Sismos

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Frutuoso Tiago Cardoso de Sousa

METODOS DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA

SÍSMICA DE PONTES EM BETÃO ARMADO

Mestrado em Construções Civis

Ramo Estruturas

Professor Doutor Pedro da Silva Delgado

Abril 2015
Índice Geral

INDICE GERAL

Índice Geral……………………………………………………………………………………i

Dedicatória…………………………………………………………………………………...iii

Agradecimentos…………………………………………………………………………….....v

Resumo…………..………………………………………………………………………......vii

Abstract…………………………………………………………………………………....…ix

Résumé………………………………………………………………………………….……xi

Índice de texto……………………………………………………………………………....xiii
Índice de Figuras…………………………………………………………………………...xvii
Índice de Tabelas…………………………………………………………………………...xxv

Capitulo 1 – Introdução………………………………………………..1.1
Capitulo 2 – Comportamento Sísmico das Pontes…………………….2.1
Capitulo 3 – Análise Sísmica………………………………………….3.1
Capitulo 4 – Avaliação de Segurança Sísmica…………………….......4.1
Capitulo 5 – Ensaio Experimental…………..……………….…….......5.1
Capitulo 6 – Conclusão…………..……………….…….......................6.1

Referências Bibliográficas………………………………………………………………...R.1
Anexo 1 – Aspetos Gerais Sobre Pontes………………………..………………………...A.1
Anexo 2 – Soluções de Reforço e Intervenção…...……………..………………………...A.2

i
Índice Geral

ii
Dedicatória

Aos meus pais


pelo esforço que fizeram para eu estar aqui
e à Lina
pela sua coragem e luta
que teve pela vida

iii
Dedicatória

iv
Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

Para se poder realizar o seguinte trabalho foi necessário recorrer a muitos recursos humanos e
materiais. Apesar de ser um trabalho individual, queria mostrar o meu reconhecimento e
agradecimento a todos que me acompanharam ao longo da realização deste trabalho.

Assim, começo por agradecer à minha família, pais, irmãos e tia, pela paciência e compreensão
sempre demonstrados ao longo deste trabalho e também por me facultar todas as condições possíveis
para que pudesse realizar uma vida académica, desde o inicio da licenciatura até ao fim deste
mestrado.

Ao doutor professor Pedro da Silva Delgado, por ser o meu orientador, pela sua dedicação e
disponibilidade para as linhas orientadoras desse projeto bem como ter criado a oportunidade de poder
realizar um ensaio experimental. Também, agradecer pelo espírito de amizade que foi aprofundando
na realização desta dissertação.

A todos os docentes da área de estruturas da Escola Superior Tecnologia e Gestão de Viana do


Castelo, nomeadamente aos professores doutores Patrício Rocha e Mário Marques, pelo contributo
direto na realização deste projeto e às professoras doutoras Joana Oliveira e Mafalda Lopes, pela ajuda
na realização da pesquisa bibliográfica deste trabalho. Ao coordenador do mestrado, professor doutor
Mário Russo, por todo o apoio prestado ao longo dessa etapa.

À empresa Irmãos Maia, Lda., pela construção dos pilares ocos ensaiados e igualmente à empresa
S.T.A.P.- Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S.A., em particular ao eng. Miguel
Santos, por todo o cuidado prestado na programação e realização dos trabalhos de reparação e reforço
dos provetes.

A todos as pessoas do LESE pela disponibilidade e colaboração para a execução do ensaio


experimental.

À empresa Pretensa, nomeadamente ao engenheiro Francisco Pimenta, por toda a disponibilidade


demonstrada e por todas as informações úteis e essenciais para a realização deste trabalho.

Aos engenheiros António Cruz, Carlos Pimental e ao Sr.º Tiago Rodrigues da E.P., pela sua
colaboração nesse trabalho e o fornecimento dos dados necessários para a realização das modelações.

v
Agradecimentos

A todos os colegas de licenciatura e mestrado da ESTG pelo espírito de amizade, disponibilidade e


ajuda para a realização deste trabalho. Aos meus amigos da minha terra natal, nomeadamente ao
Nuno, pela compreensão, apoio e força demonstrada ao longo do tempo de realização desse trabalho.
À Maria José por todo o apoio dado na realização deste trabalho e pela amizade demonstrada.

Por fim, queria congratular a Catarina, pela força necessária para concluir este trabalho. Por todo
carinho que prestou, pela compreensão, pela motivação e por fim por acreditar em mim, no meu
esforço e sucesso.

vi
Resumo

RESUMO
Este trabalho consiste no estudo do comportamento sísmico de pontes de betão armado. Ao
longo deste, são indicadas as principais metodologias de análise sísmica, e, posteriormente as
principais metodologias de análise de segurança sísmica, tendo em conta o comportamento
não linear das pontes. Ao nível das análises numéricas, serão aplicadas algumas das
metodologias referidas numa ponte porticada de betão armado, submetida a análises
dinâmicas, explorando a sua capacidade histerética, de forma a indicar as vantagens e
desvantagens na sua aplicação prática, para que possam ser envolvidas no futuro, no
dimensionamento e verificação de segurança de estruturas correntes, garantindo um bom
nível de rigor. Posteriormente, serão apresentados os resultados experimentais relativos a um
ensaio de um pilar retangular de secção oca. Finalmente, serão expostas as conclusões da
comparação com outros pilares ensaiados na campanha experimental anterior.
No início deste projeto apresenta-se uma análise aos danos em pontes e viadutos que foram
submetidos à ação sísmica recentemente. A ação sísmica permite testar a capacidade de
dissipação de esforços e respetivo comportamento histerético. Assim, é importante analisar
as estruturas que estiveram já sujeitas a esse fenómeno para se retirar conclusões e,
posteriormente melhorar as condições de comportamento sísmico das estruturas existentes
ou novas.
Na modelação estrutural abordaram-se, primeiramente, os elementos da estrutura, com
modelações bidimensionais e tridimensionais, definindo métodos para obter a resposta
estrutural de pontes. Depois, foi estudado o comportamento dos materiais constituintes do
betão armado sujeitos a cargas cíclicas para que, no fim, sejam definidos os modelos de
avaliação da capacidade resistente dos elementos das pontes. Abordou-se igualmente a
legislação europeia, Eurocódigo 8, e indicando quais são os métodos utilizados pela norma
para se proceder à análise sísmica.
Para avaliação de segurança sísmica enunciaram-se os métodos mais simplificados e
abordou-se uma metodologia mais rigorosa, que parte do princípio da quantificação da
probabilidade de ruina através de uma transformação não linear da ação sísmica e dos seus
efeitos na estrutura. Alguns dos princípios estudados foram aplicados a um caso de estudo.
Por fim, foi realizado um ensaio experimental de um pilar retangular reforçado com bandas
CFRP, com secção oca, dando seguimento à campanha experimental realizada por Delgado
(2009). Finalmente, este ensaio foi complementado com uma análise numérica do pilar, sem
o reforço, submetido à mesma lei de carga utilizado no ensaio experimental.
PALAVRAS CHAVE: pontes de betão armado; análise sísmica; modelação não linear;
análises dinâmicas; dissipadores; probabilidade de ruína; vulnerabilidade sísmica; pilares
ocos; ensaios experimentais; estratégias para reforço.

vii
Resumo

viii
Abstract

ABSTRACT
This work consists of the study of the seismic behavior of reinforced concrete bridges. Along
this thesis are shown the main methods of seismic analysis and subsequently the main
methods of analyzing seismic safety, taking into account the non-linear behavior of the
bridges. In numerical analysis, will apply some of the methodologies referred to reinforced
concrete bridge, subjected to dynamic analysis, exploring its hysteretic capacity, to indicate
the advantages and disadvantages in practical application, that may be involved in future, in
the design and verification of structural safety assessment of current structures, ensuring a
good level of rigor. After will be presented the experimental results of testing hollow section
bridge piers. Finally, will be perform the conclusions of the comparison with other testing
hollow section bridge piers.
In the begining of this work it is show an analysis of the damage to bridges that was
subjected to seismic action lately. The seismic action allows to test capacity of dissipation of
efforts and respective hysteretic behavior. Thus, it is important to analyze the structures that
were subject to this action, to take conclusions and further improve the seismic performance
of existing and new structures.
In structural modeling was studied first the elements of structure, in two-dimensional and
three-dimensional modeling, defining methods for the structural response of bridges. After
this, was read the behavior of the constituent materials of the concrete to cyclic loading in
order to define models to be evaluation of the strength of the elements of the bridges. Also
was studied the European legislation, Eurocode 8, and indicating what the methods that
indicate to conduct seismic analysis are.
For verification of structural safety, was enunciated most simplified methods and addressed
by a more rigorous methodology, which assumes the quantification of the probability of ruin
through a nonlinear transformation of the seismic action and its effect on the structure. Some
of the principles studied wiil be applied to a case study.
Finally an experimental test of reinforced hollow section pier with CFRP sheet following up
experimental campaign by Delgado (2009). Subsequently, when this testing will be complete
with a numerical analysis of the pillar without reinforcement, subjected to the law of load
used in the experimental test.
KEYWORDS: reinforced concrete bridges, seismic analysis, nonlinear modeling, dynamic
analyzes, verification of structural safety, seismic isolation, seismic vulnerability, RC hollow
pillars, experimental tests, retrofit strategies.

ix
Abstract

x
Résumé

RÉSUMÉ
Ce travail consiste à l'étude du comportement sismique des ponts en béton armé. Tout au
long de ce sont indiquées les principales méthodes d'analyse sismique et par la suite les
principales méthodes d'analyse de la sécurité sismique, en tenant compte du comportement
non-linéaire des ponts. En termes d'analyse numérique, appliquer certaines des méthodes
visés à un pont portique en béton armé soumis à une analyse dynamique, explorer sa capacité
d'hystérésis pour indiquer les avantages et les inconvénients de l'application pratique qui
peuvent être impliqués dans l'avenir dans la conception et la vérification des structures de
sécurité en vigueur, en assurant un bon niveau de rigueur. Enfin, les résultats expérimentaux
concernant le test d'un pilier rectangulaire de section creuse seront présentés. Ensuite, les
conclusions de la comparaison avec d'autres piliers testés en campagne expérimentale
précédente seront présentés.
Avant de procéder à des objectifs de ce travail a été fait une analyse des dommages causés à
des ponts et des viaducs qui ont été soumis à l'action sismique récents. La meilleure preuve
de son handicap lorsque la structure est soumise à l'action sismique, avec un mauvais
comportement qui peut conduire à son échec. Ainsi, il est important d'analyser les structures
qui ont fait l'objet à ce phénomène, de tirer des conclusions et d'améliorer la performance
sismique des structures existantes et nouvelles.
Dans la modélisation structurelle a été adressée premiers éléments de la structure avec la
modélisation bidimensionnelle et tridimensionnelle, définir des méthodes pour la réponse
structurale des ponts. Par la suite, le comportement des matériaux constitutifs du béton à un
chargement cyclique afin de définir des modèles d'être évaluation de la force des éléments
des ponts a été étudiée. Est adressée également à la législation européenne, l'Eurocode 8, et
en indiquant quelles sont les méthodes qui indiquent à procéder à une analyse sismique.
Pour l'évaluation de la sécurité sismique, est énoncé les méthodes les plus simplifiées et
traitées par une méthodologie plus rigoureuse, ce qui suppose la quantification de la
probabilité de ruine à travers une transformation non linéaire de l'action sismique et son effet
sur la structure. Certains des principes étudiés ont été appliqués à une étude de cas.
Enfin essai expérimental d'un pilier rectangulaire renforcé avec fibre de carbone avec des
bandes de section creuse, nouvelle campagne expérimentale par Delgado (2009) a été
réalisée. Par la suite, le dosage a été complète par une analyse numérique du pilier sans
armature, soumis à la loi de la charge utilisée dans l'essai expérimental.
Mots-clés: ponts en béton armé, sismique, l'analyse sismique, la modélisation non linéaire,
analyse dynamique, les éviers, la probabilité de ruine, de la vulnérabilité sismique, piliers
creux, essais expérimentaux, les stratégies de renforcement.

xi
Résumé

xii
Índice de Texto

INDICE DE TEXTO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1.1


1.1 Considerações Gerais ...................................................................................................... 1.1
1.2 Objectivos ....................................................................................................................... 1.2

COMPORTAMENTO SISMICO DE PONTES .............................................................. 2.1


2.1 Introdução ....................................................................................................................... 2.1
2.2 Principais sismos que surgiram recentemente................................................................. 2.2
2.3 Comportamento das pontes aos sismos recentes ............................................................. 2.4
2.3.1 – Sismo de Loma Prieta, 1989 ..................................................................... 2.5
2.3.2 – Sismo de Northridge, 1994 ....................................................................... 2.6
2.3.3 – Sismo de Kobe, 1995 .............................................................................. 2.10
2.3.4 – Sismo de Taiwan, 1999 ........................................................................... 2.12
2.3.5 – Sismo de Whenchuan, 2008 .................................................................... 2.14
2.3.6 - Sismo de Áquila, 2009 ............................................................................. 2.16
2.3.7 - Sismo de Haiti, 2010 ................................................................................ 2.17
2.3.9 - Sismo de Tohoku, 2011 ........................................................................... 2.22
2.3.10 - Sismo de Van, 2011 ............................................................................... 2.23
2.4 Danos em pontes devido a acção sísmica ..................................................................... 2.24
2.4.1 - Danos em fundações ................................................................................ 2.24
2.4.2 - Danos devido a problemas estruturais ..................................................... 2.26

ANALISE SÍSMICA ........................................................................................................... 3.1


3.1 Introdução ....................................................................................................................... 3.1
3.2 Modelação Estrutural de Pontes ...................................................................................... 3.2
3.2.1 – Modelação de pontes com modelos planos ............................................... 3.3
3.2.2 – Modelação de pontes com modelos tridimensionais ................................. 3.5
3.2.3 – Algoritmo de análise estrutural ................................................................. 3.6
3.3 Modelação do Comportamento do Betão ........................................................................ 3.7
3.3.1 – Carregamento Monotónico........................................................................ 3.7
3.3.2 – Efeito do Confinamento ............................................................................ 3.9
3.3.3 – Comportamento do betão sob carregamentos cíclicos ............................ 3.11
3.4 Modelação do comportamento do aço .......................................................................... 3.13
3.4.1 – Carregamento Monotónico...................................................................... 3.13
3.4.2 – Carregamento cíclico .............................................................................. 3.14
xiii
Índice de Texto

3.5 Modelação do comportamento do betão armado .......................................................... 3.16


3.5.1 – Modelo de rótulas plásticas ..................................................................... 3.17
3.5.2 – Modelo de fibras...................................................................................... 3.25
3.5.3 – SAP2000 ................................................................................................. 3.28
3.6 Análise sísmica segundo o Eurocodigo 8 (EC8) ........................................................... 3.30
3.6.1 – Requisitos fundamentais de comportamento ........................................... 3.31
3.6.2 – Condições do terreno ............................................................................... 3.33
3.6.3 – Caraterização da ação sísmica ................................................................. 3.34
3.6.4 – Modelação da estrutura ........................................................................... 3.38
3.6.5 – Métodos de análise sísmica ..................................................................... 3.41
3.7 Caso de Estudo – Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima................................................ 3.44
3.7.1 – Caraterização da análise dinâmica não linear.......................................... 3.45
3.7.2 – Conceção do acelerograma ...................................................................... 3.46
3.7.3 – Caraterização da estrutura ....................................................................... 3.47
3.7.4 – Discretização da estrutura ....................................................................... 3.48
3.7.5 – Caraterização dos modelos ...................................................................... 3.54
3.7.6 – Influência do comprimento da rótula plástica ......................................... 3.56
3.7.7 – Influência da ligação do apoio sul ........................................................... 3.61
3.7.8 – Modelos de casca .................................................................................... 3.65
3.7.9 – Influência dos aparelhos de apoio ........................................................... 3.67

AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA SISMICA ................................................................... 4.1


4.1 Introdução ....................................................................................................................... 4.1
4.2 Critérios de Verificação do EC8, parte II ........................................................................ 4.4
4.2.1 – Comportamento dúctil ............................................................................... 4.4
4.2.2 – Comportamento de ductilidade limitada ................................................... 4.5
4.2.3 – Controlo de deslocamentos ....................................................................... 4.5
4.2.4 – Controlo das rotações ................................................................................ 4.6
4.2.5 – Considerações finais de conceção e dimensionamento ............................. 4.6
4.3 Metodologia da Federal Emergency Management Agency (FEMA).............................. 4.7
4.4.1 – Deslocamentos máximos possíveis ........................................................... 4.9
4.4.2 – Deslocamentos máximos exigidos .......................................................... 4.10
4.5 Métodos dos Coeficientes Parciais de Segurança ......................................................... 4.12
4.6 Metodologia Probabilística pelo Método do Hipercubo Latino (HCL) ........................ 4.14
4.6.1 – Capacidade Estrutural ............................................................................. 4.15

xiv
Índice de Texto

4.6.2 – Exigência Sísmica ...................................................................................... 4.15


4.6.3 – Definição da Probabilidade de Ruína ......................................................... 4.16
4.7 Metodologia probabilística através de curvas de fragilidade ........................................ 4.19
4.8 Metodologia probabilística através de funções de vulnerabilidade............................... 4.21
4.8.1 – Exigência sísmica ....................................................................................... 4.21
4.8.2 – Capacidade estrutural ................................................................................. 4.21
4.8.3 – Função de vulnerabilidade.......................................................................... 4.22
4.8.4 – Caraterização estatística do efeito da ação ................................................. 4.22
4.8.5 – Determinação da probabilidade de ruína .................................................... 4.22
4.8.6 – Resumo dos procedimentos ........................................................................ 4.23
4.9 Caso de estudo – Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima ................................................ 4.24
4.9.1 – Caraterização da ação sísmica .................................................................... 4.25
4.9.2 – Capacidade estrutural ................................................................................. 4.25
4.9.3 – Caraterização das funções de vulnerabilidade ............................................ 4.26
4.9.4 – Análise dos resultados ................................................................................ 4.26

ENSAIO EXPRIMENTAL ................................................................................................ 5.1


5.1 Introdução ....................................................................................................................... 5.1
5.1.1 – Caraterísticas dos provetes ........................................................................ 5.3
5.1.2 – Estimativa da capacidade resistente .......................................................... 5.5
5.2 Síntese dos resultados dos pilares originais .................................................................... 5.6
5.2.1 – Resultados experimentais do PO1-N4 vs PO1-N6 .................................... 5.8
5.2.2 – Resultados experimentais do PO2-N6....................................................... 5.9
5.3 Pilares Reforçados......................................................................................................... 5.12
5.3.1 – Processo de reforço e dimensionamento ................................................. 5.12
5.3.2 – Resultados experimentais do PO1-N6-R1............................................... 5.14
5.3.2 – Resultados experimentais do PO2-N5-R1 e PO2-N5-R2........................ 5.15
5.4 Ensaio Experimental do PO2-N6-R1 ............................................................................ 5.18
5.5 Análise numérica........................................................................................................... 5.23

CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 6.1


6.1 Conclusões Finais ................................................................................................. 6.1
6.2 Sugestões para desenvolvimentos futuros ............................................................. 6.5

xv
Índice de Texto

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. R.1

ASPECTOS GERAIS SOBRE PONTES ....................................................................... A1.1


A1.1 Evolução Histórica .................................................................................................... A1.1
A1.2 Tipo de Pontes e Materiais ........................................................................................ A1.7
A1.2.1 – Pontes em viga ..................................................................................... A1.7
A1.2.2 – Pontes em arco ..................................................................................... A1.8
A1.2.3 – Pontes de cabos .................................................................................... A1.9
A1.3 Componentes Principais das Obras de Arte ............................................................ A1.10
A1.3.1 – Tabuleiro ............................................................................................ A1.10
A1.3.2 – Pilares................................................................................................. A1.10
A1.3.3 – Encontros ........................................................................................... A1.11
A1.3.4 – Aparelhos de apoio ............................................................................ A1.12
A1.4 Ciclo de Vida ........................................................................................................... A1.13

SOLUÇÕES DE REFORÇO E INTERVENÇÃO ........................................................ A2.1


A2.1 Introdução.................................................................................................................. A2.1
A2.2 Intervenção Global da Estrutura ................................................................................ A2.3
A2.2.1 – Isolamento Base ................................................................................... A2.3
A2.2.2 – Amortecedor de massa sintonizada - TMD.......................................... A2.6
A2.2.3 – Dissipadores ......................................................................................... A2.7
A2.3 Reforço de Elementos da Estrutura ........................................................................... A2.9
A2.3.1 – Reforço de Pilares de Betão Armado ................................................... A2.9
A2.3.2 – Reforço de Ligações Entre Elementos ............................................... A2.10
A2.3.3 – Reforço dos Encontros ....................................................................... A2.10
A2.4 Reforço de Fundações ou do Solo de Fundação ........................................................ A2.9
A2.4.1 – Reforço das fundações com micro-estacas .......................................... A2.9
A2.4.2 – Reforço do solo de fundação.............................................................. A2.10

xvi
Índice de Figuras

INDICE DE FIGURAS

COMPORTAMENTO SISMICO DE PONTES .............................................................. 2.1


Figura 2.1 - Vista parcial ponte Struve Slough. .................................................................... 2.5
Figura 2.2 - Vista total da ponte Struve Slough. ................................................................... 2.5
Figura 2.3 - Arrancamento da armadura. .............................................................................. 2.6
Figura 2.4 - Colapso do viaduto Cypress. ............................................................................. 2.6
Figura 2.5 - Queda de tabuleiro vista de cima....................................................................... 2.7
Figura 2.6 - Queda de tabuleiro vista de baixo. .................................................................... 2.7
Figura 2.7 - Pilar do viaduto após queda do tabuleiro (Delgado, 2009). .............................. 2.7
Figura 2.8 - Queda de tabuleiro devido ao punçoamento (Delgado, 2009). ......................... 2.7
Figura 2.9 - Ductilidade insuficiente em mecanismo de flexão (Oliveira, et al., 1995)........ 2.8
Figura 2.10 - Escorregamento das cintas (Oliveira, et al., 1995). ......................................... 2.8
Figura 2.11 - Roturapor esforço transverso (Oliveira, et al., 1995). ..................................... 2.9
Figura 2.12 - Danos num nó (Oliveira, et al., 1995). ............................................................ 2.9
Figura 2.13 - Pilar de um viaduto danificado. ..................................................................... 2.10
Figura 2.14 - Rutptura do pilar na zona da rótula plástica. ................................................. 2.10
Figura 2.15 - Colapso do viaduto de Hanshin. .................................................................... 2.11
Figura 2.16 - Rutura do pilar na zona da rótula plástica (EASY, 1997). ............................ 2.11
Figura 2.17 - Queda de parte do tabuleiro........................................................................... 2.12
Figura 2.18 - Derrocada de uma ponte perto de Doulan (NISEE 2006). ........................... 2.13
Figura 2.19 - Colapso de uma parte do tabuleiro. ............................................................... 2.13
Figura 2.20 - Dano nos pilares devido ao esforço de corte. ................................................ 2.14
Figura 2.21 - Queda de parte do tabuleiro (NISEE 2006). .................................................. 2.14
Figura 2.22 - Pilar da ponte Mingjian danificado. .............................................................. 2.14
Figura 2.23 - Queda do tabuleiro de uma ponte. ................................................................. 2.15
Figura 2.24 - Rotura de tabuleiro, vista longitudinal. ......................................................... 2.15
Figura 2.25 - Rotura de tabuleiro, vista transversal. ........................................................... 2.15
Figura 2.26 - Colapso total da ponte de Gaoyuan (Clough & Penzien, 1982). ................... 2.16
Figura 2.27 - Pilares do viaduto da A24 (Kazuhiko, et al., 2009)....................................... 2.16
Figura 2.28 - Apoio do viaduto da A24 (Kazuhiko, et al., 2009). ...................................... 2.16
Figura 2.29 - Colapso da ponte devido a punçoamento, vista longitudinal (Kazuhiko, et al.,
2009)……………………………………………………………………………………….2.17
Figura 2.30 - Colapso da ponte devido ao punçoamento, vista transversal (Kazuhiko, et al.,
2009)………………………………………………………………………………………2.17

xvii
Índice de Figuras

Figura 2.31 - Tipo mais comum de ponte no Haiti (Eberhard, Baldridge, Marshall, Mooney,
& Rix, 2010)........................................................................................................................ 2.18
Figura 2.32 - Dano numa ponte devido ao esforço de corte (Eberhard, et al., 2010). ......... 2.18
Figura 2.33 - Ampliação da fenda (Eberhard, et al., 2010). ................................................ 2.18
Figura 2.34 - Encontro do viaduto (Yashinsky, et al., 2010). ............................................. 2.19
Figura 2.35 - Deslocamento transversal do viaduto (Yashinsky, et al., 2010). ................... 2.19
Figura 2.36 - Vista inferior da entrega do tabuleiro ao apoio (Yashinsky, et al., 2010). .... 2.19
Figura 2.37 - Colapso de tabuleiro e pilares sobre o Rio Bio-Bio (Yashinsky, et al.,
2010)……………………………………………………………………………………….2.20
Figura 2.38 - Pilar danificado da ponte Tubul (Yashinsky, et al., 2010). ........................... 2.20
Figura 2.39 - Colapso do tabuleiro da ponte Tubul (Yashinsky, et al., 2010). ................... 2.21
Figura 2.40 - Dano de pilar devido a esforço de corte (Yashinsky, et al., 2010). ............... 2.21
Figura 2.41 - Falha no aparelho de apoio (Kawata, Takahash, Sugiyama, & Obuchi,
2011)……………………………………………………………………………………….2.22
Figura 2.42 - Destacamento do betão na zona da rótula plástica (Kawata, et al., 2011). .... 2.22
Figura 2.43 - Viaduto de Tohoku Shinkanse (Kawata, et al., 2011). .................................. 2.23
Figura 2.44 - Ponte de Orene (Cetin, et al., 2011). ............................................................. 2.24
Figura 2.45 - Colapso de um encontro devido ao deslizamento dos solos (Duarte, et al.,
1990)………………………………………………………………………………….........2.25
Figura 2.46 - Esquema sobre o colapso de uma ponte devido a falha geológica (CEB, 1996).
……………………………………………………………………………………………..2.25
Figura 2.47 - Rotura de uma estaca. .................................................................................... 2.26
Figura 2.48 - Fissura de uma sapata. ................................................................................... 2.26
Figura 2.49 - Rotura de apoio (CEB, 1991). ...................................................................... 2.27

ANALISE SÍSMICA ........................................................................................................... 3.1


Figura 3.1 - Esquema da Modelação Estrutural (Delgado, 2009). ........................................ 3.4
Figura 3.2 - Modelação de ponte com sólidos tridimensionais (Santos, 2007). .................... 3.5
Figura 3.3 - Diagrama tensões-extensões do betão para carregamento monotónico (Delgado,
2009)………………………………………………………………………………………...3.8
Figura 3.4 – Betão axialmente solicitado com confinamento lateral (CEB, 1993) ............... 3.9
Figura 3.5 – Exemplo da distribuição do efeito de confinamento (CEB, 1993) ................... 3.9
Figura 3.6 – Diagrama tensões-extensões do comportamento do betão confinado (Delgado,
2009)………………………………………………………………………………………3.10
Figura 3.7 – Comportamento do betão sob acções cíclicas proposto por Thompson e Park
(1980)……………………………………………………………………………………...3.12
Figura 3.8 – Comportamento do aço para um carregamento monotónico (Delgado,
2009)…………………………………………………………………………………..….3.14
xviii
Índice de Figuras

Figura 3.9 – Diagrama de tensões-extensões do aço para carregamento cíclico (Delgado,


2009)……………………………………………………………………………………….3.15
Figura 3.10 – Elemento de barra com seis graus de liberdade (Delgado, 2009). ................ 3.18
Figura 3.11 – Elemento de barra como associação de três subelementos (Delgado, 2009).3.19
Figura 3.12 – Localização do comprimento da rótula plástica no elemento de barra (Delgado,
2009)……………………………………………………………………………………….3.20
Figura 3.13 – Distribuição teórica e real das rotações para a rótula plástica (Delgado,
2009)……………………………………………………………………………………….3.20
Figura 3.14 – Parâmetros de identificação da lei base triliniar (Delgado, 2009). ............... 3.21
Figura 3.15 – Discretização da secção transversal (Delgado, 2009). .................................. 3.22
Figura 3.16 – Inversão do carregamento, descarga (Delgado, 2009). ................................. 3.23
Figura 3.17 – Inversão do carregamento, recarga (Delgado, 2009). ................................... 3.23
Figura 3.18 – Efeito de pinching (Delgado, 2009). ............................................................. 3.24
Figura 3.19 – Fenómeno de degradação de resistência (Delgado, 2009). ........................... 3.25
Figura 3.20 – Discretização de uma secção retangular de betão armado num modelo de fibras
(Seismosoft, 2006). ............................................................................................................. 3.26
Figura 3.21 – Localização dos pontos de Gauss num elemento (Claudino, 2004). ........... 3.27
Figura 3.22 – Lei construtiva proposta por Mander et al (1988). ....................................... 3.27
Figura 3.23 – Lei do comportamento não linear das rótulas plásticas no SAP2000 (Araújo,
2011)……………………………………………………………………………………….3.29
Figura 3.24 – Zonas sísmicas de Portugal continental: a) ação sísmica Tipo 1; b) ação
sísmica Tipo 2, retirado de EC8 (2009). ............................................................................. 3.35
Figura 3.25 – Espectro de resposta elástico para acção Tipo 1 e Tipo 2 (Loureiro, 2008). 3.36
Figura 3.26 – Exemplo de acelerograma (Loureiro, 2008). ................................................ 3.37
Figura 3.27– Acelerograma criado a partir do espectro de resposta Tipo 2, da Zona Sísmica
2,5………………………………………………………………………………………….3.46
Figura 3.28– Espectro de resposta do acelerograma sobreposto com o espectro de resposta
Tipo 2, da Zona Sísmica 2,5................................................................................................ 3.47
Figura 3.29– Vista nascente. ............................................................................................... 3.48
Figura 3.30- Pilar. ............................................................................................................... 3.48
Figura 3.31– Aparelho de apoio (bearing device). .............................................................. 3.48
Figura 3.32– Vista transversal do tabuleiro. ....................................................................... 3.48
Figura 3.33– Modelo da ponte em elemento de barra. ........................................................ 3.49
Figura 3.34– Modelo da ponte em elemento de casca. ....................................................... 3.49
Figura 3.35– Influência do confinamento. .......................................................................... 3.50
Figura 3.36– Secção do pilar com esquema de armaduras. ................................................ 3.51
Figura 3.37– Vista de um pórtico........................................................................................ 3.51
Figura 3.38– Secção do tabuleiro na ligação com o pilar. .................................................. 3.51

xix
Índice de Figuras

Figura 3.39– Simplificação da secção do pilar.................................................................... 3.52


Figura 3.40– Simplificação de uma das secções do tabuleiro. ............................................ 3.53
Figura 3.41– Curva M-C da secção no sentido longitudinal. .............................................. 3.54
Figura 3.42 – Curva M-C da secção no sentido transversal. ............................................... 3.54
Figura 3.43– Vista parcial da ponte do modo longitudinal. ................................................ 3.55
Figura 3.44– Vista parcial da ponte do modo transversal. .................................................. 3.55
Figura 3.45– Momentos nas rótulas plásticas M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo……………………………………………………………………………………..3.57
Figura 3.46– Deslocamentos no topo P20 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo……………………………………………………………………………………..3.57
Figura 3.47– Deslocamentos no topo P36 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo……………………………………………………………………………………..3.58
Figura 3.48 – Diagrama momento-curvatura P20 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em
Viana do Castelo. ................................................................................................................ 3.58
Figura 3.49 – Diagrama momento-curvatura P36 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em
Viana do Castelo. ................................................................................................................ 3.59
Figura 3.50 – Momentos nas rótulas plásticas M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo……………………………………………………………………………………..3.59
Figura 3.51 – Deslocamentos no topo P20 do M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo……………………………………………………………………………………..3.60
Figura 3.52 – Deslocamentos no topo P29 do M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo……………………………………………………………………………………..3.60
Figura 3.53 – Diagrama momento-curvatura P20 do M.L.B.1, para um sismo Tipo 2 em
Viana do Castelo. ................................................................................................................ 3.61
Figura 3.54 – Diagrama momento-curvatura P29 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em
Viana do Castelo. ................................................................................................................ 3.61
Figura 3.55 – Comparação dos momentos nas rótulas plásticas entre M.T.B.1 LP3 e M.T.B.3
LP3, para um sismo Tipo 2 em Lisboa................................................................................ 3.62
Figura 3.56 – Comparação dos deslocamentos no topo P20 M.T.B.1 LP3 e M.T.B.3 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Lisboa. ....................................................................................... 3.62
Figura 3.57 – Comparação dos momentos nas rótulas plásticas entre M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4
LP3, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo. .............................................................. 3.63
Figura 3.58 – Comparação dos deslocamentos no topo P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo........................................................................ 3.63
Figura 3.59 - Comparação dos diagramas momento-curvatura P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4
LP3, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo. .............................................................. 3.64
Figura 3.60 – Comparação dos deslocamentos no topo P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Lisboa. ....................................................................................... 3.64
Figura 3.61 - Comparação dos diagramas momento-curvatura P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4
LP3, para um sismo Tipo 2 em Lisboa................................................................................ 3.65
xx
Índice de Figuras

Figura 3.62 – Comparação dos deslocamentos no topo P20 entre M.T.C.5 e M.T.B.1 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Lisboa. ....................................................................................... 3.66
Figura 3.63 – Esforços de corte no pilar P20, M.T.C.5, aos 11,15 segundos. .................... 3.66
Figura 3.64 – Tensões no pilar P20, M.T.C.5, aos 11,15 segundos. ................................... 3.66
Figura 3.65 – Comparação dos deslocamentos no topo P29 entre M.L.C.6 e M.L.B.2 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Lisboa. ....................................................................................... 3.67
Figura 3.66 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6, aos 15,05
segundos.…………………………………………………………………………………..3.67
Figura 3.67 – Momentos no pilar P29, M.L.C.6, aos 15,05 segundos. ............................... 3.67
Figura 3.68 – Comparação dos deslocamentos no topo P29 entre M.L.C.6, M.L.C.6 LRB e
M.L.B.2 LP3, para um sismo Tipo 2 em Lisboa ................................................................. 3.69
Figura 3.69 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6, instante 15,05
segundos.…………………………………………………………………………………..3.69
Figura 3.70 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6 LRB, instante
15,05 segundos. ................................................................................................................... 3.70

AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA SISMICA ................................................................... 4.1


Figura 4.1 – Organograma das principais metodologias para a avaliação de segurança,
adaptado Coelho (2010). ....................................................................................................... 4.3
Figura 4.2 – Rigidez dos elementos dúcteis (Santos, 2007).................................................. 4.4
Figura 4.3 – Rotação última da rótula (Santos, 2007) ........................................................... 4.6
Figura 4.4 – Disposição gráfica da análise de vulnerabilidade pelo método dos
deslocamentos (Delgado, 2009). ......................................................................................... 4.12
Figura 4.5 – a): Divisão da função de distribuição em intervalos de igual probabilidade; b):
exemplo de amostragem de duas variáveis (Costa, 1993). ................................................. 4.14
Figura 4.6 – Problema da fiabilidade estrutural (Laranja & Estevão, 2000)....................... 4.16
Figura 4.7 – Procedimento para a definição da capacidade estrutural de um elemento
(Marques, 2011). ................................................................................................................. 4.17
Figura 4.8 – Procedimento para definição da exigência/resposta estrutural, adaptado de
Marques (2011). .................................................................................................................. 4.18
Figura 4.9 – Exemplo de curvas de fragilidade (Delgado, 2009)........................................ 4.19
Figura 4.10 – Resposta estrutural para uma determinada aceleração agi (Delgado,
2009)……………………………………………………………………………………….4.20
Figura 4.11 – Convolução de R e S para a determinação da probabilidade de ruína (Marques,
2011)……………………………………………………………………………………….4.23
Figura 4.12 – Representação esquemática do processo de avaliação de segurança (Delgado,
2009)……………………………………………………………………………………….4.24
Figura 4.13– Função de Vulnerabilidade P05 - M.L.B.4 LP6 LISBOA. ............................ 4.26

xxi
Índice de Figuras

ENSAIO EXPRIMENTAL................................................................................................. 5.1


Figura 5.1 – Esquema geral do setup de ensaio do LESE (Delgado, 2009). ......................... 5.2
Figura 5.2– Vista geral do setup ensaio do LESE (Delgado, 2009). ..................................... 5.2
Figura 5.3– Provetes de pilares de secção oca: a) geometria de um tipo de provete e b)
localização dos LVDT (Delgado et al, 2012). ....................................................................... 5.3
Figura 5.4– Típicos danos finais nas almas e banzos para pilares retangulares e quadrados de
secção oca (Delgado et al, 2012). .......................................................................................... 5.7
Figura 5.5 – Resultados dos ensaios PO1-N4 vs PO1-N6 (Delgado et al, 2012).................. 5.9
Figura 5.6 – Componente de deformação por corte e flexão PO2-N6. ............................... 5.10
Figura 5.7 – Comparação dos dados experimentais PO2-N6 vs PO2-N4. .......................... 5.10
Figura 5.8 – Danos no pilar PO2-N6 para o deslocamento último (Delgado, 2009). ......... 5.11
Figura 5.9 – Danos internos no pilar PO2-N6 param o deslocamento último (Delgado, 2009).
............................................................................................................................................. 5.11
Figura 5.10 – Reparação e reforço dos pilares ocos (Delgado, 2009). ................................ 5.13
Figura 5.11 – Evolução dos danos no pilar PO1-N6-R1, face Oeste (Delgado, 2009). ...... 5.14
Figura 5.12 – Comparação dos resultados experimentais do pilar PO1-N6 vs PO1-N6-R1
(Delgado, 2009)................................................................................................................... 5.15
Figura 5.13 – Danos finais no pilar PO2-N5 R1, correspondentes a um drift de 2,5%
(Delgado, 2009)................................................................................................................... 5.16
Figura 5.14 – Danos finais no pilar PO2-N5 R2, correspondentes a um drift de 2,9%
(Delgado, 2009)................................................................................................................... 5.16
Figura 5.15 – Evolução dos danos no pilar PO2-N5-R2, vista interior da face Oeste
(Delgado, 2009)................................................................................................................... 5.17
Figura 5.16 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N5-R2 com o PO2-N5-R1 e
o PO2-N5 (Delgado, 2009). ................................................................................................ 5.17
Figura 5.17 – Execução do reforço do pilar PO2-N5-R1. ................................................... 5.18
Figura 5.18 – Evolução dos danos no pilar PO2-N6-R1, vista exterior da face Este. ......... 5.19
Figura 5.19 – Danos finais no pilar PO2-N6-R1, correspondentes a um drift de 3,07%. ... 5.19
Figura 5.20 – Evolução dos danos no pilar PO2-N6-R1, vista interior da face Este. ......... 5.20
Figura 5.21 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N6-R1 com PO2-N6. ... 5.21
Figura 5.22 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N6-R1 com PO2-N5-R2.
............................................................................................................................................. 5.22
Figura 5.23 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N6 com PO2-N5. ........ 5.23
Figura 5.24 – Comparação dos resultados experimentais e numéricos do PO2-N6 com os
resultados experimentais do PO2-N6-R1 ............................................................................ 5.24

ASPECTOS GERAIS SOBRE PONTES ....................................................................... A1.1


Figura A1.1 - Ponte de madeira antiga. .............................................................................. A1.1
Figura A1.2 - Ponte di Pietra em Verona, Itália. ................................................................ A1.2
Figura A1.3- Ponte Romana de Vilar de Formosa. ............................................................ A1.3
Figura A1.4- Ponte Vecchio sobre o rio Arno, em Florença, Itália (Séc. XIV). ................ A1.4
xxii
Índice de Figuras

Figura A1.5 - Ponte de Rialto, Veneza, século XVI. ......................................................... A1.4


Figura A1.6 – Tower Bridge, Londres, século XIX. .......................................................... A1.5
Figura A1.7 - Ponte da Arrábida, Porto. ............................................................................ A1.6
Figura A1.8- Exemplo de uma ponte em viga simplesmente apoiada, Viaduto das Areias
(Marques & Cunha, 1999).................................................................................................. A1.8
Figura A1.9 - Exemplo de uma ponte em viga gerber: Ponte de Amarante (Marques &
Cunha, 1999). ..................................................................................................................... A1.8
Figura A1.10 - Exemplo de uma ponte em pórtico: Ponte do Freixo (Marques & Cunha,
1999). ................................................................................................................................. A1.8
Figura A1.11 - Exemplo de uma ponte de viga em treliça: Ponte Eiffel. .......................... A1.8
Figura A1.12 - Exemplo de ponte em arco metálico.......................................................... A1.9
Figura A1.13 - Exemplo de ponte em arco de betão armado: Ponte sobre o rio Tua. ....... A1.9
Figura A1.14 - Exemplo de ponte em arco de alvenaria. ................................................... A1.9
Figura A1.15 - Exemplo de ponte suspensa: Ponte 25 de Abril. ....................................... A1.9
Figura A1.16 - Exemplo de ponte atirantada: Ponte Vasco da Gama. ............................... A1.9
Figura A1.17 - Componentes de uma obra de arte........................................................... A1.10
Figura A1.18 - Tipo de tabuleiros. ................................................................................... A1.10
Figura A1.19 - Exemplo de pilar...................................................................................... A1.11
Figura A1.20 - Associação de pilares através de uma travessa. ....................................... A1.11
Figura A1.21 - Encontro Aparente (H. Marques & Cunha, 1999). .................................. A1.12
Figura A1.22 - Encontro perdido (H. Marques & Cunha, 1999). .................................... A1.12
Figura A1.23 - Tipos de aparelho de apoio (Marques & Cunha, 1999). .......................... A1.13

SOLUÇÕES DE REFORÇO E INTERVENÇÃO ........................................................ A2.1


Figura A2.1 - Esquema dos grupos de reforço (Bousias, 1989). ....................................... A2.2
Figura A2.2 - Dissipador Histerético. ................................................................................ A2.3
Figura A2.3 - Redução da frequência da estrutura através de isolamento base (Bousias,
1989)………………………………………………………………………………………A2.4
Figura A2.4 - Esquema do aparelho FPS (Bousias, 1989). ................................................ A2.4
Figura A2.5 – Aparelho LRB (Mimoso, 2008). ................................................................. A2.5
Figura A2.6 - Aparelho HDRB (Mimoso, 2008). .............................................................. A2.5
Figura A2.7 - Modelo de Funcionamento de um TMD (Nunes, 1999).............................. A2.6
Figura A2.8 - Amortecedor de massa sintonizada. ............................................................ A2.6
Figura A2.9 - Dissipador Viscoso. ..................................................................................... A2.7
Figura A2.10 - Dissipador Histeréticos (Bousias, 1989). .................................................. A2.8
Figura A2.11 - Dissipadores visco-elásticos. ..................................................................... A2.8
Figura A2.12 - Método de Encamisamento. ...................................................................... A2.9

xxiii
Índice de Figuras

Figura A2.13 - Micro estacas. ......................................................................................... A2.11


Figura A2.14 - Método Jet Grouting ................................................................................ A2.11

xxiv
Índice de Tabelas

INDICE DE TABELAS

ANALISE SÍSMICA ........................................................................................................... 3.1


Tabela 3.1 - Classes de Importância das pontes e respectivos valores do factor de
importância, γ1. ................................................................................................................... 3.32
Tabela 3.2 – Tipos de terrenos definidos pelo EC8. ........................................................... 3.34
Tabela 3.3 – Valor para o parâmetro ψE,i. .......................................................................... 3.38
Tabela 3.4 – Valores máximos do coeficiente de comportamento, q.................................. 3.40
Tabela 3.5 – Vantagens e limitações da análise pushover (Santos, 2007). ......................... 3.44
Tabela 3.6 – Pontos da definição da lei M-C do SAP2000. ................................................ 3.54
Tabela 3.7 – Descrição dos modelos. .................................................................................. 3.55
Tabela 3.8 – Resumos dos períodos de modos de vibração nas duas direções. .................. 3.55

AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA SISMICA ................................................................... 4.1


Tabela 4.1 - Esquema geral dos cinco níveis de avaliação de segurança, adaptado de
COST345 (1998). .................................................................................................................. 4.2
Tabela 4.2 – Valor do índice de fiabilidade requerido para estruturas e pontes (Cruz, et al.,
2008)……………………………………………………………………………………….4.13
Tabela 4.3 – Probabilidade de ruína do P05 para cada modelo. ......................................... 4.26

ENSAIO EXPRIMENTAL ................................................................................................ 5.1


Tabela 5.1– Mapa de pilares originais (Delgado 2009) ........................................................ 5.4
Tabela 5.2– Resumo das características dos pilares originais (Delgado 2009)..................... 5.5
Tabela 5.3– Resumo da capacidade de flexão e de corte (kN) (Delgado 2009) ................... 5.6
Tabela 5.4– Resumo dos resultados obtidos nos ensaios nos pilares originais (Delgado,
Arêde et al. 2012) .................................................................................................................. 5.8

xxv
Índice de Tabelas

xxvi
Introdução

1
INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Gerais
Os sismos são um dos desastres naturais que mais impacto têm junto da população, devido
aos elevados prejuízos humanos e materiais. Outro grande problema dos sismos é a sua
imprevisibilidade.
Nas sociedades atuais começa a ser cada vez mais inaceitável a perda de vidas humanas e
bens materiais que se tem verificado nos sismos mais recentes. Os últimos sismos que
decorreram na China, Japão e Chile foram exemplo disso.
Como os sismos causam prejuízos enormes é necessário dispor de normas, métodos de
análise, e disposições construtivas, de forma a melhorar o comportamento das estruturas
existentes/novas à ação sísmica.
Os primeiros códigos de construção que surgiram para melhorarem o comportamento
sísmico das estruturas, indicavam metodologias simples de análises lineares. Com a evolução
dos computadores e dos ensaios laboratoriais passou-se a aplicar metodologias mais
complexas, podendo entrar nas análises não lineares da estrutura. Em suma, essa nova
filosofia de dimensionamento, pressupõe a consideração do comportamento não linear. No
entanto, apesar dos avanços tecnológicos, essas análises não lineares na prática corrente, não
passam de análises lineares afetadas por coeficientes de comportamento. Essas
simplificações arrecadam resultados pouco precisos e sobredimensionados, logo, é
necessário desenvolver métodos mais exatos, no sentido de obter uma maior segurança e
uma maior economia nas soluções estruturais, já que este tipo de ação é muito condicionante
nas zonas sísmicas.
Parte da população humana reside em zonas sísmicas e Portugal é exemplo disso. Daqui
surge a importância de reforçar as obras de engenharia civil, de modo a atenuar os efeitos
sísmicos, diminuindo o máximo possível, os prejuízos indicados anteriormente.
Portugal tem um vasto património de estruturas de engenharia civil para reabilitar/reforçar,
parte desse património são as pontes e viadutos. Estas são estruturas importantes para o
desenvolvimento económico e social do país, uma vez que garantem a ligação rodoviária,
pedonal e ferroviária por todo o território. Logo, estão permanentemente a ser solicitadas por
sobrecargas que aceleram a degradação de todos os elementos da estrutura.

1.1
Capitulo 1

1.2 Objetivos
O principal objetivo deste trabalho é o estudo das metodologias existentes para a análise
sísmica e consequente avaliação da probabilidade de ruína em pontes, com especial atenção
para os elementos pilares. A compreensão de todos os fenómenos associados à modelação
sísmica será obtida ou por análises numéricas, com o recurso de software, ou por ensaios
laboratoriais. Estes últimos consistem na continuação de trabalho, já desenvolvido por
Delgado (2009).
Várias soluções de modelação de estruturas são apresentadas, desde as mais simples -
bidimensionais, às mais complexas - tridimensionais. Recorreu-se unicamente, às
modelações tridimensionais, variando o elemento constituinte do modelo (barra ou casca), de
forma a avaliar a eficiência do modelo no comportamento não linear da estrutura. Outra
análise importante a realizar é a alteração das condições de apoio da estrutura e perceber
como os esforços se distribuíram com essa alteração e que consequências produzem no
comportamento não linear da ponte.
Será efetuado um resumo das principais metodologias de análise sísmica, procurando
explicar sucintamente cada uma delas e indicar para que situações se podem utilizar, de
forma a salvaguardar a segurança estrutural do caso em estudo. De seguida será descrito,
sucintamente, em que consiste a análise de segurança sísmica de estruturas, apontando as
principais metodologias. Através do método probabilístico através de funções de
vulnerabilidade vai ser analisada a evolução da probabilidade de ruína, quando se alteram as
condições de apoio da estrutura.
No campo dos ensaios laboratoriais será apresentado o ensaio do pilar PO2-N6-R1, da
campanha experimental descrita em Delgado (2009). Os seus resultados serão comparados
com os ensaios já realizados. Serão efetuadas análises numéricas, para se perceber o
fenómeno que pode estar associado à ruina nesse tipo de elemento.

1.2
Comportamento Sísmico de Pontes

2
COMPORTAMENTO SÍSMICO DE PONTES

2.1 Introdução
O planeta terra é constituído por várias camadas, tais como: núcleo interno; núcleo externo;
manto; manto superior e, por fim, crosta. Nessas camadas costumam-se desenvolver-se
fenómenos de movimentação de placas rochosas, erupções vulcânicas, migração de gases e,
também (às vezes devido a ação humana), o desprendimento de camadas rochosas, que
originam vibrações bruscas e lentas na superfície da terra designadas por sismo. Pode-se
caraterizar três tipos de sismo quanto à sua origem, que são os seguintes:
 Sismos de Colapso. Estes resultam dos colapsos em grutas e cavernas ou separação
de massas rochosas em zonas montanhosas;
 Sismo Vulcânicos. Que tem origem nas pressões causadas por um vulcão antes da
erupção ou pela movimentação de massas magmáticas;
 Sismo tectónico. Trata-se dos sismos de maior importância e com mais intensidade
são dessa origem. Esse tipo de sismo ocorre devido as movimentações das placas
tectónicas.
As estruturas de construção civil têm a finalidade de transmitir os esforços para o solo, logo
estão diretamente ligadas a ele. Se o sismo é caraterizado por uma vibração brusca do solo
vai ser muito prejudicial à estrutura, pois vai impor esforços horizontais com várias
intensidades num curto espaço de tempo.
Através da ação sísmica são postas em evidências as deficiências que poderão originar um
mau comportamento da estrutura. Pretende-se assim concluir como melhorar no futuro, o
comportamento sísmico das estruturas existentes ou novas (Delgado, 2009).
O continente americano e o continente asiático são os que mais sofreram com sismos nas
últimas décadas. Nos últimos dois anos ocorreram sismos em Haiti, Chile e Japão, o que
permitiram tirar conclusões da importância da aplicação da legislação e metodologias de
dimensionamento antissísmico de estruturas para a perseveração de vidas humanas e bens
materiais.
Atualmente existem regulamentos que obrigam, na fase do dimensionamento, terem em
consideração a ação a sísmica. Mas, muitas das análises indicadas nesses regulamentos, são
muito simples. Podem levar a estruturas demasiado caras ou, pior cenário, em que o
comportamento a ação sísmica não seja o esperado na fase de dimensionamento.

2.1
Capitulo 2

2.2 Principais sismos que surgiram recentemente


Nas últimas décadas aconteceram sismos por todo o planeta, inclusive em locais de grande
densidade urbana. Em zonas com índice elevado de estruturas de engenharia civil,
designadamente, edifícios, pontes e viadutos. Dentro desse conjunto de sismos, que surgiram
nas últimas décadas, selecionou-se os sismos que tinham relatórios sobre o comportamento
das estruturas de construção civil à ação sísmica. De acordo com o critério anteriormente
referido, selecionou-se os seguintes sismos para objeto de estudo neste capítulo: os sismos
Loma Prieta e Northridge, nos Estados Unidos da América; os sismos de Kobe e Tohoku, no
Japão; o sismo da Tailândia; o sismo na província Sichuan na China; sismo de Áquila, o
sismo do Haiti; o sismo do Chile e, por fim, o sismo na província de Van, na Turquia.
O sismo Loma Prieta, também conhecido pelo Sismo de 89 ou Earthquake World Series
(devido ao sismo ter decorrido durante o início de um jogo de basebol), com o epicentro na
floresta de Nisene Marks State Park, nas montanhas de Santa Cruz, teve como causa o
deslizamento da Falha de San Andreas. Aconteceu no dia 17 de outubro de 1989, por volta
das 5:04 p.m., hora local. Este sismo atingiu uma magnitude de M=7.1, na escala de Rischter
e uma intensidade de Mercalli de IX, com a duração entre 10 a 15 segundos e provocou
danos numa área de 96 km2. Desses danos destacam-se 62 mortes, 42 devido ao colapso do
viaduto de Cypress, 3757 feridos, deixando entre 3.000 a 12.000 pessoas desalojadas
(Delgado, 2009).
No dia 17 de janeiro, de 1994, por volta das 04:31 a.m. (hora local) decorreu o sismo
Northridge com uma magnitude de Richter de 7.1 e com uma intensidade de IX de Mercalli
com uma duração de 10 a 20 segundos. Este sismo ficou conhecido ter tido uma das maiores
acelerações do solo até hoje registada: cerca de 16,7 m/s2, os seus movimentos foram
sentidos em cidades distantes como Las Vegas, cerca de 435 km de distância do epicentro. O
epicentro real localizou-se a 1,5 km de distância a sudoeste do centro de Northridge e a 30
km a oeste-noroeste do centro de Los Angeles a uma profundidade de 19 km. Apesar da
proximidade da falha de San Andreas, este sismo, teve origem numa outra falha, até a altura
desconhecida, designada como falha do empurrão do Pico. Para além do sismo, nos dias
seguintes, ficou registado varias réplicas, e três dessas réplicas atingiram a magnitude de 5,0
na escala de Rischter. Esta zona dos Estados Unidos da América é caraterizada por elevado
número de autoestradas, logo é uma zona com um vasto património de ‘obras de arte’. Este
sismo tornou-se um dos mais caros de sempre em danos para o país, estimando-se cerca de
20 bilhões $ US, para além das 57 perdas de vida humanas e mais de 8.700 feridos (Oliveira
et al., 1995).

2.2
Comportamento Sísmico de Pontes

A província de Hyogo, no Japão, mais concretamente na parte sul, foi atingia por um sismo
de magnitude M=6,6 na escala de Richter e com uma intensidade de Mercalli de IX e
duração de 20 segundos. Este sismo decorreu no ano de 1995, no dia 17 de janeiro, pelas
05h46 e ficou conhecido pelo sismo de Kobe, por ser a cidade mais afetada, ou Grande
Sismo de Hanshin. Este sismo causou inúmeros danos e colapsos nas estruturas de redes
rodoviárias. Provocou, ainda, 6.400 fatalidades, 40 mil feridos e 300 mil pessoas ficaram
desalojadas. Estima-se que os prejuízos terão sido cerca de 102,5 mil milhões de dólares US
(Carvalho, 2009).
Em Taiwan, na zona central, no dia 21 de setembro de 1999, por volta das 01:47 horas local,
ocorreu o sismo de Chichi. O epicentro do sismo localizou-se na cidade Chichi a um
profundidade de aproximadamente de 1,1 km e a magnitude foi de M=7,6 na escala de
Richter. Este sismo foi caraterizado por ter tido muitas réplicas (mais de 9.000) e de ter
provocado uma falha à superfície com mais de 60 km de extensão e aberturas a atingir nove
metros. A nível de prejuízos humanos esse sismo causou 2.416 mortes e 11.441 feridos
graves. Contabilizaram-se prejuízos monetários na ordem dos 9,2 bilhões de US dólares
(NISEE, 2006).
Na região montanhosa do ocidental da China, mais concretamente na província de Sichuan
por volta das 14:28 hora local, do dia 12 de maio do ano 2008, decorreu um sismo com a
magnitude de 7,9 na escala de Richter. Depois, no dia 18 de Maio, do mesmo ano, foi sentida
uma réplica por volta das 01:08 horas local. O sismo foi sentido em localidades tão
longínquas como Beijing e Xangai e em outros países como Paquistão, Tailândia e
Vietname. Determinou-se que a área afetada abrangeu cerca de 440.000 km2, provocando
uma falha com comprimento de aproximadamente de 240 km. Estima-se que mais de 85.000
pessoas terão perdido a vida e 350.000 tenham ficado feridas (Delgado, 2009).
O sismo de Áquila, de 2009, foi um sismo de 6,7 de magnitude na escala de Richter que
ocorreu em abril, na zona central da península Itálica. O epicentro foi sob a cidade
de Áquila, região de Abruzos. Em Roma, a sua magnitude foi de 4,6 graus Richter. O sismo
deixou pelo menos 291 mortos, cerca de 1.000 feridos, 15 desaparecidos e afetou muitos
edifícios na cidade de Áquila (Kazuhiko, et al, 2009).

2.3
Capitulo 2

A 12 de janeiro de 2010, por volta das 16:53 hora local, ocorreu o sismo do Haiti. O
epicentro localizou-se na parte oriental da península Tiburon, a cerca de 25 km a Sudeste de
Port-au-Prince (capital do Haiti), à profundidade de 10 km. Este sismo foi provocado pela
roturada falha de Enriquillo-Plantain Garden. Teve uma magnitude de 7,0 na escala de
Richter e, mais tarde, registou pelo menos 33 réplicas, das quais 14 tiverem magnitudes entre
os 5,0 e 5,9 escala de Richter. Estima-se que mais de três milhões de pessoas foram afetadas
e que entre 100.000 a 200.000 perderam sua vida (Eberhard, et al., 2010).
O sismo do Chile, que ocorreu no dia 27 de fevereiro de 2010, na capital Santiago, por volta
das 3:34 locais, ocorreu durante cerca três minutos, com uma magnitude de 8,8 na escala de
Richter e uma intensidade de VII na escala de Mercalli. O sismo foi sentido em muitas
cidades argentinas, incluindo Buenos Aires, Córdoba, Mendiza e La Rioja. O epicentro
localizou-se no mar da região de Maule, aproximadamente oito km a oeste de Curanipe e
115 km norte-nordeste de Concepción, segunda maior cidade do Chile. Devido a essa
localização do epicentro, este sismo lançou o alerta de tsunami em cerca de 23 países.
Sismologistas estimam que este sismo provocou um deslocamento do eixo do planeta em
oito centímetros encurtando a duração de um dia (em 1,26 microssegundos). Fontes do
governo do Chile confirmaram que 723 pessoas perderam a vida e que o prejuízo pode
ultrapassar os 15 bilhões de US dólares (Yashinsky, et al., 2010).
A 130 km da costa leste da península de Oshika, no Japão, registou-se o epicentro do sismo
Tohoku a uma profundidade de 24,4 km. O sismo decorreu no dia 11 de março, de 2011, e
teve uma magnitude de 8,9 na escala de Richter, provocando alertas de tsunamis em 20
países. Este sismo ficou marcado pela criação de um tsunami com ondas de mais de 10
metros de altura. Estima-se que 13.000 pessoas tivessem perdido a vida e cerca de 16.000
ficaram desaparecidos devido ao sismo e tsunami (Kawata, et al., 2011).
No dia 23 de outubro, decorreu às 10:41 horas locais, o sismo de Van, na Turquia. O
epicentro do sismo, de magnitude 7,3 de na escala de Richter e de intensidade X na escala de
Mercalli, localizou-se a 19 km da província de Van, a uma profundidade de 7,2 km. Estima-
se que 523 pessoas perderam a vida e 1.650 ficaram feridas (Cetin, et al., 2011).

2.3 Comportamento das pontes aos sismos recentes


Na ocorrência de sismos, ‘as obras de arte’ são estruturas muito vulneráveis a esse
fenómeno, devido à sua ligação ao solo. Esses tipos de estruturas ficam com danos, muitas
vezes irreversíveis, ou chegam até a entrar em colapso devido à ação sísmica, provocando
prejuízos económicos avultados.

2.4
Comportamento Sísmico de Pontes

Os procedimentos de diagnóstico e reforço sísmico de pontes são complexos e heterogéneos


e as intervenções são sempre obras com um custo elevado. Para melhorar, o desempenho,
desses estudos e soluções, deve-se fazer uma análise aprofundada de todas as ‘obras de arte’
que estiveram sujeitas a uma ação sísmica, localizar as zonas com mais danos, dado que
serão essas que irão mobilizar mais esforços, logo são as zonas suscetíveis à execução de
reforço sísmico. Também é nessas zonas que se irão desenvolver os principais fenómenos de
não linearidade do comportamento da estrutura, por isso, é necessário compreender esse tipo
de comportamento para aperfeiçoar os modelos numéricos que ser irão desenvolver para o
dimensionamento do reforço (Delgado, 2009).

2.3.1 – Sismo de Loma Prieta, 1989

Na route 1, em Watsonville, a ponte Struve Slough, figura 2.1 e 2.2, entrou em rotura uma
vez que os pilares perfuraram o tabuleiro, entrando em colapso. Posteriormente, os próprios
pilares também entraram em rotura. As ligações entre elementos numa ‘obra de arte’ são
uma das zonas onde se concentram mais esforços e logo são mais suscetíveis à rotura. Mas
neste caso, o colapso deu-se pelo fenómeno de punçoamento. Aqui sucedeu-se uma falta de
cuidado em dispor armadura suficiente para que a ligação entre o pilar a viga tivesse
resistência suficiente, para não quebrar a ligação, evitando que o pilar entrasse em contacto
diretamente com o tabuleiro e não ocorrer-se o fenómeno de punçoamento.

Figura 2.1 - Vista parcial ponte Struve Slough. Figura 2.2 - Vista total da ponte Struve Slough.

2.5
Capitulo 2

Uns dos acidentes, em ‘obras de arte’, que mais se destacou nesse sismo foi o colapso do
viaduto Cypress, que vitimou 42 pessoas. O colapso dessa obra de arte deveu-se à rotura de
ligação entre os pilares e as vigas dos tabuleiros. Mais uma vez, a causa que originou o
colapso foi as ligações entre elementos, elemento mais conhecido por nós de ligação, que são
os locais das ‘obras de arte’ onde mais se concentram esforços, quando a estrutura está sobre
uma ação horizontal cíclica. Estas zonas de ligações entre elementos podem chegar a
concentrar mais esforços do que nos próprios elementos (vigas e pilares). Neste caso, a
rotura dos nós de ligação, ocorreu devido à falta de armadura ou falha na disposição da
mesma para resistir ao esforço transverso, como se pode observar na figura 2.3 e 2.4
(Delgado, 2009).

Figura 2.4 - Colapso do viaduto Cypress.

Figura 2.3 - Arrancamento da armadura.

Uma das falhas mais comuns observadas em obras de arte foi a insuficiente resistência à
flexão de pilares. Estas falhas devem-se a uma má execução ou um insuficiente comprimento
de amarração entre varões.

2.3.2 – Sismo de Northridge, 1994

A atividade sísmica já era conhecida no estado da Califórnia e o comportamento que as


estruturas tinham a esse fenómeno também já era analisado. Já havia regulamentação
incorporada nos projetos estruturais e alguns pormenores construtivos para melhorar o
comportamento da ação sísmica. Mas com a observação dos danos que este sismo provocou
conclui-se que as especificações estruturais indicadas nos regulamentos não estavam a
funcionar como se previa, dai esses regulamentos serem revistos.

2.6
Comportamento Sísmico de Pontes

Um dos grandes problemas que a acção sísmica provoca nas obras de arte é o aumento dos
deslocamentos dos elementos da estrutura. Esse problema foi observado no nó de ligação da
Intersatate 5 com a Califórnia State Route 5, na Interstate 10 e route Califórnia 118, onde
ocorram vários colapsos de tabuleiros de ‘obras de arte’ devido ao insuficiente comprimento
de apoio nas juntas de ligação, como se observa nas seguintes figuras 2.5 e 2.6 (Oliveira, et
al., 1995).

Figura 2.5 - Queda de tabuleiro vista de cima. Figura 2.6 - Queda de tabuleiro vista de baixo.

Do mesmo modo, como já foi indicado no sismo Loma Prieta, neste sismo houve colapsos de
tabuleiros derivado ao fenómeno de punçoamento como se pode observar na figura 2.7 e 2.8.

Figura 2.7 - Pilar do viaduto após queda do tabuleiro


(Delgado, 2009). Figura 2.8 - Queda de tabuleiro devido ao
punçoamento (Delgado, 2009).

2.7
Capitulo 2

O pilar, quando sujeito à ação sísmica, junto à fundação, ocorre a formação de uma rótula
plástica. Esse local é caraterizado por concentrar esforços elevados, como nas ligações entre
elementos anteriormente referidos. Em pilares de algumas obras de arte observaram-se a
insuficiência de ductilidade à flexão nas zonas das rótulas plásticas, figura 2.9, que conduz a
um insuficiente confinamento do betão cintado, provocando a rotura do betão por
esmagamento e, posteriormente, encurvadura dos varões longitudinais (Delgado, 2009).

Figura 2.9 - Ductilidade insuficiente em mecanismo de flexão (Oliveira, et al., 1995).

Uma das grandes conclusões que se tiraram na observação dos pilares que ficaram
danificados por este sismo, foi o mau comportamento que o elemento tem quando a solução
para resistir ao esforço transverso são cintas helicoidais. Sob a ação sísmica essas cintas
desprendem e o betão entra em rotura porque deixa de estar confinado, como se observa na
figura 2.10.

Figura 2.10 - Escorregamento das cintas (Oliveira, et al., 1995).

2.8
Comportamento Sísmico de Pontes

Para economizar no custo da obra arte, muitos pilares têm variação de secção ao longo do
seu desenvolvimento. Quando estes estão sujeitos à ação sísmica, nas zonas abaixo da secção
alargada, existe um aumento de esforços combinados entre esforço axial e esforço de flexão,
que causam danos no pilar e deixam esse elemento sem solução para recuperação, figura
2.11.

Figura 2.11 - Roturapor esforço transverso (Oliveira, et al., 1995).

Ainda neste sismo, ocorreram colapsos de obras de arte, devido à má execução do nó de


ligação, figura 2.12, entre pilares e vigas, como já foi referido anteriormente.

Figura 2.12 - Danos num nó (Oliveira, et al., 1995).

2.9
Capitulo 2

2.3.3 – Sismo de Kobe, 1995

Com a ocorrência deste sismo foi possível observar um conjunto de obras de arte que foram
concebidas por regulamentos diferentes. A diferença entre os regulamentos é a consideração
ou não de normas para o comportamento cíclico de secções em betão armado (Carvalho,
2009).
Na Hanshin Expressway, uma auto-estrada da linha rodoviária de Kobe, figuras 2.13 e 2.14,
detém várias obras de arte de betão armado, que foram dimensionadas com regulamentos
antigos. Nessas pontes registaram-se imensos danos em pilar devido à má execução das
emendas dos varões longitudinais, como já foi referido no sismo anterior. Também alguns
desses pilares acusaram danos no local das rótulas plásticas, como já foi anteriormente
descrito.

Figura 2.13 - Pilar de um viaduto danificado. Figura 2.14 - Rutptura do pilar na zona da rótula
plástica.

Outro dos problemas detetados nos pilares, que levou algumas vezes ao colapso da estrutura,
foi a dispensa prematura de armadura longitudinal. Esse problema foi detetado no colapso do
viaduto Hanshin, como indica a figura 2.15 e 2.16 (Delgado, 2009). Na proximidade desse
viaduto existem outras obras de arte, mas que foram dimensionadas tendo em conta o
comportamento cíclico das secções em betão armado, que obtiveram um bom
comportamento ao sismo em estudo.

2.10
Comportamento Sísmico de Pontes

Figura 2.15 - Colapso do viaduto de Hanshin.

Figura 2.16 - Rutura do pilar na zona da rótula plástica (EASY, 1997).

2.11
Capitulo 2

Um dos grandes problemas que a ação sísmica provoca é a liquefação dos solos, sobretudo
em solos moles ou solos arenosos. Este fenómeno traduz-se numa redução da rigidez e da
resistência, devido à geração de pressões intersticiais durante a ocorrência de um sismo. Este
fenómeno pode dar origem a deformações permanentes nos solos que podem conduzir a
situações em que a tensão efetiva seja quase nula. A liquefação pode provocar
deslocamentos excessivos nas obras de arte, como aconteceu na Ponte Nishinomiyako, que
na ocorrência do sismo um tabuleiro entrou em colapso devido ao deslocamento do muro
cais, em cerca de 2 m na direção normal do rio, figura 2.17 (Hamada & Wakamatsu, 1999).

Figura 2.17 - Queda de parte do tabuleiro.

Outro problema encontrado nas ‘obras de arte’, quando ocorreu o sismo de Kobe, foi o
insuficiente comprimento das zonas de apoio e das juntas de dilatação, problema já referido
no sismo de Northridge. É de frisar o bom comportamento que os aparelhos de apoio em
neoprene obtiveram à atuação do sismo, instalados em algumas obras de arte.

2.3.4 – Sismo de Taiwan, 1999

O sismo na Tailândia provocou uma grande falha. Cerca de 20 pontes, do tipo viga, se
localizavam nessa falha e ficaram severamente danificadas devido ao sismo. Para o
dimensionamento dessas pontes foram utilizados os regulamentos antigos da construção
daquele país, logo, esses regulamentos, não tinham em conta muitas especificações da ação
sísmica (NISEE, 2006).

2.12
Comportamento Sísmico de Pontes

Uma ponte construída no ano de 1980, que foi alvo de reabilitação nos pilares pela técnica de
encamisamento para proteção dos danos do impacto do rio, entrou em colapso por
excessivos deslocamentos do encontro a norte (lado direito figura 2.18), que levou o pilar a
norte a entrar em colapso, devido ao corte longitudinal. Os restantes pilares tiveram
movimentos transversais de corte, que com ambos os danos levassem as vigas de apoio a
entrar em colapso também.

Figura 2.18 - Derrocada de uma ponte perto de Doulan (NISEE 2006).

Muitas das pontes entraram em colapso em consequência dos fortes deslocamentos que o
sismo provocou nas estruturas, figura 2.19, logo, comprimento de apoio do tabuleiro foi
insuficiente, como já foi observado nos sismos anteriores.

Figura 2.19 - Colapso de uma parte do tabuleiro.

O aparecimento da falha do sismo debaixo de algumas obras de arte levou ao aumento


significativo dos esforços de corte nos pilares e, por consequência, o aumento de
deslocamento dos elementos que compõem as obras de arte. Nas figuras 2.20 e 2.21 podem-
se observar a incapacidade da armadura do pilar, de resistir aos esforços de corte,
provocando o colapso de uma parte do tabuleiro.

2.13
Capitulo 2

Figura 2.21 - Queda de parte do tabuleiro (NISEE


Figura 2.20 - Dano nos pilares devido ao esforço
2006).
de corte.

A maior ponte suspensa por cabos daquela zona, situada perto de Mingjian, que se
encontrava em fase de conclusão, ficou afetada pelo sismo. Dos vários danos destacam-se: o
desalinhamento horizontal da superstrutura e a insuficiente capacidade de confinamento do
betão por parte das armaduras no pilar, figura 2.22.

Figura 2.22 - Pilar da ponte Mingjian danificado.

2.3.5 – Sismo de Whenchuan, 2008

De acordo com um relatório elaborado pelo Ministério da Comunicações Chinês, entre


outras identidades, o número de pontes danificadas ou que entraram em colapso foi muito
alto (14%) e que as pontes que conseguiram resistir ao sismo com poucos danos foi cerca
(40%), um número muito baixo. Para além das imensas perdas económicas, a perda de
capacidade da ponte é muita dramática nos pós-sismos porque são infraestruturas
importantes para as equipas de socorro e para o transporte de ajuda humanitária (Delgado,
2009).
2.14
Comportamento Sísmico de Pontes

A figura 2.23 demonstra o colapso total do tabuleiro da ponte, originado por deslocamentos
excessivos, impostos pela falha que o sismo causou. Como se pode observar maior parte dos
pilares e respetivas travessas, conseguiram resistir ao sismo.

Figura 2.23 - Queda do tabuleiro de uma ponte.

Os deslocamentos excessivos impostos e o insuficiente comprimento de ligação do tabuleiro


ao encontro leva a que o próprio tabuleiro entre em colapso, por aumento do vão entre o
encontro e a travessa, como se observa na figura 2.24 e 2.25.

Figura 2.24 - Rotura de tabuleiro, vista Figura 2.25 - Rotura de tabuleiro, vista
longitudinal. transversal.

A figura 2.26 indica o colapso total de uma ponte, situada muito perto do epicentro do sismo.
Neste caso os pilares da ponte entram em colapso levando à queda total do tabuleiro.

2.15
Capitulo 2

Figura 2.26 - Colapso total da ponte de Gaoyuan (Clough & Penzien, 1982).

2.3.6 - Sismo de Áquila, 2009

O sismo de Áquila provocou inúmeros danos em estruturas de edificação, sobretudo nas


estruturas executadas antes do advento do betão. Nas obras de arte os danos foram mínimos,
uma vez que a zona afetada não detinha um património elevado desse tipo de estruturas e
também por causa dos bons regulamentos italianos e europeus que salvaguardam os detalhes
construtivos para melhorarem o comportamento à ação sísmica.
Com 37 metros de desenvolvimento o viaduto que faz parte da A24, em que o tabuleiro é
apoiado por rolamentos de aço fixos e móveis ou rolamentos elastoméricos, figura 2.27 e
2.28. Neste viaduto foram observados deslocamentos transversais e longitudinais na ordem
dos 200 mm. Estes deslocamentos foram desenvolvidos por insuficiência dos rolamentos,
mais concretamente, a deformação residual dos rolamentos elastoméricos. Contudo, a obra
de arte esteve fechada cerca de uma semana para inspeções e reabilitação e posteriormente
abriu ao público (Kazuhiko et al., 2009).

Figura 2.27 - Pilares do viaduto da A24 Figura 2.28 - Apoio do viaduto da A24 (Kazuhiko,
(Kazuhiko, et al., 2009). et al., 2009).

2.16
Comportamento Sísmico de Pontes

Com 35 m de comprimento e 5 m de largura e com três vãos, a ponte de betão armado perto
da saída da SR261, no Rio Aterno, no sentido da cidade Fossa, entrou em colapso como se
apresenta nas figuras 3.29 e 3.30. Os quatro pilares de betão armado deslocaram-se
lateralmente e posteriormente deu-se o fenómeno de punçoamento. As armaduras dos pilares
já se encontravam à vista antes da ocorrência do sismo e com o acontecimento deste tipo
agravaram os danos e levaram os pilares a entrarem em colapso. Também pelo fato da a
armadura se encontrar a vista esta foi perdendo resistência ao longo do tempo.

Figura 2.29 - Colapso da ponte devido a Figura 2.30 - Colapso da ponte devido ao
punçoamento, vista longitudinal (Kazuhiko, et al., punçoamento, vista transversal (Kazuhiko, et al.,
2009). 2009).

2.3.7 - Sismo de Haiti, 2010

O Haiti é um dos países mais pobres da América Central. Por isso, não detém um grande
património de ‘obras de arte’, como os países que já foram referidos. Maior parte das pontes
são uma simples laje em betão, com vão pequenos e, muitas vezes, sem pilares, como indica
a figura 3.21.

2.17
Capitulo 2

Figura 2.31 - Tipo mais comum de ponte no Haiti (Eberhard, et al., 2010).

Na zona de Carrefour de Port au Prince existe uma ponte que dá continuidade à estrada
nacional número dois, que apresenta danos devido ao excesso de esforço de corte. Este dano
deveu-se à falta de armadura para conseguir resistir ao esforço transverso provocado pelo
corte.

Figura 2.33 - Ampliação da fenda (Eberhard, et al.,


Figura 2.32 - Dano numa ponte devido ao 2010).
esforço de corte (Eberhard, et al., 2010).

2.18
Comportamento Sísmico de Pontes

2.3.8 - Sismo de Chile, 2010

Como já foi indicado anteriormente, o sismo do Chile foi de uma magnitude enorme e
resultou no colapso de muitas obras de arte. Mas para além da intensidade do sismo, também
os detalhes construtivos do dimensionamento e posterior construção não ajudaram muito na
resistência a este sismo, que decorreu no ano de 2010.
A ação sísmica provocou no viaduto indicado nas figuras 2.34, 2.35 e 2.36, a quebra de
ligação entre o tabuleiro e o encontro, e posterior deslocamento transversal. Logo a ação
sísmica foi provocando rotações em torno de um eixo vertical, no centro de rigidez da obra
de arte e, como a ligação entre o tabuleiro e o encontro não dispunham de armadura
suficiente para resistirem a esses esforços laterais, deu-se a quebra da ligação (Yashinsky, et
al., 2010).

Figura 2.34 - Encontro do viaduto (Yashinsky, et al., Figura 2.35 - Deslocamento transversal do
2010). viaduto (Yashinsky, et al., 2010).

Figura 2.36 - Vista inferior da entrega do tabuleiro ao apoio (Yashinsky, et al., 2010).

2.19
Capitulo 2

Sobre o rio Bio-Bio, figura 2.37, uma fração de uma ponte entrou em colapso em ‘forma de
dominó’. Esta ponte é do tipo porticada de viga simples, logo o seu esquema estrutural é
propício a esse tipo de colapso. A razão dessa queda foi a liquefação no solo fundação,
provocada pelo sismo que levou a que as sapatas tivessem deslocamentos excessivos.

Figura 2.37 - Colapso de tabuleiro e pilares sobre o Rio Bio-Bio (Yashinsky, et al., 2010).

A ponte de Tubul também teve um colapso parecido com o indicado anteriormente. Este
colapso teve origem nos deslocamentos excessivos que os pilares tiveram devido à falta de
resistência à flexão zona da rótula plástica, como indica a figura 3.38.

Figura 2.38 - Pilar danificado da ponte Tubul (Yashinsky, et al., 2010).

2.20
Comportamento Sísmico de Pontes

Figura 2.39 - Colapso do tabuleiro da ponte Tubul (Yashinsky, et al., 2010).

Sobre o rio Bio-Bio, a norte de Juan Pablo II, um pilar de uma ponte entrou em rotura devido
ao excesso de esforço de corte provocado pelo sismo. Essa rotura aconteceu na zona da
rótula plástica, já abordado anteriormente, figura 2.40.

Figura 2.40 - Dano de pilar devido a esforço de corte (Yashinsky, et al., 2010).

2.21
Capitulo 2

2.3.9 - Sismo de Tohoku, 2011

O sismo de Tohoku no Japão, como já foi referido, provocou inúmeros prejuízos, não devido
ao sismo em si, mas sim, ao tsunami provocado pelo mesmo. Ao nível de obras de arte,
muitas foram afetadas devido ao tsunami, mas algumas que ficaram longe da ação deste
fenómeno, ficaram com pequenos danos devido ao sismo. No geral, as pontes tiveram um
bom comportamento ao sismo, dado que não há registos de colapsos de pontes.
Na ponte Fuji os rolamentos dos aparelhos de apoio, figura 2.41, foram quebrados pela ação
sísmica. Este dano foi verificado em mais pontes pelo país. Num dos pilares dessa ponte
houve falha no confinamento do betão, na parte inferior do elemento, na zona da rótula
plástica, figura 2.42.

Figura 2.41 - Falha no aparelho de apoio Figura 2.42 - Destacamento do betão na zona da
(Kawata, et al., 2011). rótula plástica (Kawata, et al., 2011).

No viaduto de Tohoku Shinkansen foi observado o destacamento do betão na parte superior


dos pilares. Este destacamento podia ter acontecido por o recobrimento mínimo não ser
suficiente ou a armadura transversal colocada não ser suficiente para permitir o
confinamento do betão naquela zona, figura 2.43.

2.22
Comportamento Sísmico de Pontes

Figura 2.43 - Viaduto de Tohoku Shinkanse (Kawata, et al., 2011).

2.3.10 - Sismo de Van, 2011

O sismo de Van na Turquia afetou uma zona onde a existência de obras de arte é escassa.
Mas contudo, de acordo com Cetin et al, a ponte de Orene sofreu alguns danos. Como se
pode visualizar na figura 2.44, um conjunto de pilares unidos por uma travessa, sofrem
grandes deslocamentos horizontais. Estes deslocamentos tiveram como causa a liquefação do
solo, que estima-se ser arenoso por ser um leito de um rio.

2.23
Capitulo 2

Figura 2.44 - Ponte de Orene (Cetin, et al., 2011).

2.4 Danos em pontes devido a acção sísmica

Depois de se ter feito uma abordagem ao comportamento das obras de arte aos sismos
recentes, vai-se resumir o tipo de danos que aconteceu nas ‘obras de arte’ devido a essa ação,
e organizá-los de acordo com a localização na respetiva obra de arte.
Feita uma análise superficial aos danos que a obra de arte sofre quando é solicitada pela ação
sísmica, chega-se à conclusão que se pode avaliar esses danos em dois grandes grupos: danos
devido às fundações e danos devido a problemas estruturais.

2.4.1 - Danos em fundações

 Liquefação dos solos


No decorrer da análise dos sismos recentes, este foi um dos danos mais ocorrentes em obras
de arte. A ponte, uma obra de arte que permite fazer ligação entre margens de um curso de
água, está assente em solos arenosos, logo, solos mais propícios para acontecer esse
fenómeno, como mostra a figura 60. Com ocorrência do sismo, o estrato de solo vai estar
sujeito a carregamentos cíclicos de curta duração, daí que vai aumentar a pressão da água
nos poros do solo, fazendo com que as tensões efetivas sejam anuladas e, mais tarde o solo
perde resistência ao corte.

2.24
Comportamento Sísmico de Pontes

 Deslizamento de solos
Os encontros das pontes estão ligados a taludes ou muros cais. Com a ocorrência de um
sismo, esses extratos de solos têm a tendência de se deslocaram, tirando estabilidade ao
encontro e, posteriormente, a ponte entra em colapso, figura 2.45.

Figura 2.45 - Colapso de um encontro devido ao deslizamento dos solos (Duarte, et al., 1990).

 Falhas Geológicas
Quando se projeta uma “obra de arte”, perto ou em cima de falhas geológicas, deve-se ter em
especial atenção aos deslocamentos longitudinais e verticais que pode estar sujeita na
ocorrência de um sismo, figura 2.46 (CEB, 1996).

Figura 2.46 - Esquema sobre o colapso de uma ponte devido a falha geológica (CEB, 1996).

2.25
Capitulo 2

2.4.2 - Danos devido a problemas estruturais

 Rotura nas fundações


A rotura nas fundações pode-se caraterizar em dois tipos: rotura de estacas ou de sapatas.
A rotura de estacas, figura 2.47, numa ‘obra de arte’, pode surgir por causa do excesso de
esforços de flexão ou corte, mas também pode acontecer a rotura por derrubamento ou
arrancamento da estaca-maciço. Muitas vezes, as estacas perfuram vários extratos de vários
tipos de solo, o que leva à criação de várias zonas de transmissão de esforços (Bousias,
1989).

Figura 2.47 - Rotura de uma estaca.

A rotura nas sapatas é pouco provável de acontecer, figura 2.48. Antes desse elemento
atingir o máximo de capacidade de carga, já outros elementos entraram em rotura, como por
exemplo, os pilares e as vigas. As situações que costumam ocorrer são, a transmissão de
fendas do elemento pilar para a sapata, devido ao deficiente espaçamento entre armaduras,
que resistem ao esforço transverso. (CEB, 1991)

Figura 2.48 - Fissura de uma sapata.

2.26
Comportamento Sísmico de Pontes

 Rotura dos pilares


Este tipo de rotura é uma das mais ocorrentes em obras de arte quando sujeitas a ação
sísmica. Isto deve-se a uma série de anomalias cometidas no processo construtivo e a uma
filosofia de dimensionamento somente em patamar elástico (até aos anos 70 não se
considerava o aparecimento de rotulas plásticas). Em suma, a rotura dos pilares pode
acontecer devido ao excesso de esforço de flexão, corte ou a combinação de ambos. Ao
longo do estudo do comportamento das obras de arte ao sismo, já se abordou todas essas
roturas e os problemas da formação das rótulas plásticas.

 Rotura da travessa dos pilares


A rotura desse elemento pode acontecer devido ao mau dimensionamento de resistência ao
corte, execução das ligações ou dispensa prematura da armadura. Como consequência, como
já foi visto no sismo Loma Prieta, a rotura desse elemento pode provocar o fenómeno de
punçoamento.

 Rotura ao nível dos encontros


Como já foi referido, a ação sísmica é uma força horizontal cíclica aplicada na base da
estrutura. Logo, o tabuleiro da ponte vai transmitir esse esforço para o apoio e, por
consequência, vai aumentar os impulsos passivos nessa zona. Como o apoio encontra-se fixo
pelo tabuleiro na sua zona superior e, como a zona inferior tem menos rigidez, o apoio vai
ficar suscetível à rotação e posterior rotura na zona inferior, figura 2.49.

Figura 2.49 - Rotura de apoio (CEB, 1991).

2.27
Capitulo 2

 Rotura ao nível das ligações entre elementos


A rotura entre pilar/travessa ou capitel e tabuleiro/pilar tem sido o dano mais catastrófico
observado após o sismo, porque leva muitas das vezes ao colapso da estrutura. Estas zonas,
durante a ocorrência de um sismo podem concentrar esforços elevados, muita das vezes
superiores aos esforços presentes nos elementos, como ocorreu no sismo Loma Prieta. A
origem dessa rotura está na má filosofia de dimensionamento e também ao mau detalhe
construtivo das armaduras naquela zona (CEB, 1991).

 Rotura ao nível dos aparelhos de apoios


A rotura neste elemento deve-se ao mau dimensionamento na quantificação dos
deslocamentos que aquele elemento vai sofrer durante a ação sísmica. Normalmente, a rotura
deste elemento não põe em risco a estrutura, mas esta deixa de poder exercer as suas
funções, até que seja feita uma reparação, como aconteceu no sismo de Tohoku.

 Rotura do tabuleiro
Em relação à componente horizontal do sismo, o tabuleiro é um elemento que tem uma
rigidez elevada, por isso, não é normal que este entre em rotura devido a essa ação. Contudo,
com o decorrer do sismo, pode impor rotações no tabuleiro sob um eixo vertical de maior
inércia, levando, este, a ter deslocamentos excessivos e posteriormente entrar em colapso.
Este fenómeno de rotação foi observado no sismo do Chile.

2.28
Analise Sísmica

3
ANÁLISE SÍSMICA
3.1 Introdução
No capítulo dois foram analisados os danos que a ação sísmica provoca nas “obras de arte”
em betão armado e constatou-se que muitas dessas estruturas apresentaram um elevado grau
de danos, chegando a demonstrar níveis de segurança muitos baixos, entrando algumas em
risco de colapso. Esses comportamentos ocorrem em “obras de arte” dimensionadas com
regulamentos antigos, que dispunham análises lineares e uma escassez de pormenores
construtivos para uma melhor dissipação dos esforços.
Para que a ponte ou “obra de arte” obtenha uma excelente resposta à ação sísmica (evitando
cenários indicados no capítulo dois) é necessário que essa seja dimensionada (em projeto
inicial ou reforço), tendo em conta esse fenómeno. Antes de se proceder ao
dimensionamento, é necessário determinar todos os esforços que estão a atuar e observar a
sua distribuição na estrutura. Logo, é necessário proceder a uma análise da estrutura, de
modo a caraterizar todos os esforços para que o dimensionamento seja adequado garantindo
a segurança estrutural da estrutura, evitando o sobredimensionamento ou subdimensionemto.
Neste capítulo, onde se irá estudar a análise sísmica de pontes, primeiramente irá ser
abordado o tema tendo em consideração toda a estrutura, definindo métodos para obter a
resposta estrutural de pontes. Posteriormente será analisado o comportamento dos materiais
constituintes do betão armado, a carregamentos monotónicos e cíclicos, para que no fim seja
definido modelos de avaliação da capacidade resistente dos elementos das pontes. Depois,
vai abordar-se a legislação europeia, Eurocódigo 8, e indicar quais são os métodos que aí se
indicam para se proceder à análise sísmica. Por fim, serão aplicados alguns dos princípios
abordados neste capítulo a um caso de estudo.
As pontes e “obras de arte” são estruturas que do ponto de vista do comportamento sísmico
podem ser abordadas com modelações estruturais relativamente simples, embora estejam
também sujeitas a esforços elevados. Na modelação do comportamento sísmico nas várias
direções de análise, as mais recentes normas recomendam que para o betão armado sejam
adotadas modelações estruturais que permitam simular o comportamento não-linear. Na
escolha do modelo e metodologia a usar para a análise desse tipo de estruturas, deve-se ter
em consideração a complexidade da estrutura, de forma a se obter os resultados mais
aproximados possíveis da realidade e com reduzido tempo de cálculo, tendo em conta que
em muitos casos é necessário executar um grande número análises sísmicas.

3.1
Capitulo 3

Nesta dissertação vai-se estudar unicamente as pontes em betão armado, analisando os danos
que as cargas cíclicas e alternadas poderão originar nos elementos dessas estruturas. Para se
proceder a uma correta caraterização do comportamento das secções de betão armado ao tipo
de ação já referida necessita-se, primeiramente, estabelecer as principais leis de
comportamento, isoladamente, do betão e do aço, tendo em consideração no betão a
influência do confinamento.
O grande desafio da modelação de elementos de betão armado é conseguir descrever o seu
comportamento não-linear. Existem leis que conseguem, ao pormenor, descrever esse
comportamento mas engloba grandes tempos de cálculo. No presente trabalho será abordado
as modelações simples mas com resultados suficientemente rigorosos para se proceder a
avaliação de segurança.
Para além de abordar as análises indicadas no parágrafo anterior, será efetuado um resumo
sobre a metodologia indicada nas normas europeias, para a execução de análises sísmicas em
pontes. Na década de 70 a Comissão das Comunidades Europeias lançou a ideia de criar um
conjunto de regras técnicas para a execução de projetos de estruturas de edifícios e de outros
tipos de obras de construção civil. As publicações desses Eurocódigos Estruturais
terminaram em maio de 2007 mas, ao longo dos anos seguintes, tem saído atualizações. Em
Portugal, o Instituto Português da Qualidade, em colaboração com o Laboratório Nacional de
Engenharia Civil, tem transcrito essas normas e acrescentando os devidos anexos nacionais
para que o dimensionamento realizado por esses códigos seja mais apropriado para o
território nacional. No que diz respeito à análise sísmica, foi publicado o Eurocódigo 8 –
Projeto de Estruturas para Resistência aos Sismos, que contém 6 partes. Para o
desenvolvimento deste trabalho será analisado unicamente a Parte 1 – Regras Gerais, Ações
Sísmicas e Regras para Edifícios e a Parte 2 – Disposições Especificas Relativas a Pontes.

3.2 Modelação Estrutural de Pontes


Como já foi referido, neste trabalho só se irão abordar as pontes em viga executadas em
betão armado. Para se obter uma resposta estrutural, devido a ações horizontais provenientes
da ação sísmica, é necessário construir modelos que envolvam todos os elementos estruturais
constituintes das pontes (referidos no anexo 1 deste trabalho).

3.2
Analise Sísmica

Um dos grandes desafios existentes na modelação estrutural é a avaliação da resposta


estrutural na direção perpendicular ao tabuleiro. Na direção longitudinal do tabuleiro a ponte
pode ser resumida a um modelo de plano simples, em que os deslocamentos no topo dos
pilares são iguais devido a se considerar que o tabuleiro da ponte é indeformável ao longo do
seu eixo. Mas, na direção perpendicular ao tabuleiro, o seu comportamento é essencialmente
tridimensional. Para efetuar a avaliação desse comportamento tridimensional usam-se
ferramentas que englobam cálculos com um grande número de graus de liberdade, o que
pode levar à instabilidade do modelo ou a elevados tempos de cálculo (Delgado, 2009).

3.2.1 – Modelação de pontes com modelos planos

De forma a evitar os problemas frisados no parágrafo anterior, neste subcapítulo vai-se


indicar uma metodologia que permite modelar a resposta estrutural de uma ponte no sentido
perpendicular ao tabuleiro, quando sujeita a ações horizontais. Essa metodologia consiste em
utilizar um modelo plano, constituída pelo elemento barra, em que transfira os aspetos
importantes do comportamento tridimensional para um comportamento bidimensional .
Para aplicar esse modelo, o tabuleiro e os pilares situam-se no mesmo plano, mas os pilares
ficam numa posição paralela ao tabuleiro para envolver o comportamento à flexão do
tabuleiro e dos pilares face à ação sísmica. Posteriormente, para compatibilizar os
deslocamentos e rotações entre tabuleiro e zona superior dos pilares, procede-se a união
desses pontos com barras biarticuladas (bielas), na direção da ação sísmica, com elevada
rigidez axial, que vai permitir modelar as propriedades dos aparelhos de apoio, como indica
a figura 3.1. (Delgado, 2009).

3.3
Capitulo 3

Figura 3.1 - Esquema da Modelação Estrutural (Delgado, 2009).

Como se pode observar na figura 3.1, o modelo é bastante simples e permite respeitar todas
as caraterísticas geométricas e mecânicas dos elementos, as ligações ao exterior e pode-se ter
em consideração a deformabilidade do terreno, através da introdução de molas nos apoios
com as respetivas constantes de reação elástica (Delgado, 2009).
O elemento barra, nos programas de análise estrutural, é o mais utilizado na realização de
modelações de engenharia civil e é definido por dois nós. Este elemento pode ser utilizado
para modelar pilares, viga e treliças em estruturas bidimensionais ou tridimensionais. O seu
comportamento não linear pode ser traduzido através do uso de rótulas plásticas.
Para o modelo bidimensional se comportar de acordo com o modelo tridimensional é
necessário atribuir caraterísticas às bielas para que estas permitam modelar o comportamento
dos aparelhos de apoio. Atualmente recorre-se a muitos aparelhos de apoio do tipo blocos de
borracha de amortecimento, os designados HDRB e LRB (ver anexo 2), que permitem
deslocamentos relativos e rotações entre elementos em função da rigidez distorcional do
aparelho. Neste caso, para se poder modelar o comportamento do aparelho de apoio nesse
modelo, é necessário que a rigidez axial das bielas seja igual a rigidez distorcional do
aparelho. Para os aparelhos que só permitem rotações, o comportamento pode ser modelado
introduzindo às bielas uma elevada rigidez axial e reduzida inércia a flexão (Delgado, 2000).

3.4
Analise Sísmica

3.2.2 – Modelação de pontes com modelos tridimensionais

Atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia, já se podem realizar modelações


estruturais com o recurso a modelos tridimensionais com reduzidos tempos de cálculo. Esses
modelos podem ser compostos por elementos de barra (estruturas reticuladas), laminares e
sólidos tridimensionais.

Figura 3.2 - Modelação de ponte com sólidos tridimensionais (Santos, 2007).

No campo das modelações tridimensionais, para se proceder à caraterização dos efeitos não-
lineares das secções de betão armado, é mais frequente utilizar modelos do tipo elementos de
barra. Com esse tipo de modelo, além de se poder utilizar as leis de comportamento das
secções, pode-se também utilizar leis de interação entre dois momentos ortogonais existentes
na secção (Delgado, 2009).
Os elementos laminares, ou também conhecidos por elementos de casca, são elementos que
são utilizados para modelar pavimentos, rampas, paredes, tabuleiros e etc. Este elemento
pode ser modelado com comportamento homogéneo, inserindo um material e uma espessura,
ou em camadas com vários materiais e espessuras. A não linearidade desse elemento pode
ser considerado quando se usa várias camadas para o caraterizar. Normalmente esses
elementos são constituídos por três a quatro nós.
Por fim, os elementos sólidos, são elementos constituídos por oito nós e só são utilizados
para modelações tridimensionais. A sua modelação baseia-se em uma formulação
paramétrica que incluiu nove modos de flexão incompatíveis opcionais (CSI, 2013). Neste
trabalho só se irá recorrer aos elementos de barra e de casca deixando de fora os elementos
sólidos. Para além de aumentar o tempo de cálculo, esses elementos, são mais suscetíveis a
erros de convergência porque tem um elevado número de incógnitas.

3.5
Capitulo 3

3.2.3 – Algoritmo de análise estrutural

Como foi anteriormente referido, a análise estrutural de pontes é muito complexa e engloba a
determinação de muitas variáveis. Logo, para ganhar tempo e melhorar o trabalho recorre-se
a programas de cálculo automático que permitem fazer essas operações em tempo reduzido e
com uma boa estabilidade de cálculo.
Através da caraterização dos elementos de barra, que se irá analisar mais à frente neste
trabalho, consegue-se obter a matriz rigidez do modelo estrutural. Essa matriz é obtida
através de uma soma adequada dos coeficientes da matriz da rigidez de cada elemento de
barra, em associação aos deslocamentos nodais correspondentes da estrutura. No entanto, é
necessário efetuar uma transformação do referencial do elemento da barra para a estrutura
global para que se possa obter uma matriz global de rigidez por espalhamento das matrizes
dos elementos (Delgado, 2009).
A relação linear elástica entre forças, F, pela seguinte expressão 3.1:
F  Ku (3.1)
Em que (𝐾) é a matriz rigidez global da estrutura e 𝑢 os deslocamentos nodais.
Quando se submete a estrutura a um campo de acelerações nodais (𝑢̈ ), pode-se determinar as
forças nodais (𝐼) através da matriz clássica da massa (𝑀), matriz essa, que está associada
aos graus de liberdade da estrutura (Delgado, 2009).
I  Mu (3.2)
A determinação da matriz de massa global da estrutura (𝑀) é executada de forma similar a
matriz de rigidez, como descrito anteriormente neste subcapítulo.
Para determinar as forças de amortecimento nodais (𝐷) é necessário determinar a matriz de
amortecimento (𝐶) e relacioná-la com o vetor de velocidades nodais (𝑢̇ ):
D  Cu (3.3)
Essas caraterísticas de amortecimento só são determinadas quando a estrutura fica sob o
efeito de ações dinâmicas. A matriz de amortecimento (𝐶), segundo a formulação de
Rayleigh, é determinada através da matriz de massa e rigidez da estrutura:
C  M   K (3.4)

Sendo 𝛼 e 𝛽 determinados através da imposição dos valores de amortecimento que se


pretende em quais queres dois modos de vibração da estrutura (Clough & Penzien, 1982).

3.6
Analise Sísmica

As pontes são estruturas que, do ponto de vista do comportamento sísmico, podem ser
abordadas com modelações estruturais relativamente simples, embora estejam também
sujeitas a esforços elevados. Na modelação do comportamento sísmico nas várias direções de
análise, as mais recentes normas recomendam que para o betão armado sejam adotadas
modelações estruturais que permitam simular o comportamento não-linear. Na escolha do
modelo e metodologia a usar para a análise desse tipo de estruturas, deve-se ter em
consideração a complexidade da estrutura, de forma a se obterem os resultados mais
aproximados possíveis da realidade e com reduzido tempo de cálculo, tendo em conta que
em muitos casos é necessário executar um grande número análises sísmicas.
Quando se efetuam análises com estruturas que envolvem grandes incursões no regime não
linear, os parâmetros indicados anteriormente, α e β, poderão ser considerados nulos,
conduzindo a uma matriz de amortecimento nula (Delgado, 2009).

3.3 Modelação do Comportamento do Betão


A capacidade de resistência do betão depende de vários fatores. A quantidade e tipo de
cimento, a forma e a resistência dos inertes (areia e brita), a quantidade e tipo de adjuvantes,
a relação água/cimento, a idade da mistura e, por fim, a aplicação em obra, são os fatores
mais importantes que irão depender para influenciar as caraterísticas mecânicas do betão,
sobretudo a sua resistência à compressão (Nunes, 1999).
Independentemente desses fatores, neste capítulo, irá abordar-se, de uma forma sucinta, os
modelos para a relação construtiva do betão sujeito a carregamentos monotónicos e cíclicos.

3.3.1 – Carregamento Monotónico

Uma secção de betão, quando sujeita a um carregamento monotónico de intensidade


crescente, vai ter um comportamento variável ao longo desse carregamento, correspondentes
a vários danos. Este comportamento pode ser observado no diagrama na figura 3.3, onde se
relacionam as tensões normais (𝜎𝑐 ) com as correspondentes extensões para as deformações
axiais.

3.7
Capitulo 3

Figura 3.3 - Diagrama tensões-extensões do betão para carregamento monotónico (Delgado, 2009).

No diagrama de tensões-extensões da figura 3.3 podem observar-se os vários estados que o


betão atravessa, até chegar à sua rotura. No pico de tensão máxima, fc , observam-se duas
fases: a primeira, que vai desde início do carregamento até cerca de metade da tensão
máxima de compressão e é caraterizada por um comportamento, aproximadamente, linear;
posteriormente, a segunda, traduz-se num comportamento não linear elevado, que se pode
representar numa parábola do segundo grau, como é proposto por Kent e Park (1971). A
variação do comportamento, aproximadamente linear, para um comportamento não-linear
resulta da perda elevada de rigidez devido ao aparecimento de micro-fissuração (Delgado,
2009).
A tensão máxima de compressão fc , corresponde à extensão ε0 que é aproximadamente
0,2%, para betões correntes. A região do pico de tensão máxima pode variar, consoante a
resistência do betão. Para betões de baixa resistência, essa região é mais suave, mas para
betões de elevada resistência essa região apresenta um pico relativamente pronunciado
(Delgado, 2009).
Apesar de as extensões continuarem a crescer após o pico, as tensões começam a diminuir
até à rutura, representado por uma reta com inclinação negativa.
A resistência do betão à tração em relação à sua resistência à compressão é sempre inferior,
sendo a relação entre elas cerca de 20%, em que se pode classificar a rutura à tração como
frágil o que origina, na maior parte das situações dos elementos sujeitos à flexão, a desprezar
essa resistência.

3.8
Analise Sísmica

Para os casos em que é necessário incluir essa resistência, também se têm desenvolvido
estudos e modelos analíticos com carregamentos cíclicos e monotónicos (CEB, 1991).

3.3.2 – Efeito do Confinamento

O confinamento do betão, figura 3.4, altera o seu modelo construtivo, isto é, o


comportamento do betão é muito afetado pelo seu grau de confinamento (CEB, 1993).

Figura 3.4 – Betão axialmente solicitado com confinamento lateral (CEB, 1993).

O fenómeno de confinamento resulta da existência de armaduras transversais nos elementos


de betão. É através da percentagem de armadura e espaçamento entre estribos que o grau de
confinamento varia. As armaduras contrariam a extensão lateral do betão, devido ao efeito de
Poisson, impedindo que ele se desagregue. Este efeito varia ao longo da secção, como se
pode observar na figura 3.5 indicado pela linha traço interrompido (Carvalho, 2009).

Figura 3.5 – Exemplo da distribuição do efeito de confinamento (CEB, 1993).

O confinamento traduz numa alteração da tensão resistente máxima e correspondente


extensão, o que melhora o grau de ductilidade do elemento, alterando a inclinação da reta
que surge após o pico para valores menores.

3.9
Capitulo 3

A figura 3.6 demonstra o diagrama tensões-extensões do comportamento do betão confinado.

Figura 3.6 – Diagrama tensões-extensões do comportamento do betão confinado (Delgado, 2009).

A figura 3.6 traduz o modelo numérico para o cálculo da resistência usado em secções de
betão confinado idealizado por Park e Priestkey (1982). Como se pode observar na figura
3.6, este modelo divide o comportamento em três regiões, que serão descritas
posteriormente. De acordo com esse modelo, o fator k traduz o aumento da resistência à
compressão e a extensão do betão confinado, enquanto o fator Zm está relacionado com a
diminuição da inclinação do ramo descendente, θm .
Região A-B (𝜀𝑐 < 0,002𝑘)
2𝜀𝑐 𝜀𝑐 2 (3.5)
𝜎𝑐 = 𝑘𝑓𝑐 [ −( ) ]
0,002𝑘 0,002𝑘
Região B-C (0,002𝐾 ≤ 𝜀𝑐 < 𝜀20𝑐 )
𝜎𝑐 = 𝑘𝑓𝑐 [1 − 𝑍𝑚 (𝜀𝑐 − 0,002𝑘)] (3.6)

Região C-D (𝜀𝑐 ≥ 𝜀20𝑐 )


𝜎𝑐 = 0,2𝑘𝑓𝑐 (3.7)
onde,
𝜌𝑣 𝑓𝑠𝑦𝑡 (3.8)
𝑘 =1+
𝑓𝑐

3.10
Analise Sísmica

0,5 (3.9)
𝑍𝑚 =
3 + 0,29𝑓𝑐 3 ℎ′
+ 𝜌 √ − 0,002𝑘
145𝑓𝑐 − 1000 4 𝑣 𝑠

𝑡𝑔𝜃𝑚 = 𝑍𝑚 𝑘𝑓𝑐 (3.10)


em que:
𝜀𝑐 −extensão longitudinal do betão;
𝜎𝑐 −tensão normal do betão confinado (MPa);
𝑓𝑐 −resitência à compressão do betão não confinado (MPa);
𝜀20𝑐 −extensão correspondente a 20% da tensão máxima na região B-C;
𝑓𝑠𝑦𝑡 − tensão de cedência da armadura transversal (MPa);
𝜌𝑣 −razão entre o volume de armadura transversal e o volume de betão cintado, calculado
em relação a face exterior das cintas;
ℎ′ −largura do núcleo cintado (medido a face exterior das cintas);
𝑠 −espaçamento da armadura transversal.
Em suma, um bom confinamento do betão, traduz nas seguintes vantagens (Mimoso, 2008):
 aumento do valor da tensão máxima do betão;
 aumento da ductilidade devido a extensão para a qual se obtém a tensão máxima e
através do incremento do valor da extensão última.
Então é importante que nas secções de betão armado seja dimensionada e aplicada armadura
transversal com as disposições construtivas regulamentares.

3.3.3 – Comportamento do betão sob carregamentos cíclicos

O modelo do betão confinado, descrito anteriormente, permite também caraterizar o


comportamento histerético do betão sujeito a cargas e descargas, considerando também a
perda de rigidez do material, tal como ilustrado na figura 3.7 (Thompson & Park, 1980). Este
modelo considera que as cargas e descargas são traduzidas por um ou mais ramos lineares
com uma inclinação que varia de acordo com a extensão atingida ao longo da fase da carga
(Carvalho, 2009).

3.11
Capitulo 3

Figura 3.7 – Comportamento do betão sob acções cíclicas proposto por Thompson e Park (1980)

De acordo com o indicado no ponto 3.3.2, esse modelo também é constituído por três regiões
de acordo com as seguintes regras de histerese:
Região AB – nas descargas seguem um ramo linear com inclinação correspondente ao
módulo de elasticidade tangente á origem, 𝐸0 , enquanto as extensões foram inferiores a 𝑘𝜀0 .
A recarga não tem dissipação de energia e segue o mesmo comportamento da descarga
(Delgado, 2009).
Região BC – no intervalo de extensões entre 𝑘𝜀0 e 𝜀20𝑐 , as descargas são realizadas em duas
etapas: a primeira é caracterizada pela extensão constante até se atingir metade da tensão
correspondente ao início da descarga, posteriormente, a segundo é descrita por uma
inclinação de 𝐸′𝑐 ⁄2. Nesta região, a recarga, adota um ramo linear com a inclinação igual a
𝐸′𝑐 , sendo estes valores dos módulos de elasticidade menores à medida que a extensão
aumenta. Esses valores são obtidos pela seguinte expressão 3.11 (Delgado, 2009):
𝜀0 −𝑘𝜀0 (3.11)
𝐸′𝑐 = 𝐸0 (0,8 − 0,7 )
𝜀20𝑐 − 𝑘𝜀0
Região CD – localizada a partir das extensões superiores a 𝜀20𝑐 , onde as descargas e recarga
são conduzidas por uma ramo linear com uma inclinação de 𝐸0 ⁄10 (Delgado, 2009).

3.12
Analise Sísmica

3.4 Modelação do comportamento do aço

As armaduras no betão armado influenciam muito no seu comportamento, especialmente


quando o betão se encontra em fendilhação. Quando a secção de betão armado se encontra
sujeita a esforços tração, surgem fendas, logo, o comportamento da secção nessa zona passa
a depender fundamentalmente da armadura ordinária. Por isso é importante descrever o
comportamento do aço sujeito a carregamentos monotónicos e cíclicos porque tem um papel
importante na modelação do comportamento histerético do betão armado.

3.4.1 – Carregamento Monotónico

O comportamento do aço para um carregamento monotónico é descrito através de uma curva


tensão-extensão que representa uma lei de carregamento aplicando deslocamentos
crescentes, em ensaios de tração. Esse comportamento contém quatro fases: numa primeira
fase o seu comportamento é linear, verificando assim a lei de Hooke e definindo-se o módulo
de elasticidade inicial; posteriormente, segue-se uma segunda fase, relativo ao patamar de
cedência caracterizado pela estabilidade da tensão para incrementos de extensão; na terceira
fase, a tensão volta a aumentar devido ao endurecimento do aço, até este atingir a sua tensão
máxima, por fim uma quarta fase, caracterizada pela diminuição da tensão até se dar a rotura
do material (Carvalho, 2009). A segunda fase, patamar de cedência, pode deixar de existir ou
ser muito curta para aços trabalhados a frio ou com elevada percentagem de (Delgado,
2009).
Para simplificação da modelação desse comportamento, optou-se por caraterizar o
comportamento do aço por uma curva bilinear, caracterizando as fases descritas. Essa curva,
figura 3.8, inicia-se por um troço até a tensão de cedência 𝑓𝑠𝑦 , correspondente a fase um, em
que a inclinação é definida pelo módulo de elasticidade 𝐸𝑠 . Depois, surge outro troço
definido por uma reta com uma inclinação de 𝐸𝑠1 , de modo a caraterizar a rigidez de
endurecimento. O endurecimento deste é definido através de um coeficiente 𝛽, obtido pela
relação entre os dois módulos de elasticidade 𝐸𝑠1 e 𝐸𝑠 . Para quantificar este coeficiente, com
uma aproximação razoável, procura-se encontrar o declive da reta que interseta o diagrama
tensões-extensões real em regime plástico, de forma a igualar a energia dissipada até à
rotura, como se ilustra na Figura 3.8, em que A1 é igual a A2 (Delgado, 2009).

3.13
Capitulo 3

Figura 3.8 – Comportamento do aço para um carregamento monotónico (Delgado, 2009).

3.4.2 – Carregamento cíclico

Quando um varão de aço é submetido a ações cíclicas e alternadas, as suas caraterísticas vão
sofrer alterações, nomeadamente a rigidez e resistência. O modelo indicado na figura 3.9,
designado por modelo Guiffrè-Menegotto-Pinto, foi aplicado por Menegotto e Pinto (1973),
mas, foi criado por Giuffrè e Pinto (1970). Este modelo carateriza o comportamento do aço,
quando está sob a ação de cargas cíclicas, em troços curvos que se desenvolvem
assimptoticamente a duas retas paralelas com inclinação Es . Essas retas são determinadas
com base no troço elástico do modelo monotónico descrito anteriormente. As outras duas
retas paralelas entre si, Es1 , são definas através do troço de endurecimento do modelo
monotónico. As leis de carga e descarga encontram-se contidas numa envolvente
correspondente à curva bilinear para o carregamento monotónico definido no ponto anterior
(Delgado, 2009), como se pode observar na figura 3.9.

3.14
Analise Sísmica

Figura 3.9 – Diagrama de tensões-extensões do aço para carregamento cíclico (Delgado, 2009).

Após a armadura tracionada ter atingido o troço de endurecimento, imediatamente depois de


se dar uma alternância de carga, acorre o efeito de Bauschinger. Neste efeito observa-se um
comportamento não linear da armadura para valores de tensão bastante inferiores ao valor
inicial da tensão de cedência e é caraterizado pelo parâmetro R. Esse parâmetro indica o
desenvolvimento da curva de transição entre o troço elástico e o troço de endurecimento
após o primeiro ciclo (Delgado, 2009).
𝑎1 𝜉 (3.12)
𝑅 = 𝑅0 −
𝑎2 + 𝜉
O parâmetro ξ representa o valor absoluto da deformação plástica da incursão anterior e R 0 o
valor do parâmetro R durante o primeiro carregamento. Os parâmetros a1 , a2 e R 0 traduzem
propriedades caraterísticas dos materiais e deverão ser calibrados experimentalmente. Mas
Menegotto e Pinto (1973) indicam os seguintes valores: a1 =18,5; a2 =0,15 e R 0 =0,15
(Delgado, 2009).

3.15
Capitulo 3

As relações de tensões-extensões são definidas pela a seguinte expressão:

(1 − 𝑏)𝜀𝑠∗ (3.13)
𝜎 ∗ = 𝑏𝜀𝑠∗ + 1
(1 + 𝜀𝑠∗ 𝑅 )𝑅

sendo:

𝜀 −𝜀 𝜎 −𝜎
𝜀𝑠∗ = 𝜀 𝑠 −𝜀𝑠𝑟 (3.14) 𝜎𝑠∗ = 𝜎𝑠 −𝜎𝑠𝑟 (3.15)
0 𝑠𝑟 0 𝑠𝑟

σ0 , ε0 − tensão, extensão no ponto onde a tangente inicial e as assimptotas se encontram.


𝜎𝑠𝑟 , 𝜀𝑠𝑟 − tensão, extensão do ponto da ultima inversão

A equação representa a passagem de uma assimptota (𝐸0 ) para outra (𝐸∞ ), onde (Albanesi
& Nuti, 2007):

𝐸∞ 𝜎0 −𝜎𝑟
𝑏= = relação de endurecimento 𝐸0 = (3.16)
𝐸0 𝜀0 −𝜀𝑟

3.5 Modelação do comportamento do betão armado

Depois de enunciar as leis de comportamento do betão e do aço isoladamente, seguem-se as


modelações para o funcionamento de ambos materiais em conjunto, sujeitos a carregamentos
cíclicos. Neste capítulo irá ser apresentado duas formulações, no seguimento do estudo
realizado por Delgado (2009), que são as seguintes: modelo de rótulas plásticas e modelo de
fibras. Também se irá fazer uma breve descrição das metodologias utilizadas pelo software
SAP2000.
Os pilares, ou os elementos estruturais que assumem essa função, estão submetidos à flexão
composta. Quando esses elementos estão sujeitos a carregamentos monotónicos demonstram
um comportamento constituído por três fases: inicialmente a sua rigidez é mais elevada,
posteriormente a rigidez diminuiu devido ao aparecimento de fissuras no betão (na zona
tracionada) e, por fim, a cedência das armaduras que traduz numa rigidez muito baixa. Logo,
a degradação de rigidez surge devido ao aparecimento de fendilhação no betão, o que leva a
diminuição da inclinação do diagrama esforço-deformação. Esta situação ocorre quando
existe carga e descarga, então, quanto maior for o número de ciclos, as deformações são cada
vez maiores para iguais níveis de esforço porque existe um aumento da fendilhação do betão.

3.16
Analise Sísmica

Por outro lado, quando se modelam os elementos pertencentes ao tabuleiro, as vigas,


considera-se um comportamento elástico porque não sofrem esforços elevados (Delgado,
2009).
Para além da degradação de rigidez, os elementos de betão armado que estão sujeitos a ações
cíclicas, perdem resistência e surge o efeito de aperto ou “pinching”. Estas três anomalias
são fenómenos que alteram as caraterísticas da secção de betão armado e que controlam a
dissipação histerética de energia. O efeito de aperto ocorre quando, depois de aberta uma
fenda com plastificação da armadura, se dá uma inversão do carregamento verificando-se o
fecho da fenda. Para fechar a fenda, neste caso, é necessário que a armadura recupere a sua
deformação plástica. Esta recuperação é executada com uma rigidez da secção muito mais
baixa, devido ao betão estar inativo e apenas funcionar a armadura à compressão, originando
em maiores deformações para iguais incrementos de esforço. Então, quando se inicia a
recarga ocorrem deformações bastante elevadas até que a fenda se feche, começando o betão
a ser comprimido, e a secção a aumentar a sua rigidez, diminuindo a taxa de evolução das
deformações e aumentando a sua resistência à compressão (Delgado, 2009).

3.5.1 – Modelo de rótulas plásticas

O modelo de rótulas plásticas pode ser aplicado a estruturas modeladas em plano ou


tridimensionalmente e consiste em projetar a estrutura real em elementos de barra planos. A
sua metodologia engloba comportamentos não lineares e lineares do material, sendo, uma
parte central da barra elásticas e as duas partes extremas do elemento barra caraterísticas
plásticas (Delgado, 2009). No caso de modelação de pontes, as barras que representam os
pilares aplica-se essa metodologia, as barras que representam o tabuleiro ou as vigas
pertencentes a esse considera-se a totalidade da barra com comportamento elástico, porque
não sofrem esforços elevados. Nessa modelação é necessário caraterizar os elementos de
barra e posteriormente definir os comportamentos das rótulas plásticas existentes.

3.17
Capitulo 3

3.5.1.1 – Caraterização dos elementos de barra

Como foi observado no capítulo dois, os elementos de betão armado sujeitos a ação sísmica
(mais concretamente os pilares), verifica-se um comportamento de flexão. Nas extremidades
dos elementos observa-se um comportamento inelástico. É nessas zonas que se formam as
rótulas plásticas e o elemento se comporta não linearmente. Contrariamente às extremidades,
na zona central, considera-se um comportamento elástico. Logo, na caraterização da rigidez
da barra, considera-se na zona central a rigidez da secção não fendilhada ou outra mais
adequada, enquanto nas extremidades a secção da barra vai adotar as leis do modelo
histerético, descritas neste capitulo mais adiante (Delgado, 2009).
A figura 3.10 representa os graus de liberdade que se considera nos elementos de barra, que
são seis. Como se pode observar na figura, os graus de liberdade consistem, em cada
extremidade, em dois movimentos de transladação (um ao longo da barra outro na
perpendicular) e uma rotação entorno do eixo perpendicular (Delgado, 2009).

Figura 3.10 – Elemento de barra com seis graus de liberdade (Delgado, 2009).

Mais tarde, a definição dos graus de liberdade, vai-se caraterizar na matriz rigidez desse
elemento e respetiva posição da rótula nesse mesmo elemento. Essas caraterizações são
essenciais para incorporar o algoritmo estrutural definido em 3.2.3.

3.18
Analise Sísmica

 Matriz rigidez do elemento de barra


Como já foi indicado, o elemento de barra será constituído por três subelementos em série,
um (situado na zona central) com rigidez não fendilhada e os outros dois (situados na
extremidade) com rigidez obedecendo leis do modelo histerético. Tendo em consideração os
seis graus de liberdade, como se pode observar na figura 3.11, e a matriz rigidez dos
subelementos, usa-se a metodologia em análise matricial de estruturas para determinar a
matriz rigidez. Posteriormente será efetuada uma redução aos graus de liberdade dos nós
extremos do elemento de barra por um processo de condenação estática (Varum, 1996).

Figura 3.11 – Elemento de barra como associação de três subelementos (Delgado, 2009).

 Comprimento de rótula plástica


O comprimento da rótula plástica, 𝑙𝑝 ou, como já foi referido, zonas extremas do elemento
com comportamento não linear, é definido por vários fenómenos, como indica a figura 3.13.
O mais importante é a plastificação das armaduras, logo o comprimento deve abranger a
extensão dessa zona. Outro fenómeno, representado na figura 3.13, é o “yield penetration”
que corresponde a uma rotação adicional, na secção do encastramento, provocada pela
impossibilidade física de existir uma brusca variação da curvatura de zero para o seu valor
máximo num comprimento infinitesimal, e o “alastramento” da rótula plástica, que consiste
na inclinação das fendas devido ao efeito do esforço transverso, quando a hipótese das
secções planas deixa de ser válida e as tensões e deformações nas armaduras passam a ser
superiores às calculadas (Varum, 1996).

3.19
Capitulo 3

Figura 3.12 – Localização do comprimento da rótula plástica no elemento de barra (Delgado, 2009).

Figura 3.13 – Distribuição teórica e real das rotações para a rótula plástica (Delgado, 2009).

A determinação de 𝑙𝑝 pode ser obtida por várias expressões. Vaz (1992), através de análises
numéricas, concluiu que o comprimento da rótula plástica varia entre metade da altura útil e
a altura útil. Após a realização de ensaios na Universidade de Canterbery, na Nova Zelândia,
Priestey e Park (1984) estimaram que o comprimento da rótula plástica, era metade da atura
útil:
𝑙𝑝 = 0,5ℎ (3.17)

3.20
Analise Sísmica

Posteriormente, após realização de ensaios na mesma universidade, Kappos (1991) indicou a


seguinte expressão 3.18:
𝑙𝑝 = 0,08𝑙 + 6𝑑𝑏 (3.18)

sendo
𝑙 - comprimento do elemento;
𝑑𝑏 - diâmetro dos varões da armadura longitudinal.
Mas, Paulay e Priestley (1992), indicaram uma alteração a essa expressão, que é a seguinte:
𝑙𝑝 = 0,08𝑙 + 0,022𝑑𝑏 ∗ 𝑓𝑠𝑦 (3.19)

3.5.1.2 – Modelação do comportamento monotónico da rótula plástica

O comportamento inelástico do betão armado para um carregamento monotónico em


intensidade crescente pode ser descrito por uma lei triliniar de momentos curvaturas
(Carvalho, 2009). Como se pode observar na figura 3.14, esta lei é constituída por três
inclinações, que definem a rigidez de cada tramo, e por dois pontos, que indicam as
curvaturas onde se verifica a mudanças de inclinação dos tramos (Delgado, 2009).

Figura 3.14 – Parâmetros de identificação da lei base triliniar (Delgado, 2009).

𝐾0 - rigidez inicial (tramo 1);


𝐾1 - rigidez após fissuração (tramo 2);
𝐾2 - rigidez após a cedência (tramo 3);
𝜌𝑐 - curvatura correspondente a fissuração;
𝜌𝑦 - curvatura correspondente à cedência;

3.21
Capitulo 3

As relações momentos-curvaturas são determinadas através de um modelo de fibras ao nível


da secção do elemento de betão armado que caracterize o ponto de inicio de fendilhação do
betão e o ponto de inicio de cedência das armaduras. Vaz (1992) desenvolveu um modelo de
fibras que discretiza a secção em filamentos com comportamento uniaxial segundo o seu
eixo longitudinal desprezando o esforço axial e assume-se que as secções se mantém planas
após deformações. Essa discretização pode ser observada na figura 3.15. Nesse modelo só se
podia inserir secções retangulares, mas Delgado (2000) desenvolveu o algoritmo de modo
que possibilitasse a análise de secções retangular oca ou em T. Este algoritmo efetua uma
ponderação dos filamentos de toda a secção, eliminando os que pertencem ao interior oco.

Figura 3.15 – Discretização da secção transversal (Delgado, 2009).

3.5.1.3 – Modelação do comportamento cíclico da rótula plástica

As leis estudadas em 3.5.1.2 são a base para definir as leis do comportamento cíclico da
rótula plástica. Quando os elementos de betão armado estão sujeitos a ações cíclicas surgem
fenómenos devido a inversão do carregamento tais como a degradação de rigidez, α;
degradação de resistência, γ; e o efeito de pinching, β. Essas regras foram desenvolvidas em
modelos do tipo Takeda, que surgiu por Takeda et al (1970) , sofrendo posteriormente
alterações por Costa e Costa (1987), seguidamente por Duarte et al (1990) e finalmente
publicadas pelo “Comité Euro-International du Beton”,CEB (1996).
Como se pode observar na figura 3.16, os elementos de betão armado, segundo este modelo,
sujeitos a cargas cíclicas estabelece inicialmente um comportamento bilinear, nos dois
primeiros tramos, na relação momento-curvatura até 𝜌𝑦 (curvatura de cedência), sem haver
degradação de rigidez ou residência. Posteriormente, quando a curvatura máxima absoluta,
𝜌𝑚𝑎𝑥 , ultrapassar 𝜌𝑦 e existir uma inversão de descarregamento verifica-se a degradação de
rigidez nesse troço de descarga, figura 3.16.

3.22
Analise Sísmica

Figura 3.16 – Inversão do carregamento, descarga (Delgado, 2009).

A rigidez de descarga, K d , pode ser determinada pela expressão 3.20:


ρy α (3.20)
Kd = Ke | |
ρmáx

em que K e traduz a rigidez equivalente aos dois primeiros troços da curva base e o
parâmetro α pode assumir valores que variam entre 0 e 0,5. É importante realçar que quanto
maior for a incursão plástica, maior será a degradação da rigidez (Delgado, 2009).
Quando se verifica uma inversão do sinal do momento, equivalendo à recarga, o gráfico
momento-curvatura, figura 3.17, segue um segmento com rigidez K r que é a rigidez de
recarga a partir do ponto onde se verifica a passagem por zero do momento, ρr . Esse fator é
determinado pela razão do valor máximo absoluto do momento ρmax e a curvatura atingida
do ciclo anterior ρr , como indica a seguinte expressão:
𝑚𝑚á𝑥 (3.21)
𝐾𝑟 =
𝜌𝑚á𝑥 − 𝜌𝑟

Figura 3.17 – Inversão do carregamento, recarga (Delgado, 2009).

3.23
Capitulo 3

Como já foi indicado, quando os elementos de betão armado ficam sujeitos a acções cíclicas
surgem fenómenos, um deles é o efeito de pinching ou efeito de aperto. Este fenómeno surge
aquando a inversão do momento e corresponde a uma diminuição da rigidez. Essa
diminuição é devida à compressão da armadura, posteriormente de essa ter entrado em
cedência por tração. Então, por cada recarga, o elemento ira ter um valor de rigidez menor
que será determinado pela expressão 3.21:
𝑚𝑚𝑎𝑥 (3.22)
𝐾= 𝛽
(𝜌𝑚𝑎𝑥 − 𝜌𝑟 )(𝜌𝑦 − 𝜌𝑚𝑎𝑥 )

em que 𝛽 varia entre 0 e 0,5 dependente da importância do esforço transverso.


Essa rigidez K está definida na figura 3.18 através da inclinação do troço 8 e tem a duração
até a reta que se encontra delimitada pela origem das coordenadas e pelo ponto da curvatura
máxima do ciclo anterior, que será a reta que define a rigidez do troço 9. Então, observando
a figura 3.18, os tramos da recarga são definidos por 8-9 e troço 12-13.

Figura 3.18 – Efeito de pinching (Delgado, 2009).

3.24
Analise Sísmica

Outro fenómeno que decorre, quando os elementos de betão armado são sujeitos a cargas
cíclicas, é a degradação de resistência. Este fenómeno encontra-se associado à degradação de
rigidez e acontece na recarga. Observando a figura 3.19, pode-se constatar que o ramo de
recarga, K r , é definido pela mesma curvatura, 𝜌𝑚á𝑥 , mas por um momento inferior, 𝑚′𝑚á𝑥 ,
atingido no ciclo anterior, que é definido pela seguinte expressão:
𝑚′𝑚á𝑥 = (1 − 𝑃𝐷)𝑚𝑚á𝑥 (3.23)

sendo mmáx o momento máximo absoluto atingido no ciclo anterior, e PD é determinado


pela equação 3.24:
𝑒 𝑛𝛾 − 1 (3.24)
𝑃𝐷 =
𝑒𝑛 − 1

em que 𝑛 é um constante pertencente de valores experimentais.

Figura 3.19 – Fenómeno de degradação de resistência (Delgado, 2009).

3.5.2 – Modelo de fibras

A filosofia desse modelo consiste representar o desenvolvimento da não-linearidade pela sua


secção transversal e ao longo do desenvolvimento do elemento, permitindo a obtenção de
uma estimativa mais rigorosa do dano estrutural e da sua distribuição, mesmo num nível
elevado de inelasticidade (Pinho et al, 2007).
Este modelo para determinação do comportamento não linear de uma secção de betão
armado assume, de uma forma geral, os seguintes pressupostos (Araújo, 2011):
 As relações tensão – extensão do betão e do aço são dados do problema;
 Admite-se uma interação perfeita entre o betão e os varões de aço;
 Assume a hipótese de Navier-Bernoulli, as secções planas antes da flexão, mantém-
se planas após a flexão.

3.25
Capitulo 3

Baseada em elementos finitos, a modelação estrutural utilizada normalmente por esses


modelos é a tridimensional apoiada em elementos de barra 3D, que posteriormente serão
subdivididos em fibras longitudinais. As fibras referidas formam uma malha ao nível da
secção transversal da barra, em que cada fibra mobiliza apenas a força correspondente à
posição que ocupa e ao material que representa (Delgado, 2009).
Uma análise pelo modelo de fibras pode ser feita através de duas formulações numéricas:
baseado na rigidez do elemento e, outra, baseada na sua flexibilidade. Sobre as diferenças
entre ambas formulações podem ser encontradas em Papaioannou et al (2005). No âmbito
desse trabalho, as modelações realizadas pelo modelo de fibras serão executadas recorrendo
ao software Seismostruct, que utiliza a formulação clássica baseada na rigidez.

3.5.2.1 – Seismostruct

O Seismostruct é um freeware de análise estrutural sísmica desenvolvido por Antoniou e Rui


Pinho (Seismosoft, 2006). Através da modelação de uma estrutura tridimensional de modelo
de barras, este programa, consegue analisar o comportamento da estrutura quando sujeita a
carregamentos estáticos ou dinâmicos, considerando comportamento não linear dos materiais
e a não linearidade geométrica das secções. A sua principal caraterística consiste em
distribuir a plasticidade ao longo do comprimento dos elementos e da sua secção. Essa
característica permite obter uma estimativa bem precisa da distribuição do dano ao longo da
secção e da estrutura (Mimoso, 2008).
O estado de tensão-deformação das secções dos elementos é determinado através da
integração da resposta não linear uniaxial do material, de acordo com as tensões-
deformações das fibras que a secção foi subdividida. A figura 3.20 demonstra a discretização
típica de uma secção transversal retangular de betão armado através do método de fibras.

Figura 3.20 – Discretização de uma secção retangular de betão armado num modelo de fibras
(Seismosoft, 2006).

3.26
Analise Sísmica

Para a integração numérica o programa utiliza dois pontos de Gauss por elemento e a sua
localização está indicada na figura 3.21.

Figura 3.21 – Localização dos pontos de Gauss num elemento (Claudino, 2004).

Se for definido um número razoável de fibras, entre 100 a 300 em análises espaciais,
consegue-se uma distribuição bastante precisa da não linearidade física dos materiais ao
longo da secção.
 Modelo do Betão - Mander
O Seismostruct considera, para a modelação do betão, um modelo não-linear uniaxial com
confinamento constante seguindo a lei construtiva proposta por Mander et al (1988), figura
3.22. Este modelo difere um pouco dos modelos já indicados neste capítulo, mas a principal
caraterística é assumir uma pressão de confinamento constante durante todo o percurso no
domínio tensões-extensões.

Figura 3.22 – Lei construtiva proposta por Mander et al (1988).

3.27
Capitulo 3

 Modelo do Aço – Menegotto-Pinto


O comportamento do aço, no software em estudo, é descrito pelo modelo não linear uniaxial.
É programado por Yassin (1994), baseado no modelo de Menegotto e Pinto (1973), descrito
no ponto 3.4.2 deste trabalho, mas modificado para associar ao endurecimento isotrópico
proposto por Filippou, et al (1983).

3.5.3 – SAP2000

O SAP2000 é um programa comercial de análise estrutural baseado em elementos finitos


(CSI, 2013). Para executar análises estruturais ou dimensionamentos esta ferramenta é muito
sofisticada, versátil, intuitiva e com grande fiabilidade nos resultados que se obtêm. As
análises podem ser bidimensionais ou tridimensionais e permitem a utilização de elementos
de barra, casca e sólidos.
No caso dos elementos de barra, o SAP2000, utiliza um modelo de plasticidade concentrada
para contabilizar o comportamento não linear do betão armado. Esse modelo de plasticidade
concentrada baseia-se no modelo de rótula plástica explicado em 3.5.1, que indica que o
comportamento plástico do material restringe-se a regiões da barra com um certo
comprimento, comprimento da rótula plástica, ficando o restante material da barra com
comportamento elástico.
Os elementos de casca são elementos bidimensionais (de área) constituídos normalmente por
três ou quatro nós de extremidade. Esses elementos são utilizados para modelar pisos
estruturais, núcleos ou paredes. Em análises sísmicas dá-se mais importância aos elementos
planos verticais, porque estes é que estão mais suscetíveis à ação sísmica. Devido a essa
vulnerabilidade é necessário contabilizar todos os fenómenos não lineares desses elementos
planos.

3.5.3.1 – Definição das rótulas plásticas no SAP2000

A definição da rótula plástica no SAP2000 tem como base as prescrições regulamentares


descritas no FEMA-356 (2000). O seu comportamento é definido através de relações força-
deformação e descrito por cinco pontos. Para este trabalho optou-se por definir o
comportamento desse elemento através da relação momento-curvatura da secção do
elemento de betão armado (Araújo, 2011).

3.28
Analise Sísmica

Quando se define uma rótula plástica através da relação momento-curvatura é necessário


determinar o comprimento de rótula plástica (𝑙𝑝 ), pelas expressões indicadas em 3.5.1. Esse
comprimento é essencial para o programa, SAP2000, converter a relação momento-curvatura
para momento-rotação através da multiplicação por esse comprimento.

Figura 3.23 – Lei do comportamento não linear das rótulas plásticas no SAP2000 (Araújo, 2011).

Os cincos pontos (A,B,C,D e E) necessários para o SAP2000 descrever o comportamento de


uma rótula plástica são os seguintes (Araújo, 2011):
 Ponto A: tem sempre valor de momento e curvatura de zero, é o ponto de origem da
curva;
 Ponto B: é o valor do momento quando começa a fendilhação do betão (𝑀𝑐𝑟 ), logo é
quando começa o comportamento plástico do elemento (note-se que este ponto é
definido por uma curvatura nula pois no programa SAP2000 toda a deformação
introduzida pela rótula é adicionada directamente ao valor da deformação elástica
correspondente ao esforço a que o elemento está submetido (Coutinho, 2008);
 Ponto C e D: são pontos ajustados ao diagrama momento-curvatura da secção de
betão armado determinada previamente, conforme o princípio de conservação de
energia, sendo que o ponto D é caraterizado por ser o momento máximo mobilizável
e respetiva curvatura;
 Ponto E: deve ser definido de forma que o momento se mantenha constante para
valores crescentes de curvatura.
Por fim, o SAP2000 permite definir, durante a análise, ao atingir a curvatura máxima
definida na rótula plástica, se o momento desce abruptamente para o valor de zero, quando é
atingida a curvatura no último ponto, ou se é extrapolada a lei pelo último segmento definido
(Araújo, 2011).
A evolução do comportamento da rótula plástica durante a análise é baseada em modelos
tipo Takeda como foi referido em 3.5.1.3.

3.29
Capitulo 3

3.5.3.2 – Definição do confinamento no SAP2000

Para representar o fenómeno do confinamento, descrito em 3.3.2, o SAP2000 baseia-se no


modelo de Mander-Priestley-Park. Logo, só é necessário introduzir no programa os dados
referentes a geometria da secção (retangular ou circular) para definir o tipo de confinamento
e posteriormente inserir os dados relativos as armaduras e respetivos espaçamentos (Araújo,
2011).

3.5.3.3 – Camadas do elemento de casca (layered shell)

Para o SAP2000 contabilizar os efeitos não lineares dos elementos estruturais planos é
necessário definir a secção do elemento de casca por camada. O programa permite a
introdução de varias camadas no sentido da espessura e cada camada com a respetiva
espessura, comportamento (permite ao utilizador inserir se a camada tem comportamento
linear ou não linear) e material. A deformação de cada camada evolui conforme exposto no
método strain-projection de Hughes (2000).

3.6 Análise sísmica segundo o Eurocodigo 8 (EC8)


Depois de referidos os métodos que caraterizam o comportamento dos materiais betão, aço e
betão armado, irá enunciar-se os métodos que o EC8 (2009) (legislação em vigor) refere para
proceder à análise sísmica de estruturas de betão armado.
Assim, neste subcapítulo, serão abordados, de modo geral os conceitos principais do EC8
(2009), as regras relativas às exigências de desempenho, definição de ação sísmica e os tipos
de procedimento para análise sísmica.
O EC8 (2009), é constituído por 6 partes. Devido ao âmbito deste trabalho, irá ser abordado
a parte 1 – Regras Gerais, ações sísmicas e regras para edifícios e a parte 2 - Disposições
Especificas Relativas a Pontes.

3.30
Analise Sísmica

3.6.1 – Requisitos fundamentais de comportamento

O EC8 (2009) prevê que as estruturas que se situam em zonas sísmicas sejam dimensionadas
tendo em conta algumas exigências fundamentais de comportamento à ação sísmica. Essas
exigências são relativas ao nível de dano, isto é, na ocorrência de um sismo a estrutura tem-
se que comportar de modo apresentar danos em elementos que não ponham em risco o
colapso da estrutura. Deste modo o EC8 (2009) preconiza dois níveis de exigência, sendo o
primeiro Estado Limite Último e o segundo o Estado de Limitação de Danos.
O estado limite último, ou requisito de não colapso, consiste em dimensionar a estrutura de
modo a evitar o seu colapso local ou total, quando sujeita a uma ação rara, garantindo assim
que a integridade da mesma e a resistência residual se mantenham após a ocorrência dessa
ação, que simula um evento sísmico. Essa ação sísmica, designada por ação sísmica de
cálculo, é determinada através da ação sísmica de referência associada a uma probabilidade
de excedência de referência PNCR = 10% em 50 anos, e um período de retorno referência de
TNCR = 475 anos. Para satisfazer este requisito, estado limite último, os seguintes critérios
devem ser verificados:
 Podem formar-se rótulas plásticas a nível dos pilares;
 O tabuleiro da ponte deve manter-se sem danos;
 Quando a ação sísmica de dimensionamento tem uma grande probabilidade de ser
excedida durante a vida útil da ponte, certos danos são toleráveis em partes da
estrutura desde que esta seja capaz de suportar tráfego de emergência e seja
facilmente reparável;
 Quando a ação sísmica de dimensionamento tem uma pequena probabilidade de ser
excedida durante a vida útil da ponte, pode ser considerada como uma ação
acidental.

3.31
Capitulo 3

O outro requisito indicado pelo EC8 é o requisito de limitação de dano, considera-se um


estado limite de serviço. É indicado ao projetista que a estrutura deve ser concebida e
dimensionada para resistir a ações do caráter sísmico, evitando a ocorrência de danos e
limitações à utilização da estrutura. Essa ação sísmica é caraterizada pela sua probabilidade
de ocorrência, seja maior do que a ação sísmica de cálculo. A ação sísmica tem uma
probabilidade de excedência PPLR = 10% em 10 anos, e um período de retorno de TNCR =
95 anos. De forma a satisfazer esse requisito de limitação de danos, os seguintes critérios
devem ser verificados:
 Uma ação sísmica com grande probabilidade de ocorrência só deve causar danos
menores nas componentes secundárias e nas partes da ponte supostas contribuir para
a dissipação de energia;
 As outras partes devem manter-se intactas.
A ação sísmica de dimensionamento, 𝐴𝑒𝑑 , deve ainda ter em conta um fator de importância,
𝛾1 , que tem diferentes valores de acordo com a classe da ponte, tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Classes de Importância das pontes e respectivos valores do factor de importância, 𝜸𝟏 .

3.32
Analise Sísmica

3.6.2 – Condições do terreno

O solo é um dos parâmetros mais importantes para a modelação da ação sísmica numa
estrutura porque é dele que é transmitida a energia provocada pela ocorrência de um
fenómeno sísmico, logo a resposta da estrutura depende das características do solo. Então
para a modelação é importante obter uma caracterização dos estratos de solo em que a
estrutura se encontra ligada. Devido a essa importância o EC8 (2009) estabeleceu cinco tipos
de solos, ver tabela 3.2, do tipo A até tipo E consoante o perfil estratigráfico. Estes solos são
caraterizados pelas suas propriedades mecânicas de elevada rigidez. Por isso a EC8 (2009)
criou mais dois tipos de solos, como se pode observar na tabela 3.2, tipo 𝑠1 e o tipo 𝑠2, em
que o primeiro incluiu camadas de elevado índice de plasticidade e o outro incluiu outros
tipos de solos não incluídos nos tipos já definidos, sendo este tipo de solo mas suscetível à
liquefação, podendo atingir a rotura devido à ação sísmica (Coelho, 2010).
Para definir o tipo de solo a EC8 considerou os seguintes parâmetros:
 Velocidade média das ondas sísmicas secundárias (𝜈𝑠,30 );
 Os resultados obtidos do ensaio de penetração dinâmica (𝑁𝑆𝑃𝑇 );
 Coeficiente de resistência não drenada do solo (𝑐𝑢 ).

3.33
Capitulo 3

Tabela 3.2 – Tipos de terrenos definidos pelo EC8.

3.6.3 – Caraterização da ação sísmica

A intensidade da ação sísmica depende da localização geográfica da estrutura em estudo. No


início da fase de conceção do projeto deve-se prever o tipo de comportamento sísmico que a
estrutura possuiu quando solicitada pela ação em estudo. Isto é, quando a estrutura se situa
em zonas de forte sismicidade é aconselhável optar por um comportamento dúctil, prevendo
a formação de rótulas plásticas, podendo recorrer a sistemas de isolamento sísmico ou
sistemas de dissipação de energia. Nas zonas com risco sísmico moderado pode-se optar por
uma ductilidade moderada, usando os critérios simplificados de dimensionamento (Loureiro,
2008).

3.34
Analise Sísmica

A definição da ação sísmica é dependente do tipo de solo, da zona sísmica e da fonte


sismogénica. Para a EC8 (2009) a ação sísmica é representada, em geral, por um espectro de
resposta elástico (Coelho, 2010).

3.6.3.1 – Zonas sísmicas

Portugal, incluindo a parte do território insular, encontra-se numa região da placa Euro-
Asiática que faz fronteira com a placa Africana. Essa fronteira é constituída pela falha
Açores-Gibraltar e a falha dorsal do oceano Atlântico. Devido a esta localização o território
português torna-se uma zona de sismicidade importante.
Segundo EC8 (2009) considera para análise sísmica dois tipos de sismos. Um tipo de sismo
designado por Tipo 1, a que corresponde uma ação sísmica afastada, é caraterizado por uma
forte sismicidade e grandes distâncias focais e que tem uma magnitude maior que 5,5 na
escala de Richter, e um tipo de sismo designado por Tipo 2, caraterizado por uma magnitude
menor que 5,5 na escala de Richter, a que corresponde uma ação sísmica próxima e
representa uma sismicidade moderada e pequenas distâncias focais (Santos, 2007).

Figura 3.24 – Zonas sísmicas de Portugal continental: a) ação sísmica Tipo 1; b) ação sísmica Tipo 2,
retirado de EC8 (2009).

3.35
Capitulo 3

3.6.3.2 – Representação básica da ação sísmica

Como já foi referido na EC8 (2009) a ação sísmica é representada, no geral, através de
espectros elásticos. Mas, a norma, também permite, a redução desse espectros, análises
temporais e modelos espaciais da ação sísmica.
 Espectros elásticos de aceleração
O recurso a um espectro de resposta elástico de aceleração, de acordo com EC8 (2009),
permite executar uma análise linear ao comportamento da estrutura sujeita à ação sísmica. O
espectro de resposta traduz no valor máximo da aceleração que um oscilador de um grau de
liberdade consentia quando fosse excitado por uma dada ação de caráter sísmico, com um
determinado amortecimento. Como existe uma afinidade entre os osciladores de vários graus
de liberdade e osciladores de um grau de liberdade é possível determinar os valores máximos
de resposta dos osciladores de vários graus de liberdade em espectros de resposta (Loureiro,
2008).
De acordo com a EC8 (2009), a análise por meio de espectros de resposta elástico é
executada por espectro de resposta elástico horizontal, em que se analisa a estrutura nas duas
direções ortogonais entre si de forma independente e por espectro de resposta elástico
vertical. Posteriormente, a norma, permite uma redução do espectro de resposta através de
um coeficiente de comportamento q. Essa redução pode ser feita devido a capacidade das
estruturas resistirem às ações sísmicas no campo da não-linearidade. A formulação dessas
análises está presente na EC8 (2009).

Figura 3.25 – Espectro de resposta elástico para acção Tipo 1 e Tipo 2 (Loureiro, 2008).

3.36
Analise Sísmica

 Representação Temporal (time-history)


Representação temporal consiste em simular os movimentos de aceleração na superfície do
terreno em função do tempo e das grandezas associadas (velocidade e deslocamento), através
da introdução de acelerogramas. A EC8 (2009) permite a utilização de acelerogramas
artificiais e acelerogramas registados ou simulados.
Os acelerogramas artificiais são gerados de modo a corresponderem os espectros de resposta
já definidos para a condição de 5 % de amortecimento viscoso. Para a modelação deve-se
utilizar 3 acelerogramas atuando em simultâneo, não podendo repetir o acelerograma para
duas direções horizontais.
Outro tipo de acelerograma que a EC8 (2009) permite utilizar são os acelerogramas
registados em que consiste registrar os dados de sismos já ocorridos, na zona em que se
localiza a estrutura, e aplicados na modelação.
Os acelerogramas simulados são gerados através da simulação física de mecanismos de
emissão e de leitura do seu percurso (Santos, 2007).

Figura 3.26 – Exemplo de acelerograma (Loureiro, 2008).

 Modelo Espacial para a ação sísmica


A execução da análise sísmica através de modelos espaciais, que também se pode designar
por representação com variabilidade espacial, é necessária em estruturas quando não se pode
assumir que todos os pontos das mesmas podem ter a mesma excitação. Esses modelos
espaciais devem ser consistentes com os espectros de resposta elástica já referidos. No caso
das pontes, no EC8 (2009) dispõe de procedimentos para esse tipo de representação sísmica.

3.37
Capitulo 3

3.6.4 – Modelação da estrutura

A EC8 (2009) indica que é suficiente utilizar apenas dois modelos distintos para modelação
de estruturas do tipo pontes. Uma modelação deverá ser executada no sentido do eixo do
tabuleiro, sentido longitudinal, outra no sentido perpendicular ao eixo do tabuleiro, sentido
transversal. A outra análise, ao longo do eixo dos pilares, sentido vertical, a EC8 (2009)
indica que pode ser desprezada em zonas em que o seu grau de sismicidade se situe no
intervalo de baixa a moderada. Contrariamente, em zonas de sismicidade alta, esse efeito só
deve ser contabilizado quando os pilares sofrem grandes esforços de flexão devido às ações
do tabuleiro ou quando a estrutura se localiza a menos de 5 km de uma falha tectónica.

3.6.4.1 – Massa

A EC8 (2009) determina que os efeitos da inércia da ação sísmica de cálculo devem ser
incluídos na modelação através das massas associadas a todas as forças gravíticas existentes
na estrutura. As massas podem ser incluídas no modelo da estrutura concentradas nos nós ou
continuas ao longo das barras (Coelho, 2010). Essas massas devem ser contabilizadas através
da combinação:

∑ 𝐺𝑘,𝑗 + ∑ 𝜓𝐸,𝑖 ∗ 𝑄𝑘,𝑖 (3.25)

onde os valores de 𝜓𝐸,𝑖 encontram-se na tabela 3.3

Tabela 3.3 – Valor para o parâmetro 𝝍𝑬,𝒊 .

3.6.4.2 – Coeficiente de amortecimento viscoso

O valor do coeficiente de amortecimento viscoso,ξ, é importante na simulação da ação


sísmica através de espectros de resposta. Esse coeficiente é determinado de acordo com o
material da estrutura, por isso para as pontes de betão armado o ξ = 0.05 (5%) e para as
pontes de betão pré-esforçado o ξ = 0.02 (2%). Quando a estrutura é composta por diversos
materiais a EC8 (2009) dispõe de uma fórmula para determinar o coeficiente de
amortecimento viscoso.

3.38
Analise Sísmica

3.6.4.3 – Solo

A energia do sismo é transmitida a estrutura através do solo, no caso das pontes, a ligação ao
solo, no geral, é feita por pilares e encontros. É importante dimensionar os pilares tendo em
conta a interação solo-estrutura como indicado na EC8 (2009), visto que esse efeito
contribuiu em mais de 20% no deslocamento do topo dos pilares (Santos, 2007).

3.6.4.4 – Efeitos de torção


Os efeitos de torção são fenómenos que ocorrem nas estruturas e devem ser acautelados na
fase de dimensionamento. Esses efeitos, movimentos de torção segundo o eixo vertical,
devem ser contabilizados quando a estrutura tem ângulos de viés superiores a 20º ou para
pontes onde o quociente entre a largura do tabuleiro, B, e o comprimento, L, do mesmo seja
superior a dois, isto é, 𝐵⁄𝐿 > 2,0. Em zonas de sismicidade alta deve-se evitar ângulos de
viés superiores a 45º (Santos, 2007).

3.6.4.5 – Coeficiente de comportamento

O coeficiente de comportamento, q, já referido no ponto 3.6.3.2, considera-se uma


aproximação da razão entre as forças sísmicas que estrutura ficaria sujeita se a sua resposta
fosse completamente elástica, com 5% de amortecimento, e as forças sísmicas que poderão
ser adotadas em conceção de projeto, optando por um modelo linear convencional.
Na EC8 (2009), esse coeficiente, que se encontra descrito na tabela 3.4, deve traduzir o
comportamento dúctil ou de ductilidade limitada que se pretende dar a estrutura, que deve
ser definido da forma global para a estrutura. Este comportamento é definido pela relação
global de força-deslocamento.

3.39
Capitulo 3

Tabela 3.4 – Valores máximos do coeficiente de comportamento, q.

As “loked in structures”, designado por estrutura “Loked-in”, são caraterizadas pelo seu
comportamento horizontal à ação sísmica. As massas nesse tipo de estrutura acompanham o
movimento horizontal do solo, não sofrendo assim nenhuma amplificação significativa da
aceleração horizontal. Estruturas desse tipo são caraterizadas por terem o período
fundamental muito baixo, 𝑇 ≤ 0,03 𝑠 (Kolias, 2008).
Então, de acordo com a tabela 3.4, usa-se um coeficiente de comportamento 𝑞 ≥ 1,5 quando
se quer que a estrutura tenha um comportamento dúctil. Quando se pretender obter um
comportamento de ductilidade limitada utiliza-se um coeficiente de comportamento 1 ≤ 𝑞 <
1,5 (Coelho, 2010).

3.6.4.6 – Comportamento sísmico regular e irregular de pontes

Esta distinção, comportamento sísmico regular e irregular de pontes, é baseada no fator de


redução da força final exigida, ri , que, segundo EC8 (2009), determina-se da seguinte
maneira:
MEd,i Momento devido ao sismo (3.26)
ri = q =q
MRd,i Momento resistente da secção

3.40
Analise Sísmica

Assim uma ponte apresenta um comportamento regular na direção horizontal quando:


𝑟𝑚𝑎𝑥 (3.27)
𝜌= ≤ 𝜌0
𝑟𝑚𝑖𝑛
em que 𝑟𝑚𝑎𝑥 e 𝑟𝑚𝑖𝑛 é o valor máximo e o valor mínimo, respetivamente, do fator de redução
da força final exigida, ri , e o 𝜌0 representa o valor limite definido para garantir que a
sequência de cedências ao nível dos membros dúcteis, não cause solicitações excessivamente
altas de ductilidade num único membro.
A verificação acima, pode ser dispensada se existir uma contribuição no corte, nos pilares, de
menos de 20% da força sísmica de corte total na direção horizontal (Santos, 2007). Isto é, a
ponte é classificada logo com comportamento regular. Caso uma ponte seja considerada
irregular o coeficiente de comportamento, 𝑞, deve ser alterado pelo fator de comportamento
reduzido, 𝑞𝑟 , que se determinada da seguinte maneira:
𝜌0 (3.28)
𝑞𝑟 = 𝑞 ≥ 1.0
𝜌
A EC8 (2009) também permite verificar a irregularidade de uma ponte através de análises
estáticas não lineares ou através de análises dinâmicas. Estes processos estão descritos na
norma europeia.

3.6.5 – Métodos de análise sísmica


Para a análise sísmica a EC8 (2009) possibilita a utilização de metodologias lineares e não
lineares. No campo das análises sísmicas lineares, a EC8 (2009), descreve o método do
espetro de resposta, que é o mais utilizado, e o método do modo fundamental. No outro
campo, as análises não-lineares, compreende os métodos de análise estática e análise
dinâmica (Coelho, 2010).
Neste subcapítulo irá se enunciar os métodos de análise sísmica. A sua formulação
matemática pode ser consultada na própria norma.

3.41
Capitulo 3

3.6.5.1 – Método do espetro de resposta

O método do espetro de resposta consiste num cálculo elástico da resposta dinâmica de pico
de todos os modos da estrutura. Essa resposta é obtida através da combinação estática das
contribuições modais máximas.
Então, nesse método, devem ser considerados todos os modos com contribuição significante.
Nas pontes onde a massa total M pode ser considerada pelo somatório de massas modais, Mi ,
deve-se garantir que nos modos de maior contribuição, a participação da massa (∑ 𝑀𝑖 )𝑐 , é
maior do que 90% da massa M. Mas na participação de todos os modos onde 𝑇 ≥ 0,033𝑠
seja menor que 90% da massa total, deve-se garantir a expressão 3.28:
(∑ 𝑀𝑖 )𝑐 (3.29)
≥ 0,7
𝑀
e posteriormente multiplicar os valores finais da ação sísmica por 𝑀⁄(∑ 𝑀𝑖 )𝑐 (Coelho,
2010).

3.6.5.2 – Método do modo fundamental

Outro método definido pela EC8 (2009) é o método do modo fundamental, que consiste em
obter as forças de inércia através das quais se retiram as forças sísmicas estáticas e
equivalentes. De acordo com as caraterísticas da estrutura da ponte podem ser aplicadas três
metodologias diferentes: o modelo do tabuleiro rígido, o modelo do tabuleiro flexível e o
modelo do pilar isolado. As descrições dessas metodologias estão descritas na EN 1998-3.
Para se adotar esse método, a estrutura necessita que (Coelho, 2010):
 o seu comportamento se assemelhe a um modelo com um único grau de liberdade;
 na direção transversal, a massa dos pilares não exceda 20% da massa do tabuleiro;
 a posição do seu centro de massa não exceda 5% do comprimento do tabuleiro em
relação ao centro de rigidez.

3.42
Analise Sísmica

3.6.5.3 – Análise dinâmica não-linear

Como indica o subtítulo, esta análise entra no campo das análises não-lineares, utilizando a
metodologia de análise dinâmica, previsto na EC8 (2009), como descrito no ponto 3.6.5.
Neste tipo de análises deve-se criar um modelo onde a ação sísmica seja corretamente
simulada e os resultados cuidadosamente interpretados para garantir que a modelação
executada não seja alvo de grandes erros. Por isso, é aconselhável quando se executar estas
análises recorrer a dois programas distintos, para assim detetar melhor a existência de erros
de modelação. O modelo elaborado, além de se definir as resistências dos elementos,
também deve ter em conta o respetivo comportamento pós-elástico. A utilização de análises
desse tipo em estruturas como as pontes permite obter as regiões mais frágeis da estrutura,
assim como o desempenho geral. Logo, através desse método, para além de se obter um
conhecimento da ductilidade, também se consegue determinar as deficiências que a estrutura
tem, quando submetida à ação sísmica. No entanto, trata-se de um método de enorme
complexidade, contendo algoritmos complexos, portanto trata-se de um método demoroso
(Mayur & Reddy, 2006 ).

3.6.5.4 – Análise estática não-linear – Análise pushover

A EC8 (2009) também permite a utilização de análises pushover para a modelação de uma
estrutura sujeita a ação sísmica. Essa análise encontra-se no campo das análises estáticas
não-lineares das estruturas sujeitas a forças verticais (no sentido da força gravítica)
constantes e submetidas a carregamento horizontal incrementado monotonicamente. Esses
carregamentos horizontais são acrescidos até atingir um deslocamento pretendido. A análise
pushover leva em consideração o comportamento não linear da estrutura, faz a relação entre
a resposta global da estrutura com uma estrutura equivalente de um grau de liberdade, traça
sequencialmente a cedência e colapso dos elementos e, finalmente, permite uma avaliação
adequada do desempenho sísmico para diferentes estados limites.
Os objetivos principais dessa análise são os seguintes (Bento, 2003):
 estimar a sequência e o modelo final de formação de rótulas plásticas;
 estimar a redistribuição das forças que sucedem à formação de rótulas plásticas;
 a avaliação da curva força-deslocamento da estrutura e das exigências em termos de
deformação das rótulas plásticas até atingir o deslocamento objetivo.
Na Tabela 3.5, indica-se as principais vantagens da análise referia e as suas limitações.

3.43
Capitulo 3

Tabela 3.5 – Vantagens e limitações da análise pushover (Santos, 2007).

3.7 Caso de Estudo – Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima

Após o reconhecimento das principais metodologias de análise sísmica em pontes de betão


armado, vai-se aplicar algumas dessas metodologias à Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima.
Neste ponto o estudo centra-se na análise da resposta sísmica dos vários modelos que se irá
elaborar da Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima recorrendo ao software SAP2000. O
objetivo desse estudo é perceber de que forma o comportamento da ponte se altera de acordo
com alteração dos elementos que a descrevem no programa (de elementos barra para
elementos de casca) e com a alteração do seu esquema estrutural, nomeadamente, a ligação
do apoio sul.
A ponte em estudo será discretizada recorrendo aos elementos de barra e elementos de casca,
considerando um comportamento não linear conforme indicado em 3.5.3.

3.44
Analise Sísmica

Ao conjunto de modelos executadoS será aplicada uma análise dinâmica não linear de um
acelerograma criado a partir de um espectro de resposta de tipo 2 da EC8 (2009). Esse
espetro de resposta foi criado de acordo com as caraterísticas da ponte e da sua localização.
Logo, foi criado um espectro de resposta com uma aceleração de 0,8 m/s2 (zona sísmica 2.5,
Viana do Castelo), considerando um amortecimento de 5%, solo tipo C e um coeficiente de
comportamento de 1,5. Também se criou outro acelerograma com as mesmas caraterísticas,
unicamente se alterou a zona sísmica para 2.3 que tem uma aceleração de 1,7 m/s2.

3.7.1 – Caraterização da análise dinâmica não linear

Como já foi indicado, o tipo de análise que se vai executar ao conjunto de modelos será de
caráter dinâmico e considerando a não-linearidade através de modelos com rótulas plásticas
ou através de modelos baseado em elementos de casca.
A resposta da estrutura, dada pela análise dinâmica não linear, exposta a um conjunto de
acelerações que varia ao longo do tempo (acelerograma) é obtida através da integração
numérica de equações diferenciais relativas ao movimento sísmico. O programa de cálculo
SAP2000 permite dois métodos distintos, os quais em circunstâncias ideais, no domínio do
comportamento elástico linear, resultam na mesma solução. O primeiro método consiste na
sobreposição modal designado por FNA (Fast Nonlinear Analysis) que se destina a
estruturas em que o comportamento não linear está concentrado em um ou dois graus de
liberdade, isto é, permanecem em toda a análise em regime elástico linear. O outro método,
designado por Nonlinear Direct Integration History, baseia-se na integração das equações de
movimento, permitindo a utilização de um número ilimitado de elementos não lineares
(Pereira, 2009). Neste trabalho vai se utilizar o segundo método de forma a contabilizar
todos elementos não lineares da estrutura em estudo.
O Nonlinear Direct Integration History, baseia-se num processo de integração de equações,
logo, é necessário definir-se o método de integração a adotar. Neste trabalho optou-se pelo
método de integração direta implícita de Newmark (Lapa, 1987), com os parâmetros de
convergência g e β com os valores 0,5 e 0,25, respetivamente. De forma a obter resultados
mais fiáveis, definiu-se que a análise devia ter no máximo um passo de tempo de 0,025
segundos, que é metade do passo de tempo que se definiu para a saída dos resultados da
análise.

3.45
Capitulo 3

Outro aspeto importante a definir é o amortecimento, 𝜉, a utilizar na resposta sísmica da


nossa estrutura. Em muitos casos recomenda-se a utilização de um valor de 5%, para as
estruturas de betão armado. Neste trabalho vai-se optar por um valor de amortecimento de
2%, segundo Wilson (2002), porque durante a análise, o amortecimento proporcional à
massa pode ser sobrestimando de forma irrealista devido ao uso de excitações baseadas no
deslocamento. Quando se executa a análise esta é aplicada, ao longo de todo o modelo, uma
aceleração. De acordo com o sistema estrutural, os nós ligados ao solo estão fixos e os
deslocamentos nas massas dos nós são deslocamentos relativos. Então quando são aplicados
deslocamentos nos apoios da estrutura, os deslocamentos nos nós passarão a ser
considerados como deslocamentos absolutos. Por consequência, como as forças de
amortecimento são proporcionais à velocidade absoluta, o programa introduz erros ao
amortecimento aumentando-o (Araújo, 2011).

3.7.2 – Conceção do acelerograma

Para a criação do acelerograma recorreu-se ao programa da Seismosoft designado por


SeismoArtif (2013). Este programa consegue gerar vários tipos de acelerogramas de sismos
artificiais gerados a partir de um espectro de resposta específico, utilizando diferentes
métodos de cálculo. Para este trabalho gerou-se os acelerogramas através do método
Synthetic Accelerogram Generation & Adjustment que é baseado em Halldorsson &
Papageorgiou (2005). O acelerograma artificial é definido através de um sintético,
compatível com o espetro de resposta e adaptando o seu conteúdo de frequência utilizando o
método de transformação de Fourier.
Para a criação do acelerograma artificial é necessário definir a envolvente, isto é, definir
como a intensidade do acelerograma artificial irá progredir ao longo da sua duração. Para
este capítulo utilizou-se a envolvente Saragoni & Hart (1974). A figura 3.27 ilustra-se o
acelerograma criado com uma duração de 20 segundos, com um tempo de aumento de
intensidade de 4 segundos e posteriormente 16 segundos a decrecer a intensidade.

Figura 3.27– Acelerograma criado a partir do espectro de resposta Tipo 2, da Zona Sísmica 2,5.

3.46
Analise Sísmica

Na figura 3.28 está representada a cor azul o espectro de resposta do acelerograma artificial
criado. Por outro lado, a cor vermelha e a traço contínuo está representado o espetro de
resposta Tipo 2 referente a Zona Sísmica 2.5, no meio de duas linhas e a tracejado que se
indicam a tolerância de convergência definida para a criação do respetivo espectro. Nesse
trabalho deixou-se estar o valor por defeito do programa, 0.1, como tolerância.

Figura 3.28– Espectro de resposta do acelerograma sobreposto com o espectro de resposta Tipo 2,
da Zona Sísmica 2,5.

3.7.3 – Caraterização da estrutura

A estrutura em estudo, figura 3.29, a Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima, é uma ponte com
1218 metros de desenvolvimento entre eixos nos apoios dos encontros. O seu tabuleiro é
constituído por uma laje vigada de inércia variável pré-esforçada no sentido longitudinal e
transversal (COBA, 2005). Esta ponte foi concluída em 1988 e foi projetada pelo engenheiro
Edgar Cardoso.
O tabuleiro da ponte, figura 3.32, tem a largura de 11,50 metros que corresponde a uma faixa
de rodagem com dois sentidos de 9,00 metros e com dois passeios sobrelevados com 1,25
metros incluindo a viga de bordadura (COBA, 2005).
A estrutura do tabuleiro encontra-se fixa no encontro sul, dilatando livremente na direção
longitudinal sobre os diferentes pilares e o encontro móvel que se situa a norte (COBA,
2005).
Os pilares, figura 3.30, são laminares de secção losangular, esbeltos e arredondados nas
extremidades. A altura dos pilares varia entre os 3,71 m até aos 7,13 m. Devido a sua
esbelteza e a sua ligação ao pilar, a ponte tinha um funcionamento pendular. Com a
intervenção de reabilitação e reforço realizada em 2005/2006 encastrou-se a base do pilar
retirando o coroamento e na ligação tabuleiro ao pilar a instalação rolamentos (bearing
device), figura 3.31, que permite a dilatação do tabuleiro sem a rotação dos pilares (COBA,
2005).

3.47
Capitulo 3

Figura 3.29– Vista nascente. Figura 3.30- Pilar.

Figura 3.31– Aparelho de apoio (bearing device). Figura 3.32– Vista transversal do tabuleiro.

Esta ponte é constituída por 41 vãos de 30 metros, exceto os vãos de ligação aos encontros
que tem um vão de 24 metros.
Por fim, é importante referir que esta ponte insere-se no plano nacional rodoviário no grupo
das estradas nacionais e dá continuidade a estrada nacional 305.

3.7.4 – Discretização da estrutura

Antes de proceder a discretização da ponte em vários modelos vai se referir algumas


simplificações que se irão realizar ao construir os modelos.
No caso dos encontros vão ser simplificados a apoios simples ou duplos, não assumindo
qualquer amortecimento ou dissipação de energia por parte deles. O tabuleiro, para ambos
modelos (casca ou barra) vai-se assumir sempre comportamento elástico. Na base dos pilares
vai-se assumir um encastramento perfeito evitando discretizar o solo e a interação que tem
com as estacas que apoiam as sapatas dos pilares.

3.48
Analise Sísmica

Como foi referido antes, esta ponte pertence a estrada nacional 305 e por isso classificou-se
segundo a norma europeia como Classe I. Logo, não será necessário considerar as
sobrecargas (veículos e pessoas) para a análise sísmica que se ira realizar, apenas vai
considerar-se os pesos próprios dos pilares, laje vigada do tabuleiro, passeios, faixa de
rodagem e guardas. Todas essas cargas serão aplicadas por metro linear ou por área,
conforme se trate modelo de barra ou casca, e durante a análise sísmica serão transformadas
automaticamente em massas. No caso dos pilares, em ambos modelos, aplicou-se uma carga
pontual no topo do pilar de forma a considerar 75% do peso. Essa consideração foi efetuada
no pilar porque em análises dinâmicas só cerca de 75% da altura do pilar, a contar desde a
ligação com o tabuleiro, é que consegue mobilizar massa para a respetiva análise.
Nos modelos de elementos de barra discretizou-se os pilares com elementos de barra, com
um comprimento máximo de um metro. No caso do tabuleiro, como é de inércia variável,
discretizou-se cada vão com 9 elementos de barra, atingindo no máximo quatro metros de
comprimento figura 3.33. Nos elementos de casca aproveitou-se a discretização longitudinal
do tabuleiro nos modelos de elemento de barra e no sentido transversal discretizou-se em 10
elementos de forma a coincidir os nós que delimitam as cascas com os aparelhos de apoio.
Os pilares foram discretizados em cascas de 1 m de altura por 0.60 m de largura, por se tratar
de um elemento que se vai considerar o seu comportamento não linear, figura 3.34.

Figura 3.33– Modelo da ponte em elemento de Figura 3.34– Modelo da ponte em elemento de
barra. casca.

Por fim, nos modelos em que se descritizou-se o pilar por elementos de barra, desprezou-se a
existência dos rolamentos, unindo esse elemento ao tabuleiro através de um nó. No outro
caso, elementos de casca, simulou-se os 5 rolamentos através de barras infinitamente rígidas.

3.49
Capitulo 3

3.7.4.1 – Discretização das secções

Essa discretização é necessária para os modelos de elementos de barra, visto que para esse
elemento é necessário definir uma secção para a barra. No caso dos pilares, como se vai
considerar um comportamento não linear, será ainda necessário definir as respetivas curvas
de momento-curvatura (M-C).
Um aspeto importante a definir nas secções de betão armado é o confinamento do betão.
Como foi referido em 3.5.3.2, no SAP2000, para contabilizar o fenómeno do confinamento
da secção, é necessário apenas introduzir as características da secção e respetivas armaduras.
Na figura 3.35 demonstra-se a influência do confinamento nas propriedades da secção.

10000

5000

0
-1,20E-02 -1,00E-02 -8,00E-03 -6,00E-03 -4,00E-03 -2,00E-03 0,00E+00 2,00E-03
-5000
Strain (kN/m2)

-10000
Não Confinado
-15000
Confinado
-20000

-25000

-30000

-35000
Stress

Figura 3.35– Influência do confinamento.

A ponte foi concebida e construída com betão da classe C30/37 e aço da classe S400. A
secção dos pilares dispõe de uma armadura longitudinal de Φ12 com afastamento 0,20 cm e
de uma armadura transversal de Φ8 com afastamento de 0,20 cm.
Como foi referido, as secções dos pilares adotam uma formar losangular, figura 3.38,
enquanto a secção do tabuleiro é de geometria variável ao longo do seu desenvolvimento
longitudinal, figuras 3.36 e 3.37.

3.50
Analise Sísmica

Figura 3.36– Secção do pilar com esquema de armaduras.

Figura 3.37– Vista de um pórtico. Figura 3.38– Secção do tabuleiro na ligação com o
pilar.

Para utilizar os programas SAP2000 e Seismostruct será necessário fazer uma aproximação
das secções existentes para secções mais regulares, como secções retangulares no caso dos
pilares e vigas em T no caso do tabuleiro.
No tabuleiro, como se pode observar na figura 3.37, as vigas onde apoiam a laje do tabuleiro
variam de secção nos primeiros 10 m e nos últimos 10 metros, de cada pórtico, no sentido
longitudinal. Por conseguinte, como se vai discretizar os pórticos com 9 elementos de barra,
a meio de cada barra foi-se determinar a secção que tinha o tabuleiro e simplificou-se para
uma viga em T. Esta simplificação obedeceu a regras conforme a direção da análise que se
vai efetuar. Isto é, para as análises no sentido tabuleiro, criou-se uma viga em T, para que a
sua área final fosse igual a secção original. Por outro lado, nas análises perpendiculares ao
tabuleiro, a viga em T criada obteve o mesmo valor da maior inércia da secção original. Este
último critério também foi adotado para o pilar, mas nas análises longitudinais, a secção
retangular foi criada tendo em conta a valor da menor inércia da secção original.

3.51
Capitulo 3

Figura 3.39– Simplificação da secção do pilar.

3.52
Analise Sísmica

Figura 3.40– Simplificação de uma das secções do tabuleiro.

Como já foi indicado, a não linearidade nos pilares será representada através das rótulas
plásticas. Para definir esse elemento é necessário definir as curvas M-C da secção do pilar no
sentido transversal e longitudinal. Posteriormente será necessário adaptar essas curvas
conforme descrito em 3.5.3.1. Através de uma aplicação dentro do SAP2000, section
designer, criou-se a secção transversal e longitudinal (figura 3.39). Depois com o recurso ao
método de fibras determinou-se as curvas M-C. Nas figuras 3.41 e 3.42 mostram as curvas
M-C com a sobreposição dos descritos em 3.5.3.1 necessários para definir as rótulas
plásticas no SAP2000.

3.53
Capitulo 3

Figura 3.41– Curva M-C da secção no sentido Figura 3.42 – Curva M-C da secção no sentido
longitudinal. transversal.

As áreas definidas com a cor magenta têm o mesmo valor de forma a igualar a energia
dissipada. Os pontos necessários para definir as rótulas plásticas no SAP2000 estão na tabela
3.6.
Tabela 3.6 – Pontos da definição da lei M-C do SAP2000.

Curvatura Momento
Secção Ponto
Plástica (1/m) Flector (kN.m)
A 0 0
B 0 11330
Secção
C 0,000487 24507
Transversal
D 0,006353 27167
E 0,01 27167
A 0 0
B 0 774,2
Secção
C 0,0129 1050,9
Longitudinal
D 0,1754 1179,8
E 0,25 1179,8

3.7.5 – Caraterização dos modelos

Para perceber o comportamento da ponte utilizando os elementos de barra e casca criaram-se


6 modelos, tabela 3.7, variando os elementos que os compõe e a condição de apoio no
encontro sul. Esses modelos comtemplam análises no sentido do tabuleiro e no sentido
perpendicular ao tabuleiro.

3.54
Analise Sísmica

Tabela 3.7 – Descrição dos modelos.

Modelo Descrição

M.T.B.1 Modelo para analisar no sentido perpendicular ao tabuleiro, recorrendo a


elementos de barra;

M.L.B.2 Modelo para analisar no sentido longitudinal, recorrendo a elementos de


barra;

M.T.B.3 Modelo para analisar no sentido perpendicular ao tabuleiro, recorrendo a


elementos de barra, libertando o apoio sul;

M.L.B.4 Modelo para analisar no sentido longitudinal, recorrendo a elementos de


barra, libertando o apoio sul;
Modelo para analisar no sentido perpendicular ao tabuleiro, recorrendo a
M.T.C.5
elementos de casca;

M.L.C.6 Modelo para analisar no sentido longitudinal ao tabuleiro, recorrendo a


elementos de casca;

3.7.5.1 – Validação dos modelos

Antes de se proceder às análises dinâmicas não lineares irá se realizar análises modais, em
dois programas diferentes, aos modelos M.T.B.1 e M.L.B.2 com a finalidade de calibrar os
modelos, permitindo controlar a rigidez e massa global de cada sistema. Nas figuras 3.43 e
3.44 ilustram as análises modais longitudinais e transversais, respetivamente.

Figura 3.43– Vista parcial da ponte do modo Figura 3.44– Vista parcial da ponte do modo
longitudinal. transversal.

Recorreram-se ao programa SAP2000 e Seismostruct para realizar as respetivas análises


modais. Na tabela 3.8 encontra-se o resumo dos valores dos períodos para cada direção de
análise.

Tabela 3.8 – Resumos dos períodos de modos de vibração nas duas direções.

M.T.B.1 M.L.B.2
MODELOS Período Período Período Período
(s) (s) (s) (s)
SAP2000 0,0384 0,0551 0,480 0,430
SeismoStruct 0,0382 0,0552 0,488 0,432

3.55
Capitulo 3

Como se pode observar os períodos obtidos são bastantes semelhantes o que significa que os
esquemas estruturais elaborados encontram-se bem concebidos.

3.7.6 – Influência do comprimento da rótula plástica

De acordo com o trabalho desenvolvido por Delgado (2009), inicialmente ira-se reutilizar a
abordagem da influência do comprimento da rótula plástica, quando a ponte esteja a ser
solicitada pela ação sísmica. Essa análise, será efetuada em ambos os sentidos, transversal e
longitudinal, e o comprimento da rótula plástica determinado através das expressões 3.17
(LP1), 3.18 (LP2) e 3.19 (LP3).
A expressão 3.17, que traduz o comprimento de rótula plástica em metade da altura útil, na
análise transversal supera a altura do pilar, devido às dimensões da secção. Como se trata de
um trabalho académico essa incoerência irá manter-se para analisar a consequência que traz
para as análises da influência do comprimento da rótula plástica. O mesmo se reconhece nas
restantes análises transversais que recorrem ao elemento barra para definir o pilar. Como se
está a analisar um pilar tipo parede, no sentido da maior inércia, torna-se pouco provável que
o pilar sofra de fenómenos de flexão e comportar-se como uma barra, quando se realizam
modelações deste género. O objetivo principal que se pretende atingir com estas modelações,
que partem do princípio que não correspondem ao comportamento previsto quando a
estrutura se encontra sujeita à ação sísmica, é realçar a importância da correspondência que
se deve fazer na discretização da estrutura entre as secções reais com as solicitações que irão
estar sujeitas.
As análises serão feitas com os modelos M.T.B.1 e M.L.B.2 e serão analisados os resultados
dos momentos nas rótulas plásticas, deslocamentos no topo de dois pilares e respetivos
diagramas momentos-curvaturas dos dois pilares selecionados.

3.7.6.1 – Análise transversal

Como referido anteriormente, a ponte será sujeita a uma análise dinâmica não linear e a ação
sísmica será caraterizada por um acelerograma criado a partir do espectro do EC8, como foi
descrito neste capítulo. A análise transversal é caraterizada por mobilizar a maior dimensão
da secção transversal. O primeiro parâmetro a ser analisado são os momentos nas rótulas
plásticas como indica a figura 3.45.

3.56
Analise Sísmica

7000
Momento (kN.m) 6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
P02

P12

P22
P01
P03
P04
P05
P06
P07
P08
P09
P10
P11
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P20
P21
P23
P24
P25
P26
P27
P28
P29
P30
P31
P32
P33
P34
P35
P36
P37
P38
P39
P40
M.T.B.1 LP1 M.T.B.1 LP2 M.T.B.1 LP3

Figura 3.45– Momentos nas rótulas plásticas M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo

A resposta sísmica nas rótulas plásticas, é bastante semelhante para os diferentes


comprimentos de rótulas plásticas. No entanto, existe uma ligeira variação dos valores
quando se analisa os valores máximos. Através deste gráfico, figura 3.45, selecionou-se o
pilar P20 e P36, para analisar em pormenor deslocamentos e diagramas momentos-curvatura.
Considerou-se o P20 por ser pilar com maior momento que se encontra no leito do rio e o
P36 por ser o pilar com maior momento mais próximo do apoio norte.
Nas figuras 3.46 e 3.47, encontram-se descritas as respostas sísmicas dos deslocamentos no
topo dos pilares P20 e P36 respetivamente.

0,3
Deslocamento (mm)

0,2
0,1
0 M.T.B.1 LP1
-0,1 M.T.B.1 LP2

-0,2 M.T.B.1 LP3

-0,3
0 5 10 15 20
Tempo (s)

Figura 3.46– Deslocamentos no topo P20 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.

3.57
Capitulo 3

Deslocamento (mm) 0,3


0,2
0,1 M.T.B.1 LP1

0 M.T.B.1 LP2
-0,1 M.T.B.1 LP3
-0,2
-0,3
0 5 10 15 20
Tempo (s)

Figura 3.47– Deslocamentos no topo P36 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.

No seguimento da análise efetuada para os momentos na base dos pilares, os deslocamentos


seguem o mesmo comportamento. Ao longo do tempo os valores são semelhantes em ambos
os modelos, havendo pequenas diferenças quando se analisa os valores máximos.
Nas próximas figuras, 3.48 e 3.49, apresenta-se a relação momento-curvatura das rótulas
plásticas para os pilares em estudo.

7000
5000
Momento (kN.m)

3000
1000
M.T.B.1 LP1
-1000
M.T.B.1 LP2
-3000
M.T.B.1 LP3
-5000
-7000
-6E-08 -4E-08 -2E-08 -4E-22 2E-08 4E-08 6E-08

Cuvartura (1/m)

Figura 3.48 – Diagrama momento-curvatura P20 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo.

3.58
Analise Sísmica

3000
2000
Momento (kN.m)

1000
0 M.T.B.1 LP1
-1000 M.T.B.1 LP2
-2000 M.T.B.1 LP3
-3000
-3E-08 -2E-08 -1E-08 -2E-22 1E-08 2E-08 3E-08
Cuvartura (1/m)

Figura 3.49 – Diagrama momento-curvatura P36 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo.

Devido a intensidade sísmica ser muito baixa os diagramas momentos-curvatura são lineares,
isto é, não houve esforço suficiente para “ativar” as propriedades não lineares da secção.

3.7.6.2 – Análise longitudinal

Após concluído o estudo no sentido perpendicular ao tabuleiro, vai-se efetuar o mesmo


procedimento para o sentido longitudinal. Seguindo a metodologia utilizada em 3.7.6.1
apresenta-se na figura 3.50 os momentos nas rótulas plásticas.

1000
Momento (kN.m)

800

600

400

200

0
P20
P22
P24
P26
P28
P30
P32
P01
P02
P03
P04
P05
P06
P07
P08
P09
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P21
P23
P25
P27
P29
P31
P33
P34
P35
P36
P37
P38
P39
P40

M.L.B.2 LP1 M.L.B.2 LP2 M.L.B.2 LP3

Figura 3.50 – Momentos nas rótulas plásticas M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo

3.59
Capitulo 3

Na direção longitudinal o comprimento de rótula plástica de LP2 e LP3 são maiores que o
dobro do comprimento de rótula plástica de LP1. Apesar dessa diferença, os valores de
momento são bastantes semelhantes. O mesmo se pode concluir quando analisamos os
deslocamentos nos topos dos pilares P29 e P20 como indicam as figuras 3.51 e 3.52. A
escolha desses pilares obedeceu ao critério indicado no em 3.7.6.1.

7
Deslocamento (mm)

5
3
1
M.L.B.2 LP1
-1
-3 M.L.B.2 LP2
-5
M.L.B.2 LP3
-7
0 5 10 15 20
Tempo (s)

Figura 3.51 – Deslocamentos no topo P20 do M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.

4
Deslocamento (mm)

0 M.L.B.2 LP1

-2 M.L.B.2 LP2
M.L.B.2 LP3
-4
0 5 10 15 20
Tempo (s)

Figura 3.52 – Deslocamentos no topo P29 do M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.

Nas próximas figuras, 3.53 e 3.54, ilustram-se os diagramas momentos-curvaturas dos


pilares P20 e P29 respectivamente.

3.60
Analise Sísmica

1000
800
Momento (kN.m) 600
400
200
0 M.L.B.2 LP1
-200 M.L.B.2 LP2
-400
-600 M.L.B.2 LP3
-800
-1000
-0,003 -0,002 -0,001 0 0,001 0,002 0,003 0,004
Curvatura (1/m)

Figura 3.53 – Diagrama momento-curvatura P20 do M.L.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo.

900
Momento (kN.m)

400
M.L.B.2 LP1
-100 M.L.B.2 LP2
M.L.B.2 LP3
-600

-1100
-0,002 -0,0015 -0,001 -0,0005 0 0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025 0,003
Curvatura (1/m)

Figura 3.54 – Diagrama momento-curvatura P29 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo.

Os diagramas momento-curvatura para ambos modelos apresentam momentos máximos


bastantes semelhantes, mas o modelo LP1 apresenta curvaturas plásticas diferentes. Isto é,
conforme se diminuiu o comprimento de rótula plástica aumentam as curvaturas plásticas na
secção. Em suma, as conclusões enunciadas por Delgado (2009).

3.7.7 – Influência da ligação do apoio sul

A ponte encontra-se simplesmente apoiada no encontro norte mas duplamente apoiada no


encontro sul. Este esquema estrutural, leva que maior parte dos esforços, sejam
encaminhados para aquele apoio em comparação com os pilares. Nas modelações M.T.B.3 e
M.L.B.4 vai-se alterar o apoio sul para simplesmente apoiado e analisar que consequências
trazem para a estrutura, nomeadamente para os pilares.

3.61
Capitulo 3

Nesta fase optou-se por modelar unicamente com o comprimento de rótula plástica LP3 que
garante resultado bastante fidedigno para ambas direções.

3.7.7.1 – Análise transversal

Na análise transversal, vai-se recorrer à intensidade sísmica do concelho de Lisboa, de forma


a explorar melhor as propriedades não lineares do modelo. Seguindo a metodologia do ponto
anterior apresenta-se na figura 3.55 a resposta sísmica na base dos pilares em comparação
com o modelo M.T.B.1 LP3.

12000
10000
Momento (kN.m)

8000
6000
4000
2000
0
P01
P02
P03
P04
P05
P06
P07
P08
P09
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P20
P21
P22
P23
P24
P25
P26
P27
P28
P29
P30
P31
P32
P33
P34
P35
P36
P37
P38
P39
P40
M.T.B.1 LP3 M.T.B.3 LP3

Figura 3.55 – Comparação dos momentos nas rótulas plásticas entre M.T.B.1 LP3 e M.T.B.3 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Lisboa.

Observando a figura 3.56, pode-se concluir que, permitir deslocamentos ao longo do


tabuleiro no encontro sul, pouco afeta na resposta sísmica da estrutura. Existe em alguns
pilares uma ligeira diferença, mas na generalidade dos pilares os valores de momento são
semelhantes para ambos modelos.

0,5
Deslocamento (mm)

0,3
0,1
-0,1 M.T.B.3 LP3
-0,3 M.T.B.1 LP3
-0,5
0 5 10 15 20
Tempo (s)

Figura 3.56 – Comparação dos deslocamentos no topo P20 M.T.B.1 LP3 e M.T.B.3 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Lisboa.

3.62
Analise Sísmica

3.7.7.2 – Análise longitudinal

Para esta análise recorreu-se, uma vez mais, à intensidade sísmica do concelho de Viana do
Castelo. Conforme a análise transversal, neste ponto vai-se utilizar modelos com o
comprimento de rótula plástica LP3. Na próxima figura, 3.57, encontra-se uma comparação
de momentos nas rótulas plásticas, entre os modelos M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, após
serem submetidos a um acelerograma já indicado nesse trabalho.

1000

800
Momento (kN.m)

600

400

200

0
P05

P20
P01
P02
P03
P04
P06
P07
P08
P09
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P21
P22
P23
P24
P25
P26
P27
P28
P29
P30
P31
P32
P33
P34
P35
P36
P37
P38
P39
P40
M.L.B.2 LP3 M.L.B.4 LP3
Figura 3.57 – Comparação dos momentos nas rótulas plásticas entre M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.

Ao permitir transladações ao longo do tabuleiro no encontro sul os pilares mais próximos


tiveram um acréscimo considerável de esforços. Nos restantes pilares, os valores de
momentos são semelhantes. De forma a compreender melhor o aumento de esforço nos
pilares mais próximos do encontro sul, na figura 3.58, compara-se a resposta sísmica do pilar
P05 dos modelos em estudo.

2
Deslocamento (mm)

1,5
1
0,5
0 M.L.B.4 LP3
-0,5 M.L.B.2 LP3
-1
-1,5
-2
0 5 10 15 20
Tempo (s)

Figura 3.58 – Comparação dos deslocamentos no topo P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.

Em termos de deslocamentos existe uma diferença nas respostas, em alguns instantes existe
um aumento de mais de 50%. Mas apesar desse aumento de esforços e deslocamentos, o
pilar P05 teve unicamente comportamento linear, como se pode observar na figura 3.59.

3.63
Capitulo 3

900
700
500
300
Momentos (kN.m)

100
-100 M.L.B.4 LP3
-300 M.L.B.2 LP3
-500
-700
-900
-2E-06 -0,000001 0 0,000001 2E-06
Curvatura (1/m)

Figura 3.59 - Comparação dos diagramas momento-curvatura P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, para
um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.

Apesar do comportamento linear da rótula plástica, pode-se observar um aumento de


curvaturas e momentos por parte do M.L.B.4 LP3.
Antes de passar para o estudo de outros modelos, vai-se aumentar a intensidade sísmica para
o concelho de Lisboa e estudar a evolução dos esforços no pilar P05, e verificar se a rótula
obtêm um comportamento histerético.

6
Deslocamento (mm)

4
2
M.L.B.4 LP3
0
-2 M.L.B.2 LP3
-4
-6
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.60 – Comparação dos deslocamentos no topo P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Lisboa.

Na figura 3.61 identificou-se acréscimos de deslocamento superiores a 50% como se


observou param a intensidade de Viana do Castelo.

3.64
Analise Sísmica

900

Momentos (kN.m)
600
300
0
M.L.B.4 LP3
-300
-600 M.L.B.2 LP3
-900
-0,003 -0,002 -0,001 0 0,001 0,002 0,003
Curvatura (1/m)

Figura 3.61 - Comparação dos diagramas momento-curvatura P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, para
um sismo Tipo 2 em Lisboa

Com o aumento da intensidade, as rótulas plásticas tiveram um comportamento não linear,


como se pode observar na figura 3.61. Logo, também se regista aumento dos momentos e
curvaturas em relação à intensidade de Viana do Castelo, mas os momentos máximos entre
modelos continuam a ser semelhantes.
Em suma, pode-se refletir que esse tipo de alteração estrutural no apoio interfere mais na
deformação dos pilares da estrutura do que nos esforços. Isso deve-se a quantidade de pilares
que tem a ponte que permite uma redistribuição dos esforços.

3.7.8 – Modelos de casca

Neste ponto vai-se estudar a resposta sísmica de modelos elaborados por elementos de casca,
M.T.C.5 e M.L.B.6, e comparar com as respostas dos modelos anteriores. As cascas dos
pilares vão ser modeladas recorrendo às layered shell, 3.5.3.3, para considerar o
comportamento não linear dos materiais, ao contrário do tabuleiro, que vai ser modelado
com elementos de cascas normais, considerando apenas comportamento linear. Também ira-
se recorrer à modelação do tabuleiro rígido, conforme foi realizado no ponto anterior.

3.7.8.1 – Análise transversal

Nestes modelos de cascas vai-se analisar unicamente as respostas sísmicas em


deslocamentos. Na figura 3.62, pode-se comparar as respostas sísmicas do modelo de barra e
de casca. Apesar de conter uma rótula plástica na sua base, o modelo de barra, é aquele que
obtém uma resposta com valores mais baixos. Com valores superiores aparece o M.T.C.5.

3.65
Capitulo 3

1,5
1
Deslocamento (mm)

0,5 M.T.C.7
0
-0,5
-1
-1,5 M.T.B.1 LP3
-2
0 5 10 15 20
Tempo (s)

Figura 3.62 – Comparação dos deslocamentos no topo P20 entre M.T.C.5 e M.T.B.1 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Lisboa.

Seguidamente, apresentam-se dois mapas relativos aos esforços de corte, figura 3.63, e à
tensão ao longo do pilar, figura 3.64. Ao analisar essas figuras, percebe-se que os esforços
são distribuídos ao longo do pilar através de uma “escora”, como se pode observar através do
contraste das cores. Quando existem elementos de elevada rigidez de um lado e do outro
lado com uma rigidez pouco significante, o seu comportamento, na direção de maior inércia,
será através do fenómeno de corte e não de flexão. Neste caso, se o pilar atingisse a sua
rutura, seria na zona onde se situa a “escora”. Pode-se sugerir, que para a análise transversal,
os modelos de casca caraterizam melhor o comportamento desses elementos ao contrário dos
elementos de barra, onde é necessário inserir uma rótula plástica o que leva a um
comportamento por flexão.

Figura 3.63 – Esforços de corte no pilar P20, Figura 3.64 – Tensões no pilar P20, M.T.C.5, aos
M.T.C.5, aos 11,15 segundos. 11,15 segundos.

3.7.8.2 – Análise longitudinal

Na figura 3.65, apresenta-se a comparação dos modelos M.L.B.2. LP3 e M.L.C.6. O modelo
de casca, M.L.C.6., obtêm deslocamentos máximos aproximados aos do modelo de barra.
Através deste gráfico pode-se concluir que o modelo de barra é aceitável para modelar a
ponte no sentido longitudinal.
3.66
Analise Sísmica

15
10
Deslocamento (mm)

5 M.L.C.6
0
-5 M.L.B.2 LP3

-10
-15
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.65 – Comparação dos deslocamentos no topo P29 entre M.L.C.6 e M.L.B.2 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Lisboa.

Ao analisar as próximas figuras, figura 3.66 e figura 3.67, conclui-se que nessa direção
obtêm-se um comportamento de flexão. Se não fosse a transmissão de esforços pontuais por
parte dos aparelhos de apoio, a evolução das cores surgia paralelamente ao topo do pilar.
Apesar disso, é fácil observar a variação dos esforços ao longo da altura do pilar, que na
realidade resultava em fendas de flexão. Em suma, pode-se afirmar que este modelo de casca
consegue representar, com bastante segurança, o comportamento longitudinal da ponte. Mas
de forma a economizar tempo e instabilidade de cálculo, pode-se recorrer aos elementos de
barra para a modelação da ponte, sem por em causa os resultados finais.

Figura 3.66 – Tensões nas armaduras Figura 3.67 – Momentos no pilar P29, M.L.C.6,
longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6, aos 15,05 aos 15,05 segundos.
segundos.

3.7.9 – Influência dos aparelhos de apoio

Outra das formas de interferir na resposta da estrutura à ação sísmica é alterando ou


colocando um aparelho de apoio. A colocação de aparelhos de apoio, nomeadamente, os
aparelhos de borracha, leva a um melhor controlo da frequência da estrutura. Neste ponto,
vai-se colocar aparelhos de apoio do tipo elastoméricos no último modelo estudado,
M.L.C.6, de forma a reduzir a frequência do primeiro modo para 0.65 Hz (uma redução de
65%).

3.67
Capitulo 3

3.7.9.1 – Pré dimensionamento do aparelho elastoméricos

A frequência de 0.65 Hz será utilizada determinar a rigidez necessária dos aparelhos. Essa
rigidez será determinada através de uma análise elástica linear que irá estabelecer uma
correspondência da ponte em estudo a um sistema de um grau de liberdade recorrendo a
expressão 3.30 (Loureiro, 2008).
(3.30)
1 𝐾
𝑓= √
2𝜋 𝑚

Massa [m] (ton) 19742


Frequência [f] (Hz) 0,65
Rigidez [f] (kN/m) 329274

A expressão 3.31 determina a rigidez da estrutura, já determinada pela equação 3.30. A


rigidez dos pilares é determinada pela expressão 3.32, considerando que estes são um
modelo de barra encastrada-rotulada (Loureiro, 2008).
1 (3.31)
𝐾=
1 1
+
𝐾𝑚 𝐾𝑝

1 1
Em que 𝐾 é a rigidez total da estrutura, 𝐾 a rigidez total dos 40 pilares e 𝐾 rigidez total dos
𝑝 𝑚

200 aparelhos de apoio.


𝐾𝑃 =
3𝐸𝐼 (3.32)
𝐿3

O parâmetro 𝐸 representa o módulo de elasticidade, 𝐼 a inércia da secção do pilar e 𝐿 a altura


do pilar.
Sendo assim determinou-se um 𝐾𝑚 de 378650 kN/m. Distribuindo linearmente pelos 200
aparelhos, a rigidez de cada aparelho fica com o valor de 1894 kN/m.
Através das tabelas da FIP INDUSTRIALE e selecionou-se o aparelho de apoio LBR-S
500/100-110 com uma rigidez horizontal de 1940 kN/m no sentido longitudinal.

3.68
Analise Sísmica

3.7.9.2 – Análise longitudinal

Através da figura 3.68 conclui-se que a introdução do aparelho de apoio LBR na ligação
entre pilar e tabuleiro afetou a resposta sísmica do pilar, em relação às análises anteriores.
Para além de a frequência ser menor em relação aos outros modelos, os deslocamentos
diminuíram bastante em relação aos modelos de barra e casca, analisados anteriormente, sem
os aparelhos de apoio.

20
15
Deslocamento (mm)

10 M.L.C.6
5
0 M.L.C.6 LRB
-5
-10 M.L.B.2 LP3
-15
-20
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.68 – Comparação dos deslocamentos no topo P29 entre M.L.C.6, M.L.C.6 LRB e M.L.B.2
LP3, para um sismo Tipo 2 em Lisboa

Nas figuras 3.69 e 3.70, relativos às tensões das armaduras longitudinais, pode-se observar
numa diminuição das tensões no pilar P29 do M.T.C.6 LRB. Na base do pilar, essa
diminuição foi cerca de 50%. É importante destacar a diminuição das tensões no local de
ligação do aparelho de apoio ao pilar.

Figura 3.69 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6, instante 15,05 segundos.

3.69
Capitulo 3

Figura 3.70 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6 LRB, instante 15,05
segundos.

Por fim, é importante referir, que a frequência do primeiro modo ficou em 0,68 Hz.

3.70
Avaliação de Segurança Sísmica

4
AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA SÍSMICA

4.1 Introdução
Após a modelação da estrutura, ação sísmica sob a estrutura, e do comportamento dos
materiais resta conhecer se a estrutura reúne as condições de segurança, ao aplicar todas
essas variáveis num único modelo, de modo a garantir a preservação de vidas humanas e
minimização dos danos materiais na ocorrência de um evento sísmico. Então torna-se
importante dotar a conceção e dimensionamento de estruturas que se localizam em regiões
de alta sismicidade, de metodologias de avaliação apropriadas que garantem boas margens
de segurança. Como já foi referido neste trabalho, a evolução dos regulamentos e de suas
metodologias de avaliação é acompanhada pela evolução da capacidade de processamento
dos computadores, resultando de um melhoramento das estruturas quando sujeita a uma ação
sísmica (Delgado, 2009).
Apesar das evoluções referidas, atualmente, ainda se utiliza métodos de dimensionamento à
ação sísmica lineares que, posteriormente, os seus resultados podem ser corrigidos para
contabilizar o comportamento não linear da estrutura. Mas quando se trata de estruturas mais
sensíveis à ação em estudo, ou estruturas que apresentam um comportamento irregular, ou
que estejam localizadas próximas de uma falha geológica é necessário recorrer a
metodologias mais rigorosas.
Como já foi aqui exposto, Portugal, detém um parque extenso de obras de arte em betão
armado muito importante para a rede viária e ferroviária nacional. Atualmente existem
muitas obras de arte com aproximadamente meio século de vida útil, logo foram concebidas
com normas estruturais antigas. Algumas dessas estruturas apresentam um considerável nível
de deterioração, pondo em causa a sua segurança estrutural e a sua funcionalidade. Então, é
aconselhável, que essas obras de arte sejam alvo de inspeções e seguidamente de avaliações
de segurança (Coelho, 2010).
O comportamento de estruturas sujeitas à ação sísmica é bastante complexo. Pois, a própria
ação e também a irregularidade que as estruturas apresentam são alguns dos motivos. Logo,
isso implica que as avaliações de segurança sejam apropriadas à estrutura que se está a
estudar e à localização, porque esse parâmetro determina a intensidade da ação sísmica.
Devido a esse fator existem vários tipos de metodologias de avaliação de segurança sísmica
que podem ser agrupados em níveis de complexidade, como indicado na tabela 4.1.

4.1
Capitulo 4

Tabela 4.1 - Esquema geral dos cinco níveis de avaliação de segurança, adaptado de COST345
(1998).

Como se pode observar na tabela 4.1, existem cinco níveis relativos à classificação de
metodologias de análise e avaliação de pontes. O nível 1, é o de menor complexidade e vai
crescendo até ao nível 5, onde o procedimento para uma avaliação de segurança é mais
complexo.
Conforme alguns autores, Delgado (2009), Monteiro et al. (2009) e Cruz (2008) pode-se
considerar dois tipos de procedimentos de avaliação de segurança sísmica, figura 4.1.
Quando se pretende uma avaliação mais fiável, rigorosa e para aplicar em estruturas
irregulares, opta-se pelos métodos probabilísticos. Pelo contrário, quando só é necessário
obter um estudo mais expedito, opta-se por métodos simplificados, ou seja, em metodologias
mais diretas, com base em deslocamentos estimados por expressões simples e obtidas a partir
das caraterísticas geométricas da estrutura (Coelho, 2010). Ao longo deste capítulo vai-se
descrever os aspetos principais dessas metodologias de avaliação de segurança sísmica.

4.2
Avaliação de Segurança Sísmica

Avaliação de Segurança Sismica

Métodos Probabilísticos/
Métodos Simplificados
Semi-Probabilísticos

Coeficientes Parciais
Segurança
Baseada dos
deslocamentos
Baseada no
Hipercubo Latino

Baseada em curvas
de fragilidade

Baseada em funções
de vulnerabilidade

Figura 4.1 – Organograma das principais metodologias para a avaliação de segurança, adaptado
Coelho (2010).

A avaliação de segurança sísmica de uma estrutura através de uma metodologia


probabilística permite determinar a probabilidade de ruína da mesma, que poderá ser
definida no global, para toda a estrutura, ou por elemento da mesma. Apesar dos diferentes
métodos probabilísticos que existem atualmente, a avaliação de segurança é comum e parte
pelo conceito de determinar a probabilidade de ruína. As diferenças que se destacam nas
metodologias são: as incertezas na determinação da ação sísmica e propriedades dos
materiais. São nessas diferenças que se situam os maiores problemas da segurança sísmica
de estruturas, a descrição da capacidade estrutural e da exigência, sobretudo na propagação
do dano pelos elementos. A probabilidade de ruína é determinada através das funções que
caraterizam a resistência estrutural da estrutura em estudo e a exigência da ação sobre a
estrutura (Marques & Delgado, 2012).
Antes de descrever essas metodologias, irá fazer-se uma breve referência dos critérios de
verificação descritos na EC8 (2009) e as metodologias desenvolvidas no âmbito da FEMA
(Federal Emergency Management). As metodologias da FEMA surgiram a meados do século
XX, com uma preocupação da sociedade e governo dos Estados Unidos da América de
forma a prevenir e atenuar os prejuízos causados pelos desastres naturais.

4.3
Capitulo 4

Na parte final deste capítulo irá aplicar-se, na ponte já utilizada no capítulo anterior, a
metodologia probabilística através de funções de vulnerabilidade.

4.2 Critérios de Verificação do EC8, parte II


De acordo com a EC8 (2009), as estruturas devem ser dimensionadas para dois níveis de
exigência: os estados limites últimos e os estados limites de utilização. Para além desses
níveis é importante classificar a classe de importância da ponte, que está descrita na tabela
3.1, do capítulo anterior.
Seguindo a mesma norma, deve-se conceber as pontes de modo a estas apresentarem um
comportamento dúctil ou de ductilidade limitada quando sujeitas a uma ação sísmica, de
acordo com o local e tipo de estrutura que se está a projetar. Esses comportamentos podem
ser adotados pela escolha do coeficiente de comportamento referido no ponto 3.6.4.5 do
presente trabalho. Mas o parâmetro da ductilidade deve ser sempre verificado através de
regras específicas, que verificam os deslocamentos e as rotações das rótulas plásticas
(Santos, 2007).
Assim, neste subcapítulo vai-se fazer uma breve descrição dos critérios básicos de
verificação que a EC8 (2009) indica quando uma ponte se encontra sujeita a uma ação
sísmica.

4.2.1 – Comportamento dúctil

Um comportamento dúctil de uma estrutura traduz-se na sua capacidade de dissipar uma


parte significante da energia quando se encontra sobre ações sísmicas. Essa dissipação faz-se
através da deformação da estrutura, figura 4.2, ao longo do evento sísmico e da formação de
rótulas plásticas. Então, após cedência do primeiro elemento, a estrutura passa a exibir um
comportamento plástico, isto é, consegue atingir deslocamentos mais elevados para um nível
de tensão constante ao contrário do regime anterior.

Figura 4.2 – Rigidez dos elementos dúcteis (Santos, 2007).

4.4
Avaliação de Segurança Sísmica

As rótulas plásticas surgem, sobretudo, ao nível dos pilares. Essas zonas devem ser locais de
fácil acesso para inspeção e reparação. Segundo a norma em estudo, deve-se evitar formação
de rótulas plásticas em zonas onde o esforço normal reduzido, 𝜂𝑘 , equação 4.1, seja superior
ao valor de 0,4.
𝑁𝐸𝑑 (4.1)
𝜂𝑘 =
𝐴𝑐 ∗ 𝑓𝑐𝑘

Em que:
𝑁𝐸𝑑 - o esforço axial actuante de compressão;
𝐴𝑐 - a área de betão da secção transversal;
𝑓𝑐𝑘 - valor caraterístico da tensão de rotura do betão.
A EC8 (2009) indica que no momento da cedência de uma ponte com comportamento dúctil
a sua relação global força-deslocamento deve exibir um patamar de força significante e deve
assegurar uma energia de dissipação histerética pelo menos cinco ciclos de deformação
inelástica (Santos, 2007).

4.2.2 – Comportamento de ductilidade limitada

O comportamento de ductilidade limitada, a EC8 (2009) refere que não é necessário existir o
patamar expresso no subcapítulo anterior e também é desnecessário a existência de uma
região de cedência com uma redução significativa de rigidez.

4.2.3 – Controlo de deslocamentos

Quando se realizam análises lineares, o critério de verificação que a EC8 (2009) indica, para
além da verificação de resistência expressa no ponto 2.4.3 da norma, é o controlo dos
deslocamentos. O deslocamento de dimensionamento sísmico é determinado pela equação
4.2.
𝑑𝐸 = ±𝜂 ∗ 𝜇𝑑 ∗ 𝑑𝐸𝑒 (4.2)
Em que 𝑑𝐸𝑒 traduz o deslocamento sísmico que resulta da análise elástica, o 𝜂 representa o
factor de correcção do amortecimento e 𝜇𝑑 a ductilidade do deslocamento. Se 𝑇 ≥ 𝑇0 =
1,25𝑇𝐶 então pode-se optar por 𝜇𝑑 = 𝑞. Se acontecer ao contrário, 𝑇 ≤ 𝑇0 , então tem que se
determinar 𝜇𝑑 através da equação 4.3.
(𝑞 − 1)𝑇0 (4.3)
𝜇𝑑 = − 1 ≤ 5𝑞 − 4
𝑇

Em que 𝑇 represente o período fundamental.

4.5
Capitulo 4

4.2.4 – Controlo das rotações

No caso das análises não lineares, a EC8 (2009), obrigada a realização do controlo das
rotações, como indicado figura 4.3, através da equação 4.4.

Figura 4.3 – Rotação última da rótula (Santos, 2007)


𝜃 = 𝜃𝑦 − 𝜃𝑝 (4.4)
Em que:
𝜃𝑦 – rotação de cedência
𝜃𝑝 – capacidade de rotação plástica
𝐿𝑝 – comprimento da rótula plástica em fase de plastificação
As rotações últimas em rótulas plásticas têm que ser inferiores à capacidade de resistência
em elementos dúcteis, como indica a equação 4.5.
𝜃𝑝,𝐸 ≤ 𝜃𝑝,𝑑 (4.5)
Em que:
𝜃𝑝,𝑢
𝜃𝑝,𝑑 = 𝑌 com o coefiente de segurança 𝑌𝑅,𝑝 = 1,40 (Kolias, 2008);
𝑅,𝑝

𝜃𝑝,𝑢 – capacidade de rotação última obtida através de testes ou através de curvaturas últimas.

4.2.5 – Considerações finais de conceção e dimensionamento

A ação sísmica deve ser sempre considerada na fase de conceção de projeto ou de


reabilitação e reforço de uma ponte existente, mesmo que a ocorrência dessa ação seja de
intensidade moderada. Essa consideração deve estar inserida nas análises da estrutura, no
dimensionamento dos elementos da estrutura e finalmente nos processos construtivos, como
disposição de armaduras, no caso das pontes em betão armado, ou nas ligações entre perfis,
no caso das pontes metálicas.
Deve ser dada especial atenção às estruturas que se localizam em zonas de forte sismicidade.
Nessas situações deve-se optar por estruturas dúcteis e prever a formação de rótulas plásticas
e é aconselhável a utilização de sistemas de isolamento sísmico ou de dissipação de energia
(Coelho, 2010).

4.6
Avaliação de Segurança Sísmica

4.3 Metodologia da Federal Emergency Management Agency (FEMA)


Algumas zonas do território dos Estados Unidos da América (EUA) são caraterizadas pela
sua forte atividade sísmica, pelos furacões e outros fenómenos desse tipo. Para além disso,
no contexto geopolítico, são um país muito vulnerável a ataques terroristas. São estas razões
que levam o governo dos EUA a criar e manter a FEMA como organismo pertencente ao
Departamento de Segurança Interna. A partir dos anos 30, após a grande depressão de 1929,
essa agência ganhou mais importância. Do século passado, século XX, importa destacar os
sismos do Alasca de 1964, o de Illinois 1968 e o sismo do San Fernando de 1971, foi a partir
desses sismos que a sociedade civil e as próprias autoridades, tomaram a consciência que
país estava vulnerável a esse fenómeno natural e logo decidiram aumentar as políticas para
esses assuntos e atenuar os efeitos negativos que os sismos provocam. Então, após essa
decisão e 13 anos de estudos e trabalho saíram os documentos, FEMA-273 (1997) e FEMA
274 (1997) com vista a orientar o dimensionamento de estruturas, de modo a limitar uma
faixa de danos expectáveis para um nível de intensidade sísmica. Mas passados alguns anos,
em 2000, esses documentos são substituídos por os FEMA 356 (2000) e FEMA 357 (2000),
sendo já considerados regulamentos para dimensionamento e reabilitação de estruturas à
ação sísmica (Delgado, 2009).
Os primeiros procedimentos de avaliação de segurança sísmica, com o caráter de fiabilidade
probabilística, surgiram no âmbito de um programa entre a FEMA e SAC que editaram
FEMA-350 (2000) e FEMA-351 (2000). O SAC representa um conjunto de três instituições,
que são as seguintes: Structural Engineers Association of California, Applied Technology
Council e California Universities for Research in Earthquake Engineering (Delgado, 2009).
Os autores Cornell et al. (2002), Jalayer e al. (2004), e por fim Hamburger et al (2003)
definiram alguns passos para determinar o comportamento estrutural de uma estrutura, que
são os seguintes, (Delgado, 2009):
 Realizar uma análise à estrutura para calcular o máximo drift exigido entre pisos
para um sismo de dimensionamento com uma determinada probabilidade de
excedência;
 Selecionar o fator de exigência (𝛾) e o fator de resistência (∅) a partir de tabelas
fornecidas pelos critérios de dimensionamento presentes nos regulamentos dos EUA;
 Determinar a capacidade resistente global em termos de drift entre piso para a
estrutura (global interstory drift capacity), baseada na sua configuração como
indicado nos critérios de dimensionamento;

4.7
Capitulo 4

 Determinar a capacidade resistente local em termos de drift entre piso para a


estrutura (local interstory drift capacity), baseada no tipo de ligações existentes na
estrutura;
 Calcular a razão entre exigência e a capacidade (γ), indicada pela equação 4.6,
envolvendo os respetivos fatores anteriormente selecionados, para a estabilidade
global e para o comportamento local das ligações, usando o drift entre pisos como o
parâmetro de resposta estrutural para as exigências (𝐷) e capacidades (𝐶);
𝛾𝐷 (4.6)
𝜆=
∅𝐶
 A partir de documentos de dimensionamento, determinar o nível de confiança
associado ao valor de 𝛾 anteriormente calculado, isto é, a capacidade da estrutura de
atingir o nível de desempenho desejado;
 Aumento da ductilidade devido a extensão para a qual se obtém a tensão máxima e
através do incremento do valor da extensão última.
Os objetivos dos autores com a indicação destes passos é simplificarem os procedimentos
indicados neste subcapítulo e apresentá-los de uma forma mais prática para a aplicação em
projeto corrente. Então, através dos fatores indicados, que relacionam as exigências com as
resistências, permite efetuar uma análise do nível de confiança que uma estrutura gozará
quando atingir um desempenho desejado (Delgado, 2009).

4.4 Metodologia Simplificada Baseada nos Deslocamentos


Este método de avaliação de segurança sísmica consiste em determinar a vulnerabilidade da
estrutura através da análise da curva de exigência com a curva de capacidade. A curva de
exigência traduz os deslocamentos máximos impostos por uma determinada ação sísmica,
enquanto a curva de capacidade representa os deslocamentos máximos disponíveis conforme
a capacidade e características da estrutura. O objetivo deste método é prever, quando uma
estrutura estiver sob ação de um determinado sismo, o desenvolvimento dos danos conforme
um estado limite e conforme o tipo de ponte que se esta a estudar (Delgado, 2009).
Este método que se irá abordar neste capítulo é baseado em estudos para edifícios,
desenvolvidos por Calvi (1999) e Galaister e Pinho (2003). Outra base a esse método é as
metodologias baseadas em deslocamentos, designadas por “displacement-based aproach”
que irão fundamentar melhor a avaliação de vulnerabilidade da estrutura em estudo. Dessas
metodologias destacam-se os seguintes estudos: Paulay e Priesley (1992), Priestley (1997),
Priestey e Kowalsky (2000) e Kowalsky (2002).

4.8
Avaliação de Segurança Sísmica

4.4.1 – Deslocamentos máximos possíveis

Para um estado limite estabelecido, assumindo a formação de uma rótula plástica na base do
pilar como parte do mecanismo resultante, os deslocamentos máximos disponíveis são
determinados a partir das extensões permitidas pelos materiais que formam a secção, isto é,
as extensões permitidas pelo aço e o betão, numa estrutura de um grau de liberdade. O estado
limite de uma estrutura é definido através de níveis de dano da própria e respetivo grau de
irreversibilidade (Delgado, 2009). Considerou-se para essa análise, segundo Calvi (1999), os
seguintes estado limites ordenados por nível crescente de dano:
LS1 -não há danos estruturais e não estruturais;
- resposta da estrutura essencialmente linear sem se atingir a cedência;
LS2 - danos estruturais ligeiros e não estruturais moderados;
- a estrutura pode ser utilizada sem reparações ou reforços significativos;
LS3 - danos estruturais significativos e não estruturais de elevada extensão
- necessidade de reparação e reforço da estrutura antes da reutilização
LS4 - colapso da estrutura.
Após definidos os níveis dos estados limites, basta escolher um desses para posteriormente
fixar as extensões máximas dos materiais, aço e betão, que se admitem aceitáveis para o
nível escolhido (Delgado, 2009).
Como já foi referido, a curva de capacidade é definida através da deslocação estrutural, ∆𝐿𝑆𝑖 ,
que será determinada através da equação 4.13, e pela respetiva ductilidade em
deslocamentos, 𝜇𝐿𝑆𝑖 , definida pela equação 4.14, assumindo o mecanismo de rótula plástica
na base do pilar. Mas inicialmente necessita-se de determinar o deslocamento de cedência,
∆𝑦 , equação 4.7, que resulta dupla integração do diagrama linear de curvaturas ao longo do
pilar (Delgado, 2009).
𝜙𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 (4.7)
∆𝑦 =
3
Em que 𝜙𝑦 representa a curvatura de cedência e determina-se como indica a equação 4.8.
2.14𝜀𝑦 (4.8)
𝜙𝑦 =
𝐷
Então, ∆𝑦 fica:
2.14𝜀𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 (4.9)
∆𝑦 =
3𝐷
O parâmetro 𝐿𝑒𝑓𝑓 é a altura efetiva do pilar medida desde a fundação até ao centro de massa
do tabuleiro, 𝜀𝑦 é a extensão de cedência da armadura longitudinal e por fim 𝐷 representa a
altura da secção do pilar.

4.9
Capitulo 4

Para um dado estado limite, a determinação da capacidade de deslocamento estrutural total,


equação 4.11, ∆𝐿𝑆𝑖 , depende do comprimento da rótula plástica, 𝐿𝑝 , definido na equação

4.10, da curvatura máxima, ∅𝐿𝑠𝑖 , nesses estado limite e dos parâmetros 𝜙𝑦 e 𝐿𝑒𝑓𝑓 já
definidos anteriormente.
𝐿𝑝 = 0.5𝐷 (4.10)
𝜙𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 (4.11)
∆𝐿𝑆𝑖 = + (∅𝐿𝑠𝑖 − 𝜙𝑦 )𝐿𝑝 𝐿𝑒𝑓𝑓
3
A curvatura máxima determina-se através da equação 4.12 onde 𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) representa a extensão
máxima no betão e 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) representa a extensão máxima no aço.
(𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) + 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) ) (4.12)
∅𝐿𝑠𝑖 =
𝐷
Finalmente, a equação final para a capacidade de deslocamento estrutural encontra-se defina
pela equação 4.13 e a correspondente ductilidade em deslocamentos pela equação 4.
(Delgado, 2009).
2.14𝜀𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 (4.13)
∆𝐿𝑆𝑖 = + 0.5(𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) + 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) − 2.14𝜀𝑦 )𝐿𝑒𝑓𝑓
3𝐷
∆𝐿𝑆𝑖 2.14𝜀𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 1.5(𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) + 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) − 2.14𝜀𝑦 ) 𝐷 (4.14)
𝜇𝐿𝑆𝑖 = = +
∆𝑦 3𝐷 2.14𝜀𝑦 𝐿𝑒𝑓𝑓

4.4.2 – Deslocamentos máximos exigidos

A definição da curva de exigências, associada a um estado limite, como foi descrito para a
curva de capacidade, é necessário determinar o amortecimento viscoso equivalente,ξ,
equação 4.15.
1 (4.15)
𝜉 = 𝑎 ∗ (1 − ) + 𝜉𝐸
𝜇𝑏
Para obter o espectro não linear do espectro de resposta elástico com 5% de amortecimento é
necessário determinar o fator de redução, 𝜂. Esse fator pode ser calculado pela equação 4.16
definida por Bommer et al (2000).
(4.16)
10
𝜂=√
5+𝜉

Através do coeficiente de redução dos deslocamentos, deseja-se que o espetro base de


amortecimento de 5% seja mais aproximado do real, de forma a explorar melhor a
ductilidade da estrutura (Delgado, 2009).
Ao contrário da curva de capacidade, que se define através da altura efetiva da estrutura, a
curva dos deslocamentos máximos exigíveis é definida normalmente em função do período
da estrutura, a partir do espetro de resposta em deslocamento, proveniente da ação sísmica.

4.10
Avaliação de Segurança Sísmica

Então para efetuar a análise de vulnerabilidade é necessário comparar ambas as curvas, logo
é necessário fazer uma correspondência entre o período elástico, 𝑇𝐿𝑆𝑖 e a altura efetiva, 𝐿𝑒𝑓𝑓 .
Essa correspondência pode ser realizada através das seguintes equações, indicadas pela EC8
(2009), reorganizando-as da seguinte forma:
4 (4.17)
𝐿𝑒𝑓𝑓 = 10(𝑇𝐿𝑆𝑦 )3

√𝜇𝐿𝑆𝑖 (4.18)
𝑇𝐿𝑆𝑦 =
𝑇𝐿𝑆𝑖
4 (4.19)
√𝜇𝐿𝑆𝑖 3
𝐿𝑒𝑓𝑓 = 10 ( )
𝑇𝐿𝑆𝑖
𝐶1 𝐶1 2 (4.20)
𝐿𝑒𝑓𝑓 =( − )
2.52 𝐶2
1.5(𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) + 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) − 2.14𝜀𝑦 ) (4.21)
𝐶1 = 𝐷
2.14𝜀𝑦
1
3
(4.22)
2
𝐶2 = (1250𝑇𝐿𝑆𝑖 + 3√3𝐶12 + 4
202500𝑇𝐿𝑆𝑖 )

Logo, a partir das equações que foram descritas obtêm-se a relação necessária para que os
valores de período elástico e altura efetiva, para um sistema de um grau de liberdade, com
comportamento inelástico, possam ser descritos no eixo das ordenadas, obtendo assim a
curva de exigências (Delgado, 2009).
Para realizar a análise de vulnerabilidade basta saber a altura efetiva da ponte que se
pretende analisar e sobrepor a evolução dos deslocamentos, ∆𝐿𝑆𝑖 , para cada um dos estados
limites 𝑖, com a curva de exigências, ∆𝑑 , como se observa na figura 4.4.

4.11
Capitulo 4

Figura 4.4 – Disposição gráfica da análise de vulnerabilidade pelo método dos deslocamentos
(Delgado, 2009).

Para realizar esse método, como já foi referido, será necessário transformar a estrutura em
estudo numa estrutura de um grau de liberdade. Essa transformação deve garantir a
manutenção da frequência original da estrutura à custa de uma altura equivalente, tendo em
consideração a deformada do tabuleiro (Delgado, 2009).

4.5 Métodos dos Coeficientes Parciais de Segurança


De acordo com a tabela 4.1, o método dos coeficientes parciais de segurança, encontra-se
entre o nível 1 a 3 de segurança, logo um dos métodos mais simples, por isso enquadra-se
nos métodos semi-probabilísticos para o nível de elemento estrutural. Então, este método é
caraterizado por executar a verificação de segurança ao nível dos elementos de uma
estrutura. A fórmula geral deste método apresenta-se na equação 4.23 (Cruz, et al., 2008).
∅𝑅 𝑅𝑛 ≥ 𝛾𝑆1 𝑆𝑛1 + 𝛾𝑆2 𝑆𝑛2 +. … + 𝛾𝑆𝑛 𝑆𝑛𝑛 (4.23)
Em que ∅R é o fator de resistência que tem em conta a incerteza de parâmetros mecânicos e
geométricos, R n representa a resistência característica da secção, γSi é o coeficiente parcial
de segurança da carga i, que tem em conta a incerteza na estimativa das ações e dos efeitos
dessas ações e, finalmente, Sni indica valor o caraterístico da ação.

4.12
Avaliação de Segurança Sísmica

No caso da conceção e dimensionamento de pontes novas a modelação da resistência da


secção e das ações têm um nível de incerteza bastante reduzido em comparação com as
pontes existentes, logo, os coeficientes de segurança deveriam ser diferentes em ambos os
casos. Mas, segundo Cruz et al (2008), devido à inexistência de coeficientes de segurança
calibrados para pontes existentes, podem ser utilizados de um modo conservador, na
avaliação de segurança, os coeficientes utilizados na conceção e dimensionamento.
Mas, para evitar utilizar os coeficientes de segurança, de conceção e dimensionamento de um
modo conservativo, pode-se utilizar uma metodologia probabilística adequada para a
avaliação ao nível do elemento estrutural (Cruz, et al., 2008). A sua fórmula está expressa na
equação 4.24, que é a seguinte:
𝛽 ≥ 𝛽𝑇𝐴𝑅𝐺𝐸𝑇 (4.24)
onde 𝛽 é o índice de segurança definido pela equação 4.25.
𝛽 = −𝜙 −1 ∗ (Pf ) (4.25)
em que ϕ−1 é a inversa da função de distribuição da norma reduzida, com média de 0 e
desvio padrão de 2 e o parâmetro Pf , probabilidade de ruína, é determinado pela equação
4.26.
Pf = P(Z = R − S < 0) (4.26)
Na equação 4.25, Z é a função do estado limite, R é a resistência generalizada e por fim, S, a
ação generalizada. O índice de segurança 𝛽 também pode se determinado por um método
simplificado segundo Cruz, et al (2008). Por fim, o parâmetro βTARGET deverá ser obtido
executando um análise de custo/benefícios. Mas Cruz et al (2008) indicam na tabela 4.2,
sucintamente, valores que se podem optar para o parâmetro βTARGET .

Tabela 4.2 – Valor do índice de fiabilidade requerido para estruturas e pontes (Cruz, et al., 2008).

4.13
Capitulo 4

4.6 Metodologia Probabilística pelo Método do Hipercubo Latino (HCL)

O método do HCL é considerado um método de amostragem estratificada, derivado do


método de Monte Carlo, em que o espaço de valores possíveis de cada variável é divido em
N intervalos com igual probabilidade e sem sobreposição das amostras. Por outras palavras,
cada valor do espaço amostral não se pode repetir ao longo do procedimento de seleção,
figura 4.5. Este método, que é uma ferramenta de simulação, foi inicialmente introduzido por
McKay (1979) e, posteriormente, foi desenvolvida e adaptada por outros autores tais como:
Stein (1987), Olsson (2003) e por fim Helton (2003). Essa metodologia evita a desvantagem
do método de Monte Carlo da necessidade de determinar um elevado espaço amostral, isso é,
definir um elevado número de amostras, para garantir resultados fidedignos. Essas
desvantagens estão demonstradas em diversos trabalhos, tais como: Ayyub (2002) e Florian
(1993), Marques (2011). Através desta metodologia, pretende-se selecionar aleatoriamente
as variáveis intervenientes no processo (a variável da Resistência e a variável da Exigência)
para definir uma amostra representativa do problema da vulnerabilidade sísmica das
estruturas (Delgado, 2002).

a) b)
Figura 4.5 – a): Divisão da função de distribuição em intervalos de igual probabilidade; b): exemplo de
amostragem de duas variáveis (Costa, 1993).

4.14
Avaliação de Segurança Sísmica

4.6.1 – Capacidade Estrutural

Como já foi referido, o estudo da avaliação de segurança sísmica que se está a abordar neste
trabalho consiste em comparar a resposta da ação sísmica da estrutura (exigência sísmica)
com a sua capacidade estrutural, que é a variável resistência, 𝑅. Essa variável aleatória é
caraterizada pelas propriedades dos materiais aço e betão e respetiva quantidades/secções.
Mas a disposição de armaduras e a degradação ao longo do tempo também contribui para a
variação da resistência estrutural da estrutura. Utilizando várias análises numéricas e ensaios,
Kappos (1999), Kwon (2006) e Marques (2011) têm estudado o nível de variabilidade
esperado nas propriedades dos materiais. Esses estudos selecionaram um conjunto de
propriedades dos materiais, que apresentam um caráter não determinístico, designadamente a
resistência última de compressão do betão, 𝑓𝑐𝑢 , a extensão última do betão à compressão,
𝜀𝑐𝑢 , a tensão de cedência do aço, 𝑓𝑠𝑦 , tensão última do aço, 𝑓𝑠𝑢 , e a extensão última do aço,
𝜀𝑠𝑢 , (Marques & Delgado, 2012).
Após definidas as propriedades dos materiais referidas no parágrafo anterior, passa-se ao
procedimento numérico para obter a capacidade de resistência de cada elemento em estudo,
ou seja, determina-se a função de distribuição acumulada de probabilidade de resistência
utilizando o método HCL a partir das propriedades indicadas.

4.6.2 – Exigência Sísmica

A outra variável necessária do problema da fiabilidade estrutural é a exigência sísmica. Esta


variável é bastante diferente da outra já indicada devido a sua origem, isto é, a variável tenta
descrever um fenómeno natural. Outra caraterística dessa ação é a perda de resistência e
consequente perda de rigidez da estrutura ao longo do efeito dela.
Para a determinação da exigência sísmica de uma estrutura, interessa os valores de
ocorrência mais elevados durante um período de tempo porque se esta a caraterizar um
fenómeno aleatório. A determinação da exigência sísmica começa por considerar uma
função de distribuição de valores extremos. A mais utilizada para solucionar problemas
desse tipo é a distribuição de extremo, Gumbel Tipo 1 (que é também utilizada para modelar
fenómenos meteorológicos ou cheias) (Delgado, 2009).
O parâmetro mais importante para definir na função é a aceleração de pico, 𝑎, em que Costa
(1993) indicou a equação 4.27:
𝑦
𝑓(𝑎) = 𝛼 ∗ 𝑒 𝑦−𝑒 (4.27)
em que
𝑦 = −𝛼(𝑎 − 𝑢) (4.28)

4.15
Capitulo 4

sendo para ação sísmica tipo I


𝛼 = 22,49E − 3 e 𝑢 = 87,38 (4.29)
Os parâmetros indicados anteriormente foram determinados por Costa (1993) através das
curvas de causalidade sísmica (“Hazard”) em que o autor adaptou para Portugal e ajustou as
funções de distribuição aos valores determinados analiticamente, com especial cuidado na
zona da cauda da distribuição (Delgado, 2009).
Pode-se fazer uma associação entre as acelerações de pico e os períodos de retorno que
correspondem a diferentes níveis de segurança, podendo ser agrupado numa escala de sismos
com intensidade crescente que será útil para estudar a resposta das estruturas à ação sísmica
(Delgado, 2009).
Após caraterizada a ação sísmica, determina-se a variável da exigência sísmica pelo método
do HCL em que irá caraterizar estatisticamente e estratificar os dados obtidos pela
distribuição de extremos, Gumbel Tipo 1.
A partir das análises executadas à estrutura com a ação sísmica, poderá deferir-se o
comportamento da estrutura em termos de deformações, acelerações, deslocamentos,
ductilidades ou outras quantidades, caraterizando por fim, a exigência sísmica (Marques &
Delgado, 2012).

4.6.3 – Definição da Probabilidade de Ruína (𝑃𝑓 )

A metodologia proposta para a determinação da probabilidade de ruína consiste na


formulação clássica desse tipo de problemas de fiabilidade estrutural, em que a probabilidade
é determinada através da convolução das variáveis da capacidade estrutural (𝑅) e da
exigência sísmica (𝑆) (Marques, 2011).

Figura 4.6 – Problema da fiabilidade estrutural (Laranja & Estevão, 2000).

4.16
Avaliação de Segurança Sísmica

Mas a distribuição estatística usada neste método, aborda o problema da fiabilidade


estrutural, recorrendo a uma margem de segurança estrutural através da diferença capacidade
estrutural e exigência sísmica. Através dessa margem pode-se definir uma fronteira de
segurança estrutural, constituída pelos conjuntos de pontos em que a 𝑅 é igual a 𝑆, sendo,
finalmente, a probabilidade de ruína determinada como a probabilidade de ocorrência da
região de colapso, como indicam as seguintes equações (Marques, 2011).
𝑅=𝑆 (4.30)
𝑃𝑓 = 𝑃(𝑅 < 𝑆) (4.31)
Já se referiu todos os parâmetros necessários para obter a determinação da margem de
segurança e, posteriormente, o cálculo da probabilidade de ruína. Com estes parâmetros é
efetuada, através do método HCL, uma simulação de uma amostra contendo 𝑛 elementos e
𝑚 variáveis. Deve-se defenir uma dimensão amostral, 𝑛, e o numero de parâmetros, 𝑚, serão
os dados do problema e devem ser introduzidos conforme o conhecimento do
comportamento do problema e da representatividade da amostra (Marques, 2011).
Ao todo são selecionados aleatoriamente sete parâmetros para introduzir na metodologia, em
que cinco dizem respeito as propriedades dos materiais, que são resistência última de
compressão do betão, fcu, a extensão última do betão a compressão, εcu, a tensão de
cedência do aço, fsy , tensão última do aço, fsu , e a extensão última do aço, εsu , e duas
caraterísticas da ação sísmica (acelerogramas e intensidades de pico). Os resultados podem
corresponder a distribuição de valores de ductilidades disponíveis, 𝜇𝑅 , e exigidas 𝜇𝑆 , que
indicam o desempenho sísmico das estruturas, mas também podem ser descritos noutras
grandezas.
Então, recorrendo a simulações pelo método de HCL das propriedades dos materiais obtêm-
se o parâmetro da resistência estrutural, figura 4.7 (Marques, 2011).

Figura 4.7 – Procedimento para a definição da capacidade estrutural de um elemento (Marques,


2011).

4.17
Capitulo 4

No caso da exigência sísmica é necessário utilizar os sete parâmetros referidos e é


determinada a resposta da estrutura através de análises não lineares dinâmicas ou pushover
(Marques, 2011).

Figura 4.8 – Procedimento para definição da exigência/resposta estrutural, adaptado de Marques


(2011).

A fase final deste método termina com a determinação da margem de segurança. Ao


conjunto de valores, um por cada simulação do método do HCL, determinados pela margem
de segurança, através de uma Lei de Gumbel ou Normal, é adaptada uma distribuição de
acordo com a máxima semelhança para, posteriormente, obter a probabilidade de ruína,
como exemplifica a figura 4.8. O resultado final da probabilidade de ruína depende da
qualidade do ajuste da lei de distribuição (Marques, 2011).
A estratégia de análise de segurança sísmica para as pontes recorrendo a esse método
consiste em analisar os pilares determinando a sua resistência, 𝑅, e exigência, 𝑆. Depois,
determina-se a respetiva probabilidade de ruína dos pilares, e a que for superior, adota-se
essa probabilidade para a probabilidade de ruína da ponte. Devido ao sistema estrutural da
ponte, basta um pilar entrar em rutura que seguidamente entra em rutura o tabuleiro
perdendo a sua funcionalidade.

4.18
Avaliação de Segurança Sísmica

4.7 Metodologia probabilística através de curvas de fragilidade


A metodologia probabilística através de curvas de fragilidade é caraterizada por ser um
método de análise a pontes existentes simples, logo um método tem vindo a ganhar
importância no estudo de análises de segurança sísmica. Como o nome indica esta
metodologia é constituída por curvas que representam, para distintos níveis de intensidade
sísmica, a probabilidade de ocorrência de um estado limite ou nível de desempenho. Pode-se
observar na figura 4.9 várias curvas de fragilidade associadas a vários níveis de intensidade
(Delgado, 2009).

Figura 4.9 – Exemplo de curvas de fragilidade (Delgado, 2009).

Esta metodologia é caraterizada por ser necessário efetuar mais do que uma análise
recorrendo a diversos acelerogramas. Isto é, para determinar a distribuição probabilística,
num determinado nível de intensidade agi , da resposta estrutural (fs, agi (s)), medidas em
ductilidades exigidas (s = μ). Esse procedimento pode ser observado na figura 4.9 (Delgado,
2009).

4.19
Capitulo 4

Figura 4.10 – Resposta estrutural para uma determinada aceleração 𝑎𝑔𝑖 (Delgado, 2009).

Sendo R a capacidade dos elementos resistentes, quantificado em termos de ductilidade


disponível, e S a medida em ductilidades exigidas, para se proceder à determinação da
probabilidade de ruína necessita-se de definir o tipo de distribuição das variáveis indicadas,
para uma determinada intensidade sísmica, como se pode observar na figura 4.10 (Delgado,
2009).
Os níveis de intensidade sísmica descritos no parágrafo anterior podem ser determinados
através de análises sísmicas usando os acelerogramas, recorrendo as acelerações de pico, ou
a acelerações espetrais para o período da estrutura. As exigências verificadas na estrutura
podem ser calculadas para uma determinada probabilidade anual de excedência, por
exemplo, 1/475 (associada a 10% em 50 anos) ou 1/2475 (associada a 2% em 50 anos)
(Delgado, 2009).
Por fim, a probabilidade de ruína é representada, através de um nível de intensidade sísmica,
pela ordenada da curva de fragilidade (figura 4.6) que equivale à abcissa agi (Delgado,
2009). Em Marques (2011) encontra-se a formulação teórica para a determinação da
probabilidade de ruína global.

4.20
Avaliação de Segurança Sísmica

4.8 Metodologia probabilística através de funções de vulnerabilidade


Esta metodologia começou a ser introduzida por Costa (1989) e Borges et al (1972) e
consiste em determinar a probabilidade de ruína através da convolução, da função de
vulnerabilidade estrutural com a função de densidade de probabilidade das resistências.
Primeiramente é necessário caraterizar a ação sísmica e os parâmetros dos materiais em
termos estatísticos para posteriormente determinar as funções de densidade de probabilidade
(Delgado, 2009). A principal caraterística desta metodologia, que distingue das outras, é a
transformação da ação em efeito da ação, através da função de vulnerabilidade estrutural.
Para determinar a probabilidade de ruína é necessário que a exigência e a capacidade se
encontrem definidas no mesmo domínio, para se proceder a convolução das funções.
Usualmente costuma-se optar as ductilidades em curvaturas como grandeza para esse
domínio (Marques, 2011).
Para obter uma resposta estrutural com uma dimensão considerável é necessário efetuar
modelações para um número específico de intensidades sísmicas crescentes. Por fim, a
determinação da probabilidade de ruína fica confinada a um elemento ou secção estrutural,
sendo caraterizada como função de um modo de ruína singular (Marques, 2011). No caso das
pontes opta-se pela mesma análise do seu esquema de ruína indicada no método HLC no
ponto 4.6.

4.8.1 – Exigência sísmica

A determinação da exigência sísmica, segue a mesma filosofia indicada em 4.6 referente ao


método do HCL. Mas, após definida a ação sísmica, em vez de estratificar pelo método do
HCL, vai-se determinar uma função de vulnerabilidade que relaciona a ação definida com a
resposta da estrutura, como indica em 4.8.4.

4.8.2 – Capacidade estrutural

Como foi indicado para a exigência sísmica, a determinação da capacidade estrutural segue a
filosofia indicada no método do HCL em 4.6. Os parâmetros para caraterizar essa variável
podem ser descritos em várias grandezas, como o dano ou ductilidades disponíveis da
secção, como se tem vindo a referir. Mas, em estudos desse género, é mais usual descrever
em ductilidades em curvaturas como parâmetro caraterizador da resistência (Delgado, 2009).

4.21
Capitulo 4

4.8.3 – Função de vulnerabilidade

A função de vulnerabilidade resulta da relação da ação sísmica com a respetiva resposta da


estrutura, logo, é uma função que carateriza a severidade da ação na estrutura. Essa função,
como nas funções de comportamento dos materiais a esse tipo de ação, é composta por dois
troços: um troço reto que corresponde o comportamento inicial da estrutura, que é linear e o
segundo troço é caraterizado por um polinómio de grau superior a um, devido ao
comportamento não linear da estrutura.
No âmbito das pontes, essas funções são determinadas de uma forma global (Costa,1989), a
relacionar os valores da intensidade da ação com os valores máximos das ductilidades
atingidas. Então para os valores crescentes da intensidade sísmica são determinados valores
de ductilidades máximas para cada pilar da ponte. A partir desse momento obtêm-se os
valores das ductilidades máximas em cada pilar. Com esses valores discretos, determina-se a
ductilidade máxima para cada nível de intensidade através de uma aproximação com o
recurso de uma função polinomial, que geralmente, costuma ser do segundo ou terceiro grau.
Através desse processo pode-se concluir que a função da vulnerabilidade da ponte é
determinada a partir das funções de vulnerabilidade dos pilares (Delgado, 2009).

4.8.4 – Caraterização estatística do efeito da ação

Como já indicado, para se realizar a determinação da probabilidade de ruína para este


método é necessário enquadrar ambas a funções, resistência e exigência, em igual grandeza.
Então será determinada uma função de distribuição dos efeitos da ação a partir da conjunção
da função de probabilidade da ação com a função de vulnerabilidade (Delgado, 2009).

4.8.5 – Determinação da probabilidade de ruína

Pode-se considerar que uma estrutura entra em colapso, ruína, quando o valor da resistência,
𝑅, é ultrapassado pelo efeito da ação, 𝐸𝐴, numa dada secção. O correspondente estado limite
pode ser estabelecido de acordo com a equação 4.32:
𝑅 − 𝐸𝐴 < 0 (4.32)
Então a probabilidade de ruína pode ser estabelecida quando ocorre um estado limite onde o
valor da resistência seja ultrapassado pelo valor do efeito da ação, ou seja:
𝑃𝑟 = 𝑃(𝑅 − 𝐸𝐴 < 0) (4.33)
Por conseguinte, através da função de distribuição do efeito da ação, 𝐹𝐸𝐴 , e da função
densidade de probabilidade da resistência, 𝑓𝑅 , obtêm-se o valor da probabilidade de ruína,
como indicam os autores Borges et al (1972), Costa (1989), Duarte et al (1990), Nowak et al
(2000) e Pinto (1994) e descrito na equação 4.34.

4.22
Avaliação de Segurança Sísmica

+∞ (4.34)
𝑃𝑟 = ∫ (1 − 𝐹𝐸𝐴 )𝑓𝑅 𝑑𝑥
−∞

Essa expressão é a função da convolução entre as funções descritas como se referiu na


introdução e encontra-se representada na figura 4.11.

Figura 4.11 – Convolução de 𝑅 e 𝑆 para a determinação da probabilidade de ruína (Marques, 2011).

4.8.6 – Resumo dos procedimentos

Para a determinação da probabilidade de ruína e para se proceder a avaliação de segurança


de uma estrutura considerando o seu comportamento não linear pode ser resumido em cinco
procedimentos, como indica a figura 4.12, que são os seguintes (Delgado, 2009):
1. Caraterização da ação sísmica, para o local em que se situa a estrutura, através da
definição do valor da aceleração de pico e da corresponde lei de distribuição
estatística, normalmente uma lei de valores extremos (identificada na figura 4.12 por
1);
2. Caraterização estatística dos parâmetros que definem a resistência das secções,
normalmente através dos seus valores médios e correspondentes coeficientes de
variação, necessários para a definição de leis de distribuição normais, correntemente
usadas para a caraterização dos materiais (identificada na Figura 4.12 por 2);
3. Obtenção das funções de vulnerabilidade, procedendo à determinação, para valores
crescentes da ação sísmica, dos máximos valores dos parâmetros adotados para
caraterizar a resposta sísmica, neste caso, a ductilidade exigida aos pilares
(identificada na Figura 4.12 por 3);
4. Determinação da função densidade de probabilidade dos efeitos da ação, conjugando
a função densidade de probabilidade da ação com a função de vulnerabilidade da
estrutura (identificada na Figura 4.12 por 4) (Delgado, 2009).

4.23
Capitulo 4

5. Cálculo do valor da probabilidade de ruína, obtida através da convolução entre a


função distribuição do efeito da ação, 𝐹𝐸𝐴 , e da função densidade de probabilidade
da resistência, 𝑓𝑅 (equação 4.34) (identificada na Figura 4.12 por 5);

Figura 4.12 – Representação esquemática do processo de avaliação de segurança (Delgado, 2009).

4.9 Caso de estudo – Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima


Através do último método de análise da probabilidade de ruína apresentado, metodologia
probabilística através de funções de vulnerabilidade, vai-se analisar a influência da alteração
das condições de apoio do encontro sul e sua consequência para a probabilidade de ruína.
Apenas serão utilizados neste ponto os modelos longitudinais de barra para a intensidade de
Lisboa. Então, para intensidade sísmica indicada, vai-se determinar probabilidade de ruína
para o pilar P5.

4.24
Avaliação de Segurança Sísmica

4.9.1 – Caraterização da ação sísmica

Para fazer uma análise com caráter mais estatístico, vai se seguir o raciocínio de análise
sísmica descrito em 3.7.2, recorrendo a cinco acelerogramas, com a duração de 20 segundos,
gerados a partir do espetro de resposta da norma europeia de tipo 2 para caraterizar a ação
sísmica. Com o recurso do software SeismoArtif definiu-se mais quatro envolventes para o
acelerograma para além da envolvente Saragoni & Hart (1974), que são as seguintes:
 Stationary: a intensidade se mantém constante e igual 1.0 ao longo do tempo.
 Trapezoidal: é baseado em Jennings et al (1968) e foi estabelecido um período
descendente e ascendente de cinco segundos;
 Exponential: esta envolvente é baseada em Liu (1969) em que α e β tomam os
valores de 0,1 e 0,5 respetivamente;
 Compound: esta envolvente também é baseada nos autores indicados para
Trapezoidal, neste caso é definido um tempo ascendente de 5 segundos e um 15
segundos para zona de intensidade igual 1.0, os parâmetro energia e α mantiveram-
se os valores por defeito que são 3 e 1 respetivamente.
 Trigonometric: para este caso optou-se por um tempo ascendente de 2,5 e um 15
segundos para zona de intensidade igual 1.0.
Após definidos os acelerogramas, vão ser executadas cinco análises sísmicas para cada
acelerograma de forma a variar o valor de pico de intensidade sísmica de 0,5 até 2,5.

4.9.2 – Capacidade estrutural

Para a capacidade estrutural, ou a função densidade de probabilidade de ductilidade,


considerou-se um desvio padrão de 0,20 e uma ductilidade da capacidade de resistência
obtida pelo quociente da curvatura última (𝐶𝑢 ) pela curvatura de cedência (𝐶𝑦 ), de forma a
evitar o demoroso processo de cálculo enunciado em 4.6.1. A 𝐶𝑦 foi retirada do diagrama
momento-curvatura da secção no sentido longitudinal, figura 3.41, e a 𝐶𝑢 considerou-se o
valor da curvatura de 80% do momento máximo atingido pela secção.

4.25
Capitulo 4

4.9.3 – Caraterização das funções de vulnerabilidade

Para obter as funções de vulnerabilidade do pilar P5 fez-se variar a intensidade sísmica,


conforme indicado em 4.9.1, de forma a influenciar as acelerações máximas. Então,
conforme se aumenta a intensidade sísmica, aumentam as ductilidades máximas exigidas na
base do pilar e aumentam incursões não lineares na mesma base. Na figura 4.13 apresenta-se
uma função de vulnerabilidade do pilar P5 ajustada por mínimos quadrados à ductilidade
média em cada intensidade. A linha a vermelho representa o polinómio de grau 3 criado a
partir da média das ductilidades de cada intensidade sísmica. Os pontos azuis permitem
observar a dispersão das ductilidades máximas por intensidade sísmica.

1,6

1,4 y = -9E-09x3 + 9E-06x2 + 0,0009x - 0,0305

1,2
Ductilidades

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Acelaração de Pico (cm/s2)

Figura 4.13– Função de Vulnerabilidade P05 - M.L.B.4 LP6 LISBOA.

4.9.4 – Análise dos resultados

Os resultados expostos em 3.7.7.2 e os valores da tabela 4.3, sugerem que a alteração do


encontro sul interfere com a probabilidade de ruína do pilar P5. Este foi um dos pilares mais
afetados com essa mudança estrutural, seria espectável que a sua probabilidade de ruína
fosse superior no modelo versão 4. As alterações estruturais trazem uma modificação na
distribuição dos esforços, que pode ser benéfica ou prejudicial para um, ou mais elementos
da estrutura. Em suma, deve ficar realçado que, em fase de dimensionamento de uma
estrutura deve-se estudar o melhor esquema estrutural para uma melhor distribuição dos
esforços, sobretudo os resultantes da ação sísmica.
Tabela 4.3 – Probabilidade de ruína do P05 para cada modelo.
MODELOS M.L.B.2 M.L.B.4
INSTENSIDADE Lisboa Lisboa
PR 3,7616x10-7 1,1016x10-6

4.26
Avaliação de Segurança Sísmica

Os resultados obtidos na tabela 4.3 da probabilidade de ruína dos modelos em estudo são
inferiores ao valor limite razoável para pontes (10−5 ). Mas os valores determinados poderão
se encontrar com uma margem de erro devido às simplificações executadas. Como referido
em 4.9.2, não se determinou a capacidade de acordo com o estabelecido para este método,
mas utilizou-se um valor de desvio padrão usual para pilares de betão armado. A secção
desse pilar é relativamente esbelta na direção longitudinal, logo esse valor do desvio padrão
pode não ser o mais indicado para se utilizar. Também a própria determinação da ductilidade
da capacidade de resistência poderá sofrer um desvio considerável em relação ao valor se
fosse determinado conforme o indicado no método HCL.

4.27
Capitulo 4

4.28
Ensaio Experimental

5
ENSAIO EXPERIMENTAL

5.1 Introdução

Os pilares de betão armado, segundo relatórios sísmicos mais recentes, são os elementos das
pontes que sustentam mais dano. A segurança estrutural da ponte está dependente da
capacidade resistência estrutural dos respetivos pilares, por isso, torna-se fundamental
estudar as melhores técnicas de reforçar esse elemento. Usualmente os pilares ocos detêm
uma secção com grandes dimensões, com varões de aço longitudinais ao longo das faces
exteriores e interiores e, ao contrário dos pilares sólidos, o efeito de corte tem uma grande
importância no comportamento do pilar a ações cíclicas. Assim, deve-se dar atenção
especial a esse problema quando se procede à avaliação da sua resistência estrutural e
ao reforço que se prevê utilizar, sendo necessário dispor de procedimentos numéricos
devidamente calibrados com ensaios experimentais, de forma a aperfeiçoar o método
de modelação e dimensionamento (Delgado et al., 2012).
Então, debruçando-se sobre a problemática do efeito de corte nos pilares ocos, no
Laboratório de Engenharia Sísmica e Estrutural (LESE), situado na Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto (FEUP), realizou uma campanha experimental com pilares ocos de
secção quadrada e retangular, com o objetivo de estudar o comportamento dos pilares a
ações cíclicas e posteriormente diferentes estratégias para o seu reforço. No total
executaram-se 12 provetes, seis provetes para cada tipo de secção de forma a representar o
pilar de betão armado com secção oca com uma relação de escala 1:4 (Delgado, 2009). Neste
capítulo vai apresentar o ensaio ao pilar PO2-N06-R1 e seus resultados, e compará-los com
os outros ensaios já realizados. Esse tipo de campanha já foi realizado na Universidade de
Pavia, em Itália, com pilares ocos de secção quadrada, conforme os seguintes trabalhos:
Calvi et al (2005) e Pavese et al (2004).
O sistema de ensaio (esquematizado nas figuras 5.1 e 5.2) executado para essa campanha
consiste em submeter os pilares a uma carga axial e simultaneamente uma força horizontal
com grandeza e sentido variável, encontrando-se o setup preparado para a aplicação de
forças horizontais em duas direções ortogonais. Este sistema está preparado para ensaiar
pilares com uma escala razoável, de 1:2 para pilares de edifícios e até 1:4 para pilares de
pontes, permitindo a aplicação de uma carga axial constante (Delgado, 2009).

5.1
Capitulo 5

Figura 5.1 – Esquema geral do setup de ensaio do LESE (Delgado, 2009).

Figura 5.2– Vista geral do setup ensaio do LESE (Delgado, 2009).

5.2
Ensaio Experimental

A descrição do setup de ensaio, respetivo desenvolvimento e instrumentação, pode ser


consultada em Delgado et al (2007a), Delgado et al (2007b), Delgado et al (2009), Delgado
(2009), tal como os ensaios preliminares de calibração. Este sistema de ensaio desenvolvido
pelo LESE demonstrou uma grande capacidade para a realização dos ensaios pretendidos,
permitindo num tempo relativamente curto, a execução de um ensaio cíclico completo com
uma grande fiabilidade nos resultados (Delgado, 2009).

5.1.1 – Caraterísticas dos provetes

Como já foi indicado, para esta campanha experimental foram executados 12 provetes, onde
seis destes têm uma secção quadra oca e outros seis, uma secção retangular oca. Os pilares
de secção quadrada oca tem a dimensão de 450 mm, enquanto os de secção retangular têm as
dimensões de 450x900 mm. Ambas as secções contêm armadura longitudinal distribuída nas
duas faces da secção oca, onde na secção quadrada 40 varões e na retangular 64 varões todos
do diâmetro 8 mm, como se pode observar na figura 5.3 (Delgado, 2009).

Figura 5.3– Provetes de pilares de secção oca: a) geometria de um tipo de provete e b) localização
dos LVDT (Delgado et al, 2012).

5.3
Capitulo 5

Na execução dos provetes recorreu-se a três séries de betonagem, como demonstra a tabela
5.1. Devido ao fator de escala utilizou-se uma granolumetria máxima nos inertes de 9,5mm,
correspondendo à utilização do peneiro 3/8”. Relativamente às armaduras transversais, na
primeira e segunda série, utilizou-se a disposição usada na campanha da Universidade de
Pavia. Enquanto na última série executou-se três tipos de disposição. O primeiro tipo de
disposição de armadura transversal (N4) manteve a disposição dos pilares anteriores, o
segundo tipo (N5) utilizou as disposições indicadas na norma europeia EC8 (2009) e, por
fim, no último tipo optou-se por dobrar a área transversal mantendo as disposições da norma
europeia. Para organização dos dados de ensaio e facilitar a designação de cada pilar oco
(referenciado como PO) foi criada uma nomenclatura simples, tendo em consideração em
primeiro lugar a geometria da sua secção de betão: PO1 para secção quadrada e PO2 para
secção retangular. Em seguida, para cada um destes grupos, existe ainda uma letra (N –
normal; R – reforçado) e uma identificação associada à numeração de cada pilar, de 1 a 6,
definida em correspondência com a ordem de cada série de betonagem e disposição de
armaduras (Delgado, 2009).

Tabela 5.1– Mapa de pilares originais (Delgado, 2009).

Pilares Secção Quadrada Secção Retangular

1ª Série de Betonagem PO1-N1 PO2-N1

PO1-N2 PO2-N2
2ª Série de Betonagem
PO1-N3 PO2-N3

PO1-N4 PO2-N4
3ª Série de Betonagem PO1-N5 PO2-N5
PO1-N6 PO2-N6

As propriedades do betão e das armaduras estão descritas em Delgado (2009). Na tabela 5.2
encontra-se o resumo dessas caraterísticas dos provetes de betão.

5.4
Ensaio Experimental

Tabela 5.2– Resumo das características dos pilares originais (Delgado, 2009).

Arm. Long. Arm. Transv.


Designação Geometria Betão
área aço (mm) fsy (MPa) tipo
PO1-N1 Quadrado C20/25 408 A500 3.8 390 2 ramos

PO2-N1 Retangular C20/25 648 A500 3.8 390 2 ramos

PO1-N2 Quadrado C25/30 408 A400 2.6 437 2 ramos

PO1-N3 Quadrado C25/30 408 A400 2.6 437 2 ramos

PO2-N2 Retangular C25/30 648 A400 2.6 437 2 ramos

PO2-N3 Retangular C25/30 648 A400 2.6 437 2 ramos

PO1-N4 Quadrado C25/30 408 A500 2.6 443 2 ramos

2 ramos
PO1-N5 Quadrado C25/30 408 A500 2.6 443
(EC8)

4 ramos
PO1-N6 Quadrado C25/30 408 A500 2.6 443
(EC8)

PO2-N4 Retangular C25/30 648 A500 2.6 443 2 ramos

2 ramos
PO2-N5 Retangular C25/30 648 A500 2.6 443
(EC8)

4 ramos
PO2-N6 Retangular C25/30 648 A500 2.6 443
(EC8)

5.1.2 – Estimativa da capacidade resistente

Para permitir uma melhor interpretação dos resultados determinou-se numericamente,


recorrendo a processos simples, a capacidade resistente ao corte e à flexão de cada provete.
Enquanto para a determinação da capacidade de flexão foram realizados cálculos simples ao
nível da secção, na estimativa da capacidade de corte recorreu-se a metodologia sugerida por
Priestley et al. (1996), conhecida por modelo de corte UCSD (Kowalsky & Priestley, 2000),
em que resistência de corte, 𝑉𝑑 , é determinada pela equação 5.1:
𝑉𝑑 = 𝑉𝑐 + 𝑉𝑠 +𝑉𝑝 (5.1)

5.5
Capitulo 5

Onde Vc, Vs e Vp são as componentes da força de corte correspondente à resistência do betão,


armadura transversal e esforço axial. Na tabela 5.3 encontra-se o resumo dos valores da
capacidade de flexão e de corte que foram obtidos para uma força axial de 250 kN (exceto o
PO2-N3 que a força axial foi de 440 kN), que corresponde a uma força reduzida de 0.08 para
os pilares de secção quadrada e de 0.05 para os pilares de secção retangular (Delgado et al,
2012).
Tabela 5.3– Resumo da capacidade de flexão e de corte (kN) (Delgado, 2009).

Capacidade de
Capacidade de Corte
Designação Geometria Flexão
cedência última ductilidade de 2 ductilidade de 8

PO1-N1 Quadrado 200 220 205 150

PO2-N1 Retangular 300 330 205 150

PO1-N2 Quadrado 155 180 170 105

PO1-N3 Quadrado 155 180 170 105

PO2-N2 Retangular 230 265 170 105

PO2-N3 Retangular 255 290 200 135

PO1-N4 Quadrado 185 215 170 105

PO1-N5 Quadrado 185 215 170 105

PO1-N6 Quadrado 185 215 220 160

PO2-N4 Retangular 280 320 170 105

PO2-N5 Retangular 280 320 170 105

PO2-N6 Retangular 280 320 220 160

5.2 Síntese dos resultados dos pilares originais


O dano dos banzos do pilar (face norte e sul, faces normais a força horizontal aplicada)
exibiu fendas horizontais ao longo da altura do pilar. Nas almas (face este e oeste, paralelas à
força horizontal aplicada) apresentaram danos mais elevados, exibindo fendas inclinadas e
esmagamento do betão em algumas zonas, por vezes, essa patologia abrangia toda a altura do
pilar, como se pode verificar na figura 5.4. Normalmente esse padrão de danos está
associado a mecanismos de rotura por corte revelando uma capacidade do pilar insuficiente
para resistir a esse fenómeno. Mas alguns pilares quadrados apresentaram um mecanismo de
colapso misto, flexão/corte, como se pode observar na tabela 5.4 (Delgado et al, 2012).

5.6
Ensaio Experimental

(a) pilar quadrado (b) pilar quadrado - (d) pilar retangular


(c) pilar retangular - banzo
- banzo alma - alma
Figura 5.4– Típicos danos finais nas almas e banzos para pilares retangulares e quadrados de secção
oca (Delgado et al, 2012).

Na tabela 5.4 é apresentado um resumo das capacidades de corte e flexão obtidas nos ensaios
experimentais e o respetivo mecanismo de colapso. A definição para deslocamento de rotura
corresponde ao instante em que o valor de força horizontal aplicada ao pilar é 80% da força
máxima. Para a maior parte dos pilares a resistência ao corte está muito abaixo da resistência
à flexão, estando a força máxima obtida no ensaio perto da força máxima de corte
determinada numericamente. Mas, em alguns casos, a força obtida no ensaio conseguiu
atingir a força de pico determinada numericamente (Delgado et al, 2012).

5.7
Capitulo 5

Tabela 5.4– Resumo dos resultados obtidos nos ensaios nos pilares originais (Delgado, 2009).

Cap.
Cap. Corte Força max. Desloc. rotura
Flexão Modo de
Pilar Numérica Experimental Experimental
Numérica rotura
(kN) (kN) (mm)
(kN)
PO1-N2 155/180 170/105 130 33 Flexão/Corte
PO1-N3 155/180 170/105 130 33 Flexão/Corte
PO1-N4 185/215 170/105 170 25 Corte
PO1-N5 185/215 170/105 170 25 Corte
PO1-N6 185/215 220/160 210 30 Corte
PO2-N2 230/265 170/105 190 25 Corte
PO2-N3 255/290 200/135 220 25 Corte
PO2-N4 280/320 170/105 190 30 Corte
PO2-N5 280/320 170/105 200 30 Corte
PO2-N6 280/320 220/160 250 40 Corte

5.2.1 – Resultados experimentais do PO1-N4 vs PO1-N6

Na figura 5.5 estão ilustrados os resultados experimentais dos ensaios aos pilares quadrados
PO1-N4 e PO1-N6. Apesar de ambos os pilares possuírem a mesma resistência à flexão,
cerca de 200 kN, devido à mesma área dos varões longitudinais, houve uma rotura prematura
por mecanismo de corte no pilar PO1-N4. Por outro lado, no pilar PO1-N6, alcançou a
resistência máxima de flexão, mas com uma capacidade de ductilidade baixa, o que levou a
rotura por corte (Delgado et al, 2012).

5.8
Ensaio Experimental

0.21% 0.93% 1.43% 2.14% 3.14%


250

200
Pilar PO1-N4
150
Pilar PO1-N6
Força horizontal (kN) 100

50

-50

-100

-150

-200

D1 D2 D3 D4 D5
-250
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)

Figura 5.5 – Resultados dos ensaios PO1-N4 vs PO1-N6 (Delgado et al, 2012).

5.2.2 – Resultados experimentais do PO2-N6

No ensaio do pilar PO2-N6 observou-se uma melhoria significativa no seu comportamento


às ações impostas, devido ao efeito da duplicação da armadura transversal. Este pilar atingiu
um nível de força previsto numericamente mas, não sendo suficiente para atingir o nível de
força necessário para a cedência dos varões longitudinais. No entanto, o nível de força
residual obtido no final do ensaio deste pilar é apenas ligeiramente inferior ao valor máximo
de pico do pilar semelhante PO2-N5, esses valores ocorrem para um deslocamento
praticamente duplo deste último. Em relação ao pilar PO2-N4, que tem menos 50% da
armadura transversal, conseguiu controlar melhor a componente de deformação por corte,
sendo portanto maior a componente de deformação por flexão e exigindo, desta forma,
maiores extensões na armadura longitudinal, como se pode observar na figura 5.6 (Delgado,
2009)

5.9
Capitulo 5

D1 D2 D3 D4
100
90
% Corte
80
% Flexão

% de deformação
70
60
50
40
30
20
10
0
<1 1.5 3 7 10 13 20 25 30
Deslocam ento (m m )

Figura 5.6 – Componente de deformação por corte e flexão PO2-N6.

No entanto, a rotura desse pilar deu-se por mecanismo de corte, não sendo possível observar
a eficiência da armadura transversal tendo em vista a prevenção da encurvadura da armadura
longitudinal (Delgado, 2009).

Figura 5.7 – Comparação dos dados experimentais PO2-N6 vs PO2-N4.

5.10
Ensaio Experimental

Os danos finais das almas, para o último nível de controlo, podem ser observados na figura
5.8, onde as zonas de maior concentração de danos se desenvolvem praticamente em duas
linhas verticais, correspondentes aos dois varões longitudinais que delimitam o laço do
estribo central (ver figura 5.3 da disposições das armaduras). Os laços dos estribos adicionais
na zona central das almas parecem conferir uma maior resistência nessa zona e, pelo
contrário, uma elevada fragilidade nas linhas de transição para as zonas com menos
armadura transversal, prenunciando a rotura por separação dos banzos (Delgado, 2009).

a) face norte b) face sul c) face este d) face oeste


Figura 5.8 – Danos no pilar PO2-N6 para o deslocamento último (Delgado, 2009).

Na parte inferior das almas surgiram fendas que apresentavam, inicialmente, uma inclinação
de 45º, portanto, parecidas com as fendas que aparecem do lado exterior. Na parte final do
ensaio essas fendas aparecem com mais inclinação, como se pode observar a figura 5.9,
aparecendo a maior concentração de danos em duas linhas verticais, exatamente como foi
explicado para a face exterior (Delgado, 2009).

a) face oeste b) face este


Figura 5.9 – Danos internos no pilar PO2-N6 param o deslocamento último (Delgado, 2009).

5.11
Capitulo 5

5.3 Pilares Reforçados


As técnicas de reforço têm como objetivo aumentar a resistência ao corte e a ductilidade dos
elementos estruturais. Surge então a importância da realização de campanhas de ensaios
cíclicos aos elementos de betão armado reforçados para estabelecer as principais estratégias
e princípios, de modo a racionalizar em função da quantidade versus resistência à utilização
do reforço e, assim, otimizando as metodologias de dimensionamento.
Após a realização dos ensaios dos pilares reforçados observou-se que foi difícil de explorar
níveis elevados de ductilidade devido às mantas de CFRP que não conseguirem acompanhar
as deformações das almas. Isto resultou na rotura das mantas em níveis de ductilidade nunca
superiores a 4. Seguidamente serão apresentados alguns resultados dos ensaios realizados no
trabalho de Delgado (2009).

5.3.1 – Processo de reforço e dimensionamento

No final dos ensaios dos provetes procedeu-se à sua reparação e reforço, por uma empresa
externa (S.T.A.P. - Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S.A.)
especializada neste tipo de trabalhos, de acordo com os seguintes passos principais: 1)
delimitação da zona a reparar; 2) remoção e limpeza da zona de betão danificado; 3) emenda
e soldadura dos varões longitudinais danificados ou que tenham encurvado; 4) reforço
interior com barras metálicas horizontais (caso se aplique); 5) colocação da cofragem e
enchimento com betão (do tipo Microbeton, que consiste num micro betão pré-misturado,
modificado com aditivos especiais para reduzir a retração na fase plástica e hidráulica); 6)
reforço exterior com mantas de carbono (CFRP), com as seguintes propriedades: Módulo de
Elasticidade, 𝐸𝑗 = 240 GPa, capacidade resistente última, 𝑓𝑗𝑢 = 3800 MPa e extensão última,
𝜀𝑗𝑢 = 0.0155. No processo de reforço foi-se variando a disposição e número de camadas das
cintas de CFRP, chegando em dois casos aplicar também barras de aço no interior com se
pode observar na figura 5.10 (Delgado et al, 2012).

5.12
Ensaio Experimental

a) b) c) d)
Figura 5.10 – Reparação e reforço dos pilares ocos (Delgado, 2009).

Através da metodologia sugerida por Priestley et al. (1996) fez-se o dimensionamento do


reforço ao corte com bandas de CFRP’s com o objetivo de determinar a espessura das bandas
a aplicar aos pilares ocos para que a resistência ao corte superasse a resistência à flexão,
mantendo as dimensões originais do pilar de betão. Então a resistência ao corte, 𝑉𝑑 , é
determinada pala seguinte equação:

𝑉𝑑 = 𝑉𝑐 + 𝑉𝑠 +𝑉𝑝 +𝑉𝑠𝑗 (5.2)

em que Vc, Vs , Vp e Vsj são as componentes da força de corte correspondente à resistência do


betão, armadura transversal, esforço axial e respetiva contribuição do reforço em CFRP ou
encamisamento metálico (Delgado et al, 2012). Essa contribuição é dimensionada de acordo
com equação 5.3 conforme indicada por Priestley et al. (1996).

𝐴𝑗 (5.3)
𝑉𝑠𝑗 = 𝑓 ∗ ℎ ∗ 𝑐𝑜𝑡𝜃
𝑠 𝑗

Onde ℎ é a dimensão da secção transversal do pilar paralela à direção de aplicação da força


de corte, 𝐴𝑗 é a área da secção transversal das bandas de reforço espaçadas da distância 𝑠 e
inclinadas de um ângulo 𝜃 relativo ao eixo do pilar e por fim, 𝑓𝑗 é o nível de tensão das
bandas adotada para dimensionamento. No trabalho executado por Delgado (2009) avaliou-
se a capacidade de resistente ao corte dos pilares com bandas de CFRP, conforme a equação
5.3 considerando para o valor de 𝑓𝑗 o valor da capacidade resistente última das fibras à
tração.

5.13
Capitulo 5

5.3.2 – Resultados experimentais do PO1-N6-R1

Para o pilar PO1-N6-R1, figura 5.11, utilizou-se como reforço uma camada de CFRP com a
espessura de 0,117 mm por 100 mm de largura, espaçadas 100 mm ao longo da altura do
pilar de forma a aumentar a resistência ao corte. O objetivo do reforço deste pilar era
aumentar em 40% a força de resistência ao corte em relação a força máxima que pode ser
mobilizada para a flexão (Delgado et al, 2012).

a) drift 0,5% b) drift 0,93% c) drift 1,43% d) drift 3,14%


Figura 5.11 – Evolução dos danos no pilar PO1-N6-R1, face Oeste (Delgado, 2009).

Devido à prevenção de rotura por corte e melhoria do confinamento na base, verificam-se


significativos aumentos no nível de deslocamento máximo atingido e consequente ganho em
ductilidade disponível, atingindo-se agora um valor de ductilidade em deslocamento de
aproximadamente 3. A utilização desse reforço evidenciou significativos benefícios no
comportamento do pilar, visto que através deste permitiu uma mobilização do mecanismo de
flexão, com uma deformação plástica na base do pilar e com uma ductilidade satisfatória
(Delgado et al, 2012). Na Figura 5.12, ilustra-se a comparação entre o pilar original e o
reforçado (PO1-N6 e PO1-N6-R1), onde se constata que a força resistente máxima atingida
foi sensivelmente idêntica, confirmando-se que no pilar original já tinha sido atingida uma
força horizontal de patamar, associada a um comportamento de flexão (Delgado, 2009).

5.14
Ensaio Experimental

0.21% 0.93% 1.43% 2.14% 3.14%


250

200
Pilar PO1-N6
150
Pilar PO1-N6-R1
100
Força horizontal (kN)

50

-50

-100

-150

-200

-250 D1 D2 D3 D4 D5
-60 -55 -50 -45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Deslocamento de topo (mm)

Figura 5.12 – Comparação dos resultados experimentais do pilar PO1-N6 vs PO1-N6-R1


(Delgado, 2009).

5.3.2 – Resultados experimentais do PO2-N5-R1 e PO2-N5-R2

Para o pilar PO2-N5-R1 aplicou-se uma camada de bandas CFRP com a espessura de 0,177
mm e largura de 100 mm, com igual espaçamento de 100 mm. Mas nesse pilar, optou-se por
deixar um espaço livre de 100 mm junto à base com o objetivo de analisar a ductilidade
disponível do pilar original se não tiver mecanismo de rotura por corte.
Quando se atingiu o drift 2,5% deu-se uma rotura prematura de uma banda de CFRP do lado
oeste como se pode observar pela figura 5.13. Como se pretendia avaliar o comportamento a
flexão do pilar, interrompeu-se o ensaio e reforçou-se convenientemente todo o pilar em toda
a sua altura de modo a evitar qualquer fragilidade ao corte (Delgado, 2009).

5.15
Capitulo 5

a) face este b) face sul c) face norte d) face oeste


Figura 5.13 – Danos finais no pilar PO2-N5 R1, correspondentes a um drift de 2,5% (Delgado, 2009)

Com esse novo reforço passou-se a designar o pilar por PO2-N5-R2, com o objetivo de
atingir um mecanismo de colapso de flexão. Com o drift de 2,9% as quatro primeiras bandas
de CFRP mais próximas da base do pilar, do lado Oeste, sofreram uma rotura brusca,
originando um mecanismo de colapso do pilar por corte. Na figura 5.14 pode-se observar a
os danos das fibras e respetivo betão danificado, bem como as fissuras que surgiram durante
o ensaio (Delgado, 2009).

a) face este b) face sul c) face norte d) face oeste


Figura 5.14 – Danos finais no pilar PO2-N5 R2, correspondentes a um drift de 2,9% (Delgado, 2009).

Também no interior do pilar, o maior dano encontrava-se na face Oeste do pilar. A evolução
das fendas foram contidas, como se pode observar na figura 5.15, enquanto as bandas de
CFRP não sofreu danos significativos. Nos ciclos em que se dá o colapso das fibras observa-
se uma evolução rápida da espessura das fendas (Delgado, 2009).

5.16
Ensaio Experimental

a) drift 0,21% b) drift 1,43% c) drift 2,5% d) drift 2,9%


Figura 5.15 – Evolução dos danos no pilar PO2-N5-R2, vista interior da face Oeste (Delgado, 2009).

Através da análise dos resultados ilustrados na figura 5.16, pode-se concluir que o reforço
executado mostrou um comportamento pouco satisfatório, nomeadamente em termos de
deslocamento máximo atingido, mas mesmo assim o reforço apresentou uma capacidade
resistente superior ao original. De facto o reforço não evitou o mecanismo de rotura por corte
e o colapso foi originado pela rotura das bandas de CFRP junto a base (Delgado, 2009).

0.21% 0.93% 1.43% 2.14% 3.14%


350

250 Pilar PO2-N5

Pilar PO2-N5-R1

150 Pilar PO2-N5-R2


Força horizontal (kN)

50

-50

-150

-250

D1 D2 D3 D4 D5
-350
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)

Figura 5.16 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N5-R2 com o PO2-N5-R1 e o PO2-
N5 (Delgado, 2009).

5.17
Capitulo 5

5.4 Ensaio Experimental do PO2-N6-R1


Este ensaio será descrito e analisado com maior detalhe, devido ao maior comportamento e
participação na sua realização.
Após delimitar a zona a reparar no PO2-N6 e efetuados os trabalhos de limpeza, soldadura e
enchimento, como é explicado em 5.3.1, reforçou-se o pilar com uma camada de bandas
CFRP com a espessura de 0,177 mm, largura de 100 mm e com espaçamento de 100 mm. À
semelhança do PO2-N5-R1, optou-se por deixar um espaço livre de 100 mm junto a base
com o objetivo de analisar a ductilidade disponível do pilar original se não tiver mecanismo
de rotura por corte, como se pode observar na figura 5.17.

a) vista geral do pilar b) vista da alma do d) pilar PO2-N6-R1


c) reforço do pilar
danificado pilar danificado
Figura 5.17 – Execução do reforço do pilar PO2-N5-R1.

Durante o ensaio a face mais danificada foi a face Este. A evolução dos danos está
caraterizada na figura 5.18.
Nos ciclos iniciais, até ao drift 0,21%, a fendilhação observada foi bastante reduzida,
surgindo apenas reaberturas de fendas horizontais nos banzos relativa à flexão e fendas
inclinadas, fendas de corte, com pequenas espessuras nas faces laterais. As fendas
horizontais surgem mais concentradas junto a base e depois vão ficando mais dispersas
conforme o desenvolvimento do pilar em altura.
Ao atingir um deslocamento de topo de 19 mm (drift 1,43%) surgiram novas fendas nas
faces laterais, como se pode observar na figura 5.18 b, com uma inclinação ligeiramente
superior ao drift 0,21%. Essas fendas atingiram uma abertura de 0,20 mm na face oeste e
0,25 mm na face este. Nas faces norte e sul as fendas atingiram uma espessura de 0,20 mm.
Na 3ª banda de fibra começou a surgir um pequeno destacamento da resina.

5.18
Ensaio Experimental

Nos ciclos seguintes até ao drift 2,5% continuou-se a ouvir o ruído compatível com fibras a
ceder. No canto sudoeste observou-se um esmagamento ligeiro do betão. Houve uma
evolução na abertura de fendas com a espessura de 0,65 mm e 0,75 mm nas faces este e
oeste, respetivamente. Nos banzos, apesar de continuar uma concentração de fendas junto à
base do pilar, começaram a surgir mais fendas ao longo da altura. Nessas faces a abertura de
fendas atingiu os 0,50 mm.
Antes de atingir um drift 3,07%, no deslocamento de topo de 45mm, rompeu-se a segunda
banda de fibras no alinhamento interior do lado sul. Ao atingir o drift 3,07%, logo no
primeiro ciclo, rompeu-se a 3ª, 4ª, 5ª e 6ª bandas de fibras, por ordem crescente, no canto
nordeste como se pode observar na figura 5.19 a. Posteriormente rompeu-se a 1ª camada de
fibra com a mesma localização das anteriores. Após a rotura brusca das fibras e colapso das
mesmas o pilar perdeu grande parte da capacidade de resistência ao corte, como se pode
observar na figura 5.19. Finalmente, com o setup parado, observou-se uma elevada
deterioração do betão e alguns fenómenos de encurvadura dos varões longitudinais.

a) drift 0,21% b) drift 1,43% c) drift 2,5% d) drift 3,07%


Figura 5.18 – Evolução dos danos no pilar PO2-N6-R1, vista exterior da face Este.

a) face este b) face sul c) face norte d) face oeste


Figura 5.19 – Danos finais no pilar PO2-N6-R1, correspondentes a um drift de 3,07%.

5.19
Capitulo 5

A evolução dos danos na parede interior oeste podem ser observados na figura 5.20. A sua
evolução foi igual ao registado no ensaio do PO2-N5-R2. Até ao drift 2,5% houve uma
contenção nas fendas interiores devido a cintas de CFRP que não sofrerem danos
significativos. Nos últimos ciclos, quando se dá a rotura brusca das fibras e consequente
colapso, tornam-se visíveis algumas fendas na parte interior do pilar que leva a uma rápida
redução da capacidade do pilar.

a) drift 0,21% b) drift 1,43% c) drift 2,5% d) drift 3,07%


Figura 5.20 – Evolução dos danos no pilar PO2-N6-R1, vista interior da face Este.

Apesar do mecanismo de rotura do pilar PO2-N6-R1 ser de corte, observou-se que para os
mesmos níveis de deslocamento um acréscimo de força máxima atingida superior a 50% do
pilar original (PO2-N6) que pode ser observado na figura 5.21. Logo obteve-se um
comportamento com maior contribuição da flexão do que no ensaio do pilar original, apesar
dos efeitos de deformação por corte que surgiram ao longo do ensaio. Mas em termos de
deslocamentos o reforço teve um comportamento pouco satisfatório, visto que a ductilidade
atingida foi inferior ao esperado. Ainda assim, relativamente ao deslocamento limite
convencional (correspondente a uma redução de 20% do momento máximo atingido) o pilar
reforçado obteve um aumento de cerca 30%.

5.20
Ensaio Experimental

0.21% 0.93% 1.43% 2.14% 3.14%


350

300

250 Pilar PO2-N6

200
Pilar PO2-N6-R1
150
Força horizontal (kN)

100

50

-50

-100

-150

-200

-250

-300

-350 D1 D2 D3 D4 D5
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)

Figura 5.21 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N6-R1 com PO2-N6.

Na figura 5.22, ilustra-se a comparação do pilar PO2-N6-R1 com o PO2-N5-R2, onde se


constata um acréscimo da forma máxima atingida para os mesmos níveis de deslocamento
superior a 50 kN. Na ductilidade atingida pode-se concluir que o pilar PO2-N6-R1
comportou-se ligeiramente melhor em relação ao pilar da série N5.

5.21
Capitulo 5

0.21% 0.93% 1.43% 2.14% 3.14%


350

300

250 Pilar PO2-N6-R1

200
Pilar PO2-N5-R2
150
Força horizontal (kN)

100

50

-50

-100

-150

-200

-250

-300

-350 D1 D2 D3 D4 D5
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)

Figura 5.22 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N6-R1 com PO2-N5-R2.

As diferenças indicadas no parágrafo anterior sucedem devido à diferença de quantidade de


armadura transversal, porque o reforço de ambos os pilares foi exatamente o mesmo. Na
execução dos pilares diferenciou-se as series N5 e N6, através do aumento do dobro da
armadura na série N6 em relação à série N5 como foi descrito em 5.1.1. Logo, apesar de
ambos apresentarem as disposições de armaduras transversais semelhantes das exigidas pelo
eurocódigo, o pilar PO2-N6-R1 obteve um melhor comportamento. Essas diferenças também
podem ser observadas na figura 5.23 que compara os resultados experimentais desses dois
pilares antes do reforço.

5.22
Ensaio Experimental

0.21% 0.93% 1.43% 2.14% 3.14%


350

300

250 Pilar PO2-N6

200
Pilar PO2-N5
150
Força horizontal (kN)

100

50

-50

-100

-150

-200

-250

-300

-350 D1 D2 D3 D4 D5
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)

Figura 5.23 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N6 com PO2-N5.

5.5 Análise numérica


Após a interpretação dos resultados obtidos pelos ensaios experimentais, vai-se proceder a
uma análise numérica do ensaio do pilar PO6-N6 de modo a interpretar todos os fenómenos
envolvidos, nomeadamente, os mecanismos de rotura por corte e flexão. A ferramenta
numérica utilizada para executar essas análises foi o modelo de fibras, descrito em 3.5.2,
recorrendo ao freeware seismostruct (Seismosoft, 2006). A análise numérica foi realizada
com a lei de deslocamentos utilizada no ensaio experimental. Também se considerou o
esforço axial de 250 kN aplicado no topo do pilar que corresponde a um esforço axial
reduzido de 0.05 devido a secção ser retangular, calculados com base na tensão média obtida
para a resistência à compressão do betão (Delgado, 2009). Outra análise efetuada prende-se
com a determinação da resistência ao corte do pilar, de acordo com a metodologia proposta
por Priestley et al. (1996).
Na figura 5.24 encontram-se expressos os resultados dos ensaios experimentais e numéricos
do PO2-N6 sem reforço e com reforço no diagrama força - deslocamento. O ensaio numérico
realizado pelo seismostruct diz respeito unicamente ao pilar PO2-N6.

5.23
Capitulo 5

Figura 5.24 – Comparação dos resultados experimentais e numéricos do PO2-N6 com os resultados
experimentais do PO2-N6-R1

A diferença que surgiu entre a comparação do moledo numérico de fibras e o ensaio


experimental do PO2-N6, deve-se a uma limitação deste modelo na consideração dos efeitos
de corte. Isto é, o modelo de fibras do seismostruct assume que o pilar é orientado por um
comportamento de flexão, o que leva que as forças máximas atingidas sejam semelhantes às
obtidas no ensaio ao pilar reforçado, visto que esse último conseguiu explorar uma melhor
componente da flexão devido ao reforço efetuado com bandas de CFRP. Ao longo da análise
numérica, o modelo, não aplica a degradação de rigidez proveniente dos efeitos de corte,
onde surgem por exemplo as fissuras inclinadas nas almas do pilar. A não consideração
desse efeito leva que as forças máximas atingidas sejam parecidas com as indicadas na
Tabela 5.4.
Essa incapacidade de considerar o efeito de corte leva, que para mesmo níveis de
deslocamentos, o modelo numérico obtém forças últimas mais elevadas em comparação com
o modelo experimental, visto que, resistência à flexão do pilar é superior à resistência ao
corte.

5.24
Ensaio Experimental

As deformações e mecanismos de resistência associados ao corte estão relacionados com o


comportamento do betão à tração (Pedrosa et al., 2007). O Modelo de Dano (Faria et al,
1998) recorre a um “tensor de tensões efetivas” decomposto em tensões de compressão e
tração que permite explorar a deformação e degradação de rigidez por corte, efetuando uma
boa aproximação ao ensaio experimental, como se pode observar na figura 5.24, ao contrário
do modelo de fibras que avalia o comportamento dos materiais através de fibras
longitudinais, com as limitações já antes referidas.

5.25
Capitulo 5

5.26
Conclusão

6
CONCLUSÃO
6.1 Conclusões finais
O principal objetivo deste trabalho é o estudo das metodologias existentes para a análise
sísmica e consequente avaliação da probabilidade de ruína em pontes, com especial atenção
para os elementos pilares.
Desta forma, procuram-se aperfeiçoar as modelações ao real comportamento da estrutura em
estudo, procedendo-se à elaboração de vários modelos, alterando a modelação dos seus
elementos e respetivas restrições, de forma a analisar as alterações que surgiam no
comportamento estrutural.
Antes de proceder à elaboração dos modelos e sua respetiva análise, analisou-se o
comportamento de estruturas que foram sujeitas à ação sísmica. É a partir desse estudo
prévio que se deverá começar a construção dos modelos estruturais. Com uma observação
cuidada dessas estruturas, submetidas aos sismos, permite localizar as partes mais frágeis das
mesmas estruturas, como se procede o seu colapso e acima de tudo, perceber onde surgem as
incursões não lineares na estrutura, como por exemplo, as rótulas plásticas. Outro aspeto
importante analisado foi a pormenorização da armadura. Muitas das roturas de pontes
surgem, por exemplo, na rotura pelos nós, devido a uma má pormenorização da armadura, a
má ligação entre varões e algumas vezes quantidades de armaduras inferiores ao necessário
para resistir a esse fenómeno natural.
Neste trabalho foram apresentadas algumas soluções relativas à modelação, desde
modelações no plano, como modelações por elementos de barra 3D. Com o avanço da
tecnologia e dos computadores, as modelações com elementos de barra 3D tornam-se cada
vez mais fáceis e rápidas de se executar, traduzindo numa melhor aproximação do
comportamento real da estrutura.
Como o objeto de estudo do presente trabalho incidia sobre as pontes porticadas de betão
armado, foi importante definir modelos para os comportamentos de todos os materiais, betão,
aço e os dois em conjunto em ações cíclicas. Apesar de só interessar o comportamento à ação
cíclica, primeiramente, foi necessário definir o comportamento a carregamentos
monotónicos, porque servem como base das leis de comportamento cíclico dos materiais.

6.1
Capitulo 6

Conforme referido por Delgado (2009), com a diminuição do comprimento da rótula plástica
aumenta as incursões não lineares e aumenta as curvaturas plásticas, conforme se verificou
na análise do primeiro modelo longitudinal, M.L.B.2. Nesta análise, as respostas sísmicas
para os três modelos, com valores de rótulas plásticas diferentes, foram bastante
semelhantes, excepto o facto da relação do comprimento da rótula com as incursões não
lineares acima referido.
Quando na presente ponte em estudo é permitido, no encontro sul, deslocamentos ao longo
do tabuleiro, a resposta sísmica dos pilares irá ser ligeiramente influenciada. Acima de tudo
essa alteração irá aumentar a deformação dos pilares, sobretudo nos pilares mais próximos
desse encontro, visto que estes obtiveram deslocamentos e curvaturas superiores em relação
ao modelo original. Ao nível dos momentos máximos, existe um pequeno aumento nos
pilares junto ao apoio, mas nos restantes os valores são semelhantes. Na análise transversal,
essa alteração não provocou uma diferença substancial no comportamento da estrutura. Em
suma, as alterações nas ligações ao exterior, são fatores a ter em conta para melhorar o
comportamento da estrutura à ação sísmica.
Os modelos de casca, depois dos modelos sólidos, são aqueles que melhor se aproximam da
realidade. Mas, ambos os casos, trazem a desvantagem de poderem surgir instabilidade
(devido ao numero de nós em relação aos modelos de barra) e tempos de cálculo enormes.
Na análise transversal, os modelos de casca, obtiveram um comportamento bastante
aproximado da realidade, relativamente aos anteriores. Como nessa direção o pilar comporta-
se quase como uma parede, o mecanismo de ruína mais provável a surgir será associado ao
corte e não à flexão. Ao modelar um pilar com um elemento barra e concentrar o seu
comportamento não linear numa rótula plástica está-se a inclinar para um mecanismo de
rotura por flexão. Mas na realidade o que acontece é uma distribuição dos esforços por meio
de uma “biela” que foi possível modelar com os elementos de casca.
Quando se analisa ao longo do tabuleiro, percebe-se que o comportamento mais provável é a
flexão, conforme o mapa de cores das cascas, e também devido a rigidez ser bastante
reduzida neste sentido. Neste caso, o modelo de barras conseguiu obter uma resposta sísmica
bastante aproximada do modelo de casca. De facto, também no sismo de Chile, no ano 2010,
a ponte Tubul, figura 2.38, onde os pilares são laminares, pode-se observar a formação da
rótula plástica e consequente perda de rigidez devido à flexão. Finalmente, para as análises
em que o que predomina são comportamento de flexão, como é o caso desta ponte na direção
longitudinal, os modelos mais simples como os de barras com rótulas plásticas permitem
captar com razoável simplificação o comportamento sísmico.

6.2
Conclusão

Quando se recorreu aos aparelhos de apoio para fazer a ligação entre o tabuleiro e os pilares
obteve-se uma diminuição da frequência e também uma diminuição nos deslocamentos. As
tensões ao longo do pilar foram reduzidas em relação ao modelo de casca em estudo,
sobretudo uma na zona de ligação entre os pilares e aparelhos de apoio e na zona da base do
pilar. Pode-se concluir que a introdução de mecanismos desse tipo ajudam a diminuir os
esforços originados pela ação sísmica e controlar melhor a frequência da estrutura.
Foram apresentadas várias metodologias de avaliação de segurança sísmica desde as mais
simplificadas até às probabilísticas. Desenvolveu-se o estudo da metodologia probabilística
baseada na determinação de curvas de vulnerabilidade porque permite avaliar, de uma forma
bastante rigorosa, a margem de segurança de uma estrutura através da quantificação da
probabilidade de ruína.
Recorrendo ao método probabilístico, através de funções de vulnerabilidade foi estudada a
evolução da probabilidade de ruína quando se alteram as propriedades de ligação do
encontro sul. A probabilidade de ruína aumentou quando se alterou as condições de apoio no
encontro sul. Apesar desse aumento, probabilidade de ruína dos modelos em estudo são
inferiores ao valor limite razoável para pontes (10−5 ). Mas os valores determinados poderão
se encontrar com uma margem de erro devido às simplificações executadas, como por
exemplo, a capacidade estrutural não se determinou conforme indicado no método, mas sim,
recorreu-se a umas simplificações indicadas em 4.9.2. Mas, deve ficar realçado, que em fase
de dimensionamento de uma estrutura deve-se estudar o melhor esquema estrutural para uma
melhor distribuição dos esforços, sobretudo os resultantes da ação sísmica.
Era sugerível fazer uma nova série de análises e determinar a probabilidade de ruína
determinando a capacidade estrutural como está descrito em 4.6.3. No entanto, pode-se
concluir, que o método probabilístico através de funções de vulnerabilidade é acessível, fácil
de usar e eficiente. No entanto existe a dificuldade de determinar a capacidade estrutural.
Mesmo assim é um método com futuro e que deve ser desenvolvido de forma a ser acoplado
a um software de análise estrutural.
A análise dos ensaios aos pilares de secção oca permitiu estudar o seu mecanismo de rotura.
Chegou-se à conclusão que esse tipo de pilares é mais suscetível a ruína devido ao efeito de
corte do que flexão, exceto os de secção quadrada, que muitas das vezes atinge ruína por
mecanismos mistos, flexão/corte. O reforço desses mesmos pilares permitiu aumentar a sua
capacidade de resistência ao corte bem como a ductilidade. Os pilares de secção retangular
atingiram mecanismos de rotura mista devido ao reforço executado.

6.3
Capitulo 6

Como foi referido por Delgado (2009), a capacidade resistente ao corte dos pilares ocos é
significativamente reduzia em relação aos pilares retangulares com iguais dimensões
exteriores. Em relação à flexão ambos os tipos de pilares mantêm resistências semelhantes.
Esse aspeto esteve presente no ensaio realizado ao PO2-N6-R1. A rotura do pilar PO2-N6-
R1 deu-se pelo fenómeno de corte. Esse mecanismo de rotura é caraterístico nos pilares ocos
retangulares. O aumento dos banzos, em relação aos pilares de secção quadrada estudados
em Delgado (2009), passando pela classe da armadura ser superior à prevista e através de
alguma influência do fenómeno “shear lag” são fatores que influenciam o surgimento de
uma rotura por corte.
A comparação dos ensaios do PO2-N5 com o PO2-N6 permitiram verificar a importância da
armadura transversal para controlar a deformação por corte. Apesar da rotura de ambos os
provetes ter sido obtida através de um mecanismo de corte, a solução com o dobro da
armadura transversal obteve um aumento significativo na força máxima e deslocamento
máximo, explorando uma maior componente de flexão.
A comparação dos pilares reforçados com os originais permitiu concluir que, através do
reforço consegue-se um aumento da força resistente máxima a atingir, para valores
semelhantes aos determinados pelas expressões simples da capacidade de flexão.
Após a realização dos ensaios dos pilares reforçados observou-se que foi difícil explorar
níveis elevados de ductilidade, devido às bandas de CFRP não conseguirem acompanhar as
deformações das almas. Isto resultou na rotura das bandas para níveis de ductilidade nunca
superiores a 4.
As análises numéricas servem de complemento aos ensaios experimentais porque ajudam a
compreender melhor alguns fenómenos observados ao longo do ensaio e permitem
interpretar melhor o modo de rotura. Através do modelo de dano foi possível observar a
influência do comportamento do betão em tração nos resultados devido à importante
componente do corte que se verificou ao longo dos ensaios. Então torna-se importante
caraterizar o comportamento do betão à tração de forma eficiente para contabilizar as
deformações devido ao efeito de corte. A análise numérica através do método de fibras
permitiu captar o comportamento do pilar reforçado, PO2-N6-R1, uma vez que o modelo
considera um comportamento dominado pela flexão. O modelo de fibras ao assumir esse
mecanismo de rotura por flexão, não considera a fendilhação, que surge nas almas do pilar
devido a fenómenos de corte e consequentemente contabilizar a degradação de rigidez do
pilar devido a essa fendilhação.

6.4
Conclusão

Em suma, quando se efetuam análises dinâmicas que exploram as propriedades não lineares
dos materiais, é necessário calibrar os modelos para evitar traçar um dimensionamento fora
do campo de segurança. As calibrações podem passar por utilizar dois softwares distintos e
estabelecer uma correspondência modal ou de análises de respostas a ação sísmica, ou
recorrer a ensaios laboratoriais de parte dos componentes das estruturas, por exemplo, os
pilares, ou de modelos à escala de estruturas completas. Outra das calibrações, mas só se
aplicam a estruturas existentes, é a utilização de sensores que efetuam medições de alguns
parâmetros da estrutura real para se poder ajustar o modelo numérico. Como foi observado
durante este trabalho, a construção de um modelo para essas análises, pode num regime
linear adequar-se à realidade, mas entrando nas incursões não lineares obtém-se
comportamentos bastantes diferentes do real comportamento da estrutura. Por isso, é
relevante destacar a importância de trabalhos de investigação desse género, que analisam
comportamentos em modelações e ensaios reais para se obter cada vez mais informação
acerca do comportamento de estruturas desse género em incursões não lineares.

6.2 Sugestões para desenvolvimentos futuros


Os vários temas analisados ao longo deste trabalho acerca de pilares do tipo parede podem
abrir um novo ciclo de estudos e análises na engenharia sísmica, visto que existe uma
escassez de bibliografia acerca desse tipo de pilares. Método probabilístico através de
funções de vulnerabilidade referido no capítulo 4 é uma boa ferramenta para se desenvolver
na engenharia sísmica porque se obtém resultados bastantes satisfatórios. É importante fazer
uma adaptação desse método de forma a poder determinar a probabilidade de ruína
considerando o efeito de corte.
Para um conjunto de pontes, realizar análises sísmicas com o programa SAP2000,
recorrendo ao método fast nonlinear analysis e ao método nonlinear direct integration
history, de forma a perceber quais as vantagens e desvantagens entre eles, e qual a sua
influência na probabilidade de ruína.
Ainda no contexto deste trabalho seria importante realizar várias modelações alterando o
parâmetro de regularidade da ponte e analisar a evolução da probabilidade de ruína.
Analisar as definições das classes de ductilidade e respetivos coeficientes de comportamento
do Eurocódigo 8 e respetivas regras de dimensionamento, matéria que ainda hoje não é
consensual.
Uma análise mais aprofundada de pontes com aparelhos de apoio, de forma a caraterizar o
seu comportamento linear ou não linear. Estabelecer várias modelações, entre elas o recurso
a bielas para simular o apoio ou de links.

6.5
Capitulo 6

Desenvolvimento da metodologia de análise probabilística, utilizada neste trabalho, de forma


a tornar mais atraente para o dimensionamento de estruturas e incorporá-la dentro dos
sotfwares correntes de análise.
Utilização de desenvolvimento do modelo de dano, enunciado por Delgado (2009) para os
pilares que foram objeto de estudo neste trabalho. Também para esses pilares desenvolver
uma campanha de ensaios, como se enunciou no capítulo 5 deste trabalho, de forma a
caraterizar melhor o comportamento dessas secções. Outra campanha de ensaios
laboratoriais a executar seria de um conjunto de pontes com pilares do tipo parede.
No que se refere a ensaios experimentais, que poderiam complementar a campanha efetuada,
seria interessante realizar alguns protótipos com ligeiras alterações, nomeadamente
aumentando a área de armadura transversal para desta forma explorar o comportamento à
flexão e aumentar a ductilidade disponível. Ensaiar também, pilares deste tipo mas em flexão
biaxial, portanto, em flexão composta desviada.
Desenvolver uma campanha experimental para o estudo do reforço de pilares com mantas de
CFRP procurando caraterizar em que condições se pode, com este tipo de reforços,
ultrapassar a relativa limitada ductilidade evidenciada.
Tendo-se apenas realizado reforços nos pilares após um primeiro ensaio cíclico e não foram
ensaiados protótipos com reforço prévio, um futuro estudo deverá envolver uma comparação
entre soluções de reforço idênticas, mas executadas em pilares originais.

6.6
Conclusão

6.7
Capitulo 6

6.8
Referências Bibliográficas

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

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R.10
Aspetos gerais sobre pontes

ANEXO 1
ASPETOS GERAIS SOBRE PONTES

A1.1 Evolução histórica


O homem, desde a sua existência, sempre teve a necessidade de se deslocar, por isso a ponte
é uma estrutura que permite ligar dois pontos de altitudes idênticas que estão separados por
rios, vales ou outros obstáculos naturais ou artificiais. A finalidade dessa estrutura é permitir
a circulação de pessoas, veículos ou suporte para passagem de infraestruturas.
Na idade da pedra, as primeiras pontes surgiram de forma natural, pela queda de troncos das
árvores sobre os rios, criando a possibilidade de passagens à outra margem e fornecendo
informação ao homem o importante funcionamento de uma travessia. A partir desses
acidentes e a importância de melhorar comunicação, o homem começou a estudar esses
acidentes naturais e passou a criar outras pontes feitas de troncos, pedras e pranchas
associando-as a outros tantos recursos disponíveis na natureza, figura A1.1, como, cordas, e
traves feitas com pedaços de madeira, de modo a garantir a segurança estrutural necessária
para permitir a ida e a volta para o destino.

Figura A1.1 - Ponte de madeira antiga.

Há indícios da construção das pontes em arco desde 4000 a.C. na Mesopotâmia e Egipto.
Mais tarde, na Pérsia e na Grécia (cerca de 500 a.C.). A estrutura mais antiga construída pelo
homem e que chegou aos nossos dias foi a ponte de pedra, feita em arco no Rio Meles, na
região de Esmirna, na Turquia, construído século IX a.C.).

A1.1
Anexo 1

Com o aparecimento da civilização romana as pontes tiveram um forte crescimento ao nível


da segurança estrutural e ao aumento do vão livre. Este crescimento prende-se com a
necessidade de melhorar a rede viária e abastecimento de água do império e da capacidade
que possuíam em usar a pozzolana como ligante. Estima-se que a primeira ponte Romana
teria sido construída no Tibre no ano 621 a.C. e foi chamada de Pons Sublicius ("ponte das
Estacas"). Mas é no século III a.C. que os romanos começam a se dedicar à construção de
pontes em arco, atingindo um desenvolvimento nas técnicas de construção e projeto nunca
antes visto e dificilmente superado nos mil anos seguintes, figura A1.3. Exemplos desta
magnífica capacidade de construção são algumas pontes que perduraram até aos nossos dias,
como por exemplo, a ponte Aelius (hoje ponte Sant'Angelo) (134 a.C.) sobre o Tibre, onde
terá sido usada pozzolana, a ponte de Alcántara em Toledo, ou o aqueduto de Segóvia
(século I).

Figura A1.2 - Ponte di Pietra em Verona, Itália.

Em Portugal existem ainda muitas pontes da civilização romana que mantém as suas
funções, apesar de algumas serem alvo de ações de reabilitação e outras necessitam
urgentemente desse tipo de ação. O Alentejo é uma das zonas onde existe uma grande
variedade dessas estruturas deixadas pelos romanos, figura A1.3.

A1.2
Aspetos gerais sobre pontes

Figura A1.3- Ponte Romana de Vilar de Formosa.

Na idade média, as ordens religiosas desempenham um papel determinante na manutenção e


expansão do conhecimento relativo à construção de pontes, continuando a aplicar o
conhecimento do arco nessas estruturas.
Foi nessa época, que se começou a atribuir funções as pontes construídas, tais como:
militares, comerciais, residenciais ou mesmo espirituais. A grande contribuição da idade
média para a técnica das pontes, é a diversificação dos arcos de suporte, figura A1.4, que
passam a incluir os arcos ogivais, não só mais elegantes, mas também, mais seguros e fáceis
de construir.
Surgem ordens religiosas especializadas na construção de pontes como os italianos Fratres
Pontifices, que se expandiram para a França, com o nome Frères Pontiffes e para Inglaterra
com o nome Brothers of the Bridge.

A1.3
Anexo 1

Figura A1.4- Ponte Vecchio sobre o rio Arno, em Florença, Itália (Séc. XIV).

Com o período da renascença, e início da globalização, aumentou-se as necessidades de


transporte de mercadorias e pessoas. Devido a essas necessidades começou a haver um
estudo mais aprofundado, logo houve uma evolução das técnicas. Foi nessa época que
começaram a aparecer as pontes em treliça, levando a alteração da forma dos arcos e dos
pilares, no sentido de aumentar os vãos e transmitir uma sensação de leveza e estética, figura
A1.5. Também nessa altura e devido a necessidade de manutenção dessas estruturas, a
França começou a tornar-se um bastião europeu na engenharia de pontes. O rei francês
D.Luis XIV criou Corps des Ponts and Chaussées com o objetivo de gerir todas as estradas e
pontes do reino, que mais tarde, no séc. XVIII, passava a designar se Ecole des Ponts et
Chaussées, a primeira escola superior de engenharia civil do mundo.

Figura A1.5 - Ponte de Rialto, Veneza, século XVI.

A1.4
Aspetos gerais sobre pontes

No séc. XIX, com a revolução industrial, começaram a emergir as pontes em aço. O aço
começou a ser aplicado nessas estruturas porque os métodos de fabrico evoluíram e
permitiram que o material tivesse uma tensão mais elevada, o que levou também, ao
aparecimento de pontes em aço para a passagem de comboios. Nos aspetos construtivos
foram inventadas as amarrações em ferro forjado para pontes mais largas. Outras das grandes
novidades dessa época foi o aparecimento das pontes móveis de modo a permitir o tráfego
fluvial, figura A1.6.
Apesar da descoberta do aço, também foram executadas muitas pontes em treliças de
madeira, sobretudo nos EUA e Grã-Bretanha, devido à matéria-prima estar mais disponível e
a baixo custo.
Na área da geotécnica também houve grande evolução das técnicas, nomeadamente, o uso de
cilindros metálicos em ferro que eram pressurizados e afundados nos locais de construção
dos pilares. No seu interior encontravam-se os operários a executar a escavação até
chegarem ao solo estável sobre o leito do rio.

Figura A1.6 – Tower Bridge, Londres, século XIX.

No séc. XX houve um grande impulso na execução de pontes, desde o aumento do seu


número como da sua capacidade devido a vários fatores, figura A1.7.
Um deles foram as grandes guerras mundiais, que provocaram muitos danos em
infraestruturas e em muitos dos casos o seu colapso, que posteriormente acelerou o processo
desenvolvimento tecnológico e abriu novas perspetivas para a construção de pontes,
beneficiada por pesquisas e descobertas revolucionárias.

A1.5
Anexo 1

Figura A1.7 - Ponte da Arrábida, Porto.

Também a técnica do pré-esforço era mais dominada o que resultou no aumento da


capacidade das pontes. Em Portugal a primeira ponte de betão armado pré-esforçado é a
Ponte de Vala Nova em Benavente.
No presente século, séc. XXI, espera-se um grande desenvolvimento nas técnicas de
construções, manutenção e reabilitação de pontes. Espera-se também a introdução de novos
materiais como o alumínio e fibras de vidro e a evolução dos materiais já utilizados, como o
betão e o aço. Também se prevê uma evolução nos componentes, como por exemplo o uso
dissipadores de energia.
Mas o salto mais importante deste século estará no advento das chamadas pontes
inteligentes. Estas são dotadas de sensores, processadores de dados e sistemas de
comunicação e sinalização e poderão alertar para um conjunto de situações, desde:
sobrecargas; subidas dos níveis das águas; ventos; formação de gelo; sismicidade; pré-
rotura de certos pontos nevrálgicos da ponte; fadiga dos materiais; corrosão; etc. Em
Portugal esse tipo de monitorização já se executa, por exemplo, na ponte D.Luis XIV,
viaduto São Roque e na construção do viaduto sobre a A13.

A1.6
Aspetos gerais sobre pontes

A1.2 Tipo de pontes e materiais


Os materiais mais dominantes nas pontes são: o aço e o betão armado. Também a madeira e
as alvenarias fazem parte dos materiais utilizados, sobre tudo nas pontes antes do advento do
betão. No final do séc. XX começaram a aparecer os primeiros estudos para introdução de
materiais como o alumínio e materiais compósitos.
Portugal tem um basto património em obras de arte pedonais, rodoviário e ferroviário, onde
se pode observar diferentes tipos de estrutura, de acordo com o seu funcionamento estrutural.
A escolha do tipo de obra de arte a executar depende de vários fatores, como, os materiais, a
evolução tecnológica à época, aos condicionamentos topográficos e recursos económicos.
Da variedade dos sistemas estruturais existentes destacam-se três grandes grupos: as pontes
em viga, as pontes em arco e as pontes em cabos. Em ambos os grupos usam-se todos os
materiais descritos anteriormente (Marques & Cunha, 1999).

A1.2.1 – Pontes em viga

Este sistema estrutural, pontes em viga, pode-se considerar que seja o mais antigo, já usado
pelas civilizações mais primitivas.
De um modo geral essas pontes são caraterizadas por se apoiarem em extremos e pilares.
Este tipo de pontes utiliza a flexão generalizada para a distribuição das cargas. De acordo
com as ligações/apoios, dentro deste grupo destacam-se as pontes em viga simplesmente
apoiada, figura A1.8, viga gerber, figura A1.9, em pórtico, figura A1.10, e viga em treliça,
figura A1.11 (Marques & Cunha, 1999).

A1.7
Anexo 1

Figura A1.8- Exemplo de uma ponte em viga Figura A1.9 - Exemplo de uma ponte em viga
simplesmente apoiada, Viaduto das Areias gerber: Ponte de Amarante (Marques & Cunha,
(Marques & Cunha, 1999). 1999).

Figura A1.10 - Exemplo de uma ponte em pórtico: Figura A1.11 - Exemplo de uma ponte de viga em
Ponte do Freixo (Marques & Cunha, 1999). treliça: Ponte Eiffel.

A1.2.2 – Pontes em arco


Os romanos foram os primeiros grandes construtores de pontes. Todas as pontes romanas são
em arco porque permitia a utilização de materiais de reduzida dimensão. Esse tipo de pontes
foi um grupo que dominou a construção até o século XIX.
O arco é uma forma perfeita, estável que funciona através de compressão e é, muitas vezes,
utilizado como elemento fundamental de suporte do tabuleiro. Toda a pressão sobre o topo
do arco é transmitida para o solo, que resiste, comprimindo os elementos que formam o
próprio arco. Neste tipo de estrutura os materiais mais usados são o betão e a pedra, figuras
A1.12, A1.13 e A1.14.

A1.8
Aspetos gerais sobre pontes

Figura A1.13 - Exemplo de Figura A1.14 - Exemplo de ponte


Figura A1.12 - Exemplo de em arco de alvenaria.
ponte em arco metálico. ponte em arco de betão
armado: Ponte sobre o rio Tua.

A1.2.3 – Pontes de cabos

Esse tipo de ponte pode vencer distâncias até 2100 m, ultrapassando as pontes de arco ou em
viga. O tabuleiro da ponte é sustentado por cabos de aço tracionados. Os cabos são fixos em
torres situadas nas extremidades da ponte. As primeiras versões foram feitas em madeira e
corda. Com o desenvolvimento tecnológico, os tirantes de corda transformaram-se em
enormes cabos de aço. Mas o desenho continua dialogando com a imaginação humana
(Marques & Cunha, 1999).
Neste grupo distinguem-se as pontes suspensas, figura A1.15, onde os cabos constituem a
principal estrutura de suporte ao tabuleiro, estes são ancorados a outro cabo principal que
liga o tabuleiro e a as torres, permitindo assim suspender o tabuleiro. O outro tipo pontes são
as atirantadas, figura A1.16, onde o tabuleiro é suspenso por cabos inclinados que são
fixados aos pilares (Marques & Cunha, 1999).

Figura A1.16 - Exemplo de ponte atirantada: Ponte


Figura A1.15 - Exemplo de ponte suspensa: Vasco da Gama.
Ponte 25 de Abril.

A1.9
Anexo 1

A1.3 Componentes principais das obras de arte


Dependendo da tipologia estrutural e do material que constitui as obras de arte, estas
apresentam componentes diferentes. Mas, todas estas infraestruturas detêm componentes que
são simultâneos em ambas tipologias e materiais, tais como: o tabuleiro, encontros, pilares e
aparelhos de apoio, figura A1.17.

Figura A1.17 - Componentes de uma obra de arte.

A1.3.1 – Tabuleiro

O tabuleiro, figura A1.18, é o primeiro componente a absorver os esforços provenientes do


tráfego (seja pedonal, rodoviário ou ferroviário), para além das sobrecargas têm-se ainda os
esforços provenientes do vento e frenagem. Mas durante a fase construtiva esse componente
já se encontra solicitado por cargas quer na direção horizontal, quer na direção vertical. Para
além desses esforços, atuam também deformações impostas, devido à variação da
temperatura, à retração e o pré-esforço (Marques & Cunha, 1999).

Figura A1.18 - Tipo de tabuleiros.

A1.3.2 – Pilares

O pilar é um componente vertical da ponte e tem como função transmitir os esforços


provenientes do tabuleiro para o solo de fundação. Este elemento é constituído por dois
componentes: pelo fuste e fundação, figura A1.19.

A1.10
Aspetos gerais sobre pontes

O fuste pode ser simples ou múltiplo, figura A1.20, e no topo pode ser alargado de modo
diminuir o efeito de punçoamento. A secção do pilar varia conforme os esforços que estão a
atuar sobre a obra de arte e da forma do terreno local (Marques & Cunha, 1999).

Figura A1.20 - Associação de pilares através de


uma travessa.
Figura A1.19 - Exemplo de pilar.

As fundações são o elemento do pilar que transmite os esforços provenientes do fuste ao solo
de fundação. Este elemento pode ser divido em dois grupos: fundações diretas e indiretas. As
fundações diretas utilizam-se quando existe a pouco profundidade solo com a capacidade de
absorver os esforços transmitidos pela superestrutura e são constituídos por sapatas ou
blocos executados em betão armado.
Recorre-se às fundações indiretas quando o solo não apresenta condições para a execução
das fundações descritas no parágrafo anterior. A sua função é transmitir as cargas estruturais
ao estrato firme localizado a uma dada profundidade. Podem ser constituídas por estacas,
pegões, microestacas e colunas de get grouting.

A1.3.3 – Encontros

É através deste elemento, o encontro, que o tabuleiro da ponte faz a ligação com a via de
comunicação. Este elemento estrutural tem como função principal absorver os esforços
horizontais devido a frenagem dos veículos, mas também pode suportar esforços verticais ou
impulsos das terras transmitidas pelo solo adjacente. Outra função deste elemento é permitir
que a superestrutura sofra dilatações, assentamentos de apoio e outras deformações sem que
ponha em causa a segurança estrutural. Normalmente os encontros estão associados a muros
que podem estar ligados ou não.
Neste elemento estrutural pode-se distinguir dois tipos: os encontros aparentes, figura A1.21,
e os encontros perdidos, figura A1.22. A escolha do tipo de encontro depende da
superestrutura, da geometria e das condições topográficas (Marques & Cunha, 1999).

A1.11
Anexo 1

Figura A1.21 - Encontro Aparente (H. Marques & Figura A1.22 - Encontro perdido (H. Marques
Cunha, 1999). & Cunha, 1999).

A1.3.4 – Aparelhos de apoio

O aparelho de apoio, figura A1.23, é o dispositivo colocado entre o tabuleiro e os apoios


(pilares e encontros) e tem como principal função a transmissão dos esforços do tabuleiro
para os pilares e encontros que, por sua vez, transfere até ao solo. Também é a partir desse
elemento que se pode restringir alguns movimentos relativos como rotações ou
deslocamentos.
Os aparelhos de apoio surgiram em meados do século XIX. As estruturas foram sendo
projetadas para vãos cada vez maiores, e face aos grandes problemas das estruturas em
transmitir os esforços do tabuleiro para o pilar ou mesmo levar em consideração a variação
da temperatura, retração, expansão dos materiais, movimentos de rotação ou de translação,
etc., teve-se a necessidade de pensar em um dispositivo que visasse não deixar que tais
problemas modificassem os elementos constituintes das estruturas.
Existe vários tipos de apoios, estes são definidos através do seu material e graus de
liberdade. De acordo com a norma europeia EN1337 pode-se definir os seguintes tipos de
apoio (H. Marques & Cunha, 1999):
Tipo 1: Aparelho de apoio de rotação completa Aparelho de Apoio em elastómero;
• Aparelho de apoio “panela”;
• Aparelho de apoio esférico;
• Aparelho de apoio pêndulo pontual;
• Aparelho de apoio guiado com bloqueamento;
Tipo 2: Aparelho de apoio de rotação axial AA de pêndulo;
• Aparelho de apoio cilíndrico guiado segundo direção longitudinal ou segundo a direção
longitudinal mais a direção transversal;

A1.12
Aspetos gerais sobre pontes

• Aparelho de apoio de rolete simples;


Tipo 3: Aparelho de apoio esférico e cilíndrico onde a carga horizontal é suportada pela
superfície de deslizamento curva;
• Aparelho de apoio esférico fixo ou com elementos de deslizamento unidirecional;
• Aparelho de apoio cilíndrico fixo ou guiado na direção transversal;
Tipo 4: todos os restantes aparelhos de apoio.

Figura A1.23 - Tipos de aparelho de apoio (Marques & Cunha, 1999).

A1.4 Ciclo de vida


Num ciclo de vida de uma obra de arte (ou numa estrutura qualquer) distingue-se em quatro
fases: conceção, construção, exploração e demolição.
É fundamental que nestas quatro fases do ciclo de vida se tenha presente a qualidade e a
funcionalidade, para que a estrutura obtenha o melhor desempenho possível.
É durante a fase de conceção, que se define a estrutura de acordo com as exigências do dono
de obra e também se carateriza os materiais e processos construtivos a utilizar. É importante
que nessa fase o dono obra informe o projetista do período de vida útil da estrutura porque
influencia a sua conceção.

A1.13
Anexo 1

Os regulamentos em vigor dão especial atenção às questões relacionadas com os aspetos


estruturais, abordando o conceito de durabilidade implicitamente. Por outras palavras, os
efeitos de degradação e deterioração das estruturas são considerados indiretamente, através
da especificação do recobrimento mínimo, da razão entre o aço e o betão máxima, da
quantidade mínima de cimento, teor de ar e tipo de cimento. No sentido de se prolongar a
vida útil de uma obra de arte e de se prevenir o aparecimento de patologias na estrutura e nos
equipamentos nela instalado, será necessário durante a fase de conceção e projeto ter em
consideração diferentes fatores, tais como: a natureza e qualidade dos materiais a aplicar, a
definição dos mecanismos de degradação e dos modelos de simulação, as disposições
construtivas, as condições ambientais, prever a realização de inspeções e ações de
manutenção e conservação, apresentar especificações técnicas adequadas no sentido de se
garantir qualidade na construção (Marques & Cunha, 1999).
Na fase de construção, para se garantir uma boa qualidade, é necessário que a fiscalização
execute um controlo apertado dos materiais aplicados, que as disposições indicadas nos
projetos sejam cumpridas e que os processos construtivos sejam executados sobre as boas
normas da construção civil. Umas das principais falhas que mais ocorrem nessa fase são a
utilização de mão-de-obra não qualificada para execução de grandes volumes de construção
num curto espaço de tempo (Marques & Cunha, 1999).
Para a estrutura manter a qualidade das condições de serviço para qual foi projetada é
necessário implementar inspeções periódicas, ações de manutenção e conservação de todos
os elementos e equipamentos da estrutura. Em suma, é fundamental elaborar um sistema de
gestão de obras de arte. Pode-se então afirmar que para se garantir a durabilidade “as
estruturas de betão armado, devem ser projetadas, construídas e utilizadas, de tal maneira
que, debaixo da influência do meio previsto, mantenha as suas condições de segurança,
serviço e aparência aceitáveis durante um período de tempo explícito ou implícito, sem
requerer custos anormalmente altos de manutenção e reparação” (Delgado, 2000).
A fase da demolição acontece quando a estrutura deixa de desempenhar as funções para a
qual foi projetada. Nesta fase é importante executar um bom plano e gestão de resíduos de
construção de demolição, para que se possa reutilizar ao máximo os materiais provenientes
da estrutura, de modo a causar o menor impacto possível no ambiente.
É importante destacar que Ferry Borges e Castanheta (1972) são os autores dos primeiros
estudos sobre o tema da fiabilidade e avaliação de segurança estrutural, em Portugal. Foi
partir desses estudos que o conceito de risco estrutural começou a fazer parte da engenharia
estrutural em Portugal, que traduz que a estrutura, ao longo do seu período de vida, poderá
ter estados de dano desfavoráveis, num determinado intervalo de valores de probabilidade de
ruína (Marques & Delgado, 2012).

A1.14
Soluções de Reforço e Intervenção

ANEXO 2
SOLUÇÕES DE REFORÇO E INTERVENÇÃO
A2.1 Introdução
O objetivo do reforço sísmico de uma obra de arte é garantir uma melhor distribuição dos
esforços gerados por um sismo e um controlo/limitação das deformações dos elementos da
estrutura. Uma intervenção na estrutura tem que confirmar os seguintes parâmetros:
 O comportamento da estrutura após reforço seja o previsto em projeto;
 Facilidade de montagem in situ;
 Que seja uma intervenção mais económica possível.
Ao executar técnicas de reforço sísmico em pontes pode-se obter vários resultados no
comportamento final da estrutura, dos quais se destacam (Bousias, 1989):
 Aumentar o amortecimento de certos elementos;
 Aumentar a resistência de certos elementos;
 Reduzir a frequência própria da estrutura;
 Aumentar a rigidez global da estrutura;
 Aumentar a ductilidade de certos elementos da estrutura.
Com os sistemas de reforço sísmico existentes, pode-se subdividi-los nos seguintes grupos,
figura A2.1:

A2.1
Anexo 2

Figura A2.1 - Esquema dos grupos de reforço (Bousias, 1989).

A2.2
Soluções de Reforço e Intervenção

A2.2 Intervenção Global da Estrutura


Um reforço sísmico por intervenção global da estrutura pressupõe-se na aplicação de
métodos de isolamento sísmico. O objetivo do isolamento sísmico é a separação parcial dos
elementos da estrutura de modo a reduzir as acelerações provocadas pelo sismo e
transmitidas pelo solo à super-estrutura. Esse objetivo é conseguido através da instalação de
aparelhos de apoio, com caraterísticas de grande flexibilidade ou grande rigidez, de modo a
criar uma descontinuidade entre os elementos. Muitas vezes, a colocação desses aparelhos
pode alterar o funcionamento estrutural que a estrutura possuía. Este tipo de reforço pode-se
dividir-se em três grupos: isolamento base, dissipadores e amortecedores de massa
sintonizada.
A vantagem do isolamento sísmico é a redução significativa da frequência da estrutura, mas
tem como desvantagem um aumento das deformações (Bousias, 1989).
Em Portugal esta técnica começou a surgir no final dos anos 60, com a substituição dos
velhos aparelhos de apoio metálicos por aparelhos de apoio elastroméricos. Posteriormente,
nos anos 80, começaram-se a utilizar os aparelhos de apoio elastroméricos com a finalidade
de reduzir a frequência a estrutura. No último século começaram a aparecer os aparelhos de
borracha e os dissipadores viscosos e histeréticos com funções passivas. Tem-se como
exemplo a Ponte Salgueiro Maia em Santarém e a Ponte Vasco da Gama em Lisboa, figura
A2.2.

Figura A2.2 - Dissipador Histerético.

A2.2.1 – Isolamento Base

O isolamento base tem como função eliminar quase por completo a ligação horizontal entre
o solo e a estrutura mas, nas “obras de arte”, costuma-se desligar os pilares do tabuleiro,
embora mantendo sempre a ligação vertical. A eficiência deste sistema avalia-se pela
capacidade de filtrar as componentes de excitação com frequências que são próprias da
frequência fundamental da estrutura (Bousias, 1989).

A2.3
Anexo 2

Figura A2.3 - Redução da frequência da estrutura através de isolamento base (Bousias, 1989).

É um método recente é facilmente aplicável em “obras de arte” porque consiste em mudar os


aparelhos de apoio existentes por aqueles que se vai referir.
 Sistema Pendular por Atrito – FPS
Este sistema, figura A2.4, consiste numa ponta de aço com a extremidade articulada que vai
permitir a outro elemento, com superfície côncava, deslizar. Na atuação de um sismo, esses
dois componentes passam a ter um movimento pendular e a dissipação de energia é feita pelo
atrito entre essas duas partes. O período do apoio é determinado pelo raio de curvatura da
superfície côncava e o amortecimento necessário para dissipar a energia, que é fornecido
pela força de atrito dinâmico gerada (Albanesi & Nuti, 2007).

Figura A2.4 - Esquema do aparelho FPS (Bousias, 1989).

 Blocos de borracha com núcleo de chumbo - LRB


Este elemento, figura A2.5, é constituído por borracha corrente, neoprene, ao qual foi
adicionado um núcleo de chumbo na forma cilíndrica para aumentar o amortecimento
histerético devido ao comportamento elastoplastico do chumbo. O seu funcionamento
consiste no suporte da carga vertical, isolamento das vibrações por parte da borracha e na
absorção das vibrações por parte do chumbo. Este aparelho consegue manter o seu
desempenho, sem degradação, quando é sujeito a cargas cíclicas.

A2.4
Soluções de Reforço e Intervenção

Figura A2.5 – Aparelho LRB (Mimoso, 2008).

 Blocos de borracha de alto amortecimento – HDRB


Os HDRB, figura A2.6, têm um comportamento de dissipação de energia linear viscoso,
porque a borracha é otimizada através de aditivos, de modo a melhorar a absorção dos
esforços de corte muito elevados. Através destes aparelhos consegue-se coeficientes de
amortecimento na ordem dos 10% a 20%.

Figura A2.6 - Aparelho HDRB (Mimoso, 2008).

A2.5
Anexo 2

A2.2.2 – Amortecedor de massa sintonizada - TMD

Os TMD têm a vantagem de poderem ser instalados sem que haja qualquer tipo intervenção
na estrutura. A sua função é redução dos níveis de vibração nas estruturas quando estão
sobre ações dinâmicas com um certo período.
Um TMD é um dispositivo de controlo passivo que consiste num oscilador de um grau de
liberdade, figura A2.7, de massa m1, constante de rigidez k1 e constante de amortecimento
c1, que representa a estrutura principal, ligado a uma massa m2, a uma mola de rigidez k2 e
a um mecanismo de amortecimento viscoso de constante c2, como se representa de seguida
(Nunes, 1999):

Figura A2.7 - Modelo de Funcionamento de um TMD (Nunes, 1999).

Este sistema, figura A2.8, tem um alto rendimento para a absorção das vibrações, sobretudo
excitações de banda estreita. A estrutura ao ser submetida a movimentos dos solos muito
fortes aumenta o período e pode desalinhar totalmente o TMD. Por isso, esses aparelhos são
mais utilizados para controlo de vibrações provenientes da ação do vento.

Figura A2.8 - Amortecedor de massa sintonizada.

A2.6
Soluções de Reforço e Intervenção

A2.2.3 – Dissipadores

No acontecimento de um sismo a absorção dos esforços que este provoca é feita pela
estrutura, através das deformações inelásticas. Mas, com a utilização de dissipadores na
estrutura, esses esforços passam a ser absorvidos por estes elementos e o sistema fica
salvaguardado. Logo, a utilização destes aparelhos em “obras de arte” é uma alternativa que
traz mais segurança estrutural e é económica. Mas a única maneira de determinar a resposta
da estrutura com dissipador à ação sísmica para verificar a sua segurança estrutural é com o
recurso de análises dinâmicas não lineares. Existem vários tipos de dissipadores, mas os mais
comuns são os dissipadores viscosos e histeréticos. Também é usual utilizar soluções nas
estruturas em que se contemplam o funcionamento de reforço com isolamento base e
dissipadores ao mesmo tempo.

 Dissipadores Viscosos
Este tipo de dissipadores, figura A2.9, funciona à custa da passagem de um fluido com a
viscosidade controlada. É através dessa propriedade que se controlada a velocidade de
dissipação de energia. Esses aparelhos têm como função controlar os deslocamentos do
tabuleiro e o nível da força transmitida a estrutura. Conforme o sismo atue na estrutura, o
dissipador começa a ter movimentos de tração de compressão, de forma a aquecer o fluido e,
posteriormente, a dissipar a energia do esforço provocado pelo sismo (Bousias, 1989).

Figura A2.9 - Dissipador Viscoso.

A2.7
Anexo 2

 Dissipadores Histeréticos Metálicos


Estes dissipadores, figura A2.10, têm um comportamento fisicamente não-linear e é a
propriedade explorada para dissipar a energia. A dissipação dá-se pela deformação (que pode
ser provocada por corte, torção ou flexão) dos elementos metálicos constituintes do
dissipador.

Figura A2.10 - Dissipador Histeréticos (Bousias, 1989).

 Dissipadores visco-elásticos
O comportamento deste dissipador, figura A2.11, engloba as propriedades dos fluidos
viscosos e de materiais elásticos ao mesmo tempo. A diferença entre os dois tipos é que,
enquanto um material elástico, após retirado o carregamento, regressa de um modo geral, à
sua forma original, o fluido viscoso não, pois encontra equilíbrio numa posição deformada
após a atuação da carga. O seu funcionamento parte pelas caraterísticas dos materiais acima
indicados, logo, se por um lado a energia é automaticamente recuperada após a carga ser
retirada (funcionamento elástico), o outro é dissipado em calor pelo material (fluido).

Figura A2.11 - Dissipadores visco-elásticos.

A2.8
Soluções de Reforço e Intervenção

A2.3 Reforço de Elementos da Estrutura


Este tipo de reforço consiste em aumentar as caraterísticas de resistência e ductilidade dos
elementos da estrutura. Nem sempre a intervenção é em toda a estrutura ou em todo o
elemento. Por exemplo, numa “obra de arte” pode-se só reforçar os elementos pilares e na
zona do aparecimento da rótula plástica e, assim, melhorar substancialmente as resistências
de toda a estrutura.

A2.3.1 – Reforço de Pilares de Betão Armado

De acordo com os danos observados nos pilares em pontes sujeitas aos sismos recentes
conclui-se que estes têm falta de ductilidade e resistência à flexão e corte, sobretudo os que
foram dimensionadas com regulamentos antigos. Como causa destas deficiências de
funcionamento está a falta de qualidade no processo construtivo, sobretudo nas zonas mais
frágeis e a falta de armadura de esforço transverso. O processo de rotura de um pilar inicia
pelo aparecimento de fissuras paralelas as armaduras, posterior destacamento do betão e, por
fim, arrancamento do aço.
A técnica mais comum de reforçar um pilar no seu todo ou só em secções específicas é o
encamisamento, figura A2.12. Esta técnica consiste no envolvimento da secção do pilar
(quando se trata de pilares ocos, a zona interior também pode ser envolvida).

Figura A2.12 - Método de Encamisamento.

O material a envolver a secção do pilar pode variar conforme a necessidade de aumento das
caraterísticas anteriormente descritas, a sua aplicação in situ e o preço do reforço. Os
principais materiais a utilizar no encamisamento do pilar são:
 Chapas de aço;
 Materiais compósitos;
 Betão armado ou pré-esforçado.

A2.9
Anexo 2

A2.3.2 – Reforço de Ligações Entre Elementos

As travessas de ligação são geralmente pré-esforçadas. Estes elementos têm uma particular
importância, uma vez que permitem a transferência de forças entre os tabuleiros e os pilares,
e são muito solicitados em termos de forças de corte e flexão. Um dos métodos de reforço de
travessas que se aplica igualmente a qualquer ligação entre elementos é o de acrescentar
armadura nessas regiões. Outros dos métodos de reforço, se for possível in situ, é o
encamisamento por mantas de fibras das ligações e travessas.

A2.3.3 – Reforço dos Encontros

Não é muito corrente intervir numa ponte só para reforçar essa componente. Mas o tipo de
reforço que se costuma fazer neste componente são execução de muros de contenção na testa
do encontro de betão armado, blocos de poliestireno expandido, reforçar as fundações do
encontro ou o próprio solo, como se explica no próximo ponto.

A2.4 Reforço de Fundações ou do Solo de Fundação

O dimensionamento do reforço de fundações ou do solo de fundação é bastante complexo


devido à variabilidade da geotecnia, que resulta em múltiplas e variadas origens de incerteza.
Devido a isso, essas técnicas de reforço devem ser executadas com especial atenção de forma
a salvaguardar todas as incertezas que surgirão no dimensionamento.

A2.4.1 – Reforço das fundações com micro-estacas


Ao reforçar o solo com micro estacas, figura A2.13, permite vantagens de ocupar pouco
espaço na região da fundação e tem o benefício de permitir que as cargas, concentradas sobre
o terreno, sejam redistribuídas por vários pontos, em diferentes zonas do terreno. Observa-se,
portanto, uma melhoria do estado de equilíbrio das estruturas.

A2.10
Soluções de Reforço e Intervenção

Figura A2.13 - Micro estacas.

A2.4.2 – Reforço do solo de fundação

O Jet Grouting, figura A2.13, tem como objetivo a injeção de calda de cimento a elevada
pressão, misturando o terreno com a calda, melhorando assim as suas caraterísticas
mecânicas e aumentando a impermeabilidade do mesmo.
O jet-grounting é um método particularmente interessante nas seguintes condições:
• Reforços de qualquer tipo de fundações, com exceção daquelas que têm elevada
sensibilidade a assentamentos e cuja carga é transmitida aos pilares antes de estas atingirem
a resistência de projeto;
• Reforço de fundações a partir do interior da própria estrutura;
• Reforço de fundações constituídas por estacas de madeira deterioradas.

Figura A2.14 - Método Jet Grouting

A2.11
Anexo 2

A2.12

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