Trabalho Grupo-Auto Da Barca Do Inferno
Trabalho Grupo-Auto Da Barca Do Inferno
Trabalho Grupo-Auto Da Barca Do Inferno
de
GIL VICENTE
Introdução
Este trabalho fala sobre uma das obras de Gil Vicente – “O Auto da Barca do Inferno”.
Neste trabalho faz-se um resumo e uma análise de algumas cenas: o onzeneiro, o sapateiro, o
enforcado e o frade.
Cada cena é analisada nos seguintes pontos: os símbolos das personagens que entram em cena,
os argumentos de acusação, os argumentos de defesa e os recursos estilísticos presentes.
Peça teatral, escrita por Gil Vicente, num único acto, subdividido em cenas marcadas pelos
diálogos que o Anjo ou o Diabo travam com as várias personagens.
O cenário desta peça teatral consiste num ancoradouro, no qual estão atracadas duas barcas.
Todos os mortos, necessariamente, têm a passar por este paragem, sendo julgados e condenados
ou à barca da Glória ou à barca do Inferno.
Cada personagem apresenta, através da fala, traços que denunciam a sua condição social. As
personagens focalizadas entram na morte com os seus instrumentos terrenos, são venais,
inconscientes e por causa dos seus pecados não atingem a Glória, a salvação eterna. Destaque
deve ser feito à figura do Diabo, personagem vigorosa que conhece a arte de persuadir, é ágil no
ataque, cabe a este denunciar os vícios e as fraquezas, sendo a personagem mais importante na
crítica que Gil Vicente tece da sua época.
Cena III
Onzeneiro: O segundo personagem a ser inquirido que ao chegar à barca do Diabo descobre que
o seu rico dinheiro ficara em terra. Utilizando o pretexto de ir buscar o dinheiro, tenta convencer o
Diabo a deixa-lo retornar, mas acaba cedendo às exigências do julgamento.
Símbolo que o caracteriza: Saco do dinheiro.
Argumentos de acusação: O onzeneiro é acusado de ser parente do Diabo; usar de maldade
para explorar os mais pobres; de ser ganancioso e materialista.
Argumentos de defesa: O onzeneiro usa como argumentos de defesa o facto de ter tido uma
morte súbita; ter o bolsão/saco vazio e de Satanás o ter cegado.
Recursos estilísticos:
- Pleonasmo:
“Ora mui muito m´ espanto…”
- Aliteração:
“Hou da baça! Houlá! Hou! Haveis logo de partir?”
Percurso cénico do Onzeneiro:
Cais Barca do Inferno Barca da Glória Barca do Inferno Embarca
Cena V
Sapateiro: representante dos mestres de ofício, que chega à embarcação do Diabo carregando os
seus instrumentos de trabalho: as formas e o avental. Engana na vida e procura enganar o Diabo,
que espertamente não se deixa levar pelos seus artifícios.
Símbolos que o caracterizam: Formas de sapatos e o avental.
Argumentos de acusação: O sapateiro é acusado de ter morrido excomungado; de ter calado
dois mil enganos; de ter roubado o povo com a sua profissão; enfim, não vivia honestamente.
Argumentos de defesa: O sapateiro usa como defesa, para não embarcar na barca do Inferno, o
facto de ter dado dinheiro à igreja e de ter mandado rezar orações pelos defuntos, enquanto era
vivo.
Recursos estilísticos:
- Anáfora:
“E as ofertas, que darão?
E as horas dos finados?
E os dinehrios mal levados…”
- Ironia:
“Santo sapateiro honrado!
Como vens tão carregado?”
Percurso cénico do Sapateiro:
Cais Barca do Inferno Barca da Glória Barca do Inferno Embarca
Cena VI
Frade: Como todos os representantes do clero, focalizados por Gil Vicente, o Frade é alegre,
cantante, bom dançarino e mau carácter. Acompanhado da sua amante, o Frade acredita que por
ter rezado e estar ao serviço da fé, deveria ser perdoado ao fogo do Inferno. Gil Vicente crítica
fortemente o clero, acreditando este ser incapaz de pregar as três coisas mais simples: a paz, a
verdade e a fé.
Símbolos que o caracterizam: Uma moça, um broquel, uma espada e um casco debaixo do
capelo.
Argumentos de acusação: O Frade é acusado de ter folgado com uma mulher; ser infiel
perante a igreja pois era dado aos prazeres do mundo e também é acusado de roubo.
Argumentos de defesa: O Frade usa como defesa o facto de ser da corte; de usar o hábito e
de ter rezado os salmos.
Recursos estilísticos:
- Perífrase:
“Pêra aquele fogo ardente
que nom temestes vivendo.”
- Ironia:
“Devoto padre marido,
haveis de ser cá pingado…”
Percurso cénico do Frade:
Cais Barca do Inferno Barca da Glória Barca do Inferno Embarca
Cena X
Enforcado: Chega ao batel acreditando ter o perdão garantido pois o seu julgamento terreno e
posterior condenação à morte o teriam redimido dos seus pecados, mas é condenado também a ir
para o Inferno.
Argumentos de defesa: O enforcado usa como defesa o facto de ter sido condenado à morte e
enforcado, segundo ele os que morrem assim são livres de Satanás.
Recursos estilísticos:
- Anáfora:
“Disse que era o Limoeiro,
e ora por ele o salteiro
e o pregão vitatório;
e que era mui notório…”
- Ironia:
“Entra cá, governarás
atá as portas do inferno.”
Conclusão
Ao realizarmos este trabalho ficamos a conhecer um pouco melhor uma das muitas obras escritas
por Gil Vicente – “O Auto da Barca do Inferno”.
Neste trabalho foram analisadas quatro das cenas que constituem esta peça teatral: cena III: o
onzeneiro; cena V: o sapateiro; cena VI: o frade e a cena X: o enforcado. Esta cenas foram
analisadas nos seguintes aspectos: os símbolos das personagens que entram em cena, os
argumentos de acusação, os argumentos de defesa e os recursos estilísticos presentes.
Através desta peça Gil Vicente critica a sociedade portuguesa da sua época, como foi possível
observar na análise destas quatro cenas.
Bibliografia
www.portrasdasletras.com.br