Portal
Portal
Portal
ORIXÁS
ITANHAÉM
2011
SUMÁRIO
1. A HISTÓRIA DO PORTAL DOS ORIXÁS
Em 1993, Raquel Lílian ainda não era mãe – nem de sangue e nem de
santo – ainda não era umbandista, mas já tinha sensibilidade fora do comum
sobre o mundo espiritual quando uma amiga lhe indicou um terreiro para
frequentar. Por mais que ela não soubesse começava ali a se formar o Portal
dos Orixás.
Os anos se passaram e Raquel foi agregando valor aos terreiros que
passou. Aprendeu o valor da mão-de-ferro na condução do rebanho e a
importância da firmeza da incorporação na Federação de Umbanda Caboclo
Cobra-Coral e Iansã, conheceu a força da doçura e do carisma do chefe de
terreiro na Casa de Caridade Pai Mané Baiano, casa onde uniu todos os
conhecimentos adquiridos dentro e principalmente fora do terreiro e foi
consagrada Mãe de Santo. Mãe Raquel chegou a chefiar a casa de Mané por
um bom tempo, mas a essa altura já iniciava alguns médiuns na sala de sua
casa. Eles não tinham salão, abriam gira em casa, na casa dos médiuns, nos
lugares que lhes eram permitidos. Não havia congá, no início eram apenas
uma cadeira e um copo d’água e uma vela. Só isso. Mas a fé e união de seus
membros – uma jovem Mãe de Santo, seu irmão caçula, seu marido e dois
amigos considerados desde sempre como da família – foram o suficiente para
assentarem, em 2002, a pedra fundamental do Portal dos Orixás.
Ao entrar na casa, olhe sua volta. Tudo o que você ver tem uma história
que se remete às primeiras linhas deste texto e à união de todos que estão e
que já passaram por este templo. Você hoje faz parte dessas história, então
respeite-a.
Fundação: 2001
Levarei daqui uma semente e vou plantá-la no bairro de Neves, onde ela
se transformará em árvore frondosa.
A esse novo culto, que se alicerçava nessa noite, a entidade deu o nome
de Umbanda, e declarou fundado o primeiro templo para sua prática, com a
denominação de tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, porque: "assim
como Maria acolhe em seus braços o Filho, a Tenda acolheria os que a ela
recorressem, nas horas de aflição".
4. O HINO DA UMBANDA
5. O COMPROMISSO DO UMBANDISTA
6. O MÉDIUM
7. A INCORPORAÇÃO ESPIRITUAL
Como não está acostumado com o novo “motorista” de seu corpo, fica
atento a tudo o que acontece, cada movimento, onde vai, com quem fala e o
que fala – estado de consciência. Com o passar do tempo, já mais acostumado
com o motorista, sabendo de sua habilidade em dirigir seu veículo, médium
passa a relaxar mais no banco do carona e deixa de reparar nos detalhes da
viagem, focando mais na paisagem e perdendo a noção do tempo que está “no
banco do carona” e quando vê, já está de volta ao comando do carro – semi-
consciência.
Conflito de caráter
Antes de dormir é bom acender uma vela branca para Oxalá e pedir a
ele que interceda junto aos demais Orixás para a segurança de seu espírito
afim de lhe garantir firmeza para encarar as batalhas espirituais que podem vir
a acontecer no templo.
Não faça sexo no dia de sessão espiritual, por essa ser uma atividade
de cunho exclusivamente carnal, ela desconfigura toda a preparação
necessária para o médium realizar com plenitude sua missão no terreiro.
Faça uso dos banhos de defesa receitados pela casa, pois estes foram
indicados pelos Orixás que regem o templo e tem como objetivo manter a
firmeza e preparo cultivados durante todo o dia até a hora da gira. No portal
dos Orixás os banhos receitados são de boldo (que pode ser aplicado da
cabeça aos pés) e o de folhas de mangueira (banhar apenas do pescoço para
baixo).
O banho deve ser preparado da seguinte forma: aquecer uma panela com
água até que a fervura se inicie, apagar o fogo e inserir as folhas selecionadas.
Manter a panela tampada com as folhas em infusão até que cheguem a uma
temperatura possível de banhar.
Programe seu dia, aproveite todo o seu tempo para evitar atrasos.
Procure chegar com antecedência mínima de 40 minutos, para ter tempo de
cumprir com calma o protocolo estabelecido e os rituais de início da gira.
9. AO ENTRAR NO TEMPLO
Não basta apenas cumprir o protocolo, cada ato deve ser feito de
coração, porque os Orixás não nos enxergam apenas como carne, eles vêem
nossos sentimentos e intenções.
Vale lembrar que há a regra do silêncio na gira, que só deve ser quebrada
em momentos de discussão aberta sobre temas diversos ou, o mais
importante, para entoar cânticos para os Orixás. Neste momento toda a
vibração é necessária e bem vinda, em forma de canto e de palmas, que
elevam a energia do ambiente e pavimentam o caminho para a caridade. Fora
destas situações, manter-se educadamente em silêncio e ficar atento às
orientações dos dirigentes é o mais usual e esperado da conduta dos fiéis.
11. AS ORAÇÕES
Pai Nosso
Assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido.
Amém.
Ave Maria
Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da
nossa morte.
Amém.
Prece de Cáritas
Deus, nosso Pai, que sois todo poder e bondade, dai forca àquele que
passa pela provação; dai luz àquele que procura a verdade, pondo no coração
do homem a compaixão e a caridade. Deus, dai ao viajor a estrela guia; ao
aflito a consolação; ao doente o repouso. Pai, dai ao culpado o
arrependimento, ao espírito a verdade, a criança o guia, ao órfão o pai. Senhor,
que a vossa bondade se estenda sobre tudo que Criastes. Piedade Senhor,
para aqueles que não vos conhecem, esperança para aqueles que sofrem. Que
a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores derramarem por toda
parte a paz, a esperança e a fé. Deus, um raio, uma faísca do Vosso amor
pode abrasar a terra. Deixa-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e
infinita e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão. Um só
coração, um só pensamento subirá até Vós como um grito de reconhecimento
e amor. Como Moisés sobre a montanha, nos Vós esperamos com os braços
abertos, oh! Poder... oh! Bondade... oh! Beleza... oh! Perfeição, e queremos de
alguma sorte alcançar a Vossa misericórdia. Deus, dai-nos a força de ajudar o
progresso a fim de subirmos até Vós. Dai-nos a caridade pura; dai-nos a fé e a
razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas, o espelho onde deve
refletir a Vossa Santa e Misericordiosa imagem.
Salve Rainha
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei,
Rogai por nós santa Mãe de Deus para que sejamos dignos das promessas de
Cristo. Amém.
Credo
Amém.
Por três:
Amém
Oração da Fortuna
Para que me ouro para guardar, Prata para gastar e cobre para dar aos pobres
Prece A Oxalá
Nosso Pai Bondoso e Misericordioso. Meu Pai das Colinas, olhai por nós.
Assim como criastes todos os Orixás, Deus eterno e criador do Universo
Celeste. Dai-nos a vossa bênção. Ó Divino Mestre, deixai-nos apoiar em
vosso cajado de esperança para que vosso Manto Sagrado possa proteger-nos
com vossas bênçãos e benevolências. Oxalá iê, Zambiê!
Prece À Iemanjá
Poderosa força das águas. Inaê, Janaína, Sereia do Mar. Saravá minha Mãe
Iemanjá! Leva para as profundezas do teu mar sagrado. Odoiá… Todas as
minhas desventuras e infortúnios. Traz do teu mar todas as forças espirituais
para alento de nossas necessidades. Paz, esperança, Odofiabá… Saravá,
minha Mãe Iemanjá! Odofiabá…
Prece A Xangô
Senhor de Oyó. Pai justiceiro e dos incautos. Protetor da fé e da harmonia.
Kaô Cabecile do Trovão. Kaô Cabecile da Justiça. Kaô Cabecile, meu Pai
Xangô. Morador no alto da pedreira. Dono de nossos destinos. Livrai-nos de
todos os males. De todos os inimigos visíveis e invisíveis. Hoje e sempre, Kaô
meu Pai.
Prece À Iansã
Oiá… Oiá… nossos passos. Iansã, Deusa máxima do Cacurucaia…
Bamburucena, Rainha, Mãe e Protetora. Eparrei nossa mãe Divina. Deusa
divina dos ventos e das tempestades. Deixa-nos sentir também a tua
bonança. Iansã dos relâmpagos, dá-nos uma faísca da tua graça divina.
Eparrei, Eparrei… Oiá!
Prece A Ogum
Orixá, protetor, Deus das lutas por um ideal. Abençoai-me, dai-me forças, fé e
esperança. Senhor Ogum, Deus das guerras e das demandas, livrai-me dos
empecilhos e dos meus inimigos. Abençoai-me neste instante e sempre para
que as forças do mal não me atinjam. Ogum Iê, Cavaleiro Andante dos
caminhos que percorremos. Patacori… Ogum Iê… Ogum meu Pai, vencedor
de demandas… Ogum Saravá Ogum… E que assim seja!
Prece A Oxossi
Okê… Okê Cavaleiro de Aruanda! Okê… Rei dos Caboclos e das Matas!
Senhor Oxossi, que as suas matas possas estar repletas de Paz, Harmonia e
Bem-Aventurança. Meu Pai Oxossi, Rei dos Caçadores, não permita que eu
me torne uma presa dos malefícios nem dos meus inimigos. Okê, Okê, meu Pai
Oxossi! Rei das Matas de Aruanda. Okê Arô!
Prece À Oxum
Canto sereno que assobia, nos regatos lagos e cachoeiras. Senhora faceira de
beleza e ternura. Protetora das crianças e de todos os que necessitam de tua
graça. Mamãe Oxum, Deusa formosa dos rios. A Mãe das Águas Doces,
acolhe-nos em teu seio, proporciona-nos paz e alegria. Saravá Mamãe Oxum!
Ora Iê Ie!
Prece A Obaluaiê-Omulu
Dominador das epidemias. De todas as doenças e da peste. Omulu, Senhor
da Terra. Obaluaiê, meu Pai Eterno. Dai-nos saúde para a nossa mente, dai-
nos saúde para nosso corpo. Refoçai e revigorai nossos espíritos para que
possamos enfrentar todos os males e infortúnios da matéria. Atotô meu
Obaluaiê! Atotô meu Velho Pai! Atotô Rei da Terra! Atotô Babá!
Pontos de demanda
Tá hasteada lá no Humaitá
É é é é.
Babalaô, Babalaô
Orixá guardião das porteiras do templo merece ser saudado no início dos
trabalhos.
É nesse momento que o sacerdote, ou médium indicado por ele, declara aberta
a gira.
É hora de trabalhar.
16. DEFUMAÇÃO
Na fé pai Oxalá.
A pemba pode muito bem ser confundida com um simples giz e a linha
tênue, porém gigantesca, que separa a pemba do giz comum é o seu uso. A
pemba é um giz consagrado para uso no templo. É com ela que os Orixás
riscam seus pontos, ou seja, imprimem na terra seus nomes e magias com
símbolos do astral.
Ô salve a pemba,
Salve a coroa
Saudando a nossa Babá, que vai bater cabeça aos pés de Oxalá.
19. O SINCRETISMO
Séculos depois a Umbanda ainda uma religião nova que também cultuava
Orixás, manteve a tradição do sincretismo, por isso não é raro ouvir nos pontos
cantados menções a santos do catolicismo. Na maioria dos terreiros o conga
central possui imagens de santos católicos justamente para honrar esta
tradição.
20. OXALÁ
Sincretismo: Jesus.
Eu vi brilhar, eu vi brlhar
Oh virgem da conceição.
Cor: verde
Ô Juremê, ô Juremá sua flecha caiu serena ô Jurema dentro desse conga
Com sua flecha e seu cocar Seu Pena Branca vem nos ajudar
Ogum iê.
É samambaia, é samambaia
Saia caboclo não me atrapalha
A Umbanda é a verdade.
Eu vi o sol, eu vi a lua.
Senhor Oxossi mora dentro dela.
O galo já cantou
22. MOÇAMBIQUEIROS
23. XANGÔ
Cor: Marrom
A pedreira estremeceu
Ô Iansã, Ô iemanjá!
Singanga ê, ê luango
Singangaê ô, ê luango
Xangô é tabiararaê
Xangô é tabiararaê ô
Quem rola as pedras nas pedreiras é xangô
Xangô morreu foi com a idade, ele morreu sentado numa pedra
Xangô Agodô
Quando baixa nesse terreiro irradia muita alegria, muita paz e grande amor.
Xangô Agodô
Quando baixa nesse terreiro irradia muita alegria, muita paz e grande amor.
Ele vem vindo, olha ele lá! Vem bem contente e até sorrindo.
No alto de uma pedreira Ele faz justiça, pra seus filhos ajudar
Lé lé lé ô caô
Lé lé lé quimbandolé
Lé lé lé ô caô!
Se um dia me faltar a fé no meu senhor que role essa pedreira sobre mim
Olha seus filhos que pedem, meu pai. Justiça e paz nesse congá.
Senhora das almas, tida como a Orixá mais velha Nanã é carinhosamente
apelidade de “Avó da Umbanda”. Enquanto Omolú reina na passagem dos
encarnados para o plano imortal, Nanã Buruquê embala as almas com carinho
para que elas encarnem no plano terreno. Quando ela chega no terreiro é
importante saudá-la com fé e respeito assim como respeitamos os sábios mais
velhos. Nanã vibra no lodo, na lama do fundo dos rios, no barro que Deus usou
para moldar o homem.
Oferenda: Prato de barro com folhas e frutas roxas como repolho roxo,
uvas, ameixas etc. acompanhado de velas lilases, água, vinho ou
champanhe.
Ô Nanã Buruquê
É Nanã Buruquê
Saluba Nanã, saluba Nanã, saluba nana que mora no fundo do mar
Atraca atraca que aí vem Nanã ê ah.
25. OGUM
Cor: Vermelho
Ogum dilê lê lê
Ogum de lá lá lá
Ogum Dilê lê lê
Seu Beira-mar escreveu seu nome na areia, escreveu seu nome na areia
Se meu pai é Ogum das bandas de lá. Eu peço licença pra saravá
Pisa na linha de Umbanda que eu quero ver Ogum Ogum Iara, Ogum Megê
Saudação: Atotô
Cor: cor da palha, branco e preto, nas velas pode acender na cor laranja
ou amarela.
Oferenda: Prato de barro com pipoca frita no azeite de dendê e sem sal.
Acender velas nas cores do Orixá, servir água ao redor também.
Omolú é Orixá.
No seu alanguê.
Atotô Abaluaê!
Seu Omolú vai embora pra cidade da Jurema
E na coroa de Inhaé
27. OXUM
Orixá da beleza, doçura e vaidade. Oxum vibra nos rios e na água doce e
no terreiro traz consigo o balanço das águas correntes. Seus filhos em geral
são sensíveis, carismáticos e apegados à própria imagem.
Oraiê iê ô, oraiê iê ô
28. IEMANJÁ
Saia do mar sereia bela. Saia do mar venha brincar com ela
Iemanjá odociaba. Iemanjá hoje é seu dia de beleza. Salve a sereia do mar.
Calunga ê, ê, ê, ê, ê. Calunga a, a, a, a, a,
Calunga ê, ê, ê, ê, ê. Calunga a, a, a, a, a.
29. IANSÃ
Saudação: Eparrei
Cor: Amarelo
Sincretismo: Santa Bárbara
Dia da semana: quarta-feira
Principal erva: Erva de Santa Bárbara, espada de Iansã
Oferenda: Prato de barro com acarajé completo, mangas, abacaxis,
velas vermelhas e licor de menta e flores amarelas.
Pontos cantados de Iansã
Eu saí a procurar
Um fundamento, ninguém vem a saber
Quem manda na linha das almas no céu algum dia bem diz
Foi as almas que me ajudou. Viva Deus, Nossa Senhora, meu Divino salvador.
As almas dá, as almas dá. As almas dá pra quem sabe aproveitar, as almas dá.
Ele é mirongueiro
A fumaça do cachimbo da vovó sobe pro alto só não vê quem não quer
Sobe pro alto só não vê quem não quer, sobe pro alto só não vê quem não
quer.
Salve o povo de Inhansã. Salve São Jorge Guerreiro, Salve São Sebastião.
E na coroa de Inhaé
Cosme e Damião,
32. CIGANOS
Se a palha do coqueiro é alto. Mas pro baiano não tem altura não
Vamos baianada pisar no cangerê, amarrar meus inimigos que não tem o que
fazer
Meu senhor não maltrate esse negro, que esse negro caro me custou.
Mas não fui eu que enganei ela, foi ela quem me enganou.
Dim, dim, dim , dim, dim, dimdim, dim. Dimdim, dim, dimdim
Bahia ê ê ê, Bahia ê ê á.
A Bahia tá me chamando.
No barco eu vim, no barco eu vou
Agora pro seu morro vai subir, meu Deus ele já vai embora.
Lima Seu Zé, limpa. Limpa Seu Zé, pode limpar. (todos sacodem as
vestes)
34. BOIADEIROS
Certamente um dos povos mais sofridos e, mesmo assim, felizes de
nossa terra. Os boiadeiros conquistaram seu espaço na Umbanda graças as
lições de vida que tem para transmitir e aos trabalhos em pro do bem e da
caridade que fazem. São povo simples e sem rodeios, quando chegam no
terreiro vem bradando como se estivessem tocando suas boiadas.
Vem cá Zefinha me dá essa flor. Ela dizia: não dô, não dô, não dô.
Mas a Zefinha demorou para me dar aquela flor que eu tanto quis cheirar.
Passou-se muito tempo nesse puxa-puxa e quando ela me deu a flor já tava
murcha.
Cadê meu laço, laço de laçar meu boi? Meu boi fugiu, e eu não sei onde ele foi.
Cadê minha corda que eu quero laçar? O meu boi fugiu e eu não sei aonde
está.
Os boiadeiros vão embora, aleluia eu! Com Deus e Nossa Senhora, aleluia eu!
E saudade vai deixar. Boa viagem. E saudade vai levar. Boa viagem.
35. MARINHEIROS
Cada dia num porto, em cada porto uma história, cada história um aprendizado.
Essa é a sina dos marinheiros e com tanto conhecimento e tanta boa vontade
foi na Umbanda que essa linha de trabalhadores bem humorados da Luz
aportou para praticar o bem. No templo eles chegam cheios de alegrias e boa
conversa, principalmente com as mulheres. Mas prestem atenção: é numa
brincadeira que surgem as grandes verdades.
Mas eu não sou daqui. Marinheiro só. Eu não tenho amor. Marinheiro só.
Foi to tombo do navio? Marinheiro só. Ou foi o balanço do mar? Marinheiro só.
Não deixe o barco afundar. Marinheiro só. Vem me livrar do perigo. Marinheiro
só.
A barra está toda tomada, seu marujo. Nessa barra aqui quem manda é Oxalá.
Não vá beber, não vá se embriagar, não vá cair na rua pra polícia te pegar.
Eu já bebi, eu já me embriaguei, eu já caí na rua e a polícia nada fez.
É meu barquinho que vi para o mar levando flores belas pra mãe Iemanjá.
Minha jangada vai sair pro mar, pra trabalhar meu bem querer.
Saudação: Laroiê
Mas ele é um Exú guerreiro, vem trazendo forças para esse terreiro
Mas se levanta quem está sentado, meus irmãos, para saudar Exú do Lodo
Balança figueira, balança fiqueira, balança figueira quero ver Exú cair
Deu meia noite o galo já cantou. Seu Tranca-Ruas que é dono da gira
I quá quá quá, mas que linda risada que Exú vai dar.
Mas que linda risada que quá quá quá, que linda risada que Exú vai dar.
Mas ele é Exú Tirirí morador lá da Kalunga vem firmar seu ponto aqui.
Mas eu tenho uma lança, eu tenho uma lança, eu tenho uma lança na terra
Eu tenho uma lança, eu tenho uma lança, eu tenho uma lança no fundo do mar
Exú tem chifre, Exú tem rabo, olha que Exú é danado.
Portão de ferro, cadeado de madeira
Foi seu Tranca-Ruas? Foi seu Marabô? Foi Tatá-Caveira, Cainana, quem te
matou?
É ele quem comenda esse terreiro, é ele quem segura esse congá.
E no calor de nossas almas, seu sete encruzas das almas vamos homenagear.
Eu tenho fé, eu tenho fé. Tenho fé nesse exú que é Tranca-Ruas de Embaré
Salve a porteira, a sua encruzilhada, salve a sua gargalhada, sua coroa de rei
Exú pisa no toco, pisa no galho, o galho balança e Exú não cai ô ganga
Icomessuê, á, á, á. Icomensuá
Seu Marabô ele é pequenininho, mas pra mim ele é grande demais.
Ele é Exú Odara e vem nos ajudar, com seu punhal ele fura,
Laruê Exú, Exú é mojubá. Eu perguntei a ele o que é Exú, ele vem me falar.
Laruê Exú, Exú é mojubá. Traz sua falange Exú Tiriri para trabalhar, Laruê Exú!
E o Exú Capa Preta anunciou a festa do Exú Tiriri. Deu meia noite em ponto!
A terra tremeu, a terra tremeu
Ê puerê, ê puerá
Vou fazer minha oração bambeia, foi seu Capa Preta quem me deu.
Minha oração tem mironga, Exú. Meus inimigos não me vencem não.
Nessa tronqueira tem outros reis: Seu Sete Encruza e a Rainha Pombagira
Pombagiras
Cuidado moço ela é perigo. Ela é dona Rainha mulher de sete maridos
A bananeira que eu plantei à meia noite, foi que deu cacho no meio do terreiro
Toma cuidado que essa velha é maluca, firma seu ponto que essa velha é
feiticeira
Levando alegria e axé ao meu terreiro, a sua saia rodada tem mistério
Na gira da Pombagira das Sete Saias, na gira que quando gira traz esperança
Girando com a Pombagira das Sete Saias, levando sua beleza quando ela
dança
E como tudo isso não bastasse ela ganhou uma coroa de Atotô
Que vem dentro dessa seita para aqueles que tem fé.
Tu és a rosa que perfuma a Umbanda, vencedora de demanda
Com amor e muito axé. Maria Padilha não me deixe andar sozinho
Exú-Mirim
Exú Caveirinha venha trabalhar. Levanta dessa Tumba e faz pedra Rolar
Subida de Exú
Exú já comeu, Exú já bebeu, agora quem manda na banda sou eu.
Pontos de encerramento
Seu Sete Espadas que me acompanha, seu Zé Pilintra ele é rei nagô.
Seu Sete encruza que é o dono da gira, me fecha a gira que Ogum mandou.
Prece de encerramento
Em nome de Pai Oxossi e Mãe Oxum, donos de minha coroa eu dou por
encerrado nossos santos e benditos trabalhos em nome do Oxalá, Ogum e
Iansã.
39. CONCLUSÃO
Axé.