Sismos
Sismos
Sismos
Ramo Estruturas
Abril 2015
Índice Geral
INDICE GERAL
Índice Geral……………………………………………………………………………………i
Dedicatória…………………………………………………………………………………...iii
Agradecimentos…………………………………………………………………………….....v
Resumo…………..………………………………………………………………………......vii
Abstract…………………………………………………………………………………....…ix
Résumé………………………………………………………………………………….……xi
Índice de texto……………………………………………………………………………....xiii
Índice de Figuras…………………………………………………………………………...xvii
Índice de Tabelas…………………………………………………………………………...xxv
Capitulo 1 – Introdução………………………………………………..1.1
Capitulo 2 – Comportamento Sísmico das Pontes…………………….2.1
Capitulo 3 – Análise Sísmica………………………………………….3.1
Capitulo 4 – Avaliação de Segurança Sísmica…………………….......4.1
Capitulo 5 – Ensaio Experimental…………..……………….…….......5.1
Capitulo 6 – Conclusão…………..……………….…….......................6.1
Referências Bibliográficas………………………………………………………………...R.1
Anexo 1 – Aspetos Gerais Sobre Pontes………………………..………………………...A.1
Anexo 2 – Soluções de Reforço e Intervenção…...……………..………………………...A.2
i
Índice Geral
ii
Dedicatória
iii
Dedicatória
iv
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
Para se poder realizar o seguinte trabalho foi necessário recorrer a muitos recursos humanos e
materiais. Apesar de ser um trabalho individual, queria mostrar o meu reconhecimento e
agradecimento a todos que me acompanharam ao longo da realização deste trabalho.
Assim, começo por agradecer à minha família, pais, irmãos e tia, pela paciência e compreensão
sempre demonstrados ao longo deste trabalho e também por me facultar todas as condições possíveis
para que pudesse realizar uma vida académica, desde o inicio da licenciatura até ao fim deste
mestrado.
Ao doutor professor Pedro da Silva Delgado, por ser o meu orientador, pela sua dedicação e
disponibilidade para as linhas orientadoras desse projeto bem como ter criado a oportunidade de poder
realizar um ensaio experimental. Também, agradecer pelo espírito de amizade que foi aprofundando
na realização desta dissertação.
À empresa Irmãos Maia, Lda., pela construção dos pilares ocos ensaiados e igualmente à empresa
S.T.A.P.- Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S.A., em particular ao eng. Miguel
Santos, por todo o cuidado prestado na programação e realização dos trabalhos de reparação e reforço
dos provetes.
Aos engenheiros António Cruz, Carlos Pimental e ao Sr.º Tiago Rodrigues da E.P., pela sua
colaboração nesse trabalho e o fornecimento dos dados necessários para a realização das modelações.
v
Agradecimentos
Por fim, queria congratular a Catarina, pela força necessária para concluir este trabalho. Por todo
carinho que prestou, pela compreensão, pela motivação e por fim por acreditar em mim, no meu
esforço e sucesso.
vi
Resumo
RESUMO
Este trabalho consiste no estudo do comportamento sísmico de pontes de betão armado. Ao
longo deste, são indicadas as principais metodologias de análise sísmica, e, posteriormente as
principais metodologias de análise de segurança sísmica, tendo em conta o comportamento
não linear das pontes. Ao nível das análises numéricas, serão aplicadas algumas das
metodologias referidas numa ponte porticada de betão armado, submetida a análises
dinâmicas, explorando a sua capacidade histerética, de forma a indicar as vantagens e
desvantagens na sua aplicação prática, para que possam ser envolvidas no futuro, no
dimensionamento e verificação de segurança de estruturas correntes, garantindo um bom
nível de rigor. Posteriormente, serão apresentados os resultados experimentais relativos a um
ensaio de um pilar retangular de secção oca. Finalmente, serão expostas as conclusões da
comparação com outros pilares ensaiados na campanha experimental anterior.
No início deste projeto apresenta-se uma análise aos danos em pontes e viadutos que foram
submetidos à ação sísmica recentemente. A ação sísmica permite testar a capacidade de
dissipação de esforços e respetivo comportamento histerético. Assim, é importante analisar
as estruturas que estiveram já sujeitas a esse fenómeno para se retirar conclusões e,
posteriormente melhorar as condições de comportamento sísmico das estruturas existentes
ou novas.
Na modelação estrutural abordaram-se, primeiramente, os elementos da estrutura, com
modelações bidimensionais e tridimensionais, definindo métodos para obter a resposta
estrutural de pontes. Depois, foi estudado o comportamento dos materiais constituintes do
betão armado sujeitos a cargas cíclicas para que, no fim, sejam definidos os modelos de
avaliação da capacidade resistente dos elementos das pontes. Abordou-se igualmente a
legislação europeia, Eurocódigo 8, e indicando quais são os métodos utilizados pela norma
para se proceder à análise sísmica.
Para avaliação de segurança sísmica enunciaram-se os métodos mais simplificados e
abordou-se uma metodologia mais rigorosa, que parte do princípio da quantificação da
probabilidade de ruina através de uma transformação não linear da ação sísmica e dos seus
efeitos na estrutura. Alguns dos princípios estudados foram aplicados a um caso de estudo.
Por fim, foi realizado um ensaio experimental de um pilar retangular reforçado com bandas
CFRP, com secção oca, dando seguimento à campanha experimental realizada por Delgado
(2009). Finalmente, este ensaio foi complementado com uma análise numérica do pilar, sem
o reforço, submetido à mesma lei de carga utilizado no ensaio experimental.
PALAVRAS CHAVE: pontes de betão armado; análise sísmica; modelação não linear;
análises dinâmicas; dissipadores; probabilidade de ruína; vulnerabilidade sísmica; pilares
ocos; ensaios experimentais; estratégias para reforço.
vii
Resumo
viii
Abstract
ABSTRACT
This work consists of the study of the seismic behavior of reinforced concrete bridges. Along
this thesis are shown the main methods of seismic analysis and subsequently the main
methods of analyzing seismic safety, taking into account the non-linear behavior of the
bridges. In numerical analysis, will apply some of the methodologies referred to reinforced
concrete bridge, subjected to dynamic analysis, exploring its hysteretic capacity, to indicate
the advantages and disadvantages in practical application, that may be involved in future, in
the design and verification of structural safety assessment of current structures, ensuring a
good level of rigor. After will be presented the experimental results of testing hollow section
bridge piers. Finally, will be perform the conclusions of the comparison with other testing
hollow section bridge piers.
In the begining of this work it is show an analysis of the damage to bridges that was
subjected to seismic action lately. The seismic action allows to test capacity of dissipation of
efforts and respective hysteretic behavior. Thus, it is important to analyze the structures that
were subject to this action, to take conclusions and further improve the seismic performance
of existing and new structures.
In structural modeling was studied first the elements of structure, in two-dimensional and
three-dimensional modeling, defining methods for the structural response of bridges. After
this, was read the behavior of the constituent materials of the concrete to cyclic loading in
order to define models to be evaluation of the strength of the elements of the bridges. Also
was studied the European legislation, Eurocode 8, and indicating what the methods that
indicate to conduct seismic analysis are.
For verification of structural safety, was enunciated most simplified methods and addressed
by a more rigorous methodology, which assumes the quantification of the probability of ruin
through a nonlinear transformation of the seismic action and its effect on the structure. Some
of the principles studied wiil be applied to a case study.
Finally an experimental test of reinforced hollow section pier with CFRP sheet following up
experimental campaign by Delgado (2009). Subsequently, when this testing will be complete
with a numerical analysis of the pillar without reinforcement, subjected to the law of load
used in the experimental test.
KEYWORDS: reinforced concrete bridges, seismic analysis, nonlinear modeling, dynamic
analyzes, verification of structural safety, seismic isolation, seismic vulnerability, RC hollow
pillars, experimental tests, retrofit strategies.
ix
Abstract
x
Résumé
RÉSUMÉ
Ce travail consiste à l'étude du comportement sismique des ponts en béton armé. Tout au
long de ce sont indiquées les principales méthodes d'analyse sismique et par la suite les
principales méthodes d'analyse de la sécurité sismique, en tenant compte du comportement
non-linéaire des ponts. En termes d'analyse numérique, appliquer certaines des méthodes
visés à un pont portique en béton armé soumis à une analyse dynamique, explorer sa capacité
d'hystérésis pour indiquer les avantages et les inconvénients de l'application pratique qui
peuvent être impliqués dans l'avenir dans la conception et la vérification des structures de
sécurité en vigueur, en assurant un bon niveau de rigueur. Enfin, les résultats expérimentaux
concernant le test d'un pilier rectangulaire de section creuse seront présentés. Ensuite, les
conclusions de la comparaison avec d'autres piliers testés en campagne expérimentale
précédente seront présentés.
Avant de procéder à des objectifs de ce travail a été fait une analyse des dommages causés à
des ponts et des viaducs qui ont été soumis à l'action sismique récents. La meilleure preuve
de son handicap lorsque la structure est soumise à l'action sismique, avec un mauvais
comportement qui peut conduire à son échec. Ainsi, il est important d'analyser les structures
qui ont fait l'objet à ce phénomène, de tirer des conclusions et d'améliorer la performance
sismique des structures existantes et nouvelles.
Dans la modélisation structurelle a été adressée premiers éléments de la structure avec la
modélisation bidimensionnelle et tridimensionnelle, définir des méthodes pour la réponse
structurale des ponts. Par la suite, le comportement des matériaux constitutifs du béton à un
chargement cyclique afin de définir des modèles d'être évaluation de la force des éléments
des ponts a été étudiée. Est adressée également à la législation européenne, l'Eurocode 8, et
en indiquant quelles sont les méthodes qui indiquent à procéder à une analyse sismique.
Pour l'évaluation de la sécurité sismique, est énoncé les méthodes les plus simplifiées et
traitées par une méthodologie plus rigoureuse, ce qui suppose la quantification de la
probabilité de ruine à travers une transformation non linéaire de l'action sismique et son effet
sur la structure. Certains des principes étudiés ont été appliqués à une étude de cas.
Enfin essai expérimental d'un pilier rectangulaire renforcé avec fibre de carbone avec des
bandes de section creuse, nouvelle campagne expérimentale par Delgado (2009) a été
réalisée. Par la suite, le dosage a été complète par une analyse numérique du pilier sans
armature, soumis à la loi de la charge utilisée dans l'essai expérimental.
Mots-clés: ponts en béton armé, sismique, l'analyse sismique, la modélisation non linéaire,
analyse dynamique, les éviers, la probabilité de ruine, de la vulnérabilité sismique, piliers
creux, essais expérimentaux, les stratégies de renforcement.
xi
Résumé
xii
Índice de Texto
INDICE DE TEXTO
xiv
Índice de Texto
xv
Índice de Texto
xvi
Índice de Figuras
INDICE DE FIGURAS
xvii
Índice de Figuras
Figura 2.31 - Tipo mais comum de ponte no Haiti (Eberhard, Baldridge, Marshall, Mooney,
& Rix, 2010)........................................................................................................................ 2.18
Figura 2.32 - Dano numa ponte devido ao esforço de corte (Eberhard, et al., 2010). ......... 2.18
Figura 2.33 - Ampliação da fenda (Eberhard, et al., 2010). ................................................ 2.18
Figura 2.34 - Encontro do viaduto (Yashinsky, et al., 2010). ............................................. 2.19
Figura 2.35 - Deslocamento transversal do viaduto (Yashinsky, et al., 2010). ................... 2.19
Figura 2.36 - Vista inferior da entrega do tabuleiro ao apoio (Yashinsky, et al., 2010). .... 2.19
Figura 2.37 - Colapso de tabuleiro e pilares sobre o Rio Bio-Bio (Yashinsky, et al.,
2010)……………………………………………………………………………………….2.20
Figura 2.38 - Pilar danificado da ponte Tubul (Yashinsky, et al., 2010). ........................... 2.20
Figura 2.39 - Colapso do tabuleiro da ponte Tubul (Yashinsky, et al., 2010). ................... 2.21
Figura 2.40 - Dano de pilar devido a esforço de corte (Yashinsky, et al., 2010). ............... 2.21
Figura 2.41 - Falha no aparelho de apoio (Kawata, Takahash, Sugiyama, & Obuchi,
2011)……………………………………………………………………………………….2.22
Figura 2.42 - Destacamento do betão na zona da rótula plástica (Kawata, et al., 2011). .... 2.22
Figura 2.43 - Viaduto de Tohoku Shinkanse (Kawata, et al., 2011). .................................. 2.23
Figura 2.44 - Ponte de Orene (Cetin, et al., 2011). ............................................................. 2.24
Figura 2.45 - Colapso de um encontro devido ao deslizamento dos solos (Duarte, et al.,
1990)………………………………………………………………………………….........2.25
Figura 2.46 - Esquema sobre o colapso de uma ponte devido a falha geológica (CEB, 1996).
……………………………………………………………………………………………..2.25
Figura 2.47 - Rotura de uma estaca. .................................................................................... 2.26
Figura 2.48 - Fissura de uma sapata. ................................................................................... 2.26
Figura 2.49 - Rotura de apoio (CEB, 1991). ...................................................................... 2.27
xix
Índice de Figuras
Figura 3.62 – Comparação dos deslocamentos no topo P20 entre M.T.C.5 e M.T.B.1 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Lisboa. ....................................................................................... 3.66
Figura 3.63 – Esforços de corte no pilar P20, M.T.C.5, aos 11,15 segundos. .................... 3.66
Figura 3.64 – Tensões no pilar P20, M.T.C.5, aos 11,15 segundos. ................................... 3.66
Figura 3.65 – Comparação dos deslocamentos no topo P29 entre M.L.C.6 e M.L.B.2 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Lisboa. ....................................................................................... 3.67
Figura 3.66 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6, aos 15,05
segundos.…………………………………………………………………………………..3.67
Figura 3.67 – Momentos no pilar P29, M.L.C.6, aos 15,05 segundos. ............................... 3.67
Figura 3.68 – Comparação dos deslocamentos no topo P29 entre M.L.C.6, M.L.C.6 LRB e
M.L.B.2 LP3, para um sismo Tipo 2 em Lisboa ................................................................. 3.69
Figura 3.69 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6, instante 15,05
segundos.…………………………………………………………………………………..3.69
Figura 3.70 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6 LRB, instante
15,05 segundos. ................................................................................................................... 3.70
xxi
Índice de Figuras
xxiii
Índice de Figuras
xxiv
Índice de Tabelas
INDICE DE TABELAS
xxv
Índice de Tabelas
xxvi
Introdução
1
INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Gerais
Os sismos são um dos desastres naturais que mais impacto têm junto da população, devido
aos elevados prejuízos humanos e materiais. Outro grande problema dos sismos é a sua
imprevisibilidade.
Nas sociedades atuais começa a ser cada vez mais inaceitável a perda de vidas humanas e
bens materiais que se tem verificado nos sismos mais recentes. Os últimos sismos que
decorreram na China, Japão e Chile foram exemplo disso.
Como os sismos causam prejuízos enormes é necessário dispor de normas, métodos de
análise, e disposições construtivas, de forma a melhorar o comportamento das estruturas
existentes/novas à ação sísmica.
Os primeiros códigos de construção que surgiram para melhorarem o comportamento
sísmico das estruturas, indicavam metodologias simples de análises lineares. Com a evolução
dos computadores e dos ensaios laboratoriais passou-se a aplicar metodologias mais
complexas, podendo entrar nas análises não lineares da estrutura. Em suma, essa nova
filosofia de dimensionamento, pressupõe a consideração do comportamento não linear. No
entanto, apesar dos avanços tecnológicos, essas análises não lineares na prática corrente, não
passam de análises lineares afetadas por coeficientes de comportamento. Essas
simplificações arrecadam resultados pouco precisos e sobredimensionados, logo, é
necessário desenvolver métodos mais exatos, no sentido de obter uma maior segurança e
uma maior economia nas soluções estruturais, já que este tipo de ação é muito condicionante
nas zonas sísmicas.
Parte da população humana reside em zonas sísmicas e Portugal é exemplo disso. Daqui
surge a importância de reforçar as obras de engenharia civil, de modo a atenuar os efeitos
sísmicos, diminuindo o máximo possível, os prejuízos indicados anteriormente.
Portugal tem um vasto património de estruturas de engenharia civil para reabilitar/reforçar,
parte desse património são as pontes e viadutos. Estas são estruturas importantes para o
desenvolvimento económico e social do país, uma vez que garantem a ligação rodoviária,
pedonal e ferroviária por todo o território. Logo, estão permanentemente a ser solicitadas por
sobrecargas que aceleram a degradação de todos os elementos da estrutura.
1.1
Capitulo 1
1.2 Objetivos
O principal objetivo deste trabalho é o estudo das metodologias existentes para a análise
sísmica e consequente avaliação da probabilidade de ruína em pontes, com especial atenção
para os elementos pilares. A compreensão de todos os fenómenos associados à modelação
sísmica será obtida ou por análises numéricas, com o recurso de software, ou por ensaios
laboratoriais. Estes últimos consistem na continuação de trabalho, já desenvolvido por
Delgado (2009).
Várias soluções de modelação de estruturas são apresentadas, desde as mais simples -
bidimensionais, às mais complexas - tridimensionais. Recorreu-se unicamente, às
modelações tridimensionais, variando o elemento constituinte do modelo (barra ou casca), de
forma a avaliar a eficiência do modelo no comportamento não linear da estrutura. Outra
análise importante a realizar é a alteração das condições de apoio da estrutura e perceber
como os esforços se distribuíram com essa alteração e que consequências produzem no
comportamento não linear da ponte.
Será efetuado um resumo das principais metodologias de análise sísmica, procurando
explicar sucintamente cada uma delas e indicar para que situações se podem utilizar, de
forma a salvaguardar a segurança estrutural do caso em estudo. De seguida será descrito,
sucintamente, em que consiste a análise de segurança sísmica de estruturas, apontando as
principais metodologias. Através do método probabilístico através de funções de
vulnerabilidade vai ser analisada a evolução da probabilidade de ruína, quando se alteram as
condições de apoio da estrutura.
No campo dos ensaios laboratoriais será apresentado o ensaio do pilar PO2-N6-R1, da
campanha experimental descrita em Delgado (2009). Os seus resultados serão comparados
com os ensaios já realizados. Serão efetuadas análises numéricas, para se perceber o
fenómeno que pode estar associado à ruina nesse tipo de elemento.
1.2
Comportamento Sísmico de Pontes
2
COMPORTAMENTO SÍSMICO DE PONTES
2.1 Introdução
O planeta terra é constituído por várias camadas, tais como: núcleo interno; núcleo externo;
manto; manto superior e, por fim, crosta. Nessas camadas costumam-se desenvolver-se
fenómenos de movimentação de placas rochosas, erupções vulcânicas, migração de gases e,
também (às vezes devido a ação humana), o desprendimento de camadas rochosas, que
originam vibrações bruscas e lentas na superfície da terra designadas por sismo. Pode-se
caraterizar três tipos de sismo quanto à sua origem, que são os seguintes:
Sismos de Colapso. Estes resultam dos colapsos em grutas e cavernas ou separação
de massas rochosas em zonas montanhosas;
Sismo Vulcânicos. Que tem origem nas pressões causadas por um vulcão antes da
erupção ou pela movimentação de massas magmáticas;
Sismo tectónico. Trata-se dos sismos de maior importância e com mais intensidade
são dessa origem. Esse tipo de sismo ocorre devido as movimentações das placas
tectónicas.
As estruturas de construção civil têm a finalidade de transmitir os esforços para o solo, logo
estão diretamente ligadas a ele. Se o sismo é caraterizado por uma vibração brusca do solo
vai ser muito prejudicial à estrutura, pois vai impor esforços horizontais com várias
intensidades num curto espaço de tempo.
Através da ação sísmica são postas em evidências as deficiências que poderão originar um
mau comportamento da estrutura. Pretende-se assim concluir como melhorar no futuro, o
comportamento sísmico das estruturas existentes ou novas (Delgado, 2009).
O continente americano e o continente asiático são os que mais sofreram com sismos nas
últimas décadas. Nos últimos dois anos ocorreram sismos em Haiti, Chile e Japão, o que
permitiram tirar conclusões da importância da aplicação da legislação e metodologias de
dimensionamento antissísmico de estruturas para a perseveração de vidas humanas e bens
materiais.
Atualmente existem regulamentos que obrigam, na fase do dimensionamento, terem em
consideração a ação a sísmica. Mas, muitas das análises indicadas nesses regulamentos, são
muito simples. Podem levar a estruturas demasiado caras ou, pior cenário, em que o
comportamento a ação sísmica não seja o esperado na fase de dimensionamento.
2.1
Capitulo 2
2.2
Comportamento Sísmico de Pontes
A província de Hyogo, no Japão, mais concretamente na parte sul, foi atingia por um sismo
de magnitude M=6,6 na escala de Richter e com uma intensidade de Mercalli de IX e
duração de 20 segundos. Este sismo decorreu no ano de 1995, no dia 17 de janeiro, pelas
05h46 e ficou conhecido pelo sismo de Kobe, por ser a cidade mais afetada, ou Grande
Sismo de Hanshin. Este sismo causou inúmeros danos e colapsos nas estruturas de redes
rodoviárias. Provocou, ainda, 6.400 fatalidades, 40 mil feridos e 300 mil pessoas ficaram
desalojadas. Estima-se que os prejuízos terão sido cerca de 102,5 mil milhões de dólares US
(Carvalho, 2009).
Em Taiwan, na zona central, no dia 21 de setembro de 1999, por volta das 01:47 horas local,
ocorreu o sismo de Chichi. O epicentro do sismo localizou-se na cidade Chichi a um
profundidade de aproximadamente de 1,1 km e a magnitude foi de M=7,6 na escala de
Richter. Este sismo foi caraterizado por ter tido muitas réplicas (mais de 9.000) e de ter
provocado uma falha à superfície com mais de 60 km de extensão e aberturas a atingir nove
metros. A nível de prejuízos humanos esse sismo causou 2.416 mortes e 11.441 feridos
graves. Contabilizaram-se prejuízos monetários na ordem dos 9,2 bilhões de US dólares
(NISEE, 2006).
Na região montanhosa do ocidental da China, mais concretamente na província de Sichuan
por volta das 14:28 hora local, do dia 12 de maio do ano 2008, decorreu um sismo com a
magnitude de 7,9 na escala de Richter. Depois, no dia 18 de Maio, do mesmo ano, foi sentida
uma réplica por volta das 01:08 horas local. O sismo foi sentido em localidades tão
longínquas como Beijing e Xangai e em outros países como Paquistão, Tailândia e
Vietname. Determinou-se que a área afetada abrangeu cerca de 440.000 km2, provocando
uma falha com comprimento de aproximadamente de 240 km. Estima-se que mais de 85.000
pessoas terão perdido a vida e 350.000 tenham ficado feridas (Delgado, 2009).
O sismo de Áquila, de 2009, foi um sismo de 6,7 de magnitude na escala de Richter que
ocorreu em abril, na zona central da península Itálica. O epicentro foi sob a cidade
de Áquila, região de Abruzos. Em Roma, a sua magnitude foi de 4,6 graus Richter. O sismo
deixou pelo menos 291 mortos, cerca de 1.000 feridos, 15 desaparecidos e afetou muitos
edifícios na cidade de Áquila (Kazuhiko, et al, 2009).
2.3
Capitulo 2
A 12 de janeiro de 2010, por volta das 16:53 hora local, ocorreu o sismo do Haiti. O
epicentro localizou-se na parte oriental da península Tiburon, a cerca de 25 km a Sudeste de
Port-au-Prince (capital do Haiti), à profundidade de 10 km. Este sismo foi provocado pela
roturada falha de Enriquillo-Plantain Garden. Teve uma magnitude de 7,0 na escala de
Richter e, mais tarde, registou pelo menos 33 réplicas, das quais 14 tiverem magnitudes entre
os 5,0 e 5,9 escala de Richter. Estima-se que mais de três milhões de pessoas foram afetadas
e que entre 100.000 a 200.000 perderam sua vida (Eberhard, et al., 2010).
O sismo do Chile, que ocorreu no dia 27 de fevereiro de 2010, na capital Santiago, por volta
das 3:34 locais, ocorreu durante cerca três minutos, com uma magnitude de 8,8 na escala de
Richter e uma intensidade de VII na escala de Mercalli. O sismo foi sentido em muitas
cidades argentinas, incluindo Buenos Aires, Córdoba, Mendiza e La Rioja. O epicentro
localizou-se no mar da região de Maule, aproximadamente oito km a oeste de Curanipe e
115 km norte-nordeste de Concepción, segunda maior cidade do Chile. Devido a essa
localização do epicentro, este sismo lançou o alerta de tsunami em cerca de 23 países.
Sismologistas estimam que este sismo provocou um deslocamento do eixo do planeta em
oito centímetros encurtando a duração de um dia (em 1,26 microssegundos). Fontes do
governo do Chile confirmaram que 723 pessoas perderam a vida e que o prejuízo pode
ultrapassar os 15 bilhões de US dólares (Yashinsky, et al., 2010).
A 130 km da costa leste da península de Oshika, no Japão, registou-se o epicentro do sismo
Tohoku a uma profundidade de 24,4 km. O sismo decorreu no dia 11 de março, de 2011, e
teve uma magnitude de 8,9 na escala de Richter, provocando alertas de tsunamis em 20
países. Este sismo ficou marcado pela criação de um tsunami com ondas de mais de 10
metros de altura. Estima-se que 13.000 pessoas tivessem perdido a vida e cerca de 16.000
ficaram desaparecidos devido ao sismo e tsunami (Kawata, et al., 2011).
No dia 23 de outubro, decorreu às 10:41 horas locais, o sismo de Van, na Turquia. O
epicentro do sismo, de magnitude 7,3 de na escala de Richter e de intensidade X na escala de
Mercalli, localizou-se a 19 km da província de Van, a uma profundidade de 7,2 km. Estima-
se que 523 pessoas perderam a vida e 1.650 ficaram feridas (Cetin, et al., 2011).
2.4
Comportamento Sísmico de Pontes
Na route 1, em Watsonville, a ponte Struve Slough, figura 2.1 e 2.2, entrou em rotura uma
vez que os pilares perfuraram o tabuleiro, entrando em colapso. Posteriormente, os próprios
pilares também entraram em rotura. As ligações entre elementos numa ‘obra de arte’ são
uma das zonas onde se concentram mais esforços e logo são mais suscetíveis à rotura. Mas
neste caso, o colapso deu-se pelo fenómeno de punçoamento. Aqui sucedeu-se uma falta de
cuidado em dispor armadura suficiente para que a ligação entre o pilar a viga tivesse
resistência suficiente, para não quebrar a ligação, evitando que o pilar entrasse em contacto
diretamente com o tabuleiro e não ocorrer-se o fenómeno de punçoamento.
Figura 2.1 - Vista parcial ponte Struve Slough. Figura 2.2 - Vista total da ponte Struve Slough.
2.5
Capitulo 2
Uns dos acidentes, em ‘obras de arte’, que mais se destacou nesse sismo foi o colapso do
viaduto Cypress, que vitimou 42 pessoas. O colapso dessa obra de arte deveu-se à rotura de
ligação entre os pilares e as vigas dos tabuleiros. Mais uma vez, a causa que originou o
colapso foi as ligações entre elementos, elemento mais conhecido por nós de ligação, que são
os locais das ‘obras de arte’ onde mais se concentram esforços, quando a estrutura está sobre
uma ação horizontal cíclica. Estas zonas de ligações entre elementos podem chegar a
concentrar mais esforços do que nos próprios elementos (vigas e pilares). Neste caso, a
rotura dos nós de ligação, ocorreu devido à falta de armadura ou falha na disposição da
mesma para resistir ao esforço transverso, como se pode observar na figura 2.3 e 2.4
(Delgado, 2009).
Uma das falhas mais comuns observadas em obras de arte foi a insuficiente resistência à
flexão de pilares. Estas falhas devem-se a uma má execução ou um insuficiente comprimento
de amarração entre varões.
2.6
Comportamento Sísmico de Pontes
Um dos grandes problemas que a acção sísmica provoca nas obras de arte é o aumento dos
deslocamentos dos elementos da estrutura. Esse problema foi observado no nó de ligação da
Intersatate 5 com a Califórnia State Route 5, na Interstate 10 e route Califórnia 118, onde
ocorram vários colapsos de tabuleiros de ‘obras de arte’ devido ao insuficiente comprimento
de apoio nas juntas de ligação, como se observa nas seguintes figuras 2.5 e 2.6 (Oliveira, et
al., 1995).
Figura 2.5 - Queda de tabuleiro vista de cima. Figura 2.6 - Queda de tabuleiro vista de baixo.
Do mesmo modo, como já foi indicado no sismo Loma Prieta, neste sismo houve colapsos de
tabuleiros derivado ao fenómeno de punçoamento como se pode observar na figura 2.7 e 2.8.
2.7
Capitulo 2
O pilar, quando sujeito à ação sísmica, junto à fundação, ocorre a formação de uma rótula
plástica. Esse local é caraterizado por concentrar esforços elevados, como nas ligações entre
elementos anteriormente referidos. Em pilares de algumas obras de arte observaram-se a
insuficiência de ductilidade à flexão nas zonas das rótulas plásticas, figura 2.9, que conduz a
um insuficiente confinamento do betão cintado, provocando a rotura do betão por
esmagamento e, posteriormente, encurvadura dos varões longitudinais (Delgado, 2009).
Uma das grandes conclusões que se tiraram na observação dos pilares que ficaram
danificados por este sismo, foi o mau comportamento que o elemento tem quando a solução
para resistir ao esforço transverso são cintas helicoidais. Sob a ação sísmica essas cintas
desprendem e o betão entra em rotura porque deixa de estar confinado, como se observa na
figura 2.10.
2.8
Comportamento Sísmico de Pontes
Para economizar no custo da obra arte, muitos pilares têm variação de secção ao longo do
seu desenvolvimento. Quando estes estão sujeitos à ação sísmica, nas zonas abaixo da secção
alargada, existe um aumento de esforços combinados entre esforço axial e esforço de flexão,
que causam danos no pilar e deixam esse elemento sem solução para recuperação, figura
2.11.
2.9
Capitulo 2
Com a ocorrência deste sismo foi possível observar um conjunto de obras de arte que foram
concebidas por regulamentos diferentes. A diferença entre os regulamentos é a consideração
ou não de normas para o comportamento cíclico de secções em betão armado (Carvalho,
2009).
Na Hanshin Expressway, uma auto-estrada da linha rodoviária de Kobe, figuras 2.13 e 2.14,
detém várias obras de arte de betão armado, que foram dimensionadas com regulamentos
antigos. Nessas pontes registaram-se imensos danos em pilar devido à má execução das
emendas dos varões longitudinais, como já foi referido no sismo anterior. Também alguns
desses pilares acusaram danos no local das rótulas plásticas, como já foi anteriormente
descrito.
Figura 2.13 - Pilar de um viaduto danificado. Figura 2.14 - Rutptura do pilar na zona da rótula
plástica.
Outro dos problemas detetados nos pilares, que levou algumas vezes ao colapso da estrutura,
foi a dispensa prematura de armadura longitudinal. Esse problema foi detetado no colapso do
viaduto Hanshin, como indica a figura 2.15 e 2.16 (Delgado, 2009). Na proximidade desse
viaduto existem outras obras de arte, mas que foram dimensionadas tendo em conta o
comportamento cíclico das secções em betão armado, que obtiveram um bom
comportamento ao sismo em estudo.
2.10
Comportamento Sísmico de Pontes
2.11
Capitulo 2
Um dos grandes problemas que a ação sísmica provoca é a liquefação dos solos, sobretudo
em solos moles ou solos arenosos. Este fenómeno traduz-se numa redução da rigidez e da
resistência, devido à geração de pressões intersticiais durante a ocorrência de um sismo. Este
fenómeno pode dar origem a deformações permanentes nos solos que podem conduzir a
situações em que a tensão efetiva seja quase nula. A liquefação pode provocar
deslocamentos excessivos nas obras de arte, como aconteceu na Ponte Nishinomiyako, que
na ocorrência do sismo um tabuleiro entrou em colapso devido ao deslocamento do muro
cais, em cerca de 2 m na direção normal do rio, figura 2.17 (Hamada & Wakamatsu, 1999).
Outro problema encontrado nas ‘obras de arte’, quando ocorreu o sismo de Kobe, foi o
insuficiente comprimento das zonas de apoio e das juntas de dilatação, problema já referido
no sismo de Northridge. É de frisar o bom comportamento que os aparelhos de apoio em
neoprene obtiveram à atuação do sismo, instalados em algumas obras de arte.
O sismo na Tailândia provocou uma grande falha. Cerca de 20 pontes, do tipo viga, se
localizavam nessa falha e ficaram severamente danificadas devido ao sismo. Para o
dimensionamento dessas pontes foram utilizados os regulamentos antigos da construção
daquele país, logo, esses regulamentos, não tinham em conta muitas especificações da ação
sísmica (NISEE, 2006).
2.12
Comportamento Sísmico de Pontes
Uma ponte construída no ano de 1980, que foi alvo de reabilitação nos pilares pela técnica de
encamisamento para proteção dos danos do impacto do rio, entrou em colapso por
excessivos deslocamentos do encontro a norte (lado direito figura 2.18), que levou o pilar a
norte a entrar em colapso, devido ao corte longitudinal. Os restantes pilares tiveram
movimentos transversais de corte, que com ambos os danos levassem as vigas de apoio a
entrar em colapso também.
Muitas das pontes entraram em colapso em consequência dos fortes deslocamentos que o
sismo provocou nas estruturas, figura 2.19, logo, comprimento de apoio do tabuleiro foi
insuficiente, como já foi observado nos sismos anteriores.
2.13
Capitulo 2
A maior ponte suspensa por cabos daquela zona, situada perto de Mingjian, que se
encontrava em fase de conclusão, ficou afetada pelo sismo. Dos vários danos destacam-se: o
desalinhamento horizontal da superstrutura e a insuficiente capacidade de confinamento do
betão por parte das armaduras no pilar, figura 2.22.
A figura 2.23 demonstra o colapso total do tabuleiro da ponte, originado por deslocamentos
excessivos, impostos pela falha que o sismo causou. Como se pode observar maior parte dos
pilares e respetivas travessas, conseguiram resistir ao sismo.
Figura 2.24 - Rotura de tabuleiro, vista Figura 2.25 - Rotura de tabuleiro, vista
longitudinal. transversal.
A figura 2.26 indica o colapso total de uma ponte, situada muito perto do epicentro do sismo.
Neste caso os pilares da ponte entram em colapso levando à queda total do tabuleiro.
2.15
Capitulo 2
Figura 2.26 - Colapso total da ponte de Gaoyuan (Clough & Penzien, 1982).
Figura 2.27 - Pilares do viaduto da A24 Figura 2.28 - Apoio do viaduto da A24 (Kazuhiko,
(Kazuhiko, et al., 2009). et al., 2009).
2.16
Comportamento Sísmico de Pontes
Com 35 m de comprimento e 5 m de largura e com três vãos, a ponte de betão armado perto
da saída da SR261, no Rio Aterno, no sentido da cidade Fossa, entrou em colapso como se
apresenta nas figuras 3.29 e 3.30. Os quatro pilares de betão armado deslocaram-se
lateralmente e posteriormente deu-se o fenómeno de punçoamento. As armaduras dos pilares
já se encontravam à vista antes da ocorrência do sismo e com o acontecimento deste tipo
agravaram os danos e levaram os pilares a entrarem em colapso. Também pelo fato da a
armadura se encontrar a vista esta foi perdendo resistência ao longo do tempo.
Figura 2.29 - Colapso da ponte devido a Figura 2.30 - Colapso da ponte devido ao
punçoamento, vista longitudinal (Kazuhiko, et al., punçoamento, vista transversal (Kazuhiko, et al.,
2009). 2009).
O Haiti é um dos países mais pobres da América Central. Por isso, não detém um grande
património de ‘obras de arte’, como os países que já foram referidos. Maior parte das pontes
são uma simples laje em betão, com vão pequenos e, muitas vezes, sem pilares, como indica
a figura 3.21.
2.17
Capitulo 2
Figura 2.31 - Tipo mais comum de ponte no Haiti (Eberhard, et al., 2010).
Na zona de Carrefour de Port au Prince existe uma ponte que dá continuidade à estrada
nacional número dois, que apresenta danos devido ao excesso de esforço de corte. Este dano
deveu-se à falta de armadura para conseguir resistir ao esforço transverso provocado pelo
corte.
2.18
Comportamento Sísmico de Pontes
Como já foi indicado anteriormente, o sismo do Chile foi de uma magnitude enorme e
resultou no colapso de muitas obras de arte. Mas para além da intensidade do sismo, também
os detalhes construtivos do dimensionamento e posterior construção não ajudaram muito na
resistência a este sismo, que decorreu no ano de 2010.
A ação sísmica provocou no viaduto indicado nas figuras 2.34, 2.35 e 2.36, a quebra de
ligação entre o tabuleiro e o encontro, e posterior deslocamento transversal. Logo a ação
sísmica foi provocando rotações em torno de um eixo vertical, no centro de rigidez da obra
de arte e, como a ligação entre o tabuleiro e o encontro não dispunham de armadura
suficiente para resistirem a esses esforços laterais, deu-se a quebra da ligação (Yashinsky, et
al., 2010).
Figura 2.34 - Encontro do viaduto (Yashinsky, et al., Figura 2.35 - Deslocamento transversal do
2010). viaduto (Yashinsky, et al., 2010).
Figura 2.36 - Vista inferior da entrega do tabuleiro ao apoio (Yashinsky, et al., 2010).
2.19
Capitulo 2
Sobre o rio Bio-Bio, figura 2.37, uma fração de uma ponte entrou em colapso em ‘forma de
dominó’. Esta ponte é do tipo porticada de viga simples, logo o seu esquema estrutural é
propício a esse tipo de colapso. A razão dessa queda foi a liquefação no solo fundação,
provocada pelo sismo que levou a que as sapatas tivessem deslocamentos excessivos.
Figura 2.37 - Colapso de tabuleiro e pilares sobre o Rio Bio-Bio (Yashinsky, et al., 2010).
A ponte de Tubul também teve um colapso parecido com o indicado anteriormente. Este
colapso teve origem nos deslocamentos excessivos que os pilares tiveram devido à falta de
resistência à flexão zona da rótula plástica, como indica a figura 3.38.
2.20
Comportamento Sísmico de Pontes
Sobre o rio Bio-Bio, a norte de Juan Pablo II, um pilar de uma ponte entrou em rotura devido
ao excesso de esforço de corte provocado pelo sismo. Essa rotura aconteceu na zona da
rótula plástica, já abordado anteriormente, figura 2.40.
Figura 2.40 - Dano de pilar devido a esforço de corte (Yashinsky, et al., 2010).
2.21
Capitulo 2
O sismo de Tohoku no Japão, como já foi referido, provocou inúmeros prejuízos, não devido
ao sismo em si, mas sim, ao tsunami provocado pelo mesmo. Ao nível de obras de arte,
muitas foram afetadas devido ao tsunami, mas algumas que ficaram longe da ação deste
fenómeno, ficaram com pequenos danos devido ao sismo. No geral, as pontes tiveram um
bom comportamento ao sismo, dado que não há registos de colapsos de pontes.
Na ponte Fuji os rolamentos dos aparelhos de apoio, figura 2.41, foram quebrados pela ação
sísmica. Este dano foi verificado em mais pontes pelo país. Num dos pilares dessa ponte
houve falha no confinamento do betão, na parte inferior do elemento, na zona da rótula
plástica, figura 2.42.
Figura 2.41 - Falha no aparelho de apoio Figura 2.42 - Destacamento do betão na zona da
(Kawata, et al., 2011). rótula plástica (Kawata, et al., 2011).
2.22
Comportamento Sísmico de Pontes
O sismo de Van na Turquia afetou uma zona onde a existência de obras de arte é escassa.
Mas contudo, de acordo com Cetin et al, a ponte de Orene sofreu alguns danos. Como se
pode visualizar na figura 2.44, um conjunto de pilares unidos por uma travessa, sofrem
grandes deslocamentos horizontais. Estes deslocamentos tiveram como causa a liquefação do
solo, que estima-se ser arenoso por ser um leito de um rio.
2.23
Capitulo 2
Depois de se ter feito uma abordagem ao comportamento das obras de arte aos sismos
recentes, vai-se resumir o tipo de danos que aconteceu nas ‘obras de arte’ devido a essa ação,
e organizá-los de acordo com a localização na respetiva obra de arte.
Feita uma análise superficial aos danos que a obra de arte sofre quando é solicitada pela ação
sísmica, chega-se à conclusão que se pode avaliar esses danos em dois grandes grupos: danos
devido às fundações e danos devido a problemas estruturais.
2.24
Comportamento Sísmico de Pontes
Deslizamento de solos
Os encontros das pontes estão ligados a taludes ou muros cais. Com a ocorrência de um
sismo, esses extratos de solos têm a tendência de se deslocaram, tirando estabilidade ao
encontro e, posteriormente, a ponte entra em colapso, figura 2.45.
Figura 2.45 - Colapso de um encontro devido ao deslizamento dos solos (Duarte, et al., 1990).
Falhas Geológicas
Quando se projeta uma “obra de arte”, perto ou em cima de falhas geológicas, deve-se ter em
especial atenção aos deslocamentos longitudinais e verticais que pode estar sujeita na
ocorrência de um sismo, figura 2.46 (CEB, 1996).
Figura 2.46 - Esquema sobre o colapso de uma ponte devido a falha geológica (CEB, 1996).
2.25
Capitulo 2
A rotura nas sapatas é pouco provável de acontecer, figura 2.48. Antes desse elemento
atingir o máximo de capacidade de carga, já outros elementos entraram em rotura, como por
exemplo, os pilares e as vigas. As situações que costumam ocorrer são, a transmissão de
fendas do elemento pilar para a sapata, devido ao deficiente espaçamento entre armaduras,
que resistem ao esforço transverso. (CEB, 1991)
2.26
Comportamento Sísmico de Pontes
2.27
Capitulo 2
Rotura do tabuleiro
Em relação à componente horizontal do sismo, o tabuleiro é um elemento que tem uma
rigidez elevada, por isso, não é normal que este entre em rotura devido a essa ação. Contudo,
com o decorrer do sismo, pode impor rotações no tabuleiro sob um eixo vertical de maior
inércia, levando, este, a ter deslocamentos excessivos e posteriormente entrar em colapso.
Este fenómeno de rotação foi observado no sismo do Chile.
2.28
Analise Sísmica
3
ANÁLISE SÍSMICA
3.1 Introdução
No capítulo dois foram analisados os danos que a ação sísmica provoca nas “obras de arte”
em betão armado e constatou-se que muitas dessas estruturas apresentaram um elevado grau
de danos, chegando a demonstrar níveis de segurança muitos baixos, entrando algumas em
risco de colapso. Esses comportamentos ocorrem em “obras de arte” dimensionadas com
regulamentos antigos, que dispunham análises lineares e uma escassez de pormenores
construtivos para uma melhor dissipação dos esforços.
Para que a ponte ou “obra de arte” obtenha uma excelente resposta à ação sísmica (evitando
cenários indicados no capítulo dois) é necessário que essa seja dimensionada (em projeto
inicial ou reforço), tendo em conta esse fenómeno. Antes de se proceder ao
dimensionamento, é necessário determinar todos os esforços que estão a atuar e observar a
sua distribuição na estrutura. Logo, é necessário proceder a uma análise da estrutura, de
modo a caraterizar todos os esforços para que o dimensionamento seja adequado garantindo
a segurança estrutural da estrutura, evitando o sobredimensionamento ou subdimensionemto.
Neste capítulo, onde se irá estudar a análise sísmica de pontes, primeiramente irá ser
abordado o tema tendo em consideração toda a estrutura, definindo métodos para obter a
resposta estrutural de pontes. Posteriormente será analisado o comportamento dos materiais
constituintes do betão armado, a carregamentos monotónicos e cíclicos, para que no fim seja
definido modelos de avaliação da capacidade resistente dos elementos das pontes. Depois,
vai abordar-se a legislação europeia, Eurocódigo 8, e indicar quais são os métodos que aí se
indicam para se proceder à análise sísmica. Por fim, serão aplicados alguns dos princípios
abordados neste capítulo a um caso de estudo.
As pontes e “obras de arte” são estruturas que do ponto de vista do comportamento sísmico
podem ser abordadas com modelações estruturais relativamente simples, embora estejam
também sujeitas a esforços elevados. Na modelação do comportamento sísmico nas várias
direções de análise, as mais recentes normas recomendam que para o betão armado sejam
adotadas modelações estruturais que permitam simular o comportamento não-linear. Na
escolha do modelo e metodologia a usar para a análise desse tipo de estruturas, deve-se ter
em consideração a complexidade da estrutura, de forma a se obter os resultados mais
aproximados possíveis da realidade e com reduzido tempo de cálculo, tendo em conta que
em muitos casos é necessário executar um grande número análises sísmicas.
3.1
Capitulo 3
Nesta dissertação vai-se estudar unicamente as pontes em betão armado, analisando os danos
que as cargas cíclicas e alternadas poderão originar nos elementos dessas estruturas. Para se
proceder a uma correta caraterização do comportamento das secções de betão armado ao tipo
de ação já referida necessita-se, primeiramente, estabelecer as principais leis de
comportamento, isoladamente, do betão e do aço, tendo em consideração no betão a
influência do confinamento.
O grande desafio da modelação de elementos de betão armado é conseguir descrever o seu
comportamento não-linear. Existem leis que conseguem, ao pormenor, descrever esse
comportamento mas engloba grandes tempos de cálculo. No presente trabalho será abordado
as modelações simples mas com resultados suficientemente rigorosos para se proceder a
avaliação de segurança.
Para além de abordar as análises indicadas no parágrafo anterior, será efetuado um resumo
sobre a metodologia indicada nas normas europeias, para a execução de análises sísmicas em
pontes. Na década de 70 a Comissão das Comunidades Europeias lançou a ideia de criar um
conjunto de regras técnicas para a execução de projetos de estruturas de edifícios e de outros
tipos de obras de construção civil. As publicações desses Eurocódigos Estruturais
terminaram em maio de 2007 mas, ao longo dos anos seguintes, tem saído atualizações. Em
Portugal, o Instituto Português da Qualidade, em colaboração com o Laboratório Nacional de
Engenharia Civil, tem transcrito essas normas e acrescentando os devidos anexos nacionais
para que o dimensionamento realizado por esses códigos seja mais apropriado para o
território nacional. No que diz respeito à análise sísmica, foi publicado o Eurocódigo 8 –
Projeto de Estruturas para Resistência aos Sismos, que contém 6 partes. Para o
desenvolvimento deste trabalho será analisado unicamente a Parte 1 – Regras Gerais, Ações
Sísmicas e Regras para Edifícios e a Parte 2 – Disposições Especificas Relativas a Pontes.
3.2
Analise Sísmica
3.3
Capitulo 3
Como se pode observar na figura 3.1, o modelo é bastante simples e permite respeitar todas
as caraterísticas geométricas e mecânicas dos elementos, as ligações ao exterior e pode-se ter
em consideração a deformabilidade do terreno, através da introdução de molas nos apoios
com as respetivas constantes de reação elástica (Delgado, 2009).
O elemento barra, nos programas de análise estrutural, é o mais utilizado na realização de
modelações de engenharia civil e é definido por dois nós. Este elemento pode ser utilizado
para modelar pilares, viga e treliças em estruturas bidimensionais ou tridimensionais. O seu
comportamento não linear pode ser traduzido através do uso de rótulas plásticas.
Para o modelo bidimensional se comportar de acordo com o modelo tridimensional é
necessário atribuir caraterísticas às bielas para que estas permitam modelar o comportamento
dos aparelhos de apoio. Atualmente recorre-se a muitos aparelhos de apoio do tipo blocos de
borracha de amortecimento, os designados HDRB e LRB (ver anexo 2), que permitem
deslocamentos relativos e rotações entre elementos em função da rigidez distorcional do
aparelho. Neste caso, para se poder modelar o comportamento do aparelho de apoio nesse
modelo, é necessário que a rigidez axial das bielas seja igual a rigidez distorcional do
aparelho. Para os aparelhos que só permitem rotações, o comportamento pode ser modelado
introduzindo às bielas uma elevada rigidez axial e reduzida inércia a flexão (Delgado, 2000).
3.4
Analise Sísmica
No campo das modelações tridimensionais, para se proceder à caraterização dos efeitos não-
lineares das secções de betão armado, é mais frequente utilizar modelos do tipo elementos de
barra. Com esse tipo de modelo, além de se poder utilizar as leis de comportamento das
secções, pode-se também utilizar leis de interação entre dois momentos ortogonais existentes
na secção (Delgado, 2009).
Os elementos laminares, ou também conhecidos por elementos de casca, são elementos que
são utilizados para modelar pavimentos, rampas, paredes, tabuleiros e etc. Este elemento
pode ser modelado com comportamento homogéneo, inserindo um material e uma espessura,
ou em camadas com vários materiais e espessuras. A não linearidade desse elemento pode
ser considerado quando se usa várias camadas para o caraterizar. Normalmente esses
elementos são constituídos por três a quatro nós.
Por fim, os elementos sólidos, são elementos constituídos por oito nós e só são utilizados
para modelações tridimensionais. A sua modelação baseia-se em uma formulação
paramétrica que incluiu nove modos de flexão incompatíveis opcionais (CSI, 2013). Neste
trabalho só se irá recorrer aos elementos de barra e de casca deixando de fora os elementos
sólidos. Para além de aumentar o tempo de cálculo, esses elementos, são mais suscetíveis a
erros de convergência porque tem um elevado número de incógnitas.
3.5
Capitulo 3
Como foi anteriormente referido, a análise estrutural de pontes é muito complexa e engloba a
determinação de muitas variáveis. Logo, para ganhar tempo e melhorar o trabalho recorre-se
a programas de cálculo automático que permitem fazer essas operações em tempo reduzido e
com uma boa estabilidade de cálculo.
Através da caraterização dos elementos de barra, que se irá analisar mais à frente neste
trabalho, consegue-se obter a matriz rigidez do modelo estrutural. Essa matriz é obtida
através de uma soma adequada dos coeficientes da matriz da rigidez de cada elemento de
barra, em associação aos deslocamentos nodais correspondentes da estrutura. No entanto, é
necessário efetuar uma transformação do referencial do elemento da barra para a estrutura
global para que se possa obter uma matriz global de rigidez por espalhamento das matrizes
dos elementos (Delgado, 2009).
A relação linear elástica entre forças, F, pela seguinte expressão 3.1:
F Ku (3.1)
Em que (𝐾) é a matriz rigidez global da estrutura e 𝑢 os deslocamentos nodais.
Quando se submete a estrutura a um campo de acelerações nodais (𝑢̈ ), pode-se determinar as
forças nodais (𝐼) através da matriz clássica da massa (𝑀), matriz essa, que está associada
aos graus de liberdade da estrutura (Delgado, 2009).
I Mu (3.2)
A determinação da matriz de massa global da estrutura (𝑀) é executada de forma similar a
matriz de rigidez, como descrito anteriormente neste subcapítulo.
Para determinar as forças de amortecimento nodais (𝐷) é necessário determinar a matriz de
amortecimento (𝐶) e relacioná-la com o vetor de velocidades nodais (𝑢̇ ):
D Cu (3.3)
Essas caraterísticas de amortecimento só são determinadas quando a estrutura fica sob o
efeito de ações dinâmicas. A matriz de amortecimento (𝐶), segundo a formulação de
Rayleigh, é determinada através da matriz de massa e rigidez da estrutura:
C M K (3.4)
3.6
Analise Sísmica
As pontes são estruturas que, do ponto de vista do comportamento sísmico, podem ser
abordadas com modelações estruturais relativamente simples, embora estejam também
sujeitas a esforços elevados. Na modelação do comportamento sísmico nas várias direções de
análise, as mais recentes normas recomendam que para o betão armado sejam adotadas
modelações estruturais que permitam simular o comportamento não-linear. Na escolha do
modelo e metodologia a usar para a análise desse tipo de estruturas, deve-se ter em
consideração a complexidade da estrutura, de forma a se obterem os resultados mais
aproximados possíveis da realidade e com reduzido tempo de cálculo, tendo em conta que
em muitos casos é necessário executar um grande número análises sísmicas.
Quando se efetuam análises com estruturas que envolvem grandes incursões no regime não
linear, os parâmetros indicados anteriormente, α e β, poderão ser considerados nulos,
conduzindo a uma matriz de amortecimento nula (Delgado, 2009).
3.7
Capitulo 3
Figura 3.3 - Diagrama tensões-extensões do betão para carregamento monotónico (Delgado, 2009).
3.8
Analise Sísmica
Para os casos em que é necessário incluir essa resistência, também se têm desenvolvido
estudos e modelos analíticos com carregamentos cíclicos e monotónicos (CEB, 1991).
Figura 3.4 – Betão axialmente solicitado com confinamento lateral (CEB, 1993).
3.9
Capitulo 3
A figura 3.6 traduz o modelo numérico para o cálculo da resistência usado em secções de
betão confinado idealizado por Park e Priestkey (1982). Como se pode observar na figura
3.6, este modelo divide o comportamento em três regiões, que serão descritas
posteriormente. De acordo com esse modelo, o fator k traduz o aumento da resistência à
compressão e a extensão do betão confinado, enquanto o fator Zm está relacionado com a
diminuição da inclinação do ramo descendente, θm .
Região A-B (𝜀𝑐 < 0,002𝑘)
2𝜀𝑐 𝜀𝑐 2 (3.5)
𝜎𝑐 = 𝑘𝑓𝑐 [ −( ) ]
0,002𝑘 0,002𝑘
Região B-C (0,002𝐾 ≤ 𝜀𝑐 < 𝜀20𝑐 )
𝜎𝑐 = 𝑘𝑓𝑐 [1 − 𝑍𝑚 (𝜀𝑐 − 0,002𝑘)] (3.6)
3.10
Analise Sísmica
0,5 (3.9)
𝑍𝑚 =
3 + 0,29𝑓𝑐 3 ℎ′
+ 𝜌 √ − 0,002𝑘
145𝑓𝑐 − 1000 4 𝑣 𝑠
3.11
Capitulo 3
Figura 3.7 – Comportamento do betão sob acções cíclicas proposto por Thompson e Park (1980)
De acordo com o indicado no ponto 3.3.2, esse modelo também é constituído por três regiões
de acordo com as seguintes regras de histerese:
Região AB – nas descargas seguem um ramo linear com inclinação correspondente ao
módulo de elasticidade tangente á origem, 𝐸0 , enquanto as extensões foram inferiores a 𝑘𝜀0 .
A recarga não tem dissipação de energia e segue o mesmo comportamento da descarga
(Delgado, 2009).
Região BC – no intervalo de extensões entre 𝑘𝜀0 e 𝜀20𝑐 , as descargas são realizadas em duas
etapas: a primeira é caracterizada pela extensão constante até se atingir metade da tensão
correspondente ao início da descarga, posteriormente, a segundo é descrita por uma
inclinação de 𝐸′𝑐 ⁄2. Nesta região, a recarga, adota um ramo linear com a inclinação igual a
𝐸′𝑐 , sendo estes valores dos módulos de elasticidade menores à medida que a extensão
aumenta. Esses valores são obtidos pela seguinte expressão 3.11 (Delgado, 2009):
𝜀0 −𝑘𝜀0 (3.11)
𝐸′𝑐 = 𝐸0 (0,8 − 0,7 )
𝜀20𝑐 − 𝑘𝜀0
Região CD – localizada a partir das extensões superiores a 𝜀20𝑐 , onde as descargas e recarga
são conduzidas por uma ramo linear com uma inclinação de 𝐸0 ⁄10 (Delgado, 2009).
3.12
Analise Sísmica
3.13
Capitulo 3
Quando um varão de aço é submetido a ações cíclicas e alternadas, as suas caraterísticas vão
sofrer alterações, nomeadamente a rigidez e resistência. O modelo indicado na figura 3.9,
designado por modelo Guiffrè-Menegotto-Pinto, foi aplicado por Menegotto e Pinto (1973),
mas, foi criado por Giuffrè e Pinto (1970). Este modelo carateriza o comportamento do aço,
quando está sob a ação de cargas cíclicas, em troços curvos que se desenvolvem
assimptoticamente a duas retas paralelas com inclinação Es . Essas retas são determinadas
com base no troço elástico do modelo monotónico descrito anteriormente. As outras duas
retas paralelas entre si, Es1 , são definas através do troço de endurecimento do modelo
monotónico. As leis de carga e descarga encontram-se contidas numa envolvente
correspondente à curva bilinear para o carregamento monotónico definido no ponto anterior
(Delgado, 2009), como se pode observar na figura 3.9.
3.14
Analise Sísmica
Figura 3.9 – Diagrama de tensões-extensões do aço para carregamento cíclico (Delgado, 2009).
3.15
Capitulo 3
(1 − 𝑏)𝜀𝑠∗ (3.13)
𝜎 ∗ = 𝑏𝜀𝑠∗ + 1
(1 + 𝜀𝑠∗ 𝑅 )𝑅
sendo:
𝜀 −𝜀 𝜎 −𝜎
𝜀𝑠∗ = 𝜀 𝑠 −𝜀𝑠𝑟 (3.14) 𝜎𝑠∗ = 𝜎𝑠 −𝜎𝑠𝑟 (3.15)
0 𝑠𝑟 0 𝑠𝑟
A equação representa a passagem de uma assimptota (𝐸0 ) para outra (𝐸∞ ), onde (Albanesi
& Nuti, 2007):
𝐸∞ 𝜎0 −𝜎𝑟
𝑏= = relação de endurecimento 𝐸0 = (3.16)
𝐸0 𝜀0 −𝜀𝑟
3.16
Analise Sísmica
3.17
Capitulo 3
Como foi observado no capítulo dois, os elementos de betão armado sujeitos a ação sísmica
(mais concretamente os pilares), verifica-se um comportamento de flexão. Nas extremidades
dos elementos observa-se um comportamento inelástico. É nessas zonas que se formam as
rótulas plásticas e o elemento se comporta não linearmente. Contrariamente às extremidades,
na zona central, considera-se um comportamento elástico. Logo, na caraterização da rigidez
da barra, considera-se na zona central a rigidez da secção não fendilhada ou outra mais
adequada, enquanto nas extremidades a secção da barra vai adotar as leis do modelo
histerético, descritas neste capitulo mais adiante (Delgado, 2009).
A figura 3.10 representa os graus de liberdade que se considera nos elementos de barra, que
são seis. Como se pode observar na figura, os graus de liberdade consistem, em cada
extremidade, em dois movimentos de transladação (um ao longo da barra outro na
perpendicular) e uma rotação entorno do eixo perpendicular (Delgado, 2009).
Figura 3.10 – Elemento de barra com seis graus de liberdade (Delgado, 2009).
Mais tarde, a definição dos graus de liberdade, vai-se caraterizar na matriz rigidez desse
elemento e respetiva posição da rótula nesse mesmo elemento. Essas caraterizações são
essenciais para incorporar o algoritmo estrutural definido em 3.2.3.
3.18
Analise Sísmica
Figura 3.11 – Elemento de barra como associação de três subelementos (Delgado, 2009).
3.19
Capitulo 3
Figura 3.12 – Localização do comprimento da rótula plástica no elemento de barra (Delgado, 2009).
Figura 3.13 – Distribuição teórica e real das rotações para a rótula plástica (Delgado, 2009).
A determinação de 𝑙𝑝 pode ser obtida por várias expressões. Vaz (1992), através de análises
numéricas, concluiu que o comprimento da rótula plástica varia entre metade da altura útil e
a altura útil. Após a realização de ensaios na Universidade de Canterbery, na Nova Zelândia,
Priestey e Park (1984) estimaram que o comprimento da rótula plástica, era metade da atura
útil:
𝑙𝑝 = 0,5ℎ (3.17)
3.20
Analise Sísmica
sendo
𝑙 - comprimento do elemento;
𝑑𝑏 - diâmetro dos varões da armadura longitudinal.
Mas, Paulay e Priestley (1992), indicaram uma alteração a essa expressão, que é a seguinte:
𝑙𝑝 = 0,08𝑙 + 0,022𝑑𝑏 ∗ 𝑓𝑠𝑦 (3.19)
3.21
Capitulo 3
As leis estudadas em 3.5.1.2 são a base para definir as leis do comportamento cíclico da
rótula plástica. Quando os elementos de betão armado estão sujeitos a ações cíclicas surgem
fenómenos devido a inversão do carregamento tais como a degradação de rigidez, α;
degradação de resistência, γ; e o efeito de pinching, β. Essas regras foram desenvolvidas em
modelos do tipo Takeda, que surgiu por Takeda et al (1970) , sofrendo posteriormente
alterações por Costa e Costa (1987), seguidamente por Duarte et al (1990) e finalmente
publicadas pelo “Comité Euro-International du Beton”,CEB (1996).
Como se pode observar na figura 3.16, os elementos de betão armado, segundo este modelo,
sujeitos a cargas cíclicas estabelece inicialmente um comportamento bilinear, nos dois
primeiros tramos, na relação momento-curvatura até 𝜌𝑦 (curvatura de cedência), sem haver
degradação de rigidez ou residência. Posteriormente, quando a curvatura máxima absoluta,
𝜌𝑚𝑎𝑥 , ultrapassar 𝜌𝑦 e existir uma inversão de descarregamento verifica-se a degradação de
rigidez nesse troço de descarga, figura 3.16.
3.22
Analise Sísmica
em que K e traduz a rigidez equivalente aos dois primeiros troços da curva base e o
parâmetro α pode assumir valores que variam entre 0 e 0,5. É importante realçar que quanto
maior for a incursão plástica, maior será a degradação da rigidez (Delgado, 2009).
Quando se verifica uma inversão do sinal do momento, equivalendo à recarga, o gráfico
momento-curvatura, figura 3.17, segue um segmento com rigidez K r que é a rigidez de
recarga a partir do ponto onde se verifica a passagem por zero do momento, ρr . Esse fator é
determinado pela razão do valor máximo absoluto do momento ρmax e a curvatura atingida
do ciclo anterior ρr , como indica a seguinte expressão:
𝑚𝑚á𝑥 (3.21)
𝐾𝑟 =
𝜌𝑚á𝑥 − 𝜌𝑟
3.23
Capitulo 3
Como já foi indicado, quando os elementos de betão armado ficam sujeitos a acções cíclicas
surgem fenómenos, um deles é o efeito de pinching ou efeito de aperto. Este fenómeno surge
aquando a inversão do momento e corresponde a uma diminuição da rigidez. Essa
diminuição é devida à compressão da armadura, posteriormente de essa ter entrado em
cedência por tração. Então, por cada recarga, o elemento ira ter um valor de rigidez menor
que será determinado pela expressão 3.21:
𝑚𝑚𝑎𝑥 (3.22)
𝐾= 𝛽
(𝜌𝑚𝑎𝑥 − 𝜌𝑟 )(𝜌𝑦 − 𝜌𝑚𝑎𝑥 )
3.24
Analise Sísmica
Outro fenómeno que decorre, quando os elementos de betão armado são sujeitos a cargas
cíclicas, é a degradação de resistência. Este fenómeno encontra-se associado à degradação de
rigidez e acontece na recarga. Observando a figura 3.19, pode-se constatar que o ramo de
recarga, K r , é definido pela mesma curvatura, 𝜌𝑚á𝑥 , mas por um momento inferior, 𝑚′𝑚á𝑥 ,
atingido no ciclo anterior, que é definido pela seguinte expressão:
𝑚′𝑚á𝑥 = (1 − 𝑃𝐷)𝑚𝑚á𝑥 (3.23)
3.25
Capitulo 3
3.5.2.1 – Seismostruct
Figura 3.20 – Discretização de uma secção retangular de betão armado num modelo de fibras
(Seismosoft, 2006).
3.26
Analise Sísmica
Para a integração numérica o programa utiliza dois pontos de Gauss por elemento e a sua
localização está indicada na figura 3.21.
Figura 3.21 – Localização dos pontos de Gauss num elemento (Claudino, 2004).
Se for definido um número razoável de fibras, entre 100 a 300 em análises espaciais,
consegue-se uma distribuição bastante precisa da não linearidade física dos materiais ao
longo da secção.
Modelo do Betão - Mander
O Seismostruct considera, para a modelação do betão, um modelo não-linear uniaxial com
confinamento constante seguindo a lei construtiva proposta por Mander et al (1988), figura
3.22. Este modelo difere um pouco dos modelos já indicados neste capítulo, mas a principal
caraterística é assumir uma pressão de confinamento constante durante todo o percurso no
domínio tensões-extensões.
3.27
Capitulo 3
3.5.3 – SAP2000
3.28
Analise Sísmica
Figura 3.23 – Lei do comportamento não linear das rótulas plásticas no SAP2000 (Araújo, 2011).
3.29
Capitulo 3
Para o SAP2000 contabilizar os efeitos não lineares dos elementos estruturais planos é
necessário definir a secção do elemento de casca por camada. O programa permite a
introdução de varias camadas no sentido da espessura e cada camada com a respetiva
espessura, comportamento (permite ao utilizador inserir se a camada tem comportamento
linear ou não linear) e material. A deformação de cada camada evolui conforme exposto no
método strain-projection de Hughes (2000).
3.30
Analise Sísmica
O EC8 (2009) prevê que as estruturas que se situam em zonas sísmicas sejam dimensionadas
tendo em conta algumas exigências fundamentais de comportamento à ação sísmica. Essas
exigências são relativas ao nível de dano, isto é, na ocorrência de um sismo a estrutura tem-
se que comportar de modo apresentar danos em elementos que não ponham em risco o
colapso da estrutura. Deste modo o EC8 (2009) preconiza dois níveis de exigência, sendo o
primeiro Estado Limite Último e o segundo o Estado de Limitação de Danos.
O estado limite último, ou requisito de não colapso, consiste em dimensionar a estrutura de
modo a evitar o seu colapso local ou total, quando sujeita a uma ação rara, garantindo assim
que a integridade da mesma e a resistência residual se mantenham após a ocorrência dessa
ação, que simula um evento sísmico. Essa ação sísmica, designada por ação sísmica de
cálculo, é determinada através da ação sísmica de referência associada a uma probabilidade
de excedência de referência PNCR = 10% em 50 anos, e um período de retorno referência de
TNCR = 475 anos. Para satisfazer este requisito, estado limite último, os seguintes critérios
devem ser verificados:
Podem formar-se rótulas plásticas a nível dos pilares;
O tabuleiro da ponte deve manter-se sem danos;
Quando a ação sísmica de dimensionamento tem uma grande probabilidade de ser
excedida durante a vida útil da ponte, certos danos são toleráveis em partes da
estrutura desde que esta seja capaz de suportar tráfego de emergência e seja
facilmente reparável;
Quando a ação sísmica de dimensionamento tem uma pequena probabilidade de ser
excedida durante a vida útil da ponte, pode ser considerada como uma ação
acidental.
3.31
Capitulo 3
Tabela 3.1 - Classes de Importância das pontes e respectivos valores do factor de importância, 𝜸𝟏 .
3.32
Analise Sísmica
O solo é um dos parâmetros mais importantes para a modelação da ação sísmica numa
estrutura porque é dele que é transmitida a energia provocada pela ocorrência de um
fenómeno sísmico, logo a resposta da estrutura depende das características do solo. Então
para a modelação é importante obter uma caracterização dos estratos de solo em que a
estrutura se encontra ligada. Devido a essa importância o EC8 (2009) estabeleceu cinco tipos
de solos, ver tabela 3.2, do tipo A até tipo E consoante o perfil estratigráfico. Estes solos são
caraterizados pelas suas propriedades mecânicas de elevada rigidez. Por isso a EC8 (2009)
criou mais dois tipos de solos, como se pode observar na tabela 3.2, tipo 𝑠1 e o tipo 𝑠2, em
que o primeiro incluiu camadas de elevado índice de plasticidade e o outro incluiu outros
tipos de solos não incluídos nos tipos já definidos, sendo este tipo de solo mas suscetível à
liquefação, podendo atingir a rotura devido à ação sísmica (Coelho, 2010).
Para definir o tipo de solo a EC8 considerou os seguintes parâmetros:
Velocidade média das ondas sísmicas secundárias (𝜈𝑠,30 );
Os resultados obtidos do ensaio de penetração dinâmica (𝑁𝑆𝑃𝑇 );
Coeficiente de resistência não drenada do solo (𝑐𝑢 ).
3.33
Capitulo 3
3.34
Analise Sísmica
Portugal, incluindo a parte do território insular, encontra-se numa região da placa Euro-
Asiática que faz fronteira com a placa Africana. Essa fronteira é constituída pela falha
Açores-Gibraltar e a falha dorsal do oceano Atlântico. Devido a esta localização o território
português torna-se uma zona de sismicidade importante.
Segundo EC8 (2009) considera para análise sísmica dois tipos de sismos. Um tipo de sismo
designado por Tipo 1, a que corresponde uma ação sísmica afastada, é caraterizado por uma
forte sismicidade e grandes distâncias focais e que tem uma magnitude maior que 5,5 na
escala de Richter, e um tipo de sismo designado por Tipo 2, caraterizado por uma magnitude
menor que 5,5 na escala de Richter, a que corresponde uma ação sísmica próxima e
representa uma sismicidade moderada e pequenas distâncias focais (Santos, 2007).
Figura 3.24 – Zonas sísmicas de Portugal continental: a) ação sísmica Tipo 1; b) ação sísmica Tipo 2,
retirado de EC8 (2009).
3.35
Capitulo 3
Como já foi referido na EC8 (2009) a ação sísmica é representada, no geral, através de
espectros elásticos. Mas, a norma, também permite, a redução desse espectros, análises
temporais e modelos espaciais da ação sísmica.
Espectros elásticos de aceleração
O recurso a um espectro de resposta elástico de aceleração, de acordo com EC8 (2009),
permite executar uma análise linear ao comportamento da estrutura sujeita à ação sísmica. O
espectro de resposta traduz no valor máximo da aceleração que um oscilador de um grau de
liberdade consentia quando fosse excitado por uma dada ação de caráter sísmico, com um
determinado amortecimento. Como existe uma afinidade entre os osciladores de vários graus
de liberdade e osciladores de um grau de liberdade é possível determinar os valores máximos
de resposta dos osciladores de vários graus de liberdade em espectros de resposta (Loureiro,
2008).
De acordo com a EC8 (2009), a análise por meio de espectros de resposta elástico é
executada por espectro de resposta elástico horizontal, em que se analisa a estrutura nas duas
direções ortogonais entre si de forma independente e por espectro de resposta elástico
vertical. Posteriormente, a norma, permite uma redução do espectro de resposta através de
um coeficiente de comportamento q. Essa redução pode ser feita devido a capacidade das
estruturas resistirem às ações sísmicas no campo da não-linearidade. A formulação dessas
análises está presente na EC8 (2009).
Figura 3.25 – Espectro de resposta elástico para acção Tipo 1 e Tipo 2 (Loureiro, 2008).
3.36
Analise Sísmica
3.37
Capitulo 3
A EC8 (2009) indica que é suficiente utilizar apenas dois modelos distintos para modelação
de estruturas do tipo pontes. Uma modelação deverá ser executada no sentido do eixo do
tabuleiro, sentido longitudinal, outra no sentido perpendicular ao eixo do tabuleiro, sentido
transversal. A outra análise, ao longo do eixo dos pilares, sentido vertical, a EC8 (2009)
indica que pode ser desprezada em zonas em que o seu grau de sismicidade se situe no
intervalo de baixa a moderada. Contrariamente, em zonas de sismicidade alta, esse efeito só
deve ser contabilizado quando os pilares sofrem grandes esforços de flexão devido às ações
do tabuleiro ou quando a estrutura se localiza a menos de 5 km de uma falha tectónica.
3.6.4.1 – Massa
A EC8 (2009) determina que os efeitos da inércia da ação sísmica de cálculo devem ser
incluídos na modelação através das massas associadas a todas as forças gravíticas existentes
na estrutura. As massas podem ser incluídas no modelo da estrutura concentradas nos nós ou
continuas ao longo das barras (Coelho, 2010). Essas massas devem ser contabilizadas através
da combinação:
3.38
Analise Sísmica
3.6.4.3 – Solo
A energia do sismo é transmitida a estrutura através do solo, no caso das pontes, a ligação ao
solo, no geral, é feita por pilares e encontros. É importante dimensionar os pilares tendo em
conta a interação solo-estrutura como indicado na EC8 (2009), visto que esse efeito
contribuiu em mais de 20% no deslocamento do topo dos pilares (Santos, 2007).
3.39
Capitulo 3
As “loked in structures”, designado por estrutura “Loked-in”, são caraterizadas pelo seu
comportamento horizontal à ação sísmica. As massas nesse tipo de estrutura acompanham o
movimento horizontal do solo, não sofrendo assim nenhuma amplificação significativa da
aceleração horizontal. Estruturas desse tipo são caraterizadas por terem o período
fundamental muito baixo, 𝑇 ≤ 0,03 𝑠 (Kolias, 2008).
Então, de acordo com a tabela 3.4, usa-se um coeficiente de comportamento 𝑞 ≥ 1,5 quando
se quer que a estrutura tenha um comportamento dúctil. Quando se pretender obter um
comportamento de ductilidade limitada utiliza-se um coeficiente de comportamento 1 ≤ 𝑞 <
1,5 (Coelho, 2010).
3.40
Analise Sísmica
3.41
Capitulo 3
O método do espetro de resposta consiste num cálculo elástico da resposta dinâmica de pico
de todos os modos da estrutura. Essa resposta é obtida através da combinação estática das
contribuições modais máximas.
Então, nesse método, devem ser considerados todos os modos com contribuição significante.
Nas pontes onde a massa total M pode ser considerada pelo somatório de massas modais, Mi ,
deve-se garantir que nos modos de maior contribuição, a participação da massa (∑ 𝑀𝑖 )𝑐 , é
maior do que 90% da massa M. Mas na participação de todos os modos onde 𝑇 ≥ 0,033𝑠
seja menor que 90% da massa total, deve-se garantir a expressão 3.28:
(∑ 𝑀𝑖 )𝑐 (3.29)
≥ 0,7
𝑀
e posteriormente multiplicar os valores finais da ação sísmica por 𝑀⁄(∑ 𝑀𝑖 )𝑐 (Coelho,
2010).
Outro método definido pela EC8 (2009) é o método do modo fundamental, que consiste em
obter as forças de inércia através das quais se retiram as forças sísmicas estáticas e
equivalentes. De acordo com as caraterísticas da estrutura da ponte podem ser aplicadas três
metodologias diferentes: o modelo do tabuleiro rígido, o modelo do tabuleiro flexível e o
modelo do pilar isolado. As descrições dessas metodologias estão descritas na EN 1998-3.
Para se adotar esse método, a estrutura necessita que (Coelho, 2010):
o seu comportamento se assemelhe a um modelo com um único grau de liberdade;
na direção transversal, a massa dos pilares não exceda 20% da massa do tabuleiro;
a posição do seu centro de massa não exceda 5% do comprimento do tabuleiro em
relação ao centro de rigidez.
3.42
Analise Sísmica
Como indica o subtítulo, esta análise entra no campo das análises não-lineares, utilizando a
metodologia de análise dinâmica, previsto na EC8 (2009), como descrito no ponto 3.6.5.
Neste tipo de análises deve-se criar um modelo onde a ação sísmica seja corretamente
simulada e os resultados cuidadosamente interpretados para garantir que a modelação
executada não seja alvo de grandes erros. Por isso, é aconselhável quando se executar estas
análises recorrer a dois programas distintos, para assim detetar melhor a existência de erros
de modelação. O modelo elaborado, além de se definir as resistências dos elementos,
também deve ter em conta o respetivo comportamento pós-elástico. A utilização de análises
desse tipo em estruturas como as pontes permite obter as regiões mais frágeis da estrutura,
assim como o desempenho geral. Logo, através desse método, para além de se obter um
conhecimento da ductilidade, também se consegue determinar as deficiências que a estrutura
tem, quando submetida à ação sísmica. No entanto, trata-se de um método de enorme
complexidade, contendo algoritmos complexos, portanto trata-se de um método demoroso
(Mayur & Reddy, 2006 ).
A EC8 (2009) também permite a utilização de análises pushover para a modelação de uma
estrutura sujeita a ação sísmica. Essa análise encontra-se no campo das análises estáticas
não-lineares das estruturas sujeitas a forças verticais (no sentido da força gravítica)
constantes e submetidas a carregamento horizontal incrementado monotonicamente. Esses
carregamentos horizontais são acrescidos até atingir um deslocamento pretendido. A análise
pushover leva em consideração o comportamento não linear da estrutura, faz a relação entre
a resposta global da estrutura com uma estrutura equivalente de um grau de liberdade, traça
sequencialmente a cedência e colapso dos elementos e, finalmente, permite uma avaliação
adequada do desempenho sísmico para diferentes estados limites.
Os objetivos principais dessa análise são os seguintes (Bento, 2003):
estimar a sequência e o modelo final de formação de rótulas plásticas;
estimar a redistribuição das forças que sucedem à formação de rótulas plásticas;
a avaliação da curva força-deslocamento da estrutura e das exigências em termos de
deformação das rótulas plásticas até atingir o deslocamento objetivo.
Na Tabela 3.5, indica-se as principais vantagens da análise referia e as suas limitações.
3.43
Capitulo 3
3.44
Analise Sísmica
Ao conjunto de modelos executadoS será aplicada uma análise dinâmica não linear de um
acelerograma criado a partir de um espectro de resposta de tipo 2 da EC8 (2009). Esse
espetro de resposta foi criado de acordo com as caraterísticas da ponte e da sua localização.
Logo, foi criado um espectro de resposta com uma aceleração de 0,8 m/s2 (zona sísmica 2.5,
Viana do Castelo), considerando um amortecimento de 5%, solo tipo C e um coeficiente de
comportamento de 1,5. Também se criou outro acelerograma com as mesmas caraterísticas,
unicamente se alterou a zona sísmica para 2.3 que tem uma aceleração de 1,7 m/s2.
Como já foi indicado, o tipo de análise que se vai executar ao conjunto de modelos será de
caráter dinâmico e considerando a não-linearidade através de modelos com rótulas plásticas
ou através de modelos baseado em elementos de casca.
A resposta da estrutura, dada pela análise dinâmica não linear, exposta a um conjunto de
acelerações que varia ao longo do tempo (acelerograma) é obtida através da integração
numérica de equações diferenciais relativas ao movimento sísmico. O programa de cálculo
SAP2000 permite dois métodos distintos, os quais em circunstâncias ideais, no domínio do
comportamento elástico linear, resultam na mesma solução. O primeiro método consiste na
sobreposição modal designado por FNA (Fast Nonlinear Analysis) que se destina a
estruturas em que o comportamento não linear está concentrado em um ou dois graus de
liberdade, isto é, permanecem em toda a análise em regime elástico linear. O outro método,
designado por Nonlinear Direct Integration History, baseia-se na integração das equações de
movimento, permitindo a utilização de um número ilimitado de elementos não lineares
(Pereira, 2009). Neste trabalho vai se utilizar o segundo método de forma a contabilizar
todos elementos não lineares da estrutura em estudo.
O Nonlinear Direct Integration History, baseia-se num processo de integração de equações,
logo, é necessário definir-se o método de integração a adotar. Neste trabalho optou-se pelo
método de integração direta implícita de Newmark (Lapa, 1987), com os parâmetros de
convergência g e β com os valores 0,5 e 0,25, respetivamente. De forma a obter resultados
mais fiáveis, definiu-se que a análise devia ter no máximo um passo de tempo de 0,025
segundos, que é metade do passo de tempo que se definiu para a saída dos resultados da
análise.
3.45
Capitulo 3
Figura 3.27– Acelerograma criado a partir do espectro de resposta Tipo 2, da Zona Sísmica 2,5.
3.46
Analise Sísmica
Na figura 3.28 está representada a cor azul o espectro de resposta do acelerograma artificial
criado. Por outro lado, a cor vermelha e a traço contínuo está representado o espetro de
resposta Tipo 2 referente a Zona Sísmica 2.5, no meio de duas linhas e a tracejado que se
indicam a tolerância de convergência definida para a criação do respetivo espectro. Nesse
trabalho deixou-se estar o valor por defeito do programa, 0.1, como tolerância.
Figura 3.28– Espectro de resposta do acelerograma sobreposto com o espectro de resposta Tipo 2,
da Zona Sísmica 2,5.
A estrutura em estudo, figura 3.29, a Ponte de Lanheses sobre o Rio Lima, é uma ponte com
1218 metros de desenvolvimento entre eixos nos apoios dos encontros. O seu tabuleiro é
constituído por uma laje vigada de inércia variável pré-esforçada no sentido longitudinal e
transversal (COBA, 2005). Esta ponte foi concluída em 1988 e foi projetada pelo engenheiro
Edgar Cardoso.
O tabuleiro da ponte, figura 3.32, tem a largura de 11,50 metros que corresponde a uma faixa
de rodagem com dois sentidos de 9,00 metros e com dois passeios sobrelevados com 1,25
metros incluindo a viga de bordadura (COBA, 2005).
A estrutura do tabuleiro encontra-se fixa no encontro sul, dilatando livremente na direção
longitudinal sobre os diferentes pilares e o encontro móvel que se situa a norte (COBA,
2005).
Os pilares, figura 3.30, são laminares de secção losangular, esbeltos e arredondados nas
extremidades. A altura dos pilares varia entre os 3,71 m até aos 7,13 m. Devido a sua
esbelteza e a sua ligação ao pilar, a ponte tinha um funcionamento pendular. Com a
intervenção de reabilitação e reforço realizada em 2005/2006 encastrou-se a base do pilar
retirando o coroamento e na ligação tabuleiro ao pilar a instalação rolamentos (bearing
device), figura 3.31, que permite a dilatação do tabuleiro sem a rotação dos pilares (COBA,
2005).
3.47
Capitulo 3
Figura 3.31– Aparelho de apoio (bearing device). Figura 3.32– Vista transversal do tabuleiro.
Esta ponte é constituída por 41 vãos de 30 metros, exceto os vãos de ligação aos encontros
que tem um vão de 24 metros.
Por fim, é importante referir que esta ponte insere-se no plano nacional rodoviário no grupo
das estradas nacionais e dá continuidade a estrada nacional 305.
3.48
Analise Sísmica
Como foi referido antes, esta ponte pertence a estrada nacional 305 e por isso classificou-se
segundo a norma europeia como Classe I. Logo, não será necessário considerar as
sobrecargas (veículos e pessoas) para a análise sísmica que se ira realizar, apenas vai
considerar-se os pesos próprios dos pilares, laje vigada do tabuleiro, passeios, faixa de
rodagem e guardas. Todas essas cargas serão aplicadas por metro linear ou por área,
conforme se trate modelo de barra ou casca, e durante a análise sísmica serão transformadas
automaticamente em massas. No caso dos pilares, em ambos modelos, aplicou-se uma carga
pontual no topo do pilar de forma a considerar 75% do peso. Essa consideração foi efetuada
no pilar porque em análises dinâmicas só cerca de 75% da altura do pilar, a contar desde a
ligação com o tabuleiro, é que consegue mobilizar massa para a respetiva análise.
Nos modelos de elementos de barra discretizou-se os pilares com elementos de barra, com
um comprimento máximo de um metro. No caso do tabuleiro, como é de inércia variável,
discretizou-se cada vão com 9 elementos de barra, atingindo no máximo quatro metros de
comprimento figura 3.33. Nos elementos de casca aproveitou-se a discretização longitudinal
do tabuleiro nos modelos de elemento de barra e no sentido transversal discretizou-se em 10
elementos de forma a coincidir os nós que delimitam as cascas com os aparelhos de apoio.
Os pilares foram discretizados em cascas de 1 m de altura por 0.60 m de largura, por se tratar
de um elemento que se vai considerar o seu comportamento não linear, figura 3.34.
Figura 3.33– Modelo da ponte em elemento de Figura 3.34– Modelo da ponte em elemento de
barra. casca.
Por fim, nos modelos em que se descritizou-se o pilar por elementos de barra, desprezou-se a
existência dos rolamentos, unindo esse elemento ao tabuleiro através de um nó. No outro
caso, elementos de casca, simulou-se os 5 rolamentos através de barras infinitamente rígidas.
3.49
Capitulo 3
Essa discretização é necessária para os modelos de elementos de barra, visto que para esse
elemento é necessário definir uma secção para a barra. No caso dos pilares, como se vai
considerar um comportamento não linear, será ainda necessário definir as respetivas curvas
de momento-curvatura (M-C).
Um aspeto importante a definir nas secções de betão armado é o confinamento do betão.
Como foi referido em 3.5.3.2, no SAP2000, para contabilizar o fenómeno do confinamento
da secção, é necessário apenas introduzir as características da secção e respetivas armaduras.
Na figura 3.35 demonstra-se a influência do confinamento nas propriedades da secção.
10000
5000
0
-1,20E-02 -1,00E-02 -8,00E-03 -6,00E-03 -4,00E-03 -2,00E-03 0,00E+00 2,00E-03
-5000
Strain (kN/m2)
-10000
Não Confinado
-15000
Confinado
-20000
-25000
-30000
-35000
Stress
A ponte foi concebida e construída com betão da classe C30/37 e aço da classe S400. A
secção dos pilares dispõe de uma armadura longitudinal de Φ12 com afastamento 0,20 cm e
de uma armadura transversal de Φ8 com afastamento de 0,20 cm.
Como foi referido, as secções dos pilares adotam uma formar losangular, figura 3.38,
enquanto a secção do tabuleiro é de geometria variável ao longo do seu desenvolvimento
longitudinal, figuras 3.36 e 3.37.
3.50
Analise Sísmica
Figura 3.37– Vista de um pórtico. Figura 3.38– Secção do tabuleiro na ligação com o
pilar.
Para utilizar os programas SAP2000 e Seismostruct será necessário fazer uma aproximação
das secções existentes para secções mais regulares, como secções retangulares no caso dos
pilares e vigas em T no caso do tabuleiro.
No tabuleiro, como se pode observar na figura 3.37, as vigas onde apoiam a laje do tabuleiro
variam de secção nos primeiros 10 m e nos últimos 10 metros, de cada pórtico, no sentido
longitudinal. Por conseguinte, como se vai discretizar os pórticos com 9 elementos de barra,
a meio de cada barra foi-se determinar a secção que tinha o tabuleiro e simplificou-se para
uma viga em T. Esta simplificação obedeceu a regras conforme a direção da análise que se
vai efetuar. Isto é, para as análises no sentido tabuleiro, criou-se uma viga em T, para que a
sua área final fosse igual a secção original. Por outro lado, nas análises perpendiculares ao
tabuleiro, a viga em T criada obteve o mesmo valor da maior inércia da secção original. Este
último critério também foi adotado para o pilar, mas nas análises longitudinais, a secção
retangular foi criada tendo em conta a valor da menor inércia da secção original.
3.51
Capitulo 3
3.52
Analise Sísmica
Como já foi indicado, a não linearidade nos pilares será representada através das rótulas
plásticas. Para definir esse elemento é necessário definir as curvas M-C da secção do pilar no
sentido transversal e longitudinal. Posteriormente será necessário adaptar essas curvas
conforme descrito em 3.5.3.1. Através de uma aplicação dentro do SAP2000, section
designer, criou-se a secção transversal e longitudinal (figura 3.39). Depois com o recurso ao
método de fibras determinou-se as curvas M-C. Nas figuras 3.41 e 3.42 mostram as curvas
M-C com a sobreposição dos descritos em 3.5.3.1 necessários para definir as rótulas
plásticas no SAP2000.
3.53
Capitulo 3
Figura 3.41– Curva M-C da secção no sentido Figura 3.42 – Curva M-C da secção no sentido
longitudinal. transversal.
As áreas definidas com a cor magenta têm o mesmo valor de forma a igualar a energia
dissipada. Os pontos necessários para definir as rótulas plásticas no SAP2000 estão na tabela
3.6.
Tabela 3.6 – Pontos da definição da lei M-C do SAP2000.
Curvatura Momento
Secção Ponto
Plástica (1/m) Flector (kN.m)
A 0 0
B 0 11330
Secção
C 0,000487 24507
Transversal
D 0,006353 27167
E 0,01 27167
A 0 0
B 0 774,2
Secção
C 0,0129 1050,9
Longitudinal
D 0,1754 1179,8
E 0,25 1179,8
3.54
Analise Sísmica
Modelo Descrição
Antes de se proceder às análises dinâmicas não lineares irá se realizar análises modais, em
dois programas diferentes, aos modelos M.T.B.1 e M.L.B.2 com a finalidade de calibrar os
modelos, permitindo controlar a rigidez e massa global de cada sistema. Nas figuras 3.43 e
3.44 ilustram as análises modais longitudinais e transversais, respetivamente.
Figura 3.43– Vista parcial da ponte do modo Figura 3.44– Vista parcial da ponte do modo
longitudinal. transversal.
Tabela 3.8 – Resumos dos períodos de modos de vibração nas duas direções.
M.T.B.1 M.L.B.2
MODELOS Período Período Período Período
(s) (s) (s) (s)
SAP2000 0,0384 0,0551 0,480 0,430
SeismoStruct 0,0382 0,0552 0,488 0,432
3.55
Capitulo 3
Como se pode observar os períodos obtidos são bastantes semelhantes o que significa que os
esquemas estruturais elaborados encontram-se bem concebidos.
De acordo com o trabalho desenvolvido por Delgado (2009), inicialmente ira-se reutilizar a
abordagem da influência do comprimento da rótula plástica, quando a ponte esteja a ser
solicitada pela ação sísmica. Essa análise, será efetuada em ambos os sentidos, transversal e
longitudinal, e o comprimento da rótula plástica determinado através das expressões 3.17
(LP1), 3.18 (LP2) e 3.19 (LP3).
A expressão 3.17, que traduz o comprimento de rótula plástica em metade da altura útil, na
análise transversal supera a altura do pilar, devido às dimensões da secção. Como se trata de
um trabalho académico essa incoerência irá manter-se para analisar a consequência que traz
para as análises da influência do comprimento da rótula plástica. O mesmo se reconhece nas
restantes análises transversais que recorrem ao elemento barra para definir o pilar. Como se
está a analisar um pilar tipo parede, no sentido da maior inércia, torna-se pouco provável que
o pilar sofra de fenómenos de flexão e comportar-se como uma barra, quando se realizam
modelações deste género. O objetivo principal que se pretende atingir com estas modelações,
que partem do princípio que não correspondem ao comportamento previsto quando a
estrutura se encontra sujeita à ação sísmica, é realçar a importância da correspondência que
se deve fazer na discretização da estrutura entre as secções reais com as solicitações que irão
estar sujeitas.
As análises serão feitas com os modelos M.T.B.1 e M.L.B.2 e serão analisados os resultados
dos momentos nas rótulas plásticas, deslocamentos no topo de dois pilares e respetivos
diagramas momentos-curvaturas dos dois pilares selecionados.
Como referido anteriormente, a ponte será sujeita a uma análise dinâmica não linear e a ação
sísmica será caraterizada por um acelerograma criado a partir do espectro do EC8, como foi
descrito neste capítulo. A análise transversal é caraterizada por mobilizar a maior dimensão
da secção transversal. O primeiro parâmetro a ser analisado são os momentos nas rótulas
plásticas como indica a figura 3.45.
3.56
Analise Sísmica
7000
Momento (kN.m) 6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
P02
P12
P22
P01
P03
P04
P05
P06
P07
P08
P09
P10
P11
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P20
P21
P23
P24
P25
P26
P27
P28
P29
P30
P31
P32
P33
P34
P35
P36
P37
P38
P39
P40
M.T.B.1 LP1 M.T.B.1 LP2 M.T.B.1 LP3
Figura 3.45– Momentos nas rótulas plásticas M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo
0,3
Deslocamento (mm)
0,2
0,1
0 M.T.B.1 LP1
-0,1 M.T.B.1 LP2
-0,3
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.46– Deslocamentos no topo P20 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.
3.57
Capitulo 3
0 M.T.B.1 LP2
-0,1 M.T.B.1 LP3
-0,2
-0,3
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.47– Deslocamentos no topo P36 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.
7000
5000
Momento (kN.m)
3000
1000
M.T.B.1 LP1
-1000
M.T.B.1 LP2
-3000
M.T.B.1 LP3
-5000
-7000
-6E-08 -4E-08 -2E-08 -4E-22 2E-08 4E-08 6E-08
Cuvartura (1/m)
Figura 3.48 – Diagrama momento-curvatura P20 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo.
3.58
Analise Sísmica
3000
2000
Momento (kN.m)
1000
0 M.T.B.1 LP1
-1000 M.T.B.1 LP2
-2000 M.T.B.1 LP3
-3000
-3E-08 -2E-08 -1E-08 -2E-22 1E-08 2E-08 3E-08
Cuvartura (1/m)
Figura 3.49 – Diagrama momento-curvatura P36 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo.
Devido a intensidade sísmica ser muito baixa os diagramas momentos-curvatura são lineares,
isto é, não houve esforço suficiente para “ativar” as propriedades não lineares da secção.
1000
Momento (kN.m)
800
600
400
200
0
P20
P22
P24
P26
P28
P30
P32
P01
P02
P03
P04
P05
P06
P07
P08
P09
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P21
P23
P25
P27
P29
P31
P33
P34
P35
P36
P37
P38
P39
P40
Figura 3.50 – Momentos nas rótulas plásticas M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo
3.59
Capitulo 3
Na direção longitudinal o comprimento de rótula plástica de LP2 e LP3 são maiores que o
dobro do comprimento de rótula plástica de LP1. Apesar dessa diferença, os valores de
momento são bastantes semelhantes. O mesmo se pode concluir quando analisamos os
deslocamentos nos topos dos pilares P29 e P20 como indicam as figuras 3.51 e 3.52. A
escolha desses pilares obedeceu ao critério indicado no em 3.7.6.1.
7
Deslocamento (mm)
5
3
1
M.L.B.2 LP1
-1
-3 M.L.B.2 LP2
-5
M.L.B.2 LP3
-7
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.51 – Deslocamentos no topo P20 do M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.
4
Deslocamento (mm)
0 M.L.B.2 LP1
-2 M.L.B.2 LP2
M.L.B.2 LP3
-4
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.52 – Deslocamentos no topo P29 do M.L.B.2, para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.
3.60
Analise Sísmica
1000
800
Momento (kN.m) 600
400
200
0 M.L.B.2 LP1
-200 M.L.B.2 LP2
-400
-600 M.L.B.2 LP3
-800
-1000
-0,003 -0,002 -0,001 0 0,001 0,002 0,003 0,004
Curvatura (1/m)
Figura 3.53 – Diagrama momento-curvatura P20 do M.L.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo.
900
Momento (kN.m)
400
M.L.B.2 LP1
-100 M.L.B.2 LP2
M.L.B.2 LP3
-600
-1100
-0,002 -0,0015 -0,001 -0,0005 0 0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025 0,003
Curvatura (1/m)
Figura 3.54 – Diagrama momento-curvatura P29 do M.T.B.1, para um sismo Tipo 2 em Viana do
Castelo.
3.61
Capitulo 3
Nesta fase optou-se por modelar unicamente com o comprimento de rótula plástica LP3 que
garante resultado bastante fidedigno para ambas direções.
12000
10000
Momento (kN.m)
8000
6000
4000
2000
0
P01
P02
P03
P04
P05
P06
P07
P08
P09
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P20
P21
P22
P23
P24
P25
P26
P27
P28
P29
P30
P31
P32
P33
P34
P35
P36
P37
P38
P39
P40
M.T.B.1 LP3 M.T.B.3 LP3
Figura 3.55 – Comparação dos momentos nas rótulas plásticas entre M.T.B.1 LP3 e M.T.B.3 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Lisboa.
0,5
Deslocamento (mm)
0,3
0,1
-0,1 M.T.B.3 LP3
-0,3 M.T.B.1 LP3
-0,5
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.56 – Comparação dos deslocamentos no topo P20 M.T.B.1 LP3 e M.T.B.3 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Lisboa.
3.62
Analise Sísmica
Para esta análise recorreu-se, uma vez mais, à intensidade sísmica do concelho de Viana do
Castelo. Conforme a análise transversal, neste ponto vai-se utilizar modelos com o
comprimento de rótula plástica LP3. Na próxima figura, 3.57, encontra-se uma comparação
de momentos nas rótulas plásticas, entre os modelos M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, após
serem submetidos a um acelerograma já indicado nesse trabalho.
1000
800
Momento (kN.m)
600
400
200
0
P05
P20
P01
P02
P03
P04
P06
P07
P08
P09
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P21
P22
P23
P24
P25
P26
P27
P28
P29
P30
P31
P32
P33
P34
P35
P36
P37
P38
P39
P40
M.L.B.2 LP3 M.L.B.4 LP3
Figura 3.57 – Comparação dos momentos nas rótulas plásticas entre M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3,
para um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.
2
Deslocamento (mm)
1,5
1
0,5
0 M.L.B.4 LP3
-0,5 M.L.B.2 LP3
-1
-1,5
-2
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.58 – Comparação dos deslocamentos no topo P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.
Em termos de deslocamentos existe uma diferença nas respostas, em alguns instantes existe
um aumento de mais de 50%. Mas apesar desse aumento de esforços e deslocamentos, o
pilar P05 teve unicamente comportamento linear, como se pode observar na figura 3.59.
3.63
Capitulo 3
900
700
500
300
Momentos (kN.m)
100
-100 M.L.B.4 LP3
-300 M.L.B.2 LP3
-500
-700
-900
-2E-06 -0,000001 0 0,000001 2E-06
Curvatura (1/m)
Figura 3.59 - Comparação dos diagramas momento-curvatura P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, para
um sismo Tipo 2 em Viana do Castelo.
6
Deslocamento (mm)
4
2
M.L.B.4 LP3
0
-2 M.L.B.2 LP3
-4
-6
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.60 – Comparação dos deslocamentos no topo P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Lisboa.
3.64
Analise Sísmica
900
Momentos (kN.m)
600
300
0
M.L.B.4 LP3
-300
-600 M.L.B.2 LP3
-900
-0,003 -0,002 -0,001 0 0,001 0,002 0,003
Curvatura (1/m)
Figura 3.61 - Comparação dos diagramas momento-curvatura P05 M.L.B.2 LP3 e M.L.B.4 LP3, para
um sismo Tipo 2 em Lisboa
Neste ponto vai-se estudar a resposta sísmica de modelos elaborados por elementos de casca,
M.T.C.5 e M.L.B.6, e comparar com as respostas dos modelos anteriores. As cascas dos
pilares vão ser modeladas recorrendo às layered shell, 3.5.3.3, para considerar o
comportamento não linear dos materiais, ao contrário do tabuleiro, que vai ser modelado
com elementos de cascas normais, considerando apenas comportamento linear. Também ira-
se recorrer à modelação do tabuleiro rígido, conforme foi realizado no ponto anterior.
3.65
Capitulo 3
1,5
1
Deslocamento (mm)
0,5 M.T.C.7
0
-0,5
-1
-1,5 M.T.B.1 LP3
-2
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.62 – Comparação dos deslocamentos no topo P20 entre M.T.C.5 e M.T.B.1 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Lisboa.
Seguidamente, apresentam-se dois mapas relativos aos esforços de corte, figura 3.63, e à
tensão ao longo do pilar, figura 3.64. Ao analisar essas figuras, percebe-se que os esforços
são distribuídos ao longo do pilar através de uma “escora”, como se pode observar através do
contraste das cores. Quando existem elementos de elevada rigidez de um lado e do outro
lado com uma rigidez pouco significante, o seu comportamento, na direção de maior inércia,
será através do fenómeno de corte e não de flexão. Neste caso, se o pilar atingisse a sua
rutura, seria na zona onde se situa a “escora”. Pode-se sugerir, que para a análise transversal,
os modelos de casca caraterizam melhor o comportamento desses elementos ao contrário dos
elementos de barra, onde é necessário inserir uma rótula plástica o que leva a um
comportamento por flexão.
Figura 3.63 – Esforços de corte no pilar P20, Figura 3.64 – Tensões no pilar P20, M.T.C.5, aos
M.T.C.5, aos 11,15 segundos. 11,15 segundos.
Na figura 3.65, apresenta-se a comparação dos modelos M.L.B.2. LP3 e M.L.C.6. O modelo
de casca, M.L.C.6., obtêm deslocamentos máximos aproximados aos do modelo de barra.
Através deste gráfico pode-se concluir que o modelo de barra é aceitável para modelar a
ponte no sentido longitudinal.
3.66
Analise Sísmica
15
10
Deslocamento (mm)
5 M.L.C.6
0
-5 M.L.B.2 LP3
-10
-15
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.65 – Comparação dos deslocamentos no topo P29 entre M.L.C.6 e M.L.B.2 LP3, para um
sismo Tipo 2 em Lisboa.
Ao analisar as próximas figuras, figura 3.66 e figura 3.67, conclui-se que nessa direção
obtêm-se um comportamento de flexão. Se não fosse a transmissão de esforços pontuais por
parte dos aparelhos de apoio, a evolução das cores surgia paralelamente ao topo do pilar.
Apesar disso, é fácil observar a variação dos esforços ao longo da altura do pilar, que na
realidade resultava em fendas de flexão. Em suma, pode-se afirmar que este modelo de casca
consegue representar, com bastante segurança, o comportamento longitudinal da ponte. Mas
de forma a economizar tempo e instabilidade de cálculo, pode-se recorrer aos elementos de
barra para a modelação da ponte, sem por em causa os resultados finais.
Figura 3.66 – Tensões nas armaduras Figura 3.67 – Momentos no pilar P29, M.L.C.6,
longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6, aos 15,05 aos 15,05 segundos.
segundos.
3.67
Capitulo 3
A frequência de 0.65 Hz será utilizada determinar a rigidez necessária dos aparelhos. Essa
rigidez será determinada através de uma análise elástica linear que irá estabelecer uma
correspondência da ponte em estudo a um sistema de um grau de liberdade recorrendo a
expressão 3.30 (Loureiro, 2008).
(3.30)
1 𝐾
𝑓= √
2𝜋 𝑚
1 1
Em que 𝐾 é a rigidez total da estrutura, 𝐾 a rigidez total dos 40 pilares e 𝐾 rigidez total dos
𝑝 𝑚
3.68
Analise Sísmica
Através da figura 3.68 conclui-se que a introdução do aparelho de apoio LBR na ligação
entre pilar e tabuleiro afetou a resposta sísmica do pilar, em relação às análises anteriores.
Para além de a frequência ser menor em relação aos outros modelos, os deslocamentos
diminuíram bastante em relação aos modelos de barra e casca, analisados anteriormente, sem
os aparelhos de apoio.
20
15
Deslocamento (mm)
10 M.L.C.6
5
0 M.L.C.6 LRB
-5
-10 M.L.B.2 LP3
-15
-20
0 5 10 15 20
Tempo (s)
Figura 3.68 – Comparação dos deslocamentos no topo P29 entre M.L.C.6, M.L.C.6 LRB e M.L.B.2
LP3, para um sismo Tipo 2 em Lisboa
Nas figuras 3.69 e 3.70, relativos às tensões das armaduras longitudinais, pode-se observar
numa diminuição das tensões no pilar P29 do M.T.C.6 LRB. Na base do pilar, essa
diminuição foi cerca de 50%. É importante destacar a diminuição das tensões no local de
ligação do aparelho de apoio ao pilar.
Figura 3.69 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6, instante 15,05 segundos.
3.69
Capitulo 3
Figura 3.70 – Tensões nas armaduras longitudinais, no pilar P29, M.L.C.6 LRB, instante 15,05
segundos.
Por fim, é importante referir, que a frequência do primeiro modo ficou em 0,68 Hz.
3.70
Avaliação de Segurança Sísmica
4
AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA SÍSMICA
4.1 Introdução
Após a modelação da estrutura, ação sísmica sob a estrutura, e do comportamento dos
materiais resta conhecer se a estrutura reúne as condições de segurança, ao aplicar todas
essas variáveis num único modelo, de modo a garantir a preservação de vidas humanas e
minimização dos danos materiais na ocorrência de um evento sísmico. Então torna-se
importante dotar a conceção e dimensionamento de estruturas que se localizam em regiões
de alta sismicidade, de metodologias de avaliação apropriadas que garantem boas margens
de segurança. Como já foi referido neste trabalho, a evolução dos regulamentos e de suas
metodologias de avaliação é acompanhada pela evolução da capacidade de processamento
dos computadores, resultando de um melhoramento das estruturas quando sujeita a uma ação
sísmica (Delgado, 2009).
Apesar das evoluções referidas, atualmente, ainda se utiliza métodos de dimensionamento à
ação sísmica lineares que, posteriormente, os seus resultados podem ser corrigidos para
contabilizar o comportamento não linear da estrutura. Mas quando se trata de estruturas mais
sensíveis à ação em estudo, ou estruturas que apresentam um comportamento irregular, ou
que estejam localizadas próximas de uma falha geológica é necessário recorrer a
metodologias mais rigorosas.
Como já foi aqui exposto, Portugal, detém um parque extenso de obras de arte em betão
armado muito importante para a rede viária e ferroviária nacional. Atualmente existem
muitas obras de arte com aproximadamente meio século de vida útil, logo foram concebidas
com normas estruturais antigas. Algumas dessas estruturas apresentam um considerável nível
de deterioração, pondo em causa a sua segurança estrutural e a sua funcionalidade. Então, é
aconselhável, que essas obras de arte sejam alvo de inspeções e seguidamente de avaliações
de segurança (Coelho, 2010).
O comportamento de estruturas sujeitas à ação sísmica é bastante complexo. Pois, a própria
ação e também a irregularidade que as estruturas apresentam são alguns dos motivos. Logo,
isso implica que as avaliações de segurança sejam apropriadas à estrutura que se está a
estudar e à localização, porque esse parâmetro determina a intensidade da ação sísmica.
Devido a esse fator existem vários tipos de metodologias de avaliação de segurança sísmica
que podem ser agrupados em níveis de complexidade, como indicado na tabela 4.1.
4.1
Capitulo 4
Tabela 4.1 - Esquema geral dos cinco níveis de avaliação de segurança, adaptado de COST345
(1998).
Como se pode observar na tabela 4.1, existem cinco níveis relativos à classificação de
metodologias de análise e avaliação de pontes. O nível 1, é o de menor complexidade e vai
crescendo até ao nível 5, onde o procedimento para uma avaliação de segurança é mais
complexo.
Conforme alguns autores, Delgado (2009), Monteiro et al. (2009) e Cruz (2008) pode-se
considerar dois tipos de procedimentos de avaliação de segurança sísmica, figura 4.1.
Quando se pretende uma avaliação mais fiável, rigorosa e para aplicar em estruturas
irregulares, opta-se pelos métodos probabilísticos. Pelo contrário, quando só é necessário
obter um estudo mais expedito, opta-se por métodos simplificados, ou seja, em metodologias
mais diretas, com base em deslocamentos estimados por expressões simples e obtidas a partir
das caraterísticas geométricas da estrutura (Coelho, 2010). Ao longo deste capítulo vai-se
descrever os aspetos principais dessas metodologias de avaliação de segurança sísmica.
4.2
Avaliação de Segurança Sísmica
Métodos Probabilísticos/
Métodos Simplificados
Semi-Probabilísticos
Coeficientes Parciais
Segurança
Baseada dos
deslocamentos
Baseada no
Hipercubo Latino
Baseada em curvas
de fragilidade
Baseada em funções
de vulnerabilidade
Figura 4.1 – Organograma das principais metodologias para a avaliação de segurança, adaptado
Coelho (2010).
4.3
Capitulo 4
Na parte final deste capítulo irá aplicar-se, na ponte já utilizada no capítulo anterior, a
metodologia probabilística através de funções de vulnerabilidade.
4.4
Avaliação de Segurança Sísmica
As rótulas plásticas surgem, sobretudo, ao nível dos pilares. Essas zonas devem ser locais de
fácil acesso para inspeção e reparação. Segundo a norma em estudo, deve-se evitar formação
de rótulas plásticas em zonas onde o esforço normal reduzido, 𝜂𝑘 , equação 4.1, seja superior
ao valor de 0,4.
𝑁𝐸𝑑 (4.1)
𝜂𝑘 =
𝐴𝑐 ∗ 𝑓𝑐𝑘
Em que:
𝑁𝐸𝑑 - o esforço axial actuante de compressão;
𝐴𝑐 - a área de betão da secção transversal;
𝑓𝑐𝑘 - valor caraterístico da tensão de rotura do betão.
A EC8 (2009) indica que no momento da cedência de uma ponte com comportamento dúctil
a sua relação global força-deslocamento deve exibir um patamar de força significante e deve
assegurar uma energia de dissipação histerética pelo menos cinco ciclos de deformação
inelástica (Santos, 2007).
O comportamento de ductilidade limitada, a EC8 (2009) refere que não é necessário existir o
patamar expresso no subcapítulo anterior e também é desnecessário a existência de uma
região de cedência com uma redução significativa de rigidez.
Quando se realizam análises lineares, o critério de verificação que a EC8 (2009) indica, para
além da verificação de resistência expressa no ponto 2.4.3 da norma, é o controlo dos
deslocamentos. O deslocamento de dimensionamento sísmico é determinado pela equação
4.2.
𝑑𝐸 = ±𝜂 ∗ 𝜇𝑑 ∗ 𝑑𝐸𝑒 (4.2)
Em que 𝑑𝐸𝑒 traduz o deslocamento sísmico que resulta da análise elástica, o 𝜂 representa o
factor de correcção do amortecimento e 𝜇𝑑 a ductilidade do deslocamento. Se 𝑇 ≥ 𝑇0 =
1,25𝑇𝐶 então pode-se optar por 𝜇𝑑 = 𝑞. Se acontecer ao contrário, 𝑇 ≤ 𝑇0 , então tem que se
determinar 𝜇𝑑 através da equação 4.3.
(𝑞 − 1)𝑇0 (4.3)
𝜇𝑑 = − 1 ≤ 5𝑞 − 4
𝑇
4.5
Capitulo 4
No caso das análises não lineares, a EC8 (2009), obrigada a realização do controlo das
rotações, como indicado figura 4.3, através da equação 4.4.
𝜃𝑝,𝑢 – capacidade de rotação última obtida através de testes ou através de curvaturas últimas.
4.6
Avaliação de Segurança Sísmica
4.7
Capitulo 4
4.8
Avaliação de Segurança Sísmica
Para um estado limite estabelecido, assumindo a formação de uma rótula plástica na base do
pilar como parte do mecanismo resultante, os deslocamentos máximos disponíveis são
determinados a partir das extensões permitidas pelos materiais que formam a secção, isto é,
as extensões permitidas pelo aço e o betão, numa estrutura de um grau de liberdade. O estado
limite de uma estrutura é definido através de níveis de dano da própria e respetivo grau de
irreversibilidade (Delgado, 2009). Considerou-se para essa análise, segundo Calvi (1999), os
seguintes estado limites ordenados por nível crescente de dano:
LS1 -não há danos estruturais e não estruturais;
- resposta da estrutura essencialmente linear sem se atingir a cedência;
LS2 - danos estruturais ligeiros e não estruturais moderados;
- a estrutura pode ser utilizada sem reparações ou reforços significativos;
LS3 - danos estruturais significativos e não estruturais de elevada extensão
- necessidade de reparação e reforço da estrutura antes da reutilização
LS4 - colapso da estrutura.
Após definidos os níveis dos estados limites, basta escolher um desses para posteriormente
fixar as extensões máximas dos materiais, aço e betão, que se admitem aceitáveis para o
nível escolhido (Delgado, 2009).
Como já foi referido, a curva de capacidade é definida através da deslocação estrutural, ∆𝐿𝑆𝑖 ,
que será determinada através da equação 4.13, e pela respetiva ductilidade em
deslocamentos, 𝜇𝐿𝑆𝑖 , definida pela equação 4.14, assumindo o mecanismo de rótula plástica
na base do pilar. Mas inicialmente necessita-se de determinar o deslocamento de cedência,
∆𝑦 , equação 4.7, que resulta dupla integração do diagrama linear de curvaturas ao longo do
pilar (Delgado, 2009).
𝜙𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 (4.7)
∆𝑦 =
3
Em que 𝜙𝑦 representa a curvatura de cedência e determina-se como indica a equação 4.8.
2.14𝜀𝑦 (4.8)
𝜙𝑦 =
𝐷
Então, ∆𝑦 fica:
2.14𝜀𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 (4.9)
∆𝑦 =
3𝐷
O parâmetro 𝐿𝑒𝑓𝑓 é a altura efetiva do pilar medida desde a fundação até ao centro de massa
do tabuleiro, 𝜀𝑦 é a extensão de cedência da armadura longitudinal e por fim 𝐷 representa a
altura da secção do pilar.
4.9
Capitulo 4
4.10, da curvatura máxima, ∅𝐿𝑠𝑖 , nesses estado limite e dos parâmetros 𝜙𝑦 e 𝐿𝑒𝑓𝑓 já
definidos anteriormente.
𝐿𝑝 = 0.5𝐷 (4.10)
𝜙𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 (4.11)
∆𝐿𝑆𝑖 = + (∅𝐿𝑠𝑖 − 𝜙𝑦 )𝐿𝑝 𝐿𝑒𝑓𝑓
3
A curvatura máxima determina-se através da equação 4.12 onde 𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) representa a extensão
máxima no betão e 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) representa a extensão máxima no aço.
(𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) + 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) ) (4.12)
∅𝐿𝑠𝑖 =
𝐷
Finalmente, a equação final para a capacidade de deslocamento estrutural encontra-se defina
pela equação 4.13 e a correspondente ductilidade em deslocamentos pela equação 4.
(Delgado, 2009).
2.14𝜀𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 (4.13)
∆𝐿𝑆𝑖 = + 0.5(𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) + 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) − 2.14𝜀𝑦 )𝐿𝑒𝑓𝑓
3𝐷
∆𝐿𝑆𝑖 2.14𝜀𝑦 𝐿2𝑒𝑓𝑓 1.5(𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) + 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) − 2.14𝜀𝑦 ) 𝐷 (4.14)
𝜇𝐿𝑆𝑖 = = +
∆𝑦 3𝐷 2.14𝜀𝑦 𝐿𝑒𝑓𝑓
A definição da curva de exigências, associada a um estado limite, como foi descrito para a
curva de capacidade, é necessário determinar o amortecimento viscoso equivalente,ξ,
equação 4.15.
1 (4.15)
𝜉 = 𝑎 ∗ (1 − ) + 𝜉𝐸
𝜇𝑏
Para obter o espectro não linear do espectro de resposta elástico com 5% de amortecimento é
necessário determinar o fator de redução, 𝜂. Esse fator pode ser calculado pela equação 4.16
definida por Bommer et al (2000).
(4.16)
10
𝜂=√
5+𝜉
4.10
Avaliação de Segurança Sísmica
Então para efetuar a análise de vulnerabilidade é necessário comparar ambas as curvas, logo
é necessário fazer uma correspondência entre o período elástico, 𝑇𝐿𝑆𝑖 e a altura efetiva, 𝐿𝑒𝑓𝑓 .
Essa correspondência pode ser realizada através das seguintes equações, indicadas pela EC8
(2009), reorganizando-as da seguinte forma:
4 (4.17)
𝐿𝑒𝑓𝑓 = 10(𝑇𝐿𝑆𝑦 )3
√𝜇𝐿𝑆𝑖 (4.18)
𝑇𝐿𝑆𝑦 =
𝑇𝐿𝑆𝑖
4 (4.19)
√𝜇𝐿𝑆𝑖 3
𝐿𝑒𝑓𝑓 = 10 ( )
𝑇𝐿𝑆𝑖
𝐶1 𝐶1 2 (4.20)
𝐿𝑒𝑓𝑓 =( − )
2.52 𝐶2
1.5(𝜀𝑐(𝐿𝑆𝑖) + 𝜀𝑠(𝐿𝑆𝑖) − 2.14𝜀𝑦 ) (4.21)
𝐶1 = 𝐷
2.14𝜀𝑦
1
3
(4.22)
2
𝐶2 = (1250𝑇𝐿𝑆𝑖 + 3√3𝐶12 + 4
202500𝑇𝐿𝑆𝑖 )
Logo, a partir das equações que foram descritas obtêm-se a relação necessária para que os
valores de período elástico e altura efetiva, para um sistema de um grau de liberdade, com
comportamento inelástico, possam ser descritos no eixo das ordenadas, obtendo assim a
curva de exigências (Delgado, 2009).
Para realizar a análise de vulnerabilidade basta saber a altura efetiva da ponte que se
pretende analisar e sobrepor a evolução dos deslocamentos, ∆𝐿𝑆𝑖 , para cada um dos estados
limites 𝑖, com a curva de exigências, ∆𝑑 , como se observa na figura 4.4.
4.11
Capitulo 4
Figura 4.4 – Disposição gráfica da análise de vulnerabilidade pelo método dos deslocamentos
(Delgado, 2009).
Para realizar esse método, como já foi referido, será necessário transformar a estrutura em
estudo numa estrutura de um grau de liberdade. Essa transformação deve garantir a
manutenção da frequência original da estrutura à custa de uma altura equivalente, tendo em
consideração a deformada do tabuleiro (Delgado, 2009).
4.12
Avaliação de Segurança Sísmica
Tabela 4.2 – Valor do índice de fiabilidade requerido para estruturas e pontes (Cruz, et al., 2008).
4.13
Capitulo 4
a) b)
Figura 4.5 – a): Divisão da função de distribuição em intervalos de igual probabilidade; b): exemplo de
amostragem de duas variáveis (Costa, 1993).
4.14
Avaliação de Segurança Sísmica
Como já foi referido, o estudo da avaliação de segurança sísmica que se está a abordar neste
trabalho consiste em comparar a resposta da ação sísmica da estrutura (exigência sísmica)
com a sua capacidade estrutural, que é a variável resistência, 𝑅. Essa variável aleatória é
caraterizada pelas propriedades dos materiais aço e betão e respetiva quantidades/secções.
Mas a disposição de armaduras e a degradação ao longo do tempo também contribui para a
variação da resistência estrutural da estrutura. Utilizando várias análises numéricas e ensaios,
Kappos (1999), Kwon (2006) e Marques (2011) têm estudado o nível de variabilidade
esperado nas propriedades dos materiais. Esses estudos selecionaram um conjunto de
propriedades dos materiais, que apresentam um caráter não determinístico, designadamente a
resistência última de compressão do betão, 𝑓𝑐𝑢 , a extensão última do betão à compressão,
𝜀𝑐𝑢 , a tensão de cedência do aço, 𝑓𝑠𝑦 , tensão última do aço, 𝑓𝑠𝑢 , e a extensão última do aço,
𝜀𝑠𝑢 , (Marques & Delgado, 2012).
Após definidas as propriedades dos materiais referidas no parágrafo anterior, passa-se ao
procedimento numérico para obter a capacidade de resistência de cada elemento em estudo,
ou seja, determina-se a função de distribuição acumulada de probabilidade de resistência
utilizando o método HCL a partir das propriedades indicadas.
4.15
Capitulo 4
4.16
Avaliação de Segurança Sísmica
4.17
Capitulo 4
4.18
Avaliação de Segurança Sísmica
Esta metodologia é caraterizada por ser necessário efetuar mais do que uma análise
recorrendo a diversos acelerogramas. Isto é, para determinar a distribuição probabilística,
num determinado nível de intensidade agi , da resposta estrutural (fs, agi (s)), medidas em
ductilidades exigidas (s = μ). Esse procedimento pode ser observado na figura 4.9 (Delgado,
2009).
4.19
Capitulo 4
Figura 4.10 – Resposta estrutural para uma determinada aceleração 𝑎𝑔𝑖 (Delgado, 2009).
4.20
Avaliação de Segurança Sísmica
Como foi indicado para a exigência sísmica, a determinação da capacidade estrutural segue a
filosofia indicada no método do HCL em 4.6. Os parâmetros para caraterizar essa variável
podem ser descritos em várias grandezas, como o dano ou ductilidades disponíveis da
secção, como se tem vindo a referir. Mas, em estudos desse género, é mais usual descrever
em ductilidades em curvaturas como parâmetro caraterizador da resistência (Delgado, 2009).
4.21
Capitulo 4
Pode-se considerar que uma estrutura entra em colapso, ruína, quando o valor da resistência,
𝑅, é ultrapassado pelo efeito da ação, 𝐸𝐴, numa dada secção. O correspondente estado limite
pode ser estabelecido de acordo com a equação 4.32:
𝑅 − 𝐸𝐴 < 0 (4.32)
Então a probabilidade de ruína pode ser estabelecida quando ocorre um estado limite onde o
valor da resistência seja ultrapassado pelo valor do efeito da ação, ou seja:
𝑃𝑟 = 𝑃(𝑅 − 𝐸𝐴 < 0) (4.33)
Por conseguinte, através da função de distribuição do efeito da ação, 𝐹𝐸𝐴 , e da função
densidade de probabilidade da resistência, 𝑓𝑅 , obtêm-se o valor da probabilidade de ruína,
como indicam os autores Borges et al (1972), Costa (1989), Duarte et al (1990), Nowak et al
(2000) e Pinto (1994) e descrito na equação 4.34.
4.22
Avaliação de Segurança Sísmica
+∞ (4.34)
𝑃𝑟 = ∫ (1 − 𝐹𝐸𝐴 )𝑓𝑅 𝑑𝑥
−∞
4.23
Capitulo 4
4.24
Avaliação de Segurança Sísmica
Para fazer uma análise com caráter mais estatístico, vai se seguir o raciocínio de análise
sísmica descrito em 3.7.2, recorrendo a cinco acelerogramas, com a duração de 20 segundos,
gerados a partir do espetro de resposta da norma europeia de tipo 2 para caraterizar a ação
sísmica. Com o recurso do software SeismoArtif definiu-se mais quatro envolventes para o
acelerograma para além da envolvente Saragoni & Hart (1974), que são as seguintes:
Stationary: a intensidade se mantém constante e igual 1.0 ao longo do tempo.
Trapezoidal: é baseado em Jennings et al (1968) e foi estabelecido um período
descendente e ascendente de cinco segundos;
Exponential: esta envolvente é baseada em Liu (1969) em que α e β tomam os
valores de 0,1 e 0,5 respetivamente;
Compound: esta envolvente também é baseada nos autores indicados para
Trapezoidal, neste caso é definido um tempo ascendente de 5 segundos e um 15
segundos para zona de intensidade igual 1.0, os parâmetro energia e α mantiveram-
se os valores por defeito que são 3 e 1 respetivamente.
Trigonometric: para este caso optou-se por um tempo ascendente de 2,5 e um 15
segundos para zona de intensidade igual 1.0.
Após definidos os acelerogramas, vão ser executadas cinco análises sísmicas para cada
acelerograma de forma a variar o valor de pico de intensidade sísmica de 0,5 até 2,5.
4.25
Capitulo 4
1,6
1,2
Ductilidades
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Acelaração de Pico (cm/s2)
4.26
Avaliação de Segurança Sísmica
Os resultados obtidos na tabela 4.3 da probabilidade de ruína dos modelos em estudo são
inferiores ao valor limite razoável para pontes (10−5 ). Mas os valores determinados poderão
se encontrar com uma margem de erro devido às simplificações executadas. Como referido
em 4.9.2, não se determinou a capacidade de acordo com o estabelecido para este método,
mas utilizou-se um valor de desvio padrão usual para pilares de betão armado. A secção
desse pilar é relativamente esbelta na direção longitudinal, logo esse valor do desvio padrão
pode não ser o mais indicado para se utilizar. Também a própria determinação da ductilidade
da capacidade de resistência poderá sofrer um desvio considerável em relação ao valor se
fosse determinado conforme o indicado no método HCL.
4.27
Capitulo 4
4.28
Ensaio Experimental
5
ENSAIO EXPERIMENTAL
5.1 Introdução
Os pilares de betão armado, segundo relatórios sísmicos mais recentes, são os elementos das
pontes que sustentam mais dano. A segurança estrutural da ponte está dependente da
capacidade resistência estrutural dos respetivos pilares, por isso, torna-se fundamental
estudar as melhores técnicas de reforçar esse elemento. Usualmente os pilares ocos detêm
uma secção com grandes dimensões, com varões de aço longitudinais ao longo das faces
exteriores e interiores e, ao contrário dos pilares sólidos, o efeito de corte tem uma grande
importância no comportamento do pilar a ações cíclicas. Assim, deve-se dar atenção
especial a esse problema quando se procede à avaliação da sua resistência estrutural e
ao reforço que se prevê utilizar, sendo necessário dispor de procedimentos numéricos
devidamente calibrados com ensaios experimentais, de forma a aperfeiçoar o método
de modelação e dimensionamento (Delgado et al., 2012).
Então, debruçando-se sobre a problemática do efeito de corte nos pilares ocos, no
Laboratório de Engenharia Sísmica e Estrutural (LESE), situado na Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto (FEUP), realizou uma campanha experimental com pilares ocos de
secção quadrada e retangular, com o objetivo de estudar o comportamento dos pilares a
ações cíclicas e posteriormente diferentes estratégias para o seu reforço. No total
executaram-se 12 provetes, seis provetes para cada tipo de secção de forma a representar o
pilar de betão armado com secção oca com uma relação de escala 1:4 (Delgado, 2009). Neste
capítulo vai apresentar o ensaio ao pilar PO2-N06-R1 e seus resultados, e compará-los com
os outros ensaios já realizados. Esse tipo de campanha já foi realizado na Universidade de
Pavia, em Itália, com pilares ocos de secção quadrada, conforme os seguintes trabalhos:
Calvi et al (2005) e Pavese et al (2004).
O sistema de ensaio (esquematizado nas figuras 5.1 e 5.2) executado para essa campanha
consiste em submeter os pilares a uma carga axial e simultaneamente uma força horizontal
com grandeza e sentido variável, encontrando-se o setup preparado para a aplicação de
forças horizontais em duas direções ortogonais. Este sistema está preparado para ensaiar
pilares com uma escala razoável, de 1:2 para pilares de edifícios e até 1:4 para pilares de
pontes, permitindo a aplicação de uma carga axial constante (Delgado, 2009).
5.1
Capitulo 5
5.2
Ensaio Experimental
Como já foi indicado, para esta campanha experimental foram executados 12 provetes, onde
seis destes têm uma secção quadra oca e outros seis, uma secção retangular oca. Os pilares
de secção quadrada oca tem a dimensão de 450 mm, enquanto os de secção retangular têm as
dimensões de 450x900 mm. Ambas as secções contêm armadura longitudinal distribuída nas
duas faces da secção oca, onde na secção quadrada 40 varões e na retangular 64 varões todos
do diâmetro 8 mm, como se pode observar na figura 5.3 (Delgado, 2009).
Figura 5.3– Provetes de pilares de secção oca: a) geometria de um tipo de provete e b) localização
dos LVDT (Delgado et al, 2012).
5.3
Capitulo 5
Na execução dos provetes recorreu-se a três séries de betonagem, como demonstra a tabela
5.1. Devido ao fator de escala utilizou-se uma granolumetria máxima nos inertes de 9,5mm,
correspondendo à utilização do peneiro 3/8”. Relativamente às armaduras transversais, na
primeira e segunda série, utilizou-se a disposição usada na campanha da Universidade de
Pavia. Enquanto na última série executou-se três tipos de disposição. O primeiro tipo de
disposição de armadura transversal (N4) manteve a disposição dos pilares anteriores, o
segundo tipo (N5) utilizou as disposições indicadas na norma europeia EC8 (2009) e, por
fim, no último tipo optou-se por dobrar a área transversal mantendo as disposições da norma
europeia. Para organização dos dados de ensaio e facilitar a designação de cada pilar oco
(referenciado como PO) foi criada uma nomenclatura simples, tendo em consideração em
primeiro lugar a geometria da sua secção de betão: PO1 para secção quadrada e PO2 para
secção retangular. Em seguida, para cada um destes grupos, existe ainda uma letra (N –
normal; R – reforçado) e uma identificação associada à numeração de cada pilar, de 1 a 6,
definida em correspondência com a ordem de cada série de betonagem e disposição de
armaduras (Delgado, 2009).
PO1-N2 PO2-N2
2ª Série de Betonagem
PO1-N3 PO2-N3
PO1-N4 PO2-N4
3ª Série de Betonagem PO1-N5 PO2-N5
PO1-N6 PO2-N6
As propriedades do betão e das armaduras estão descritas em Delgado (2009). Na tabela 5.2
encontra-se o resumo dessas caraterísticas dos provetes de betão.
5.4
Ensaio Experimental
Tabela 5.2– Resumo das características dos pilares originais (Delgado, 2009).
2 ramos
PO1-N5 Quadrado C25/30 408 A500 2.6 443
(EC8)
4 ramos
PO1-N6 Quadrado C25/30 408 A500 2.6 443
(EC8)
2 ramos
PO2-N5 Retangular C25/30 648 A500 2.6 443
(EC8)
4 ramos
PO2-N6 Retangular C25/30 648 A500 2.6 443
(EC8)
5.5
Capitulo 5
Capacidade de
Capacidade de Corte
Designação Geometria Flexão
cedência última ductilidade de 2 ductilidade de 8
5.6
Ensaio Experimental
Na tabela 5.4 é apresentado um resumo das capacidades de corte e flexão obtidas nos ensaios
experimentais e o respetivo mecanismo de colapso. A definição para deslocamento de rotura
corresponde ao instante em que o valor de força horizontal aplicada ao pilar é 80% da força
máxima. Para a maior parte dos pilares a resistência ao corte está muito abaixo da resistência
à flexão, estando a força máxima obtida no ensaio perto da força máxima de corte
determinada numericamente. Mas, em alguns casos, a força obtida no ensaio conseguiu
atingir a força de pico determinada numericamente (Delgado et al, 2012).
5.7
Capitulo 5
Tabela 5.4– Resumo dos resultados obtidos nos ensaios nos pilares originais (Delgado, 2009).
Cap.
Cap. Corte Força max. Desloc. rotura
Flexão Modo de
Pilar Numérica Experimental Experimental
Numérica rotura
(kN) (kN) (mm)
(kN)
PO1-N2 155/180 170/105 130 33 Flexão/Corte
PO1-N3 155/180 170/105 130 33 Flexão/Corte
PO1-N4 185/215 170/105 170 25 Corte
PO1-N5 185/215 170/105 170 25 Corte
PO1-N6 185/215 220/160 210 30 Corte
PO2-N2 230/265 170/105 190 25 Corte
PO2-N3 255/290 200/135 220 25 Corte
PO2-N4 280/320 170/105 190 30 Corte
PO2-N5 280/320 170/105 200 30 Corte
PO2-N6 280/320 220/160 250 40 Corte
Na figura 5.5 estão ilustrados os resultados experimentais dos ensaios aos pilares quadrados
PO1-N4 e PO1-N6. Apesar de ambos os pilares possuírem a mesma resistência à flexão,
cerca de 200 kN, devido à mesma área dos varões longitudinais, houve uma rotura prematura
por mecanismo de corte no pilar PO1-N4. Por outro lado, no pilar PO1-N6, alcançou a
resistência máxima de flexão, mas com uma capacidade de ductilidade baixa, o que levou a
rotura por corte (Delgado et al, 2012).
5.8
Ensaio Experimental
200
Pilar PO1-N4
150
Pilar PO1-N6
Força horizontal (kN) 100
50
-50
-100
-150
-200
D1 D2 D3 D4 D5
-250
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)
Figura 5.5 – Resultados dos ensaios PO1-N4 vs PO1-N6 (Delgado et al, 2012).
5.9
Capitulo 5
D1 D2 D3 D4
100
90
% Corte
80
% Flexão
% de deformação
70
60
50
40
30
20
10
0
<1 1.5 3 7 10 13 20 25 30
Deslocam ento (m m )
No entanto, a rotura desse pilar deu-se por mecanismo de corte, não sendo possível observar
a eficiência da armadura transversal tendo em vista a prevenção da encurvadura da armadura
longitudinal (Delgado, 2009).
5.10
Ensaio Experimental
Os danos finais das almas, para o último nível de controlo, podem ser observados na figura
5.8, onde as zonas de maior concentração de danos se desenvolvem praticamente em duas
linhas verticais, correspondentes aos dois varões longitudinais que delimitam o laço do
estribo central (ver figura 5.3 da disposições das armaduras). Os laços dos estribos adicionais
na zona central das almas parecem conferir uma maior resistência nessa zona e, pelo
contrário, uma elevada fragilidade nas linhas de transição para as zonas com menos
armadura transversal, prenunciando a rotura por separação dos banzos (Delgado, 2009).
Na parte inferior das almas surgiram fendas que apresentavam, inicialmente, uma inclinação
de 45º, portanto, parecidas com as fendas que aparecem do lado exterior. Na parte final do
ensaio essas fendas aparecem com mais inclinação, como se pode observar a figura 5.9,
aparecendo a maior concentração de danos em duas linhas verticais, exatamente como foi
explicado para a face exterior (Delgado, 2009).
5.11
Capitulo 5
No final dos ensaios dos provetes procedeu-se à sua reparação e reforço, por uma empresa
externa (S.T.A.P. - Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S.A.)
especializada neste tipo de trabalhos, de acordo com os seguintes passos principais: 1)
delimitação da zona a reparar; 2) remoção e limpeza da zona de betão danificado; 3) emenda
e soldadura dos varões longitudinais danificados ou que tenham encurvado; 4) reforço
interior com barras metálicas horizontais (caso se aplique); 5) colocação da cofragem e
enchimento com betão (do tipo Microbeton, que consiste num micro betão pré-misturado,
modificado com aditivos especiais para reduzir a retração na fase plástica e hidráulica); 6)
reforço exterior com mantas de carbono (CFRP), com as seguintes propriedades: Módulo de
Elasticidade, 𝐸𝑗 = 240 GPa, capacidade resistente última, 𝑓𝑗𝑢 = 3800 MPa e extensão última,
𝜀𝑗𝑢 = 0.0155. No processo de reforço foi-se variando a disposição e número de camadas das
cintas de CFRP, chegando em dois casos aplicar também barras de aço no interior com se
pode observar na figura 5.10 (Delgado et al, 2012).
5.12
Ensaio Experimental
a) b) c) d)
Figura 5.10 – Reparação e reforço dos pilares ocos (Delgado, 2009).
𝐴𝑗 (5.3)
𝑉𝑠𝑗 = 𝑓 ∗ ℎ ∗ 𝑐𝑜𝑡𝜃
𝑠 𝑗
5.13
Capitulo 5
Para o pilar PO1-N6-R1, figura 5.11, utilizou-se como reforço uma camada de CFRP com a
espessura de 0,117 mm por 100 mm de largura, espaçadas 100 mm ao longo da altura do
pilar de forma a aumentar a resistência ao corte. O objetivo do reforço deste pilar era
aumentar em 40% a força de resistência ao corte em relação a força máxima que pode ser
mobilizada para a flexão (Delgado et al, 2012).
5.14
Ensaio Experimental
200
Pilar PO1-N6
150
Pilar PO1-N6-R1
100
Força horizontal (kN)
50
-50
-100
-150
-200
-250 D1 D2 D3 D4 D5
-60 -55 -50 -45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Deslocamento de topo (mm)
Para o pilar PO2-N5-R1 aplicou-se uma camada de bandas CFRP com a espessura de 0,177
mm e largura de 100 mm, com igual espaçamento de 100 mm. Mas nesse pilar, optou-se por
deixar um espaço livre de 100 mm junto à base com o objetivo de analisar a ductilidade
disponível do pilar original se não tiver mecanismo de rotura por corte.
Quando se atingiu o drift 2,5% deu-se uma rotura prematura de uma banda de CFRP do lado
oeste como se pode observar pela figura 5.13. Como se pretendia avaliar o comportamento a
flexão do pilar, interrompeu-se o ensaio e reforçou-se convenientemente todo o pilar em toda
a sua altura de modo a evitar qualquer fragilidade ao corte (Delgado, 2009).
5.15
Capitulo 5
Com esse novo reforço passou-se a designar o pilar por PO2-N5-R2, com o objetivo de
atingir um mecanismo de colapso de flexão. Com o drift de 2,9% as quatro primeiras bandas
de CFRP mais próximas da base do pilar, do lado Oeste, sofreram uma rotura brusca,
originando um mecanismo de colapso do pilar por corte. Na figura 5.14 pode-se observar a
os danos das fibras e respetivo betão danificado, bem como as fissuras que surgiram durante
o ensaio (Delgado, 2009).
Também no interior do pilar, o maior dano encontrava-se na face Oeste do pilar. A evolução
das fendas foram contidas, como se pode observar na figura 5.15, enquanto as bandas de
CFRP não sofreu danos significativos. Nos ciclos em que se dá o colapso das fibras observa-
se uma evolução rápida da espessura das fendas (Delgado, 2009).
5.16
Ensaio Experimental
Através da análise dos resultados ilustrados na figura 5.16, pode-se concluir que o reforço
executado mostrou um comportamento pouco satisfatório, nomeadamente em termos de
deslocamento máximo atingido, mas mesmo assim o reforço apresentou uma capacidade
resistente superior ao original. De facto o reforço não evitou o mecanismo de rotura por corte
e o colapso foi originado pela rotura das bandas de CFRP junto a base (Delgado, 2009).
Pilar PO2-N5-R1
50
-50
-150
-250
D1 D2 D3 D4 D5
-350
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)
Figura 5.16 – Comparação dos resultados experimentais do PO2-N5-R2 com o PO2-N5-R1 e o PO2-
N5 (Delgado, 2009).
5.17
Capitulo 5
Durante o ensaio a face mais danificada foi a face Este. A evolução dos danos está
caraterizada na figura 5.18.
Nos ciclos iniciais, até ao drift 0,21%, a fendilhação observada foi bastante reduzida,
surgindo apenas reaberturas de fendas horizontais nos banzos relativa à flexão e fendas
inclinadas, fendas de corte, com pequenas espessuras nas faces laterais. As fendas
horizontais surgem mais concentradas junto a base e depois vão ficando mais dispersas
conforme o desenvolvimento do pilar em altura.
Ao atingir um deslocamento de topo de 19 mm (drift 1,43%) surgiram novas fendas nas
faces laterais, como se pode observar na figura 5.18 b, com uma inclinação ligeiramente
superior ao drift 0,21%. Essas fendas atingiram uma abertura de 0,20 mm na face oeste e
0,25 mm na face este. Nas faces norte e sul as fendas atingiram uma espessura de 0,20 mm.
Na 3ª banda de fibra começou a surgir um pequeno destacamento da resina.
5.18
Ensaio Experimental
Nos ciclos seguintes até ao drift 2,5% continuou-se a ouvir o ruído compatível com fibras a
ceder. No canto sudoeste observou-se um esmagamento ligeiro do betão. Houve uma
evolução na abertura de fendas com a espessura de 0,65 mm e 0,75 mm nas faces este e
oeste, respetivamente. Nos banzos, apesar de continuar uma concentração de fendas junto à
base do pilar, começaram a surgir mais fendas ao longo da altura. Nessas faces a abertura de
fendas atingiu os 0,50 mm.
Antes de atingir um drift 3,07%, no deslocamento de topo de 45mm, rompeu-se a segunda
banda de fibras no alinhamento interior do lado sul. Ao atingir o drift 3,07%, logo no
primeiro ciclo, rompeu-se a 3ª, 4ª, 5ª e 6ª bandas de fibras, por ordem crescente, no canto
nordeste como se pode observar na figura 5.19 a. Posteriormente rompeu-se a 1ª camada de
fibra com a mesma localização das anteriores. Após a rotura brusca das fibras e colapso das
mesmas o pilar perdeu grande parte da capacidade de resistência ao corte, como se pode
observar na figura 5.19. Finalmente, com o setup parado, observou-se uma elevada
deterioração do betão e alguns fenómenos de encurvadura dos varões longitudinais.
5.19
Capitulo 5
A evolução dos danos na parede interior oeste podem ser observados na figura 5.20. A sua
evolução foi igual ao registado no ensaio do PO2-N5-R2. Até ao drift 2,5% houve uma
contenção nas fendas interiores devido a cintas de CFRP que não sofrerem danos
significativos. Nos últimos ciclos, quando se dá a rotura brusca das fibras e consequente
colapso, tornam-se visíveis algumas fendas na parte interior do pilar que leva a uma rápida
redução da capacidade do pilar.
Apesar do mecanismo de rotura do pilar PO2-N6-R1 ser de corte, observou-se que para os
mesmos níveis de deslocamento um acréscimo de força máxima atingida superior a 50% do
pilar original (PO2-N6) que pode ser observado na figura 5.21. Logo obteve-se um
comportamento com maior contribuição da flexão do que no ensaio do pilar original, apesar
dos efeitos de deformação por corte que surgiram ao longo do ensaio. Mas em termos de
deslocamentos o reforço teve um comportamento pouco satisfatório, visto que a ductilidade
atingida foi inferior ao esperado. Ainda assim, relativamente ao deslocamento limite
convencional (correspondente a uma redução de 20% do momento máximo atingido) o pilar
reforçado obteve um aumento de cerca 30%.
5.20
Ensaio Experimental
300
200
Pilar PO2-N6-R1
150
Força horizontal (kN)
100
50
-50
-100
-150
-200
-250
-300
-350 D1 D2 D3 D4 D5
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)
5.21
Capitulo 5
300
200
Pilar PO2-N5-R2
150
Força horizontal (kN)
100
50
-50
-100
-150
-200
-250
-300
-350 D1 D2 D3 D4 D5
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)
5.22
Ensaio Experimental
300
200
Pilar PO2-N5
150
Força horizontal (kN)
100
50
-50
-100
-150
-200
-250
-300
-350 D1 D2 D3 D4 D5
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento de topo (mm)
5.23
Capitulo 5
Figura 5.24 – Comparação dos resultados experimentais e numéricos do PO2-N6 com os resultados
experimentais do PO2-N6-R1
5.24
Ensaio Experimental
5.25
Capitulo 5
5.26
Conclusão
6
CONCLUSÃO
6.1 Conclusões finais
O principal objetivo deste trabalho é o estudo das metodologias existentes para a análise
sísmica e consequente avaliação da probabilidade de ruína em pontes, com especial atenção
para os elementos pilares.
Desta forma, procuram-se aperfeiçoar as modelações ao real comportamento da estrutura em
estudo, procedendo-se à elaboração de vários modelos, alterando a modelação dos seus
elementos e respetivas restrições, de forma a analisar as alterações que surgiam no
comportamento estrutural.
Antes de proceder à elaboração dos modelos e sua respetiva análise, analisou-se o
comportamento de estruturas que foram sujeitas à ação sísmica. É a partir desse estudo
prévio que se deverá começar a construção dos modelos estruturais. Com uma observação
cuidada dessas estruturas, submetidas aos sismos, permite localizar as partes mais frágeis das
mesmas estruturas, como se procede o seu colapso e acima de tudo, perceber onde surgem as
incursões não lineares na estrutura, como por exemplo, as rótulas plásticas. Outro aspeto
importante analisado foi a pormenorização da armadura. Muitas das roturas de pontes
surgem, por exemplo, na rotura pelos nós, devido a uma má pormenorização da armadura, a
má ligação entre varões e algumas vezes quantidades de armaduras inferiores ao necessário
para resistir a esse fenómeno natural.
Neste trabalho foram apresentadas algumas soluções relativas à modelação, desde
modelações no plano, como modelações por elementos de barra 3D. Com o avanço da
tecnologia e dos computadores, as modelações com elementos de barra 3D tornam-se cada
vez mais fáceis e rápidas de se executar, traduzindo numa melhor aproximação do
comportamento real da estrutura.
Como o objeto de estudo do presente trabalho incidia sobre as pontes porticadas de betão
armado, foi importante definir modelos para os comportamentos de todos os materiais, betão,
aço e os dois em conjunto em ações cíclicas. Apesar de só interessar o comportamento à ação
cíclica, primeiramente, foi necessário definir o comportamento a carregamentos
monotónicos, porque servem como base das leis de comportamento cíclico dos materiais.
6.1
Capitulo 6
Conforme referido por Delgado (2009), com a diminuição do comprimento da rótula plástica
aumenta as incursões não lineares e aumenta as curvaturas plásticas, conforme se verificou
na análise do primeiro modelo longitudinal, M.L.B.2. Nesta análise, as respostas sísmicas
para os três modelos, com valores de rótulas plásticas diferentes, foram bastante
semelhantes, excepto o facto da relação do comprimento da rótula com as incursões não
lineares acima referido.
Quando na presente ponte em estudo é permitido, no encontro sul, deslocamentos ao longo
do tabuleiro, a resposta sísmica dos pilares irá ser ligeiramente influenciada. Acima de tudo
essa alteração irá aumentar a deformação dos pilares, sobretudo nos pilares mais próximos
desse encontro, visto que estes obtiveram deslocamentos e curvaturas superiores em relação
ao modelo original. Ao nível dos momentos máximos, existe um pequeno aumento nos
pilares junto ao apoio, mas nos restantes os valores são semelhantes. Na análise transversal,
essa alteração não provocou uma diferença substancial no comportamento da estrutura. Em
suma, as alterações nas ligações ao exterior, são fatores a ter em conta para melhorar o
comportamento da estrutura à ação sísmica.
Os modelos de casca, depois dos modelos sólidos, são aqueles que melhor se aproximam da
realidade. Mas, ambos os casos, trazem a desvantagem de poderem surgir instabilidade
(devido ao numero de nós em relação aos modelos de barra) e tempos de cálculo enormes.
Na análise transversal, os modelos de casca, obtiveram um comportamento bastante
aproximado da realidade, relativamente aos anteriores. Como nessa direção o pilar comporta-
se quase como uma parede, o mecanismo de ruína mais provável a surgir será associado ao
corte e não à flexão. Ao modelar um pilar com um elemento barra e concentrar o seu
comportamento não linear numa rótula plástica está-se a inclinar para um mecanismo de
rotura por flexão. Mas na realidade o que acontece é uma distribuição dos esforços por meio
de uma “biela” que foi possível modelar com os elementos de casca.
Quando se analisa ao longo do tabuleiro, percebe-se que o comportamento mais provável é a
flexão, conforme o mapa de cores das cascas, e também devido a rigidez ser bastante
reduzida neste sentido. Neste caso, o modelo de barras conseguiu obter uma resposta sísmica
bastante aproximada do modelo de casca. De facto, também no sismo de Chile, no ano 2010,
a ponte Tubul, figura 2.38, onde os pilares são laminares, pode-se observar a formação da
rótula plástica e consequente perda de rigidez devido à flexão. Finalmente, para as análises
em que o que predomina são comportamento de flexão, como é o caso desta ponte na direção
longitudinal, os modelos mais simples como os de barras com rótulas plásticas permitem
captar com razoável simplificação o comportamento sísmico.
6.2
Conclusão
Quando se recorreu aos aparelhos de apoio para fazer a ligação entre o tabuleiro e os pilares
obteve-se uma diminuição da frequência e também uma diminuição nos deslocamentos. As
tensões ao longo do pilar foram reduzidas em relação ao modelo de casca em estudo,
sobretudo uma na zona de ligação entre os pilares e aparelhos de apoio e na zona da base do
pilar. Pode-se concluir que a introdução de mecanismos desse tipo ajudam a diminuir os
esforços originados pela ação sísmica e controlar melhor a frequência da estrutura.
Foram apresentadas várias metodologias de avaliação de segurança sísmica desde as mais
simplificadas até às probabilísticas. Desenvolveu-se o estudo da metodologia probabilística
baseada na determinação de curvas de vulnerabilidade porque permite avaliar, de uma forma
bastante rigorosa, a margem de segurança de uma estrutura através da quantificação da
probabilidade de ruína.
Recorrendo ao método probabilístico, através de funções de vulnerabilidade foi estudada a
evolução da probabilidade de ruína quando se alteram as propriedades de ligação do
encontro sul. A probabilidade de ruína aumentou quando se alterou as condições de apoio no
encontro sul. Apesar desse aumento, probabilidade de ruína dos modelos em estudo são
inferiores ao valor limite razoável para pontes (10−5 ). Mas os valores determinados poderão
se encontrar com uma margem de erro devido às simplificações executadas, como por
exemplo, a capacidade estrutural não se determinou conforme indicado no método, mas sim,
recorreu-se a umas simplificações indicadas em 4.9.2. Mas, deve ficar realçado, que em fase
de dimensionamento de uma estrutura deve-se estudar o melhor esquema estrutural para uma
melhor distribuição dos esforços, sobretudo os resultantes da ação sísmica.
Era sugerível fazer uma nova série de análises e determinar a probabilidade de ruína
determinando a capacidade estrutural como está descrito em 4.6.3. No entanto, pode-se
concluir, que o método probabilístico através de funções de vulnerabilidade é acessível, fácil
de usar e eficiente. No entanto existe a dificuldade de determinar a capacidade estrutural.
Mesmo assim é um método com futuro e que deve ser desenvolvido de forma a ser acoplado
a um software de análise estrutural.
A análise dos ensaios aos pilares de secção oca permitiu estudar o seu mecanismo de rotura.
Chegou-se à conclusão que esse tipo de pilares é mais suscetível a ruína devido ao efeito de
corte do que flexão, exceto os de secção quadrada, que muitas das vezes atinge ruína por
mecanismos mistos, flexão/corte. O reforço desses mesmos pilares permitiu aumentar a sua
capacidade de resistência ao corte bem como a ductilidade. Os pilares de secção retangular
atingiram mecanismos de rotura mista devido ao reforço executado.
6.3
Capitulo 6
Como foi referido por Delgado (2009), a capacidade resistente ao corte dos pilares ocos é
significativamente reduzia em relação aos pilares retangulares com iguais dimensões
exteriores. Em relação à flexão ambos os tipos de pilares mantêm resistências semelhantes.
Esse aspeto esteve presente no ensaio realizado ao PO2-N6-R1. A rotura do pilar PO2-N6-
R1 deu-se pelo fenómeno de corte. Esse mecanismo de rotura é caraterístico nos pilares ocos
retangulares. O aumento dos banzos, em relação aos pilares de secção quadrada estudados
em Delgado (2009), passando pela classe da armadura ser superior à prevista e através de
alguma influência do fenómeno “shear lag” são fatores que influenciam o surgimento de
uma rotura por corte.
A comparação dos ensaios do PO2-N5 com o PO2-N6 permitiram verificar a importância da
armadura transversal para controlar a deformação por corte. Apesar da rotura de ambos os
provetes ter sido obtida através de um mecanismo de corte, a solução com o dobro da
armadura transversal obteve um aumento significativo na força máxima e deslocamento
máximo, explorando uma maior componente de flexão.
A comparação dos pilares reforçados com os originais permitiu concluir que, através do
reforço consegue-se um aumento da força resistente máxima a atingir, para valores
semelhantes aos determinados pelas expressões simples da capacidade de flexão.
Após a realização dos ensaios dos pilares reforçados observou-se que foi difícil explorar
níveis elevados de ductilidade, devido às bandas de CFRP não conseguirem acompanhar as
deformações das almas. Isto resultou na rotura das bandas para níveis de ductilidade nunca
superiores a 4.
As análises numéricas servem de complemento aos ensaios experimentais porque ajudam a
compreender melhor alguns fenómenos observados ao longo do ensaio e permitem
interpretar melhor o modo de rotura. Através do modelo de dano foi possível observar a
influência do comportamento do betão em tração nos resultados devido à importante
componente do corte que se verificou ao longo dos ensaios. Então torna-se importante
caraterizar o comportamento do betão à tração de forma eficiente para contabilizar as
deformações devido ao efeito de corte. A análise numérica através do método de fibras
permitiu captar o comportamento do pilar reforçado, PO2-N6-R1, uma vez que o modelo
considera um comportamento dominado pela flexão. O modelo de fibras ao assumir esse
mecanismo de rotura por flexão, não considera a fendilhação, que surge nas almas do pilar
devido a fenómenos de corte e consequentemente contabilizar a degradação de rigidez do
pilar devido a essa fendilhação.
6.4
Conclusão
Em suma, quando se efetuam análises dinâmicas que exploram as propriedades não lineares
dos materiais, é necessário calibrar os modelos para evitar traçar um dimensionamento fora
do campo de segurança. As calibrações podem passar por utilizar dois softwares distintos e
estabelecer uma correspondência modal ou de análises de respostas a ação sísmica, ou
recorrer a ensaios laboratoriais de parte dos componentes das estruturas, por exemplo, os
pilares, ou de modelos à escala de estruturas completas. Outra das calibrações, mas só se
aplicam a estruturas existentes, é a utilização de sensores que efetuam medições de alguns
parâmetros da estrutura real para se poder ajustar o modelo numérico. Como foi observado
durante este trabalho, a construção de um modelo para essas análises, pode num regime
linear adequar-se à realidade, mas entrando nas incursões não lineares obtém-se
comportamentos bastantes diferentes do real comportamento da estrutura. Por isso, é
relevante destacar a importância de trabalhos de investigação desse género, que analisam
comportamentos em modelações e ensaios reais para se obter cada vez mais informação
acerca do comportamento de estruturas desse género em incursões não lineares.
6.5
Capitulo 6
6.6
Conclusão
6.7
Capitulo 6
6.8
Referências Bibliográficas
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R.8
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R.10
Aspetos gerais sobre pontes
ANEXO 1
ASPETOS GERAIS SOBRE PONTES
Há indícios da construção das pontes em arco desde 4000 a.C. na Mesopotâmia e Egipto.
Mais tarde, na Pérsia e na Grécia (cerca de 500 a.C.). A estrutura mais antiga construída pelo
homem e que chegou aos nossos dias foi a ponte de pedra, feita em arco no Rio Meles, na
região de Esmirna, na Turquia, construído século IX a.C.).
A1.1
Anexo 1
Em Portugal existem ainda muitas pontes da civilização romana que mantém as suas
funções, apesar de algumas serem alvo de ações de reabilitação e outras necessitam
urgentemente desse tipo de ação. O Alentejo é uma das zonas onde existe uma grande
variedade dessas estruturas deixadas pelos romanos, figura A1.3.
A1.2
Aspetos gerais sobre pontes
A1.3
Anexo 1
Figura A1.4- Ponte Vecchio sobre o rio Arno, em Florença, Itália (Séc. XIV).
A1.4
Aspetos gerais sobre pontes
No séc. XIX, com a revolução industrial, começaram a emergir as pontes em aço. O aço
começou a ser aplicado nessas estruturas porque os métodos de fabrico evoluíram e
permitiram que o material tivesse uma tensão mais elevada, o que levou também, ao
aparecimento de pontes em aço para a passagem de comboios. Nos aspetos construtivos
foram inventadas as amarrações em ferro forjado para pontes mais largas. Outras das grandes
novidades dessa época foi o aparecimento das pontes móveis de modo a permitir o tráfego
fluvial, figura A1.6.
Apesar da descoberta do aço, também foram executadas muitas pontes em treliças de
madeira, sobretudo nos EUA e Grã-Bretanha, devido à matéria-prima estar mais disponível e
a baixo custo.
Na área da geotécnica também houve grande evolução das técnicas, nomeadamente, o uso de
cilindros metálicos em ferro que eram pressurizados e afundados nos locais de construção
dos pilares. No seu interior encontravam-se os operários a executar a escavação até
chegarem ao solo estável sobre o leito do rio.
A1.5
Anexo 1
A1.6
Aspetos gerais sobre pontes
Este sistema estrutural, pontes em viga, pode-se considerar que seja o mais antigo, já usado
pelas civilizações mais primitivas.
De um modo geral essas pontes são caraterizadas por se apoiarem em extremos e pilares.
Este tipo de pontes utiliza a flexão generalizada para a distribuição das cargas. De acordo
com as ligações/apoios, dentro deste grupo destacam-se as pontes em viga simplesmente
apoiada, figura A1.8, viga gerber, figura A1.9, em pórtico, figura A1.10, e viga em treliça,
figura A1.11 (Marques & Cunha, 1999).
A1.7
Anexo 1
Figura A1.8- Exemplo de uma ponte em viga Figura A1.9 - Exemplo de uma ponte em viga
simplesmente apoiada, Viaduto das Areias gerber: Ponte de Amarante (Marques & Cunha,
(Marques & Cunha, 1999). 1999).
Figura A1.10 - Exemplo de uma ponte em pórtico: Figura A1.11 - Exemplo de uma ponte de viga em
Ponte do Freixo (Marques & Cunha, 1999). treliça: Ponte Eiffel.
A1.8
Aspetos gerais sobre pontes
Esse tipo de ponte pode vencer distâncias até 2100 m, ultrapassando as pontes de arco ou em
viga. O tabuleiro da ponte é sustentado por cabos de aço tracionados. Os cabos são fixos em
torres situadas nas extremidades da ponte. As primeiras versões foram feitas em madeira e
corda. Com o desenvolvimento tecnológico, os tirantes de corda transformaram-se em
enormes cabos de aço. Mas o desenho continua dialogando com a imaginação humana
(Marques & Cunha, 1999).
Neste grupo distinguem-se as pontes suspensas, figura A1.15, onde os cabos constituem a
principal estrutura de suporte ao tabuleiro, estes são ancorados a outro cabo principal que
liga o tabuleiro e a as torres, permitindo assim suspender o tabuleiro. O outro tipo pontes são
as atirantadas, figura A1.16, onde o tabuleiro é suspenso por cabos inclinados que são
fixados aos pilares (Marques & Cunha, 1999).
A1.9
Anexo 1
A1.3.1 – Tabuleiro
A1.3.2 – Pilares
A1.10
Aspetos gerais sobre pontes
O fuste pode ser simples ou múltiplo, figura A1.20, e no topo pode ser alargado de modo
diminuir o efeito de punçoamento. A secção do pilar varia conforme os esforços que estão a
atuar sobre a obra de arte e da forma do terreno local (Marques & Cunha, 1999).
As fundações são o elemento do pilar que transmite os esforços provenientes do fuste ao solo
de fundação. Este elemento pode ser divido em dois grupos: fundações diretas e indiretas. As
fundações diretas utilizam-se quando existe a pouco profundidade solo com a capacidade de
absorver os esforços transmitidos pela superestrutura e são constituídos por sapatas ou
blocos executados em betão armado.
Recorre-se às fundações indiretas quando o solo não apresenta condições para a execução
das fundações descritas no parágrafo anterior. A sua função é transmitir as cargas estruturais
ao estrato firme localizado a uma dada profundidade. Podem ser constituídas por estacas,
pegões, microestacas e colunas de get grouting.
A1.3.3 – Encontros
É através deste elemento, o encontro, que o tabuleiro da ponte faz a ligação com a via de
comunicação. Este elemento estrutural tem como função principal absorver os esforços
horizontais devido a frenagem dos veículos, mas também pode suportar esforços verticais ou
impulsos das terras transmitidas pelo solo adjacente. Outra função deste elemento é permitir
que a superestrutura sofra dilatações, assentamentos de apoio e outras deformações sem que
ponha em causa a segurança estrutural. Normalmente os encontros estão associados a muros
que podem estar ligados ou não.
Neste elemento estrutural pode-se distinguir dois tipos: os encontros aparentes, figura A1.21,
e os encontros perdidos, figura A1.22. A escolha do tipo de encontro depende da
superestrutura, da geometria e das condições topográficas (Marques & Cunha, 1999).
A1.11
Anexo 1
Figura A1.21 - Encontro Aparente (H. Marques & Figura A1.22 - Encontro perdido (H. Marques
Cunha, 1999). & Cunha, 1999).
A1.12
Aspetos gerais sobre pontes
A1.13
Anexo 1
A1.14
Soluções de Reforço e Intervenção
ANEXO 2
SOLUÇÕES DE REFORÇO E INTERVENÇÃO
A2.1 Introdução
O objetivo do reforço sísmico de uma obra de arte é garantir uma melhor distribuição dos
esforços gerados por um sismo e um controlo/limitação das deformações dos elementos da
estrutura. Uma intervenção na estrutura tem que confirmar os seguintes parâmetros:
O comportamento da estrutura após reforço seja o previsto em projeto;
Facilidade de montagem in situ;
Que seja uma intervenção mais económica possível.
Ao executar técnicas de reforço sísmico em pontes pode-se obter vários resultados no
comportamento final da estrutura, dos quais se destacam (Bousias, 1989):
Aumentar o amortecimento de certos elementos;
Aumentar a resistência de certos elementos;
Reduzir a frequência própria da estrutura;
Aumentar a rigidez global da estrutura;
Aumentar a ductilidade de certos elementos da estrutura.
Com os sistemas de reforço sísmico existentes, pode-se subdividi-los nos seguintes grupos,
figura A2.1:
A2.1
Anexo 2
A2.2
Soluções de Reforço e Intervenção
O isolamento base tem como função eliminar quase por completo a ligação horizontal entre
o solo e a estrutura mas, nas “obras de arte”, costuma-se desligar os pilares do tabuleiro,
embora mantendo sempre a ligação vertical. A eficiência deste sistema avalia-se pela
capacidade de filtrar as componentes de excitação com frequências que são próprias da
frequência fundamental da estrutura (Bousias, 1989).
A2.3
Anexo 2
Figura A2.3 - Redução da frequência da estrutura através de isolamento base (Bousias, 1989).
A2.4
Soluções de Reforço e Intervenção
A2.5
Anexo 2
Os TMD têm a vantagem de poderem ser instalados sem que haja qualquer tipo intervenção
na estrutura. A sua função é redução dos níveis de vibração nas estruturas quando estão
sobre ações dinâmicas com um certo período.
Um TMD é um dispositivo de controlo passivo que consiste num oscilador de um grau de
liberdade, figura A2.7, de massa m1, constante de rigidez k1 e constante de amortecimento
c1, que representa a estrutura principal, ligado a uma massa m2, a uma mola de rigidez k2 e
a um mecanismo de amortecimento viscoso de constante c2, como se representa de seguida
(Nunes, 1999):
Este sistema, figura A2.8, tem um alto rendimento para a absorção das vibrações, sobretudo
excitações de banda estreita. A estrutura ao ser submetida a movimentos dos solos muito
fortes aumenta o período e pode desalinhar totalmente o TMD. Por isso, esses aparelhos são
mais utilizados para controlo de vibrações provenientes da ação do vento.
A2.6
Soluções de Reforço e Intervenção
A2.2.3 – Dissipadores
No acontecimento de um sismo a absorção dos esforços que este provoca é feita pela
estrutura, através das deformações inelásticas. Mas, com a utilização de dissipadores na
estrutura, esses esforços passam a ser absorvidos por estes elementos e o sistema fica
salvaguardado. Logo, a utilização destes aparelhos em “obras de arte” é uma alternativa que
traz mais segurança estrutural e é económica. Mas a única maneira de determinar a resposta
da estrutura com dissipador à ação sísmica para verificar a sua segurança estrutural é com o
recurso de análises dinâmicas não lineares. Existem vários tipos de dissipadores, mas os mais
comuns são os dissipadores viscosos e histeréticos. Também é usual utilizar soluções nas
estruturas em que se contemplam o funcionamento de reforço com isolamento base e
dissipadores ao mesmo tempo.
Dissipadores Viscosos
Este tipo de dissipadores, figura A2.9, funciona à custa da passagem de um fluido com a
viscosidade controlada. É através dessa propriedade que se controlada a velocidade de
dissipação de energia. Esses aparelhos têm como função controlar os deslocamentos do
tabuleiro e o nível da força transmitida a estrutura. Conforme o sismo atue na estrutura, o
dissipador começa a ter movimentos de tração de compressão, de forma a aquecer o fluido e,
posteriormente, a dissipar a energia do esforço provocado pelo sismo (Bousias, 1989).
A2.7
Anexo 2
Dissipadores visco-elásticos
O comportamento deste dissipador, figura A2.11, engloba as propriedades dos fluidos
viscosos e de materiais elásticos ao mesmo tempo. A diferença entre os dois tipos é que,
enquanto um material elástico, após retirado o carregamento, regressa de um modo geral, à
sua forma original, o fluido viscoso não, pois encontra equilíbrio numa posição deformada
após a atuação da carga. O seu funcionamento parte pelas caraterísticas dos materiais acima
indicados, logo, se por um lado a energia é automaticamente recuperada após a carga ser
retirada (funcionamento elástico), o outro é dissipado em calor pelo material (fluido).
A2.8
Soluções de Reforço e Intervenção
De acordo com os danos observados nos pilares em pontes sujeitas aos sismos recentes
conclui-se que estes têm falta de ductilidade e resistência à flexão e corte, sobretudo os que
foram dimensionadas com regulamentos antigos. Como causa destas deficiências de
funcionamento está a falta de qualidade no processo construtivo, sobretudo nas zonas mais
frágeis e a falta de armadura de esforço transverso. O processo de rotura de um pilar inicia
pelo aparecimento de fissuras paralelas as armaduras, posterior destacamento do betão e, por
fim, arrancamento do aço.
A técnica mais comum de reforçar um pilar no seu todo ou só em secções específicas é o
encamisamento, figura A2.12. Esta técnica consiste no envolvimento da secção do pilar
(quando se trata de pilares ocos, a zona interior também pode ser envolvida).
O material a envolver a secção do pilar pode variar conforme a necessidade de aumento das
caraterísticas anteriormente descritas, a sua aplicação in situ e o preço do reforço. Os
principais materiais a utilizar no encamisamento do pilar são:
Chapas de aço;
Materiais compósitos;
Betão armado ou pré-esforçado.
A2.9
Anexo 2
As travessas de ligação são geralmente pré-esforçadas. Estes elementos têm uma particular
importância, uma vez que permitem a transferência de forças entre os tabuleiros e os pilares,
e são muito solicitados em termos de forças de corte e flexão. Um dos métodos de reforço de
travessas que se aplica igualmente a qualquer ligação entre elementos é o de acrescentar
armadura nessas regiões. Outros dos métodos de reforço, se for possível in situ, é o
encamisamento por mantas de fibras das ligações e travessas.
Não é muito corrente intervir numa ponte só para reforçar essa componente. Mas o tipo de
reforço que se costuma fazer neste componente são execução de muros de contenção na testa
do encontro de betão armado, blocos de poliestireno expandido, reforçar as fundações do
encontro ou o próprio solo, como se explica no próximo ponto.
A2.10
Soluções de Reforço e Intervenção
O Jet Grouting, figura A2.13, tem como objetivo a injeção de calda de cimento a elevada
pressão, misturando o terreno com a calda, melhorando assim as suas caraterísticas
mecânicas e aumentando a impermeabilidade do mesmo.
O jet-grounting é um método particularmente interessante nas seguintes condições:
• Reforços de qualquer tipo de fundações, com exceção daquelas que têm elevada
sensibilidade a assentamentos e cuja carga é transmitida aos pilares antes de estas atingirem
a resistência de projeto;
• Reforço de fundações a partir do interior da própria estrutura;
• Reforço de fundações constituídas por estacas de madeira deterioradas.
A2.11
Anexo 2
A2.12