valor desconhecido de um dos lados de um
triângulo retângulo a partir da comparação com outro triângulo retângulo semelhante, representar
geometricamente situações-problema que envolvam semelhança entre triângulos retângulos e
representar no plano cartesiano as relações entre as medidas de sombras e as horas do dia.
Nesse momento, você pode explorar as noções de semelhança e proporcionalidade já
aprendidas em aulas anteriores e utilizar um fato histórico como fonte de contextualização de
uma prática social marcante dos povos antigos, cuja importância foi decisiva na organização das
noções básicas da trigonometria. A história-narrativa procura retomar a relação de semelhança
estabelecida entre a altura de qualquer objeto e a sua sombra. É nesse momento do trabalho que
fomentamos nos estudantes a sua curiosidade e espírito investigador tendo em vista fazer com que
eles se lancem na aventura do conhecimento, partindo dos aspectos históricos e transportando-os
para uma situação atual.
Nesse momento, eles passam a viver uma experiência que lhes dará oportunidade de tirar
conclusões próprias, pois a atividade vai além do fato histórico. Os dados matemáticos gerados da
experiência são manipulados pelos estudantes de acordo com os seus próprios interesses e é a partir
daí que eles passam a ter uma compreensão relacional das noções de semelhança de triângulos e
proporcionalidade.
Sugestão
Nessa atividade você utilizará trena ou fita métrica, régua, transferidor e compasso.
Não havia segredo na façanha realizada por Tales, pois nada mais era do que um grande
conhecimento de geometria. Isso é evidenciado quando ele procura igualar a medida da sombra à
medida da vara que fincou no solo para relacionar tudo com a pirâmide e sua sombra. Neste fato,
temos a presença de um triângulo retângulo isósceles, isto é, usando o conhecimento geométrico
sobre semelhança de triângulos; Tales mostrou que a altura da pirâmide é igual à sombra mais a
metade da base (a metade da base da pirâmide oculta uma parte da sua sombra), pois de acordo com
a figura anterior observa-se que há um triângulo retângulo possível de representar essa situação: h
é a altura da pirâmide e S é a sombra projetada que é representada por:
Novo desafio
Para você compreender melhor as idéias suscitadas aqui, podemos desafiá-lo a realizar
uma experiência similar àquela que Tales fez há mais de 2000 anos atrás. Vamos lá!
Construções Práticas
a) Escolha uma edificação, um objeto ou uma árvore para que seja possível executar as
tarefas a seguir;
f) Construa um gráfico cartesiano representando as medidas efetuadas por você ao longo dos
intervalos de tempo adotados para as medições.
Atividade 10
As medidas da terra e outras medidas
Nesta atividade, pretendemos situá-lo acerca dos aspectos históricos do desenvolvimento
da geometria abordada na escola básica. Para isso, consideramos as origens das práticas de medição
(geometrias práticas dos egípcios e babilônios) e sua axiomatização (processo de sistematização
do conhecimento geométrico através de axiomas) com os gregos e mais especificamente com
Euclides, em sua obra principal intitulada Os Elementos. A referida obra é uma sistematização de
uma grande parte do conhecimento matemático da época e é entre as primeiras obras matemáticas
a serem escritas usando o método axiomático. Apesar dos vários defeitos lógicos da época, trata-se
de um modelo exemplar de exposição matemática através dos séculos.
Objetivos
Compreender o processo de organização da geometria enquanto conhecimento construído
historicamente em diversos contextos socioculturais; Identificar conexões entre as práticas de
medição e a axiomatização da geometria ao longo da História, bem como interpretar esses aspectos
no contexto atual da comunidade na qual está inserido.
b) Localize no Antigo Testamento, livro I dos Reis, capítulo VII, versículo 23 e no livro 2 das
crônicas, capítulo IV, versículo 2, o que é abordado sobre um círculo de 10 unidades de diâmetro
e 30 unidades de comprimento (perímetro). Como as informações do Antigo Testamento se
relacionam com a determinação do número π? Represente numericamente essas relações.
c) Identifique em sua cidade, objetos ou construções (torre de celular, torre de igreja, barragens,
açudes, etc.) que podem ser medidos e explorados geometricamente ao longo dos nossos estudos.
Comece por levantar informações sobre as medidas desses objetos ou construções e organize os
dados levantados em uma tabela ou quadro de medidas a serem usados posteriormente em outras
atividades.
e) Caracterize o modo de fazer geometria desses profissionais e analise possíveis semelhanças e/ou
diferenças entre esses geômetras da sua comunidade e aqueles existentes na Antigüidade.
Atividade 11
Composição e decomposição de figuras
a) Considerando o triângulo T abaixo como sendo a unidade de área, decomponha cada uma das
figuras em triângulos congruentes a ele, registrando sua resposta.
b) Com cada uma das figuras decompostas no exercício 1 forme um triângulo. Não se esqueça que
você precisa utilizar toda a quantidade de triângulos obtida em cada decomposição, por exemplo,
quando for compor o triângulo equicomposto à figura A, ele será formado por 4 triângulos
congruentes a T. Registre seu procedimento.
d) Meça em centímetros os perímetros destes retângulos e das figuras que originaram cada um
destes retângulos. Compare-os. O que você observa?
sua área será ab e a medida do lado do quadrado equicomposto a ele será que é a média
geométrica entre os valores a e b. Geometricamente, tal média se encontra do seguinte modo:
• Tome dois segmentos de medidas a e b.
f) Por que esta perpendicular é tal média? Tente demonstrar. Uma dica: trabalhe com relações
métricas do triângulo retângulo.
h) Se fôssemos resolver algebricamente este problema, qual o grau das equações envolvidas?
também é necessária. Desde o final do século XVIII, quando foi criado, o sistema métrico decimal
é utilizado como o sistema padronizado de medida. O metro quadrado é o padrão para medidas de
superfícies.
É freqüente iniciarmos o trabalho com área, nos ciclos iniciais do ensino fundamental, com
a determinação, em cm2, da medida de superfícies de figuras desenhadas em papel quadriculado,
ou mesmo pedir aos alunos que recubram a sala de aula com quadrados de 1m de lado para
verificação da área de tal sala. No entanto, estas atividades de contagem não evidenciam a natureza
de uma unidade quadrada de área (cf. FRANCHI e CARVALHO in FRANCHI et alii, 1992), como
podemos observar pela atividade que se segue.
Atividade 12
Unidades quadradas de área.
a) Calcule a área em cm2 de cada um dos retângulos do exercício 4 da atividade 1. Qual seria a área
em cm2 de cada uma das figuras do exercício 1 da mesma atividade? Justifique sua resposta.
Este exercício, bem como aqueles que propõem a comparação de áreas de figuras feitas a
partir de unidades de medidas diferentes evidenciam a proporcionalidade existente entre a razão
das áreas determinadas a partir de diferentes unidades de medida e a razão entre as áreas destas
unidades. Por exemplo, em uma sala retangular de 3 m de comprimento por 4 de largura, quantos
m2 cabem? Quantos dm2 cabem nesta sala? E quantos cm2? A área desta sala em m2 será 12, em
dm2 será 1200 e em cm2 será 120000. A área da sala em m2 está para esta mesma área em dm2 na
Unidade:
Todas estas figuras possuem 1 cm2 de área, o que nos leva a concluir que 1 cm2 não é um
quadrado de 1 cm de lado, mas a área contida em um quadrado de 1 cm de lado, área esta que pode
estar contida em qualquer outra figura, não necessariamente de forma quadrada. O mesmo podemos
afirmar de 1 m2. Sendo assim, a medida da extensão bidimensional não resulta da multiplicação
das medidas lineares 1 cm X 1 cm, mas esta multiplicação representa numericamente a medida
da extensão desta região quadrada, extensão esta que pode ser de qualquer outra região fechada,
inclusive de regiões não poligonais.
A identificação entre a multiplicação de duas medidas lineares e área iniciou-se com os gregos
da Antiguidade que, para referirem-se à multiplicação de dois números utilizavam-se de retângulos
que tivessem como medidas de lados os dois fatores em questão. Porém, quando multiplicamos 3
X 4 e determinamos a área 12 de um retângulo, não significa que estamos multiplicando medidas
lineares para a determinação da área, mas que conseguimos colocar 3 “fileiras” de quatro quadrados
de 1 cm2 de área neste retângulo, ou seja, estamos multiplicando um certo número de vezes, uma
medida bidimensional, como podemos observar abaixo:
Por outro lado, a área de um polígono qualquer depende das medidas de sua base e altura,
como podemos observar no exemplo do paralelogramo abaixo. Se fixarmos a base, quanto menor
a altura, menor será a quantidade de “fileiras” que caberão na figura e, portanto, menor será a área.
O mesmo ocorre se fixarmos a altura e variarmos a base.
A fórmula da área do paralelogramo (A = b.h), bem como as fórmulas de áreas dos demais
polígonos ressaltam esta dependência. Com esta discussão queremos destacar que há uma diferença
entre a noção geométrica de área e as manipulações algébricas que fazemos para representar tal
noção ou para determinar o número que a expressa.
Outro modelo de atividades é proposto por Miguel (1993), sob a denominação de estudo
histórico pedagógico temático, quando propõe sugestões pedagógicas de uso da História para o
ensino dos números irracionais. Vejamos dois exemplos extraídos de Miguel (1993), nas atividades
13 e 14.
Atividade 13
a) Para cada par de quadrados seguintes, construa à direita um único quadrado cuja área seja igual
à soma das áreas dos quadrados dados.
1)
2)
3)
4)
5)
b) Você acha que é possível construir um único quadrado cuja área seja igual à soma das áreas de
dois quadrados quaisquer? Justifique sua resposta.
Uma coisa comum que se observa em todos esses padrões é a presença de quadrados
na composição de cada um. Uma outra coisa que se nota, em quase todos eles, é que o contorno
desses padrões tem sempre a forma de uma escadinha com muitos ou poucos degraus. Vamos,
então, partir dessas observações. Chamaremos de quadrado dentado qualquer quadrado cujos lados
tenham a forma de uma escadinha, composta de vários dentes, por exemplo, o quadrado dentado
da figura 4 deste texto possui 6 dentes. Observe que o interior desse quadrado dentado é composto
de quadrinhos dispostos em linhas e colunas.
A linha ou coluna de um quadrado dentado que possui o maior número de quadradinhos
é a diagonal do quadrado dentado. Logo, a figura 4 é um quadrado dentado de 6 dentes, cuja
diagonal possui 11 quadradinhos.
Desenhe na rede quadriculada seguinte:
1. Um quadrado dentado de 3 dentes.
Atividade 14
Observe o quadrado dentado de quatro dentes desenhado a seguir. Utilizando duas cores
diferentes (vermelho e preto), pinte todos os quadrinhos que compõem esse quadrado dentado
como se ele fosse um tabuleiro de xadrez.
Chame o quadrado dentado assim obtido de “quadrado dentado xadrez de quatro
dentes”.
c) Tomando o quadradinho como unidade de área, qual é a área ocupada pelo quadrado dentado xadrez?
d) É possível construir dois quadrados lisos, um deles contendo somente quadradinhos vermelhos
e o outro apenas quadradinhos pretos que ocupem, juntos, a mesma área ocupada pelo quadrado
dentado xadrez? Em caso afirmativo, construa-os na rede quadriculada seguinte.
e) Transforme, se possível, cada um dos quadrados dentados xadrezes seguintes em dois quadrados
lisos que ocupem juntos, a mesma área que a do quadrado dentado correspondente.
1)
2)
3)
4)
f) Dado um quadrado dentado qualquer, é sempre possível transformá-lo em dois quadrados lisos
que ocupem juntos a mesma área que a do quadrado dentado?
5)
De acordo com Ponte (1995), o uso do computador no ensino de matemática contribui para:
• Uma relativização da importância das competências de cálculo e de simples manipulação
simbólica, que podem ser realizadas de forma mais rápida e eficiente;
• Um reforço do papel da linguagem gráfica e de novas formas de representação, permitindo
novas estratégias de abordagem dos mais variados problemas;
• Uma atenção redobrada às capacidades intelectuais de ordem mais elevada, que se situam
para além do cálculo e da simples compreensão de conceitos e relações matemáticas;
• O crescimento do interesse pelo desenvolvimento de projetos e atividades de modelagem
matemática e investigação.
usando a calculadora desde que, para isso, utilize os cálculos e discuta os conceitos matemáticos
presentes nos mesmos. A partir dessas discussões, o professor poderá fazer cálculos variados
mostrando o princípio matemático para determinação da média aritmética, alcançando, assim, os
objetivos previstos para esta aula.
Atividade 15
a) Analise as considerações do PCN de ensino fundamental e médio acerca do uso da informática
no ensino de matemática, considerando o uso do computador, da calculadora e outras ferramentas
que se referem às novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC).
Projeto é o ato de planejar uma seqüência organizada de tarefas relativas a uma situação-
problema concreta, em busca de um fim prático e, desse modo, pode-se dizer mesmo que todas as
ações humanas conscientes são, em última análise, a realização de projetos. O uso de projetos tem
por fim fazer o aluno agir e realizar algo de prático, com grande atividade mental. Este processo
educativo propõe uma ação planejada e orientada por diretrizes previamente estabelecidas e
transforma a atividade do aluno de ser passivo e ativo que concebe, prepara e executa o próprio
trabalho.
modelos matemáticos em ação que têm bastante relevância para a utilização metodológica dessa
proposta metodológica de ensino.
Nota-se, porém, que após a utilização de projetos de investigação nas aulas de matemática
ocorrem mudanças de concepções dos alunos, a partir da experiência vivenciada.
De acordo com o esquema anterior, podemos perceber o quanto a observação atua na busca
da compreensão, representação e análise das possíveis soluções de um problema. Isso ocorre de
acordo com várias atitudes e habilidades desenvolvidas no investigador, o que vai ao encontro
de uma atitude inerente a todos que utilizam esse tipo de atividade como alternativa de busca do
conhecimento matemático.
O uso de projetos em toda a sua fase de planejamento, execução e avaliação pode atender
plenamente as necessidades do professor em tornar suas aulas mais atrativas, colaborando com
uma melhor aprendizagem matemática. Quais são, afinal, as fases do uso de projetos como ação
metodológica? Vejamos.
deve contribuir pedagogicamente para que a execução do projeto seja viável. Para que isso ocorra,
cada projeto deve ser elaborado de acordo com algumas questões-chave.
Antes de elaborarmos um projeto, devemos analisar o tema a ser investigado,
verificando o tipo de projeto que se pretende elaborar. Dessa maneira, as questões-chave a
serem pensadas e praticadas para que se resulte num projeto são as seguintes:
• O que se pretende fazer ou investigar? A resposta é o título do projeto, que deverá deixar
transparecer sua natureza ou objetivos. Deve-se cuidar para que o título não seja muito extenso
(Título do projeto).
• Para Quê? A resposta a esta questão esclarece os objetivos do projeto que se pretende
realizar. Devem ser redigidos de forma clara, uma vez que estes direcionarão todo o trabalho. É
importantíssimo não perder de vista os objetivos do projeto, para que se estabeleça com precisão a
metodologia, a coleta de dados, etc.
• Como? Trata-se aqui da metodologia do projeto, dos procedimentos, das etapas a serem
adotadas para que os objetivos sejam alcançados. Podem-se pensar na metodologia (no como) dos
e nos diferentes momentos do projeto.
• Com Quem? Corresponde ao item recursos humanos envolvido no projeto: quais são as
pessoas envolvidas na execução do projeto, número e função de cada participante.
• A Quem? Esse ponto diz respeito à clientela: a quem se destina o trabalho. Entretanto,
quando o projeto visar uma pesquisa (investigação) é importante que se pense em “população,
amostra ou universo”.
Universo: Trabalha-se com o universo sempre que toda a população estiver sendo diretamente
investigada e não através de amostragem.
1. Capa ou folha de rosto: Identificação do(s) autor(es), orientador, título do trabalho, local,
ano e data.
2. Introdução: deve conter informações gerais sobre o trabalho, isto é, objetivos, justificativa,
fundamentação teórica, etc.
Atividade 16
a) Selecione junto aos seus alunos, uma série de temas possíveis de serem investigados e elabore
alguns micro-projetos que possam contribuir para o desenvolvimento sistemático dos conteúdos a
serem trabalhados durante o ano letivo em cada uma das turmas de matemática que você atua.
c) Avalie as possibilidades pedagógicas dessas atividades em sala de aula e fora dela, considerando
se houve ou não produção de conhecimento por parte dos alunos.
d) Para que você possa iniciar suas atividades envolvendo a realização de projetos de investigação
em educação matemática, sugerimos alguns temas como:
• Fabricação de móveis;
• Construção civil;
• Relações entre preços e embalagens de produtos em supermercado;
• Jogo do bicho;
• Corte e costura;
• Índice de natalidade e mortalidade infantil por faixa etária;
• Gravidez na adolescência;
• Fabricação de grades de ferro;
• Consumos de energia elétrica;
• Consumo de água, entre outros.
Para que isso ocorra, de fato, é necessário se ter uma concepção de conhecimento
matemático e de realidade, pois, conforme D’ambrosio (1988), o indivíduo não está sozinho, ele é
parte de uma sociedade. A realidade é também social. A interação do meio, do abstrato e do social,
é a chave, quase deixada de lado, da educação científica. O que pretendemos deixar emergir de
todas essas tendências metodológicas aqui apresentadas é a oportunidade que professores, alunos
e a sociedade têm para desencadear um processo de transformação da escola, da educação e dos
modos de conceber a condição humana.
Assim, devemos apresentar cada uma dessas tendências ao aluno no sentido de suscitar-
lhe a capacidade de investigar e compreender a realidade que lhe contorna os dias. Esse fato,
certamente, levará alunos e professores a construir novas concepções a respeito da Matemática, do
homem e do mundo, pois ao abrirmos nossos olhos para as coisas numa perspectiva de investigá-
las, conseguiremos constantemente perceber novas informações transmitidas por elas.
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Editoração Eletrônica
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Revisão
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