Administração Escolar PDF
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PLANEJAMENTO
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SUGESTÕES DE TEMAS
4. A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO
1
6. O GLOBAL E O LOCAL. OS DESAFIOS PARA O EDUCADOR GESTOR DO
SÉCULO XXI
2
19. NOVOS PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
3
32. PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA CULTURA DE PARTICIPAÇÃO NA
ESCOLA.
4
44. TRABALHO DOCENTE E TEXTOS: economia política das relações de
classe e de gênero em educação
5
56. A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO E O TRABALHO DO DIRETOR
ESCOLAR
6
interestadual.
7
EDUCAÇÃO
8
96. PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO: CONSENSO E COOPTAÇÃO
9
110. FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO: visão crítica e
perspectiva de mudança
10
124. PANORAMA ATUAL DA DIDÁTICA NO QUADRO DAS CIÊNCIAS DA
EDUCAÇÃO: educação, pedagogia e didática
11
137. OS INSTITUTOS SUPERIORES DE EDUCAÇÃO: uma das faces da reforma
no Brasil
12
151. PEDAGOGIA E CURSO DE PEDAGOGIA: riscos e possibilidades
epistemológicos face ao debate e às novas diretrizes curriculares nacionais
sobre esse curso
Anísio S.
Teixeira
Diretor do I.N.E.P.
Quando recebi o convite com que fui distinguido para participar deste Simpósio e a
solicitação que me foi feita de apoio a esta feliz iniciativa, disse ao membro da
Comissão Organizadora que me abordava que não faltaria de modo algum. Vem de
longa data o meu grande respeito e admiração ao Prof. José Querino Ribeiro,
catedrático de Administração Escolar e Educação Comparada, e creio que sei julgar
a dificuldade que tem enfrentado, e que hoje também enfrento, regendo que estou
esta mesma cadeira na Universidade do Brasil, dificuldade essa que é a de lançar
estudos que estão longe de ter precedentes entre nós.
13
A função de administrador é função que depende muito da pessoa que a exerce; o
administrador depende de quem ele é, do que tenha aprendido e de uma longa
experiência. Tudo isto é que faz o administrador. E, é comum, entre nós, pensar que
aquilo que não se aprende senão em muitos anos, não se precisa aprender. Daí,
não se precisar de preparar o administrador. O Brasil é talvez um país dos mais
excepcionais neste assunto. Não me consta que os administradores se preparem no
Brasil. Parece que não há administração no Brasil no sentido real de algo que se
possa aprender e, muito menos, em educação, onde, ao que parece, nunca houve
busca de administradores para as escolas. Qualquer pessoa pode dirigir as escolas.
Qualquer pessoa pode administrar o ensino. É evidente que o país acha que para
isso não é preciso preparo. E por quê? Por que será que o país acha que realmente
não se precisa de preparo para dirigir escolas, nem dirigir a educação? Só percebo
dois motivos: um deles é que os professores são tão perfeitos, que realmente não
precisem de Administração, e segundo, que as escolas também sejam tão
pequenas, que tais professores, perfeitíssimos, podem realizar seu trabalho em
perfeito estado, digamos, de anarquia, cada um fazendo o que venha lhe parecer
que deve fazer e resultando disso uma admirável Administração. Ou isto, ou então
que as nossas atividades no ensino estejam de tal modo estabelecidas em leis,
regulamentos, instruções e programas, que não haja trabalho para Administração.
Cada um só tem que cumprir o que está escrito, e está administrada a escola, está
administrado o ensino, estão administradas as nossas Universidades. A situação é
de tal ordem, é tão alarmante, que, peço perdão aqui ao Magnífico Reitor, o papel do
Administrador se resume, na maior parte das vezes, em manter bem o serviço de
portaria do estabelecimento. A portaria mantém perfeita ordem, porque todos que
precisam entrar encontram lugar para entrar, os professores e alunos se dirigem às
suas classes, e o ensino se realiza porque essa "ordem" existe. Ora, efetivamente é
assim que se faz ensino no Brasil. Apesar disto, entretanto, parece que há
administradores no campo do ensino particular. Parece que no campo de ensino
particular, se um estabelecimento encontrar um grande administrador, agarrar-se-á a
êle com unhas e dentes, e não o afastará da direção do seu estabelecimento. Por
que será que, apesar de o Brasil ser como é, existe no ensino particular
Administração Escolar?
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A explicação está em que tem ele poder um pouco maior do que o do Administrador
Público. E, como não posso administrar sem poder, sendo maior na escola particular
o poder do administrador, aí pode ele administrar. Administra porque se fez
administrador e tem as qualidades pessoais para isto. Não que se prepare. Como é
muito difícil administrar, não se crê que possa aprender fazê-lo. O administrador faz-
se, não se prepara.
Mas, que é o administrador? O administrador é homem que dispõe dos meios e dos
recursos necessários para obter alguns resultados. Resultados certos, e isto é um
administrador. Logo, determinados, propositais, estabelecidos pela ação intentada.
Não há função mais constante nem mais geral. A vida está completamente saturada
dela. Sem administração, a vida não se processaria. Mas há dois tipos de
administração: e daí é que parte a dificuldade toda. Há uma administração que seria,
digamos, mecânica, em que planejo muito bem o produto que desejo obter, analiso
tudo que é necessário para elaborá-lo, divido as parcelas de trabalho envolvidas
nessa elaboração e dispondo de boa mão-de-obra e boa organização, entro em
produção. É a administração da fábrica. É a administração, por conseguinte, em que
a função de planejar é suprema e a função de executar, mínima. E há outra
administração - à qual pertence o caso da Administração Escolar - muito mais difícil.
Seu melhor exemplo é o da Administração dos hospitais, em que a grande figura é,
digamos, a do cirurgião; o administrador é apenas o homem que dispõe o hospital
nas condições mais favoráveis possíveis para que o cirurgião exerça com a maior
perfeição possível a sua função. Este é também o caso da educação.
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sumamente competente, a Administração fica sumamente insignificante. Daí, à
medida que passamos do ensino primário para o secundário, e deste para o
superior, reduzir-se, teòricamente, a função da Administração, tanto mais importante
quanto mais tenha a escola professores de nível, digamos, mais modesto. No ensino
superior a Administração é quase mínima, no secundário, é média, e no primário, é
máxima.
16
aquele antigo pequeno sistema escolar, com o professor onicompetente, precisando
apenas de um guardião para sua escola, hoje transformado no grande sistema
moderno, no qual não se encontra mais aquele tipo de professor e as escolas
complexas e fluidas não dispõem sequer de estabilidade do magistério, possa
conservar as condições equivalentes àquelas anteriores e produzir ensino com a
mesma eficácia. O novo administrador terá pois de substituir algumas funções
daquele antigo professor, ou melhor fazer o necessário para que o novo professor,
tanto quanto possível, tenha a mesma eficiência daquele antigo professor. Quando
no começo dizia que o grande professor administra a sua classe, ensina e guia o
aluno, estava a indicar as três grandes funções que agora deverão ser selecionadas,
para constituir as grandes funções da administração da escola. Aquele professor que
revele maior capacidade administrativa deverá orientar-se naturalmente para a
especialização de administrador da escola. Aquele que tem grandes qualidades de
magistério, isto é, as de sobretudo saber ensinar, transmitir a matéria, deve
especializar-se para ser o supervisor, ou seja o professor de professores, que, no
staff da administração da escola, trabalha para que métodos e processos de ensino
melhorem cada vez mais. E aquele outro professor, que revele singular aptidão para
guiar alunos, para compreender alunos, para entender os problemas de alunos, vai
transformar-se no futuro orientador.
17
experiência e sua consumada perícia. Ao participar desta cerimônia inicial do I
Simpósio Brasileiro de Administração Escolar, julguei dever fazer estas observações
para marcar quanto tais estudos são novos, quanto não têm eles precedentes.
Temos que fazer as duas coisas. Já começa a não haver os grandes professores
que podem dispensar Administração. Estamos atravessando fase algo parecida com
a dos Estados Unidos. Ou nos organizamos a ponto de criar uma espécie de cérebro
coletivo das organizações, ou as iremos mecanizar num grau que talvez nem a
América do Norte as tenha mecanizado.
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As influências européias ainda presentes entre nós é que nos irão defender desse
perigo, desenvolvendo o tipo de administração brasileira que o nosso gênio há de
saber criar.
Resumo:
INTRODUÇÃO
19
A administração da educação tem uma história recente e uma construção teórica
que se baseou nas diferentes escolas de administração de empresas. Há um esforço
deliberado dos teóricos da administração de empresas em elaborar princípios que
sejam válidos e generalizáveis para a administração de outras organizações,
inclusive a escolar. Para os profissionais da administração existem duas
pressuposições para a concretização desse fato: 1) as estruturas das organizações
são similares; 2) a adequação da organização escolar às condições sociais e o
alcance dos seus objetivos necessitam da assimilação dos métodos e das técnicas
de administração que garantam sua eficiência (FÉLIX, 1989).
Para a autora, o sistema escolar na sociedade capitalista tem funções definidas pela
20
estrutura econômica, mediatizada pelo Estado intervencionista. Sendo assim, o
aperfeiçoamento burocrático e a especialização no interior da escola assumem a
função de neutralizar forças antagônicas, ou seja, o controle exercido pela
administração da educação, de modo geral, e pelo administrador escolar, de modo
específico, ―[...] indica um processo de descaracterização da Educação, tornando-a
cada vez mais adequada ao modo de produção da sociedade capitalista‖ (FÉLIX,
Sander (1982), de forma mais abrangente, faz uma revisão histórica do estado de
conhecimento da administração da educação no Brasil, no contexto da trajetória
teórica da administração pública brasileira. O autor detecta a importação de receitas
de administração de outras realidades e a tentativa de aplicação na nossa realidade,
ressaltando a administração enquanto ―[...] processo universal, um instrumento
neutro, uma tecnologia mecânica para resolver problemas com pesada carga cultural
e política‖ (SANDER, 1982, p. 8).
21
O enfoque jurídico marcou os estudos até a década de 1930 e estes tiveram como
referência a tradição do direito administrativo romano, além dos valores do
cristianismo e dos ideais do positivismo. Adotou-se o legalismo, uma das
características básicas do direito romano, na análise administrativa, que enfatiza o
sistema fechado de conhecimento da administração, a ordem e ―[...] prega a
legislação antecipatória em oposição à legislação baseada na experimentação. A lei
torna-se, então, um ideal a ser atingido em vez de um parâmetro a ser aplicado a
circunstâncias concretas‖ (SANDER, 1982, p. 12). O autor evidencia a continuidade
dos moldes coloniais, vinculados aos centros internacionais, após a Independência e
a República.
O enfoque organizacional, por sua vez, marcou o período de 1932 (Manifesto dos
Pioneiros da Escola Nova) a 1960. A administração da educação baseou-se nos
princípios da administração clássica e ―[...] na predominância dos técnicos que
adotam soluções racionais para resolver problemas administrativos, em detrimento
de seus aspectos humanos e sociopolíticos‖ (SANDER, 1982, p. 15). Dessa fase,
segundo o autor, surgiram os trabalhos de autores mais influentes de administração
da educação no Brasil: Anísio Teixeira, José Querino Ribeiro, Antônio Carneiro
Leão, dentre outros.
21). Alguns autores pertencentes a essa abordagem são: Lourenço Filho, Arnaldo
Niskier, Carlos Correa Mascaro e também Myrtes Alonso que, mesmo com traços
22
característicos de fases anteriores, aderiu aos fundamentos de superação dos
problemas existentes no contexto sociopolítico.
Para Sander (1982), mais importante do que destacar autores é revelar a presença
de dois fatos que marcaram essa fase: a fundação e fortalecimento da Associação
Nacional de Professores de Administração Escolar (ANPAE), denominação inicial da
associação; e o estabelecimento dos cursos de pós-graduação.
O autor destaca que, entre a década de 1960 e 1970, houve uma rejeição aos
princípios da administração clássica e a ênfase no lado humano da organização e no
lado psicossociológico da escola como instituição social. A relação entre o
compromisso da ANPAE e a administração da educação no Brasil é um
compromisso com a ―eficácia‖ comportamental para a consecução dos objetivos
educacionais.
23
No último período, a influência das ciências sociais consolida-se na ANPAE com a
realização do ―IX Simpósio Brasileiro de Administração da Educação‖, realizado em
24
administração da educação. Acreditando na real possibilidade de contribuição com a
área de conhecimento, o estudo privilegiou a análise dos quatro primeiros Cadernos
de Administração Escolar e da Revista Brasileira de Política e Administração da
Educação, publicados pela ANPAE.
O estudo referiu-se aos quatro primeiros textos publicados pela ANPAE nos
Se alguma vez a função de direção faz-se uma função de serviço e não de mando,
esse é o caso do administrador escolar. (Anísio Teixeira) [...] Administração deve ser
considerada apenas como atividade, dominantemente técnica, modesta em seu
alcance e limitada em suas pretensões. (Querino Ribeiro)
25
Com a intenção de sublinhar o caráter e a natureza da administração escolar como
função que somente pode ser exercida por educadores e que apresenta uma relação
de subordinação e não de comando da obra de educação, Teixeira (1968) realiza
uma comparação entre a administração médica e a administração escolar. Para ele,
a primeira pode ser exercida apenas pelos médicos, e a segunda, apenas pelos
educadores. Assim, a função do administrador escolar seria ―[...] uma opção
posterior que faz o professor ou o educador já formado e com razoável experiência
de trabalho, e cuja especialização somente se pode fazer em cursos de pós-
graduados‖ (TEIXEIRA, 1968, p. 14). Complementando sua concepção, Teixeira
Quanto à função do administrador escolar, o autor deixa evidente que, pela relação
de subordinação, à atividade concerne mediar ou coordenar a equipe de professores
(denomina-os peritos), que é verdadeiramente a responsável pelo ensino.
26
Com a intenção de promover um arranjo mais lógico e ajustado da disciplina
administração escolar e, sentindo ―[...] a perplexidade característica de quem
precisa desenlear fios embaraçados em laços e nós, com as respectivas pontas
escondidas
No III Simpósio, Moysés Brejon (1968) tem como objeto principal de reflexão a
Formação dos Administradores Escolares, entretanto não deixa de contemplar
elementos que podem ser incorporados na análise referente à concepção e função
da administração escolar. Dessa forma, ao referir-se à situação do sistema
educacional e à formação dos administradores escolares no Brasil, destaca que é
imprescindível uma reorganização das estruturas administrativas básicas do sistema
porque, sem ela, [...] estes (administradores escolares) passariam a agir num
sistema inadequado ao bom desempenho das suas atividades, pois é verdade que
grande parte dos administradores escolares estão reduzidos a meros executantes do
27
que emana dos poderes políticos e a instituição escolar, presa e submissa como
está à administração pública geral, sofre com esta as vicissitudes dos interesses
político-partidário-eleitorais, que se fazem prevalecer aos de ordem técnica
(BREJON, 1968, p. 45).
O autor também aponta que, nos raros estudos e reuniões realizados com o intuito
de se discutir a Formação dos Administradores Escolares, é reconhecida a
necessidade de aperfeiçoamento dos planos para a preparação dos profissionais.
Carlos Correa Mascaro (1968) desenvolve sua tese baseada em um dos artigos de
Ribeiro6 e aprofunda alguns pontos quando da publicação do II Simpósio.
28
humanos se virem tornando cada vez maiores e mais complexos, fazendo entrar em
jogo e risco grandes interesses sociais [...]‖ é um dos fatores que ―[...] fundamenta,
principalmente, o interesse, a atenção e o cuidado que se vêm ampliando no trato da
Administração, não só como elemento técnico-prático de ação, como, até, objetivos
de estudos acadêmicos em pleno desenvolvimento‖ (RIBEIRO, 1968, p. 29-30).
Entretanto, ―[...] se esta visão pode ser considerada um certo ‗pecado anisiano‘,
uma ‗concessão‘ ao taylorismo, o pensador se redime quando trata da natureza e
função da administração escolar, concebendo-a como função privativa de
professores‖ (MACHADO, 2001, p. 6). E é esta, sem dúvida, a grande divergência
entre os fundadores da ANPAE.
29
cultura e do clima organizacionais e seus efeitos sobre a organização escolar
(TEIXEIRA, 2002), além, é claro, do desenvolvimento da gestão democrática da
educação (GADOTTI, 2001).
―Gestão‖ nos textos e teve como marco a realização do simpósio com o tema ―A
democratização da educação e a gestão democrática da educação‖ (1986); além
disso, os autores contemplaram algumas características necessárias para a
existência da escola democrática, entre elas: novas formas de provimento do cargo
de diretor; investimento na formação de professores; maior flexibilidade e autonomia
30
para as escolas; planejamento dinâmico e participativo; tomada de decisões coletiva.
31
ANPAE, ou seja, somaram-se às análises críticas preocupadas com as finalidades
da educação e com o papel político do administrador escolar, as abordagens dos
processos educacionais capazes de empreender uma efetiva transformação da
sociedade.
32
Nesse sentido, os autores também identificaram, sutilmente, a administração com a
centralização, com a ênfase na burocracia, relações antidemocráticas e a gestão
com práticas coletivas, relações horizontais e possibilidade de convivência
democrática. Além disso, destacou-se, nos artigos sobre ―Gestão‖, que as
abordagens presentes nos textos valorizaram o olhar para a escola nos seus
aspectos contextuais e contingenciais, a necessidade de construção coletiva do
projeto político pedagógico, a participação da comunidade desde a eleição dos
diretores e o desenvolvimento de estudos que privilegiem processos específicos de
implantação da participação.
Desde os primeiros textos publicados pela ANPAE, esteve presente uma confusão
terminológica. Inicialmente, nos Cadernos de Administração Escolar, ela foi
detectada na utilização dos adjetivos que procederam ao substantivo
administração, podendo ser escolar e/ou da educação. Futuramente, quando do
estudo da RBPAE, esta confusão ganhou uma complexidade maior, ou seja, houve
uma utilização conjunta de dois substantivos, ―Administração‖ e ―Gestão‖,
procedidos também por dois adjetivos, já identificados. Dos diferentes artigos
publicados na Revista, apenas dois procuraram explicar a alteração dos termos e
atribuíram à ―Gestão‖ um caráter mais abrangente, holístico e estratégico,
englobando em um só termo o planejamento, a formulação e a implementação de
projetos educacionais. Com a intenção de refletir um pouco mais sobre esse
embate terminológico, a pesquisa realizou um último capítulo, caracterizado pelo
debate necessário entre os termos ―Gestão‖ e ―Administração‖.
33
Em relação aos substantivos (―Administração‖ e ―Gestão‖), detectou-se que, a
partir de 1986, quando da realização do simpósio com a temática
―Democratização da educação e gestão democrática da educação‖, os textos
publicados na RBPAE passaram a utilizá-los paralelamente. Ao primeiro, atribuiu-
se, geralmente, a necessidade de ruptura com sua prática centralizadora e
tradicional e ao segundo associou-se os adjetivos: democrática, inovadora e
estratégica. O grande questionamento que permeou a análise conceitual foi
exatamente se a adoção de um ou outro substantivo seria responsável pelas
atribuições das qualidades ou defeitos de suas práticas. Como primeiro argumento
negativo, o estudo identificou que desde 1961, passando pela primeira década de
1980, quando ainda os autores não utilizavam o termo ―Gestão‖, houve a
preocupação em conceber a ―Administração‖ enquanto atividade política,
comprometida com os meios e com os fins, com o pensar e com o agir.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se o termo original estiver sendo entendido como ―inicial‖, aquele que ―deu
origem‖, é possível afirmar que sim, do encontro inicial dos professores de
administração escolar (1961) e das primeiras publicações da ANPAE, os Cadernos
de Administração Escolar, originou-se, no Brasil, uma reflexão acadêmica bastante
profícua por congregar posições divergentes sobre a natureza e função da
administração escolar e também pela preocupação em constituir e delimitar um
campo de estudos ainda não contemplado no país.
Se o termo ―original‖ for considerado como atributo do que ―tem caráter próprio‖
ou que ―apresenta características singulares‖, detecta-se, novamente, que nas
publicações da ANPAE houve o desenvolvimento de um pensamento administrativo
original. Assim, num primeiro momento (década de 1980), constou a preocupação
com o resgate do pensamento e a indicação da necessidade de desenvolvimento
de um paradigma alternativo para a administração da educação, capaz de integrar
as posições até então existentes. Nesse primeiro período de existência da revista
foi abandonada a posição inicial que adotava muitos elementos da teoria
administrativa empresarial. No final dessa década e início da seguinte (1990), os
35
textos desenvolveram uma postura bastante crítica em relação ao sistema
educacional, à importação dos elementos da administração empresarial e
enfatizaram o ato político da atividade administrativa, comprometido com a
sociedade e com sua transformação. A partir daí, apesar da fragilidade detectada,
às críticas foram
acrescentados processos e formas de concretização do compromisso político
defendido anteriormente, sendo que eles ganham força no olhar voltado para as
especificidades e culturas de cada escola e de cada comunidade.
Cumpre ressaltar também que muitos autores das publicações da ANPAE, além de
líderes e/ou participantes ativos da entidade (RIBEIRO, 1968; TEIXEIRA, 1968;
MASCARO, 1968; SANDER, 1982) são reconhecidos intérpretes das perspectivas
de administração da educação no Brasil (FÉLIX, 1989; PARO, 1986a; WITTMANN,
1993; GRACINDO, 1997; CURY, 1993; MACHADO, 1998; GADOTTI e ROMÃO,
2001; TEIXEIRA, 2000; BRZEZINSKI, 2003; CATANI e GILIOLI, 2004). Pode-se
dizer, finalmente, que a contribuição das publicações da ANPAE residiu em sua
postura crítica em relação aos temas analisados e na resistência à aceitação de
atos e práticas antidemocráticos, que excluem os protagonistas das decisões de
suas práticas. Além disso, o grande mérito da trajetória do conhecimento esteve no
abandono da necessidade de se formular uma teoria generalizável de
administração da educação e na adoção de uma postura flexível, que contempla a
diversidade de realidades presentes em nosso contexto social e educacional.
REFERÊNCIAS
36
_____. Produção de pesquisas em administração da educação no Brasil:
relatório final da pesquisa. Brasília: ANPAE, 1998. 26 p. (Série Estudos e
Pesquisas da ANPAE, 3)
37
AVANCINE, Sérgio Luiz. Participação de pais de alunos em escolas públicas:
primeiras avaliações de experiências estrangeiras. Revista Brasileira de
Administração da Educação. Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 25-32, 1988.
38
CABERLON, Vera Isabel. administração da educação no Brasil: um exercício de
reflexão. Revista Brasileira de Administração da Educação. Brasília, v. 10, n. 1, p.
73-82, 1994.
39
liberalismo. Revista Brasileira de Administração da Educação. Brasília, v. 9, n. 1, p.
51-70, 1993.
40
FREITAS, José Cleber de. A administração pública e a qualidade de ensino.
41
LIMA, Sueli Azevedo de Souza da Cunha. Gestão da escola: uma construção
coletiva – superando conflitos e rompendo com a rotina burocrática. Revista
Brasileira de Política e Administração da Educação. Porto Alegre, v. 15, n. 2, p.
205-216, 1999.
42
MENDONÇA, Erasto Fortes. Gestão democrática da Educação no Distrito Federal:
das eleições à diretriz política. Revista Brasileira de Política e Administração da
Educação. Brasília, v. 14, n. 1, p. 9-38, 1998.
43
_____. A gestão de escolas públicas de 1 e 2 graus e a teoria administrativa. Revista
Brasileira de Administração da Educação. Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 22-29, 1986b.
44
administração da educação. Revista Brasileira de Administração da Educação.
Porto Alegre, v. 4, n. 1, p. 27-32, 1986.
45
_____. A administração da educação como processo mediador. Revista Brasileira
de Administração da Educação. Porto Alegre, v. 2, n. 1, p. 38-63, 1984.
_____. A ANPAE celebra sua trajetória histórica. Depoimento. New York, nov. 2001.
Disponível em <http://www.anpae.org.br/anpae/depoimento_benno.php>. Acesso em
1/ago/2003.
46
Administração da Educação. Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 51-63, 1985.
SOUSA, José Newton Alves de. Breve comentário sobre a contribuição da ANPAE
para o conhecimento da administração da educação. Revista Brasileira de
Administração da Educação. Porto Alegre, v. 4, n. 1, p. 33-35, 1986.
47
41-56, 1995.
VIEIRA, Paulo Reis. Em busca da gestão estratégia da educação: notas para uma
ruptura da perspectiva tradicional. Revista Brasileira de Política e Administração da
Educação. Brasília, v. 13, n. 2, p. 247-259, 1997.
48
XAVIER, A. C. R. Reflexões sobre a qualidade da educação e a gestão da qualidade
total nas escolas. Estado e Educação. Campinas: Cedes/Papirus, 1992.
CLAUDE
ZATDMAN
Nestes últimos anos surgiu um interesse novo pela educação das meninas, quando
os sociólogos puderam constatar, graças às estatísticas escolares, que as meninas
tinham "melhor êxito" que os meninos, quando das primeiras etapas da escolaridade
e em certos cursos de formação geral'.
49
Poder-se-ia formular a hipótese pérfida de que esse interesse, que se reproduz em
nível jornalístico, intervém no momento em que, como a escolarização das meninas
ganhou um notável crescimento nos últimos anos, estas começam a concorrer com
os meninos: haveria algum perigo à vista. É exatamente assim que, por exemplo, um
número de L 'Expressapresentava as coisas em setembro de 1991, falando do
"perigo feminino" que estaria ameaçando a supremacia masculina.
Esse "maior êxito" inicial na verdade recobre realidades distintas: por um lado há
maior número de meninas nas "cabeças de turma", ou seja, entre os melhores
alunos, no primário e no ginásio; mas, à medida que avança o processo escolar de
orientação e seleção através de certas matérias, as meninas se tornam minoritárias
nos cursos escolares considerados como os de maior prestígio. Por outro lado, as
"más" alunas e "maus" alunos não encontram os mesmos tipos de dificuldade. Há
mais meninos em dificuldade escolar que largam tudo e causam problemas aos
docentes. Eles serão portanto mais rápida e amplamente relegados aos "desvios" ou
aos cursos considerados como tais.
A partir daí, não é em termos de êxito ou fracasso que se tem que analisar as
diferenças, mas em termos de escolhas sucessivas de orientação, de escolha de
50
continuação ou de parada dos estudos e finalmente de uma relação diferente com o
estudo e a profissionalização.
Assim é que chegaremos a falar do "falso êxito escolar" das meninas, retomando
aqui o título de uma pesquisa de Le Monde de l'Éducation (julho-agosto de 1990).
Todos os estudos estatísticos e sociológicos chegam a uma mesma conclusão: as
meninas partem vencedoras e chegam perdedoras na competição escolar
meninas/meninos; eis o fato a ser interrogado. Essa abordagem tem de interessante
o fato de evidenciar a existência até então ignorada ou ocultada de uma competição,
de uma concorrência; em outros termos, a existência de interesses contraditórios
entre as meninas e os meninos como grupos de sexo. A análise então se desloca da
diferença para as relações de sexo.
51
O ponto de vista "otimista" considera a escola como fator de mudança para as
relações de sexo: adiantada em relação à família e ao mercado de trabalho, ela
oferece uma superfície de emancipação para as meninas. Em resumo:
- As moças estão se aventurando nos guetos masculinos: mais nenhum setor lhes é
juridicamente proibido.
- Elas vêm a se encontrar maciçamente nos cursos que levam ao terciário e ao setor
médico-social.
52
- No superior, param de estudar cedo demais (dois anos depois do bacharelado).
53
interrogação então não se aplica às comparações meninas/meninos, mas a
situações socialmente produzidas; situa-se num contexto mais amplo de reflexão
sobre os modelos de relações sociais entre os sexos, problema que exploramos no
âmbito de um colóquio França-Quebec: Igualdade entre os sexos, regime misto e
democracia (1992).
54
limites desse avanço democrático para as mulheres: trata-se de mostrar a
manutenção ou a recomposição dos mecanismos de exclusão e de segregação, a
produção de novas formas de divisão sexual do trabalho. No que se refere à escola,
mostraremos as diferenças entre as trajetórias femininas e masculinas dentro do
sistema escolar e o vínculo dessa configuração com o mundo do trabalho.
55
O regime misto na escola primária
O fio condutor então é a análise, para os diversos aspectos da vida escolar, das
modalidades de intervenção do gênero como elemento de definição da situação.
Desenvolveremos aqui certos aspectos dessa pesquisa sobre o regime misto escolar
como funcionamento de um modelo de relações entre os sexos. Um diretor de
escola expressou da seguinte maneira sua desilusão de militante da co-educação:
"O regime misto é como o molho vinagrete: se parar de misturar se separa!" E
efetivamente, observando a vida cotidiana da escola primária, bem depressa se
constata que na realidade não há um modelo, porém dois modelos que comandam
as relações entre os sexos:
56
sobre a escola que, partindo da sua função social proclamada, consiste em pensar
primeiramente a sala de aula (a mistura), para ver nas atividades do pátio
(brincadeiras sexuadas separadas) apenas um aspecto secundário. Do ponto de
vista de uma análise das relações de sexo, pelo contrário, é esclarecedor partir da
observação do pátio de recreio, lugar em que entram em jogo os corpos nas
brincadeiras sexuadas, antes de estudar as relações na sala de aula, a relação com
o saber. No pátio de recreio, o gênero é o fator dominante de definição da situação.
Na sala de aula, ele não entra na definição oficial da situação, mesmo se intervém
amplamente ao nível das práticas sociais pelo viés dos estereótipos e dos
comportamentos diferenciados das crianças.
Sendo nosso objetivo analisar a reprodução social das desigualdades, não a partir
do êxito escolar, porém a partir dos mecanismos próprios às relações de sexo, tem-
se que inverter os pontos de vista.
57
Mas essa separação se dá em um lugar onde o regime é misto por princípio, ela não
é imposta pela instituição, õs vezes é indiretamente incentivada, às vezes apenas
tolerada. Trata-se então de uma separação "flexível" entre grupos que se constituem
livremente e não são fixos em sua composição, separação que permite o
desenvolvimento de relações de fronteira, interrelações de contornos, por sua vez,
fluidos. Essa situação de separação dentro do regime misto, o fato de que a
instituição só intervém de maneira negativa, através de proibições e não propondo
atividades ou administrando o espaço, permite que se desenvolva, em eco com a
sociedade "exterior", uma forma de violência, uma expressão da dominação
masculina.
A "cultura futebol" trazida pela maioria dos meninos os autoriza a dominar o espaço
do pátio com suas brincadeiras, suas brigas etc. Aqui caberia novamente a análise
de C. Guillaumin sobre a "construção social do corpo como corpo sexuado", com os
jogos entre iguais dos meninos e o aprendizado de uma relação com o espaço
dominado por parte das meninas".
58
próprias variáveis de uma turma para a outra.
A relação com a tomada da palavra, se, está longe de ser sempre significativa no
plano da eficácia pedagógica, ganha sentido quando dentro de uma análise em
termos de relações de sexo: impor-se em um grupo.
Rivo Gianini
Recife, 2000.
59
Nos últimos anos, a base da economia dos países desenvolvidos transferiu-se do
trabalho manual para o trabalho baseado no conhecimento, e o centro de gravidade
das esferas sociais passou dos bens para o conhecimento.
Anísio Teixeira (William James - John Dewey) José Querino Ribeiro (Fayol)
60
Lourenço Filho (1a obra)
Mary Parker Follet, Elton Mayo, Chester Bernard, Herbert Ilmon. Baseia-se nas
ciências do comportamento (Psicologia e Sociologia)
Emile Durkhein - Katz e Kahn, Jacob Cetzels, Talcot Parsons, Robert Merton.
- o Enfoque Sociológico:
61
Estamos agora na era do conhecimento, e podemos perspectivar um novo enfoque,
o informacional.
Não havia, há cem anos, a bioquímica, a genética e até mesmo a biologia era
incipiente. Havia a geologia e a botânica.
Não deve admirar, portanto, que a distinção entre química orgânica e química
inorgânica não seja mais significativa. Já se projetam polímeros inorgânicos em que
o conhecimento do químico orgânico é aplicado nas substâncias inorgânicas, como
os silicônios. Inversamente já se está projetando "cristais orgânicos" em que tanto a
química inorgânica quanto a física estão produzindo substâncias orgânicas. A antiga
distinção entre química orgânica e inorgânica está se tomando, por isso,
rapidamente, em obstáculo ao conhecimento e ao desempenho.
Por analogia, as antigas linhas entre a fisiologia e a psicologia têm cada vez menos
sentido, bem como as que separam o processo da economia, a sociologia das
ciências do comportamento, a lógica matemática e estatística da lingüística, e assim
por diante.
A hipótese mais provável é que cada uma das antigas demarcações, disciplinas e
faculdades tomar-se-ão obsoletas e uma barreira para o aprendizado e para o
entendimento. Em realidade está se abandonando rapidamente uma visão
cartesiana do universo, segundo a qual a ênfase tem recaído nas partes e nos
elementos, dentro de uma visão global destacando o todo e os padrões, desafiando
toda a linha divisória entre as áreas de estudo e o conhecimento.
62
As instituições precisam ter condições de descartar-se do passado. A universidade
não é exceção. Ela precisa de liberdade para introduzir novas disciplinas e combinar
disciplinas tradicionais de novas maneiras.
Morin identifica sete valores fundamentais com os quais toda a cultura e toda a
sociedade deveriam trabalhar segundo suas especificidades. Esses valores são
63
respectivamente as Cegueiras Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, o
Ensino da Condição Humana, o Ensino das Incertezas, a Identidade Terrena, o
Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero Humano.
No momento, encontramos uma nova visão na construção das conexões que ligam
modificações do capitalismo contemporâneo e seus reflexos excludentes nas formas
de trabalho e nos eixos fundamentais que organizam as culturas. De um lado, a
globalização da economia estabelece regras comuns pois difunde uma mesma
matriz produtiva, baseada nas novas tecnologias que eliminam a distância mas, por
outro lado, criam reações locais que surgem marcadas pela ampliação dos meios de
comunicação e pelas novas práticas sociais. As transformações das bases materiais
dá vida deixam marcas locais não visíveis (porque virtuais), mas que mudam as
64
formas de ação e as orientações básicas das culturas.
- Identidade de projeto, produzida por atores sociais que partem dos materiais
culturais a que tem acesso, para redefinir sua posição na sociedade".
A globalização não apagou a presença de atores políticos. Criou para eles novos
espaços pelos quais se inicia um processo histórico que não tem direção prevista. A
criatividade, a negociação e a capacidade de mobilização serão os mais importantes
instrumentos para conquistar um lugar na nova sociedade que está se constituindo
em rede.
65
Uma das características distintivas da modernidade é uma interconexão crescente
entre os dois extremos da "extencionalidade" e da "intencionalidade": de um lado
influências globalizantes e, do outro, disposições pessoais. Quanto mais a tradição
perde terreno, e quanto mais reconstitui-se a vida cotidiana em termos da interação
dialética entre o local e o global, mais os indivíduos vêem-se forçados a negociar
opções por estilos devida em meio a uma série de possibilidades. O planejamento
da vida organizada reflexivamente torna-se característica fundamental da
estruturação da auto-identidade.
66
as escolas como para seus alunos. Ocorre sempre a possibilidade de um currículo
condensado o que submete os alunos a um tratamento superficial das matérias, uma
vez que terão que cumprir e assegurar a parte obrigatória das matérias curriculares.
Porém, há muitos aspectos positivos a serem extraídos destas novas extensões da
aprendizagem.
A parte central da aprendizagem ainda é feita dentro da escola, mas envolta dela
aglutinam-se as atividades significativas dentro da comunidade em que a escola
está inserida com a aquisição de conhecimentos relevantes sobre o mundo em
geral.
Dessa forma, será possível preparar melhor as novas gerações para suas vidas
como seres individuais e atores sociais responsáveis, permitindo encontrarem o seu
lugar no mundo do trabalho e tornando-os cidadãos de pleno direito nas
comunidades a que pertencem, nos seus países e num mundo do futuro.
67
3. O mais importante pré-requisito das boas escolas são os professores criativos,
motivados e bem preparados. Os papéis que desempenham e as responsabilidades,
que lhes são próprias, requerem um processo de aprendizagem permanente, ao
longo da vida (life-long learning).
68
política e administração da educação. Pode-se dizer que essa alteração vai no
sentido de transferir poderes e funções do nível nacional e regional para o nível
local, reconhecendo a escola como um locus central da gestão e a comunidade local
(em particular os pais de alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisão.
Esta alteração afeta países com sistemas políticos e administrativos bastante
distintos e tem no reforço da autonomia da escola uma das expressões mais
significativas.
REFERÊNCIAS:
CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Cia das
Letras, 1999.
69
Para referência desta página:
GIANINI, Rivo. O global e o local. Os desafios para o educador gestor do século XXI.
In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Recife, 2000. Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/adm01.htm>. Acesso em: dia mes ano.
Alzira Jerez
LAGUNA(3)
_________________________________
70
INTRODUÇÃO
71
educacional em relação ao Plano Nacional de Educação -2001, Lei 10.172 - de 09
de Janeiro de 2001: uma proposta de reflexão aos que têm sob sua
responsabilidade dirigir os destinos das escolas, dos futuros cidadãos, em particular
aos educadores de escolas do Bairro da Liberdade e imediações na cidade de São
Paulo.
Desta maneira, por meio deste projeto, procurou-se, desta forma, colaborar com as
iniciativas já tomadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo em
relação às questões apresentadas neste estudo, com o intuito de definir um caminho
confiável e factível para avaliarem-se as atividades desenvolvidas por estes
profissionais.
72
A mais relevante iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) em relação à
educação de crianças com deficiências ocorreu em um congresso mundial
organizado pela UNESCO e pelo governo espanhol em Salamanca, em junho de
1994, para representantes de 95 governos e muitas ONGs (Organizações Não-
Governamentais).
A integração tinha como pressuposto que o problema residia nas características das
crianças excepcionais, na medida em que centrava toda a sua argumentação na
perspectiva da detecção mais precisa dessas características e no estabelecimento
de critérios baseados nessa detecção para a incorporação ou não no ensino regular,
expresso pela afirmação "(...) sempre que suas condições pessoais permitirem (...)".
A inclusão coloca a questão da incorporação dessas crianças pelo ensino regular
sob outra óptica, reconhecendo a existência das mais variadas diferenças. Estas
diferenças entre essas duas concepções de educação especial são produto de uma
diferenciação básica em relação à escola na sociedade atual.
73
diferenças ou dificuldades individuais"; "(...) toda criança tem direito fundamental à
educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de
aprendizagem".
O ensino regular tem excluído sistematicamente larga parcela de sua população sob
a justificativa de que esta não reúne condições para usufruir o processo escolar,
porque apresenta problemas pessoais (distúrbios os mais diversos), problemas
familiares (desagregação ou desorganização da família) ou "carências culturais"
(provenientes de um meio social pobre).
É interessante, mas trágico, verificar que, por um lado, o sistema seriado tem
servido, na escola regular, como uma forma de retenção de grande massa de alunos
nos níveis iniciais de escolaridade, e, mesmo assim, sem que os conteúdos
correspondentes a esses níveis sejam minimamente atingidos.
Por outro lado, a não seriação oficial do ensino especial, tem servido para a
manutenção de grande massa de deficientes em níveis inferiores de escolarização,
sem qualquer avaliação do processo pedagógico desenvolvido e com a justificativa
centrada nas dificuldades dessa população.
74
A simples inserção de alunos com deficiência, sem qualquer tipo de apoio ou
assistência aos sistemas regulares de ensino, pode redundar em fracasso, na
medida em que estes apresentam problemas graves de qualidade, expressos pelos
altos níveis de repetência, de evasão, e pelos baixos níveis de aprendizagem.
Entre essas políticas de largo alcance deve ser incluída a de formação docente, pois
a qualidade do professorado tem papel fundamental, embora não único, nesse
processo de qualificação do ensino.
- dos professores do ensino regular para uma formação básica, já que a expectativa
é da inclusão dos alunos com deficiência;
75
A LDBN 9394/96 em seu artigo 62 define que a formação para o ensino básico deve
ser realizada por meio de licenciatura de graduação plena, mas permite que a
formação de professores para a educação infantil e para as quatro primeiras séries
do ensino fundamental seja oferecida "(...) em nível médio, na modalidade Normal".
Portanto não basta incluir nos currículos de formação de professores "conteúdos
disciplinares que permitam uma capacitação básica para o atendimento de
portadores de necessidades especiais".
Nesse sentido, senão fizer parte integrante de uma política efetiva de diminuição do
fracasso escolar e de uma educação inclusiva com qualidade, a inserção de uma
disciplina ou a preocupação com conteúdos sobre crianças com necessidades
educativas especiais pode redundar em práticas exatamente contrárias aos
princípios e fundamentos da educação inclusiva: a distinção abstrata entre crianças
que possuem condições para se inserirem no ensino regular e as que não possuem,
e a manutenção de uma escola que, através de suas práticas, tem ratificado os
processos de exclusão e de marginalização de amplas parcelas da população
escolar brasileira.
É difícil incluir crianças com deficiências no ensino regular sem apoio especializado,
que ofereça aos professores dessas classes, orientação, assistência, na perspectiva
da adequação do trabalho pedagógico ali desenvolvido, e que demande a ampliação
da visão, das potencialidades e das dificuldades destes alunos incluídos.
76
qualidade, e aí estão incluídas as crianças com deficiências.
" Em função das condições específicas dos alunos, sempre que não for possível sua
integração em classes comuns da rede escolar, a classe especial deve ser mantida
na rede regular ou, ainda, quando necessário, deverá ser oferecido atendimento por
meio de parcerias com instituições privadas especializadas sem fins lucrativos.
" A rede estadual já possui formas diversificadas para atendimento dos alunos
portadores de necessidades especiais e que os paradigmas atuais da inclusão
escolar desses alunos vêm exigindo a reorganização da educação especial visando
à ampliação dos serviços de apoio especializado e à renovação dos projetos
pedagógicos e metodologia de trabalho das classes especiais.
77
Desde a promulgação dos Pareceres n.252/69, que regulamentou o curso de
Pedagogia, e n.295, que estatuiu sobre a formação de professores para a educação
especial (esta passou a ser incumbência do ensino superior) até a promulgação da
nova LDB (Lei n.9.434, de 20.12.1996), no inciso II do artigo 59, enfatiza que a
educação especial deverá contar com "professores com especialização adequada
em nível médio ou superior, para atendimento especializado (...)."
- oferecer formação como docente do ensino fundamental, quer seja no que tange a
uma formação teórica sólida ou a uma formação adequada no que se refere aos
diferentes processos e procedimentos pedagógicos que envolvam tanto o "saber"
como o "saber fazer" pedagógicos;
a) que sirva de agente para a incorporação com qualidade pelos sistemas regulares
de ensino;
b) o atendimento direto em aspectos específicos que não possam ser supridos pelo
professor do ensino regular;
c) que possibilitem o atendimento direto à parcela dessa população que, por razões
78
pessoais, educacionais ou sociais, não possa ser absorvida pelo ensino regular.
Do exposto, pode-se inferir que uma educação para todos precisa valorizar a
heterogeneidade, que dinamiza os grupos, que lhes oferece funcionalidade e
propicia resultados bem sucedidos, de qualidade. Assim, a escola passa ser um
lugar privilegiado de encontro com o outro, onde há respeito por pessoas diferentes.
79
Estudos realizados com crianças com necessidades educacionais especiais
salientam que os atrasos na aprendizagem são sinônimos de uma limitação
na capacidade de generalização ou transferência, o que é conseqüência
das dificuldades que estes indivíduos apresentam para planejar e regular
seus processos de conhecimento.
80
DESAFIO PARA A GESTÃO ESCOLAR
81
Nesse sentido, é pertinente (re) pensar nas razões que desafiam os
agentes curriculares buscarem a mudança curricular necessária para o
século XXI:
82
pessoais que vão se modificando por exigência dos diferentes grupos
sociais. Essa inserção grupal pode ser realizada de forma consciente ou
não, pois o ser humano se relaciona com outros seres humanos com os
mais diversos objetivos e propósitos. Algumas relações pelas suas
características, são mais intensas e duradouras e outras menos intensas e
passageiras. Essa carga de experiências vivenciadas é que impulsiona o
indivíduo para novas situações de relacionamentos interpessoais.
Não podemos afirmar que existe um modelo ideal de grupo, mas todos eles
se constroem no processo cotidiano de interação, empatia e respeito às
diferenças individuais. É utópico pensar que em um grupo não existem
conflitos, pois os participantes são indivíduos que trazem consigo
experiências, personalidades, inteligências, percepções, valores próprios,
enfim, toda uma identidade que exercerá alguma interferência na sua
dinâmica. Esses conflitos são inerentes as relações interpessoais, pois
onde há uma convivência plural existirão as divergências e, ou confronto
das ideias.
83
Um trabalho de aprofundamento sobre as relações interpessoais
principalmente na escola, deve sempre estar acompanhado de propósitos
de transformação considerando-se a faixa etária com a qual se pretende
trabalhar, além de ter definição clara dos objetivos pretendidos, e de como
os componentes do grupo estão se conhecendo, e conseqüentemente,
cada integrante busque autoconhecer-se e autodesenvolver-se.
84
currículo uma proposta de desenvolvimento de relações interpessoais,
oportunizando aos componentes dos diferentes grupos da escola,
atividades e situações que, organizadas, tragam aos envolvidos um
aprendizado das habilidades sociais. O que significa o resgate da condição
humana - onde autenticidade, afetividade, e respeito à individualidade são
aspectos marcantes para a redução do desgaste emocional -
estabelecendo relações de cumplicidade, em uma perspectiva ética,
solidária, digna e justa nos grupos de convivência.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
85
construção, investigação e descoberta.
Definir uma base teórica única como eixo norteador de todo o trabalho
educacional:
86
cognitivos. Para isso, um primeiro passo consistirá em conhecer as
peculiaridades da inteligência do aluno, como aprende, qual é seu potencial
de aprendizagem.
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
88
Assim, as autoras do projeto e a equipe envolvida com o mesmo, contando
com o apoio e o incentivo do UniFMU - Curso de Pedagogia para a
realização dos encontros no período de 2001-2002, tiveram a oportunidade
de constatar e acompanhar os desafios, as necessidades e as dificuldades
de professores, orientadores educacionais, coordenadores pedagógicos e
gestores em priorizar a educação inclusiva nos ambientes escolares.
REFERÊNCIAS
89
FERREIRA, Naura S.C. & AGUIAR, Márcia A. S. (orgs). Gestão da
Educação: impasses, perspectivas e compromissos. - São Paulo:
Cortez, 2000.
90
de 2001.
Leonor
Lima
Torres
Universidade do
Minho, Portugal
(Escrito em
português de
Portugal).
Resumo
91
necessidade de preservar a sua matriz identitária, historicamente
sedimentada. E é justamente perante este dilema estabelecido entre os
factores de ordem externa que quotidianamente invadem as escolas
(administração central e periférica, comunidades locais, entre outros) e os
factores de natureza interna à escola (sociabilidades, práticas de convívio,
rituais, costumes, tradições) que se jogam novas possibilidades de
repensar o desenvolvimento democrático das escolas. Neste artigo
retomámos a ideia de escola como entreposto cultural (Torres, 2004) — um
espaço de cruzamento de culturas, de metamorfoses quotidianas de poder
e de conflito, de relações diferenciadas entre actores escolares e
educativos —, com o propósito de clarificar a relevância das dimensões
culturais e simbólicas da organização escolar no desenvolvimento de
processos de inovação e mudança e na exploração de (possíveis) vínculos
de assessoria educativa. A nossa reflexão não deixará, por isso, de
interrogar criticamente as temporalidades e as lógicas de acção num
suposto novo espaço escolar, questionando o papel que os consequentes
inputs culturais e políticos assumem na construção da autonomia e da
escola democrática.
92
"crise da escola". Efectivamente, as várias propostas de mudança que se
foram desenhando no tempo tiveram o condão de esbarrar quase sempre
com fenómenos de resistência mais ou menos activa desenvolvidos nos
mais diversos contextos escolares. Refém de um modelo de administração
excessivamente centralizado, a escola pública portuguesa tem dado sinais
evidentes, ao longo das várias temporalidades históricas, de que os
processos de mudança e desenvolvimento escolar obedecem mais a
lógicas de apropriação e objectivação concretizadas no contexto local e
sempre a partir das racionalidades que presidem às práticas sociais dos
actores do que a movimentos lineares de reprodução normativa. E, neste
sentido, o conhecimento das lógicas de funcionamento das escolas
concretas, do modo como estas construíram e sedimentaram no tempo a
sua identidade própria, da forma como diferentes factores interferiram e
condicionaram a sua cultura organizacional, constitui um eixo estruturante
de qualquer projecto de mudança, quer ele seja despoletado a partir da
administração central quer seja da iniciativa da gestão periférica e local das
escolas.
93
Enquanto agência de mediação de diferentes racionalidades culturais, a
escola assemelha-se metaforicamente a um entreposto cultural, a um posto
dinâmico entre culturas que se confrontam permanentemente no espaço-
tempo escolar. Será a partir desta imagem de escola como entreposto
cultural que procuraremos, na segunda parte do trabalho, explicitar as
potencialidades dos processos de assessoria em educação.
94
identificarmos os tempos, os lugares e os espaços em que elas ocorrem. A
relevância do simbólico e do cultural no contexto das organizações será
tanto mais significativa quanto melhor conhecermos os factores que
contribuíram para o seu desenvolvimento.
95
determinado contexto organizacional, compreender os múltiplos processos
que presidem à sua construção e o seu real impacto ao nível do
desenvolvimento estratégico, designadamente ao nível das (micro)políticas
e das práticas quotidianamente postas em marcha nos mais diversos
contextos de interacção social.
96
A escola como entreposto cultural
designar (Torres, 2004). Por mais que concebamos esta instituição como
uma mera periferia de um centro de controlo escolar, que admitamos o seu
carácter eminentemente reprodutor, ficariam, no entanto, por esclarecer os
distintos modos de ser e de fazer, subjectivos e/ou colectivos, que se
oferecem ao investigador no âmbito do seu labor sociológico.
97
colectiva da instituição e que resultou do labor antropológico de apropriação
das várias possibilidades da estrutura, nos vários espaços-tempo
educativos da escola.
98
Tempos Livres, Centros de Estudo, Clubes Desportivos, Escolas de Música
...). Situada numa espécie de centro de confluência cultural, a organização
escolar é, sem dúvida, um contexto propício e propiciador do
desenvolvimento de complexas metamorfoses culturais construídas e
sedimentadas no tempo e na memória colectiva da instituição.
99
Interrogando as funções da assessoria educativa no quadro da
construção da escola democrática
100
de dados por nós analisadas (UMI, ERIC, ABI-inform, ISI). A hegemonia da
perspectiva integradora na análise da cultura organizacional em diversos
contextos educativos, associada à adopção de metodologias de natureza
quantitativa e estatística, inscreve-se num movimento mais amplo de
afirmação das ideologias mais tecnicistas e gestionárias, voltadas para os
valores da excelência, eficácia e produtividade.
101
perspectiva integradora
102
integração,
103
preocupações sociais de natureza aparentemente humanista e
democrática, grande parte destes estudos denunciam, contudo, a
subjugação (ou mesmo a instrumentalização técnica) daqueles valores às
lógicas mais produtivistas ditadas no âmbito do mercado.
104
Bates, 1987: 88-89; Sparkes & Bloomer, 1993: 171).
105
investigações várias que procuravam evidenciar o carácter interactivo entre
as diversas variáveis em jogo, umas mais internas à organização, outras de
cariz mais exógeno à escola, explorando agora os contextos da acção
concreta, os processos de negociação entre os actores, os palcos onde
decorrem os conflitos, enfim, os domínios onde a construção do simbólico
tem lugar.
106
escola, questiona-se como consequência a natureza positivista e estática
dos pressupostos integradores da cultura, assim como a sua relação directa
com a eficácia e a eficiência escolares.
107
instrumental e implementativo, aqueles que legitimam e reforçam os valores
burocráticos do sistema.
108
enquanto processo dinâmico a desenrolar-se na e pela acção quotidiana
dos actores, mais centrada nos princípios orientadores da praxis educativa
do que na mera operacionalização dos meios técnicos heteronomamente
definidos. E, neste sentido, julgamos que a investigação científica (teórica e
empírica) constitui e tem constituído, sem dúvida, uma dimensão
estruturante do processo de assessoria em educação. Os resultados
teóricos e empíricos das diversas pesquisas desenvolvidas no âmbito da
educação representam na actualidade um espólio de conhecimento
fundamental para o desenvolvimento estratégico das instituições
educativas. Quer no domínio mais estritamente académico, onde se
produzem dissertações e teses nas mais diversas áreas de especialização
do campo educativo, quer ao nível de projectos orientados para a acção
concreta, a organização escolar tem sido objecto de múltiplas abordagens
teóricas e metodológicas, traduzidas na operacionalização de uma grande
variedade de métodos e técnicas de pesquisa empírica. Os estudos de
análise extensiva, menos frequentes no nosso país, assim como os
trabalhos de enfoque intensivo, com grande relevância para os estudos de
caso, constituem já um importante acervo de informação sobre os modos
de funcionamento da organização escolar passível de ser mobilizado pelos
diversos actores educativos (professores, gestores, pais, técnicos de
educação, entre outros) no contexto da acção concreta. Neste sentido, o
recurso ao conhecimento científico como estratégia de orientação e
legitimação da praxis política enquadrar-se-ia do ponto da nossa matriz
teórica num processo de assessoria ético-política. Estamos em crer que
não é possível desenvolver démarches de assessoria com efeitos
transformadores sem se conhecer profundamente os sedimentos culturais
das realidades que se pretendem transformar.
109
Espaços e Tempos na Reconfiguração da Cultura Organizacional da Escola
no Livro de Actas organizado por J. A. Costa, A. Neto-Mendes e A. Ventura
(2007). A Assessoria em Educação em Debate. Aveiro: Universidade de
Aveiro, pp. 195-204.
Referências
Publications.
110
CANÁRIO, Rui (1996). Os estudos sobre a escola: problemas e
perspectivas. In J. Barroso (Org.), O Estudo da Escola. Porto: Porto
Editora, pp. 121-149.
FROST, Peter J.; MOORE, Larry F.; LOUIS, Meryl R.; LUNDBERG,
Craig C. & MARTIN, Joanne (Eds.) (1991). Reframing Organizational
111
Culture. London: Sage Publications.
Publications.
112
Reading MA: Addison-Wesley.
113
TORRES, Leonor (1997). Cultura Organizacional Escolar:
Representações dos Professores Numa Escola Portuguesa. Oeiras:
Celta Editora.
Dalila
Andrade
Oliveira
RESUMO
114
reestruturação do trabalho docente. As discussões aqui trazidas são
resultados de pesquisas realizadas no contexto brasileiro, integradas a
investigações em outras realidades nacionais na América Latina.
115
tiveram início no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso e que
prosseguem no atual governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva,
ilustram bem a referida orientação. O argumento central dessas reformas
poderia ser sintetizado na expressão largamente utilizada nos documentos
produzidos pelos organismos internacionais pertencentes a ONU como
orientação dos governos latino-americanos para a educação:
―transformação produtiva com eqüidade social‖ (CEPAL, 1992).
116
para as reformas educacionais dos países mais pobres e populosos do
mundo: a educação para a eqüidade social. Para cumprir os compromissos
ali estabelecidos, os países em desenvolvimento tiveram que criar
estratégias de elevação do nível de atendimento às populações, sem,
contudo, aumentar na mesma proporção os investimentos. A redução das
desigualdades sociais deveria ser alcançada a partir da expansão da
educação, o que permitiria às populações em situação vulnerável encontrar
caminhos para a sua sobrevivência (CARNOY, 1992). A educação como
meio de distribuição de renda e mobilidade social soma-se à noção de que
o acesso à cultura letrada e informatizada se constitui o único meio de
ingressar e permanecer no mercado de trabalho, ou sobreviver na chamada
―sociedade do terceiro milênio‖ (DELORS, 1998). Observa-se, então, um
duplo enfoque nas reformas educacionais que se implantou nesse período
na América Latina: a educação dirigida à formação para o trabalho e a
educação orientada para a gestão e disciplina da pobreza (OLIVEIRA,
2000). A fórmula para se expandir os sistemas de ensino desses países, os
quais ainda enfrentam processos de reforma do Estado orientada por cortes
nos gastos públicos (SALAMA; VALIER, 1997; CALCAGNO, 2001), será
elaborada por meio de estratégias de gestão e financiamento, que vão da
focalização das políticas públicas educacionais ao apelo ao voluntarismo.
117
à municipalização do ensino fundamental. A descentralização financeira,
que permite à escola maior flexibilidade na gestão e captação de recursos
externos, e a descentralização pedagógica – elaboração coletiva do Projeto
Pedagógico pelo estabelecimento de ensino – são dimensões
indispensáveis desse modelo.
118
ambiente escolar da maioria das escolas públicas brasileiras e, em certa
medida, latino-americanas profissionais capacitados a responder a essas
exigências: os professores são constrangidos a buscar respostas para
essas demandas.
119
A INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO
Apesar de ser a minoria que assume outro emprego que não a docência
(FANFANI, 2005; CNTE, 2003), os professores que trabalham em escolas
públicas costumam assumir mais de uma jornada de trabalho como docente
em diferentes estabelecimentos. Um mesmo professor leciona em dois ou
até três estabelecimentos distintos, em geral, por necessidade de
complementação de renda, tendo em vista que os salários do magistério,
na América Latina, são baixos, comparativamente a outras funções
exigentes de formação profissional similar. Nesses casos, o professor não
se identifica com uma escola em particular. Por assumir número
considerável de aulas, esses professores acabam por não conhecerem
bem a maioria de seus alunos, e não encontram tempo para atividades que
julgam importantes para o bom desempenho profissional, como: preparar
aulas, estudar, atualizar-se (NORONHA, 2001). Segundo pesquisa
realizada pela CNTE (2003), os professores gastam, em média, 22 horas
mensais em casa com trabalhos de preparação de aulas.
120
estabelecimento escolar em que atua. Trata-se de um aumento das horas e
carga de trabalho sem qualquer remuneração adicional.
Esta rede era composta, à época, por 179 escolas, a pesquisa contou com
127 entrevistados, de um conjunto de 358 diretores e vice-diretores
(OLIVEIRA; GONÇALVES, 2002).
121
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE
122
Podemos considerar que, como o trabalho em geral, o trabalho docente tem
sofrido relativa precarização nos aspectos concernentes às relações de
emprego. O aumento dos contratos temporários nas redes públicas de
ensino, chegando, em alguns casos, a número correspondente ao de
trabalhadores efetivos; o arrocho salarial; ausência de piso salarial;
inadequação ou mesmo ausência, em alguns casos, de planos de cargos e
salários; a perda de garantias trabalhistas e previdenciárias oriunda dos
processos de reforma do Estado têm tornado cada vez mais agudo o
quadro de instabilidade e precariedade do emprego no magistério público.
123
naquele momento. Estava na base das discussões dos trabalhadores
docentes, naquele momento, a questão da identidade e do profissionalismo.
Foram muitos estudos que nesse período levantaram questionamentos e
reflexões sobre a relação tênue entre o espaço doméstico e a escola como
local de trabalho, a negação da identificação do magistério com a tarefa de
guia espiritual e moral, as dificuldades de reconhecimento social e
profissional desses trabalhadores (ARROYO, 1985).
124
passaram a terceirizar os serviços de vigilância, limpeza e, em alguns
casos, até mesmo funções administrativas. A separação entre funcionários
e professores fica evidenciada na protagonização de conflitos docentes. Em
pesquisa recente, observamos que a grande maioria dos conflitos
manifestos teve como protagonistas os professores (OLIVEIRA; MELO,
2004).
125
contexto dessas lutas sindicais, seus papéis duramente criticados. As
críticas à hierarquização, centralização da administração escolar e ao
modelo burocrático e centrado nas especializações levaram a consolidação
de outras referências de gestão educacional, inscrita na Constituição
Federal de 1988, art. 206, inciso VI, conforme já mencionado. O princípio
constitucional da gestão democrática do ensino público acabou por ser
regulamentado em muitas redes pela escolha direta do diretor escolar pela
comunidade, o que contribuiu para que a função do administrador escolar
fosse se extinguindo em muitas redes de ensino. Além dos diretores, os
coordenadores de escolas surgem nesse contexto ocupando, em algumas
redes, o papel que outrora ocupavam os especialistas. Assim, algumas
redes passaram a eleger ou contratar coordenadores pedagógicos em
substituição às funções de supervisão e orientação escolares. Essas
mudanças repercutiram na formação do pedagogo.
126
de colaboração, é contrastante com a realidade escolar latino-americana,
na qual os professores tendem a assumir cada vez mais a escola em sua
totalidade. Esses autores observaram em suas pesquisas que as atuais
exigências de um trabalho mais colaborativo e em equipe são fontes de
tensões e de conflitos entre os funcionários e professores na realidade
quebequense, provocando confusão de papéis dentro da escola. No caso
brasileiro, o imperativo da gestão democrática tem demandado dos
professores maior compromisso com a escola, ao mesmo tempo em que se
exige deles a capacidade de colaborar, de trabalhar em equipe, de discutir
coletivamente. Contudo, observamos também tensões entre funcionários e
professores na escola pública brasileira similares às discutidas pelos
autores citados. Ainda que o conteúdo dessas tensões possa ser de
natureza distinta, revelam muita similaridade quanto à forma. A
superioridade dos professores sobre os funcionários de apoio, resultando,
na maioria das vezes, em subordinação dos segundos aos primeiros, se
justifica pela competência técnica e profissional, por exemplo. Ainda que
formalmente todos estejam a serviço de uma mesma finalidade, para com
os professores parece haver uma relação direta de responsabilização pelo
sucesso ou fracasso dos fins perseguidos.
127
das lideranças políticas que tentaram transpor para dentro da escola
valores de solidariedade e igualdade que jamais encontraram
correspondência na prática desses trabalhadores. Contudo, ao mesmo
tempo, essa busca de identidade única estava vinculada a uma mudança
na concepção de educação a qual não poderia ser tomada como uma
atividade transmissiva, restrita à sala de aula, mas como uma relação que
propiciasse a autonomia e emancipação dos sujeitos.
128
Europa. São as mesmas proposições que encontramos nos programas de
reforma para contextos nacionais muito distintos, ressalvando que para os
países latino-americanos algumas medidas compensatórias são
explicitamente sublinhadas.
129
Educação (DELORS, 1998). Apesar de os autores chilenos considerarem
que no primeiro grupo de demandas inexiste, em geral, a capacidade de
reflexão que se supõe dos professores, parecem considerar que, de fato, a
tomada de decisão desceu de um nível central à escola.
130
Poderíamos considerar que grande parte das escolas públicas brasileiras
(ou quem sabe latino-americanas?) poderia ser descrita utilizando-se a
tipologia de escolas difíceis de Kerroubi e Zanten (2002), criadas a partir da
realidade francesa: escolas que se desenvolvem em um contexto de
pobreza, de precariedade material, cujos alunos apresentam significativo
déficit cultural. Para o contexto latino-americano essa não é a exceção, mas
a regra. Soma-se a isso o desencantamento desses jovens diante da baixa
expectativa de futuro, a incerteza quanto às suas possibilidades de ingresso
no mercado de trabalho. Nesse contexto, os alunos estão distantes do que
seria o modelo de aluno ideal, trazem para a escola problemas de
naturezas diversas, contribuindo para um ambiente tenso em que a
violência ameaça a todos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
131
divisão do trabalho com a complexidade recente trazida pelo crescimento
dos setores informais. Por essas razões, a regulação das políticas
educacionais, na atualidade, contém essa ambivalência. Os programas de
reforma que se propõem a organizar a educação básica, de caráter geral,
com o papel de formar a força de trabalho adequada às exigências últimas
do capitalismo também objetivam disciplinar a pobreza.
132
têm sido revistas à luz dessas mudanças. As discussões sobre a
profissionalização e ―desprofissionalização‖, bem como as pesquisas
sobre identidade docente, tentam interpretar essas mudanças a partir de
referências que levem em conta não só as relações de trabalho. Contudo,
consideramos que um processo de desvalorização e precarização do
trabalho docente tem se agravado nos últimos anos com as mudanças mais
recentes introduzidas nas escolas latino-americanas. Essas mudanças
trazem novos desafios para os trabalhadores docentes e para os que fazem
desses seus objetos de investigação e análise.
REFERÊNCIAS
133
BIRGIN, A. La docência como trabajo: la construcción de nuevas pautas de
inclusión y exclusión. In: GENTILI, P.; FRIGOTTO, G. (Org.). La ciudadanía
negada: políticas de exclusión en la educación y el trabajo. Buenos Aires:
CLACSO, 2000.
Introdutório).
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394 de
20 dez. 1996.
134
CEPAL. Transformación productiva con equidad. Santiago, 1990.
135
KHERROUBI, M.; ZANTEN, A. V. La coordination du travail dans les
établissements
136
professoras do ensino fundamental em uma escola pública de Montes
Claros, Minas Gerais. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-
graduação em Saúde Pública, Mestrado Interinstitucional. Belo
Horizonte, UFMG/UNIMONTES, 2001.
137
POPKEWITZ, T. S. Reforma Educacional: uma política sociológica.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
138
formação e as suas necessidades de desenvolvimento profissional. O
instrumento também questionou sobre o que implicava ser diretora de
escola. Este levantamento, além de permitir a construção do perfil da
diretora de escola, também evidenciou uma falta de clareza sobre as
dimensões do papel da diretora de escola entre as respondentes.
O perfil construído na primeira fase do trabalho (Castro et. al., 1997) indicou
que a diretora de escola municipal do Estado do Rio Grande do Sul é uma
mulher com idade média de 35 anos, casada, com dois filhos. Foi
selecionada para o cargo por eleição (49, 3%), mas uma porcentagem
significativa foi indicada (40%). A maioria das respondentes não possuía o
curso superior (60%).
139
o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb)(Pilatti, 1994)
eo estudo encomendado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Educação (CNTE) têm indicado a importância da gestão e do papel da
diretora de escola. 2 Batista e Codo (1999) discutem a necessidade da
participação e da construção de uma forma específica de gestão
participativa, pois segundo eles:
140
Realizamos uma leitura de todas as entrevistas, procurando identificar os
temas emergentes. No decorrer da leitura, foram identificados 71 temas que
podem ser consolidados em um número menor de categorias. Foram
levantados destes temas emergentes quais eram relevantes para um
número significativo de escolas, o que chamamos de análise horizontal, ou
macro. Nesta análise, foi possível verificar que temas apareceram com
maior freqüência nas entrevistas realizadas. O segundo olhar correspondeu
à análise, que chamamos de vertical ou micro, quando identificamos os
temas que, na realidade de cada escola, foram mais aprofundados e
refletiam problemas e envolvimento naquele contexto.
Uma terceira forma de olhar os mesmos dados foi o que nós chamamos de
preparação para uma possível teorização, no sentido de mapear as
diferentes formas de expressão e de variação do fenômeno no contexto da
realidade, no sentido proposto por Yin (1989). Este autor, discutindo o
estudo de caso, fala da generalização analítica em oposição à
generalização estatística. Os dados devem ser uma expressão da variação
natural do fenômeno e neste sentido têm sérias implicações teóricas e
analíticas (Yin, 1989, p. 38).
141
explicitando a dimensão institucional da escola, um terceiro trabalhando as
relações interinstitucionais que dão forma às ações e processos no interior
da escola. E o quarto quadro identifica questões mais amplas, históricas,
sociais e culturais que afetam a vida escolar.
142
claramente visíveis. Nas comunidades menores, observa-se que a diretora
tem um papel importante como líder comunitária e este papel parece tornar-
se mais relevante, quanto mais pobre for a comunidade. Observou-se que
as diretoras conseguem perceber a importância e o valor de seu trabalho,
mas esta percepção não parece ocorrer na mesma dimensão social. Uma
diretora indicou que conseguiu tocar a vida de um aluno, de modo que ele
agora está trabalhando, formou-se, e está encaminhado. Outra diretora de
uma escola rural mostrou ter plena consciência da importância de seu
trabalho na comunidade, ela atende a 21 alunos de diferentes séries,
prepara a merenda, faz a limpeza e manutenção da escola. Ela disse que
poderia ficar em casa, pois não precisa trabalhar por necessidade
econômica, mas sabe que seu trabalho é importante e gosta dele. No dia
em que estivemos entrevistando a diretora, havia vários alunos visitando a
escola, pois como já tivessem saído dela, sentiam muita saudade da
professora.
143
maior diluição do profissionalismo necessário à prática administrativa. À
medida que a escola é administrada por uma equipe diretiva, e se busca a
construção de um trabalho em equipe integrado, não fica muito claro qual
deve ser o papel da diretora. Esta tensão entre diretora/equipe diretiva,
eleição/seleção, com base no conhecimento e formação, fazem parte do
cotidiano da gestão das escolas municipais.
Esta falta de clareza sobre qual deve ser o papel da diretora em termos de
funções e atividades específicas já identificada na 1 a fase do trabalho
(Castro et al., 1997) e em estudo anterior (Castro, 1995) no qual se
constatou o baixo nível de profissionalismo das diretoras de escolas
estudadas. Estes dados dificultam a maior valorização e avaliação do
trabalho da diretora de escola. Sua necessidade de formação e
desenvolvimento profissional vão depender de todo este processo, bem
como a definição e valorização social do processo educativo. Como o
trabalho do professor e do educador não recebem as mesmas
recompensas obtidas em outras atividades profissionais, tais como recursos
financeiros e prestígio, o da diretora de escola tenderá a ser um trabalho
não valorizado e recompensado socialmente. Apesar disto, observou-se
que existe uma dimensão muito rica, humana e afetiva no trabalho da
diretora da escola, o que faz com que ele seja estimulante e permita que a
diretora enfrente os desafios cotidianos com esperança e perseverança.
144
O ponto a enfatizar aqui é que a identidade ea caminhada de cada
instituição são elementos importantes a ser considerados na gestão da
escola, incluindo que expectativas foram construídas historicamente, como
a escola percebe a si mesma, e como é percebida socialmente. A questão
da identidade está ligada com os processos e projetos pedagógicos da
escola. Por exemplo, um estabelecimento de ensino que se preocupa em
atender às necessidades de seus alunos, e se for localizada em zona de
periferia, procurará oferecer diferentes tipos de serviços e atendimentos
sociais aos seus alunos.
145
Nas comunidades mais carentes, a escola aparece como uma instituição
mediadora que faz a ligação com outros recursos e serviços oferecidos pela
sociedade. Enfatizamos aqui o papel de assistência social da escola, a
questão da merenda, o fato de a escola ter de atender ao aluno em sua
totalidade, tal como ele se apresenta na realidade, com toda sua
diversidade e carência (Codo, 1999). Aparece, aqui, o problema do burnout
e da preparação dos professores para lidar com a questão social, tal como
ela se expressa no interior da escola. São questões fundamentais, para a
gestão escolar, discutir e lidar com a diversidade da clientela. Questiona-se
a prática assistencialista da escola que mantém o aluno em um ambiente
de cuidado: por um determinado período de tempo, talvez tenhamos que
concordar com o professor José Camilo dos Santos Filho, 3 quando ele diz
que se a merenda escolar atrai alunos, devemos oferecer o máximo deste
caráter assistencialista para garantir que as crianças venham para a escola.
Assim, em vez de questionar o caráter assistencialista da escola, que se
sobrepõe ao seu papel educacional, ele parece ser uma condição
necessária e anterior à questão educacional.
146
com carências afetivas, etc., assim não é um problema dele.
147
para as universidades locais, e até quando há convênio com a prefeitura e
a universidade. O relacionamento pode incluir partidos políticos, uma vez
que o SME é geralmente indicado, politicamente, pelo prefeito. Este
relacionamento pode também estar associado à discussão da lei de eleição
de diretoras, que é uma questão que está sendo discutida em muitos
municípios.
As relações com o conselho escolar, quando ele existe pois a maioria das
escolas estudadas em âmbito municipal não havia estruturado ainda o seu
conselho, são novas e estão em processo de definição. Como indicou
Werle (1997) em seu estudo sobre conselhos escolares estaduais do Rio
Grande do Sul, estamos construindo, através da prática, um espaço de
participação que nem sempre é bem aproveitado. As relações com o
Conselho de Pais e Mestres e com as novas propostas futuras de Conselho
Escolar são uma preocupação constante das diretoras entrevistadas: como
agilizar o Conselho de Pais e Mestres de forma autônoma e criativa, no
interior da escola. A relação com a comunidade é um fator importante de
redimensionamento da gestão escolar, expresso em algumas escolas onde
encontramos parcerias inesperadas entre empresas locais e escolas. A
empresa, com uma contribuição mínima em termos de recursos, tornava a
escola tão equipada, como a escola central, que atendia aos alunos de
classe média e recebia bastante apoio dos pais. A diretora solicitava à
empresa recursos para o que se fazia necessário, e a empresa
complementava os recursos. A escola possuía som, um auditório com
cortinas e condições de realizar reuniões, formaturas e encontros.
As relações com os pais parecem ser a questão mais importante, pois elas
148
aparecem na análise macro, assim como na micro, indicando que a
participação dos pais é fundamental para que a tarefa educativa se realize
plenamente. Caberia ainda comentar as relações com o Conselho
Municipal de Educação, que está em processo de construção, pois muitos
dos municípios estão ainda definindo seu Conselho Municipal de Educação.
Um ponto comentado foi que os líderes comunitários tendem a se repetir
em vários contextos e aparecem na direção das escolas, no Conselho
Municipal e em diferentes atividades na comunidade.
149
trabalharmos com a questão afetiva e com esperança parece ser uma
necessidade dos educadores de uma forma global.
150
questões pedagógicas e a educação oferecida pela escola. Quando as
condições materiais e físicas de financiamento da escola estão em melhor
nível, observa-se que as diretoras conseguem se dedicar às questões
pedagógicas e realizar um trabalho de liderança educacional.
151
Esta visão da gestão da escola como uma interpenetração dinâmica e fluida
de vários níveis é uma tentativa de dar conta da complexidade desse
trabalho, pois entram em jogo as características pessoais da diretora, o
contexto da escola como instituição, suas relações com outras instituições e
com o contexto social mais amplo. As pré-categorias agrupadas são uma
indicação do que ocorre na realidade. A dinamicidade, multicausalidade e
interatividade dos diferentes fatores e dimensões descrevem um processo
complexo e dinâmico.
Pelos limites deste artigo, discutiremos os temas comuns nos dois tipos de
análise: as relações com os pais e com a Smed, eo papel e liderança da
diretora. A análise destas categorias deverá servir como exemplo da
complexidade, riqueza e interface entre os diferentes fatores, afetando e
dando forma a práticas administrativas das escolas municipais do Estado
do Rio Grande do Sul.
152
As relações com as pais aparecem como um tema relevante. Tanto na
análise macro, como na análise micro, o contato com os pais e a
participação destes na educação de seus filhos parece ser um elemento
central para as diretoras das escolas estudadas. Várias dimensões são
identificadas em termos das relações com o pais. A classe social de origem
dos pais parece determinar formas diversas de relacionamento com a
escola, uma vez que pais de classe média tendem a se interessar e
acompanhar o que ocorre na escola que seus filhos freqüentam. Essa idéia
de cuidado, em relação aos filhos, uma diretora expressa claramente:
Tu tens que acompanhar o que ela está fazendo. O que ela está dando de
comer, que horas está trocando a fralda, a mesma coisa deve ser feita em
relação à escola (Entr. 2, p. 11).
Os pais tendem a se preocupar com o que ocorre com seus filhos e não
com o que acontece na escola, querem conhecer e saber sobre o trabalho
dos seus filhos na escola. A diretora coloca esta perspectiva dizendo:
É, a maioria dos nossos pais, 70% dos nossos pais, eles são mais
preocupados em ser bem recebidos na escola, que o professor ou que a
diretora sentem com eles e conversem, do que saber se o professor ou a
diretora tem pedagogia.
Para o pai, isso não é primordial, ele quer saber do filho dele e do trabalho
na escola e, de preferência, da forma mais simples que tu puderes passar
(Entr. 4, p. 6).
153
pais trabalha, é muito difícil esta participação. As diretoras comentam a
dificuldade de conseguir que os pais participem:
... Se é uma reunião do geral, dos problemas da escola, é mais difícil... eles
são mesmo pobres, o nível não é muito alto. Eles trabalham muito, então
para sair, às vezes o trabalho não é nem aqui perto, é longe, têm de faltar
ao serviço (Entr. 8, p. 4).
154
atendimento necessário. Em alguns casos, as mães matriculam crianças
com sérios problemas e deficiências na escola regular, e tem de
ser feito todo um trabalho de preparação para que esta criança receba o
atendimento adequado:
Os pais vêm quando tu ligas e chamas: Olha, teu filho está se sentindo mal,
ou ele está com dor de cabeça, ou ele precisa.... Os pais vão buscar.
Agora, aqui se nós fizéssemos isso, seria uma ofensa. Aqui é conosco, não
importa o cargo, diretora ou supervisora, alguém tem de tomar as devidas
providências. E também não pergunta se tem gasto ou não tem gasto. Isso
é problema que a escola tem de resolver (Entr. 5, p. 11).
155
O adolescente é diferente, mas aqui nós estamos falando de menores e daí
o pai chega aqui e diz assim: A senhora faz o que quiser com ele, eu não
sei o que vou fazer com ele. Mas não é assim, a escola não tem essa
função. Eu acho que isso daqui é de casa, a gente dá instrução, também dá
educação, mas não é nesse sentido, porque eles realmente permitem uma
abertura tão grande que depois não tem como...(Entr. 10, p. 2 e 3).
156
funcionamento da escola, visando ao melhor uso dos recursos, diminuindo
em 50% as despesas com transporte e resolvendo de alguma forma o
problema de vagas, pois esta política duplicava o número de espaços
disponíveis. Como isto afetava diretamente a vida familiar, parece ter
ocorrido uma certa resistência. A secretária da escola coloca: De início, a
diretora fez reunião com os pais, antes de começar o turno integral. Eles
estavam assim, também achando muito difícil, que não ia dar certo, com
pensamento negativo (Entr. 19, p. 3). A secretária comenta que depois de
um certo tempo de funcionamento, os pais estão mudando de opinião: Mas
agora, na reunião do segundo bimestre, já tem pais que estão gostando.
Sempre tem uns que ainda ficam assim meio em dúvida.
157
diretoras entrevistadas:
A gente faz os projetos, mas a gente tem que levar ao conhecimento para
trabalhar junto. Não é a escola isolada, são as escolas do município, então
tudo que tem de novidade elas passam para as escolas e a gente sempre
tem um novo projeto e quer implantar na escola. Mas é tudo em conjunto
(Entr. 3, p. 4).
A proximidade entre a Smed e as escolas da rede faz com que exista uma
boa comunicação, as diretoras em geral conheciam os projetos do
município e não havia projetos desconhecidos.
158
A política do município é assim, quadro de pessoal enxuto. E o quadro de
pessoal enxuto significa pessoas... Então não tem alguém que esteja lá que
não esteja ocupada todo o tempo. Não tem gente ociosa nem um minuto.
Isso é a política do município. Isso não é só na escola, também é na
administração. O quadro é superpequeno, exige-se muito trabalho, e o
pessoal está sempre lá. Há uma cobrança, porque aqui todo mundo se
conhece... As coisas têm de andar (Entr. 5, p. 8).
159
setembro...
Eu ainda tenho dois filhos que são adolescentes, o meu marido é uma
pessoa compreensiva, é calmo, mas eu vivo mais pra escola do que pra
minha família. Porque eu me envolvo muito com a comunidade, sabe.
Dentro desse papel de direção, uma outra coisa de que se tem falado muito
é essa questão do relacionamento. Tu vais lidar com pessoas diferentes, tu
vais lidar com anseios diferentes, objetivos e propostas diferentes, tu vais
ter que gerenciar tudo isso e, às vezes, nem todo mundo vai estar satisfeito
com aquelas atitudes que tu vais tomar, mas é aí que eu acho que está a
questão da administração do profissionalismo, à medida que tu fazes aquilo
não de forma pessoal, mas de forma profissional, as pessoas tendem a
aceitar (Entr. 16, p. 3).
A diretora é aquela pessoa que tem de ter jogo de cintura, que sabe dançar
conforme a música, que é capaz de fazer a ligação entre os diversos
160
membros da escola. Uma das diretoras coloca que ela foi escolhida
exatamente por sua habilidade de mediatizar:
161
principalmente, nós aqui que somos um município pequeno. Então, tem um
grande vínculo com a Igreja, a gente está sempre integrado a tudo, Igreja,
CTG (Centro de Tradições Gaúchas), Clube de Mães, etc.(Entr. 4, p. 3).
162
acentuam os perigos de uma única resposta ou uma única forma de ser
democrático, considerando a complexidade e interatividade dos fatores que
dão forma à ação das diretoras.
Hoje a diretora de escola não é aquele que senta lá dentro da sala dele e
comanda uma escola. Se ele não souber trabalhar o grupo, dividir as
tarefas com o grupo, delimitar poderes: Você faz isso, Você faz aquilo, ele
não consegue administrar uma escola. O momento, hoje, eu acho que o ser
humano não está para ser mandado. Acho que não cabe mais na nossa
época de uma diretora dizer: Não, eu mando dentro dessa escola eu faço
isso. O trabalho nosso na escola é bem como o da Elaine, se divide tudo,
se resolve junto e se arca com as conseqüências, as boas e as ruins junto
com o grupo (Entr. 6, p. 2).
163
experiência de liderança, que conduz ao crescimento na carreira do
professor, e a direção representa um avanço nesta hierarquia. Com a
eleição das diretoras em nosso contexto, parece que estamos alcançando
um trabalho mais participativo, a construção de um trabalho de equipe, mas
perdemos no profissionalismo, pois como uma diretora eleita, não está
necessariamente preparada para esta função.
164
Várias diretoras comentam o trabalho da diretora de escola é pesado e
fragmentado:
Muitas vezes a gente acaba sobrecarregada, o primeiro ano para mim foi
bem mais fácil, o ano passado foi bem mais difícil. Faltou funcionário e tu
tens que limpar banheiro, fazer merenda, então acaba acumulando muita
coisa, eu atendia na biblioteca, não tinha supervisora na escola, nem apoio
pedagógico. Eu me preocupava com isso, em auxiliar os professores;
realmente é muita coisa; quando tu vai te dedicar para aquilo ali parece que
tu nem tem mais resposta, mas tu acabas deixando coisa por fazer. Mas os
de fora não sabem, eles vão te julgar pela tua função e não pelo que tu
fazes a mais, eu imagino assim (Entr. 2, p. 10).
165
O depoimento mostra a importância do trabalho da diretora como
educadora, capaz de acolher o aluno em sua totalidade, de forma
persistente e com esperança. A mesma diretora completa a idéia: E hoje
ele é alguém. Ele poderia ser mais um...
Então, às vezes, eu fico com as gurias assim, quando tem aqueles alunos:
Pense
naquele aluno que era assim. Pense naquele outro que era assim e que
mudou (Entr. 6, p. 14).
Este artigo realizou uma análise preliminar dos resultados de pesquisa com
as diretoras de escola municipal, apresentou quatro dimensões que dão
forma ao processo administrativo nas escolas estudadas. A dimensão do
papel da diretora, associada à dimensão da escola como instituição, suas
relações interinstitucionais e as relações com o contexto social mais amplo,
de forma dinâmica, complexa e interativa. Na segunda parte, analisou
alguns dos temas emergentes nestas dimensões como as relações com os
pais, as relações com a SMED e o papel e liderança da diretora.
166
REFERÊNCIAS
167
DOURADO, Luiz Fernando. A escolha de dirigentes escolares: políticas e
gestão da educação no Brasil. In: FERREIRA, Naura S. Carapeto (Org.).
Gestão democrática da educação : atuais tendências, novos desafios. São
Paulo: Cortez, 1998. p. 77-96.
168
action. New York: Basic Books, 1983.
YIN, Robert. Case study research. Newbury Park, CA: Sage, 1989.
AUTONOMIA DA ESCOLA E DEMOCRATIZAÇÃO DE SUA GESTÃO:
novas demandas para o gestor
169
autonomia da escola e a democratização de sua gestão demandam sua (re)
construção teórico-prática, o que se constitui uma reinvenção da educação.
Esta reinvenção, em especial, da dimensão administrativa da educação,
funda-se: na evolução sociohistórica da produção de bens materiais e da
base material das relações entre os povos, grupos e pessoas e n na
evolução teórico-prática da educação.
170
configurações. A evolução lenta e gradual parece que vem de encontro a
seus próprios limites. Novas demandas surgem para a gestão escolar, em
decorrência da necessária autonomia e democratização de sua gestão.
171
relações de parceria e aptidões cognitivas avançadas estão se tornando
exigência para todos os participantes do processo, devido às inovações e
ao necessário trabalho em equipe, nos setores de ponta da produção.
172
Por muito tempo, a base dominante das relações entre as pessoas foi a
força física. As relações fundadas na força física fazem com que as
pessoas imponham sua vontade a outros com base na ameaça,
respaldadas no poder de castigar, porque detêm a força.
Embora a força ainda seja a base das relações, em muitos casos ela não é
mais a base dominante. A riqueza foi se impondo como base mais
avançada para fundar as relações sociais. Primeiro, porque a riqueza pode
potencializar a força, pode comprá-la e pô-la a seu serviço. Segundo,
porque a riqueza é uma base qualitativamente superior. Enquanto a força
somente pode ameaçar e castigar, a riqueza pode também premiar e
recompensar. Os comportamentos são forjados pelo poder de castigar,
retirando ou diminuindo os bens de quem não age segundo as pessoas que
detêm o poder da riqueza.
173
no seu uso, o conhecimento cresce e aumenta, quando usado; multiplica-se
quando dividido. Além disto, o conhecimento não é privatizável. Os
mecanismos que procuram privatizá-lo apenas retardam sua socialização.
O conhecimento pode humanizar e emancipar.
174
práticos na área da administração educacional, entendida no sentido amplo,
compreendendo a política, o planejamento, a gestão e a avaliação da
educação.
a) Aprendência e intersubjetividade
175
Esta centralidade vem impondo a necessária ampliação da autonomia da
escola e da democratização de sua gestão.
176
Aristóteles afirmou que nada está no intelecto que primeiro não tenha
estado nos sentidos. Na aprendizagem por maturação, acreditava-se que o
saber era inato, que a pessoa o trazia consigo de berço. A aprendizagem
consistiria na explicitação do que já existia no interior do indivíduo. Sócrates
assim definia este processo: conhece-te a ti mesmo.
177
concepção inatista ou heteronômica de aprendizagem, potencializam a
negação da educação para a maioria e o crescimento do abismo entre os
que têm acesso e os excluídos. E, numa concepção construtivista,
constituem importantes apoios para a universalização da aprendência e da
prática educativa emancipadora.
178
O movimento teórico-prático da administração da educação
179
gestão democrática.
180
ao movimento ou fenômeno educativo brasileiro, a teimosia em sustentar
conceitos esvaziados do real ou a configuração da compreensão do real a
estes conceitos são sintomas da infecundidade do pensamento crítico e
progressista.
181
desta nova perspectiva teórica, a prática do administrador escolar
continuava a ser compreendida como uma prática social específica, distinta
da prática educativa, com o objetivo de apoiar e dar condições para o
funcionamento da prática educativa.
182
Competências e formação para a gestão da escola
Competência necessária
183
Este elemento da educação do gestor implica ou constitui-se pelo
desenvolvimento do conhecimento e produção de habilidades. O
desenvolvimento do conhecimento e da produção de habilidades não é
anterior à ação, mas se realizam na própria ação. Somos tratores que nos
construímos no próprio ato da lavração. O objetivo da formação do gestor
da educação é o desenvolvimento do conhecimento e das habilidades, que
o qualificam como coordenador. Para tanto, na sua formação, tanto
universitária quanto em serviço e permanente, é necessário construir
ecologias cognitivas, meios desafiadores, para impulsionar o processo
metanóico, na autopoiese socioindividual da sua inscrição histórica e
humana.
184
contextos socioinstitucionais específicos e determinados. O reconhecimento
das demandas educacionais, como também das limitações, das
possibilidades e das tendências deste contexto histórico, no qual se produz
e se trabalha o conhecimento, é fundamental para o seu impacto e o
sentido da prática educativa e para sua qualidade.
Conclusão
185
conjunto da prática educativa, os gestores das unidades escolares têm
necessidade de conhecimentos específicos, de tirocínio lingüístico-
comunicativo e competência para inscrição histórica.
REFERÊNCIAS
Paulo
Reis
Vieira
186
Introdução
Iniciando a Reflexão
187
Já não basta explicitar que administrar significa adequar meios a fins para
garantir eficiência de procedimentos e eficácia de resultados.
188
Construindo a Interrogação
189
Linhares (s.d.), ao chamar a atenção para a liberdade a ser assegurada em
educação, enfatiza-a na relação docente-discente em sala de aula. O
autoritarismo tem de ser substituído, nesse espaço, por uma constante ida
e volta entre os atores do processo.
Explicitando a Relevância
190
Desenhando os Caminhos Percorridos
Para construir essa ponte torna-se necessário uma imersão nos conteúdos
libertários da educação e da administração para, em seguida, destacar-lhes
as convergências óbvias e não óbvias.
191
Em linguagem fenomenológica, já nos apropriamos do conceito de educar
que vai além de desenvolver educandos em seus aspectos físicos,
intelectuais, morais e espirituais.
Sintamos um educando:
―O estilo das aulas apresentadas pelo professor foge dos padrões e para
melhor. A constante interação entre o professor e a turma proporcionou que
os participantes refletissem com muita propriedade sobre os temas. A
atenção do conteúdo das aulas foi muito grande.‖
192
Orientação em substituição à dirigibilidade constitui o terceiro eixo
essencial. Não se trata de simples diabrura semântica; dirigibilidade implica
dirigir em que se subentende forte relação de poder entre o educador,
dirigente do processo educacional, e o educando, seu objeto e também
sujeito na interação tradicionalmente estabelecida. Assim, importa,
sobremaneira, que o aluno seja o sujeito do processo.
193
Professores como ele é que fazem a diferença no ensino, na troca, na
aprendizagem e no sucesso da carreira de um profissional.‖
Construtivismo em Resumo
194
transmissível, concretizado sempre de fora para dentro em toda e qualquer
situação e nível de ocorrência, ao passo que a teoria educacional moderna
baseia-se em visão construtivista do conhecimento em que a aprendizagem
se constrói, de dentro para fora, intransferível e, principalmente, em busca
da liberdade e emancipação do humano do ser.
195
transformação global do homem e da sociedade.
Administração e Educação
196
processos de modelagem organizacional; processos decisórios capazes de
contemplar, além do racional, o não-racional nas escolhas realizadas por
indivíduos, grupos e organização; visão estratégica de missões, objetivos e
cenários futuros; busca e manutenção de valores que, alicerçados no bem
comum, assegurarão participação e liberdade na vida social.
197
valores pó intermédio de ações educacionais que não só permitirão
ambientes organizacionais em que o indivíduo poderá atuar em sua
plenitude, como também habilitarão as organizações a contribuir na
construção de sociedades mais justas. Dessa forma, a compreensão de
como os valores individuais condicionam decisões e ações nas
organizações a partir de sua construção, descontrução e reconstrução é de
fundamental importância.
198
liberdade e solidariedade, aqui considerados valores universais inerentes à
condição humana e, consequentemente, buscados por indivíduos,
organizações e segmentos da sociedade.
199
estado só se concretiza quando e se os valores se referem a liberdade e
solidariedade.
Com base nisso, tomemos como exemplo o crescente interesse pelo que
se tem denominado universidade/educação corporativa, como instrumento
capaz de formar indivíduos aptos a intervir em sua realidade de trabalho.
Tal interesse tem se justificado a partir da própria crítica ao sistema
universitário existente.
200
O mesmo tem ocorrido nas universidades públicas ou particulares. Isso,
porém, não constitui barreira às práticas educacionais libertária, desde que
venham a predominar no processo educacional, nas relações educador-
educando dentro e fora dos espaços formais de aula, e nos valores
inerentes à condição humana: liberdade, solidariedade e autonomia.
201
de gestão no espaço educacional, em que igualmente se preserva a
liberdade. Esse modelo deverá basear-se em algumas diretrizes que aqui
podem ser enunciadas.
É importante frisar que o modelo aqui proposto poderá correr o risco, como
tantos outros, de ser implementado de modo mecanicista. Para que isso
não ocorra, múltiplos atores do processo educacional e de gestão terão de
construir e preservar continuamente valores essenciais ao ser humano.
Assim, assegurando o essencial do humano do ser.
202
O Caso da SME
203
Dentre essas questões surgem dramaticamente:
204
A dificuldade de participação dos diversos atores sociais nas
decisões do cotidiano escolar em virtude, em grande parte, da
cultura centralizadora e predominantemente autoritária da
sociedade brasileira, fruto das poucas experiências democráticas
vividas pela sociedade, mesmo em unidades escolares onde já se
instala processo eleitoral democrático, nas quais ainda se observam
comportamentos semelhantes aos do processo eleitoral brasileiro.
Neste trabalho, o óbvio torna-se ainda mais óbvio: mais difícil que construir
o presente é desconstruir o passado. Perpetua-se a indagação: Por que
essa dificuldade? Que múltiplas causas levam a esse obstáculo? Que
estratégias têm sido utilizadas para superá-la?
206
Além das Convergências à Guisa de Conclusão
Ainda mais, e quiçá, principalmente, não é ele quem se comunica com seus
subordinados, dando-lhes ordens sem se aperceber da importância do
impacto ao fazê-lo ou ao contrário orientando-os e influenciando-os em seu
crescimento profissional e pessoal? Por tudo isso, não há como se
dissociar a administração da educação.
207
Assim, à guisa de conclusão, o que realmente importa, seja na
administração ou na educação e na integração das duas ciências é a
prática da liberdade.
REFERËNCIAS
208
_____________ Educação como prática da liberdade. Rio de janeiro:
Ed. Paz e Terra S/A, 1996.
KIDDER, R. Shared values for a troubled word. San Francisco: Jossy Bass,
1994.
209
inovar. Rio de Janeiro: Quality Mark, 1997.
210
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo,:Martins Fontes,
1995. Educação & Sociedade
doi: 10.1590/S0101-73301999000300012
Leda Scheibe*
211
Educação, diretrizes curriculares
Introdução
212
Há hoje um conjunto significativo de alterações no ensino superior brasileiro
– que abrange desde o processo de transformação das instituições de
ensino superior em organizações sociais, ou seja, em entidades públicas de
natureza privada, até a implementação de uma série de medidas de ordem
legal tais como o congelamento de salários, escolha de dirigentes das
universidades, procedimentos para os processos de avaliação dos cursos e
das instituições de ensino superior – que é conseqüência de uma ação
coordenada com o Congresso Nacional, no sentido de garantir a
implementação da LDB, em especial de aspectos que constavam no projeto
da LDB de Darcy Ribeiro.
213
para cada setor. Destaque-se aí a questão da formação de professores.
Estabeleceu-se como locus privilegiado para essa formação o nível mais
baixo da hierarquia. Um caminho que, independentemente do setor ao qual
se vincula (público, particular, comunitário), deverá ser o menos oneroso.
214
formação, a base comum nacional". A lei, portanto, não extinguiu o curso de
pedagogia. Fica, porém, a questão de como interpretar o curso de
pedagogia de agora em diante, se esse curso passou, sobretudo nos
últimos anos, a formar justamente o professor para as séries iniciais do
ensino fundamental e para a educação infantil?
215
A concepção dicotômica presente no modelo anterior permaneceu na nova
estrutura, assumindo apenas uma feição diversa: o curso foi dividido em
dois blocos distintos e autônomos, desta feita, colocando de um lado as
disciplinas dos chamados fundamentos da educação e, de outro, as
disciplinas das habilitações específicas. O curso de pedagogia passou
então a ser predominantemente formador dos denominados "especialistas"
em educação (supervisor escolar, orientador educacional, administrador
escolar, inspetor escolar, etc.), continuando a ofertar, agora na forma de
habilitação, a licenciatura "Ensino das disciplinas e atividades práticas dos
cursos normais", com possibilidade ainda de uma formação alternativa para
a docência nos primeiros anos do ensino fundamental.
216
educacionais;
217
uma profissionalização insatisfatórios para realizar uma tarefa efetivamente
educativa:
Nos debates sobre o curso de pedagogia que vêm ocorrendo desde o final
da década de 1970, uma temática central sempre esteve em foco: a
questão da base comum nacional. Essa expressão foi cunhada pelo
Movimento Nacional de Formação do Educador, e explicitada pela primeira
vez no Encontro Nacional para a "Reformulação dos Cursos de Preparação
de Recursos Humanos para a Educação", realizado em Belo Horizonte, em
novembro de 1983,1 justo no momento em que as forças sociais
empenhadas na luta pela redemocratização do país estavam se
organizando em todos os campos, inclusive no campo educacional. Aliás, é
bom lembrar que, após as eleições de 1982, alargava-se o anseio por
participação entre os educadores, e diversas experiências de participação
passaram a ocorrer em vários estados e municípios, a exemplo do I
218
Congresso Mineiro de Educação, do I Encontro de Professores de Primeiro
Grau do Estado do Rio de Janeiro e do Fórum de Educação do Estado de
São Paulo. No plano nacional, os educadores engajavam-se na luta pela
reformulação do curso de pedagogia e das licenciaturas, contrapondo-se à
imposição de reformas definidas nas instâncias oficiais.
219
e político, reduzindo-a ao cumprimento de suas funções técnicas" (pp. 147-
148).
Registre-se que nessa mesa-redonda foi pela primeira vez expresso esse
princípio norteador da formação do educador através da Conarcfe, tendo
sido objeto da seguinte manifestação:
Essa questão foi retomada na primeira avaliação pública feita pela Conarfce
concernente ao movimento, durante a 36a Reunião da SBPC, em 1994,
ocasião em que se apontavam os diversos entendimentos sobre a base
comum nacional:
220
capacidade crítica do educador, em face da realidade em que vai atuar.
Para efetivá-la, sugerem-se `linhas de ação' comuns a todas as
licenciaturas, tais como ciclos de estudos, redefinição da orientação das
disciplinas pedagógicas e de conteúdo específico, etc. (...) Seria necessário
assegurar, institucionalmente, um espaço para a sua avaliação, já que a
base comum é construída durante o processo tendo, portanto, caráter
histórico e evolutivo.
b) A base comum seria considerada como uma diretriz que envolve uma
concepção básica de formação do educador e que se concretiza através da
definição de um corpo de conhecimento fundamental. Essa concepção
básica de formação do educador deve traduzir uma visão de homem
situado historicamente, uma concepção de educador comprometido com a
realidade do seu tempo e com o projeto de uma sociedade justa e
democrática.
221
Nesse movimento nacional sempre esteve presente a idéia de que não
seria possível reformular os cursos de pedagogia independentemente das
licenciaturas, e que tal reformulação implicava profunda mudança no
próprio sistema educacional. Tal compreensão levou o movimento a uma
formulação que desde então não só tem norteado a ação da Anfope, como
constitui um fator aglutinador de educadores e instituições de ensino que se
posicionam nessa perspectiva: a defesa de uma política global de formação
dos profissionais da educação que contemple formação inicial, carreira,
salário e formação continuada.
Com isso, foram dadas as condições para uma nova formatação dos cursos
de licenciatura e de pedagogia, com sérias implicações para a formação
qualificada de professores e demais profissionais da educação. No caso do
curso de pedagogia, rompe-se, na prática, com a visão orgânica da
222
formação docente que vinha sendo construída no país nas últimas décadas.
Acentua-se, por imposição legislativa, a dicotomia entre a formação para
atuar na educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental e a
destinada às séries finais desse nível de ensino e do ensino médio. Impõe-
se tal dicotomia no interior do locus de formação dos profissionais da
educação, além de se atribuir aos institutos a prerrogativa da formação dos
professores no setor privado. Com isso, aplaina-se o caminho para o
esvaziamento do curso de pedagogia e para o sucesso das propostas que
visam dele retirar a base da docência, transformando-o na prática em um
bacharelado.
223
Provavelmente, diante desse quadro, pouco adiantará a oferta de melhores
cursos pelas universidades públicas, em especial pelas federais, com
tempo suficiente para uma formação qualificada, tendo em vista que os
estudantes não resistirão ao fato de que seus colegas poderão diplomar-se
até mesmo na metade do tempo, em cursos semelhantes, com a
possibilidade de ingresso mais cedo no disputado mercado de trabalho.
Dessa forma, o provável esvaziamento e a baixa demanda por tais cursos
constituirão os fatores determinantes para a retirada das universidades
públicas desse campo da formação dedicando-se, prioritariamente, a outras
áreas profissionais tidas como mais nobres e promissoras. Confirmando-se
tal hipótese, disso resultará o rebaixamento da qualificação dos docentes
da educação básica, alijados de centros importantes de produção dos
conhecimentos científico-tecnológicos, situação certamente não
evidenciada nas estatísticas que o governo poderá apresentar aos credores
internacionais. Os prejuízos acadêmicos que poderão advir a toda uma
geração de alunos da escola básica constitui motivo suficiente para que as
forças organizadas da sociedade tentem reverter tal processo, influindo nos
rumos desses institutos.
224
que vêm ocorrendo no mundo da produção e do trabalho e nas formas de
sociabilidade vigentes.
Por outro lado, a crítica produzida nos últimos anos bem como as
experiências curriculares implementadas contribuíram decisivamente para a
reformulação de muitos cursos, atualizando-se conteúdos e introduzindo-se
novas perspectivas. Certamente, esse é um dado importante para qualquer
avaliação ampliada que se faça a respeito. Vale também ressaltar que são
vários os projetos de novos cursos de pedagogia encaminhados a
SESu/MEC que apresentam componentes curriculares inovadores e
contemporâneos. No entanto, tal tendência, que começou a se configurar
nas propostas de abertura de novos cursos ou mesmo no processo de
reconhecimento, corre o risco de ser descaracterizada por iniciativa do
próprio MEC e do CNE, em decorrência da nova situação criada pelos
Institutos Superiores de Educação e da suspensão da análise dos
processos dos cursos de pedagogia voltados para a docência. Observadas
as conseqüências dessas medidas, verifica-se que as instituições de ensino
superior foram induzidas a apresentar propostas curriculares que
contemplem as antigas habilitações em detrimento da formação docente,
como forma única de obter aprovação de seus cursos nas instâncias
oficiais.
225
na gestão de sistemas, unidades e projetos educacionais e na produção e
difusão do conhecimento, em diversas áreas da educação, tendo a
docência como base obrigatória de sua formação e identidade profissional".
Assim, esse pedagogo poderá atuar na docência na educação infantil, nas
séries iniciais do ensino fundamental e nas disciplinas de formação
pedagógica do nível médio. E ainda na organização de sistemas, unidades,
projetos e experiências educacionais escolares e não-escolares; na
produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo
educacional; nas áreas emergentes do campo educacional.
226
2. os conhecimentos didáticos; as teorias pedagógicas em
articulação com as metodologias; tecnologias de informação e
comunicação e suas linguagens específicas aplicadas ao ensino;
227
atendido o prazo mínimo, estabelecido pela instituição, para a conclusão do
curso" (idem). Para tanto, podem ser reconhecidos diversos tipos de
atividades, a saber: monitorias e estágios; programas de iniciação científica;
estudos complementares; cursos realizados em áreas afins; integração com
cursos seqüenciais correlatos à área; participação em eventos científicos no
campo da educação; outros" (idem).
228
primeiros anos do curso, configurando a prática pedagógica necessária ao
exercício profissional.
Para concluir...
229
(Idem, p. 17)
Quais são as forças que é preciso conciliar? Aprovou-se na nova LDB duas
proposições fundamentais para o atual embate: a primeira diz respeito à
necessária formação do professor em nível superior; a segunda refere-se à
criação dos cursos normais superiores. A primeira proposição, sem dúvida,
atende a reivindicações do movimento dos educadores por melhor nível e
qualidade na escolarização brasileira. A segunda proposição baseia-se
numa indicação vinculada à distinção inédita estabelecida para o ensino
superior brasileiro, já referenciada nesse texto, quanto à organização
acadêmica desse ensino. O ensino superior estrutura-se hierarquicamente;
vamos conviver com diferentes categorias de ensino superior, certamente
vinculadas à valorização profissional. A formação de professores através
dos Institutos Superiores de Educação e do Curso Normal Superior como
curso fundamental destes Institutos estrutura-se num patamar de menor
valorização. À intenção de melhor qualificação do professor, tornando-a
competência do ensino superior, acoplou-se a possibilidade de redução
desse nível de ensino não apenas no seu tempo de integralização, mas
também nas qualificações para a sua realização.
230
superar a dicotomia que desvincula teoria e prática, pensar e fazer,
conteúdo e forma na área do conhecimento e da prática educacional.
Notas:
231
The formation of the education professional in Brazil: The Pedagogy
Course in question
Bibliografia
Associados, 1998.
232
http://lite.fae.unicamp.br/anfope
1999b.
Artmed, 1998.
233
Print version ISSN 0101-7330
Tizuko
Morchida
Kishimoto*
234
A formação profissional para a educação infantil ressurge com o clima
instaurado após a Constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do
Adolescente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Lei
Orgânica de Assistência Social. Tais dispositivos inserem a criança de 0 a 6
anos no interior do sistema escolar, na educação básica, garantindo o
direito da criança à educação e, conseqüentemente, impondo ao Estado a
obrigatoriedade de oferecer instituições para essa faixa etária. A urgência
em integrar o cuidado e a educação, buscando dar continuidade à formação
da criança em instituições diversas – como creches, pré-escolas, classes
de alfabetização, centros de educação infantil, centros de recreação, casas
de infância, entre outras – que convivem neste país continental com
profissionais que dispõem, ainda, de precária formação, com grande
contingente de leigos, desnuda a premência de reformas institucionais e
preparo dos profissionais.
235
Formação de professores em classe de alfabetização - 19982
236
A formação de profissionais de educação infantil começa a ser discutida,
com maior vigor, neste final de milênio, em virtude das especificações da lei
9394/96, que propõe em seu artigo 87, § 4o: "Até o final da Década da
Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível
superior ou formados por treinamento em serviço".
237
necessárias ao educador no interior do quadro curricular, além da
premência em romper práticas tradicionais que separam a teoria da
prática?
238
trata de sua natureza: se deve formar especialistas ou professores, ou
seja, se a pedagogia tem afinidades com ciências da educação e,
portanto, restringe-se ao aprofundamento de estudos na área ou se
envolve também questões de formação docente.
Quadro 1
239
Desde os anos 30, duas universidades já ofereciam cursos em nível
superior para profissionais de educação infantil: a Universidade Federal do
Rio de Janeiro, com a licenciatura em educação pré-escolar em 1931, e a
Universidade Federal do Paraná, em 1938.6
240
Biarnès (1998), professor titular de ciências da educação da Universidade
Paris-Norte justifica a necessidade desse modelo de formação que
relaciona a cultura geral à profissional, ou seja, o bacharelado à
licenciatura, que propicia diversidade e construção conjunta de saberes
entre especialistas e generalistas. Entende que dentro de estruturas
universais do pensamento somente a multiplicidade de estratégias de
apreensão de saberes, subsidiada pela diversidade do espaço pedagógico,
poderá garantir ações criativas e a qualidade do processo ensino-
aprendizagem. A interdisciplinaridade das ciências da educação, típica da
pedagogia, instala a diversidade necessária ao espaço pedagógico,
caracterizando a ligação indissolúvel entre o aprender e o ensinar,
referência que não pode ficar ausente do processo de formação profissional
(Biarnés 1999, p. 323).
241
para crianças pequenas. O jardim-de-infância anexo à Escola Normal
Caetano de Campos, em São Paulo, criado em 1896 como escola-modelo
destinada ao estágio, permaneceu modelo de si própria pelo menos durante
três décadas pela inexistência de similares (Kishimoto 1988). Nas duas
décadas posteriores, instituições públicas e particulares asseguram a
formação profissional em nível superior.
242
notadamente o estadual e o federal, continua a aumentar a oferta. O
crescimento é retomado na década seguinte, com 15 novos cursos sob a
responsabilidade de setores privados.
Quadro 2
243
O fenômeno da habilitação integrada inicia-se com as discussões para
formar conjuntamente professores da antiga escola primária, pré-escola,
escola maternal e jardim-de-infância. Desde os anos 30, na época em que
poucas instituições formavam o professor de educação infantil, era o Curso
Normal, em nível médio, que habilitava o profissional para atuar no ensino
primário (7 a 10 anos), jardins-de-infância (3 a 6 anos), escolas maternais
(2 a 3 anos), classes pré-escolares (6 anos) anexas a grupos escolares e
também nas creches (0 a 6 ou até 10 anos ou mais). Nessa época, embora
com justificativas que precisam ser mais bem investigadas e com projetos
pedagógicos desconhecidos, já tínhamos o profissional destinado a atuar
na faixa etária de 4 a 10 anos.
244
Certamente, as experiências de países nórdicos – nos quais o
desenvolvimento infantil, a socialização da criança pequena e as múltiplas
relações propiciadas pela diversidade de faixas etárias integram o cuidar e
o educar – constituem outros fatores estimulantes para a instalação de tais
cursos.
Quadro 3
245
A listagem de cursos do Banco de Dados utilizado menciona sempre
licenciatura em magistério do pré-escolar à 4a série do 1o grau, indicando
que a faixa etária de 0 a 3 anos ficou marginalizada nesse processo de
formação profissional, em analogia às creches que só recentemente foram
incorporadas ao setor da educação.
Não se pode dizer que o curso de pedagogia não tem uma identidade. Essa
246
identidade que assegura a formação docente paralelamente às outras
funções do campo pedagógico foi construída desde sua origem e
reafirmada hoje pelas Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia, de
maio de 1999. A própria LDB, no artigo 67, parágrafo único, referenda esse
pressuposto: "A experiência docente é pré-requisito para o exercício
profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das
normas de cada sistema de ensino". A legislação em vigor estabelece que a
experiência docente é pré-requisito para qualquer função no magistério, ou
seja, sem a experiência docente nenhum especialista em educação pode
exercer sua profissão.
247
No que se refere à primeira justificativa, a história demonstra que a
qualificação em nível superior já vinha sendo feita desde os anos 30, pelo
curso de pedagogia. Nas últimas décadas, a pedagogia vem sendo
reformulada em processo de intensa revisão curricular, procurando ajustar
seu projeto pedagógico, tendo em vista atender a padrões de qualidade, e
a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação
(Anfope) tem conduzido esse movimento nos vários encontros nacionais
(Brzezinski 1996).
248
Hoje, a educação infantil luta para garantir um processo de
profissionalização que respeite o acesso ao ensino superior e seu gradual
aperfeiçoamento, em cursos de especialização e pós-graduação. Ora, o
normal superior, análogo às licenciaturas curtas, dificulta o acesso a outros
patamares de escolaridade superior.
249
trabalhos acadêmicos, em convênios com escolas previamente definidas e
com acompanhamento, mais uma vez estamos minando o sistema de
formação teórico-prática dos alunos. Se todo aluno faz a prática de ensino
na própria escola para aproveitar as horas que a lei oferece, instalamos,
mais uma vez, a caótica situação do individualismo, do espontaneísmo e da
prática abandonada. Torna-se inviável acompanhar cada aluno em sua
respectiva escola, em locais diferentes, com perspectivas distintas de
trabalho.
250
Política de formação profissional para a educação infantil
251
faixa etária, uma política de formação profissional deve estimular o convívio
de propostas diferentes, sem que a faina da quantidade obscureça a
qualidade dessa formação, sem que a discriminação anule a identidade do
profissional.
Notas
252
conceito A = (excelente) mínimo de 50% de doutores ou
mestres; conceito B = (bom) mínimo de 40% de
doutores ou mestres;
Anexo**
253
254
* Essas instituições aparecem duas vezes na listagem, com as mesmas
informações. Foi eliminada a repetição.
255
REFERËNCIAS
256
* Professora titular e vice-diretora da Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo. Docente e pesquisadora na área da educação infantil. Membro da
Comissão de Especialistas de Ensino de Pedagogia do SESu/MEC no período de
abril de 1998/2000. E-mail: tmkishim@usp.br
11 MUNICÍPIOS BRASILEIROS*
Nora Krawczyk**
257
RESUMO: A tendência atual das reformas educacionais, em curso nas últimas
décadas, em vários países do mundo, inclusive no Brasil, tem na gestão da
educação e da escola um de seus pilares de transformação. A posição hegemônica
nessas reformas defende o início de uma mudança radical na maneira de pensar e
implementar a gestão dos sistemas educativos concentrada, principalmente, na
instituição escolar e sua autonomia. Nesse sentido, uma das principais políticas
educacionais no Brasil é a descentralização educativa e a descentralização escolar.
Esta última promove a autogestão institucional. Pesquisas sobre as reformas
educacionais feitas em vários países indicam uma tendência à fragmentação do
sistema educativo das políticas de gestão em curso, sustentadas pelos conceitos de
autonomia, descentralização, flexibilidade, individualização, poder local etc. Nesse
sentido, a construção de uma nova institucionalização democrática da escola não se
perfila como desafio ao novo modelo de gestão educacional hegemônico. Pelo
contrário, o desafio desse novo modelo define-se como a construção de uma nova
governabilidade - entendida de forma instrumental e, portanto, como um conteúdo
eminentemente normativo e pragmático (Fiori 1995) - no interior do sistema
educativo e a contribuição da escola para a governabilidade de toda a sociedade.
Este artigo propõe-se analisar as propostas de política educacional em gestão
escolar dos governos de 11 municípios de diferentes regiões do país; e discutir a
racionalidade dessas novas formas de organização e gestão. A análise das
propostas de reforma da gestão escolar foi pautada pelo questionamento que fazem
à democracia, ao centralismo, à qualidade do ensino e ao papel dos professores e
dos outros atores educativos.
Introdução
Desde o início da década de 1980 o tema da gestão da escola e sua autonomia vem
ganhando destaque merecido nos debates políticos e pedagógicos sobre a escola
pública. No quadro da luta pela construção de uma sociedade democrática, uma das
258
grandes vitórias das escolas no campo político-educativo foi a conquista da
liberdade de ação e de decisão em relação aos órgãos superiores da administração
e a maior participação da comunidade escolar nos espaços de poder da escola, por
meio de instâncias como os conselhos de escola.
259
no 5.692/71, que propugnava a autonomia da escola e a descentralização
administrativa no âmbito da educação, princípios já registrados na Lei n o 4.024/61.
260
mercados e o desenvolvimento de novas tecnologias criaram a necessidade de dar
um novo significado à organização escolar para que a escola seja eficiente e
democrática no processo de formação do novo cidadão, o cidadão da era
globalizada.
261
e responsabilizá-las pelos resultados educativos. A inovação vem acompanhada de
políticas voltadas para a compensação das desigualdades extremas.
Esse embate se expressou, entre outros espaços, nos longos debates entre diversos
setores e entidades da sociedade civil e em negociações com o Congresso Nacional
que antecederam à promulgação, em 1996, da Lei de Diretrizes e Bases, Lei n o
9394/96 - LDB. As mudanças propostas e definidas na legislação acompanham a
tendência hegemônica mundial anteriormente explicitada e destacam três aspectos
principais: descentralização administrativa, participação da sociedade civil e
autonomia crescente dos sistemas e das escolas públicas.
262
níveis mais altos de governabilidade. Em outras palavras, estamos nos referindo às
relações de poder no interior do sistema educativo e da instituição escolar e ao
caráter regulador do Estado e da sociedade no âmbito educacional. As expectativas
oficiais em relação às mudanças da gestão do sistema e da instituição escolar, para
o conjunto de estratégias de desenvolvimento e governabilidade social e
educacional, evidenciam as relações contidas na gestão escolar.
263
"Ainda que a distância entre toda norma e sua possibilidade de realização seja
previsível, no devenir cotidiano da escola participam, também, prescrições de
diferentes ordens (no mínimo de origem administrativa, laboral e curricular) que
operam simultaneamente" (Ezpeleta 1992, p. 105). Em outras palavras, as escolas
não são uma continuação natural da ordem normativa na prática, mas realidades
complexas organizadas em torno dessa ordem.
Além disso, a gestão escolar não se esgota no âmbito da escola. Ela está
estreitamente vinculada à gestão do sistema educativo. A instituição escolar, através
de sua prática, "traduz" a norma que define uma modalidade político-institucional a
ser adotada para o trabalho na escola. Essa norma - que afeta a prática escolar e,
ao mesmo tempo, é afetada por ela - faz parte de uma definição político-educativa
mais ampla de organização e financiamento do sistema educativo. Essa perspectiva
de análise nos permite diferenciar, pelo menos, três instâncias na constituição da
gestão escolar: a normativa, as relações e práticas na escola e a gestão escolar
concreta.
Vimos que a posição hegemônica nas reformas educativas em curso nas últimas
décadas, em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, defende o início de uma
mudança radical na maneira de pensar e implementar a gestão dos sistemas
educativos concentrada, principalmente, na instituição escolar e sua autonomia. O
discurso da reforma elege a escola como o espaço central das políticas para
melhorar a qualidade do ensino. A importância outorgada à escola faz referência a
uma identidade institucional como unidade de ensino e trabalho.
264
vinculados às necessidades e aos interesses de sua comunidade, administrar de
forma adequada os recursos materiais e escolher as estratégias que lhe permitam
chegar aos resultados desejados e que, em seguida, serão avaliados pelas
autoridades centrais.1 De fato, o dado mais intrincado da proposta é a avaliação
externa dos resultados por meio de testes, em vez dos mecanismos burocráticos do
sistema, como o mecanismo de integração e unidade do sistema educativo.
A tendência atual das reformas educativas, que têm na gestão um de seus pilares,
muda a natureza da escola como organização. Uma série de questões próprias do
265
âmbito da cultura passa a ser formulada e tratada com a mesma teoria e a mesma
metodologia da economia de mercado. A preocupação com a identidade moral e
cultural passa a ser substituída pelo imperativo da eficácia. Faz-se um tratamento
desse conceito como integrante de um conjunto de questões neutras e técnicas, em
vez de vinculá-lo a interesses concretos (Ball 1993).
É possível que a instituição escolar venha a ser uma "empresa escolar" e o sistema
educativo, uma rede de escolas. Nesse caso, temos de estar cientes do processo de
transformação da identidade institucional da escola que atinge também seu caráter
público e democrático. Pesquisas sobre as reformas educacionais feitas em vários
países indicam uma tendência à fragmentação do sistema educativo decorrente das
políticas de gestão em curso, sustentadas pelos conceitos de autonomia,
descentralização, flexibilidade, individualização, poder local etc. (Frigotto 1995,
Pereyra et al. 1996).
266
A preocupação com a governabilidade e sua associação com modernização e
desenvolvimento econômico substituiu o otimismo desenvolvimentista dos anos 50,
que acreditava na associação necessária e irreversível do desenvolvimento
econômico com a construção democrática dos países em desenvolvimento. 3 "(...) a
idéia de desenvolvimento político deixa de ter um signo necessariamente positivo e
o foco central das preocupações práticas passa do problema da 'construção
democrática' para o da 'estabilidade política' ou, mais precisamente, da 'preservação
da ordem' ou da 'governabilidade'" (Fiori 1995, p. 158). Sem dúvida, o tema da
gestão escolar no atual debate educativo no Brasil traz à cena diferentes aspectos
das velhas e das novas reivindicações pela autonomia escolar. É melhor supor um
quadro de embate entre as diferentes concepções de educação.
Com base nas propostas dos municípios não foi possível inferir sua abrangência
nem as conseqüências nas escolas, mas sem dúvida elas nos permitiram fazer um
apanhado das tendências político-educativas hoje em curso.
267
da gestão 93-96 e, dentre os municípios pesquisados, estão cinco administrados
pelo mesmo partido político há duas gestões.
268
É importante salientar que em quase todos os municípios estudados existe uma
preocupação com a democratização da gestão escolar. Porém, esta não está
necessariamente ligada a objetivos como a descentralização dos espaços de
decisão, a eqüidade do sistema educativo ou a definição de uma nova concepção de
educação e cultura escolar. Os motivos são vários. Ao longo do estudo das
diferentes propostas de gestão escolar analisaremos a relação entre o conteúdo das
propostas e outros objetivos da política educacional do município.
De sua parte, a Secretaria de Educação de Cuiabá teve como objetivo criar uma
nova "cultura escolar e organizacional", baseada nos princípios do modelo de
Qualidade Total. Nessa nova cultura organizacional, o aluno é o centro das atenções
na escola, ou seja, a escola existe para que o aluno aprenda. Portanto, se o aluno
não está aprendendo, certamente o problema está na escola, em seus processos,
organização e funcionamento. É importante que todos os que trabalham na escola -
do vigia ao diretor - saibam que o sucesso do aluno depende da escola e o sucesso
da escola depende das propostas e dos projetos que ela identifica como necessários
para operacionalizar uma proposta pedagógica.
269
fracasso escolar. Em Porto Alegre, o projeto Escola Cidadã propunha a valorização
da escola como instituição pública, democrática, de direito universal e promotora de
um ensino de qualidade. O projeto desenvolveu-se em três linhas de atuação: a
democratização do acesso ao ensino, a democratização da gestão e a
democratização do conhecimento. Em Recife, o projeto Pedagogia Instituinte
convocou a comunidade escolar e a sociedade para o debate das prioridades e das
ações educativas.
Nessa rápida exposição dos quatro projetos, podemos observar que as propostas de
gestão escolar desses municípios partem de pontos diferentes. As propostas de
Belo Horizonte, Porto Alegre e Cuiabá envolvem claramente uma importante
mudança na cultura escolar. Em Belo Horizonte e Porto Alegre as propostas de
educação enfatizam a necessidade de um projeto político-educativo para todo o
sistema e identificam o conteúdo desse projeto como um espaço privilegiado para se
repensar a prática pedagógica. Ou seja, as diretrizes gerais político-educativas do
sistema educativo devem orientar os comportamentos institucionais e, portanto, a
democratização da gestão escolar.
270
refere à necessidade de investir esforços na universalização do ensino fundamental,
valorizar o magistério e democratizar a gestão escolar. Esses objetivos são
claramente privilegiados na nova LDB; eles fazem parte das diretrizes divulgadas
pelo governo federal e contam com o consenso dos diferentes setores da sociedade.
No entanto, o objetivo de eqüidade no sistema educacional, citado por somente duas
prefeituras da amostra, está quase ausente no discurso político consensual, que
privilegia, apenas, a qualidade do ensino.
271
As informações e os depoimentos recolhidos no município de Ijuí deixam clara a
participação sistemática da Igreja Católica e da Unijuí - Universidade do Noroeste do
Rio Grande do Sul -, junto com a Secretaria de Educação, na elaboração das
diretrizes político-educacionais. A Unijuí e a Secretaria de Educação foram
responsáveis pela capacitação dos professores, pela produção de materiais
didáticos para as escolas e pelos encontros sistemáticos com a comunidade escolar
para debater as propostas e o encaminhamento das mesmas.
272
Total".
Tanto a proposta de Belo Horizonte quanto a de Porto Alegre estão voltadas para
que a escola se sintonize com a pluralidade sociocultural dos alunos. Por isso
defendem que a escola transcenda os limites dos conteúdos curriculares e
desenvolva trabalhos interdisciplinares. Nesse sentido, o currículo não se constitui
somente das oportunidades que a escola possa promover, mas também das
vivências que elas venham a oferecer ao educando para ampliar sua visão de
mundo.
É interessante observar nesta análise que, nos municípios em que foi possível
identificar os princípios norteadores de suas gestões político-educativas,6 alguns
buscaram uma aproximação entre administração central e comunidade e entre
escola e comunidade. Esses princípios foram identificados como participação,
transparência administrativa e consolidação dos órgãos colegiados. Em
contrapartida, somente em Belo Horizonte, Porto Alegre e Cuiabá observamos que a
ação governamental também esteve orientada para a mudança da cultura escolar.
273
escolas "caminhem por seus próprios pés".
274
avaliação das escolas -, centralizada na Secretaria de Educação dos municípios.
275
No município de Porto Alegre, a Secretaria de Educação reorganizou suas equipes
em duas supervisões: a Supervisão de Educação, responsável pela implementação
de programas de formação, pela formação das equipes diretivas e pela promoção
de debates sobre o papel da escola, e a Supervisão Administrativa, responsável
pelas políticas vinculadas às condições de trabalho dos docentes e à contratação de
funcionários para as escolas.
Encontramos municípios nos quais os recursos são repassados às escolas para que
elas definam suas prioridades, como veremos adiante. Em outros, como os casos
de Jucás e Itabuna, a prioridade orçamentária das prefeituras é elaborar estratégias
para reter os alunos. No município de Itabuna ocorreram várias ações para melhorar
a aprendizagem dos alunos e diminuir a evasão. Entre as ações implementadas
podemos indicar as classes de aceleração, cursos de férias, classes de reforço,
distribuição de material escolar e transporte gratuito. Vale ainda mencionar a
iniciativa do Projeto Fundação Sítio do Menor Trabalhador, cujo objetivo foi diminuir
a evasão dos alunos, o qual contemplava, entre as estratégias, uma bolsa-auxílio
para a família dos estudantes.
276
religiosas, associações comunitárias e com a rede particular de ensino. Foram 128
convênios que, segundo os depoimentos, permitiram ampliar o atendimento na
escola fundamental.
277
Relação entre as instituições escolares
278
e suas estratégias.
O processo de mudança de gestão escolar está vinculado à política mais ampla dos
municípios de descentralizar a gestão educacional e, portanto, consolidar a
autonomia cada vez maior da instituição escolar. Em todos os municípios estudados,
o argumento das secretarias de Educação para essa mudança foi a necessidade de
diminuir a burocratização dos processos de decisão e aproximar as instituições
escolares dos interesses da comunidade. Em ambos os casos, a tendência é
melhorar a qualidade do ensino fundamental.
279
Mas a descentralização da gestão escolar apresenta-se com forma e conteúdo
diferentes nos diversos municípios da amostra. Por um lado, existem áreas distintas
nas propostas de cada prefeitura e, por outro, as estratégias de gestão dessas áreas
também variam de acordo com o grau de autonomia pretendido para a instituição
escolar.
280
estabelecidos pelas autoridades competentes.
Uma gestão pedagógica com ampla margem de autonomia, mas sem uma
articulação clara com um projeto político-educativo para todo o sistema, pode deixar
espaços institucionais "desamparados" e comportamentos não previstos de atuação
da comunidade. Foi o caso do município de Ijuí, cuja autonomia de gestão
pedagógica escolar foi exercida, de fato, pela Igreja local. Um exemplo ilustrativo foi
a resposta das escolas à proposta de que cada instituição definisse seus próprios
temas geradores segundo as características e os interesses da comunidade escolar.
281
O resultado foi surpreendente; todas as escolas escolheram como tema gerador a
campanha de fraternidade da CNBB.
A análise das propostas dos vários municípios nos permite observar que, além das
características básicas da gestão de recursos públicos, o conteúdo e as
conseqüências da autonomia financeira e administrativa das escolas estão
diretamente vinculados à política de alocação de recursos de cada município. Nesse
sentido, encontramos algumas particularidades interessantes. Por exemplo, dentre
os municípios que adotaram a política de repassar às escolas os recursos públicos,
eles estiveram, em geral, condicionados à apresentação e à aprovação de um
projeto elaborado pela unidade escolar e à prestação de contas do que já havia sido
recebido. Dessa forma, a política de financiamento expressa-se como um sistema de
premiação, no qual os recursos materiais financeiros de cada escola estão atrelados
a seu desempenho.
Uma situação diferente foi encontrada no município de Belo Horizonte, cuja política
de distribuição de recursos públicos privilegiou as escolas de regiões e população
carentes; ou seja, a alocação de recursos foi diretamente proporcional ao grau de
pobreza de cada região e cada escola. A justificativa para essa política, que visou
equilibrar financeiramente as escolas, esteve ancorada no reconhecimento por parte
das autoridades de que as receitas das escolas variam muito de acordo com a renda
familiar das crianças que as freqüentam.
Isso faz com que as escolas busquem novas fontes de recursos na comunidade,
além do auxílio fornecido pelas APMs. É o caso dos convênios e de parcerias entre
escolas e ONGs, organismos internacionais e organizações comunitárias locais.
282
Essas organizações comunitárias têm como objetivo ajudar a arrecadar fundos e
subvenções para atividades específicas que possam melhorar o orçamento e os
serviços das escolas.
283
nas diferentes instâncias e áreas de governo parece chegar, em alguns casos, às
últimas conseqüências. Foi o caso de Ijuí, cuja prefeitura decidiu não documentar a
política educativa nem seus projetos por recear a burocratização e a cristalização da
prática pedagógica. Segundo os entrevistados, a documentação da prática
pedagógica poderia cristalizá-la e, portanto, impedir o debate e o desenvolvimento
do processo de ensino/aprendizagem que deveria acompanhar as mudanças sociais
e comunitárias. É interessante destacar como o "pânico da burocratização" pode
gerar efeitos perversos como o que acabamos de citar: em nome da
desburocratização, nega-se a construção social e histórica da prática educativa.
Em alguns dos municípios da amostra - Icapuí, Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre
e Jaboatão -, as estruturas diretivas das escolas foram afetadas pelo novo modelo
de gestão, na busca da coletivização das responsabilidades e da autonomia
institucional.
284
por seus pares. No caso de Jaboatão, os depoimentos indicam que a proposta
municipal de organização escolar previu a existência do Conselho Escolar, mas que
este, em geral, só funcionava nos períodos de eleição de diretores.
285
não se reconhecem como interlocutores instruídos o suficiente para intervir nesse
tipo de questões. No entanto, na maioria dos casos analisados, a participação dos
pais fica clara quando se trata de acompanhar as atividades escolares dos filhos ou
arrecadar fundos, e pelo interesse manifestado de conhecer o rendimento de seus
filhos.
Numa das pesquisas realizadas por Vítor Paro em escolas públicas de primeiro grau
nota-se que um dos aspectos mais importantes dessa resistência é o fato de que
não existe quase nenhuma identidade da escola pública com os problemas de sua
comunidade. Segundo o autor, a crítica dos membros da comunidade às escolas
analisadas é que a reciprocidade de atuação pode ser sintetizada na pergunta: "Se a
escola não participa da comunidade, por que a comunidade vai participar da
escola?" (Paro 1997).
Por sua parte, o argumento de que a comunidade escolar não participa porque tem
baixa escolaridade - e, portanto, não possui os conhecimentos técnicos necessários
- supõe apenas o aspecto técnico ou profissional da gestão escolar. Esse
pressuposto, muito presente entre professores e pais, desconsidera a natureza
política da participação da comunidade escolar como mecanismo de controle
democrático da atuação do Estado.
286
educativa.
287
escolar, por meio de convênios ou parcerias com empresas e organismos não-
governamentais para ajudar a obter recursos financeiros para as escolas. Além
disso, como os recursos institucionais são insuficientes em grande parte dos
municípios, as escolas costumam solicitar a colaboração financeira da comunidade
por intermédio da caixa escolar e promover atividades para a arrecadação de fundos
como bingos, festas etc.
288
na conferência.
289
Principal eixo e estratégia da implementação da proposta de gestão escolar
290
de orientação com professores mais experientes. Essas estratégias cruzam os
novos espaços de gestão escolar.
Em Belo Horizonte, o eixo das mudanças propostas para a gestão escolar foi a
constituição de uma nova cultura escolar, baseada nos princípios da Escola Plural,
que privilegiou a mudança dos comportamentos institucionais, como vimos nos
objetivos da política educacional dos municípios.
Talvez o caso mais claro seja o de Cuiabá, que traçou em suas diretrizes o perfil dos
profissionais que participaram ativamente de uma organização escolar flexível, ágil e
autônoma. Nesse contexto, ainda que a administração municipal reconhecesse a
importância do trabalho com os profissionais da escola, considerava indispensável
uma mudança na atitude do diretor, que lhe permitisse liderar o processo de
mudança institucional e gerir uma escola flexível, ágil e autônoma.
291
A preocupação da administração de Recife foi bastante original. Considerando
imprescindível para o êxito de uma gestão democrática o bom funcionamento dos
conselhos escolares, elaborou uma estratégia de capacitação permanente dos
conselheiros das escolas, sob a responsabilidade da Secretaria de Educação. Os
entrevistados destacaram o resultado positivo mais evidente dessa estratégia: das
156 escolas municipais, 107 possuem conselhos escolares atuantes.
Considerações finais
292
Entre as reformas analisadas registrou-se, em muitos casos, a tendência de remeter
a democratização da gestão escolar ao discurso político, ao passo que o alvo da
proposta é a modernização como estratégia para aumentar a eficiência institucional
e, portanto, a orientação das regulamentações e da ação política. Isso significa que
nem sempre as propostas de modernização da educação levam em conta sua
democratização.
Até aqui, vimos como as atribuições da gestão escolar estão divididas entre governo
e escola. E vimos também como esse novo modelo de gestão, que pretende manter
o sistema educativo articulado unicamente por mecanismos de controle, tende, na
realidade, a acarretar políticas de fragmentação do sistema educativo pelo
deslocamento das responsabilidades entre os diferentes órgãos do sistema, a
individualização institucional e o abandono da instituição escolar a seu próprio
destino.
293
Por isso, diante do novo modelo de gestão escolar e das novas formas de controle
do Estado, a diversidade das propostas estudadas nos alerta para a necessidade de
uma política de gestão escolar voltada para a consolidação de um sistema educativo
articulado entre as proposições da política educativa e sua concretização na
atividade escolar. Só assim será possível aproximar as intenções democratizantes
enunciadas das práticas político-educativas.
Nesse campo podemos salientar alguns aspectos fundamentais que devem ser
levados em conta pela política de consolidação de uma gestão escolar democrática.
Em primeiro lugar, ainda no âmbito normativo, algumas das principais definições
políticas para a democratização da escola são:
294
escola gerida como tal. Assim, com argumentos reducionistas e simplificadores, a
gestão escolar passa a ser sobretudo "administração", porém, não muito "escolar",
sendo apresentada como apolítica, porque faz parte da tecnologia moderna e
racional. Por outro lado, é possível encontrar propostas de gestão escolar que
atingem a análise da organização do trabalho no interior da escola, ou seja, o
processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, as questões pedagógicas passam
a fazer parte da gestão escolar e as questões administrativas são pensadas em
relação a elas, e não o inverso.
Com base nessas reflexões podemos afirmar que, ao pensar a gestão escolar,
estamos necessariamente erguendo uma ponte entre a gestão política, a
295
administrativa e a pedagógica. Ou seja, a gestão escolar não começa nem termina
nos estabelecimentos escolares, tanto que não se trata de unidades auto-suficientes
para promover uma educação de qualidade com eqüidade.
Notas
7. Veja-se a respeito, por exemplo, Avancine 1990, Malta Campos 1983, Campos
1985, Paro 1997.
296
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ruptura da perspectiva tradicional. Revista Brasileira de Política e Administração da
Educação. Brasília, v. 13, n. 2, p. 247-259, 1997.
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_____. administração da educação Hoje: ambigüidade de sua produção histórica.
Em Aberto. Brasília, ano 6, n. 36, out-dez/1987.
Lembre-se que os artigos que devem ser consultados são artigos científicos,
publicados em revistas científicas. Sendo assim, as consultas em revistas de ampla
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circulação (compradas em bancas) não são permitidas, mesmo se ela estiver
relatando resultados de estudos publicados como artigos científicos sobre aquele
assunto. Revistas como: Veja, Isto é, Época, etc., são meios de comunicação
jornalísticos e não científicos.
Periódicos Capes:
www.periodicos.capes.gov.br Bireme:
www.bireme.br
PubMed: www.pubmed.com.br
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Ao optar pela pesquisa por artigos, no campo método (indicado abaixo),
escolha se a busca será feita por palavra-chave, por palavras próximas à forma que
você escreveu, pelo site Google Acadêmico ou por relevância das palavras.
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Em seguida, deve-se escolher onde será feita a procura e quais as palavras-
chave deverão ser procuradas, de acordo com assunto do seu TCC (não utilizar
―e‖, ―ou‖, ―de‖, ―a‖, pois ele procurará por estas palavras também). Clicar em
pesquisar.
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Lembre-se de que as palavras-chave dirigirão a pesquisa, portanto, escolha-
as com atenção. Várias podem ser testadas. Quanto mais próximas ao tema
escolhido, mais refinada será sua busca. Por exemplo, se o tema escolhido for
relacionado à degradação ambiental na cidade de Ipatinga, as palavras-chave
poderiam ser: degradação; ambiental; Ipatinga. Ou algo mais detalhado. Se nada
aparecer, tente outras palavras.
Isso feito, uma nova página aparecerá, com os resultados da pesquisa para
aquelas palavras que você forneceu. Observe o número de referências às palavras
fornecidas e o número de páginas em que elas se encontram (indicado abaixo).
A seguir, estará a lista com os títulos dos artigos encontrados, onde constam:
nome dos autores (Sobrenome, nome), título, nome do periódico, ano de publicação,
volume, número, páginas e número de indexação. Logo abaixo, têm-se as opções de
visualização do resumo do artigo em português/inglês e do artigo na íntegra, em
português. Avalie os títulos e leia o resumo primeiro, para ver se vale à pena ler todo
o artigo.
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Ao abrir o resumo, tem-se o nome dos autores bem evidente, no início da
página (indicado abaixo). No final, tem-se, ainda, a opção de obter o arquivo do
artigo em PDF, que é um tipo de arquivo compactado e, por isso, mais leve, Caso
queria, você pode fazer download e salvá-lo em seu computador.
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Busca por periódicos
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É preciso ressaltar que você deve apenas consultar as bases de dados e os artigos,
sendo proibida a cópia de trechos, sem a devida indicação do nome do autor do
texto original (ver na apostila tipos de citação) e/ou o texto na íntegra. Tais atitudes
podem ser facilmente verificadas por nossos professores, que farão a correção do
artigo.
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