Literatura Paranaense

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SAMWAYS, Marilda Binder. serviços gráficos eram primários na época”


p57;
Introdução à literatura paranaense. COMENTÁRIO
Curitiba: Livros HDV, 1988. Carlos Scliar na revista Ilustração (1945).
24/07/02
2.5. QUINTA FASE (DE JOAQUIM)
I – INTRODUÇÃO
2.5.1. Considerações gerais
Joaquim preocupava-se com tudo:
1) Artes plásticas; Sobre a conjuntura (“feitos governamentais e
2) Música; culturais”) dos tempos do aparecimento do Joaquim
3) Cinema; (“promissora fase de sua [Paraná] história intelectual”):
4) Poesia; 1) Campanha em prol da Universidade:
5) Ficção; a. Cinco milhões de cruzeiros doados à
6) Ensaio; Universidade pelo Governo Federal;
7) Teatro p12. b. Grande terreno doado pela prefeitura;
2) A Pref. Munic. de Curitiba abre concurso de
2.4.2 Tingui ante-projetos para a construção de um edifício
destinado especialmente à Biblioteca Pública;
“Joaquim teve raízes neste quase despretensioso 3) O GERPA, sob o patrocínio de Lins de
jornalzinho” p45. Vasconcellos, institui o concurso de contos e
Tingui: romances que alcança êxito;
1) Em sua primeira fase, Dalton como diretor; 4) A revista O Livro institui um concurso de
2) Antônio Walger como diretor-gerente; contos1 p59.
3) Foi impresso pelo centro literário Humberto Formação da revista:
de Campos (centro de ginasistas intelectuais); 1) Dalton procura Erasmo Pilotto, propondo-lhe
4) Publicação mensal variando de 4 a 6 páginas; a criação da revista;
5) Antônio Teolindo: diretor responsável; 2) Buscaram Walger, antigo colaborador e
6) Início: ? Volta a circular em outubro de 1941 e formaram a direção da revista: Dalton, Walger
dura até dezembro de 1943 pp45-47. e Erasmo Pilotto;
Para a autora, “Joaquim é o divisor de águas” da 3) As produções da revista “não aglutinaram”, e
história da cultura local p52. se eram discutidas, o eram rapidamente, ou na
casa de Erasmo ou no ateliê de Guido;
2.4.6. Congresso de escritores 4) Para a subvenção de Joaquim, angariaram-se
anúncios. Anunciante mais forte:
Revista Ilustração: a. Fábrica de Louças, Refratário e Vidro
1) De 1939 a 1945 (circulação): Trevisan, de propriedade do pai de
a. 1939: 1 número; Dalton (João Evaristo Trevisan) e
b. 1940: 2 números; que garantiu toda a publicação de
c. 1941: 3 números; Joaquim pp59-60.
d. 1942: 6 números e 3 suplementos; COMENTÁRIO
e. 1943: não circulou; Sobre a geração Joaquim:
f. 1944: 1 número; 1) “Nós, filhos da segunda guerra, não fomos
g. 1945: 2 números; poupados pelos acontecimentos e aprendemos,
2) Diretor: Samuel Guimarães da Costa; na própria carne que somos íntima parte deles.
3) Secretário: Armando Ribeiro Pinto; O mundo é um só; os nossos problemas,
4) Diretor responsável: Manoel L. Machado; estéticos ou vitais, são já os mesmos dos
5) Colaboradores: moços de Paris ou dos moços de Moscou.
a. Rubem Braga; Com o amor ao mundo no peito, seja o nosso
b. Temístocles Linhares; canto impregnado de erra, homem, liberdade.
c. Wilson Martins; O grave erro dos lírios foi o de além da traição
d. Helena Kolody; a si mesmos, traírem o seu tempo. Não serão
e. Mário G. de Melo Leitão; perdoados por isso. Só à luz de uma luz da
f. Glauco de Sá Brito; Rua 15 è que floresciam os lírios – e o novo
g. Rui Coelho; dia os matou em pleno coração. Nossa
h. João Marques; geração reclama o direito de influir no destino
i. Cláudio Maio; do mundo, jamais fará arte paranista, no mau
6) Nada sobre artes plásticas; sentido da palavra. Ela fará simplesmente arte.
7) Na contra-capa do último número (nº 2 de Por tudo, a literatura paranaense inicia-se
1945) há uma ligeira reportagem sobre Carlos agora (...)” (Dalton, Joaquim 18);
Scliar. “No miolo, reproduz-se um quadro do
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artista, fato que causou sensação, pois os FONTE: Fase promissora à história intelectual do
Paraná. O Dia, Curitiba, 21 maio 1946.
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2) “Esta é a oportunidade normal de dizer que a seria Dalton, com represália escreveu uma crítica
direção que imprimi ao Joaquim, nos números pouco recomendável ao livro Novelas nada
iniciais em que fui seu mentor, foi o de exemplares, do contista paranaense p74.
afirmar, primeiro, uma posição em que não há Temístocles Linhares:
separação entre a literatura ou melhor, a arte e 1) Nasce em Curitiba em 11 nov. 1905;
as preocupações com os problemas do 2) 1938: torna-se professor catedrático de
homem, filosóficos e sociais – não porque Literatura Brasileira da UFPR;
essas preocupações devem invadir, 3) Antes do livro, Temístocles Linhares, como
necessariamente, ou mesmo, mais tantos outros escritores, escreveu críticas
freqüentemente, a produção artística, mas (desde 1934, “ligado à corrente de sócio-
porque essas ordens de vivências co-existem crítica”) nos suplementos literários de nossas
num mesmo estado de espírito, e não como revistas e jornais:
duas massas separadas, mas como massa a. O Jornal;
única, de que são feitos os produtos artísticos, b. A Manhã;
discussões filosóficas e intervenções sociais, e c. Diário de Notícias;
conforme a nuança das circunstâncias, às d. Diário Carioca;
vezes entremesclado. U`a mesma atração e. Folha da Manhã;
determina estes movimentos, sem que isso f. Diário de São Paulo;
exija à arte, obrigatoriamente filosófica, social g. Estado de São Paulo;
ou panfletária” (Erasmo Pilotto, em h. O Dia;
manuscrito cedido à autora) p61. i. Gazeta do Povo pp. 74-75.
COMENTÁRIO Wilson Martins:
Cf. com ambos depoimentos de Dalton e Erasmo a 1) Colaborador de Joaquim desde o nº 02;
proposta de Bürger sobre a junção entre arte e práxis Antônio Pietruza Walger:
vital. 1) “anjo da guarda” de Dalton durante a
O confronto de idéias entre João Chrosnicki e existência de Tingui e Joaquim;
Campofiorito (“Crônicas paralelas”) “obtidos 2) Nasceu em Curitiba, em 29 mar. 1923;
expressamente para Joaquim, talvez por Viaro ou Poty” 3) Formou-se contador em 1948;
p63. 4) Cuidava da parte financeira de Tingui e de
“Decerto amávamos a arte, mas tínhamos um pouco Joaquim, angariando anúncios e sócios;
o sentimento tolstoiano de valores acima dela (...) A 5) Não se realizou no campo das letras;
própria criação literária, em seu maior sentido, era para 6) Foi quem teve a idéia de Tingui tornar-se
nós menor do que aquela ampla ação político-social” revista p77.
(Erasmo Pilotto) p65.
COMENTÁRIO 2.5.2. Dalton Trevisan
Ainda sobre a relação arte e sociedade.
Erasmo Pilotto: “Dalton Trevisan foi para a revista Joaquim o que
1) Nasceu na cidade de Rebouças, em 21 out. Mário de Andrade foi para Klaxon” p80.
1910; COMENTÁRIO
2) Foi Secretário da Educação p66. Joaquim 08: “Oh! As idéias da província...” critica os
Valfrido Pilotto critica Joaquim em PILOTTO, amigos de Andersen p81.
Valfrido. Seu Joaquim, um pobre diabo – bilhete Wilson Martins tece suas considerações sobre Dalton
apressado, ao Erasmo, meu primo sempre distante. em Joaquim 14 (as mesmas considerações que
Gazeta do Povo, Curitiba. 27 abr. 1946. Excertos: apareceriam na sua História da inteligência brasileira)
“Gostei, em linhas gerais, da revista, pois está no meu p84.
feitio ser do contra”. Chama de “cabotinagem” a pose Na revista 16, dedicada a Gide, e elaborada por
de Erasmo fotografada para o Joaquim. Lembra que Linhares, Dalton não colaborou p85.
“Oh! As idéias da província...” ao ridicularizar a Joaquim 19: Dalton (“seguindo o estilo de Erasmo
alcunha de “maior escritor paranaense” que deram a Pilotto”) montou uma entrevista com os principais
Valfrido em razão de seu Do diário de um tempo ruim, nomes do mundo literário p85.
não está olhando para o seu próprio umbigo, pois que Dalton:
se auto-elogia nos tópicos em negrito da página 1) Nasce em Colombo em 14 jun. 1925;
“Música de fundo” p67. 2) Bacharele em Direito pela UFPR;
COMENTÁRIO 3) Repórter policial, crítico de cinema;
Valfrido vs Dalton e Erasmo. 4) Algumas publicações:
A partir do nº 04, a direção da revista Joaquim passa a. 1954: Crônicas da província;
de Erasmo para Dalton p70. b. 1959: Novelas nada exemplares;
O ensaio Raízes do simbolismo no Paraná, de c. 1960: Minha cidade;
Temístocles Linhares, suscita polêmicas e críticas p71. d. 1961: Lamentações de Curitiba;
O Joaquim 16 foi quase totalmente realizado por e. 1965: O vampiro de Curitiba;
Temístocles Linhares p72. f. 1970: Mistérios de Curitiba, etc;
Temístocles Linhares critica Carpeaux (Joaquim 21, 5) 1968: vence o I Concurso Nacional de Contos,
p. 06). Carpeaux, na certeza de que o autor do artigo promovido pelo Gov. do PR;
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6) 1968: Com “Mister Curitiba” vence o pacatíssima ruminadoramente burguesia da madeira,
Concurso Status, de contos eróticos, na época do mate e do café”.
vetado pela censura p87. Joaquim também editou uma coleção de gravuras de
COMENTÁRIO Guido (60 zincogravuras com tiragem limitada de cem
Censura. exemplares). Sobre tal, Campofiorito elogia: “Joaquim
no-lo [Guido] revelou como desenhista seguro e
2.5.3. Artes Plásticas profundamente emotivo (...) Parece impossível, mas é
uma grande verdade que esse artista não goze em nosso
A autora entrevistou Euro Brandão e Poty p91. país da divulgação que merece” p94.
Zincogravura: COMENTÁRIO
1) Técnica mais econômica; Dalton sobre Guido: “(...) o estúdio dele é
2) Placa de zinco revestida de cera,enfumaçada revolucionário, é um palco de sangrentas brigas sobre
(preta). Desenha-se na placa com estilete ou arte (...) Viaro armou-se com seu pincel vingador do
ponta metálica; artista dos tempos novos. Humildemente, com alegria e
3) Após o banho de ácido especial, era usada sem medo, na obscuridade medieval da província, ele
como clichê; pinta. Não os pinheiros, mas o povo à sombra dos
4) Poty catava restos de clichês em jornais com o pinheiros, e pinta-os feios, em cores rebaixadas, de
“Capitão”, o responsável pelos clichês da pernas e mãos enormes (...)” (Dalton, Joaquim 19)
Gazeta do Povo; pp94-95.
5) A técnica, àquela altura, era inédita no país; Euro Brandão:
6) Alguns artistas fizeram sua estréia no Joaquim 1) Nasce em Curitiba, 1924;
p91. 2) Discípulo de Guido, fez sua estréia como
Ponta-seca: ilustrador no Tingui;
1) Contrário da zinco: 3) Primeiro ilustrador das obras de Dalton, ainda
a. Ponta-seca: o desenho sobressai em no tempo de Tingui;
fundo branco (placa de cobre); 4) Após ingresso no curso de Engenharia, deixou
b. Zinco: o desenho sobressai em fundo de colaborar em Joaquim, reaparecendo como
preto p91. artista plástico alguns anos mais tarde pp95-
Xilo p91. 96.
As fotografias ou reproduções artísticas de autores Nilo Previdi:
renomados eram conseguidas por Poty, nos jornais do 1) Aluno de pintura de Guido;
RJ p91. 2) Aluno de escultura de Turim e Stenzel;
Poty: 3) Aluno de modelagem de Oswaldo Lopes;
1) Responsável pela arte na revista, angariando e 4) Aluno de gravura me metal de Poty;
organizando as ilustrações; 5) 1950: funda o Centro de Gravura do Paraná
2) Elo entre os rapazes de Joaquim e os artistas p96.
de fora, principalmente os cariocas; Gianfranco Bonfanti: ilustrador e secretário de
3) Graças aos seus esforços o público paranaense Joaquim em 1947. Também colaborou como crítico de
de Joaquim pode ter em primeira mão arte p96.
originais de Portinari, Di e outros pp91-92.
2.5.6. Cinema
2.5.3.1 Poty
1948, 20 ago: fundado o Clube de Cinema de
Poty: Curitiba. Assunto da Joaquim 20 p103.
1) Nasceu em Curitiba, em 1924; COMENTÁRIO
2) Autodidata; Presidente de honra do Clube de Cinema: Carlos
3) 1942: parte para RJ, como bolsista do Scliar.
Governo do Estado, onde cursou a Escola
Nacional de Belas Artes p92. 2.5.7. Características externas de Joaquim
Joaquim editou, em rara edição de 50 exemplares,
um álbum de 20 gravuras de Poty (águas-fortes, litos, Capas:
monotipias, xilos). EM cada álbum, uma gravura 1) Até o nº 07, as capas foram ilustradas por
original, numerada de 1 a 50, impressa e assinada pleo Poty;
autor p92. 2) Poty para Fábrica de Louças, Refratário e
COMENTÁRIO Vidro Trevisan, de propriedade do pai de
Que ver. Dalton;
COMENTÁRIO 3) nº 10: Yllen Ker;
No dia seguinte do lançamento de Joaquim, sai uma 4) nº 11: Yllen Ker;
matéria no O Dia repercutindo sobre a entrevista de 5) nº 12, 13 e 14: Renina Katz;
Poty: JOAQUIM entrevista Poty. O Dia, Curitiba, ? 6) nº 15: Di;
abr. 1946. No mesmo artigo ainda lê-se: “Joaquim 7) nº 16: Poty, retrato de Gide;
vem para sacudir a nossa pasmaceira, dinamizar a 8) nº 17: Yllen Ker;
nossa gente, mexer com os nervos da nossa 9) nº 18: Fayga Ostrower;
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10) nº 19: Poty;
11) nº 20: Portinari, especialmente para Joaquim;
12) nº 21: Heitor dos Prazeres p107.

2.5.8. Considerações finais

COMENTÁRIO
Outras revistas como Joaquim (comentadas no Joaquim
19) – revistas de gente nova, poetas e escritores de 25
anos:
1) Edifício: BH;
2) Panorama: BH;
3) Orfeu: RJ;
4) Magog: RJ;
5) Fonte: RJ;
6) Planalto: SP;
7) Paralelo: SP;
8) Nenhum, Minas;
9) Clã: Fortaleza;
10) Região: Recife;
11) Agora: Goiás;
12) Quixote: PA p108.
Joaquim: mania por:
1) Kafka;
2) Gide;
3) Sartre;
4) Joyce;
5) Proust p109.
Na Joaquim 21 (última) a “defesa do realismo” de
AGOSTI, Hector e o conto “Ulisses em Curitiba”, de
Dalton, trazem no pé da página a palavra “continua”,
sugerindo que a revista iria continuar p109.
COMENTÁRIO
Que ver Está circulando o nº 21 de Joaquim. Gazeta
do Povo, Curitiba, 18 dez. 1948. Entre outras, lê-se:
“(...) é digno de nota um reexame acerca de Otto
Maria Carpeaux, cuja contribuição em favor de nossa
literatura é posta em dúvida, com sólidos
fundamentos, pelos moços de Joaquim (...)”
Sobre o fim da Joaquim, Dalton disse à autora o
mesmo que haviam dito Linhares e Poty: “Era chegado
o momento de realizar obras, não ficar só em ensaios”
p109.

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