O Papel Do Psicopedagogo Educacional
O Papel Do Psicopedagogo Educacional
O Papel Do Psicopedagogo Educacional
PEDAGOGIA
O papel do Psicopedagogo educacional e a sua relação prática com os alunos diante das
tarefas e a importância da escola e dos professores diante dos problemas de aprendizagem.
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ÍNDICE
1. RESUMO
2. INTRODUÇÃO
3. A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA
5. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. RESUMO
2. INTRODUÇÃO
Esta monografia tem como objetivo principal conhecer o papel do Psicopedagogo educacional
e a sua relação prática com os educandos. Para isso foi necessário realizar uma pesquisa em
três escolas que analisasse como psicopedagogo trabalha dentro da instituição escolar.
Durante quatro semanas visitei as escolas: Instituto Social Objetivo, Escola Estadual Clériston
Andrade e a Escola Moderninha de Valéria localizada na cidade do Salvador/Bahia, com isso foi
possível perceber que os profissionais em questão desenvolvem um trabalho multidisciplinar.
A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos humanos, que
mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências, promovem
modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo
instrumental da realidade. O objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando
em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e
patológicos e a influência do meio (família, escola, sociedade) em seu desenvolvimento.
“Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ações diferentes sistemas
que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que,
desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora a
sociedade.”(BOSSA,1994,pág 51)
O objetivo deste trabalho é conhecer o foco de atenção do psicopedagogo e a sua relação com
os alunos diante das tarefas, considerando resistências, bloqueios, lapsos, hesitações,
repetição, sentimentos de angústias. Posteriormente investigar e analisar à importância da
escola e dos professores diante dos problemas de aprendizagem.
3. A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA
Nas décadas de 40 a 60, na França, a ação do pedagogo era vinculada à do médico. No ano de
1946, em Paris foi criado o primeiro centro psicopedagógico. O trabalho cooperativo entre
médico e pedagogo era destinado a crianças com problemas escolares, ou de comportamento
e eram definidas como aquelas que apresentavam doenças crônicas como diabetes,
tuberculose, cegueira, surdez ou problemas motores.
Entre diversos conceitos de psicopedagogia, BOSSA (2007), identifica-se com seguinte escrita
de Golbert: “não devemos nos limitar a uma escola” (p.22), ou seja, devemos ampliar nosso
campo de visão, não devemos nos focar a um único diagnóstico e sim há vários até chegarmos
a uma solução do caso em questão e não podemos deixar de participar a família para que o
apoio da mesma ajude num melhor tratamento. Já Jorge Visca relata:
A autora também nos trás alguns questionamentos, tais como: Quais as problemáticas
estruturais que intervém no surgimento do transtorno da aprendizagem? E sua resposta é:
“temos em mente que é o sujeito que aprende, por isso é motivo de pergunta para os
psicopedagogos” (Id, p.23). A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, de uma
demanda o problema de aprendizagem que é pouco explorado e evoluiu devido a alguns
recursos raros, mas que atendiam a essa demanda, constituindo assim a prática.
A partir dessa ideia começaram a serem desenvolvidos nas escolas testes que procuravam
explicar as diferenças de rendimentos dos alunos e o acesso diferenciado a diversos graus de
escolarização. E assim, esse conhecimento científico foi à base do pensamento dos psicólogos
e educadores daquela época. Aos poucos, o conceito de anormalidade ia sendo deslocado das
psiquiatrias para as escolas. A criança que não conseguia aprender era chamada de “anormal”,
sua causa era atribuída a anomalia anatomofisiológica. Na França surgiu Janine Mery,
psicopedagoga que apresentou em seus trabalhos algumas considerações e ideias sobre o
termo psicopedagogia e adotou este termo para caracterizar uma ação terapêutica, onde
apresentavam dificuldades de aprendizagem.
É também o francês George Mauco, que foi o fundador do primeiro centro médico-
psicopedagógico na França e que percebeu as primeiras tentativas de articulação entre
medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia para a solução dos problemas de
comportamento e de aprendizagem (Bossa, 2007). Meados do séc. XIX Janine começou a
apontar diferentes sensoriais, debilidade mental e outros problemas associados com a
aprendizagem a partir dela surgiram educadores como Pestalozzi, Pereire, Itard e Seguin que
começaram a se dedicar às crianças que apresentavam problemas de aprendizado.
Jean Itard realizou estudos sobre percepção e retardo mental. Pestalozzi inspirado por
Rousseau fundou na Suíça um Centro de educação onde abrigava crianças pobres. Seu método
era intuitivo e natural, estimulava a percepção. Pereire se preocupou com a educação dos
sentidos, em especial a visão e o tato. Seguin fundou na França a primeira escola de
reeducação, denominou o método fisiológico de educação em 1837, fundou uma escola para
crianças com deficiência mental. Suas técnicas de treinamento dos sentidos e dos músculos
são usadas até hoje. Esses educadores foram os pioneiros no tratamento dos problemas de
aprendizagem, porém eles se preocupavam mais com as deficiências sensoriais e com a
debilidade mental do que com a desadaptação infantil. Finalmente no ano de 1948, o termo
psicopedagogia passa a ser definido com o objetivo de atender crianças e adolescentes
desadaptados, embora inteligentes, tinham dificuldades. Vejamos qual é a definição do objeto
de estudo da psicopedagogia segundo alguns teóricos:
O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade
do sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa
ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e
que se aproprie do conhecimento ( Bossa, 2007, p.21).
O surgimento da área de estudo da psicopedagogia pode ser entendido, segundo Kiguel, citada
por Bossa (2007, p.20), a partir de duas possibilidades. Na primeira, a autora sugere que a
psicopedagogia surgiu na fronteira entre a pedagogia e psicologia devido à necessidade de
atendimento para as crianças consideradas inaptas dentro do sistema educacional, por
apresentarem distúrbios de aprendizagem. Como segunda possibilidade, ela se refere que a
psicopedagogia pode ter surgido como uma tentativa de explicação para o fracasso escolar,
por outras vias que não a pedagógica e a psicológica.
De modo geral, Bossa afirma (2007, p. 23) os teóricos argentinos consideram como objeto de
estudo ou o pilar base da psicopedagogia “a aprendizagem com seus problemas”. A autora
ressalta as concepções de Alícia Fernández, e o dos psicopedagogos Jorge Visca e Marina
Muller sobre as teorias a que a psicopedagogia recorre para compreender e intervir sobre o
seu objeto de estudo. A legitimidade da produção teórica do campo da Psicopedagogia tem
sido buscada pelos psicopedagogos e vários esforços têm sido feitos para ascender os degraus
para a constituição de um campo de conhecimento científico que possibilite à Psicopedagogia
estar na academia, desfrutando dos assentamentos necessários para a produção do saber, ou
seja, para que possamos ter os subsídios e o apoio destinados à pesquisa em nosso país.
Durante quase três décadas, temos trabalhado com obstinação, superando obstáculos de toda
ordem, na crença inabalável de que esse conhecimento representa enorme avanço no
desenvolvimento do ser humano. Uma verdadeira compreensão acerca da aprendizagem
representa a construção de uma nova concepção de ser humano. Revoluciona conceitos
fundamentais de áreas como Educação, Saúde e outras.
Há quem afirme que essa área da educação constitui-se num modelo transdisciplinar de ação,
que transita entre as disciplinas diversas “sem abolir as fronteiras existentes” (RUBINSTEIN;
CASTANHO, 2004, p.231).
Dada à natureza necessariamente multidisciplinar, a psicopedagogia é chamada a se realizar
na convivência com o outro, com o diferente, com os vários códigos restritos das ciências.
Assim sendo, é uma disciplina convocada a realizar um movimento reparatório com relação à
impossibilidade de troca entre diferentes áreas do conhecimento, mas é também solicitada a
reconhecer a singularidade daqueles a quem é chamada a cuidar.
Aliás, reconhecer a singularidade daquele que aprende, é condição primeira para que se
realize, quer como teoria como prática (MELLO,2000,p. 46).
O trabalho psicopedagógico, portanto, não se apresenta como reeducativo, mas, sim como
terapêutico (uma terapia centrada na aprendizagem); não se dirige para um público específico,
porque aprendentes somos todos nós, humanos: crianças, jovens, ou velhos que nos
mantemos vivos e atuantes, enquanto aprendemos e ensinamos e podemos contribuir com a
nossa marca para a evolução da humanidade. É possível perceber que a Psicopedagogia
também tem papel importante em um novo momento educacional que é a inserção e
manutenção dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) no ensino regular,
comumente chamada inclusão.
Entende-se que colocar o aluno com NEE em sala de aula e não criar estratégias para a sua
permanência e sucesso escolar inviabiliza todo o movimento nas escolas. Faz-se premente a
necessidade de um acompanhamento e estimulação dos alunos com NEE para que as suas
aprendizagens sejam efetivas. O papel do psicopedagogo escolar é muito importante e pode e
deve ser pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função social que é
socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo, ou seja,
através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais organizada no mundo cultural e
simbólico que incorpora a sociedade.
“Há diferentes níveis de atuação. Primeiro, o psicopedagogo atua nos processos educativos
com o objetivo de diminuir a frequência dos problemas de aprendizagem. Seu trabalho incide
nas questões didático-metodológicas, bem como a formação e orientação dos professores,
além de fazer aconselhamento aos pais. Na segunda atuação, o objetivo é diminuir e tratar dos
problemas de aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico, a partir do
qual procura-se avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam transtorno,
estamos prevenindo o aparecimento de outros” (BOSSA,1994,p.102)
Segundo Groppa (1997) o trabalho psicopedagógico terá como objetivo principal trabalhar os
elementos que envolvem a aprendizagem de maneira que os vínculos estabelecidos sejam
sempre bons. A relação dialética entre sujeito e objeto deverá ser construída positivamente
para que o processo ensino-aprendizagem seja de maneira saudável e prazerosa. O
desenvolvimento de atividades que ampliem a aprendizagem faz-se importante, através dos
jogos e da tecnologia que está ao alcance de todos. Com isso, há a busca da integração dos
interesses, raciocínio e informações que fazem com que o aluno atue operativamente nos
diferentes níveis de escolaridade. Por isso, a educação deve ser encarada como um processo
de construção do conhecimento que ocorre como uma complementação, cujos lados
constituem de professor e aluno e o conhecimento construído previamente.
Ao chegar numa instituição escolar, muitos acreditam que o psicopedagogo vai solucionar
todos os problemas existentes (dificuldade de aprendizagem, evasão, indisciplina, desestímulo
docente, entre outros). No entanto, o psicopedagogo não vem com as respostas prontas. O
que vai acontecer será um trabalho de equipe, em parceria com todos que fazem a escola
(gestores, equipe técnica, professores, alunos, pessoal de apoio, família). O psicopedagogo
entra na escola para ver o "todo" da instituição.
Barbosa afirma que "a escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do
processo de ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual,
muitas vezes, os desequilíbrios não são compreendidos”. A aprendizagem escolar, durante
várias décadas, foi vista como algo distante do prazer e entendida como um mal necessário.
Então, o grande desafio das escolas, nos dias de hoje, é despertar o desejo dos alunos para que
possam sentir prazer no aprender.
Transformar a aprendizagem em prazer não significa realizar uma atividade prazerosa, e sim
descobrir o prazer no ato de: construir ou de desconstruir o conhecimento; transformar ou
ampliar o que se sabe; relacionar conhecimentos entre si e com vida; ser co-autor ou autor do
conhecimento; permitir-se experimentar diante de hipóteses; partir de um contexto para a
descontextualização e vice-versa; operar sobre o conhecimento já existente; buscar o saber a
partir do não saber; compartilhar suas descobertas; integrar ação, emoção e cognição; usar a
reflexão sobre o conhecimento e a realidade; conhecer a história para criar novas
possibilidades.
Barbosa ressalta, ainda, que "a Psicopedagogia, como área que estuda o processo
ensino/aprendizagem, pode contribuir com a escola na missão de resgate do prazer no ato de
aprender e da aprendizagem nas situações prazerosas”. O psicopedagogo sabe que para
aprender são necessárias condições cognitivas (abordar o conhecimento), afetivas (estabelecer
vínculos), criativas (colocar em prática) e associativas (para socializar).
Deve-se estar atento frente às grandes mudanças que ocorreram nas propostas educacionais.
Atualmente, o conhecimento científico só tem sentido se for ligado ao social, engajado ao
cotidiano, onde através dele se possa encontrar soluções. A reforma educacional brasileira é
extremamente exigente. Os paradigmas dessa reforma estão centrados na verdade aberta, no
conhecimento múltiplo, transdisciplinar. As mudanças não acontecem na mesma proporção,
nem na mesma velocidade. A apropriação leva um tempo até ser introspectada, compreendida
e colocada em prática. As mudanças (a introdução no novo) num ambiente escolar têm que ser
escalonadas e sucessivas, priorizando-se e hierarquizando-se as ações.
Barbosa ratifica que a atuação psicopedagógica junto a um grupo ou instituição, para ser
operante precisa interpretar os papéis desempenhados, a forma como foram atribuídos e
assumidos, assim como as expectativas que se encontram latentes neste movimento de
atribuir e aceitar o papel. [...] A tarefa de cada um deve estar voltada para o aprender, desde a
direção até a portaria ou o serviço de limpeza.
5. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Conforme Assunção (2011) “as dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo
emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do
processo educativo, percebendo se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza,
agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que também desmotivam o
aprendizado. A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade
é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas: disgrafia,
discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH” (Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade).
Dislexia é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz
trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler
um texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas nada foi
comprovado pela medicina. Disgrafia normalmente vem associada à dislexia, porque se o
aluno faz trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita.
Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e
desorganização ao produzir um texto.
De acordo com Mizukami (1986), a partir de análises feitas sobre as diferentes abordagens do
processo ensino-aprendizagem pôde-se constatar que certas linhas teóricas são mais
explicativas de alguns aspectos do que de outros, percebendo-se assim a possibilidade de
articulação das diversas propostas de explicação do fenômeno educacional. Ela procura fazer
uma sistematização válida de conceitos do fenômeno estudado. Mizukami ainda critica a
formação de professores colocando que o aprendido pelos professores nada tinha a ver com a
prática pedagógica e seu posicionamento frente ao fenômeno educacional. A experiência
pessoal refletiria um comportamento coerente por parte do educador, pondo fim assim ao
permanente processo de discussão entre teoria e prática.
Ele sofreu influências das obras de autores críticos como Paulo Freire e Jurgen Habermas.
Freire (1970), um dos pioneiros, no Brasil, a trabalhar com a noção da aprendizagem de
adultos, propõe uma prática de ensino que valorize a cultura dos alunos e que desenvolva sua
criticidade e inquietude, indicando a necessidade de buscar a verdadeira causalidade dos
fenômenos sociais por meio da interpretação profunda dos problemas vividos, assimilando
criticamente a realidade.
O mundo está mudando e isso está ocorrendo a uma velocidade sem precedentes na evolução
histórica da humanidade. A globalização, o surgimento de novas tecnologias, como o avanço
das telecomunicações e da informática, contribuem para que ocorra mudanças, também, na
Educação. A interação professor aluno vem se tornando muito mais dinâmica nos últimos
anos. O professor tem deixado de ser um mero transmissor de conhecimentos para ser mais
um orientador, um estimulador de todos os processos que levam os alunos a construírem seus
conceitos, valores, atitudes e habilidades que lhes permitam crescer como pessoas, como
cidadãos e futuros trabalhadores, desempenhando uma influência construtiva.
A Educação deve não apenas formar trabalhadores para as exigências do mercado de trabalho,
mas cidadãos críticos capazes de transformar um mercado de exploração em um mercado que
valorize uma mercadoria cada vez mais importante: o conhecimento. Dentro deste contexto, é
imprescindível proporcionar aos educandos uma compreensão racional do mundo que o cerca,
levando-os a um posicionamento de vida isento de preconceitos ou superstições e a uma
postura mais adequada em relação a sua participação como indivíduo na sociedade em que
vive e do ambiente que ocupa.
Partindo deste principio pode-se considerar o docente como principal agente no processo de
ensino, tendo um papel ativo na formação de seus alunos, auxiliando e incitando a
reconstrução dos esquemas de pensamento, sentimento e comportamento de cada indivíduo.
Esta concepção inclui tanto despertar a ativa participação intelectual do próprio educando
como facilitar o contraste com as formulações alternativas das representações críticas da
cultura intelectual (GÓMEZ, 2001, p.300).
Os professores estão muitos presentes na vida de milhares de famílias, que lhes conferem a
enorme responsabilidade pela educação de seus filhos, sabendo que, não faltará a sua
atribuição e competência. A profissão professor é de suma importância, para a sociedade, pois
o profissional trabalha, para formar um estudante, pleno de uma cultura geral e de
diversidade, de um conhecimento científico, de raciocínio lógico, capacidade de comunicação
e trabalho em grupo, que seja reflexivo e capaz de aprender a aprender, de ser, fazer e
conhecer, além é claro de ser criativo habilidoso e competente.
O conceito de família mudou muito nos últimos tempos, não há mais um padrão de família, e
sim uma variedade de padrão familiar, com identidade própria em constante
desenvolvimento. Mas independente dessa mudança a família continua sendo o primeiro
local de aprendizado das crianças, é através dela que acontece os primeiros contatos
sociais e as primeiras experiências educacionais . A família, está diretamente ligada as
atitudes comportamentais da criança. Na maioria das vezes a influência que os pais
exercem sobre seus filhos é inconsciente, pois não tem consciência de que seus
comportamentos, sua maneira de ser e de falar, de tratar as pessoas, de enxergar o
mundo, tem enorme influência sobre o desenvolvimento do seu filho.
Considerando o exposto, cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que
apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista e de
uma anaminese com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua vida
orgânica, cognitiva, emocional e social. Nessa perspectiva, o psicopedagogo não é um mero
“resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua
especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos
e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que
favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico.
As ações realizadas pelo psicopedagogo junto com o sujeito com transtorno procura promover
a reelaboração do processo de aprendizagem, assim sendo essa intervenção propicia uma
mudança na ação do sujeito em relação à aprendizagem. (Serrat, 2002, p.56)
A vida, os acontecimentos, a evolução dão conta da importância de trabalhar cada vez mais
com o lúdico, com as crianças, seja qual for sua faixa etária. Inseridos em atividades lúdicas, os
alunos conseguem assimilar melhor os conteúdos trabalhados e sem dúvidas viajar através da
imaginação. As manifestações lúdicas desenvolvem funções importantes no desenvolvimento
da criança e se constituem um instrumento didático importante para o professor. A
brincadeira é de extrema importância para o desenvolvimento psicológico, social e cognitivo
da criança, pois é através dela que a criança expressa seus sentimentos em relação ao mundo
em que vive. É também através das atividades lúdicas que as crianças reconhecem sua
realidade e compreende o funcionamento do mundo e suas emoções, também desenvolve-se
como indivíduo e aprende a superar suas limitações, brincando e reproduzindo.
É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do
lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a
participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a
canção... como se fora brincadeira de roda... (MARCELINO, 1996, p.38).
O lúdico é uma necessidade do ser humano indiferente de sua idade e não deve ser visto
meramente como diversão. O brincar é a essência da infância, ele permite a produção de
conhecimentos, estimula a afetividade, assim, estabelece-se com o brincar uma relação
natural extravagando as angústias e paixões, alegrias, tristezas, agressividades. Em todas as
épocas o lúdico, o brincar faz parte da vida da criança, viver no mundo da fantasia, do
encantamento, da alegria, dos sonhos. Parte da descoberta de si mesmo, do experimentar, do
criar e recriar oportunizando ao indivíduo, seu saber, sua compreensão do mundo, seu
conhecimento, facilitando a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal e coletivo, trazendo
benefícios para a saúde mental, para a socialização, comunicação, expressão e valorizando
sempre a criatividade que está inata nesta atividade.
Por meio das brincadeiras que a criança cria oportunidade de interação com todos ao seu
redor, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras, cognitivas e
também da relação de afetividade entre os educandos, que estabelecem laços de amizade
entre si e adquirem conhecimentos. A educação lúdica contribui para a formação do infante,
possibilitando um enriquecimento pedagógico e de valores culturais, ensinando a respeitar as
opiniões dos outros e ampliando o conhecimento.
Bossa (2000), acredita que o psicopedagogo sabe que sua profissão consiste na transmissão de
conhecimentos, não sendo uma atividade neutra para ambas as partes (o sujeito que necessita
de ajuda e o psicopedagogo), pois a relação de afeto que se estabelece entre o psicopedagogo
e o aprendente é necessária ao desenvolvimento da relação educativa. Assim, considera a
autora que o papel do psicopedagogo é levar a criança a integrar-se novamente à vida normal,
respeitando sua individualidade.
Para NERY (1986) o trabalho psicopedagógico deve estar ancorado em alguns princípios gerais,
tais como: 1) acreditar que todo ser humano tem direito ao pleno acesso ao saber acumulado,
representado pela cultura; 2) considerar a leitura e a escrita como ferramentas fundamentais
de acesso ao saber; 3) nortear sua prática dentro dos princípios da liberdade do ser; 4)
Reconhecer e assumir a dupla polaridade de seu papel-transmisão de conhecimento e
compreensão dos fatores psicológicos que interferem no ato de aprender; 5) reconhecer o
papel da família como transmissora da cultura, devendo analisar e compreender os
mecanismos dentro da relação familiar que promovem bloqueio da aprendizagem; 6)
reconhecer a escola como espaço privilegiado para a transmissão da cultura, também, o valor
de outras organizações sociais ainda mantendo postura crítica frente às dificuldades geradas
pela própria instituição escolar.
O quarto princípio levanta questões de fronteiras com outras áreas, assim, o psicopedagogo
deverá requerer a plena preparação e utilização de recursos disponíveis no acervo científico
para uma atuação competente e responsável. O quinto princípio acentua a necessidade de o
psicopedagogo reconhecer o papel da família e atuar orientando-a para fazê-la analisar e
compreender fatores de sua dinâmica que interferem na aprendizagem do sujeito. Já o sexto
princípio destaca a necessidade de se reconhecer a escola como espaço para transmissão de
cultural, assim como sua responsabilidade, na maioria das vezes, pelos problemas de
aprendizagem. Observa-se que estes princípios contribuem para a postura ética do
psicopedagogo, embora a psicopedagogia ainda não seja uma profissão e sim uma prestação
de serviços.
A terceira condição para que uma atividade se torne profissão é que ela deve dispor de
organizações adequadas com atividades, obrigações e comportar responsabilidades com
consciência de grupo. A própria Associação Brasileira de Psicopedagogia contribui para que
esta condição seja preenchida.
Levando-se em conta as três condições estabelecidas por CAMARGO (1999) para que uma
atividade seja considerada profissão, pode-se concluir que, neste sentido, a Psicopedagogia, de
fato, é uma profissão. Inclusive, a Associação Brasileira de Psicopedagogia está trabalhando
para que ela venha a ser, oficialmente, uma profissão.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sobre o docente esse trabalho deixou claro que o mesmo deve está preparado e ciente de sua
principal função e responsabilidade, que é a de auxiliar na construção do aluno e não apenas
um transmissor de conteúdos do currículo escolar. Consequentemente os alunos não ficarão
retidos somente em conteúdos, mas se preocuparão com a postura que devem ter para se
relacionar com o conhecimento. Desta forma, considera-se que os educadores são
responsáveis pelo saber-fazer em seu contexto educacional, construirão alunos e se
construirão numa relação permanente e diária fundamentada na consciência crítica, reflexiva e
política, em que, cidadãos se transformarão e transformarão a sociedade, com novos olhares,
novos pensamentos pautados num progresso pátrio.
A Psicopedagogia, na instituição escolar, tem uma função complexa e por isso provoca
algumas distorções conceituais quanto às atividades desenvolvidas pelo psicopedagogo. Numa
ação interdisciplinar ela dedica-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e
assessoramento pedagógico, colabora com planos educacionais e lúdicos no âmbito das
organizações, atuando numa modalidade cujo caráter é clínico institucional, ou seja, realizado
diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lei n°. 9394 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília:
Congresso Nacional, 1996. Acesso em: 28 de Junho de 2016.
Vera Barros de Oliveira, Nádia Aparecida Bossa Editora Vozes Brasil 2011 19ª edição
Terezinha Nunes, Lair Buarque, Peter Bryant Editora Cortez Brasil 1997 4ª edição
Autor:
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU,
1986. (Temas básicos da educação e ensino)