O Papel Do Psicopedagogo Educacional

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O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO EDUCACIONAL

PEDAGOGIA

O papel do Psicopedagogo educacional e a sua relação prática com os alunos diante das
tarefas e a importância da escola e dos professores diante dos problemas de aprendizagem.

http://brasilesco.la/m15458

ÍNDICE

1. RESUMO

2. INTRODUÇÃO

3. A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA

4. O CAMPO EPISTEMOLÓGICO E A MUTIDIMENSIONALIDADE DO OBJETO DE ESTUDO


PSICOPEDAGÓGICO

4.1 CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

4.2 A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA NA ESCOLA

5. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

5.1 ABORDAGENS USADAS PARA APRENDIZAGEM

5.2 APRENDIZAGEM TRANSFORMADORA

6. A IMPORTÂNCIA DOS PROFESSORES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

6.1 A PARTICIPAÇÃO E INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA

6.2 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA PARA O TRABALHO COM ATIVIDADES LÚDICAS

7. A LUTA PELA REGULAMENTAÇÃO E O CÓDIGO DE ÉTICA

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. RESUMO

Ao pesquisarmos a origem da Psicopedagogia, verificamos por meio de estudos que a


preocupação com os problemas de aprendizagem teve origem na Europa, ainda no século XIX.
No que se refere à inserção da psicopedagogia no âmbito pedagógico, conclui-se que a
dinâmica histórico-social determinou a necessidade de um profissional que respondesse aos
graves problemas enfrentados pela Pedagogia diante da expansão demográfica do pós-guerra,
gerando uma crise na escola devido à utilização de métodos inadequados, aumento de
matrículas entre outras dificuldades. Diante dessa situação, a sociedade sentiu uma grande
necessidade de um profissional para orientar o processo educativo construindo um
conhecimento mais profundo dos processos de desenvolvimento, de maturidade de
aprendizagem humana. Este trabalho tem como objetivo analisar os benefícios das práticas do
Psicopedagogo na instituição escolar: Quais são as suas verdadeiras contribuições no contexto
escolar? Quais são os seus desafios? Como o Psicopedagogo Educacional contribui nesta
situação problema que vem crescendo constantemente em relação às dificuldades de
aprendizagem, os fatores que contribuem para que ela ocorra e a ação preventiva do
Psicopedagogo junto com os professores. É importante ressaltar que a psicopedagogia como
complemento é uma ciência nova que estuda o processo de aprendizagem e dificuldades,
muito tem contribuído para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem, pois tem como
objetivo central de estudo o processo humano do conhecimento: seus padrões evolutivos
normais e patologias bem como a influência (família, escola, sociedade) no seu
desenvolvimento.

Palavras chaves: Psicopedagogia, instituição escolar, dificuldade de aprendizagem.

2. INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como objetivo principal conhecer o papel do Psicopedagogo educacional
e a sua relação prática com os educandos. Para isso foi necessário realizar uma pesquisa em
três escolas que analisasse como psicopedagogo trabalha dentro da instituição escolar.
Durante quatro semanas visitei as escolas: Instituto Social Objetivo, Escola Estadual Clériston
Andrade e a Escola Moderninha de Valéria localizada na cidade do Salvador/Bahia, com isso foi
possível perceber que os profissionais em questão desenvolvem um trabalho multidisciplinar.

Realizei esse trabalho sobre a atuação do/a Psicopedagogo/a fazendo um levantamento


bibliográfico, além de entrevistas com profissionais que atuavam na área pedagógica em
diferentes espaços. Assim, pude conhecer o trabalho pedagógico desenvolvido dentro do
espaço da sala de aula. Dentre as diversas áreas de atuação deste profissional verifiquei que as
funções que eles desempenham são: realiza o diagnóstico e intervenção psicopedagógica,
atuam na prevenção dos problemas de aprendizagem, desenvolvem pesquisas e estudos
científicos relacionados ao processo de aprendizagem, atendimento aos alunos e pais, orienta
professores etc.

De acordo com BOSSA (2000) A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que


adveio de uma demanda o problema de aprendizagem. Como se preocupa com esse problema,
deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem, estudando assim as características
da mesma. É necessário comentar que a Psicopedagogia é comumente conhecida como aquela
que atende crianças com dificuldades de aprendizagem. É notório o fato de que as
dificuldades, distúrbios ou patologias podem aparecer em qualquer momento da vida e,
portanto, a Psicopedagogia não faz distinção de idade ou sexo para o atendimento.

A escolha do tema foi devido a essa grande demanda atualmente de transtornos de


aprendizagens que os alunos vêm enfrentando, e também em decorrência das adversidades
que os professores lidam com esses transtornos, mais ainda quando se deparam com alunos
indisciplinados e sem controle. Por essa razão a formação desses educadores deve ser
multidisciplinar, assentada em diversas ciências.

A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos humanos, que
mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências, promovem
modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo
instrumental da realidade. O objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando
em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e
patológicos e a influência do meio (família, escola, sociedade) em seu desenvolvimento.

“Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ações diferentes sistemas
que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que,
desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora a
sociedade.”(BOSSA,1994,pág 51)

KIGUEL (1983) ressalta que a Psicopedagogia encontra-se em fase de organização de um corpo


teórico específico, visando à integração das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica,
neuropsicológica e psicolinguística para uma compreensão mais integradora do fenômeno da
aprendizagem humana.

O objetivo deste trabalho é conhecer o foco de atenção do psicopedagogo e a sua relação com
os alunos diante das tarefas, considerando resistências, bloqueios, lapsos, hesitações,
repetição, sentimentos de angústias. Posteriormente investigar e analisar à importância da
escola e dos professores diante dos problemas de aprendizagem.

Nesse sentido, a psicopedagogia surge como nova área do conhecimento na busca de


compreender e solucionar os problemas de aprendizagem, tendo em sua configuração
institucional a função de pensar e refazer o trabalho no cotidiano da escola. A formação
psicopedagógica constitui-se para os professores como uma oportunidade para entender o
sujeito em suas múltiplas dimensões e refazer suas concepções e atitudes frente ao processo
de ensino-aprendizagem, dando-lhes instrumentalização necessária para atender as demandas
da escola no que concerne aos alunos com dificuldades de aprendizagem, foco principal do
estudo da psicopedagogia.

3. A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA

Historicamente, segundo BOSSA (2000) os primórdios da Psicopedagogia ocorreram na


Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela preocupação com os problemas de
aprendizagem na área médica. Acreditava-se na época que os comprometimentos na área
escolar eram provenientes de causas orgânicas, pois procurava-se identificar no físico as
determinantes das dificuldades do aprendente. Com isto, constituiu-se um caráter orgânico da
Psicopedagogia. De acordo com BOSSA (2000), a crença de que os problemas de aprendizagem
eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos e determinou a forma do
tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem recentemente.

Nas décadas de 40 a 60, na França, a ação do pedagogo era vinculada à do médico. No ano de
1946, em Paris foi criado o primeiro centro psicopedagógico. O trabalho cooperativo entre
médico e pedagogo era destinado a crianças com problemas escolares, ou de comportamento
e eram definidas como aquelas que apresentavam doenças crônicas como diabetes,
tuberculose, cegueira, surdez ou problemas motores.

A denominação “Psicopedagógico” foi escolhida, em detrimento de “Médico Pedagógico”,


porque acreditava-se que os pais enviariam seus filhos com menor resistência. Em decorrência
de novas descobertas científicas e movimentos sociais, a Psicopedagogia sofreu muitas
influências. Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da Escola
Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de Estudos e Pesquisas
Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação professor-aluno. Já Jorge Visca relata:

“A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um


conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo o processo
de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca, 2007,
p.23).

Nas décadas de 50 e 60 a categoria profissional dos psicopedagogos organizou-se no país, com


a divulgação da abordagem psico-neurológica do desenvolvimento humano. Atualmente novas
abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como inúmeras
pesquisas sobre os fatores intra e extraescolares na determinação do fracasso escolar,
contribuíram para uma nova visão mais crítica e abrangente.

Entre diversos conceitos de psicopedagogia, BOSSA (2007), identifica-se com seguinte escrita
de Golbert: “não devemos nos limitar a uma escola” (p.22), ou seja, devemos ampliar nosso
campo de visão, não devemos nos focar a um único diagnóstico e sim há vários até chegarmos
a uma solução do caso em questão e não podemos deixar de participar a família para que o
apoio da mesma ajude num melhor tratamento. Já Jorge Visca relata:

“A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um


conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo o processo
de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca, 2007,
p.23).

A autora também nos trás alguns questionamentos, tais como: Quais as problemáticas
estruturais que intervém no surgimento do transtorno da aprendizagem? E sua resposta é:
“temos em mente que é o sujeito que aprende, por isso é motivo de pergunta para os
psicopedagogos” (Id, p.23). A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, de uma
demanda o problema de aprendizagem que é pouco explorado e evoluiu devido a alguns
recursos raros, mas que atendiam a essa demanda, constituindo assim a prática.

Portanto, a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se


aprende, como essa aprendizagem varia gradativamente e está condicionada por vários
fatores. Esse objeto, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito, adquire características
específicas a depender do trabalho clínico ou preventivo, como diz GOLBERT (2007), “a
definição do objeto de estudo de psicopedagogia passou por fases distintas em diferentes
momentos históricos que repercutiam nas produções científicas, pois ele era entendido de
várias maneiras”. Segundo, Silva (2012, p.9), primeiramente, o trabalho psicopedagógico
priorizava a reeducação, o processo de aprendizagem era avaliado em função dos seus déficits
e o trabalho era para vencer esses déficits. O objeto em questão era o sujeito que não
aprendia, concebendo-o a “não-aprendizagem”. Com isso, buscava estabelecer as semelhanças
entre grandes grupos de sujeito, ou seja, o esperado para determinada idade.

Mais tarde, a psicopedagogia passou a se chamar o “não-aprendizagem” de o “não-aprender”.


Essa fase era fundamentada na psicanálise e na psicologia genética, porque essa nova
concepção levava em conta a singularidade do sujeito no grupo, buscando o sentido particular
de suas características de acordo com sua própria história e seu mundo sociocultural. Alicia
Fernandez apud Bossa (2007), refere que o processo evolutivo pelo qual essa nova área de
estudo se estruturou, entende-se que o objeto de estudo é sempre o sujeito “aprendendo”. E
essa concepção mudou conforme a visão do homem em cada momento histórico,
relacionando à concepção de aprendizagem.

Hoje, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem com um equipamento


biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito
com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições
socioculturais do sujeito e do seu meio.

Sua origem deu-se na Europa no séc. XX onde foram verificados os problemas de


aprendizagem. Neste século tínhamos o avanço do capitalismo industrial e com ele os ideais
burgueses de igualdade e fraternidade, o que ficava mais distante a possibilidade de uma
sociedade fraterna e igual para todos. Surge também a necessidade de justificar as
desigualdades das sociedades de classes.

Um dos principais objetivos do surgimento da Psicopedagogia foi investigar as questões da


aprendizagem ou do não - aprender em algumas crianças. Por um longo período atribuía-se
exclusivamente à criança a patologia do não - aprender Foi na Europa, no século XIX, que
médicos, pedagogos e psiquiatras levantaram questões sobre o não - aprender, entre eles:
Maria Montessori, Decroly e Janine.(GASPARIAN,1997,p.15).
Ao longo do séc. XIX surgem teorias relacionadas à ciência e a teoria evolucionista de Charles
Darwin que enquadra o homem dentro do esquema da evolução biológica, abolindo as linhas
divisórias das ciências naturais, humanas e sociais (Bossa, 2007). Independente, surge a
psicologia neste período, como ciência que exemplifica algumas áreas do conhecimento,
utilizando os princípios da biologia na construção do seu corpo, o corpo humano, objeto de
estudo da psicologia.

A partir dessa ideia começaram a serem desenvolvidos nas escolas testes que procuravam
explicar as diferenças de rendimentos dos alunos e o acesso diferenciado a diversos graus de
escolarização. E assim, esse conhecimento científico foi à base do pensamento dos psicólogos
e educadores daquela época. Aos poucos, o conceito de anormalidade ia sendo deslocado das
psiquiatrias para as escolas. A criança que não conseguia aprender era chamada de “anormal”,
sua causa era atribuída a anomalia anatomofisiológica. Na França surgiu Janine Mery,
psicopedagoga que apresentou em seus trabalhos algumas considerações e ideias sobre o
termo psicopedagogia e adotou este termo para caracterizar uma ação terapêutica, onde
apresentavam dificuldades de aprendizagem.

O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade


do sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa
ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e
que se aproprie do conhecimento. ( Bossa, 2007, p.21).

É também o francês George Mauco, que foi o fundador do primeiro centro médico-
psicopedagógico na França e que percebeu as primeiras tentativas de articulação entre
medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia para a solução dos problemas de
comportamento e de aprendizagem (Bossa, 2007). Meados do séc. XIX Janine começou a
apontar diferentes sensoriais, debilidade mental e outros problemas associados com a
aprendizagem a partir dela surgiram educadores como Pestalozzi, Pereire, Itard e Seguin que
começaram a se dedicar às crianças que apresentavam problemas de aprendizado.

Jean Itard realizou estudos sobre percepção e retardo mental. Pestalozzi inspirado por
Rousseau fundou na Suíça um Centro de educação onde abrigava crianças pobres. Seu método
era intuitivo e natural, estimulava a percepção. Pereire se preocupou com a educação dos
sentidos, em especial a visão e o tato. Seguin fundou na França a primeira escola de
reeducação, denominou o método fisiológico de educação em 1837, fundou uma escola para
crianças com deficiência mental. Suas técnicas de treinamento dos sentidos e dos músculos
são usadas até hoje. Esses educadores foram os pioneiros no tratamento dos problemas de
aprendizagem, porém eles se preocupavam mais com as deficiências sensoriais e com a
debilidade mental do que com a desadaptação infantil. Finalmente no ano de 1948, o termo
psicopedagogia passa a ser definido com o objetivo de atender crianças e adolescentes
desadaptados, embora inteligentes, tinham dificuldades. Vejamos qual é a definição do objeto
de estudo da psicopedagogia segundo alguns teóricos:
O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade
do sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa
ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e
que se aproprie do conhecimento ( Bossa, 2007, p.21).

4. O CAMPO EPISTEMOLÓGICO E A MUTIDIMENSIONALIDADE DO OBJETO DE ESTUDO


PSICOPEDAGÓGICO

O surgimento da área de estudo da psicopedagogia pode ser entendido, segundo Kiguel, citada
por Bossa (2007, p.20), a partir de duas possibilidades. Na primeira, a autora sugere que a
psicopedagogia surgiu na fronteira entre a pedagogia e psicologia devido à necessidade de
atendimento para as crianças consideradas inaptas dentro do sistema educacional, por
apresentarem distúrbios de aprendizagem. Como segunda possibilidade, ela se refere que a
psicopedagogia pode ter surgido como uma tentativa de explicação para o fracasso escolar,
por outras vias que não a pedagógica e a psicológica.

Verifica-se que o campo epistemológico da Psicopedagogia é o processo de aprendizagem


humana. Essa característica multidimensional do objeto de estudo refere-se a uma complexa
série de fatores: questões pré-subjetivas (social, linguagem, conformação neurobiológica) e a
questões subjetivas (processos de construção do conhecimento e da constituição da
subjetividade e a dinâmica afetiva). Ampliando as ideias trabalhadas temos as contribuições de
Lemme (2009) ao enfatizar:

Dificuldade de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de


desordens, manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da audição, da fala, da leitura,
da escrita, do raciocínio ou das habilidades matemáticas. É importante não se confundir
dificuldade de aprendizagem com fracasso escolar, que embora tenham semelhanças na forma
de se manifestarem, pertencem a categorias diferentes.

O objeto central de estudo é o processo de aprendizagem humana, envolvendo os padrões


evolutivos normais e patológicos, levando em consideração a influência do meio (família,
escola, sociedade) no desenvolvimento. Inicialmente, tanto os teóricos argentinos como os
teóricos brasileiros ocupavam-se do tema da aprendizagem, tendo como causa e razão os
problemas advindos do processo de aprendizagem. O foco era o sujeito que não podia
aprender.

Segundo Sánchez (2008), o campo epistemológico da psicopedagogia caracteriza-se por um


raciocínio diagnóstico e uma metodologia de intervenção que busca olhar o sujeito na relação
com o objeto de conhecimento em situação de aprendizagem; busca considerar sujeito e
objeto como entidades indissociáveis; conceber o sujeito em seu contexto sociohistórico;
admitir a possibilidade de um conhecimento transdisciplinar, embora ele se tenha construído
na perspectiva interdisciplinar; e ter a clínica das dificuldades de aprendizagem como espaço
privilegiado para o desenvolvimento da teoria psicopedagógica.

Esses teóricos enfatizam a grande importância da ligação entre a psicopedagogia e seu


contexto histórico, conhecer o ambiente em que o aluno está inserido é o principal ponto para
fazer um levantamento das suas necessidades. Durante o processo educativo a ação
psicopedagógica procura investir numa concepção de ensino-aprendizagem que fomente
interações pessoais, estimule a postura transformadora de toda a comunidade educativa e
busque inovar a prática escolar contextualizando-a e enfatize o essencial: conteúdos e
conceitos estruturados, com significado relevante.

De modo geral, Bossa afirma (2007, p. 23) os teóricos argentinos consideram como objeto de
estudo ou o pilar base da psicopedagogia “a aprendizagem com seus problemas”. A autora
ressalta as concepções de Alícia Fernández, e o dos psicopedagogos Jorge Visca e Marina
Muller sobre as teorias a que a psicopedagogia recorre para compreender e intervir sobre o
seu objeto de estudo. A legitimidade da produção teórica do campo da Psicopedagogia tem
sido buscada pelos psicopedagogos e vários esforços têm sido feitos para ascender os degraus
para a constituição de um campo de conhecimento científico que possibilite à Psicopedagogia
estar na academia, desfrutando dos assentamentos necessários para a produção do saber, ou
seja, para que possamos ter os subsídios e o apoio destinados à pesquisa em nosso país.

Durante quase três décadas, temos trabalhado com obstinação, superando obstáculos de toda
ordem, na crença inabalável de que esse conhecimento representa enorme avanço no
desenvolvimento do ser humano. Uma verdadeira compreensão acerca da aprendizagem
representa a construção de uma nova concepção de ser humano. Revoluciona conceitos
fundamentais de áreas como Educação, Saúde e outras.

4.1 CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

Segundo Andrade (2004) a psicopedagogia ainda está buscando a “autonomia de uma


disciplina” e delimitando cientificamente a aprendizagem humana com sua temática, o sujeito
aprendente ou o sujeito em situação de aprendizagem como seu sujeito e a pesquisa de
intervenção como o seu método de investigação da realidade que lhe interessa- a
aprendizagem humana com todos os seus matizes, alcances e limites. É consenso entre os
autores apontar a psicopedagogia como uma área de conhecimento ou te atuação
“interdisciplinar nos processos de aprendizagem” (CASTANHO 2002 p.30).

Há quem afirme que essa área da educação constitui-se num modelo transdisciplinar de ação,
que transita entre as disciplinas diversas “sem abolir as fronteiras existentes” (RUBINSTEIN;
CASTANHO, 2004, p.231).
Dada à natureza necessariamente multidisciplinar, a psicopedagogia é chamada a se realizar
na convivência com o outro, com o diferente, com os vários códigos restritos das ciências.
Assim sendo, é uma disciplina convocada a realizar um movimento reparatório com relação à
impossibilidade de troca entre diferentes áreas do conhecimento, mas é também solicitada a
reconhecer a singularidade daqueles a quem é chamada a cuidar.

Aliás, reconhecer a singularidade daquele que aprende, é condição primeira para que se
realize, quer como teoria como prática (MELLO,2000,p. 46).

O trabalho psicopedagógico, portanto, não se apresenta como reeducativo, mas, sim como
terapêutico (uma terapia centrada na aprendizagem); não se dirige para um público específico,
porque aprendentes somos todos nós, humanos: crianças, jovens, ou velhos que nos
mantemos vivos e atuantes, enquanto aprendemos e ensinamos e podemos contribuir com a
nossa marca para a evolução da humanidade. É possível perceber que a Psicopedagogia
também tem papel importante em um novo momento educacional que é a inserção e
manutenção dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) no ensino regular,
comumente chamada inclusão.

Entende-se que colocar o aluno com NEE em sala de aula e não criar estratégias para a sua
permanência e sucesso escolar inviabiliza todo o movimento nas escolas. Faz-se premente a
necessidade de um acompanhamento e estimulação dos alunos com NEE para que as suas
aprendizagens sejam efetivas. O papel do psicopedagogo escolar é muito importante e pode e
deve ser pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função social que é
socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo, ou seja,
através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais organizada no mundo cultural e
simbólico que incorpora a sociedade.

“Há diferentes níveis de atuação. Primeiro, o psicopedagogo atua nos processos educativos
com o objetivo de diminuir a frequência dos problemas de aprendizagem. Seu trabalho incide
nas questões didático-metodológicas, bem como a formação e orientação dos professores,
além de fazer aconselhamento aos pais. Na segunda atuação, o objetivo é diminuir e tratar dos
problemas de aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico, a partir do
qual procura-se avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam transtorno,
estamos prevenindo o aparecimento de outros” (BOSSA,1994,p.102)

As escolas enfrentam um grande desafio: lidar com as dificuldades de aprendizagem e ao


mesmo tempo traçar uma proposta de intervenção capaz de contribuir para a superação dos
problemas de aprendizagem dos alunos. Dessa forma, defende-se a importância do
Psicopedagogo Institucional, como um profissional qualificado, que se baseia principalmente
na observação e análise profunda de uma situação concreta, no sentido de não apenas
identificar possíveis perturbações no processo de aprendizagem, mas para promover
orientações didático-metodológicas no espaço escolar de acordo com as características dos
indivíduos e grupos.

Segundo Groppa (1997) o trabalho psicopedagógico terá como objetivo principal trabalhar os
elementos que envolvem a aprendizagem de maneira que os vínculos estabelecidos sejam
sempre bons. A relação dialética entre sujeito e objeto deverá ser construída positivamente
para que o processo ensino-aprendizagem seja de maneira saudável e prazerosa. O
desenvolvimento de atividades que ampliem a aprendizagem faz-se importante, através dos
jogos e da tecnologia que está ao alcance de todos. Com isso, há a busca da integração dos
interesses, raciocínio e informações que fazem com que o aluno atue operativamente nos
diferentes níveis de escolaridade. Por isso, a educação deve ser encarada como um processo
de construção do conhecimento que ocorre como uma complementação, cujos lados
constituem de professor e aluno e o conhecimento construído previamente.

4.2 A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA NA ESCOLA

A prática psicopedagógica na escola implica num trabalho de caráter preventivo e de


assessoramento no contexto educacional. Segundo Bossa, "pensar a escola à luz da
Psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais
e sócioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo
a participação da família e da sociedade".

Na prática pedagógica, é essencial que se considere as relações entre produção escolar e as


oportunidades reais que a sociedade dá às diversas classes sociais. A escola e a sociedade não
podem ser vistas isoladamente, pois o sistema de ensino (público ou privado) reflete a
sociedade na qual está inserido. Observa-se que alunos de baixa renda ainda são
estigmatizados, na questão do aprendizado, como deficientes.

A escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do processo de


ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual, muitas
vezes, os desequilíbrios não são compreendidos (GASPARIAN, 1997, p.24)

Ao chegar numa instituição escolar, muitos acreditam que o psicopedagogo vai solucionar
todos os problemas existentes (dificuldade de aprendizagem, evasão, indisciplina, desestímulo
docente, entre outros). No entanto, o psicopedagogo não vem com as respostas prontas. O
que vai acontecer será um trabalho de equipe, em parceria com todos que fazem a escola
(gestores, equipe técnica, professores, alunos, pessoal de apoio, família). O psicopedagogo
entra na escola para ver o "todo" da instituição.

Barbosa afirma que "a escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do
processo de ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual,
muitas vezes, os desequilíbrios não são compreendidos”. A aprendizagem escolar, durante
várias décadas, foi vista como algo distante do prazer e entendida como um mal necessário.
Então, o grande desafio das escolas, nos dias de hoje, é despertar o desejo dos alunos para que
possam sentir prazer no aprender.

A opinião de Barbosa é clara quando argumenta que:

Transformar a aprendizagem em prazer não significa realizar uma atividade prazerosa, e sim
descobrir o prazer no ato de: construir ou de desconstruir o conhecimento; transformar ou
ampliar o que se sabe; relacionar conhecimentos entre si e com vida; ser co-autor ou autor do
conhecimento; permitir-se experimentar diante de hipóteses; partir de um contexto para a
descontextualização e vice-versa; operar sobre o conhecimento já existente; buscar o saber a
partir do não saber; compartilhar suas descobertas; integrar ação, emoção e cognição; usar a
reflexão sobre o conhecimento e a realidade; conhecer a história para criar novas
possibilidades.

Barbosa ressalta, ainda, que "a Psicopedagogia, como área que estuda o processo
ensino/aprendizagem, pode contribuir com a escola na missão de resgate do prazer no ato de
aprender e da aprendizagem nas situações prazerosas”. O psicopedagogo sabe que para
aprender são necessárias condições cognitivas (abordar o conhecimento), afetivas (estabelecer
vínculos), criativas (colocar em prática) e associativas (para socializar).

Deve-se estar atento frente às grandes mudanças que ocorreram nas propostas educacionais.
Atualmente, o conhecimento científico só tem sentido se for ligado ao social, engajado ao
cotidiano, onde através dele se possa encontrar soluções. A reforma educacional brasileira é
extremamente exigente. Os paradigmas dessa reforma estão centrados na verdade aberta, no
conhecimento múltiplo, transdisciplinar. As mudanças não acontecem na mesma proporção,
nem na mesma velocidade. A apropriação leva um tempo até ser introspectada, compreendida
e colocada em prática. As mudanças (a introdução no novo) num ambiente escolar têm que ser
escalonadas e sucessivas, priorizando-se e hierarquizando-se as ações.

Barbosa ratifica que a atuação psicopedagógica junto a um grupo ou instituição, para ser
operante precisa interpretar os papéis desempenhados, a forma como foram atribuídos e
assumidos, assim como as expectativas que se encontram latentes neste movimento de
atribuir e aceitar o papel. [...] A tarefa de cada um deve estar voltada para o aprender, desde a
direção até a portaria ou o serviço de limpeza.

5. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Entende-se por dificuldades de aprendizagem a incapacidade apresentada por alguns


indivíduos diante de situações novas, desencadeadas por diversos fatores. As dificuldades de
aprendizagem não são uma exceção no sistema educacional. O insucesso da criança, muitas
vezes rotulado de dislexia, é também o resultado de outros insucessos sociais, políticos,
culturais, educacionais pedagógicos, dentre outros. Considerar esses transtornos de aquisição
um problema estritamente da criança é ignorar os reflexos das dificuldades de ensino. O
estudioso Kirk (1962, p.263), define de aprendizagem:

Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno, ou


desenvolvimento lento em um ou mais processos da fala, linguagem, leitura, escrita ou outras
áreas cognitivas, resultantes de uma deficiência causada por uma possível disfunção cerebral
ou alteração emocional ou condutual. Não é o resultado de retardamento mental, deprivação
sensorial ou fatores culturais e instrucionais.

Conforme Assunção (2011) “as dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo
emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do
processo educativo, percebendo se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza,
agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que também desmotivam o
aprendizado. A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade
é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas: disgrafia,
discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH” (Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade).

Dislexia é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz
trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler
um texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas nada foi
comprovado pela medicina. Disgrafia normalmente vem associada à dislexia, porque se o
aluno faz trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita.
Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e
desorganização ao produzir um texto.

Já a discalculia é a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os portadores não


identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de
problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem sequências
lógicas. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido. Dislalia é a
dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de
fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas
no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.

Os problemas de aprendizagem podem ser classificados em sintoma, inibição cognitiva e


reativa. Nos dois primeiros casos, as origens e causas encontram-se ligadas à estrutura
individual e familiar do indivíduo que “fracassa” em aprender. No último, relacionam-se ao
contexto socioeducativo. Ou seja, a questões didáticas, metodológicas, avaliativas, relacionais.
É importante salientar que nos problemas de aprendizagem reativos o fracasso escolar pode
demandar redimensionamento que englobe desde órgãos superiores responsáveis pela
educação no país até as salas de aula. (Nunes, 1997, p.21).
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A disortografia é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como


consequência da dislexia. Suas principais características são: troca de grafemas, desmotivação
para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e
compreensão dos sinais de pontuação e acentuação. O Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de
inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é muito comum
vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção),
porque apresentam alguma agitação, nervosismo e inquietação, fatores que podem advir de
causas emocionais.

Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses


problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem
ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em
observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas
e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas
potencialidades. É importante que esse diagnóstico seja feito por um médico e outros
profissionais capacitados.

5.1 ABORDAGENS USADAS PARA APRENDIZAGEM

O Conhecimento humano, dependendo dos diferentes referencias, é explicado diversamente


em sua gênese e desenvolvimento, o que condiciona conceitos diversos de homem, mundo,
cultura, sociedade, educação, etc. Dentro de um mesmo referencial, é possível haver
abordagens diversas, tendo em comum apenas os diferentes primados: ora do objeto, ora do
sujeito, ora da interação de ambos.

De acordo com Mizukami (1986), a partir de análises feitas sobre as diferentes abordagens do
processo ensino-aprendizagem pôde-se constatar que certas linhas teóricas são mais
explicativas de alguns aspectos do que de outros, percebendo-se assim a possibilidade de
articulação das diversas propostas de explicação do fenômeno educacional. Ela procura fazer
uma sistematização válida de conceitos do fenômeno estudado. Mizukami ainda critica a
formação de professores colocando que o aprendido pelos professores nada tinha a ver com a
prática pedagógica e seu posicionamento frente ao fenômeno educacional. A experiência
pessoal refletiria um comportamento coerente por parte do educador, pondo fim assim ao
permanente processo de discussão entre teoria e prática.

Uma possível solução seria repensar os cursos de formação de professores, voltando às


atenções principalmente para as disciplinas pedagógicas que analisam as abordagens do
processo ensino-aprendizagem, procurando articulá-los à prática pedagógica. Aproximando
cada vez mais as opções teóricas existentes como o analisar, discutir, da vivência na prática e a
partir da mesma, discutir e criticar as opções teóricas confrontando com a mesma prática. É
tentar criar teorias através da prática, analisando o cotidiano e questionando Evitando-se
assim a utilização de Receituários pedagógicos, que é o que a autora chama de seguir
cegamente a teoria ignorando a prática.

Um curso de professores deveria possibilitar confronto entre abordagens, quaisquer que


fossem elas, entre seus pressupostos e implicações, limites, pontos de contraste e
convergência. Ao mesmo tempo, deveria possibilitar ao futuro professor a análise do próprio
fazer pedagógico, de suas implicações, pressupostos e determinantes, no sentido de que ele se
conscientizasse de sua ação, para que pudesse, além de interpretá-la e contextualizá-la,
superá-la constantemente. (MIZUKAMI, 1986, p. 109)

5.2 APRENDIZAGEM TRANSFORMADORA

A teoria da aprendizagem transformadora está voltada para a educação e envolve a


aprendizagem em contextos formais e informais. Ela dirige-se à interseção entre o individual e
o social, dimensões coexistentes e igualmente importantes, já que os indivíduos são
constituídos em sociedade (Cranton, 2006). Mezirow (1981) é reconhecido como o formulador
inicial dessa teoria de aprendizagem, cujos fundamentos epistemológicos encontram-se no
construtivismo.

Ele sofreu influências das obras de autores críticos como Paulo Freire e Jurgen Habermas.
Freire (1970), um dos pioneiros, no Brasil, a trabalhar com a noção da aprendizagem de
adultos, propõe uma prática de ensino que valorize a cultura dos alunos e que desenvolva sua
criticidade e inquietude, indicando a necessidade de buscar a verdadeira causalidade dos
fenômenos sociais por meio da interpretação profunda dos problemas vividos, assimilando
criticamente a realidade.

A aprendizagem emancipatória pode ocorrer em ambientes educacionais formais ou informais,


tais como grupos de desenvolvimento comunitário, programas de desenvolvimento
profissional, movimentos políticos e ambientais. A aprendizagem transformadora pode,
portanto, se efetivar em qualquer ambiente onde ocorra aprendizagem. Ao adquirir
conhecimento técnico, por exemplo, uma pessoa pode aumentar sua autoconfiança e mudar a
percepção sobre seu lugar no mundo, obtendo assim uma aprendizagem emancipatória. Em
algumas ocasiões, as pessoas adquirem uma série de conhecimentos instrumentais e
comunicativos até que esses conhecimentos se integrem. Em outros casos, a aprendizagem
emancipatória não ocorre porque, nesse processo, há apenas a aquisição de novos
conhecimentos ou a elaboração de conhecimentos anteriores, processos de aprendizagem que
não abarcam questionamento de crenças ou pressupostos preexistentes (Cranton, 2006).

6. A IMPORTÂNCIA DOS PROFESSORES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM


Com as mudanças que estão ocorrendo na sociedade, como a banalização da informação, a
revolução digital, da nova política, da nova economia e dos desequilíbrios familiares, torna-se
necessário que o professor faça dos conteúdos habituais de suas disciplinas instrumentos, que
além de qualificarem para a vida, estimulem capacidade e competências, com o intuito de
estimular todas as inteligências de seus alunos (ANTUNES, 2002, p.47).

O professor deve se reconstruir, criando no aluno um ser crítico, auxiliando na formação de


sua personalidade. Valorizando a luta pelo seu espaço na sociedade, derrubando barreiras e
vencendo obstáculos que a vida possa lhe proporcionar. Se os docentes têm a intenção de
estimular em seus alunos o amor pelo saber e o respeito pela diversidade e criação, devem
buscar o contraste crítico e reflexivo (GÓMEZ, 2001, p.304). Segundo Pombo (2000, p.80), o
educador deveria ter por objetivo preparar adultos livres de traumas psicológicos, pessoas que
não estivessem intencionadas de tirar dos outros a felicidade que delas próprias foi retirada.

O mundo está mudando e isso está ocorrendo a uma velocidade sem precedentes na evolução
histórica da humanidade. A globalização, o surgimento de novas tecnologias, como o avanço
das telecomunicações e da informática, contribuem para que ocorra mudanças, também, na
Educação. A interação professor aluno vem se tornando muito mais dinâmica nos últimos
anos. O professor tem deixado de ser um mero transmissor de conhecimentos para ser mais
um orientador, um estimulador de todos os processos que levam os alunos a construírem seus
conceitos, valores, atitudes e habilidades que lhes permitam crescer como pessoas, como
cidadãos e futuros trabalhadores, desempenhando uma influência construtiva.

A Educação deve não apenas formar trabalhadores para as exigências do mercado de trabalho,
mas cidadãos críticos capazes de transformar um mercado de exploração em um mercado que
valorize uma mercadoria cada vez mais importante: o conhecimento. Dentro deste contexto, é
imprescindível proporcionar aos educandos uma compreensão racional do mundo que o cerca,
levando-os a um posicionamento de vida isento de preconceitos ou superstições e a uma
postura mais adequada em relação a sua participação como indivíduo na sociedade em que
vive e do ambiente que ocupa.

O sentido do ensino-aprendizagem dependerá do entusiasmo do educador, da fantasia, de se


educar com alegria sem pensar nos problemas em que estão envolvidos sabendo separar a
sala de aula do que se passa em sua vida particular. O que torna necessário uma reflexão por
parte dos educadores da importância da sua atuação profissional e da necessidade de se
tomar conhecimento de si mesmo. Dessa forma, Antunes (2002, p.109) complementa
afirmando que é essencial todo educador desenvolver a consciência de sua profissão e o
sentido de solidariedade e justiça que a mesma expressa. Deixando claro o lado humano e
cidadão de cada professor, suscetível de crítica e ávido de aprimoramento profissional,
envolvido na consciência de um construtor da sociedade.

Partindo deste principio pode-se considerar o docente como principal agente no processo de
ensino, tendo um papel ativo na formação de seus alunos, auxiliando e incitando a
reconstrução dos esquemas de pensamento, sentimento e comportamento de cada indivíduo.
Esta concepção inclui tanto despertar a ativa participação intelectual do próprio educando
como facilitar o contraste com as formulações alternativas das representações críticas da
cultura intelectual (GÓMEZ, 2001, p.300).

Os professores estão muitos presentes na vida de milhares de famílias, que lhes conferem a
enorme responsabilidade pela educação de seus filhos, sabendo que, não faltará a sua
atribuição e competência. A profissão professor é de suma importância, para a sociedade, pois
o profissional trabalha, para formar um estudante, pleno de uma cultura geral e de
diversidade, de um conhecimento científico, de raciocínio lógico, capacidade de comunicação
e trabalho em grupo, que seja reflexivo e capaz de aprender a aprender, de ser, fazer e
conhecer, além é claro de ser criativo habilidoso e competente.

6.1 A PARTICIPAÇÃO E INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA

Segundo Fernández (1991, p.97) a transformação histórica do contexto sócio-histórico cultural


é resultante de um constante processo de evolução, ao qual a estrutura familiar vai se
moldando e modificando, concomitantemente aos diferentes momentos históricos
vivenciados pela humanidade, assumindo características peculiares dependendo do tipo de
referência adotada como base para educação dos filhos em determinada época ou período.

O conceito de família mudou muito nos últimos tempos, não há mais um padrão de família, e
sim uma variedade de padrão familiar, com identidade própria em constante
desenvolvimento. Mas independente dessa mudança a família continua sendo o primeiro
local de aprendizado das crianças, é através dela que acontece os primeiros contatos
sociais e as primeiras experiências educacionais . A família, está diretamente ligada as
atitudes comportamentais da criança. Na maioria das vezes a influência que os pais
exercem sobre seus filhos é inconsciente, pois não tem consciência de que seus
comportamentos, sua maneira de ser e de falar, de tratar as pessoas, de enxergar o
mundo, tem enorme influência sobre o desenvolvimento do seu filho.

Os pais têm um papel importante no processo de desenvolvimento da autonomia. Se eles


encorajarem as iniciativas da criança, elogiarem o sucesso derem tarefas que não excedam
as capacidades da criança forem coerentes em suas exigências e aceitarem os fracassos
estarão contribuindo para o aparecimento do sentimento de auto confiança e auto
estima. ( Sabini , 1998, p.65)

Percebe-se a grande importância dos pais no desenvolvimento cognitivo e evolutivo da


criança, a sua ausência no ensino aprendizagem dos alunos podem ocasionar baixo
desempenho e até mesmo a repetência escolar. Muitos pais veem a escola como local de
depósito de crianças, vão matriculam seus filhos e só aparecem na escola quando seus
filhos estão com problemas, baixo desempenho ou quando a coordenação manda chamá-lo.
Sem a família não há como promover uma boa educação. A participação dos pais na
vida escolar de seus filhos é condição indispensável para que a criança se sinta amada e
motivada a obter avanços em sua aprendizagem. Sendo assim a família e a escola precisam
ser parceiras para que os alunos possam realmente ter um maior aproveitamento na
aprendizagem, não basta apenas à escola se preocupar na aprendizagem, e os pais não se
preocuparem. O conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente na escola, mas
também são construídos pela criança em contato com o social, dentro da família e no mundo
que a cerca. A família é o primeiro vínculo da criança e é responsável por grande parte da sua
educação e da sua aprendizagem. O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e
expectativas com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande importância
para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico.

Considerando o exposto, cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que
apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista e de
uma anaminese com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua vida
orgânica, cognitiva, emocional e social. Nessa perspectiva, o psicopedagogo não é um mero
“resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua
especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos
e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que
favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico.

As ações realizadas pelo psicopedagogo junto com o sujeito com transtorno procura promover
a reelaboração do processo de aprendizagem, assim sendo essa intervenção propicia uma
mudança na ação do sujeito em relação à aprendizagem. (Serrat, 2002, p.56)

Dessa forma, acredita-se que o trabalho da Psicopedagogia quando encontra consonância e


parcerias na escola, pode promover efeitos muito positivos para a minimização das
dificuldades que emergem no contexto escolar, apesar de representar um constante desafio,
pois requer o envolvimento de toda a equipe, e um desejo permanente de mudanças, para
que as transformações, de fato, ocorram.

6.2 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA PARA O TRABALHO COM ATIVIDADES LÚDICAS

A vida, os acontecimentos, a evolução dão conta da importância de trabalhar cada vez mais
com o lúdico, com as crianças, seja qual for sua faixa etária. Inseridos em atividades lúdicas, os
alunos conseguem assimilar melhor os conteúdos trabalhados e sem dúvidas viajar através da
imaginação. As manifestações lúdicas desenvolvem funções importantes no desenvolvimento
da criança e se constituem um instrumento didático importante para o professor. A
brincadeira é de extrema importância para o desenvolvimento psicológico, social e cognitivo
da criança, pois é através dela que a criança expressa seus sentimentos em relação ao mundo
em que vive. É também através das atividades lúdicas que as crianças reconhecem sua
realidade e compreende o funcionamento do mundo e suas emoções, também desenvolve-se
como indivíduo e aprende a superar suas limitações, brincando e reproduzindo.
É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do
lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a
participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a
canção... como se fora brincadeira de roda... (MARCELINO, 1996, p.38).

O lúdico é uma necessidade do ser humano indiferente de sua idade e não deve ser visto
meramente como diversão. O brincar é a essência da infância, ele permite a produção de
conhecimentos, estimula a afetividade, assim, estabelece-se com o brincar uma relação
natural extravagando as angústias e paixões, alegrias, tristezas, agressividades. Em todas as
épocas o lúdico, o brincar faz parte da vida da criança, viver no mundo da fantasia, do
encantamento, da alegria, dos sonhos. Parte da descoberta de si mesmo, do experimentar, do
criar e recriar oportunizando ao indivíduo, seu saber, sua compreensão do mundo, seu
conhecimento, facilitando a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal e coletivo, trazendo
benefícios para a saúde mental, para a socialização, comunicação, expressão e valorizando
sempre a criatividade que está inata nesta atividade.

Nessa perspectiva, a brincadeira é a principal ação que manifesta a essência da aprendizagem


significativa na vivência do aprendiz. Por meio da ação do brincar, a criança, que naturalmente
possui a característica da curiosidade, é inserida em um mundo de fantasia proporcionado por
elas e pelo próprio contexto; a formação do saber aprimora-se através dessa prática
importante. Essa junção entre a formação da aprendizagem e a prática do brincar é pertinente
para o fornecimento de informações específicas, que têm como meta explorar conteúdos que
retratam a evolução da criança nesse contexto lúdico.

Por meio das brincadeiras que a criança cria oportunidade de interação com todos ao seu
redor, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras, cognitivas e
também da relação de afetividade entre os educandos, que estabelecem laços de amizade
entre si e adquirem conhecimentos. A educação lúdica contribui para a formação do infante,
possibilitando um enriquecimento pedagógico e de valores culturais, ensinando a respeitar as
opiniões dos outros e ampliando o conhecimento.

A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente,


possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto
espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do
conhecimento. Sua prática exige a participação franca,criativa,livre,crítica,promovendo a
interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do
meio.(ALMEIDA,2003:57)

Diante de todos estes aspectos importantes a ludicidade propicia também o desenvolvimento


de outros aspectos importantes como o desenvolvimento do raciocínio da criança, na
brincadeira, a criança vai interpretar de uma forma mais positiva o conteúdo, ou aquilo que a
professora quis passar para o aluno, irá sentir-se mais satisfeito e envolvido, parte do processo
de aprendizagem. E, além disso, foi passado de forma indireta, ou seja, não foi imposto pelo
professor diretamente. Fugiu do obrigatório. E sem dúvida foi significativo porque a
brincadeira irá marcar para o aluno por que foi interessante e desperto a sua curiosidade.

7. A LUTA PELA REGULAMENTAÇÃO E O CÓDIGO DE ÉTICA

O progresso traz muitas alterações à sociedade, uma delas é o desaparecimento de algumas


profissões e o surgimento de outras. BARONE (1987) esclarece que o que caracteriza o
aparecimento de qualquer profissão é a existência de pessoas exercendo essa função antes de
sua formalização. Ressalta ainda alguns motivos para o aparecimento de toda profissão, sendo
eles a demanda social, os recursos para atender à demanda e pessoas que organizam e
recriam os recursos disponíveis para a demanda. No caso da psicopedagogia, a demanda é a
existência de crianças normalmente desenvolvidas que não conseguem sucesso na escola, fato
que justifica a prática psicopedagógica.

Bossa (2000), acredita que o psicopedagogo sabe que sua profissão consiste na transmissão de
conhecimentos, não sendo uma atividade neutra para ambas as partes (o sujeito que necessita
de ajuda e o psicopedagogo), pois a relação de afeto que se estabelece entre o psicopedagogo
e o aprendente é necessária ao desenvolvimento da relação educativa. Assim, considera a
autora que o papel do psicopedagogo é levar a criança a integrar-se novamente à vida normal,
respeitando sua individualidade.

Para NERY (1986) o trabalho psicopedagógico deve estar ancorado em alguns princípios gerais,
tais como: 1) acreditar que todo ser humano tem direito ao pleno acesso ao saber acumulado,
representado pela cultura; 2) considerar a leitura e a escrita como ferramentas fundamentais
de acesso ao saber; 3) nortear sua prática dentro dos princípios da liberdade do ser; 4)
Reconhecer e assumir a dupla polaridade de seu papel-transmisão de conhecimento e
compreensão dos fatores psicológicos que interferem no ato de aprender; 5) reconhecer o
papel da família como transmissora da cultura, devendo analisar e compreender os
mecanismos dentro da relação familiar que promovem bloqueio da aprendizagem; 6)
reconhecer a escola como espaço privilegiado para a transmissão da cultura, também, o valor
de outras organizações sociais ainda mantendo postura crítica frente às dificuldades geradas
pela própria instituição escolar.

De acordo com o primeiro princípio, o psicopedagogo deverá trabalhar para possibilitar a


todas as crianças o direito de aprender. No segundo princípio a leitura e a escrita são
ferramentas fundamentais para o acesso ao saber acumulado representado pela cultura, o
psicopedagogo deverá contribuir para que o educando supere o problema de aprendizagem e
consiga ter acesso a esse saber. Com o terceiro princípio o psicopedagogo deve respeitar a
individualidade do ser humano e ajudá-lo na superação de suas dificuldades.

O quarto princípio levanta questões de fronteiras com outras áreas, assim, o psicopedagogo
deverá requerer a plena preparação e utilização de recursos disponíveis no acervo científico
para uma atuação competente e responsável. O quinto princípio acentua a necessidade de o
psicopedagogo reconhecer o papel da família e atuar orientando-a para fazê-la analisar e
compreender fatores de sua dinâmica que interferem na aprendizagem do sujeito. Já o sexto
princípio destaca a necessidade de se reconhecer a escola como espaço para transmissão de
cultural, assim como sua responsabilidade, na maioria das vezes, pelos problemas de
aprendizagem. Observa-se que estes princípios contribuem para a postura ética do
psicopedagogo, embora a psicopedagogia ainda não seja uma profissão e sim uma prestação
de serviços.

O código de ética da Psicopedagogia comporta uma aprendizagem especial na área de seu


conhecimento sistemático e orgânico, sendo este instrumento consequência de organizações,
atividades e obrigações, inclusive estabelece que “... estarão em condições de exercício da
Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de
Pós-Graduação em Psicopedagogia, ministrados em estabelecimentos de ensino oficial e /ou
reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e
aconselhável trabalho de formação pessoal” (Código de Ética, 1996, s/p.).

A terceira condição para que uma atividade se torne profissão é que ela deve dispor de
organizações adequadas com atividades, obrigações e comportar responsabilidades com
consciência de grupo. A própria Associação Brasileira de Psicopedagogia contribui para que
esta condição seja preenchida.

Levando-se em conta as três condições estabelecidas por CAMARGO (1999) para que uma
atividade seja considerada profissão, pode-se concluir que, neste sentido, a Psicopedagogia, de
fato, é uma profissão. Inclusive, a Associação Brasileira de Psicopedagogia está trabalhando
para que ela venha a ser, oficialmente, uma profissão.

De acordo com informações da Associação Brasileira de Psicopedagogia, fornecidas em Abril


de 1998 através de carta aos associados, assim como por comunicado publicado na revista da
Associação [In: Revistas da Associação Brasileira de Psicopedagogia –17 (45)-98]. O Projeto de
Lei n.º 3124/97 de 15/05/97, foi aprovado em 03/09/97 pela Comissão de Trabalho,
Administração e Serviço Público da Câmara Federal, foi votado pela Comissão de Educação,
Cultura e Desporto em 12/09/2001, ainda terá próxima etapa que é a votação da Comissão de
Constituição, Justiça e Redação.

Contudo, a tentativa de reconhecer a psicopedagogia como uma profissão regularizada vem


trazendo à tona o questionamento do Conselho Regional de Psicologia (CRP), pois este órgão
reclama para os psicólogos o direito exclusivo de atender os clientes que apresentam
problemas de aprendizagem. Em 03 de junho de 1995, o CRP da 6º Região, emitiu documento
(resolução nº 003/95) afirmando, no artigo 1º que “... é de responsabilidade do psicólogo,
intransferível, a realização do psicodiagnóstico, a intervenção, e ação preventiva pertinentes à
orientação psicopedagógica”. (Resolução nº 003/95, s/p.)

Argumentando contra a resolução 003/95, a Associação Brasileira de Psicopedagogia formulou


documento esclarecendo que a Constituição Federal de 1988, no Capítulo que trata dos
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, enfoca o exercício profissional, e cita o Artigo 5º,
item XIII onde se lê “... é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Ainda, com relação ao documento, a
Associação Brasileira de Psicopedagogia salienta que “a Resolução CRP nº 003/95, ultrapassou
os limites da sua competência de complementar os preceptivos que a presidem, incluindo,
inovando, tarefa que lhe é vedada legal e constitucionalmente”.

As considerações aqui expostas têm por objetivo esclarecer a constituição da Psicopedagogia


enquanto profissão. Neste aspecto, cabe refletir sobre a formação sistemática do
psicopedagogo, a qual ocorre por meio de cursos de pós-graduação. De modo sintético,
considera-se psicopedagogo, segundo o código de ética da Associação Brasileira de
Psicopedagogia, o profissional que fez curso de pós-graduação em Psicopedagogia e atua nos
problemas de aprendizagem.

Estipula o Código de Ética que: “estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os


Profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de cursos de Pós-Graduação de
Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou
mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável
trabalho de formação pessoal. (Artigo 4º, s/p.) CAMARGO (1999) atribui, ao código de ética, a
estruturação e sintetização das exigências éticas no plano de orientação, disciplina e
fiscalização. Para este autor, os códigos profissionais visam a garantir os interesses dos
profissionais e dos clientes, amparando seus interesses e protegendo seus relacionamentos.

Destarte, é essencial o Psicopedagogo conhecer o código de ética e a sua regulamentação, pois


a mesma tem o propósito de estabelecer parâmetros e orientar os profissionais da
Psicopedagogia brasileira quanto aos princípios, normas e valores ponderados à boa conduta
profissional.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho abordou a importância do Psicopedagogo Educacional, pois essa profissão


atualiza e amplia a apresentação completa e sucinta dos procedimentos básicos da ação
psicopedagógica. E também as funções multidisciplinar que esse profissional exerce, sendo
que Nessa perspectiva, o psicopedagogo não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um
profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover
obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio
da construção de práticas educativas que favoreçam processos de humanização e
reapropriação da capacidade de pensamento crítico.

Sobre o docente esse trabalho deixou claro que o mesmo deve está preparado e ciente de sua
principal função e responsabilidade, que é a de auxiliar na construção do aluno e não apenas
um transmissor de conteúdos do currículo escolar. Consequentemente os alunos não ficarão
retidos somente em conteúdos, mas se preocuparão com a postura que devem ter para se
relacionar com o conhecimento. Desta forma, considera-se que os educadores são
responsáveis pelo saber-fazer em seu contexto educacional, construirão alunos e se
construirão numa relação permanente e diária fundamentada na consciência crítica, reflexiva e
política, em que, cidadãos se transformarão e transformarão a sociedade, com novos olhares,
novos pensamentos pautados num progresso pátrio.

A Psicopedagogia, na instituição escolar, tem uma função complexa e por isso provoca
algumas distorções conceituais quanto às atividades desenvolvidas pelo psicopedagogo. Numa
ação interdisciplinar ela dedica-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e
assessoramento pedagógico, colabora com planos educacionais e lúdicos no âmbito das
organizações, atuando numa modalidade cujo caráter é clínico institucional, ou seja, realizado
diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes.

Portanto, o estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a compreensão


sobre as características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço
para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Para isso,
deve analisar o Projeto Político-Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o
que é valorizado como aprendizagem.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2007. BRASIL,

Lei n°. 9394 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília:
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GASPARIAN, Maria Cecília Castro. Contribuições do modelo relacional sistêmico para a


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http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html >Acesso em: 28 de


Junho de 2016.

http://www.abrapee.psc.br/noticia173.html > Acesso em: 28 de Junho de 2016.

SÁNCHEZ-YCANO, Manuel, BONALS, Joan e colaboradores. Avaliação psicopedagógica. RS,


Artmed, 2008.

Técnicas de Intervenção Psicopedagógica

Leila Sara José Chamat Editora Vetor Brasil 2008 1ª edição


Avaliação Psicopedagógica da Criança de Zero a Seis anos

Vera Barros de Oliveira, Nádia Aparecida Bossa Editora Vozes Brasil 2011 19ª edição

Erro e Fracasso na Escola

Júlio Groppa Aquino (Org.) Editora Summus Brasil 1997 4ª edição

Dificuldades na Aprendizagem da Leitura

Terezinha Nunes, Lair Buarque, Peter Bryant Editora Cortez Brasil 1997 4ª edição

ANDRADE, M. S. Rumos e diretrizes dos cursos de Psicopedagogia: análise

Crítica do surgimento da Psicopedagogia na América Latina. Cadernos de Psicopedagogia, v.3,


n. 6, 70-71, junh. 2004.

BASSEADAS, E. Intervenção educativa e diagnóstica psicopedagógico. 3. Ed. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1996.

FAGALLI, Eloísa Quadros e VALE Z. Psicopedagogia Institucional Aplicada: a aprendizagem


escolar dinâmica e construção na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1999.

FERNANDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

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MACHADO, A. M. Avaliação e fracasso: a produção coletiva da queixa escolar. In: AQUINO,


Júlio G. (Coord.). Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus,
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WEISS, Maria L. L. Psicopedagogia clínica: Uma visão diagnóstica dos problemas de


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