Elza Anjos PDF
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Elza Karina Oliveira dos Anjos
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Juliana Rocha Adelino Dias
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar as diferentes fundamentações teóricas que
influenciaram a psicopedagogia. Contudo, considerou-se que longo dos anos algumas teorias
como o construtivismo tornou-se uma importante referência para a educação. Foi, também,
considerado no estudo as áreas de conhecimento que constituíram e deram origem a
psicopedagogia, como também, foi levantado as áreas de atuação da mesma. Trata-se de uma
pesquisa de cunho bibliográfico que revelou que o psicopedagogo pode desenvolver com o seu
trabalho a capacidade do aluno de tornar-se mais consciente e ativo no seu próprio processo de
aprendizagem. Para isso, faz-se necessário que o psicopedagogo tenha uma escuta e um olhar
diferenciado sobre cada sujeito, cada grupo, e cada contexto.
ABSTRACT
The present work aims at presenting the different theoretical foundations that influenced
educational psychology. However, it was found that over the years some theories such as
constructivism has become an important reference for education. Was also considered in the
1
Graduada em Pedagogia e concluinte do curso de pós-graduação em Psicopedagogia pela FALS, Praia
Grande, SP. E-mail: elzakarinaanjos@com.br
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Mestre em Educação e Orientadora da pós-graduação em Psicopedagogia pela FALS, Praia Grande, SP.
E-mail: juliana.dias@me.com
Ano VIII - Nº XVIII- JUL/ 2015 - ISSN 1982-646X
study areas of knowledge that constituted and resulted in educational psychology, as was also the
raised areas of the same. This is a survey of literature revealed that the stamp that psychoeducator
can develop with their work the student's ability to become more aware and active in their own
learning process. For this, it is necessary that the educational psychologist has a listen and a
different look on each subject, each group, and each context.
Introdução
Influências na psicopedagogia
Assim que é gerado o individuo inicia-se uma longa trajetória de variadas aprendizagens.
O sujeito durante a sua vida acaba se constituindo, aprendendo e reaprendendo. Pela
aprendizagem o ser humano passa a se desenvolver, de maneira a constituir sua própria
identidade a partir de suas vivências, segundo Martini, (1994, p.1) ‘‘o [...] processo de
aprendizagem pode ser positivo, prazeroso e eficaz, mas, por outro lado, o inverso pode ocorrer, e
o aprender torna-se uma dificuldade e um desprazer’’.
Por ser uma ação complexa, o processo de ensino e aprendizagem, faz-se necessário o
aprofundamento das questões que estão intrínsecas nesse processo. O papel do psicopedagogo
fundamenta-se, sobretudo, nas dificuldades que podem acontecer nesse processo, de maneira que
o mesmo, provavelmente, possa desvelar os obstáculos que estão impedindo o sujeito de aprender
para que consiga, assim, oportunizar possíveis meios para intervir adequadamente junto ao
problema.
Por isso, torna-se importante para o psicopedagogo compreender como acontece a
aprendizagem. E algumas teóricos, sobretudo, da área da psicologia podem auxiliar no
entendimento de algumas dessas questões. Para o estudo foram selecionadas algumas das teorias
que subsidiam a psicologia, dentre as quais destacamos o behaviorismo, o humanismo e o
materialismo-histórico.
O behaviorismo pode se exemplificar no ensino tradicional, nele não é estimulado a
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criticidade do aluno e o professor é reconhecido como um mero instrutor, dentro de uma relação
verticalizada, que prevalece, o que para muitos, pode ser considerado um estilo arcaico de ensino,
como retrata o autor a seguir:
Muitos críticos designam esta tese por psicologia da mente vazia, tanto por se recusar a
estudar a vida mental, quanto por defender que esta surge, não de potencialidades
mentais inatas no organismo, mas sim da associação entre reflexos automáticos e
determinados estímulos do meio. Segundo Watson, qualquer comportamento humano ou
animal (desde uma simples emoção até à resolução de um complicado problema
matemático) pode ser explicado pelo encadeamento de associações simples entre
estímulos e respostas. De acordo com esta posição, Watson opôs-se vigorosamente aos
defensores de teorias inatistas (segundo as quais a aprendizagem depende do potencial
de inteligência com que nascemos) e maturacionistas (segundo as quais a aprendizagem
depende do processo de maturação fisiológica) (GONÇALVES, 2007, p. 27).
Portanto, Watson desconsiderava fatores, que hoje sabemos, que são importantes, ele
colocou o ser humano para ser analisado apenas em seus instintos. Watson teorizou que com o
condicionamento, por estímulos, qualquer problema poderia ser resolvido pelo sujeito. Segundo
Gonçalves (2007, p. 27): ‘‘Watson garantia que se conseguíssemos monitorar e controlar os
estímulos em uma criança recém-nascida constantemente ao longo de seu crescimento
poderíamos fazer dela tudo o que quiséssemos: advogado, médico, pedinte [...]” . Para Watson, o
meio era o fator que influenciaria o comportamento, se houvesse o controle do meio se obteria o
comportamento desejado.
No humanismo a teoria se baseava em deixar a criatividade do aluno livre, para com isso
intensificar a aprendizagem. Carl Rogers um dos principais teóricos do humanismo e declara que:
[...] a pessoa educada é aquela que aprendeu a aprender, que aprendeu a adaptar-se e
mudar, que aprendeu que nenhum conhecimento é seguro e que só o processo de busca
do conhecimento provê base para segurança. A abordagem rogeriana implica que o
ensino seja centrado no aluno, que a atmosfera da sala de aula tenha o estudante como
centro; implica confiar na potencialidade do aluno para aprender, em deixá-lo livre para
aprender, escolher seus caminhos, seus problemas, suas aprendizagens. O importante
não é aprender certos conteúdos, mas sim a auto-realização e o aprender a aprender.
(MOREIRA, 2009, p.56).
Por isso, nessa linha de pensamento, o professor deve esperar que o aluno assuma o
controle de ações e que gerem seu conhecimento, pois a aprendizagem depende do aluno e de
suas atitudes, o professor, nessa teoria, será o facilitador (MOREIRA, 2009, p.56). Para Carl
Rogers, o individuo é responsável pela capacidade de mudança, conforme afirma Moreira (2009,
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p.56) ‘‘Ele acredita que as pessoas têm dentro de si a capacidade de descobrir o que as está
tornando infelizes e de provocar mudanças em suas vidas, mas esta capacidade pode estar latente.
Com essa abordagem um fator importante foi esquecido, o social.
O materialismo-histórico surgiu nos anos 80, foi uma oposição ao behaviorismo e ao
humanismo. No entanto, segundo Neves (1991) as três fundamentações teóricas eram inflexíveis
em seus posicionamentos e ignoravam aspectos relevantes de ordem biológica, psicológica e
social. O materialismo-histórico não legitima o presente sem considerar o passado em seus
acontecimentos, políticos, econômicos e sociais segundo, conforme revela os autores ao
apontarem que :
[...] a educação nunca pode ser vista desatrelada do processo histórico. A História é a
palavra chave de toda a nossa fundamentação, pois é por meio da História que se pode
analisar o presente, ou seja, é somente conhecendo o passado que se compreende o
momento vivido em que se estabelecem relações. Ressalta-se sempre em formar e não
informar, formar pessoas capazes de refletirem, de pensarem, de fazerem indagações
(BARROS; FRANCO 2008, p.4).
Porém, Sisto (1996) cita essa metodologia como um modo de ensino técnico e que não
prioriza a cognição. O condicionamento continua como parte central do ensino e persiste o
externo sobre o interno. Como alternativa a essa teoria, o autor apresentou uma opção teórica, a
do construtivismo piagetiano.
Para Sisto (1996), a teoria do construtivismo não beneficia somente os conteúdos, a
prioridade está na construção do conhecimento, com a valorização das interações feitas no
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cotidiano. Colocar o construtivismo como base teórica da psicopedagogia, não seria somente
transferir o compromisso de aprender ao aluno e seu intelecto, seria um entendimento que o
conhecimento não pode ser apenas recebido, somente com instruções ou reconstruções do ensino.
A conjectura dessa aprendizagem se distinguiu por entender que o conhecimento deve exigir
procedimentos que não privilegie apenas o cognitivo ou afetivo do aluno, segundo Moreira:
Piaget postula que a criança precisa assimilar e depois pode acomodar ou não, as
informações recebidas, modificando seus esquemas com essas construções cognitivas. Quando há
interação com o mundo o individuo se encaminha para uma integração organizada, pois a cada
novo conhecimento ele ganha mais meios de adaptação ao meio, elevando seu grau de
organização. A cada conhecimento que leve a acomodação, o sujeito também alcançará a
adaptação e a organização (MOREIRA, 2009, p.13).
Para Piaget as relações sociais são determinantes para o desenvolvimento, pois o sujeito
influencia e acaba por ser influenciado pelo ambiente social. As crianças aprendem a se
comportar por meio da interação com os adultos, a cada contato, novos comportamentos vão
surgindo. O nível de socialização é algo que impacta de maneira contundente as sua identidade.
Contudo, é importante ressaltar que os estágios de maturação vão influenciar o nível de
socialização. Piaget definiu graus de socialização que variam do zero para o recém-nascido, ao
maior que seria quando a criança tem autonomia. Segundo Piaget a socialização conta com dois
requisitos básicos, a cooperação e a coação.
Para que aconteça a aprendizagem é importante que se estabeleçam vínculos afetivos, pois
eles possibilitam o desenvolvimento. Para Sisto (1996) esse enaltecimento da afetividade,
deixando outros fatores intelectuais de lado, pode acabar tarimbando crianças normais, como
crianças com desordens mentais, porque elas podem ter apenas problemas de aprendizagem em
uma área do conhecimento, que são de fácil resolução.
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Psicopedagogia Clinica
Para que o trabalho em uma clinica de Psicopedagogia seja realizado com sucesso, o
envolvimento dos profissionais que ali atuam é de extrema importância. O
psicopedagogo precisa estar atento às inúmeras possibilidades de intervenção, levando
em conta as dificuldades apresentadas pelos clientes que buscam sua ajuda, bem como a
própria disponibilidade frente a novos aprendizados demonstrados por este (2009, p.2).
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Ter ciência das possibilidades do aluno é o primeiro passo para que o psicopedagogo
possa a refletir em intervir. A escolha do material de trabalho vai variar de acordo com as
necessidades do sujeito, e a adaptação é feita constantemente (GAMBA e TRENTO, 2009, p.3).
Psicopedagogia Institucional
ambientes culturais e simbólicos, que acabam o integrando a coletividade. A escola tendo o dever
de ajudar na obtenção do conhecimento passa a ser mediadora nessa inclusão do sujeito (BOSSA,
2011, p.141).
Contudo, é importante lembrar que a criança quando inicia a vida escolar já tem
conhecimentos prévios, das vivências do seu meio, esses conhecimentos podem ajudar ou acabar
complicando o desenvolvimento do sujeito. Portanto, o sujeito quando entra na escola, em torno
dos seus sete anos, leva as suas vivências, suas experiências familiares e disso depende sua
aprendizagem plena, segundo BOSSA:
Se a sua história transcorreu sem maiores problemas, estará estruturado seu superego e
poderá deslocar sua pulsão a objetos socialmente valorizados, ou seja, estará pronto para
a sublimação. A escola se beneficia e, também, tem função importante nesse mecanismo,
pois lhe fornece as bases necessárias, ou seja, coloca ao dispor da criança os objetos para
os quais se deslocará a sua pulsão, A escola, enfim, administra- bem, mal etc. - esse
mecanismo pulsional da criança. Se tudo correu bem no desenvolvimento da criança,
estará estruturado o seu desejo de saber: a epistemofilia (2011, p.144).
Considerações
Diante do exposto, pode-se perceber que a psicopedagogia foi influenciada por variadas
correntes teóricas (Behaviorismo, Humanismo, Construtivismo) e, ainda, que sua constituição se
deu por meio da união de várias áreas do conhecimento, dentre as quais ressaltamos a Pedagogia,
a Psicologia, a Filosofia, a Neurologia, a Sociologia, a Linguística e a Psicanálise (BOSSA,
20011, p.39). Lembramos, também, que foi observado no presente estudo que, atualmente, a
psicopedagogia é sustentada por três pilares, a psicanálise, o associacionismo e o construtivismo.
Observou-se no referencial teórico utilizado, que a psicopedagogia atua no sentido de
analisar e intervir nos fatores que prejudicam o processo de aprendizagem. E essa intervenção
pode acontecer tanto na clinica como em uma instituição, e o estudo enfatizou o trabalho do
psicopedagogo na instituição escolar.
Pode-se inferir que o psicopedagogo atua na escola de modo a fomentar o pensamento
sobre as diferentes demandas que surgem no âmbito escolar. Seu trabalho pauta-se na
possibilidade de desenvolver no aluno a capacidade de tornar-se mais consciente e ativo no seu
próprio processo de aprendizagem. Para isso, faz-se necessário que o psicopedagogo tenha uma
escuta e um olhar diferenciado sobre cada sujeito, cada grupo, e cada contexto.
Com o estudo, foi possível levantar e reunir uma gama de conhecimentos sobre a história,
as principais influencias e as áreas de atuação da psicopedagogia. Contudo, é relevante afirmar
que não se esgotam aqui as possibilidades sobre o assunto. Visto que, a complexidade humana é
algo mutável e sempre recheada de muita diversidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS